Identificação da proposta: A melancolia e suas manifestações

Transcrição

Identificação da proposta: A melancolia e suas manifestações
1
Identificação da proposta: A melancolia e suas manifestações segundo a
Psicopatologia Fundamental.
Resumo
Apesar da vasta literatura sobre a melancolia, observa-se a ausência de
formulação sistemática e consistente sobre essa manifestação humana. Assim,
por exemplo, a melancolia ora é tratada como psicose, ora é tratada como
neurose narcísica. Além disso, freqüentemente é tratada como sinônimo de
depressão quando, já pelo próprio nome, depressão e melancolia se
diferenciam. Finalmente, certas manifestações sintomáticas como, por
exemplo, distúrbios da oralidade próprios da melancolia são tratados como
transtornos alimentares, sem qualquer referência a essa manifestação
psicopatológica. Este projeto de pesquisa, utilizando o método clínico, pretende
examinar essas controvérsias e formular uma concepção articulada e integrada
da melancolia, esclarecendo e propondo uma visão mais compreensiva desta
importante manifestação humana.
Palavras-chave:
Fundamental
melancolia,
neurose
narcísica,
acídia,
Psicopatologia
Qualificação do principal problema a ser abordado.
A melancolia é uma das mais tradicionais manifestações psicopatológicas e a
bibliografia sobre o assunto é vasta. Desde a antiguidade grega, é conhecida
como prolongada tristeza acompanhada de medo manifestando-se entre os
muito inteligentes (Aristóteles, 1998).
Além do mais, a melancolia sempre foi acompanhada da mania, manifestação
contrastante entendida tradicionalmente como loucura e, atualmente, como
atividade frenética (Berrios, 2004).
A melancolia recebeu diversos nomes ao longo de sua história. Na Idade
Média, por exemplo, foi conhecida como acídia religiosa, acedia ou “o demônio
do meio dia” e foi reconhecida na vida monástica (Crislip, 2005; Forthomme,
2000). Essas pesquisas revelando a intensa resistência dos monges medievais
a se submeterem à vida regrada dos mosteiros apontam para a peculiar
natureza atual da melancolia: a obstinada resistência ao trabalho
institucionalizado tão comum em nossos dias.
Em 1621, após a Idade Média, portanto, Robert Burton publicou um alentado
tratado denominado A anatomia da melancolia (2012). O livro fez imediato
sucesso e recebeu, mais tarde, traduções para o alemão, o francês e o
espanhol. Não é para menos: o sucesso da edição inglesa foi tal que seu editor
conseguiu comprar uma propriedade com os lucros obtidos e mais três edições
apareceram na década seguinte, o que, para a época, significava uma grande
vendagem. A partir daí, o alentado livro de Burton adquiriu fama e encontrou
destaque no discurso (logos) sobre o pathos psíquico, ou seja, tornou-se
referência obrigatória na psicopatologia.
2
A Anatomia da melancolia, muito mais do que um obra exaustiva sobre esse
pathos conhecido e cuidado desde a antiguidade grega é de grande atualidade,
pois contrasta, em muitos aspectos, com o dito e escrito hoje em dia.
Burton define a melancolia como “um tipo de loucura sem febre, tendo como
companheiros o temor e a tristeza, sem nenhuma razão aparente” (p. 172).
Depois dessa definição, um novo afeto foi incluído: o ódio, a crueldade
(Hassoun, 2002). A melancolia é vista por Burton, ele mesmo um confesso
melancólico, como mania, isto é, loucura. Assim, seria possível dizer que os
melancólicos são inteligentes, mas irremediavelmente estagnados do ponto de
vista espiritual e moral. Medo ou covardia, tristeza, ódio, estagnação, crueldade
e inteligência seriam, então, os principais ingredientes da melancolia, que se
combinam de forma variada.
Porém, o tempo passa e, paulatinamente, a compreensão, a interpretação da
melancolia vai ficando mais complexa, sofrendo modificações nem sempre
enriquecedoras.
Assim, por exemplo, reduzir essa doença à depressão e àquilo que é
denominado de transtorno afetivo bipolar, ou seja, transtorno maníacodepressivo é um evidente retrocesso baseado num douto desconhecimento da
vasta literatura psicopatológica sobre o assunto (Berlinck e Fédida, 2000).
Observa-se, entre outras coisas, nessa substituição, uma grave confusão
terminológica, pois o nome da doença é substituído por um de seus possíveis
estados sem se levar em consideração um princípio básico do conhecimento
científico: nomes diferentes designam, no universo simbólico humano, coisas
diferentes. Estudo psicopatológico minimamente cuidadoso e rigoroso há de
revelar: depressão é um estado enquanto melancolia seria um sintoma
inconsciente duradouro, ou melhor, uma formação do inconsciente, ou seja,
manifestação repetitiva e padronizada extremamente duradoura e resistente à
mudança (Fédida, 2002). A redução da melancolia à depressão esquece uma
das clássicas características dessa doença: sua diferença em relação ao luto.
Enquanto este é passageiro, aquela possui uma natureza praticamente
interminável (Freud, 1917). No luto, a tristeza própria da depressão termina e
dá lugar à depressividade (Berlinck e Fédida, 2000; Fédida, 2002). Na
melancolia, ainda que possa ocorrer depressão, há lugar duradouro para a
acídia ou “demônio do meio dia” dispensando a depressão. Há, especialmente,
uma identificação com a perda. Assim, esquece-se, também, uma importante
observação psicopatológica: pode haver e freqüentemente há melancolia sem
depressão. Entre o lamento e a crítica, cantochão melancólico, o doente
preenche o vazio necessário para a depressão poder ocorrer impedindo a
manifestação da necessária depressividade.
O que estudiosos da atualidade ignoram, também, é a diferença entre tristeza tristitia – e depressão.
Essa confusão terminológica, tão comum hoje em dia, afasta a psicopatologia
de um almejado rigor permitido pelo logos e acaba por retirar da melancolia
toda sua rica significação presente, por exemplo, de forma exaustiva, na obra
3
de Robert Burton. Trata-se, em última instância, de interpretação melancólica
da própria melancolia.
A redução da melancolia à psicose é outro passo empobrecedor para a
compreensão desse complexo fenômeno psicopatológico (Quinet, 1999). É
claro que, em suas manifestações mais intensas, a melancolia pode ser vista
como psicose. Freud, entretanto, considera a melancolia como sendo uma
neurose narcísica, ou seja, um conflito intrapsíquico entre eu e supereu (Freud,
1924 [1923]); (Moreira, 2002).
Segundo Peres (1996) a neurose narcísica marca uma aproximação entre a
neurose e a psicose e não uma separação radical entre ambas.
“No que se refere à melancolia, Freud nos deixa com a afirmativa da dimensão
narcisista dessa afecção, uma neurose narcisista proveniente de conflitos entre
o ego e o superego. Afirmar uma neurose narcisista nos coloca frente a uma
complexidade e, portanto, a uma riqueza teórica. As psicoses até então
desfrutavam o privilégio dos distúrbios do narcisismo sendo demarcada uma
fronteira. Ao falar de neurose narcisista abre-se um novo domínio que pode ser
interpretado de diferentes maneiras, como uma zona limítrofe de uma neurosepsicose ou de uma psicose-neurose. Sendo assim, os limites entre a psicose e
a neurose estão questionados, assim como a rigidez da concepção das
estruturas.” (Peres, 1996)
A associação da melancolia à neurose narcísica indica uma controvérsia
diagnóstica que precisa ser considerada a fim de se avançar o conhecimento
desta manifestação humana.
Trata-se, aqui, de uma questão psicopatológica controvertida, da mais alta
importância: há clínicos que supõem a existência de estruturas
psicopatológicas (neurose, perversão, psicose, por exemplo). Entretanto,
observa-se em toda manifestação humana, a existência de intensidades e de
qualidades. Essas duas dimensões variam combinadamente e compõem eixos
que localizam o pathos no espaço e no tempo. A intensidade pode modificar a
qualidade. Assim, observa-se que a melancolia, um dos sintomas associados à
histeria (neurose), pode se transformar em psicose, como no caso da síndrome
de Cotard. Ora, esta observação revela que a conjectura sobre a existência da
estrutura clínica pode ser um obstáculo à compreensão da dinâmica e da
economia psicopatológica.
A intensa melancolia pode chegar à Síndrome de Cotard, onde o eu/corpo é
negado em sua existência (Cotard, Camuset et Seglas, 1997; Cotard y Séglas,
2008). Pode, porém, ser persistente manifestação neurótica, podendo ser até
criativa.
Ademais, é sabido, como já foi dito, que a melancolia possui, como íntima
companheira, a mania (Freud, 1917). Porém, esta, na atualidade, adquire
sentido muito distinto do atribuído na primeira modernidade. Hoje, a mania é
sinônimo de atividade frenética e compulsiva, compondo a tristitia melancólica
4
(Berlinck, 2003). Já na época de Burton, a mania era sinônimo de loucura e
estava dissociada da melancolia, ainda que esta fizesse parte daquela.
O frenezi maníaco, o agir sem pensamento, ou melhor, o agir com fuga de
idéias (Binswanger, 1987) por sua vez, almeja evitar um essencial defeito
eu/corporal. Assim, por exemplo, os intermináveis exercícios realizados por
Ellen West e descritos por Binswanger (1977) visam eliminar imaginada
gordura (o mal) de seu eu/corpo. Trata-se, assim, de uma desesperada
tentativa de se livrar daquilo que está associado à culpa e o exercício maníaco
adquire tonalidade própria do sacrifício.
A atividade melancólica é um desesperado esforço possuindo um claro sentido
vertical, em busca de um ideal jamais alcançável, porém obsecadamente
desejado. Aproxima-se, assim, da neurose obsessiva e essa aproximação será
examinada nesta pesquisa. Ideal que se alcança não é que não seja ideal. É
ideal concreto, possível, meta de um trabalho e, por isso mesmo, passageiro.
Aquilo que se denomina de ideal de eu é objeto que serve para nos retirar de
um estado que poderia ser chamado de menoridade, através do trabalho
psíquico (Foucault, 1992; Berlinck, 2011). É, pois, uma saída e um encontro.
O ideal melancólico, por sua vez, é inatingível, por sua específica qualidade de
perfeição. É manifestação da melancolia, é razão da tristítia e não saída.
Chamado, também, de eu ideal, é um corpo (pois o eu é sempre corporal) cuja
forma coincide com a morte do próprio corpo. O melancólico sabe, no âmago
de si, que nenhum esforço, nenhum dispêndio de energia, irá modificar essa
situação, essa inércia. O intenso trabalho na melancolia visa uma inibição
empobrecedora do eu. Comer, dormir e orar em excesso, a vida sem
tonalidade passa a compor o cotidiano melancólico.
O tema da tristitia, praticamente ignorado na atualidade - pois é confundido
com o sentimento da tristeza - precisa ser investigado clinicamente, para se
avançar na compreensão da melancolia.
Ana Cecília Magtaz (2008, p. 87), em sua tese de doutorado intitulada
“Distúrbios da oralidade na melancolia”, evoca Giorgio Agamben (2007) em O
demônio meridiano, para esclarecer o sentido da tristitia na verticalidade que
tem como limites a aniquilação completa do eu, do corpo.
Segundo Agamben, durante a Idade Média, os padres da Igreja batizavam a
morte que instilava na alma com os nomes de acídia, tristitia, taedium vitae e
desídia. “O que preocupa o acidioso não é, pois, a consciência de um mal, e
sim, pelo contrário, o fato de ter em conta o mais elevado dos bens: acídia é o
vertiginoso e assustado retrair-se (recessus) frente ao compromisso da estação
do homem diante de Deus” (p. 28)
E continua:
“O sentido desse recessus do bem divino, dessa fuga do homem frente à
riqueza das próprias possibilidades espirituais, traz em si uma ambigüidade
fundamental. O fato do acidioso retrair-se diante de seu fim divino não equivale,
5
realmente, a que ele consiga esquecê-lo ou que deixe de desejá-lo. Se, em
termos teológicos, o que deixa de alcançar não é a salvação, e sim o caminho
que leva a mesma, em termos psicológicos, a retração do acidioso não delata
um eclipse do desejo, mas sim o fato de tornar-se inatingível seu objeto: tratase da perversão de uma vontade que quer o objeto, mas não quer o caminho
que a ele conduz e ao mesmo tempo deseja e obstrui a estrada ao próprio
desejo” (p. 29).
E Magtaz (2008) conclui: “Esta passagem do texto de Agamben possibilita
entender um pouco mais o deslocamento no eixo vertical, característico da
melancolia. O acidioso não deixa de desejar o objeto inatingível, o ideal. Por
não conseguir alcançá-lo, nas alturas, imobiliza-se, muitas vezes, numa
angustiada tristeza que o move em direção ao vício da ação desenfreada ou da
inação” (p.87)
O eixo vertical, onde a melancolia realiza sua dinâmica, foi claramente
apontado por Robert Burton, especialmente na ilustração do frontispício de A
anatomia da melancolia, examinado tão bem por Jean Starobinsky, no prefácio
da edição francesa.
Entretanto, adquire relevância clínico-teórica quando Ludwig Binswanger
retoma a dinâmica melancólica no eixo vertical tanto no caso Ellen West (1977)
quanto em “O sonho e a existência” (2002). Nesse eixo, o corpo melancólico é
colocado numa dinâmica mortífera indo de sua completa negação corporal,
também conhecida como síndrome de Cotard (1998), até sua negação
completa no ideal inalcançável também conhecido por anorexia. Tanto em um
quanto em outro, o corpo é aniquilado. Tanto em um quanto em outro só resta
o ideal inatingível.
Aqui, novamente, revela-se, mais uma vez a banalização da melancolia na
atualidade. Reduzir a anorexia, sintoma melancólico, num transtorno alimentar
é apequenar, é desconhecer toda a rica e complexa tradição do discurso
melancólico que tem em A anatomia da melancolia um de seus pontos altos.
Objetivos e metas a serem alcançadas.
Esta pesquisa possui, portanto, três hipóteses: 1) A melancolia pode ser tanto
neurose narcísica quanto psicose. 2) A melancolia é diferente da depressão.
Esta é um estado, aquela é um sintoma duradouro associado à perda e as
duas não devem ser confundidas. 3) os chamados transtornos alimentares
nada mais são do que distúrbios da oralidade. A melancolia é um distúrbio da
oralidade e não pode ser confundida com sintomas alimentares.
Além de examinar detalhadamente essas hipóteses, a pesquisa irá basear-se
em fragmentos de casos clínicos, na construção de vasta bibliografia sobre a
melancolia que servirá de referência para futuros estudos, em entrevistas
semidirigidas com clínicos experientes no tratamento da melancolia e na
investigação bibliográfica.
6
A pesquisa resultará em artigos que serão publicados em revistas científicas
indexadas. Há, também, a intensão de publicar uma coletânea de textos sobre
o tema.
Metodologia a ser empregada
A metodologia a ser empregada é própria do método clínico, tal como é
concebido pela Psicopatologia Fundamental.
O método clínico, desde logo, possui um protocolo idealmente tão rigoroso
quanto o do método experimental e o do método probabilístico.
O método experimental é, em resumo, um procedimento que visa estabelecer
relações de causa e efeito, ou seja, determinar o que faz com que algo
aconteça. O método probabilístico, por sua vez, pretende estabelecer, com
precisão, a margem de erro contido num protocolo postulando a correlação de
fatores, em uma dada população, através de amostra estatisticamente
representativa.
O método clínico parte do relato de uma vivência clínica – o caso clínico – e,
diante de um problema por ele suscitado, busca a compreensão dessa situação
específica através de uma formulação representativa (Magtaz e Berlinck,
2012). Entende-se por problema de investigação, uma discrepância entre
aquilo que é e aquilo que deveria ser (Berlinck, 2000). Assim, o método clínico
exige um trabalho de abstração que apresente a mais rigorosa correlação
epistêmica possível com o problema suscitado pelo caso.
Como esse método científico possui sempre uma dimensão subjetiva – outro
pressuposto desta pesquisa – e se ocupa do pathos psíquico, ou seja, do afeto
psicopatológico, ela ocorrerá no âmbito da Psicopatologia Fundamental.
A pesquisa em Psicopatologia Fundamental, supondo que não há um único
saber capaz de esgotar a compreensão do pathos psíquico, abre a
possibilidade de leitura e de articulação de diferentes saberes provindos da
Psicologia, da Psicanálise, da Psiquiatria, da Filosofia, etc.
Além disso, ela irá se basear em entrevistas com clínicos (psicólogos,
psicanalistas, psiquiatras) com experiência no tratamento da melancolia (ver
roteiro da entrevista em anexo), no Brasil e no exterior.
Proponentes do projeto
O proponente responsável por este projeto é Manoel Tosta Berlinck, Ph.D. pela
Universidade de Cornell (USA), Professor Titular Aposentado pela
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e Professor do Programa de
Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, onde dirige o Laboratório de Psicopatologia
Fundamental. Possui, portanto vasta experiência como pesquisador e como
clínico. Preside (2012-2014) a Associação Universitária de Pesquisa em
Psicopatologia Fundamental (AUPPF), sociedade científica internacional
7
congregando, atualmente, 65 professores doutores de 26 universidades
brasileiras e de universidades da Argentina, do Chile, da Colômbia, da França,
da Inglaterra, do México e de Portugal. Finalmente, é Editor Responsável da
Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental.
Colaboradores
A pesquisa contará com a colaboração dos seguintes professores:
- Domingo Izquierdo, Mestre em Psicologia e docente da Universidad Diego
Portales, Santiago, Chile.
- Ana Cecília Magtaz, Professora do Curso de Especialização de
Psicopatologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo,
com vasta experiência clínica e especialista no estudo da melancolia, com
dissertação de Mestrado sobre “Abordagem psicanalítica da anorexia e da
bulimia como distúrbios da oralidade”; com tese de Doutorado denominada
“Distúrbios da oralidade na melancolia” e vários artigos publicados sobre esse
assunto. Ela é Diretora Administrativa da AUPPF, instituição no âmbito da qual
esta pesquisa será realizada.
- Dayse Stoklos Malucelli, da Universidade Tuiuti, de Curitiba, Paraná, com
tese de doutorado sobre a síndrome de Cotard;
- Ana Cleide Guedes Moreira, da Universidade Federal do Pará, com tese de
doutorado, livro e artigos sobre o tema;
- Francisco Pizarro Obaid, doutor pela Université de Paris 7 e docente da
Universidad Diego Portales, Satiago, Chile;
- Silvana Rabello, doutora em psicologia clínica pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, com publicações sobre as manifestações precoces do
autismo;
- Maria Lucrecia Rovaletti, professora da Universidad de Buenos Aires,
Argentina e eminente fenomenóloga, com vasta obra e artigos sobre o tema.;
- Cristina Lindenmeyer Saint-Martin, da Université de Paris 7 – Denis Diderot com tese
de doutorado e artigos sobre a melancolização da perda na experiência do câncer e
em certos quadros de anorexia.
Aos colaboradores caberá: 1. Responder o questionário da pesquisa; 2. Apresentar
um texto inédito (ainda não publicado) sobre o tema da pesquisa e 3. Comentar os
trabalhos apresentados visando seu aperfeiçoamento.
Principais contribuições científicas e metodológicas da proposta.
Devido à consistente experiência do proponente responsável e da equipe de
colaboradores, espera-se que este projeto seja de grande utilidade para
clínicos e o aperfeiçoamento dos trabalhadores de saúde mental - médicos,
psicólogos, psicanalista, terapeutas ocupacionais, enfermeiros e assistentes
8
sociais - atuantes nas inúmeras instituições que oferecem atendimento clínicopsicoterápico e clínico-psiquiátrico (CAPS, NAPS, ambulatórios psiquiátricos e
dispositivos clínicos hospitalares, incluindo internações).
A principal contribuição científica deste projeto será a de especificar e de
aprofundar, de forma sistemática, a compreensão da melancolia e permitir o
aperfeiçoamento da atividade clínica e o intercâmbio científico entre os
trabalhadores de saúde mental e os pesquisadores universitários.
Para isso, a pesquisa pretende 1. estabelecer diferença entre melancolia e
depressão; 2. revelar que a melancolia pode ser tanto neurose quanto psicose;
e 3. demonstrar que a melancolia é um distúrbio da oralidade.
Além disso, ela construirá uma bibliografia especializada exaustiva sobre a
melancolia.
Todos os produtos desta pesquisa, com possível exceção dos artigos
publicados em revistas indexadas e em livros, serão colocados no portal de
livre acesso da Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia
Fundamental http://www.fundamentalpsychopathology.org
Orçamento detalhado
Custeio
1.Material de
equipamentos,
equipamentos.
consumo,
software,
componentes e/ou peças de reposição
instalação, recuperação e manutenção
de
de
1.a. 50 resmas de papel sulfite A4 – (R$ 16,00 a resma) – R$ 800,00
1.b. 12 tonners para computador a laser em cores (R$ 270,00.u.)-R$ 3.240,00
Justificativa
Esse material de consumo é indispensável para a realização da pesquisa.
As resmas de papel sulfite serão utilizadas na impressão de textos obtidos pela
pesquisa, em trabalhos preliminares e finais.
2.Serviços de terceiros
2.a. Serviços eventuais de assistente da pesquisa R$ 5.000,00
2.b. Serviços de tradução, revisão e diagramação de textos R$ 6.000,00
3. Passagens e diárias R$ 13.000,00
Justificativa
9
Os serviços eventuais de assistente são indispensáveis, pois a pesquisa requer
serviços, como levantamento detalhado do tema na Internet, diagramação da
bibliografia, acompanhamento dos trabalhos etc.
Serviços de tradução, revisão e diagramação de textos são necessários para o
acesso a trabalhos em línguas estrangeiras, para a publicação de artigos em
revistas internacionais e para a preparação de textos para publicação.
Passagens e diárias serão utilizadas para a realização de entrevistas com
clínicos especialistas.
Capital
4. Material bibliográfico R$ 2.000,00
Justificativa
A despesa com compra de livros e de artigos de revistas de acesso restrito é
indispensável para a pesquisa.
Total: R$ 30.040,00
Cronograma físico-financeiro
- Despesas a serem efetuadas no 1º. semestre de 2013 = R$ 10.000,00
- Despesas a serem efetuadas no 2º. semestre de 2013 = R$ 10.000,00
- Despesas a serem efetuadas no 1º. semestre de 2014 = R$ 10.040,00
Cronograma de atividades
1º. semestre de 2013
- Pesquisa clínica, construção de casos clínicos e entrevistas com
especialistas.
2º. semestre de 2013
- Pesquisa clínica e entrevistas com especialistas.
1º. semestre de 2014
- Tradução de textos e elaboração de artigos para serem publicados em
revistas científicas indexadas.
2º. semestre de 2014
- Redação do relatório final.
10
Indicação de colaboração ou parcerias já estabelecidas com outros
centros de pesquisa na área.
Como já foi dito, esta pesquisa será realizada no âmbito da Associação
Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental (AUPPF), sociedade
científica internacional que reúne, atualmente, 65 professores doutores de 27
universidades brasileiras e de universidades da Argentina, do Chile, da
Colômbia, da França, da Inglaterra, do México e de Portugal.
Esses pesquisadores vêm colaborando em numerosos projetos que se
realizam no âmbito da AUPPF, como Congressos, Colóquios, Encontros
Científicos, publicações etc. Os produtos resultantes dessas colaborações e
parcerias podem ser encontrados no portal (site) da AUPPF
http://www.fundamentalpsychopathology.org
Especificamente, todos os colaboradores deste projeto, nomeados acima, são
membros da Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia
Fundamental.
Disponibilidade efetiva de infra-estrutura e de apoio técnico para o
desenvolvimento do projeto
A Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental possui
sede própria, computadores, publicações e apoio técnico (Webmaster, artista
gráfica, contador) necessários para realizar este projeto.
Estimativa dos recursos financeiros de outras fontes que serão aportados
pelos eventuais Agentes Públicos e Privados parceiros
Não há previsão de outros aportes.
Instituição de execução
A instituição de execução é a Associação Universitária de Pesquisa em
Psicopatologia Fundamental (AUPPF).
Informações sobre a AUPPF podem ser encontradas em
http://www.fundamentalpsychopathology.org
Referências bibliográficas
Aganbem, Giorgio (2007). Estâncias. A palavra e o fantasma na cultura
ocidental. Belo Horizonte: Editora UFMG.
Aristóteles (1998). O homem de gênio e a melancolia. O problema XXX, 1.
Trad. do grego, apresentação e notas de Jackie Pigeaud. Trad. de Alexei
Bueno. Rio: Nova Aguilar.
11
Berlinck, Manoel Tosta e Pierre Fédida (2000). “A clínica da depressão:
questões atuais”, in Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental,
III:2, 9-25.
Berlinck, Manoel Tosta (2003). “Mania de festas”. In Pulsional Revista de
Psicanálise, XVI:169, 3-8.
Berlinck, Manoel Tosta (2011). “A caminho da saúde: considerações
psicopatológicas”. Conferência pronunciada no II Congresso Luso-Brasileiro de
Psicologia da Saúde, São Bernardo, inédita.
Berrios, German E. (2004). “Of Mania: introduction”. History of Psychiatry, 15:1,
105 –124.
Binswanger, Ludwig (1987). Mélancolie et manie. Trad. de Jean-Marie Azorin et
Ives Tatoyan revue par Arthur Tatossian. Paris: Presses Universitaires de
France.
Binswanger, Ludwig (1977). “El caso de Ellen West. Estudio antropológicoclínico”. In: May, R., Angel, E. y Ellenberger, H. (orgs). Existencia. Madrid:
Gredos.
Burton, Robert (2012). Anatomia da melancolia. Vol. 1. Curitiba: Editora da
Universidade Federal do Paraná.
Cotard, J. “Do delírio das negações” (1998). Revista Latinoamericana de
Psicopatologia Fundamental, São Paulo, I:4; 156-177.
Cotard, J., Camuset, M. et Seglas, J. (1997). Du délire des negations aux idées
d’énormite. Paris: L’Harmattan.
Cotard, Jules et Séglas, Jules (selección) (2009). Delírios melancólicos:
negación y enormidad. Madrid: Ergon.
Crislip, Andrew (2005). “The Sin of Sloth or the Illness of the Demons? The
Demon of Acedia in Early Christian Monasticism”. Harvard Theological Review,
98:2; 143–69.
Fédida, Pierre (2002). Os benefícios da depressão. Elogio da psicoterapia.
Trad. de Marta Gambini. São Paulo: Escuta.
Forthomme, Bernard (2000). De l’acédie monastique à l’anxio-dépression.
Histoire philosophique de la transformation d’un vice em pathologie. Paris:
Institut D’Édition Sanofi – Synthélabo.
Foucault, Michel. “What is Enlightenment?”
http://www.philosophy.eserver.org/foucault/what-is-enlightenment.html 1992
12
Freud, S. (1917) (2006). Luto e melancolia. In: Escritos sobre a psicologia do
inconsciente, volume II: 1915-1920/ Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, p.
103-122.
Freud, S. (1924[1923]) (1969). Neurose e psicose. In: Edição Standard
Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de
Janeiro, Imago, vol. XIX, p. 163-171.
Hassoun, Jacques (2002). A crueldade melancólica. Trad. de Renato Aguiar.
Rio: Civilização Brasileira.
Magtaz, Ana Cecília (2008). Distúrbios da oralidade na melancolia. Tese de
Doutorado defendida no Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia
Clínica
da
Pontifícia
Universidade
Católica
de
São
Paulo.
http://www.psicopatologiafundamental.org
Magtaz, Ana Cecília e Berlinck, Manoel Tosta (2012). “O caso clínico como
fundamento da pesquisa em Psicopatologia Fundamental”. Revista
Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, vol. 15:1, 71-81.
Moreira, Ana Cleide Guedes (2002). Clínica da melancolia. São Paulo: Escuta.
Peres, Urânia Tourinho (org.) (1996). Melancolia. São Paulo: Escuta.
Anexo
Roteiro de entrevista
Você foi escolhido para esta entrevista porque é clínico com reconhecida
experiência no tratamento da melancolia e agradecemos sua generosidade,
dispondo de tempo para ela.
Gostaríamos de obter brevemente seu pensamento sobre as seguintes
questões:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
Há diferença entre depressão e melancolia?
Como você caracteriza a depressão?
Como você caracteriza a melancolia?
Há clínicos que caracterizam a melancolia como neurose e outros que a
caracterizam como psicose. Qual seu pensamento sobre isso? Justifique
brevemente, por favor.
Você reconhece, em sua clínica, diferenças entre neurose de
transferência e neurose narcísica?
Justifique, por favor, brevemente.
Você reconhece, em sua clínica, uma associação entre doenças
autoimunes e melancolia?
Justifique, por favor, brevemente.
Você reconhece, em sua clínica, uma associação entre melancolia e
anorexia, bulimia, obesidade e outros distúrbios como consumo de
drogas e bebidas?
13
10. Justifique, por favor, brevemente essa associação ou sua falta.
11. Você reconhece, em sua clínica, uma associação entre melancolia e
neurose obsessiva?
12. Justifique, por favor, brevemente essa associação ou sua falta.
13. Você reconhece, em sua clínica, a existência da melancolia como
psicose?
14. Justifique, por favor, brevemente essa associação ou sua falta.
15. Você reconhece, em sua clínica, uma associação entre inteligência e
melancolia?
16. Justifique, por favor, brevemente essa associação ou sua falta.
17. Você reconhece, em sua clínica, a alternância entre melancolia e
mania?
18. Justifique, por favor, brevemente essa associação ou sua falta.

Documentos relacionados