ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO

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ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO
ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO NO NÍVEL LATO SENSO DE
ESPECIALIZAÇÃO EM ATIVIDADES EQUESTRES
O CAVALO COMO INSTRUMENTO DE RELAÇÕES PÚBLICAS NA PMDF
Cap QOPM Wendel Oliveira Andrade Silva - PMDF
Rio de Janeiro
2011
ii
Cap QOPM Wendel Oliveira Andrade Silva - PMDF
O CAVALO COMO INSTRUMENTO DE RELAÇÕES PÚBLICAS NA PMDF
Monografia apresentada à Escola de
Equitação do Exército como requisito
para a obtenção do Grau de Especialista
em Atividade Eqüestre.
Orientador: Maj Cav Augusto Dourado
Ribeiro da Cunha.
Rio de Janeiro
2011
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Cap QOPM Wendel Oliveira Andrade Silva - PMDF
O CAVALO COMO INSTRUMENTO DE RELAÇÕES PÚBLICAS NA PMDF
Monografia apresentada à Escola de
Equitação do Exército como requisito
para a obtenção do Grau de Especialista
em Atividade Eqüestre.
Orientador: Maj Cav Augusto Dourado
Ribeiro da Cunha.
Aprovada em
de
de 2011.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________
Maj Cav Augusto Dourado Ribeiro da Cunha
_________________________________________________
Cap QOPM Genilson Figueiredo de Oliveira
_________________________________________________
Cap Cav Rodrigo Camões Diógenes de Carvalho
iv
À minha esposa que tanto me incentivou,
apoiou, compreendeu, que sorriu junto e
sofreu junto ao longo desses 9 meses de
curso. E a todos os amigos e conhecidos que
de alguma forma contribuíram para o fim
desse trabalho.
v
Agradecimento
A Deus que tudo sabe e pode.
À minha família e esposa, minha eterna amada, obrigado.
Ao Regimento Coronel Rabelo, nas pessoas do TC Caravellas, CEL RR
Dornelles, CEL Annunciação, CEL Moretto, Maj Marcus Rogério, enfim, a
todos os Oficiais e Praças que me ajudaram ao longo de minha trajetória
profissional.
Aos amigos e padrinhos Cap Abadio e esposa, Cap Heberton e esposa,
Maj Fábio Augusto e esposa, Maj Edvã e esposa, Cap Bezerra e esposa que
me apoiaram e incentivaram para a realização deste sonho.
Aos Amigos Cap Oliveira e Sgt Dierson, Instrutor e Monitor da EsEqEx,
respectivamente, por toda a paciência e motivação passada ao longo desse
ano, e sem a qual, talvez, não seria possível seguir em frente principalmente
nos momentos difíceis, extensivos à amiga Camila e seu filho Junhinho.
Ao meu Orientador Maj Ribeiro da Cunha e a meus Instrutores e
Monitores por todo conhecimento e experiência repassados, seja em sala de
aula, seja debaixo de sol, chuva, frio e calor nos picadeiros do parque eqüestre
e cross, o meu reconhecimento.
A meus companheiros de curso que ao meu lado passaram e
compartilharam momentos difíceis, alegres, dolorosos e gratificantes, a vocês
meu muito obrigado: Cap Adeir, Cap Evangelho, Ten G.Guarienti, Ten Mello,
Ten Borges, Ten Silas Rabelo, Ten Ivo, Ten Christian, Ten Ocanha, Ten Matta,
Ten Leonardo Gomes, Ten Antunes, Ten Bernard, Ten Nicodemos, Sra Karin
Mendes e Sra Bruna Rosa.
A meus cavalos, parceiros de curso, que se doaram, foram exigidos em
seu máximo potencial, que me passaram toda sua força, velocidade, destreza
e coragem, pedindo em troca somente a alimentação, um afago, uma boa
cama, e algumas cenouras. Missão cumprida meus amigos: Niágara, Brother,
Monarca e o guerreiro Urucubaca, que apesar de seu tamanho diminuto e
idade avançada se superava em cada salto, conquistando a admiração e
apreço de quem quer que lhe observe em ação. A minha eterna gratidão...
vi
“Se a imaginação do cavalo coloca, às
vezes, o homem em perigo, ela é para o
cavaleiro um instrumento precioso. Ele pode
empregá-la para esconder do animal sua
própria força e seu poder, de tal forma que
ele jamais os porá a prova. Se ele aceita o
homem em deu dorso é porque ele imagina
não poder agir de outra forma”.
HONTANG
vii
RESUMO
Este trabalho constitui-se numa reflexão acerca a contribuição do cavalo
enquanto instrumento de relações sociais, mais especificamente, no Regimento
de Polícia Montada do Distrito Federal. Para tanto foi realizado um estudo
sobre o histórico da Polícia Militar do Distrito Federal seguido da análise do
Regimento de Polícia Montada do Distrito Federal. Realizou-se ainda uma
incursão sobre a história do cavalo com destaque na sua contribuição social
através do Policiamento Montado, da Escola de Equitação e da Equoterapia.
Palavras Chaves: cavalo, relações públicas e polícia.
viii
ABSTRACT
This work constitutes a reflection on the contribution of the horse as
instrument of social relations, more specifically, in the Regiment of Mounted
Police Federal District. For this was a studyabout the history of the Federal
District Military
Police followed the
analysis of
the
Regiment
of Mounted
Police Federal District. We carried out a further incursion into the history of the
horse with emphasis on its social contribution through the Mounted Police,
Riding School and Equotherapy.
Keywords: horse, public relations and police.
ix
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA ...................................................................................................iv
AGRADECIMENTOS ……………………...………………….……………..........…v
EPÍGRAFE .........................................................................................................vi
RESUMO ………………………………………………………...………...…....……vii
ABSTACT …………………………………………………………......…...…….…..viii
SUMÁRIO ……………………………………………………………...…..………...ix
LISTA DE ABREVIATURAS............………………………………...…..……….....x
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................1
2. REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................2
2.2. POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL (PMDF) ......................2
2.3. REGIMENTO DE POLÍCIA MONTADA (RPMon) .............................5
2.4. O CAVALO ........................................................................................7
2.5. SOCIEDADE ...................................................................................11
2.6. ATIVIDADES SOCIAIS ...................................................................12
2.6.1. Policiamento Montado .......................................................12
2.6.2. Escola de Equitação ..........................................................13
2.6.3. Equoterapia .......................................................................14
3. METODOLOGIA ...........................................................................................16
4. CONCLUSÃO ...............................................................................................19
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................21
ANEXOS ..........................................................................................................23
Anexo I ...................................................................................................24
Anexo II ..................................................................................................25
x
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
Art. – artigo;
ANDE – Associação Nacional de Equoterapia;
CAP – Capitão;
CAV – Cavalaria
CB – Cabo;
CDC – Controle de Distúrbios Civis;
CFN – Corpo de Fuzileiros Navais;
CF 88 – Constituição da República Federativa do Brasil de 1988;
DF - Distrito Federal;
E – Esquadra;
EB – Exército Brasileiro;
EsEqEx – Escola de equitação do Exército;
nº - número;
p. – Página;
PM – Polícia Militar;
PMDF – Polícia Militar do Distrito Federal;
PMERJ – Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro;
RCR – Regimento Coronel Rabelo;
Res. – Reserva;
RPMon – Regimento de Polícia Montada;
SD – Soldado;
SGT – Sargento;
TEN – Tenente.
xi
1. INTRODUÇÃO
Como oficial da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), há mais de 11
anos, refletimos, cotidianamente, sobre a importância do cavalo na sociedade
do Distrito Federal, fato este nos leva a estudar um pouco mais de perto esse
tema, mais especificamente no Regimento de Polícia Montada do Distrito
Federal.
Hoje na sociedade como um todo, um dos temas que mais afligem os
brasileiros, em geral, é a segurança pública, a insegurança paira por sobre
todos diariamente, trazendo à baila os papéis que as policias militares
desempenham dentro do sistema de segurança pública. A desconfiança e
descrédito da sociedade vêm em parte da época dos regimes autoritários,
quando as polícias contavam com certa antipatia por conta de sua atuação
naquele período, resquícios de incredulidade perduram até hoje, mesmo
passados mais de 25 anos. Após esse tempo a sociedade evoluiu em um ritmo
não sendo acompanhada na mesma velocidade pelas polícias, de uma maneira
geral, contudo, inúmeras são as demonstrações de que este quadro tende a se
reverter, a exigência de nível superior para ingresso nas carreiras policiais, o
conceito de polícia comunitária se espalhando rapidamente pelos rincões do
Brasil, a mudança no perfil dos policiais, são provas do interesse de se bem
servir a sociedade brasileira.
Infelizmente um dos maiores entraves para a mudança de visão da
população com relação às polícias talvez seja a imprensa, não a boa imprensa,
aquela que aponta as falhas, os desvios de conduta e visa a correta apuração
dos fatos, mas sim a imprensa oportunista, sem ética que busca apenas a
manchete, o sensacionalismo, a vendagem e o ibope, jogando na “vala
comum”
a
esmagadora
maioria
de
trabalhadores.
Maioria
esta
que
diuturnamente desafia os mais variados riscos em prol de sua missão
constitucional que é a de bem servir e proteger o cidadão. Por conta de erros
de alguns poucos, as críticas negativas ultrapassam os limites dos praticantes
e atingem em cheio as instituições, muitas delas seculares, sem o mínimo de
responsabilidade, criando com isso um pré conceito por parte do leitor, ouvinte
ou expectador menos instruído.
Cabe às corporações a tarefa de mudar esse cenário, com o uso e abuso
dos meios disponíveis para a sua propaganda positiva, diminuindo a distância
xii
entre o policial fardado e o povo, incutindo na mentalidade do cidadão o
verdadeiro papel da polícia militar. E nada mais prático e promissor do que a
utilização do cavalo como essa “ponte” entre as partes seja pelo carisma típico
desse animal ou simplesmente por sua presença, que atiça a curiosidade de
crianças e adultos acerca do como é trabalhar com o nobre amigo.
As reflexões sobre o tema e a vasta experiência com o trabalho prático
envolvendo os cavalos motivaram a razão do presente estudo que tem como
objetivo principal descrever as alternativas de ações dentro do Regimento de
Polícia Montada do Distrito Federal - RPMon, que visem a aproximação da
sociedade com a Polícia Militar, destacando a importância e os valores da
corporação para o público externo.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.2. POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL - PMDF
Conforme previsto no Plano Estratégico 2011-2022 da PMDF, a história
da PMDF começa no século XIX, com a vinda da corte portuguesa para o
Brasil, por causa do bloqueio continental e da invasão de Portugal pelas tropas
de Napoleão Bonaparte. Dom João VI, o príncipe regente, e sua corte
necessitariam de uma grande estrutura no Brasil-Colônia e, com isso,
promoveu-se um grande desenvolvimento no país com a abertura de portos, a
criação da Biblioteca Pública, do Arquivo Militar, da Academia de Belas Artes,
do Jardim Botânico e de outras instituições que estruturam o país.
Aos moldes da já existente Guarda Real de Polícia, uma instituição militar,
em 13 de maio de 1809, Dom João VI cria a Divisão Militar da Guarda Real de
Polícia, primeiro núcleo da PMDF, que tinha a missão de guardar e vigiar a
cidade do Rio de Janeiro. Essa divisão também foi chamada de Corpo de
Quadrilheiros.
Após ser rebatizada algumas vezes, a PMDF foi transferida do Rio de
Janeiro para a nova capital da república, Brasília. Em agosto de 1965, o diretor
do então Departamento Federal de Segurança Pública baixou normas para que
o comandante geral da corporação, naquela época sediada no Estado da
Guanabara, instalasse na nova capital uma unidade administrativa com efetivo
xiii
orgânico de uma Companhia de Polícia Militar. A finalidade dessa companhia
era executar o serviço de trânsito do Distrito Federal (DF).
A PMDF foi instalada na atual capital somente em 1966, com profissionais
vindos da Polícia Militar do Rio de Janeiro, oficiais do Exército Brasileiro e mais
alguns remanejados de outras instituições de Segurança Pública, em virtude da
reorganização do DF em Brasília.
Nesses mais de 200 anos de existência, a PMDF tem se dedicado à
Segurança Pública da Capital Federal, atuando em todas as regiões do DF e
trabalhando dia e noite para o seu bem-estar.
Na atualidade, a Corporação empreende iniciativas para readequar suas
estruturas organizacionais, modelos de gestão, recursos humanos e materiais
em prol da sociedade. Algumas destas iniciativas merecem destaque, tais
como:
• Os projetos de implantação do Sistema de Gestão Estratégica e
Programa de Melhoria da Gestão;
• A reestruturação administrativa e de cargos e salários;
• A implementação das doutrinas, diretrizes e políticas de segurança de
proximidade, através da filosofia de polícia comunitária e policiamento
orientado para o problema;
• Ênfase na capacitação profissional direcionada à garantia dos direitos
humanos;
• O desenvolvimento de diversos projetos sociais e de assistência ao
público interno;
• A implementação de novas tecnologias de informação, inteligência e
telecomunicações; e
• A elaboração de procedimentos operacionais padrão.
As atribuições da PMDF são definidas pelo art. 144, § 5º da Constituição
Federal e pela lei nº 6.450, de 14 de outubro de 1977.
Art. 1º - A Polícia Militar do Distrito Federal, instituição permanente,
fundamentada nos princípios da hierarquia e disciplina, essencial à segurança
pública do Distrito Federal e ainda força auxiliar e reserva do Exército nos
casos de convocação ou mobilização, organizada e mantida pela União nos
termos do inciso XIV do art. 21 e dos §§ 5 º e 6 º do art. 144 da Constituição
xiv
Federal, subordinada ao Governador do Distrito Federal, destina-se à polícia
ostensiva e à preservação da ordem pública no Distrito Federal. (Redação
dada pela Lei nº 12.086, de 2009).
Art. 2º - Compete à Polícia Militar do Distrito Federal: (Redação dada pela
Lei nº 7.457, de 1986).
I - executar com exclusividade, ressalvadas as missões peculiares das
Forças Armadas, o policiamento ostensivo, fardado, planejado pela autoridade
competente, a fim de assegurar o cumprimento da Lei, a manutenção da ordem
pública e o exercício dos poderes constituídos; (Redação dada pela Lei nº
7.457, de 1986).
II - atuar de maneira preventiva, como força de dissuasão, em locais ou
áreas específicas, onde se presuma ser possível a perturbação da ordem;
III - atuar de maneira repressiva, em caso de perturbação da ordem,
precedendo o eventual emprego das Forças Armadas; e
IV - atender à convocação, inclusive mobilização, do Governo Federal em
caso de guerra externa, ou para prevenir ou reprimir grave perturbação da
ordem ou ameaça de sua irrupção nos casos previstos na legislação em vigor,
subordinando-se à Força Terrestre para emprego em suas atribuições
específicas de polícia militar e como participante da Defesa Interna e da Defesa
Territorial. (Redação dada pela Lei nº 7.457, de 1986).
A missão da PMDF é “promover a segurança e o bem-estar social por
meio da prevenção e repressão imediata da criminalidade e da violência,
baseando-se nos direitos humanos e na participação comunitária”.
A visão da PMDF é a de “ser reconhecida como instituição policial
moderna e de referência nacional na prevenção e na repressão imediata da
criminalidade e da violência, pautada na defesa e respeito aos direitos
humanos, na filosofia de policiamento comunitário, na análise criminal, no
policiamento orientado para o problema e na qualidade profissional de seus
integrantes”.
Os valores da força policial militar do Distrito Federal são: honestidade,
ética profissional, cientificismo, o respeito aos direitos humanos.
xv
2.3. REGIMENTO DE POLÍCIA MONTADA (RPMon)
Conforme boletim comemorativo dos 200 anos da PMDF sua história
pode ser assim resumida: Em março de 1980 partiram para o 1º RCGd um
grupo de oficiais e praças que iniciaram, naquela Unidade, um estágio de
equitação dando assim o primeiro passo para a criação de uma Unidade Hipo
na PMDF.
A Portaria PMDF de 10 de junho de 1980, assinada pelo então
Comandante-Geral, Coronel Cav QEMA Êgeo Corrêa de Oliveira Freitas, cria o
NÚCLEO DO REGIMENTO DE CAVALARIA CORONEL FRANCISCO
RABELO LEITE NETO, composto inicialmente por um esquadrão Hipo, sediada
na
cidade
satélite
de
Taguatinga,
subordinada
administrativa
e
operacionalmente ao 2º Batalhão de Polícia Militar.
Em 23 de agosto de 1980 chegava à cidade de Brasília 80 (oitenta)
cavalos vindos do Rio Grande do Sul, os quais formavam o primeiro plantel
hipo da Corporação.
Com apoio da Secretaria de Agricultura e da Fundação Zoobotânica do
Distrito Federal, cedendo campos, instalações e assistência veterinária, foi
possível estabelecer, provisoriamente, a sede do Esquadrão na Granja Modelo
Riacho Fundo.
Para organização do primeiro quadro orgânico, os oficiais e praças foram
retirados dos efetivos das diversas Unidades Policiais Militares. Para suprir a
necessidade de logo iniciar os treinamentos de homens e animais, para a
execução, 80 (oitenta) recrutas, voluntários, da 27ª turma de soldados.
Em 12 de dezembro de 1980 iniciava-se oficialmente, o Policiamento
Ostensivo Montado do Distrito Federal, atividade esta que, incansavelmente,
vem sendo desempenhada diurnamente.
Com o Decreto nº 6.828, de 23 de junho de 1982, assinado pelo
Excelentíssimo senhor Governador do Distrito Federal, Aimé Alcebíades
Silveira Lamaison, era criado na PMDF, o REGIMENTO DE POLÍCIA
MONTADA,
ficando
subordinado
ao
Comando-Geral,
com
autonomia
administrativa, com atribuição de executar o Policiamento Ostensivo Montado
em todo o Distrito Federal e cumprir missões determinadas pelo ComandanteGeral da Corporação.
xvi
Através do Decreto nº 20.468 de 30 de junho de 1999, assinado pelo
Excelentíssimo senhor Governador do Distrito Federal, Joaquim Domingos
Roriz, foi dada a denominação histórica de “REGIMENTO CORONEL
RABELO” ao Regimento de Polícia Montada da PMDF.
O nome da Unidade foi escolhido em homenagem ao Coronel Cav QEMA
Francisco Rabelo Leite Neto, falecido em 01 de novembro de 1979, quando no
cargo Comandante-Geral da PMDF.
Além de suas atividades operacionais por força de dispositivo legal, vem a
unidade, como representante da Corporação, dedicando-se, também, às lides
esportivas, principalmente nas atividades hípicas, participando ativamente de
programação levada a efeito no Distrito Federal. O Regimento tem
representado a Corporação nas competições hípicas em várias capitais da
Federação, gozando de carinhosa atenção por parte daqueles que comungam
dos sentimentos hípicos.
O Regimento atua como tropa de choque, reserva do Comando Geral, no
policiamento de trânsito em grandes estacionamentos; no policiamento
ostensivo em terrenos variados impraticáveis a outras modalidades, em
demonstração e Relações Públicas; e no policiamento ostensivo normal;
cobrindo áreas de até 40 Km por patrulhas.
Os cursos de formação que são ministrados no Regimento são: Curso de
Policiamento Montado – Nível Oficiais: duração de 06 meses; Curso de
Policiamento Montado – Nível Praças: duração de 02 meses; Curso de
Operações de Choque Montado – Oficiais e Praças: duração de 02 meses;
Cursos para Oficiais e Praças do RPMon em outras Corporações: Escola de
Equitação do Exército (EsEqEx), Carabineros de Chile; Guarda Nacional
Republicana de Portugal; além de instruções diárias e/ou semanais.
Atualmente o RPMon conta com uma tropa de 229 policiais. Possui 271
cavalos (distribuídos entre os 3 esquadrões).
O RPMon encontra-se dividido em três esquadrões:
1º Esquadrão: ESQUADRÃO ESCOLA
Esse é o esquadrão responsável pela parte de instrução e cursos do
RPMon (coordenação e execução dos Cursos de Policiamento Montado e
Operações de Choque Montado, ministrados na própria corporação), pelo
Centro de Equoterapia e a Escolinha de Equitação.
xvii
2º Esquadrão: ROMon
Este esquadrão tem a responsabilidade de cuidar de todo o policiamento
Ostensivo Montado em todo o Distrito Federal. O Regimento de Polícia
Montada executa uma forma de policiamento moderno e versátil que se
enquadra bem aos moldes da Capital da República. As Rondas Ostensivas
Montadas (ROMon) atendem a todo o Distrito Federal, sendo empregado no
policiamento tático, diário, e em locais que apresentam maiores números de
ocorrência delituosas, podendo ser deslocado imediatamente a qualquer parte
do Distrito Federal, conforme determinação do Comando de Policiamento
Especializado (CPEsp).
3º Esquadrão: CHOQUE MONTADO
A capacitação e o aprimoramento de técnicas de controle de distúrbios
civis fazem parte da rotina diária do efetivo do 3º Esquadrão, que encontra-se
localizado, estrategicamente, no interior do Parque da Cidade, no coração da
Capital. Composto por policiais que possuem o Curso de Operação de Choque
Montado, fato este que demonstra a perfeita e constante preparação do
homem e do cavalo para uma maior eficiência e eficácia no cumprimento das
diversas missões e eles impostas, executam treinamentos como o objetivo de
buscar excelência em suas ações, simulando os mais variados tipos de
terrenos e obstáculos.
2.4. O CAVALO
O cavalo consta que apareceu há cinqüenta milhões de anos. Era um
animal de pequeno porte, do tamanho de uma raposa, que evoluindo muito
lentamente, sofreu várias mudanças, até atingir a conformação atual. Na
história da humanidade teve importante participação. Ao longo dos séculos o
homem se aproximou do cavalo, inicialmente servindo de caça, para alimentar
a fome. Mais tarde, o homem percebeu que o cavalo poderia dar uma
colaboração maior, suprindo suas necessidades de deslocamento, quer sendo
montado, tracionando carros, arados etc.
xviii
Segundo Ribeiro (1998), desde sua domesticação, “o cavalo participa da
história da humanidade, como meio de transporte ou força motriz, assim como
em
batalhas,
na
exploração
e
colonização
de
novas
terras
e
no
estabelecimento de rotas comerciais”.
O cavalo é um mamífero perissodáctilo (com membros alongados,
estômago simples e dedos em número ímpar, revestidos de casco córneo) e
solípede (um só casco em cada pé), da família dos eqüídeos. Apresenta
grandes variações em sua forma externa, quer características da raça que
pertencem, quer meramente individual.
Algumas raças de cavalo são destacadas neste estudo:
- ÁRABE: é a raça mais pura e uma das mais antigas. Para muitos, este é
um dos cavalos mais belo. Existem referencias artísticas deste animal de pelo
menos 2.500 anos antes de Cristo e o local mais relacionado com ele é o
deserto. Essa raça caracteriza-se pela sua boa saúde, inteligência, beleza,
cabeça curta e fina, corpo largo, extremidades largas e muito fortes, com
tendões definidos, nariz e as orelhas são pequenas e os seus olhos grandes. A
sua grande mobilidade é graças ao arco que se forma ao unir a cabeça e o
pescoço, chamado “mitbah”, o que facilita mudar de direção com agilidade e
rapidez. O seu andar é característico de forma que consegue salta algo com a
cabeça erguida. Na pista, a elegância a galopar faz com que seja maravilhoso
contemplar-lhe. Este animal tem sido bastante importante na evolução de
muitas outras raças de eqüídeos. O árabe foi escolhido pelos Europeus para
melhorar as raças continentais, utilizando garanhões árabes com éguas
Européias. O trote e o galope deste animal são rasteiro, amplos e cadenciados,
com muito garbo, tendo temperamento muito vivo e de grande resistência. As
pelagens básicas são alazã, castanha, tordilha e preta. Pelas suas
características são aptos aos esportes hípicos de salto e adestramento em
categorias intermediárias, hipismo, enduro e trabalhos agropecuários.
- QUARTO DE MILHA: é o primeiro de todos os cavalos americanos de
raça. É tido como o mais popular do mundo. Mais de três milhões estão
registrados na American Quarter Horse Association, fundada em Fort Worth em
1941. Harmoniosamente troncudo, porém esmo quando especializado em
corridas, a cabeça ampla e com orelhas pequenas, com focinho estreito,
ganachas bastantes largas, com uma altura média de 1,52 metro, dorso e
xix
lombo curto, garupa levemente inclinada, peito profundo, membros fortes e
providos de excelente musculatura. São animais extremamente dóceis, muito
musculosos e capazes de percorrerem pequenas distâncias com mais rapidez
que quaisquer outras raças, sua seleção foi direcionada para produzir animais
de trabalho e lida com o gado, tornando-o imbatível para a condução do gado e
captura de reses desgarradas dos rebanhos, graças a sua velocidade em
curtas distâncias.
- CRIOULO: é um animal harmonioso, nativo da República Argentina.
Pode ser encontrado, sob formas ligeiramente diferentes e uma grande
variedade de nomes. Foi a primeira raça sul-americana formada nos campos
úmidos da bacia do prata, descendendo em linha direta dos cavalos ibéricos
trazidos pelos espanhóis e portugueses ao longo do século XVI para as regiões
que formariam a Argentina, Paraguai e Brasil.
Suas características apresentam um cavalo de pequeno porte, com altura
de 1,45m a 1,50m, muito forte e musculado, cabeça de perfil reto ou convexo,
orelhas pequenas, olhos expressivos, pescoço de comprimento médio
ligeiramente convexo na linha superior, provido de crinas grossas, peito amplo,
cernelha pouco destacada, dorso curto, lombo curto com garupa sem-obliqua,
membros fortes e bem musculados e providos de cascos muito rígidos, orelhas
afastadas e bem inseridas. É um animal ideal na lida com o gado, para passeio
e enduro, podendo ser utilizado para cobrir grandes distâncias, muito ágil e
rápido em seus movimentos. Nos dias atuais, está sendo descoberto pelos
praticantes do hipismo rural, com crescente sucesso esportivo. É educado num
galope especial. No Brasil, atualmente a raça está sendo difundida em todo
território nacional. Apresenta a pelagem, castanho, tordilho, rosilho, baio,
moura, dentre outras.
-
APPALOOSA:
foi
introduzido
no
Continente
Americano
pelos
conquistadores espanhóis, o gene que faz o cavalo malhado é tão antigo
quanto o próprio eqüídeo, mas o crédito pela criação de uma raça distinta de
pelagem mosqueada cabe moderadamente aos índios, que viviam no noroeste
da America do Norte. Suas terras incluíam o vale do rio Palouse (ou Palousy),
e foi o rio que deu o nome aos cavalos. Geneticamente, os animais tinham
sangue Árabe, Berbere e a fusão destes com os autóctones, ibéricos, o
andaluz. Os animais que traziam na sua carga genética esta peculiaridade de
xx
pelagem, provavelmente eram descendentes de Árabes de origem persa. A
raça desenvolveu-se no século XVIII, com base nos cavalos trazidos pelos
espanhóis. Neste lote havia exemplares de pelagem salpicada descendentes
remotos de cavalos da África. Finalmente obtiveram um cavalo capacitado para
qualquer trabalho, de aspecto inconfundível, além de essencialmente prático.
Em 1877, a tribo e a manada quase foram exterminadas quando o governo da
União ocupou as reservas. Todavia, em 1938, com a fundação do Appaloosa
Horse Club, em Moscow, Idaho, a raça começou a renascer das cinzas. Seu
registro é hoje o terceiro mais numeroso do mundo.
- BRASILEIRO DE HIPISMO (BH): Segundo a Associação Brasileira de
Criadores do cavalo de hipismo, este animal tem sua origem formada no Brasil,
fruto da firme determinação de um grupo de amantes do hipismo que se uniram
em torno de um ideal comum; criar e desenvolver uma raça de cavalos com
aptidão para os esportes hípicos. Esses animais eram rigorosamente
selecionados, já existentes no país, os fundadores definiram como raças
formadoras, nacionais e estrangeiros, aquelas que comprovadamente eram
reconhecidas como altamente dotadas para os esportes eqüestres, com as
mais importantes linhagens européias de cavalos de salto e adestramento, tais
como hanoverano, hosteiner, oldenburger, trakehner, westfalen e sela
francesa, através de cruzamentos entre si ou com magníficos exemplares
puros sangue inglês na America do sul.
As características da raça mostram um cavalo leve, ágil e de grande
porte, com altura superior a 1,62, perímetro torácico de 1,90, e perímetro da
canela de 21 cm, a cabeça média de perfil reto ou subconvexo, pescoço médio
bem destacado do peito e espáduas, cernelha destacada, dorso bem ligado ao
lombo e a garupa, membros fortes e andamentos briosos, relativamente
elevados e extensos.
Possuem excelente mecânica de salto, coragem, inteligência e elegância
nos movimentos. São admitidas todas as pelagens. Suas características o
tornam apto para quaisquer modalidades de salto, adestramento, concurso
completo de equitação, enduro, hipismo rural ou até mesmo atrelagem.
xxi
2.5. SOCIEDADE
Na bibliografia brasileira o termo comunidade sempre esteve atrelado ao
termo sociedade como partes complementares e interdependentes. “As
perspectivas teóricas de abordagem variaram bastante, mas sempre tiveram
como denominador comum a ligação conceitual como uma forma de entender a
parte - a comunidade, no todo - a sociedade”. (Fernandes, 1975).
A dificuldade em estabelecer um significado preciso para esta palavra fez
com que ela fosse usada quase sempre como sinônimo de sociedade, aldeia,
organização social, associação de bairro, conjunto habitacional ou clube
esportivo. Todas essas significações, porém, corroboram a ideia de que, para
existir, uma comunidade deve ocupar um locus, um território específico, um
espaço geograficamente determinado onde as pessoas estejam ligadas pelos
mesmos interesses. Acredita-se que as pessoas que vivem em comunidade
possuem um senso de interdependência e integração.
Entretanto, não é apenas o fato de um grupo viver num determinado
território que irá caracterizá-lo como uma comunidade. Para que ela exista,
seus integrantes necessitam ter um "sentimento" de comunidade, algo que,
segundo Tönnies apud Bauman (2003), é um entendimento compartilhado por
todos os membros. Não um consenso. Isso porque consenso se refere a uma
escolha de opinião feita pela maioria. Para haver consenso, é preciso que haja
alternativas de escolha que possam ser analisadas e votadas. Já o
entendimento compartilhado a que Tönnies faz referência é tácito e flui de
maneira natural entre os integrantes do grupo.
Bauman (2003), baseado nas ideias de Tönnies, diz que “comunidade”
significa entendimento compartilhado do tipo “natural” e “tácito”, ela não pode
sobreviver ao momento em que o entendimento se torna autoconsciente,
estridente e “vociferante”. Por isso, o autor mostra as dificuldades enfrentadas
com o surgimento das comunicações entre as pessoas da comunidade e o
mundo exterior.
2.6. ATIVIDADES SOCIAIS
Conjunto de ações realizadas de forma organizada em benefício de uma
comunidade, com clareza de objetivos, público alvo, investimento e resultados.
xxii
Projeto social tem como principal objetivo fomentar e estimular os
conceitos de responsabilidade civil e social na sociedade organizada, ou seja,
na sociedade civil, porém vale destacar que o imediatismo não funciona
quando se trata de um projeto social, mas sim de planejamento e estratégias
para que sua execução seja eficaz e atinja as expectativas esperadas.
No RPMon são desenvolvidas diversas atividades que funcionam como
fator de aproximação entre polícia e comunidade. Destaca-se as que seguem
por serem as mais utilizadas pelas frações que utilizam o cavalo no seu dia a
dia, ou por suas características que englobam a direta participação e o
envolvimento da sociedade.
2.6.1. Policiamento Montado
O policiamento comunitário é um modelo que não é indissociável do
modelo de policiamento, antes é um complemento. A atividade policial centrase em torno do cidadão.
Sendo uma atuação essencialmente pró ativa, permite aumentar o
sentimento de segurança do cidadão, devido à maior visibilidade e intensidade
de patrulhamento. Em diversos países do mundo, o policiamento montado é
empregado com eficácia nas atividades de controle de tumulto e distúrbios
civis, impostas pelas necessidades de restauração da Ordem pública, por ser
dotado de grande capacidade operativa nestas situações.
A ação de choque montado é, essencialmente, uma ação de força só
admissível a serviço do direito e deve ser feito de modo eficaz para produzir
resultados.
O
Processo
Montado
se
constitui num
excelente
elemento
de
policiamento ostensivo, haja vista ser elemento inibidor de delitos, seja pela
presença imposta pelo cavalo, seja pela facilidade e velocidade de locomoverse em terrenos inadequados para o acesso de outras tropas e cobrir uma área
extensa.
Dentre as mais diversas formas de emprego do Policiamento Montado,
destaca-se:
- Tropa de choque, reserva do Comando-Geral;
- Tropa de policiamento de transito em grandes estacionamentos;
xxiii
- Tropa de policiamento ostensivo em terrenos variados impraticáveis a
outras modalidades;
- Tropa de demonstração e Relações Públicas;
- Tropa de policiamento ostensivo na organização de afluxo de grandes
massas humanas, entre outros.
2.6.2. Escola de Equitação
A equitação é a arte de montar a cavalo, adestrá-lo e prepará-lo para as
diversas atividades em que pode ser utilizado e é baseada em doutrina
consagrada em todo o mundo.
A arte eqüestre é encarada como discriminatória quando se observa a
dificuldade da grande parte da população em dispor dos meios necessários a
sua prática. O acesso restrito a cavalos, o equipamento exigido, normalmente
de valor bastante elevado comparado aos padrões de vida do brasileiro de um
modo geral, as roupas específicas para a atividade, colocam a equitação como
um esporte seleto e sua prática limitada a poucos. Porém a presença de
Unidades militares e/ou policiais militares de cavalaria democratizam a
equitação, especialmente por permitirem àqueles que gostam do esporte e por
razões sociais, econômicas ou financeiras não podem praticar, que o façam,
pois facilitam o acesso destes justamente por minimizar os custos advindos das
exigências atinentes ao esporte.
O RPMon como outras cavalarias utiliza o cavalo não somente como elo
de ligação com a comunidade, não somente como divulgação e perpetuação
da arte eqüestre, mas, sobretudo como formação do ser humano, de seu
caráter, pois equitação é antes de tudo educar, e educar é a transformação do
ser humano.
A Escolinha de Equitação é destinada ao público infanto-juvenil, a partir
dos oito anos de idade. Tem por finalidade ensinar aos novos cavaleiros e
amazonas os primeiros passos no que se refere ao trato do cavalo e iniciá-lo
na prática do hipismo desportivo.
Atualmente possui 208 alunos, conta com 8 instrutores policiais militares e
uma tem uma lista de espera com 230 nomes.
xxiv
2.6.3. Equoterapia
Surgida em nível nacional em 1989, mais precisamente em Brasília,
através da Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-BRASIL), referindo-se
ao tratamento complementar da recuperação e reeducação motora e mental,
com uso do cavalo como auxiliar terapêutico.
Baseado na afetividade do paciente pelo animal que
promove, principalmente nas crianças, o interesse
na reabilitação – e nos movimentos realizados pelo
cavalo - que auxilia no tratamento fisioterápico, além
de proporcionar a auto-estima e autoconfiança.
Carente de uma divulgação maior de suas
atividades, a equoterapia merece especial atenção,
quer pelo trabalho em si que desenvolve, quer
decorrente do grau de representatividade que exerce
e o retorno positivo de sua imagem para a
Corporação e em particular o esquadrão,
observando o campo de atuação que se estende
indistintamente a todas as classes sociais e
econômicas (SEVERO, 1997).
A
Associação
Nacional
de
Equoterapia
-
ANDE-BRASIL
define
Equoterapia como um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo
dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e
equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com
deficiência e/ou com necessidades especiais. O praticante de equoterapia é
toda pessoa que pratica essa atividade, o sujeito do processo participa da
reabilitação, na medida que interage com o cavalo.
Segundo Campos (2008), a equoterapia proporciona a oportunidade de
interação dos meios físico e social, trabalhando a relação entre a consciência
do sujeito e o mundo que o cerca. Complementa o processo ensinoaprendizagem por ser uma metodologia terapêutica e educacional, que utiliza o
cavalo numa abordagem interdisciplinar, buscando o desenvolvimento
biopsicossocial da pessoa com deficiência.
Segundo a ANDE-Brasil, a característica mais importante da equoterapia
é o que a andadura (mais especificamente, o passo) produz no cavalo e
transmite ao cavaleiro, um série de movimentos seqüenciais e simultâneos,
que tem como resultante um movimento tridimensional, que se traduz, no plano
xxv
vertical, em um movimento para cima e para baixo; no plano horizontal, em um
movimento para a direita e para a esquerda, segundo o eixo transversal do
cavalo; e um movimento para frente e para trás, segundo o eixo longitudinal.
Este movimento é completado com pequena torção da bacia do cavaleiro que é
provocada pelas inflexões laterais do dorso do animal.
Não existe uma raça própria de cavalo para ser escolhida na equoterapia,
e muito menos o cavalo ideal. O binômio cavalo-cavaleiro é um conjunto
dinâmico, de maneira que nenhum princípio pode ser definido com precisão,
porque obedece um número incalculável de forças, efeitos de gestos e
reações.
Para a ANDE-Brasil a composição mínima da equipe básica de um centro
deve ser de três profissionais: um fisioterapeuta, um psicólogo e um
profissional de equitação.
O Centro de Equoterapia da PMDF foi criado em 1992, com o objetivo de
oferecer, aos portadores de necessidades especiais, do público interno da
PMDF e também a comunidade carente, o atendimento terapêutico que utiliza
o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde e
educação.
Atualmente, o Centro de Equoterapia da PMDF funciona através de uma
parceria entre: PMDF, Secretaria de Educação, Associação do Planalto de
Equoterapia “Amigos do Cavalo” (APEAC), Caixa Beneficente da PMDF
(CABE) e Nutrina.
O Centro atende, hoje, 144 praticantes (crianças, jovens e adultos) com
uma equipe de 17 profissionais, dentre eles: Fisioterapeuta, Educador Físico,
Pedagogo, Psicólogo, Alfabetizador, Fonoaudiólogo e Auxiliar Guia. Conta,
ainda com 11 cavalos destinados a equoterapia. Existe, ainda, uma lista de
espera com 239 nomes. O período de atendimento de cada praticante é
estipulado de 2 anos, para que sempre surja oportunidade para novos
praticantes.
xxvi
3. METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado a partir de um Estudo de Caso. O estudo de
caso para Severino (2007) é uma pesquisa que se concentra no estudo de um
caso particular, considerado representativo de um conjunto de casos análogos,
por ele significativamente representativo. A coleta de dados e sua análise se
dão da mesma forma que nas pesquisas de campo, em geral.
A pesquisa realizada nesse estudo é qualitativa. Segundo o Manual de
Metodologia da pesquisa científica, organizado por Neves e Domingues (2007),
pesquisa qualitativa:
“Requer uma maior aproximação do pesquisador ao
campo de trabalho, particularmente nos momentos
que antecedem a elaboração do projeto de
pesquisa. Essa orientação se justifica, pois a
observação, e muitas vezes a participação do
pesquisador no campo, é que permitirá um melhor
delineamento das questões, dos instrumentos de
coleta e do grupo a ser pesquisado. Podemos dizer
que a construção do projeto de pesquisa está
incluída na fase exploratória do estudo”.
Os dados foram coletados através de entrevista, com questionários (em
anexo). Questionário segundo Quivy e Campenhoudt (1992) É um instrumento
de observação não participante, baseado numa sequência de questões
escritas, que são dirigidas a um conjunto de indivíduos, envolvendo as suas
opiniões, representações, crenças e informações factuais, sobre eles próprios e
o seu meio.
Os questionários compostos de questões abertas foram aplicados a
comandantes
do
RPMon.
Foram
acolhidos,
ainda,
depoimentos
de
profissionais do RPMon.
“Trabalhar no RPmon é uma realização pessoal além de profissional.
Descrever o que é servir em uma unidade de cavalaria é muito difícil, muitos
não vão entender. Comandar esta Unidade de Polícia Montada, além de uma
honra sempre foi um dos sonhos da minha vida profissional. Conviver com este
ser, o cavalo, me ensinou muito e me fez entender que podemos ser melhores
xxvii
a cada dia. Me ensinou a humildade e a determinação; a simplicidade e a força;
o amor ao próximo.” (F.A.C.F. - TC 22 anos de PM e 10 anos no RPMon)
“Servir no RPMon além de uma honra é um prazer estar trabalhando ao
lado do cavalo, animal nobre e amigo. Além de ser minha segunda casa.” (M.R.
- Maj 20 anos de PM e 10 anos de RPMon)
“O RPMon tem um valor imenso, tanto na vida profissional como pessoal,
pois nos dois campos a contribuição foi e é inestimável, aqui descobri valores,
conheci e conheço nobres pessoas, adquiro a cada momento maturidade e
principalmente tornei-me escravo da magia do cavalo.” (E.O.S. – Maj 18 anos
de PM e 14 anos de RPMon)
“O RPMon para mim significa um local onde trabalho com prazer. Onde é
possível tornar a vida de muitos um pouco melhor. Onde um olhar muitas
vezes fala mais que mil palavras. Onde pequenas conquistas refletem no bem
estar e na qualidade de vida de quem pratica a equoterapia.Onde conheci um
grande recurso cinesioterapêutico: O CAVALO!!! Ser vivo capaz de transformar
vidas!!!” (A.G.M. - Professora da Equoterapia, no RPMON há 05 anos)
“Significa um local de conforto. Consciência de missão cumprida. É uma
força diferenciada e especializada. Sei que a cavalaria resolve problemas.
Trabalhar no RPMon é trabalhar com o animal que amo! Tenho prazer por esse
trabalho.” (R.P. - PM, no RPMon há 3 anos)
“Trabalhar no RPMon é muito mais que um serviço, é uma opção. É um
serviço diferenciado na PMDF, é lidar com cavalo!” (E.F. - PM, no RPMon há 3
anos)
“Dentre os muitos tipos de policiamento, já exercidos, o policiamento
montado, além de transmitir mais segurança é uma forma de aproximação,
pois o animal bem tratado e adestrado chama a atenção por onde passa, e as
pessoas se aproximam. Há interação entre polícia e sociedade. As crianças de
modo geral gostam e se aproximam. Temos a chance de mostrar que a polícia,
não apenas corre atrás de bandidos, mas faz um serviço social através da
xxviii
prevenção (policiamento montado), equoterapia e a escolinha de equitação.”
(C.S.N. - PM, no RPMon há 4,5 anos)
“O RPMon é o ideal da minha vida! Um dia eu imaginei ser comandante
do RPMon e não da PMDF, e esse dia veio. Diversas foram as propostas, mas
o que queria era o comando. Fui comandante por 1 ano e meio.” (Cel. F., PM
reformado, mais de 24 anos como PM)
“Sinto-me um privilegiado por ter a oportunidade de trabalhar com
cavalos. Tenho uma grande afinidade com a lida com esses animais, que no
dia a dia se revelam muito inteligentes e fiéis. No cotidiano do serviço policial
militar do regimento os cavalos desempenham suas funções satisfatoriamente
quando tem em seu dorso um cavaleiro preparado e consciente de seus
atributos e limitações.” (A.C.V. - 12 anos de PM e 11 no RPMon)
“RPMon significa, primeiramente, a superação: dos medos, dificuldades e
obstáculos. Realização de sonhos, projetos e conquistas. Tudo isso com muita
humildade e respeito, observando e trabalhando com os melhores mestres da
natureza: os cavalos.” (R.A.R. - 13 anos de PM e 10 anos no RPMon)
4. CONCLUSÃO
A presente reflexão acerca do cavalo como fator de aproximação social
constitui-se numa oportunidade para reforçar nossas convicções. Desde os
mais remotos tempos o cavalo vem sendo utilizado como o mais apropriado
suporte para diferentes ações humanas. Ainda hoje, em pleno século XXI,
quando a sociedade apresenta um elevado grau de avanço tecnológico, o
cavalo não perdeu a sua importância. Assim, nas três situações destacadas
neste estudo pode-se constatar a sua contribuição social: na segurança pública
através do policiamento montado; na formação de profissionais e esportistas
com a escola de equitação; como importante recurso cinesioterapeutico através
da equoterapia. A história do homem está há longos anos atrelada à vida do
cavalo, que se bem tratado e bem adestrado prestará muitos serviços sociais e
certamente será seu AMIGO.
xxix
Os depoimentos de policiais e de profissionais da área de equitação,
colhidos especialmente para este trabalho, vem corroborar as constatações
elaboradas após a reflexão empreendida. É inegável a “magia” exercida pelo
cavalo enquanto um animal a serviço das relações humanas. A começar pelo
seu porte físico o cavalo evidencia-se como dos mais elegantes do reino
animal. Porém, é no convívio que sua grandeza e sua dignidade se impõem
como um grande diferencial.
As experiências de Monty Roberts (O Encantador de Cavalos), através
da “doma gentil” tem comprovado a cumplicidade mútua que pode haver entre
o homem e o cavalo.
Homens preparados para lidar com os cavalos como os policiais ligados
ao RPMon certamente farão um trabalho socialmente admirável. O preparo que
ocorre através de um curso de especialização em atividades eqüestres, como o
que agora se encerra tem o efeito de um atestado: o cavalo bem adestrado
conduzido pelo policial especializado constitui-se em um eficiente instrumento
de relações públicas.
xxx
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADORNO, Sérgio et al. Estratégias de Intervenção Policial no Estado
Contemporâneo. Revista Tempo Social - USP, Vol. 9, 1997.
BALESTRERI, Ricardo. Treze reflexões sobre polícia e direitos humanos.
Revista DIREITO MILITAR, n. 12, jul-ago. 1998.
BAUMAN, Zygmunt. Comunidade: a busca por uma segurança no mundo
atual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 2003.
CAMPOS, Tatiana N. P. A equoterapia como recurso terapêutico aplicado ao
processo ensino-aprendizagem de alunos deficientes mentais. Equoterapia, n.
17, p. 10-14, junho, 2008.
FERNANDES, Florestan. Caracterização estrutural da sociedade de classes
dependente. In: (Org.). Comunidade e sociedade no Brasil: leituras básicas de
introdução ao estudo macrossociológico do Brasil. 2.ed. São Paulo: Nacional,
1975. p. 487-505.
NEVES, Eduardo B. e DOMINGUES, Clayton A. (organizado). Manual de
metodologia da pesquisa científica. Rio de Janeiro: EB/CEP, 2007
Plano Estratégico 2011-2022: Planejando a Segurança Cidadã do Distrito
Federal no Século XXI / Polícia Militar do Distrito Federal - Estado-Maior/Seção
de Inteligência Estratégica Ciência e Tecnologia. 1 ed. Brasília : PMDF/ Rio de
Janeiro : Talagarça, 2011.
Policiamento Comunitário: Experiências no Brasil 2000-2002. São Paulo.
Página Viva, 2002. 175p.
QUIVY, R; CAMPENHOUDT, L.. Manual de investigação em ciências
sociais. Lisboa: Gradiva, 1992.
xxxi
RIBEIRO, Diogo Branco. O cavalo: raças, qualidades e defeitos. Rio de
Janeiro: Globo, 1998.
SEGURANÇA PÚBLICA INTELIGENTE (sistematização da Doutrina e das
Técnicas da Atividade) Goiânia – GO, ed. Kelps, 2008.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed.
rev. e atual. São Paulo: Cortez, 2007
Sites:
Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Quarto-de-Milha. Acesso no
site: www.abqm.com.
Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos. Acesso no site:
www.abccc.com.br.
Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Appaloosa. Acesso no site:
www. appaloosa.com. br.
Associação Brasileira de Criadores de Cavalos de Hipismo.
xxxii
ANEXOS
xxxiii
Anexo I
-QuestionáriosQuestionário 1
Questionário aplicado ao atual Sub-Comandante do RPMon Major Marcus
Rogério:
1) Quantos Policiais Militares tem atualmente no RPMon? 229
2) Quantos cavalos possui o RPMon (1º, 2º e 3º esquadrão)? 271 (56, 162 e 53
respectivamente em cada esquadrão).
3) Como está organizado o Policiamento Montado, atualmente, no Distrito
Federal? Choque Montado (equipe sempre de prontidão para atender a
qualquer chamado) e ROMon (voluntariado e policiamento ostensivo).
4) Qual o atual comando do RPMon? Comandante Ten. Cel. Caraveleas; SubComandante Maj Marcus Rogério; Chefe de Seção Maj Edvã.
Questionário 2
Questionário aplicado ao atual Sub-Comandante do Departamento Hípico do
RPMon - 1º Ten Rander Pereira:
1)
2)
3)
4)
5)
Quantos alunos tem na Escolinha de Equitação em 2011? 208
Quantos instrutores tem na Escolinha? 08
Existe uma lista de espera? Se sim com quantos nomes? Sim. 230 nomes
Quantos praticantes tem a equoterapia? 144
Atualmente, quantos profissionais estão na equoterapia? Quais são eles? 17
profissionais, dentre eles: Fisioterapeuta, Educador Físico, Pedagogo,
Psicólogo, Alfabetizador, Fonoaudiólogo e Auxiliar Guia.
6) Existe uma lista de espera? Se sim com quantos nomes? Sim. 239 nomes.
7) Quantos cavalos estão disponíveis para a equoterapia? 11
Questionário 3
Questionário aplicado a colegas de trabalho do RPMon.
1) O que significa o RPMon na sua vida? (As respostas estão no próprio texto do
trabalho).
xxxiv
Anexo II
- Registro de Imagens -
Imagem 1 - Símbolo da Polícia Militar do Distrito Federal
FONTE: Arquivo PMDF
Imagem 2 - Brasão da Polícia Militar do Distrito Federal
FONTE: Arquivo PMDF
Imagem 3 - Brasão Regimento de Polícia Montada do Distrito Federal
FONTE: Arquivo PMDF
xxxv
Imagem 4- Regimento de Polícia Montada do Distrito Federal
FONTE: Google Maps
Imagem 5- Policiamento Montado (Congresso Nacional - Brasília/DF)
FONTE: Arquivo pessoal
xxxvi
Imagem 6- Policiamento Montado (Esplanada dos Ministérios - Brasília/DF)
FONTE: Arquivo pessoal
Imagem 7- Policiamento Montado (Brasília/DF)
FONTE: Arquivo pessoal
Imagem 8- Policiamento Montado (Praça dos Três Poderes - Brasília/DF)
FONTE: Arquivo pessoal
xxxvii
Imagem 9- Choque Montado (RPMon)
FONTE: Arquivo pessoal
Imagem 10- Choque Montado (RPMon)
FONTE: Arquivo pessoal
Imagem 11- Brasão do Choque Montado
FONTE: Arquivo PMDF
xxxviii
Imagem 12- Alunos da Escolinha de Equitação RPMon
FONTE: Arquivo pessoal
Imagem 13- Alunos da Escola de Equitação RPMon
FONTE: Arquivo pessoal
xxxix
Imagem 14- Equoterapia (Picadeiro coberto – RPMon)
FONTE: Arquivo pessoal
Imagem 15- Equoterapia (RPMon)
FONTE: Arquivo pessoal
Imagem 16- Equoterapia (RPMon)
FONTE: Arquivo pessoal

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