monografia pronta - Cirurgia Veterinária - UFBA

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monografia pronta - Cirurgia Veterinária - UFBA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA
DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA E CLÍNICAS
AUGUSTO DE SOUZA TEIXEIRA DE FREITAS JUNIOR
OSTEOSSÍNTESE ILÍACA COM BRAÇADEIRA DE NÁILON E
CIMENTO ÓSSEO DE POLIMETILMETACRILATO
ESTUDO EXPERIMENTAL EM CADÁVERES DE CÃES
SALVADOR
2010
ii
AUGUSTO DE SOUZA TEIXEIRA DE FREITAS JUNIOR
OSTEOSSÍNTESE ILÍACA COM BRAÇADEIRA DE NÁILON E
CIMENTO ÓSSEO DE POLIMETILMETACRILATO
ESTUDO EXPERIMENTAL EM CADÁVERES DE CÃES
Monografia apresentada ao curso de graduação em
Medicina Veterinária da Escola de Medicina
Veterinária da Universidade Federal da Bahia, como
requisito parcial para obtenção do grau de Médico
Veterinário.
Orientador: Prof. Dr. João Moreira da Costa Neto
Salvador
Semestre 2010.1
iii
Nº Catter Freitas Junior, Augusto de Souza Teixeira, 1983 Osteossíntese ilíaca com braçadeira de náilon e cimento ósseo –
Estudo experimental em cadáveres de cães/ Freitas
Junior, Augusto de Souza Teixeira.
- 2010.
66f.
Orientador: João Moreira da Costa Neto
Monografia (graduação)Universidade Federal da Bahia, curso de Medicina Veterinária,
2010.
1. Ossos coxais. 2. Fratura. 3. Ortopedia. 4. Cães I. Freitas
Junior, Augusto de Souza Teixeira. II. Universidade Federal da Bahia. Escola de
Medicina Veterinária. III Osteossíntese ilíaca com braçadeira de náilon e cimento
ósseo
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TERMO DE APROVAÇÃO
AUGUSTO DE SOUZA TEIXEIRA DE FREITAS JUNIOR
OSTEOSSÍNTESE ILÍACA COM BRAÇADEIRA DE NÁILON E
CIMENTO ÓSSEO DE POLIMETILMETACRILATO
ESTUDO EXPERIMENTAL EM CADÁVERES DE CÃES
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Médico
Veterinário, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora:
____________________________________________
Prof. João Moreira da Costa Neto, Dr.
Presidente da banca.
______________________________________________
M.V.. Euler Morais Penha, Msc
______________________________________________
M.V. Camila Paes Bürger, Msc.
Apresentada em: ___ / ___ / 2010.
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AGRADECIMENTOS
-Agradeço a Deus por ter me permitido adquirir conhecimentos tão valorosos.
- A Adriano Gordilho, um verdadeiro mestre, que me ensinou não apenas o que sabia
sobre cirurgia, como também me mostrou a importância da humildade, do caráter e da
solidariedade com o próximo. Obrigado pelas lições e ensinamentos;
- Ao criterioso professor de bom senso e auto estima, Euler Morais Penha, obrigado
pela paciência, atenção e incentivo. Você foi fundamental para a realização desse
trabalho.
- Ao professor João Moreira da Costa Neto, agradeço por permitir a minha permanência
na cirurgia por esses 5 anos, e por ter sido diversas vezes um estímulo para minha auto
superação, obrigado.
- Ao meu pai Augusto de Souza Teixeira de Freitas, por ter me ensinado valiosos
princípios e valores que levarei por toda a minha vida.
- A minha mãe Lia da Silva Magalhães, pelo suporte e torcida durante minha trajetória.
Assim como agradeço às minhas irmãs Francine, Jaqueline e Milena. Regina e Milton,
obrigado pelo apoio.
- Jamile, você também faz parte dessa conquista. Te amo.
- Aos meus futuros colegas de profissão Emanoel, Rodrigo,Vinícius, Deusdete,
Vladmir, Joelma, Diana, ,Caba, Carlinhos, Adriano, Matheus, Edmilson, Thiago
Gondim, Fernanda, Rose, Romana, Camila, Cris, Walnilson, Lucuiano, Pedro Paulo,
Janice, Deócles, Carlos Humberto e todos os professores um caloroso muito obrigado
por tudo.
- Aos funcionários do HOSPMEV, Paulo, Senna, Washinton, Dionísio, Zacarias, Biri,
Evandro, Edisandro, Vera, Elisete, Carlos, Geralda, Lucinha, Zaíra, Alanis, Roberta,
Antônio, Atemar, Estela, Ana Lúcia,Vanilda, Iara, Maxuel, Vanilda e Edivaldo, vocês
formam uma grande família que tive o prazer de fazer parte.
- Obrigado a todos por fazerem parte da minha vida.
vi
RESUMO
As fraturas do corpo ilíaco geralmente decorrem de traumas de grande impacto.
Estas levam a um déficit locomotor, e em casos específicos necessitam de correção
cirúrgica. Dentre as vertentes terapêuticas disponíveis, a utilização de implantes é a mai
vantajosa. Com esse trabalho, buscou-se desenvolver em cadáveres de cães, uma técnica
de redução e fixação de fratura ilíaca empregando-se braçadeiras de náilon e cimento
ósseo de polimetilmetacrilato. Para tanto foram empregadas 16 hemipelvis de oito
cadáveres de cães, que tiveram o corpo do ílio fraturado em sentido transversal e
posteriormente reduzidos e fixados pelo método proposto. Após a realização de
manobras cirúrgicas para a definição do número e melhor ângulo para fixação das
braçadeiras, concluiu-se que o seis destas, distribuídas equitativamente entre os
fragmentos ósseos eram adequadas para proporcionar o realinhamento dos segmentos
ósseos e servir de superfície de contato para fixação do biomaterial. A técnica
desenvolvida em cadáveres mostrou-se de fácil execução, eficaz na redução,
alinhamento e estabilização da fratura produzida, sugerindo-se assim, estudos “in vitro”
para avaliar a resistência da imobilização e sua funcionalidade em casos patológicos.
Palavras-chaves: Ossos coxais, fratura, ortopedia, cão.
vii
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO:
01
2.REVISÃO DE LITERATURA
03
Anatomia funcional da pelve canina
03
Etiopatogenia das fraturas da pelve
04
Diagnóstico das lesões pélvicas
06
Considerações para o tratamento
10
Conduta terapêutica (cirúrgica e não cirúrgica)
15
Tratamento conservador
19
Tratamento cirúrgico
20
Técnicas cirúrgicas
26
Cuidados trans-operatórios
29
Cuidados pós-operatórios
29
Complicações pós-operatórias
30
Resultados esperados.
31
3. USO DA BRAÇADEIRA DE NÁILON
34
4. USO DO CIMENTO ÓSSEO DE POLIMETILMETACRILATO (PMMA)
39
5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
42
6. ARTIGO CIENTÍFICO
52
Resumo
52
Introdução
53
Materiais e métodos
54
Resultados e discussão
58
Conclusão
64
Referências bibliográficas
65
1
1. INTRODUÇÃO
As fraturas pélvicas, frequentemente múltiplas, decorrem de traumas de grande
impacto, associadas ou não a alterações sistêmicas (TARVIN e LENEHAN, 2005;
BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006; DENNY e BUTTERWORTH, 2006;
PEREIRA et al., 2008). Estima-se que representem cerca de 20% a 30% de todas as
fraturas que ocorrem nos cães, das quais as ocorridas no corpo do ílio possuem maior
representatividade, tanto pela maior ocorrência quanto morbidade (BRINKER,
PIERMATTEI e FLO, 2006).
É de crucial importância o estabelecimento de uma conduta terapêutica
adequada e eficiente para cada tipo de fratura. Os tratamentos conservador e cirúrgico
devem ser instituídos segundo informações trazidas pela anamnese, exame clínico e
diagnóstico por imagem. O primeiro aborda as técnicas de contenção do membro
pélvico no antímero atingido e/ou restrição de espaço do animal, associados ao suporte
clínico adequado (TARVIN e LENEHAN, 2005; BRINKER, PIERMATTEI e FLO,
2006).
Já o segundo consiste na abordagem ao foco da lesão, redução e estabilização da
fratura. Para tanto, emprega-se implantes metálicos como pinos, placas, parafusos, fios
de cerclagem associados ou não a cimentos ósseos (JOHNSON e DUNNING, 2005;
TARVIN e LENEHAN, 2005; BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006; ROEHSIG et
al., 2008).
2
Tendo-se como base a técnica relatada de Roehsig et al. (2008) que se baseia na
osteossintese de fraturas ilíacas com a utilização de parafusos associados a fio de
cerclagem e cimento ósseo de polimetilmetacrilato (PMMA) e considerando os bons
resultados obtidos por Miranda et al. (2006) e Figueiredo e Tudury, (2009) no emprego
de braçadeiras de náilon como substituto da cerclagem com fio de aço nas cirurgias
ortopédicas, buscou-se desenvolver em cadáveres de cão, uma técnica cirúrgica para
redução e fixação de fratura ilíaca empregando-se braçadeiras de náilon associadas ao
cimento ósseo de PMMA.
Considerando que todas as vertentes terapêuticas possuem vantagens e
desvantagens, ressalva-se ainda a importância de uma boa relação custo benefício,
especialmente na seleção do método cirúrgico.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
Anatomia funcional da pelve canina
A anatomia pélvica apresenta forma semelhante à de caixa retangular e é
composto pelos ossos ílio, ísquio, púbis, sacro e a primeira vértebra coccídea.
(BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006). Os ossos do coxal têm a função de proteger
órgãos intra-pélvicos (RODRIGUES e OLIVEIRA FILHO, 2003), sustentar músculos
para que promovam a locomoção e sustentação do corpo, servir de canal para passagem
de vários nervos, vasos importantes e estruturas de tecido mole que compõem o trato
urogenital e o cólon, (TARVIN e LENEHAN, 2005) além de constituir uma reserva de
cálcio para o organismo (LOVERIDGE, 1999).
O ílio tem papel fundamental na deambulação distribuindo as forças entre os
membros pélvicos e a coluna vertebral. Desta maneira, ressalva-se o prejuízo provocado
por uma fratura na interação biomecânica do membro pélvico (ROEHSIG et al., 2008).
Sua estrutura com predominância medular de origem endocondral tem maiores
possibilidades de sofrer absorção óssea quando usado como enxerto. Este fato evidencia
mais uma importante utilidade desse componente da pelve (KUABARA et al. 2000).
Nota-se que a asa do ílio curva-se medialmente, acomodando os músculos
glúteos, médio, com sua porção acessória, e o glúteo profundo (DYCE, SACK e
WENSING, 2004). Já a articulação sacroilíaca fica localizada numa posição medial à
asa do ílio, enquanto que o acetábulo se apresenta caudalmente ao corpo do ílio, no qual
medialmente, ventral a asa do sacro e dorsal ao segmento caudal do acetábulo, passa o
nervo ciático (JOHNSON e DUNNING, 2005; TARVIN e LENEHAN, 2005)
4
Mostrando-se em íntimo contato com o corpo do ílio, na sua borda ventral,
encontram-se os músculos psoas menor, e o iliopsoas. Este último é composto pelo
músculo psoas maior e músculo ilíaco, estando ambos inseridos no trocanter menor do
fêmur (SISSON e GROSSMAN, 1986; DYCE, SACK e WENSING, 2004). Na borda
dorsal do corpo ilíaco encontra-se o músculo obturador interno que tem sua origem no
quadril dorsal, próximo ao forame obturador, agindo como rotador externo da coxa
(DYCE, SACK e WENSING, 2004).
As articulações presentes na pelve são a articulação coxofemoral, articulação
sacroilíaca com seus ligamentos ventrais, dorsais e interósseos, e sacrotuberal que se
estende da tuberosidade isquiática até a primeira vértebra sacral. A artéria femoral
circunflexa lateral se mostra numa posição ventrolateral ao corpo do ílio. A artéria
glútea caudal se posiciona medialmente ao corpo do ílio, seguindo pelo aspecto caudal
do acetábulo (CONSTANTINESCO, 2005).
Através do afastamento dorsal dos glúteos, será encontrado o músculo piriforme
numa posição dorso-caudal ao acetábulo, a cápsula articular as artérias e veias glúteas e
o nervo isquiático (BOYD, PATERSON e MAY, 1993).
O conhecimento das estruturas anatômicas envolvidas na região pélvica é
importante para reduzir a ocorrência de lesões iatrogênicas durante o ato cirúrgico, além
de tornar a execução da técnica mais segura e precisa (SOUZA, 2003).
Etiopatogenia das fraturas da pelve
As fraturas da pelve são agrupadas conforme a região anatômica de sua
ocorrência, definidas como: sacroilíaca, ilíaca, corpo do ílio, acetabular, isquiática e do
assoalho pélvico (BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006). Apesar da pelve possuir
5
musculatura adjacente que promove uma boa proteção, as fraturas dos ossos que a
compõe são comuns, chegando a representar valores entre 20 a 30% de todas as fraturas
que acometem os pequenos animais (TARVIN e LENEHAN, 2005; BRINKER,
PIERMATTEI e FLO, 2006).
A causa mais freqüente é o trauma e o sedentarismo. A dieta pobre em cálcio
pode ser outro fator envolvido. Além disso, estrógeno em níveis séricos diminuídos e o
uso de glicocorticóides em excesso levam também a diminuição da massa óssea
relativa, que não se compensará com a prática de exercícios ou até mesmo com o
aumento da ingestão de cálcio, levando a ocorrência da osteoporose (McPHEE et al.,
2002; FABRI e SANTOS, 2006; SCHMIDT et al 2006).
As fraturas pélvicas de estresse são relatadas como fraturas por fadiga ou
insuficiência óssea e são condições pouco relatadas em cães. . Estas, assim como a
osteoporose, licitam a adoção de medidas profiláticas como a realização de atividade
física regular, controle dos níveis de cálcio na dieta e monitoramento da produção
hormonal (McPHEE et al. 2002; FABRI e SANTOS, 2006).
Fraturas pélvicas resultam de acidentes, seja com automóveis ou motocicletas,
mas também podem ocorrer por chutes, quedas de grandes altitudes, esmagamentos, por
estresse ou ainda ser secundarias as neoplasias. Tais traumas lesionam não só os ossos,
como também os tecidos moles adjacentes, além de levar a um comprometimento do
cíngulo pélvico com conseqüências variadas (TARVIN e LENEHAN, 2005; DENNY e
BUTTERWORTH, 2006; PEREIRA et al., 2008),
Devido o seu formato em caixa retangular, a maioria das fraturas traumáticas da
pelve são múltiplas, com exceção aos ferimentos por arma de fogo e mordeduras.
Raramente são expostas ou cominutivas. Geralmente, três ou mais ossos estão
envolvidos, evidenciando-se facilmente o deslocamento entre seus componentes
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(TARVIN e LENEHAN, 2005; BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006; DENNY e
BUTTERWORTH, 2006).
Quando um ponto da pelve sofre trauma, geralmente ocorre lesão num outro
ponto, fato que levará a grande variedade de possíveis combinações de fraturas pélvicas.
Dentre essas, as ipsilaterais de ílio, púbis e ísquio ou a luxação sacro-ilíaca com fratura
contralateral do ílio, ísquio e púbis são vistas com mais freqüência (DENNY e
BUTTERWORTH, 2006)
Algumas lesões podem ser esperadas a depender do tipo de trauma sofrido. No
geral, fraturas do corpo do ílio, em grande parte dos casos, têm seu segmento caudal
deslocado medialmente, diminuindo o lúmen do canal pélvico (BRINKER,
PIERMATTEI e FLO, 2006). Traumas decorrentes de impactos sobre a região dorsal
levará no geral a uma associação de luxação sacro-ilíaca, fratura sacral e oblíqua de ílio,
e quando ocorrer impactos laterais, o fêmur se deslocará medialmente causando fratura
acetabular, ilíaca e do assoalho da pelve gerando assim um deslocamento medial de
fragmentos que irão ocupar a luz do anel pélvico (SÁ, 2008).
Diagnóstico das lesões pélvicas
O diagnóstico da ocorrência de trauma pélvico não costuma gerar muitas
dúvidas. Rotineiramente o histórico do animal se inicia com o relato de injúria
traumática e aparecimento súbito dos sintomas, onde os cães geralmente se locomovem
apoiando-se em três membros quando a fratura é unilateral ou pode não apoiar o peso
nos membros posteriores quando bilateral (BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006).
Ou seja, animais que possuam fraturas unilaterais mostrarão claudicação unilateral,
enquanto aqueles que apresentem fraturas bilaterais ou em regiões pélvicas
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sustentadoras do peso mostrarão dificuldade em estação, ou ao caminhar (DENNY e
BUTTERWORTH, 2006).
Sendo o exame clínico e a anamnese voltados para a busca de claudicações, o
diagnóstico do trauma pélvico é geralmente realizado pela associação de técnicas de
exame clínico e de diagnóstico por imagem. Podendo ser adotadas técnicas que variam
desde um simples exame radiográfico, e seguindo a exames como a cintilografia
nuclear, termografia e a ultrassonografia (TOMLINSON e TURNER, 2000).
O exame do animal com trauma pélvico é executado por etapas e é iniciado pelo
exame físico e avaliação clínica de todo o corpo (BRINKER, PIERMATTEI e FLO,
2006). As técnicas de exame clínico adotadas para o politraumatizado devem incluir
exames físicos voltados para a determinação da presença de alterações que possam por
em risco a vida do paciente, incluindo nesse exame a palpação retal (ZANELLATO et
al., 1996).
Os órgãos e tecidos adjacentes a pelve devem ser cuidadosamente examinados
devido à possibilidade de terem sofrido lesões associadas às fraturas ou luxações
pélvicas (BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006). A palpação da pelve ajuda a
elucidar questões sobre a presença de lesões articulares, presença de áreas com a
sensibilidade aumentada, edemas e ainda checar a simetria da pelve (SÁ, 2008). Através
da palpação da pelve poderão ser constatadas tumefações e assimetrias em decorrência
das fraturas, onde os pontos palpáveis da pelve são os processos espinhais dorsais do
sacro (TARVIN e LENEHAN, 2005), crista ilíaca e a tuberosidade isquiática que
quando comparadas em relação ao trocânter maior, estarão assimétricas caso tenham
sofrido fraturas (DENNY e BUTTERWORTH, 2006).
Deve-se buscar inicialmente por deslocamentos, crepitação, instabilidade e dor
ao palpar esses pontos de referência óssea. O passo seguinte é realizar a palpação dos
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ossos pélvicos dando ênfase à simetria entre as proeminências ósseas. Ainda assim, a
palpação é insuficiente para determinar qual o osso fraturado, tornando imperativa a
realização de exame radiográfico (TARVIN e LENEHAN, 2005).
Após a exclusão da possibilidade de ocorrência das lesões associadas, deve-se
proceder ao exame pélvico, podendo este se fazer por exames externos ou internos
como a palpação retal (TARVIN e LENEHAN, 2005). Uma palpação retal delicada
trará informações úteis sobre o comprometimento do canal pélvico, presença de
fraturas, estabilidade dos fragmentos, enquanto que a presença de sangue na luva
indicará o envolvimento do reto no trajeto de um fragmento deslocado na ampola retal,
perfurações na parede retal e o tônus do esfíncter anal. Deve-se atentar à incapacidade
de realizar a palpação da próstata no macho, o que pode indicar o comprometimento da
uretra no processo traumático (BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006; DENNY e
BUTTERWORTH, 2006).
Deve-se dar especial atenção ao status cardiovascular e respiratório do animal
traumatizado, e os fluidos endovenosos apropriados devem ser administrados em todos
os casos. Como são comuns lesões torácicas indica-se a inspeção radiográfica. Para
efetuar um diagnóstico relacionado à integridade de estruturas de interesse, devido ao
conhecido risco de lesões, pode-se executar uma radiografia abdominal lateral que traria
informações sobre bexiga urinária intacta, embora a uretrocistografia retrógrada deva
ser realizada caso haja dúvidas sobre o diagnóstico de lesões na bexiga ou uretra
(DENNY e BUTTERWORTH, 2006).
Antes da execução do tratamento cirúrgico, o exame neurológico detalhado deve
ser realizado no membro, ânus e períneo (TARVIN e LENEHAN, 2005), e em todo o
corpo,
para
identificar
qualquer
lesão
espinhal
concomitante
(DENNY
e
BUTTERWORTH, 2006). O exame neurológico do membro posterior vem em seguida
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e deve ser interpretado com cautela, pois na presença de dor profunda alguns reflexos
como o de propriocepção e o reflexo de retirada podem ser mascarados (BRINKER,
PIERMATTEI e FLO, 2006).
Mesmo que os testes de propriocepção e do reflexo flexor possam ser
mascarados pela presença de dor profunda, o teste de sensação de dor consciente (SDC)
poderá ser aplicado, comprimindo-se cada um dos quatro dedos dos pés com pinça.
Quando houver a perda da SDC, uma lesão neurológica grave pode estar presente. O
que estabelece a necessidade da execução de radiografias da coluna em busca de
luxações, fraturas ou lesões de discos (DENNY e BUTTERWORTH, 2006). Também
se inclui no exame neurológico o movimento voluntario do membro pélvico enquanto
se move o tronco, reflexo do nervo femoral (flexão do joelho) (BRINKER,
PIERMATTEI e FLO, 2006). E para examinar a função do ciático podem-se comprimir
as falanges laterais dos membros pélvicos com uma pinça provocando um estímulo
doloroso (TARVIN e LENEHAN, 2005). A dor extrema ou lesões neurológicas podem
levar o animal a se mostrar incapaz de se levantar, o que é comumente visto quando há
lesão sacral (BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006).
Para se completar o exame o animal deve ser encaminhado para realização de
exame radiografico, produzindo imagens ventrodorsais e laterais, onde as imagem
laterais são feitas com o lado fraturado para baixo, o membro de baixo flexionado e o de
cima estendido, e uma inclinação discreta da pelve ajuda a se obter uma imagem
oblíqua com os dois lados separados. Essa avaliação radiográfica cautelosa pode indicar
a localização e o tipo das fraturas, além de ajudar a determinar a abordagem cirúrgica
(BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006).
A análise de imagens laterais e ventrodorsais são necessárias para determinar o
tipo de lesão e a conduta terapêutica, no entanto, a extensão dos membros pélvicos para
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se obter a imagem ventrodorsal pode ser dolorosa, então a “posição de sapo” pode ser
eficaz para uma avaliação inicial (BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006). Este
posicionamento é obtido com animal em posição ventrodorsal realizando duas
radiografias simples podendo ainda utilizar imagens hemipélvicas em posição oblíqua
para evitar sobreposições de imagem (TARVIN e LENEHAN, 2005). Para a realização
de um exame radiográfico completo, especialmente no posicionamento ventrodorsal
com membros estendidos, pode ser necessário a anestesia do animal, no entanto tal
exame pode ser adiado até que o animal se estabilize (BRINKER, PIERMATTEI e
FLO, 2006).
Para o diagnóstico radiográfico da fratura complicada por não união ou união
retardada, deve-se saber que elas se diferenciam pelo fato de que apenas a não união,
não mostrará sinais de evolução da cicatrização óssea (JOHNSON, 2004).
Considerações para o tratamento
Em relação à escolha do tratamento, deve-se considerar o risco de complicações
que levariam a dificuldades na redução dos fragmentos. O tratamento cirúrgico das
fraturas pélvicas deve ser realizado num período de 48h após o trauma, ou logo após a
estabilização do paciente. Isso por que, após cinco a sete dias, a redução será difícil
devido à intensa contração muscular, e depois de 10 a manipulação cirúrgica irá lesionar
tecidos moles adjacentes (DENNY e BUTTERWORTH, 2006).
Esse tipo de lesão leva ao envolvimento de estruturas próximas ao foco, que
pode levar a disfunções futuras. Estas dificuldades foram particularmente observadas
em cães após nove dias da ocorrência da fratura, quando foi possível observar que a
musculatura adjacente à lesão no ílio, em especial o músculo glúteo profundo,
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mostrava-se em contração intensa, o que veio a dificultar a abordagem além de ocorrer
maior incidência de traumas iatrogênicos (ROEHSIG et al., 2008). Por isso o tratamento
deve ser instituído o mais precocemente possível.
No estudo realizado por GIORDANO et. al (2007), sobre lesões pélvicas
causadas por traumas de grande energia, pôde-se constatar a ocorrência associada de
lesões de vísceras abdominais como rotura de baço, do parênquima hepático,
musculoesqueléticas, luxação traumática do quadril ipsilateral (concomitante à fratura
do acetábulo), fratura ipsilateral de tíbia, ipsilateral do corpo da escápula, da diáfise do
fêmur contralateral e traumatismo craniencefálico (TCE) discreto.
É comum ocorrer lesões ao trato urinário em casos de lesões pélvicas, cerca de
39% do total destas, embora apenas 2% necessitem de correção cirúrgica (TARVIN e
LENEHAN, 2005). Muito embora se observe o risco potencial de sofrer lesões durante
o trauma pélvico grave, parece não haver correlação entre a intensidade do trauma e/ou
sua localização e a presença de lesões no trato urinário (SÁ, 2008). Complicações
subseqüentes às fraturas pélvicas são a perfuração ou ruptura da bexiga, herniações
vesicais, perfuração, ruptura ou avulsão dos ureteres por extrações violentas ou ainda
rupturas da uretra (TARVIN e LENEHAN, 2005; BRINKER, PIERMATTEI e FLO,
2006 DENNY e BUTTERWORTH, 2006; PEREIRA et al., 2008; VILARINHO et al.,
2008).
Lesões neurológicas sobre o tronco lombosacro podem acompanhar essas
fraturas e devem ser avaliadas antes da cirurgia (BRINKER, PIERMATTEI e FLO,
2006). Deficiências neurológicas podem ser causadas pelo esmagamento de nervos
pélvicos ou compressão destes exercidas pelos fragmentos da fratura (STURION et al.
2006). Associadas aos traumas pélvicos são comuns lesões a nervos periféricos, como a
paresia de nervo ciático. Este é bastante susceptível a traumas devido o curso que
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assume, embora felizmente, na maioria dos casos, trate-se de um problema passageiro
(TARVIN e LENEHAN, 2005; BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006; DENNY e
BUTTERWORTH, 2006) sendo observado que 73% dos animais com lesão
intercorrente de ciático se restabeleceram em 12 meses (TARVIN e LENEHAN, 2005).
A perda da função do esfíncter anal pode sugerir traumas sacrais e lesões do nervo
pudendo. (TARVIN e LENEHAN, 2005). Como o nervo e artéria glútea repousam
sobre o corpo do ílio, estarão freqüentemente danificados na presença das lesões ilíacas
(JOHNSON e DUNNING, 2005).
Nos traumas pélvicos podem estar associados lesões musculares intensas,
hemorragias, e lesões de tecido mole que podem vir a se tornar um risco cirúrgico.
(BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006). Há relatos da ocorrência em humanos, da
síndrome compartimental na coxa que leva a amputação do membro, lesões
tromboembólicas profundas (CHUEIRE et al., 2004), assim como o surgimento de
pseudo aneurismas da artéria ilíaca interna, que embora raros, poderão ser encontrados
(SILVA et al., 2007). As fraturas do anel pélvico podem levar ao óbito do animal
quando relacionadas à ocorrência de sangramento retroperitoneal após o trauma
(CHUEIRE et al., 2004). Deve-se atentar ainda ao risco de ocorrer contrações
ventriculares prematuras associadas a uma miocardite traumática, que podem surgir nas
72horas iniciais seguintes ao trauma (TARVIN e LENEHAN, 2005).
Em meio a todas as fraturas da pelve, aquelas que acometem a região dorsal do
anel pélvico são as mais sérias, em particular as luxações sacroiliacas completas em
associação com as fraturas pubiana e isquiática, ou as separações da sínfise pélvica
devido a sua característica de causar grandes deslocamentos e com isso sérias lesões
vasculares (PEREIRA et al., 2008).
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É uma possibilidade a ocorrência de ruptura do tendão pré-púbico (DENNY e
BUTTERWORTH, 2006) que pode vir associado a lesões aos músculos adjacentes ao
tendão (DUARTE et al., 2009), como mais uma complicação de traumas pélvicos.
As complicações advindas da adoção do tratamento conservador inoportuno ou
do não reparo cirúrgico das lesões ósseas são a obstipação, constipação crônica e o
impedimento de realizar parto normal em cadelas, devido o considerável estreitamento
do canal pélvico após uma consolidação indesejada do corpo do ílio (SÁ, 2008).
Uma diminuição do canal pélvico próxima de 45% irá causar um aumento do
risco de se instalar uma constipação crônica (LANGLEY-HOBBS, 2008) Uma
constipação mecânica e uma disfunção coloretal secundária, poderão ocorrer, se uma
cicatrização indesejada gerar uma diminuição na luz do canal pélvico (PALMER,
2009).
O
trauma
pélvico
pode
gerar
lacerações
perineais
(DENNY
e
BUTTERWORTH, 2006), lesões e perfurações no reto, que quando não tratadas
precocemente poderão evoluir para a estenose de seu lúmen (ZANELLATO et al.,
1996). Dessa forma a adoção equivocada de uma terapia para determinado trauma
pélvico, poderá ter sérias conseqüências como dar contribuição para a redução do
diâmetro do anel pélvico (LANGLEY-HOBBS, 2008).
Em 1996, ZANELLATO et al, observaram que após a consolidação de uma
fratura pélvica, pode surgir uma estenose retal tardia, causada por fragmentos ósseos
deslocados durante o trauma que infringiram danos ao segmento final do trato
digestório.
No geral, as fraturas na pelve podem interferir na deambulação do paciente, o
que sugere a adoção de tratamento que propicie sua correção funcional (TARVIN e
LENEHAN, 2005). O tratamento cirúrgico em alguns casos é aplicado para conseguir
14
uma estética melhor em cães de exposição com pelo curto ou para reduzir a dor
precocemente,
e
assim
se
recuperam
mais
rapidamente
que
os
tratados
conservadoramente, em especial nos animais de grande porte. Além do mais, a correção
cirúrgica de uma hemipelve facilita uma cicatrização contralateral mais rápida
(TARVIN e LENEHAN, 2005).
Os princípios da cirurgia para correção de trauma pélvico são a redução de
fragmentos para se reconstituir de forma anatômica o cíngulo pélvico (GIORDANO et.
al., 2007) e estabilizar os segmentos que sustentam o peso (JOHNSON e DUNNING,
2005; TARVIN e LENEHAN, 2005)
Devido à conformação da pelve, a redução apropriada de uma fratura poderá
estabilizá-la em outros pontos. Ou seja, um trauma que leve a lesões múltiplas da pelve
que atinja o ílio, ísquio, e púbis que leve a um deslocamento para o interior do canal
pélvico de um segmento sustentador do peso do acetábulo, poderá ser corrigida apenas
pelo reparo por redução e fixação das fraturas do corpo do ílio, o que irá auxiliar no
alinhamento, redução e recuperação das fraturas de ísquio e púbis (TARVIN e
LENEHAN, 2005; BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006).
Com as fraturas do corpo do ílio, geralmente os fragmentos caudais estarão
luxados crânio-medialmente em direção a asa do ílio, e realizar a correção cirúrgica é
necessária para que haja novamente a transferência de peso do esqueleto axial ao
membro (JOHNSON e DUNNING, 2005).
Seja qual for o tipo da lesão pélvica apresentada ou a sua gravidade, o objetivo
do tratamento durante o período de estabilização será promover o equilíbrio
hemodinâmico e impedir que venham a surgir novas lesões no paciente (GIORDANO et
al., 2007).
15
Conduta terapêutica (cirúrgica e não cirúrgica).
Em casos de lesões associadas como traumas abdominais e torácicos deve-se
tratá-las obviamente como prioridade (DENNY e BUTTERWORTH, 2006). As fraturas
pélvicas são encontradas nos mais variados níveis de complexidade, onde nos casos
mais simples podem ser tratadas pela adoção de confinamento, ou podem ter seu
tratamento complicado por meio das fixações cirúrgicas nos casos mais graves
(BEZERRA et al.,2007).
A escolha do tratamento ideal estará diretamente relacionada ao tipo de
paciente, visto que cães pequenos e musculosos responderão melhor ao tratamento
conservador do que os cães maiores e menos musculosos, assim como as cadelas
destinadas à reprodução, que devem ter atenção maior ao deslocamento medial de
fragmentos a fim de evitar partos distócicos futuramente, sendo estes casos indicados
para a correção cirúrgica assim como em traumas pélvicos nos cães de trabalho ou
corrida (DENNY e BUTTERWORTH, 2006).
A pelve é bem envolvida por tecidos moles e tem uma boa cobertura muscular
que juntamente com o ligamento sacrotuberoso, servirão como suporte para
estabilização dos ossos nos casos de fraturas com pouco desvio, agindo como uma tala
de suporte interno (TARVIN e LENEHAN, 2005; BRINKER, PIERMATTEI e FLO,
2006). Caso tenha ocorrido um deslocamento muito intenso e grosseiro, uma contração
muscular considerável atrapalhará a execução da técnica de correção cirúrgica e fixação
dos fragmentos (BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006).
Os animais com fraturas pélvica podem ser divididos em dois grupos, o grupo
não cirúrgico e cirúrgico. O primeiro vai abranger os animais que tenham sofrido pouco
16
ou nenhum deslocamento dos fragmentos, acetábulo sem lesões e anel pélvico que
permaneça com sua extensão ilesa (TARVIN e LENEHAN, 2005; BRINKER,
PIERMATTEI e FLO, 2006).
O segundo é composto por indivíduos que possuem acentuada estenose de canal
pélvico, fratura acetabular com deslocamento da superfície articular, instabilidade do
quadril provocada pela solução de continuidade do ílio, ísquio e púbis. Fazem parte
deste grupo também, os animais que possuem instabilidade unilateral ou bilateral,
acompanhada pela subluxação, luxação ou má cobertura acetabular da cabeça do fêmur,
que não permita que o esqueleto apendicular esteja unido aos membros pélvicos. Ou
ainda aqueles que possuam fraturas pélvicas e nos membros (TARVIN e LENEHAN,
2005; BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006)
Embora se deva adiar a cirurgia até que se estabilize o paciente, há o risco de se
dificultar o procedimento com o retardo da cirurgia (TARVIN e LENEHAN, 2005).
Isso por que durante a cicatrização inicial, o tecido de reparação formado irá fazer com
que ocorram aderências entre os tecidos adjacentes ao foco da fratura, o que leva a
necessidade de aplicar uma maior força de tração no momento de sua redução. Somado
a isto, nas correções cirúrgicas executadas nove dias após o trauma, será preciso
debridar a linha da fratura para remover o tecido de reparação formado durante o
processo de calo primário (ROEHSIG et al., 2008).
A teoria preza que se repare a fratura pélvica entre os dois a três primeiros dias
de ocorrido o trauma (TARVIN e LENEHAN, 2005), ou ao menos nos primeiros quatro
dias, para que sejam corrigidas mais facilmente (BRINKER, PIERMATTEI e FLO,
2006). ROEHSIG et al.(2008), entretanto, observaram que em fraturas corrigidas após
três a sete dias de ocorridas, pode-se ter um melhor acesso e manipulação durante a
17
osteossíntese devido à facilidade de dissecção dos tecidos adjacentes. Cabendo então ao
cirurgião a escolha do melhor período para a intervenção.
As vantagens em se antecipar o tratamento cirúrgico, são tempo de
hospitalização reduzido, rápido retorno à deambulação e diminuição dos riscos de
ocorrência de complicações na fratura (BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006). Por
outro lado, passando de cinco dias, uma palpação externa e manipulação podem
determinar o grau de estabilidade e avaliar as chances de um bom resultado cirúrgico.
(TARVIN e LENEHAN, 2005)
As fraturas pélvicas bilaterais que tem indicação cirúrgica devem ser tratadas
individualmente. E se o animal não possuir teto cirúrgico deve-se dar intervalo mínimo
de dois dias caso as fraturas não possam ser reparadas simultaneamente. Embora as
lesões nessa área envolvam soluções de continuidade ou deslocamentos múltiplos no
interior da cintura pélvica, o reparo cirúrgico da fratura ilíaca ou da luxação sacroilíaca
é geralmente suficiente para se obter uma estabilidade adequada do segmento de
sustentação de peso e para corrigir o comprometimento do canal pélvico (TARVIN e
LENEHAN, 2005).
A decisão em relação ao tratamento a ser adotado deve ser multidisciplinar,
enquanto que o tratamento de lesões articulares deve ser realizado o quanto antes
(LEITE et al. 1994).
Quando se trata de fraturas que envolvem áreas da pelve que não são
responsáveis pela sustentação do peso, como a asa do ílio, púbis, ísquio (TARVIN e
LENEHAN, 2005), segmento caudal do acetábulo, seriam ideais para a implementação
do tratamento conservador, a menos que tais fraturas não estejam provocando estenose
extrema do canal pélvico, o que viria no futuro acarretar numa constipação (DENNY e
BUTTERWORTH, 2006) ou ainda, no caso de fraturas retroacetabulares, atenção
18
especial deve ser dada nos casos onde haja suspeita de encarceramento do nervo
isquiático, sob pena de lesão déficit permanente do membro.
Certos tipos de tratamento conservador levam ao surgimento de escaras,
episódios tromboembólicos, cálculos renais, restrição prolongada de espaço e do
importante convívio social. Além de ser difícil conseguir por esse método, uma redução
ao menos satisfatória (LEITE et al. 1994).
Com a adoção do tratamento conservador, também poderá ocorrer uma
cicatrização indesejável, que levaria a uma ascensão e rotação externa do acetábulo,
causando um encurtamento e reposicionamento espacial anormal. Neste caso a marcha
do paciente torna-se claudicante por encurtamento, com o membro posicionado em
rotação externa (LEITE et al. 1994). Caso haja fratura associada no corpo do ísquio a
articulação coxofemoral tenderá a se manter instável (BRINKER, PIERMATTEI e
FLO, 2006). Na execução do procedimento cirúrgico, podem ser notadas algumas
intercorrências relacionadas a cada tipo de técnica aplicada. Uma complicação referente
ao uso de placas laterais em filhotes é a frouxidão dos parafusos usados (LANGLEYHOBBS, 2008). Isso pode se explicar pelo fato que ossos jovens, por possuírem uma
consistência naturalmente macia, estarão propensos a uma frouxidão prematura dos
parafusos aplicados (PALMER, 2009).
Depois de ocorrida a fratura e adotado o tratamento específico, poderão ocorrer
disfunções metabólicas como a não união, definida como um atraso na consolidação
óssea que não mostra sinais de evolução rumo à completa consolidação. Caso não seja
tomada alguma iniciativa para barrar o processo, ocorrerá a consolidação tardia ou não
união óssea (JOHNSON, 2004).
A compressão da linha de fratura é o que se deseja, embora nem sempre seja
possível devido à conformação das fraturas obliquas, o que poderia vir a causar um
19
processo de não união óssea como uma possível complicação decorrente do tratamento
cirúrgico inadequado (BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006).
Complicações relacionadas à técnica cirúrgica ainda podem ser uma
possibilidade, quando os princípios de anti-sepsia não são levados à risca. Durante a
correção de fraturas pélvicas de pacientes humanos, através do uso de uma técnica de
fixação externa, LEITE et al.(1994), relatou a ocorrência de infecção no trajeto dos
parafusos aplicados no aparelho de fixação.
A infecção do tecido ósseo, conhecida como osteomielite, é uma complicação de
difícil resolução, devido à má irrigação do tecido ósseo que não permite que fármacos
usados na antibioticoterapia tenham acesso ao foco da infecção (CAMPOS et al. 2008).
Durante a redução da fratura pode ocorrer a osteomielite secundária ou exógena,
que se limita apenas a área da lesão devido à resistência do periósteo sadio contra a
infecção, sendo que corpos estranhos contaminados usados na redução serão os grandes
causadores das osteomielites crônicas (STURION et al. 2006), desse modo é
indispensável adotar medidas em prol da profilaxia da infecção.
Tratamento conservador
O tratamento não cirúrgico inicia-se com a redução dos fragmentos por
manipulação ou palpação retal, aplicação de imobilizações que impeçam que o animal
sustente o peso sobre o membro comprometido, mantendo-o num confinamento em
gaiola (TARVIN e LENEHAN, 2005; BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006), ou em
20
repouso num canil por período de um mês, ou variando num período de dois a oito
semanas (CHUEIRE et al., 2004; DENNY e BUTTERWORTH, 2006).
Caso o animal não tenha capacidade de se manter em estação deve-se mantê-lo
sobre piso acolchoado com colchão de espuma de borracha, ou no caso dos grandes
animais pode-se confeccionar uma cama com generosa camada de palha o qual manterá
a pele limpa e longe da urina. Devem-se realizar mudanças periódicas de decúbito e
massagens manuais delicadas a fim de se evitar a ocorrência de escaras. Agentes
analgésicos devem ser administrados com regularidade e o animal deve ter sua micção e
defecação monitorados e auxiliados quando for preciso, pois em alguns casos, a bexiga
precisará de compressão manual ou cateterização. A sua movimentação deve ser restrita
por dois a três semanas e a partir daí deve ser encorajada, podendo ser usada uma toalha
sob o abdômen para auxiliá-lo a andar quando necessário (BRINKER, PIERMATTEI e
FLO, 2006; DENNY e BUTTERWORTH, 2006).
Estes cuidados devem estar associados sempre com o suporte necessário e
manejo higiênico do animal (TARVIN e LENEHAN, 2005)
Tratamento cirúrgico
Recentemente,
é
possível
notar
avanços
na
avaliação
do
paciente
politraumatizado e das técnicas de cirurgia ortopédica, o que faz atentar para uma
seleção apropriada da técnica cirúrgica a ser adotada em cada caso, a fim de se obter um
maior benefício em prol da recuperação do paciente (CHUEIRE et al., 2004).
21
Os tratamentos cirúrgicos mais importantes serão aqueles voltados para correção
de lesões ocorridas às áreas de apoio do peso, ou eixos da pelve, como a articulação
sacroilíaca, o acetábulo e o corpo do ílio, que irão necessitar de fixação (BRINKER,
PIERMATTEI e FLO, 2006; DENNY e BUTTERWORTH, 2006). Quando estas são
reduzidas e estabilizadas cirurgicamente, entre as primeiras 48h seguintes à ocorrência
da lesão, causarão certa redução simultânea das fraturas mais caudais (DENNY e
BUTTERWORTH, 2006). E a depender do alinhamento hemi-pélvico, as luxações
sacroilíacas poderão ser tratadas sem cirurgia (TARVIN e LENEHAN, 2005).
A intervenção cirúrgica é indicada também, para fraturas deslocadas do
acetábulo que atinja seu segmento cranial, e fraturas ipsilaterais de ílio, ísquio e púbis,
que causem grande instabilidade do acetábulo (DENNY e BUTTERWORTH, 2006). As
fraturas púbicas apenas entram para o grupo de tratamento cirúrgico quando mostram
extração violenta do tendão pré-púbico (TARVIN e LENEHAN, 2005).
Fraturas pélvicas múltiplas complicadas por fraturas dos membros e fraturas
pélvicas bilaterais envolvendo áreas de apoio do peso são de indicação cirúrgica
(DENNY e BUTTERWORTH, 2006). Para facilitar a conduta do cirurgião, no caso de
uma fratura tripla que envolva o sacroilíaco, ílio e acetábulo, a correção deve ser
realizada nesta mesma ordem. Se o ílio e acetábulo estão envolvidos, é necessário
reduzir e fixar o primeiro para dar estabilidade ao segmento cranial do acetábulo e assim
facilitar a sua redução e fixação. Nesses casos de fraturas múltiplas, é possível realizar
abordagens combinadas para poder fixar e reduzir melhor as fraturas (BRINKER,
PIERMATTEI e FLO, 2006).
Os candidatos para a correção cirúrgica ilíaca são aqueles que apresentam fratura
do corpo do ílio transversa ou obliqua que estejam deslocadas (JOHNSON e
DUNNING, 2005), ou possuam estreitamento do anel pélvico, fraturas em áreas do ílio
22
responsáveis pela sustentação do peso e casos onde ocorra um aprisionamento do nervo
ciático (LANGLEY-HOBBS, 2008). Assim, essa intervenção na pelve é a mais
realizada entre todos os tipos de lesões pélvicas, e dentre essas, as fraturas oblíquas
corpo do ílio são as mais comuns (BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006).
Para a correção poderão ser aplicadas placas, parafusos, ou até mesmo fios de
kirschner (CHUEIRE et al., 2004), em especial nos gatos, devido sua anatomia singular
que mostra corpo ilíaco relativamente plano (DENNY e BUTTERWORTH, 2006).
Dentre outros estão ainda os pinos, a fixação interfragmentar, ou ainda a combinação
entre essas técnicas (BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006).
Podem-se utilizar pinos no tratamento de fraturas ilíacas, sendo que os melhores
resultados são obtidos com o uso desta técnica nas fraturas proximais ou do corpo
médio do ílio de cães pequenos e gatos. Os segmentos distais ao corpo médio não
permitem normalmente que pinos atinjam uma extensão suficiente para que haja uma
boa estabilidade (TARVIN e LENEHAN, 2005). Além do uso dos pinos não ser tão
vantajosa como o tratamento com placas, essa técnica ainda se torna complicada pela
anatomia achatada do corpo do ílio e pela facilidade em atravessar facilmente a sua
cortical durante a aplicação. Essa técnica é indicada quando não se tem acesso ao
equipamento necessário para a técnica de revestimento ósseo (TARVIN e LENEHAN,
2005).
A aplicação de pinos e fios de cerclagem na correção cirúrgica de fraturas do
corpo do ílio mostra-se como uma técnica de substituição para a utilização de parafusos,
especialmente em pequenos animais no qual o tamanho do parafuso pode ser um
problema (BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006).
Como a fixação com placas domina a correção de fraturas ilíacas em caninos e
felinos (LANGLEY-HOBBS, 2008), e devido à experiência clínica mostrar que os
23
melhores resultados se obtêm através de sua utilização (BRINKER, PIERMATTEI e
FLO, 2006), pode-se encontrar uma vasta gama de informações relativas à sua aplicação
na literatura. Seu uso está sendo relatado como o método de fixação interna de melhores
resultados e maior praticidade.
Em relação ao tratamento das fraturas pélvicas, o prognóstico das ilíacas tratadas
cirurgicamente com placa é ótimo, sendo que 90% dos casos evoluem para uma boa
recuperação que ocorre por volta de três semanas, muito mais rápido que a média de
oito semanas prevista para a recuperação das tratadas por outras técnicas (DENNY e
BUTTERWORTH, 2006).
A aplicação de placas no ílio é bastante fácil e requer um pequeno inventário de
materiais, além de ser um ótimo meio de treinar o seu uso antes de se iniciar em ossos
longos (BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006).
Quando o corpo do ílio possibilita a aplicação de dois parafusos proximalmente
e distalmente, indica-se a técnica de revestimento ósseo como a melhor opção
(TARVIN e LENEHAN, 2005). É necessário colocar a placa com pelo menos três
parafusos no fragmento cranial e dois ou três (se o espaço permitir) no caudal
(JOHNSON e DUNNING, 2005). E para que se possa promover uma dissipação da
força do peso sobre a fixação das placas, devem-se implantar os parafusos no sentido
longitudinal do osso (ROEHSIG et al., 2008).
Teoricamente ao menos um parafuso deve ser aplicado através da asa do ílio
para a fixação da asa ou corpo do sacro para se conseguir um maior poder de
sustentação, tendo cuidado para não acessar o canal medular (JOHNSON e DUNNING,
2005; TARVIN e LENEHAN, 2005; BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006).
Para a escolha do tipo e do comprimento da placa óssea, deve-se levar em
consideração o contorno da área e a distância entre o acetábulo e a linha de fratura.
24
Quando há espaço suficiente, uma placa reta com seis perfurações para parafusos deve
ser aplicada sempre que possível, mas na prática, dois parafusos serão suficientes se
aplicados no segmento acetabular da fratura. No entanto, quando não ocorrer espaço
suficiente, poderão ser usadas placas em L, em T ou de reconstrução, mesmo que essas
placas com facilidade por serem finas (BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006.
PALMER, 2009).
Por ser um osso largo e chato, o ílio se mostra ideal para a aplicação desta
técnica, mas como a asa do ílio é fina os parafusos podem folgar facilmente
(BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006).
Uma fixação interna com placa é realizada quando há o risco de haver um
colapso da pelve, onde se deve modelar a placa ao contorno ósseo a fim de se
restabelecer o diâmetro normal do canal pélvico (ROEHSIG et al., 2008). Isso pode ser
conseguido com o uso da radiografia da hemipelve contralateral como guia (JOHNSON
e DUNNING, 2005; TARVIN e LENEHAN, 2005; BRINKER, PIERMATTEI e FLO,
2006; DENNY e BUTTERWORTH, 2006)
As placas devem possuir uma curvatura ligeiramente maior que a presente no
corpo do ílio. Isso é muito importante para repor o diâmetro normal do canal pélvico,
que freqüentemente entra em colapso no período pós-operatório devido à tendência dos
animais a se deitarem sobre o lado tratado cirurgicamente (BRINKER, PIERMATTEI e
FLO, 2006).
A correção da fratura ilíaca pela fixação de placa óssea dorsal ao acetábulo
permite uma menor possibilidade de ocorrer o afrouxamento de parafusos ou estenose
de anel pélvico, quando comparada à fixação lateral. Sendo assim, esta técnica está
diretamente ligada a uma menor incidência pós-operatória de constipação e megacólon
(LANGLEY-HOBBS, 2008). Se for necessária uma fixação mais dorsal ao acetábulo,
25
será preciso realizar um melhor acesso e abordagem dessa articulação (BRINKER,
PIERMATTEI e FLO, 2006).
Um acesso lateral é feito para abordar a fratura ilíaca, e uma placa contornando a
forma do ílio é aplicada para corrigir a fratura e restaurar o canal pélvico Quando a
localização da fratura for muito próxima ao acetábulo, ou estiver sobre a sua região
dorsal, pode-se usar placa reta ligeiramente contornada sobre sua curvatura dorsal, ou de
reconstrução para estabilizar e fixar os segmentos fraturados levando em conta a sua
peculiaridade em se permitir modelar em três dimensões (BRINKER, PIERMATTEI e
FLO, 2006).
Estudos sobre a mecânica de alguns casos de fraturas ilíacas têm demonstrado
que dois ou mais parafusos sextavados podem ser suficientes para estabilizar fraturas
oblíquas do corpo do ílio, quando o comprimento da linha de fratura for igual a duas
vezes o comprimento dorsoventral do ílio. As fraturas oblíquas curtas não permitem que
o parafuso seja introduzido de forma a se obter um ângulo ideal para fixação da fratura.
(BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006).
Na medicina humana, a técnica de fixação externa de fraturas na bacia, se mostra
como a técnica de eleição para os casos que apresentam grandes desvios e agravantes do
estado do paciente (LEITE et al. 1994). Com essa técnica, é alcançada de maneira mais
eficaz a redução de fraturas pélvicas através da aplicação de fixadores externos, que
facilitam a mobilização e estabilização precoce do paciente (CHUEIRE et al., 2004).
Uma técnica alternativa foi descrita por Roehsig et al. (2008), e se baseia na
fixação das fraturas ilíacas com a utilização de parafusos, fio de cerclagem e cimento
ósseo de polimetilmetacrilato (PMMA). Este ainda relatou que quando possível pode-se
aplicar parafuso para osso esponjoso ou osso cortical através da articulação sacroilíaca
para prover uma melhor ancoragem e fixação do cimento ósseo do biomaterial.
26
Técnicas cirúrgicas
Seguindo para a execução da técnica, se tornará necessário realizar a redução da
fratura, que se resume numa combinação entre alavancagem, rotação e tração, onde o
segmento caudal deve ser alavancado de uma posição medial até que se possa retirá-lo
debaixo da porção cranial do corpo do ílio, podendo esse procedimento ser auxiliado
pela utilização de uma pinça de fixação óssea aplicada sobre o trocanter maior ou na
tuberosidade isquiática, caso não haja fraturas de ísquio, para que se permita efetuar
uma tração caudal e redução da fratura. A redução e fixação aplicadas dependerão do
método de correção adotado (BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006).
Fixação com placa - Antes e durante a fixação dos parafusos na porção cranial
da placa, realiza-se tração lateral sobre o trocanter maior fixado por pinça óssea de
Lewin, e medial na porção cranial da placa para que se obtenha a redução necessária da
fratura. Também é possível usar pinça óssea de Lewin ou pino IM na tuberosidade
isquiática, para poder efetuar tração caudal e rotação pélvica. Após a redução pode-se
estabilizar o foco da fratura com pinça de apreensão óssea de Verbrugge, ou assistente
para manter a redução enquanto se aplica a placa. Em seguida passam-se os parafusos
sobre a placa que foi modelada acima dos contornos ósseos, para que seja permitido
fixar a fratura inicialmente no segmento caudal do ílio. Para afastar caudalmente a
porção acetabular do ílio deve-se usar pinça de Kern, e para se manter reduzidas os
fragmentos de fraturas oblíquas longas do corpo ilíaco, são usadas pinças de redução
pontiagudas. Usa-se um elevador de periósteo como alavanca para facilitar a redução de
fraturas transversas. Para que se possa manter a redução e promover a lateralização dos
27
fragmentos caudais fraturados, pressiona-se a porção cranial da placa contra os
segmentos ilíacos. A estabilização da fratura será realizada prendendo a placa no
segmento cranial para a fixação dos parafusos (JOHNSON e DUNNING, 2005;
TARVIN e LENEHAN, 2005; BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006).
Fixação com pinos - Para a correção da fratura ilíaca na qual se usa a técnica de
fixação com pinos, o pino deverá ser inserido na face dorsomedial cranial da crista
ilíaca no fragmento proximal, seguindo para baixo até atingir o interior do fragmento
distal. Ao se proceder esta técnica deve-se usar um pino idêntico para conferir a
distância percorrida, palpar a articulação coxofemoral em busca de alterações que
indiquem mal posicionamento do pino que caso tenha ocorrido deve ser recuado. É
importante aplicar mais dois pinos com o objetivo de promover uma melhor
estabilização rotacional e angular. Essa técnica pode ser auxiliada pela utilização de
hemicerclagem com fio de aço para estabilização do corpo médio do ílio, sendo
apertado o suficiente para se conseguir uma boa compressão interfragmentar. O fio pode
ser colocado em torno das pontas expostas dos pinos ou entre dois parafusos curtos
fixados no corpo do ílio. (TARVIN e LENEHAN, 2005; BRINKER, PIERMATTEI e
FLO, 2006).
Fixação com parafusos - É realizada uma abordagem lateral para expor o corpo
do ílio, o músculo ilíaco é elevado para a borda ventral do ílio e afastado medialmente
por um afastador de Hohmann para que se permita a perfuração do corpo do ílio. Caso o
animal seja demasiadamente musculoso ou obeso, o que dificulta a angulação ideal para
proceder a perfuração, um pino intramedular liso poderá ser passado para perfurar o
orifício do parafuso, desde que o pino possa ser inserido no osso exposto depois de se
28
ter passado pelos tecidos moles no ângulo necessário. Um parafuso para ossos
esponjosos pode ser usado se as suas roscas não passarem através da linha de fratura, no
entanto, um parafuso de ossos corticais pode ser usado com o auxílio de um guia para
perfurações. Os parafusos auto atarraxantes também podem ser úteis, pela facilidade de
serem introduzidos em vários ângulos (BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006).
Fixação com cimento ósseo de polimetilmetacrilato e parafusos - Nessa
técnica utiliza-se a abordagem lateral usando instrumentos ortopédicos para auxiliar a
redução dos fragmentos. Uma perfuratriz cria dois a três orifícios para a inserção dos
parafusos no corpo do ílio em cada segmento fraturado, seja no sentido longitudinal ou
transverso do osso, espaçados entre si duas ou três vezes o diâmetro do parafuso. Os
Parafusos tiveram expostos cinco ou 10mm de seu comprimento, acima do osso cortical
que foram inseridos. Uma cerclagem em banda de tensão foi aplicada entre os parafusos
mais proximais ao foco da fratura para se obter redução cirúrgica mais fácil. O cimento
ósseo à base PMMA preparado segundo recomendações do fabricante, sofreu adição de
1g de cefazolina sódica liofilizada para cada 20g de polímero. A mistura é aspirada por
uma seringa plástica esterilizada, e aplicada sobre e entre os parafusos. Uma irrigação
com solução fisiológica estéril deve ser realizada quando iniciar a reação exotérmica
para ajudar a dissipar o calor. Com a consolidação do cimento ósseo, repete-se a
irrigação e se procede a síntese dos tecidos como se faz rotineiramente usando fio de
mononáilon (ROEHSIG et al., 2008).
29
Cuidados trans-operatórios
Como medidas preventivas a serem administradas durante o ato operatório, estão
a necessidade de se proceder com cautela a perfuração, evitando o aprofundamento
excessivo do instrumental, ou manipulação em excesso durante a medição e aplicação
dos parafusos a fim de se evitar lesões às estruturas do aspecto mediais do ílio, como o
nervo ciático e o reto. Já durante a aplicação de parafusos no sacro através da asa do ílio
deve-se prevenir contra um acesso acidental do canal medular (JOHNSON e
DUNNING, 2005; TARVIN e LENEHAN, 2005).
Para a antibioticoterapia profilática dos casos de fraturas simples podem ser
usadas cefalosporinas de primeira geração, nas primeiras 24h, enquanto que para as
fraturas expostas poderão ser usadas uma associação de aminoglicosídeos por 48 horas
(GIORDANO et.al., 2007).
Cuidados pós-operatórios
Como recomendações de tratamento pós-operatório, encontram-se a necessidade
de avaliar a função dos nervos femorais, sensação na área perineal e o tono anal e
vesical devendo-se repeti-los periodicamente, pois os exames imediatos após o trauma
podem trazer resultados errôneos (TARVIN e LENEHAN, 2005)
O grupo de animais tratados conservadoramente deve ser acompanhado
periodicamente, deve-se permitir andaduras limitadas para que o animal possa defecar e
urinar quando a fratura se mostrar estável à manipulação e palpação, e no entanto, devese desencorajar o retorno completo às atividades antes que se tenha completado seis
30
semanas ou mais de tratados, mesmo que não haja evidências de instabilidade ao
proceder palpações e manipulações (TARVIN e LENEHAN, 2005)
Também se recomenda o confinamento do animal e limitação das atividades
com grilhões nos membros posteriores até que a fratura esteja curada (JOHNSON e
DUNNING,2005).
Deve-se manter alerta para a realização de radiografias ventrodorsais e
hemipelvicas oblíquas no pós operatório para se acompanhar os implantes e a
recuperação da fratura, podem ser repetidas em intervalos de seis semanas (JOHNSON
e DUNNING,2005; TARVIN e LENEHAN, 2005)
Em síntese, o acompanhamento de enfermagem, o repouso numa cama
apropriada, o confinamento por volta de duas a três semanas e a avaliação física e
radiografia serão importantes para que se possa determinar a necessidade de
confinamento adicional a depender da evolução do paciente (TARVIN e LENEHAN,
2005).
Complicações pós-operatórias
Em decorrência da intervenção cirúrgica podem ocorrer complicações como a
osteomielite. Para a remissão de seus sinais, deve-se proceder a coleta do material e
execução de antibiograma, antibioticoterapia específica contra a infecção, raspagem do
seqüestro ósseo e aplicação de nitrofurazona e açúcar sobre as lesões causadas pelas
fístulas (STURION et al.,2006).
Enquanto que num caso de paresia de posteriores devido provável lesão
neurológica secundárias ao tratamento cirúrgico STURION et al., (2006), iniciou
tratamento com dimetil sulfoxido (dmso) a 20% na dose de 4ml/kg por via iv, no qual
31
conseguiu remissão dos sinais de edema e dor, onde o animal pode retornar a
movimentar-se logo após a primeira aplicação.
Ainda assim as neuropatias sensoriomotoras iniciais completas mostram
prognóstico pior (50% de recuperação) do que as neuropatias parciais (TARVIN e
LENEHAN, 2005)
Uma claudicação que persiste no pós-operatório pode também ser causada por
uma má organização espacial do acetábulo e a cabeça do fêmur em relação à pelve, após
a osteossíntese. O que causará uma incongruência da articulação, e será responsável
pela dor ou até doença articular degenerativa a médio e longo prazo (ROEHSIG et al.,
2008).
Deve-se imperar a cautela quando usadas placas laterais ao ílio nos felinos, pois
estas levam a uma grande incidência de afrouxamento dos parafusos. Ainda nesta
espécie, a permanência do estreitamento do canal pélvico acima de 45% estará
diretamente relacionada a constipações reincidentes (LANGLEY-HOBBS, 2008).
Resultados esperados
As fraturas pélvicas têm um excelente prognóstico com a maioria dos
tratamentos adotados nos cães (PALMER, 2009), e a evolução após a conduta
conservadora é geralmente satisfatória onde o retorno à função ocorre, embora seja
incerto para os animais de performance (BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006).
Alguns casos de desalinhamento e/ou instabilidade dos fragmentos da fratura
pélvica podem evoluir para um maior período de recuperação, estenose do canal pélvico
e até uma limitação de movimentos da articulação coxofemoral (DENNY e
BUTTERWORTH, 2006).
32
Alguns animais podem ser capazes de se levantar em torno de um ou dois dias,
ou uma a duas semanas no caso das fraturas múltiplas quando se adota o tratamento
conservador (BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006).
Para um bom restabelecimento pós-operatório, medidas como a fisioterapia
podem ser adotadas com o objetivo de readquirir o tônus e trofismo muscular, liberar
cadeias musculares encurtadas, reeducar a marcha e normalizar a artrocinemática,
devolvendo a funcionalidade ao paciente prematuramente (RODRIGUES e OLIVEIRA
FILHO, 2003; CISILIO, SILVA e CARREIRA, 2007; MUZZI, REZENDE e MUZZI,
2009)
Em seu estudo, Roehsig et al. (2008), encontrou animais com parcial sustentação
do peso após sete dias de realização da cirurgia, cães usando o membro normalmente
com 30 dias de operados, mostrando apenas claudicação discreta ao correr.
Durante a avaliação radiográfica pós-operatória, efetuada 30 dias de pós
cirúrgico, Roehsig et al (2008) notaram reação periosteal cortical da linha de fratura do
ílio medial de todas as osteossínteses. Enquanto que nas avaliações entre os dias 60 e 90
houve radiopacidade das áreas citadas com envolvimento completo por calo ósseo. No
qual esses autores atribuíram à rígida estabilização, precoce retorno da atividade
funcional do osso a vastidão muscular adjacente como fatores ligados à promoção de
adequada irrigação sanguínea. O que faz com que esses resultados estejam de acordo
com a informação de que o tempo de cicatrização dos ossos da pelve é o mesmo do
requerido para cicatrização dos outros ossos do corpo (BRINKER, PIERMATTEI e
FLO, 2006).
Os resultados esperados são uma recuperação óssea que varia por volta de seis a
12 semanas, sendo que no geral os animais têm um excelente retorno as suas atividades.
33
As placas não são removidas, exceto se houver alguma complicação no implante
(JOHNSON e DUNNING, 2005).
34
3. USO DA BRAÇADEIRA DE NÁILON
A braçadeira, fita de náilon (poliamida), é um sistema projetado para uso na
engenharia elétrica no envolvimento de cabos de forma rápida e segura. É facilmente
encontrada em lojas de material eletro-eletrônico e foi inicialmente desenvolvida para o
uso eletro-hidráulico. Trata-se de um dispositivo flexível e elástico, com eficiente
sistema autotravante em sua extremidade. Este é contínuo a uma haste tipo fita, que
apresenta saliências transversais em suas superfícies, que tornam irreversível a redução
do diâmetro da alça quando esta se insere no sistema, evitando o escape e posterior
afrouxamento (HOLLINGSWHORT, 1998; SILVA, et. al., 2007; COSTA NETO et al.,
2009; SORBELLO et al., 1999; RABELO et al., 2008).
É um dispositivo pequeno, atóxico, de fácil manipulação e aplicação, baixo
custo e resistente à tração, ao desgaste, ao ataque de produtos químicos e à temperatura
de 130ºC, apesar de ser indicada para o trabalho contínuo na faixa de temperatura de 40ºC a 85ºC (CASTRO et al., 2004; COSTA NETO et al., 2009; HOLLINGSWHORT,
1998; SORBELLO et al., 1999; SILVA et al., 2009; MIRANDA et al., 2006). Sorbello
et al. (1999), afirmam que a braçadeira de náilon é resistente à temperatura de até 260°C
e considera a temperatura de 230°C como sendo a sua temperatura ideal.
Devido as suas características de simplicidade, segurança e economia, a
braçadeira de náilon tem sido muito utilizada, após esterilização, em diversos
procedimentos cirúrgicos, como método hemostático nas ovariectomias e na ligadura do
cordão espermático das diferentes espécies animais, bem como na ressecção hepática ou
pulmonar com a finalidade de minimizar a perda sanguínea. Além disso, esse
dispositivo pode ser utilizado como elemento apresentador de diferentes órgãos como o
35
brônquio, pulmão, alças do intestino delgado e do cólon, do apêndice cecal, de
estruturas da transição esôfago-gástrica e ainda de vasos de médio e grande calibre
(SILVA et al., 2009, COSTA NETO et al., 2009; SORBELLO et al., 1999).
Atualmente, tem sido utilizada em cirurgias ortopédicas, tanto na medicina
humana quanto na veterinária, auxiliando na redução ou imobilização de fraturas e na
estabilização e fechamento da ferida antes da implantação do cimento acrílico na
fixação externa, tornando-se uma alternativa viável para a fixação de ossos longos
quando associada à pinos intramedulares e placas, pois permite um adequado ajuste ao
local da fratura, devido a sua flexibilidade e facilidade de manuseio, além de facilitar a
justaposição dos fragmentos ósseos, o que é considerado uma das principais manobras
realizadas na redução de fraturas em ossos longos (SILVA et al., 2009; MIRANDA et.
al., 2006; CARRILLO et al.; 2005, KIRBY & WILSON, 1991).
SILVA et al, (2009), utilizaram a braçadeira de náilon na redução de fratura de
tíbia em dois cães. Elas foram empregadas após a redução da fratura com o intuito de
manter o seu alinhamento. Após a imobilização com placa e parafusos, esses
dispositivos foram removidos do fragmento ósseo. Os autores concluíram que a
braçadeira de náilon mostrou-se eficiente na estabilização do alinhamento da fratura
antes da aplicação da placa, mantendo o travamento adequado durante a cirurgia, o que
facilitou o procedimento cirúrgico ortopédico.
Dessa maneira, as braçadeiras de náilon têm sido utilizadas na redução
temporária da fratura durante a aplicação da fixação permanente, sendo removidas do
organismo antes do fechamento da ferida cirúrgica. Em condições experimentais, têm
sido utilizadas, juntamente com pinos intramedulares, em substituição à cerclagem com
fio de aço inoxidável, apresentando como vantagens a praticidade na sua aplicação e
36
menor injúria causada ao tecido mole circunvizinho (MIRANDA et. al., 2006,
CARRILLO et al., 2005, KIRBY & WILSON, 1991).
Carrillo et al. (2005), as utilizaram, associadas a pino intramedular, na reparação
de fraturas oblíquas do fêmur em doze coelhos, no qual verificaram retorno satisfatório
a função do membro e mobilidade articular 48 horas após o procedimento cirúrgico. À
avaliação radiográfica pós-operatória imediata verificou-se redução completa das
fraturas. Outras radiografias foram realizadas no sétimo, 14º, 28º e 56º dia após a
cirurgia e constatou-se no 14º dia a formação óssea ao redor da braçadeira de náilon. No
28º dia, houve completa cicatrização da fratura, reparação muscular e a braçadeira de
náilon foi observada como um esboço radiolúcido localizado abaixo do calo ósseo, que
se tornou mais evidente no 56º dia, no qual houve remodelação da fratura e reabsorção
do calo ósseo e lamelar. Sendo assim, os autores concluíram que a braçadeira de náilon
pode ser facilmente aplicada na estabilização de fraturas de fêmur em coelhos, quando
combinadas com pinos intramedulares, não interferindo na cicatrização da fratura.
Miranda, et. al. (2006), em seu estudo avaliaram a resistência à tração da
braçadeira de náilon através de testes de esforço físico e a sua utilização como
cerclagem na redução de fraturas oblíquas de fêmur em cães. De acordo com as
características de baixo custo, resistência à tração, facilidade de aplicação e manuseio e
ajuste adequado ao local da fratura, os autores recomendam a utilização da braçadeira
de náilon como método alternativo favorável para redução de fratura oblíqua de fêmur,
uma vez que não foi relatado a ocorrência de rompimento e nem afrouxamento do
dispositivo durante o período trans-cirúrgico, confirmando a resistência do dispositivo à
tração verificada nos testes de esforço físico realizados no experimento.
Kirby & Wilson (1989), afirmam que a braçadeira possui menor resistência
quando comparada ao fio de aço, exceto nos casos de fixação temporária de fraturas
37
intra-operatórias. No seu estado seco, apenas as braçadeiras de no mínimo 7,6 mm de
largura foram capazes de igualar a resistência tênsil do fio de aço com 1,2 mm de
diâmetro. Segundo os autores, a braçadeira perde resistência tênsil e na fragilidade do
mecanismo de travamento, tornando-se mais flexível e partindo casualmente ao serem
apertadas, quando imersas em solução salina por 24 horas, com o intuito de simular o
ambiente fluido do corpo. Após a imersão em solução salina por 24 horas, somente as
braçadeiras de 7,6 mm suportaram cargas de pico iguais às geradas no fio de aço de
calibre 20 (0,8 mm) com nó torcido.
No entanto, na medicina humana, a braçadeira de náilon tem sido utilizada na
cerclagem de fraturas de ossos longos em idosos com osteoporose ou como um
dispositivo suplementar à fixação por placa e parafusos.
Sua utilização tem sido
recomendada para redução dos fragmentos triturados e auxilio na imobilização do
dispositivo de fixação principal no fêmur osteoporótico ou com alguma prótese,
mostrando-se eficaz, evitando o colapso do córtex subjacente debilitado, sem causar
avascularidade cortical. Não tem sido relada falha na aplicação das braçadeiras de
náilon e seu uso tem facilitado e reforçado a fixação interna de fraturas do fêmur de
idosos pode ser fácil (PARDO, 1998; TOUNTAS, 1990).
Durante o procedimento cirúrgico, após a aplicação da braçadeira, o corte de sua
haste deve ser realizado transversalmente ao seu eixo longitudinal, logo após o seu
sistema de autotravagem, com tesoura de corte preciso, a fim de se evitar lesões à
estruturas adjacentes devido à presença de resquícios do material deixadas pelo corte
impreciso do mesmo. A utilização dos dedos em torno da braçadeira para fixar o
sistema de autotravagem da braçadeira é o suficiente para causar oclusão circular
perfeita, não sendo necessário a utilização de instrumentos cirúrgicos como porta
38
agulhas ou pinças de apreensão, pois estes causam deformidade e inviabilização do
sistema (COSTA NETO et al., 2009).
39
4. USO DO CIMENTO ÓSSEO DE POLIMETILMETACRILATO (PMMA)
O cimento ósseo de polimetilmetacrilato é um produto mais elaborado no qual é
composto pelo substrato em pó, o polímero, e a sua porção líquida, o monômero, que se
unem através da reação química de polimerização, sendo esses componentes chamados
de polimetilmetacrilato (PMMA), componentes estes que são a base química de todos o
cimentos ósseos disponíveis no comercio (MENDES et al,2006).
Estes biomateriais podem estar incorporados com antibióticos como a
gentamicina, a vancomicina, a clindamicina, a cefalotina, a tobramicina, a eritromicina e
a oxicilina, que tem a finalidade de evitar a formação de biofilmes sobre a superfície do
implante. E ainda assim, a eficácia desses fármacos associados é questionada, por que
são expostos a uma reação exotérmica que pode atingir até 90ºC por 10 minutos, alem
de ficarem possivelmente inertes no interior do cimento enrijecido (CAMPOS et
al.,2008).
Uma vasta gama de substâncias pode ser associada a sua composição para que
sejam aprimoradas suas características térmicas, mecânicas e biológicas (MENDES,
2006). Estudos atuais citam a adição de polietileno de alto peso molecular (FOOK et al,
2007), fibra de carbono com fosfato de cálcio (SANTOS et al., 2005), hidroxiapatita
(SOUSA et al., 2006), acetato de cálcio e alcoxissilanos (SUGINO, OHTSUKI e
MIYAZAKI, 2010) trazendo bons resultados.
Informações sobre a biocompatibilidade desses polímeros são essenciais para
que seja otimizada a sua função e minimizados os riscos decorrentes de um mau uso.
Pois, quando o implante é aplicado sobre o tecido vivo, ocorrerá em seqüência uma
sucessão de eventos histoquímicos e celulares que irão influir na intensidade da resposta
do tecido (MARIOLANI, BELANGEO e ARRUDA, 1993).
40
De acordo com Lima Netto e colaboradores (2009), o tipo proliferação celular
provocada pelo implante, leva a supor que não há reações de rejeição a corpo estranho,
sendo o PMMA um estímulo à cicatrização quando em contato com tecidos moles.
Num estudo realizado por Yamazoe et al. (1994), observou-se que o PMMA não
causava necrose, que o suprimento sanguíneo das extremidades fraturadas se
restabelecia em duas semanas e havia apenas à alteração na formação do calo ósseo.
Alievi et al, (2008), relata a dissipação do calor durante a reação exotérmica do PMMA
com solução fisiológica como conduta ideal para minimizar as lesões térmicas não
evidenciadas em seu estudo.
Para elucidar os mecanismos envolvidos no processo de cicatrização óssea
associada ao uso do polímero ósseo de poli-metil-metacrilato, Barbos et al. (1991),
através de seus estudos, determinaram que ocorre necrose no osso em contato com o
PMMA numa etapa inicial, sendo em seguida substituída essa região lesionada por um
remodelamento ósseo intenso e formação de tecido fibroso na região adjacente ao
biomaterial, e finalmente um remodelamento ósseo forma uma casca em torno do
cimento ósseo com trabéculas novas irradiando para o córtex.
As células presentes ao redor do implante devem permitir a incorporação do
implante no tecido com o tempo, e mesmo que os implantes compostos porosos
biocompatíveis tragam vantagens como a osteoindução e osteocondução, poderão trazer
complicações com o tempo devido suas propriedades mecânicas, assim como ocorre
quando são aplicados em próteses de maneira que venham a suportar cargas (SOUSA et
al., 2006).
No ato da confecção do implante, é necessária a preparação de sua superfície de
forma que venha a ser dificultada a formação de biofilmes bacterianos, embora ainda
seja permitida a adesão aos ossos, músculos ou epitélio. Este ainda, não deve gerar
41
reações de encapsulamento ou levar a formação de fibrose entre o implante e o tecido
hospedeiro (CAMPOS et al.,2008).
A profilaxia da infecção cirúrgica não deve ser negligenciada por que podem ser
encontradas formações de biofilme bacteriano na superfície de implantes de PMMA que
sofreram contaminação no ato operatório, onde são mais freqüentes a presença de cepas
de Staphilococcus aureus e Staphilococcus epidermidis (CAMPOS et al.,2008).
É vantajosa a aplicação do cimento ósseo em função da característica que possui
de permitir a formação de camadas de tecido conectivo fibroso entre a superfície do
implante e a musculatura adjacente. Isso ocorre como uma resposta do organismo ao
corpo estranho, no qual há uma deposição de fibroblastos e infiltração de macrófagos ao
redor do implante (SUGINO, OHTSUKI e MIYAZAKI, 2010).
42
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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52
Artigo científico
OSTEOSSÍNTESE ILÍACA COM BRAÇADEIRA DE NÁILON E CIMENTO
ÓSSEO DE POLIMETILMETACRILATO
ESTUDO EXPERIMENTAL EM CADÁVERES DE CÃO
Resumo
As fraturas do corpo ilíaco geralmente decorrem de traumas de grande impacto.
Estas levam a um déficit locomotor, e em casos específicos necessitam de correção
cirúrgica. Dentre as vertentes terapêuticas disponíveis, a utilização de implantes é a
mais vantajosa. Com esse trabalho, buscou-se desenvolver em cadáveres de cães, uma
técnica de redução e fixação de fratura ilíaca empregando-se braçadeiras de náilon e
cimento ósseo de polimetilmetacrilato. Para tanto foram empregadas 16 hemipelvis de
oito cadáveres de cães, que tiveram o corpo do ílio fraturado em sentido transversal e
posteriormente reduzidos e fixados pelo método proposto. Após a realização de
manobras cirúrgicas para a definição do número e melhor ângulo para fixação das
braçadeiras, concluiu-se que o seis destas, distribuídas equitativamente entre os
fragmentos ósseos eram adequadas para proporcionar o realinhamento dos segmentos
ósseos e servir de superfície de contato para fixação do biomaterial. A técnica
desenvolvida em cadáveres mostrou-se de fácil execução, eficaz na redução,
alinhamento e estabilização da fratura produzida, sugerindo-se assim, estudos “in vitro”
para avaliar a resistência da imobilização e sua funcionalidade em casos patológicos.
53
INTRODUÇÃO
As fraturas pélvicas, freqüentemente, estão relacionadas a traumas de grande
impacto, associados ou não a outras alterações sistêmicas. Estima-se representar cerca
de 20% a 30% de todas as fraturas que ocorrem nos cães, das quais as ocorridas no
corpo do ílio possuem maior representatividade tanto pela maior ocorrência quanto
morbidade (TARVIN e LENEHAN, 2005; BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006;
DENNY e BUTTERWORTH, 2006).
O estabelecimento de uma conduta terapêutica adequada e eficiente é de crucial
importância. Para tanto, os tratamentos clínico e cirúrgico devem ser instituídos
segundo informações trazidas pela anamnese, exame clínico e diagnóstico por imagem.
O tratamento clínico conservador aborda as técnicas de contenção do membro pélvico
e/ou a restrição de espaço do animal associados ao suporte terapêutico (TARVIN e
LENEHAN, 2005; BRINKER, PIERMATTEI e FLO, 2006). A intervenção cirúrgica
que de forma geral foca-se na abordagem, redução e estabilização da fratura, utiliza de
implantes metálicos como placas, pinos e parafusos associados ou não a cimentos
ósseos (JOHNSON e DUNNING,2005; TARVIN e LENEHAN, 2005; BRINKER,
PIERMATTEI e FLO, 2006).
Roehsig et al. (2008), para osteossintese ilíaca de dezesseis cães empregou a
associação de parafusos, fios de aço e cimento ósseo de polimetilmetacrilato. Segundo
os autores , esta técnica mostrou-se eficiente, proporcionando adequada estabilidade,
precoce recuperação funcional e cicatrização óssea.
As braçadeiras de náilon (poliamida) em virtude de suas características de
flexibilidade, resistência, segurança e economia, têm sido amplamente empregadas
54
como recurso cirúrgico, particularmente como método hemostático e ortopédico. Na
ortopedia, mostram-se adequadas para redução e estabilização de fraturas de ossos
longos (MIRANDA et. al., 2006; CARRILLO et al.; 2005).
Tomando como base a técnica relatada Roehsig (2008) buscou-se a reprodução
da mesma substituindo o uso dos parafusos e fio de cerclagem por braçadeiras de
náilon, levando em consideração todos os princípios e vantagens envolvidos na adoção
desse método corretivo.
Com isso, este trabalho teve como objetivo desenvolver técnica cirúrgica para
osteossíntese ilíaca em cadáveres de cães, empregando-se braçadeiras de náilon
associada ao cimento ósseo de polimetilmetacrilato.
MATERIAIS E MÉTODOS:
Foram utilizados oito cadáveres de animais da espécie canina, que vieram a
óbito por causas naturais, sem distinção de raça, peso, ou causa mortis, oriundos da
rotina do Hospital de Medicina Veterinária (HOSPMEV), da Escola de Medicina
Veterinária da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Para maximizar o uso dos cadáveres, os procedimentos cirúrgicos foram
executados seqüencialmente nas duas hemipelvis. Para mimetizar um procedimento
cirúrgico de rotina, todos os princípios de assepsia foram seguidos. Após assepsia e
preparação do campo cirúrgico, a abordagem ao corpo do ílio foi realizada tendo-se
como base as técnicas de acesso lateral e de tenotomia dos músculos glúteos, ambas
preconizadas por Piermattei (1993).
55
Com a exposição óssea, o fio de serra foi passado através da face medial da
diáfise ilíaca, posicionado transversalmente e acionado para que se produzisse uma
fratura transversal (Figura 1A e 1B). Resquícios ósseos foram removidos com auxílio de
uma cisalha de Liston.
Prossegue-se com duas perfurações em cada fragmento ósseo, com
aproximadamente 0,5cm da linha de fratura e eqüidistantes entre as bordas ventral e
dorsal do corpo do ílio. Para tanto, utilizou-se perfuratriz com broca de aço cirúrgico de
3mm, sob pressão medial e irrigação contínua com solução salina 0,9%. Durante o
procedimento foi utilizado um elevador de periósteo sob a face medial do corpo do ílio,
para proteger os tecidos adjacentes.
Seis braçadeiras de náilon incolores, nas dimensões de 2,5mm X 100mm, foram
empregadas para redução e fixação dos fragmentos ósseos. Quatro foram inicialmente
inseridas nos orifícios, no sentido latero-medial do corpo do ílio, envolvendo as bordas
dorsal e ventral respectivamente de modo que o sistema de travas da braçadeira
repousasse em íntimo contato com o orifício produzido no corpo do ílio (Figura 1C).
Foram parcialmente travadas, e serviram de base para fixação das duas braçadeiras
restantes, colocadas paralelas ao eixo longitudinal do corpo do ílio (Figura 1D). A
partir daí, todos os sistemas de travas foram gradualmente acionados e totalmente
fechados, proporcionando o realinhando dos fragmentos ósseos.
Ato contínuo, realizou-se a mistura do cimento ósseo de polimetilmetacrilato e
em estado semi-sólido, foi aplicado com o auxílio de uma seringa de 20 ml, de modo a
preencher toda superfície da face lateral do corpo do ílio e envolver os sistemas de
travas das braçadeiras (Figura 1E e 1F). Compressas de gaze e irrigação com solução
56
fisiológica foram utilizadas no campo cirúrgico para proteger as estruturas adjacentes
durante a fase de reação exotérmica de polimerização.
A síntese dos tecidos teve início com a tenorrafia dos glúteos profundo, médio e
superficial empregando-se pontos em x com mononáilon 2-0. A redução do espaço
morto foi feita com ponto simples separados e sutura intradérmica a pele com pontos
separados, também se empregando o mononáilon 2-0.
Para avaliar a estabilidade do foco de fratura empregou-se teste subjetivo de
mobilidade, que consistiu no uso de forças contrarias exercidas entre o segmento
acetabular e o segmento sacroilíaco, no sentido dorso-ventral e látero-medial, logo após
a aplicação das braçadeiras e após o enrijecimento do cimento
Para verificar os graus de coaptação e alinhamento dos fragmentos ósseos, os
cadáveres foram submetidos a exame radiográfico, abordando-se a região pélvica nas
incidências latero-lateral e ventro-dorsal, logo após a confecção da fratura e ao final do
procedimento cirúrgico unilateral.
57
Figura 1: Imagens fotográficas do procedimento cirúrgico. A: afastamento
dos músculos glúteos e passagem do fio de serra Gigli sob o corpo
do ílio. B: Corpo do ílio fraturado. C: colocação das braçadeiras
nos 4 orifícios. D: fixação das duas braçadeiras restantes,
colocadas paralelas ao eixo longitudinal do corpo do ílio. E F:
cimento ósseo de polimetilmetacrilato ainda em estado semisólido, aplicado com o auxílio de seringa de 20 ml, envolvendo os
sistemas de travas das braçadeiras.
58
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tendo como base a técnica proposta por Roehsig et al. (2008), usada para a
osteossíntese de fraturas ilíacas aplicando parafusos, fio de cerclagem e cimento ósseo
de polimetilmetacrilato, e observando os bons resultados do uso da braçadeira de náilon
na Ortopedia Veterinária (CARRILHO et al., 2005; MIRANDA et al., 2006;
FIGUEIREDO e TUDURY, 2009), objetivou-se testar o uso de braçadeiras de náilon
como uma alternativa para osteossíntese desse tipo de lesão.
Em princípio, presumiu-se que as braçadeiras de náilon poderiam promover uma
satisfatória coaptação dos fragmentos, ao mesmo tempo em que, serviriam de superfície
de contato para a adesão do referido biomaterial. Para confirmar tal suposição,
inicialmente alicerçada pela fundamentação teórica, optou-se pelo uso de cadáveres.
Além de respeitar os conceitos de bem estar e minimizar o uso de animais, a
utilização de cadáveres como modelo experimental permitiu a adequação da técnica em
suas variações no protocolo cirúrgico sem que houvesse riscos caso utilizássemos
pacientes clínicos. Assim como especificado pelos princípios éticos da experimentação
animal descritos por Pereira, Silva e Romeiro (1998), este trabalho prosseguiu
conduzido pela sensibilidade, bom senso e boa ciência para que os cadáveres pudessem
ser utilizados de forma respeitosa, segura e produtiva.
Roehsig et al. (2008), para a abordagem de fraturas ilíacas empregaram o acesso
lateral do corpo ilíaco
descrito por Piermattei (1993), constatando uma adequada
visualização das fraturas craniais à inserção do músculo reto femoral. No entanto, no
presente estudo esta abordagem foi associada à tenotomia dos músculos glúteos,
59
também descrita por Piermattei (1993), empregando-se adicionalmente suturas de
arrimo para rebatimento dorsal das estruturas musculares.
Além de permitir uma
melhor visualização das estruturas de importância cirúrgica e facilitar a realização de
manobras para confecção das fraturas e sua posterior redução e realinhamento, com essa
associação não foram evidenciadas lesões iatrogênicas aos músculos abordados como
evidenciado por Roehsig et al. (2008).
Para produção da fratura, no inicio do estudo, empregou-se osteótomo, porém
em virtude de irregularidades na linha de fratura, que provocaria uma grande variação,
optou-se pelo emprego do fio de serra Gigli. Seu uso permitiu a padronização do estudo
nas hemipelvis.
Tendo-se como referência a técnica empregada por Roehsig et al. (2008) (Figura
2A), em um primeiro momento, para síntese dos fragmentos ósseos, buscou-se aplicar
as braçadeiras em número de quatro, inseridas através de orifícios dispostos
eqüidistantes e distribuídos longitudinalmente ao corpo do ílio (Figura 2B), pois
segundo os autores é preferível que os pontos de aderência sejam distribuídos no sentido
longitudinal do osso, da forma mais homogênea possível, para que as forças geradas
durante a locomoção sejam bem distribuídas. Os sistemas de trava das braçadeiras,
posicionados na borda de cada orifício na superfície lateral do ílio serviram de ponto de
aderência para o cimento de PMMA. Neste protocolo, embora tenha sido observada
certa estabilidade após o enrijecimento do biomaterial, a justaposição da linha de fratura
não ocorreu adequadamente. Por tratar-se de fratura transversal, provavelmente isto
correu devido ausência de faixa de tensão aplicada entre os fragmentos ósseos.
A partir desta observação, passou-se a empregar uma braçadeira em disposição
longitudinal ao corpo do ílio, fixada através dos elos das braçadeiras próximas a linha
60
de fratura (Figura 2C). Após seu posicionamento o foco de fratura já apresentou
relativo alinhamento, porém ainda apresentava mobilidade e após o enrijecimento do
cimento verificou-se distração da borda ventral do corpo do ílio.
Considerando os preceitos de Johnson e Dunning, (2005) que recomendam o
mínimo de dois pontos para fixação de implantes ósseos, optou-se por alterar o sentido
de confecção dos orifícios. Confeccionando-se duas perfurações por fragmento,
transversalmente ao eixo longitudinal do corpo do ílio, de maneira eqüidistante entre as
bordas dorsal e ventral, para posteriormente serem inseridas as braçadeiras em cada um,
envolvendo as bordas dorsal e ventral (Figura 2D).
61
Figura 2: A: Esquema representativo mostrando o método empregado por
Roehsig et al, (2008). B e C: adequações na implantação das
braçadeiras ao corpo do ílio. D: Aspecto final dos orifícios e
braçadeiras inseridas ao corpo do ílio.
62
A distribuição de forças no sentido longitudinal foi mantida a partir da fixação
das duas braçadeiras adicionais colocadas neste sentido. A flexibilidade e facilidade de
manuseio das fitas de náilon permitiu o fechamento gradativo de todas elas,
proporcionando uma adequada justaposição dos fragmentos ósseos, assim como visto
por Carrilho et al. (2005) e Miranda et al. (2006). Após seu posicionamento, o foco de
fratura apresentou adequado alinhamento, com mínima mobilidade e após o
enrijecimento do cimento verificou-se perfeita estabilidade e coaptação de toda linha de
fratura, evidenciada pelo exame radiográfico (Figura3).
FIGURA 3: A: Imagem radiográfica em incidência ventrodorsal, mostrando aspecto da fratura
produzida no corpo do ílio. B: após a redução e fixação com braçadeira e cimento
ósseo.
63
Buscando uma maior resistência à força, o cimento ósseo de PMMA foi aplicado
sobre as braçadeiras, seguindo o sentido longitudinal do osso ilíaco. Adicionalmente, a
presença de mais duas braçadeiras na superfície lateral do corpo do íleo, aumentou a
superfície de adesão entre o cimento e os implantes. Assim como descrito por Lidbetter
e Wong (2000). Considerando os achados de Roehsig et al. (2008), o cimento ósseo
tornou-se um bloco rígido que envolveu e fixou completamente as braçadeiras, além de
estar em íntimo contato com a superfície do osso, favorecendo a estabilização da fratura
e proporcionando fixação do osso.
Por tratar-se de um estudo em cadáveres, não foi possível verificar o grau de
comprometimento ósseo decorrente da reação exotérmica do PMMA durante o processo
cicatricial. De acordo com Barbos et al. (1991) a necrose decorrente desta reação é
seguida por uma série de fenômenos imuno-mediados que favorecem o remodelamento
ósseo e a formação de tecido fibroso em torno do cimento ósseo. Assim sendo,
ponderamos mínimos os efeitos gerados por essa necrose inicial, tendo seus efeitos
deletérios sobrepujados pelos benefícios das reações de osteocondução e osteoindução
estimulados pelo biomaterial implantado.
Durante a avaliação pós-implantação imediata não foram observados quebra,
afrouxamento ou deterioração das braçadeiras ou comprometimento do cimento ósseo.
A única possibilidade de degradação das braçadeiras, no momento de implantação, seria
causada pela reação exotérmica do PMMA, que alcança temperaturas próximas de 90oC
por 10 minutos (CAMPOS et al. 2008), porém essa hipótese é descartada, pois segundo
Sorbello et al. (1999) a braçadeira de náilon é resistente a temperatura de até 260 oC.
64
CONCLUSÃO
De acordo com os resultados aferidos das avaliações subjetivas realizadas, a
técnica proposta foi capaz de estabilizar os fragmentos pélvicos artificialmente
confeccionados.
65
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