Baixar - Unaerp
Transcrição
Baixar - Unaerp
Patrícia Mara Nossa Avaliação histológica da atividade antiinflamatória de extratos etanólicos de Serjania erecta e Zeyheria montana em tecido pulpar de ratos Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Odontologia da Universidade de Ribeirão Preto como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Odontologia, área de concentração Endodontia. Orientador: Prof. Dr. Danyel E. da Cruz Perez Ribeirão Preto 2008 Ficha catalográfica preparada pelo Centro de Processamento Técnico da Biblioteca Central da UNAERP - Universidade de Ribeirão Preto - N897a Nossa, Patrícia Mara, 1978 Avaliação histológica da atividade antiinflamatória de extratos etanólicos de Serjania erecta e Zeyheria montana em tecido pulpar de ratos / Patrícia Mara Nossa. - - Ribeirão Preto, 2008. 78. : il. color + anexos Orientador: Prof. Dr. Danyel Elias da Cruz Perez. Dissertação (mestrado) - Universidade de Ribeirão Preto, UNAERP, Odontologia, área de concentração: Endodontia. Ribeirão Preto, 2008. 1.Odontologia. 2. Endodontia. 3. Ratos – tratamento fitoterápico. I. Título. CDD: 617.634 2 SERVIÇO DE PATOLOGIA Este trabalho foi realizado no Laboratório do Serviço de Patologia e Laboratório Experimental Animal (Biotério da Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP). Dedicatórias A Deus, por me permitir essa vida terrestre e sempre iluminar meus caminhos. Aos meus pais Paulo Cezar Nossa e Conceição Aparecida Massitelli Nossa, por terem priorizado o estudo e incentivado sempre a continuidade do saber e aprender em nossa casa. Por todo amor, carinho e convívio harmonioso e por me ensinar o verdadeiro valor da vida. Amo vocês. Às minhas irmãs Michele Cristina Nossa e Ana Paula Nossa pelo convívio harmonioso, incentivo e carinho. Amo vocês. Agradecimentos Ao meu orientador Prof. Dr. Danyel Elias da Cruz Perez, pelo exemplo, pelo profissionalismo, pela dedicação, pela doação do seu conhecimento, pela confiança depositada, pelo respeito e pela grandiosa amizade. Obrigado! À Universidade de Ribeirão Preto, na pessoa do seu Magnífico Chanceler Prof. Dr. Electro Bonini e sua Magnífica Reitora Profª. Drª. Elmara Lúcia de Oliveira Bonini Corauci, pela oportunidade a mim concedida. À Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UNAERP, Profª. Drª. Yara T. Corrêa Silva Sousa, pelo constante estímulo à pesquisa, pela sua competência, dedicação e determinação em busca de seus objetivos. Ao Curso de Odontologia da Universidade de Ribeirão Preto, na pessoa de seu coordenador Prof. Dr. Antônio Miranda da Cruz Filho, pelo apoio durante o Curso de Pós-Graduação. Ao Prof. José Antônio Saadi Salomão pelo exemplo, pela parceria, cumplicidade e incentivo, pelas palavras duras nas horas necessárias, por acreditar na minha competência e nos meus esforços. Obrigada pelos anos de convivência. Você faz parte deste trabalho. Ao Prof. Celso Bernardo de Souza Filho, pela amizade e ensinamentos em estatística. Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade de Ribeirão Preto, área de concentração Endodontia: Prof. Dr. Antônio Miranda da Cruz Filho, Prof. Celso Bernardo de Souza Filho; Prof. Dr. Danyel Elias da Cruz Perez, Prof. Dr. Edson Alfredo, Profª. Drª. Lisete Diniz Casagrande; Prof. Dr. Manoel D. Sousa Neto; Profª. Drª. Melissa Marchesan, Profª. Drª. Neide Aparecida de Souza Lehfeld; Profª. Drª. Yara Teresinha Corrêa Silva Sousa; Prof. Dr. Ricardo Gariba Silva, por todos ensinamentos durante minha formação de Mestre. Aos professores José Antônio Brufato Ferraz; Aline Evangelista de Sousa e Lucélio Bernardes Couto por todos os ensinamentos e incentivo, pela paciência em ensinar. Aos colegas da sétima turma de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade de Ribeirão Preto Alcides Gomes de Oliveira, Andiara Ribeiro Roberto, Fuad Jacob Abi Rached Júnior, Jorge Luis Gonçalves, Moisés Franco Barbosa da Silva, Odival Mathias Junior, Élcio Dalef, Renata de Araújo Coelho, Suellen Zaitter e Waleska Vergne Vilanova, pelo convívio e amizade durante o curso de pós-graduação. Ao amigo Marcelo Figueira Ferreira Palhais, obrigada pela sua amizade e por toda sua ajuda durante o curso. Ao Prof. Dr. Lucélio Bernardes Couto, responsável pelo Biotério desta Instituição e as técnicas Carla Renata Ribeiro Kitanishi e Valéria Rodrigues, pela atenção dispensada durante o desenvolvimento deste estudo. Ao Prof. Leandro Guenka pela ajuda durante a realização da parte experimental deste trabalho. À grande amiga Rosemary Alexandre, técnica do Laboratório de Patologia da UNAERP, pela atenção, paciência, carinho e disposição em me ajudar na realização deste trabalho. À Cecília Maria Zanferdini e Joana Neia Vieira, secretárias de PósGraduação, e às secretárias do Curso de Odontologia Marina Ferreira e Valéria Rodrigues da Silva, pela atenção que dispensaram durante minha passagem pela Universidade. Aos funcionários da Clínica Odontológica da UNAERP, pelo respeito e disposição em sempre ajudar. À Divisão Odontológica da Prefeitura de Ribeirão Preto, ao gerente e a equipe de odontologia da UBS-Vila Recreio por suprirem a necessidade do atendimento durante a minha ausência. À Dra Alice Marconi França obrigada pelo seu profissionalismo e por conseguir me manter tranqüila e saudável para a conclusão deste trabalho. Resumo _________________________________________________________________________Resumo Nesse estudo avaliou-se, por meio de análise histológica semi-quantitativa, a atividade antiinflamatória dos extratos etanólicos de Serjania erecta e Zeyheria montana, em pulpite experimental em ratos. Foram utilizados 45 ratos Wistar machos, pesando entre 200 e 250 gramas. Os extratos vegetais foram preparados a partir das folhas secas moídas de cada uma das espécies. Para induzir uma inflamação pulpar, foram realizadas cavidades na face mesial dos primeiros molares inferiores, com broca carbide esférica ½, acionada por motor de alta rotação. Após a realização das cavidades, os animais foram aleatoriamente distribuídos em 4 grupos experimentais, de acordo com o tratamento realizado: grupo I – dentes não foram submetidos ao preparo de cavidades (controle negativo); grupo II – preparo de cavidades e administração IP de solução salina (controle positivo); grupo III - dose única de 300 mg/Kg de extrato etanólico de Zeyheria montana; grupo IV – dose única 300 mg/Kg de extrato etanólico de Serjania erecta. Os mesmos animais compuseram os grupos I e II. Após 6, 12 e 24 horas, 5 animais de cada grupo foram mortos por sobredose anestésica. A análise histológica do tecido pulpar foi realizada na região imediatamente abaixo da cavidade, atribuindo escores e posteriormente analisados pelo teste múltiplo de Dunn, com significância de 5%. Após 12 horas, o grupo Zeyheria montana apresentou índice inflamatório significativamente menor (p<0,05) que o grupo controle positivo. Entretanto, os grupos Zeyheria montana e Serjania erecta apresentaram índices semelhantes. Após 24 horas, o grupo Zeyheria montana apresentou índice inflamatório significativamente menor que os grupos solução salina (p<0,01) e Serjania erecta (p<0,05). Comparando todos os períodos de estudo, os grupos Zeyheria montana apresentaram índices inflamatórios significativamente menores que os grupos controle positivo (p<0,001), mas estatisticamente similares ao grupos Serjania erecta (p>0,05). Concluiu-se que o extrato etanólico de Zeyheria montana apresentou melhor atividade antiinflamatória quando comparado ao grupo controle positivo e ao extrato etanólico de Serjania erecta, sendo que este por sua vez não apresentou atividade antiinflamatória nos períodos estudados. Summary _______________________________________________________________________ _Summary The aim of this study was to assess the antiinflamatory activity of the ethanolic extracts of Serjania erecta and Zeyheria montana, in rats experimental pulpitis. For the study, 45 Wistar male rats were used, weighing between 200 and 250 g. In both species, the plant extracts were prepared from dry leaf. In order to induce a pulp inflammation, a cavity was prepared on the medial surface of the lower first molars by an air turbine with a ½ tungsten carbide bur. Later, the animals were randomly distributed in 4 experimental groups, according to treatment: group I – the cavity was not prepared (negative control); group II – the cavity was prepared and administered saline solution; group III – single dose (IP) of 300mg/Kg of ethanolic extract of Zeyheria montana; group IV – single dose (IP) of 300mg/Kg of ethanolic extract of Serjania erecta. The same animals composed the groups I and II. After 6, 12 and 24 h, 5 animals in each group were killed by overdose. The histological analysis of the pulp tissue was performed beneath the dentine that would suffer damage, attributing scores and later analyzed by Dunn´s multiple test, at significance of 5%. After 12 h, the group Zeyheria montana presented score statistically lower (p<0.05) than positive control group. However, the groups Zeyheria montana and Serjania erecta showed similar index. After 24 h, the group Zeyheria montana presented inflammatory index statistically lower than the positive control (p<0.01) and Serjania erecta (p<0.05) groups. Comparing all periods of study, the groups Zeyheria montana showed scores significantly lower than positive control groups (p<0.05), but statistically similar to Serjania erecta groups. In conclusion, the Zeyheria montana extract presented better antiinflamatory activity than positive control group and Serjania erecta extract, which did not show antiinflamatory effect in the studied periods. Sumário Resumo Summary Introdução.................................................................................................. 01 Revista de literatura.................................................................................... 07 Proposição................................................................................................. 29 Materiais e métodos.................................................................................... 31 Resultados................................................................................................. 41 Discussão................................................................................................... 53 Conclusão.................................................................................................. 61 Referências................................................................................................ 63 Anexos Introdução _______________________________________________________________Introdução 2 A inflamação pulpar ocorre como reação tecidual à uma agressão e consiste na infiltração de células inflamatórias com formação eventual de abscesso e necrose. Este processo tem como resultado um tecido formado por células inflamatórias como os neutrófilos, linfócitos, plasmócitos, macrófagos e mastócitos (NAKAMURA et al., 2002). Uma característica singular da polpa dental, e que pode agravar o quadro inflamatório ali instalado, é o seu confinamento no interior da dentina. A câmara pulpar, assim como a luz do canal radicular é revestida por tecido dentinário, que por apresentar uma porção inorgânica e elevado grau de dureza, proporciona ao tecido pulpar uma área restrita definida por paredes inelásticas. Esse fato o coloca em um ambiente pouco favorável para a expansão, como ocorre no edema em tecidos inflamados. Dessa forma, a vasodilatação e a elevada permeabilidade vascular, características de uma reação inflamatória, promovem aumento da pressão hidrostática pulpar (VANHASSEL, 2007). A maioria das dores odontogênicas é de origem inflamatória pulpar ou periapical e podem apresentar variadas etiologias (ROSSMAN et al., 2007). Quando se trata de uma pulpite, faz – se necessária a interrupção do processo responsável pela lesão tecidual e consequentemente o alívio da sintomatologia dolorosa que é quase sempre a queixa principal do paciente (CASTILHO et al., 2008). Os antiinflamatórios e analgésicos são fármacos empregados no alívio de dores e inflamações, diminuindo os sintomas das desordens teciduais. Notadamente, _______________________________________________________________Introdução 3 atuam inibindo enzimas envolvidas na síntese dos diferentes mediadores inflamatórios (CAPASSO; LOIZZO, 2000). As drogas antiinflamatórias não-esteroidais (AINES) são geralmente as mais utilizadas para o controle da dor odontogênica de origem inflamatória. Essas são inibidoras da ciclooxigenase 1 (COX-1) e 2 (COX-2) (HOLT et al., 2005). Alguns estudos evidenciaram que tanto medicamentos inibidores seletivos da COX-2, quanto inibidores não-seletivos, são efetivos na redução da reação inflamatória em pulpites experimentais em ratos (HOLT et al., 2005; CASTILHO et al., 2008). Estima-se que aproximadamente 40% dos medicamentos disponíveis na terapêutica moderna foram desenvolvidos a partir de fontes naturais, sendo 25% de plantas, 13% de microorganismos e 3% de animais. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstram que cerca de 65 a 80% da população mundial não tem acesso ao atendimento básico de saúde e recorre à medicina alternativa, especialmente às plantas, na procura de alívio para muitas doenças (YUNES, 2001). Embora o Brasil tenha uma biodiversidade rica de espécies vegetais e várias plantas apresentem potencial de produzir compostos com capacidade de provocar diversas alterações farmacológicas, um grande número de plantas ainda não foi estudado, com o objetivo de se estabelecer novas drogas ou fitoterápicos. Para que haja uma melhor compreensão acerca da atividade terapêutica das plantas é necessário conhecer os seus metabólitos, compostos químicos formados, _______________________________________________________________Introdução 4 degradados ou simplesmente transformados por reações químicas na célula vegetal (SIMÕES, 2004). De acordo com portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, publicada em 2004, medicamento fitoterápico é todo medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Sua eficácia e segurança é validada através de levantamentos etnofarmacológicos de utilização, documentações tecno-científicas em publicações ou ensaios clínicos fase 3. Não se considera medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as associações destas com extratos vegetais. Como a própria portaria da ANVISA postula, é importante a validação desses fitocompostos, seja em estudos experimentais em animais ou estudos clínicos fase 3. Além disso, devido às particularidades anatômicas já descritas da polpa dental, estudos experimentais são necessários para validar o uso desses extratos como antiinflamatórios em quadros inflamatórios da polpa dental. Vários fitomedicamentos têm atividade antiinflamatória, antimicrobiana, antinociceptiva, anti-úlcera, anti-hipertensiva (ALGUACIL et al., 1999; GUARIMNETO et al., 2000; MIRANDA et al., 2001; KEKESI et al., 2003; LAUPATTARAKASEM et al., 2003; LIMA et al., 2005; GADOTTI et al., 2005; VERMA _______________________________________________________________Introdução 5 et al., 2007; GOMIG et al., 2008). Entre essas propriedades, a atividade antiinflamatória é uma das mais importantes. Além dessas propriedades importantes, vale ressaltar outras vantagens dos fitoterápicos, como os efeitos sinérgicos de vários compostos presentes nesses medicamentos, a associação de mecanismos por compostos agindo em alvos moleculares diferentes e menores riscos de efeitos colaterais, visto que os compostos ativos se apresentam em concentrações reduzidas nas plantas. Além disso, os custos para o seu desenvolvimento são muito menores (YUNES et al., 2001). A Serjania erecta pertence à família Sapindaceae, gênero Serjania Shumach, tribo Paullinieae Kunth, seção Pachycoccus, espécie Serjania erecta Radlk (FLORA BRASILIENSIS, 2007). Possui como sinonímias os nomes Paullinia grandiflora e Serjania grandiflora sendo conhecida popularmente como cipó-cinco-folhas e timbó-do-campo (RECOR, 2007). Típica do cerrado brasileiro, suas folhas são usadas na medicina popular para o tratamento de úlceras e infecções fúngicas (FENNER et al., 2006), sendo rica em saponinas, flavonóides e taninos. Recentemente, um estudo verificou que extratos de Serjania erecta apresentam efetiva atividade antiinflamatória tópica (GOMIG et al., 2008). GUENKA (2008) observou importante atividade antiedematogênica e antinociceptiva do extrato etanólico de Serjania erecta, administrado via intraperitoneal. Além disso, as saponinas encontradas em outra espécie de Serjania, a S. salzmanniana, possuem _______________________________________________________________Introdução 6 atividade antifúngica comprovada contra Cryptococcus neoformans e Candida albicans (EKABO et al., 1996). A Zeyheria montana pertence à família Bignoniaceae, gênero Zeyheria Mart, tribo Tecomeae Endl., espécie Zeyheria montana Mart. possui a sinonímia de Zeyheria (FLORA BRASILIENSIS, 2007). Conhecida popularmente como bolsa-depastor e bucho (RECOR, 2007). É um arbusto comumente encontrado no cerrado brasileiro, especificamente na região central e sudeste do país (MACHADO et al., 2006). As raízes da Z. montana são usadas na medicina popular para tratamento de pele (JÁCOME et al., 1999) e no tratamento de tumores, sob a forma de tintura, enquanto, as folhas utilizadas para combater inflamações de modo geral (BERTONI, 2003). Esta espécie produz terpenos e flavonóides (SANTOS, 2005; MACHADO et al, 2006). GUENKA (2008) observou importante atividade antiedematogênica e antinociceptiva do extrato etanólico de Zeyheria montana, administrado via intraperitoneal. Outras espécies pertencentes à família Bignoniaceae também apresentam atividades antinociceptiva e antiinflamatória, destacando-se a Kigelia africana e Tabebuia avellanedae, ambas ricas em flavonóides e saponinas, a Incarvillea sinensis, rica em alcalóides, e ainda a Catalpa bignonioides Walt, rica em saponinas e esteróides (DE MIRANDA et al., 2001; MUNOZ-MINGARRO et al., 2003; CHI et al., 2005; PICERNO et al., 2005). _______________________________________________________________Introdução 7 Apesar do potencial efeito terapêutico de vários fitoterápicos, sobretudo a ação antiinflamatória de Serjania erecta e Zeyheria montana, estas ainda não são utilizadas na Odontologia. Não há estudos prévios avaliando o efeito antiinflamatório de medicamentos fitoterápicos no tecido pulpar. Assim, torna-se relevante avaliar o possível efeito antiinflamatório de medicamentos fitoterápicos no tecido pulpar. Revista da Literatura ____________________________________________________________Revista da Literatura 9 Para melhor entendimento, a revista de literatura será dividida em duas partes: a primeira abordará trabalhos que avaliaram os efeitos terapêuticos de vários extratos vegetais, inclusive aqueles sobre Serjania erecta e Zeyheria montana; a segunda, versará sobre trabalhos experimentais que induzem pulpite em animais e a avaliação da atividade antiinflamatória de várias drogas, principalmente antiinflamatórios não-esteroidais (AINES) 1. EXTRATOS VEGETAIS BESRA et al. (1996) realizaram estudos farmacológicos avaliando os efeitos antiinflamatório, analgésico e antipirético do extrato em éter de petróleo de folhas de Litchi chinensis garet, da família Sapindacea, mesma família a qual pertence a espécie Serjania erecta. Para o estudo, foram realizados os testes de contorção abdominal em camundongos, além dos testes de placa quente e de edema de pata em ratos. As doses do extrato utilizadas foram de 50, 100 e 200 mg/Kg, administrados por via intraperitoneal. Os resultados apresentaram efeito antiinflamatório e analgésico significativos nos testes de contorção abdominal e edema de pata. Entretanto, no teste de placa quente não apresentou atividade antipirética significativa. BEIRITH et al. (1998) estudaram a ação antinociceptiva do extrato etanólico e do ácido Triterpeno 24-Hydroxytormentic isolado das cascas do tronco da Ocatea suaveolens, da família Laurancea. O extrato bruto da Ocatea suaveolens foi ____________________________________________________________Revista da Literatura 10 administrado intraperitonealmente e por via oral, 30 minutos e 1 hora antes dos testes aplicados. Observou-se que houve significativa inibição das constrições abdominais causadas por ácido acético e em ambas as fases da indução de formalina em camundongos, enquanto no teste da placa quente não houve ação antinociceptiva do mesmo extrato administrado. JAIN et al. (1999) avaliaram, em camundongos e ratos, o efeito antinociceptivo e antiinflamatório do extrato de Tanacetum parthenium L, da família Asteracea, cujo princípio ativo é chamado partenolide. Para avaliação antinociceptiva, foi utilizado o teste de contorção abdominal, que foi induzido por ácido acético. O número de contorções foi contado em um período de 20 minutos, começando 3 min após a injeção de ácido acético. Observou-se que o extrato é capaz de produzir efeito antinociceptivo dependendo da dose. O teste da cauda também foi utilizado para avaliação da resposta antinociceptiva, demonstrando efeito antinociceptivo do extrato de acordo com a dose, produzindo efeito máximo na dosagem de 60 mg/Kg. Com relação ao teste para avaliação das propriedades antiinflamatórias, foi induzido edema nas patas dos animais por carragenina. Com a utilização do extrato testado, obteve-se diminuição significativa do edema. Concluiu-se neste estudo que os efeitos analgésico e antiinflamatório do extrato dependem da dose administrada. Os autores ainda propõem que o partenolide apresenta efeitos antiinflamatório e antinociceptivo superiores a nimesulida. ____________________________________________________________Revista da Literatura 11 ALGUACIL et al. (1999) avaliaram a atividade antinociceptiva (injeção de ácido acético) e antiinflamatória (teste de edema induzido por carragenina) de extratos aquosos e etanólicos do fruto e flores da Tecoma sambucifolia, da família Bignoniaceae, a mesma da Zeyheria montana. Além disso, também avaliaram a toxicidade in vitro dos mesmos extratos em células ovarianas de hamsters chineses, células de hepatoma humano e células humanas de carcinoma epidermóide de laringe. Todos os extratos apresentaram efeitos antiinflamatório e antinociceptivo, principalmente os extratos alcoólicos. Com relação a citotoxicidade, havia diferença significativa entre os extratos e a sensibilidade das células estudadas. A maior citotoxicidade foi observada com os extratos etanólicos, principalmente o extrato realizado com as flores da planta e as células mais sensíveis foram aquelas do hepatoma humano. Após a análise dos resultados, os autores concluíram que o extrato aquoso do fruto parece ter o melhor perfil fármaco-toxicológico, visto que proporcionou significante redução da inflamação e dor, além de apresentar a menor citotoxicidade. GUARIM NETO et al. (2000), em um artigo de revisão de literatura, apresentaram o repertório etnobotânico referente a 52 espécies da família Spindacea Jussie, compilando dados da sua utilização, procurando evidenciar a importância econômica para as populações humanas e os usos que fazem das diferentes espécies. Entre elas destaca-se a Serjania erecta Radlk, conhecida popularmente como cinco – folhas, cujas folhas e raízes são utilizadas na forma de ____________________________________________________________Revista da Literatura 12 chás que auxiliam no tratamento de úlceras gástricas e no combate à hipertensão. Os mesmos autores ainda destacam que a distribuição desta planta no Brasil se faz pelo Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal. MIRANDA et al. (2001) estudaram as propriedades antinociceptivas, antiedematogênicas e toxicidade aguda do extrato aquoso de Tabebuia avellanedae, da família Bignoniaceae, a qual pertence a espécie Zeyheria montana, conhecida popularmente no Brasil como “pau d’arco”. O extrato aquoso foi retirado do interior das cascas da Tabebuia avellanedae e são usadas como analgésico, antiinflamatório e diurético no nordeste do Brasil. Para o estudo, foram utilizados camundongos (20-35 g) e ratos Wistar (120-200 g), machos e fêmeas. O extrato estudado foi administrado por via oral. Para o teste de toxicidade aguda foram utilizados 10 camundongos, mesmo número de ratos para o teste do edema de pata, enquanto para o teste de contorção abdominal induzido por ácido acético 9 camundongos foram utilizados. Finalmente 8 camundongos compuseram o teste de formalina. Verificou-se que houve uma atividade significativa em todos os testes realizados, relatando-se ainda que o efeito antinociceptivo possa estar associado ao sistema adenosina. Concluiu-se que esses resultados validam o uso popular desta planta como analgésico e antiinflamatório. KEKESI et al. (2003) avaliaram, in vivo, a atividade antinociceptiva do extrato de Serpevivum tectorum, da família Crassulacea, por meio de procedimentos que envolveram cirurgia e teste de nocicepção em ratos. Para o ____________________________________________________________Revista da Literatura 13 estudo, utilizaram-se ratos machos Wistar, os quais foram anestesiados com uma mistura de cloridrato de cetamina e xilazina (72 e 8 mg/Kg IP, respectivamente). Dois testes para avaliação da eficácia do extrato de Sempervivum tectorum de nocicepção foram aplicados. O teste súbito da cauda avaliou a sensibilidade nociceptiva aguda e a latência para a retirada da cauda foi medida a cada 10, 30 e 60 minutos após a injeção do extrato. O teste edemogênico da pata foi induzido por injeção de 1,5 mg de carragenina em 0,1 ml de soro fisiológico em uma das patas traseiras. Todas as doses aplicadas de Sempervivum tectorum diminuíram significativamente a hiperalgesia, mas o efeito não deu impressão de dosedependência. No teste súbito da cauda todas as doses causaram pequena, mas significante diminuição da latência quando comparada com o grupo controle entre 10 e 30 minutos. O efeito máximo foi registrado em 30 minutos na dose máxima, desaparecendo após 60 minutos. LAUPATTARAKASEM et al. (2003) avaliaram a atividade antiinflamatória de extratos aquosos e etanólicos de plantas tradicionalmente utilizadas na Tailândia para tratar artrite, as folhas de Acanthus ebracteatus, casca do caule de Oroxylum indicum e caules de Cryptolepis buchanani e Derris scandens. Os extratos aquosos de O. indicum e D. scandens reduziram significativamente a liberação de mieloperoxidase. A produção de eicosanóides foi reduzida apenas quando utilizado o extratos de aquosos de A. ebracteatus e D. scandens. Extrato de D. scandens apresentou atividade inibitória potente contra a geração de leucotrienos B, além de ____________________________________________________________Revista da Literatura 14 uma atividade antioxidante. Além disso, o extrato de D. scandens mostrou significante atividade anti-edematogênica quando administrado intraperitonealmente, mas não produziu redução significante quando administrado oralmente. Não foi observada atividade antiinflamatória significativa dos extratos de C. buchanani. Os autores concluíram que os resultados obtidos suportam o uso tradicional de D. scandens para o tratamento de artrite e proporcionam leve indicação de O. indicum e A. ebracteatus. LIMA et al. (2005) avaliaram a atividade antibacteriana de 25 plantas tradicionais da medicina brasileira, entre elas a Serjania lethalis, que pertence a família Sapindacea, a mesma da Serjania erecta. Para o estudo, foi realizada a coleta das plantas e transformação das mesmas em extratos, além de fracionamento dos mesmos. No total, foram produzidos cerca de 49 extratos para serem analisados em três tipos de cepas de Escherichia coli (ATCC 25922) e Staphylococcus aureus (ATCC 25923), susceptíveis à antibióticos, resistentes a fluorquinolona e resistentes à 15 macrolídeos. As cepas foram mantidas em crescimento no Ágar Mueller-Hinton. Os resultados obtidos foram que os extratos etanólicos do caule e da casca da Serjania lethalis apresentaram apresentaram atividade antimicrobiana no grupo das bactérias resistentes a fluorquinolona e ao grupo resistente aos macrolídeos. O extrato do caule fracionado em clorofórmio apresentou atividade antimicrobiana em todas as cepas testadas. Os extratos do caule fracionados em acetato de etil e hidrometanólico, assim como o extrato ____________________________________________________________Revista da Literatura 15 etanólico das folhas apresentaram grande atividade antimicrobiana em todas as cepas de E. coli. Entretanto, os extratos das folhas fracionados em hexano e clorofórmio não foram efetivos nas cepas susceptíveis, mas apresentaram atividade antimicrobiana nas duas outras cepas. Os autores concluíram que os extratos de S. lethalis apresentaram atividade antimicrobiana significativa em cepas de E. coli. GADOTTI et al. (2005) avaliaram a ação antinociceptiva do extrato e flavonóides isolados da Bauhinia microstachya, que é uma planta nativa do sul do Brasil. Para tal estudo foram utilizados ratos Wistar e camundongos de ambos os sexos. Os testes aplicados para avaliação de nocicepção foram o de contorção abdominal induzida por injeção intraperitoneal de ácido acético, teste de formalina e capsaicina. Para hiperalgesia, utilizou-se o teste de hiperalgesia na pata do rato, causada por diferentes medicamentos. Os resultados deste estudo confirmaram estudos prévios, nos quais a quercitrina e o extrato metanólico obtidos da B. microstachya usados foram suficientes para causar antinocicepção em camundongos. O extrato metanólico foi capaz de reduzir significativamente o mecanismo de hiperalgesia em ratos induzido por vários agentes. Além disso, os flavonóides e a quercitrina isolados, contribuem para explicar as propriedades antinociceptivas que o extrato metanólico apresentou. Entretanto, segundo os autores, mais estudos farmacológicos e químicos são necessários para entender ____________________________________________________________Revista da Literatura 16 precisamente o mecanismo responsável pela ação antinociceptiva e identificar outros compostos presentes na B. microstachya. FERREIRA JUNIOR et al. (2005) investigaram o emprego de plantas medicinais pela população, enfatizando aquelas usadas para tratar afecções bucais, além das suas principais indicações e formas de utilização. O trabalho foi realizado por meio de aplicação de um questionário aos moradores de 212 domicílios, para coleta de informações referentes ao uso de plantas medicinais no tratamento de alguma doença. Dos 212 questionários aplicados, 175 confirmaram o uso de plantas medicinais para tratar doenças bucais, sendo que foram citadas 829 plantas. Entre as 829 citações, selecionaram-se as 10 plantas mais prevalentes no estudo. No que diz respeito as principais indicações, as mais freqüentes foram febres e/ou gripes, processos inflamatórios, quadros álgicos e problemas gastrointestinais. Especificamente em relação às doenças bucais, romã ( Punica granatum), aroeira (Hura crepitans), cajueiro (Anacardium occidentale), malva do reino (Malva parviflora) e malva corama (Malvaviscus arboreus) foram as mais citadas para tratamento de patologias, como aftas, odontalgias, inflamações, durante a erupção dental e para cicatrização. Os autores concluíram que as plantas medicinais são usadas por grande parte da população no tratamento dos mais diversos agravos à saúde e metade dos entrevistados utiliza recursos vegetais para cuidar das afecções bucais. ____________________________________________________________Revista da Literatura 17 NAPOLITANO et al. (2005) investigaram o efeito dos extratos etanólicos e hexânicos de 3 espécies de plantas sobre a produção de óxido nítrico por macrófagos J774 ativados por LPS/IFN. O efeito citotóxico dos extratos crus foi determinado pelo teste de azul de tiazolil para medir a viabilidade celular. Os extratos da haste da Serjania lethalis e os extratos das folhas da Cupania vernalis inibiram significativamente a produção de óxido nítrico, enquanto extratos de Casearia sylvestris var. língua foram inativos, apresentando baixa atividade sobre a produção de óxido nítrico ou foram muito citotóxicos. Os extratos etanólicos da casca do caule de Serjania lethalis e das folhas de Cupania vernalis inibiram quase completamente a produção de óxico nítrico por macrófagos J774. Assim, concluiuse que os extratos selecionados são fontes potenciais de compostos ativos que podem ser usados como agentes antiinflamatórios. SILVA et al. (2006) avaliaram o efeito antinociceptivo e toxicidade aguda do extrato aquoso da Hyptis fruticosa Salmz. Ex Benth, por meio do teste de contorção abdominal induzida por ácido acético, teste de formalina e teste da placa quente O extrato aquoso liofilizado, administrado por via oral, reduziu as contorções abdominais induzidas por ácido acético (200, 400 e 500 mg/kg) e o tempo de reação dos animais na primeira fase do teste da formalina (100 mg/kg e 400 mg/kg). No teste da placa quente, o extrato aquoso aumentou o tempo de latência ao calor (100 e 200 mg/kg), tendo este efeito sido revertido pelo antagonista opióide naloxona (5 mg/kg; i.p.). No ensaio de toxicidade aguda, não ____________________________________________________________Revista da Literatura 18 foi detectada a morte de nenhum animal após tratamento com doses de até 5 g/kg (v.o.) do extrato. Os autores concluíram que os resultados obtidos indicam que o extrato aquoso da Hyptis fruticosa apresenta efeito antinociceptivo em camundongos e não apresenta toxicidade aguda nas doses testadas. VERMA et al. (2007) avaliaram a atividade antinociceptiva do extrato aquoso da Pachyptera hymenae (DC) em camundongos. A Pachyptera hymenae pertence à família Bignoniaceae e os testes utilizados na avaliação foram os testes da cauda, contorção abdominal e de formalina em ratos. Foram administrados 1h antes dos experimentos os extratos nas doses 25, 50 e 75 mg/Kg por via oral. O extrato diminuiu o número de contorções abdominais induzidas por ácido acético em valores significativos para as doses testadas. A máxima porcentagem de inibição das contrações foi de 62,46% nas doses de 75 mg/Kg. No teste de formalina apresentou resultados significantes durante cada fase do teste na dose de 75 mg/Kg do extrato. No teste da cauda, o extrato apresentou valores significantes nas doses de 50 e 75 mg/Kg, quando comparado ao grupo onde se administrou piroxicam. GOMIG et al. (2008) avaliaram o efeito antiinflamatório tópico de Serjania erecta (Sapindaceae), utilizando o extrato e frações hidroalcóolicos, os quais foram obtidos por extração em solventes de polaridade crescente. Para o teste, utilizouse o método da inflamação induzida por óleo de cróton no pavilhão auditivo de ratos. Evidenciou-se que a aplicação tópica do extrato hidroalcóolico de Serjania ____________________________________________________________Revista da Literatura 19 erecta (0,01-3,0 mg) e das frações diclorometano (0,03-1,0 mg), acetato de etil (0,03-1,0 mg), e hexano (0,003-1,0 mg) reduziu significativamente o edema causado pelo óleo de cróton, de forma dose-dependente. O extrato e todas das frações testadas também diminuíram a atividade de mieloperoxidase tecidual nos pavilhões auditivos tratados com o óleo de cróton, com uma dose de inibição máxima de 72% com 3,0 mg para o extrado hidroalcóolico e 81%, 78%, e 83% com 1,0 mg para as frações diclorometano, acetato de etil e hexano, respectivamente. Os autores concluíram que esses resultados indicam um efeito antiinflamatório tópico da espécie Serjania erecta. GUENKA (2008) avaliou, em ratos e camundongos, as atividades antinociceptiva, antiedematogênica, ulcerogênica e de letalidade de extratos etanólicos de folhas de Zeyheria montana e Serjania erecta nas doses de 75, 150 e 300 mg/Kg, utilizando os testes de contorção abdominal, levantamento da cauda, Hargreaves, edema de pata e ulcerogênese induzida por indometacina. Os extratos foram administrados via intraperitoneal. Foi observada diminuição significativa da contorção abdominal em camundongos após administração de 75, 150, 300 mg/Kg dos extratos de Serjania erecta e Zeyheria montana, o mesmo sendo observado no teste do levantamento de cauda. Além disso, evidenciou-se inibição significativa dos volumes de edema de pata em todas as doses administradas dos extratos estudados. Não foi observada formação de úlcera no estômago de ratos para os ____________________________________________________________Revista da Literatura 20 dois extratos testados. Conclui-se que os extratos etanólicos de Z. montana e S. erecta têm um bom efeito antiedematogênico e antinociceptivo. 2. MODELOS EXPERIMENTAIS DE PULPITES E AVALIAÇÃO ANTIINFLAMATÓRIA PULPAR DE AINES CHIDIAC et al. (2002) relataram um novo modelo experimental de indução de dor dentária por meio da aplicação de agentes inflamatórios nos tecidos pulpares de incisivos de ratos. Em diferentes grupos de ratos, foi confeccionada uma cavidade de 1-2 mm na superfície distal dos incisivos inferiores. Em seguida, foi injetada cerca de 7-10 ml de solução salina, capsaína (1-10 mg/ml) ou formalina (2,5% ou 5%) na cavidade formada e o comportamento nociceptivou foi quantificado seguindo um método de escores com 4 escalas. Aplicação intradentária de capsaína produziu escores nociceptivos na forma de um platô por 1 a 2 horas dependendo da concentração utilizada. Resultados similares foram obtidos com aplicação intra-dentária de formalina a 2,5%. Pré-tratamento com morfina (2 mg/Kg) atenuou o comportamento nociceptivo observado após a aplicação de capsaína. Pré-tratamento com meloxicam provocou uma efeito anti-nociceptivo menos pronunciado, quando comparado à morfina. De acordo com os autores, esses resultados proporcionam evidências para a validade do modelo descrito para estimulação de dor inflamatória pulpar em in vivo. ____________________________________________________________Revista da Literatura 21 LU et al. (2002) investigaram o efeito do antagonista do receptor de interleucina 1 (IL-1ra) sobre a síntese de interleucina-1 beta induzida por lipopolissacarídeo (LPS) em células da polpa dentária humana e avaliar o papel da IL-1ra na inflamação pulpar. IL-1beta de células pulpares humanas foi medida por ELISA; expressão de IL-1ra no tecido pulpar foi detectada por imunoistoquímica. Estimulação das células pulpares com concentrações crescentes de LPS, resultou em produção de IL-1 beta dose-dependente. A adição de IL-1ra reduziu a síntese de IL-1 beta nas células pulpares. Inibição significativa da síntese de IL-1 beta induzida por LPS foi observada quando IL-1ra foi adicionada 60 minutos antes do tratamento com LPS. Grande número de neutrófilos, plasmócitos, células endoteliais e linfócitos IL-1ra positivos foram observados no tecido pulpar inflamado. Em resumo, IL-1ra poderia reduzir a síntese de IL-1 beta induzida por LPS, sugerindo que IL-1ra pode ter papel importante nas pulpites. MACFARLANE et al. (2002) realizaram um estudo para determinar a prevalência de dor oro-facial na população e descrever a incapacidade que essa dor causava em subgrupos da mesma população. O estudo foi composto por 4.000 adultos com idade entre 18-65 anos. A prevalência total de dor oro-facial foi de 26%, sendo mais comum em mulheres, com maior prevalência em pacientes entre 18 e 25 anos e menor no grupo entre 56 e 65 anos. De todos os participantes, 12% tinham dor ao redor dos olhos, 10% relataram dor ao redor das têmporas, 6% dor de ouvido e 6% dor na articulação temporomandibular. Somente 46% dos ____________________________________________________________Revista da Literatura 22 participantes com dor oro-facial foram procurar orientação profissional de um dentista ou médico generalista e 17% tiveram que faltar ao trabalho por incapacidade para realizar suas atividades normais por causa da dor. NAKAMURA et al. (2002) realizaram um estudo para determinar o papel da neutropenia na inflamação pulpar, investigando o efeito do metotrexato em polpas inflamadas de ratos. Para o estudo, foram utilizados 36 ratos Wistar que foram distribuídos igualmente em dois grupos, controle e experimental. Os animais do grupo controle não receberam nenhuma droga, enquanto que os do grupo experimental receberam injeção intraperitoneal de 7,5 mg/Kg de metotrexato uma única vez ao dia após 3 dias da exposição pulpar. Os tecidos pulpares dos primeiros molares inferiores esquerdos foram preparados com brocas de diâmetro ½, permanecendo expostos ao meio bucal. Após 2, 4 e 7 dias, 6 animais de cada grupo foram sacrificados. Antes dos animais serem mortos, foi realizada contagem de leucócitos no sangue periférico. A neutropenia induzida por metotrexato proporcionou início de invasão bacteriana no tecido pulpar e aumento da necrose pulpar, assim como diminuição na formação de abscessos. Histologicamente, a área de necrose pulpar nos animais experimentais foi significativamente maior que nos controles. Análise imunoistoquímica revelou inibição da infiltração de neutrófilos no tecido pulpar. Esses resultados, segundo os autores, sugerem que os neutrófilos fazem um papel importante nos mecanismos de defesa contra bactérias no tecido pulpar. ____________________________________________________________Revista da Literatura 23 GOPIKRISHNA; PARAMESWARAN (2003) realizaram um estudo para avaliar se o uso profilático de rofecoxibe reduziria a dor pós-tratamento endodôntico, quando comparado ao ibuprofeno e placebo. No total, 45 pacientes participaram desse estudo duplo-cego. Os pacientes foram distribuídos aleatoriamente em 3 grupos, com 15 pessoas em cada. Foram administradas por via oral, doses únicas de 50mg de rofecoxibe (GI), 600mg de ibuprofeno (GII) ou placebo (GIII) antes do tratamento endodôntico convencional se iniciar. Antes da administração de qualquer uma das drogas os pacientes foram questionados sobre a avaliação que faziam da sua dor antes do tratamento, por meio de uma escala de dor. Essa mesma escala foi utilizada pelos pacientes para avaliarem sua sintomatologia em determinados períodos após o tratamento ser iniciado. Após 4 e 8 horas de administração das drogas, tanto o rofecoxibe quanto o ibuprofeno apresentaram significativo alívio da dor quando comparados ao placebo. Porém não houve diferença significativa entre o rofecoxibe e o ibuprofeno nos mesmos períodos. Entretanto, quando todos os grupos foram comparados nos períodos de 12 e 24 horas após o tratamento endodôntico ser iniciado, o rofecoxibe foi significativamente mais efetivo na redução da dor. Portanto os autores concluíram que a administração profilática de rofecoxibe promoveu uma redução efetiva da dor após a realização do tratamento endodôntico. HSU et al. (2003) investigaram os mecanismos vasodilatadores dos vasos pulpares, principalmente o envolvimento de óxido nítrico, durante a inflamação ____________________________________________________________Revista da Literatura 24 pulpar. Para o estudo, foram utilizados 11 gatos, os quais foram preparados por administração intra-arterial dos agentes testados na artéria lingual. O fluxo sanguíneo pulpar foi medido por fluxometria a laser Doppler no canino mandibular do mesmo lado. No tecido pulpar dos animais, foram avaliados e comparados os efeitos do inibidor da enzima óxido nítrico sintetase (ONS), o ester metil L-arginina (L-NAME), sobre vários vasodilatadores, como a substância P (SP), peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (PRGC) e papaverina. Pré-tratamento com LNAME potencializou a vasodilatação induzida por SP por aproximadamente 5 horas. O aumento do fluxo sanguíneo pulpar variou de 91,47 à 109,91%. Outros vasodilatadores como o PRGC e a papaverina não responderam ao pré-tratamento com L-NAME. Segundo os autores, os resultados demonstraram que a administração isolada de L-NAME causou efeitos insignificantes no fluxo sanguíneo pulpar, embora o pré-tratamento com L-NAME pode potencializar a vasodilatação induzida por SP, provavelmente via aumento da atividade da enzima guanilato ciclase. PRGC e papaverina não responderam ao pré-tratamento com L-NAME, indicando que eles não são mediadores dependentes do endotélio vascular. NEKOOFAR et al. (2003) compararam a efetividade do meloxicam e piroxicam no controle da dor endodôntica pós-tratamento. O trabalho consistiu em um estudo randomizado, duplo-cego, o qual foi constituído por 51 pacientes. Antes do tratamento, os pacientes avaliaram a dor que estavam sentindo por meio de uma escala análoga visual. Após o tratamento endodôntico os pacientes foram ____________________________________________________________Revista da Literatura 25 distribuídos aleatoriamente em um dos grupos – meloxicam, piroxicam ou placebo, e receberam de acordo com o grupo, doses únicas de meloxicam (15 mg), piroxicam (20 mg) ou placebo. Após 8 e 24 horas do tratamento, os pacientes novamente completaram a escala análoga visual. Os resultados não evidenciaram diferença significativa entre a eficácia de meloxicam, piroxicam e placebo. Entretanto, o efeito analgésico foi significativamente maior em todos os grupos estudados após 24 horas. HOLT et al. (2005) realizaram um estudo para analisar histologicamente a efetividade de antiinflamatórios não esteroidais na inflamação pulpar induzida em ratos e avaliar o potencial inibitório dessas drogas da expressão de COX – 1 e COX – 2 por meio de RT-PCR. Os animais foram distribuídos aleatoriamente em 5 grupos com 10 ratos em cada. Três grupos foram estabelecidos de acordo com a droga a ser testada – GI, Celebra (celecoxibe); GII, Advil (ibuprofeno) e GIII, Vioxx (rofecoxibe). Os outros 2 grupos consistiram em controle positivo (polpa exposta sem administração de medicação) e controle negativo (nenhum tratamento realizado no dente). Após a anestesia, todos os animais, exceto aqueles do grupo controle negativo, foram submetidos à exposição pulpar dos 1º e 2º molares superiores e inferiores, bilateralmente, por meio de brocas carbides ¼, acopladas a turbinas de alta-rotação, sem refrigeração. As cavidades de acesso foram restauradas temporariamente com cimento provisório. Os dentes esquerdos foram processados e analisados histologicamente e os direitos preparados para a ____________________________________________________________Revista da Literatura 26 avaliação com RT-PCR. O GI recebeu 1,2 mg de Celebra via oral, 2 vezes/dia; GII recebeu 1,7 mg de Advil via oral 2 vezes/dia e o GIII recebeu 0,2 mg de Vioxx via oral, 1 vez/dia. Os grupos controles não receberam nenhuma medicação. Após 5 dias de exposição pulpar, os animais foram mortos. Para a análise histológica, utilizou-se o critério de McClanaham. Análise estatística demonstrou não haver diferença signficiante nos níveis de COX-1 e COX-2 entre as drogas testadas. Entretanto, Vioxx e Advil reduziram significativamente os níveis de expressão de COX-2 quando comparados ao controle positivo. HUANG et al. (2005) avaliaram os efeitos dos agentes de união dentinária sobre a expressão de COX-2 em células pulpares humanas. Células pulpares humanas foram cultivadas dos tecidos pulpares de terceiros molares impactados extraídos. Foram utilizadas RT-PCR e Wertern blot para investigar os efeitos provocados nas células pulpares em cultura quando em contato com agentes de união dentinária. Além disso, um inibidor seletivo da COX-2 (NS-398) foi adicionado ao teste como modulador dos efeitos citotóxicos dos agentes de união. A exposição das células pulpares em cultura à substância testada, induziu a expressão de RNAm de COX-2 e conseqüentemente a própria expressão da enzima. NS-398 não foi capaz de prevenir a citotoxicidade induzida pelos agentes de união dentinária às células pulpares. Os autores concluíram que a ativação da expressão de COX-2 pode ser um dos mecanismos envolvidos na reação inflamatória pulpar induzida por agentes de união dentinária. ____________________________________________________________Revista da Literatura 27 KAWAGISHI et al. (2006) avaliaram a capacidade de defesa em polpas velhas por meio da resposta de odontoblastos e células positivas para MHC-II sob cavidades preparadas em molares de ratos velhos, comparando com polpas de ratos jovens. Foram utilizados 36 ratos Wistar, jovens (100 dias) e velhos (300 a 360 dias). Após anestesia geral, uma cavidade em forma de sulco foi preparada na superfície mesial do primeiro molar superior esquerdo com broca carbide de diâmetro de 0,6 mm acoplada a turbina de alta rotação, sob irrigação. A preparação da cavidade causou dois tipos de reações pulpares de diferentes extensões e danos nos ratos mais velhos. Nos casos onde ocorreu dano severo, destruição da camada de odontoblastos foi evidente no local afetado. Após 12 horas do preparo cavitário, numerosas células MHC-II positivas foram observadas ao longo da borda dentina-polpa, mas desapareceram subsequentemente juntas com as células HSP-25 positivas. Após 3 dias, células semelhantes a odontoblastos substituíram os odontoblastos degenerados e adquiriram positividade para HSP-25 e nestina. Nos casos de dano leve, não foram observadas alterações evidentes nos odontoblastos e alguns sobreviveram por todo o período experimental. Segundo os autores, esses achados indicam que polpas velhas ainda possuem capacidade de defesa contra estímulos externos. KOJIMA et al. (2006) estudaram os efeitos da substância P (SP), um neuropeptídeo sensorial, na produção de prostaglandina (PG) E2 e o receptor RANKL por células pulpares humanas tipo fibroblastos. SP foi adicionada à cultura ____________________________________________________________Revista da Literatura 28 de células pulpares em concentrações que variavam de 10(-4) a 10(-12) mol/L. Os níveis de PGE2 e RANKL solúvel foram determinados utilizando o teste de ELISA. Expressão gênica foi avaliada por meio de RT-PCR. Os níveis de PGE2 e RANKL solúvel aumentaram na presença de SP, de uma maneira tempo e dose dependentes, enquanto o aumento de RANKL foi parcialmente mediado por PGE2. A expressão gênica de COX-2 e RANKL foi up-regulated, e as amostras extraídas das células pulpares tratadas com SP, induziram reabsorção óssea. Os autores concluíram que SP estimulou a produção de PGE2 e RANKL, e promoveu reabsorção óssea. Portanto, SP pode estar envolvido na inflamação pulpar e reabsorção radicular durante movimentação ortodôntica. MUDIE; HOLLAND (2006) avaliaram a presença de β-endorfina e somatostatina em polpa normal e inflamada. Vinte e cinco ratos adultos foram usados neste experimento. Todos os animais foram anestesiados com 13 mg/Kg de xilazina e 87 mg/Kg de cetamina, administrados via intraperitoneal. Cavidades circulares de 2 mm de diâmetro foram preparadas na face mesial de ambos os molares do mesmo lado, com uma broca ½ e jato de ar e água até a exposição pulpar. Os resultados obtidos pelos autores demonstraram que tanto a β–endorfina como a somatostatina foram encontradas em níveis maiores nas polpas que sofreram agressão, ou seja, aquelas que apresentavam inflamação. CASTILHO et al. (2008) avaliaram a atividade de antiinflamatórios nãoesteroidais em tecido pulpar de incisivos de ratos. Para o estudo, foram ____________________________________________________________Revista da Literatura 29 confeccionadas cavidades nos incisivos superiores de 40 ratos, com o objetivo de induzir uma reação inflamatória pulpar. Estabeleceu-se 5 grupos experimentais, de acordo com as drogas administradas, GI – celecoxibe; GII – rofecoxibe; GIII – diclofenaco sódico; GIV – ibuprofeno e G5 – solução fisiológica (controle). A terapia com os antiinflamatórios foi iniciada 24 horas após a exposição pulpar. Após 1, 3, 5 e 7 dias após o início da terapia, 2 animais de cada grupo foram sacrificados e tiveram seus dentes extraídos para análise histológica. Observou-se que todos os medicamentos testados foram capazes de reduzir a inflamação quando comparados ao grupo controle. O grupo tratado com celecoxibe apresentou os melhores resultados, seguido pelo rofecoxibe e ibuprofeno, que se comportaram semelhantes entre si e superiores ao diclofenaco sódico. Proposição __________________________________________________________________Proposição 31 O objetivo desse estudo foi avaliar, por meio de análise histológica semiquantitativa, a atividade antiinflamatória dos extratos etanólicos de Serjania erecta e Zeyheria montana, após indução de reação inflamatória em tecido pulpar de ratos. Materiais e Métodos _____________________________________________________________Materiais e Métodos 33 O projeto de pesquisa deste estudo foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Ribeirão Preto, que o aprovou sem restrições (Anexo 1). 1. Preparo dos extratos de Serjania erecta e Zeyheria montana Os extratos etanólicos de Serjania erecta (Anexo 2) e Zeyheria montana (Anexo 3), foram adquiridos no Setor de Biotecnologia, área de Fitoquímica, da Universidade de Ribeirão Preto. A Serjania erecta foi coletada em Araxá – MG, em novembro de 2005. O seu extrato vegetal foi preparado a partir de folhas secas e moídas, utilizando a proporção de 200g de folhas para 1 litro de etanol absoluto. O material vegetal permaneceu em maceração por 24 h antes de cada uma das extrações. Realizouse então, para cada extração, a filtração seguida do processo de rota-evaporação do etanol, obtendo-se em seguida os extratos vegetais alcóolicos de Serjania erecta. Zeyheria montana foi coletada em Franca – SP, em outubro de 2005. Como realizado com S. erecta, os extratos vegetais foram preparados a partir das folhas secas moídas. Utilizou-se 1 Kg de Zeyheria montana para 5 litros de solvente (álcool etílico a 95%) e o material vegetal também permaneceu em maceração por 24h antes de cada uma das extrações. A filtração foi realizada da mesma forma que no extrato de S. erecta. Ambos os extratos foram armazenados em recipientes adequados no Laboratório de Plantas Medicinais da Universidade de Ribeirão Preto. _____________________________________________________________Materiais e Métodos 34 Para a preparação das soluções aquosas dos extratos e posterior administração nos animais, foram adicionados 900 mg de cada extrato individualmente em microtubos safe-lock (Eppendorf AG, Hamburgo, Alemanha), previamente tarados, e em seguida foi acrescentado 1,2 ml de solução fisiológica (NaCl 0,9%). Para obter uma solução homogênea, realizou-se a mistura do extrato com a solução fisiológica utilizando uma lavadora ultra-sônica computadorizadaUSC 700 (Ultrasonic Cleaner UNIQUE, Indaiatuba, SP, Brasil) e um agitador de tubos MA-162 tipo vortex (Marconi Equipamentos para Laboratório LTDA, Piracicaba, São Paulo, Brasil). Assim, obteve-se extratos vegetais em solução salina na concentração 750 mg/mL de Zeyheria montana e de Serjania erecta. 2. Indução da reação inflamatória no tecido pulpar de ratos Para o estudo, foram utilizados 45 ratos (Rattus novergicus albinus, Wistar) machos, provenientes do Biotério da Universidade de Ribeirão Preto, pesando entre 200 e 250 gramas. Durante todo o período do experimento, os animais foram mantidos em caixas de polietileno apropriadas, com dimensões de 41 x 34 x 16cm, no interior de estantes isoladoras em sala com temperatura controlada entre 20ºC e 21ºC, ar filtrado e ciclos de luz de 12 horas. Receberam alimentação e água a vontade, permanecendo sob observação constante de um técnico especializado. _____________________________________________________________Materiais e Métodos 35 Os animais foram anestesiados com cloridrato de cetamina (0,1 mg/kg) (SESP – Divisão Vetbrands Saúde Animal, Jacareí, SP, Brasil) associado à xilazina (0,05 mg/kg) (Bayer do Brasil, Belford Roxo, RJ, Brasil), que é um relaxante muscular, administrados por via intramuscular. A reação inflamatória foi induzida realizando uma cavidade com broca esférica carbide FG ½ (KG Sorensen, São Paulo, São Paulo, Brasil) acionada por motor de alta rotação (Dabi-Atlante, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil), sob refrigeração constante, posicionada sobre a face mesial dos primeiros molares inferiores bilaterais (Figura 1). A profundidade da cavidade formada correspondia ao diâmetro ativo da broca (0,06 mm). Figura 1 – Confecção da cavidade na face molar inferior esquerdo do animal. mesial do primeiro Após a realização das cavidades, os animais foram aleatoriamente distribuídos em 3 grupos experimentais com 15 animais cada, de acordo com o _____________________________________________________________Materiais e Métodos 36 extrato etanólico utilizado: Grupo I – controle negativo – os segundos e terceiros molares inferiores íntegros; Grupo II – injeção intraperitoneal de solução salina; Grupo III – extrato etanólico da Zeyheria montana; Grupo IV – extrato etanólico de Serjania erecta. Os mesmos animais foram utilizados nos grupos I e II. Decorridos 60 minutos da realização da cavidade, os animais dos grupos III e IV receberam 300 mg/Kg de extrato etanólico de Zeyheria montana e Serjania erecta, respectivamente, via intraperitoneal. Solução salina fisiológica a qual foi utilizada para preparar as soluções dos extratos, foi administrada em igual volume via intraperitoneal, nos animais dos I e II. Nos períodos de 6, 12 e 24 horas após a injeção intraperitoneal dos extratos estudados, 5 animais de cada grupo foram mortos por sobredose anestésica com cloridrato de cetamina, estabelecendo-se a distribuição final dos animais de acordo com a droga utilizada e o período de análise (Tabela I). Tabela I - Distribuição dos espécimes de acordo com o extrato estudado e os períodos de análise. PERÍODOS DE ESTUDO GRUPOS n=45 6 HORAS 12 HORAS 24 HORAS I (CONTROLE NEGATIVO) 5 5 5 II (CONTROLE POSITIVO) 5 5 5 III (Zeyheria montana) 5 5 5 IV (Serjania erecta) 5 5 5 As mandíbulas foram dissecadas, divididas em direita e esquerda de forma cuidadosa para evitar a fratura (Figura 2) e imediatamente imersas em solução neutra de formol 10%, na qual permaneceram por 24 horas. _____________________________________________________________Materiais e Métodos 37 Figura 2 – Hemi-mandíbula dissecada. 3. Processamento histológico Decorrido o período de fixação, as hemi-mandíbulas foram lavadas durante 01 hora em água corrente para eliminação dos resíduos da solução de formol. Na seqüência, para descalcificar os espécimes, os mesmos foram imersos em solução de ácido tricloroacético a 10% por 24 horas, obtendo-se descalcificação satisfatória para o processamento histológico convencional. Em seguida, as hemi-mandíbulas foram lavadas em água corrente por 12 horas para eliminar os resíduos da solução descalcificadora e posteriormente seccionadas na região dos molares inferiores no sentido mésio-distal, obtendo-se duas metades para cada espécime avaliado. Cada fragmento da hemi-mandíbula vestibular e lingual foi então incluído em parafina no aparelho Leica Histoembedder® (Leica Instruments GmbH, Nussloch- Alemanha) e levado ao micrótomo Leica RM 2145® (Leica Instruments _____________________________________________________________Materiais e Métodos 38 GmbH, Nussloch- Alemanha), para obtenção de cortes seriados e padronizados com 6 µm de espessura. Os cortes foram distendidos em banho histológico (ANCAP, São Paulo, São Paulo, Brasil), em uma temperatura de 32ºC, e colocados em lâminas de vidro. Cada lâmina continha 5 cortes da região mais próxima possível da área de indução. Essas lâminas, na seqüência do preparo histológico, foram acondicionadas em uma estufa de 60ºC até que os excessos de parafina fossem totalmente escorridos. Completando-se a remoção da parafina, iniciou-se a coloração das lâminas com hematoxilina e eosina. O processo de coloração iniciou-se com 3 banhos de xilol, com tempo de duração de 5 minutos cada, seguidos de um banho de álcool xilol, mais 3 banhos de álcool absoluto, com tempo de duração de 15 segundos cada. Com a finalidade de re-hidratar os cortes, estes foram submetidos a uma bateria de álcool em concentração decrescente (95%, 80%, 50%) e finalizado com lavagem em água corrente, todos com tempo de duração de 15 segundos. As lâminas com os cortes montados foram imersos em hematoxilina por quatro minutos e, a seguir, lavadas em água corrente por 5 minutos, para que ocorresse a remoção do excesso do corante. Feito isso, as lâminas foram imersas durante 5 segundos em solução de álcool ácido para a diferenciação. Continuando o processo, foram novamente lavadas em água corrente por 5 minutos e imersas em álcool 70% por 15 segundos para posteriormente serem coradas com eosina _____________________________________________________________Materiais e Métodos 39 durante 20 segundos. Removidos da eosina, foram imersas em dois banhos de álcool 96% com duração de 15 segundos cada, com o objetivo de remover o excesso do corante. Posteriormente, as lâminas foram submetidas a 3 banhos sucessivos de álcool absoluto, por um tempo de 20 segundos cada e mais um banho de álcool xilol por 15 segundos. Terminado essa etapa, receberam 3 banhos de xilol, com duração de 15 segundos cada, encerrando o processo de coloração, desidratação e diafanização. A montagem das lâminas foi realizada com resina líquida SP15-500 (Permount R Fisher Scientific, Nova Jersey, EUA), as quais após receberem as lamínulas, foram levadas para análise dos resultados. Além disso, as lâminas foram submetidas à coloração de Brown e Brenn para certificar se houve contaminação bacteriana nos dentes que foram submetidos ao preparo cavitário. 4. Análise histológica semi-quantitativa Para a análise dos resultados, em cada espécime, foram avaliadas 5 lâminas histológicas distintas, cada uma contendo 5 cortes, totalizando 25 cortes para cada amostra analisada. Na análise histológica semi-quantitativa, foram adaptados os critérios propostos por McClanaham (1991), como se segue: _____________________________________________________________Materiais e Métodos 40 1- polpa normal- camada intacta de odontoblastos, tecido nervoso e ausência de infiltrado inflamatório, hiperemia ou edema (0% de campo microscópico inflamatório) 2- inflamação suave – leve infiltrado de células inflamatórias, neutrófilos, linfócitos, ausência de edema e hiperemia (1- 33% de campo microscópico inflamatório) 3- inflamação moderada - moderado infiltrado de células inflamatórias, neutrófilos, linfócitos, presença de edema e hiperemia (34-66% de campo microscópico inflamatório). 4- inflamação severa - predominância de células inflamatórias, neutrófilos, linfócitos, congestão capilar, hemorragia, e possível calcificação distrófica (67100% do campo microscópico inflamatório). Durante a análise das lâminas histológicas, o observador desconhecia os grupos que foram avaliados. A área selecionada para análise foi a região imediatamente abaixo da cavidade confeccionada (figura 3). _____________________________________________________________Materiais e Métodos 41 Figura 3 – Região pulpar onde a análise histológica foi realizada (seta) (HE, 20x). 5. Análise estatística Os dados foram submetidos a testes estatísticos preliminares com auxilio do software GMC 8.1 (desenvolvido pelo Prof. Geraldo Maia Campos da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto) com o objetivo de verificar a normalidade da distribuição amostral. Uma vez que a amostra testada apresentou distribuição não normal, foram aplicados testes estatísticos não paramétricos com auxilio do software GraphPad InStat (GraphPad Software Inc, San Diego, EUA) e teste múltiplo de Dunn para verificar a existência de diferença estatística significante entre os escores de acordo com os grupos estudados, com nível de significância de 5% ( = 0,05). Resultados __________________________________________________________________Resultados 43 Após análise histológica semi-quantitativa seguindo critérios bem estabelecidos, obtiveram-se os dados de cada animal em todos os períodos de estudo. GRUPO I (Controle Negativo) No grupo I, que foi composto por dentes que não foram submetidos ao preparo cavitário, em todos os períodos observou-se na periferia do tecido pulpar normal, com camada intacta de odontoblastos, arquitetura preservada e ausência de infiltrado inflamatório, hiperemia ou edema (Figura 4). Tabela II - Escores originais atribuídos aos espécimes do grupo I Animal 6 horas 12 horas 24 horas 1 1 1 1 2 1 1 1 3 1 1 1 4 1 1 1 5 1 1 1 __________________________________________________________________Resultados 44 A B Figura 4 – Controle negativo – A, B – Camada intacta de odontoblastos, tecido pulpar preservado, com ausência de reação inflamatória (A – HE, 100x; B – HE, 200x). GRUPO II (Controle Positivo) Após 6 horas a administração da solução salina, observou-se um infiltrado inflamatório moderado, com presença de edema e hiperemia vascular em 3 amostras (escore 3), enquanto em 2 amostras foi observado infiltrado inflamatório intenso, com presença de edema, congestão vascular e hemorragia (escore 4) (Figuras 5A e 5B). Entretanto, após 12 horas, observou-se na maioria das __________________________________________________________________Resultados 45 amostras, um infiltrado inflamatório intenso, com presença de, hiperemia (Figura 5C) e edema significativos (escore 4). Resultados semelhantes foram observados após 24 horas, onde em todas as amostras analisadas, reação inflamatória intensa (Figuras 6A e 6B) foi observada (escore 4). Todos os dados referentes às amostras do grupo I estão dispostos na Tabela II. Tabela III – Escores originais atribuídos aos espécimes do grupo II Animal 6 horas 12 horas 24 horas 1 3 4 4 2 4 4 4 3 3 4 4 4 3 4 4 5 4 3 4 __________________________________________________________________Resultados 46 A B C Figura 5 - Grupo II – A – 6 horas - Reação inflamatória intensa e extensa (asterisco) (HE, 100x); B – Presença de edema e área hemorrágica extensa (asterisco) (HE, 100x); C 12 horas – Numerosos vasos sanguíneos congestos (seta) (HE, 200x) __________________________________________________________________Resultados 47 A B Figura 6 – Grupo II – A – 24 horas - Reação inflamatória intensa e extensa, com presença de edema (HE, 200x); B – Detalhe da fotomicrografia A, mostrando grande acúmulo de neutrófilos (HE, 400x). __________________________________________________________________Resultados 48 GRUPO III (Zeyheria montana) Após 6 horas de administração do extrato etanólico de Zeyheria montana, o tecido pulpar da maioria das amostras avaliadas apresentou reação inflamatória moderada (Figuras 7A e 7B), com discreto edema e ausência de hemorragia (escore 3). Em um espécime, foi observada reação inflamatória leve, com ausência de edema, congestão vascular e hemorragia (escore 2). Decorridos 12 horas, havia dois espécimes que apresentavam infiltrado inflamatório leve (escore 2) (Figura 7C), enquanto em 3 amostras era evidenciada reação inflamatória moderada, com presença de edema (Figura 7D) e vasos sanguíneos hiperêmicos, mas ausência de hemorragia (escore 3). Homogeneidade foi observada após 24 horas de administração do extrato, quando se observou reação inflamatória moderada, com presença de edema (Figuras 7E e 7F) e discreta congestão vascular, e ausência de hemorragia (escore 3). Todos os dados referentes a este grupo estão disponíveis na Tabela IV. Tabela IV - Escores originais atribuídos aos espécimes do grupo III. Animal 6 horas 12 horas 24 horas 1 2 2 3 2 3 2 3 3 3 3 3 4 3 3 3 5 3 3 3 __________________________________________________________________Resultados 49 A B C D E F Figura 7 – Grupo III – A, B - 6 horas - Reação inflamatória moderada, com vasos sanguíneos congestos (setas) (HE, 100x).; C – 12 horas Reação inflamatória leve, com escassas células mononucleares (HE, 100x); D – Reação inflamatória moderada, com presença de edema (asterisco) (HE, 200x); E, F – 24 horas - Reação inflamatória moderada, apresentando áreas de edema (asteriscos) (HE, 200x). __________________________________________________________________Resultados 50 GRUPO IV (Serjania erecta) Após 6 horas de tratamento com extrato etanólico de Serjania erecta, três espécimes apresentaram reação inflamatória moderada, com presença de edema (Figuras 8A e 8B) e congestão vascular (escore 3). Entretanto, em duas amostras havia infiltrado inflamatório leve, com ausência de edema, hiperemia ou hemorragia (escore 2). Após 12 horas, foi observada reação inflamatória intensa, com presença de edema, vasos sanguineos congestos e hemorragia (escore 4) em 3 amostras (Figuras 8C e 8D), enquanto em duas foi observado infiltrado inflamatório moderado (escore 3). No último período de estudo, após 24 horas, reação inflamatória intensa (escore 4) foi observada na maioria das amostras, com 1 espécime apresentando áreas de necrose (Figuras 8E e 8F), enquanto em apenas um espécime foi notado infiltrado inflamatório moderado (escore 3). Os achados referentes ao grupo III estão dispostos na Tabela V. Tabela V - Escores originais atribuídos aos espécimes do grupo IV Animal 6 horas 12 horas 24 horas 1 3 4 4 2 3 3 4 3 3 4 3 4 2 4 4 5 2 3 4 __________________________________________________________________Resultados 51 A B C D E F Figura 8 – Grupo IV– A – 6 horas - Reação inflamatória moderada, com presença de edema (asterisco) (HE, 200x); B- Vista panorâmica, com visualização da área correspondente à cavidade (asterisco) (HE, 50x); C – 12 horas – A- Reação inflamatória intensa, com presença de hemorragia (seta) (HE, 100x); D – 12 horas - Reação inflamatória intensa, com grande quantidade de linfócitos (seta). Cavidade preparada (asterisco) (HE, 100x). E –24 horas – A Reação inflamatória intensa, com presença de edema e áreas de necrose (asterisco) (HE, 100x); F – 24 horas - Detalhe da fotomicrografia anterior (HE, 200x). __________________________________________________________________Resultados 52 A análise dos cortes histológicos corados em Brown e Brenn não revelou contaminação bacteriana do tecido pulpar dos dentes submetidos à preparação de cavidades, em todos os períodos e grupos experimentais (Figuras 9, 10 e 11). __________________________________________________________________Resultados 53 A B C Figura 9 – Ausência de contaminação bacteriana nos tecidos pulpares do grupo controle. A – 6 horas, B- 12 horas e C- 24 horas (Brown e Brenn, 100x) __________________________________________________________________Resultados 54 Figura 10 – Grupo IV, 6 horas – Ausência de contaminação bacteriana (Brown e Brenn, 100x). Figura 11 – Grupo III, 24 horas – Ausência de contaminação bacteriana (Brown e Brenn, 100x). __________________________________________________________________Resultados 55 ANÁLISE ESTATÍSTICA Após 6 horas, comparando-se os grupos, não foi observada diferença estatisticamente significante, com os grupos apresentando resultados similares (Tabela VI). Entretanto, decorridas 12 horas do procedimento operatório e administração dos extratos, o grupo Zeyheria montana apresentou índice inflamatório significativamente menor (p<0,05) que o grupo controle positivo. Entretanto, os grupos Zeyheria montana e Serjania erecta apresentaram índices estatisticamente semelhantes (Tabela VII). Após 24 horas, o grupo submetido a tratamento com o extrato de Zeyheria montana apresentou índice inflamatório significativamente menor que os grupos controle positivo (p<0,01) e Serjania erecta (p<0,05). Os grupos controle positivo e Serjania erecta apresentaram resultados estatisticamente semelhantes (Tabela VIII). O grupo controle negativo apresentou, em todos os períodos, escore significativamente menor que todos os outros grupos estudados (p<0,05). Comparando-se os resultados obtidos por meio do teste de comparação múltipla de Dunn, independente dos períodos estudados, observou que os grupos tratado com Zeyheria montana apresentou índices inflamatórios significativamente menores que os grupo controle positivo (p<0,05), enquanto os grupos Zeyheria montana e Serjania erecta apresentaram índices inflamatórios estatisticamente semelhantes (p>0,05). Os grupos controle positivo e Serjania erecta apresentaram resultados estatisticamente semelhantes (p>0,05). O grupo controle negativo __________________________________________________________________Resultados 56 apresentou escores significativamente menores que os grupos controle positivo (p<0,001), Zeyheria montana (p<0,01) e Serjania erecta (p<0,001). A análise independente dos períodos analisados está disposta na Tabela IX. Tabela VI – Teste múltiplo de Dunn no período de 6 horas Comparação entre as amostras Diferença entre as médias (duas a duas) Significância Controle positivo x Z. montana 3.700 p>0,05 Controle positivo x S. erecta 5.000 p>0,05 Z. montana x S. erecta 1.300 p>0,05 Tabela VII – Teste múltiplo de Dunn no período de 12 horas Comparação entre as amostras Diferença entre as médias (duas a duas) Significância Controle positivo x Z. montana 6.800 P<0,05 Controle positivo x S. erecta 1.300 p>0,05 -5.500 p>0,05 Z. montana x S. erecta Tabela VIII – Teste múltiplo de Dunn no período de 24 horas Comparação entre as amostras Diferença entre as médias (duas a duas) Significância Controle positivo x Z. montana 7.500 P<0,01 Controle positivo x S. erecta 1.500 p>0,05 -6.000 P<0,05 Z. montana x S. erecta Tabela IX – Análise por meio do teste múltiplo de Dunn independente dos períodos estudados Comparação Diferença entre as médias Significância Controle Negativo x Controle Positivo -38,16 p<0,001 Controle Negativo x Z. montana -20,80 P<0,01 Controle Negativo x S. erecta -31,03 p<0,001 17,36 p<0,05 7,13 p>0,05 -10,23 p>0,05 Controle positivo x Z. montana Controle positivo x S. erecta Z. montana x S. erecta Discussão __________________________________________________________________Discussão 58 Para estabelecer um medicamento seguro e efetivo no controle da inflamação pulpar e determinar os efeitos das drogas analgésicas e antiinflamatórias disponíveis no mercado, vários estudos têm sido realizados, utilizando diferentes modelos de estudo. Entre os estudos realizados, há aqueles executados em humanos e outros que utilizam modelos de estudo animal (CHIDIC et al., 2002; HOLT et al., 2005; KAWAGISHI et al., 2006; CASTILHO et al., 2008). Em animais, inicialmente é necessária a indução de uma reação inflamatória pulpar e posteriormente avaliar o efeito de uma droga antiinflamatória por meio de quantificação e presença de citocinas, enzimas e células envolvidas no processo patológico. Entre os modelos experimentais de pulpite propostos, CHIDIAC et al. (2002) realizaram uma cavidade na superfície distal de incisivos inferiores de ratos e injetaram capsaína, uma substância altamente irritante, no interior do tecido pulpar. Outro estudo também realizou cavidades em incisivos de ratos, provocando a exposição pulpar, porém não foi injetada nenhuma substância no tecido pulpar (CASTILHO et al., 2008). O modelo experimental mais comumente utilizado consiste na confecção de cavidades em molares de ratos, superiores ou inferiores, com ou sem exposição pulpar (NAKAMURA et al., 2002; HOLT et al., 2005; KAWAGISHI et al., 2006; MUDIE; HOLLAND, 2006). No presente estudo, realizouse a indução de pulpite por meio da confecção de cavidades na face mesial dos primeiros molares inferiores de ratos, sem exposição pulpar. __________________________________________________________________Discussão 59 Após a indução de uma reação inflamatória pulpar e administração de drogas antiinflamatórias, alguns métodos podem ser utilizados para a análise dos resultados obtidos. A análise histopatológica fornece informações quanto à morfologia do tecido lesado, intensidade da reação inflamatória, células inflamatórias predominantes, presença de edema, hemorragia, necrose e vasos sanguíneos congestos (CHIDIC et al., 2002; HOLT et al., 2005; CASTILHO et al., 2008). Reações imunoistoquímicas e de biologia molecular, como a PCR e RT-PCR, são empregadas para avaliar a expressão de proteínas e genes específicos envolvidos na reação inflamatória (HOLT et al., 2005; KAWAGISHI et al., 2006). No presente estudo, avaliou-se os resultados por meio de análise histológica semiquantitativa utilizando critérios propostos e utilizados em estudos prévios (McCLANAHAM et al., 1991; HOLT et al., 2005). Os estudos que avaliam a ação antiinflamatória de fármacos em tecido pulpar inflamado são escassos e a maioria deles utiliza antiinflamatórios nãoesteroidais que estão disponíveis no mercado, como meloxicam, diclofenaco sódico, ibuprofeno, rofecoxibe e celecoxibe. Entre essas drogas testadas, ibuprofeno, rofecoxibe e celecoxibe apresentaram boa atividade antiinflamatória (NEKOOFAR et al., 2003; HOLT et al., 2005; CASTILHO et al., 2008). Entretanto, na literatura consultada não foram observados estudos que avaliaram o efeito antiinflamatório de fitoterápicos na polpa dental. __________________________________________________________________Discussão 60 No Brasil, o uso de plantas medicinais é bem difundido, principalmente em comunidades rurais, para o tratamento de uma série de doenças, inclusive doenças bucais (FERREIRA JUNIOR et al., 2005; NAPOLITANO et al., 2005). Entretanto, medicamentos fitoterápicos têm sido pouco estudados e utilizados na Odontologia. Estudos são necessários para se avaliar os efeitos terapêuticos específicos de extratos crus ou compostos isolados obtidos de uma grande variedade de famílias de plantas (NAPOLITANO et al., 2005). No presente estudo, avaliou-se a ação antiinflamatória pulpar de extratos etanólicos de Serjania erecta e Zeyheria montana, ambas nativas do cerrado brasileiro. Comparando-se a atividade antiinflamatória de Zeyheria montana e Serjania erecta, após 6 horas da injeção intraperitoneal dos extratos, ambos os grupos apresentaram índices inflamatórios similares, com reação inflamatória moderada, edema discreto e congestão vascular, sem presença de hemorragia. Nesse período, os índices inflamatórios de ambos os grupos foram estatisticamente semelhantes ao grupo controle positivo. Após 12 horas de injeção dos extratos, a maioria dos espécimes do grupo Zeyheria montana apresentou índice inflamatório menor que o grupo Serjania erecta, com reação inflamatória que variava de leve a moderada, apresentando vasos sanguíneos hiperêmicos e edema. Entretanto, essa diferença não foi estatisticamente significativa. O grupo Zeyheria montana apresentou índices inflamatórios estatisticamente menores que o grupo controle positivo, embora __________________________________________________________________Discussão 61 Zeyheria montana tenha apresentado resultados estatisticamente similares ao grupo Serjania erecta. Decorridas 24 horas da injeção dos extratos, o grupo Zeyheria montana apresentou índice inflamatório significativamente menor que os grupos controle e Serjania erecta, com reação inflamatória crônica moderada, edema, congestão vascular e ausência de hemorragia. Ao contrário, os grupos controle positivo e Serjania erecta apresentaram resultados estatisticamente similares. Comparandose os resultados dos grupos independente dos períodos, o grupo Zeyheria montana apresentou índices inflamatórios significativamente menores que o grupo controle positivo, mas resultados similares ao grupo Serjania erecta. Serjania erecta, popularmente conhecida como “cinco-folhas” ou “cipócinco-folhas” pertence à família Sapindaceae, a qual está largamente distribuída nas regiões tropicais do mundo. Extratos hidroalcóolicos de Serjania erecta revelaram a presença de flavonóides, saponinas, taninos, esteróides e triterpenóides (GOMIG et al., 2008), o que justifica sua indicação popular, no Brasil, para o tratamento de doenças inflamatórias e ulcerativas. Estudos prévios revelaram que algumas espécies do gênero Serjania, inclusive Serjania erecta, assim como compostos isolados delas, apresentam ação antiinflamatória, analgésica, antibacteriana e antifúngica (DI STASI et al., 1988; EKABO; FARNSWORTH, 1996; LIMA et al., 2006; GOMIG et al., 2008). A outra planta estudada, Zeyheria montana, pertence à família Bignoniaceae, é uma espécie __________________________________________________________________Discussão 62 medicinal endêmica do cerrado brasileiro, conhecida popularmente como “bolsa de pastor”. Apresenta diversos tipos de naftoquinonas, principalmente o lapaxol, além de outros componentes como flavonóides e terpenos (SANTOS et al., 2005; MACHADO et al., 2006). O extrato etanólico de Zeyheria montana apresentou os melhores resultados, quando comparados aos grupos controle positivo e Serjania erecta. A presença de naftoquinonas e flavonóides no extrato de Z. montana (SANTOS et al., 2005; MACHADO et al., 2006) provavelmente contribuiu para diminuir a reação inflamatória pulpar, principalmente quando comparado ao grupo controle, visto que essas substâncias, especialmente os flavonóides, têm a capacidade de reduzir a reação inflamatória e inibir a peroxidação lipídica, agindo assim como antioxidante (GONZÁLEZ-SEGOVIA et al., 2008). Não há dados na literatura para explicarmos o mecanismo exato pelo qual o extrato de Z. montana reduziu a reação inflamatória pulpar, visto que não é possível a determinação das características referentes a farmacocinética, farmacodinâmica e meia-vida de extratos vegetais. A inibição de enzimas e proteínas envolvidas no processo inflamatório pode ser mensurada por meio de estudos imunoistoquímicos e moleculares, necessários para complementar a análise. A atividade antiinflamatória conferida pelos flavonóides que são encontrados nas plantas estudadas, incluindo aqueles encontrados em chá, constituídos __________________________________________________________________Discussão 63 principalmente pela rutina e catequina, é explicada pelo seu efeito inibitório sobre o metabolismo do ácido araquidônico (DELPORTE et al.; 2005; HAN et al., 2005). De fato, a atividade antiinflamatória conferida por alguns tipos de flavonóides se deve a inibição da produção de prostaglandina E2 (DELPORTE et al.; 2005; HAN et al., 2005). Embora o extrato etanólico de Serjania erecta apresente em sua composição uma série de componentes com atividade antiinflamatória, além de uma ação antiinflamatória tópica comprovada (GOMIG et al., 2008), no presente estudo esse extrato não apresentou atividade antiinflamatória no tecido pulpar inflamado. Pode-se sugerir que se aumentasse o tempo de análise, não somente em curtos períodos de tempo como realizado no presente estudo, e consequentemente o número de doses administradas, talvez o extrato de S. erecta apresentasse um desempenho melhor. Por outro lado, como o extrato de Serjania erecta apresenta boa atividade antiinflamatória local, o seu uso tópico em polpas dentárias inflamadas, como em procedimentos de pulpotomia, eventualmente poderia apresentar bons resultados. GUENKA (2008) observou diminuição significativa da contorção abdominal e dos volumes de edema de pata em camundongos após administração intraperitoneal de extratos etanólicos de Serjania erecta e Zeyheria montana, o mesmo sendo observado no teste do levantamento de cauda. Esses achados sugerem que os extratos têm boa atividade antiinflamatória, evitando os efeitos de __________________________________________________________________Discussão 64 uma reação inflamatória mais exuberante, quando administrados preventivamente. Entretanto, mesmo que o extrato de Zeyheria montana apresentou melhor atividade antiinflamatória que o de Serjania erecta, os resultados do presente estudo não evidenciaram bom efeito antiinflamatório dos extratos no tecido pulpar, talvez pelas características próprias da cavidade pulpar, formada por paredes duras e inelásticas, onde os eventos que compõem a reação inflamatória, principalmente o edema, podem causar grandes danos ao tecido, dificultando a ação dos extratos estudados. Como não há trabalhos prévios avaliando os efeitos antiinflamatórios de extratos de plantas, sobretudo S. erecta e Z. montana, em tecido pulpar de ratos, é difícil a comparação com outros modelos de estudo. Na metodologia utilizada, Z. montana se mostrou mais eficaz no controle inflamatório pulpar do que S. erecta. Sem dúvida, novos estudos devem ser realizados para se avaliarem outros extratos, utilizarem outras metodologias e assim testar, compreender e elucidar os efeitos dos diversos fitoterápicos na reação inflamatória pulpar. Conclusão ______________________________________________________________________Conclusão 66 De acordo com a metodologia empregada e os resultados obtidos nos períodos de observação propostos neste estudo, foi possível concluir que: O extrato etanólico de Zeyheria montana apresentou melhor atividade antiinflamatória quando comparado ao grupo controle positivo e ao extrato etanólico da Serjania erecta. Referências _____________________________________________________________________Referências 68 ALGUACIL, L.F.; GALÁN de MERA, A.; LLINARES, F.; MORALES, L.; MUÑOZMINGARRO, M. D.; PONZUELO, J. M.; ORELLANA, J. A. V. Tecoma sambucifolia : anti-inflammatory and antinociceptive activies, and “in vitro’’ toxicity of extracts of the “huarumo’’ of Peruvian Incas. J. Ethnopharmacol., v. 70, n. 3, p. 227-233, 2000. ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. http://e- legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=10230#. Acessado em julho de 2008. ASRES, K.; MAZUMDER, A.; BUCAR, F. Antibacterial and antifungal activities of extracts of combretum molle. Ethiop. Med. J., v. 44, n. 3, p. 269-277, 2006. BEIRITH, A.; SANTOS, A.R.S.; CALIXTO, J.B.; HESS, S. C.; MESSANA, I.; FERRARI, F.; YUNES, R. A. Study of the antinociceptive action of the ethanolic extract and the titerpene 24-hydroxytormentic acid isolated from the stem bark of Ocotea suaveolens. Planta Med., v. 65, n. 1, p. 50-55, 1999. BERTONI, B. W. Propagação, variabilidade genética e química da Zeyheria montana Mart. Jaboticabal, 2003, 165p. Tese (Doutorado) - Faculdade de ciências agrárias e veterinárias - UNESP. BESRA, S. E.; SHARMA, R.M.; GOMES, S. A. Antiinflammatory effect of petroleum ether extract of leaves of Litchi chinensis Ethnopharmacol., v. 54, n. 1, p. 1–6, 1996. Gaertn. (Sapindaceae). J. _____________________________________________________________________Referências 69 CAPASSO, A.; LOIZZO, A. Clonidine-induced antinociception and locomotor hypoactivity are reduced by dexamethasone in mice. J. Pharm. Pharmacol., v. 53, n. 3, p. 351-360, 2001. CASTILHO, C.; COUTO, L.B.; SOUZA-GABRIEL, A. E.; PEREZ, D.E.C.; NUNES, F.D.; CRUZ-FILHO, A. M. Avaliação da atividade antiinflamatória de AINES em tecido pulpar de ratos. ROBRAC, v. 17, n. 43, p. 32-38, 2008. CHI, Y. M.; NAKAMURA, M.; YOSHIZAWA, T.; ZHAO, X. Y.; YAN, W. M.; HASHIMOTO, F.; KINJO, J.; NOHARA, T.; SAKURADA, S. Pharmacological study on the novel antinociceptive agent, a novel monoterpene alkaloid from Incarvillea sinensis. Biol. Pharm. Bull, v. 28, n. 10, p. 1989-1991, 2005. CHIDIAC, J. J.; RIFAI, K.; HAWWA, N. N.; MASSAAD, C. A.; JURJUS, A. R.; LABBUR, S. J.; SAADÃ, N. E. Nociceptive behavior induced by dental application of irritants to rat incisors: a new model for tooth inflammatory pain. Eur. J. Pain, v. 65, n. 1, p. 55-67, 2002. DELPORTE, C. BACHOUSE, N.; ERAZO, S.; NEGRETE, R.; VIDAL, P.; SILVA, X.; LOPEZ-PEREZ, J. L.; SAN FELICIANO, A.; MUÑOZ, O. Analgesic-antiinflammatory properties of Proustia pyrifolia. J. Ethnopharmacol., v. 99, n. 1, p. 119-124, 2005. DI STASI, L. C.; COSTA, M.; MENDACOLLIS, S. L.; KIRIZAWA, M.; GOMES, C.; TROLIN, G. Screening in mice of some medicinal plants used for analgesic purposes in the state of São Paulo. J. Ethnopharmacol., v. 24, v. 2-3, p. 205211, 1988. _____________________________________________________________________Referências 70 EKABO, O. A. FARNSWORTH, N. R., HENDERSON, T. O.; MAO, G.; MUKHERJEE, R. Antifungal and molluscicidal saponins from Serjania salzmanniana. J. Nat. Prod., v. 59, n. 4, p. 431–435, 1996. FENNER, R.; BETTI, A. H.; MENTZ, L. A.; RATES, S. M. K. Plantas utilizadas na medicina popular brasileira com potencial antividade antifúngica. Rev. Bras. Cienc. Farm., v. 42, n. 3, p. 369–394, 2006. FERREIRA JÚNIOR, J. F.; VIEIRA, L. B.; LEITE, M. J. V. F.; LIMA, K. C. O uso de fitoterápicos e a saúde bucal. Saúde Rev., v. 7, n. 16, p. 11-17, 2005. FLORA BRASILIENSIS – A OBRA. http://florabrasiliensis.cria.org.br/search?taxon_id =5946 Acessado em agosto de 2007. FLORA BRASILIENSIS – A OBRA. http://florabrasiliensis.cria.org.br/search?taxon_ id=17884 Acessado em junho de 2007. FLORA BRASILIENSIS – A OBRA. http://florabrasiliensis.cria.org.br/search?taxon_ id=10417 Acessado em setembro de 2007. GADOTTI, V. M.; SCHMELING, L. O.; MACHADO, C.; LIZ, F. H.; FILHO, V. C.; MEYRE SILVA, C.; SANTOS, A. R. S. Antinociceptive action of the extract and the flavonoid quercitrin isolated from Bauhinia microstachya leaves. J. Pharm. Pharmacol., v. 57, n. 10, p. 1345-1351, 2005. GOMIG NETO, G.; PIETROVSKI, E. F.; GUEDES, A.; DALMARCO, E. M.; CALDERARI, M. T.; GUIMARÃES, C. L.; PINHEIRO, R. M.; CABRINI, D. A.; OTUKI, _____________________________________________________________________Referências 71 M. F. Topical antiinflamatory activity of Serjania erecta Radlk (Spindaceae) extracts. J. Ethnopharmacol., v. 118, n. 2, p. 220-224, 2008. GONZÁLEZ-SERGOVIA, R.; QUINTANAR, J. L.; SALINAS, E.; CEBALLOS-SALAZAR, R.; AVILES-JIMENEZ, F.; TORRES-LÓPEZ, J. Effect of the flavonoid quercetin on inflammation and lipid peroxidation induced by Helicobacter pylori in gastric mucosa of guinea pig. J. Gastroenterol., v. 43, n. 6, p. 441-447, 2008. GOPIKRISHNA, V.; PARAMESWARAN, A. Effectiveness of prophylactic use of rofecoxib in comparison with ibuprofen on postendodontic pain. J. Endod., v. 29, n. 1, p. 62-64, 2003. GUARIM NETO, G.; SANTANA, S. R.; SILVA, J. V. B. Notas etnobotânicas de espécies de Spindaceae Jussieu. Act. Bot. Bras., v. 14, n. 3, p. 327-334, 2000. GUENKA, L. C. Avaliação da atividade antinociceptiva e antiedematogênica de extratos etanólicos de Zeyheria montana e Serjania erecta em ratos e camundongos. Ribeirão Preto, 2008, 64p. Dissertação (Mestrado), Curso de Biotecnologia da Universidade de Ribeirão Preto. HAN, C. K.; SON, M. J.; CHANG, H. W.; CHI, Y. S.; PARK, H.; KIM, H. P. Inhibition of prostaglandin production by a structurally-optimized flavonoid derivate, 2´,4´, 7-trimethoxyflavone and cellular action mechanism. Biol. Pharm. Bull, v. 28, n. 8, p. 1366-1370, 2005. _____________________________________________________________________Referências 72 HANUS, L. O.;REZANKA, T.; DEMBITSKY, V. M.; MOUSSAIEFF, A. Myrrh – Commiphora chemistry. Biomed. Pap. Med. Fac. Univ. Palacky. Olomuc. Czech. Repub., v. 149, n. 1, p. 3–28, 2005. HERRERO, U. L.; CHAVES, O. E.; TAMAYO, C. G. In vitro antiviral activity of Chamaecrista nictitans (Fabaceae) against herpes simplex virus: biological characterization of mechanisms of action. Rev. Biol. Trop., v. 52, n. 3, p. 807– 816, 2004. HOLT, C.I.; HUTCHINS, M.O.; PILEGGI, R. A real time quantitative PCR analysis and correlation of COX-1 and COX-2 enzymes in inflamed dental pulps following administration of three different NSAID. J. Endod., v.31, n. 11, p. 799-804, 2005. HSU, Y. Y.; JOU, Y. T.; WONG, R.; KARABUCAK, B.; SIMCHON, S.; KIM, S. Effect of nitric oxide synthase inhibitor (L-NAME) on substance P-induced vasodilatation in the dental pulp. Int. Endod. J., v. 36, n. 12, p. 840-847, 2003. HUANG, F. M.; TSAI, C. H.; DING, S. J.; CHANG, Y. C. Induction of cyclooxygenase-2 expression in human pulp cells stimulated by dentinbonding agents. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol. Oral Radiol. Endod., v. 100, n. 4, p. 501-506, 2005. JÁCOME, R. L. R.; OLIVEIRA, A. B.; RASLAN, D. S.; MÜLLER, A.; WAGNER, H. Análise de naftoquinonas em extratos brutos de raízes de Zeyheria montana M. (bolsa de pastor).Quím. Nova, v. 22, n. 2, p. 175-177, 1999. _____________________________________________________________________Referências 73 JAIN, N. K.; KULKARNI, S. K. Antinociceptive and anti-inflammatory effects of Tanacetum parthenium L. extract in mice and rats. J. Ethnopharmacol., v. 68, n. 1-3, p. 251-259, 1999. KAWAGISHI, E.; NAKAKURA-OHSHIMA, K.; NOMURA, S.; OHSHIMA, H. Pulpal responses to cavity preparation in aged rat molars. Cell. Tissue Res., v. 326, n. 1, p. 111-122, 2006. KEKESI, G.; DOBOS, I.; BENEDEK, G.; HORVATH, G. Antinociceptive activity of Sempervivum tectorum L.extract in rats. Phytother. Res., v. 17, n. 9, p. 10321036, 2003. KHALIL, N. M.; SPEROTTO, J. S.; MANFRON, M. P. Antiinflammatory activity and acute toxicity of Dodonaea viscose. Fitoterapia, v. 77, n. 6, p. 478 – 480, 2006. KOJIMA, T.; YAMAGUCHI, M.; KASAI, K. Substance P stimulates release of RANKL via COX-2 expression in human dental pulpcells. Inflamm. Res., v. 55, n. 2, p. 78-84, 2006. LAUPATTARAKASEM, P.; HOUGHTON, P. J.; HOULT, J. R.; ITHARAT, A. An evaluation of the activity related to inflammation of four plants used in Thailand to treat arthritis. J. Ethnopharmacol., v. 85, n. 2-3, p. 207-215, 2003. LIMA, M. R.; LUNA, J.S.; SANTOS, A.F.; ANDRADE, M.C.C.; SANTA´ANA, A. E. G.; GENET, J.P.; MARQUEZ, B.; NEUVILLE, L.; MOREAU, N. Anti-bacterial actvity of _____________________________________________________________________Referências 74 some Brazilian medicinal plants. J. Ethnopharmacol., v.105, n. 13, p. 137-147, 2006. LU, H. X.; XIAO, M. Z.; NIU, Z. Y.; GUO, X. M.; ZHAO, S. L.; WANG, H. G.; GUO, H. Y. Effect of IL-1ra on human dental pulp cells and pulpal inflammation. Int. Endod. J., v. 35, n. 10, p. 807-811, 2002. MACFARLANE, T. V.; BLINKHORN, A. S.; DAVIES, R. M.; KINCEY, J.; WORTHINGTON, H. V. Oro-facial pain in the community: prevalence and associated impact. Community Dent. Oral Epidemiol., v. 30, n. 1, p. 52-60, 2002. MACHADO, S. R.; GREGÓRIO, E. A.; GUIMARÃES, E. Ovary peltate Trichomes of Zeyheria montana (Bignoniaceae): Developmental ultrastructure and secretion in relation to function. Ann. Bot. (Lond), v. 97, n. 3, p. 357–369, 2006. MCCLANAHAM, S. B.; TURNER, D. W.; KAMINSKI, E. J.; OSETEK, E. M.; HEUER, M. A. Natural modifiers of the inflammatory process in the human dental pulp. J. Endod., v. 17, n. 12, p. 589-593, 1991. MIRANDA, F. G.; VILAR, J. C.; ALVES, I. A. N.; CAVALCANTI, S. C. H.; ANTONIOLLI, A. R. Antinociceptive and antiedematogenic properties and acute toxicity of Tabebuia avellanedae Lor. ex Griseb. inner bark aqueous extract. BMC Pharmacol., v. 1, p. 1-6, 2001. _____________________________________________________________________Referências 75 MOURA, T. F. A. L.; SCHENKEL, E. P.; SCHAPOVAL, E. E. S.; SIMÕES, C. M.; SANTOS, R. I. Estudos farmacológicos preliminares das raízes do Limonium brasiliense (BOISS.) kuntze–plumbaginaceae (Baicuru). Caderno de Farmácia, v. 1, n. 1, p. 45–54, 1985. MUDIE, A. S.; HOLLAND, G. R. Local Opioids in the inflamed Dental Pulp. J. Endod., v. 32, n. 4, p. 319-323, 2006. MUÑOZ–MINGARRO, D.; ACERO, N.; LLINARES, F.; POZUELO, J.M.; GALAN de MERA, A.; VICENTEN, J. A.; MORALES, L.; ALGUACIL, L. F.; PÉREZ, C. Biological activity of extracts from Catalpa bignonioides Walt.(Bignoniaceae). J. Ethnopharmacol., v. 87, n. 2, p. 163–167, 2003. NAKAMURA, K.; YAMASAKI, M.; NISHIGAKI, N.; IWAMA, A.; IMAIZUMI,I.; NAKAMURA, H.; KAMEYAMA, Y. Effect of Methotrexate-induced neutropenia on pulpal inflammation in rats. J. Endod., v. 28, n. 4, p. 287-290, 2002. NAKAMURA, M.; KIDO, K.; KINJO, J.; NOHARA, T. Antinociceptive substances from Incarvillea delavayi. Phytochemistry, v. 53, n. 2, p. 253-256, 2000. NAPOLITANO, D. R.; MINEO, J. R.; SOUZA, M. A.; PAULA, J. E.; ESPINDOLA, L. S.; ESPINDOLA, F. S. Down-modulation of nitric oxide production in murine macrophages treated with crude plant extracts from the Brazilian Cerrado. J. Ethnopharmacol., v. 99, n. 1, p. 37-41, 2005. _____________________________________________________________________Referências 76 NEKOOFAR, M.H.; SADEGHIPANAH, M.; DEHPOUR, A. R. Evaluation of meloxican (A Cox-2 Inhibitor) for management of postoperative endodontic pain: a doubleblind placebo-controlled study. J. Endod., v. 29, n. 10, p. 634-637, 2003. PALMA-DIBB, R. G.; TABA-JUNIOR, M.; SANTOS, C. M.; NAVARRO, V. P. Autogenous tooth fragment reattachment – association of periodontal surgery and endodontic restorative procedures: a case report. Quintessence Int., v. 35, n. 3, p. 179-84, 2004. PICERNO, P.; AUTORE, G.; MARZOCOS, S.; MELONI, M.; SANOGO, R.; AQUINO, R. P. Anti-inflammatory activity of verminoside from Kigelia africana and evaluation of cutaneous irritation in cell cultures and reconstituted human epidermis. J. Nat. Prod., v. 68, n. 11, p. 1610–1614, 2005. RAO, V. S. N. SANTOS, F.; SILVA, R.; GURGEL, L.; SOUSA, E.; SILVEIRA, E. Antiinflammatory effect of ternatin, a flavonoid from Egletes viscosa Less., in the rat model of colitis induced by acetic acid. BLACPMA., v. 2, n. 4, p. 48–51, 2003. RECOR – Reserva ecológica do IBGE. http://www.recor.org.br/publicacoes/plantasnativas.html. Acessado em março de 2007. RECOR – Reserva ecológica do IBGE. http://www.recor.org.br/publicacoes/plantasnativas.html. Acessado em abril de 2007. SANTOS, D. A. P. Busca de metabólitos bioativos em plantas da família Bignomiaceae e Rutaceae contra parasitas de doenças tropicais. São _____________________________________________________________________Referências 77 Carlos, 2005, 231p. Tese (Doutorado)-Centro de ciências exatas e de tecnologia da Universidade Federal de São Carlos. SILVA, R. R.; OLIVEIRA, T. T.; NAGEM, T. J.; LEÃO, M. A. Efeito de flavonóides no metabolismo do ácido araquidônico. Medicina (Ribeirão Preto), v. 35, n. 2, p. 127–133, 2002. SILVA, A. B. L.; DIAS, K. S.; MARQUES, M. S.; MENEZES, I. A. C.; SANTOS, T. C.; MELLO, I. C. M.; LISBOA, A. C. C. D.; CAVALCANTI, S. C. H.; MARÇAL, R. M.; ANTONIOLLI, A. R. Avaliação do efeito antinociceptivo e da toxicidade aguda do extrato aquoso da Hyptis fruticosa Samz. ex Benth. Rev. Bras. Farmacogn., v. 16, n. 4, p. 475-479, 2006. SIMÕES, C.M.O.; SHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. C. P.; MENTZ, L.A.; PETROVICK, P. R. Farmacognosia da planta ao medicamento. 5a ed. UFRGS, Porto Alegre, 2004, 1102p. VAN HASSEL, H. J. Physiology of the human dental pulp. Oral Surg, v.126, n.32, 1971. In: COHEN, S.; BURNS, R.C. Caminhos da Polpa. 9ª ed., Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1998, p. 497. VERMA, P. R.; DESHPANDE, S. A.; RANGARI, V. D. Antinociceptive activity of aqueous extract of Pachyptera hymenae (DC) in mice. J. Ethnopharmacol., v. 112, n. 1, p. 203-206, 2007. _____________________________________________________________________Referências 78 YU, M. H.; IM, H. G.; LEE, S. O.; SUNG, C.; PARK, C. C.; LEE, I. S. Induction of apoptosis by immature fruits of Prunus salicina Lindl. cv. Soldam in MDA-MB-231 human breast cancer cells. Int. J. Food Sci. Nutr., v. 58, n. 1, p.42-53, 2007. YUNES, R. A.; CALIXTO, J. B. Plantas Medicinais: sob a ótica da química medicinal moderna. 1ª ed, Chapecó Argos, 2001, 524p. Anexos __________________________________________________________________Anexo 1 __________________________________________________________________Anexo 2 CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO FLORA BRASILIENSIS Serjania erecta Rad Seção: Pachycoccus Família: Sapindaceae Ludwig Adolph Timotheus Radlkofer [Radlk.] Série: Eusapindaceae SubSérie: Eusapindaceae Nomophyllae Tribo: Paullinieae Kunth SubTribo: Eupaullinieae Radlk Gênero: Serjania Schumach A B C A: http://200.145.124.2/ibb/posgrad/teses/bga_me_2008_anapaula_nappi.pdf Acessado em julho de 2008 B: http://florabrasiliensis.cria.org.br/search?taxonid=119 Acessado em julho de 2008 C: http://www.ibb.unesp.br/noticias/noticias_ibb33_07.php Acessado em julho de 2008. __________________________________________________________________Anexo 3 CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A FLORA BRASILIENSIS Tribo Tecomeae Endl. Gênero Zeyhera Mart Família Bignoniaceae Louis Édouard Bureau [Bureau] & Karl Moritz Schumann [K.Schum.] A B C A: SITE VIDANATURAL: http://vidanatural.fortnecity.com. Acessado em julho de 2008. B: http://florabrasiliensis.cria.org.br/search?taxonid=119 Acessado em julho de 2008 C: BERTONI, B. W.; ASTOLFI FILHO, S.; MARTINS, E. R.; DAMIÃO FILHO, C. F.; FRANÇA, S. C.; PEREIRA, A. M. C.; TELLES, M. P. C.; DINIZ FILHO, J. A. F. Genetic variability in natural populations of Zeyheria montana mart. from the Brazilian Cerrado Sci. agric., v. 64, n. 4, doi: 10.1590/S010390162007000400012, 2007.