Pré-natal: um desafio para as gestantes acompanhadas nas

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Pré-natal: um desafio para as gestantes acompanhadas nas
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Saúde Coletiva em Debate, 2(1), 31-40, dez. 2012
Pré-natal: um desafio para as gestantes acompanhadas nas unidades de saúde da família
no município de Serra Talhada – PE
Prenatal: a challenge for pregnant women assisted in family healthcare units in the city
of Serra Talhada – PE
Andressa Feitoza de Lima¹; Ana Maína Andrada Alves Melo¹; Micherllaynne Alves
Ferreira¹*.
¹Faculdade de Integração do Sertão, Serra Talhada – PE
Resumo: Este estudo teve como objetivo analisar os desafios enfrentados pelas gestantes
quanto ao comparecimento às consultas pré-natais nas Unidades de Saúde da Família no
Município de Serra Talhada - PE, assim como traçar o perfil e situação gestacional. Trata-se
de um estudo quantitativo no qual participaram 45 gestantes, com idade maior de 18 anos do
qual realizava consulta pré-natal nas USF´s. Foram abordados referências acerca do perfil
socioeconômico e demográficos, constando as seguintes variáveis: idade, escolaridade, renda
e histórico de consultas, apresentando as dificuldades para o correto acompanhamento. Os
resultados revelaram que as gestantes com idade de 20 a 30 anos, 38% concluíram o ensino
médio, 49% são do lar, 40% vivem com um salário mínimo, 47% situação conjugal estável,
87% planejaram a gravidez, quanto à assiduidade 14 gestante já realizavam a terceira consulta
de pré-natal no 1º trimestre. Os companheiros não participavam da consulta (47%), mora com
o companheiro (87%), apoio familiar (91,1%), atendidas por enfermeiro 38%, e 36% por
médico e enfermeiro, 60% referiu não ter dificuldades de comparecer as consultas. Concluise, que através deste estudo foi possível obter um resultado positivo sobre atenção pré-natal,
assim estabelecendo um vínculo de confiança entre as gestantes e os profissionais que estão
envolvidos na assistência.
Palavra-chave: Assistência pré-natal. Estratégia Saúde da Família. Gestantes
Abstract: This study aimed to analyze the challenges faced by pregnant women about the
attendance at antenatal clinics in the Family Health Units in the City of Serra Talhada in
Pernambuco, as well as profiling and pregnancy status. This is a quantitative study in which
45 women participated, aged over 18 years of which performed in the antenatal USF's. Where
references were approached about the socioeconomic and demographic profile, consisting of
the following variables: age, education, income and query history, presenting difficulties for
proper monitoring. The results showed that pregnant women aged 20-30 years, 38%
completed high school, 49% are housewives, 40% live on minimum wage, 47% stable marital
status, 87% planned their pregnancy, 14 pregnant women about the attendance has held the
third visit of prenatal care in first quarter. The companions did not participate in the
consultation (47%), living with a partner (87%), family support (91.1%), attended by nurses
38% and 36% for doctors and nurses, 60% reported no difficulties attend the consultations. It
is concluded that through this study it was possible to obtain a positive result on prenatal care,
thus establishing a bond of trust between the women and professionals involved in care.
Keywords: Prenatal care. Family Health Strategy. Pregnant
Autor para correspondência: Micherllaynne Alves Ferreira. Rua João Luiz de Melo, 2110 – Tancredo Neves.
Faculdade de Integração do Sertão, 56903-490, Serra Talhada, PE, Brasil. Email: [email protected]
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INTRODUÇÃO
A assistência pré-natal é um dos
programas criados para grupos específicos
na tentativa de se elevar a qualidade dos
serviços prestados, visto que os principais
fatores de risco tanto para a saúde materna
quanto do concepto, são identificados
durante as consultas de pré-natal através do
acompanhamento sistematizado no período
gestacional (FORTE et al., 2004).
No final do século passado e na
primeira metade deste ano, assistência prénatal tinha como fundamental finalidade
gerar um recém-nascido saudável e reduzir
as elevadas taxas de mortalidade infantil.
Ou seja, a assistência pré-natal surgiu
como um processo de “puericultura
intrauterina, como uma preocupação social
com a demografia e com a qualidade das
crianças nascidas, e não como proteção à
mulher” (BRASIL, 2001).
Atualmente, há o encorajamento do
conceito de atenção humanizada à mulher,
onde este se estende desde o pré-natal até o
nascimento e puerpério, ressaltando-se a
promoção da saúde. Garantir uma
assistência de qualidade significa prevenir,
diagnosticar
e
tratar
os
eventos
indesejáveis na gestação, visando ao bemestar da gestante e seu concepto, além de
orientar para evitar problemas específicos
do parto, ou mesmo, determinar cuidados
imediatos ao recém-nascido. Neste
aspecto, o objetivo do pré-natal é acolher a
mulher desde o início de sua gravidez até o
puerpério (SCHIRMER et al., 2000).
Segundo o autor, o pré-natal deve
ser iniciado o mais precocemente possível
e as consultas devem ser mensais até a 30ª
semana, quinzenais ou semanais até a 37ª
semana, e semanais até o parto. O aumento
do número de consultas nas últimas
semanas de gestação é importante para
melhorar a avaliação obstétrica e propiciar
apoio emocional ao parto.
Durante as práticas de estágio
foram observado fatores que contribuíam
para o não comparecimento da gestante às
consultas de pré-natal na Unidade de
Saúde da Família, uma prática clínica que
deve ser realizada e acompanhada de
forma assídua pelos os profissionais de
saúde, esta, pois, é a melhor maneira para
evitar riscos para mãe e feto. Essa
realidade nos motivou a pesquisar ainda
mais
essa
problemática.
Portanto,
concentrou-se uma maior preocupação no
aumento da frequência e acompanhamento
pré-natal, o que proporcionará uma
diminuição nos riscos obstétricos. O
objetivo desse estudo foi analisar os
desafios enfrentados pelas gestantes quanto
ao comparecimento às consultas pré-natais
nas Unidades de Saúde da Família (USF´s)
no Município de Serra Talhada, como
traçar o perfil das gestantes.
Assim, acredita-se que esse estudo
venha a contribuir para a melhoria da
qualidade na atenção pré-natal, como
despertar o interesse dos profissionais para
uma assistência adequada a gestante nas
USF´s, possibilitando a indicação de áreas
que necessitem de incrementos quanto ao
padrão de qualidade, sejam elas relacionais
e de organização do processo de trabalho,
como também, incentivar a gestante a
comparecer as consultas e ajudá-la a
enfrentar as dificuldades durante todo o
seu ciclo gravídico, pois é um momento
importante e de segurança a saúde da mãe
e do feto.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de caráter
descritivo, com abordagem quantitativa. O
local da pesquisa foi Município de Serra
Talhada-PE, localizado na mesorregião do
Pajeú, há 415 km da capital. O município
possui 15 Unidades de Saúde da Família,
do qual foram incluídas na pesquisa 9
unidades de saúde da família, estas
escolhidas pela quantidade de gestante em
maior evidência e que realizavam o
acompanhamento de pré-natal. Todas as
Unidades trabalham seguindo o protocolo
de Sistema de Acompanhamento do
Programa de Humanização no Pré-Natal e
Nascimento (SIS pré-natal), um programa
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do Ministério da Saúde (MS) para
acompanhamento das gestantes em
atendimento pela Estratégia de Saúde da
Família.
Os sujeitos do estudo foram 45
gestantes no primeiro, segundo e terceiro
trimestre de gestação, maiores de idade e
que aceitaram participar da pesquisa
mediante o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido – TCLE, sendo informadas
antecipadamente sobre os objetivos e
finalidade da pesquisa, obedecendo aos
preceitos éticos e legais enunciados na
Resolução
196/1996
da
Comissão
Nacional de Ética em Pesquisa/ Conselho
Nacional de Saúde. A pesquisa foi
realizada nos meses de março e abril de
2012. Os dados foram coletados por meio
de um questionário com 15 perguntas
objetivas, sendo aplicado durante as
consultas de pré-natal dentro da Unidade
da Saúde da Família, assim autorizada pela
Carta de Anuência, junto à enfermeira
responsável, em que foram abordados
referências
acerca
do
perfil
socioeconômicos
e
demográficas,
constando as seguintes variáveis: idade,
escolaridade, renda e histórico de
consultas, apresentando as dificuldades
para o correto acompanhamento.
A amostra do estudo foi constituída
por 45 gestantes, equivalendo a 55% do
total de 81 da população em período
gestacional de acordo com a secretaria
municipal de saúde, que acompanham o
critério de inclusão, ou seja, gestantes
maiores de 18 anos, acompanhadas pela
Unidade de Saúde da Família e cadastradas
devidamente no SIS pré-natal; de acordo
com o critério de exclusão as gestantes
menores de 18 anos não participaram da
pesquisa por questões éticas e pela
dificuldade
que
se
tem
pela
responsabilização do familiar, e também
aquelas que não foram cadastradas no SIS
pré-natal e estavam sendo atendidas pela
primeira vez no serviço. A exclusão
também se referiu as mulheres acima de 40
anos por estarem em uma fase tardia do
ciclo gravídico e constituírem uma
quantidade menor de todas referenciadas,
não sendo base para cálculo estatístico
desse trabalho.
Com as informações obtidas,
elaborou-se através do programa de
informática Microsoft Excel e Microsoft
Word, um banco de dados demonstrando
através de gráficos e tabelas com
frequência absoluta e percentual por meio
de estatística descritiva, permitindo a
discussão dos resultados e confronto com a
literatura pertinente. Este trabalho teve a
aprovação do Comitê de ética em Pesquisa
das Faculdades Integradas de Patos-PB,
com o protocolo número: 004/2012.
RESULTADO E DISCUSSÃO
A pesquisa foi realizada com 45
gestantes através de entrevista, com a
finalidade de delinear seu perfil.
Tabela 1 – Gestantes segundo características socioeconômicas e demográficas nas unidades
Família.
Características
Escolaridade
Analfabeta
Fundamental Completo
Fundamental Incompleto
Médio Completo
Médio Incompleto
Ensino Superior Completo
Ensino Superior Incompleto
Total
Continua
de Saúde da
Idade
20 a 30 Anos
02
06
11
15
03
02
00
39
31 a 39 Anos
00
01
03
02
00
00
00
06 n= 45
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Características
Idade
Ocupação
20 a 30 Anos
Do lar
22
Agricultora
02
Outros
15
39
Total
Renda Familiar
20 a 30 Anos
Menor que 1 salário mínimo
13
Igual a 1 salário mínimo
18
Maior que 1 salário mínimo
08
39
Total
Situação Conjugal
20 a 30 Anos
Solteira
04
Casada
14
Estável
21
39
Total
Fonte: Pesquisa de campo nas USF´S em Serra Talhada-PE, 2012.
Na Tabela 1 avalia a quantidade de
gestantes em relação ao nível de
escolaridade, onde o maior indicador está
presente em mulheres jovens com os
estudos concluídos, 38% das entrevistadas
possui o ensino médio completo.
Somente um pouco mais da metade
(50,2%) dos jovens brasileiros concluem o
ensino médio até os 19 anos, idade
considerada "esperada" apesar de levar em
conta um ano de atraso. Entre as pessoas
de 25 anos ou mais de idade, 37,1% têm 11
ou mais anos de estudo, segundo Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios
(Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE). Esse é o tempo
mínimo investido para que o estudante
conclua o ensino médio e o fundamental de
oito anos (ALMEIDA, 2005).
Pode-se observar que na no tipo de
ocupação as mulheres por mais que tenham
um nível mais alto de escolaridade, não
estão inseridas no mercado de trabalho,
ainda são mulheres dona de casa que se
dedicam ao lar.
De acordo com Milanez e Lajo
(2007) atualmente a maternidade e trabalho
profissional são expressões que ainda
costumam colidir. É um dos grandes
dilemas de nosso tempo, a dura opção
entre a maternidade e a carreira, no qual, as
mulheres são afastadas compulsoriamente
de seu trabalho, por imposição da
maternidade.
31 a 39 Anos
04
00
02
06 n= 45
31 a 39 Anos
00
01
05
06 n= 45
31 a 39 Anos
00
02
04
06 n= 45
A renda familiar gira em torno de
um salário mínimo, evidenciando que a
família brasileira modifica estatisticamente
em relação ao nível econômico. Segundo a
Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE
para o ano de 2010, mostra que metade dos
brasileiros vive com até um salário
mínimo. Apesar da grande distância que
separa os ricos dos pobres, o IBGE vê uma
boa notícia: as desigualdades caíram entre
1999 e 2009, em decorrência da melhora
no mercado de trabalho de lá para cá e da
expansão dos programas de distribuição de
renda.
Quanto à situação conjugal
observa-se que à maioria das gestantes não
casou o cartório, ou seja, 47% dispensou o
cartório. Corroborando com a Síntese dos
Indicadores Sociais do IBG para o ano
2008, observamos resultados similares com
maior proporção de mulheres auto
declaradas casadas (40,4%) e em união
estável (46,46%).
A família é uma tendência natural
dos seres humanos, no qual estão inseridos
os homens e as mulheres, unidos pela
atração física e por laços de afetividade,
frutificando-se o amor no nascimento dos
filhos. Apesar das mudanças na sociedade,
a família continua sendo o acolhimento
certo para as pessoas na busca da
segurança, proteção, realização pessoal e
integração ao meio social (OLIVEIRA,
2003). Entretanto, a união estável é uma
relação de convivência entre o homem e a
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mulher que tem por objetivo a constituição
familiar duradoura, pública e contínua.
Tabela 2 – Consultas realizadas de acordo com a Idade Gestacional (IG) nas Unidades de Saúde.
Idade
Gestacional
1
Consulta
2
Consultas
3
Consultas
4
Consultas
5
Consultas
6
Consultas
1º Trimestre
06
08
14
04
01
00
2º Trimestre
02
03
00
03
02
01
3º Trimestre
00
00
00
00
00
01
Total
08
11
14
07
03
02 n=45
Fonte: Pesquisa de campo nas USF´S em Serra Talhada-PE, 2012.
Observa-se na Tabela 2 a
assiduidade das gestantes quanto à
realização de consultas, podemos destacar
que 14 mulheres no 1º trimestre já
possuem três consultas de pré-natal. O
indicado pelo Ministério da Saúde (MS)
são seis consultas, portanto, mostra-se em
adiantamento que o provável é que a
gestante até o 3º trimestre tenha atingido
seis consultas.
Segundo a Organização Mundial de
Saúde (OMS) de 1996, é recomendo que as
gestantes a realizem de pelo menos seis
consultas de pré-natal durante a gestação;
este acompanhamento permite identificar
possíveis riscos à saúde da mulher - como
diabetes e hipertensão arterial e
repercussão de doenças no bebê.
Tabela 3 – Gestantes quanto ao número de gestações e planejamento da gravidez.
Número de gestações
Uma gestação
Duas gestações
Três ou mais gestações
20 a 30 Anos
19
08
12
31 a 39 Anos
01
01
04
Gravidez planejada
Sim
Não
20 a 30 Anos
34
05
31 a 39 Anos
05
01
Fonte: Pesquisa de Campo nas USF´s em Serra Talhada-PE, 2012.
Na Tabela 3 se observa que o quão
importante está o planejamento familiar
nas Unidades de Saúde, pois a tabela
apresenta que 87% das gestantes
planejaram a gravidez e muitas delas
42,2% em idade jovem estão na 1ª
gestação.
Segundo os resultados preliminares
do projeto Nascer no Brasil: Inquérito
sobre Parto e Nascimento revelam que
apenas 45% das mulheres que dão à luz no
país planejam de fato a gravidez. De
acordo com a coordenadora do estudo e
pesquisadora
do
Departamento
de
Epidemiologia e Métodos Quantitativos da
Escola Nacional de Saúde Pública
(Ensp/Fiocruz) Maria do Carmo Leal, “o
número aponta para uma situação
preocupante, pois mostra que uma
expressiva parte da nossa população não
está planejando sua reprodução. Ela vem
acontecendo por acidente, e o Ministério
da Saúde precisa ficar alerta e trabalhar
79
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melhor a questão
(BRASIL, 2012).
da
contracepção”
Gráfico 1 – Gestantes quanto à participação do companheiro nas consultas. Serra Talhada, 2012
De acordo com a participação do
companheiro às consultas pré-natais as
gestantes
responderam
que
os
companheiros não participavam da
consulta na USF 47%, dessa forma reforça
a ideia de que ainda a mulher tem papel
exclusivo de acompanhar e cuidar de seu
período gestacional.
Ressalva Siqueira, Mendes, Finkler
(2002) apud Oliveira et al. (2009) que o
trabalho é um fator que dificulta a
participação dos pais nas consultas prénatais, pois os horários das mesmas
acontecem no período comercial, tornandose pouco favoráveis à sua inclusão. As
relações de trabalho dificultam a
participação nas consultas pré-natais, pois
não se aceita que o homem falte ao
trabalho para dar assistência à sua mulher e
filho (SILVEIRA; LAMOUNIER, 2006
apud OLIVEIRA, 2009).
Contudo, o fato do homem não
estar presente nas consultas não significa
que ele não esteja oferecendo o suporte à
sua parceira, pois, o apoio pode acontecer
de diferentes modos e atitudes. Mas,
sugere que o fato de compartilhar a vida a
dois e comparecer as consultas, pode ser
mais favorável aos cuidados da saúde da
mulher (CAVALCANTE, 2007 apud
OLIVEIRA, 2009).
As gestantes referenciaram que
mora com o companheiro 87%, isso é um
bom indicador, pois, a base familiar e o
apoio da família para gravidez é de suma
importância na assistência pré-natal.
Quanto ao apoio familiar 91,1% das
gestantes falaram que a família apoia a
gravidez, desde o inicio até o final.
Segundo Piccinini et al. (2008) diz
que os pais, em especial, têm estado mais
envolvidos com a criação dos filhos desde
a gestação, além de mais próximos
afetivamente de sua companheira e do
bebê.
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Saúde Coletiva em Debate, 2(1), 31-40, dez. 2012
Gráfico 2 – Com quem as gestantes estão residindo. Serra Talhada, 2012.
Com quem estão residindo
4%
9%
Pais
Companheiro
Outros
87%
Tabela 4 – Atendimento pelos profissionais na Unidade de Saúde.
Profissionais da saúde
Fisioterapeuta
Dentista, Enfermeiro e Médico
Médico e Enfermeiro
Dentista
Enfermeiro
Médico
Total
Quantidade de gestantes
00
11
16
01
17
00
45
Fonte: Pesquisa de Campo nas USF´s em Serra Talhada-PE, 2012.
Quanto ao atendimento dos
profissionais de saúde, foram observados
resultados similares com maior proporção
gestantes 38% atendidas por enfermeiro, e
36% atendidas por médico e enfermeiro.
Dessa forma, pode-se analisar que os
profissionais da área da saúde são
responsáveis por uma grande parcela dos
aspectos necessários para garantir à
população uma melhor qualidade de vida,
tanto quão para melhor assistência as
gestantes.
E em relação ao atendimento por
dentista, ainda é grande a falta de
informação das gestantes sobre a atenção
odontológica, o que demonstra a
necessidade de essas pacientes serem
priorizadas nos programas de assistência
odontológica, fundamentalmente, no que
se refere à educação em saúde e introdução
de cuidados essenciais para a manutenção
da higiene e para uma qualidade de saúde
oral do seu bebê (SILVA; SILVEIRA;
LIRA, 2011).
Dentre as categorias profissionais
atuantes na atenção ao pré-natal, o
enfermeiro ocupa uma posição de destaque
na equipe, pois é um profissional
qualificado para o atendimento à mulher,
possuindo um papel muito importante na
área educativa, de prevenção e promoção
da saúde, além de ser agente da
humanização (MOURA, 2003 apud
RODRIGUES, 2011).
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Gráfico 3 – Dificuldades das gestantes em comparecer a Unidade de Saúde. Serra Talhada, 2012.
Dificuldade de comparecer a USF
2%
2%
4%
Não tem
7%
Trabalho
Filhos
7%
Distância
Atividade do lar
18%
60%
Trabalho e distância
Filhos e atividade do lar
De acordo com o Gráfico 3, as
dificuldades
das gestantes ainda é
significativa, pois são 40%. Enquanto 60%
referiu não ter dificuldades de comparecer
as consultas de pré-natal. Segundo Vetore
et al., (2010), ressalva que obstáculos
sempre vão estar presentes no âmbito da
saúde, e no que diz respeito às gestantes
como: as dificuldades de ir a todas as
consultas devido aos filhos, trabalhos e
varias outras limitações.
Quanto
ao
atendimento,
as
gestantes afirmaram 97,7% que o
atendimento na Unidade de Saúde era
satisfatório e que preferiam realizar o prénatal na rede pública 64,4% do que na rede
particular. Corroborando com MendozaSassi et al. (2011) a cobertura à atenção
pré-natal tem aumentado no Brasil, e
segundo dados do Ministério da Saúde o
atendimento pré-natal realizado na atenção
básica aumentou em mais de 350% nos
últimos 10 anos. A qualidade do pré-natal
também tem sido avaliada utilizando-se o
conceito de qualidade da atenção e
considerando a tríade estrutura, processo e
resultado, com maior ênfase no processo
(DONABEDIAN, 1988 apud MENDOZASASSI et al., 2011).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo identificou a
existência de um processo de atenção ao
pré-natal
bastante
positivo,
assim
estabelecendo um vínculo de confiança
entre as gestantes e os profissionais que
estão envolvidos na assistência. Assim,
possibilitou traçar o perfil e situação
gestacional,
com
o
objetivo
de
conscientizar as gestantes sobre a
importância do acompanhamento pré-natal.
Os resultados obtidos caracteriza que as
mulheres jovens estão estudando mais, e
planejando a gravidez. Mas, segundo os
resultados preliminares do projeto Nascer
no Brasil, revela um número preocupante,
pois mostra que uma expressiva parte da
população não esta planejando sua
reprodução, ela vem acontecendo por
acidente. Dessa forma, observa-se na
questão da contracepção, no planejamento
familiar, vem sendo satisfatório no
município de Serra Talhada-PE, ao
contrário do que relatam autores já citados.
Foi também referenciado pelas
gestantes o apoio do companheiro e da
família durante todo o período gestacional,
pois isso significa que os pais estão mais
envolvidos na criação de seus filhos. Temse observado que uma expressiva parte das
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Saúde Coletiva em Debate, 2(1), 31-40, dez. 2012
gestantes não apresenta dificuldades de
comparecer as consultas de pré-natal, fato
este evidenciado durante toda a pesquisa,
apesar de que no âmbito da saúde
obstáculos sempre vão existir, seja por
causa de filhos, trabalho e entre outras
restrições, mas elas tem se esforçado
bastante para estarem presente em todas as
consultas. Quanto ao atendimento, tem
sido maior a satisfação na rede pública,
isso revela que a cobertura à atenção prénatal tem aumentado no Brasil.
O profissional da saúde deve ser
um instrumento de acentuada importância
para a qualidade da assistência pré-natal,
principalmente a enfermagem que deve
atuar de acordo com as necessidades das
gestantes, e estabelecer as intervenções e
orientações necessárias para que melhor
sejam
assistidas.
E
promover
a
interdisciplinaridade das ações, junto com
as
equipes
odontológica,
médica,
nutricional, psicológica e fisioterapeuta.
Assim, pode-se afirmar com o presente
estudo, que o enfermeiro vem ocupando
uma posição de destaque na equipe em
relação a outras categorias profissionais na
atenção ao pré-natal, pois é um profissional
preparado e qualificado para o atendimento
à mulher. E ficam algumas sugestões para
a melhoria do pré-natal: como promover
melhor qualidade nas ações assistenciais
do pré-natal, melhorar o atendimento a
mulher, qualificar profissionais com
diferencial de atendimento voltada a
gestante e incentivar a gestante a
comparecer as consultas.
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