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Transcrição

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A
nova diretoria da Associação Brasileira de Geólogos de Petróleo
(ABGP) tem o prazer de relançar o Notícias da ABGP com um formato mais moderno e abordando assuntos de interesse da comunidade de geocientistas de petróleo do Brasil. Esta edição traz um resumo
dos principais trabalhos apresentados em março durante o seminário
técnico promovido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) sobre a 6a
Rodada de Licitações dos blocos azuis, marcada para agosto.
O Notícias da ABGP é bimestral e pretende ser um instrumento contínuo de informações entre a diretoria da instituição, seus associados
e geólogos de petróleo. Para publicação de artigos e sugestões de temas, entre em contato com a ABGP – [email protected] .
Boa leitura !
notícias da
Mais informativo e moderno
Brasil Round6
Nº 15 - julho/agosto 2004
As propostas da nova diretoria da ABGP
Tudo sobre a 6ª Rodada de Licitações da ANP
Mapeamento dos sistemas petrolíferos da Bacia de Santos
Mapeamento, sistemas petrolíferos e modelagem
quantitativa da Bacia de Camamu Almada
2
4
6
7
Participe do Notícias
O Notícias da ABGP aguarda seus comentários, sugestões e reserva um espaço
para a publicação de artigos científicos.
Basta entrar em contato com a ABGP
através do e-mail [email protected]
ou pelo site www.abgp.com.br
Objetivos da nova
diretoria da ABGP
Arquivo ABGP
Fortalecendo a
geologia de petróleo
E
A
Nova diretoria 2004/2008
Presidente – Dirceu Abrahão, Vice-presidente – Márcio Mello, 1o secretário – Iran Garcia
da Costa, 2o secretário – Raul Mosmann, 1o tesoureiro – Juliano Magalhães Macedo, 2o
tesoureiro – João Bosco de Araújo, 1o editor – Giovanni Toniatti, 2o editor – Milton Romeu
Franke – Relações Externas: Nilo Chagas de Azambuja Filho. Comissão de Ética: Mauro
Barbosa, Adali Spadini e Tikae Takaki.
2
editorial
Posse da nova diretoria em abril
umentar a integração e a participação da comunidade de geocientistas de petróleo no Brasil. Este é o principal objetivo da nova diretoria
da Associação Brasileira de Geólogos de Petróleo (ABGP) que tomou
posse no dia 07 de abril. Funcionando nos mesmos moldes administrativos da Associação Americana de Geólogos de Petróleo (AAPG), a ABGP
promove a cada quatro anos a mudança de cargos de seus diretores. Nesta gestão, Dirceu Abrahão (atua na área de Desenvolvimento de Negócios na Petrobras
Internacional) assume a presidência. Na administração anterior, foi vice-presidente. O atual vice-presidente Márcio Rocha Mello (diretor-presidente da Analytical
Solutions) assumirá a presidência no próximo mandato em 2008.
Neste período de quatro anos, os diretores da ABGP pretendem trabalhar intensamente para promover a geologia de petróleo no país. Como ponto de
partida, o grupo relança a publicação Notícias da ABGP, boletim bimestral que
abordará assuntos de interesse da comunidade não só no Rio de Janeiro, mas em
todo o Brasil. Além disso, a ABGP fará todos os esforços para estar mais presente
junto às diversas empresas que hoje atuam no Brasil após a abertura do Setor Petróleo. Outra novidade serão os encontros temáticos, abordando temas de extremo
interesse para os geocientistas de petróleo que atuam no Brasil.
A ABGP foi criada em 1996 e sempre trabalhou para reunir a comunidade de geocientistas na busca e no intercâmbio do conhecimento. Neste sentido, a
Associação organizou em 1997 a Hedberg Conference sobre Sistemas Petrolíferos
e, logo adiante, a Rio 1999 - AAPG International Conference and Exhibition,
eventos históricos para a área em função de suas contribuições naquele momento
em que se iniciava a abertura do Setor Petróleo Brasileiro.
stou muito satisfeito e honrado ao assumir
a presidência da Associação Brasileira de
Geólogos de Petróleo (ABGP). O grande desafio para esta gestão é reunir o máximo de
geocientistas de petróleo do país em torno do
debate de temas de interesse atual envolvendo
assuntos que sejam relevantes e inovadores
para essa comunidade. O primeiro passo está
sendo dado com o relançamento do boletim
Notícias da ABGP, que a partir de agora começa a circular com um formato mais moderno
e direto. Esta publicação será um veículo de
informação contínua entre a diretoria da ABGP
e geocientistas que desenvolvem atividades na
área de petróleo. A participação da comunidade nas edições do Notícias é fundamental
e será muito bem-vinda, com a publicação
de artigos científicos e sugestões de pautas.
O tema central desta nova edição é a 6a Rodada de Licitações, que envolve muitos dos
famosos blocos azuis, um dos assuntos mais
importantes para o setor atualmente.
Além do boletim, a nossa estratégia é promover eventos temáticos. O primeiro
encontro está sendo agendado para o último
trimestre deste ano. A partir desta experiência, pretendemos realizar outros eventos e
congregar o maior número possível de participantes, criando uma interação científica com
a finalidade de propiciar a evolução mais rápida da geologia de petróleo no Brasil. Assim,
estaremos construindo uma percepção mais
clara de nossas necessidades e fortalecendo
a nossa área de atividade, o que trará como
conseqüência um volume maior de oportunidades de negócios para o país.
Um abraço,
Notícias da ABGP - No 15 - Associação Brasileira dos Geólogos Petroleiros
Dirceu Abrahão
Presidente da ABGP
ANP distribui CD sobre 6º Round
Para quem estiver interessado em adquirir o CD com o resumo dos trabalhos
apresentados no seminário técnico,
o caminho mais curto e fácil é a Internet. Entre na página do órgão regulador
www.anp.gov.br e clique no link Brasil 6o
Round. Lá, você fará sua solicitação e a
ANP promete enviar o CD com as palestras no prazo de uma semana.
Licitação traz áreas para empresas de
diversos portes
Resumo das
rodadas anteriores
1998 – Concessão da Petrobras – Em
agosto foram assinados 397 contratos de concessão entre a ANP e a
Petrobras, conforme o artigo 33 da lei
9.478/97 (Lei do Petróleo).
1999 – Primeira Rodada – Foi um
marco da flexibilização do monopólio
da União sobre as atividades de exploração e produção. Ocorrida em junho,
contou com 58 empresas interessadas, das quais 11 foram vencedoras.
2000 – Segunda Rodada – Consolidou
o processo de entrada de novos agentes no cenário exploratório brasileiro.
Entre as 16 empresas vencedoras,
diversas eram médias ou independentes. Cinco empresas brasileiras se
tornaram concessionárias da ANP.
2001 – Terceira Rodada – Seguindo
a tendência de reduzir o tamanho dos
blocos e oferecer oportunidades a empresas de todos os portes e perfis, 54
blocos foram ofertados nesta Rodada.
Das 26 empresas interessadas, 22 foram vencedoras.
2002 – Quarta Rodada – Apesar da
conjuntura desfavorável, nesta rodada,
ocorrida em junho, houve 14 empresas
vencedoras, incluindo 4 que ainda não
possuíam atividade no Brasil.
2003 – Quinta Rodada – Realizada
em agosto, esta Rodada trouxe novidades. Uma delas é que o Programa
Exploratório passou a ser proposto pelas empresas, como parte das ofertas.
Brasil Round6
1998 – Início das operações da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
D
A Bacia Potiguar (RN) é uma das áreas incluídas na 6a Rodada de Licitações da ANP
e cara e roupa novas, o Notícias da ABGP está sendo lançado num
momento importante para o setor petrolífero brasileiro. Nos dias 17 e
18 de agosto, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) realiza a Sexta
Rodada de Licitações de áreas para a exploração e produção de óleo
e gás natural no país. Apesar do resultado pouco expressivo do leilão de 2003,
quando foram vendidas 101 das 908 áreas ofertadas, a agência tem uma expectativa de que as empresas possam ter seus interesses redobrados nesta nova Rodada.
“A queda do interesse das companhias tem sido observada em licitações realizadas em vários países, não só no Brasil. Isto tem muito a ver com a instabilidade
do quadro internacional”, ressalta Milton Franke, superintendente de Promoção
de Licitações e Definição de Blocos da ANP.
Para atrair petroleiras de pequeno, médio e grande portes, a agência está
oferecendo áreas para todos os gostos, desde bacias terrestres maduras, como o
Recôncavo, até blocos em áreas marítimas, em lâminas d`água rasas e profundas,
espalhadas por bacias produtoras e de fronteira. Serão 913 blocos, localizados
em 12 bacias, totalizando uma área de 202,7 mil km2. Os blocos estão distribuídos da seguinte forma: 144 na Foz do Amazonas, 24 no Pará-Maranhão, 49 em
Barreirinhas, 141 em Potiguar, 15 em Sergipe-Alagoas, 97 no Recôncavo, 19 em
Camamu-Almada, 11 em Jequitinhonha, 93 no Espírito Santo, 35 em Campos,
252 em Santos e 33 em Pelotas.
Cerca de 60% das áreas são de novas fronteiras exploratórias. Pela primeira vez, a ANP está incluindo na Rodada áreas de águas profundas em Camamu-Almada e Pará-Maranhão. Trinta e dois por cento dos blocos estão em regiões
maduras em terra – Potiguar, Recôncavo e Espírito Santo – e 7% em áreas de
elevado potencial – Santos, Campos, Espírito Santo e Sergipe-Alagoas – áreas
próximas de onde ocorreram recentes descobertas de óleo e gás.
Segundo Márcio Mello, diretor-presidente da Analytical Solutions, as
empresas estão otimistas com a Sexta Rodada. Mas os recentes acontecimentos
envolvendo uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a devolução de áreas da Rodada Zero causam apreensão no mercado. “As áreas da Sexta
Rodada são extremamente boas. Mas estes impasses atrapalham o processo. Se
não fosse isso, a Rodada poderia ser excelente”, salienta. Os contratos com as
empresas vencedoras serão assinados até 3 de dezembro.
saiba
+
www.anp.gov.br
Notícias da ABGP - No 15 - Associação Brasileira dos Geólogos Petroleiros
3
ANP apóia crescimento de mercado de trabalho para
geólogos e geofísicos
N
os últimos anos, nunca se falou
gos e geofísicos, que irão conduzir os estudos
tanto sobre petróleo nos quatro
das bacias nacionais. Atualmente, 31 univercantos do mundo. As discussões
sidades brasileiras, espalhadas por 16 estados,
são variadas e incluem desde astêm convênios com a ANP. O maior número
suntos como preço internacional do combusde projetos está na área de exploração, com 18
tível ao conflito do Iraque, que tem seus poços
programas sendo desenvolvidos em 14 univerdisputados pelas maiores nações do planeta.
sidades do país, como a UFRJ e a UFF, no Rio,
No Brasil, o petróleo tem uma participação
UFRGS, no Rio Grande do Sul, e UFBA, na
crescente no PIB nacional, passando de 2,9%
Bahia. O setor de produção de petróleo conta
em 1997, ano da abertura do mercado, para
com 17 projetos. Este programa de apoio ao
6,8% em 2002. Por estas e outras, a Agência
desenvolvimento de profissionais das áreas de
Nacional do Petróleo (ANP) tem valorizado
geologia e geofísica é denominado de PRH
e apoiado o desenvolvimento do trabalho de
(Programa de Recursos Humanos).
geólogos e geofísicos no Brasil, peças imporDe acordo com Franke, a exigência
tantes para o crescimento das atividades de
de que os estudos de geologia e geofísica e
exploração e produção em território brasileiprocessamento de dados sejam realizados no
ro. A realização do seminário técnico sobre a
país também contribui para o crescimento
Sexta Rodada de Licitações, em 23 e 24 de
do número de empregos nestas áreas. Mas,
março deste ano, foi uma prova deste comse depender da ANP, as ações não param por
prometimento da agência com
aí. Hoje, a agência trabalha
o setor petrolífero nacional. O
na aquisição de dados de
evento foi uma oportunidade
bacias ainda pouco conheúnica para que as empresas
cidas, como a do Parnaíba,
Outro projeto da
pudessem apresentar os leem terra, e Pernambuco-Pavantamentos de dados mais
raíba, no mar. A ANP criou
ANP é a criação
recentes que estão sendo exetambém um grupo para anácutados de norte a sul do Bralise de pequenas jazidas de
de centros de
sil. Nesta edição do Notícias
óleo e gás, com objetivo de
da ABGP, serão publicados
apresentá-las em oferta de
excelência junto
alguns destes textos apresenrodadas futuras. Um outro
tados durante o seminário técprojeto é a criação de cenàs universidades
nico. Segundo Milton Franke,
tros de excelências junto às
superintendente de Definição
universidades, que deverá
de Blocos da ANP, foram
ser decidido este ano. No
mostrados ao público que se
momento, está sendo analireuniu na sede da agência em março cerca de
sada a criação de um centro para estudos de
12 trabalhos técnicos.
reservatórios carbonáticos e de um centro de
O crescimento das participações
excelência na avaliação do potencial exploragovernamentais é indicativo da importância
tório de bacias.
da exploração e produção de petróleo no país.
Além disso, a ANP trabalha na preEm 1997, foram recolhidos R$ 190 milhões
paração de futuras rodadas de licitações de
em royalties. Em 2003, foram repassados
áreas de exploração e produção de petróleo.
R$ 9,4 bilhões em royalties e participação
“O planejamento de uma rodada é demorado.
especial para os governos federal, estaduais
As coisas não acontecem de uma hora para
e municipais. Esse crescimento estimula a
outra”, ressalta Franke. Mas a Sétima Rodada
ANP a buscar uma participação mais signifide Licitações em 2005 já é aguardada. Esses
cativa nos trabalhos de geólogos e geofísicos
processos de licitação de blocos, segundo o
brasileiros. No processo de concurso público
superintendente, constituem uma boa oportuautorizado pelo Governo Federal, a agência
nidade de trabalho para geólogos e geofísicos
conseguiu incluir a contratação de 50 geólobrasileiros.
4
Notícias da ABGP - No 15 - Associação Brasileira dos Geólogos Petroleiros
Brasil ganha com
parceria entre
ANP e ABGP
A
iniciativa da Associação Brasileira de Geólogos de Petróleo
(ABGP) de criar uma publicação voltada à comunidade científica é de extrema importância para o país. Para
que o Brasil possa conhecer melhor
seu potencial petrolífero e, a partir
daí, estabelecer uma política de exploração de petróleo e gás, é fundamental a discussão e divulgação de
informações geológicas e geofísicas.
Neste sentido, a consolidação desta
parceria com a ABGP é fundamental.
A escolha da Sexta Rodada de Licitações da ANP como tema principal
desta edição do Notícias da ABGP é
a prova disso.
A Sexta Rodada de Licitações traz algumas novidades: a possibilidade de divisão de blocos, que
permite que uma empresa siga sozinha na exploração de uma das fontes
descobertas, caso não seja interesse
de todo o consórcio; e o incentivo à
entrada de pequenas empresas no
mercado, o que trará um equilíbrio
maior no perfil das empresas exploradoras de petróleo no país.
Atualmente, a exploração
e a produção passam por um período de grande destaque no Brasil. O
petróleo assume uma participação
crescente no PIB nacional, passando
de 2,9% em 1997 para cerca de 6,8%
em 2002. Estas atividades têm um
grande futuro em nosso país. Mas,
para trilhar este futuro, é preciso que
geólogos e geofísicos acreditem que
ele existe e que poderá ser alcançado.
John Forman
Diretor da ANP
Agência Nacional de Petróleo
Brasil 6a Rodada
2004 – Update
A
aquisição de dados sísmicos
massivos através dos programas
da WesternGeco – Brazil 1999/2000
produziu um grande impacto em
todas as áreas relacionadas à exploração e produção da indústria petrolífera em águas profundas. Estes
programas especulativos de sísmica
moderna 2D e 3D trouxeram como
conseqüência um aumento sensível na exploração offshore, através
também das modernas tecnologias
de processamento e interpretação
sísmica. As operações de sísmica
marinha também causaram um aumento na sensibilidade do meio ambiente relativo a todas as atividades
em águas profundas que são sempre
monitoradas para seu possível efeito
sobre o equilíbrio ecológico.
Na costa leste do Brasil,
onde as bacias de maior prospectividade estão situadas, a WesternGeco realizou em 1999/2000 um
trabalho de sísmica 3D especulativa no norte da Bacia de Campos,
contribuindo para as descobertas
dos campos de Jubarte, Cachalote
e Baleia Branca. Em sísmica de 2D,
o maior levantamento especulativo
regional em escala mundial também
foi efetuado através do programa
Brasil 1999/2000 pelo consórcio
WesternnGeco/TGS Nopec. A interpretação destes dados mapeou, com
alta resolução de imagem, a estratigrafia dos reservatórios turbidíticos
produtores de petróleo e permitiu a
melhor compreensão da arquitetura
das estruturas salíferas da costa
leste. Abaixo dos domos salinos,
as técnicas de processamento em
PSTM/PSDM permitiram a imagem
do syn-rift e das relações entre as
seqüências lacustrinas abaixo do sal
e das seqüências transicionais e de
mar aberto acima do sal. O mapeamento moderno em águas profundas
permitiu, assim, o reconhecimento
preciso de novos reservatórios e visão regional da prospectividade em
águas profundas.
Roberto Fainstein
New Ventures Brazil 99/2000 Program
Chris Anderson
Marine Marnager WesternGeco
* Chang, Hung Kiang
Interpretação e mapeamento
dos sistemas petrolíferos da
Bacia de Santos
E
m 15 de outubro de 2001, foi celebrado um contrato entre a Agência
Nacional do Petróleo e a Universidade Estadual Paulista – UNESP
– para executar um projeto intitulado “Interpretação e Mapeamento dos Sistemas Petrolíferos da Bacia de Santos”. O estudo foi
efetuado no Laboratório de Estudos de Bacia
– LEBAC, pertencente ao Departamento de
Geologia Aplicada – DGA, do Instituto de
Geociências e Ciências Exatas – IGCE. O início efetivo das atividades deu-se em março de
2002, com o recebimento de dados geofísicos
e de poços.
A Bacia de Santos, com 275.000
km2, está localizada na região sul-sudeste do
Brasil, defronte aos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. A
integração de várias bases de dados (sísmica,
métodos potenciais, poços, geoquímica, etc)
visou caracterizar regionalmente o sistema
petrolífero da bacia. A base de dados utilizada
no estudo consistiu em: a) 71 mil km de linhas
sísmicas 2D; b) 57 mil km de levantamento
gravimétrico; c) 225 mil km de levantamento magnetométrico, cuja porção terrestre foi
cedida pela CPRM; d) 7 cenas inteiras do satélite Landsat TM7; e) 145 poços, sendo 103
localizados na Bacia de Santos, 39 na Bacia
de Campos e 3 na de Pelotas.
A seção Rifte da Bacia constitui o
principal gerador de hidrocarbonetos, fonte
de alimentação para os reservatórios, tanto da
Imagem de Guarujá/Guaratiba, na Bacia de Santos
própria seção como dos sobrejacentes. Análises geoquímicas de óleos recuperados em testes de formação e de produção demonstram
a presença predominante de óleos de origem
lacustre salina, porém com pequena contribuição marinha. Na Bacia de Santos, foram
reconhecidos dois sistemas petrolíferos – Itajaí-Açu/IlhaBela e Guaratiba-Guarujá – e cinco plays – Guarujá, IlhaBela, Santos/Juréia,
Marambaia e Rifte.
Experimentos e análises de dados
de maturação, geração e expulsão de hidrocarbonetos foram realizados para toda a bacia, com o intuito de estimar seu potencial gerador. Os resultados (P50), em termos de óleo
e gás migrados, forneceram 3.71E+5 MMbbls
e 2.85E+8 MMcf, respectivamente.
A análise de favorabilidade, pelo
método bayesiano, foi importante na tentativa
de selecionar as melhores áreas de ocorrência de hidrocarbonetos, conforme as características intrínsecas de cada play nos sistemas
petrolíferos da bacia. Os resultados obtidos
demonstram coerência com os campos já descobertos e apontam para áreas que ainda não
foram testadas, ampliando os horizontes exploratórios na Bacia de Santos.
* Lebac/UNESP - Rio Claro - SP
saiba
+
[email protected]
http://ns.rc.unesp/igce/aplicada/lebac.html
Notícias da ABGP - No 15 - Associação Brasileira dos Geólogos Petroleiros
5
Guia para o licenciamento
ambiental das atividades de
petróleo e gás
* João Carlos Tavares
Coordenação de meio ambiente atuando na
área de licitações
Arcabouço Legal para existência desta Coordenação na ANP: Art. 8, inciso IX da Lei
do Petróleo (9478/97)
“fazer cumprir as boas práticas de conservação e uso racional do petróleo, dos derivados
e do gás natural e de preservação do meio
ambiente”
Atribuições da Coordenação de Meio Ambiente:
• Harmonização e coordenação dos esforços
internos voltados para as questões ambientais
da ANP
• Desenvolvimento de diretrizes para a agência no que diz respeito aos aspectos ambientais que têm relações diretas com as decisões/
atuações desta como órgão regulador do setor
petróleo e gás
• Desenvolvimento de indicadores que possam apoiar a agência na tomada de decisões
• Coordenar internamente e articular com os
agentes governamentais e econômicos no que
se refere a questões ambientais pertinentes às
atividades da agência
• Acompanhar o desenvolvimento científico
e tecnológico que possa influenciar as ações
regulatórias da ANP
Como não é um regulador da área ambiental, possui as seguintes ferramentas de atuação preventiva:
Contrato de concessão:
“O Concessionário adotará, por sua conta
e risco, todas as medidas necessárias para
a conservação dos reservatórios e de outros
recursos naturais, e para a proteção do ar, do
solo e da água de superfície ou de subsuperfície, sujeitando-se à legislação e à regulamentação brasileiras sobre meio ambiente e, na
sua ausência ou lacuna, adotando as melhores
práticas da indústria do petróleo a respeito”.
“O Concessionário também zelará para que as
operações não ocasionem quaisquer danos ou
perdas que afetem outras atividades econômicas ou culturais na área de concessão”.
“O Concessionário enviará, sempre que solicitado pela ANP, cópia dos estudos efetuados
visando obtenção das licenças ambientais”.
6
“O Concessionário informará imediatamente
à ANP e às autoridades estaduais e municipais
competentes a ocorrência de qualquer derramamento ou perda de petróleo ou gás natural,
bem como as medidas já tomadas para enfrentar o problema”.
Gestão dos Programas Exploratórios Mínimos (PEM)
Licenças ambientais são exigidas antes do início das atividades previstas. Sem licença, não
há abatimento no PEM.
Gestão dos Programas Anuais de Trabalho e
Orçamento (PAT)
Acompanhamento do licenciamento das atividades.
Editado pelo IBAMA, o Guia tem como
objetivos principais orientar a elaboração
de estudos ambientais adequados às
exigências do licenciamento ambiental e
identificar áreas da costa brasileira onde
a vulnerabilidade dos recursos ambientais é maior.
onde encontrar
http://www.ibama.org.br
Interação da ANP
com demais órgãos
de governo da área
ambiental:
• Contato com Ibama
Definição e implementação de
procedimentos
e
ferramentas
para o acompanhamento do processo de licenciamento ambien-
Programa de segurança operacional de instalações: regulação e fiscalização (em andamento)
Segurança Operacional diretamente relacionada à proteção ambiental.
tal dos empreendimentos do se-
Portarias específicas
• Portaria 114/2001: Define procedimentos a
serem adotados para devolução de áreas de
concessão na fase de exploração, incluindo
orientações para recuperação ambiental das
áreas, desativação de instalações e reversão
e alienação de bens. Exige a apresentação de
um relatório de devolução acompanhado de
Laudo de Auditoria Ambiental emitido por
auditor independente
suntos relacionados com a prote-
• Portaria 025/2002: Regulamenta os procedimentos a serem adotados para o abandono de
poços de petróleo e/ou gás, de forma a assegurar o perfeito isolamento dos reservatórios,
evitando migração de fluidos para o solo, aqüíferos e o fundo do mar
Conhecimento da dinâmica do
• Portaria 003/2003: Estabelece procedimentos para comunicação de incidentes com liberação acidental de poluentes (antiga 014/2000,
modificada para atender a Lei 9.966/00)
Portaria em elaboração: Desativação de instalações e devolução de áreas de concessão na
fase de produção
• Convênio com DPC
*Coordenação de Meio Ambiente - ANP
saiba
+
www.anp.gov.br
Notícias da ABGP - No 15 - Associação Brasileira dos Geólogos Petroleiros
tor petróleo e gás em tramitação
no Ibama.
Ibama assessora a ANP em asção ambiental.
ANP assessora o Ibama em assuntos relacionados à indústria.
• Contato com OEMAS
Apresentação prévia dos blocos
terrestres a serem licitados.
processo de licenciamento.
Sistematização do processo de
licenciamento nos estados.
Perícia de instalações de produção marítima.
Perícia de navios petroleiros.
Monitoramento e controle do tráfego
marítimo (áreas de exclusão, derramamento de óleo no mar, etc).
Linhas sísmicas
na Bacia Potiguar
A GAIA, juntamente com a Fugro Robertson,
realizou em 2003 o reprocessamento multicliente de 2.250 km de linhas sísmicas
2D terrestres na Bacia Potiguar. O projeto,
cobrindo vários blocos ofertados na Sexta
Rodada da ANP, tem como objetivo melhorar a definição do sistema de falhamento
raso, do padrão de reflexão dos carbonatos e do embasamento.
saiba
+
Gilberto Prates - Tel.: 21 3311-6228
[email protected]
Banco de Dados de
Exploração e
Produção - BDEP
C
omo decorrência da publicação
da Lei 9.478/97, que atribui à
ANP a responsabilidade pela organização, administração, manutenção
e disponibilização dos dados gerados pelas atividades de exploração
e produção de petróleo no Brasil, a
agência, através da sua Superintendência de Gestão de Informações e
Dados Técnicos – SDT, concebeu e
implementou o Banco de Dados de
Exploração e Produção - BDEP, inaugurado em 29 de maio de 2000.
O BDEP armazena e
disponibiliza dados geofísicos (aerogeofísicos, sísmicos) de poços,
batimétricos e culturais obtidos pela
indústria do petróleo nas bacias sedimentares brasileiras, contando
com um acervo de dados sísmicos
de mais de 10,02 TB (300 fitas) PósEmpilhamento, 1.649,89 TB (168.949
fitas) de dados Pré-Empilhamento,
233 programas de métodos potenciais e 21.280 dados de poços carregados, entre outros.
O BDEP possui dezoito
usuários associados e conta com
moderno sistema de administração
de dados, que propicia rapidez de
acesso à base de dados, segurança, controle, sigilo e confiabilidade,
ocupando área mais de 1.100m2, incluindo sala de usuários, arquivo de
fitas, CPD e administração.
Luiz Sguissadi do Carmo
Superintendente de gestão de
informações e dados técnicos - SDT
saiba
+
http://www.bdep.gov.br
* Ricardo Perez Bedregal, Ademilson Fagundes Brito, Feliz Thadeu Teixeira Gonçalves,
Juliani Kuchle, Elio Perez, Christian Horácio Niño Guiza e Luiz Landau
Análise e Modelagem da
Bacia de Camamu-Almada
A
Bacia de Camamu-Almada está
localizada no nordeste do Brasil,
ao longo da margem continental,
entre os paralelos 12°30` e 14°30`,
aproximadamente, compreendendo uma área
de cerca de 23.000 km2 (sendo 3.000 km2 em
terra). Na execução dos estudos, a maior parte do esforço exploratório foi concentrada na
região da plataforma continental. Mais de 70
poços foram perfurados em terra e na região
de águas rasas, enquanto somente 3 poços
foram perfurados na região de águas profundas. Tais esforços resultaram na descoberta de
duas acumulações de hidrocarbonetos, na porção norte da parte onshore da bacia, sendo um
campo de gás (Morro do Barro) e um campo
de óleo e gás (Jiribatuba), duas acumulações
subcomerciais de óleo e gás na porção central
da área de plataforma e um campo de gás na
porção centro norte na área da plataforma.
A análise integrada detalhada de um
banco de dados contendo informações oriundas de dados sísmicos, gravimétricos, magnetométricos e de poços mostrou que o arcabouço tectônico da bacia é caracterizado por uma
série de horsts e grabens limitados por falhas
normais de direção NE-SW, delineando blocos escalonados com mergulho predominante
para nordeste, e estruturas transversais NWSE interpretadas como zonas de acomodação.
A interação destes elementos estruturais gerou
uma série de plataformas estruturais e sub-bacias restritas, que controlaram a sedimentação
sin-rifte e a distribuição de rochas fonte e reservatório. Dados de geoquímica denotam a
presença de rochas fonte, lacustres, ricas em
matéria orgânica nas formações Morro do
Barro e Rio de Contas, depositadas durante a
fase rifte (Neocomiano/Barremiano). Apesar
disso, dados de biomarcadores indicam que a
porção basal da Formação Morro do Barro é a
única fonte das acumulações de hidrocarbonetos descobertas até o momento.
Técnicas avançadas de modelagem
quantitativa multidimensional revelaram que
a principal fase de geração de petróleo das
rochas fonte da Formação Morro do Barro
ocorreu até o final da fase rifte (Barremiano
ao Aptiano), enquanto a geração de petróleo
a partir das rochas fonte potenciais da Formação Rio de Contas ocorreu até o Paleoceno. As falhas normais, que colocaram em
contato rochas fonte da Formação Morro do
Barro com os arenitos da Formação Sergi,
desempenharam um papel importante para o
preenchimento das trapas. A modelagem de
migração de petróleo previu que as vias principais de migração, áreas de drenagem e acumulações de óleo e gás encontram-se ao longo
da Formação Sergi, a rocha carreadora principal da bacia (imagem abaixo). Modelagens
probabilísticas que levaram em consideração as
incertezas relacionadas aos elementos e processos do sistema petrolífero permitiram uma estimativa dos volumes de óleo e gás migrados.
Assim, assumindo-se uma probabilidade de
50%, os volumes de óleo e gás migrados são,
respectivamente, 41x109 bbl e 2,8x1012 m3.
Agradecemos à Agência Nacional do Petróleo (ANP)
pelo financiamento e pela permissão para apresentar
estes resultados.
Diagrama tridimensional mostrando geometria da Formação
Sergi, caminhos de migração (linhas verdes), limites das áreas de drenagem (linhas vermelhas), e acumulações de óleos
(manchas verdes) previstas pela modelagem de migração de
fluxo de fluidos na Bacia de Camamu-Almada.
*GIMAB/LAB2M/COPPE/UFRJ
saiba
+
Ricardo Bedregal
[email protected]
Notícias da ABGP - No 15 - Associação Brasileira dos Geólogos Petroleiros
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Aspectos e sensibilidades ambientais nos
setores terrestres ofertados no estado do
Espírito Santo
Atividades E&P no
estado da Bahia
A apresentação detalhou o
sistema de licenciamento ambiental do estado da Bahia,
com destaque para o licenciamento de poços exploratórios.
Francisco Brito
Assessor Técnico do Centro de
Recursos Ambientais (CRA), órgão
executor da Secretaria do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos do
estado da Bahia
...
Dados magnéticos e
gravimétricos.
Imagem corresponde ao trecho de
Barra Seca até o Riacho (ES)
Ecossistemas: Estuário Restinga e Banhados (área do Delta do Rio Doce), de
elevada importância para quelônios.
Inclui área da reserva Biológica de
Comboios, proximidade com reserva
Indígena e existência de pequenas comunidades pesqueiras tradicionais.
Ameaças: Alta pressão antrópica e problemas de drenagem.
O
estudo abrange municípios do litoral norte do Espírito Santo – Conceição da Barra, São Mateus, Jaguaré, Linhares e
Aracruz – e faz um levantamento sobre as características populacionais, a infra-estrutura, as atividades econômicas dominantes,
os principais ecossistemas, os impactos ambientais e as unidades de
conservação da região. O objetivo do estudo é verificar a inclusão de
novas áreas e a manutenção ou exclusão das propostas para oferta de
blocos para a Sexta Rodada de Licitações.
Andrea Rocha Alegro
Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – IEMA
saiba
+
www.iema.es.gov.br
Aspectos e sensibilidade ambientais nos setores terrestres
ofertados no estado do Rio Grande do Norte
A palestra apresentou um resumo sobre a evolução da conformação geológica da Bacia Potiguar, apontando
alguns aspectos inerentes aos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, atentando sobre os riscos sócioambientais associados á exploração petrolífera na região, tendo por base as atividades acompanhadas pelo
licenciamento ambiental.
Eugenio Marcos Soares Cunha
Airborne Surveys, o trabalho
consiste no levantamento de dados magnéticos e gravimétricos
de alta resolução, feito de dentro
de aeronaves. Foram mais de 1
milhão de quilômetros voados
sobre as bacias do Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Bahia Sul, Espírito Santo,
Campos, Santos e Pelotas.
...
Aspectos ambientais e
sensibilidades de extração,
beneficiamento e
distribuição de derivados
de petróleo no
estado do Ceará
A apresentação expõe os impactos e riscos nos setores marítimos e terrestres da região, detalha o procedimento para licenças
individualizadas para novos poços e faz uma descrição da situação atual do campo de produção
da Fazenda Belém. Além disso,
inclui os estudos exigidos para o
armazenamento e a distribuição
de derivados de petróleo.
SEMACE
Superintendência Estadual do Meio
Ambiente
saiba
+
http://www.semace.ce.gov.br
Diretor Geral do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente - IDEMA
No 15 - julho/agosto 2004 O Notícias da ABGP é uma publicação da Associação Brasileira de Geólogos de Petróleo www.abgp.com.br • Diretoria: Presidente – Dirceu Abrahão, Vice-presidente – Márcio
Mello, 1o secretário – Iran Garcia da Costa, 2o secretário – Raul Mosmann, 1o tesoureiro – Juliano Magalhães Macedo, 2o tesoureiro – João Bosco de Araújo, 1o editor – Giovanni Toniatti, 2o editor – Milton
Romeu Franke. Relações Externas: Nilo Chagas de Azambuja Filho. Comissão de Ética: Mauro Barbosa, Adali Spadini e Tikae Takaki • Coordenação, edição e redação: Saber Viver Comunicação 21 2544
5345 • Reportagem: Cláudia Costa • Fotos: Alex Ferro (ag. Pedra Viva) • Revisão Lingüística: Leonor Werneck • Arte e Programação Visual: Mauricio Rodrigues • Impressão: MCE Gráfica e Editora.
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