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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS CAMPUS DE BOTUCATU O Uso do Preparado Homeopático na Investigação da Desintoxicação no Saturnismo HAYDÉE MARIA MOREIRA Tese apresentada ao Instituto de Biociências - UNESP - Botucatu, para obtenção do título de doutorado em Ciências Biológicas - Área de concentração Zoologia. BOTUCATU 2000 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS CAMPUS DE BOTUCATU O Uso do Preparado Homeopático na Investigação da Desintoxicação no Saturnismo HAYDÉE MARIA MOREIRA Orientadora: Profa. Dra. Wilma De Grava Kempinas Tese apresentada ao Instituto de Biociências - UNESP - Botucatu, para obtenção do título de doutorado em Ciências Biológicas - Área de concentração Zoologia. BOTUCATU 2000 "A homeopatia só será definitivamente reconhecida como ciência e como alternativa válida, quando a pesquisa homeopática ganhar maior dimensão, saindo das clínicas e consultórios para ocupar espaços nos laboratórios. Só assim, não ficaremos eternamente em levantamentos estatísticos das possibilidades de emprego deste ou daquele medicamento, em tal ou qual dosagem, relativo a esse ou aquele tipo de doente." IHFL Dedico, Aos meus queridos pais, Synésio e Dinorah, exemplos de amor, coragem, dedicação e perseverança, pelo apoio e compreensão ao longo do caminho. Ao meu esposo Rubens, companheiro fiel desta jornada, que tem me apoiado em todas as horas difíceis, tornando possível o meu desempenho. A Rubens e Vanessa, adoráveis e queridos filhos que, mesmo quando distante, em virtude deste trabalho, nunca deixei em momento algum de tê-los em meu coração. A Synésio e Alexandre meus queridos irmãos, pelo apoio irrestrito recebido, tornando minha vida mais suave. Agradecimentos À estimada MESTRA Profa. Dra. Wilma De Grava Kempinas Foi um caminho longo o que juntas passamos, e durante a caminhada pude conhecer melhor a mestra que você é. E hoje, quando chegamos ao final, aqui manifesto a minha profunda gratidão pelo apoio e a minha admiração por sua lealdade, perseverança e responsabilidade. Agradeço pelo incentivo, confiança e orientações sempre seguras na vida profissional e científica. Ao estimado Prof. Dr. Igor Vassilieff que possibilitou a realização deste trabalho. Ao Prof. Dr. José da Silva Veiga pela retidão com que conduziu a minha orientação no período em que estivemos juntos. À amiga e mestra Mafalda Biagini que me conduziu pela complexa seara das diluições infinitesinais, contribuindo, com seus conhecimentos sobre homeopatia, para a realização deste trabalho. Às amigas Ana Paula e Yoshie pelo apoio irrestrito, pela amizade, muito obrigado. Ao caro MSc. Alaor Aparecido de Almeida, pelo incentivo e companheirismo nas horas e horas de análise. Ao Prof. Dr. Antonio Francisco Godinho pelo apoio. Ao Prof. Dr. Carlos Alberto Lazzarini pelo auxílio na análise estátistica. Aos funcionários do Departamento de Morfologia do Instituto de Biociências (IBC) da UNESP, Campus de Botucatu, e aos técnicos deste departamento Luiz e Eduardo, pela ajuda. Aos funcionários do Centro de Assistência Toxicológica (CEATOX) do Instituto de Biociências (IBC) da UNESP, Campus de Botucatu, pelo apoio, carinho e amizade; a todos vocês muito obrigada. Aos funcionários da pós-graduação da UNESP, Campus de Botucatu, pelo apoio e amizade. Aos amigos, com os quais, a convivência sempre foi motivo de estímulo: Osni, Agnaldo, Elane, Rinaldo, Dagoberto e Paulo, docentes do Departamento de Fisiologia da Faculdade de Medicina de Marília Aos técnicos Paulo e Cristina pelo apoio a este trabalho. Ao Dr. Roberto de Queiroz Padilha, Diretor da Faculdade de Medicina de Marília pelo apoio a este trabalho. Ao Prof. Dr. Rubens Brazil Silvado pela brilhante conduta frente à diretoria da pós-graduação da Faculdade de Medicina de Marília, incentivando a pesquisa. À Dra.Valéria Vernaschi Lima pelas contribuições. Às bibliotecárias da Faculdade de Medicina de Marília: Regina, Helena, Jô pelo apoio e amizade que foram além do profissionalismo. Aos funcionários do Projeto UNI, principalmente a Neusa por assistência e apoio sempre que necessário Ao prof. Edanir dos Santos. Pela colaboração. Aos amigo(a)s Dra. Célia Regina Lopes Zimback e Dr. Léo Zimback pela amizade e atenção. Ao Prof. Dr. Hélio Jacomo Paulino Pereira pelo reconhecomento ao meu trabalho. A Mariana e Viviane pela ajuda na digitação e busca na Internet. À equipe da Farmácia Farma-Flora pelo auxílio prestado A equipe da bibilioteca da UNESP, pelo apoio. À CAPES pela concessão da bolsa PICD de doutorado, que permitiu a continuidade desta pesquisa. A Deus que permitiu a minha realização Sumário 1. INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................... 13 1.1. O CHUMBO E O MEIO AMBIENTE ........................................................... 14 1.2. INTOXICAÇÃO PELO CHUMBO .............................................................. 30 1.3. SINAIS E SINTOMAS DA INTOXICAÇÃO POR CHUMBO .................... 38 1.4. INDICADORES BIOLÓGICOS DE EXPOSIÇÃO AO CHUMBO ............. 41 1.5. MECANISMO DE AÇÃO E POSSÍVEIS EFEITOS ADVERSOS DOS PRODUTOS EMPREGADOS NO TRATAMENTO DA INTOXICAÇÃO POR CHUMBO ................................................................................................................ 43 1.6. PREPARAÇÕES HOMEOPÁTICAS ........................................................... 48 1.7. MODELOS DE TRABALHOS EXPERIMENTAIS DEMOSTRANDO A AÇÃO FARMACOLÓGIA DA PREPARAÇÃO HOMEOPÁTICA ..................... 52 2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 62 3. MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................. 64 3.1. 3.2. 3.3. 3.4. 3.5. 3.6. 3.7. 3.8. REAGENTES E SOLUÇÕES PADRÃO ...................................................... 65 EQUIPAMENTOS ........................................................................................ 65 VIDRARIAS E OUTROS MATERIAIS ....................................................... 66 COLETA E ARMAZENAMENTO DE MATERIAS BIOLÓGICOS .......... 67 MEDICAMENTO ......................................................................................... 67 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ANALÍTICO QUANTITATIVO . 69 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL ........................................................ 69 ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................ 72 4. RESULTADOS ................................................................................................... 73 4.1. 4.2. 4.3. 4.4. 4.5. 4.6. PESO CORPORAL FINAL ................................................................................... 75 TEORES DE CHUMBO NO SANGUE (PLUMBEMIA) .............................................. 77 TEORES DE CHUMBO NO FÊMUR ...................................................................... 81 TEORES DE CHUMBO NO FÍGADO ..................................................................... 84 TEORES DE CHUMBO NO CÉREBRO .................................................................. 87 TEORES DE CHUMBO NOS RINS ........................................................................ 90 5. DISCUSSÃO ....................................................................................................... 93 RESUMO ................................................................................................................. 107 ABSTRACT ............................................................................................................. 110 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 113 APÊNDICE .............................................................................................................. 155 Índice de Figuras Figura 1. Valores médios e erro padrão da média do peso corporal final dos animais dos grupos intoxicados. ........................................................................................ 76 Figura 2. Valores médios e erro padrão da média do peso corporal final dos animais dos grupos não-intoxicados. ................................................................................. 77 Figura 3. Valores médios e erro padrão da média dos teores de chumbo no sangue dos animais dos grupos intoxicados. ........................................................................... 79 Figura 4. Valores médios e erro padrão da média dos teores de chumbo no sangue dos animais dos grupos não-intoxicados. ............................................................. 80 Figura 5. Valores médios e erro padrão da média dos teores de chumbo no fêmur dos animais dos grupos intoxicados. ........................................................................... 82 Figura 6. Valores médios e erro padrão da média dos teores de chumbo no fêmur dos animais dos grupos não-intoxicados..................................................................... 83 Figura 7. Valores médios e erro padrão da média dos teores de chumbo no fígado dos animais dos grupos intoxicados. ........................................................................... 85 Figura 8. Valores médios e erro padrão da média dos teores de chumbo no fígado dos animais dos grupos não-intoxicados..................................................................... 86 Figura 9. Valores médios e erro padrão da média dos teores de chumbo no cérebro dos animais dos grupos intoxicados. .................................................................... 88 Figura 10. Valores médios e erro padrão da média dos teores de chumbo no cérebro dos animais dos grupos não-intoxicados. ............................................................. 89 Figura 11. Valores médios e erro padrão da média dos teores de chumbo nos rins dos animais dos grupos intoxicados. ........................................................................... 91 Figura 12. Valores médios e erro padrão da média dos teores de chumbo nos rins dos animais dos grupos não-intoxicados..................................................................... 92 Índice de Quadros QUADRO 1 – CORRELAÇÃO ENTRE O NÍVEL SANGÜINEO DE CHUMBO E O QUADRO CLÍNICO ........................................................................................ 40 1. INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 14 1. INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.1. O CHUMBO E O MEIO AMBIENTE Aspectos Gerais O meio ambiente nunca esteve tão comprometido com produtos tóxicos como neste século. Dentre estes produtos encontram-se os metais pesados, dos quais o chumbo apresentase como um resíduo liberado em larga escala no solo, na água e no ar, pelos mais diversos segmentos da indústria. O chumbo é um metal cinzento-azulado, muito mole e maleável. O chumbo é considerado um metal pesado, com peso atômico de 207,19, que aparece naturalmente na crosta terrestre numa concentração média de 15 mg/Kg. Apresentando-se brilhante logo que acaba de ser cortado, torna-se rapidamente baço em contato com o ar. É insolúvel nos solventes orgânicos usuais. Em contato com o ar, o chumbo oxida-se a partir da temperatura normal, recobrindo-se com uma película descorada de óxido de chumbo. A sua mobilização natural para o meio ambiente decorre principalmente da erosão das rochas e de Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 15 atividade vulcânica que, juntas, liberam cerca de 200 mil toneladas ao ano (GREEN, 1985). Segundo GERMAN (1985) as emissões antropogênicas de chumbo têm sido calculadas ao redor de 450 mil toneladas por ano. O homem tem utilizado o chumbo há muitos milênios, sendo que em 6000 a. C. os egípcios já o utilizavam para vitrificar vasilhas. A peça de chumbo mais antiga que se conhece foi encontrada nos Dardanelos onde viveu uma civilização chamada Abidos e data antes de 3800 a. C. Como os romanos utilizavam o chumbo para suas tubulações e inumeráveis objetos, alguns autores propõem que a queda do Império Romano, dentre outras causas, pode ter ocorrido pela exposição crônica de suas classes dirigentes à esse elemento (GILFILLAN, 1963; NRIAGU, 1983; GREEN, 1985; GERMAN, 1985). Este metal foi também muito utilizado em culinária por apresentar um paladar adocicado e pela capacidade de preservar os alimentos, pois inibe o crescimento de bactérias e as atividades enzimáticas. Atualmente, ele ainda pode aparecer em bebidas alcoólicas clandestinas (MATTE et al., 1994). Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 16 A intoxicação por chumbo, também chamada "saturnismo" não está somente ligada à Roma Antiga, mas também à intensa atividade medieval de mineração e fundição na Europa Central. A lista de pintores intoxicados pelos pigmentos de chumbo nas tintas é significativa. O grande artista espanhol Goya está entre os citados (CORONA, 2000). O chumbo é raramente encontrado no estado elementar, mas forma diversos minerais, dentre os quais apenas a galena (PbS), a cerusita (PbCO3) e a anglesita (PbSO4) se prestam à extração do metal. Os principais produtores de chumbo são a Austrália, Iugoslávia, Estados Unidos, Canadá, Peru, México, China e Bulgária (GERMAN, 1985). Historicamente, o chumbo é reconhecidamente o mais antigo metal tóxico e também um dos que causa mais danos ao homem. As concentrações de chumbo no meio ambiente têm se elevado conforme aumenta o seu uso. Este aumento tem sido notório sobretudo a partir de 1750 e é paralelo ao desenvolvimento da Revolução Industrial (GERMAN & TEXON, 1985). A evolução dos hábitos de consumo fizeram com que o Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 17 volume de resíduos perigosos gerados, entre estes o chumbo, aumentasse substancialmente, agredindo cada vez mais o ambiente. A crescente tomada de consciência da degradação ambiental, bem como da exploração incontrolada dos recursos naturais conduziu a uma nova atitude que recomenda a prevenção destas situações na origem com a adoção de processos menos poluentes. Assim mesmo muitos segmentos da indústria ainda causam sérias emissões desse metal pesado. Amostras de gelo da Groelândia revelaram que a poluição global com componentes de chumbo era de 20µg/g de chumbo na neve em 1750, de 180 µg/g em 1950 e deverá alcançar 500 µg/g em 2000 (GERMAN, 1985). O chumbo é encontrado em: cerâmicas, baterias, estabilizadores para plásticos, pigmentos de tintas, vernizes, lacas, betumes, soldas, tubulações, projéteis de cargas para cartuchos, revestimentos protetores contra radiações X, vidros, cristais, cerâmica vitrificada, brinquedos, cigarros, vegetais crescidos em solo contaminado, metalurgia, fundição, Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 18 acumuladores, lente óticas, alimentos enlatados, pesticidas agrotóxicos, combustíveis de automóveis, jornais, etc. O chumbo foi o primeiro pigmento usado para tintas desde 1800. As tintas contendo pigmentos de chumbo tiverem uma grande expansão. Em 1978 a Consumer Product Safety Commission determinou que a quantidade permitida de chumbo em tintas para consumo tanto residencial como comercial teria de ser de, no máximo, 0,06% (ATSDR, 1990). Nas indústrias de tintas e corantes o chumbo é largamente empregado sob as mais diferentes formas de compostos, tais como chumbo branco [(2PbCO3. Pb(OH)2)], sulfato básico (PbSO4. PbO), óxido de zinco e chumbo (PbZnO), chumbo vermelho, silicatos, cromatos, etc. É empregado também na indústria de cerâmica sob a forma de óxidos, carbonatos e silicatos solúveis. Na indústria gráfica o chumbo é utilizado principalmente sob a forma de ligas com antimônio e estanho, e, às vezes com cobre (WHO, 1977). Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 19 Tintas à base de chumbo constituem importante fonte de contaminação de crianças, e este é um resultado mais ou menos comum da ingestão de pintura descascada de casas antigas. Nas tintas aplicadas nas habitações antes da Segunda Guerra Mundial, quando o carbonato de chumbo (branco) e o óxido de chumbo (vermelho) eram constituintes comuns da pintura, a concentração de chumbo chegava a constituir de 5 a 40% dos sólidos secos. A partir da década de 70 níveis séricos altos de chumbo começaram a ser relatados em crianças das cidades do interior, no sul dos Estados Unidos, em decorrência da ingestão de lascas de tinta das paredes das casas antigas (PUESCHEL et al., 1972; GUINEE, 1973; LIN-FU, 1973; SELBST et al., 1985). O uso de cosméticos, como o kohl, usado pelas mulheres do Oriente para tingir de escuro as pálpebras, aplicado também em muitas crianças em Israel, pode representar uma fonte de exposição ao chumbo. Há 21 tipos de kohl, usados em diferentes países como Arábia Saudita, Ásia, África e Índia. A análise de amostras de kohl revelou altas quantidades de chumbo, sendo este cosmético responsável por intoxicação por este metal pesado Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 20 em mulheres e crianças (MARZULLI et al., 1978; ALI et al., 1978; NIR et al., 1992; ALKHAWAJAH, 1992; AL - HAZZAA & KRAHN, 1995; SPRINKLE, 1995). Em crianças a absorção do chumbo é maior que em adultos (ZIEGLER, et. al. 1978) e depende do tipo da dieta alimentar e do estado nutricional (JORHEM & SLORACH, 1987; MAHAFFEY, 1990). O efeito tóxico em crianças é maior porque o chumbo depositado nos ossos fica em constante mobilidade devido ao seu crescimento. O esqueleto, na primeira infância, aumenta 40 vezes em relação a sua massa original, e durante esse período há uma maior capacidade de acumular chumbo (ZIEGLER et. al. 1978; SCHAFFNER, 1981; CPEHS, 1988; MURTA et. al., 1993) mostraram que as crianças absorvem cerca de 40% do chumbo ingerido enquanto que os adultos absorvem somente de 5 a 10%. Apesar da aparência inocente e do seu pequeno tamanho, as pilhas e baterias são hoje um grave problema ambiental. No Brasil são produzidas anualmente cerca de 800 milhões de pilhas. Estas são compostas por metais pesados tais como mercúrio, chumbo, cádmio etc. Quando depositadas em lixeira e aterros, as Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica pilhas e baterias vão 21 se decompondo, podendo seus componentes infiltrar-se no solo e atingir os lençóis freáticos, entrando assim no ecossistema aquático dos rios e mares, sendo incorporados na cadeia alimentar, aumentando a sua concentração nos seres vivos através do efeito da bioacumulação (PILHAS, 1999). O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), através de sua resolução 257, obriga as empresas produtoras de pilhas e baterias do país a adotarem medidas para reciclagem e tratamento das pilhas e baterias que perderam seu valor energético (CONAMA, 1999). Solo e Água O interesse despertado nos meios científicos pelo problema da deposição de metais na superfície do solo, da água e da vegetação é em função das conseqüências que podem acarretar ao ecossistema e à saúde humana (ABREU et al., 1998). Entre estes metais o chumbo é um dos mais comuns, causando sérios danos à população selvagem de vários ecossistemas. Avaliações feitas com gaivotas no campo e em laboratório demonstraram Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica comprometimento de seu 22 desenvolvimento neurológico (BURGUER & GOCHFELD, 1997, 2000; DEY et al., 2000). Teores de contaminação foram encontrados em águias douradas, gansos canadenses, pica-paus e lobos do ártico (WAYLAND et al., 1999; MORNER & PETERSON, 1999; GAMBERG & BRAUNE, 1999; HOFFMAN et al., 2000). A concentração de chumbo no solo, em áreas próximas às vias de tráfego intenso registra concentrações de chumbo mais altas que locais isolados, onde os teores são similares aos encontrados nas rochas (WHO 1977). O conhecimento dos teores e da capacidade de adsorção do chumbo em solos é uma informação importante para estudos relativos a análise de risco desse metal no ambiente, sendo importante determinar o seu teor disponível às plantas (WALLACE & WALLACE, 1991). OLIVEIRA et. al. (2000) demonstraram que o latossolo brasileiro apresenta uma grande capacidade de retenção de chumbo. Por exemplo, em Caçapava, SP, uma indústria produtora de lingotes de chumbo provocou contaminação ambiental na região Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 23 do Vale do Paraíba (CETESB, 1993). OKADA et. al. (1997), ao fazerem uma avaliação dos níveis de chumbo no leite em decorrência dessa contaminação, que atingiu o solo e os vegetais nele cultivados, registraram teores de chumbo acima do limite estabelecido pela legislação brasileira, que é de 0,05 mg/Kg (BRASIL. LEIS, 1990) e trinta vezes maior que o encontrado por DABEKA & MC KENZIE (1988), em leite de vacas comercializados no Canadá. Alimentos No que se refere à contaminação dos alimentos pelo chumbo, a sua concentração no leite é de especial importância. O leite humano e o de vaca não processado contêm cerca de 5 a 12 µg de chumbo por litro, porém a sua concentração no leite processado por evaporação é de cerca de 200 µg por litro (GERBER et al., 1980; TSUCHIYA, 1979). Já aconteceu no estado de São Paulo que, por precaução, a Vigilância Sanitária determinasse a interdição cautelar da distribuição do leite tipo C, Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 24 porque apresentava teores de chumbo acima dos limites permitidos pelo Ministério da Saúde (ABREU et al.,1998). Hoje os teores de chumbo encontrados no vinhos são resultado do chumbo presente naturalmente na uva, que pode advir de contaminações exteriores como produtos fitosanitários, contaminação do solo, poluição atmosférica, materiais de manejo, etc. O OIV (Office International de la Vigne et du Vin), organização internacional que agrega 42 países produtores e/ou consumidores de vinho, decidiu reduzir o limite de chumbo nos vinhos para, no máximo, 200µg/L (IVP,1996). Uma curiosidade é que em 1703, pelo tratado de Methuen, promoveu-se grande entrada de vinhos portugueses “fortificados”com chumbo para a Inglaterra, que era consumido pela alta sociedade e resultou no aparecimento de gota que, naquela época, era considerada patologia condicional da nobreza (GREEN, 1985). Devido à elevada toxicidade do chumbo, mesmo em nível de traços do metal, as autoridades sanitárias mundiais estão preocupadas em estabelecer medidas para reduzir a concentração desse metal nos alimentos, que são considerados a Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 25 principal fonte de ingestão desses contaminantes. Nos Estados Unidos existe campanha junto às indústrias alimentícias para conscientizar da necessidade de restringir esta contaminação e preservar a saúde coletiva. Observou-se que os níveis de chumbo vêm diminuindo significativamente em função da substituição gradativa dos tipos de embalagens e soldas que possam liberar chumbo durante o armazenamento dos alimentos (SCHAFFNER, 1981). No Brasil, em 1990, o Ministério da Saúde reviu os níveis de tolerância para chumbos em alimento, diminuindo os níveis de aceitabilidade de chumbo de 8,0 mg/Kg para 0,8 mg/Kg para a maioria dos alimentos (BRASIL. LEIS, 1990). Contaminação ambiental por chumbo foi detectada em amostras de solo e em alimentos produzidos em Ecuadorian, uma remota vila andina, onde existe uma fábrica de cerâmicas vitrificadas. Foi detectada contaminação por chumbo no solo e em vegetais que cresceram no mesmo. No solo os índices variaram de 172 ppm, próximo ao local, a 1,4 ppm à 6 km de distância. O nível de chumbo no leite materno de mulheres dessa localidade variou de 1,44 a 39 ng/g e, em 56 crianças, com idades variando Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 26 entre 4 meses e 15 anos, foi registrado um nível médio de chumbo no sangue de 40 µg/dL (COUNTER et al., 2000a,b). O nível de tolerância para a concentração de chumbo na água de beber, estabelecido pelo US Public Health Service é de 50 µg por litro, embora valores mais elevados tenham sido encontrados em diversas áreas (TSUCHIYA, 1979). A Agência de Proteção Ambiental (EPA) limitou, nos Estados Unidos, em 15µg/L a quantidade de chumbo na água de beber (ATSDR, 1990). No entanto, é importante esclarecer que o chumbo encontrado na água das casas normalmente tem origem a partir de encanamentos feitos com chumbo ou que tenham soldas desse metal, e não da água de abastecimento da cidade. Ar A contaminação por chumbo tem a principal origem nas emissões atmosféricas. O ar é o principal meio de transporte e distribuição desse metal (TACKETT, 1987), e grandes quantidades tendem a se localizar nas vizinhanças de fontes Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 27 geradoras (LAGERWEFF & SPECHT, 1970; CETESB, 1993; COOK et al., 1994; EKLUND, 1995; ABREU et al., 1998). Aproximadamente 90% das partículas de chumbo inaladas do ar ambiental são absorvidas (GOYER, 1991). Para a avaliação da concentração de chumbo no ar (Pb-Ar) a NR-15 Anexo nº 11, Portaria nº 12/83 estabelece o valor de 0,1mg/m3 para o limite de tolerância (LT). Prevê também que medidas preventivas devem ser adotadas sempre que o valor de Pb-Ar atinja a metade daquele recomendado como LT, valor esse denominado nível de ação. Ainda de acordo com essa norma, a concentração de chumbo no ar deve ser determinada por métodos de medidas instantâneas, de leitura direta ou não, sendo necessárias pelo menos dez determinações para cada ponto, tomadas no nível da zona respiratória do trabalhador, com intervalo de, no mínimo, vinte minutos entre as medidas. Estabelece também que nenhum valor medido deve ultrapassar o limite de 0,3 mg/m3, sob pena de o ambiente ser considerado de risco grave e iminente (MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS, 1997). Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 28 O conteúdo de chumbo no cigarro pode variar de 3 µg até 12 µg/ cigarro, dos quais 2% são transferidos para a fumaça (WHO, 1977). As pessoas que fumam ou as que aspiram a fumaça do cigarro estão mais expostas ao chumbo (ATSDR, 1990). Não há dúvida de que a introdução do chumbo tetraetila Pb(C2 H5)4, em 1923, como uma substância antidetonante na gasolina, significou a maior contribuição para o conteúdo de chumbo na atmosfera. A concentração de chumbo atmosférico é uma função da densidade do tráfego, e tem se encontrado valores entre 0,02 µg/m³, de acordo com média de amostras de 24 horas (GOLDBERG, 1975; TSUCHIYA, 1979). Em 1986 a EPA baixou o limite de chumbo permitido na gasolina e nos últimos 15 anos houve um declínio de 90% em relação à quantidade inicial. Esta utilização foi proibida em vários países há alguns anos (KEOGH, 1992), inclusive no Brasil. Segundo HIRSCHLER (1964), os compostos inorgânicos eliminados pela emissão dos veículos motorizados são, principalmente, partículas sólidas de PbCIBr, NH4 CI. 2PbCIBr e Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 29 2NH4 CI. PbBr, além de uma pequena quantidade sob a forma orgânica (0,023%). Exposição Ocupacional A produção de baterias chumbo-ácidas representa o segmento industrial responsável pelo maior consumo de chumbo nos países em desenvolvimento. A fabricação dessas baterias utiliza tecnologia bastante simples, podendo ser realizada em pequena escala, tornando-se, por conseguinte, atraente para esses países (MATTE et al.,1989). Em razão das propriedades tóxicas do chumbo e das condições de trabalho prevalentes na maioria dessas encontram-se indústrias, os freqüentemente trabalhadores expostos desse a setor elevadas concentrações desse elemento e, conseqüentemente, sujeitos à intoxicação (ARAUJO et al.,1999). Apesar da falta de dados sistematizados sobre as intoxicações ocupacionais pelo chumbo no Brasil, as informações disponíveis apontam para uma prevalência alta desses casos. Estudos realizados em Bauru, SP, entre 1985 e 1987, identificaram 600 casos de saturnismo entre trabalhadores de Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 30 fábricas de baterias (CORDEIRO, 1988). Em Belo Horizonte, MG, de um total de 154 trabalhadores de fábricas e reformadoras de baterias estudados, 52% apresentaram sintomas de intoxicação profissional pelo chumbo (ROCHA e HORTA, 1987). A intoxicação ocupacional, pela sua freqüência e gravidade entre a classe trabalhadora, tem sido amplamente estudada em seus diferentes aspectos fisiopatológicos por vários autores: FISCHBEIN et al. (1977), SILVA & MORAES (1987), SATA et al. (1997a), WILCZYNSKA et al. (1998), ROELS et al. (1999), WONG & HARRIS (2000). 1.2. INTOXICAÇÃO PELO CHUMBO O chumbo, quando absorvido em teores elevados, provoca diversas alterações bioquímicas, todas elas deletérias, não existindo evidências de uma função essencial do mesmo no organismo humano (LARINI et al., 1982). A primeira descrição do SATURNISMO foi feita por TANQUEREL des PLANCHES (1839). As principais ações tóxicas do chumbo no organismo humano, quando da sua absorção, Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 31 compreendem: o sistema hematopoiético, influenciando várias etapas de biossíntese de hemoglobina; o sistema nervoso; os rins; o trato gastrointestinal; o tecido ósseo; fígado; mecanismos de defesa do corpo; secreção hormonal, etc. De acordo com a duração da exposição, a natureza do metal absorvido (chumbo inorgânico ou orgânico) e os sintomas apresentados, KLAASEN (1985) identificou 3 tipos principais de intoxicação pelo chumbo: a) intoxicação aguda pelo chumbo inorgânico, podendo causar encefalopatia aguda acompanhada de falência renal e sintomas gastrointestinais severos; b) intoxicação crônica pelo chumbo inorgânico, compreendendo: síndrome gastrointestinal, síndrome neuromuscular, encefalopatia saturnínica; Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 32 c) intoxicação pelo chumbo orgânico (pela exposição aos compostos: chumbo tetraetila e tetrametila, presentes, por exemplo, na gasolina). Efeitos Tóxicos No Sistema Nervoso Os efeitos do chumbo no sistema nervoso variam com a duração e a intensidade da exposição (LARINI et al.,1982). No sistema nervoso periférico as manifestações da intoxicação pelo chumbo podem incluir debilidade muscular, hiperestesia, analgesia, anestesia da área afetada, esta neuropatia é mais comum em adultos (MANTON et al.,1984). Pesquisadores têm demonstrado alteração na velocidade de condução da fibra nervosa quando da intoxicação (CORDEIRO et al., 1996; CHUANG et al.,2000). As alterações neuropsiquiátricas súbitas (hiperatividade, dificuldade de aprendizagem, disfunções motoras leves) podem ser consideradas como fases iniciais da neuropatia (GUINEE et al.,1972; NEEDLEMAN et al.,1982). Avaliações neuropsicológicas Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 33 feitas por TROPE et al. (1998) demonstraram prejuízo na habilidade de leitura, escrita e aritmética em criança exposta ao chumbo. A interação do chumbo com o cálcio no sistema nervoso prejudica o desenvolvimento cognitivo (GOYER, 1997). Em trabalhadores intoxicados ocupacionalmente testes de avaliação da performance em memória e outras habilidades foram efetuados por BLEECKER et al. (1997) os quais concluíram que os operários mais velhos apresentaram pior performance na avaliação da memória verbal e habilidade visomotora. O mecanismo subcelular da ação neurotóxica do chumbo tem sido investigado em modelos animais. Os estudos revelaram que na intoxicação aguda por chumbo a atividade da enzima mielínica CNPase (2'3' - cyclic nucleotide 3' - phosphodiesterase) fica diminuída e que este fato pode contribuir muito nas mudanças observadas na formação anatômica da bainha de mielina do sistema nervoso central nas intoxicações (DABROWSKA-BOUTA et al.,1999, 2000; STRUZYNSKA, 2000; WILSON et al., 2000). Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 34 No sistema hematopoiético O chumbo é um potente inibidor enzimático de grupos sulfidrilas, interferindo na síntese do heme e na produção da hemoglobina, com conseqüente anemia, além de inibir o citocromo P-450 (FISCHBEIN et al.,1977). A inibição da enzima ácido delta-aminolevulínico desidratase (δ ALA-D) e da hemesintetase está bem caracterizada nas intoxicações por chumbo (GRANICK & MAUZERALL, 1958; TOLA, 1973; CAMPAGNA et al.,1999; SAKAI, 2000). Mais especificamente, o chumbo inibe a conversão do ácido delta-aminolevulínico para porfibilinogênio e do coproporfirinogênio III para protoporfirina IX pelo bloqueio da ação de ALA-D e de coproporfirinogênio descarboxilase, respectivamente. Isto acarreta o acúmulo de ALA e coproporfirina na urina, servindo como importantes marcadores da intoxicação pelo chumbo. Também bloqueia a ALA sintetase e ferroquelatase, resultando no acúmulo de protopooorfirina nas hemáceas e no aumento de protoporfirina eritrocitária livre (PEL) (JYH, 1996). Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 35 No sistema renal Os efeitos do chumbo nos rins são profundos, produzindo danos nos túbulos proximais e nas alças de Henle (GOYER et al, 1970). Quando afeta a reabsorção de proteínas de baixo peso molecular, aminoácidos e glicose, e a secreção de ácido úrico, aparece a chamada Síndrome de Fanconi (com fosfatúria, aminoacidúria, glicosúria e acidose tubular renal) (JYH,1996). As lesões renais são geralmente reversíveis, e a aminoacidúria desaparece após o tratamento com quelantes (CHILSON, 1968; GOYER,1991). O risco de nefropatia crônica por chumbo em trabalhadores expostos é proporcional ao seu tempo de exposição (CRASWELL, 1987). A nefrotoxicidade ocupacional, seus efeitos, e possível prevenção com biomarcadores efetivos de alteração renal têm sido investigados por CHIBA et al. (1996), FACTOR-LITIVAK et al. (1998), EHRLICH et al. (1998), KANITZ et al. (1999), ROELS et al. (1999), MADDEN & FOWLER (2000), CALDEIRA et al. (2000). Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 36 No fígado SCOPPA et al. (1973) demonstraram em ratos que a administração de chumbo resulta num decréscimo do citocromo P-450 no fígado. Transtornos hepáticos são também relatados entre trabalhadores de demolição de prédios, que se expõe à poeira das tintas (FISCHBEIN et al., 1977). A atividade da enzima delta-ALA-D hepática é reduzida em 90% em rãs intoxicadas (VOGIATZIS & LOUMBOURDIS, 1999). Ratos tratados com chumbo têm o metabolismo de peroxidação de lipídios no fígado afetado e a atividade da ALA-D diminuída (YANES et al., 1994; SANTOS et al., 1999; FLORA et al., 1999). No tecido ósseo O processo de depósito de chumbo nos ossos se assemelha muito ao de cálcio. Como regra geral, os ossos longos contém mais chumbo que os chatos (GOODMAN & GILMAN, 1996). O acúmulo de chumbo na medula óssea pode causar inibição da hematopoiese (ALBAHARY,1972). Quando ocorre aumento da concentração de chumbo no sangue, boa parte do Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 37 metal é mobilizado para os ossos. Isto tem sido detectado em grávidas, lactentes e mulheres em menopausa; no caso de crianças em crescimento interfere negativamente no desenvolvimento da estatura (BERGLUND et al., 2000). Outros efeitos Há uma relação entre a concentração de chumbo no sangue e a pressão sanguínea (PIRKLE et al., 1985; SHARP et al., 1987; de KORT et al., 1987; ARTAMONOVA et al., 1998). Já foi observado que a exposição acumulativa pode causar depressão na condução cardíaca (CHENG et al., 1998). Existem evidências de que o chumbo é carcinogênico (COOPER & GAFFEY, 1975; KAZANTZIS, 1986; WONG & HARRIS, 2000), fato esse que tem sido observado em estudos de coorte nos casos de doenças ocupacionais causadas por chumbo (WILCZYNSKA et al., 1998). Estudos sugerem uma participação epigenética do chumbo, podendo alterar a expressão gênica e levar à ocorrência de câncer tardio (SILBERGELD et al., 2000). Além disso, investigações têm demonstrado o efeito negativo do Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 38 chumbo no sistema imune humano (SATA et al., 1997b; DIASTOSTA et al., 1997; LUTZ et al., 1999). 1.3. SINAIS E SINTOMAS DA INTOXICAÇÃO POR CHUMBO A) AGUDAS São raros os casos de intoxicações agudas por chumbo, sendo mais comum as intoxicações subagudas ou crônicas. Distúrbios gastrointestinais (gosto metálico, sialorréia, náuseas, vômitos, cólicas abdominais, constipação intestinal) são os mais comuns. O vômito pode ter aspecto leitoso devido à reação do chumbo com o ácido clorídrico no estômago, formando cloreto de chumbo, e as fezes podem ter aspecto enegrecido pela formação de sulfeto de chumbo. A ingestão e absorção de grande quantidade de chumbo pode causar encefalopatia grave, acompanhada de falência renal e sintomas gastrointestinais severos. Desânimo, irritabilidade, ataxia e letargia podem ser sinais precoces de encefalopatia aguda, enquanto que convulsão e coma são suas características fundamentais. Pode ainda ocorrer comportamentos bizarros, Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 39 apatia e perda de memória. Trinta por cento das crianças com encefalopatia desenvolvem déficits neurológicos permanentes. Elevações agudas da concentração de chumbo no sangue pode ocorrer rapidamente após a ingestão de grande quantidade de chumbo de pequeno diâmetro (MCKINNEY, 2000). B) CRÔNICAS Em adultos, acarreta os seguintes quadros clínicos: os sintomas neurastênicos são mais comuns (CULLEN et al., 1983), prevalecendo os do SNC; artralgias, cefaléias, diminuição da libido e impotência sexual, fraquezas, constipação intestinal e cólicas abdominais são freqüentes. Lesões do sistema nervoso periférico são características pela neuropatia motora clássica, com enfraquecimento dos nervos motores dos músculos extensores, que causam “punhos e pés caídos”, além da velocidade de condução dos nervos motores diminuir, enquanto que a dos nervos sensoriais permanece normal, por isso as queixas de parestesias são raras. Ocorrem alterações de coordenação motora, de memorização e de aprendizagem. As encefalopatias são menos freqüentes nos adultos. Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 40 De um modo geral, pode-se fazer a correlação dos níveis sanguíneos de chumbo com os seus efeitos tóxicos clínicos, como mostra resumidamente o Quadro 1 (JYH,1996). QUADRO 1 – CORRELAÇÃO ENTRE O NÍVEL SANGÜINEO DE CHUMBO E O QUADRO CLÍNICO µg / dl 100 ADULTO Encefalopatia, coma, letargia CRIANÇA convulsão, ↑ 75 Encefalopatia, nefropatia, anemia, convulsão, cólica abdominal, neuropatia ↑ 50 ↑ Hemossíntese, anemia ↓ hemoglobina, tremores, queixas GI, cefaléia Fadiga, dor abdominal, infertilidade (homem), Síntese de Hb prejudicada Lesão renal, neuropatia Capacidade auditiva alterada, Metabolismo de vitamina D Hipertensão sistólica alterado na velocidade de ↑ protoporfirina eritrocitária Alteração condução do nervo motor ↑ protoporfirina eritrocitária ↓ do QI Inicia hipertensão arterial Pb atravessa a placenta e acarreta toxidade ao feto ↑ 40 ↑ 30 ↑ 20 ↑ 15 ↑ 10 Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 41 1.4. INDICADORES BIOLÓGICOS DE EXPOSIÇÃO AO CHUMBO A partir do conhecimento do mecanismo de ação tóxica do chumbo, torna-se possível a utilização de algumas alterações sofridas por parâmetros químicos como indicadores biológicos, seja do grau de absorção do metal e/ou quantidade armazenada nos tecidos moles, seja da exposição ao xenobiótico (SILVA & MORAES, 1987). REPKO & CORUM (1984) citam que uma das retrospectivas mais abrangentes das inter-relações entre os diversos índices bioquímicos de absorção do chumbo inorgânico foi apresentado por ZIELHUIS (1971). Este trabalho apresenta uma compilação dos dados publicados por aproximadamente 100 autores. Posteriormente, outros relatos surgiram na literatura, sendo que serão apresentados a seguir os testes considerados mais importantes: • Chumbo no sangue (Pb – S) – Alguns pesquisadores consideram a determinação de Pb – S como um parâmetro Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 42 biológico positivo de absorção do metal, a ser utilizado como um procedimento de rotina no controle do trabalho. • Chumbo na urina – Na exposição ocupacional ao chumbo atribuiu-se, geralmente, uma menor significância à análise do metal eliminado espontaneamente na urina do que à sua determinação no sangue. Devem ser consideradas as variações do volume urinário, de uma eventual insuficiência renal, de flutuações na exposição que usualmente ocorrem no ambiente de trabalho, além de uma maior possibilidade de contaminação das amostras pelo próprio trabalhador, no momento da coleta (KEMPINAS, 1989). • Atividade enzimática da ALA-D (Ácido Delta Aminolevulínico Desidratase) – É um dos indicadores biológicos mais sensíveis da exposição ao Pb (HERNBERG et al., 1972). Pode ser usada para detectar a existência de depósitos ativos no organismo, isto porque esta enzima pode permanecer inibida com a liberação lenta e contínua do metal. Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 43 A gravidade do chumbo à saúde do homem é tão crítica que a aceitação do seu nível sérico tem sido drasticamente reduzida. Até 1969 era aceito um valor menor que 60 µg/dL (limite de Tolerância Biológica); em 1970, foi reduzido para 40 µg/dL. Em 1978, o CDC (Centro de Controle de Doenças dos EUA), diminuiu para 30 µg/dL, e depois, em 1985, reduziu para 25 µg/dL (SEPPALAIMEN et al., 1978; BELLINGER et al., 1987; SCHWARTZ & OTTO, 1991). No Brasil, de acordo com NR-7 anexo II da portaria 3214 de 08/06/78 o valor normal é de até 40 µg/dL (PROTOCOLO ANALÍTICO, 1991), contrariando as disposições internacionais. 1.5. MECANISMO DE AÇÃO E POSSÍVEIS EFEITOS ADVERSOS DOS PRODUTOS EMPREGADOS NO TRATAMENTO DA INTOXICAÇÃO POR CHUMBO Dimercaprol (BAL – Britsh Anti-Lewiaite) Mecanismo de ação: Apresenta radicais sulfidrilas que se ligam aos metais pesados formando um complexo estável e são eliminados nas fezes e urina. Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 44 Efeitos adversos: Taquicardia, irritabilidade, febre, dor abdominal, náuseas, vômitos, parestesias, hipertensão arterial, queimação na língua, nos lábios e nos olhos, sudorese, espasmos musculares, cefaléia e sialorréia. Contra-indicações: Insuficiência hepática e deficiência de glicose 6 fosfato-desidrogenase (G-6PD) que pode acarretar hemólise. Pacientes que recebem suplementação de ferro, pois forma o complexo Fe-BAL que é um potente emético. Potencializa os efeitos nefrotóxicos do cádmio e do selênio. Ca Na2 EDTA (etilenodiaminatetracetato de sódio cálcico), ou EDTA cálcico Mecanismo de ação: Forma um complexo estável com o chumbo do depósito extracelular e é excretado posteriormente pelos rins, sem sofrer metabolização (HURLBUT, 1992). Efeitos adversos: Depleta o estoque de cálcio e de zinco e é nefrotóxico. Quando utilizado como monodroga, pode acarretar piora da encefalopatia aguda devido à elevação do nível sangüíneo de chumbo proveniente dos depósitos em tecidos moles, por isso, neste caso, somente é administrado após receber Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 45 a segunda dose de BAL. A dose preconizada é de 50 mg/dia até 1,5 g, dividida em 4 doses, por 5 dias. Deve-se fazer uma pausa antes de cada nova sessão para reequilibrar os depósitos de chumbo e também para repor perdas de zinco. JYH (1996) demonstrou a eficiência do CaNa2EDTA quando ministrado por via oral em pacientes vítimas de FAF (ferimento por arma de fogo), apresentando níveis de chumbo aumentados. Penicilamina Mecanismo de ação: Provavelmente por quelação através do grupo sulfidrila da molécula formando o complexo. É utilizado por via oral, na dose inicial de um quarto da medida terapêutica (20-40 mg/Kg/dia em 4 tomadas) que é aumentada progressivamente em 3 a 4 semanas para reduzir os efeitos colaterais. Efeitos adversos: hipersensibilidade às São penicilinas semelhantes (eritema, febre, aos da anorexia, náuseas, vômitos, eosinofilia, leucopenia, anemia hemolítica autoimune, hiporreflexia, proteinúria e até síndrome de Stevens- Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 46 Johnson). Está contra-indicada nos casos de alergia às penicilinas. DMSA (Ácido Dimercapto Succínico) ou SUCCIMER Mecanismo de ação: É um análogo hidrossolúvel do Dimercaprol (BAL) administrado por via oral, bastante eficaz e menos tóxico (GRAZIANO et al., 1988). Já era utilizado na Ásia e Europa há mais de 3 décadas e é considerado como droga promissora para as intoxicações por chumbo, mercúrio e arsênico. É mais específico para o chumbo do que o CaNa2EDTA e parece que não interfere na eliminação dos minerais essenciais. A dose recomendada é 10 mg/Kg/dose, 3 vezes ao dia, por 5 dias, seguido de 5 mg/Kg, 2 vezes ao dia, por 14 dias. Efeitos colaterais: São raros, se comparados aos outros quelantes. maioria das queixas são brandas (dor e desconforto abdominal, flatulência). Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 47 Medicamentos Homeopáticos: Plumbum aceticum, Plumbum carbonicum e Plumbum metallicum Mecanismo de ação: Não consta da literatura. Efeitos colaterais: Não há referências a esse fato na literatura. Indicação clínica: neurites, artropatias (dores intensas periarticulares), paresias ou paralisias com dores e tremor que se manifesta sobretudo na extremidade de um membro. Sintomas mentais: debilidade ou perda da memória, incapacidade de encontrar as palavras apropriadas para expressar-se tristeza, depressão, cansaço da vida, desencorajamento, grande angústia e mal estar com suspiros, aversão a conversar e a trabalhar, apatia crescente (VIJNOVSKY, 1980). Estas indicações resultam da patogenesia desses três medicamentos descrita por HARTLAUB & TRINKS (1828) (apud HERING 1993). Segundo POZETTI (1990), a patogenesia de uma dada substância compreende o conjunto de sintomas que essa substância provoca no indivíduo são quando a ele é ministrada Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 48 em doses sub-tóxicas. Desta forma, com a experiência no homem são se demonstra a lei do semelhante, o princípio fundamental da homeopatia. A lei do semelhante é um princípio de ordem farmacológica que diz: qualquer substância que, administrada em doses fortes (sub-tóxicas), produzir no homem são e sensível determinados sintomas, é capaz de curar, em doses fracas, isto é, após diluição e sucussão (agitação) os mesmos sintomas observados num homem doente. 1.6. PREPARAÇÕES HOMEOPÁTICAS As preparações homeopáticas são feitas com substâncias de origem vegetal, mineral, animal e produtos biológicos. As primeiras contribuem com o maior número de matérias primas e utiliza, geralmente, plantas coletadas em seu habitat natural que são usadas em estado fresco para a obtenção da tintura - mãe (TM) ou preparação básica as diluições e dinamizações (ABECASSIS et al, 1980). Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 49 As de origem mineral ou química compreendem as substâncias simples e compostas e são preparadas por trituração ou diluição, conforme a solubilidade nos excipientes e veículos homeopáticos; assim, tem-se os metais e metalóides, complexos químicos de origem natural, como o sal marinho, o petróleo e outros; os produtos ou misturas definidos apenas pelo seu modo de preparação, como Hepar sulphuris calcareum (mistura de flor de enxofre purificada e Calcarea carbonica), Causticum (obtida da cal recentemente queimada e lavada com água destilada); são também utilizados os hormônios, as vitaminas, os antibióticos (ABECASSIS et al, 1980). Dentre as de origem animal incluem-se as tinturas- mãe preparadas com animais inteiros vivos , como Apis mellifica, Formica rufa, ou dessecados, como Cantharis, Coccus cacti ou ainda, de venenos, como Lachesis muta, Crotalus horridus, Rana bufo dentre outros; os organoterápicos, preparados a partir de órgãos frescos liofilisados de animais sadios, e os opoterápicos, preparados a partir de pó de órgãos dessecados. Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 50 As preparações feitas a partir de produtos biológicos compreendem as secreções, excreções, tecidos e órgãos patológicos ou não, produtos de origem microbiana e alérgenos; são conhecidas como bioterápicos e isoterápicos. Os bioterápicos se classificam em Codex e se obtêm de soros, vacinas, toxinas e anatoxinas; simples, constituídos por culturas microbianas puras e complexos, obtidos de substâncias não definidas quimicamente, de secreções ou excreções patológicas e não correspondem a um produto puro, como por exemplo, Luesinum, Psorinum, Medorrhinum (ABECASSIS et al, 1980). Os isoterápicos são produtos cujo insumo ativo poderá ser de origem endógena ou exógena ; quando de origem endógena, denomina-se autoisoterápico e o produto é fornecido pelo próprio doente (cálculos, fezes, sangue, urina, secreções) e só a ele destinado; os de origem exógena se denominam heteroisoterápicos e são constituídos por insumos ativos externos ao paciente e que, de alguma forma, o sensibilizam, tais como, alérgenos, poeira, pólem, solventes,toxinas, alimentos, Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica cosméticos, 51 medicamentos, e outros (FARMACOPÉIA HOMEOPÁTICA BRASILEIRA, 1997). Discute-se, no meio homeopático, se os bioterápicos são medicamentos homeopáticos ou não, pois, embora eles sejam empregados em doses infinitesimais, isto é, diluídos e dinamizados, excetuando-se Luesinum, Medorrhinum, Psorinum e Pyrogenium. Os demais não têm patogenesia no homem são e, portanto, não obedecem a lei do semelhante "Similia similibus curentur" mas, sim a lei de identidade "Aequalia aequalibus curentur ", o princípio da Isopatia (JULIAN, 1977). Considerando que os dois métodos terapêuticos utilizam as substâncias diluídas e dinamizadas conclui-se que em relação à técnica de preparação não há diferença entre "semelhante" e "idêntico", ficando portanto essas diferenças restritas ao campo téorico como reflexões em relação aos graus de analogia. Neste trabalho, como não se fez a experimentação no homem são e como se usou a mesma substância para intoxicar e desintoxicar os animais, entende-se que segundo a Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 52 FARMACOPÉIA (1997), ABECASSIS et al (1980), e JULIAN (1977) se usou o método isopático. 1.7. MODELOS DE TRABALHOS EXPERIMENTAIS DEMOSTRANDO A AÇÃO FARMACOLÓGIA DA PREPARAÇÃO HOMEOPÁTICA Hahnemann demonstrou que o "semelhante cura o semelhante " e que, com a diluição e dinamização progressiva do medicamento o seu efeito aumentava, isto ocorreu há mais de 200 anos, e de lá para cá, os escritos de Hahnemann são considerados quase como imutáveis (CARLINI, 2000). Após Hahnemann temos um hiato em relação à pesquisa científica usando as diluições infinitesimais (preparado homeopático) que começou a ser preenchido por trabalhos como o de WURMSER, evidenciaram a (1957), atividade do e VISCHINIAC preparado (1965), homeopático que em experimentação animal. WURMSER, (1957), discorreu sobre a influência das doses infinitesimais homeopáticas, na cinética da eliminação de substâncias tóxicas do organismo, ressaltando que os resultados Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 53 terapêuticos são melhores, mais rápidos e sem riscos quando do uso deste método. Estabeleceu neste trabalho que, por dosagens microquímicas de excreção, a eliminação tanto de arsenico como de bismuto foi mais abundante na dinamização 7 CH do que na 5CH e 4CH. VISCHINIAC (1965) demonstrou que as diluições infinitesimais de Pb 4CH e 5CH foram eficazes na proteção de cobaias quando ministradas antes de submeter os animais à intoxicação crônica por esse metal. Em experimentação com ratos apresentada no mesmo trabalho demonstrou que os animais previamente intoxicados por Pb foram desintoxicados com o chumbo na 7CH, a preparação homeopática do mesmo metal na 15CH e 30 CH não produziram resultados favoréveis. Com o acima exposto temos dois modelos experimentais de como se pode utilizar as preparações homeopáticas (soluções infinitesimais) em pesquisas para procurar estabelecer a sua ação e realizar correlações. A primeira correlação seria a de eliminação de substâncias tóxicas ao organismo com o mesmo agente causador da intoxicação, porém diluído e dinamizado. A segunda Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 54 correlação seria a de proteção do organismo a um ataque tóxico quando ele é tratado previamente com a mesma substância tóxica diluída e dinamizada. Estes dois modelos de pesquisa cientifica desafiam o modelo bioquímico como observou SOUZA (1999), uma vez que as diluições acima de 12DH (10 -12 ) ou 6CH (10 -12 ) não contêm mais concentração molecular. Segundo BASTIDE & BOUDARD (1994), existe a possibilidade da informação contida nos preparados homeopáticos ser de sinais eletromagnéticos de intensidade muito reduzida que agem como uma imagem informativa de acordo com o que propõe LAGACHE (1991) sendo assim um modelo de comunicação muito diferente do paradigma mecanicista. Desta forma entende-se que a dificuldade do preparado homeopático ser admitido no meio científico resulta da contradição aparentemente existente entre o mesmo ser desprovido de moléculas e ao mesmo tempo apresentar elevada atividade farmacológica. Em relação ao modelo de eliminação da substância tóxica, outros autores também demonstraram a eficácia do preparado homeopático. Entre estes autores temos: Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 55 BOIRON et al. (1982) relataram um experimento feito com preparação homeopática de arsenicum álbum 7 CH que após sua administração a animais previamente intoxicados com esse metal provocou excreção urinária e fecal de arsênico dos animais intoxicados. O chumbo na dinamização 6CH, exerce uma possível ação reativadora da ácido delta-aminolevulínico desidratase e, ao mesmo tempo, uma diminuição nos teores sangüíneos de chumbo, (SALGADO, 1983). Após terem intoxicado ratos com arsênico CAZIN & GABORIT (1983) utilizaram uma diluição hahnemaniana de arsenicum 7 CH para tratá-los e obtiveram 60% a mais de eliminação de arsênico do que o grupo controle tratado com água diluída e dinamizada. FISHER et al. (1987) relataram em seu trabalho experimental a porcentagem de excreção urinária de chumbo em ratos, causada pela diluição homeopática e usando como controle a água destilada e o agente quelante DMPS. O DMPS foi mas efetivo do que os medicamentos homeopáticos feitos a partir do Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 56 Plumbum metallicum nas dinamizações 200 CH, 5 CH e 30 CH na excreção urinária de chumbo. E entre os medicamento homeopáticos o mais efetivo foi o preparado na 200 CH. SANTOS (1990) em experimento feito com ratos previamente injetados com aloxana, obteve 53% de queda da taxa de glicose nos animais tratados com o fitoterápico Myrcia uniflora e com o homeopático aloxana 6CH. Os tratados com Daonil tiveram uma redução da taxa de 61,3%. Estes resultados demonstram a eficácia do medicamento homeopático no tratamento da diabete aloxânica experimental. BEGUM et al. (1994) exploraram o efeito do plumbum 1M e do opium 30 CH em ratos previamente intoxicados por chumbo. A administração dos preparados homeopáticos , recuperou significativamente a atividade da enzima ALA-D sugerindo a eficiência dos mesmos na desintoxicação dos animais. MONCORVO et al.(1998) submeteram coelhos à intoxicação pelo tetracloreto de carbono, causando hepatite tóxica aguda. O tratamento com o tetracloreto de carbono na 30 CH foi Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 57 capaz de acelerar a recuperação do quadro determinada pela redução dos níveis de ALT (alanina amino transferase). MOREIRA et al., 1999, trabalhando com ratos Wistar, usaram acetato de chumbo em altas diluições e dinamizado para tratamento de intoxicação pelo mesmo sal desses animais e obtiveram como resultado a queda da plumbemia de valores na média de 31,81± 5,10 µg/dl para valores indetectáveis, acompanhando os resultados dos tratado com o quelante EDTA cálcico. O segundo modelo seria o da proteção, realizado com diferentes princípios ativos pelo seguintes autores: WURMSER & VISCHINIAC, 1962 relatam que a administração cotidiana de diluições infinitesimais de Pb 4 CH ou 5 CH parece proteger a cobaia contra uma intoxicação crônica por esse metal desde que a absorção das doses e a intoxicação sejam simultâneas, colocam também que alguns resultados são positivos e que outros são impossíveis de interpretar. Uma diluição 5CH de cloreto mercúrico administrada como pré tratamento em cultura celular de fibroblastos realiza um efeito Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 58 protetor significativo das células face a uma intoxicação por esta mesma substância e permite à estas células recuperarem parcialmente sua capacidade de reprodução que havia sido inibida pelo tóxico (BOIRON et al., 1981). BILDET et al. (1981) demonstraram que as doses infinitesimais de tetracloreto de carbono 7CH protegeram os ratos de danos hepáticas graves provocadas por uma injeção da mesma substância tóxica. Esses mesmos autores, em 1984 estudaram ainda a ação preventiva do Phosphorus 7CH e 15CH, administrados previamente à intoxicação pelo tetracloreto de carbono. Os resultados bioquímicos e anatomopatológicos demonstraram que o Phosphorus, nas diluições 7CH e 15CH, apresenta real efeito hepatoprotetor. COTTE & BERNARD (1983), observaram os efeitos de diluições hahnemannianas de Mercurius corrosivus sobre a multiplicação de fibroblastos em cultura de células intoxicados por cloreto de mercúrio. O tratamento preventivo por Mercúrius corrosivos na 5 CH e 15CH protegeu as células da intoxicação por esse metal, pois elas continuaram a se multiplicar. Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 59 GUILLEMAIN et al (1983). demonstraram a ação protetora de Ignatia amara contra as convulsões desencadeadas na intoxicação aguda por estricnina, sendo calculado o tempo em segundos para a convulsão e a porcentagem de animais mortos após a inoculação do tóxico. Este trabalho evidencia ação protetora forte e estatisticamente significante para a potência 3D e discreta para as 3CH, 5CH, 7CH e 12CH. CAMBAR (1983) utilizou diluições infinitesimais de Mercurius corrosivus 5 CH e 9 CH foram ministradas antes da intoxicação pelo mesmo metal, protegendo contra doses letais de mercúrio. LARUE et al. (1985), chegaram à mesma conclusão trabalhando com diluição infinitesimal de Mercurius corrosivus 15CH e 9CH. O trabalho de TUCANDUVA (1986), sugere que há uma proteção conferida a camundongos contra a intoxicação aguda pelo sulfato de atropina, pela mesma droga, diluída e dinamizada. Mostra ainda que a resposta de Atropino sulphuricum 12 CH foi mas efetiva do que na 6 CH, 20 CH e na 30 CH. Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 60 Estudando os efeitos da inoculação de T.cruzi, em camundongos previamente tratados com bioterápico na 30D (extrato de Trypanosoma cruzi diluído e dinamizado), LOPES et al.(1986) verificaram que houve proteção contra o parasita, pois histologicamente não foram observados parasitas nos tecidos e nem no coração dos animais tratados. A semicarbazida dinamizada na potência 6CH foi eficaz em previnir a ansiedade promovida quando da administração de semicarbazida 40 mg/Kg em animais submetidos ao teste do labirinto em cruz elevado. (MELO, 2000). Outros protocolos são estabelecidos para que se verifique alterações bioquímicas ou fisiológicas em animais, decorrentes da ação farmacológica das dluições infinitesimais e que estas possam ser mensuráveis revelando significado estatístico. Trabalhos realizados dentro desse modelo foram realizados por: SOARES&CARILLO (2000) em modelo experimental, mostraram a eficácia do tratamento homeopático utilizando Belladona 6CH e Silícea6CH no tratamento de abcessos subcutâneos em ratos provocados por injeção de terebintina, a Tese - Haydée M. Moreira 1. Introdução e Revisão Bibliográfica 61 eficácia foi maior do que a do tratamento alopático feito com diclofenaco de potássio. Bastide et al. (1985) estudaram a ação de imunomuduladores: o fator tímico sérico (FTS) e o estrato de Thymus ambos nas dinamizações 4CH, 7CH, 9CH e 12CH, sobre duas espécies de ratos: swiss considerados sãos e ratos NZP considerados imunológicamente deprimidos por uma involução precoce do timo. Os resultados obtidos no primeiro grupo demonstram uma imunodepressão e, ao contrário, no segundo uma imunoestimulação tanto para o Thymus como para o FST. REZENDIZ et al. (2000) em busca de novos produtos capazes de produzir a elevação da dopamina cerebral utilizou o veneno da serpente Lachesis muta em ratas dluído e dinamizado na 3CH, 6CH, 12CH, 30CH e em todos as preparações o aumento da dopamina cerebral foi sempre maior do que o controle e a melhor resposta foi na 30 CH. Tese - Haydée M. Moreira 2. OBJETIVOS 2. Objetivos 63 2. OBJETIVOS Tendo em vista as agressões que o meio ambiente vem sofrendo devido à contaminação por diferentes substâncias tóxicas, atingindo, conseqüentemente, os seres vivos que nele vivem, o presente trabalho tem por objetivo prestar uma contribuição na investigação do uso do preparado homeopático como um procedimento para desintoxicação nos casos de saturnismo. Tese - Haydée M. Moreira 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3. Materiais e Métodos 65 3. MATERIAIS E MÉTODOS 1.8. REAGENTES E SOLUÇÕES PADRÃO • Acetato de chumbo p.a. (CH3OOO)2 Pb 3 H2O (Carlo Erba) • Ácido nítrico p.a. (HNO3) (Carlo Erba) concentrado • Peróxido de hidrogênio (H2O2) a 30 volumes 1.9. EQUIPAMENTOS • Espectrofotômetro de absorção atômica, duplo feixe, marca GBC, modelo AA932 • Bloco digestor termostatizado marca Sarge, modelo 5001 • Destilador de água de vidro, marca Tecnal, modelo TE – 078 • Deionizador, marca Permution, coluna de troca iônica OTIMIZAÇÃO INSTRUMENTAL: O espectrofotômetro de absorção atômica foi otimizado para determinação analítica de Pb, com as seguintes condições instrumentais: atomização por chama ar-acetileno (8,0 : 2,0); fluxo de aspiração das amostras de Tese - Haydée M. Moreira 3. Materiais e Métodos 66 5 ml/min; comprimento de onda de 217,5 nm; fenda 1.0 nm; lâmpada de cátodo oco de chumbo operacionalizado com 5,0 miliampere de corrente e correção de fundo de escala com corretor de BacKground (lâmpada de Deutério – Ultravioleta). 1.10. VIDRARIAS E OUTROS MATERIAIS • Agulhas de aço 28x7 para coleta de sangue • Fitas de esparadrapo para fazer identificações • Funil de vidro • Luvas descartáveis • Pacotes de gaze estéreis • Papel de filtro qualitativo • Pipetas volumétricas de 10 ml • Seringas plásticas de 10 cc contendo 0,3 ml de heparina, para coleta de sangue • Seringas plásticas estéreis de 10 cc • Solução de álcool iodado para fazer assepsias • Tubos de ensaio secos para armazenamento de sangue • Materiais cirúrgicos Tese - Haydée M. Moreira 3. Materiais e Métodos 67 DESCONTAMINAÇÃO DO MATERIAL Todo o material foi limpo com água deionizada (coluna de troca iônica) e colocado em ácido nítrico a 20% durante um período de 12 horas. Em seguida, foi novamente enxaguado com água deionizada. 1.11. COLETA E ARMAZENAMENTO DE MATERIAS BIOLÓGICOS • Amostras biológicas: sangue, osso, tecidos moles • Armazenamento: as amostras foram armazenadas na geladeira ou freezer até –20ºC, até o preparo para as dosagens quantitativas 1.12. MEDICAMENTO Plumbum metallicum 6CH (10-12) e 15 CH (10-30), diluído e dinamizado pelo método hahnemeniano na escala centesimal. Preparo As soluções de acetato chumbo altamente diluídos foram preparadas e fornecidas pela farmacêutica-bioquímica e Tese - Haydée M. Moreira 3. Materiais e Métodos 68 homeopata Mafalda Biagini, do Curso de Homeopatia - AFAR -, Araraquara, SP. A preparação do medicamento homeopático foi feita triturando-se, por uma hora, num almofazriz de porcelana, 1 g de acetato de chumbo com 99 g de lactose. Ao final deste tempo obteve-se a primeira diluição (10-2 ou 1CH). Tomando-se 1 g dessa primeira dinamização (ou primeira trituração) e acrescentando-se novamente 99 g de lactose, obteve-se a segunda dinamização-trituração (10-4, ou 2CH). O mesmo procedimento foi repetido para a obtenção da terceira dinamização-trituração (10-6 ou 3 CH). A seguir, passou-se para a fase líquida, tomando-se 1 g de da terceira dinamização-trituração e diluindo-se em uma solução hidroalcoólica a 20%, agitando-se 100 vezes (diluição seguida por vigorosa agitação, sendo esta última conhecida por “sucussão” no meio homeopático) obtendose assim a quarta diluição (10-8 ou 4CH). Para se obter a quinta diluição e as subseqüentes partiu-se de 1 g do preparado anterior e adicionou-se 99 g de uma solução hidroalcoólica a 70%, agitando-se 100 vezes, até que as diluições e dinamizações desejadas fossem obtidas (FARMACOPEIA, 1997). A ultima Tese - Haydée M. Moreira 3. Materiais e Métodos 69 dinamização foi preparada em solução hridroalcoólica a 5% que é a graduação alcoólica melhor suportada pelo ratos. 1.13. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ANALÍTICO QUANTITATIVO As amostras de sangue e outros tecidos foram submetidas à processo de digestão ácida-oxidante (HNO3 concentrado + H2O2 a 30 volumes) em temperatura controlada de 70ºC, por 24 horas, para destruição do material orgânico e solubilização do metal pesado (Pb) (VOGEL et al., 1981). Na seqüência, o material foi filtrado em papel de filtro quantitativo, e lavado com alíquota de água morna. Procedeu-se então a leitura quantitativa de chumbo no espectrofotômetro de absorção atômica, em ensaio cego (o pesquisador não conhecia a identidade do material no momento da leitura). 1.14. DELINEAMENTO EXPERIMENTAL Foram utilizados 90 ratos machos (Wistar), adultos, pesando cerca de 250 g, oriundos do Biotério Central da UNESP, Câmpus de Botucatu. Tese - Haydée M. Moreira 3. Materiais e Métodos 70 O experimento foi dividido em duas fases: 1) tratamento dos animais com acetato de chumbo para promover a intoxicação; 2) tratamento com acetato de chumbo homeopático e um quelante, o EDTA cálcico, para investigar a possível ação desintoxicadora do chumbo dinamizado (2 doses diferentes: 6CH e 15CH). 1) Intoxicação dos animais: 60 ratos receberam, em substituição à água do bebedouro, uma solução de acetato de chumbo (3 g/L de água destilada), acrescida de 5 gotas (aproximadamente 0,4 mL) de ácido acético glacial, a fim de auxiliar na solubilização do sal de chumbo, durante 3 meses (Grupo Intoxicado). Aos animais do grupo Não-Intoxicado (n = 30) foi administrada a mesma solução, sem a adição de acetato de chumbo. Ao final desse período, 10 ratos de cada grupo experimental foram sacrificados por inalação excessiva de éter etílico, para a coleta de sangue, fêmur, fígado, rins e cérebro, para a determinação dos níveis de chumbo, no CEATOX (Centro de Assistência Toxicológica do Instituto de Biociências de Botucatu - UNESP), utilizando-se a Espectrofotometria de Absorção Atômica. Tese - Haydée M. Moreira 3. Materiais e Métodos 71 2) Tratamento para a possível desintoxicação dos animais: nessa fase do experimento, que teve a duração de 30 dias, o tratamento com a solução aquosa de acetato de chumbo foi suspenso e os animais tratados restantes (n = 50), que passaram a receber água de torneira, foram divididos em cinco lotes: 10 ratos receberam, diariamente, pela manhã e ao final da tarde, por gotejamento na língua, 3 gotas (0,2 mL) de acetato de chumbo a 6 CH; 10 ratos receberam, segundo o mesmo procedimento experimental, acetato de chumbo 15 CH; 10 ratos receberam, diariamente, 50 mg/kg (2 a 3 mL) via oral, de EDTA cálcico; 10 ratos receberam solução hidroalcoólica a 5% e 10 ratos não receberam tratamento, para se verificar quanto chumbo o organismo, naturalmente, seria capaz de eliminar. Os 20 ratos restantes receberam água de torneira e foram também divididos em 2 lotes: os ratos receberam, segundo o mesmo protocolo experimental descrito acima, acetato de chumbo 6 CH (n = 10) e chumbo 15 CH (n = 10). Ao final desta etapa todos os animais foram sacrificados para a coleta de sangue e demais materiais, para a determinação dos teores de chumbo. Tese - Haydée M. Moreira 3. Materiais e Métodos 72 Durante todo o período experimental os animais receberam água e ração (comercial) à vontade, sendo mantidos em gaiolas individuais, numa sala com luminosidade (12 horas claro: 12 horas escuro) e temperatura (cerca de 23o C) controladas, localizada no Biotério de Pequenos Mamíferos do Departamento de Morfologia do Instituto de Biociências de Botucatu - UNESP. 1.15. ANÁLISE ESTATÍSTICA Devido à natureza dos dados que, na sua maioria, não apresentaram distribuição normal, os resultados obtidos nos diferentes grupos foram comparados pelo teste não paramétrico de Kruskall-Wallis, seguido pelo teste de Dunn, que compara os grupos 2 a 2. A princípio, as comparações foram feitas entre os grupos tratados, e entre os grupos controle. Comparações entre grupos tratados e grupos controle somente foram feitas quando apropriado. Tese - Haydée M. Moreira 4. RESULTADOS 4. Resultados 74 4. RESULTADOS Nas figuras, são os seguintes os grupos experimentais: A) INTOXICADOS: animais que receberam solução aquosa de acetato de chumbo (AcPb), na dose de 3 g/L, por 90 dias consecutivos, e mortos: 1 – logo após o tratamento; 2 – após tratamento com preparado homeopático (PH) na concentração de 6CH (10-12) por 30 dias; 3 - após tratamento com PH na concentração de 15CH (1030 ) por 30 dias; 4 - após tratamento com EDTA por 30 dias; 5 - após tratamento com solução hidroalcoólica 5% (veículo das PH) por 30 dias; 6 – após 30 dias recebendo apenas água de torneira. B) NÃO-INTOXICADOS: animais que receberam a solução veículo do acetato de chumbo (água destilada e ácido acético), por 90 dias consecutivos, e mortos: Tese - Haydée M. Moreira 4. Resultados 75 1 – logo após o tratamento; 2 – após tratamento com PH na concentração de 6CH por 30 dias; 3 - após tratamento com PH na concentração de 15CH por 30 dias. 1.16. O Peso corporal final peso corporal final dos animais intoxicados foi significativamente menor nos grupos que receberam a solução hidroalcoólica, quando comparados aos grupos que receberam os PH, e quando se comparou o grupo que ingeriu água de torneira e o PH na 6CH. Não houve diferença significativa entre os grupos não-intoxicados (figuras 1 e 2, e quadros 1 e 2 do Apêndice). Tese - Haydée M. Moreira 4. Resultados 76 Figura 1. Valores médios e erro padrão da média do peso corporal final dos animais dos grupos intoxicados. Estatística: A5 < A3 (p<0,05); A5 < A2 (p<0,001); A6 < A2 (p<0,01) Tese - Haydée M. Moreira 4. Resultados 77 Figura 2. Valores médios e erro padrão da média do peso corporal final dos animais dos grupos não-intoxicados. 1.17. Teores de chumbo no sangue (plumbemia) Intoxicados: o tratamento com os PH ou EDTA foi efetivo em diminuir significativamente a plumbemia, tanto frente aos animais Tese - Haydée M. Moreira 4. Resultados 78 sacrificados logo após os 90 dias de administração do AcPb, quanto comparados aos grupos que receberam solução hidroalcoólica ou água de torneira (figura 3 e quadro 3 do Apêndice). Não-intoxicados: a administração dos PH provocou uma diminuição significativa na plumbemia, quando os resultados foram comparados com os do grupo que recebeu somente o veículo (figura 4 e quadro 4 do Apêndice). Tese - Haydée M. Moreira 4. Resultados 79 Figura 3. Valores médios e erro padrão da média dos teores de chumbo no sangue dos animais dos grupos intoxicados. Tese - Haydée M. Moreira 4. Resultados 1.18. 81 Teores de chumbo no fêmur Intoxicados: o tratamento com os PH ou EDTA foi efetivo em diminuir significativamente os valores de chumbo no fêmur quando comparados aos grupos que receberam solução hidroalcoólica ou água de torneira (figura 5 e quadro 5 do Apêndice). Não-intoxicados: a administração dos PH provocou um aumento dos valores de chumbo no fêmur, quando comparado com o grupo que recebeu somente o veículo. Entretanto, a diferença somente foi estatisticamente significativa no grupo que recebeu a dose de 6 CH, (figura 6 e quadro 6 do Apêndice). Tese - Haydée M. Moreira 4. Resultados 82 Figura 5. Valores médios e erro padrão da média dos teores de chumbo no fêmur dos animais dos grupos intoxicados. Estatística: A2 < A5 (p<0,01); A2 < A6 (p<0,001); A3 < A5 (p<0,01); A3 < A6 (p<0,001); A4 < A5 (p<0,01); A4 < A6 (p<0,001) Tese - Haydée M. Moreira 4. Resultados 83 Figura 6. Valores médios e erro padrão da média dos teores de chumbo no fêmur dos animais dos grupos nãointoxicados. Estatística: B1 < B2 (p<0,05) Tese - Haydée M. Moreira 4. Resultados 1.19. 84 Teores de chumbo no fígado Intoxicados: o tratamento com os PH ou EDTA resultaram numa diminuição significativa dos teores de chumbo no fígado, quando os resultados foram comparados com o grupo de animais sacrificados logo após a administração de AcPb. Da mesma forma, os animais que receberam EDTA ou PH na 15 CH apresentaram valores de chumbo no fígado significativamente menores quando comparados ao grupo que recebeu água de torneira. O EDTA também apresentou resultados significativamente menores frente ao grupo que recebeu solução hidroalcoólica (figura 7 e quadro 7 do Apêndice). Não houve diferença significativa entre os grupos não-intoxicados (figura 8 e quadro 8 do Apêndice). Tese - Haydée M. Moreira 4. Resultados 85 Figura 7. Valores médios e erro padrão da média dos teores de chumbo no fígado dos animais dos grupos intoxicados. Estatística: A2 < A1 (p<0,05); A3 < A1 (p<0,001); A4 < A1 (p<0,001); A3 < A6 (p<0,01); A4 < A5 (p<0,05); A4 < A6 (p<0,001) Tese - Haydée M. Moreira 4. Resultados 86 Figura 8. Valores médios e erro padrão da média dos teores de chumbo no fígado dos animais dos grupos nãointoxicados. Tese - Haydée M. Moreira 4. Resultados 1.20. 87 Teores de chumbo no cérebro Intoxicados: Tanto o tratamento com o PH na 6 CH quanto a administração de EDTA provocaram uma diminuição significativa dos teores de chumbo no cérebro, comparativamente aos grupos de animais sarificados logo após 90 dias de tratamento com AcPb, ou que receberam solução hidroalcoólica ou água de torneira (figura 9 e quadro 9 do Apêndice). Não houve diferença significativa entre os grupos não-intoxicados (figura 10 e quadro 10 do Apêndice). Tese - Haydée M. Moreira 4. Resultados 88 Figura 9. Valores médios e erro padrão da média dos teores de chumbo no cérebro dos animais dos grupos intoxicados. Estatística: A2 < A1 (p<0,01); A4 < A1 (p<0,05); A2 < A5 (p<0,01); A2 < A6 (p<0,001); A4 < A5 (p<0,05); A4 < A6 (p<0,01) Tese - Haydée M. Moreira 4. Resultados 89 Figura 10. Valores médios e erro padrão da média dos teores de chumbo no cérebro dos animais dos grupos nãointoxicados. Tese - Haydée M. Moreira 4. Resultados 1.21. 90 Teores de chumbo nos rins Intoxicados: o tratamento com os PH ou EDTA resultaram numa diminuição significativa dos teores de chumbo no rim, quando os resultados foram comparados com o grupo de animais sacrificados logo após a administração de AcPb. Da mesma forma, os animais que receberam EDTA ou PH na 15 CH apresentaram valores de chumbo no fígado significativamente menores quando comparados ao grupo que recebeu água de torneira (figura 11 e quadro 11 do Apêndice). Não houve diferença significativa entre os grupos não-intoxicados (figura 12 e quadro 12 do Apêndice). Tese - Haydée M. Moreira 4. Resultados 91 Figura 11. Valores médios e erro padrão da média dos teores de chumbo nos rins dos animais dos grupos intoxicados. Estatística: A2 < A1 (p<0,001); A3 < A1 (p<0,001); A4 < A1 (p<0,001); A3 < A6 (p<0,05); A4 < A6 (p<0,05) Tese - Haydée M. Moreira 4. Resultados 92 Figura 12. Valores médios e erro padrão da média dos teores de chumbo nos rins dos animais dos grupos nãointoxicados. Tese - Haydée M. Moreira 5. DISCUSSÃO Discussão 94 DISCUSSÃO Considerações Gerais O problema da contaminação do meio ambiente com agentes tóxicos vem aumentando proporcionalmente aos avanços da vida moderna. Neste cenário, o chumbo, que é um metal pesado que desde o início da civilização vem provocando sérios danos à saúde daqueles que a ele se expõem, continua sendo um sério problema de saúde pública. A idéia de tratar pacientes com medicação homeopática surgiu da necessidade de se encontrarem formas terapêuticas menos agressivas que os atuais medicamentos alopáticos que, apesar de efetivos, causam efeitos adversos. A Medicina Homeopática surge no início do século XIX, a partir de pesquisas e corpo teórico desenvolvidos pelo alemão Samuel Hahnemann (1755-1843) e está apoiada em observações e estudos experimentais. No que tange aos trabalhos experimentais, os franceses foram os que mais se adiantaram, já na década de 50, Tese - Haydée M. Moreira Discussão 95 destacando-se os trabalhos de Boiron, Wurmser, Bagros, Devaigne e outros. Nessas investigações, um aspecto diversas vezes abordado foi como poderia a ação de uma substância tóxica em um organismo vivo ser modificada pelo emprego terapêutico dela mesma, diluída e dinamizada (TUCANDUVA, 1986). Entretanto, a experimentação animal com preparados homeopáticos esbarra nos problemas peculiares da extrapolação de dados para serem utilizados na terapêutica humana (WURMSER, 1957). Hahnemann, no início de suas pesquisas, utilizou a medicação homeopática para tratar os pacientes a partir de suas doenças, o que está explícito em vários parágrafos de seu livro “Organon da Arte de Curar”. A Homeopatia atualmente apresenta variantes metodológicas de abordagem e tratamento: a Homeopatia Clássica, considerada como original, não visa em primeira instância tratar a doença, mas o ser doente como unidade psicofísica e energética que se manifesta em seu desequilíbrio vital através da patologia funcional ou orgânica. Assim, um único medicamento diluído e dinamizado é indicado Tese - Haydée M. Moreira Discussão 96 segundo a totalidade sintomática característica do paciente, e pode não ser o mesmo para diagnósticos clínicos semelhantes. Uma outra variante é a isopatia, que trata os sintomas da doença sem levar em conta a totalidade dos sintomas do doente e seu modo reacional usando para isso o mesmo agente causal, seja ele biológico ou toxicológico, porém diluído e dinamizado. Portanto, no presente trabalho, embora tenha sido utilizado um método isopático, ao longo do texto o termo homeopatia foi sendo empregado, por ser mais abrangente e conhecido, e por ser a isopatia uma variante da primeira. Além disso, na farmacopéia, o medicamento de uso homeopático é definido pelo seu método de fabricação, ou seja, método das diluições sucessivas, ditas hahnemanianas (POITEVIN, 1993). A Homeopatia se encontra nos dias de hoje confrontada e desafiada pela ciência atual a comprovar seus princípios. Faz-se necessário então que a Homeopatia, frente aos avanços científicos e metodológicos deste final de século, atualize seus métodos de pesquisa, para sair do estatuto dogmático e mítico e comprovar o que Hahnemann intuiu em sua nomenclatura Tese - Haydée M. Moreira Discussão 97 original, a partir de suas observações experimentais e clínicas. A pesquisa homepática deve assim caminhar em três direções complementares para dar sustentação, comprovação e ampliar a teoria e prática homeopática. Estes aspectos envolvem a pesquisa básica físico-química, os ensaios biológicos experimentais e os estudos clínicos controlados (SOUZA, 1999). A Homeopatia tem sido questionada do ponto de vista científico por desafiar o modelo bioquímico, uma vez que altas diluições, acima de 12DH ou CH6 (10-12), não contendo concentração molecular capaz de estimular os receptores de membrana, supostamente não seriam capazes de provocar respostas fisiológicas, o que relegou a Homeopatia a ser comparável ao efeito placebo. Há muito tempo vêm sendo feitos experimentos em animais de laboratório com drogas preparadas homeopaticamente, tendo como finalidade comprovar-se um possível emprego clínico para a substância testada dentro dos padrões científicos atuais. No entanto, apesar de todos os esforços, não se sabe até o presente momento como a droga em doses infinitesimais poderia Tese - Haydée M. Moreira Discussão 98 influenciar e proteger o organismo de uma ação tóxica causada por ela mesma ou outra de ação semelhante. A Homeopatia se fundamenta no princípio em que “semelhante cura semelhante”, ou seja, uma substância que produz os mesmos sintomas da doença em pessoa sadia é utilizada para curar um enfermo com esta enfermidade. Atualmente é proposto que o medicamento homeopático estimule o organismo a curar-se restabelecendo a energia do campo eletromagnético, chamado genericamente no estudo homeopático de energia vital, que envolve cada indivíduo e que se encontra alterada pelo estímulo morbífico, impedindo que este estímulo tenha ação no organismo. O medicamento utilizado deve possuir energia semelhante a que foi afetada pelo estímulo morbífico, porém em uma intensidade superior para que o campo eletromagnético retorne ao estado original de equilíbrio (CORRÊA & QUINTAS, 1994). A busca de um mecanismo de ação das altas diluições envolve uma abordagem de ordem física, que intervém no solvente através da dinamização, bem como de ordem molecular Tese - Haydée M. Moreira Discussão 99 que possa justificar a especificidade da ação dos medicamentos dinamizados, e de ordem biológica na interação farmacodinâmica entre o medicamento e o receptor biológico, além das de ordem clínica, como os ensaios efetuados com o duplo-cego contra placebo. Vários modelos de pesquisa têm sido desenvolvidos a partir dessa visão físico-molecular, biológica ou clínica, mas nenhum desses modelos pôde abarcar todos os mecanismos integrados destas diversas áreas num mesmo modelo que explique a complexa interação entre o fenômeno biológico e fármaco dinamizado em alta diluição (RIBEIRO, 2000). Intoxicação dos animais e efeito dos tratamentos No presente trabalho, o modelo experimental para a produção de saturnismo foi adequado, conforme atesta o aumento médio de 6 vezes nos teores de chumbo no sangue dos ratos que receberam o tratamento com solução de acetato de chumbo pela água de beber. A escolha da dose foi feita com base em trabalhos anteriores, realizados em nosso laboratório (KEMPINAS et al., 1988; KEMPINAS et al., 1994), e que desencadeou uma Tese - Haydée M. Moreira Discussão 100 intoxicação moderada, que corresponderia às manisfetações subclínicas do saturnismo no homem. No presente trabalho não foram aferidos nem o consumo de líquido, nem o consumo de alimento sólido durante o experimento. Entretanto, o fato do peso corporal final ter sido semelhante entre os grupos, é indicativo de que não deve ter havido anorexia, com conseqüente desnutrição, nem desidratação. Quanto aos teores de chumbo no sangue (Pb-S), indicador biológico da intoxicação, observou-se que tanto a administração do medicamento homeopático foi efetiva em provocar uma diminuição de Pb-S, inclusive em níveis comparáveis à do quelante. Por outro lado, o tratamento com o veículo da preparação homeopática, que foi dinamizado, mas que não possuía a substância que foi diluída no medicamento, não foi capaz de provocar o mesmo efeito. Além disso, ficou claro que esse resultado não se deveu à simples interrupção do tratamento com a solução de acetato de chumbo por 30 dias. Esses achados foram também verdadeiros para os tecidos moles estudados. Tese - Haydée M. Moreira Discussão 101 Um outro achado importante foi o de que a administração do preparado homeopático aos animais não-intoxicados, não contribuiu para aumentar os níveis de Pb-S. Concordando com as nossas observações, WURMSER (1957) já registrava que a substancia tóxica não teria seu nível elevado no organismo quando ministrada em doses infinitesimais. No tecido ósseo (fêmur), entretanto, após a administração do quelante e dos preparados homeopáticos aos ratos intoxicados, houve uma pequena diminuição dos níveis de chumbo, porém os resultados não foram estatisticamente significativos. Por outro lado, os animais que receberam a solução hidroalcoólica ou que não receberam outro tipo de tratamento durante 30 dias, apresentaram duas vezes mais chumbo no tecido ósseo que aqueles tratados com EDTA cálcico ou chumbo na 6CH e 15 CH. É interessante chamar a atenção para o fato de que todos os ratos pertencentes ao grupo intoxicado, com exceção dos que foram mortos logo após o tratamento com a solução de acetato de chumbo, passaram a receber água de torneira à vontade, durante os 30 dias adicionais de experimento. Tese - Haydée M. Moreira Discussão 102 Considerando-se a contaminação natural da água com metais pesados, incluindo o chumbo (vide Introdução deste trabalho), não se pode descartar a possível contribuição desta fonte para o aumento dos teores de chumbo no tecido ósseo dos animais que estavam ingerindo água de torneira e que não estavam sendo tratados com o medicamento homeopático ou com o quelante. Já os animais não-intoxicados, tratados com chumbo na 6CH, apresentaram um aumento estatisticamente significativo de chumbo no fêmur, quando comparados ao grupo de animais que recebeu o veículo da solução de acetato de chumbo. Da mesma forma, é possível que o chumbo contido na água de torneira tenha contribuído, pelo menos em parte, para aumentar os níveis de chumbo estocados no tecido ósseo desses animais. Por outro lado, não se pode descartar o fato de que o chumbo contido nas preparações homeopáticas tenha contribuído para a elevação dos teores do metal no fêmur, embora em concentrações muito inferiores às registradas nos animais intoxicados. O chumbo presente no organismo está distribuído ou nos ossos (compartimento grande e de renovação lenta) ou nos Tese - Haydée M. Moreira Discussão 103 tecidos moles, incluindo o sangue (compartimento pequeno e de renovação rápida). Durante uma exposição prolongada, estabelece-se um equilíbrio entre a quantidade de chumbo absorvido, depositado e excretado (WHO, 1977). Quando este equilíbrio é atingido, o esqueleto torna-se o principal local de acúmulo de chumbo, representando mais de 90% do conteúdo total do metal no organismo (BARRY, 1975). O chumbo armazenado nos tecidos duros, apesar de potencialmente tóxico, não exerce sua ação de imediato. Existem evidências de que, após uma exposição prolongada, quantidades relativamente grandes e inacessíveis do metal se depositem nos ossos e tecidos moles, estabelecendo-se um mecanismo adaptativo à intoxicação. Além disso, sabe-se que os diferentes órgãos respondem de forma diferenciada ao tratamento com acetato de chumbo. Assim, o chumbo tem pouca tendência para se acumular nos tecidos moles. Sua concentração local depende diretamento do tipo de órgão, da dose empregada e da duração da exposição (HAMMOND & DIETRICH, 1990). Tese - Haydée M. Moreira Discussão 104 Trabalhos anteriores já haviam relatado o efeito protetor ou desintoxicante do medicamento homeopático nos casos de intoxicação pelo chumbo, corroborando nossos resultados. O primeiro registro de que temos conhecimento data de 1962, com o trabalho desenvolvido por WURMSER & VISCHNIAC, que observaram que a administração de diluições infinitesimais de chumbo 4CH ou 5CH tem um efeito protetor na cobaia nos casos de intoxicação crônica pelo metal, conforme evidenciado pelo aumento da eliminação do metal pela urina. Em ratos, foi demonstrado que animais previamente intoxicados pelo chumbo foram desintoxicados pela administração de um preparado homeopático na 7CH, sendo que as doses de 15 CH e 30 CH não produziram resultados favoráveis (VISCHNIAC, 1965). FISHER & CAPEL (1982) registraram um aumento significativo da excreção de chumbo na urina em ratos intoxicados pelo metal, e tratados com o remédio homeopático Plumbum metallicum 200 CH, sendo que a excreção foi da mesma ordem que a provocada pelo agente quelante penicilamina. Tese - Haydée M. Moreira Discussão 105 Segundo SALGADO (1983) o chumbo na dinamização 6CH exerceu uma possível ação reativadora da enzima ALA-D, ao mesmo tempo em que os níveis de Pb-S diminuíram nos ratos. Mais recentemente, BEGUM et al. (1994) testaram, em ratos intoxicados pelo chumbo, o possível efeito protetor de dois medicamentos homeopáticos, o plumbum 1M (10-2000) e o opium 30 CH (10-60), e observaram que houve uma prevenção do decréscimo da atividade da ALA-D e da concentração de hemoglobina, sugerindo um efeito protetor na hemotoxicidade subaguda do chumbo. Os autores sugeriram também que tenha havido diminuição dos níveis de chumbo no sangue e que as drogas homeopáticas aumentaram a excreção ou deposição de chumbo nos ossos e tecidos moles, embora os mecanismos fossem desconhecidos. Uma outra linha de investigação que fornece suporte para os achados do presente trabalho é a de que animais de laboratório tratados com doses muito baixas de metais desenvolveram tolerância contra a toxicidade aguda dos mesmos metais, diminuindo o índice de mortalidade dos animais. Assim, Tese - Haydée M. Moreira Discussão 106 YOSHIKAWA (1970) observou que o chumbo é um dos metais capazes desse mecanismo em camundongos. Assim, a partir de nossos resultados, utilizando-se a experimentação animal, concluímos que, se o organismo do homem se comportar da mesma forma que o do rato, a Medicina do trabalho terá na Homeopatia uma aliada inofensiva e eficaz. Na verdade, já existem indícios de que isso seja verdadeiro, conforme registrado em trabalho realizado por nosso grupo, no qual indivíduos ocupacionalmente expostos ao chumbo foram tratados com preparação homeopática e, mesmo sem se afastarem do ambiente de trabalho, apresentaram uma diminuição significativa dos níveis de chumbo no sangue, comprovando a eficácia do tratamento (LEITE et al., 1998). Tese - Haydée M. Moreira RESUMO Resumo 108 RESUMO O chumbo é um dos metais pesados de maior preocupação ambiental, sendo liberado, como resíduo industrial, no solo, água e ar, além do problema das exposições ocupacionais. A homeopatia é um método de tratamento de diversas patologias, que se baseia na lei da similitude, segundo a qual uma substância, quando administrado em doses altamente diluídas e dinamizadas, é capaz de prevenir ou curar os efeitos primários dessa mesma substância. O presente trabalho teve por objetivo investigar o uso do acetato de chumbo diluído e dinamizado (preparação homeopática, PH) no tratamento de animais intoxicados por essa mesma substância (saturnismo). Ratos machos adultos receberam solução (3g/L, v.o., ad libitum) de acetato de chumbo (grupo intoxicado, n=60), ou água destilada (grupo não-intoxicado, n=30) durante 90 dias. Ao final do tratamento, 10 ratos de cada grupo foram sacrificados por inalação excessiva de éter etílico seguida por decapitação, para a coleta de sangue, fêmur, fígado, rins e cérebro, para a determinação dos níveis de chumbo por espectrofotometria de Tese - Haydée M. Moreira Resumo 109 absorção atômica. Os demais animais intoxicados passaram a receber, durante 30 dias, via oral (0,2 mL) acetato de chumbo diluído e dinamizado na 6 CH (n=10), 15 CH (n=10), solução hidroalcoólica a 5% (veículo das PH, n=10) e EDTA cálcico (50 mg/Kg, v.o.). Os 10 animais intoxicados restantes (n=10) não receberam nenhum tratamento, para verificação da cinética natural de eliminação do chumbo. Os demais ratos nãointoxicados foram tratados com as mesmas PH (6CH, n=10, 15CH, n=10). Após 30 dias, os animais foram anestesiados e decapitados para a coleta de materiais, conforme descrito acima. Os resultados obtidos após análise estatística mostraram que a PH provocou uma diminuição dos níveis de chumbo nos materiais biológicos estudados, comparáveis aos obtidos após o tratamento com o quelante. O grupo não-intoxicado não apresentou elevação de chumbo no organismo após receber o acetato de chumbo dluído e dinamizado. Conclui-se que, se o organismo humano se comportar da mesma forma que o do rato de laboratório, a Medicina do Trabalho terá, na homeopatia, uma aliada inofensiva e eficaz. Tese - Haydée M. Moreira ABSTRACT Abstract 111 ABSTRACT Lead is one of the heavy metals of major environmental concern, being an industrial residue on the ground, water, and air, besides the problem of occupational lead exposure. Homeopathy is an method for the treatment of different pathologies, based on the principle of similarity, that means that a substance, when administered in highly diluted and dynamized doses, is capable of preventing or eliminating the primary effects of the same substance. The objective of the present work was to investigate the use of diluted and dynamized lead acetate (homeopathic preparation, HP) in the treatment of lead-intoxicated rats (saturnism). Adult rats received a solution (3 g/l, oral route, ad libitum) of lead acetate (intoxicated group, n=60), or distilled water (not-intoxicated group, n=30) over a period of 90 days. At the end of the experiment, 10 rats from each group were killed by excessive ether inhalation, followed by decapitation, and blood, femur, liver, kidneys, and the brain were removed to determinate lead levels by atomic-absorption spectrophotometry. The remainder of the intoxicated rats (n=50) started to receive, daily, Tese - Haydée M. Moreira Abstract 112 during 30 days, by oral route (0,2 mL) diluted and dynamized lead acetate 6CH (n=10), 15 CH (n=10), hydroalcoholic solution (vehicle of the HP, n=10) or calcium EDTA (50 mg/Kg, n=10). The other intoxicated rats (n=10) were not treated, to investigate natural lead excretion. The remainder of non-intoxicated rats (n=20) were treated with the same HP (6CH, n=10; 15CH, n=10). After 30 days, the animals were anesthetized and killed to collect the same materials cited above. The results showed that the HP provoked a decrease in lead levels in the materials collected, at levels comparable to those obtained after the treatment with the chelant. The non-intoxicated group did not present a significant increase in lead levels, after receiving diluted and dynamized lead acetate. It can be concluded that, if the human organism behaves like the laboratory rats, Occupational Medicine would have through Homeopathy an inoffensive and effective way to treat saturnism. Tese - Haydée M. Moreira REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Referências Bibliográficas 114 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABECASSIS, J. Fabrication du medicament homéopathique. In: NETIEN, G., TRAISNEL, M., VERAIN, A. GALENICA. Paris: Technique et Documentation, 1980, v.16, p.69-82. ABREU, C. A., ABREU, M. F., ANDRADE, J. C. Distribuição de chumbo no perfil de solo avaliada pelas soluções de DTPA e MEHLICH-3. [online].Bragantia, [online], v. 57 1998. 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Moreira Apêndice 157 B) Animais que receberam a solução veículo do acetato de chumbo (água destilada e ácido acético), por 90 dias consecutivos, e mortos: 1 – logo após o tratamento; 2 – após tratamento com PH na concentração de 6CH por 30 dias; 3 - após tratamento com PH na concentração de 15CH por 30 dias; Tese - Haydée M. Moreira Apêndice 158 QUADRO 1. Peso corporal (g) e dos órgãos (g) dos animais dos grupos tratados. Grupos A1 A2 A3 A4 A5 A6 Rato 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Peso Inicial 0,254 0,231 0,243 0,231 0,256 0,251 0,242 0,246 0,245 0,254 0,232 0,250 0,235 0,252 0,230 0,223 0,234 0,236 0,228 0,236 0,233 0,244 0,226 0,227 0,246 0,245 0,236 0,237 0,241 0,246 0,249 0,243 0,248 0,251 0,250 0,244 0,240 0,231 0,244 0,241 0,224 0,227 0,235 0,235 0,238 0,244 0,258 0,260 0,270 0,280 0,225 0,225 0,235 0,240 0,241 0,258 0,260 0,273 0,276 Peso Final 0,485 0,412 0,494 0,457 0,489 0,488 0,430 0,407 0,467 0,442 0,470 0,585 0,441 0,478 0,451 0,464 0,514 0,511 0,511 0,458 0,458 0,470 0,479 0,453 0,509 0,437 0,429 0,561 0,406 0,456 0,468 0,512 0,445 0,441 0,487 0,481 0,415 0,455 0,436 0,435 0,383 0,431 0,423 0,389 0,396 0,413 0,466 0,457 0,431 0,414 0,430 0,407 0,426 0,427 0,445 0,418 0,445 0,458 0,420 Fígado 17,71 14,70 15,81 15,41 17,27 17,56 17,34 12,81 16,36 17,42 17,24 20,59 17,76 18,59 17,15 15,18 18,25 19,53 17,86 15,60 16,36 17,50 16,21 16,82 17,77 15,04 13,92 17,98 13,95 16,09 17,91 17,80 15,50 16,90 15,89 16,08 14,75 16,48 16,74 17,30 13,44 14,17 14,14 12,63 12,89 13,55 16,99 15,62 14,08 13,89 13,65 12,48 13,11 14,00 15,21 13,77 14,66 15,63 13,80 Cérebro 2,11 1,89 1,94 2,05 1,98 1,62 2,15 1,97 1,95 1,73 1,91 1,98 1,90 2,12 1,73 1,92 1,63 1,98 2,01 1,95 1,78 1,88 2,11 1,80 1,96 2,02 1,97 2,02 1,79 1,93 1,71 1,85 1,84 2,00 2,20 2,15 1,96 1,99 2,06 2,19 1.90 1.75 2,11 1,69 1,92 1,87 1,86 1,84 1,90 1,74 2,03 2,18 1,91 1,58 1,55 2,05 1,87 2,00 1,85 Fêmur 1,54 1,32 1,16 1,50 1,46 1,50 1,47 1,27 1,44 1,03 1,33 1,68 1,34 1,07 0,80 1,24 1,45 1,34 1,48 1,31 1,40 1,15 1,47 1,37 1,11 1,31 1,18 1,49 1,23 1,30 1,31 1,17 1,30 1,25 1,16 1,23 1,01 1,12 1,29 1,34 0,94 1,07 1,00 1,14 1,05 0,96 1,11 1,14 1,13 1,00 0,90 0,96 1,09 0,91 1,10 1,09 1,21 1,14 1,09 Rins 3,73 3,36 2,88 3,43 3,45 3,41 3,27 3,25 2,92 3,25 2,98 3,74 3,04 3,80 3,15 2,76 3,85 3,34 3,61 2,87 2,88 3,36 3,11 3,22 3,28 3,06 2,97 3,30 2,68 3,21 3,01 3,41 3,08 3,43 2,99 3,21 2,70 2,98 3,13 2,78 2,70 2,28 2,60 3,04 2,48 2,70 2,62 2,18 2,42 2,30 2,50 2,50 2,56 2,28 2,64 2,86 2,56 3,26 2,48 Tese - Haydée M. Moreira Apêndice 159 QUADRO 2. Peso corporal (g) e dos órgãos (g) dos animais dos grupos controle. Grupos B1 B2 B3 Rato 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 Peso Inicial 0,232 0,243 0,244 0,251 0,224 0,234 0,248 0,246 0,251 0,234 0,228 0,246 0,235 0,227 0,236 0,248 0,250 0,233 0,236 0,248 0,249 0,225 0,243 0,242 0,254 0,234 0,240 0,251 0,230 0,224 Peso Final 0,486 0,503 0,581 0,497 0,467 0,504 0,472 0,476 0,507 0,450 0,473 0,510 0,484 0,430 0,464 0,426 0,507 0,525 0,460 0,520 0,521 0,442 0,475 0,512 0,477 0,418 0,499 0,514 0,556 0,484 Fígado 18,13 17,96 20,18 17,71 16,34 18,82 15,57 17,23 16,55 14,69 16,27 17,43 16,54 14,92 15,10 14,97 16,63 17,00 15,51 18,03 16,19 14,77 15,76 16,28 17,43 15,22 17,06 17,01 16,71 15,86 Cérebro 1,90 2,08 2,18 1,99 1,78 1,46 1,99 1,76 2,07 1,99 1,98 1,94 2,01 1,93 1,92 1,93 1,84 2,22 1,83 2,21 2,08 1,89 2,00 1,99 2,18 1,98 1,99 1,91 2,05 2,15 Fêmur 1,14 1,37 1,45 1,29 1,22 1,56 1,43 1,43 1,21 1,41 1,51 1,45 1,52 1,12 1,44 1,14 1,47 1,52 1,42 1,55 1,28 1,32 1,44 1,55 1,07 1,04 1,34 0,97 1,35 1,36 Rins 2,88 3,16 3,87 3,56 2,59 2,78 2,69 3,26 3,40 2,74 3,01 2,97 2,99 2,73 2,86 2,86 3,18 3,23 2,98 3,25 3,04 2,80 2,76 3,02 3,10 2,37 2,94 3,27 3,05 3,09 Tese - Haydée M. Moreira Apêndice 160 QUADRO 3. Plumbemia (µg/dL) dos animais dos grupos tratados. A última linha contém as médias e erros padrão da média. GRUPOS A1 A2 A3 A4 A5 A6 25,00 0,00 0,00 0,00 10,40 12,40 25,00 0,00 0,00 0,00 8,20 17,80 46,00 0,00 0,00 0,00 7,50 11,30 60,30 0,00 0,00 0,00 9,40 - 56,00 0,00 0,00 0,00 7,00 20,30 17,00 0,00 0,00 0,00 8,00 13,90 19,00 0,00 4,30 0,00 5,60 26,60 22,20 0,00 0,00 0,00 27,10 15,30 28,60 0,00 0,00 0,00 8,00 12,90 19,00 0,00 0,00 0,00 29,10 26,00 31,81±5,10 ND ND ND 12,03±2,71 17,39±1,92 ND = não detectável. Tese - Haydée M. Moreira Apêndice 161 QUADRO 4. Plumbemia (µg/dL) dos animais dos grupos controle. A última linha contém as médias e erros padrão da média. GRUPOS B1 B2 B3 4,80 0 0 1,60 0 0 0 0 0 3,20 0 0 4,80 0 0 3,20 0 0 9,50 0 0 4,80 0 0 9,50 0 0 3,20 0 0 4,46±1,0 ND ND ND = não detectável. QUADRO 5. Valores de chumbo no fêmur (µg/g) dos animais dos grupos tratados. A última linha contém as médias e erros padrão da média. GRUPOS A1 A2 A3 A4 A5 A6 123,66 64,87 74,60 62,42 213,31 126,86 88,70 82,66 56,46 67,86 154,32 234,37 194,70 72,05 70,14 71,55 294,18 233,29 61,50 51,08 49,82 42,93 63,74 - 88,97 83,25 59,20 58,81 191,73 397,75 92,50 56,82 56,71 66,54 175,54 214,96 77,31 82,00 58,81 58,29 264,91 256,61 60,70 41,53 66,09 81,90 177,57 234,61 63,41 68,16 84,39 69,63 162,51 163,25 88,34 53,10 81,96 60,22 278,57 218,06 93,98±12,69 65,55±4,65 65,82±3,68 64,02±3,25 197,64±21,76 231,08±24,82 Tese - Haydée M. Moreira Apêndice 162 QUADRO 6. Valores de chumbo no fêmur (µg/g) dos animais dos grupos controle. A última linha contém as médias e erros padrão da média. GRUPOS B1 B2 B3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,46 0 1,37 0 0 0,66 0 0 0,66 0,83 0,29 0,72 0,57 0 0,58 0,65 0 0,91 0,73 0,03±0,03 0,49±0,15 0,32±0,11 QUADRO 7. Valores de chumbo no fígado (µg/g) dos animais dos grupos tratados. A última linha contém as médias e erros padrão da média. GRUPOS A1 A2 A3 A4 A5 A6 0,80 0,50 0,07 0,09 0,29 0,28 1,01 0,11 0,11 0,06 0,29 0,68 1,14 0,08 0,06 0 0,62 0,33 1,01 0,10 0,14 0 0,28 - 0,89 0,12 0,11 0 0,33 0,53 0,48 0 0 0 0,30 0,51 0,37 0,50 0 0 0,24 0,90 0,57 0,17 0,16 0,21 0,40 0,58 0,54 0,23 0,06 0,14 0,22 0,44 0,37 0,31 0,16 0,13 0,31 0,55 0,72±0,09 0,21±0,06 0,09±0,02 0,06±0,02 0,33±0,04 0,53±0, Tese - Haydée M. Moreira Apêndice 163 QUADRO 8. Valores de chumbo no fígado (µg/g) dos animais dos grupos controle. A última linha contém as médias e erros padrão da média. GRUPOS B1 B2 B3 0,12 0 0 0 0,05 0 0,09 0 0 0 0,07 0 0 0 0,06 0 0 0 0 0,05 0,06 0 0,08 0,07 0 0,07 0,06 0 0,07 0,07 0,02±0,01 0,04±0,01 0,03±0,01 QUADRO 9. Valores de chumbo no cérebro (µg/g) dos animais dos grupos tratados. A última linha contém as médias e erros padrão da média. GRUPOS A1 A2 A3 A4 A5 A6 0 0 0 0 0,94 0,51 0,29 0 0,88 0 0,32 1,77 1,18 0 0,03 0 0,44 1,71 0,30 0 0,80 0 0,64 - 0,94 0 0,80 0 1,12 1,54 1,71 0 0 0 0,42 2,03 0,69 0 0 0 1,45 0,33 1,01 0 0,55 0,67 0,79 1,61 1,12 0 0,61 0,34 0,92 0,08 1,06 0 0,52 0,68 0,81 0,70 0,83±0,16 0 0,42±0,12 0,17±0,09 0,78±0,11 1,14±0,24 Tese - Haydée M. Moreira Apêndice 164 QUADRO 10. Valores de chumbo no cérebro (µg/g) dos animais dos grupos controle. A última linha contém as médias e erros padrão da média. GRUPOS B1 B2 B3 0 0 0 0 0 0 0,56 0 0 0 0,64 0,57 0 0,54 0 0 0 0 0 0,54 0,77 0 0,93 1,17 0 0,52 0,57 0,23 0,35 0,48 0,08±0,06 0,35±0,11 0,36±0,13 QUADRO 11. Valores de chumbo no rim (µg/g) dos animais dos grupos tratados. A última linha contém as médias e erros padrão da média. GRUPOS A1 A2 A3 A4 A5 A6 12,84 6,29 5,10 7,10 7,28 7,72 8,99 6,40 4,39 5,95 7,87 8,05 18,99 6,53 6,73 3,93 11,53 10,49 13,86 3,45 4,30 4,02 3,92 - 12,57 6,82 5,13 0 5,86 8,80 14,57 0,44 0,44 0,40 4,57 11,09 9,72 0,03 0,51 0,25 8,23 9,55 10,99 5,68 4,91 9,76 12,37 10,11 12,55 5,68 5,61 6,52 5,44 7,19 12,34 3,46 4,25 3,96 7,90 7,79 12,74+0,88 4,47+0,80 4,13+0,65 4,19+1,03 7,49+0,87 8,98+0,46 Tese - Haydée M. Moreira Apêndice 165 QUADRO 12. Valores de chumbo no rim (µg/g) dos animais dos grupos controle. A última linha contém as médias e erros padrão da média. GRUPOS B1 B2 B3 0 0 0 0 0 0 0,12 0 0 0 0,60 0,76 0,85 0,59 0 0 0 0 0 0,34 0,43 0 0,45 0,26 0 0,53 0,41 0 0,34 0 0,10+0,08 0,29+0,08 0,19+0,08 Tese - Haydée M. Moreira