Pequenos Frutos - Energia em Conserva

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Pequenos Frutos - Energia em Conserva
Sessão esclarecimento - Pequenos Frutos
Bernardo Sabugosa Portal Madeira
Director revista AGROTEC – Técnico Científica
Engº- Doutorado Ciências Agrárias – FCUP
Tel. 91 90 56 253
[email protected]
www.agrotec.pt
Pequenos frutos
• Bagas - frutos moles, suculentos, que não se abrem quando maduros, e sementes
membranosas ou tenras. (Ex. Groselha, mirtilo e uva)
• Drupas e polidrupas - frutos moles, suculentos, que não se abrem quando maduros, e
sementes envolvidas num endocarpo pétreo ou coriáceo. (Ex. Amoras e framboesas)
• Pseudo-fruto de aquénios - receptáculo carnudo, entumescido, em que as sementes
(verdadeiros frutos) são aquénios. (Ex. Morango)
• Bagas de sépalas acrescentes (Physalis alkekengi e Physalis peruviana)
-Outros
• A designação de “frutos vermelhos” não é, de todo, a mais correcta,
pois existem framboesas, uvas, camarinhas e groselhas que são brancas
ou douradas.
• E igualmente é errado referirmo-nos como “frutos silvestres”, uma vez
que apenas algumas variedades de morangos alpinos, algumas groselhas
e os mirtilos silvestres é que são “verdadeiramente próximos das
qualidades” silvestres, os restantes “pequenos frutos” cultivados são
variedades muito melhoradas ou mesmo híbridos.
Tal como no caso das árvores fruteiras também neste segmento a família
Rosaceae é a que contribui com maior número de espécies e variedades:
Rosaceae = Cereja; Morango; Framboesa, Amora e seus híbridos
Moraceae = Morus spp. (amoreira)
Ericaceae = Mirtilo, Medronho, Camarinha (Corema album)
Vitidaceae = Videira
Saxifragaceae (sin. Grossulaceae) = Groselhas (espécies do género Ribes spp.)
Outros...
Cereja do Rio grande
Goji
Feijoa
Kunkuat
Cornus mas
• A forte acidez de alguns, o sabor exótico de outros, a raridade (só conhecidos
em mercados locais), a exigência por determinados solos, e a dificuldade de
colheita e a sua perecibilidade fez com que a maioria fosse desconhecido dos
mercados mais massificados.
• Na verdade, só o morango, a framboesa e a uva de mesa é que constituíam,
até aos anos 80, e na Europa, o grande mercado de pequenos frutos.
• Os restantes frutos apenas se apresentavam em mercados locais e em nichos
muito específicos.
• Entretanto, uma melhor divulgação através dos viveiristas, o aparecimento de
variedades melhoradas (mais produtivas ou com menos espinhos e formando
sebes mais compactas), a divulgação na culinária “gourmand” e finalmente a
propaganda associada aos benefícios associados aos antioxidantes vieram a
suscitar o interesse por estes frutos.
Em todo o caso, e apesar de na maioria destes frutos
a mecanização das culturas já ter evoluído muito,
dada a fragilidade destas frutas, a parte que é
destinada para o mercado de consumo em fresco
exige uma colheita manual e cuidada, pelo que o seu
preço é sempre elevado!
Morangueiro
•A sua origem é múltipla e actualmente são cultivadas várias espécies
procedentes de vários continentes e seus híbridos. Porém, a principal é o híbrido
Fragaria x ananassa, que tem como espécies pai o Fragaria chiloensis (do Chile)
e o Fragaria virginiana.
• É uma espécie 8n ou seja, octapolóide.
•O morangueiro europeu, o Fragaria vesca, tem cultivo mais restrito,
principalmente no estado puro, sendo o mais conhecido o Morango selvagem,
“fraise des bois” ou morango dos alpes.
• Algumas espécies e variedades de morangueiro são sensíveis ao fotoperíodo, e
algumas particularmente exigentes no que diz respeito aos somatórios de horas
de frio.
• As variedades podem, assim, ser divididas em:
Remontantes – frutificam continuamente ou em várias camadas ao longo
do ano.
Não remontantes – Só frutificam uma vez por ano.
•Há plantas que são neutras quanto ao fotoperíodo (nº de horas/dia), de
dias curtos ou de dias longos.
•As plantas de dias longos (>12h), “everbearing” ou remontantes, são
plantas normalmente cultivadas apenas a nível amador (florescem mais
tarde).
•As plantas de dias curtos iniciam o desenvolvimento dos seus botões
florais quando as temperaturas são inferiores a 15ºC ou <14horas de sol
(florescem na Primavera).
•O género Fragaria caracteriza-se pela sua plasticidade, uma vez que
suporta uma grande gama de solos e de climas, incluindo aqueles em
que no inverno a neve cobre o solo.
•Estas plantas, se bem preparadas no Verão, com arrefecimento
progressivo, e desde que saudáveis, são capazes de resistir a -46ºC.
•Porém, as produções mais vantajosas localizam-se nos países quentes,
por exemplo da orla mediterrânica, não porque ele aqui produza melhor
ou mais, mas sim porque produz mais cedo, em contra-safra.
•E actualmente, numa cultura tão competitiva como a do morango, só o
preço conta, pois a produção “produzir muito” já não é garantia de
sucesso.
•Nas variedades de dias curtos a diferenciação floral ocorre no Verão
anterior à floração e é prejudicada pelas altas temperaturas e se elas
forem excessivas há uma maior produção de rama e menos de gomos
florais.
•A redução das temperaturas e do comprimento dos dias induz um
estado de dormência. Esta dormência, para ser eficientemente
quebrada, deve passar por um período de 4 a 6 semanas a temperaturas
inferiores a 10ºC (-1 a 10ºC), sendo que o 0ºC é o mais eficiente.
•Nos países quentes a produção destas variedades de dias curtos é
possível recorrendo à plantação anual de plantas que foram mantidas
em câmara frigoríficas (a não ser assim só é rentável a produção de
plantas neutras ou de dias longos).
•Nos países mediterrânicos, como Portugal, onde a vantagem competitiva na
produção de morango está na antecipação da produção, é comum a plantação
em abrigo ou estufa de plantas que foram previamente “vernalizadas” em
câmaras frigoríficas, para assim abreviar o período de acumulação de baixas
temperatudas e iniciarem a floração e frutificação mais cedo.
•Nesta cultura a forçagem chega ao ponto de utilização de sistemas de cultura
sem terra, de hidroponia ou semi-hidroponia, nomeadamente em tabuleiros.
•A vantagem deste tipo de cultura é uma maior comodidade nos tratos culturais,
e maior controlo de doenças.
•Como desvantagem. . . Uma má imagem comercial deste produto “produzido” só
a químicos.
Além dos químicos “nutrientes” é comum o uso de hormonas vegetais, como o
Ácido Giberélico, que antecipa o alongamento dos botões florais e a floração,
etileno para sincronizar o amadurecimento, e em estufa é possível aumentar a
produção com atmosfera rica em Dióxido de Carbono.
Deste modo a colheita é possível logo 8 semanas depois de feita a plantação!
Praticamente toda a produção é colhida de forma manual pois, embora existam
algumas máquinas de colher que alegadamente são capazes de o fazer com
elevados níveis de qualidade, na prática são apenas empregadas nas culturas no
solo destinadas a processamento, ou seja, pastas, purés e sumos de morango.
A multiplicação normalmente é feita em centrais especializadas, não
aproveitando os estolhos quando as plantas são destinadas aos sistemas anuais,
em comoros, adotando-se apenas o sistema de multiplicação por renovação
vegetativa (estolhos) quando a plantação é feita à rasa e plurianual.
•O produto de excelência não deve ter terra, podridões nem mazelas.
•Para o efeito, é importante que as plantas não tenham os frutos em contacto
com o solo, para o que se faz, obrigatoriamente, a aplicação de um “mulching”
que pode ser de palha ou de plástico.
•A aplicação de ambos os sistemas é mecanizável, embora, haja vantagens
para a palha na simplicidade de remoção e desvantagem e custo de instalação.
Framboeseira
Outra rosácea com grande afinidade com o morango, é o Framboeseira (Rubus
idaeus) uma espécie de silva que foi domesticada.
Dentro do género Rubus distinguimos:
1 – Framboesas
2 – Amoras
3 – Amoras híbridas (com as primeiras ou outras espécies)
Os comportamentos são distintos entre os framboeseiros e as silvas.
•As framboesas distinguem-se das amoras e dos outros frutos “Rubus”
pelo facto de serem ocas.
•Por outro lado são, geralmente, muito perfumadas, sendo este aroma
característico que as valoriza.
•Existem várias cores.
•Tal como no caso dos morangueiros existem também
plantas que são remontantes e não remontantes.
•É de extrema importância, para o sucesso da cultura,
conhecer, BEM, a variedade e o tipo de plantas que
adquirimos, pois o desastre é eminente caso se
proceda de forma errada na condução e poda da
cultura.
•Todas as framboeseiras devem ser cultivadas em linhas (simples ou
duplas) e aramadas, para que não tombem. Embora a plantação se
faça a um espaçamento determinado a cultura tende sempre para a
formação de uma linha contínua, pois é uma planta que emite
inúmeros rebentos, aproveitando-se os que nascem na linha e
rejeitando os que nascem na entrelinha, que têm de ser
combatidos, sob pena de o campo se tornar num “silvado de
framboesas”.
•Geralmente deve-se usar dois arames a par ou desencontrados no
meio dos quais crescem as varas, não sendo necessário amarrar.
•Há variedades, como a Autumn Bliss que são anunciadas como
resistentes e não necessitando, de armação. Porém, tal decisão
deve resultar de prévia experiência no local da instalação, pois, na
produção profissional, este requisito impõe-se.
Muita atenção aos sistemas em que se usam mantas para controlo de infestantes,
pois pequenos orifícios não permitem a emissão dos rebentos.
Não esquecer que o rendimento depende da densidade, de modo que quanto maior
o número de plantas maior o rendimento, de modo que o espaço da entre linha deve
ser apertado, optando-se por tractores mais pequenos.
Variedades não remontantes
•Nestas variedades, devidamente identificadas nos catálogos, a floração dáse em exclusivo nas varas do ano anterior.
•Todos os anos nascem, das raízes, novas varas, que endurecem no Verão e
na Primavera seguinte irão frutificar.
•Uma vez frutificadas deve-se proceder à remoção de todas as varas que
deram frutos, seleccionando as melhores varas para o ano seguinte (cerca
de 8 a 10 caules por metro linear).
Variedades remontantes
•Estas plantas produzem flores nos ramos do próprio ano (no último terço) e no
ano seguinte no terço intermédio.
•Esta característica é muito interessante na pequena cultura amadora, pois
permite, com uma só plantação, a produção contínua de fruto em todo o Verão.
•Mas, normalmente, é desprezada na cultura industrial, pois para a primeira
produção usam-se as variedades não remontantes e a vantagem das remontantes
é a produção tardia, fora de época, que se torna até impraticável nos climas mais
frios. (daí a necessidade do uso de ESTUFAS...)
•Assim, e para uma grande simplificação, a poda destas variedades que,
amadoramente, consistiria na remoção do último terço das varas no final do
Outono, e remoção total no final do ano seguinte, simplifica-se a uma poda radical
todos os anos depois da colheita, e a uma monda “verde” dos novos rebentos de
primavera, para que a produção não seja excessiva.
•No caso das variedades “não remontantes” há também um sistema de
poda total que implica a existência de anos de safra e contra-safra.
•Este sistema que permite uma mecanização total da poda e até da
colheita, tem a desvantagem de reduzir a vida da plantação e uma
redução total de cerca de 20% da produção.
•Em contrapartida simplifica todas as práticas culturais e sobretudo
reduz a competição entre plantas em produção e renovos.
A framboesa pode ser orientada para mercado em fresco e para mercado
de congelação e indústria.
Apesar da apanha mecânica ser uma forma de reduzir custos, em áreas
de grandes dimensões, implica que muita fruta perca qualidade, sendo,
idealmente, orientada para processamento, pelo que recebe um preço
inferior (as cotações para congelação são inferiores, embora mais
estáveis).
A vantagem competitiva de Portugal (graças aos baixos salários) é a
apanha manual, especialmente fora de época. Para a produção fora de
época pode ser necessária a introdução de práticas culturais especiais,
como vernalização forçada (como no morango).
A apanha deve ser feita com pequenos
intervalos, pro exemplo 3 dias. Variando o
rendimento de apanha entre os 2 e os 7
kg/hora/homem (depende do apanhador e da
época da produção).
Amoras e híbridos
As amoras, que mais não são do que os frutos melhorados de várias espécies
selvagens de silvas, apresentam uma forma de condução um pouco diferente
das framboesas (que normalmente têm caules verticais, curtos, não
retombantes). Porém, assemelham-se às variedades não remontantes no que
diz respeito à produção, pois frutificam nos ramos do ano anterior, que devem
ser removidos depois de produzir.
•Até aos anos 70 – 80, as silvas que estavam em produção tinham o
inconveniente grave de serem armadas com acúleos que dificultavam muito a
sua condução e colheita.
•Porém, actualmente existem variedades seleccionadas sem esse inconveniente,
e que satisfazem muitos outros requisitos em termos de qualidade dos frutos.
•Além do esforço no melhoramento de plantas de silvas ser grande, existe um
mercado separado para os diversos híbridos entre silvas e framboesas e entre
diversas espécies de silvas.
•Destes híbridos o mais antigo e conhecido em Portugal é a Loganberry. Trata-se
de uma planta muito produtiva, espinhosa, de um fruto ácido, indicado para a
indústria.
•A produção híbridos está cheia de mitos e segredos industriais, e a maioria das
variedades que surge no mercado não tem esclarecida a sua origem, salvo em
raros casos.
•Como já anteriormente mencionado, Portugal é o país da Europa com maior
riqueza e diversidade de espécies de silvas, mas mais uma vez não presta
qualquer atenção a esta riqueza, acabando por importar plantas levadas de cá e
melhoradas no exterior, como:
•SilvanBerry – Um híbrido proveniente da Austrália mas que, no nome, não
nega a sua origem. Terá sangue de “Rubus ursinus x outros desconhecidos”.
Groselhas
As groselhas pertencem à família Saxifragaceae e dentro desta há várias
espécies todas pertencentes ao Género Ribes.
Ribes nigrum (entre outros) – Groselha preta e Cassis
Ribes uva-crispa sin. R. grossularia – Groselha espinhosa
Ribes rubrum – Groselha vermelha
•De uma forma geral todas as groselhas são frutos ácidos e não são agradáveis como
sobremesa.
•Alguns são usados como decoração, ou para acidificar alguns pratos salgados ou doces
( Ex: pato com especiarias, sopa de pequenos frutos, tarte de chocolat).
•Apesar de, por exemplo em 2012, a cotação ter chegado aos 30 €/kg (produção
precoce, relativamente fácil em Portugal), tal não significa que, caso se aumente a
produção, e baixando o preço, seja possível escoar a fruta, pois o mercado consumidor
é inelástico, ou seja, não aumenta o consumo só porque há mais groselha no mercado
ou mais barata.
•As groselhas pretas comportam-se de modo diferente das restantes.
•Como as plantas produzem na lenha do ano anterior é importante garantir
que há um bom número de rebentos novos todos os anos, a fertilização é
muito importante e, na plantação, o colo da planta deve ser também
enterrado.
•A poda anual consiste na remoção de lenha fraca e envelhecida. Todos os
anos os ramos que produziram são cortados a cerca de 10 cm do solo de
onde emergirão novos rebentos. Porém a lenha com mais de 4 anos deve ser
eliminada.
•As groselhas espinhosas e vermelhas (e ainda os seus mutantes
dourados e brancos) têm um comportamento semelhante.
•São plantas rústicas mas que exigem uma condução atenta.
Inclusivamente em cordão, se for essa a opção.
•As groselhas espinhosas (algumas variedades têm pequenos espinhos
insensíveis e existem várias cores) têm os seus ramos munidos de
espinhos muito afiados que exigem protecção na condução da cultura.
•Para esta planta a poda é uma arte, como na vinha, com intervenções
constantes quer de Inverno quer de Verão.
•Estas plantas normalmente não emitem rebentos a partir das raízes,
comportando-se como um verdadeiro arbusto.
•A frutificação dá-se na lenha velha, e é necessário equilibrar cargas. Para o
efeito poda-se no inverno de modo a que se eliminem os ramos doentes e
se reduza o comprimento dos rebentos anuais. No Verão, se o vigor for
elevado e houver boa disponibilidade de água, será conveniente, no final de
Junho, contrariar o excessivo desenvolvimento vegetativo, que poderia
resultar em ramos mal atempados e promover-se a concentração de
nutrientes nos frutos.
•A reprodução das groselhas faz-se por estacaria.
De entre os pequenos frutos actualmente cultivados em Portugal a groselha
é o que apresenta um menor número de variedades adaptadas às nossas
condições, nomeadamente por exigirem um período de frio prolongado para
que rebentem e floresçam na Primavera.
Os requisitos de frio não diferem do que encontramos no caso da Cerejeira,
porém, naquele caso temos uma grande oferta de variedades, variáveis em
termos de requisitos de frio.
Mirtilo
•Actualmente a estrela dos “pequenos frutos” é o mirtilo (Blueberry) Vaccinium corymbosum
(americano) e o Vaccinium myrtillus (europeu) (também chamado de Bilberry), não só porque a sua
produção ganhou alguma notoriedade pelos resultados financeiros alcançados, como pela atenção
que tem merecido pelos mercados que o encaram como um fruto de elevada qualidade para a saúde.
•Estes arbustos surgem selvagens quer nas zonas temperadas da Europa quer dos EUA, que foram o
país que deu maior notoriedade à cultura.
Blueberry
Bilberry
Mirtilo = Arandano
Selvagem (Gerês)
Vaccinium myrtillus (mirtilo selvagem europeu)
• Ainda não estudado para cultivo;
Cultivado (EUA e Canadá)
Espécies principais:
• Vaccinium corymbosum (highbush)
• Menores produções;
•Vaccinium ashei (rabbiteye = olho coelho)
• Pior adaptação transporte e
conservação;
Híbridos:
• Excelente sabor;
• Grande potencial em termos
económicos, por ser selvagem há
mercados que o valorizam.
•Híbridos com mirtilo anão (V. angustifolium)
e outros
Slides e informação retirada de:
www.contamaisconsultoria.wordpress.com
•Trata-se, tal como o medronho, de uma
Ericácea, e juntamente com o “Bilberry”
ou mirtilo anão e o Cranberry
(Vaccinium oxycoccos e outras espécies)
exige solos particularmente ácidos para
que produza bem. Aliás, como o exigem
os rododendros e as azáleas.
•Esta particularidade faz com que várias
regiões de Portugal apresentem
condições naturais para o seu cultivo.
•Além da acidez do solo, um clima
temperado, boa disponibilidade de água
de rega são essenciais, não sendo
exigente quanto aos nutrientes.
Mecanismo e colheita de mirtilo (bilbery)
Mirtilo highbush (tipo mais comum)
Raro o lowbush sem ser hibrido
Norte (northern)
- Adaptado ao frio
invernal;
- Floração e maturação
mais tardia;
- Exigência de
vernalização (horas de
frio);
- Igualmente sensível à
geada, se não estiver
adaptado ao local;
Sul (southern)
- Adequado ao locais
com Invernos
temperados (Sul, junto
ao mar e estufa);
- Tem pequena, ou
nenhuma, exigência de
frio (vernalização);
Mirtilo rabbiteye – olho coelho
- Fruta diferente do highbush;
- Requisitos de frio intermédios;
- Produção tardia (fim de Verão);
- Muito vigor. Podendo chegar a
passar os 4 metros de altura.
- Floresce e frutifica
mais cedo;
- Poda diferente;
- Maior vigor;
- Pode nem perder todas
as folhas no inverno.
Todas as variedades aguentam o frio do Inverno de Portugal Continental e o risco de queima por geada ocorre em todas as
variedades em que a floração se dê muito cedo. (IMPORTANTE CONHECER DADOS METEOROLÓGICOS)
Quando a exigência de horas de frio é pequena a planta “rebenta” muito cedo, podendo ser queimada. Se plantas com grandes
requisitos de frio forem plantadas em zonas temperadas ou em estufa podem ter um abrolhamento irregular, redução de
produção, e ser útil aplicar hormonas (como no kiwi) para que se quebre a dormência e o abrolhamento seja sincronizado.
Características dos solos e parcela
• Acidez ou alcalinidade:
O pH ideal está compreendido entre 4,2 e 5,5. Acima de pH 5,0 deve-se controlar
regularmente o pH e procurar acidificar, por exemplo na fertirega.
•
Matéria Orgânica:
O teor em matéria orgânica deve ser > 3% (é o mínimo). Quanto maior o teor de
matéria orgânica maior a tolerância a variações do pH e melhor uso de nutrientes.
•
Requisito ideal, à plantação de:
- 150 ppm Potássio K
- 150 ppm Fósforo P
Adubar, antes da plantação, para atingir estes valores. Não interessa superar estes
teores. A partir deste nível deve-se aplicar fertilizantes para reposição.
Evitar solos pesados (argila) por não ter arejamento. Porém pode ser modificado
com doses elevadas de matéria orgânica ou uma cultura em faixas com
substrato.
Estimativa de Custos de uma plantação base de Mirtilo
(1 hectare e 4.000 plantas de densidade).
Quantidade (unidades; kg; m2)
Análises elementares.
Adubo orgânico
Prc unitário (€)
2
24
1300
3510
Adubo fundo
40
816
Aplicação de
fertilizantes
1
200
Preparação do solo
2
400
Rasgos
1
250
Mão de obra
1
600
Plantas mirtilo 1m x
2,5
4000
11200
Rega (inclui Bombas)
1
6.000
6000
2100
30
420
Telas
Cinturões, baldes de
apanha, tesouras
Custo Total
25.520 €
Não inclui, furo de água, depósito, rede anti pássaro, vedações, construções, baixada elétrica, estufa nem desmatamento.
Cenário 1
Produção média no pico de 10.000 kg/ha
Preços por kg: 3,5€
Sem considerar ajudas PRODER
Cenário de elevado
interesse quer para
agricultura empresarial
(investimento) quer
para agricultura
familiar.
1º anos balanço (-) explicado pela amortização do investimento inicial
(não é perceptível em caso de apoio PRODER)
Oportunidades:
1 - Aumentar produção
2 – Melhores preços/época
2º A mão de obra do empresário agrícola (auto-salário) imputado como
custo “mão de obra”.
Cenário 2
Produção média no pico de 5.000 kg/ha
Preços por kg: 3,5€
Sem considerar ajudas PRODER
Cenário em que a cultura é
feita no “vermelho”,
Apenas de interesse para
Agricultura Familiar.
Há que aumentar
produtividade
1º anos balanço explicado pela amortização do investimento inicial
2º A mão de obra do empresário agrícola (auto-salário) imputado
como custo “mão de obra”.
Demonstração de Resultados Previsional
2012
Vendas
Gastos de
Manutenção
Gastos com o
pessoal
Resultado
Operacional
Depreciação e
amortização
RESULTADO
ANTES DE
IMPOSTOS
Imposto sobre o
rendimento do
período
RESULTADO
LÍQUIDO DO
PERÍODO
2013
0
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
2025
2026
2027
2028
2029
2030
2031
0 10.733 21.000 26.133 36.400 42.000 42.000 42.000 36.400 36.400 36.400 31.267 31.267 31.267 26.133 26.133 26.133 21.000 21.000
0 1.730
2.430
2.430
2.430
2.430
2.430
4.373
8.149 10.020 13.888 16.248 16.403 16.558 14.558 14.693 14.828 12.932 13.050 13.167 11.198 11.297 11.396
9.354
9.435
3.930 10.421 13.683 20.082 23.322 23.167 23.012 19.412 19.277 19.142 15.904 15.787 15.670 12.505 12.406 12.307
9.216
9.135
6.198
6.198
6.198
5.888
5.888
5.888
5.888
5.888
5.888
5.888
5.888
-6.497 -8.431 -2.267
4.224
7.486 13.885 17.124 16.969 16.814 13.215 13.390 13.254 10.017
9.900
9.782
6.618
6.519
6.420
3.328
3.247
1.871
299
504
299 2.234
6.198 6.198
0
0
0
0
-6.497 -8.431 -2.267
4.224
Pressuposto 10.000 kg/ha/ano
Preço venda fresco, médio, 3,5€/kg
2.430
2.430
6.198
3.471
2.430
6.198
4.281
2.430
6.198
4.242
2.430
6.198
4.204
5.614 10.414 12.843 12.727 12.611
2.430
6.198
3.304
2.430
5.888
2.430
5.888
2.430
2.430
2.430
2.430
2.430
3.347
3.314
2.504
2.475
2.446
1.654
1.630
1.605
832
812
9.911 10.042
9.941
7.513
7.425
7.337
4.963
4.889
4.815
2.496
2.436
Metas e Exemplos
• Há quem produza 30 toneladas por hectare ano;
• Algumas grandes explorações chegam a passar a média dos 15 ton/há;
• As médias a nível nacional estão inferiores a 6 ton/ha.
Há que fazer bem.
Com estudo, bom senso, e inter-ajuda.
O Crambery (uma espécie norte americana próxima do mirtilo), só é
produzido em terrenos pantanosos, o que restringe a sua zona de
produção. Mas também permite o aproveitamento de áreas marginais,
incluindo em Portugal.
•Todas as plantas produtoras de pequenos frutos podem ser atacadas por
diversas doenças, sendo as podridões brancas e os míldios os que são mais
temidos.
•Seguindo-se os vírus, para os quais se previnem pela utilização de plantas
certificadas.
•Quando em pequena cultura os pássaros poderão ser problemáticos,
nomeadamente no caso dos frutos de pequenas dimensões.
•As aves só causam impacto quando as áreas de cultura são reduzidas,
dispersas e incluem mais do que uma espécie. (há que ponderar, com
exactidão, o Nivel Económico de Ataque).
•Para prevenção, nestes casos, existem canhões de ar comprimido que
“assustam” as aves, porém, como este tipo de equipamento causa impacto
vicinal e stress, tornando-se o uso de redes de protecção a principal medida
de proteção.
•Em todo o caso, tal só se exige na pequena propriedade, quase à escala
amadora.
Camarinhas - Corema album
Fruto delicioso – o futuro nacional ?
Portuguese Crowberry
“A camarinha é
um arbusto endémico sempre verde, com uma altura inferior a 1 metro e os seus
ramos estão sempre levantados. Tem folhas estreitas e verde escuras. A flor é cor-de-rosa e as suas
pétalas são irregularmente franjadas na margem, a flor encontra-se no terminal dos ramos. Encontrase muito em terrenos arenosos, por norma perto de pinheiros. É possível encontrar este arbusto no
litoral, mas também aparece longe do litoral, desde que o terreno seja arenoso.
Entre Março e Maio floresce. Entre Julho e Setembro aparece o fruto (contudo o tempo do
aparecimento do fruto tem aumentado, pois chove com menos frequência e isso faz com que o fruto
prolongue a sua existência).”
Torreira - Aveiro
http://www.aussiegardening.com.au/findplants/plant/Corema_album
Em conclusão:
- Há uma enorme diversidade de pequenos frutos.
- Alguns ainda não têm mercado criado, mas ele existe e é receptivo a novidades ou
a saudades.
- A maioria adapta-se bem em Portugal
- Todos são altamente rentáveis. Graças à procura e preços altos.
- Exigem um bom sistema de logísitica (perecíveis)
- Exigentes em mão de obra.
Como pontos fortes Portugal permite:
- Frutos de qualidade superior em aroma, sabor e cor (graças ao calor)
- Elevadas produções
- Disponibilidade de mão de obra barata (mais rentável que a apanha mecanica)
- Produção muito precoce (no Sul a mais precoce da Europa).
www.agrotec.pt
Sessão esclarecimento - Pequenos Frutos
Bernardo Sabugosa Portal Madeira
Director revista AGROTEC – Técnico Científica
Engº- Doutorado Ciências Agrárias – FCUP
Tel. 91 90 56 253
[email protected]

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