secretaria de estado da segurança pública corpo de bombeiros

Transcrição

secretaria de estado da segurança pública corpo de bombeiros
SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS
COMANDO DE ENSINO BOMBEIRO MILITAR
ACADEMIA BOMBEIRO MILITAR
CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS
Cadete Italo Augusto Diniz dos Santos
A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO DE PRIMEIRO ESCALÃO NA MOTOSERRA
DE PODA E CORTE DE ÁRVORES NO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO
ESTADO DE GOIÁS
Goiânia, 2013
Cadete Italo Augusto Diniz dos Santos
A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO DE PRIMEIRO ESCALÃO NA MOTOSERRA
DE PODA E CORTE DE ÁRVORES NO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO
ESTADO DE GOIÁS
Artigo Monográfico apresentado em cumprimento
às
exigências
para
término
do
Curso
de
Formação de Oficiais sob orientação do Senhor
Primeiro-Tenente Luiz Eduardo Machado Lobo.
Goiânia, 2013
SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS
COMANDO DE ENSINO BOMBEIRO MILITAR
ACADEMIA BOMBEIRO MILITAR
CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS
Cadete Italo Augusto Diniz dos Santos
A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO EM PRIMEIRO ESCALÃO NA MOTOSERRA
DE PODA E CORTE DE ÁRVORES NO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO
ESTADO DE GOIÁS
Avaliado em ______ / _____ / _____
Nota: _________
____________________________________
Avaliador
Goiânia, 2013
Resumo
O trabalho a seguir tem como foco um tema muito simples, mas que
justamente pela simplicidade do assunto, por vezes é negligenciado no momento de
trocas de serviço, como já foi presenciado pelo autor do presente estudo em
experiências próprias durante seus estágios nas guarnições de serviço operacional e
que foi um fato motivador para o mesmo em trazê-lo para discussão, sendo um fator
imprescindível para o correto andamento do serviço, o bom atendimento da
ocorrência e a segurança de todos os componentes da guarnição.
Palavras-chave: motosserra, manutenção, 1º escalão, prevenção, correção.
Abstract
The following work is focused on a very simple theme, but just for the simplicity
of the subject, it is sometimes overlooked at the time of exchanging service, as has
been witnessed by the author of this study in their own experiences during his
internships in garrisons of the operational service and that was a motivating fact to
even bring it for discussion, being an essential factor for the correct functioning of the
service, the proper care of the occurrence and the safety of all garnish components.
Keywords: chainsaw, maintenance, 1st step, prevention, correction.
1. Introdução
Nas viaturas operacionais do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás
(CBMGO) temos vários equipamentos que auxiliam e são imprescindíveis para a
realização de procedimentos pelos bombeiros militares integrantes da guarnição de
serviço em situações de ocorrência real.
Dada a relevância do emprego desses equipamentos, além de seu correto
manuseio (lembrando que o bom uso do equipamento ajuda em sua conservação), é
de suma significância que os mesmos estejam devidamente manutenidos, para que
na necessidade de seu uso, eles possam funcionar de maneira correta ou o melhor
possível, atingindo o objetivo maior que é o de resgatar bens e salvar vidas.
O presente trabalho tem como foco a importância dessa manutenção, mais
especificamente voltada ao equipamento conhecido como motosserra. Além de
gerar perguntas muito pertinentes: Será que os bombeiros militares do CBMGO que
trabalham no serviço operacional sabem fazer a manutenção na motosserra
presente no caminhão de salvamento? Eles têm consciência da importância desse
procedimento? Mesmo conscientes dessa importância, será que a manutenção é
feita?
As perguntas acima são apenas algumas das que motivam e causam
preocupação quando pensamos em operações que envolvem a utilização desse tipo
de item e que foram posteriormente colocadas em questionários para serem
respondidas pelas alas do serviço operacional e depois analisadas para a conclusão
do estudo e posteriormente serem feitas considerações e sugestões pertinentes.
Dessa forma vemos o quão necessário é a atenção em manter o bom
funcionamento desse instrumento e trazemos uma visão geral sobre a situação a
cerca do ato manutensivo na motosserra dentro do CBMGO.
O tema em pauta é de muita importância, pelo fato de que os oficiais na
função de comando ou chefia de Organizações Bombeiro Militar (OBM) ou setores
da corporação, são os detentores pela guarda e responsabilidade de todo material
destinado àquela OBM ou setor, segundo a Norma Administrativa número três (NA03) do CBMGO, em seu décimo sexto artigo, parágrafo único.
Ainda no âmbito do controle patrimonial, na NA-03, há previsão em sua seção
X, sobre a manutenção dos materiais sob a guarda de seus detentores, conforme o
vigésimo quarto artigo, constante na referida seção: “Art. 24. A manutenção é
também o conjunto de obrigações e deveres do responsável ou corresponsável em
manter, mediante revisão, o material em plenas condições de uso”.
Além disso, devemos lembrar que a sociedade investe no CBMGO, através
do Fundo Especial de Reaparelhamento e Modernização do Corpo de Bombeiros
Militar do Estado de Goiás (FUNEBOM), como parte integrante de provimento de
receita, como explicitado no terceiro artigo, incisos I e II, da lei 17.480, que trata
sobre o fundo. Vale ressaltar também, que no quarto artigo da mesma lei, em seus
incisos I e III, formalizam que o fundo tem, dentre outros objetivos, o de manutenção
em geral e aquisição de materiais e equipamentos permanentes, respectivamente.
Outra ideia que fundamenta o estudo é o fato de que, manutenindo o
equipamento em voga, sua durabilidade é aproveitada ao máximo, atendendo um
princípio constitucional da administração pública muito importante, que foi
introduzido na nossa Constituição Federal (no seu trigésimo sétimo artigo) pela
Emenda Constitucional 19/98: o princípio da eficiência.
“O princípio da eficiência foi introduzido pela Emenda Constitucional
n. 19/98. Relaciona-se com as normas da boa administração no
sentido de que a Administração Pública, em todos os seus setores,
deve concretizar suas atividades com vistas a extrair o maior número
possível de efeitos positivos ao administrado, sopesando a relação
custo-benefício, buscando a excelência de recursos, enfim, dotando
de maior eficácia possível as ações do Estado.” (GONÇALVES,
Kildare, 1999, p. 193)
Podemos fazer uma analogia a partir desse extrato da obra de kildare, em
que
entendamos
o
termo
“setores”
como
CBMGO; “administrado”
como
equipamento, no caso a motosserra; o meio de atingir a “excelência de recursos”
como a manutenção desse item; e, a “maior eficácia possível das ações do estado”
como a boa prestação de serviços à sociedade, até mesmo como um retorno por
seu investimento em nossa Corporação Bombeiro Militar.
2. Revisão da Literatura
Para a perfeita compreensão do presente trabalho, faz-se necessária a
conceituação do equipamento motosserra e uma breve descrição de seu uso.
Segundo a Norma Reguladora número doze (NR-12) do Ministério do
Trabalho e Emprego a motosserra é uma serra motorizada de empunhadura manual
utilizada principalmente para corte e poda de árvores. Pode ser definida ainda como:
“[...] equipamento de trabalho que serve para derrubar, traçar e desgalhar árvores,
também serve para produzir postes e outros serviços similares [...]”. (NOZÍGLIA,
Carlos Sebastian Lacerda, 2007, p.28).
Sendo assim, podemos destacar a relevância desse equipamento nas ações
de Defesa Civil e salvamento realizadas pelos Corpos de Bombeiros Militares em
que as árvores são derrubadas ou podadas pelo perigo que oferecem aos cidadãos,
ameaçando edificações e transeuntes devido à sua debilidade ou quando em
períodos de fortes chuvas, bloqueando ruas e avenidas, impossibilitando o exercício
do direito de ir e vir.
No caso do CBMGO, suas atividades relacionadas à Defesa Civil e
salvamento estão dispostas em seu estatuto, pela Lei n. 11.416 de 5 de fevereiro de
1991, em seu capítulo I, artigo segundo:
“Art.2° - O Corpo de Bombeiros Militar do Estado é uma instituição
permanente e regular, organizada com base na hierarquia e na
disciplina, força auxiliar e reserva do Exército, destinando-se à
execução de serviços de perícia, prevenção e combate a incêndios;
de busca e salvamento; de prestação de socorros nos casos de
inundações e desabamentos, catástrofes e calamidades públicas,
bem assim, à execução de outros serviços que se fizerem
necessários à proteção da comunidade, inclusive atividades de
defesa civil.” (DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO, 1991).
Por meio de visualização prática da realidade, pode-se fazer a dedução lógica
de que, para que sejam executadas as ações descritas acima, o equipamento
precisa estar funcionando e para que ele funcione bem a devida manutenção deve
ser feita por nossos militares.
Pode-se entender manutenção como:
“a. A função logística manutenção refere-se ao conjunto de
atividades que são executadas visando a manter o material na melhor
condição para emprego e, quando houver avarias, reconduzi-lo
àquela condição.
b. Manutenção também é a combinação de ações técnicas,
administrativas e de supervisão, destinadas a manter ou recolocar um
equipamento em condições de desempenhar, eficazmente, as
funções para as quais foi projetado.
c. Representa, ainda, um conjunto de ações sistemáticas e
procedimentos que visam a otimizar as condições originais dos
equipamentos, introduzindo melhorias para evitar a ocorrência ou
reincidência das falhas e reduzir os custos. Deve evitar a
indisponibilidade dos equipamentos, abrangendo, desde a aparência
externa, até as perdas de desempenho.” (MANUAL DE LOGÍSTICA
TERRESTRE, 2003, p. 9-1)
Dentro da função logística manutenção, o manual refere-se ainda a dois tipos
de classificações muito significantes para o trabalho. Uma segundo o tipo de
manutenção e outra segundo o nível ou profundidade de trabalho de inspeção e
reparação a ser realizado.
Segundo o tipo:
Manutenção Preventiva – Aquela feita periodicamente não somente com o
objetivo de diminuir e evitar falhas ou queda no desempenho do material, mas
também de reduzir a possibilidade de avarias e degradações. Envolve pouca
complexidade técnica. Um fator importante é que pode ser feita através de testes
(colocando para funcionar), ou seja, é aquela manutenção que deve ser feita todos
os dias quando assumimos o serviço.
Manutenção Corretiva – Aquela realizada com intuito de reparar os danos
causados ao material ou recuperá-lo, para posteriormente deixá-lo em condições de
utilização. Diferente da preventiva, ela é feita após a constatação do problema, que
ocorreu de forma aleatória, no equipamento. Podemos pegar como exemplo uma
situação em que a motosserra para de funcionar em uma ocorrência, por causa da
falta de manutenção preventiva, então posteriormente poderá ser feita uma
corretiva.
Manutenção Modificadora – Com nível de complexidade maior, esse tipo de
manutenção
tem
por
objetivo
adequar
o
equipamento
às
necessidades,
operacionais, logísticas e técnicas, quando o mesmo apresenta grande recorrência
nas panes. Além de, investigar as causas das falhas, não apenas repará-las,
podendo ser feitas ações até mesmo junto ao fabricante.
Ainda segundo a profundidade ou nível de manutenção:
Manutenção de 1º Escalão – É aquela realizada todos os dias pelo próprio
militar operador do material, utilizando dos meios disponíveis em sua Organização
Militar. Engloba as tarefas mais simples da manutenção, tem ênfase na conservação
do equipamento, podendo ser feitas reparações de falhas de baixa complexidade,
sem o uso de ferramental especializado.
Manutenção de 2º Escalão – Realizada em falhas de média complexidade,
devendo ser levadas à companhia logística do batalhão logístico. No Caso do
CBMGO, o Centro de Manutenção do Material de Motomecanização (CEMMAN).
Necessário o uso de ferramental especializado portátil.
Manutenção de 3º Escalão – Feita em equipamentos que exigem nível de
reparação de falhas de alta complexidade, exigindo o uso de ferramental
especializado fixo e por pessoal igualmente especializado.
Manutenção de 4º Escalão – Também exige pessoal e ferramental
especializado, como na de 3º escalão e é direcionada ao material cuja reparação é
de alta complexidade. Difere das outras por serem realizadas tarefas da atividade de
manutenção modificadora, ao invés de preventiva e reparadora (corretiva). Além de
pessoal especializado envolve projetos específicos de engenharia.
Foram confrontados o manual das motosserras 646/652 da marca Solo, o
guia “Conservação e Manutenção da Motosserra” do Centro de Operações e
Técnicas Florestais da Autoridade Florestal Nacional de Portugal (que se baseia
também no manual da motosserra Stihl MS260), o Procedimento Operacional
Padronizado n. 14 do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Paraná e um
trabalho realizado para a disciplina de Colheita Florestal do curso de Engenharia
Florestal da Universidade Regional de Blumenau.
Após essa análise, foi constatado que o princípio de funcionamento das
motosserras movidas à combustão (as usadas no CBMGO), são os mesmos,
independente de marca ou modelo. Sendo assim, a manutenção de primeiro escalão
é feita de maneira igual, observando sempre os mesmos aspectos:
Inspeção Visual da Motosserra – Começar sempre olhando a apresentação
da parte externa da motosserra. Ficar atento às avarias no sabre e corrente e
também se o equipamento está com aparência de muito sujo ou desgastado.
Manual do Usuário – Um fator importante é sempre ter em mãos e conhecer
o manual do usuário específico para cada modelo e marca de motosserra, pois
apesar de podermos manutení-los de forma igualitária em 1º escalão, cada um deles
possui uma especificidade e layout.
Ferramentas Necessárias – Para se executar a atividade é necessário o
ferramental básico: escova pequena, lima paralela, lima cilíndrica, chave combinada
(chave de cachimbo), chave de fendas pequena e chave de luneta.
Filtro de Ar – O filtro de ar tem a função de impedir que impurezas contidas
no ar entrem para o carburador. Importante verificar se não há rupturas no filtro,
fechando a passagem de ar ao carburador e limpá-lo com água e sabão, gasolina ou
ar comprimido.
Abastecimento – As motosserras à combustão possuem o motor com
princípio de funcionamento dois tempos. Por isso é importante somente usar óleos
de lubrificação específicos para esse tipo de motor na mistura com a gasolina. Fazer
sempre a proporção gasolina/óleo correta, normalmente 25/1 na utilização de óleo 2
tempos comum e 40/1 quando semissintético. Fazê-lo sempre em local arejado,
longe de fontes de ignição e calor, não derramar na máquina.
Alavanca e trava do Acelerador – Verificar se estão em perfeito
funcionamento, afinal de contas a alavanca é responsável por fazer com que as
rotações do motor aumentem e movam a corrente; e, a trava é um dos dispositivos
de segurança que fazem com que a alavanca mesmo que acionada acidentalmente
não faça a corrente mover-se.
Freio, lubrificação, afiação e pino de segurança da corrente – A parte
mais importante da motosserra, responsável pelo corte. Então é de extrema
necessidade que seja dada uma importância maior ao conjunto de corte (sabre e
corrente). Devem estar sempre lubrificados e ajustados. A corrente deve estar com
tensionamento correto, nem tão tensionada e nem frouxa. Sempre que possível
fazer a afiação dos dentes da corrente com as limas, tomar cuidado para não
desgastá-los excessivamente. Com relação a trava de freio, aplicar lubrificante nas
articulações visíveis e apoio, pois é um item de segurança que não pode dar falhas,
assim como o pino de segurança, que evita o efeito “chicote” caso a corrente
arrebente em algum de seus elos.
Regulação do carburador – Responsável pela injeção da mistura
gasolina/óleo no motor. Existem três parafusos que regulam o carburador, um que
regula o débito de combustível nas baixas rotações, outro que regula o combustível
nas altas rotações e o último que permite que o motor trabalhe com misturas mais
ricas ou mais pobres. Os três devem estar ajustados de maneira a controlar bem o
fluxo e o tipo de mistura.
Vela – Responsável por dar partida na máquina. A distância entre os
eletrodos de centelha/faiscamento devem ser observadas, se tiverem muito
afastados não há faísca e consequentemente não há explosão da mistura de
gasolina e óleo, geralmente a distância é de 0,5 mm. O espaço deve ser limpo com
escova de cerdas macias, se estiver sujo de óleo, limpar com gasolina ou solvente
líquido.
Limpeza – Fazer a limpeza do exterior da motosserra incluindo sabre e
impedindo que sujeiras bloqueiem as entradas e a circulação do ar, como a grelha
tampa do arrancador, grelha de ar e grelha refrigeradora do cilindro. Semanalmente
deve-se proceder a uma limpeza mais profunda, lembrando-se de limpar o filtro, a
vela, as canaletas e furo do óleo.
Essa é uma pequena listagem dos itens que se levados em conta na hora da
manutenção preventiva evitam o gasto com reparações corretivas e resguardam a
segurança do operador na hora da ocorrência, pois principalmente os itens de
segurança da motosserra devem ser muito bem manutenidos. Pois segundo o
engenheiro florestal Erwin Hugo Ressel Filho, uma das causas de acidentes
envolvendo esse tipo de máquinas é o seu mal estado de conservação.
Já que no CBMGO são os próprios operadores que fazem a manutenção em
primeiro escalão de seu material e dada a importância na execução dela, foi feita
uma pesquisa para saber a situação dos militares no que tange o cuidado com esse
equipamento de corte, que será o foco do estudo a partir daqui.
3. Metodologia
A pesquisa de campo foi realizada a partir de um questionário com dez
perguntas simples (conforme anexo A), aplicado em três dias diferentes, em duas
turmas em formação na Academia Bombeiro Militar (ABM) - o Estágio de Adaptação
de Sargentos e o Curso de Habilitação de Oficiais Administrativos - além de
guarnições do serviço operacional da própria Academia, do 1º Batalhão Bombeiro
Militar (1º BBM), do 2º Batalhão Bombeiro Militar (2º BBM) e do 8º Batalhão
Bombeiro Militar (8º BBM) e militares aleatórios presentes no momento da pesquisa
nas OBMs, totalizando o número de 116 militares participantes.
Após a coleta, os dados foram dispostos em uma tabela (tabela 1),
quantificados e confrontados, para a apresentação de resultados que estão
dispostos a seguir.
4. Apresentação e Discussão dos Resultados
Ao contrário do que se imaginava, a apuração das respostas obtidas pela
pesquisa de campo revelaram um quadro estável no que se relaciona à manutenção
da motosserra. Pelas respostas pode-se afirmar que a manutenção é feita, mas que
uma porção da amostra ainda negligencia esse cuidado com o equipamento, o que
não deixa de ser preocupante, mas não chega a ser alarmante; e que, casos como
presenciados por vezes durante a assunção do serviço são incomuns e não algo
que pode-se pensar que é recorrente quando isso é presenciado, ao menos nos
quartéis em que a pesquisa foi realizada.
Apesar de 26,7% dos entrevistados terem afirmado que não sabem realizar a
manutenção no objeto de estudo, 100% dos entrevistados sabem de sua
importância e sabem que acidentes podem ocorrer se o equipamento não estiver
devidamente conservado (tanto que 75% dos entrevistados também declararam que
conhecem todos os dispositivos de segurança), ou seja, há uma unanimidade
nesses quesitos, o que demonstra uma conscientização por parte de todos os
militares, talvez pelo intenso aperfeiçoamento das praças, através dos cursos e
estágios oferecidos pela corporação ou interesse próprio, mais um fator que pode
ser a razão dos baixos índices negativos detectados na pesquisa.
Apesar de a manutenção ser feita, ela ainda não é o ideal, pois 52% dos
entrevistados responderam negativamente ao questionário quando perguntados se
haviam desmontado alguma vez o manípulo de arranque do equipamento, que é um
dos itens básicos a serem conferidos em uma manutenção preventiva de primeiro
escalão.
Isso indica também o que pode ser razão de 86,66% dos entrevistados terem
afirmado que o material apresentou defeito de funcionamento em ocorrência, sendo
que 39,4% não souberam resolver e metade desses haviam afirmado também que
sabiam fazer a manutenção na motosserra (mesmo que no geral seja um pequeno
número).
Ainda através da pesquisa pode ser constatado, que apesar da manutenção
ser feita a preocupação em executar o serviço é maior, pois o número de militares
que limpam e conferem o estado do equipamento após o uso é maior que o dos
militares que o testam antes do uso, totalizando respectivamente 88,7% e 70,6%.
Esse fato também pode ser inferido pela já referida porcentagem de militares
que nunca desmontaram o manípulo de arranque e a porcentagem de militares que
declararam que sabem a proporção óleo/gasolina do equipamento, que é maior
41,3% contra 77,5% respectivamente. Pois para executar o serviço e colocar a
motosserra em funcionamento é necessário saber a proporção correta de
combustível a ser utilizado, já o manípulo de arranque pode ser verificado somente
após apresentação de falhas, ficando à vontade do operador, fazer ou não sua
limpeza preventiva.
Questões
Militares
Total
Sim
Não
1
98
18
2
85
31
3
116
0
4
82
34
5
103
13
116
6
104
12
7
116
0
8
90
26
9
48
52
10
87
29
Tabela 1 – Respostas ao Questionário Aplicado
Porcentagem (%)
Sim
Não
84,40%
15,60%
73,30%
26,70%
100%
0%
70,60%
29,40%
88,70%
11,30%
89,66%
10,34%
100%
0%
77,50%
22,50%
41,30%
58,7%
75%
25%
Total
100%
5. Conclusão e Recomendações
Pode-se perceber por meio do estudo que a situação nas alas operacionais
em torno do assunto não é desfavorável, trazendo até um panorama positivo. Erros
e negligências ocorrem, mas não são acontecimentos recorrentes como por muitas
vezes podemos pensar. Devemos dar um voto de confiança aos militares que estão
à frente do serviço e não generalizar os fatos, até mesmo porque todos estão saindo
com uma melhor formação devido às novas tecnologias e métodos de ensino, além
do aperfeiçoamento constante por quais até mesmo os mais antigos estão
passando.
Cabe aos oficiais e graduados em função de comandante de viaturas, não só
nesse caso, mas em qualquer outra situação, a devida orientação aos seus
comandados e estar sempre fiscalizando e cobrando o correto uso e cuidados com o
equipamento, por mais que a troca de serviço seja algo corriqueiro; e que, em tese
todos sabem como deve ser.
Para isso, como sugestão, podem ser confeccionados outros estudos
envolvendo a manutenção de outros itens que constam no checklist de viaturas
operacionais e seu correto uso, para que posteriormente tenha-se uma visão melhor
sobre todos os aparatos utilizados por nossas guarnições.
A partir de então, através de estudos suplementares à este, pode-se
materializar regras que normalmente são passadas dentro da corporação apenas
por aulas e instruções, não sendo descritas em nenhum tipo de documento oficial, a
não ser pelo manual que já vem presente no aparelho, que (como constatado
através de pesquisa de campo) perde-se dentro das seções de logística
(almoxarifados) e operacionais, criando a falta de um guia a ser seguido ou não
podem ser consultados com facilidade.
A materialização das regras de manutenção de equipamentos pode ocorrer
por meio de um manual ou norma operacional que à disposição de qualquer militar
como todas as outras, facilitariam e auxiliariam nessa ação. Nele poderiam constar
todos os procedimentos a serem realizados na correta atividade de 1º escalão do
tipo preventiva e corretiva, o ferramental necessário e falhas mais comuns que
ocorrem no equipamento descrito. Claro, respeitando-se sempre as individualidades
de cada instrumento de trabalho e o que consta em seus manuais específicos,
sendo traçadas apenas linhas gerais.
Além de esse manual ser disponibilizado nas seções dos quartéis, ele pode
ser colocado n no porta luvas das viaturas ou até partes deles serem colocadas nas
partes de trás dos checklists das viaturas, como um memorando (vulgo “memento”)
de manutenção da motosserra, já que o manual (conforme o anexo B deste trabalho)
seria constituído de um conjunto de fichas.
Dessa maneira, os procedimentos manutensivos seriam melhor padronizados
e criar-se-ia respaldo para a cobrança de zelo com o material, já que o
desconhecimento e falta de instrução ou guia para se seguir não poderia ser
alegado por parte dos operadores.
Por fim, como última sugestão, o Procedimento Operacional Padrão do Corpo
de Bombeiros Militar e os respectivos manuais de atuação como o Manual de
Salvamento Terrestre, poderiam fazer alusão ao manual de manutenção, já que
nenhum deles engloba tal assunto.
Referências Bibliográficas
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n.03. Atualizada em 27 de Dezembro de 2010. Goiânia, GO, 27 dez. 2010.
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Especial de Reaparelhamento e Modernização do Corpo de Bombeiros Militar do
Estado de Goiás - FUNEBOM - e dá outras providências. Diário Oficial do Estado de
Goiás, Goiânia, GO, 9 dez. 2011.
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5 de outubro de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988.
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Emenda Constitucional n.19, de 4 de junho de
1998. Modifica o regime e dispõe sobre princípios e normas da Administração
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<http://www.portal.ufra.edu.br/attachments/1026_uso_de_motosserra.pdf>
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Operacionais Padrão. 1ª Edição, 2006.
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS. Manual Técnico
Bombeiro - Salvamento Terrestre. 1ª Edição, Volume 1.
ANEXO A – Questionário Aplicado na Pesquisa de Campo
SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E JUSTIÇA
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
ACADEMIA BOMBEIRO MILITAR
CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS
Questionário de Pesquisa sobre manutenção
Observações:
- Não é necessária a sua identificação
- As informações contidas nesse formulário são apenas para estudo e apresentação de
trabalho de conclusão de curso
- Sinta-se à vontade e responda com sinceridade às questões
- São ao todo 10 QUESTÕES (5 questões na frente, 5 questões no verso)
- Agradeço desde já a sua colaboração!
Questão 1
Foram ministradas instruções sobre motosserra para você em sua formação?
( ) Sim ( ) Não
Questão 2
Você sabe fazer manutenção na motosserra?
( ) Sim ( ) Não
Questão 3
Você acha importante a manutenção desse item?
( ) Sim ( ) Não
Questão 4
Você coloca a motosserra para funcionar TODAS as vezes que entra de serviço?
( ) Sim ( ) Não
Questão 5
Você limpa e verifica o estado da motosserra TODAS as vezes após o uso?
( ) Sim ( ) Não
Questão 6
Já houve falha na motosserra durante alguma ocorrência em que você estava?
( ) Sim ( ) Não
Soube resolver?
( ) Sim ( ) Não
Questão 7
Sabe que a falta de manutenção da motosserra pode causar acidentes?
( ) Sim ( ) Não
Questão 8
Sabe identificar a proporção correta óleo/combustível a ser utilizada no tanque da
motosserra?
( ) Sim ( ) Não
Questão 9
Já montou o cordelete do manípulo de arranque da motosserra alguma vez?
(
) Sim (
) Não
Questão 10
Conhece todos os dispositivo de segurança da motosserra?
(
) Sim ( ) Não
ANEXO B – Esquematização de Manual

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