Boletim Especial 09 de agosto

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Boletim Especial 09 de agosto
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Pr. Fernando Fernandes
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BOLETIM ESPECIAL - 09/08/09
BATISTAS:
2009
Batistas celebram 400 anos
Neste ano, os batistas estão completando 400 anos.
Comemorações entre os batistas têm tido dificuldades por algumas questões. No Brasil mesmo,
a Convenção decidiu, após um debate, que o marco inicial batista se deu com a fundação da igreja localizada em Salvador (BA), em 1882. As celebrações não encerraram os debates, que não terminarão
agora que a Convenção, por sua assembleia última em Brasília, decidiu que o marco inicial batista foi
em 1871, em Santa Bárbara (SP),
O mesmo deve se dar com as comemorações do quarto centenário, como o evidencia a própria
decisão da Aliança Batista Mundial ao usar a expressão “400 anos do movimento batista”. Infelizmente,
uma questão apenas historiográfica acabou por se tornar uma questão doutrinária, como se o lugar dos
batistas na história precisasse ser avaliado por sua antiguidade e não por sua fidelidade às Escrituras.
Para muitos, os batistas começaram às margens do rio Jordão, próximo a Jerusalém, onde João
o batizador imergia as pessoas que se arrependessem e cressem (vindo daí o anagrama JJJ para designar esta posição). O sucessionismo batista (a ideia de sempre houve batistas desde os tempos de
Jesus) surgiu a partir de meados do século 19.
J. R. Graves cria que “Cristo, ainda nos dias de João o Batista, estabeleceu um reino visível na
terra, e que este reino nunca foi feito em pedaços. (...) Se seu reino permaneceu intacto, e o será até o
fim, (...) seu reino não pode existir sem verdadeiras igrejas”. S. H. Ford defendida uma “continuidade
ininterrupta do reino de Cristo, desde os dias de João o Batista até agora, segundo as expressas palavras de Cristo”. Essa ideia foi disseminada no livro “O rasto de sangue", de J. M. Carroll, publicado em
1931 nos Estados e duas décadas depois no Brasil.
Além desta expressão apologética, há ainda outra dificuldade. Os fatos relacionados ao surgimento dos batistas são pauperrimamente documentados. Pouco se sabe sobre o calvinista John Smyth
(1570 – cerca de 1612) ou o arminiano Thomas Helwys (cerca de 1550 - cerca 1616). No entanto, o
que se sabe permite registrar, sem margem de erro, que os primeiros batistas surgiram em 1609 em
Amsterdam.
Um grupo de “pessoas livres do Senhor”, pastoreadas por John Smyth, começou a se reunir na
Inglaterra. Perseguido, migrou para Amsterdam, possivelmente com recursos do advogado Helwys. Todos queriam liberdade civil e religiosa, possível na Holanda e inexistente na Inglaterra.
Para Smyth, uma congregação só pode ser formada por crentes adultos, batizados segundo a
consciência. Seguro que este era o ensino do Novo Testamento, Smyth pediu a Helwys que batizasse
a congregação, mas a proposta não foi aceita. Smyth, então, o fez, aspergindo-se primeiro a si mesmo
e depois aos outros membros, inclusive Helwys, que pouco tempo depois assinaria uma confissão de fé
que considerava o batismo como uma manifestação exterior da morte com Cristo visando a novidade
de vida, razão por que não deveria ser ministrado a crianças.
Num tempo de instabilidade, alguns irmãos se uniram com os menonitas, enquanto outros voltaram para a Inglaterra, onde formaram (em 1612) uma igreja, sob a liderança de Helwys, que foi preso e
morto quatro anos depois.
Várias outras igrejas independentes foram surgindo, resultando em crescimento e na descoberta
da imersão. Um membro de uma das igrejas existentes na Inglaterra, lendo o Novo Testamento, concluiu que o batismo não só não deveria ser ministrado a crianças como deveria ser realizado por imersão. Como ninguém da congregação, que era calvinista (ou "particular", por crerem que a redenção era
só para os eleitos) fora imergido, este irmão, Richard Blunt, buscou um grupo que o fizesse. Os
"Collegiants" batizavam deste modo. Ele então se submeteu ao batismo em 1641 e depois batizou os
demais 52 irmãos ingleses. Pouco depois, os batistas “gerais” (arminianos – que são aqueles que acreditam que a predestinação em Cristo é para toda a humanidade) também aderiram. A Confissão de Fé
de 1644 trazia a imersão como a forma aceitável de batismo.
As igrejas batistas cresceram (rapidamente, para os padrões da época), chegando a 47 comunidades em 1644 e 115 em 1660.
Esta é a história que precisa ser pesquisada, contada e celebrada. Temos agora, neste quarto
centenário, a oportunidade de agradecer a Deus pelo testemunho de tantas pessoas, contadas hoje em
37 milhões de membros (em 160 mil igrejas), dos quais 1,7 milhões na América Latina (1,3 milhões no
Brasil), 5 milhões na Ásia, 8 milhões na África e 21 milhões nos Estados Unidos.
Que os batistas no Brasil não percam a oportunidade de celebrar este quarto centenário.
Pr. Israel Belo de Azevedo
O nome batista, o que isto significa?
Por volta do ano 1600 os batistas receberam seu nome por meio da prática de batismo por imersão.
Esta prática contraria diretamente a alma e o coração das igrejas estatais da Inglaterra e da colônia americana (atuais Estados Unidos), que praticavam o batismo infantil.
Assim sendo, estas igrejas estatais perseguiram os dissidentes batistas de forma severa. Os batistas
não entraram na história da humanidade como uma inócua fé alternativa. Entretanto, eles marcharam para
as prisões de 1600 defendendo a liberdade religiosa para todas as pessoas. A defesa contínua da liberdade
de batismo e da fé fez do nome batista um modelo respeitável de fé para os dias de hoje.
O nome batista, no sentido mais significativo, descreve um movimento, não uma denominação. Denominações, com estruturas e teologias variadas, vão e voltam, e constantemente mudam. O movimento
batista, baseado em valores bíblicos, surgiu há 400 anos, crescer em meio a crises e controvérsias, e se
consolidou como uma opção viável de expressão de fé cristã no século 21.
O nome batista representa uma poderosa relação de valores do movimento batista:
Batistas defendem uma sólida afirmação do senhorio de Cristo.
Eles veem a Bíblia como a única autoridade escrita dos batistas.
Eles defendem a liberdade de religião e a separação entre Igreja e Estado.
Eles insistem no batismo somente de pessoas decididas.
Eles defendem uma igreja composta por pessoas regeneradas e batizadas.
Eles enfatizam o caráter ministerial de cada fiel.
Eles apóiam dissidentes quando necessário.
Eles tocam os sinos da liberdade em favor dos oprimidos.
Eles oferecem possibilidades democráticas para os tiranizados
Eles pronunciam justiça contra a violência.
Eles oferecem paz para aqueles que estão fatigados pela guerra.
Eles clamam por integridade contra invasões do secularismo.
Eles destacam a verdade como a marca da identidade cristã.
Eles reconhecem que a Igreja e (ou) o Estado podem se equivocar na tomada de decisões e que os indivíduos nunca devem vender suas almas para qualquer instituição ou organização. Eles são responsáveis individualmente diante de Deus.
Entretanto, não vamos nos iludir. Hoje, o nome batista, incluindo a luta e a relevância da história batista, enfrenta sérios desafios em inúmeras frentes. Sete exemplos escolhidos incluem:
Fundamentalismo, com sua rigidez doutrinária, espírito exclusivo e oposição à ordenação de mulheres
ao ministério pastoral.
A perceptível irrelevância dos batistas para uma geração pós-moderna, pós denominacional.
A remoção da palavra batista do nome de muitas igrejas.
Controvérsias e divisões no povo batista que fazem os batistas parecerem pouco relevantes para a opinião pública e que levou a dezenas de variações batistas.
O crescimento de mega-igrejas que se caracterizam por ondas de autoridade pastoral e declínios do governo congregacional da igreja.
A corrupção da liberdade acadêmica na educação teológica.
A falha de pastores e ministros de educação em enfatizar herança e a contribuição batista.
Há alguns indivíduos e organizações que perderam o direito de serem chamados de batistas, especialmente aqueles que atacam a separação da Igreja e do Estado, os que minimizam o caráter ministerial de
cada fiel, que aumentaram o controle dos pastores, que transformaram confissões voluntárias de fé em credos forçados e que excluíram as mulheres de posições ministeriais chaves? Sem dúvida alguns indivíduos e
instituições transformaram os 400 anos de ligações dos batistas com a liberdade em uma corrente de cativeiro para alguns batistas.
O nome batista continua tendo significado, e continuará tendo significado no futuro?
Contrariando todos os desafios e a despeito da aparente desvalorização do nome por alguns, o nome batista tem mais sentido potencial hoje do que em qualquer outro período anterior. As tradições bíblica e
histórica que estão por trás e suportam o nome possuem um potencial enorme de oferecer experiências de
mudança de vida para as pessoas que assumam totalmente a história e os valores batistas.
Concebido em meio a um espírito de sacrifício e determinação para representar o Espírito de Cristo,
o nome batista permanece. Hoje, este nome ganhou possibilidades e dimensões globais. O nome e o movimento batista têm muito a oferecer para o futuro da humanidade.
Charles W. Deweese (Diretor executivo da sociedade de história e tradição batista)
Texto traduzido e editado por Fábio Aguiar Lisboa
Organizada em 01 de março de 1925
São 84 anos de bênçãos, lutas e vitórias;
proclamando o Evangelho da salvação e
promovendo a glória do Senhor.
O culto batista nas suas origens
O estilo batista de culto tem mudado consideravelmente desde 1609. Os cultos
dos primeiros batistas eram bem longos, às vezes com vários sermões. Nos primeiros tempos, não havia música nem canto. O registro mais antigo de uma celebração
batista é de 1609, numa carta de Hughe and Anne Bromhead, que diz: “A ordem do
culto e do governo de nossa igreja é:
Nós começamos com uma oração. Depois, lemos um ou dois capítulos da Bíblia, damos sentido e conferimos o mesmo. Isto feito, guardamos nossos livros e, depois de uma oração solene feita por um orador, ele propõe algum texto da própria
Escritura e prega sobre o mesmo pelo espaço de uma hora ou três quartos de hora.”
“O exercício da manhã” – conclui a carta dos Bromhead – “começa às oito horas e continua até meio dia. O mesmo tipo de exercício é observado à tarde, das 2
às 5 horas ou 6 horas”.
O primitivo culto batista era comprido e continha basicamente exposição bíblica. Não havia cântico. Os batistas davam grande valor à espontaneidade e à participação do auditório.
Por volta da década de 1670, algumas igrejas batistas cantavam os Salmos e
cânticos compostos pelos crentes. Isto gerou controvérsias e muitas igrejas se dividiram por causa da “polêmica dos cânticos” Benjamin Keach, pastor em Londres, fazia
sua igreja cantar um hino após a Ceia do Senhor. Logo depois, a igreja também cantava durante os cultos regulares. Em 1691, Keach publicou o primeiro hinário batista,
“Spiritual Melody”, uma coletânea de mais de 300 hinos.
Leon Mcbeth (Professor aposentado de história da Igreja)
Texto traduzido por Israel Belo de Azevedo
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