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Terra Fantástica de
Venial
o jardim mais que secreto
Dedico esta obra a M. L. de Fátima, minha mãe, pelo incentivo que me deu
e sua grande ajuda para que Venial se tornasse real em nossas vidas.
Índice
1 O FRIO TENEBROSO
2 BRINCADEIRA DE INVERNO
3 OS ANÉIS QUE FASCINAM
4 OS DIZERES SEM NEXO
5 O SUMIÇO DE GENTE
6 DESBRAVANDO SOBRE O GELO
7 O RAPTO
8 EM BUSCA DO LIVRO ESSENCIAL
9 O LUGAR MAIS MARAVILHOSO
10 NA COPA DA GRANDE ÁRVORE
11QUE HÁ DETRÁS DAS PRATELEIRAS?
12 PERDIDOS NO LABIRINTO
13 A FONTE MÁGICA
14 O USO DAS SEMENTES DO DESEJO
15 UMA BATALHA FERRENHA
16 A INVESTIDA DO MONSTRO DO LAGO
17 A PRIMAVERA E A ALEGRIA DO JARDIM
18 MAGNIFICENTE DIA
19 ALGUNS DIZERES DO LIVRO ESSENCIAL
Prefácio
Desta vez, nossa história se passa perante um inverno assustador que
acometeu toda Venial, trazendo consigo a escassez de alimento entre outras
dificuldades para seus habitantes. Sem contar o problema que nossos amigos
terão de enfrentar, em meio a pessoas que começaram a agir como zumbis; algo
ameaçador emerge das profundezas do lago; um encanto que parece dominar a
todos. E com isso:
Uma figura inusitada surge, desejando trazer de volta a sacerdotisa de uma
seita secreta chamada “Mantos de Prata”, tendo ele em mãos um objeto muito
poderoso intitulado “Encanto da Lua”. E, com isso deseja por aos seus pés toda
Venial.
A vista dessa situação nossos conhecidos aventureiros: Tugo, Hico e Dora,
ficam conhecendo mais outros dois amigos que gostam de grandes desafios, tal
como eles, e são: Ijanna e Abel, filhos do reverendo recém chegado a Valeriana.
Veremos como nossos aventureiros agirão para ajudar o reino desta vez...
1- O Frio Tenebroso
Nesse tenebroso e tão pouco comum inverno que se faz presente por toda a
terra de Venial, onde suas nevascas freqüentes assustam os camponeses que
vivem do fruto dos seus campos. Os animais também, acabam sofrendo pela
escassez de comida (pastagem e cereal) e muitos até morrendo de frio.
Algo diferente no pátio central, onde as crianças da aldeia se divertem nas
outras estações, digamos que no inverno também, mas não em dias terríveis de
nevascas e ventos que cortam a pele.
Tugo, ex morador do subúrbio, agora sente-se privilegiado por morar perto
dos amigos: Dora, Leni e Luna. Pois seu pai conseguira, por intermédio do rei,
morar próximo a igrejinha que fica de frente ao poço do pátio central da aldeia.
Seu pai também recebera o título de ancião da aldeia, antigo cargo que Jobel
ocupava, na qual ele como ancião deixara muita coisa sem notificar ao rei, e
assim, acabou perdendo tal título. Turo então tornara o novo ancião da aldeia, e
levava muito a sério essa responsabilidade outorgada a ele pelo próprio rei de
Venial.
Pelo frio que fazia, não havia aula há duas semanas, só restava as crianças
muitas brincadeiras dentro de casa.
E, lá estavam os inseparáveis amigos na casa de Tugo: Dora, Luna e Leni.
Brincavam em volta da lareira, contavam historinhas e comiam quase sempre,
até que ouviram alguém bater a porta. Tugo apressadamente foi ver, uma feliz
surpresa os tomou, por ser Hico, o príncipe e grande amigo de Tugo. Pois, viera
passar uns dias na casa do amigo. Olhos castanhos e cativantes e de rosto
envolvido num cachecol quentinho, sacudiu um pouco da neve, abraçou
ligeiramente o amigo e entrou. Após cumprimentar a todos os outros, a
brincadeira reiniciou, e não demorou muito para Anne, a mãe de Tugo, trazer
para as crianças bolo de nozes, biscoitinhos de nata e cinco canecas de leite com
caramelo e canela. A tarde foi recheada de diversão e muita comida gostosa.
No castelo, Jans e Cindy não viam a hora de chegar o novo reverendo a
Valeriana para celebrar o casamento deles. Jans que agora tornara cavaleiro real,
possuía boa patente e toda confiança da parte do rei Zhuraq; ele ganhou moradia
nos interiores do castelo, numa localidade, que é dada a servos de grande
prestígio.
Entre as imensas muralhas do castelo, havia um gigantesco pátio, com uma
maravilhosa fonte de águas límpidas, de frente as escadarias que levam aos
salões e aposentos reais, onde se encontra o rei e toda sua família e alguns
parentes dele e de seus conselheiros.
Nas extremidades do interior das muralhas há de tudo, pode se dizer,
como: casa de ferreiros, que labutam às fornalhas preparando todo tipo de ferro
que virá a ser, desde espadas e ferraduras até utensílios domésticos; casa de
ourives, que lidam com todo o tipo de pedra preciosa e metal precioso, fazendo
lindas peças para realeza e até mesmo para ser vendido no mercado interno do
castelo, pois fabricam: braceletes, pulseiras, brincos, anéis, gargantilhas, fivelas,
argolas, taças, pratos e adereços como broches e brasões; casa de tecelões, que
se ocupam em vestir a realeza, mas não somente, também fabricam todo tipo de
roupas, mantas, cobertores e outras vestimentas mais populares e não
dispendiosas.
E o pátio, como não poderia deixar de estar, estava coberto com neve, a
mais branca e ofuscante neve, onde crianças, filhos dos moradores do castelo se
divertiam fazendo bonecos; pelo menos até a hora de vir um servente real, que
era encarregado de recolher o excesso de neve, e pondo numa carroça para
cargas ia ele depositar fora das muralhas do castelo, ao lado do rio que desce das
montanhas do norte.
A poucos metros do pátio real.
TOC! TOC!
- Pode entrar – disse Jans.
- O Rei está lhe convocando cavaleiro – o mensageiro continuou após a
porta ser aberta por Jans. – Temos uma reunião no salão real daqui a poucas
areias da hora (baseavam-se em ampulhetas que viravam de hora em hora).
- Vou por um casaco e logo subirei, obrigado – Jans foi para o lado da
lareira, e Cindy lhe trazia um pomposo casaco de pele de urso pardo. – Meu
amor. Vou participar duma reunião urgente, mas logo estarei de volta.
Tomaremos então, aquele maravilhoso leite com canela que só você sabe fazer.
– Beijou a noiva, botou um gorro de chinchila na cabeça e saiu.
Do lado de fora, crianças que parecem não sentir frio, brincavam, mesmo
que o servente tivesse retirado quase toda neve que caíra durante a noite.
Jans subiu com a maior rapidez que podia, chegando enfim ao local da
reunião, onde só o seu lugar estava vazio à mesa dos cavaleiros.
- Majestade – reverenciou o rei. – Desculpe o atraso. – após inclinar em
reverência sentou-se.
- Que isso Jans, eu é que pedi essa reunião as pressas, não tem do que pedir
“desculpas” – disse o rei. – O assunto é rápido, porém requer atenção dobrada –
o rei parecia muito energético.
Começou o rei:
- Nesse fim de semana chegará um cargueiro de Antera, nossa terra
vizinha, trazendo mantimentos, sementes e remédios para Venial – a seriedade
era visível nos olhos do rei. – Seis de vocês escoltarão as carruagens que trarão
os produtos para o castelo; e outros seis as que ficarão na aldeia – até agora não
entenderam o porquê de tanta segurança. E rapidamente se dividiram os doze
cavaleiros do rei em dois grupos.
- Sei que estão se perguntando o porquê de tudo isso. E esse rigor ao
receber algo que compramos da terra vizinha – olhava-os fixamente, o rei. –
digo uma coisa: que de Antera eu espero tudo. Pois, há muitos anos atrás,
quando recebi o reino de meu pai, enfrentei uma investida deles contra nós,
porque pensavam: “o príncipe ainda não sabe nada sobre guerra, muito novo e
inexperiente, vamos nos aproveitar da situação”; e sabendo disso: convoquei
todo homem das províncias que pertencem a Venial, todo maior de dezoito anos
apto a manejar uma espada e escudo. Vencemos a peleja graças a união de nosso
povo, pela Espada Secular e com meu “cavalo” de guerra... que foi Asparo, o
dragão que vocês conhecem bem, triunfamos – e jogou duas folhas de papiro
sobre a mesa. – Levem esses documentos ao portuário da baía. Diz a ele que
uma via é para ser entregue ao capitão do navio. Reunião encerrada. Quero que
comecem a preparar seus cavalos e carruagens para irem.
- Sim, majestade – em coro os cavaleiros se despediram e reverenciaram o
rei. Levantando todos, logo se foram.
Noite adentro soldados reais, serventes e os cavaleiros prepararam seus
veículos e armas, para saírem de madrugada.
No dia seguinte, depois da hora do café, a aldeia era acordada pelos trotes,
e barulhos das carruagens e seus cavalos que atravessavam a aldeia em direção a
baía.
Na casa de Tugo, as brincadeiras de mímicas em volta da lareira divertiam
as crianças, desde que acordaram.
Dora se desligou da brincadeira e foi espiar pela janela, entre flocos alvos
da neve, via os cavaleiros e as grandes carroças de carga cortar o pátio central.
E, mais adiante, do outro lado do pátio, viu seu Silo na varanda da casa dele
trabalhando em alguma coisa. Isso atiçou a curiosidade da menina.
- Pessoal! Cheguem aqui! – chamando a atenção dos amigos. – Venham
rápido. Estou curiosa para saber o que seu Silo faz de tão importante num dia
frio como esse.
- Eu topo ir lá perguntar – disse Tugo, que foi o primeiro a chegar perto da
janela.
- Eu também – Leni concordou imediatamente em ir lá fora. – Apesar do
frio que faz lá fora, eu vou.
- Peguem seus gorros e cachecóis e vamos lá – Tugo pulou sobre a
poltrona preferida de seu pai, parando perto da porta. E, esperou seus amigos se
agasalharem, para poder abrir a porta, pois seria inevitável a neve que entraria
atiçada pelo vento, mesmo numa breve abridela de porta. Realmente não dava
para contê-la, e saíram.
2- Brincadeira de Inverno
O frio e o vento ardiam os ouvidos e queimavam as orelhas de quem não
estivesse de gorro, e as crianças corajosas por sair num tempo desses, cruzaram
o pátio até a casa de dona Iveva e seu esposo, o carpinteiro Silo.
Ao aproximarem de lá.
- Meninos! Meninos! Por que sair com esse tempo? – perguntou o dócil
senhor.
- Vimos o senhor labutando em alguma coisa, e viemos ver o que era –
Dora depressa respondeu a ele.
- Como são curiosos! – o velho abriu um sorriso quase não notável, por sua
farta barba. Mas, percebido apenas pelas suas rosadas bochechas que se
alargavam.
- Então, nos diga seu Silo: que é isto? – insistiu Dora, vendo que aquilo
que o carpinteiro fazia parecia tamanco. Mas, o que era estranho para ela, é que,
o tamanco que ele lixava, tinha uma lâmina encravada na sola.
- Isso... que fiz. É para vocês – ajeitou a aveludada boina e agachou para
pegar um par. – Pensei naquele lago totalmente congelado do bosque, e achei
que poderia ser muito divertido brincarem com isso nele.
O olhar das crianças acusava não terem entendido nada do que ele dissera.
- Peçam aos seus pais permissão para irem comigo lá. Eu lhes mostrarei
como é divertido isto aqui – o carpinteiro colocou todos seus trabalhos numa
sacola e entrou em sua casa. – Vou pegar minha garrafa de chá e volto logo.
A curiosidade era demais para as crianças, que pensavam: “como essas
peças de madeira podem ser divertidas?”. Ligeiramente cada um foi para sua
casa pedir permissão para acompanharem o carpinteiro até o lago. E, para alegria
geral deles, todos os pais deixaram, com exceção dos de Hico, porque seus pais
moram longe, no castelo.
Logo, com o consentimento dos pais, os meninos se reuniram em frente a
casa do carpinteiro, e pegaram a estrada. A neve a esta hora da manhã se tornara
mais serena, poucos flocos dançavam a frente deles pelo caminho afora.
Trilharam a mata cerrada adentro, encontrando um fabuloso e branqueado
campo após traspassarem as árvores carregadas de grossas camadas de neve.
Deram de frente com o lago, e impressionados correram para o lado dum
branqueado arbusto, fitando a beleza excelsa do lugar coberto da mais alva neve.
Silo tirou uma marretinha da mesma sacola que trazia os tamancos e bateu
contra o gelo.
- Está ótimo crianças – guardou a marretinha e pegou um par de tamancos.
– Agora calcem isto e divirtam-se.
Todos já pareciam entender para que serviam aqueles tamancos com
lâminas sob as solas. Daí, voaram sobre a sacola, e cada um pegou um par, e
calçados, prenderam firmemente as correias. O primeiro a se arriscar a parar de
pé naquilo foi Leni, também foi ele, o primeiro a levar um tombo, que arrancou
muitas gargalhadas dos outros.
Quando aparentava terem pegado o jeito, aí vinha um novo tombo para
arrancar risadas dos amigos. Chegou um momento em que quase conseguiram
cruzar todo o lago sem cair. E, o senhor Silo os acompanhava com os olhos, para
não os perder de vista, tomando seu quente e delicioso chá acompanhado de
bolinhos, e permanecera sentado na sacola do lado do arbusto.
No sudoeste de Valeriana, na baía conhecida como Recanto da Foca, que
apesar do nome não havia focas por ali há décadas, atracava ao porto um imenso
navio. Onde muitos trabalhadores enchiam barcos e mais barcos, trazendo as
margens muitas caixas, sendo essas, a encomenda de Venial: cereais, remédios,
vestimentas, entre outras coisas que necessitava o povo de Venial.
Já passado do meio do dia, vários barcos haviam atracados à margem, e
esperavam liberação para descarregar suas mercadorias. O capitão do navio
desceu de um dos barcos para conversar com o responsável pelo porto, que seria
o capitão portuário Titus. A saber, pai de Dora.
- Boa tarde! Valeriana... é esse o nome?! – um sujeito ruço de grande
barriga, cabelos esvoaçados, barbas espatifadas, trajando um uniforme azul real,
cumprimentou com simplicidade. – Sou Estok, o capitão da “Princesa das
Ondas”. – manquejando da perna direita, aproximou-se do capitão da baía.
- Seja bem vindo capitão Estok. Para liberar a carga esperaremos a escolta
do Rei, uma parte deles já chegou, mas falta o cavaleiro que trará os documentos
necessários.
- Sem problemas. Eu me adiantei por um dia a viajem, e tenho tempo de
sobra. Fique tranqüilo. – Estok sentou num barril, tirou seu cachimbo do bolso e
após chuchar o tabaco, com o dedo, deu de acendê-lo.
De outro barco desceu um homem magro, de bigode e cabelos escuros,
cheio de correntes, pulseiras e anéis magnificamente brilhantes. Não falou com
ninguém, mas acompanhou seu caixote que ia sendo retirado do barco, como se
algo muito precioso estivesse ali dentro. E, ao passar perto do capitão Estok:
- Por que paramos? – perguntou, devido aos barcos que ainda não tinham
sido descarregados, rispidamente.
- Aguardamos um representante do Rei que trará o alvará de cargas,
fiscalizando e liberando, assim o produto poderá entrar em Venial. – o capitão
continuou sendo simpático. Agora levava a boca uma grande caneca com um
mate bem quente, oferecido pelo capitão do porto.
- Que é isso?! O Rei compra mercadorias, e não as deixa entrar. Pois eu
tenho entregas para fazer, tanto na aldeia quanto no castelo real. Como alguém
já disse: tempo é dinheiro – mesmo conversando, não desviou o olhar de seu
caixote.
Nesse ínterim, veio de dentro da cabana, o capitão do porto, trazendo um
outro canecão com mate e entregou ao homem magro e ranzinza, que trazia ao
ombro uma bolsa de couro de crocodilo.
- Peço um pouco mais de paciência do senhor... o cavaleiro do Rei chegará
em poucos minutos. Se assente e tome esse mate – o capitão do porto entregou a
bebida, e ajeito um barril pequeno para o homem se sentar.
Antes, que o capitão do navio e o mercador terminassem suas canecas de
mate, chegou o cavaleiro com os documentos de recebimento do reino. O
homem magro, mercador, abriu um espichado sorriso sob seu bigode.
- Já não era sem tempo! Eu, um grande e inigualável mercador
internacional, barrado com meus mais finos e delicados produtos. Sem dizer
que: não são para qualquer um – ainda não revelara o que trazia de mensurável
valor, em sua bolsa de crocodilo e em seu caixote.
- Atenção! Essa escolta composta de seis cavaleiros e três carroças se
dirigirá ao castelo, e a outra, para os produtos que ficarão na aldeia – disse Jans
que entregara os documentos para o portuário, que por sua vez assinou e
entregou ao capitão Estok.
Os cavaleiros apearam de seus cavalos para averiguar a integridade de toda
mercadoria. Não havendo falta de algum produto que fora pedido, nem aparente
adulteração do mesmo, ficaram liberados para o transporte até o castelo. E assim
partiram numa comitiva. O mercador foi o mais ligeiro de todos, ao colocarem
seu caixote na primeira carroça, depressa fora se sentar ao lado do condutor da
carroça que levara sua mercadoria.
A tarde ia chegando quando a outra comitiva preparava os produtos que
iriam para aldeia. Mas por falta de claridade suficiente para conferência dos
demais produtos, ficou para a madrugada o restante, obrigando, de certa forma,

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