CONTRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA E DE VIABILIDADE BIOLÓGICA

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CONTRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA E DE VIABILIDADE BIOLÓGICA
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG
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CONTRIBUIÇÃO TECNOLÓGICA E DE VIABILIDADE BIOLÓGICA AO
CONHECIMENTO DA Tagetes erecta “CRAVO DE DEFUNTO” NO COMBATE AO
DENGUE E OUTRAS APLICABILIDADES.
Flávio Leal Andrade (iniciação cientifica UFPI), Maria das Graças Freire de Medeiros
(Orientadora, Centro de Ciências da Saúde)
INTRODUÇÃO
O gênero Tagetes, família Asteraceae, contém mais de 50 espécies das quais T. patula, T.
tenuifolia, T. lunata e T. erecta são as espécies anuais mais cultivadas como ornamentais em todo
mundo (SOULE e JANICK, 1996). A espécie T. erecta conhecida popularmente como cravo de defunto
é uma planta originária do México e suas propriedades terapêuticas são reconhecidas desde o tempo
dos astecas. A parte aérea é indicada para dor de estômago, vômito, diarreia, gastrite e enfermidades
do baço, (LOPEZ et al., 2001). Foram verificadas atividades biológicas como inseticida (MACEDO et
al., 1997), larvicida (PATHAK et al., 2000) e bactericida (MAE SRI HARTATI et al., 1999). O óleo
essencial da T. erecta possui atividade larvicida contra o vetor da dengue (MARQUES, 2011),
esquistossomicida (TONUCI, 2012) e antioxidante (PÉREZ et al., 2006). Estudos com o extrato
hidroalcoólico da T. erecta demonstraram que ele promovia um aumento significativo da taxa de
contração da ferida, epitelização e formação de cicatriz em ratos albinos (CHATTERJEE, 2011). Foi
relatado também que o extrato hidroalcoólico da T. erecta apresenta um potencial para a prevenção de
danos oxidativos por irradiação UV (SACHDEVA, 2011).
Diante disso, o presente projeto tem como objetivo investigar os constituintes e a atividade
antimicrobiana do extrato hidroalcoólico extraído das partes aéreas da Tagetes erecta.
MATERIAIS E MÉTODOS
A planta Tagetes erecta, Asteraceae, foi cultivada e coletada no Núcleo de Plantas Aromáticas e
Medicinais (NUPLAM) da Universidade Federal do Piauí (UFPI) em Teresina, Piauí. A exsicata cujo
registro é TEPB28326 foi depositada no Herbário Graziela Barroso do Núcleo de Referência em
Ciências Ambientais do Trópico Ecotonal do Nordeste - TROPEN. Folhas e flores frescas da T. erecta
foram cortadas em pedaços pequenos e depois submetidos a hidrodestilação durante 4h. . Após
secagem obteve-se 300 g de folhas e de flores, em seguida o material seco foi submetido à trituração.
Com as folhas e flores trituradas pode-se preparar o extrato hidroalcoólico por meio da maceração
utilizando 70% de etanol (2,100 mL) e 30% de água destilada (900 mL) obtendo-se um valor de 3 L. O
período de maceração foi de 4 dias com reposição do solvente, logo após, o extrato foi filtrado e rotaevaporado. O óleo essencial da folhas e das flores da T. erecta foi analisada pelo cromatógrafo a gás
acoplado ao espectômetro de massa PerkinElmer CLARUS 500, no modo SCAN. Os ensaios da
triagem fotoquímica para a pesquisa de saponinas (teste de espuma), esteroides e triterpenoides
(reação de Liebermann Burchard), alcaloides (reagente de Dragendorff), traquinonas (reação de
Borntraeger), flavonoides (reação de Shinoda), taninos e polifenóis (reação com cloreto férrico) são
baseados no método desenvolvido por Wall et al. na classificação química de mais de 4000 espécies
de plantas diferentes. O estudo da atividade antimicrobiana dos óleos essenciais das folhas e flores da
Tagetes erecta foi realizado frente a cepas de Staphylococcus aureus e Escherichia coli e para a fração
hidroalcoólica do extrato das folhas e flores, foram utilizadas as cepas de Staphylococcus aureus,
Escherichia coli e Micrococcus sp, analisadas em antibiograma em meio de Ágar Müeller-Hinton,
usando a metodologia de difusão em disco.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados para a triagem fotoquímica do extrato hidroalcoólico das folhas e das flores estão
expressos. Pode-se observar que ambos os extratos apresentaram resultados favoráveis para a
presença de flavonóides, taninos e polifenóis. No extrato das flores além da presença de flavonóides,
taninos, e polifenóis foi constatada a presença de esteróides e terpenóides. Os dados obtidos estão de
acordo como encontrado na literatura.
A composição química do óleo essencial das folhas da Tagetes erecta, determinado pela CG-MS,
revelou a presença de 4 compostos, referente aos picos presente no cromatograma. Os principais
constituintes são
-Terpinolene (0,37%) e 5H-1-Piridina (0,80%). Devido a alta
porcentagem de Piperitona, que é o componente majoritário do oléo, na amostra em relação aos outros
constituintes nota-se que o oleo encontra-se em um estado puro. A análise do óleo essencial das flores
da Tagetes erecta por CG-MS identificou a presença de 3 constituintes, referentes aos picos mais
expressivos no cromatograma (Figura 2). A substância majoritária também é a Piperitone (37,60%)
seguida pelo 3,5-Heptadienal, 2-ethylidene-6-methyl (5,51%), o qual não foi possível identificar o seu
-Terpinolene (1,14%).
O extrato hidroalcoólico das folhas da Tagetes erecta apresentou atividade inibitória relativamente
semelhante ao das flores. O volume de 50 uL do extrato das folhas promoveu um halo de inibição de 9
mm, enquanto que o mesmo volume do extrato das folhas promoveu um halo de inibição de 10 mm
contra a Staphylococcus aureus. Os halos de inibição tanto para o extrato das folhas quanto das flores
foram semelhantes com cerca de 9 a 10 mm para os diferentes volumes para Staphylococcus aureus
e de 0 a 1 mm para Micrococcus sp, podendo ser devido ao fato da não determinação de concentração.
Diferente do extrato, o óleo essencial não mostrou atividade antibacteriana. Análises feitas
anteriormente mostraram a presença de limoneno no óleo essencial da Tagetes erecta confirmando os
dados de outros trabalhos que também identificaram esse mesmo constituinte. Nessa análise feita,
esse constituinte não foi identificado no cromatógrafo. Trabalhos anteriores demostraram significativa
atividade antibacteriana de plantas que tinha o limoneno como constituinte majoritário no óleo
essencial, (MILLEZI, A.F. et al., 2014). Isso pode explicar o fato da Tagetes erecta não ter apresentado
atividade antibacteriana para o óleo essencial. Esse fato abre a possibilidade para novos testes de
atividade antibacteriana com o óleo essencial da Tagetes erecta obtido da planta em outras épocas do
ano.
CONCLUSÃO
O trabalho abordou a triagem fotoquímica, a análise do óleo essencial e o perfil antibacteriano
tanto do extrato quanto do óleo essencial da Tagetes erecta (folhas e flores). Obtiveram-se resultados
importantes acerca da identificação de constituintes da Tagetes erecta que proporcionaram bases para
um desenvolvimento futuro de medicamentos fitoterápicos com a essência da Tagetes erecta. Sobre a
atividade antibacteriana os dois perfis de extratos apresentaram resultados positivos, mas devem ser
implementadas novas técnicas para obtenção de um resultado mais satisfatório. O óleo essencial não
mostrou atividade antibacteriana apesar de ter apresentado em trabalhos anteriores. Mais estudos são
necessários a respeito sobre os métodos de extrato em relação a de viabilidade biológica sobre a
atividade antiviral da dengue e outras aplicabilidades da T. erecta.
APOIO FINANCEIRO: CNPq e CAPES.
REFERÊNCIAS
CHATTERJEE, S. et al. Comparative Efficacy of Tagetes erecta and Centella asiatica Extracts on
Wound Healing in Albino Rats. Chinese Medicine, v. 2, n. 4, p. 138-142, 2011.
LOPEZ, A.; HUDSON. J. B.; TOWER, G. H. N. Antiviral and antimicrobial activities of Colombian
medicinal plants. Journal ethnopharmacology, v. 77, p. 189-196, 2001.
MACEDO, M. E.; CONSOLI, R.; GRANDI, T. S. M.; ANJOS, A. M. G.; OLIVEIRA, A. B.; MENDES, N.
M.; QUEIROZ, R. O.; ZANI, C. L. Screening of Asteraceae (Compositae) plant extracts for larvicidal
activity against Aedes fluviatilis (Diptera: Culicidae). Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 92, n.
4, p. 565-570, 1997.
MAE SRI HARTATI, W.; WAHYUONO, S.; KRASANAH, N. Identification ofantimicrobial compound in
volatile oil of leaves of Tagetes erecta L. (Compositae). Majalah Farmaci Indonesia, v. 10, n. 1, p. 4047, 1999.
MARQUES, M. M. et al. Larvicidal activity of Tagetes erecta against Aedes aegypti. Journal of the
American Mosquito Control Association, v. 27, n. 2, p. 156-158, 2011.
MILLEZI, A.F. et al. Caracterização química e atividade antibacteriana de óleos essenciais de plantas
condimentares e medicinais contra Staphylococcus aureus e Escherichia coli. Revista Brasileira
Plantas Medicinais, Campinas, v.16, n.1, p.18-24, 2014.
PÉREZ GUTIÉRREZ, R.; HERNÁNDEZ LUNA, H.; HERNÁNDEZ GARRIDO, S. Antioxidant activity of
Tagetes erecta essential oil. Journal of the chilean chemical Society, v. 51, n. 2, p. 883-886, 2006.
SACHDEVA, M. et al. Photoprotective Effects of Hydroalcohol Tagetes Erectus Extract Against UVInduced Oxidative Damage in Mice. Tropical Journal of Pharmaceutical Research, v. 10, n. 6, p. 747753, 2011.
SOULE, J. A.; JANICK, J. Novel annual perennial Tagetes. Progress in new crops: Proceedings of
the Third National Symposium Indiana, n. 22-25, p. 546-551, 1996.

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