Revista Aliança Premonstratense XI - 30.06.2008
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Revista Aliança Premonstratense XI - 30.06.2008
ALIANçA PREMONSTRATENSE REVISTA DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUÊSA E ESPANHOLA 30.06.2008 n°11 ALIANZA PREMONSTRATENSE REVISTA DE LAS COMUNIDADES DE LENGUA ESPAÑOLA Y PORTUGUESA ITINGA JAÚ MONTES CLAROS REQUINOA SANTA CLOTILDE TORO VILLORIA Corresponsales – responsáveles Por las crónicas – por as crônicas Itinga Ir. Ângelus Josemir Silva [email protected] Jaú ……………….. ……………….. Montes Claros Ir. Alessandro Resende Heleno [email protected] Requinoa P. Rodrigo Belmar Cifuentes [email protected] Santa Clotilde ……………… ……………… Toro Madre María Paz Martínez Martínez [email protected] Villoria de Órbigo Madre María de las Nieves [email protected] por la edición – pela edição Ir. Alessandro Resende Heleno [email protected] (editor) Ir. Michael Johnny da S. Souza [email protected] (assistente) Obs: A revista é editada semestralmente: nos fins dos meses de junho e dezembro. Por favor, enviar os textos ao Ir. Alessandro antes dos dias 15 de junho e 15 de dezembro. [email protected] 2 Editorial I AS CRÔNICAS - LAS CRÓNICAS Itinga (Ir. Ângelus Josemir) p. 6 - 7 Jaú (In memoriam Côn. Luiz de A. Castro e Côn. João Bosco R. de Camargo) p. 8 - 9 (Ir. Alessandro Resende Heleno In memoriam Côn. H. A. Murta de Almeida) p. 9 - 12 Requínoa (Pe. Juan Díaz Celis) p.... Santa Clodilde (In memoriam Côn. Lamberto Clayton Baeten) p. 12 Toro (Madre María Paz Martínez Martínez) p. 13 - 16 Villoria de Orbigo (Madre María de las Nieves) p.... Montes Claros II p. 5 ESPIRITUALIDADE O serviço na comunidade + Thomas Handgrätinger - Abade geral p. 18 - 20 Mensaje para el 875° aniversário de la muerte de San Norberto + Thomas Handgrätinger - Abade geral p. 21 - 24 Carta do Abade Geral para o Côn. Ânderson Aguiar, por ocasião da sua ordenação sacerdotal. p. 24 - 25 Carta do Abade Geral para o Côn. Elâneo Clay, por ocasião da sua ordenação diaconal. III p. 25 - 26 NUESTRAS CONSTITUCIONES ..................... 3 IV V ARTIGOS e RELATÓRIOS - ARTÍCULOS e INFORMES Breve comentário sobre a instrução “O serviço da Autoridade e a Obediência” p. 27 - 28 Jubileu da Inauguração da Capela do Seminário de Pirapora Côn. Godofredo Chantrain O. Praem p. 28 - 30 Boas-Vindas ao Dom Jos Wouters, 52° Abade da Abadia de Averbode Côn. Godofredo Chantrain O. Praem p. 30 - 31 PASTORAL VOCACIONAL Somos chamados a ser Discípulos e Missionários Ir. Michael Johnny da S. Souza p. 31 - 32 PARABÉNS Profissões temporárias: Militão, Divino, Roney, Maurício, Edney, Dalviney e Flávio Profissão solene: Hugo de Fosses Ordenação diaconal: Andrés Muñoz, Elâneo Clay Santos, Hugo de Fosses Ordenação sacerdotal: Anderson Aguiar 4 EDITORIAL No final do mês de janeiro, o Abade Geral visitou novamente algumas casas no Brasil. Passou por Itinga, Montes Claros, Jaú e Piracicaba. Porém, o motivo principal da sua viagem foi a eleição de um Prior para o Priorado de Montes Claros. Depois de três anos de administração, o Priorado voltou a ser governado por um Prior. No dia 30 de janeiro, o capítulo elegeu o Côn. Toninho Galvão Campos de Arruda Filho. Publicamos aqui a alocução do Abade Geral aos eleitores daquele Priorado. No Priorado de Itinga, organizou-se na ocasião da visita do Abade Geral e do novo Abade de Geras, um capítulo extraordinário da casa. A crônica de Itinga descreve o acontecimento do mesmo. Publicamos também uma mensagem do Abade Geral na ocasião do 875º aniversário da morte de São Norberto. O jubileu do próximo ano oferece uma boa oportunidade para debruçar-se novamente, com profundidade, sobre o carisma e o espírito de nosso Fundador. Publicamos o “in memoriam” de 4 irmãos que faleceram: Côn. Huberto Adherbal Murta de Almeida (aos 8 de março), Côn. Lamberto Clayton Baeten (na quinta-feira da Semana Santa - 21 de março), Côn. Luiz Almeida Castro (aos 30 de março) e Côn. João Bosco Rodriguez de Camargo (aos 28 de abril). Apresentamos uma breve introdução à recente instrução “O Serviço da Autoridade e a Obediência” da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, destinado a todos os consagrados pelos votos evangélicos. Do Padre Godofredo, recebemos um texto detalhado sobre os elementos artísticos da capela do Seminário de Pirapora. Depois de 5 anos de existência da nossa revista, é com grande alegria que deixo “a Aliança” nas mãos de dois brasileiros: o Ir. Alessandro, como o novo editor, e o Ir. Michael na assistência de formatação e impressão. Com essa dupla a revista vai tornar-se mais atrativa... Sem dúvida! Abade Paulo 5 I AS CRÔNICAS - LAS CRÓNICAS O PRIORADO DE SÃO NORBERTO DE ITINGA Ir. Ângelus Josemir A primeira visita do Abade recém eleito de Geras - Áustria, Dom Miguel Karl, foi breve, porém marcante para a história desse Priorado. A sua chegada aconteceu aos 16 de janeiro, acompanhado do Pe. Andréas; a convivência de um mês foi para todos maravilhosa. Na sua estadia, Dom Miguel Karl, presidiu vestição, profissão simples e solene, e os ministérios de leitorato e acolitato. No dia 18 de janeiro, na Igreja Matriz de Nossa Senhora Aparecida, foi realizada a vestição de 05 (cinco) noviços, Geraldo, Bento, Joel, Mauro (ex-noviço) e Fabrício. As profissões solenes e simples aconteceram no domingo, 20 de janeiro, na mesma Igreja Matriz. O Ir. Hugo de Fosses na presença de Dom Miguel Karl, comunidade paróquia e conventual, anuncia a sua profissão religiosa solene “por toda a vida” através dos votos de castidade, pobreza e obediência. Os Irmãos, Lucas, Dimas, Lino, Ângelus e Josué fizeram a sua profissão religiosa simples na presença do Abade Dom Miguel Karl. Em sua pregação o Abade recorda as primeiras comunidades agostinianas, enviando-lhes para a missão como “testemunhas e mensageiros do Cristo Ressuscitado no meio do povo”. E ainda: “somos pequenas igrejas a serviço dos irmãos e de todo o povo de Deus”. Os ministérios de leitorato e acolitato aconteceram em dois momentos, em Itinga aos 23 de janeiro, receberam os irmãos: João Francisco, Karol, Lucas e Dimas e, na missão da cidade de Natal, aos 27 de janeiro, receberam os irmãos: Vito e Moises. O Capítulo sobre a presidência do Abade Dom Miguel Karl, aconteceu na sala São José aos 23 de janeiro, com o Conselho local, onde a história deste jovem Priorado toma outro rumo. Decidiram, no entanto, por unanimidade a independência da Canonia de Itinga. A visita de Dom Miguel, estendeu-se até a missão na cidade de Natal. Visitaram os confrades de Natal aos 24 de janeiro, juntamente com Pe. Milo, Pe. Andréas e o Ir. Lino, que passou a integrar a Comunidade Potiguar. Passando a ser composta pelo Pe. Filipe, Ir. Vito, Ir. Moises e, apartir desta data o Ir. Lino também fará parte dessa comunidade. Retornaram de sua viagem aos 28 de janeiro e, encontraram-se com o Abade Geral, Dom Thomas, e com Dom Paulo Meyfroot. Uma breve visita nos fez o Abade Geral, Dom Thomas, e Dom Paulo Meyfroot, delegado da Ordem O. Praem., para a América Latina. Aproveitaram à conexão do vôo e passaram alguns dias em Itinga. A vinda ao Brasil foi por causa da eleição do Prior de Regime da Canonia de Montes Claros. O Priorado ficou ainda mais cheio de júbilo com a presença de tantos Abades. Preparamos para o Abade Geral uma confraternização em comemoração pela passagem do seu onomástico. Realizou-se, então, o capítulo extraordinário, também na sala São José, com a presença dos Abades, Dom Thomas, Dom Paulo, Dom Miguel, o Prior Pe. Milo, Sub-prior Pe. Miguel, Pe. Andréas e toda comunidade conventual de Itinga. O Abade Geral deixou uma impressão entusiasmadora para nossa comunidade. “Então, em pouco tempo crescerá tanto. São muitas as atividades pastorais e sociais que envolvem o Priorado. Como também ficará muito feliz 6 em visitar a missão em Natal em outra oportunidade”. O Abade Geral, ainda, falou-nos de sua agenda repleta de compromissos; capítulos eletivos, preparativos para o Capítulo Geral, e entre outros. Dom Paulo Meyfroot, rapidamente comenta um pouco das atividades para América Latina; como o encontro dos Jovens Latino Americanos que será em Itinga no ano de 2009, em seguida ele pediu para não esquecerem de enviar notícias da casa, para serem publicadas na Revista Aliança Norbertina. Por fim, o agradecimento do Dom Miguel e Pe. Andréas : disseram que a experiência é marcante, que a comunidade deixa uma impressão de “Espírito Canonical” que lembram as primeiras comunidades cristãs. São tantos carismas mais um único espírito em direção a Deus. O Pe. Milo falou-nos um pouco da independência do Priorado que foi o ponto principal da visita do Abade Geras, Dom Miguel Karl, que disse: “apesar da separação as duas comunidades serão como irmãs”. No início de fevereiro o conselho anunciou os primeiro nomes dos jovens para o postulantado. Aos 06 de fevereiro, quarta-feira de cinzas chegaram os primeiros jovens, como é a tradição de se iniciarem nesta data litúrgica. O ano acadêmico iniciou-se com aula inaugural no Instituto Filosófico Beato Thiago Kern, aos 21 de fevereiro. O conferencista Prof. Dr. João Carlos, pós-reitor de pós-graduação da Universidade Federal da Bahia – UFBA, com o tema: “Tratactus Logicus” de Ludwig Wittgenstein. Encontro de formação para postulantes de diversas congregações, oferecido pela Conferência dos Religiosos do Brasil – CRB, como é chamada “Postulinter” teve a presença dos nossos postulantes. O Conselho da Abadia de Geras – Áustria, decidiram depois de ouvi o capítulo da canônia de Itinga, por unanimidade a independência de Itinga. Como é tradição em nossa Ordem, celebraram as Vésperas Solenes Batismais, 23 de março, Domingo da Ressurreição do Senhor, como de costume às 13hs. A vestição aos 5 de abril do Ir. Werner. O 2º encontro de Postulinter para os jovens iniciantes que se deu entre 18 e 20 de abril. E para os noviços aconteceu o “novinter” entre os dias 21 a 25 de Abril na ilha de Itaparica. A comunidade recebeu com muita alegria a ordenação do Ir. Hugo de Fosses aos 27 de abril na Igreja Matriz Nossa Senhora Aparecida por Dom Josafá Menezes, Bispo Auxiliar da Arquidiocese São Salvador da Bahia. A benção da casa de missão na Grande Natal pelo Arcebispo Metrolitando de Natal, Dom Matias Patrício de Macedo. A casa tem 10 quartos, uma capela, um refeitório, uma cozinha, uma secretária, uma sala de formação e um parlatório, e, a casa é povoada por 4 confrades professos e 2 postulantes. O superior da casa de Natal é Pe. Filipe, que celebrou no dia 29 de abril o seu 33º aniversário natalício. O centro da casa é pátio interno com o clausto, organizado por Ir. Vito. Participaram do “Novinter” para os noviços que aconteceu entre os dias 05 a 12 de maio. A comunidade de Natal celebrou a festa do Pai fundador São Norberto no dia 03 de junho com a presença do Arcebispo Metropolitando de Natal, Dom Matias Patrício de Macedo. Em Itinga a Festa do Pai São Norberto foi celebrada no dia 06 na Igreja Matriz de Nossa Senhora Aparecida pela presidência do Sr. Arquiabade de Salvador, Dom Emanuel, O.S.B. O Pe. Milo viaja para Áustria aos 07 de junho para passar suas férias. Teve a Festa Junina em Itinga, celebrada e festejada liturgicamente e com um toque de tradição nordestina, com danças, quadrilhas e comidas típicas, Milho, pamonha, amendoim e etc. “Sempre prontos para toda boa obra”. 7 ABADIA DE SÃO NORBERTO DE JAÚ “Per Crucem ad Lucem” No ha llegado la crónica. + Côn. Luiz de Almeida Castro No dia 30 de março de 2008 o Confrade Luiz de Almeida Castro faleceu em Piracicaba (SP). Ele nasceu em Mogi das Cruzes (SP) no dia 16 de fevereiro de 1925. Estudou no seminário Menor de Pirapora do Bom Jesus e entrou na Ordem Premonstratense tomando o hábito no dia 01 de fevereiro de 1948 recebendo o nome de Fr. Alderico - fez profissão religiosa no dia 02 de fevereiro de 1950 e foi ordenado sacerdote aos 30 de novembro de 1953. Desde o inicio o Pe. Luiz se manifestou como o bom pastor que se dedicava pelo bemestar de todos os necessitados... na paróquia de Pirapora e especialmente pelos inúmeros romeiros que procuravam ajuda e alivio junto ao Bom Jesus. No decorrer de mais de 50 anos de vida sacerdotal encontramos o Pe. Luiz na paróquia de São José em São Paulo, na paróquia de São Judas em Piracicaba e em várias paróquias de Jaú. Era o Padre incansável, sempre pronto para atender e para resolver problemas materiais e espirituais dos fiéis. Ele tinha uma preferência para atender os doentes... e como assistente espiritual das Equipes de Nossa Senhora muitos casais o apreciavam. Completou 83 anos, mas no fim os problemas de saúde se tornaram uma cruz bastante pesada... mas ele não queria queixar-se nem reclamar... Finalizando a oitava de Páscoa, o Bom Jesus o levou junto consigo ao céu no domingo 30 de março de 2008. “Missão cumprida !” Demos graças a Deus por todo o bem realizado nesta vida premonstratense. Peçamos que ele seja agora o protetor e intercessor pelos familiares, confrades e amigos. + Côn. João Bosco Rodriguez de Camargo Aos 28 de abril de 2008, na abadia de Jaú, pelas 15:30hs da tarde o Confrade João Bosco Rodrigues de Camargo faleceu tranqüilamente: missão cumprida! Acabava de celebrar os 67 anos de vida sacerdotal e ia completar 90 anos de idade no mês de julho. Ele nasceu em Pirapora do Bom Jesus (SP) aos 18 de julho de 1918. Ele cresceu ali numa família católica. Entrou no seminário menor de Pirapora e finalmente tomou o hábito de São Norberto aos 02/02/1935 e se ligou pela profissão religiosa aos 02/02/1937 e 8 foi ordenado sacerdote ao 20/04/1941. Nesses anos de vida sacerdotal ele se desempenhou no campo pastoral do ensino nos colégios da Ordem e cuidou de várias paróquias. Finalmente teve de retirar-se na abadia de Jaú depois de sofrer um acidente em São Paulo. Os últimos anos foram tempos de sofrimento de tal maneira que a “irmã Morte” veio como libertadora naquela tarde de 28 de abril de 2008. Oxalá ele descanse em Paz e interceda pelas pessoas que cuidaram dele! PRIORADO NOSSA SENHORA APARECIDA E SÃO NORBERTO DE MONTES CLAROS Ir. Alessandro Resende Heleno JANEIRO: 28 – Chegada do Abade Geral e Dom Paulo ao Priorado de Montes Claros - Brasil. 28 – Preparação para a eleição do novo Prior do Priorado de Montes Claros – Brasil. No capítulo foram votadas as seguintes propostas: Cargo temporário Idade máxima de governo 75 anos Período de tempo de governo 6 anos 30 – Eleição do novo Prior presidida pelo Abade Geral. O Abade Geral propos o mais velho e o mais novo serem os escrutinadores e os cônegos capitulares aceitaeram. Respectivamente foram Cônego João Batista Lopes e Cônego Alessandro Resende Heleno. No primeiro escrutínio o Abade Geral já proclamou quem seria o novo Prior. Os capitulares elegeram o Cônego Antônio Galvão de Campos Arruda Filho O. Praem como Prior do Priorado Nª Sª Aparecida e São Norberto de Montes Claros. Em seguida toda a comunidade foi a capela para a oração de agradecimento e renovação dos votos perante o novo Prior. 31 – Conversa dos jovens do Priorado com o Abade Geral. O Abade Geral estava contente com o grupo e até disse para os jovens do Priorado eles se assemelhavam aos Dozes Apóstulos, porque haviam 12 jovens no Priorado. 31 – Entrada do Postulante Leandro Henrique. Dos Aspirantes Carlos Eduardo Ruas (que irá estudar Filosofia na Unimontes) e Julierme Joaquim. FEVEREIRO: 01 – Ordenação Diaconal de Côn. Andrés Muñoz Gonzalez. 02 – Renovação dos votos temporários dos irmãos: Militão, Divino, Edney, Flávio, Roney, Maurício, Dalviney. 02 – Entrada no Noviciado do Ir. Michel Valério. 04 – Viagem de retorno à Europa do Abade Geral e de Dom Paulo. 04 – Início das aulas dos estudantes de Teologia em Contagem. 9 05 – Início das aulas dos estudantes de Filosofia em Montes Claros. MARÇO: 07 – Falecimento do confrade mais antigo e fundador da Escola Apostólica (que mais tarde será a sede do Priorado Nª Sª Aparecida e São Norberto) Cônego Huberto Adherbal Murta de Almeida, O. Praem. 14 – Missa de 7º (sétimo) dia do Côn. Murta e 2 (dois) anos de morte do Côn. Sebastião O. Praem (Padre Tiãozinho). 16 – Celebração da Semana Santa no Priorado e envio de alguns irmãos as comunidades rurais para ajudarem a celebrar a Semana Santa. ABRIL: 12 e 13 – Encontro Vocacional no Priorado com a participação de 4 (quatro) jovens. 21 – Passeio e recreação do Priorado de Montes Claros. 25/04 – Ordenação Sacerdotal do Côn. Diácono Ânderson Aguiar Alves O.Praem. MAIO: 09 a 31 – Nas Barraquinhas de São Norberto dos finais de semana os jovens do Priorado são responsáveis pela barraquinha de Pastel e que este ano deu uma renda de 4.000,00 reais que será usado para pagar o Retiro dos membros do Priorado. 04 – O Promotor vocacional do Priorado em Contagem, Côn. Andrés Muñoz, promoveu um Evento para os Jovens com o objetivo de dispertar a vocação. 12 – Na Reunião do Conselho do Priorado foi decididas as transferências do Padre Evangelista Geraldo O. Praem. para a Casa de Contagem, ele será o Novo Superior da Comunidade, Pároco e Membro do Conselho; os Padres Hermano José O. Praem. e Marcelo Rocha O. Praem irão para o Priorado Nª Sª Aparecida e São Norberto, eles auxiliarão nas Paróquias do Prioardo e estudarão, respectivamente, Literatura Inglês e Administração. JUNHO: 01 – Prova de admissão feita pelo Côn. Hermano para o curso de Literatura Inglesa e pelo Côn. Marcelo para o curso de Administração. 06 – Ordenação Diaconal do Côn. Elâneo Clay Santos O. Praem. 14 – Festa Junina do Priorado promovida pela Golden English e pelos Jovens do Priorado. A renda da festa foi de 5.000,00 reais. 19/ – Término das aulas de Filosofia dos estudantes do Priorado de Montes Claros. 24 – Festa das Bodas de Prata (25 anos de vida sacertatal) Sacerdotais do Côn. Prior Antônio Galvão na Capela do Priorado. 24 – Aniversário Sacerdotal do Côn. Marcelo. 25 – Festas das Bodas de Prata de Sacerdócio do Côn. Prior Antônio Galvão e dois anos de vida Sacerdotal de Côn. Marcelo em Contagem. 25 – Mudança do Côn. Evangelista Geraldo para Contagem. 27 – Término das aulas de Teologia dos estudantes da casa de Contagem. 10 + Côn. Huberto Adherbal Murta de Almeida “Eu sou a Ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá!”(Jo 11, 25-26)”. Cônego Murta nasceu em Amparo do Sitio, MG, aos 08/05/1920, na ocasião distrito de Rubelita. Filho de Adhemar de Almeida e Emília de Almeida Murta. Estudou inicialmente em Salinas, e aos 13 anos de idade ingressou no seminário Menor Metropolitano de Pirapora do Bom Jesus. Vestiu o hábito Premonstratense, iniciando o noviciado em Pirapora do Bom Jesus, aos 02/02/1940. Fez sua primeira profissão religiosa aos 02/02/1942. Foi ordenado presbítero em Piracicaba - SP., aos 22/12/1945. No mês de março do ano de 1.947, num gesto de pioneirismo, arrojo e coragem, fundou a Escola Apostólica São Norberto (Seminário Premonstratense) o qual com espírito de fé, dedicação e abnegação incansáveis manteve e dirigiu por longos anos. Atuou como vigário na Igreja dos Morrinhos, animando maravilhosamente a pastoral das crianças da Cruzadinha infantil e de muitos outros movimentos por ele fundados e mantidos. Foi pároco em Monte Azul e em Brasília de Minas, tendo sido também diretor do Colégio de Ervália, e posteriormento, retornando a Montes Claros, fundador e diretor do Colégio São Norberto de Montes Claros, e da “Escolinha Pé no Chão” para crianças carentes. Ao longo de toda a sua vida e ministério sacerdotal, primou pelo zelo no cuidado pastoral dos fiéis, nas profundas e explêndidas homilias, na atenção e solicitude para com aqueles (as) que o procuravam para direções espirituais e atendimentos de confissões, que tanto edificaram a inúmeros fiéis que tiveram a graça de enriquecer-se de seus conselhos e de seu pastoreio. Foi membro da Academia Montesclarense de Letras, professor de Filosofia na Unimontes por longos anos, até aposentar-se nessa função. Marcou a história de Montes Claros, e de tantas outras cidades da região, onde atuou, tanto espiritual quanto culturalmente, sendo detentor de grande eloqüência e sabedoria humana e amplíssima cultura geral, e principalmente, de Sabedoria do Alto. Foi também vigário paroquial em Bocaiuva, auxiliando então ao Pároco Côn. Siardo, e ultimamente era vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora Rosa Mística, e professor no Seminário Maior Arquidiocesano Imaculado Coração de Maria de Montes Claros. Desde o mês de agosto do ano passado, vítima de um câncer no intestino e pâncreas, e tendo que submeter-se a uma cirurgia de colostomia, Côn. Murta tem vivido momentos de longa paixão, assumidos com serenidade e profundo espírito de fé e de gratidão para com Deus, num desejo imenso de poder retornar às suas Celebrações Eucarísticas, graça que o Senhor Deus lhe concedeu nos dois últimos meses, o que lhe possibilitou, também pela constante dedicação dos amigos e servidores que lhe estiveram incansavelmente ao redor, bem como da constante, filial e amiga presença e assistência dos médicos que dele cuidaram, um estado terminal vivido com grande qualidade de vida, que culminou, neste dia 08 de março último, às 13:35 hs., com a consumação de sua serena entrega da plena oferenda de sua vida nas mãos do Pai, sob o olhar e o manto materno de Maria Santíssima, com a assistência espiritual carinhosa e fraterna de Dom Geraldo Majela de Castro, O. Praem. Por tudo isso, nós seus confrades Premonstratenses, somos imensamente gratos a seus dois Anjos da Guarda : Coló e Elisângela, a Dr. Tarcísio, Dra. Janete, Dra. Romana, aos funcionários e administradores da Santa Casa de Misericórdia, a todos os enfermeiros e enfermeiras que o auxiliaram em sua casa, aos Filhos de Maria, e a todos os familiares, amigos e amigas de Montes Claros e de outras cidades, que o consolaram e alegraram com sua presença amiga e fraterna ao longo desta sua Paixão e da Celebração de sua Páscoa! 11 Querido Côn. Murta, sentiremos imensamente sua falta, mas nos alegraremos sempre pela sua fraterna presença e intercessão, que temos certeza nos acompanharão sempre na vivência da comunhão dos santos! Descanse em Paz, e interceda sempre por nós de junto de Deus, de nossa Mãe Maria Santíssima e de São Norberto e de todos os Santos e Santas de Deus! Côn. Antônio Galvão de Campos Arruda Filho, O. Praem. Prior LAS COMUNIDADES CHILENAS Pe. Rodrigo Cifuentes Belmar No ha llegado la crónica LOS NORBERTINOS DEL PERU + Côn. Lamberto Clayton Baeten Na quinta-feira da Semana Santa, o confrade Lamberto Clayton Baeten faleceu em Santa Clotilde (Peru). Segundo as palavras dum irmão “Lamberto foi enterrado com Jesus, no pôr do sol da sexta-feira”. Ele nasceu em Green Bay (Estados Unidos), no dia primeiro de janeiro de 1933. Estudou no colégio de São Norberto (De Pere) e na universidade de Milwaukee. Entrou na abadia de De Pere, tomando o hábito no dia 28 de agosto de 1952, fez profissão solene no dia 28 de agosto de 1957 e foi ordenado sacerdote aos 23 de maio de 1959. Até o ano 1966 foi professor em vários institutos. Quando o Papa João XXIII pediu o envio de missionários para América Latina, o Pe. Lamberto foi para Lima (Peru), onde trabalhou na paróquia de São Norberto e depois, na paróquia de São Marcos. Passou um ano com as vítimas do terremoto nas montanhas andinas. No ano 1987 começou, junto com o seu confrade Jack, uma missão na floresta, na região do rio Napo. É um imenso território perto do equador, sem caminhos, que pertence a uma prefeitura apostólica. O bispo era mexicano e havia um só diocesano peruano. No dia 6 de junho de 1988, o Pe. Lamberto tornou-se pároco em Santa Clotilde, situada perto de rio Napo, a seis horas de navegação de Iquitos. O Pe. Lamberto trabalhou 42 anos no Peru e completou 75 anos de idade. Demos graças a Deus por todo o bem realizado por nosso confrade Lamberto. Peçamos que seja 12 acolhido no céu e se torne um intercessor pelos cristãos de Santa Clotilde e pela família norbertina em América Latina. Del P. Felipe, el último norbertino que está ainda en Santa Clotilde, después de la muerte del P. Lamberto, no hemos recibido ninguna información. CANONÍA DE SANTA SOFÍA DE TORO Sor María Paz Martínez Martínez DICIEMBRE El día 28 nos visita el Obispo de la Diócesis y celebró la Eucaristía, seguidamente pasó a la clausura y hablo a la Comunidad, fue un día de gracia y paz para todas. El día 31 día de retiro, por la mañana un sacerdote nos habló de la comunidad, fue un día dedicado a la revisión de vida, por la tarde exposición del Santísimo Sacramento un día muy denso de oración. ENERO Nuestra hermana Sor Eduvigis sigue con las hermanas de Villoria hasta el 18 de Febrero, gracias a Dios está muy bien y contenta. Nos ha visitado el Vicario General de la Diócesis, todos los años nos visita por estas fechas, nos anima a seguir viviendo nuestro Carisma Norbertino y a orar por el mundo y la Diócesis, en especial por las vocaciones. Nos ha visitado el grupo de la Legión de María, pasaron un rato muy ameno con la Comunidad, nos contaron sus trabajos y deberes, al final oramos todas juntas y cantaron el himno a de la Legión, también una de ellas dijo un verso que había preparado para decirlo a la Comunidad dice así: NAVIDAD FELICITACION El nacimiento del Niño Alas monjitas el día de Navidad Sofías y para este año nuevo que empieza Tan majas de mucha salud y gran paz esta Ciudad y nosotras preguntamos Legionarias a cambio Vds de qué? de María Unas buenas oraciones Las quieren Que siempre nos vendrán bien. felicitar. Ustedes oran, trabajan En las faenas diarias, 13 el sacrificio no importa, Tampoco las madrugadas. ¡Qué envidia nos dais hermanas! Es una envidia muy sana Al contemplar vuestra vida Que es tan pura que es tan santa! Pero el diablo el ángel malo Anda por el mundo suelto Vigilen, sí, cuanto puedan… Se les puede meter dentro. Pero yo lo pongo en duda Tienen Vds. cerquita A la que tanto quieren A nuestra Virgen Bendita. Ahora, si nos dan permiso Para hacerles más visitas Las Legionarias vendremos Sin pereza, a toda prisa. Sentimos un gran contento Cuando al locutorio acudimos Ay qué gusto nos da a todas pasar aquí un buen ratito. Y ya termino, monjitas Con mi verso tan sencillo, Que el Niño y la Virgen Madre Les bendigan con cariño. En este nuevo año 2008 renazca cada día más el amor a María. El mejor regalo, la mayor alegría que podemos darle es el de amarla siempre con gran sinceridad y constancia. Carmina ENERO 2008 El día 24nos visita nuestro asesor el Padre Pedro María nos habló de la reunión de la Comisión de las Hermanas en Polonia de los proyectos y trabajos para las hermanas iniciados en el Capítulo General 2006. Por la tarde nos habló de la espiritualidad de la Orden y cómo nuestra espiritualidad la transmitimos con la vida fraterna y la Liturgia, el anuncio de la Palabra de Dios se predica a través de la vida. Nuestra hermana Sor Presentación se recupera bien después de la operación. Semana de oración por la unidad de los cristianos, todos los días por la tarde exposición del Santísimo, reflexión de los textos bíblicos para estos días. FEBRERO El día 2, día de la vida consagrada, la programación pastoral de las parroquias de Toro decidió la celebración de la vida consagrada se realice en nuestro Monasterio; por la tarde una veintena de monjas se reunió en el coro del Monasterio para la celebración Litúrgica de Vísperas, terminada la celebración bendición del Santísimo y reserva, seguidamente las monjas y los fieles fueron al torreón para tomar algo y compartir juntos este día de oración. El día 17 regresó nuestra hermana Sor Eduvigis del Monasterio de Villoria después de dos meses para ayudar y acompañar a nuestras hermanas; ha venido muy contenta de la Comunidad. El Vicario Episcopal de religiosas nos ha visitado y nos animó a seguir en la línea de fidelidad al Carisma de la Orden y seguimiento de Cristo. Nuestra hermana Sor Mª Cristina está con sus padres desde el día 17, su madre enferma la necesita; todos los días tenemos noticias suyas. MARZO El día 9 llega la hermana Sor Mª Cristina de cuidar a su madre, que continua hospitalizada. Domingo de Ramos, procesión por el Monasterio. El día 17, tuvimos la formación continua de la comunidad. El Miércoles Santo, celebración penitencial para prepararnos a celebrar la Pasión, Muerte y Resurrección del Señor, terminamos con el abrazo fraterno. Jueves santo los oficios litúrgicos muy solemnes, una joven llegó para pasar estos días en retiro y oración participando con la comunidad de la 14 Liturgia. El Viernes Santo, varias hermanas subieron al torreón para ver pasar los pasos de la Pasión de Nuestro Señor, son momentos llenos de emoción y oración. El sábado Santo, acompañamos a la Virgen en su soledad y adoramos la Cruz que nos ha redimido. A las 10 de la noche celebración solemne de la Vigilia Pascual, nos acompañaron para celebrarla las dos comunidades del “Amor de Dios”. Después de la acción de gracias, celebramos junto con la joven que nos acompañaba la Resurrección del Señor. Felices Pascuas a todos los hermanos y hermanas de la Orden. Día 27, la comunidad comienza a tener exposición diaria del Santísimo Sacramento. Las hermanas están muy contentas por esta gracia que nos ha concedido el Señor, y confiando que será para gloria de Dios y bien de toda su Santa Iglesia. Día 29 Las hermanas Sor Visitación viaja para la reunión de la Comisión de hermanas de la Orden en Tarbes, (Francia), la acompaña Sor Natividad. ABRIL Día 3 por la noche llegaron de Francia nuestras hermanas muy contentas y cansadas. Contentas, porque tuvieron oportunidad de ganar el jubileo en Lourdes, ya que este año se celebran los 150 años de las apariciones. Tuvieron mucho que andar, ya que se componía de 4 etapas, caminando cuestas arriba, abajo, y lloviendo. Nos han hablado de la comunidad de Padres que se encuentra en Tarbes, de la cual quedaron muy edificadas por su observancia y silencio. Día 6 nos visitaron 4 jóvenes de León , a las cuales les pidieron que hicieran lo posible por venir al convento, estuvieron hablando en el locutorio y luego visitaron el torreón y después se fueron a visitar un museo en el convento de las dominicas , pero llegaron tarde y estaba cerrado; se volvieron a nuestra Iglesia para celebrar con nosotras las vísperas, quedaron encantadas y ,con deseos de volver a estar con nosotras. MAYO Día 3 comenzamos la Novena al Espíritu Santo, para prepararnos a la Solemnidad de Pentecostés, y estar en disposición para recibir los Dones del Espíritu Santo, y producir así los frutos que la Iglesia espera de nosotras. Estamos haciendo el mes de María, en el que después de una breve lectura Bíblica, le ofrecemos alguna flor espiritual, recitamos breves jaculatorias hacemos peticiones y cantamos a la Virgen con alegría por la protección y ayuda que nos dispensa diariamente. El día 12 formación continua de toda la comunidad. Día 14 conferencia para el retiro del mes de Mayo. El día 22, tuvimos la alegría de hospedar a un peregrino recomendado por el Padre Abad Ward Cortvriendt la Abadía de Berne que estaba haciendo el Camino de santiago, participó en la Liturgia de Vísperas con la comunidad y el 23 después de participar en la Eucaristía y desayunar continuo su peregrinar hacia Santiago de Compostela. El 29 comenzamos la novena a nuestro Padre San Norberto. JUNIO Nuestra Hermana Sor Imelda continua leyendonos el libro “Historia de los premonstratenses de Averbode y de Jau actuando en Brasil” que nos envio el Canónigo Godofredo Chantrain O. Praem. Las hermanas escuchan su lectura con mucha atención, tanto que casi no comen y no 15 hacen ni ruido durante su lectura. Y durante los recreos comentamos con admiración los acontecimientos escuhados. Día 6, Solemnidad de nuestro Padre San Norberto; a las 11:30 solemne concelebración Eucarística, 11 sacerdotes, la homilía estuvo a cargo de D. Bernardo Medina Garduño ,un sacerdote que en su juventud pasó largas horas limpiando y restaurando el retablo de la iglesia, él conoce muy bien lo que fue San Norberto pues restauró su estatua y la colocó en el retablo de la iglesia. Por la tarde a las 19 h solemnes Vísperas y celebración de la Eucaristía con participación del pueblo; la presidió D. Jesús Vigo un sacerdote de Palencia que por algún tiempo estuvo en la Orden y salió por no ser su vocación para vida de comunidad, llamó mucho la atención del pueblo por el fervor en la celebración y la forma de celebrar que lo adquirió en la Abadía. Terminadas las celebraciones todos los fieles tomaron un refresco dando gracias a Dios por celebrar un año más la fiesta de san Norberto. El día 14 la comunidad comienza los ejercicios espirituales anuales, días de total silencio y oración. Nos encomendamos a vuestras oraciones en estos santos días y estamos unidas con vosotros en la oración por las vocaciones para toda la Orden, especialmente las casas que carecen de ellas. Que paséis un feliz verano. MONASTERIO DE SANTA MARÍA DE LA ASUNCIÓN de VILLORIA DE ÓRBIGO Madre María de las Nieves No nos ha llegado la crónica. 16 II ESPIRITUALIDADE ALOCUÇÃO DO ABADE GERAL, DOM TOMÁS HANDGRÄTINGER, AO CAPÍTULO DE MONTES CLAROS, NO DIA DA ELEIÇÃO DO PRIOR. A colheita é grande, mas os operários são poucos. Por isso peçam ao dono da colheita que envie mais operários, servidores do Senhor. (Lc 10,2) O Serviço na comunidade Querido administrador abade emérito Paulo, queridos irmãos. Em primeiro lugar, gostaria de saudar muito cordialmente a todos vocês reunidos neste capítulo de eleição, e dessa maneira também iniciar oficialmente este capítulo. Alegra-me que o abade emérito Paulo, como “delegado do abade geral” para América Latina, e até agora administrador desta canonia, esteja presente e presida comigo a esta eleição. Cada um de nós tem consciência que uma votação como essa, é sempre um assunto de grande importância para um convento e para a história duma comunidade. É um momento de balizagem do futuro, mesmo independentemente da decisão que vier. Poder-se-ia dizer que, por um momento, o curso do tempo é suspenso, para organizá-lo de novo. Quem guiará a comunidade no futuro? Quem vai dirigir à comunidade nos próximos anos, e “exercer o serviço da autoridade com solicitude pastoral, por palavras e exemplo” como dizem as nossas Constituições (n°107). Este momento é especial também para mim, assumindo aqui, como abade geral, a presidência deste capítulo de eleição. No passado, - faz exatamente dois anos,- eu já estava aqui como seu hóspede, na ocasião do encontro dos jovens brasileiros (24-26.01.2006). Foi um encontro lindo, cheio de vida e vitalidade. Junto com o arcebispo Geraldo, celebramos o encerramento, aqui, no priorado. Antes daquele encontro, pude visitar a casa de Contagem, perto de Belo Horizonte. Os dias, vividos aqui em Montes Claros, me abriram os olhos para a variante brasileira da vida premonstratense. O trabalho pastoral nas paróquias de São Norberto e da Rosa Místíca me impressionou. Vi os empenhos para desenvolver o Priorado como centro de vida comunitária. Senti de não poder presenciar a consagração da igreja. Ora, o priorado tem agora um centro espiritual, porque a igreja é o coração de cada canonia, não é? A minha segunda visita é dedicada a toda a canonia de Montes Claros. Hoje é dia da eleição; elege-se um novo superior. Neste momento, gostaria de agradecer muito cordialmente aos superiores anteriores: o prior de regimine João Batista Joaquim Tarcisio de Souza Lopes (2001-2005) e depois, o administrador abade emérito Paulo (2005-2008) pelo período em que teve aqui a responsabilidade, e se engajou com toda dedicação àquela missão. Na verdade, um momento comovente para um europeu, para mim como abade geral, e para todos nós. 17 Porém, não se trata, neste momento, do que eu sinto, senão da decisão que a comunidade de Montes Claros vai tomar para o seu futuro. Não se trata do que a gente, no exterior queira especular ou imaginar, senão duma dupla opção da canonia: o melhor caminho e uma decisão convincente relativa a alguém. Cada irmão tomará a decisão em toda a consciência, para si e para toda a canonia. Que o Espírito divino nos inspire e guie nesta hora. A história de cada casa é distinta. A história desta canonia não é tão antiga, porém faz mais de cem anos: foi fundada em 1903 pela abadia de Park. Houve períodos bons e anos esforçados: o tempo do começo penoso, a fase da formação das estruturas, e a época duma consolidação lenta. Desta comunidade sairam grandes personalidades; entre elas dois arcebispos, Dom Geraldo Majela João José de Castro, arcebispo emérito de Montes Claros (1982-2007) e a sua Excelência Dom Ricardo Pedro Chaves Pinto Filho, bispo de Leopoldina (1990-1996) e atualmente arcebispo de Pouso Alegre (desde 1996). Não sabemos o que o futuro nos trará. Deus queira que sejam tempos favoráveis e anos felizes para a vida conventual e para sua influência espiritual na cidade de Montes Claros, e nas missões que os irmãos vão receber aqui. O serviço do superior Normalmente, elege-se como superior um irmão da comunidade. Por isso será um irmão que já vive há bastante tempo com a comunidade, que exerce co-responsabilidade, e que, por sua intenção e seu coração, está vinculado com tudo. Assim, não acontecerá algo totalmente novo. Será “um de vocês” , - sem mais alusão à palavra de Jesus! Um irmão do círculo de vocês deverá assumir e levar essa tarefa: o papel da direção, a responsabilidade do conjunto, essa forma de serviço aos confrades. A função do superior é um dos serviços dentro de uma comunidade. Embora seja mais exposto, e também mais observado do exterior, o serviço do superior não deixa de ser fundamentalmente uma tarefa e um serviço à comunidade. A função do superior não é um espaço para a auto-encenação ou a auto-exibição; deve ser vista e interpretada segundo o sentido de Jesus: “Quem entre vocês quer ser o primeiro, deverá ser o escravo de vocês” (Mc 10.44). Ele deve cuidar de seus irmãos, estar disponivel para eles e deverá intervir a favor deles; para os irmãos, deve ser possível encontrá-lo, conversar com ele, e contar com ele. Não precisamos fazer aqui uma lista de virtudes, porque se compreende o que significa aqui “entrar no serviço”, a favor dos outros, a favor da comunidade inteira e da representação no exterior. Não precisamos esboçar aqui uma imagem ideal. Nas Constituições fala-se de maneira mais reservada dessa função do superior: A Regra de Santo Agostinho: Ele, “deve sentir-se feliz, servindo pela caridade” (Regra VII) As Constituições n° 107: O prelado deve presidir e animar (como animador) a canonia que governa. É igual a todos, como pessoa humana, e distinto, pelo serviço do ministério. Quem preside uma comunidade, deve fazê-lo - como já citado anteriormente - com a solicitude dum pastor, falando e dando o exemplo. Ele dará o bom exemplo e será um bom exemplo. Sobretudo, procurará com zelo fortalecer um equilibrio sadio entre as pessoas e a 18 comunidade, para o crescimento espiritual e material de ambos os lados. Talvez, esse papel de mediação e de equilibrio seja o mais difícil para realizar. Colaborando ativamente com todos os membros da canonia, e com cada um individualmente, o prelado promoverá a comunidade, dirigindo-a, exortando e, se for necessário, prescrevendo. (n° 108) Como superior maior, investido do poder de jurisdição para o foro interno e externo, o prelado é o ordinário de todos os religiosos. Ele deve realizar tudo o que, pela sua própria autoridade, pode decidir, ou que deve tratar ou decidir com o conselho ou com o capítulo da canonia ou da casa. (n° 109) Como presidente dum grêmio presbiteral, o prelado seja também o inspirador e o coordenador do trabalho pastoral da sua comunidade. Fazer causa comum Hoje em dia, ninguém vai insistir incondicionalmente, em assumir uma tal responsabilidade. Passaram os tempos do poder absoluto. Porém, é necessário que um irmão se dedique a isso e se torne disponível. Ao conseguir ele a confiança da maioria, aquela maioria, e oxalá também os outros, vão sustentá-lo, aceitá-lo e acompanhá-lo com uma atitude crítica, sim, mas benévola. Numa comunidade, fundamentalmente cada membro é responsável de si mesmo, dos outros e do conjunto. Cada um é co-responsável das formas nas quais a comunidade se manifesta e se apresenta pra dentro e pra fora. Ninguém pode ou deve dar-se ares de grande senhor, dizendo: não tenho nada a ver com isso. Para ninguém, a evolução da comunidade é indiferente. É um direito de cada um falar algo, apresentar uma proposta ou uma crítica. Mas cada um tem também o dever de dar a sua opinião, de levantar a voz, diante de evoluções com as quais já não pode concordar. Ainda que talvez isso não sempre seja agradável, e que não seja o papel mais agradável dentro da comunidade, essa função não é renunciável e, talvez não seja menos importante do que o serviço tradicional da autoridade. Isso não tem a ver com uma crítica permanente ou com uma oposição contínua; é o contrário de eclipsar-se e criticar pelas costas; é uma expressão duma responsabilidade maior e duma participação leal no progresso do conjunto. “Eu também tomo a peito, o que no convento funciona bem ou mal.” O superior, o abade, aqui o prior de regimine, o responsável, aquele que serve mais ao bem do conjunto, - todos eles têm a missão do pastor, do guarda, do pai no sentido bom da palavra, que acompanha e encoraja, que coordena e dá estímulos. Ele precisa da lealdade e da crítica, da colaboração e da cooperação, do conselho dos conselheiros e da sugestão do confrade; ele precisa sobretudo, da aceitação e da discussão correta e direta. Antes da eleição, houve talvez muitos momentos de nervosismo, de polarização ou mesmo de dano; porém, depois da eleição deve vir a vontade para construir comunhão, colaboração, solidariedade e um novo começo. Falando com termos modernos, diriamos que o superior não constitui uma sociedade anônima chamada de “Eu”; ele é o animador de projetos duma sociedade chamada de “nós”. O superior não representa a Cristo, como acontece na concepção beneditina, onde se fala ao superior como “pai abade”. Segundo a nossa visão canonical, é o próprio Cristo que está no centro do convento, enquanto que o superior está no círculo dos irmãos, como “primus inter pares”, no mesmo nível, mas com uma função própria, a da direção. 19 Uma perspectiva Ao falar assim disso, sou bem consciente que, depois de 18 anos como prior de regimine, depois de 9 anos como abade, e agora como abade geral em Roma, eu nem sempre fiz justiça a essa forma descrita de ser superior. Não apresento esse modelo com arrogância, senão bem consciente de meus limítes. Apesar do bom propósito e da melhor vontade, o superior tam- pouco conseguirá corresponder sempre àquela imagem ideal do prelado, do superior, do guia e do animador. Não obstante, cada comunidade precisa de alguém, que faça da unidade e da prosperidade dela, sua ocupação e sua preocupação principal, sem prejuízo da co-responsabilidade de cada irmão. Gostaria de declinar uma palavra do Papa João Paulo, que exigiu a transformação da Igreja numa casa e numa escola da vida comum. É a tarefa do superior de transformar essa igreja de Montes Claros numa casa e escola de vida comunitária. Segundo aquele Papa, isso continua sendo o grande desafio, no começo deste século. Por todo o lado, percebemos os perigos para a comunidade. Aumentam os conflitos, as guerras e as situações penosas num mundo onde vão desaparecendo as distânçias (no duplo sentido). Está em jogo o fomento duma espiritualidade de comunidade. Nisso vejo a tarefa principal do superior: empreender tudo para fortalecer as forças centrípetas, juntar grupos de irmãos, fazer que a comunhão seja compreendida e experimentada, promover ou lançar novamente o diálogo entre os irmãos, precisamente porque aqui, na situação concreta de Montes Claros, alguns irmãos moram fora e, às vezes, estão sós na vida e no trabalho. + Penso aqui no grande desafio e na grande responsabilidade para com o grupo numeroso de juniores, que podem esperar a melhor educação e formação para uma vida canonical. Aqui, nesta casa, a missão e a função do mestre de noviços e juniores é particularmente importante; procura-se sobretudo uma competência espiritual do novo superior. + Penso na importância do centro espiritual da canonia e das comunidades formadas pelos que vivem na mesma casa: nessas comunidades, a vida comunitária deve ser treinada, cultivada e intensificada pelo capítulo da casa e da canonia. + Penso na importância da liturgia diária e da eucaristía celebrada cada dia na casa; penso na importância do silêncio e da contemplação, da leitura bíblica e da adoração, para criar ou conservar uma atmosfera conventual. + Penso no ensaio dum estilo de vida simples e sem pretensões para todos os irmãos, e numa administração econômica e financeira transparente, controlada pelo conselho e pelo capítulo canonical. + Tudo isso pertence ao papel convidativo, animador e incitador do futuro prior, exercido às vezes com insistência, mas sempre com caridade e paciência, com amabilidade e tenacidade. É a missão importante do superior, agir e intervir como construtor da comunidade, como representante da comunidade, como guarda e advogado da ‘comunhão’. Pois bem! Que a eleição seja séria, suportada pelo Espírito de Deus, uma feliz decisão, uma votação que olhe para o futuro, e que tenha condições para durar. Cada um de nós, e gente até de longe daqui, deseja à canonia de Montes Claros uma boa votação, um bom caminho. Muitos rezaram por isso. Comecemos então, com a ajuda de Deus! 20 MENSAGEM PARA O PRÓXIMO JUBILEU DE SÃO NORBERTO (1134 - 875 - 2009) 1. Festa de São Norberto No próximo ano, comemoraremos na Ordem o 875° aniversário da morte de nosso Fundador São Norberto, ocorrida em Magdeburgo, na quarta-feira da oitava de Pentecostes, aos 06/06/1134. A festa no dia 6 de junho de 2008, junto com o jubileu do próximo ano, oferecem uma boa oportunidade para debruçarmo-nos novamente, com profundidade, sobre o carisma e o espírito de São Norberto. 21 2. Aproximações 2.1 O nosso confrade da abadia de Averbode, Frans Daneels, que trabalha há mais de 20 anos na Cúria de Roma, foi nomeado bispo. Na sua sagração episcopal, o presidente da liturgia, o cardeal secretário de Estado Tarcisio Bertone, falou de nosso Fundador. Segundo ele, São Norberto honrava, e tinha em grande estima aos Papas de seu tempo. Durante a sua vida, Norberto prestou serviço a cinco Papas: Pascoal II (1099-1118), Gelásio II (1118-1119), Calixto (1119-1124), Honório II (1124-1130), que aprovou a fundação da “Ordem Monástica” de Norberto, e o Papa Inocêncio II (1130-1143), a quem Norberto, junto com São Bernardo, defendeu, contra do anti-papa1. O novo bispo Frans Daneels escolheu como divisa :”Spiritus tuus deducat me” (Que o teu Espírito me guie). O cardeal Bertone referiu-se à divisa, dizendo: “Se nós invocamos neste momento o Espírito de Cristo, aquele mesmo que animou e incitou São Norberto, é para que Ele apoie o novo bispo para continuar servindo à Santa Sé no setor delicado e importante da administração da jurisdição eclesial.2 2.2 Gostaria de indicar outra aproximação para o nosso tema. Depois da renovação da capela na nossa casa em Roma, um tapete mural sobrou; eu quis pendurá-lo em meu escritório. O original da imagem encontra-se no coro da igreja abacial de Tongerlo. Com uns toques de pincel, apresenta a São Norberto sentado num trono invisível, com três atributos: um cálice, um ramo de palmeira na mão e um báculo colocado atrás dele. O nome “São Norberto” encontra-se entre dois brasões. Por certo, as representações de São Norberto são inumeráveis. Essa da qual falamos aqui é clássica. Porém, ela evidencia uns elementos característicos de São Norberto. 3. São Norberto 3.1 o cálice O centro da imagem e da figura de São Norberto é marcado por um cálice dourado na mão direita do santo. O cálice com o Sangue de Cristo simboliza a eucaristia, chamada pelo Concílio Vaticano de “fonte e ápice da vida cristã”. Assim mostra-se o que constitui o centro na vida de Norberto e na nossa vida: é o Cristo, que entregou a sua vida para nós, que se dá como nosso alimento, que se torna fonte de vitalidade para nós. Acredita-se que depois da sua ordenação sacerdotal, Norberto celebrou diariamente a eucaristia, - uma prática excepcional naquele tempo. Com freqüência aconteceram curas e fatos extraordinários durante as celebrações. Norberto participou pela última vez da celebração, na festa de Pentecostes de 1134, um par de dias antes da sua morte. São pequenos indícios do fato que Norberto procurava com evidência viver a partir da eucaristia e conviver com o Senhor presente nas formas do pão e do vinho. Cada comunidade premonstratense vive e se constrói a partir desse centro. Cada círculo de irmãos premonstratenses encontra nessa celebração o seu centro, a sua força unificadora, e a sua fonte viva de contínua inspiração. 3.2 o báculo Por volta de 1120, São Norberto começou a guiar a nova comunidade, o “ordo novus” em Prémontré. Durante 8 anos, a partir de 1126, ele dirigiu como pastor e guia, a arquidiocese de Magdeburgo, situada no oriente do império. Ele é considerado como fundador e organizador da nova forma de vida canonial, marcada pela pobreza e pela vida comunitária. O báculo simboliza os dois: o seu impulso profético e a sua responsabilidade hierárquica. Em ambas as 1 2 Osservatore Romano 02.05.2008 ibidem 22 direções ele quis oferecer firmeza e orientação. Nos distintos níveis, até mesmo na política imperial, Norberto se dedicou à exigência fundamental de cada forma de governo: a de ser “fundador de comunidade”, e a de moderar e inspirar. Porém, os critérios para essa condução deduzem-se do Evangelho, do mesmo Jesus, das suas palavras e obras. Norberto quis colocar a sua vida sob a direção de Cristo, como diz o famoso dito: “solo Cristo duce” (“só sob a direção de Cristo”). Na sua conversão, ao cair do cavalo, Norberto falou: “Senhor, o que é que devo fazer?”. Essas palavras se tornaram a preocupação fundamental e a opção essencial da sua vida: procurar a vontade do Senhor, em cada situação, e nas circunstâncias mais distintas. Observam-se na vida de Norberto muitas rupturas e ímpetos: neles esconde-se, como componente básico, aquela procura da vontade divina e aquele anseio de deixar-se governar por ela. Em todas as fases da sua vida, ansiava da mesma maneira pela construção e pela renovação da Igreja. Fez isso primeiro pela conversão de seu coração e pela reforma de seu projeto de vida; posteriormente pelo impulso duma nova comunidade religiosa, pelo governo duma igreja diocesana, e pelo engagamento sem igual no nível mais alto da política eclesiástica. Em Norberto havia uma inquietação que não cessava, como disse uma vez Henri de Lubac. Impelido pelo Espírito e pelo amor enorme para com a Igreja de Jesus, Norberto procurava sempre novas formas concretas para a vida eclesiástica. 3.3 a Sede No tapete mural, Norberto está sentado, mas o trono ou a sede não se vê. A sua atitude é a daquele que preside, que ensina, que dá audiência, que entra em relação com outros e se comunica com eles. Através dessa imagem, lê-se em Norberto o tríplice serviço básico da Igreja: - a missão profética de ouvir e proclamar a palavra de Deus. Aqui ela é representada pela posição de quem ensina sentado na sede. - a missão de celebrar a liturgia e de santificar o mundo. Aqui ela encontra-se contemplada no cálice dourado. - a missão real de construir e de guiar a comunidade pelo amor. Aqui ela é indicada pelo báculo. Esta representação mostra como Norberto pode levar-nos para o centro de toda vida cristã e espiritual. A imagem nos leva a celebrar a entrega do Senhor até o fim, vivida na cruz e sempre presente na eucaristia. A imagem nos mostra Norberto como fundador e organizador de comunidade. Assim ele pode animar e nos inspirar na construção das nossas comunidades religiosas, superando sempre de novo tudo o que desune e tende a separar. Dessa maneira, se mantém a unidade de coração e da alma. A imagem nos mostra também que, pelo exemplo da sua vida, e especialmente pela sua grande dedicação à paz e à justiça, Norberto pode oferecernos orientação e mostrar-nos o caminho. 3.4 o ramo de oliveira Chegamos ao último atributo do tapete mural. São Norberto traz na mão direita um ramo da paz ou da vitória, como sinal dum projeto de vida resultado com êxito, e aceito por Deus. Ele nos remete também à sua maneira inteiramente engajada, e até às vezes lutadora, de se dedicar à reconciliação, ao compromisso e à paz em todo nível, até naquele da alta politica eclesiástica. Aqui Norberto aparece como “minister of peace and concord” (ministro da paz e da concórdia), como os nossos irmãos americanos gostam de chamá-lo. Por assim dizer, Norberto nos remete, com esse atributo, a uma missão: a de santificar primeiramente a nossa vida, a missão de converter-nos e de nos por em questão. Mas depois disso, a missão remetida por ele é também a de trabalhar sobretudo em pról dos outros, a missão de discutir, e se for necessário, de lutar por um mundo reconciliado, pela paz entre vizinhos, por um equilíbrio na 23 convivência, pela construção da comunidade e da igreja local, pela vitalidade e credibilidade das formas de vida da Ordem à qual pertencemos para sempre, e pelo bem de todos com os quais ficamos unidos no nosso ambiente e na nossa vida. Isso foi para São Norberto um serviço muito concreto e efetivo, vivido com todo o seu engagamento, com todo o seu coração, com toda a força da sua fé e carinho. Ele não se esquivou, nem cuidou de si. O que ele levava no cálice era o que ele pretendia viver: dar-se, doar-se, engagar-se como fez o Senhor. “Quem perde a sua vida em meu nome, a encontrará e dará muito fruto”. Isso não foi algo idílico ou amaciado! O evidencia a palma da vitória, pois é a palma levada na iconografia pelos mártires. O evidencia também “o cálice da salvação” com o Sangue precioso “derramado em favor de nós e de todos”: uma entrega até o fim. 4 Saudação Nessa festa de São Norberto, e mais ainda, para o próximo ano do jubileu, desejo aos confrades, muita alegria e força, nascidas da comunhão e do encontro mútuo. Sobretudo desejo-lhes inspiração, orientação e novo impulso despertado pela contemplação da vida, das obras e do exemplo de nosso fundador São Norberto. São Norberto, roga por nós. Roma, Pentecostes 2008 + Thomas Handgrätinger abade geral Carta do Abade Geral para o Côn. Ânderson Aguiar, por ocasião da sua ordenação sacerdotal. Rev. Cônego Ânderson Aguiar O. Praem. Priorado Nossa Senhora Aparecida e São Norberto Rua Lírio Brant 619 Melo Montes Claros (MG) Brasil Roma, 02.05.2008 Querido Padre Aguiar, Em primeiro lugar, agradeço-lhe cordialmente pela comunicação da sua ordenação sacerdotal que ocorreu no dia 25 de abril de 2008, na paróquia de São Norberto em Montes Claros. Lembro-me claramente que durante a minha visita em Montes Claros, celebrei com o Pe. João Batista, uma eucaristia bem participada naquela igreja. Muito me alegrei ao receber o seu convite e quero parabenizá-lo nesta ocasião. Por isso agora escrevo-lhe esta carta um pouco atrasada, mas de coração. Justifico o motivo do retardamento, pois só recebemos o seu convite apos a ordenação já realizada e, por último, estávamos bastante ocupados com a nomeação episcopal de nosso confrade Francisco Danneels. 24 Dessa maneira, escrevo hoje para expressar-lhe, na ocasião da sua ordenação sacerdotal, meus sinceros cumprimentos e felicitações. Você tomou a decisão de entregar-se totalmente ao serviço sacerdotal. Você assumiu isso após um profundo discernimento, chegando em fim a uma reflexão decisiva. O seu desejo tornou-se concreto: trabalhar para o povo como servidor de Cristo, atuando como um “outro Cristo”. Que o Senhor conceda a você, que foi chamado por Ele, a plenitude de seu Espírito, a força de seu amor para os homens, a disponibilidade para levar-lhes a Boa Nova que é a mensagem pascal. É uma mensagem de paz, de alegria e de vida. Você recebeu a ordenação para tornarse sempre disponível no futuro, como testemunha ativa da ressurreição, que não se cansa. Que o Senhor o acompanhe e fique a seu lado. Deus lhe conceda prudência, a satisfação vinculada a essa nova missão, e a capacidade de sentir a alegria e o sofrimento do povo. Que pela graça de Deus, você encontre alegria nesse grandioso serviço de anunciar a salvação em nome de Cristo e, de ser o mediador daquela promessa divina salutar pelos sacramentos. A celebração da liturgia é para nós Premonstratenses, uma tarefa grandiosa. O bispo suíço Kurt Koch formulou uma vez da maneira seguinte a essência e a significação da liturgia: “ A liturgia constroi diariamente aqueles que estão nela, para se tornar um templo santo em Deus, para se tornar uma morada de Deus no Espírito....e para aqueles que estão fora, ela (a liturgia) apresentará a Igreja como um sinal colocado em meio das nações.” Com estas palavras expressa-se a dupla orientação significativa da liturgia: a interior e a exterior. Diariamente, toda celebração litúrgica deve cumprir essa tarefa: a construção interna (a contemplação) e a missão para fora (a ação). Então, querido irmão, desejo-lhe que, sendo sacerdote do Senhor, o seu trabalho se torne fecundo tanto para dentro como para o exterior. Você e seus familiares estarão presentes nas minhas orações, como evidentemente também toda a comunidade de Montes Claros. Parabéns! + Thomas Handgrätinger Abade geral Carta do Abade Geral para o Côn. Elâneo Clay, por ocasião da sua ordenação diaconal. Ao Côn. Elâneo Clay Santos Priorado Nossa Senhora Aparecida e São Norberto Rua Lírio Brant, 619 Melo Montes Claros – MG Brasil Roma, aos 13/06/08 (Santo Antônio) 25 Querido Cônego Elâneo, Com muita alegria recebi a comunicação e o convite para a ordenação diaconal, no dia da festa de São Norberto. Infelizmente, devido às muitas viagens, não consegui escrever e felicitar a você no tempo apropriado. Quero fazê-lo agora, enviando-lhe de Roma, sinceras felicitações e bênçãos, também em nome da comunidade aqui, e especialmente do Pe. Cirilo e do reitor Estevão, e da Regat. Agora você foi ordenado diácono, e deu o seu “sim” durante a ordenação, para colocar-se inteiramente ao serviço da Igreja e do povo de Deus. Depois da sua profissão solene, pela qual você se entregou a Deus e à comunidade de Montes Claros, você aceitou o serviço da palavra e da mesa para o povo que crê em Deus. Isso implica proclamação e preocupação com as pessoas que padecem necessidade: sejam os seus irmãos, ou em todo caso, as pessoas que serão confiadas a seu cuidado e à sua caridade. Pela ordenação você recebeu os dons do Espírito Santo. Ele não é um Espírito de desalento, mas de força, de caridade e de esperança. Que Ele encha o seu coração e acompanhe toda a sua atividade e seu empenho. Alegra-me muito que você se decidiu a aceitar esse serviço, e a dar o passo que vai conduzi-lo à ordenação sacerdotal, durante este ano mesmo. Ouvi que lhe foi pedido de assumir a responsabilidade especial da formação espiritual dos irmãos jovens. Aí você terá a possibilidade de transmitir algo de seu talento, da sua fé e da sua convicção. Nestes dias, tenho lido o que São Policarpo (+ cerca do ano 150) falou do diaconato, na sua carta aos Filipenses: “Os diáconos se mantenham de maneira irrepreensível diante da justiça de Deus. São servidores de Deus e de Cristo, e não dos homens: sem calúnia, sem ambigüidade, sem avidez, continentes em todo sentido, misericordiosos e solícitos. Eles imitarão a verdade do Senhor, que se tornou o servidor de todos!” É isso o que lhe desejo: manter-se assim diante da justiça de Deus, e viver imitando a verdade do Senhor. Em união com você e com toda a comunidade (- Hoje é festa do padroeiro do Prior Toninho: parabéns!). Fico feliz e agradecido pela sua disponibilidade para assumir o diaconato, e enviolhe saudações carinhosas + Thomas Handgrätinger Abade geral III NUESTRAS CONSTITUCIONES El abad José Wouters estudió en Roma espiritualidad y el derecho canónico. No hemos recibido su texto para este número. 26 IV ARTIGOS e RELATÓRIOS - ARTÍCULOS e INFORMES BREVE COMENTÁRIO SOBRE A INSTRUÇÃO “O SERVIÇO DA AUTORIDADE E A OBEDIÊNCIA” A Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, publicou dia 28 de maio de 2008, uma instrução dirigida principalmente aos membros de Institutos religiosos (Ordens e Congregações), consagrados pelos votos de pobreza, castidade e obediência. O texto de 50 páginas aborda o tema da obediência religiosa, cuja raiz é vista na procura de Deus e de sua vontade, assumida pelos fiéis. “A obediência cristã e religiosa não se configura simplesmente no cumprimento de leis ou disposições eclesiásticas ou religiosas, mas no momento de um percurso de busca de Deus, que passa através da escuta da sua Palavra, na conscientização sobre seu desígnio de amor, na experiência fundamental de Cristo, obediente por amor até a morte de cruz”, esclarece a congregação. A autoridade na vida religiosa deve ser interpretada neste contexto como ajuda à comunidade para buscar e realizar a vontade de Deus. A obediência não se justifica a partir da autoridade religiosa, porque todos na comunidade, e principalmente a autoridade, são chamados a obedecer. Assim, a instrução enquadra a autoridade no âmbito do compromisso grande e comum da obediência. E se conclui enfrentando o delicado tema das “obediências difíceis”, isto é, quando religiosos(as) têm dificuldades em cumprir o que lhes é pedido, ou quem deve obedecer alega ver “coisas melhores ou mais úteis à sua alma do que aquelas que o superior lhe ordena”, para usar as palavras de São Franscisco citadas na instrução. O documento acena também à possibilidade da “objeção de consciência”, ou seja, o direito de quem obedece. Enfim, enfrentando os aspectos mais problemáticos da questão da obediência, a instrução recorda antes de tudo que a obediência na vida religiosa pode gerar momentos difíceis e situações de sofrimento. Mais as dificuldades não residem somente em quem deve obedecer... A autoridade pode tembém passar por momentos de desânimo e fadiga, que podem levar a atitudes de renúncia ou omissão no exercício da orientação e animação da comunidade. Tudo isso, explica o documento, pode ser entendido com uma sábia leitura de fé com a prática da obediência e, do exercício da autoridade apresentada como a “meditação humana” da vontade de Deus. Isto, porém, não significa que a vontade superior coincida perfeita e automaticamente com a vontade de Deus: é um instrumento, caracterizado, como toda realidade humana, por limites e erros. Por um lado, o documento tem uma serena e motivada exortação à obediência, e por outro, oferece um amplo e articulado conjunto de indicações para o exercício da autoridade. Trata por exemplo, do convite à escuta, ao diálogo, a compartilha, à co-responsabilidade, a criar comunhão apesar das diversidades, a tratar as pessoas com misericórdia. Também são indicadas as prioridades no exercício da autoridade: a atenção à vida espiritual da comunidade e dos fiéis; a garantia de qualidade e de horários dedicados à oração, a promoção da dignidade da pessoa, e ainda o acompanhamento no caminho da formação permanente, entre outras. As comunidades religiosas merecem destaque especial no documento: diante da excessiva acentuação do espírito comunitário, presente em algumas Ordens, precisa-se que “o discernimento comunitário não substitua a natureza e a função da autoridade, a quem cabe sempre a decisão final”. 27 Com efeito, não se pode esquecer que a mais alta autoridade no âmbito dos Institutos e Ordens religiosas é o próprio capítulo geral, órgão de caráter colegial. Recordando-se sempre que tanto a obediência quanto a autoridade têm uma relação peculiar com Jesus, Senhor e Servo de todos os homens e mulheres de boa vontade. JUBILEU DA INAUGURAÇÃO DA CAPELA DO SEMINÁRIO DE PIRAPORA (1928 – 2008) Côn. Godofredo Chantrain O. Praem No dia 07 de abril de 1926, festa do Beato Herman José, foram abertos os alicerces da Capela de Nossa Senhora Mediadora, que foi primeira neste título. O cronista preferiu grifar assim, à insinuação de Dom Duarte Leopoldo e Silva: outros dizem "Medianeira". Certo que Nossa Senhora, segundo a tradição da Ordem Premonstratense antiqüíssima, é patrona principal de muitas igrejas e capelas da Ordem. A bênção da Primeira Pedra fora aos 22 de maio do mesmo ano, vigília da Festa de Pentecostes e aniversário da sagração de Dom Duarte Leopoldo e Silva, Arcebispo de São Paulo, que delegou poderes a Dom Abade para oficiar naquela cerimônia. Desde à véspera fora plantada a Cruz, onde seria o altar-mor. Seguiu-se integralmente o Pontifical Romano: "Benzeu-se o sal, a água, o lugar do futuro altar-mor, a pedra angular antes e depois de colocada nos alicerces e enfim os mesmos alicerces, observando-se pontualmente o canto das Ladainhas e dos Salmos e as três estações." Foi lida a ata e assinada por Dom Abade, Fr. Aldericus Lambrechts (O.Praem), pelos Cônegos, convidados e alunos: “Calaram fundo no ânimo dos seminaristas os grandiosos ritos usados na preparação da futura casa de Deus. Aprenderam eles da linguagem materna da Santa Igreja o procedimento dos verdadeiros ministros de Jesus Cristo, templo, altar e pedra angular da nossa divina religião. O Côn. Evermodo Sak fiscalizou os trabalhos desde o início até sua final conclusão. Disto sou testemunha, por vê-lo sempre neste mister importante com alta competência, e ao lado dele o Irmão André Peeten nos serviços construtivos.” Assim, escreveu o comentarista no diário do seminário. O que marcou profundamente o ano de 1928 foi a inauguração da Capela de Nossa Senhora Mediadora e de São Norberto no centro do seminário. Marco indelével do Abade Dom Alderico Lambrechts. Na véspera da festa da Ascensão do Senhor, 16 de maio de 1928, ocupou-se provisoriamente a Capela: Dom Alderico Lambrechts levou pessoalmente em procissão o SS. Sacramento para a nova capela, em que se realizaram as rezas solenes em honra do Santíssimo Sacramento. Igualmente foram penduradas nas paredes as quatorze estações da Via Sacra da capela anterior, cujas imagens foram esculpidas pelo artista belga Gustaaf Goethyn, que trabalhou muitos anos na Abadia de Averbode. As estações tinham sido trazidas da Bélgica e foram 28 bentas em 1924 por Dom Alderico Lambrechts para a primeira capela provisória. As próprias molduras pertencem ao acervo artístico de nosso artista, o Irmão José Withofs. A Benção Solene da Capela se realizou na festa de São Norberto, dia 10 de julho, pelas 07:00h da manhã por Dom Duarte Leopoldo e Silva, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, que celebrou a Missa conventual. Os cânticos litúrgicos foram executados pelos Srs. Cônegos Premonstratenses e os Srs. Seminaristas da "Schola Cantorum" deste seminário. Pontificou, no dia 11, Solenidade da Festa de São Norberto, Dom José Carlos de Aguirre, bispo de Sorocaba, e pregou Côn. Fabiano de Barros, sobre o apostolado interno e externo de São Norberto, aplicando-lhe o elogio de São João Batista, feito por Jesus Cristo: " Ille erat lucerna ardens et lucens. " - " Facho luminoso que ardia. ". Pe. Armando Lacerda, Diretor espiritual do Seminário do Paquetá - Rio de Janeiro, convidado para o sermão, por motivo de força maior não pode vir do Rio de Janeiro. E assim, a Capela está praticamente terminada. Em janeiro de 1928 foi colocado o riquíssimo altar de mármore das mais variadas e harmoniosas cores. Citamos um trecho do artigo do "Correio Paulistano "de 13 de julho de 1928: "A linda igreja, na parte interna do Seminário é bastante espaçosa, pois tem as seguintes dimensões; 28 metros de cumprimento, 16 metros de largura na nave central e 32 metros de largura no braço cruzeiro. Obedece ao rigoroso estilo gótico-bizantino. O altar e a capela mor são admiráveis obras de escultura, devido ao talento artístico dos professores Bertozzi e Pelliciotti. Todo de mármore, com relevos de legitimo ônix e de bronze, oferece o principal altar do novo templo um aspecto surpreendente. Lindos mosaicos de Carará de tonalidades diversas, realçam mais ainda a grandiosidade do conjunto. Os altos relevos são obras de raro valor, assim, por exemplo, o da "Cruzada Eucarística”, no alto do arco cruzeiro e o de "São Norberto, recebendo das mãos de N. Senhora o hábito branco (lado esquerdo) e o da "Aprovação da Ordem pelo Papas Honório II aos 16 de fevereiro de 1126 (lado direito). É de se admirar também, no frontal do altar mor, o alto relevo da efígie do Cordeiro Imaculado”. Em outubro de 1929 o Irmão José Withofs colocou as artísticas estalas no lado direito e o magnífico púlpito de madeira esculpida, plantado no coro da Capela e estreado no jubileu episcopal de Dom Duarte Leopoldo e Silva em festa promovida no seminário. Em outubro de 1930 tanto as estalas do lado esquerdo como também a mesa de Comunhão, que separa o coro da nave da capela, iam em franca finalização, sendo igualmente trabalhos do Irmão José Withofs, verdadeiro artista. Em abril do ano de 1932 fulgiu o zimbório artístico do altar-mor, o retábulo e os nichos para imagens, todos a cargo do Irmão José, quer dizer, total embelezamento da capela para a Festa de São Norberto. Na capela os adornos e trabalhos artísticos continuavam a cargo do Irmão José Withofs, que teve vários auxiliares, entre eles o Irmão Lourenço Aerts. Em junho de 1933 o Irmão José ia terminando as magníficas obras de arte primorosa: do altar de São Norberto enquanto em setembro do mesmo ano foi remodelado o antigo altar de Nossa Senhora, seguindo as proporções do altar de S. Norberto. Este altar de Nossa. Senhora fora confeccionado por ele no colégio do Espírito Santo em Jaguarão, RGS, e estava na capela antiga do seminário. Para concluir os últimos trabalhos do imponente altar-mor, colocaram-se seis anjos nos nichos. Igualmente foi colocada no meio do coro uma estante artística, servindo de cátedra para os cantores. Nos anos de 1952 a 1958, sob o impulso de Côn. Gregário Laureys (1907-1985), então Superior dos Institutos Averbodienses no Brasil, o Irmão José Withofs confeccionou várias obras para embelezar a capela. Ao terminar citamos as palavras do Prof. Francisco Silveira Bueno na sua homenagem ao Irmão José Withofs, o artista que deixou obras maravilhosas na capela do Pirapora: “Vós, leitores destas linhas, que sonhais com criações artísticas, que sentis também dentre de vós essa luz interior da inspiração, ide a Pirapora do Bom Jesus. subi ao alto da colina onde se 29 ergue o seminário, entrai em sua igreja gótica e ficai vendo, observando, admirando o que puderam fazer essas mãos do grande escultor que foi o Irmão José. Lá estão os altares, os púlpitos, os candelabros, a mesa da comunhão, o trono do Abade, as estalas dos cônegos, a venerável cruz das procissões, o extraordinário castiçal do círio pascal, tudo maravilhosamente trabalhado, nessa profusão espiritual de anjos, de santos, de virgens consagradas aos altares, de flores, de folhagens, todo um mundo interior de visões celestes que rumorejava nessa alma de artista que, antes de ser artista, foi santo.” Pirapora do Bom Jesus, 06 de junho de 2008. BOAS-VINDAS AO DOM JOS WOUTERS, 52º ABADE DA ABADIA DE AVERBODE. Côn. Godofredo Chantrain O. Praem (Único Averbodiense ainda no Brasil) Nesta segunda quinzena do mês de janeiro, Dom José Wouters está visitando, pela primeira vez, seus confrades premonstratenses, que atuam nas casas da canonia (província) de Jaú e que estão localizadas no Estado de São Paulo. Dom José é o novo abade, eleito em 2006, da abadia premonstratense localizada em Averbode no norte da Bélgica na região flamenga, que foi ainda fundada, em 1134, pelos primeiros discípulos de São Norberto, 1080-1134. Essa abadia, como se vê pela data da fundação, celebrará em 2009 os 875 anos de sua existência. Foi essa abadia, que sob o impulso do seu então abade, Dom Gumaro Crets, 1887-1942, enviou seus primeiros religiosos em missão ao Brasil, onde aos 26 de dezembro de 1896 chegaram em Pirapora do Bom Jesus. Aí assumiram a direção do Santuário do Senhor Bom Jesus e se estabeleceram lentamente em vários locais do Estado de São Paulo. Durante 82 anos de 1896 a 1978 essa abadia enviou seus religiosos ao Brasil e dirigiu as atividades dos “Institutos Averbodienses no Brasil”. Dom Gumaro Crets, o abade fundador, veio pessoalmente entusiasmar seus confrades, ainda no fim do século XIX, em 1899 e também nos anos de 1909 e 1920. Nessa última viagem trouxe como secretário Côn. Emanuel Gisquière, que lhe sucederá em 1942 como 490 Abade de Averbode. Dom Emanuel Gisquière visitou, durante seu abaciado de 1942 a 1966, cinco vezes a “Terra de Santa Cruz” para animar o orientar seus súbditos. Era um religioso, que gostava muito do Brasil e falava fluentemente a língua portuguesa. Em 1967 Dom Conrado Stappers, como 500 Abade de Averbode, tomou nas mãos as rédeas da abadia e introduziu na vida religiosa as exigências e adaptações do Concílio Vaticano II. Quase cada dois anos durante seu abaciado de 1967 a 1987 fazia a travessia por via aérea e visitava os seus confrades aqui no Brasil. Graças aos esforços dele as casas premonstratenses no Brasil, já governadas pelo Superior da casa de Jaú, mas ainda dependentes de Averbode, alcançaram a independência aos 16 de janeiro de 1979. Esse fato marcante na História da Ordem no Brasil deu a Dom Conrado Stappers e a todos seus sucessores, como abades de Averbode, o título de “Pater Abbas Canoniae Jauensis”. Tanto Dom Conrado Stappers como seu sucessor Dom Ulric Geniets, que dirigiu a abadia de Averbode de 1987 a 2005, continuaram suas visitas às casas da canonia (província) de Jaú, pois uma boa parte dos religiosos belgas, pertencentes à Abadia de Averbode continuaram aqui à disposição da recém fundada canonia. 30 O novo Abade, Dom José Wouters, 520 Abade de Averbode, de cuja abadia há ainda um confrade operando no Brasil, vem conhecer as obras realizadas por seus confrades durante esses 110 anos. Dom José Wouters nasceu em Wilrijk, perto de Antuérpia, Bélgica, em 1959. Entrou na abadia em 1978, onde fez profissão religiosa e foi ordenado presbítero em 1986. Quando, aos 08 de fevereiro de 2006 foi eleito Abade de Averbode, era, e é ainda, na Arquidiocese da Malinas-Bruxellas Juiz de Direito Canônico no Tribunal Eclesiástico e colaborador na recepção de pessoas, que solicitam um exorcismo. Além disso, é Docente de Direito Canônico, de Teologia Ecumênica e de Espiritualidade na Faculdade Teológica das Abadias Premonstratenses da Bélgica. Também tem vários outros cargos na própria Ordem. Dom José Wouters estará na abadia de Jaú de 19 a 23 de janeiro e em seguida visitará a casa de Piracicaba nos dias de 23 a 24 de janeiro. Nos dias 25 a 27 passará na casa de Pirapora e depois irá à casa de Jardim Europa, na capital nos dias 27 a 30. Após uma rápida volta à abadia de Jaú, para assistir a Cerimônia da profissão religiosa de dois jovens confrades, voltará a São Paulo, onde embarcará aos 04 de fevereiro rumo a Bélgica. Desejamos a Dom José Wouters uma feliz e próspera estadia em terras Brasileiras no meio de seus confrades e de todo o povo confiado aos cuidados deles e uma tranqüila viagem de volta a sua pátria. Pirapora do Bom Jesus, 20 de janeiro de 2008. V PASTORAL VOCACIONAL SOMOS CHAMADOS A SER DISCÍPULOS E MISSIONÁRIOS. O apelo incessante que atrai uma pessoa levando-a a abraçar determinado serviço, a realizar alguma coisa da qual gosta, é definido no âmbito da fé como Deus. Isso mostra que só é possível compreender perfeitamente a vocação em uma dimensão de vida alimentada pela 31 fé. Melhor dizendo: a vocação só pode ser entendida teologicamente, pois é uma realidade escatológica, em vista de um bem eterno e definitivo. Teológicamente falando, a vocação é o chamado de Deus dirigido a todo ser humano, seja em particular, seja em grupo, em vista da realização de uma missão ou serviço em favor da comunidade. Como tal, atinge todos os seres humanos, pois todos são convocados por Deus, que "deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade" (1Tm 2,4), Deus "nos escolheu em Cristo para sermos em amor santos e imaculados a seus olhos" (Ef 1,4). A vocação de toda criatura, especialmente a do homem, consiste em concretizar o plano de Deus delineado por aqueles dons que o Criador depositou nele. A vocação não é algo humanamente criado. Ela descobre-se como ser vocacionado, chamado por Deus. É Deus quem toma a iniciativa de chamar. O ser humano deve apenas responder a esse chamado. Não cabe a ela começar o diálogo, mas apenas acolher o convite, o apelo divino: "Vós não me escolhestes a mim, eu vos escolhi a vós e vos destinei para irdes dar fruto; e para que vosso fruto permaneça" (Jo 15,16). Como resposta ao chamado de Deus, a vocação deve inclinar-se na perspectiva do serviço. Ela requer doação, disponibilidade, entrega. E essa prontidão muitas vezes quer dizer renúncia a tendências e desejos bons. Renunciar não só a contravalores, mas também a valores, a qualidades, a aptidões. Com freqüência, diante dos apelos de Deus, das necessidades de uma comunidade, a pessoa é chamada a ir muito além da simples aptidão. Terá de superar certas inclinações e gostos pessoais para dar resposta coerente e eficaz ao chamado de Deus. Se entendesse a vocação simplesmente como aptidão, tendência terminaria até mesmo por trair o projeto de Deus. A predominância do chamado fica mais evidente quando relacionada à missão. Segundo a Bíblia, o elemento central da vocação é a missão. Quando Deus chama alguém, chama-o para uma missão, para fazer alguma coisa em função de uma pessoa ou de uma comunidade. A missão é sempre um encargo. Ninguém escolhe uma missão, sempre a recebe de Deus. E, muitas vezes, para ser fiel a Deus e cumprir com fidelidade a missão, a pessoa precisa renunciar aos seus gostos pessoais e aptidões. Isso aparece de forma bem clara nos chamados relatos de vocação (Cf. Ex 3,1-15; Is 6,1-13; Jr 1,1-12; Lc 1,26-38). Neles "não é a pessoa que está em evidência". Tanto menos suas aspirações ou seus projetos. Não é nem mesmo sua relação com Deus. O centro mesmo é a missão, a tarefa que Deus escolheu. É isso que determina a ‘vocação'. É daí que decorrem todas as conseqüências. A centralidade da missão, que mostra a vocação como serviço, diz muito claramente que a vontade de Deus é algo irresistível. No início pode haver resistências, mas aos poucos quem está sendo vocacionado, isto é, convocado, termina por aceitar a proposta de Deus. Essa aceitação pode ser tão radical que a pessoa é capaz de abandonar completamente seus projetos e interesses pessoais, pois é chamado a ser Discípulo e Missionário. Assumamos então, esse compromisso, ao qual, recebemos no sacramento batismal e, o confirmamos ao longo de nossas vidas. E com especificidade, tornando-se testemunhas vivas do Evangelho a exemplo de nossos pais São Norberto e Santo Agostinho. Abbaye Notre Dame de Leffe, 29 de junho de 2008. “Solenidade de São Pedro e São Paulo” Ir. Michael Johnny 32
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