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Resumo
O objetivo do presente estudo foi avaliar e comparar a composição corporal, consumo
máximo de oxigênio e lactato sanguíneo em ciclistas amadores da região sul do Rio Grande
do Sul. A amostra foi composta por 21 ciclistas do sexo masculino com idade superior a 20
anos e média de idade de 34,1 anos (DP 9,6 anos), praticantes das modalidades speed e
mountain bike (MTB) por, pelo menos, seis meses. As médias do índice de massa corporal
(IMC), percentual de gordura (%G) e consumo máximo de oxigênio (VO2max) foram
respectivamente de 23,2 Kg/m2 (DP 2,5), 12,9 % (DP 2,3) e 54,9 mL.Kg -1.min-1 (DP 7,1),
não sendo diferente as modalidades speed e MTB. A média da concentração de lactato
sanguíneo ao final do teste em cicloergômetro foi de 9,2 mmol.L-1. Correlação inversa foi
encontrada entre as circunferências da perna (r=-0,4; p=0,04) e abdômen (r=-0,6; p=0,004)
e VO2max. Os atletas estudados apresentam piores resultados quando comparados a
atletas de competição de ciclismo nacional e internacional.
Palavras chave: antropometria; consumo de oxigênio; ciclismo
Abstract
The aim of this study was to verify and correlation body composition, maximum oxygen
uptake and blood lactate of non-professional cyclists living in southern Rio Grande do Sul
state. The sample was composed by 21 male cyclists in their 20’s or more end average 34,1
(DP 9,6) who practice speed or mountain bike styles, for a period of at least six months. The
average numbers of body mass index, fat percentage and maximum oxygen uptake were
respectively 23,2 Kg/m2 (DP 2,5), 12,9 % (DP 2,3) and 54,9 mL.Kg -1.min-1 (DP 7,1), without
any difference between speed and mountain styles. Blood lactate average in the end of the
cycling test was 9,2 mmol.L-1. Inverse correlation was found between leg (r=-0,4; p=0,04)
and abdominal (r=-0,6; p=0,004) circumferences and maximal oxygen consumption. The
athletes observed have presented worst results when compared to other national or
international cycling athletes.
Key words: anthropometry; oxygen consumption; bicycling
Introdução
O ciclismo é um dos esportes mais acompanhados em muitos países, com
considerável aumento no número de praticantes nos últimos anos (ASPLUND;
ROSS, 2010). No Tour de France uma das principais competições de ciclismo de
estrada, seus participantes têm sido foco de estudo por alguns pesquisadores
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(CLARSEN; KROSSHAUG; BAHR, 2010). Em âmbito nacional e regional
destacamos as Voltas de Santa Catarina e de São Paulo como competições de
estágios.
O MTB é outra modalidade do ciclismo que vem se popularizando com
competições de cross country as quais são realizadas em circuito irregular e não
pavimentado (MACHADO et al., 2002). Nessas competições ou etapas ciclísticas os
atletas pedalam durante horas, por trajetos diversos, variando do plano para aclives
e declives, exigindo papel fundamental de componentes da aptidão física como a
força (OKANO et al., 2006), resistência aeróbia e anaeróbia (LEITE et al., 2004),
para suportar frequentes mudanças de ritmo e intensidade das pedaladas, e
flexibilidade (FARINATTI, 2000), para que o ciclista adote posições mais
aerodinâmicas, ajudando a minimizar a resistência ao deslocamento. Além disso,
variáveis de composição corporal, como o índice de massa corporal (IMC) e o
percentual de gordura (%G) são importantes na relação peso do conjunto (ciclista e
bicicleta) podendo influenciar no desempenho do ciclista, principalmente em
competições com subidas (MACHADO et al., 2002; SILVA et al., 2009).
Dentre as variáveis mais estudadas para avaliação da capacidade aeróbia em
atletas e, em consequência, seu nível de desempenho, está o consumo máximo de
oxigênio (VO2max) (MACHADO; CAPUTO; DENADAI, 2004; SANTANA et al., 2007;
CONI, 2007). Apesar disso, o mesmo, exclusivamente, não é capaz de assegurar
desempenho aeróbio satisfatório, pois é preciso se manter em percentuais altos
desses índices por um longo período da competição (CAPUTO et al., 2009).
O conhecimento das características e valências físicas destes ciclistas e as
possíveis modificações dessas, em função das rotinas de treinos, são de
fundamental importância no planejamento e controle das etapas de treinamentos.
Investigar e analisar as diversas variáveis que envolvem o ciclismo é extremamente
importante na melhora da performance (BURKE, 2000; CLARSEN; KROSSHAUG;
BAHR, 2010).
O objetivo do presente estudo foi verificar e comparar a composição corporal
e componentes da aptidão física de atletas de ciclismo amadores de duas
modalidades (estrada e MTB), residentes na região sul do estado do Rio Grande do
Sul.
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Metodologia
A pesquisa é caracterizada como um estudo observacional de corte
transversal. A amostra por conveniência foi formada por ciclistas amadores das
modalidades ciclismo de estrada (speed) e MTB, do sexo masculino, com idade
entre 20 e 60 anos, moradores da região sul/RS. No período da coleta de dados,
todos os atletas encontravam-se em período inicial de treinamento.
Os atletas foram abordados durante as competições e após explicações a
respeito do estudo foram convidados a participar da amostra. Em caso de aceite, os
indivíduos foram cadastrados para posterior contato e agendamento das avaliações.
Depois de feito contato e agendamento os mesmos foram orientados a não praticar
treinamento intenso nas 48h que antecederam aos testes.
Na data determinada, os participantes se dirigiram ao Laboratório de
Bioquímica e Fisiologia do Exercício da Universidade Federal de Pelotas onde foram
realizados os testes específicos aos objetivos do estudo. Na chegada ao laboratório
foram explicados todos os procedimentos para que os indivíduos se familiarizassem
com o ambiente e os procedimentos avaliativos os quais aconteceriam em duas
etapas e cada uma delas em dias distintos. Na primeira etapa foi realizada a
verificação dos dados antropométricos (circunferências do abdômen, coxa e perna,
%G, peso e estatura) dos indivíduos. Para tal finalidade foi utilizados uma balança
da marca Welmy com precisão de 50 gramas, um compasso científico da marca
Cescorf com precisão de 0,1cm, um estadiômetro com precisão de 0,1 cm e uma fita
métrica metálica inelástica da marca Sanny com precisão de 0,1 cm. O %G foi
estimado pelo somatório de quatro dobras (subscapular, suprailiaca, abdominal,
tricipital) para atletas adultos (FAULKNER, 1968).
Após a realização das medidas antropométricas e composição corporal os
indivíduos realizaram um teste de força máxima para membros inferiores, utilizando
um dinamômetro da marca Baseline com precisão de 10 Kgf. A medida de
flexibilidade foi realizada através do teste de sentar e alcançar de Wells & Dillon,
utilizando um banco com escala em centímetros.
Na segunda etapa, a qual aconteceu 24h após a primeira, foi realizado o teste
de VO2max. Para tal foi utilizado um cicloergômetro com frenagem eletromagnética
da marca Cateye modelo Ergociser EC 1600 (CatEye, Japão) onde os avaliados
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puderam ajustar a altura do selim e distância do guidão conforme preferência
individual sem fazer uso de calçados e pedais específicos para o ciclismo. Para
estimativa do VO2max foi utilizado o protocolo de Bruce adaptado para
cicloergômetro (PINI, 1992), onde os ciclistas iniciavam o aquecimento com carga
equivalente a 50w durante os primeiros 3 minutos sendo que estes incrementos se
sucederam até exaustão com rotação de 60rpm durante todo teste. A Freqüência
cardíaca foi monitorada continuamente através do frequencímetro da marca Polar.
Em uma sub-amostra de sete ciclistas foi realizada verificação dos níveis de
lactato sanguíneo imediatamente antes e posteriormente ao teste de resistência
aeróbia. A tomada de sangue a ser analisada foi realizada através da perfuração da
polpa do dedo anelar do ciclista. As concentrações de lactato sanguíneo foram
determinadas pelo analisador portátil da marca AccusportTM (Boehringer Mannheim
Corp., Mannheim, Alemanha).
Os dados coletados foram digitados no programa Excel 2007 for Windows e
posteriormente importados para o programa estatístico Stata 10.0, no qual foram
realizadas as análises estatísticas.
Foi realizada, inicialmente, uma análise descritiva dos dados com cálculo de
médias e seus correspondentes desvios padrão para cada uma das variáveis em
estudo. Análise bruta da associação entre VO2max e as variáveis independentes
foram feitas através de Anova One way e correlação de Spearman, no caso da
variável independente ser contínua.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Superior
de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas sob protocolo número
091/2009.
Resultados
Do total de ciclistas avaliados, 10 praticavam a modalidade de ciclismo de
estrada (speed) e 11 MTB. A população estudada teve uma média de idade de 34,1
anos (DP 9,6), sendo todos os avaliados do sexo masculino. As médias de peso,
estatura e %G dos indivíduos foram, respectivamente, de 74,2 Kg (DP 9,2), 1,79 m
(DP 0,07) e 12,9 Kg/m2 (DP 2,25). Valores do %G variaram entre 10 e 19 Kg/m 2
(Tabela 1). As circunferências abdominal, da coxa e perna, apresentaram resultados
35
de 77,6 cm (DP 6,7), 51,3 cm (DP 5,0) e 32,6 cm (DP 2,2), respectivamente (Tabela
2).
As pressões arterial sistólica e diastólica prévia a atividade foram,
respectivamente, de 120,9 mm/Hg (DP 7,0) e 71,4 (DP 8,5). A frequência cardíaca
média ao final da avaliação em cicloergômetro foi de 180,4 batimentos/min. (DP 9,9)
sendo que o maior valor encontrado foi de 196 batimentos/min. Em relação ao
desfecho VO2max, os valores encontrados variaram entre 44 e 60 ml/Kg
-1
.min-1,
sendo a média de 54,9 ml/Kg -1.min-1 (DP 7,1). A força de membros inferiores não foi
estatisticamente diferente entre os ciclistas das duas modalidades, apesar de o
grupo de ciclistas de MB apresentar valores ligeiramente superiores (Tabela 3).
Tabela 1. Dados descritivos da amostra, apresentados em média com respectivos
desvios padrão por modalidade ciclística (n=21).
Modalidade
N
Idade
Peso
Estatura
IMC
%G
2
(anos)
(kg)
(m)
(kg/m )
(%)
Estrada
11
36,4 ± 11,1
72,8 ± 8,8
1,80 ± 0,09
22,5 ± 1,6
12,6 ± 1,6
Mountain bike
10
31,5 ± 7,2
75,8 ± 9,9
1,79 ± 0,05
23,8 ± 3,1
13,3 ± 2,9
Total
21
34,1 ± 9,6
74,2 ± 9,2
1,79 ± 0,07
23,2 ± 2,5
12,9 ± 2,3
Valores p da diferença entre as modalidades foram superiores a 0,05 (p>0,05)
Tabela 2. Médias com respectivos desvios padrão das circunferências da coxa,
perna e abdômen para ciclistas de estrada e MTB (n=21).
Modalidade
N
Coxa
Perna
Abdômen
(cm)
(cm)
(cm)
Estrada
11
51,7 ± 5,8
31,9 ± 2,0
77,3 ± 5,9
Mountain bike
10
51,0 ± 4,3
33,3 ± 2,3
78,5 ± 7,8
Total
21
51,3 ± 5,0
32,6 ± 2,2
77,6 ± 6,7
Valores p da diferença entre as modalidades foram superiores a 0,05 (p>0,05)
Tabela 3. Médias com respectivos desvios padrão da força de membros inferiores,
VO2max e freqüência cardíaca ao final do teste estratificado por modalidade
ciclística (n=21).
Modalidade
N
Força de MI
VO2 max
Freq. Cardíaca
-1
-1
(Kgf)
(ml/Kg .min )
(bpm)
Estrada
11
169,7 ± 36,2
55,1 ± 5,5
178,9 ± 11,4
Mountain bike
10
180,6 ± 43,9
54,7 ± 8,9
182,8 ± 7,7
Total
21
174,9 ± 39,4
54,9 ± 7,1
180,4 ± 9,9
Valores p da diferença entre as modalidades foram superiores a 0,05 (p>0,05)
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O VO2max esteve correlacionado indiretamente com circunferência da perna
(r=-0,4; p=0,04) e abdominal (r=-0,6; p=0,004) e apresentou correlação borderline
com a circunferência da coxa (r=-0,4; p=0,08) e percentual de gordura (r=-0,4;
p=0,07).
Em uma sub-amostra de sete ciclistas, foi avaliado os níveis de lactato
sanguíneo pré- e pós- teste do VO2max. Média de 3,4 mmol.L-1 (DP 1,1) foi
encontrada no pré-teste e 9,2 mmol.L-1 (DP 3,6) no pós-teste. No pós-teste esses
valores variaram de 4,5 a 16,0 mmol.L-1 (Figura 1).
12
9,8
10
9,2
7,9
8
6
Estrada
Mountain bike
4
Todos
2
0
Estrada
Mountain
Todos (mmol.L-1) ao final do teste
Figura 1. Média
da concentração
debike
lactato sanguíneo
(n=7)
Discussão
Alguns estudos têm comparado qual o melhor método para determinar a
intensidade de exercícios individualizados (MACHADO; CAPUTO; DENADAI, 2004;
SANTANA et al., 2007; CONI, 2007). Os percentuais da frequência cardíaca máxima
e consumo máximo de oxigênio (VO2max), assim como limiar de lactato são os mais
comumente relatados na literatura científica para tal finalidade. Apesar do limiar de
lactato mostrar-se mais associado com o desempenho, dificuldades na obtenção de
medidas diretas, principalmente pelo custo e por ser uma técnica invasiva, fazem
com que esse método não seja o mais utilizado. A frequência cardíaca máxima
medida, apesar de fácil coleta e interpretação, não é o melhor meio de prescrição da
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carga de trabalho em atletas por superestimar ou subestimar os valores de
treinamento (RONDOM et al, 1998). Maranhão Neto e colaboradores (MARANHÃO
NETO; FARINATTI, 2004) mencionam que a avaliação da aptidão cardiorespiratória
através do consumo máximo de oxigênio (VO2) é a mais confiável e válida, até
porque uma menor condição cardiorespiratória estaria associada a uma menor
capacidade de realizar tarefas do cotidiano.
A média do índice de VO2max nos ciclistas avaliados (54,9 ml/Kg.min)
mostrou-se inferior a média relatada por outros estudos (MACHADO; CAPUTO;
DENADAI, 2004; DIEFENTHAELER et al., 2007; CAPUTO et al., 2003; CAPUTO;
GRECO; DENADAI, 2005), inclusive com pesquisas que avaliaram ciclistas
amadores (REICHERT; ROMBALDI, 2006; LUCIA et al., 1998). Isso pode ter
acontecido pelo fato dos ciclistas estarem, na sua maioria, no período inicial de
treinamento, pela heterogeneidade da população estudada em termos de idade e
nível de desempenho e pelas diferenças que podem advir de diferentes protocolos
utilizados nos diferentes estudos aos quais foi comparado.
Com relação à média da concentração de lactato sanguíneo ao final do teste
e da frequência cardíaca, os resultados obtidos, respectivamente, mostraram-se
inferiores a média encontrada por outros estudos (MACHADO et al., 2002; OKANO
et al., 2006).
O tipo de fibra muscular é fator determinante nos índices de potência
muscular e, fortemente, responsável por níveis mais elevados de lactato sanguíneo.
Atletas com maior concentração de fibras vermelhas (Tipo 1), são capazes de
acumular menores concentrações de lactato em provas de média distância
(COUTINHO, 2004).
As médias de peso e percentual de gordura dos ciclistas do presente estudo
foram superiores a encontrada em outro estudo (MACHADO et al., 2002). Tal fato
pode ser explicado pela diferença do tempo médio de prática da modalidade e pela
diferença entre as médias das faixas etárias dos estudos (34 anos contra 19 anos).
O percentual de gordura corporal apresenta boa predição da performance, o que
demonstra um possível efeito negativo da massa gorda sobre os resultados dos
mesmos (MACHADO et al., 2002; MILLER; MANFREDI, 1987; GARRET;
KIRKENDALL, 2000). Desta forma, podemos sugerir que o %G é uma variável
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importante para a determinação da performance em ciclistas de pista e,
principalmente, naqueles que praticam a modalidade MTB.
Quando comparado a outro estudo com ciclistas brasileiros e australianos
(CONI, 2007), as circunferências de perna e coxa da amostra estudada foram
menores. Índices inferiores dessas circunferências podem estar relacionados com a
categoria na qual fazem parte dentro da modalidade que competem, sendo, por
conseguinte, um indicativo do grau e tipo de treinamento utilizado por esses grupos.
As circunferências da perna e abdômen apresentaram correlação inversa com
o VO2max. Estudos prévios suportam os resultados sobre a relação inversa da
circunferência abdominal e VO2max, demonstrando que as melhores performances
encontradas eram entre os ciclistas que apresentavam menor percentual de
adiposidade nessa região (MACHADO et al., 2002; MILLER; MANFREDI, 1987).
Maiores níveis de adiposidade abdominal podem ser indicativo de maior percentual
de gordura total, o que representa uma carga extra que parece estar relacionada
negativamente a performance dos ciclistas, principalmente em aclives. Menor
circunferência de perna pode indicar menor massa muscular na região. Menor
massa muscular implica em menor possível geração de força/potência o que poderia
implicar em piores resultados no desempenho do teste de consumo máximo de
oxigênio. No presente estudo, o resultado encontrado contradiz essa tendência.
Apesar disso, devemos levar em consideração que a principal região muscular
envolvida na ação de movimentação do pedal é a coxa a qual não encontramos
correlação com o desfecho estudado.
É importante destacar algumas limitações do presente estudo. O número de
indivíduos avaliados influenciou negativamente no poder estatístico dos testes
aplicados, podendo ter deixado de mostrar algumas associações que, com amostra
maior, poderiam vir a acontecer. Apesar disso, as associações significativas,
mostram com alto grau de certeza que as associações, mesmo com pequena
amostra, realmente aconteceram. Outro fator a ser relatado é o limitado controle
alimentar dos participantes, os quais foram solicitados a não ingerir qualquer tipo de
suplemento anteriormente as testagens realizadas. A impossibilidade de realizar a
medição dos níveis de lactato sanguíneo em todos os ciclistas reduziu ainda mais
nossa amostra, dificultando o poder das análises estatísticas quando a variável em
questão foi analisada.
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Conclusão
A média do VO2max dos ciclistas estudados, bem como as circunferências de
perna e coxa, foram inferiores a encontrada em outros estudos. O percentual de
gordura apresentou valores acima dos indicados para atletas dessa modalidade.
Apenas a circunferência de pernas e abdômen apresentaram correlação inversa
com VO2max.
Conclui-se que os atletas estudados apresentaram índices antropométicos e
fisiológicos inferiores aos considerados ideais para o tipo de modalidade praticada.
Contudo, nossa amostra foi formada por atletas amadores que participam de provas
a nível regional, as quais, na grande maioria das vezes, são disputadas por outros
atletas de mesmo nível, o qual diminui a exigência para alcançar a vitória.
Os resultados do presente estudo podem auxiliar, a nível acadêmico, como
suporte para comparação e investigação das referentes variáveis em ciclistas
amadores e profissionais de diferentes localidades. Em nível local, o mesmo dará
suporte para o planejamento dos treinamentos aplicados a esses atletas.
Sugere-se a realização de novos estudos, com maior tamanho amostral e
com a realização de avaliações mais específicas e diretas de determinadas
variáveis.
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