199 PITHECIIDAE Chiropotes albinasus Cuxiú-da-cara
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199 PITHECIIDAE Chiropotes albinasus Cuxiú-da-cara
199 PITHECIIDAE Chiropotes albinasus Pithecia irrorata ATELIDAE Alouatta nigerrima Ateles chamek CARNIVORA CANIDAE Atelocynus microtis Cerdocyon thous Speothos venaticus PROCYONIDAE Nasua nasua Potos flavus Procyon cancrivorus MUSTELIDAE Eira barbara Galictis vittata FELIDAE Leopardus pardalis Leopardus wiedii Leopardus tigrinus Cuxiú-da-carabranca Parauacu E EN I I I E LC I I I Guariba-preta E LC I D& I D& I Coatá-da-carapreta E EN Cachorro-domato Raposa Cachorro-domato-vinagre E NT I I I E E LC NT I I I I I I Quati Jupará Guaxinim E E E LC LC LC I I I I I I I I I Irara E LC I I D& I Furão LC E E E LC NT VU I I I I I I Panthera onca Puma concolor Puma yagouaroundi Jaguatirica Gato-maracajá Gato-do-matopintado Onça-pintada Onça-vermelha Gato-mourisco VU VU E NT LC LC I I I I I I I I I PERISSODACTYLA TAPIRIDAE Tapirus terrestris Anta E VU I D& I I Caititu E LC E NT D& I D& I I Queixada D& I D& I Veado-vermelho E DD D& D& D& ARTIODACTYLA TAYASSUIDAE Pecari tajacu Tayassu pecari CERVIDAE Mazama americana I 200 Mazama nemorivaga RODENTIA ERETHIZONTIDAE Coendou prehensilis CUNICULIDAE Cuniculus paca DASYPROCTIDAE Dasyprocta leporina Veado-branco E LC I I I I I I Coendu E LC I I I Paca E LC I I I Cotia-vermelha E LC D& I D& I D& I Até o momento, não existem registros de espécies endêmicas e migratórias de mamíferos de médio e grande porte nas glebas Mamuru e Arapiuns. No entanto, foram registradas quatro espécies exóticas de mamíferos, Sus scrofa (porcodoméstico), Bos sp. (boi-doméstico), Canis familiaris (cachorro-doméstico), Equs asinus (burro-doméstico) e Felis catus (gato-doméstico). Estas espécies são criadas livremente pela população humana local, porém indivíduos pertencentes as três primeiras espécies foram encontradas frequentando no interior da floresta de terra firme e suas redondezas, durante a coleta de dados. A criação doméstica livre em ambiente natural pode ocasionar competição por recursos alimentares, principalmente entre os ungulados nativos, artiodátilos (veados e porcos) e perissodátilos (anta). Outro grupo de espécies que podemos destacar na região das glebas seria o das espécies de interesse para a atividade de turismo ecológico ou ecoturísmo. O grupo alvo desta pesquisa, ou seja, as 41 espécies de mamíferos de médio e grande porte podem ser consideradas importantes para o desenvolvimento da região, desde que realizado sob monitoramento de especialistas, seguindo normas ambientais e o plano de manejo da unidade de conservação, caso essa região demonstre possuir vocação para tal. Desta forma, sugerimos o ecoturísmo como medida alternativa de renda para a população humana local, em virtude das precárias condições constatadas por nossa equipe durante as entrevistas. Com relação às três áreas pesquisadas, Área 2 (Comunidade Jaratuba) foi a que apresentou maior número de espécies de mamíferos de médio e grande porte registrados de forma direta (11 avistamentos), seguido pela Área 1 (Comunidade 201 Vista Bela, 08 avist.) e Área 3 (Comunidade Cataueré, 09 avist.). Apenas a área 2 teve a observação direta de T. terrestris (anta), espécie vulnerável a extinção (IUCN 2009). Entretanto, as áreas 1 e 2 tiveram avistamentos de T. pecari (queixada), espécie considerada quase ameaçada. Provavelmente, o sucesso de avistamentos de espécies tenha se dado devido ao grau de conservação da floresta e a distância entre os pontos amostrados em relação à localização da população humana. Outra forma interessante de análise poderia ser a freqüência de registros de rastros por ponto de coleta. A procura por rastros, principalmente pegadas, foi potencializada em alguns locais propícios para o seu registro, tais como, areais, barreiras e nas proximidades de poças ou pequenos cursos d’água. Como locais com estas características variaram muito, tanto em quantidade quanto em tamanho, entre os três pontos de coleta, o que poderá ocasionar viés de amostragem, optouse em utilizar essa informação apenas nas análises comparativas com o número de animais avistados. Considerações finais Inventariar a mastofauna de médio e grande porte é uma tarefa bastante árdua. Levantamento populacional sistemático e assistemático com procura ativa de animais e vestígios, uso de câmeras fotográficas, estações de captura de vestígios e entrevistas a população humana local, são os métodos mais comuns utilizados em pesquisas de campo com um período curto de duração. O emprego de um único método de coleta geralmente subestima a riqueza de espécies. Neste inventário, foram utilizados dois métodos simples, de baixo custo, e que envolvem número reduzido de participantes da equipe técnica. FERRARI et al (1999) sugeriu que o esforço mínimo empregado por área de amostragem seja superior a 50 km, e que seja realizado em duas campanhas, uma na estação chuvosa e outra na seca. Durante a expedição de inventário nas glebas Mamuru-Arapiuns, foram percorridos 43,5 km nos três pontos de coleta, esforço inferior ao proposto pelos autores citados. Como o objetivo principal desta pesquisa era fornecer informações básicas sobre a riqueza e composição de espécies, tais objetivos foram alcançados e os resultados foram satisfatórios, em virtude da 202 utilização conjunta de procura ativa por mamíferos, por vestígios e entrevistas junto à população humana local. O conjunto da fauna inventariada apresentou-se constituído por seis ordens, 18 famílias, 41 gêneros e 39 espécies. Entre as espécies encontras na área de estudo, quatro são consideradas vulneráveis, segundo listagem oficial de espécies ameaçadas do Pará (SEMA 2007), Myrmecophaga tridactyla (tamanduá-bandeira), Priodontes maximus (tatu-canastra), Panthera onca (onça-pintada) e Puma concolor (onça-vermelha), e três em listagem internacional (IUCN 2009) tanto na categoria “vulnerável”, P. maximus (tatu-canastra) e Tapirus terrestris (anta), quanto na categoria “em perigo de extinção”, Chiropotes albinasus (cuxiú-da-cara-branca). Merecendo também destaque M. tridactyla (tamanduá-bandeira), Atelocynus microtis (cachorro-do-mato), Speothos venaticus (cachorro-do-mato-vinagre), Leopardus wiedii (gato-maracajá), P. onca (onça-pintada) e Tayassu pecari (queixada), pois as referidas espécies encontram-se na categoria “quase ameaçada” (IUCN 2009). A ocorrência expressiva da fauna de mamíferos de médio e grande porte e a existência de elementos de interesse para a conservação regional agregam à região relevante valor natural. No entanto, a extração seletiva de madeira, a criação doméstica, a atividade de caça de subsistência, e até mesmo a para fins econômicos, comprometem a integridade da floresta e a manutenção dos recursos naturais para as gerações futuras. Desta forma, levando em consideração o exposto acima, a região de estudo possui vocação para criação de unidades de conservação de uso sustentável, nas categorias Reserva Extrativista (RESEX) ou Reserva de Fauna (RESFA). Neste contexto, recomendamos para as glebas em questão programa de monitoramento da fauna silvestre cinegética, da atividade de caça empregada pela população humana local, como também, da criação doméstica de suínos, bovinos e eqüinos. Sugerimos também programa de educação ambiental, além de novas expedições científicas à região de estudo, para conhecimento de outros pontos de amostragem e dos mesmos pontos atendidos neste estudo, mas no período chuvoso. 203 Referências bibliográficas ADAMS, M. 1997. O papel dos morcegos na regeneração de florestas de uma paisagem agrícola da Amazônia Oriental. Dissertação de Mestrado. Belém, Universidade Federal do Pará e Museu Paraense Emílio Goeldi. 127 p. ALMEIDA, F.B. & DEANE, L.M. 1970. Plasmodium brasilianum reencontrado em seu hospedeiro original, o macaco uacari branco (Cacajao calvus). Bolm. Do INPA Patologia Tropical, 4: 1-9. ALTRINGHAM, J. D. 1996. Bats: biology and behavioral ecology. Oxford University Press, New York. 262 p. 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ARTIODACTYLA Pecari tajacu: MPEG 41052, 41058, 41064, 41065, 41068, 41069, 41085 e 41095; Tayassu pecari: MPEG 41031, 41033, 41035, 41037, 41040, 41044, 41045 a 41049, 41053 a 41057, 41059 a 41061, 41066, 41067, 41070 a 41072 e 41094; Sus scrofa domestica: MPEG 41034; Mazama americana: MPEG 41043, 41079 a 41084, 41086 a 41095. RODENTIA Neacomys sp.: MPEG 41028 e 41029; Cuniculus paca: MPEG 41032 e 41039; Dasyprocta leporina: MPEG; Lonchothrix emiliae: MPEG 41041. 211 Anexo H - 2. Vista parcial de um dos areais comumente encontrado na estrada principal da Área 2. Anexo H - 3. Vista parcial de um local de passagem de Tayassu pecari (queixada) na estrada principal da Área 2. 212 Anexo H - 4. Fezes de Panthera onca (onça-pintada) na estrada principal da Área 2. Anexo H - 5. Rastro de Tapirus terestris (anta) na estrada principal da Área 2. 213 Anexo H - 6. Pesquisadora entrevistando morador local acompanhado por seus filhos e netos na Área 1. Anexo H - 7. Técnico triando os exemplares doados pela população local durante as entrevistas nos três pontos de coleta. 214 Anexo H - 8. Dois filhotes de Pecari tajacu (cateto) criados juntos com os animais domésticos. Anexo H - 9. Um indivíduo adulto de Dasypus novemcinctus (tatu-preto) avistado durante o levantamento de mamíferos de médio e grande porte no período noturno na Área 2. 215 Anexo H - 10. Vista dorsal (a cima) e ventral (a baixo) da pata anterior esquerda de uma fêmea adulta de Panthera onca (onça-pintada) doada pela população local na Área 1. 216 QUIROPTEROFAUNA DA REGIÃO DO INTERFLÚVIO MAMURU-ARAPIUNS Dr. Luís Reginaldo Ribeiro Rodrigues; [email protected]; Eloiza Soares Araujo (graduanda Biologia); Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA); eloí[email protected] Introdução A Ordem Chiroptera é a segunda maior ordem da classe Mammalia, com mais de 1.000 espécies em duas subordens: Megachiroptera (com uma família, Pteropodidae) e Microchiroptera (com 17 famílias). A quiropterofauna da região Neotropical é representada por nove famílias, 82 gêneros e mais de 280 espécies. No Brasil, a ordem corresponde a 40% da diversidade total de mamíferos, com aproximadamente 64 gêneros e 167 espécies (REIS et al, 2007). Estima-se que a mastofauna amazônica apresenta mais de 311 espécies, sendo representadas principalmente por morcegos e roedores (SILVA et al, 2001). Os morcegos são diversos e abundantes e desempenham inúmeros papéis na regulação dos ecossistemas tropicais, pois sua notável diversidade de adaptações morfológicas e hábitos alimentares lhes permite a utilização dos mais variados nichos, em complexa relação de interdependência com o meio (MIRETZKI, 2003). A ecologia alimentar de morcegos provê informações extremamente úteis para o entendimento dos mecanismos de partilha de recursos que regulam as relações tróficas, e que são responsáveis pela alta diversidade deste grupo nas regiões tropicais (PASSOS et al, 2003). À medida que partilham os recursos, em especial os alimentares, os quirópteros influenciam a dinâmica dos ecossistemas naturais, agindo como dispersores de sementes, polinizadores e reguladores de populações animais. Além disso, este grupo pode ser útil como indicador de alteração no ambiente, na identificação dos processos biológicos envolvidos na perda ou transformação do habitat natural (BIANCONI et al 2004). Nos trópicos, os morcegos que se alimentam de frutas e néctar desempenham um papel vital na sobrevivência das florestas pluviais. Ao comerem as frutas, os morcegos espalham suas sementes, à medida que 217 voam e fazem a digestão. Os morcegos que se alimentam de néctar polinizam muitas plantas de valor nutritivo ou econômico. Muitas plantas que produzem frutos de importância na agricultura, como caju, figo, banana, manga e outras, dependem dos morcegos para polinização e dispersão de suas sementes. A dispersão de sementes por morcegos frugívoros contribui para o estabelecimento de muitas espécies de plantas pioneiras, auxiliando os mecanismos de regeneração e sucessão secundária em áreas tropicais (PASSOS et a,. 2003). Base de informação A área de estudo, conjunto de glebas região Mamuru-Arapiuns, situa-se na ecoregião do interflúvio Madeira-Tapajós. De acordo com os resultados do Seminário Consulta Macapá 1999, o interflúvio Madeira-Tapajós concentra áreas de extrema importância para o estudo e conservação da biodiversidade (CAPOBIANCO et al, 2001). Esta região é considerada uma das áreas de mais alta diversidade de espécies de mamíferos do Neotrópico, apresentando alguns endemismos, especialmente de primatas (HERSHKOVITZ, 1977; VIVO, 1988, 1991; MITTERMEIER et al, 1992; SILVA JÚNIOR & NORONHA, 1998; ROOSMALEN et al, 2000, 2002). Com relação ao conhecimento da diversidade de quirópteros, a região do interflúvio Madeira-Tapajós ainda permanece pouco explorada. Uma compilação da lista de espécies com provável ocorrência na área de estudo foi obtida a partir das obras de EISENBERG & REDFORD (1999) e EMMONS & FEER (1999) (Anexo I - 1). Esforço de amostragem para o grupo e adequação dos métodos de coleta As coletas de morcegos foram realizadas com o uso de redes de neblina, tamanho 10 x 2.5m, instaladas ao nível do solo, de modo a interceptar possíveis rotas de vôo dos animais. Esporadicamente, uma rede era suspensa até uma altura de cerca de 15m, e uma coleta ocasional em abrigo também foi efetuada. O uso de redes de neblina é um método consagrado em estudos de levantamento da quiropterofauna, porém, é importante destacar que esta metodologia favorece a amostragem de morcegos da família Phyllostomidae, 218 principalmente quando instaladas no estrato do sub-bosque (Voss & Emmons, 1998; Sampaio et al, 2003). Morcegos insetívoros das famílias Vespertilionidae e Molossidae normalmente forrageiam nos estratos mais altos da floresta ou acima do dossel, dificultando ou impossibilitando sua captura em redes ao nível do solo. Como a família Phyllostomidae representa o grupo mais diversificado da quiropterofauna neotropical, o método utilizado deve registrar um grande número de espécies em pouco tempo, o que é desejável num estudo de levantamento rápido. O estudo foi conduzido em três áreas ao longo do Rio Mamuru. O esforço de coleta não pôde ser padronizado entre as áreas em virtude de problemas de natureza logística, principalmente com relação ao transporte e acesso aos pontos de coleta, e pelos diferentes níveis de antropização dos pontos selecionados. Na área 3 (estrada da Petrobrás), por onde se iniciou o levantamento, foi empregado um esforço amostral de 346 redeXhoras, resultando em 56 capturas. Na área 2, empregou-se 208 redeXhoras que resultou em 19 capturas, e na área 1 o esforço foi de 102 redeXhoras, resultando em 11 capturas, totalizando um esforço amostral de 656 redeXhoras e 86 capturas representativas de 17 espécies. Composição e riqueza de espécies por localidade e tipo de ambiente Os morcegos representam o grupo mais abundante e diversificado de mamíferos nas florestas neotropicais (VOSS & EMMONS, 1996; MARINHOFILHO & SAZIMA, 1998). Os fatores que determinam a composição da quiropterofauna de um determinado local ainda são pobremente compreendidos. Entretanto, sabe-se que fatores históricos de colonização e fatores locais, como a disponibilidade de alimentos e abrigos, a competição por estes recursos e o grau de alteração do habitat são importantes elementos que influenciam a riqueza local (MEDELLIN et al, 2000; BERNARD et al, 2001). No presente estudo, foram registradas 17 espécies de morcegos representativas de duas famílias: Phyllostomidae e Emballonuridae (Tabela I 1). Como esperado, a Família Phyllostomidae possui maior representatividade numérica (n=85, 16 espécies). Dentro deste grupo, foram registradas espécies 219 das subfamílias Phyllostominae, Carolliinae e Stenodermatinae. A espécie Carollia perspicillata apresentou absoluta dominância com 47.67% dos registros, seguida por Artibeus obscurus com 8,14% (Figura I - 1). Estas espécies foram as únicas registradas regularmente nas três áreas amostrais. A espécie Rhynchonycteris naso foi o único embalonurídeo registrado. Na amostra obtida, podemos verificar representantes de várias guildas alimentares, tais como os frugívoros (subfamílias Carollinae e Stenodermatinae), insetívoros aéreos (R. naso, Macrophyllum macrophyllum), insetívoros de folhagem (Tonatia saurophila, Glyphonycteris daviesi), carnívoros (Trachops cirrhosus) e onívoros (Phyllostomus discolor). As áreas 2 e 3 foram as que apresentaram maior riqueza, com dez e doze espécies respectivamente. Embora este resultado esteja associado ao maior esforço amostral empregado nestas duas áreas, é interessante destacar que a composição de espécies variou significativamente entre elas. Na área 2, vemos uma predominância de espécies da subfamília Phyllostominae, enquanto na área 3 predominam os morcegos stenodermatíneos (Tabela I - 2). Esta variação pode ser mais bem explicada por diferença na estrutura vegetacional entre as duas áreas. Na área 3, os morcegos foram coletados em três diferentes habitats: mata primária alterada, mata secundária próximo à margem do rio e área peridomiciliar. Todavia, a maioria dos registros foi obtida na mata secundária. Vários estudos têm demonstrado que espécies de morcegos frugívoros generalistas das subfamílias Stenodermatinae e Carolliinae tendem a elevar seus níveis de abundancia em reposta à alteração ambiental. Alguns autores sugerem que A. lituratus e C. perspicillata possuem uma maior eficiência na adaptação aos processos de fragmentação e/ou modificação do hábitat (BROSSET ET AL, 1996; ESTRADA & COATES- ESTRADA, 2002). Por isso, estas espécies são freqüentemente encontradas em elevada abundancia em áreas alteradas (MULLER & REIS, 1992; MIRETZKI & MARGARIDO, 1999, PEDRO ET AL, 2001). Uma possível explicação para a abundância dessas espécies em ambientes alterados pode estar relacionada com sua capacidade de utilizar vários estratos da vegetação, beneficiando-se das diversas oportunidades ecológicas disponíveis nos 220 ambientes modificados pelo homem (ESTRADA & COATES-ESTRADA, 2002; BIANCONI ET AL, 2004). Figura I - 1: Abundância relativa das espécies de morcegos da região do Rio Mamuru, Pará, no mês de setembro de 2009. O fato da área 2 ser mais rica em filostomíneos também esta correlacionado com a estrutura da vegetação. Nesta localidade o ponto de coleta ficou situado numa área de mata primária alta, localizada a cerca de 10km da margem do rio. A presença de várias espécies da subfamília Phyllostominae nesta área pode ser considerada um indicador de integridade ambiental, pois este grupo exige complexas interações ecológicas com outros animais e plantas, sendo por isso sensível à perturbação do hábitat (MEDELLIN et al, 2000). Por outro lado, a degradação ambiental provocada pela extração de madeira foi claramente percebida nesta localidade (Figura I 2). Portanto, o mesmo resultado poderia ser interpretado como indicativo de uma parcela da fauna remanescente da comunidade original pré-alteração. Muitos estudos têm demonstrado que as comunidades de morcegos 221 neotropicais são fortemente afetadas por alterações do habitat e um resultado comum disso é a perda de espécies raras e/ou especializadas e o aumento da abundância de algumas espécies generalistas (FENTON, et al, 1992; SIMMONS & VOSS, 1998; MEDELLIN et al, 2000; SAMPAIO, et al, 2003; WILLIG et al, 2007). 222 Tabela I - 1: Lista das espécies de morcegos com os respectivos valores de abundância e ocorrência registrados na área do rio Mamuru-Arapiuns. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Taxon Família Phyllostomidae Subfamília Phyllostominae Macrophylum macrophylum Phyllostomus discolor Phyllostomus elongatus Trachops cirrhosus Tonatia saurophila Glyphonycteris daviesi Trinycteris nicefori Subfamília Carolliinae Carollia perspicillata Rhinophylla pumilio Subfamília Stenodermatinae Artibeus lituratus Artibeus obscurus Artibeus gnomus Sturnira lilium Sturnira tilde Uroderma magnirostrum Vampyressa bidens Família Emballonuridae Rynchonycteris naso Totais macho femea n Ab. Rel.(%) A1 A2 A3 2 1 4 1 0 1 0 4 0 1 0 1 0 1 6 1 5 1 1 1 1 6,98 1,16 5,81 1,16 1,16 1,16 1,16 - + + + + + + + + - 18 2 23 4 41 6 47,67 6,98 + - + + + + 4 1 3 0 0 0 1 2 6 0 2 1 2 0 6 7 3 2 1 2 1 6,98 8,14 3,49 2,33 1,16 2,33 1,16 + + - + + + + + + + + + - 1 0 1 1,16 - - + 39 47 86 100,00 223 Figura I - 2: Clareira em mata primária da Área 2, evidência da retirada de madeira. Distribuição das espécies de interesse para conservação A legislação brasileira inclui cinco espécies de morcegos na lista vermelha de espécies ameaçadas: Lonchophylla bokermanni, Lonchophylla dekeyseri, Platyrrhinus recifinus, Lasiurus ebenus, Myotis ruber (MMA, 2003). Estas espécies não ocorrem no bioma Amazônia. Embora ainda não existam dados sistematizados, muitos pesquisadores concordam que há um declínio nas populações de algumas espécies de morcegos, e que a inclusão de cinco espécies na lista vermelha é uma subestimativa que pode ser interpretada como conseqüência do pouco conhecimento disponível sobre a quiropterofauna brasileira (REIS et al, 2007). Das espécies encontradas na região do Rio Mamuru (Tabela I - 1), destacam-se Glyphonycteris daviesi e Vampyressa bidens como prioritárias para conservação na área. Glyphonycteris daviesi somente tem sido capturada em habitats de floresta úmida madura em altitudes de 0-500m (Figura I - 3) e 224 pouco se conhece da sua historia natural e papel ecológico (GARDNER, 2007). Vampyressa bidens tem distribuição restrita ao bioma Amazônia (Figura I - 4), onde foi registrada em diferentes habitats de florestas primárias, matas secundárias, clareiras e cerrado amazônico. Da mesma forma pouco se conhece sobre a história natural desta espécie, que consta na lista IUCN (2006) como quase ameaçada de extinção. Figura I - 3. Distribuição de Glyphonycteris daviesi. Os pontos indicam localidades marginais (Gardner, 2007) Figura I - 4: Distribuição de Vampyressa bidens. Os pontos indicam localidades marginais (Gardner, 2007) 225 Indicação de espécies prioritárias para monitoramento Dentre as espécies que foram registradas na área de estudo podemos destacar C. perspicillata e A. obscurus e/ou A. lituratus como prioritárias para futuros programas de monitoramento ambiental na área. Tais espécies são naturalmente abundantes nas comunidades locais de quirópteros, são de fácil identificação taxonômica e sensíveis à perturbação ambiental, o que pode ser medido monitorando-se os níveis de abundância. Espécies do gênero Glyphonycteris e Trinycteris também devem ser monitoradas, pois seu declínio poderá evidenciar o aumento do nível de degradação ambiental e/ou processos de extinção local. Nível de amostragem por ambiente e por localidade No presente estudo foram amostradas três localidades e três tipos de ambientes: mata primária alterada, mata secundária e área peridomiciliar. Empregou-se um esforço total de 656 rede.horas que resultou em 86 capturas representativas de 17 espécies e duas famílias. No estado do Pará estima-se a ocorrência de 116 espécies, enquanto que, no Amazonas estima-se 109 espécies (Erica M. Sampaio, Com. Pess. In MARTINS et al, 2006). Os resultados obtidos na região do Rio Mamuru, no presente estudo, representam uma fração da quiropterofauna local, por isso, entendemos que o nível de amostragem obtido ainda não é satisfatório para uma análise profunda da comunidade de quirópteros desta região. Podemos sugerir, com base na experiência profissional da equipe e com apoio da literatura pertinente que devem ocorrer na área de estudo muitas espécies de morcegos que não foram registradas neste levantamento. Localidades e ambientes prioritários para novos estudos A área 2, ambiente de mata primária alterada deve ser priorizada para novos estudos. Nesta área a floresta é dominada por árvores altas que formam uma copa elevada e vários estratos abaixo do dossel. Embora tenhamos detectado indícios evidentes de degradação ambiental pela retirada de madeira, foi neste sítio que registramos o maior número de morcegos filostomíneos, cuja presença indica ambientes em bom estado de conservação. 226 Suficiência da informação existente, expectativas e recomendações de estudo O baixo número de espécies registrado poderia ser interpretado inicialmente como conseqüência da natureza do trabalho (levantamento rápido) ou do esforço amostral empregado. Para efeito de comparação, em levantamentos rápidos em quatro localidades do Amapá, menores esforços foram aplicados resultando em maiores números de riqueza (MARTINS et al, 2006). Porém, naquele mesmo estudo, observou-se que a localidade Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru (RDSI), que recebeu o segundo maior esforço (438.5 rede.horas) resultou no menor número de capturas (121) e de espécies (19). Este resultado que foi explicado pelo efeito da sazonalidade (via regime de chuvas), visto que o levantamento na RDSI ocorreu no final de novembro, coincidindo com o período seco. Da mesma forma, os resultados obtidos na região do Rio Mamuru podem ter sido influenciados pelo período das coletas, que ocorreram no final de setembro (período seco). Vale ressaltar que grande extensão das margens do Rio Mamuru é ocupada por fazendas de criação de gado e, durante a expedição, testemunhamos vários focos de queimadas com produção de fumaça que, por vezes, encobria a margem do rio ou pairava sobre as águas no final da tarde. Também não descartamos a influência do ciclo lunar, pois a fase de lua cheia ocorreu durante as noites de coleta. Recomenda-se a replicação do estudo durante a próxima estação chuvosa. Espera-se com isso o aumento do número de espécies registradas na área, o que possibilitará maior clareza sobre a composição da quiropterofauna local e dos impactos provocados pela alteração ambiental na região MamuruArapiuns. Os dados adicionais também serão úteis para a melhor definição das estratégias de uso, manejo e conservação da biodiversidade local, incluindo-se aqui a possível escolha de uma área destinada para constituir uma unidade de conservação. 227 Referencias bibliográficas BERNARD, E., ALBERNAZ, A. L. K. 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Família Emballonuridae Gênero Rhynchonycteris Saccopteryx Cormura Peropteryx Centronycteris Diclidurus Noctilionidae Noctilio Phyllostomidae Micronycteris Glyphonycteris Trinycteris* Lonchorrhina Macrophyllum Tonatia Lophostoma Phyllostomidae Mimon Phyllostomus Phylloderma Trachops Glossophaga Lionycteris Espécie R. naso S. bilineata S. canescens S. gymnura S. leptura C. brevirostris P. leucoptera P. macrotis C. maximiliani D. albus D. scutatus N. albiventris N. leporinus M. brachyotis M. megalotis M. minuta M. schmidtorum G. sylvestris G. daviesi T. nicefori L. aurita M. macrophyllum T. saurophila L. brasiliense L. silvicolum M. crenulatum P. discolor P. elongatus P. hastatus P. latifolius P. stenops T. cirrhosus G. soricina L. spurrelli Confirmado + + + + + + + + + - 231 Lonchophylla Choeroniscus Carollia Rhinophylla Sturnira Uroderma Platyrrhinus Vampyrodes Vampyressa Chiroderma Mesophylla Artibeus Phyllostomidae Artibeus Furipteridae Thyropteridae Ametrida Desmodus Diaemus Furipterus Thyroptera Vespertilionidae Myotis Eptesicus Rhogeessa L. thomasi C. intermedius C. minor C. brevicauda C. perspicillata C. castanea R. fischerae R. pumilio S. lilium S. tildae U. bilobatum U. magnirostrum P. helleri V. caracccioli V. bidens C. trinitatum C. villosum M. macconnelli A. andersoni A. cinereus A. concolor A. glaucus A. gnomus A. lituratus A. planirostris A. obscurus A. fimbriatus A. centurio D. rotundus D. youngi F. horrens T. discifera T. tricolor M. albescens M. nigricans M. riparius M. simus E. brasiliensis E. furinalis R. tumida + + + + + + + + - 232 Lasiurus Molossidae Molossops Nyctinomops Molossidae Eumops Eumops Molossus L. boreales L. ega M. abrasus M. mattogrossensis M. planirostris M. temminckii N. aurispinosus N. laticaudatus N. macrotis E. auripendulus E. bonariensis E. glaucinus E. perotis M. ater M. molossus - 233 Anexo I - 2 Fotos de morcegos da região do rio Mamuru-Arapiuns Carollia perspicillata Artibeus gnomus Rhynchonycteris naso Glyphonycteris daviesi 234 Trinycteris nicefori Macrophyllum macrophyllum Sturnira lilium 234 MAMIFEROS AQUÁTICOS DO RIO MAMURU António Miguel Borregana Miguéis, Ph.D; Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA); [email protected]; Raidel Reis dos Santos, Biólogo Introdução Das cinco espécies de mamíferos aquáticos Sotalia fluviatilis (tucuxi), Inia geoffrensis (boto rosa), Lontra longicaudis (lontra), Pteronura brasiliensis (ariranha) e Trichechus inunguis (peixe-boi da Amazônia) que ocorrem na bacia Amazônica, uma destas espécies é considerada pela IUCN (2009) como “ameaçada de extinção (ariranha), outra como “vulnerável à extinção” (peixeboi) e três como “insuficientemente conhecidas” (boto, lontra e tucuxi). Na região deste estudo, no Rio Mamuru, não existem quaisquer informações científicas sobre o atual estado de conservação das populações dessas espécies, bem como sobre o seu uso para o comércio, sustento e/ou subsistência pelos moradores locais. Peixe Boi da Amazônia Atualmente considerado vulnerável à extinção em conseqüência da caça indiscriminada para a comercialização de seu couro e carne (ROSAS, 1994), o peixe boi foi outrora muito abundante em toda a bacia Amazônica sendo então possível avistar grupos com numerosos indivíduos em épocas de acasalamento (NUNES PEREIRA, 1944). Dados revelam que na região do Mamuru, há 20 anos atrás, era comum a prática de caça intensiva de todos estes animais para comercialização de suas peles para o exterior (MIGUÉIS, com. pess.). Hoje, são protegidos por três instrumentos da legislação brasileira. No entanto, ainda existe uma pressão de caça ao longo de toda sua distribuição, principalmente direcionada para subsistência. Uma das maiores dificuldades no estudo e monitoramento destes animais é precisamente a sua observação. Dadas as suas característica tímidas, é praticamente impossível detectar quando e onde o animal irá boiar, daí que se torna difícil a obtenção de informações sobre sua biologia, demografia e estado de conservação, tendo 235 que se recorrer a entrevistas de ribeirinhos ou comunitários de modo a obter informações sobre estes animais. Ariranha e Lontra Tal como o peixe boi, também as ariranhas e lontras foram alvo de caça desmedida e sua pele exportada para a confecção de diversos produtos de alta costura em vários países (CARTER & ROSAS, 1997). Dado o seu comportamento tímido e dificuldade de observação, são raros os estudos efetuados sobre a biologia e acompanhamento destes animais, fato pelo qual a IUCN atribui o status de conservação como “insuficientemente conhecidas”. Em relação à presença destes animais na região do Rio Mamuru não existem estudos sobre a área. Boto e Tucuxi Entre as espécies de mamíferos aquáticos encontrados nos rios Amazônicos, estão as duas únicas espécies de cetáceos de água doce, o botorosa (Inia geoffrensis) e o tucuxi (Sotalia fluviatilis). Estas duas espécies encontram-se no topo da cadeia alimentar e estão entre os maiores predadores nos sistemas aquáticos da bacia Amazônica. Por serem hábeis no meio aquático, conseguem explorar diversos habitats e possuem uma dieta diversificada que inclui mais de 68 espécies de peixes. Dessa forma, atuam como reguladoras das populações de peixes, mantendo-as em equilíbrio, podendo ser consideradas indicadores visíveis da densidade de peixes (JUNK & DA SILVA, 1999). Por ser possível a sua observação durante o ano inteiro, estas duas espécies de mamíferos aquáticos estão sendo acompanhadas e monitoradas com o fim de avaliar a fidelidade de habitat na reserva Biológica do Rio Trombetas (MIGUÉIS, no prelo). Materiais e Métodos Áreas de Estudo Os pontos de coleta da expedição encontram-se distribuídos na área da Gleba Nova Olinda II, no interflúvio Mamuru-Arapiuns, oeste do Pará. A área da 236 gleba divide-se entre os municípios de Juruti e Aveiro e os sítios de estudo apresentam as seguintes coordenadas: - BASE 1 (Juruti): Vista Bela (03º07’00.0’’S – 56º35’06.7’’O); - BASE 2 (Juruti): Jaratuba (03º11’32.6’’S – 56º34’51.4’’O) - BASE 3 (Aveiro): Estrada da Petrobrás, Cataueré (03º24’30.4’’S – 56º24’16.5’’O). Periodo da Expedição A expedição teve duração 15 dias (19 de setembro a 05 de outubro de 2009). As coletas foram iniciadas na Base 3 e finalizadas na Base 1.O tempo efetivo de coleta de campo foi de 12 dias assim distribuídos: - BASE 3 (Estrada da Petrobrás): 22 a 26 de setembro de 2009 - BASE 2 (Jaratuba): 27 a 29 de setembro de 2009 - BASE 1 (Vista Bela): 30 de setembro a 03 de outubro de 2009 Coleta de Dados Os dados coletados referentes a todos os mamíferos aquáticos foram realizados a partir de saídas de voadeira e/ou barco rabeta ao redor dos pontos atrás referidos. No total, foram realizadas 18 saídas de campo. O número de saídas foi definido em função de restrições de tempo, condições climáticas e logísticas, bem como para manter uma estimativa confiável. Em geral, estipulase que um número amostral de 13 a 14 saídas de campo seja o mínimo para se obter um esforço amostral para garantir uma amostragem representativa de cada população e deste modo dispor de estimativas acuradas para trabalho de manejo. Peixe-Boi da Amazônia Para o levantamento da presença destes animais, foram efetuadas entrevistas informais com diversos ribeirinhos e caçadores, de modo a conhecer melhor a área de estudo, bem como a posição geográfica do habitat dos animais. A partir das entrevistas, foram realizadas varias saídas em um bote rabeta com motor Honda 5.5 HP e, por vezes, quando necessário, numa 237 canoa de madeira sem motor aos locais indicados pelos entrevistados, de modo a comprovar a ocorrência desses animais. Ariranha e Lontra A partir das entrevistas, foram realizadas varias saídas em canoa de madeira aos locais indicados pelos entrevistados de modo a comprovar a observação e existência desses animais. Além desse esforço de observação, foram também realizadas outras saídas para inspeção de igapós e barrancos de terra firme para localização de tocas, paragens, abrigos e outros vestígios, como pegadas e presença de fezes de ariranhas e/ou lontras, bem como coleta de fezes. Quando os relatos dos ribeirinhos indicavam que certo local tinha tido a presença recente desses animais, o local era monitorado durante o inicio da manhã e final da tarde de modo a surpreender os animais durante as suas atividades diurnas. Boto e Tucuxi Para o levantamento destes animais, foram realizadas diversas saídas de campo em voadeira de 5m de comprimento, com motor Suzuki 15 HP, quando as condições climáticas eram favoráveis (quando não chovia forte, ou quando as ondas do rio não ultrapassavam mais de 15 cm). Os dados foram obtidos utilizando o método de coleta Ad. Libitum (ALTMANN,1974). Foram realizados deslocamentos em direção sul e norte do rio, aleatoriamente, até que se encontrassem animais. Em um caderno de campo registrava-se data, horários de observação, posição gps dos animais, condições do vento e do rio para navegação. Registrava-se também a reação dos animais à embarcação, grau de coesão do grupo (quando mais de um individuo) e seu comportamento. Resultados O trabalho de campo foi concluído no tempo previsto para este estudo (13 dias), tendo sido registrados avistamentos diretos no ambiente natural de peixe boi, lontras, botos e tucuxis. Não foi possível avistar ariranhas. No total, o 238 esforço de observação foi igual a 97 horas e 17 minutos (Tabela J - 1), tendo sido percorrida grande parte da região aquática em torno das áreas de estudo. Foram igualmente efetuadas diversas incursões por terra, adentro na mata, junto com as equipes de amostragem de aves e aranhas, para recolher informações sobre a existência de lontras e/ou ariranhas em igarapés isolados no meio da floresta. Para ajudar na busca de animais como peixe boi, ariranhas e lontras foram efetuadas ao todo 12 entrevistas (Área 1=5: Área 2=4 e Área3=3) junto de ribeirinhos e moradores comunitários locais. Todas as pessoas entrevistadas eram conhecedoras e caçadoras de todos os animais em estudo e todas elas confirmaram a presença e abundancia local dessas espécies durante todo o ano. Tabela J - 1. Esforço de observação e coleta total de dados entre dos dias 22/09/2009 e 3/10/2009. (Legenda: IN ESF OBS= Inicio esforço de observação, FM ESF OBS = Fim de esforço de observação, TP OBS Dia =Tempo de observação diário) DATA IN ESF OBS FM ESF OBS 22/9/2009 23/9/2009 23/9/2009 24/9/2009 24/9/2009 25/9/2009 25/9/2009 26/9/2009 26/9/2009 27/9/2009 27/9/2009 28/9/2009 28/9/2009 29/9/2009 29/9/2009 30/9/2009 1/10/2009 2/10/2009 3/10/2009 TOTAL 18:41 07:40 14:34 09:12 15:28 08:01 17:05 05:00 14:30 07:38 16:27 07:00 16:30 05:00 10:00 06:00 06:00 06:30 05:30 19:00 12:30 18:40 12:55 19:46 12:02 18:45 13:00 19:00 12:30 19:30 16:00 19:31 06:00 19:38 10:00 19:30 19:01 07:45 TP OBS Dia 00:19 04:50 04:06 03:43 04:18 04:01 01:40 08:00 04:30 04:52 03:03 09:00 03:01 01:00 09:38 04:00 13:30 12:31 02:15 98 h 17 m 239 Peixe-Boi da Amazônia Em geral, todos os entrevistados referiram que os animais aparecem em bandos de 2 a 3 animais. No entanto, por vezes aparecem em bandos de 10 indivíduos, quando em época de cheia. Ainda de acordo com os entrevistados, foi possível verificar que o peixe-boi é ainda utilizado como recurso alimentar pela maioria das populações ribeirinhas e indígenas visitadas, principalmente para subsistência. Um dos entrevistados na Área 1 (Figura J - 1) referiu que há 20 anos a caça era intensa e que existiam muitos caçadores de peixe-boi. Essa caça era tão farta que favorecia tanto a subsistência bem como a venda em mercados dos centros urbanos mais próximos. Figura J - 1. O líder da equipe do grupo de mamíferos aquáticos realizando entrevistas a diversos caçadores e ribeirinhos. Durante a investigação dos locais mais propícios à observação de peixeboi, tivemos a ocasião de registrar a ocorrência de dois indivíduos nas Áreas 1 e 2 (Tabela J - 2). 240 Ariranhas e Lontras As entrevistas com os ribeirinhos e caçadores demonstraram que todas as áreas são bastante propicias para a ocorrência destas duas espécies. Todos, em geral, referiram que é possível avistar bandos de 5 a 6 lontras. Já os bandos de ariranhas referiram ser mais difíceis de observar. Porém, também referiram ocorrer em todas as áreas de estudo. Por outro lado, de acordo com as entrevistas realizadas, a lontra utiliza uma maior diversidade de habitats, ocorrendo também em igapós e regiões de várzea. Revelaram que, no passado, havia uma atividade de caça muito grande, especialmente de ariranha, não para subsistência, dado que sua carne, além de ter o cheiro forte (vulgarmente chamado pelos ribeirinhos de “pitiú”), não é comestível. Por isso, a carne é descartada e apenas o couro é utilizado para venda. Um fato importante a referir é acerca da interação destes animais com as pescarias. Em 75% das entrevistas, foi relatado que animais morrem nas redes de pesca por emalhamento. Em um mês, na Área 1, aproximadamente 10 mustelídeos ficam emalhados em redes de pesca. No decorrer da expedição, foi registrada a presença de variadas pegadas de lontras num barranco próximo a margem do rio na Área 3, e duas lontras na Área 2, uma com focinho verde e outra com focinho meio amarelado (Figura J - 2). Não foram observadas ariranhas durante todo o período de estudo. Figura J - 2. Pegada de Lontra em zona de barranco na Área 3. 241 Boto e Tucuxi As entrevistas com os ribeirinhos apontam as três áreas de estudo como áreas de grande incidência e ocorrência de ambas as espécies de cetáceos durante todo o ano. Todos eles se referiram a conflitos advindos das interações desses animais com as pescarias e pode-se confirmar a morte acidental de um cetáceo por emalhamento in loco durante o período da expedição, na Área 2. Esse animal era uma fêmea tucuxi de 1,53m de comprimento e foi morta por asfixia quando emalhada durante a madrugada do dia 26/09/2009, numa rede monofilamento 36, destinada a pescar o peixe filhote (Figura J - 3). Figura J - 3. À esquerda, o líder da equipa, com a pesquisadora Nancy Lo, coletando amostras do tucuxi morto por emalhamento, foto à direita. Já na Área 1, uma fêmea do gênero Inia, de 1,64 m de comprimento, acompanhada de sua cria recém-nascida, de cerca 60 cm de comprimento, foi morta intencionalmente, à facada de acordo com o relato do próprio matador e seu patrão (Figura J - 4). 242 Figura J - 4. Líder da equipa (à esquerda), guia de campo (no meio) falando com o matador de boto (à direita) junto ao Inia geoffrensis (boto rosa) morto com duas facadas. Segundo os relatos dos entrevistados as mortes intencionais de botos são bastante comuns em todas as três áreas de estudo. Cerca de 40% dos entrevistados referiu que, por vezes, matam botos para extrair sua banha, seus órgãos sexuais e visuais (os olhos do boto) para fins afrodisíacos pessoais. De acordo com os entrevistados, o modo como fazem a extração da banha é a seguinte: após cercarem o animal na água, este é emalhado e trazido para terra. Uma vez em terra, com o auxílio de uma faca matam o animal golpeando o corpo do animal por baixo de cada nadadeira ventral. Em pouco mais de um minuto, o animal morre. De imediato, retiram todo o couro, que cortam em pedaços pequenos e colocam tudo numa panela, junto com água no fogo até ferver. Lentamente, dizem, a água vai secando e, por fim, fica só a banha e o couro na panela. Finalmente, a banha é inserida dentro de garrafas de capacidade de 1 litro (Figura J - 5) sendo estas depois levadas para os centros urbanos (Parintins-AM, Juruti-PA, Santarém-PA, Belém-PA e Manaus-AM), onde são vendidas por valores entre R$20,00 a R$25,00 por garrafa (ou litro). 243 Os entrevistados referiram ainda que a banha serve como medicamento tradicional, sendo usada freqüentemente como purgante (vermífero) e bastante usada para curar o “mal de ponta”, uma doença causada por uma larva que se instala dentro do chifre do gado e que gradualmente vai destruindo o seu interior. O modo de uso nos animais infestados é colocar a banha na boca ou no nariz do animal que está doente. Revelaram que serve também como preventivo e cura para as gripes humanas, tendo o doente apenas de tomar uma colher de café de banha todos os dias de manhã. Figura J - 5. Garrafa de um litro de banha de boto confeccionada pelo matador do boto na Área 1. Durante o estudo, podemos avistar vários cetáceos em todas as áreas, que se apresentavam solitários ou em grupos (Tabela J - 2). O tamanho de grupo mais freqüente, tanto de boto (n=13 avistagens), quanto de tucuxi (n=3 avistagens), foi de um indivíduo (n=8; n=0), seguido por grupos de três (n=2; n=0) e de dois indivíduos (n=1; n=0), respectivamente. Grupos com cinco ou mais indivíduos foram bastante raros (n=1) para ambas espécies. 244 Tabela J - 2. Esforço de coleta de observação e informações diárias sobre os mamíferos aquáticos nas áreas de estudo. Data Hora Inicio 22/9/200 9 23/9/200 9 23/9/200 9 23/9/200 9 23/9/200 9 23/9/200 9 24/9/200 9 24/9/200 9 24/9/200 9 24/9/200 9 25/9/200 9 25/9/200 9 25/9/200 9 25/9/200 9 28/9/200 9 29/9/200 9 29/9/200 9 29/9/200 9 2/10/200 9 3/10/200 9 18:42 08:07 09:11 10:20 16:43 18:10 09:13 10:02 12:14 19:26 08:30 10:32 11:14 18:36 16:32 05:05 10:32 12:30 18:02 06:20 Hor a fim 18:5 0 08:1 4 09:2 1 10:3 2 16:5 2 18:2 7 09:2 1 10:2 2 12:4 1 19:3 4 08:4 1 10:4 5 11:4 5 18:4 2 17:1 5 06:0 0 10:3 5 13:3 0 18:3 2 06:3 5 Área Local POSIÇÃO GPS 3 03 3 03 3 03 3 03 3 03 3 03 3 03 3 03 3 03 3 03 3 03 3 03 3 03 3 03 2 03 2 03 2 03 2 03 1 03 1 03 Grau, Min., Seg. 54. 05 24 0 6 24 26. 05 22 8 6 24 12. 05 20 1 6 24 58. 05 25 6 6 24 29. 05 20 0 6 24 55. 05 23 8 6 24 50. 05 24 4 6 24 27. 05 26 3 6 25 00. 05 26 0 6 24 15. 05 20 8 6 26 25. 05 19 5 6 26 30. 05 19 1 6 27 47. 05 20 6 6 24 48. 05 24 5 6 11 32. 05 34 6 6 11 32. 05 34 6 6 13 16. 05 34 2 6 16 15. 05 34 6 6 07 00. 05 35 0 6 08 03. 05 34 3 6 24 13. 5 53. 5 20. 8 56. 4 17. 2 48. 1 22. 6 50. 1 02. 8 08. 3 02. 1 03. 5 41. 5 22. 0 51. 4 51. 4 37. 4 35. 1 06. 7 07. 3 Espécie n Rio Inia geoffrensis 2 Rio Inia geoffrensis 1 Rio Inia geoffrensis 3 Lago Inia geoffrensis 4 Rio Inia geoffrensis 1 Rio Inia geoffrensis 1 Rio Inia geoffrensis 1 Ressaca Inia geoffrensis 3 Ressaca Inia geoffrensis 7 Rio Inia geoffrensis 1 Rio Inia geoffrensis 2 Rio Trichechus inunguis 1 Ressaca Lontra longicaudis 1 Rio Inia geoffrensis 1 Rio Sotalia fluviatilis 12 Rio Inia geoffrensis 1 Rio Sotalia fluviatilis 3 Rio Lontra longicaudis 2 Rio Sotalia fluviatilis 4 Cabeceira Trichechus inunguis 1 Discussão Os dados obtidos a partir deste trabalho confirmam parcialmente os dados provenientes das entrevistas efetuadas. Com a exceção de ariranhas, foram avistados peixe boi, lontras, botos e tucuxis. Neste sentido, dos dados obtidos das amostragens, e das entrevistas efetuadas, pode-se considerar que o local deva ser de extrema importância para futuros estudos de ecologia e conservação de espécies de mamíferos aquáticos. Durante esta expedição, toda a área amostrada no rio Mamuru revelou ter altíssimo potencial para estudos biológicos e ecológicos de mamíferos aquáticos. Já há vários anos, que a voz de diferentes autores relatava a 245 necessidade de se criarem áreas protegidas juntamente com programas de conscientização e educação ambiental, com o apoio do amazônida como uma solução para a conservação e o desenvolvimento sustentável da Amazônia (AYRES & BEST, 1979; ROSAS et al,1991). Neste sentido, a criação de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) no Rio Mamuru, utilizando os conhecimentos dos moradores da região e integrando com os trabalhos de pesquisa e conservação, não somente garantiria a conservação das espécies, como também poderia proporcionar melhoria da qualidade de vida destes moradores, que no caso dos mamíferos aquáticos, poderão utilizar como se disse atrás como recurso potencial turístico. Referências bibliográficas ALTMANN, J. 1974. Observational study of behavior: sampling methods. Behavior 49:227-267. AYRES, J.M.; BEST, R. 1979. Estratégias para a conservação da fauna amazônica. Acta Amazonica, supl. 9(4): 81-110. IUCN 2009. IUCN Red List of Threatened Animals. IUCN, Gland, Switzerland http://www.iucnredlist.org/ JUNK, W. J.; DA SILVA, V. M. F. 1999. Mammals, reptiles and amphibians. In: Junk, W.J. (ed). The Central Amazon Floodplain. Ecology of a Pulsing System. Springer Ecological Studies Vol. 126, p. 409-417. NUNES-PEREIRA, 1944. O peixe-boi da Amazônia. Boletim do Ministério da Agricultura, Rio de Janeiro, 33(5):21-95. ROSAS, F.C.W. 1994. Biology, Conservation and Status of the Amazonian Manatee Trichechus inunguis. Mammal Review, 24 (2): 49-59. ROSAS, F.C.W.; Colares, E.P.; Colares, I.G.; da Silva, V.M.F. 1991 Mamíferos Aquáticos da Amazônia Brasileira. In: A.L. Val; R. Figliuolo & E. Feldberg (Eds). Bases Científicas para Estratégias de Preservação e Desenvolvimento da Amazônia: Fatos e Perspectivas, Vol.I. Inpa. Manaus. p. 405-411. 246 5. Considerações finais Além da extraordinária importância sócio-econômica, a região do interflúvio Mamuru-Arapiuns é de grande interesse científico no tocante à biodiversidade. Uma prova dessa afirmativa, anterior ao presente DIAGNÓSTICO, diz respeito à indicação de duas áreas situadas naquele interflúvio como de extremamente alta importância biológica e prioridade de ação, no mais recente relatório sobre “áreas prioritárias para conservação, uso sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade brasileira” (áreas AM 185 Cachoeira do Aruã, e AM 189 Aruã; MMA, 2007). Os dados levantados neste DIAGNÓSTICO, ainda que preliminares, corroboram essa expectativa. Embora os números de espécies sejam ainda baixos (Tabela 1), as estimativas de diversidade obtidas para alguns grupos taxonômicos projetam valores consideravelmente elevados. Mesmo a riqueza observada de espécies de vespas sociais é excepcionalmente alta (61 espécies !), considerados os parcos dez dias efetivos de campo. Em nenhum outro local da Amazônia encontrou-se número tão elevado de espécies, em tão pouco tempo. Como indicadores da importância faunística da região, podemos ainda destacar: registros de pelo menos dois aracnídeos de interesse médico, o escorpião preto Tityus paraensis Kraepelin, 1896 e a aranha armadeira Phoneutria reidyi; algumas espécies de dípteros vetores de malária e leishmaniose; espécies de peixes da família Lebiasinidae, de interesse comercial para fins ornamentais, com destaque para o gênero Nannostomus, conhecido vulgarmente como peixe-lápis. Também merece destaque a espécie Carnegiella strigata (Gasteropelecidae), com registro de dois indivíduos em igarapé da Área 3 (região do Rio Cataueré). Ainda entre os peixes, o gênero Hyphessobrycon (Characidae) merece indicação de prioridade para monitoramento. Este gênero está inserido na normativa Nº5 do Ministério do Meio Ambiente (2004), com 3 espécies consideradas criticamente em perigo nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Dentre a fauna herpetológica, Scinax rostratus foi registrado pela primeira vez no território brasileiro. Vários registros foram feitos de espécies de aves endêmicas e/ou sob algum grau de ameaça, bem como de mamíferos. 247 É necessário reafirmar a necessidade de um esforço adicional considerável de estudos de campo para melhor conhecer a fauna do Rio Mamuru. Para os táxons de vertebrados, por exemplo, a partir do exame da Tabela 1, fica evidente a deficiência das coletas, especialmente para morcegos e pequenos mamíferos não voadores, bem como peixes, aves e serpentes. Uma recomendação geral a fazer aqui, portanto, é de que novos e mais prolongados estudos sejam feitos na região, com a necessária urgência, para aumentar o conhecimento da biodiversidade, conhecer os efeitos estacionais sobre a fauna e acompanhar as flutuações de populações de espécies-alvo, especialmente aquelas sob ameaça, com restrição de distribuição, ou sob pressão específica de caça pelas populações humanas. Tabela 1. Números comparativos da fauna de vertebrados no Rio Mamuru e algumas outras localidades amazônicas (retirados de George et al, 1988; CNEC, 2005; MPEG/LEME, 2009; MPEG, 2005). MAMURU PARNA Amazonia MAMÍFEROS 2 17 9 10 3 2 12 1 4 58 6 37 12 10 1 15 2 13 1 4 101 97 11 38 18 10 1 23 15 1 5 122 AVES 168 387 376 575 PEIXES 79 325 275 18 (6) 18 52 43 102 (65) 58 TAXON MARSUPIAIS MORCEGOS PRIMATAS EDENTADOS LAGOMORFO ROEDORES CETÁCEOS CARNÍVOROS PERISSODÁCTILO S ARTIODÁCTILOS RÉPTEIS (SERPENTES) ANFIBIOS JURUTI Alcoa CARAJAS 248 6. Referências bibliográficas CNEC/OMINIA. 2005. Projeto Juruti Pará/Brasil: Relatório de Impacto Ambiental – RIMA. Juruti: Ominia minério e CNEC. GEORGE, T. K., MARQUES, S. A., VIVO, M. de, BRANCH, L. C.,GOMES, N. & RODRIGUES, R. 1988. Levantamento de mamíferos do PARNA Tapajós. Brasil Florestal 63: 33-41. HAFFER, J. 1978. Distribution of Amazon birds. Bonner Zoologischen Beiträge 29: 38-78. INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS (INPE) 2002. 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