O Cão Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela
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O Cão Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela
OCao8.qxd 14-05-2006 16:30 P·gina 1 O Cão Jornal da Associação P ortuguesa do Cão da Serra da Estrela N.º 8 Março – 2006 NESTE NÚMERO: 3 Editorial • «Linda» • 4 Maturação precoce do cachorro • 5 Cardiomiopatia Dilatada • Campeonato interno da APCSE • 6 Herpes Vírus Canino • 7 À conversa com... o criador Alberto Alexandre Sardinha • 8 As Exposições • 10 XV Monográfica do Cão da Serra da Estrela • 11 Pata de Ouro 2005 • 12 Ainda a Monográfica de Coimbra • 13 Especial da Batalha – 2005 • 1.ª Exposição » Especializada do Fundão • 14 Se o Meu Cão Falasse... ão 005 PATROCINADOR OFICIAL DA APCSE NUTRAGOLD ® Jo l a rn ta a P « O e d C ro u O 2 OCao8.qxd 14-05-2006 16:31 P·gina 2 OCao8.qxd 14-05-2006 16:31 P·gina 3 Editorial «Linda» Caros sócios, amigos e simpatizantes da raça, é com agrado que escrevo estas linhas. Tenho o privilégio de representar esta Associação há quase 6 anos, sempre com o desejo de fazer o melhor para dignificar e defender a raça e o clube. Discussões e «guerras» foram criadas com pessoas e instituições, quase sempre em prejuízo próprio, mas sempre em defesa de uma só causa: O Cão. Mal interpretado, por vezes, e fazendo acusações graves, ou não, houve pessoas que nunca entenderam ou quiseram entender, por que preferem estar na canicultura de paninhos quentes, ou seja, «bem com Deus e com o Diabo». É a avestruz quem esconde a cabeça no solo. Eu, enquanto presidente desta Associação ou exercendo qualquer outra função, e mesmo como sócio, nunca e por nada mudarei a minha postura. Porque o Cão da Serra da Estrela está em primeiro lugar. Rui Rosa PAULA REIS Lá fora está frio e apesar da hora tardia os carros continuam a passar. Poucos são os momentos em que posso sentar-me junto à vidraça e observar o movimento. Perco-me rapidamente em pensamentos porque a paisagem acaba por desinteressar. A minha cabeça está num desassossego e o coração bate acelerado numa dor tremenda. Amanhã vem o veterinário provavelmente pôr termo à vida da minha cadela. Está muito doente. Tem um tumor e sofre silenciosamente como os Serras sabem fazer nos momentos difíceis. Como são resistentes e lutadores os Serras da Estrela! Como os admiro…! Interrogo-me se será correcto proceder à eutanásia. Fervilho por dentro numa constante incerteza. A minha cabeça diz para agir, o meu coração quer negá-lo. São momentos dolorosos na vida dos criadores, terem de tomar decisões tão drásticas. Seremos menos humanos? Aqui, junto à janela, olhando em vão lá para fora, agonizo de sofrimento. Nestes momentos mal me conheço e as pessoas que convivem comigo não entendem a minha dor. Perder um dos meus cães é o mesmo que perder uma pessoa querida. A maioria não entende e diz que sou louca em fazer comparações. Ao longo de dez anos de convívio com o Serra da Estrela vários momentos como este surgiram no meu caminho e sempre sofri da mesma maneira. São horas de desespero, de desordem emocional, são incertezas de querer continuar na criação com receios de novos momentos dolorosos. Sei que a LINDA está no seu fim, posso ajudá-la a superar a dor que a tortura. Estarei a ser egoísta? Receio não voltar a vê-la. Talvez tenha sido hoje a despedida. Quase pude ler-lhe isso nos olhos vidrados e raiados de sangue. Foi o nosso último momento. Amanhã não estarei presente quando o veterinário chegar e não lhe segurarei a pata no último adeus. Estarei a ser cruel? Só sei que não consigo continuar a vê-la em sofrimento mas nego desejar a sua morte. É madrugada e continuo a olhar a vidraça. O trânsito lá fora começa a rarear. Daqui a pouco será manhã… ela deixará de sofrer e eu sentirei eternamente a sua falta. O Cão Anuncie em O Cão, jornal da APCSE Mantenha actualizadas as suas quotas A nossa Capa Ficha Técnica PROPRIEDADE Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela Estrada Nacional, 37 Boavista 2560-426 Silveira Tel./Fax: 261 933 278 TM: 937 771 986 www.apcse.com.pt [email protected] CORPO REDACTORIAL Paula Reis Helena Costa Fátima Almeida Isabel Ferreira João Costa José Almeida Rui Rosa DIRECÇÃO Rui Rosa João Costa José Almeida COLABORADORES Adelaide Oliveira Paula Reis João Vasco Poças Luís Lima Lobo «Max, o Escritor A. C. GRAFISMO E PAGINAÇÃO Abertino Calamote [email protected] DESTE NÚMERO Rui Rosa Fátima Almeida O C ã o – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Março 2006 – N.º 8 IMPRESSÃO E ACABAMENTO LIGRATE – Atelier Gráfico, Lda. MOINHOS DA FUNCHEIRA-AMADORA TIRAGEM 1 000 exemplares FOTO DA CAPA Tintin, de Carla Carvalho (Foto de A.C.) 3 Os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores 3 OCao8.qxd 14-05-2006 16:31 P·gina 4 Maturação Precoce do Cachorro «Cedo adulto, cedo acabado» Esta expressão pode ser traduzida como «muito em pouco tempo». Desta forma está mais perceptível como uma precaução para os donos de cães e criadores, do crescimento precoce (que geralmente ocorre em cães com 20 kg ou mais). Maduros precocemente, são os cachorros que se assemelham aos seus pais ou outros cães, em tamanho, peso e pêlo (mas não em músculo). Algumas linhas de sangue, ou alguns tipos, têm tendência à maturação precoce. Outras linhas, os criadores criam no sentido de encorajar esta tendência. Cachorros precoces são muito populares e procurados pelos compradores (e criadores), que querem ir para as exposições o mais cedo que possam. O mais natural, e certamente o mais saudável, são os cães de crescimento lento, mas que não são suficientemente desenvolvidos fisicamente ou em pêlo, ou nos dois, para ganhar numa exposição antes dos 3 anos de idade. Este «sucesso rápido» permite ter duas gerações de campeões, em vez de uma, no caso de um cão de maturação lenta. Cachorros «atraentes» Os cachorros desta aparência envelhecem precocemente, esgotando a sua boa aparência em apenas 5 anos. As linhas dorsais quebram, o brilho esvanece-se, os seus posteriores (mesmo que sejam isentos de displasia) enfraquecem e bamboleiam em demasiado, em movimento, devido ao excesso de pele que têm desde o tempo em que eram cachorros obesos. Estes resultados pouco saudáveis, do «muito em pouco tempo», são evitáveis, se houver cuidado e bom senso. Todos estes factos são devidos a uma alimentação inadequada, excesso de vitaminas e tratamento impróprio do maduro precoce. Isto é o resultado de uma vida de adulto num físico de cachorro. Por causa do seu aspecto se aparentar ao de um cão adulto, é muitas vezes alimentado, tratado e treinado como um adulto. Este modo de vida, alguns meses após (até que o cachorro, eventualmente, se alguma vez o conseguir, desenvolver a sua parte muscular para tolerar este modo de vida de adulto) acaba por causar danos irreparáveis que aparecem muito cedo. Começando com a mais notória causa de stress, o excesso de peso. Causado pelo excesso alimentar e pelo excesso de vitaminas. A investigação da Gaines tornou públicos resultados dos seus estudos, sobre os resultados prejudiciais do stress nos cachorros que crescem demasiado depressa. Por causa deste estudo, os criadores (incluindo eu) começaram a reduzir a alimentação do cachorro, passando para uma 4 alimentação de alta qualidade, acabando com a suplementação vitamínica. Outro dos efeitos de excesso de comida e suplementos vitamínicos durante o crescimento é o desenvolvimento de ossos demasiado pesados, porosos e de má qualidade. Outro efeito terrível é o stress prejudicial, provocado pela obesidade num físico simplesmente incapaz de suportar tal peso. A barriga em forma de pêndulo puxa para baixo a coluna carnosa e cheia de gordura. A sua estrutura pode colapsar enquanto o cachorro ajusta a sua postura para compensar o excesso de peso, que é muito fraca muscularmente. O cachorro «obeso» O cachorro obeso, que cresce depressa e atinge a sua maturação precocemente, sofre permanentemente dos seus posteriores, especialmente se os mantiver numa superfície escorregadia, como, por exemplo, em tijoleira ou solos pintados. Com o intuito de se defender, o cachorro começa a virar os seus curvilhões para fora. Isto também acontece com o excesso de peso exercido nos posteriores, especialmente se o cachorro tem a predisposição para saltar e se manter de pé sobre eles. Se se mantém demasiado tempo de pé, frequentemente os jarretes curvam nas articulações, particularmente se os pés deslizarem. Se o cão tiver uma angulação pequena ou um jarrete curto e se ele se mantiver assim por muito tempo, pode estirar os tendões. Geralmente, o cachorro grande, de crescimento ou maturação precoce, é treinado cedo demais para controlar as suas acções desajeitadas. O erro mais frequente que ocorre durante os ensinamentos é ensiná-lo a sentar, empurrando para baixo o seu traseiro, até que ele fique colado ao chão, enquanto lhe diz a ordem de «sentar». O instinto do cachorro responde à pressão que lhe é feita na traseira, tentando levantar-se. Você, por outro lado, empurra ainda com mais força. No entanto, o cachorro cede à pressão e senta-se. Após várias repetições o cachorro finalmente aprende a sentar. Os efeitos cumu- lativos desta força são óbvios. É possível ensiná-lo a sentar gentilmente, pegando no pêlo junto à raíz da cauda e empurrando para trás e para baixo ou pressionando a parte posterior, dobrando as pernas até que ele se sente. É também particularmente prejudicial para os cachorros precoces, saltarem e fazerem excesso de exercício. Fazem-no para «tonificar os músculos» ou «abrir a frente» ou «fortalecer a traseira». O cachorro que cresce e amadurece precocemente já carrega mais peso do que a sua musculatura permite. Forçando o cachorro a um exercício extremo, o resultado pode ser o esgotamento prematuro da sua estrutura. O cachorro, quando crescido, tem muito tempo para exercitar correcções para a frente e traseira ou simplesmente tónus muscular geral. A adição de stress durante o período de crescimento é mais prejudicial do que saudável. Cachorros têm frentes e traseiras de cachorros e a maturidade natural é sempre a correcção desejada. Deixe o cachorro ser cachorro Há estágios inevitáveis de crescimento, desenvolvimento e maturação que simplesmente levam tempo e não podem ser forçados prematuramente sem correr o risco de danificar a sua estrutura básica. Os cachorros precoces devem fazer o exercício que quiserem. Muitas vezes estes cachorros demasiado grandes são atirados para o quintal, para o meio dos adultos ou de outros cachorros. Embora seja tão grande como um cão adulto, o cachorro não está fisicamente preparado para acompanhar o adulto. Ele é incapaz de sustentar o seu corpo forte, de parar repentinamente, de partir a grande velocidade; brincadeiras típicas dos cães adultos. É provável que este fique ferido por tais brincadeiras. Um cachorro sozinho num parque não vai além da sua força. Um cão adulto pode estar em actividade permanentemente e o cachorro é muitas vezes forçado a manter-se activo e não deixar que o deixem repousar ou dormir, necessidades essas fundamentais para que cresça. Com inteligência, e uma pitada de sorte, pode ter o melhor dos dois mundos – um lindo cachorro, nos ringues muito cedo, e outro que continuará a desenvolver-se harmoniosamente tornando-se num cão saudável e num bonito cão adulto. É a diferença que você pode fazer. *** Patricia M. McNab, Abril 1980, publicado na The International Magazine of Pyrenean Mountain Dogs. Traduzido por João Vasco Poças. O C ã o – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Março 2006 – N.º 8 O Cão OCao8.qxd 14-05-2006 16:31 P·gina 5 Cardiomiopatia Dilatada LUIS LIMA LOBO Muito se tem falado sobre a cardiomiopatia dilatada nos últimos tempos. Sendo uma doença diagnosticada em Cães da Serra da Estrela, tal como em cães de muitas outras raças, é natural a preocupação de criadores e amantes de cães desta raça. No seguimento de alguma informação que tem sido veiculada sobre a doença na raça e de algumas dúvidas e preocupações levantadas, foi-me pedido que escrevesse este artigo, no sentido de fazer um ponto da situação e esclarecer o que é a doença e em que medida nos devemos preocupar com a sua incidência no Cão da Serra da Estrela. A cardiomiopatia dilatada é uma doença primária do miocárdio (músculo cardíaco), caracterizada por um aumento do coração e por uma dificuldade deste em se contrair. Um maior conhecimento das causas da doença, quer nos cães, quer nas pessoas, levou ao desenvolvimento da teoria que a cardiomiopatia dilatada é o resultado final duma variedade de agressões ao miocárdio, incluindo factores genéticos, viricos, nutricionais e tóxicos. Em seres humanos, demonstrou-se que a doença é familiar e portanto hereditária em 50% dos casos, causada por mutações em 9 genes diferentes. Apesar da cardiomiopatia dilatada canina ser descrita como uma doença única, existe uma variação significativa no tipo de apresentação clínica e de progressão da doença, dependendo da raça observada. Geralmente a cardiomiopatia dilatada é uma doença de raças de médio a grande porte (as excepções mais conhecidas são os Cocker Spaniel e o Cão de Água Português), estando bastante estudada a doença em Doberman, Boxer, Cão da Terra Nova, Irish Wolfhound, Grand Danois e Dalmata. Cada raça tem uma apresentação específica da doença e em todas elas há evidência duma tendência familiar, apesar de ainda não se ter determinado qual o gene/genes responsável. E o que se passa em Portugal e com o nosso Cão da Serra da Estrela? A resposta é que muito pouco se sabe ainda sobre a história natural da doença nesta raça, ficando as perguntas: quais são as causas?; será que é hereditária?; em que idade aparece?; qual é a sua incidência na raça?; como é que a doença evolui na raça?; será que se pode fazer um diagnostico precoce? Etc., etc. As primeiras observações foram publicadas pelo Professor Sales Luís, da Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa, tendo eu próprio referido a observação da doença na raça, em publicação científica. No seguimento destas observações criei um projecto de investigação, com o Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar, que nos permita responder a estas questões. Consideremos que estamos, neste momento, no ponto zero do conhecimento e que necessitamos da ajuda de todos os criadores, proprietários e amantes do Cão da Serra da Estrela para que a doença seja estudada e se possam tirar conclusões válidas e com rigor científico. Não adianta esconder que a doença existe, porque existe, tal como em muitas outras raças de cães, mas também não deveremos entrar em alarmismos, já que nada nos leva a crer que a doença seja mais importante no Cão da Serra da Estrela, do que o é em outras raças predispostas. Termino com um agradecimento à direcção da APCSE, pelo convite que me endereçou para escrever este artigo e colocando-me à disposição de todos os associados para qualquer informação adicional sobre o tema. O Cão Campeonato Interno da APCSE Ano de 2005 Ano de 2006 Classificações Finais Pêlo Curto (Pontuações obtidas ao longo de 2005 nas Especiais da Raça, no Estoril e na Batalha; na XV Monográfica, em Coimbra, e na Especializada do Fundão). Machos 1.º – 23 Pontos – Cabal D’Alpetratínia, Pr. João Silvino Costa; 2.º – 11 Pontos – Tejo, Pr. António Lourenço; 3.º – 9 Pontos – Duque da Casa de S. Francisco, Pr. Tomás Reis; – Zeus da Lapa dos Esteios – Pr. João Silvino Costa. Fêmeas 1.º – 15 Pontos – Hieracite – Pr. João Silvino Costa; 2.º – 11 Pontos – Joiah – Pr. João Silvino Costa; 3.º – 10 Pontos – Tróia – Pr. José Manuel Sabugueiro; –Tulha D’Alpretatínia – Pr. João Silvino Costa. Para mais informação consulte a página da APCSE www.apcse.com.pt Pêlo Comprido Machos 1.º – 17 Pontos – Imperador, Pr. Tatiana Ferreira; – Tango da Costa Oeste, Pr. Rui Rosa. 2.º – 10 Pontos – Baden Baden da Ponta da Pinta, Pr. Manuela Paraíso & Rui Garção; – Cajú do Vale do Juiz, Pr. Edgar Dolgner; 3.º – 7 Pontos – Junior do Cântaro Magro, Pr. Isabel, Justina e Vítor Franco. Fêmeas 1.º – 39 Pontos – Arwen, Pr. Rui Rosa; 2.º – 21 Pontos – Erika da Costa Oeste, Pr. Rui Rosa; 3.º – 8 Pontos – Deborah da Serra de Sintra, Pr. Suzette Veiga. Ao longo do ano 2006 a APCSE realizará as seguintes exposições pontuáveis para o campeonato: – Especial da Costa Azul; – Especial de Santarém; – Especial da Batalha; – Especializada do Cão da Serra Estrela (a definir); Para mais informação, consulte a página da APCSE: www.apcse.com.pt * * * NOTA: É condição indispensável que os proprietários dos animais pontuados sejam sócios da APCSE, com a quotização actualizada, para poderem usufruir do subsídio de 100 euros por cada exemplar apurado (melhor macho e fêmea de pêlo curto e comprido), para deslocações ao estrangeiro, às exposições Europeia ou Mundial da FCI, como forma de promoção da raça. O C ã o – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Março 2006 – N.º 8 O Cão 5 OCao8.qxd 14-05-2006 16:31 P·gina 6 Herpes Vírus Canino ADELAIDE OLIVEIRA* O que é o herpes vírus? O vírus responsável por esta doença é o herpes vírus-1 (HVC-1) do género varicelovirus. As espécies-alvo de hospedeiros do HVC restringem-se ao género canídeo doméstico e selvagem. A virose pode ser inaparente em todos os cães excepto nas fêmeas gestantes e recém-nascidos com idade inferior a 3 semanas, sendo os restantes animais portadores assintomáticos. Como se transmite? A transmissão desta virose nos adultos é feita através de secreções oronasais, por contacto directo ou aerossóis. A transmissão venérea também pode ocorrer mas em menor número. A replicação vírica é limitada à nasofaringe, tracto genital, gânglios linfáticos retrofaríngeos, bronquiais, amígdalas e conjuntiva. Nos animais adultos a elevada prevalência desta patologia encontra-se associada a uma história de exposição repetida a esta virose. (80 a 100% em canis, cães de trabalho ou beleza). As fêmeas recém-introduzidas num ambiente novo ou sujeitas a situações de stress são mais sensíveis ao vírus. Estão descritas recaídas após a administração de corticoesteróides. Quais os sintomas? Em cães adultos a apresentação clássica de uma fêmea infectada com HVC é a perca tardia da gestação previamente confirmada ou o nascimento de cachorros não viáveis. A maior parte das fêmeas apenas perde uma ninhada provocada por herpes vírus, parece que elas produzem aparentemente células de memória para responderem a uma reexposição viral. Nos cachorros neonatos a infeçcão pode ser adquirida via transplacentária ou no momento de nascimento. Ao passar o canal de parto entra em contacto com as secreções cervicais e vaginais. Dentro da mesma ninhada podem nascer cachorros mortos, com baixo peso ao nascimento e cachorros aparentemente sãos. A falta de termorregulação associado á falta de imunidade fazem com que os neonatos sejam mais susceptíveis a uma virémia rapidamente fulminante. A manifestação clínica nos machos é muito ligeira e pode ser desde manifestação respiratória (tosse, descargas nasais, dificuldade em respirar) a inflamação e petequias na mucosa peniana. 6 Fig.1 – Os cachorros neonatos são mais susceptíveis a uma virémia fulminante Os sinais clínicos nas fêmeas afectadas para além da sintomatologia respiratória são: um aumento dos gânglios linfáticos da mucosa vaginal, associado a uma hiperémia, podendo haver uma leve hemorragia e lesões papulovesiculares na submucosa. Os neonatos infectados após nascimento apresentam classicamente sinais de septicemia hemorrágica, hipoglicémia e necrose das extremidades provocado por fenómenos de vasculite. Os animais que conseguem sobreviver à septicemia podem apresentar pneumonias, encefalites, displasia cerebelar e retiniana e necrose renal. Como se diagnostica? As provas serológicas são de pouco interesse uma vez que o vírus é pouco antigénico, por isso os títulos de anticorpos/antigeneos só se encontram elevados nas sinais clínicos forem aparentes acabam por resolverem-se espontaneamente. Estão descritos tratamentos em neonatos com antivíricos; no entanto podem persistir lesões neurológicas e cardíacas. Se houver confirmação de herpes vírus numa ninhada, deverão ser separados os restantes cachorros e o tratamento passa por antibióticos de amplo espectro de acção para prevenir infecções bacterianas secundárias, aquecimento do meio ambiente para os 39ºC, uma vez que o vírus se replica quando a temperatura corporal se encontra abaixo dos 37ºC e fluidoterapia. Como posso prevenir? Existe actualmente uma vacina em Portugal para a Herpes Vírus para imunização activa das cadelas gestantes, como prevenção nos cachorros da mortalidade, sinais clínicos e lesões causadas por esta virose. Só devem ser vacinados animais saudáveis, a primeira inoculação deverá ser efectuada ou durante o cio ou entre o 7.º e 10.º dias após acasalamento. A segunda dose de vacinação deverá ser realizada 1 a 2 semanas antes da presumível data de nascimento. A revacinação deverá ser realizada em cada gestação conforme o esquema vacinal acima mencionado. A eliminação do herpes vírus canino do ambiente destrói-se de uma forma efectiva com a maioria dos desinfectantes comuns e dissolventes lipídicos, por ambientes ácidos e calor. Um exemplo eficaz é a limpeza com lixivia diluída (1 litro de lixívia em 30 litros de água) ou a clorohexidina. O Cão * Médica Veterinária Fig.2 – Lesões num neonato infectado por herpes vírus (adaptado de Caemichael, 2004) fêmeas no momento em que ocorre o aborto. A maior parte das vezes o diagnóstico definitivo é feito através da necropsia dos cachorros afectados (Fig. 2). As lesões características pos-mortem desta virose são muito típicas havendo uma confirmação anatomopatológica desta doença. Qual o tratamento? Em adultos o tratamento é desnecessário, uma vez que a infecção é autolimitante em animais imunocompetentes e se os Cantinho da Poesia Cão da Serra da Estrela És maior que tua fama Ó Cão da Serra da Estrela. No pasto, na quinta, à trela, A excelência te reclama! Famoso seja onde for, Cão do Hermínio Maior És maior que tua fama! O C ã o – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Março 2006 – N.º 8 A. C. OCao8.qxd 14-05-2006 16:32 P·gina 7 À conversa com... o criador Alberto Alexandre Sardinha «O Cão – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela» acredita nas vantagens do diálogo e da partilha de experiências entre amigos e conhecedores do Cão da Serra da Estrela. Alberto Alexandre Sardinha é um destacado criador desta prestimosa raça, e é com ele a entrevista que publicamos em seguida. * * * O C ã o – Quando começou a sua paixão pelos cães? Alberto Alexandre Sardinha (AAS) – A minha paixão pelos cães começou muito jovem, porque em casa dos meus pais sempre tivemos cães de guarda. Dado que eu nasci numa aldeia bem perto da Serra da Estrela – Paul-Covilhã – e sendo eu da zona do Cão da Serra da Estrela só poderia apaixonar-me por estes animais, que para mim são os mais belos das raças caninas. O C ã o – Porquê criador de cães da raça Cão da Serra da Estrela e quando começou? AAS – Em 1985 arranjei condições para poder ter em minha casa dois cães Serra da Estrela. Comecei por percorrer vários locais onde conhecia alguns exemplares da raça, que, para mim, na altura, me pareciam bons exemplares. Mais tarde vim a conhecer o Dr. José Luís Gonçalves, que me forneceu o Estalão do Cão da Serra da Estrela, pelo qual vim a verificar que os exemplares que possuía, dadas as suas características, não estavam muito fora do estipulado naquele documento. Em Janeiro de 1991 fui admitido como sócio da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela, já com alguma experiência na criação destes animais. Nessa altura conheci o Sr. Cunha da Quinta de S. José, em Vila Franca de Xira, que me vendeu um dos melhores cães desta raça que existiam, como se provou durante muito tempo em que o apresentei em todas as exposições. Foi com este exemplar que comecei a melhorar a reprodução e que desenvolvi o Canil Belverde, até à data. nenhum em especial, porque todos eles foram muito importantes. Quando se realizavam exposições na Serra, e se conseguia receber o prémio de «melhor exemplar da Exposição», a alegria era sempre maior. O C ã o – «O Cão» é o órgão oficial da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela, de que é sócio prestigiado. Qual a sua opinião sobre a APCSE e o que acha que deveria ser melhorado? AAS – Reconheço que as pessoas que se encontram neste momento nos órgãos sociais da APCSE, muitas vezes fazem o que podem e sabem e não se lhes pode exigir mais. Já colaborei muito com a Associação, mesmo sem ser seu dirigente; por isso estava a par do seu funcionamen- O C ã o – O que vê no Cão da Serra da Estrela para justificar a sua preferência pela raça? AAS – Eu prefiro o Cão da Serra da Estrela porque o acho muito fiel ao seu dono, dócil, calmo perante as pessoas que o rodeiam no dia a dia, defensor do seu território como nenhum outro, e também pela sua beleza. O C ã o – Que prémio, ou prémios lhe causaram maior prazer e onde é que os conquistou? AAS – Enquanto pude frequentar as exposições, os meus cães sempre se situaram entre os três primeiros lugares, sem qualquer espécie de vaidade, porque eram realmente dos melhores. Muitas vezes consegui o «melhor cachorro da raça», o «melhor júnior», a «melhor classe aberta», o «melhor da raça»... Não vou destacar «Dito», campeão de Portugal to e sei quanto se lutou para se conseguir implantar o Cão da Serra da Estrela. Fiquei muito triste ao ter conhecimento que alguém tentou fazer aprovar uma alteração ao estalão sobre a cauda do Serra da Estrela (que pretendiam amputar o Gancho Natural). Ainda bem que foi chumbada essa alteração. Para mim um Serra sem gancho deve ter uma penalização. Faz falta uma Comissão Técnica para não deixar adulterar estes pequenos pormenores, que são fundamentais no Cão da Serra da Estrela. O O C ã o – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Março 2006 – N.º 8 Cão 7 OCao8.qxd 14-05-2006 16:32 P·gina 8 sições...As Exposições...AS EXPOSIÇÕES...AS EXPOS J O Ã O VA S C O P O Ç A S J O Ã O VA S C O P O Ç A S M uitos de nós entram no mundo das exposições por diversas razões. As mais comuns são o terem dito que o nosso cão tinha alguma qualidade, ou porque o criador apostou no seu potencial e quer mostrar o seu «produto». Estes comentários, de alguém que supostamente sabe, podem produzir algum efeito se souberem preparar bem a «campanha» do seu exemplar. Por isso, leia aqui alguns conselhos importantes. Para ter acesso aos eventos caninos, deve informar-se, junto do Clube Português de Canicultura, do calendário de eventos, e deve começar pelas exposições mais perto de sua casa. Se a raça que possui for popular, terá certamente um clube de raça que a representa. Torne-se sócio e participe activamente nos eventos organizados por este. Não se esqueça de que deve inscrever o seu cão com pelo menos três semanas de antecedência. Receberá pelo correio um comprovativo da inscrição. Evite fazê-lo à última hora, porque é mais caro. Se a raça que possui for popular, terá certamente um clube de raça que a representa. Torne-se sócio e participe activamente nos eventos organizados por este. Quando chega ao recinto da exposição, tem que «levantar o número» na secretaria. Dentro do sobrescrito encontra toda a informação necessária à competição. O «número» deve ser colocado em si, em local bem visível, no peito ou no braço. Não se esqueça de estar munido do certificado anti-rábico, o qual pode ser pedido. Para evitar aborrecer-se, tente chegar a tempo e horas às exposições. Pode haver um acidente de percurso, ou então o seu cão pode enjoar, e, com tempo, nem tudo está perdido! Leia atentamente todas as informações que lhe são facultadas. Aproveite o tempo que lhe resta para passear um pouco com o seu cão, deixando que ele faça as necessidades fisiológicas antes de entrar em ringue. Escove-o, dê-lhe água, mas não o deixe com a gamela... Quando iniciarem os julgamentos, mantenha-se atento, e, para não abrandar o ritmo de julgamentos, mantenha-se perto da entrada. Um minuto antes de entrar, dê uma escovadela no animal e coloque-lhe a coleira de exposições. A coleira e trela devem ser o mais fino possível, mas, por 8 J O Ã O VA S C O P O Ç A S favor, não comprometa a segurança dos outros e evite cores berrantes. Em muitas exposições exteriores os ringues não são planos e, por isso, não o coloque a descer. Mantenha-se atento! O seu comportamento e apresentação são fundamentais. A rusticidade da raça ou o seu amadorismo não são desculpa para uma má apresentação! Tente ir sóbrio e não como se tivesse acabado de cavar o seu jardim! Já me ocorreu julgar um exemplar apresentado pelo seu dono em calções de banho! Não se arrisque a ser convidado a sair do ringue, ou pior, humilhar o seu cão! Como em qualquer show de beleza, as exposições também requerem alguma disciplina e postura. Evite, igualmente, o excesso, principalmente as senhoras que usam sapatos de salto alto ou saias justas. Não terão a possibilidade de mostrar o seu melhor, no movimento. O ideal é de se apresentar confortável e o mais sóbrio possível. Outra particularidade, igualmente importante, é a cor do seu vestuário. Deve fazer o maior contraste possível com a pelagem do seu cão. Se o seu cão for escuro, use roupas claras, bege ou branco. Se o seu cão for claro, use tons escuros como verde, azul-marinho ou castanho escuro. O contraste vai possibilitar uma observação mais objectiva, tornando-o mais visível no meio de uma grande classe. O mais importante é o amor que sente pelo seu cão. Todos os cães têm bons e maus dias e, por isso, se ele estiver num mau dia não o repreenda. Por vezes eles não querem andar ou estão muito inquietos e perdem... Para a próxima treine-o melhor e melhores dias de exposições virão... Vai encontrar muitas situações que o vão arreliar, juizes que atribuem prémios aos cães errados por clara incompetência ou amizade, ou talvez porque você não entende que o cão que ganhou é melhor do que o seu! Nestes casos passa-nos tudo pela cabeça, bater no juiz, insultá-lo, mas por favor... não abra a boca! Deixe tudo dentro da sua cabeça. O cão não merece ser apresentado por alguém que insulta ou maltrata os outros. Se gosta das exposições, de estar na companhia dos seus «colegas» de ringue e, sobretudo, da companhia dos cães, mantenha uma boa postura. Se as exposições servem única e exclusivamente como escape do pior que há em si, então o melhor é pensar noutro passa- J O Ã O VA S C O P O Ç A S J O Ã O VA S C tempo. Talvez o alpinismo seja o hobby mais indicado para si! A apresentação de cães depende de muitos factores, um deles é a idade dos cães. Os grande molossos demoram muito tempo a atingir a maturidade absoluta e a maior parte dos expositores insiste em colocá-los nas classes abertas aos 15 meses. Evite fazê-lo porque vai desgastar a imagem do seu cão e não o coloque em classe aberta antes dos 2 anos. Aos 15 meses o seu cão irá ter uma grande muda de pêlo e ficará esguio, sem solidez e vai perder para os concorrentes mais velhos. Tem muito tempo para o apresentar, por isso não se apresse. As cadelas depois de parirem ficam sem pêlo, principalmente na cauda e deve evitar-se o mais possível mostrá-las nessas condições. Respeite o seu cão. Vai encontrar muitas situações que o vão arreliar, juizes que atribuem prémios aos cães errados por clara incompetência ou amizade, ou talvez porque você não entende que o cão que ganhou é melhor que o seu! Sempre que o seu cão estiver numa grande muda de pêlo, deixe-o em casa. As cadelas em cio desestabilizam os machos. Mas agora chegou o momento de você entrar em ringue! Os cães são chamados e você já entrou! Já se sente a tremer, os suores frios invadem-no, mas não se preo- O C ã o – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Março 2006 – N.º 8 OCao8.qxd 14-05-2006 16:32 P·gina 9 SIÇÕES...AS EXPOSIÇÕES...As Exposições...As Expos CO POÇAS J O Ã O VA S C O P O Ç A S J O Ã O VA S C O P O Ç A S cupe... até os mais experientes sentem isso! Depois de entrar, lembre-se que os cães são colocados por uma ordem numérica e lógica. Siga a ordem ou peça ajuda ao comissário de ringue e coloque o seu cão o melhor possível. É de muito mau tom e desportivismo, colocar o seu cão fora da linha dos restantes, tentando de uma forma ou de outra, chamar a atenção do juiz. Esse tipo de comportamento é mal visto, tanto pelos juízes, como pelos demais concorrentes. Quando está colocado, toda a atenção é pouca. Mantenha-se atento a possíveis reacções inesperadas do seu cão, como tentar morder a cauda do cão do vizinho do lado. Mantenha a trela curta. Qualquer confronto, mesmo em tom de brincadeira entre cães, vais distrair os demais e este não é, propriamente, o local para tais comportamentos. O seu trabalho é fazer como que o seu cão «brilhe» e não é com o cão a rebolar pela alcatifa fora, que vai a algum lado. Habitue-o a deixar-se manipular por estranhos, na boca e, no caso dos machos, nos testículos. Depois de colocado, o juiz fará uma primeira abordagem geral e pode fazer rodar os cães, ao mesmo tempo. Todos os cães têm ritmos diferentes, uns mais rápidos e outros mais lentos. Se o seu cão for mais J O Ã O VA S C O P O Ç A S lento e começar a ficar para trás, aproveite e «corte» as esquinas do ringue, dê a volta «por dentro» para recuperar terreno, ganhando uns metros. Se o seu cão for mais rápido, evite colocar-se demasiado atrás do concorrente da frente, porque vai abrandar o ritmo, não deixando que ele mostre a sua amplitude. Neste caso, deve aproveitar, ao máximo, as dimensões do ringue. Nunca ultrapasse o cão da frente, a não ser que receba instruções nesse sentido. Depois de terminado o circuito, o juiz examinará os cães individualmente. Coloque-o numa posição estática, os anteriores em posição paralela. Levante-lhe levemente a frente, colocando um dos braços sob o pescoço e com a outra na parte inferior do peito e deixe-o cair suavemente. Uns pequenos ajustes no ombro e já está. A técnica na colocação do posterior é semelhante e pode ajudá-lo manipulandoo junto dos curvilhões. O posterior deve estar o mais paralelo possível. Se o seu cão é comprido não o «estique» demasiado. A posição preferida pelo juiz é sempre a posição «natural», e um cão que seja bem construído coloca-se sem grandes problemas. Se tiver alguma dúvida, não hesite em pedir ajuda a quem saiba. Por vezes, quando estamos a apresentar o cão não temos a verdadeira percepção de como é que o colocamos. No treino, coloque-se frente a uma porta de vidro que reflita a sua imagem e vai ver como é muito mais fácil colocá-lo. A boa apresentação agradará ao juiz. Qualquer juiz competente reconhecerá de imediato a qualidade de construção do seu exemplar, por isso não necessita de colocá-lo em posições que possam trazer desconforto para o seu cão. Fase do movimento. O juiz fará um gesto com a mão para que se mova, mostrando a direcção. Alguns juízes farão um gesto, especialmente quando se trate de juízes estrangeiros, por isso mantenha-se atento. Qualquer juiz competente reconhecerá de imediato a qualidade de construção do seu exemplar, por isso não necessita de colocá-lo em posições que possam trazer desconforto para o seu cão. A análise do movimento cumpre-se em três fases: o movimento anterior, o movimento posterior e o movimento de perfil; sempre a trote; não a galope, por favor. O movimento a passo, no caso dos grandes molossos, pode ser também solicitado. J O Ã O VA S C O P O Ç A S O movimento é uma das fases «decisivas» no julgamento, por isso conheça e adapte o seu passo ao movimento dele. A trela deve ser de comprimento médio, um metro é suficiente. Evita que ele incomode os cães que estão parados e também terá toda a liberdade para se mover sem que tropece nele. Quando o juiz acabar o julgamento individual, coloque-o no fim da fila. Se estiver numa grande classe, não o force a colocar-se em «estática» todo o tempo de espera. Sente-o, rode-o e faça-lhe festas até que a classe termine de ser julgada individualmente. A posição de estática é de grande desconforto para o cão por isso deve mantê-lo assim, só quando for estritamente necessário. Depois de julgado, e em caso de perder, não se esqueça de felicitar o vencedor. Se ganhasse iria gostar e sentir-se-ia orgulhoso, também. Evite o diálogo com o juiz, responda apenas às questões que lhe sejam colocadas e muito menos tecer comentários sobre o julgamento, ou como outros fazem, durante o julgamento individual, vão dizendo o palmarés do cão, ao juiz. Este tipo de atitutes só o prejudicam a si! Ao fim de algumas idas a ringue, vai pensar que já sabe tudo... acontece a todos... e vai ter a sensação que já é capaz de julgar ou de fazer um trabalho melhor do que o juiz. Os que se acham muito espertos estão aptos a julgar ao fim de seis meses!!! Depois de julgado, e em caso de perder, não se esqueça de felicitar o vencedor. Se ganhasse iria gostar e sentir-se-ia orgulhoso, também. O acto de julgamento serve para separar o trigo do joio, os bons e os maus exemplares, os cães que são bons para a criação, e não devem servir para alimentar o ego do juiz nem para satisfazer vinganças pessoais. Um julgamento incompetente ou desonesto, compromete severamente, a longo prazo, e parece que em Portugal ninguém se apercebe disso... (só alguns vão saber do que falo). A função do juiz, dentro de ringue, é SIMPLESMENTE escolher o melhor cão em ringue. Se não estiver de acordo, ou achar que outros valores pesaram na decisão, então, no futuro, não lhe apresente os cães. Essa será, certamente, a forma mais sensata de mostrar a sua indignação. O C ã o – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Março 2006 – N.º 8 O Cão 9 OCao8.qxd 14-05-2006 16:33 P·gina 10 XV Monográfica do Cão da Serra da Estrela TEXTO: PAULA REIS O Variedade Pêlo Comprido relvado do picadeiro da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC) foi palco de mais uma monográfica do Cão da Serra da Estrela no passado dia 10 de Setembro. O evento, organizado pela A ssociação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela (APCSE) e com o apoio NutraGold – Bio2, patrocinador oficial, pôde contar com o bonito número de 111 inscrições em catálogo, tendo sido julgados 90 animais das duas variedades de pêlo. João Vasco Poças foi o juiz convidado, que ao longo de seis horas analisou os exemplares e os classificou, vindo a atribuir o prémio de melhor exemplar da Monográfica (BIS) à Arwen, uma cadela de pelo comprido com 17 meses de idade. Logo pela manhã, expositores e visitantes foram chegando e confraternizando, enquanto aguardavam o início dos julgamentos, pelas 13,30h. Estiveram presentes representantes dos clubes de raça sueco, inglês, finlandês, holandês e americano, aos quais a APCSE agradece a presença. No final da tarde, um grupo de 70 pessoas reuniu-se no hotel D. Luís, para um jantar-convívio, que se prolongou pela noite dentro. A APCSE congratulou-se por ter conseguido atingir um número recorde de inscrições e ter reunido um tão vasto grupo de amantes da raça espalhados pelo mundo. Esta Associação agradece ainda a todos os que tornaram possível este agradável evento. Um agradecimento especial à ESAC, pela disponibilização do espaço, ao Sr. Artur Ferreira, da Bio2, pela sua paciência e paixão pela raça e uma distinção muito particular e carinhosa aos CÃES DA SERRA DA ESTRELA, sem os quais nada faria sentido. Eles foram os protagonistas do êxito da iniciativa. Classe Muito Cachorros (Extra-concurso) – Cães DAKTARI DA PONTA DA PINTA. Classe Muito Cachorros (Extra-concurso) – Cadelas LUCA LOUCA DO VALE DO JUIZ – Cr. e Pr. Edgar Dolgner. Classe de Cachorros – Cães Melhor cachorro da Exposição (BIS e RBIS) As classificações foram as seguintes: Variedade Pêlo Curto AC FOTO: SULTÃO DA SERRA DE SINTRA – Cr. e Pr. António Altavilla. Classe Cachorros – Cadelas Melhor Cachorro de Pêlo Comprido DEBORAH DA SERRA DE SINTRA – Cr. e Pr. António Altavilla. Classe Juniores – Cães TANGO DA COSTA OESTE – Cr. e Pr. Classe Cachorros – Cães Rui Rosa. Melhor cachorro de pêlo curto SEIXO D’ALPETRATINIA – Cr. e Pr. Classe Juniores – Cadelas João Silvino. Classe Cachorros – Cadelas URTIGA D’ALPETRATINIA – Cr. e Pr. João Silvino. Classe de Juniores – Cães BRAVO DE SÃO LOURENÇO DE ERMEZINDE – Cr. M. Clotilde Soares; Pr. João Silvino. ETNA DA QUINTA DE S. FERNANDO – Cr. Pr. Suzette Veiga. Classe Intermédia – Cães REI DA SERRA DE SINTRA – Cr. e Pr. António Altavilla. Classe Intermédia – Cadelas CAC-QC/Melhor Fêmea de Pêlo Comprido/Melhor de Pêlo Comprido ARWEN – Cr. Paolo Sametti; Pr. Rui Classe de Juniores – Cadelas Rosa. BEIRÃ DE SÃO LOURENÇO DE ERMEZINDE – Cr. M. Clotilde Soares; Pr. João Classe Aberta – Cães Classe Intermédia – Cães Tatiana Ferreira. Silvino. QUASAR – Cr. José Manuel Sabugueiro; CAC-QC IMPERADOR – Cr. Raul Grilo e Pr. Pr. João Silvino. Classe aberta – Cadelas Classe Intermédia – Cadelas – Cr. e Pr. António Altavilla. JUNÇA – Cr. Alfredo Santos; Pr. Tomás Reis. Classe Aberta – Cães CAC-QC TEJO – Pr. António Lourenço. SHEILA JUNIOR DA SERRA DE SINTRA Classe Campeões – Cães CCC / Melhor Macho de Pêlo Comprido CAJU DO VALE DO JUIZ – Cr. e Pr. Edgar Dolgner. Continua na pág. do lado... Classe Aberta – Cadelas CAC-QC/Melhor Cadela Pêlo Curto TROIA – Pr. José Manuel Sabugueiro. Classe Campeões – Cães CCC/Melhor Macho de Pêlo Curto/Melhor de Pêlo Curto CABAL D’ALPETRATINIA – Cr. e Pr. Melhor Exemplar da Exposição (BIS e RBIS) 10 Silvino. AC CCC JOIAH – Cr. Alfredo Santos; Pr. João FOTO: AC Classe Campeões – Cadelas FOTO: João Silvino. Melhor Grupo de Criador O C ã o – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Março 2006 – N.º 8 14-05-2006 16:33 P·gina 11 Pata de Ouro 2005 TEXTO E FOTOS: PAULA REIS No dia 11 de Fevereiro, no hotel Ritz, em Lisboa, realizou-se um evento inédito na Canicultura Portuguesa. Tratou-se da entrega dos troféus Pata de Ouro 2005, organizado pela Eukanuba. Ao longo do ano 2005, e segundo regulamento próprio, foram obtendo apuramento em várias categorias relacionadas com a cinofilia nacional. No final do ano os apurados foram votados pelos canicultores e nomeados os 5 melhores em cada categoria. Perante um grande número de convidados, jornalistas e televisão, foram anunciados os melhores dos melhores e entregues os respectivos prémios. A APCSE obteve duas nomeações: – Categoria Clubes de Raça; – Categoria Órgãos Informativos de Clubes de Raça. Com muita satisfação e orgulho, esta Associação venceu na segunda destas categorias, com o jornal O C ã o . O Cão da Serra da Estrela obteve apuramento em diferentes categorias e nomeação nas seguintes: – Categoria Cachorros – com o Tango da Costa Oeste – Pr.: Rui Rosa; – Categoria Juniores-Fêmeas – com a Arwen – Pr.: Rui Rosa; – Categoria Grupos de Criadores – com o Canil da Costa Oeste – de Rui Rosa, que conquistou a Pata de Ouro da categoria; – Categoria Veteranos – com L’Cardo dos Montes Hermínios – Pr.: Edgar Dolgner; – Categoria Raças Portuguesas – com Gajaboa da Costa Oeste – Pr.: Rui Rosa. Classe Campeões – Cadelas: CCC ERIKA DA COSTA OESTE – Cr. e Pr. Rui Rosa. Finais Dolgner. 1.º – CANIL DA SERRA DE SINTRA – António Altavilla; 2.º – CANIL DA COSTA OESTE – Rui Rosa. 1.º – BARROCA DA QUINTA DA CERDEIRA & MAX DA QUINTA DA CERDEIRA – Cr. Henrique Brites; Pr. Fátima 2.º – JAZA & SORGO D’ALPETRATINIA – Cr. Alfredo Santos & João Silvino Pr. João Silvino. 2.º – SEIXO D’ALPETRATINIA – Cr. e Pr. João Silvino. Melhor Exemplar da Exposição B.I.S. 1.º – ARWEN – Cr. Paolo Sametti e Pr. Rui Rosa; Pr. João Silvino. O Cão FOTO: FOTO: AC AC AC Dolgner; 1.º – TEJO – António Lourenço; Melhor Veterano 1.º – DEBORAH DA SERRA DE SINTRA – Cr. e Pr. António Altavilla; 2.º – CABAL D’ALPETRATINIA – Cr. e Melhor Reprodutor 1.º – L’CARDO DOS MONTES HERMINIOS – Cr. António Lourenço e Pr. Edgar Melhor Veterano 2.º – ZEUS DA LAPA DOS ESTEIOS – Cr. Luís Santos e Pr. João Silvino. Melhor Cachorro da Exposição Melhor Par Almeida & José Almeida; Grupo de Criador Cão Pata de Ouro 2005 – Galardão atribuído ao Jornal «O Cão» 2.º – L’CARDO DOS MONTES HERMINIOS – Cr. António Lourenço e Pr. Edgar Continuação da pág. do lado N. da R. – Não será imodéstia de O C ã o confessar que nos sentimos orgulhosos por este prémio. Entendemos, porém, ser nosso elementar dever partilhá-lo com a nossa patrocinadora, a BIO2-NUTRAGOLD, sem cujo apoio dificilmente existiríamos. O O Serra da Estrela foi a raça mais representada nesta edição do troféu Pata de Ouro. FOTO: OCao8.qxd Melhor Par Melhor Grupo Reprodutor O C ã o – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Março 2006 – N.º 8 11 OCao8.qxd 14-05-2006 16:33 P·gina 12 Ainda a Monográfica de Coimbra JOÃO VASCO POÇAS Q uero, antes de mais, apresentar os mais sinceros agradecimentos à direcção da APCSE pelo convite para julgar esta Monográfica. Fiquei encantado e honrado em aceitar este convite e quero também salientar que o sonho tornou-se realidade ao entrar em ringue! A Escola Agrária de Coimbra foi o local escolhido pela direcção, em particular pela Eng.ª Justina Franco, que nos acolheu na sua segunda casa! Fiquei particularmente impressionado pelo número de cães, uma das maiores monográficas jamais realizadas em Portugal. O local da exposição era o ideal, um local acolhedor, um parque verde com ringue relvado de excelente dimensão, com suficiente sombra e um público muito profissional e concentrado. Obrigado aos meus comissários, ao João, à Amélia e à Helena, pelo profissionalismo e bom-humor, quebrando um pouco o stress aliado a tão importante responsabilidade que me foi confiada. O número de cães era enorme, o que fez com que eu alterasse a minha actuação em julgamento – em explicar todos os julgamentos, mas, como compreenderão, até pela hora tardia em que acabámos, seria impossível. No entanto, julgo que todos os relatórios serão publicados e que algumas das dúvidas se desvaneçam. Agora que reflecti melhor sobre os cães que julguei, a qualidade geral encontrada foi bastante satisfatória. Não é uma crítica que faça em todas as raças que julgo – algumas destas, bastante internacionais, não possuem uma qualidade geral tão alta. Parabéns aos criadores! Apesar de nos últimos anos o nível dos machos ser muito pobre, fiquei particularmente entusiasmado pelos machos classificados. O segredo deste sucesso dos criadores portugueses é muito fácil de desvendar! Costumo dizer que se cria com fêmeas e não com machos – o nível de fêmeas em Portugal desde há muito foi sempre muito alto. A consanguinidade estreita, elaborada pelos criadores principais, melhorou o tipo. Os protocolos com a UTAD para os problemas de saúde. O conhecimento profundo da cinofilia de alguns dos criadores presentes faz com que o Serra da Estrela seja uma das raças com mais qualidade em Portugal, equiparada ao Boxer e ao Basset Hound! Mas nem tudo que reluz é ouro! Os defeitos nos pêlos curtos são bastante diferentes dos pêlos compridos. Nos pêlos compridos o principal problema é estrutural! Principalmente na dimensão do antebraço – CURTO! Nas cadelas era endémico! Seguramente 80% das cadelas tinham este problema; alguns crâneos estreitos e exemplares vazios debaixo dos olhos. As garupas demasiado horizontais, com portes de cauda incorrectos – começa a ser comum! Muita atenção ao comprimento e ângulo da garupa. O porte de cauda é única e exclusivamente consequência das más garupas. Atenção às angulações posteriores de alguns dos exemplares provocando garupas proeminentes. Dentes em pinça com desgaste prematuro dos incisivos não é positivo. Para não estender demasiado, vou só falar de algum dos cães que mais me marcaram, pela positiva, é claro. Um deles foi decididamente o Melhor Cachorro de Pêlo Curto – Seixo d’ Alpetratinia, de João Silvino –, pela sua espectacularidade, nobreza, qualidade de construção, cabeça e movimento, no entanto chegou ao pódio de melhor cachorro absoluto pelo cansaço demonstrado, tendo prejudicado o seu movimento final. Outro cão marcante foi o Melhor Veterano da Exposição de pêlo curto – Tejo –, de António Lourenço, que, apesar da sua idade avançada só vem provar que o Serra da Estrela é uma raça saudável. As suas características rácicas são excelentes. O Bob foi o macho campeão, filho de um exemplar excepcional de pêlo comprido, que se consagrou Melhor Macho Pêlo Comprido. Um cão fulvo, com excelente antebraço e proporções, linha dorsal firme, crâneo amplo e orelhas, gostaria de uma cor de olhos mais escura, que neste caso e por ser fulvo claro, não prejudicou o conjunto e expressão. Os melhores cachorros de pêlo comprido – Sultão da Serra de Sintra e Deborah da Serra de Sintra, de António Altavilla eram de excepcional homogeneidade, com cabeças, olhos, orelhas e movimentos excelentes. Infelizmente o macho estava ferido, tendo comprometido um pouco a sua performance. De salientar o excelente carácter para ringue. O Macho Júnior – Tango da Costa Oeste, de Rui Rosa, é grande, exuberante, com excelente cabeça, já muito desenvolvido para a idade e com muito pêlo, com uma estrutura ainda por solidificar, que é própria da sua tenra idade. Os machos de classe aberta – 1.º (Imperador, de Tatiana Ferreira) e 2.º (Junior do Cântaro Magro de Eng.ª Justina Franco), dois cães de excepcional qualidade, com cabeças típicas e carácter excepcionais. Infelizmente a pelagem do 2.º estava em péssimas condições, mas estou convicto que pode vir a ser um grande campeão! Mas como humanos que somos, e por vezes nem a razão explica… quando vemos um cão especial o nosso coração bate mais forte, pois foi o que me aconteceu com a vencedora da Classe Intermédia – Arwen de Rui Rosa. Nobre, cabeça excepcional com excelente orelha, expressão, formato e expressão, movimento livre e elástico, cauda típica e excelente linha dorsal. A Classe de Campeãs foi ganha pela Erika da Costa Oeste, cadela grande, com muita substância, excelente cabeça. Uma cadela que irá certamente dar muita alegria ao seu criador na reprodução. A todos desejo as maiores felicidades. Aos amantes dos Serras, a APCSE alerta para que se aconselhem junto dos clubes da Raça. Nunca comprem cães na BEIRA DA ESTRADA. Exijam sempre o LOP e o Boletim de Vacinas. O BARATO SEMPRE SAI CARO. 12 O C ã o – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Março 2006 – N.º 8 O Cão 14-05-2006 16:34 P·gina 13 Especial da Batalha – 2005 FÁTIMA ALMEIDA R ealizou-se no dia 11 de Dezembro, na Expo Salão da Batalha, integrada na 7.ª Exposição Canina Nacional da Batalha, mais uma especial da raça, organizada pela APCSE e com o já habitual apoio da ração Nutra Gold – Bio 2, o patrocinador desta Associação. De catálogo estavam inscritos 35 cães, tendo 25 estado presentes a julgamento , 2 de pêlo curto e 23 de pêlo comprido. Os julgamentos estiveram a cargo do juiz Carlos Lopes da Silva. As classificações foram: Ponta da Pinta – Cr. e Pr.: Manuela Paraíso & Rui Garção Campeões Fêmeas 1.º – CCC – Erika da Costa Oeste – Cr. e Pr.: Rui Rosa Variedade Pêlo Curto FOTO: JA Juniores Machos Variedade Pêlo Comprido Cachorros Machos 1.º – Made In da Costa Oeste – Cr. e Pr.: Rui Rosa. 1.º – Melhor da Raça – Dragão da Casa de S. Francisco – Cr. e Pr.: Tomás Reis Aberta Machos 1.º – CAC – Duque da Casa de S. Francisco – Cr. e Pr.: Tomás Reis. Melhor exemplar de Pêlo Comprido Intermédia Fêmeas O Cão 1.º – CAC – Melhor Fêmea – Melhor da Raça. Arwen – Cr.: Paolo Sametti; Pr.: Rui Rosa. Cachorros Fêmeas 1.º – Melhor Cachorro da Raça Safira da Casa de Lôas – Cr. e Pr.: Fátima Almeida & José Almeida. Aberta Machos 1.º – CAC – Imperador – Cr.: Raul Grilo; Pr.: Tatiana Ferreira. Juniores Machos Aberta Fêmeas 1.º – Mont Blanc da Quinta de S. Fernando – Cr. e Pr.: Suzette Veiga. FOTO: JA 1.º – RCAC – Bacana da Serra de Sintra – Cr.: António Altavilla; Pr.: Isabel Ferreira. Juniores Fêmeas Campeões Machos 1.º – Deborah da Serra de Sintra – Cr.: António Altavilla; Pr.: Suzette Veiga. 1.º – CCC – Melhor Macho – Baden Baden da Melhor exemplar de Pêlo Curto 1.ª Exposição Especializada do Fundão FÁTIMA ALMEIDA N FOTO: JA o dia 26 de Novembro de 2005 realizou-se no Pavilhão Multiusos da bonita cidade do Fundão a 1.ª Exposição Especializada do Cão da Serra da Estrela, organizada pela APCSE e com o apoio da Câmara Municipal do Fundão, da Escola Profissional local e da Bio 2. Estavam inscritos 48 exemplares sendo 30 da variedade de pêlo comprido e 18 da variedade de pêlo curto. Os julgamentos estiveram a cargo do juiz Luís Catalan. A APCSE agradece à C. M. do Fundão, na pessoa do Dr. Henrique Dias, o apoio excepcional, sem o qual não teria sido possível a realização deste evento. Agradecemos também ao Dr. Santos Costa, que nos acolheu na Escola Profissional do Fundão, pela sua simpatia e paixão pela raça. Ao Dr. Castanheira Campos, médico veterinário, também a nossa gratidão. Classes Cachorro Sexo Macho Fêmea Junior JA Macho Fêmea O Cão Pêlo Comprido 1.º – Pateta da Casa de Lôas, de Fátima & José Almeida 1.º – Safira da Casa de Lôas, de Fátima Almeida & José Almeida 1.º – Trigo D'Alpetratinia, de João Silvino 1.º – Deborah da Serra de Sintra, de Suzette Veiga Pêlo Curto Melhor Cachorro da Exposição 1.º – Vale D'Alpetratinia, de João Silvino 1.º – Tulha D'Alpetratinia, de João Silvino Melhor da Raça (RBIS) CAC - Melhor da Raça (BIS) Macho CAC 1.º – Tejo, de António Lourenço Aberta 1.º – Farruscadalp, de João Fêmea RCAC Silvino 1.º – Zeus da Lapa dos Esteios, CCC Macho de João Silvino Campeões 1.º – Erika da Costa Oeste, Fêmea CCC 1.º – Joiah, de João Silvino CCC de Rui Rosa Melhor Par Vale D'Alpetratinia e Urtiga D'Alpetratinia, de João Silvino Melhor Reprodutor Zeus da Lapa dos Esteios, der João Silvino Melhor Grupo de Criador 1.º – D'Alpetratinia; 2.º – Casa de Lôas Melhor Veterano Joeira de Sabuestrela, de Rui Rosa Melhor Exemplar do Arwen, de Rui Rosa B.I.S. Tulha D'Alpetratinia, de João Silvino R.B.I.S Concurso Intermédia Os vencedores da classe Junior O certame decorreu com bastante animação e entusiasmo, tendo-se registado os resultados constantes do quadro a seguir. No fim da exposição teve lugar um jantar-convívio, na Escola Profissional do Fundão, oferecido pela Edilidade, onde estiveram presentes participantes, representantes da Câmara e da Escola. A todos agradecemos a sua presença. Melhor exemplar do Concurso (BIS e RBIS) FOTO: OCao8.qxd Fêmea 1.º – Arwen, de Rui Rosa 1.º – Imperador, de Tatiana Ferreira 1.º – Sheila da Serra de Sintra, de Suzette Veiga O C ã o – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Março 2006 – N.º 8 13 OCao8.qxd 14-05-2006 16:34 P·gina 14 Se o meu cão falasse... Hoje vou contar-vos uma história passada num reino muito longínquo. Trata-se de «Paraíso Pensante», reino onde o clube responsável pela canicultura tem um nome muito peculiar: – Compadres P. Compadres. Neste reino existia uma raça canina parecida com a minha, muito bem representada a nível nacional e internacional. Era mesmo a raça mais representativa: era a que tinha maior número de cães nacionais; era a que tinha mais registos; era a que tinha mais inscrições nas exposições; era a que tinha maior visibilidade, era, enfim, uma raça muito parecida com a minha, e, como tal, deveria ser acarinhada e reconhecida por ser uma óptima representante das raças nacionais em países vizinhos. Mas, nesse reino, infelizmente, o que era nacional e orgulho de todos os seus humanos pensantes não passava de impecilho para a ganância e para os devaneios Loja da intelectuais de alguns, tendo em conta que, cerca de onze anos atrás, fora aprovado um estalão desta raça, numa movimentação popular muito acesa, mas que deu os seus frutos. Mal ou bem, tinha sido aprovado um novo estalão da raça! Todavia – pasme-se! –, os senhores que detinham o poder e que deveriam ter enviado este documento para a competente aprovação superior, simplesmente se foram esquecendo de comprar os selos... E assim conseguiram que dez anos se passassem! Interessava-lhes a confusão que permitisse que um cão pudesse ser julgado em diversos países de maneiras diferentes, pois a tradução poderia incorrer em erro os juízes de outros países... Mas eis que, ao fim de dez anos, a instância internacional mudou as regras dos estalões e pediu a todos os países a revisão destes documentos a nível nacional. Inteligentemente, desta vez, os pensantes do Compadres P. Compadres resolveram contactar os clubes de raça para uma discussão aprofundada sobre o estalão. Estes, com muito esforço, dedicação e empenho, e após acalorados debates e discussões, conseguiram apresentar um estalão, provavelmente não isento de erros, mas que poderia ter sido melhorado se tivesse sido dado tempo para isso. Este mesmo estalão foi enviado para aprovação alguns meses mais tarde. Finalmente acabar-se-iam dúvidas e con- fusões a nível internacional, pensaram os amantes da raça. Só que o tempo ia passando e o dito estalão não saía das gavetas. Mais uma vez se pensou que seria falta de dinheiro para os selos, mas, malfadadamente, a historia não iria acabar aí, pois, passado foi um ano e, porque houve mudanças a nível dos pensantes, então as novas cabeças no poder tiveram um rasgo de genialidade: – alterar os estalões sem dar cavaco a ninguém, mudando aqui uma vírgula, ali uma palavra, acolá uma frase, et voilá: já tinham um estalão. E, não menos importante, desta maneira já tinham demonstrado o seu poder e a sua capacidade de subjugar os clubes de raça! Para mais, e apesar de todo o esforço dos clubes para que tal não acontecesse, os esforços foram em vão, pois os senhores pensantes tinham muito poder. * * * Nesse reino muito longínquo, com o passar dos anos e com os mesmos pensantes no poder, as raças nacionais entraram em extinção. Apareceram, em lugar destas, imitações de raças de cães, em nada abonatórias para as raças caninas tradicionais. Passaram as exposições caninas a ser feitas nos intervalos dos jogos de futebol, pois assim se conseguiam julgar dez cães por vinte juízes com alguma assistência. Max, o escritor [email protected] A SSOCIAÇÃO P ORTUGUESA DO C ÃO DA S ERRA DA E STRELA Cassete: O Cão da Serra da Estrela (Edição da APCSE) Português: € 15,00; Espanhol, Francês ou Inglês: ADAGIÁRIO € 20,00 Pedidos à: APCSE, Estrada Nacional, 37 – Boavista 2560-426 SILVEIRA, ou pelo endereço electrónico: [email protected] Ao preço indicado acresce taxa de envio em vigor. Quem o seu cão quer matar chama-lhe raivoso EM DEFESA DO PATRIMÓNIO NACIONAL ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DO CÃO DA SERRA DA ESTRELA Fundada em 03/12/1986 PROPOSTA PARA SÓCIO N.º _________________________ Nome _____________________________________________________________________ Contribuinte n.º ________________ Residência ______________________________________________________ Código Postal _______ - ____ _______________ Telef. ____________________ Profissão ______________________________ Data de nascimento _____/_____/________ Nacionalidade ____________________________ Estado civil____________ _______ É sócio de outro Clube de Canicultura? Qual? __________________________________________________________________ Tem afixo reconhecido pela F.C.I.? Qual? __________________________________ Caso o pedido de admissão seja aprovado, aceito incondicionalmente os Estatutos e os Regulamentos, e junto envio: Jóia de 10 Euros Quota anual de 10 Euros Referente a ___________________________________________________ Data _____/_____/________ O Proponente: ______________________________________ O Proposto: __________________________________________ 14 O C ã o – Jornal da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela – Março 2006 – N.º 8 OCao8.qxd 14-05-2006 16:34 P·gina 15 OCao8.qxd 14-05-2006 16:34 P·gina 16 H E D . A G D Á I P C A LI T B ES PU D L A U T I AB