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XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA
ZOOTEC 2015
Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia
Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015
Índices hematimétricos de tartaruga-de-orelhas-vermelhas (Trachemys scripta elegans) criadas em
cativeiro após vida livre no Brasil1
Hematometric values in Red-eared Slider (Trachemys scripta elegans) maintained captive after freeranging in Brazil.
Aline da Costa Constantino2, Manueli Menezes de Queiroz3, Viviane Nunes Souza Barreto4, Isabelle
Caroline Pires5, Amanda Karoline Rodrigues Nunes6, Andrezza Cavalcanti de Andrade7, Marcelo
Domingues Faria8, Adriana Gradela9
1
Parte do Projeto de Pesquisa “Caracterização molecular e sensibilidade a antimicrobianos de cepas bacterianas encontradas em
Trachemys scripta elegans (Wied,1839) do ultimo autor.
Colaborador, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde e Biológicas- UNIVASF, Petrolina, PE, Brasil.
3,6,7
Colaborador, Discente do Colegiado de Medicina Veterinária, UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO
(UNIVASF), Petrolina, PE, Brasil.
4
Colaborador, Veterinária Autônoma do Laboratório de Análises Clínicas Veterinário - ALPHA, Petrolina, PE, Brasil.
5
Colaborador, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal - UNIVASF, Petrolina, PE, Brasil. e-mail:
[email protected]
8
Colaborador, Professor Adjunto do Colegiado de Medicina Veterinária, UNIVASF; Petrolina, PE, Brasil.
9
Coordenador do Projeto, Professor Adjunto do Colegiado de Medicina Veterinária, UNIVASF, Petrolina, PE.
2
Resumo: A avaliação do estado de saúde de tartarugas, tanto para manutenção de animais saudáveis em
cativeiro, para reabilitação de indivíduos de vida livre e utilização para fins científicos ou “pets”, requer
estudos sobre avaliação hematológica, cuja comparação dos dados entre espécies é limitada. Objetivou-se
avaliar os índices hematimétricos de tartarugas Trachemys scripta elegans mantidas em cativeiro após vida
livre. Vinte e cinco tartarugas, clinicamente saudáveis após adaptação ao cativeiro, tiveram 2,5 mL de sangue
coletado do seio venoso cervical após 24 horas de jejum. O sangue foi depositado em tubo heparinizado para
determinação dos valores hematimétricos estabelecidos matematicamente à partir das variáveis do
eritrograma: volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM) e concentração de
hemoglobina corpuscular média (CHCM). O VCM foi de 39,89 + 13,56 fL, a HCM de 13,30 + 4,49 pg e a
CHCM de 33,39 + 0,19%. Os resultados sugerem que Trachemys scripta elegans possui hemácias menores e
com menos hemoglobina do que Chelonia mydas e Caretta caretta, enquanto que a concentração de
hemoglobina presente nas hemácias variou dependendo do autor, demonstrando a importância de se
estabelecer valores de referência para cada espécie para dar respaldo científico aos estudos e também às
comparações interespécies.
Palavras–chave concentração de hemoglobina corpuscular média, hemoglobina corpuscular média, volume
corpuscular médio.
Abstract: Assessing the state of health of turtles, both for maintaining healthy animals in captivity,
rehabilitation as free-living individuals, and use for scientific purposes or "pets", requires studies of
hematologic evaluation, because the comparison of data between species is limited. Aimed to evaluate the
hematometrics values Trachemys scripta elegans turtles kept in captivity after free-ranging. Twenty five
turtles, clinically healthy after adaptation to captivity, had collected 2.5 mL of blood from the cervical venous
sinus after 24 hours of fasting. The blood was deposited into heparinized tube for determination of
hematometric values mathematically established from erythrogram variables: mean corpuscular volume
(MCV), mean corpuscular hemoglobin (MCH) and mean corpuscular hemoglobin concentration (MCHC).
The AGV was 39.89 + 13.56 fL, the MCH of 13.30 + 4.49 pg and MCHC of 33.39 + 0.19%. The results
suggest that Trachemys scripta elegans has lower red blood cells and less hemoglobin than Chelonia mydas
and Caretta caretta, while the concentration of hemoglobin present in red blood cells varied depending on
the author, demonstrating the importance of establishing reference values for each species to give scientific
support to studies and also to interspecies comparisons.
Keywords: mean corpuscular hemoglobin; mean corpuscular hemoglobin concentration, mean corpuscular
volume.
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Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia
Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015
Introdução
Para o entendimento da saúde de uma população é necessário o conhecimento de aspectos sanitários
em quelônios, dos quais fazem parte análises como hemograma e bioquímica sérica, cujos parâmetros podem
ser alterados por mudanças no habitat, introdução de espécies invasoras, poluição ambiental, uso
insustentável e mudança climática global. Ademais, estudos hematológicos são de grande destaque para a
avaliação do estado de saúde em tartarugas mantidas em cativeiro, reabilitação de indivíduos à vida livre,
utilização para fins científicos ou como “pets” e também para estabelecimento de perfis sanguíneos de base
para populações ameaçadas de extinção (Pires et al., 2006). A despeito disso, embora as amostras sanguíneas
sejam de grande valor diagnóstico em investigações clínicas em répteis, na medicina herpetológica a
patologia clínica é uma área ainda insipiente havendo poucos trabalhos para comparação.
Quando o VCM está elevado significa que as hemácias estão grandes ou macrocíticas e quando
reduzido as hemácias estão de tamanho diminuído ou microcíticas. Quando as hemácias têm poucas
hemoglobinas, elas são ditas hipocrômicas e o HCM está diminuído e quando as hemácias têm muitas
hemoglobinas são ditas hipercrômicas e o HCM está aumentado. O CHCM permite a avaliação do grau de
saturação de hemoglobina no eritrócito, quando a saturação está normal índica a presença de hemácias ditas
normocrômicas, quando diminuída as hemácias são denominadas hipocrômicas e, quando aumentadas,
hipercrômicas .
A Trachemys scripta elegans (Wied, 1839), conhecida como tartaruga-de-orelhas-vermelhas, é uma
tartaruga subaquática nativa da América do Norte que se distribui do leste dos Estados Unidos até o nordeste
do México (Ernst & Barbour, 1989 apud Vieira & Costa, 2006). No Brasil esta espécie é exótica e a mais
comercializada, embora sem o devido controle das autoridades. Quando crescem deixam de ser atrativas
como “pets” sendo, então, soltas em lagos, rios e corpos d´água onde se tornam uma ameaça à biodiversidade
local devido à natureza predadora, larga faixa de adaptação climática e generalidade no uso de habitat e
alimentos, podendo causar a extinção de espécies nativas (Vieira & Costa, 2006).
Diante do exposto, este estudo objetivou descrever os índices hematimétricos de tartarugas Trachemys
scripta elegans capturadas e posteriormente criadas em cativeiro, visando disponibilizar respaldo científico
para a carência de informações nesta espécie exótica e também comparações interespécies.
Material e Métodos
Foram utilizadas 25 tartarugas Trachemys scripta elegans (Wied, 1839) capturadas no Parque
Ecológico do Tietê, São Paulo – SP e transportadas ao Campus de Ciências Agrárias da Universidade Federal
do Vale do São Francisco, Petrolina, PE onde foram criadas em cativeiro. Este estudo foi aprovado pelo
Comitê de Ética e Deontologia em Estudos e Pesquisas (CEDEP) da UNIVASF (protocolo nº 0001/130314).
Após quatro meses de adaptação ao cativeiro, os animais clinicamente saudáveis, considerando-se a
condição corporal, presença de ectoparasitas, tumores e lesões cutâneas, foram submetidos à coleta de sangue
após 24 horas de jejum. Após contenção física aproximadamente 2,5 mL de sangue foi coletado do seio
venoso cervical utilizando-se seringas de 3,0 mL e agulhas 40X12 descartáveis. O sangue foi imediatamente
depositado em tubos heparinizados para a avaliação, na sequência, dos índices hematimétricos no
Laboratório de Análises Clínicas Veterinário - ALPHA, Petrolina, PE. As contagens totais de eritrócitos
(ERIT) foram realizadas de modo manual utilizando-se câmera de Neubauer. A partir das variáveis do
eritrograma foram estabelecidos matematicamente os índices hematimétricos: volume corpuscular médio
(VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM) e concentração de hemoglobina corpuscular média
(CHCM).
Resultados e Discussão
Como não existem valores de referência para tartarugas este trabalho visou contribuir neste sentido
apresentando os valores observados em tartarugas Trachemys scripta elegans (Tabela 1).
Os valores de VCM e de HCM foram muito inferiores aos descritos na literatura em outras espécies
de tartarugas. Em Chelonia mydas Aguirre et al. (1995) apud Pires et al. (2006) obtiveram valores médios de
725,00 ± 312,35 fL e 198,18 ± 83,52 pg, VCM e HCM, respectivamente, e Santos et al. (2009) de 743,20 ±
123,90 fL e 255,60 ± 56,90 pg. Em Caretta caretta Pires et al. (2006) apresentaram valores de 1.214,36 ±
131,99 fL e de 317,12 ± 38,66 pg para VCM e HCM, respectivamente, enquanto que Cubas & Baptistotte
(2006) observaram 1.106,20 ± 413,10fL e 315,90 ± 93,40 pg.
Os valores de CHCN foram superiores (27,50 ± 1,25%, Aguirre et al., 1995 apud Pires et al., 2006)
ou semelhantes (34,40 ± 5,40%, Santos et al., 2009) aos de Chelonia mydas, enquanto que em relação à
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Caretta caretta os valores deste estudo foram superiores aos de Pires et al. (2006) (26,10 ± 1,21%) e
semelhantes aos de Cubas & Baptistotte (2006) (29,5 ± 4,90%).
Tabela 1 - Índices hematimétricos de Trachemys scripta elegans capturadas no Parque Ecológico do Tietê,
São Paulo, SP e criadas em cativeiro em Petrolina, PE. 2014/2015
VCM
HCM
CHCM
Parâmetros
(fL)
pg
(%)
T. scripta elegans
39,89 + 13,56 13,30 + 4,49
33,39 + 0,19
VCM= volume corpuscular médio; HCM= hemoglobina corpuscular media;
CHCM= concentração de hemoglobina corpuscular média.
Conclusões
Os resultados sugerem que Trachemys scripta elegans possui hemácias menores e com menos
hemoglobina do que Chelonia mydas e Caretta caretta, enquanto que a concentração de hemoglobina
presente nas hemácias variou dependendo do autor, demonstrando a importância de se estabelecer valores de
referência para cada espécie para dar respaldo científico aos estudos e também às comparações interespécies.
Literatura citada
CUBAS, P.H.; BAPTISTOTTE, C. Chelonia (tartaruga, cágado e jabuti), In: CUBAS, Z.S.; SILVA, J.C.R.;
CATÃO-DIAS, J.L. Tratado de Animais Selvagens: Medicina Veterinária. São Paulo: Roca, 2006. p. 86119.
PIRES, T.T.; ROSTAN, G.; GUIMARÃES, J.E. Hemograma e determinação da proteína plasmática total de
tartarugas marinhas da espécie Caretta caretta (Linnaeus, 1758), criada em cativeiro, Praia do Forte,
Município de Mata de São João – Bahia. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science,
v.43, n.3, p.348-353, 2006.
SANTOS, M.R.D.; FERREIRA, L.S.; BATISTOTE, C.; GROSSMAN, A.; BELLINI, C. Valores
hematológicos de tartarugas marinhas Chelonia mydas (Linaeus, 1758) juvenis selvagens do Arquipélago de
Fernando de Noronha, Pernambuco, Brasil. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal
Science, v.46, n.6, p.491-499, 2009.
VIEIRA, C.S.; COSTA, E.M.E. Análise da estrutura populacional de Trachemys scripta elegans (Chelonia)
no Parque Ecológico Olhos D’água – Brasília – DF. Universidades: Ciências da Saúde, v. 4, n. 1-2, p. 1-8,
2006.
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