Pai Rico, Filho Nobre, Neto Pobre
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Pai Rico, Filho Nobre, Neto Pobre
Pai Rico, Filho Nobre, Neto Pobre Este provérbio, tão comumente conhecido entre nós, pode ter seus dias contados. Walter Janssen Neto Em um dos recentes eventos que tomei parte sobre Governança Corporativa em Nova York me perguntaram logo de cara quais eram as razões que levam as empresas familiares a se perpetuarem como donas de seus negócios. De pronto, minha resposta foi que isso só é possível através de um sistema de Governança Familiar envolvendo todas as gerações e amparado num acordo de acionistas que tenha por objetivo buscar a satisfação e bem estar individual de seus membros, em harmonia com o objetivo de preservação do negócio em família. Apesar da frase ser longa a resposta é bastante simplista e precisa ser melhor desenvolvida para se obter um maior e perfeito entendimento. A recente obra reeditada e ampliada de John E. Hughes, “Family Wealth” (Bloomberg Press), ainda sem tradução para o Português, vem em reposta a esta tão freqüente pergunta. Seu livro tem sido utilizado pela Wharton School no programa de Gerenciamento de Patrimônio Privado, ministrado para empresas Familiares. John Hughes possui uma série de artigos influentes sobre Governança Familiar e preservação de riqueza e tem trabalhado com multigerações de empresas Familiares. O autor defende que uma família pode perfeitamente preservar por muitas gerações o seu Negócio e Patrimônio, preservando seus integrantes através de alguns mecanismos de envolvimento e governança. Na essência, defende que a riqueza familiar é constituída primeiro pelo Capital Humano (os membros que compõem a família) e Intelectual (o nível de conhecimento e formação que cada membro possui), e de forma secundária pelo Capital Financeiro. Gerações futuras sem base referencial de conhecimento terão certamente dificuldades em preservar as riquezas criadas pelas gerações anteriores. Hughes afirma que a missão e o propósito das famílias é buscar a satisfação contínua de seus membros através da realização pessoal de seus projetos individuais. É fundamental, conforme o autor, que os membros de uma empresa familiar tenham e mantenham um sistema de governança com o objetivo de tomada de decisões compartilhadas. Portanto, quando chega a hora de uma geração assumir os destinos da família, considerando que seus membros passam a ter uma relação horizontal entre si ao invés de vertical, que era a forma de relação com a primeira geração, o autor defende a adoção de um sistema de governança similar ao de uma República, onde seus membros escolhem seus representantes através de alguma forma de consenso. «1/2» Walter Janssen Neto Phone: 6340 Sugarloaf Parkway Suite 200 Duluth, GA 30097 - USA Cell Phone: +1 404.725.7755 Fax: +1 678.775.6701 E-mail: [email protected] +1 678.775.6814 Uma das dificuldades que as famílias têm ao governarem é que os seres humanos tendem a pensar em relações verticais, ou seja, cada membro mede a sua posição na família em relação aos seus pais, avós e bisavós. Raramente membros familiares avaliam as relações de forma horizontal, em relação aos irmãos e primos. Esta é a parte mais crítica de um sistema de Governança Familiar, de acordo com o autor, pois não havendo um sistema previamente acordado para tratar das ligações horizontais dificilmente haverá consenso. Assim, o compartilhamento de valores fica prejudicado e a empresa corre o risco de terminar em poucas gerações. Uma questão importante e de profundo significado que John Hughes enfatiza em seu livro é que cada nova geração que assume os negócios da Família deveria se considerar ela mesma, a primeira, pois passam a ter a mesma responsabilidade sobre a preservação do negócio como aquela que biologicamente criou o negócio. As Famílias, para terem sucesso na preservação de seu Patrimônio, precisam criar um Acordo Social entre seus membros que reflitam os valores de seus fundadores e cada nova geração deve reafirmar os propósitos deste Acordo. Conforme John Hughes, os membros familiares são os responsáveis em estabelecer a missão de suas empresas, desenvolver políticas de crescimento dos capitais da família e escolher os familiares que devem ser os membros que irão representá-los em seus Conselhos de Administração e que irão por sua vez monitorar as políticas estabelecidas. O Conselho por sua vez escolhe quais serão os membros Executivos responsáveis por operacionalizar aquelas políticas. De acordo com o autor, um sistema de governança familiar de sucesso é aquele que estabelece claramente as três dimensões do negócio – Membros, Conselheiros e Executivos. O autor detalha ainda em sua obra, temas como o Banco Familiar, que tem por objetivo fomentar projetos individuais de seus membros. Alocação de Investimentos é outra área explorada e também o papel do Mentor, uma prática pouco explorada pelas empresas brasileiras e que tem funcionado muito positivamente na formação do caráter e da carreira das novas gerações. O papel do Mentor não é de dar as respostas ao aprendiz, mas sim elaborar perguntas que desenvolvam o raciocínio e identificam de que forma o aprendiz tem mais facilidade de aprender. Muitas empresas brasileiras tem tido a preocupação de desenvolver programas para as novas gerações, trazendo-os para dentro do negócio com o objetivo de criar a conscientização e responsabilidade das novas gerações para a perpetuação dos negócios em Família. Se mais empresas familiares seguirem algumas das metodologias e conselhos de John Hughes certamente poderemos vir a ter um provérbio diferente: PRESERVAÇÃO DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO. «2/2» Walter Janssen Neto Phone: 6340 Sugarloaf Parkway Suite 200 Duluth, GA 30097 - USA Cell Phone: +1 404.725.7755 Fax: +1 678.775.6701 E-mail: [email protected] +1 678.775.6814