animais que despertam curiosidades

Transcrição

animais que despertam curiosidades
EMEB PADRE RAIMUNDO CONCEIÇÃO POMBO MOREIRA DA CRUZ
“ANIMAIS QUE DESPERTAM CURIOSIDADES”
PROFESSORA SUSAN MAIRA FERREIRA BATISTA
Cuiabá, fevereiro de 2015
IDENTIFICAÇÃO
Emeb Padre Raimundo Conceição Pombo Moreira da Cruz
Projeto Colaborativo Transdisciplinar: “Animais que despertam curiosidades”
Áreas envolvidas: Linguagem, Ciências Naturais, Ciências Humanas e Sociais
Ano: 2015
Cidade: Cuiabá- MT
Duração provável: 1° e 2° bimestres
Professora: Susan Maira Ferreira Batista
Diretora: Márcia dos Santos Pinheiro
Coordenadora: Elizabet dos Santos
Participação dos professores de Artes/Música e Educação Física: Rafael,
Roberto, Rubia e Érika.
Público Alvo: Segundo ano A-B do Ensino Fundamental
Número de alunos: 2° ano A: 25 alunos/2° ano B: 23 alunos
Programa da escola: “O ser humano em formação: identidade, diversidade e
cidadania global.”
Fundamentação Teórica
Segundo Parrilla (1996, apud ARNAIZ, HERRERO, GARRIDO e DE HARO, 1999),
grupos colaborativos são aqueles em que todos os componentes compartilham as
decisões tomadas e são responsáveis pela qualidade do que é produzido em conjunto,
conforme suas possibilidades e interesses. Ao trabalharem juntos, os membros de um
grupo se apoiam, visando atingir objetivos comuns negociados pelo coletivo,
estabelecendo relações que tendem à não-hierarquização, liderança compartilhada,
confiança mútua e co-responsabilidade pela condução das ações. Quando existe a
colaboração há uma rejeição ao autoritarismo e promoção da socialização, não só pela
aprendizagem, mas, principalmente, na aprendizagem e pode ser entendida como uma
filosofia de vida.
Vygotsky (1989) é um dos autores que vem embasando um grande número de estudos
voltados para o trabalho colaborativo na escola. Ele argumenta que as atividades
realizadas em grupo, de forma conjunta, oferecem enormes vantagens, que não estão
disponíveis em ambientes de aprendizagem individualizada. O autor explica que a
constituição dos sujeitos, assim como seu aprendizado e seus processos de pensamento
(intrapsicológicos), ocorrem mediados pela relação com outras pessoas (processos
interpsicológicos). Elas produzem modelos referenciais que servem de base para nossos
comportamentos e raciocínios, assim como para os significados que damos às coisas e
pessoas. Nesse sentido, Álvares e Del Rio (1996) consideram que quem aprende “toma
emprestado”, paulatinamente, tais modelos de seus interlocutores mais capacitados,
podendo assim chegar a ultrapassar seus limites. Freitas (1997, p.320) explica que: O
outro é, portanto, imprescindível tanto para Bakhtin como para Vygotsky. Sem ele o
homem não mergulha no mundo sígnico, não penetra na corrente da linguagem, não se
desenvolve, não realiza aprendizagens, não ascende às funções psíquicas superiores, não
forma a sua consciência, enfim não se constitui como sujeito. O outro é peça importante
e indispensável de todo o processo dialógico que permeia ambas as teorias. (FREITAS,
1997, p. 320) Bakhtin (1986) explicava que as palavras que se usam não provêm de um
dicionário, mas sim de outras pessoas. Ele acreditava que as pessoas desenvolvem,
inicialmente, um processo de “ventriloquismo”, isto é, “falam pela boca dos outros”,
para depois apossar-se das palavras utilizadas e imprimir-lhes seu próprio “sotaque”,
adaptando-as a seus sentidos e intenções expressivas particulares. A importância da
imitação para a aprendizagem também fica clara na discussão do conceito de “Zona de
Desenvolvimento Proximal” (ZDP), criado por Vygotsky (1998). O autor escreveu que
aquilo que uma criança pode realizar hoje somente com ajuda, ou em colaboração,
amanhã poderá realizar sozinha, de maneira independente e eficiente. Engeström
(1994) argumenta que o ato de pensar está aninhado em atividades socialmente
organizadas e historicamente formadas, apresentando, assim, um caráter interativo,
dialógico e argumentativo. Lave e Wenger (1991), que estudam os processos de
aprendizagem em situações não-formais, descrevem o que ocorre no que denominam
comunidades de prática – grupos que formam uma entidade social e estão envolvidos
em empreendimentos conjuntos. Os autores (2002) afirmam que é pelo engajamento em
atividades cotidianas, desenvolvidas em seu grupo de trabalho, que ocorre a produção,
transformação e mudança na identidade das pessoas, em seu conhecimento e em suas
habilidades práticas. Desenvolvendo mais essa ideia, Schaffer (2004) explica que, pela
participação em comunidades de prática, os indivíduos internalizam as normas, os
hábitos, as expectativas, as habilidades e os entendimentos dessas comunidades (como,
por exemplo, as comunidades profissionais), que apresentam maneiras singulares de
conhecer, decidir o que é importante saber e entender a realidade. Na revisão que
realizaram sobre os mecanismos que atuam para potencializar as aprendizagens em
ambientes de colaboração, Jeong e Chi (1997) relatam que pesquisas realizadas nas
áreas da Antropologia, Linguística e Ciência Organizacional sugerem que as pessoas
passam a compartilhar memó- rias, conhecimentos, ou modelos mentais como resultado
do trabalho em conjunto. Dessa forma, atingem significados e representações comuns,
possivelmente mais complexos e ricos do que aqueles elaborados individualmente. A
respeito desse aspecto, também Salomon e Perkins (1998) salientam a possibilidade de
“objetivação” (p.4) dos pensamentos, das ideias ainda em formação, que ocorre no
trabalho colaborativo. Tais pensamentos e ideias, quando comunicados e
compartilhados, podem ser discutidos, examinados e aperfeiçoados como se fossem
objetos externos. Wells (2001), outro pesquisador que segue as ideias de Vygotsky,
descreve o que ocorre entre pessoas que tentam resolver um problema significativo para
todos e estabelecem um diálogo no qual soluções são propostas, ampliadas, modificadas
ou contrapostas. A isso ele chama de co-construção do conhecimento, considerando-a
como parte essencial do processo de aprendizagem. (Educar, Curitiba, n. 31, p. 213-230, 2008. Editora
UFPR)
Problemática
Durante todo desenvolvimento do processo colaborativo, onde todos os alunos
participaram, opinaram e decidiram o tema “animais”, a grande maioria demonstrou
grande curiosidade em conhecer muitas novidades relacionadas com alguns animais que
despertam interesses. A criança é um ser totalmente curioso, portanto, percebemos que
seus conhecimentos anteriores já não satisfazem tamanha curiosidade. O desafio para as
crianças será lançar um novo olhar, criterioso e científico, para esses animais que
despertam curiosidade, encantamento e interesse, e agora possibilitarão grandes
descobertas.
Justificativa
As crianças nutrem um verdadeiro fascínio pelos animais, que na visão delas são
irresistíveis como brinquedos, mas com atrativos a mais, são seres animados, com vida,
sentimentos e algumas necessidades semelhantes as dos seres humanos. O estudo dos
animais traz associações concretas entre o homem, o mundo animal e a natureza. A
criança sai do conceito “eu” para conhecer o “outro”, o que é muito saudável. Ao
estudar os animais, os alunos aprendem sua própria natureza, as particularidades do
outro, o meio ambiente, a cidadania, a responsabilidade, e principalmente, o sentido de
alteridade, ou seja, aprendem a se colocar no lugar do outro, melhorando em grande
intensidade o relacionamento interpessoal.
Objetivo Geral
Reconhecer a importância dos animais, a interdependência a outras espécies,
características, semelhanças, diferenças e hábitos.
Objetivos Específicos









Explorar os sons, habitat e experiências com animais;
Observar, pesquisar e registrar informações sobre os animais;
Correlacionar o projeto com o processo de apropriação sistema de leitura/escrita
e letramento;
Proporcionar leituras compartilhadas;
Apresentar diferentes gêneros textuais;
Elaborar textos coletivos;
Ampliar hipóteses de leitura/escrita;
Pesquisar a história do Zoológico da UFMT;
Representar e interpretar tabelas e gráficos;





Exercitar numerais, medidas de tempo, formas geométricas planas, problemas e
sistema monetário;
Apresentar orientações topológicas e projetivas;
Desenvolver a expressão corporal, cênica, mímica, ritmo, musicalização;
Confeccionar jogos, brinquedos e modelagem;
Organizar painéis mostra, portfólio, teatro, aulas de campo e gráficos.
Conteúdos Curriculares/Eixos/Capacidades
Língua Portuguesa
Eixos
Capacidades
Conteúdos
Leitura/Produção/Oralidade/
 Ler textos não Gêneros
textuais
Análise
Linguística:
verbais
em
(literários,
discursividade, textualidade
diferentes suportes;
narrativos, notícias,
e
normatividade/Análise
Ler
diversos
poesia,
Linguística: apropriação do
gêneros
textuais
informativos,
Sistema
de
Escrita
com
autonomia;
receitas,
placas,
Alfabética.
Compreender textos
roteiro, adivinhas,
lidos por outras
canções, listas e
pessoas; Antecipar
regras). Formação
sentidos e ativar
de
palavras
e
conhecimentos
textos;
Alfabeto,
prévios;
Ordem alfabética;
Reconhecer
Leituras
finalidades
de
compartilhadas;
textos lidos pelo
Consciência
professor ou pelas
fonológica
de
crianças; Localizar
rimas, aliterações,
informações
letras, sílabas.
explícitas em textos
de
diferentes
gêneros, temáticas,
lidos pelo professor
e com autonomia.
 Planejar a escrita de
textos com ajuda de
um escriba e com
autonomia;
Produzir textos de
diferentes gêneros
por
meio
da
atividade de um
escriba
e
com



autonomia;
Organizar o texto,
dividindo-o
em
tópicos
e
parágrafos.
Participar
de
interações orais na
sala
de
aula;
Escutar
com
atenção.
Reconhecer gêneros
textuais e seus
contextos
de
produções;
Conhecer a ordem
alfabética e seus
usos em diferentes
gêneros;
Compreender que
palavras diferentes
compartilham
certas letras.
Matemática
Eixo
Capacidades
Conteúdos
Números
e
 Identificar
 Numerais;
Operações/Geometria/Grandezas
números
nos
Gráficos
e
e
Medidas/Tratamento
da
diferente
tabelas; Unidades
Informação.
contextos;
de
medidas;
Utilizar
Unidades
de
diferentes
tempo; Situações
estratégias para
problemas
que
quantificar
e
envolvem adição
comunicar;
e
subtração;
Identificar
Formas
regularidades na
geométricas
série
numérica
planas; Sistema
para nomear, ler
monetário; Par e
e
escrever
ímpar;
números menos
Antecessor
e
frequentes;
sucessor; Valor
Reconhecer
e
posicional
dos
elaborar
números: unidade
problemas.
e dezena.
 Explicitar
informalmente a
posição
de
pessoas e objetos,


dimensionar
espaços,
utilizando
vocabulário
pertinente
nos
jogos,
nas
brincadeiras,
e
nas
diversas
situações
nas
quais as crianças
consideram
necessário essa
ação, por meio de
desenhos,
croquis, plantas
baixas, mapas...
Comparar
tamanhos,
larguras...;
Identificar
unidades
de
tempo;
Resolver
e
elaborar
problemas
a
partir
das
informações de
um
gráfico;
Produção
de
textos escritos a
partir
de
interpretação de
gráficos e tabelas.
Ciências
Eixos
Capacidades
Conteúdos
Compreensão conceitual e
 Desenvolver
 A proteção da
procedimental da ciência/
raciocínio lógico e
fauna; Organização
Compreensão das relações
proporcional;
familiar e suas
entre ciências, sociedade,
Aprender a seriar,
relações com os
tecnologia
e
meio
organizar
e
animais; Diferenças
ambiente.
classificar
entre os animais
informações;
selvagens
(silvestres)
e
 Reconhecer
os
domésticos;
limites da utilidade
Respeito
aos
das ciências e das
tecnologias para a
promoção do bem
estar humano e para
os impactos sobre o
meio ambiente.
animais
(importância);
A
classificação
e
características dos
animais:
répteis,
anfíbios,
mamíferos,
aves,
peixes e insetos
(vertebrados
e
invertebrados);
Ciclo
da
metamorfose
da
borboleta; Espécies
ameaçadas
de
extinção.
Geografia
Eixo
Capacidades
Conteúdos
Garantia do acesso aos
 Ler, interpretar e
 Estruturas
conhecimentos do mundo
representar
o
locomotoras e de
físico e natural e da
espaço por meio de
conservação.
realidade social e política.
mapas simples;
Noções de mapa e
legenda;
Orientações
topológicas;
Moradia
dos
animais (habitat).
História
Eixo
Capacidades
Conteúdos
Sujeitos históricos/Tempo
 Formular
e
 Histórias
dos
histórico/Fatos históricos.
expressar
uma
animais domésticos
reflexão a respeito
ou
estimação;
das semelhanças e
História
do
diferenças
Zoológico
da
identificadas entre
UFMT;
os
animais
estudados;
 Comparar tempo de
duração de vida
entre animais;
 Identificar
as
formas que
os
animais viviam e
organizavam seus
espaços antes e
depois.
Artes/Educação Física
Reprodução dos sons da natureza; Representação
cênica/corporal; Modelagem; Músicas; Ritmo;
de
animais;
Expressão
METODOLOGIA
Iniciamos o desenvolvimento do Projeto “Animais que Despertam curiosidades”, com
participação total dos alunos. Eles decidiram o tema, o nome, ajudaram na construção
da problemática e objetivos. A participação das crianças ocorrerá a todo momento.
Juntos iremos decidir os tipos de pesquisas, os animais que iremos explorar, os locais
que iremos visitar, as produções que serão desenvolvidas, a forma como será realizada a
culminância e tudo mais que for surgindo no decorrer de todo processo. Com certeza,
muitas coisas maravilhosas serão descobertas pelos nossos pequeninos, que os deixarão
ainda mais deslumbrados pelos animais, que os farão cuidar e respeitar a tudo e a todos,
independente das diferenças existentes na vida de cada ser. Através de um
desenvolvimento transdisciplinar, aprenderão a construir o novo por meio de trocas de
conhecimentos e descobrirão que é possível, e essencial, relacionar o mesmo
conhecimento em todas as áreas do saber, e que todo conhecimento adquirido será útil
para todos, em qualquer lugar do mundo e em qualquer momento de suas vidas. Nossos
alunos terão grande sucesso com esta honrosa experiência.
Recursos
- Data show;
- Máquina fotográfica;
- Computadores;
- Livros literários;
- Coleta de dados;
- Pesquisas;
- Leituras de diversos gêneros;
- Dinâmicas;
- Jogos;
- Aulas de campo;
- Teatro;
- Dobraduras;
Registro de todo processo
Um grande desafio! Acostumada a apresentar aos meus alunos, projetos prontos e com
datas marcadas para terminar, senti um friozinho na barriga quando comecei a entender
todo processo de desenvolvimento de um projeto participativo e colaborativo. Comecei
a pesquisar e ler sobre o assunto, vi algumas experiências exitosas e pensei: Se deu certo
com eles dará certo comigo também, e decidida, iniciei o diálogo em sala de aula com
meus pequeninos. Eu, já tinha o hábito de colocar os alunos para participar do processo
em todo momento, mas a grande diferença é que eu escolhia o tema que iria apresentar
aos meus alunos. Desta vez seria diferente, eles iriam escolher o tema! Então, iniciamos
o processo, eu expliquei numa roda de conversa como iríamos trabalhar em 2015, a
conversa foi longa e detalhada, todos ficaram muito empolgados, a ideia de participarem
de toda construção os encantou.
Comecei com a seguinte pergunta: “O que vocês querem aprender este ano?” No quadro
ia anotando o nome de cada um com suas respectivas respostas. Quando terminei de
realizar esta atividade com as duas turmas, iniciamos a segunda parte do processo,
coletivamente íamos interligando os temas que se relacionavam e no final ficaram os
seguintes temas: Coca-Cola, cores, animais, iceberg, tecnologia e futebol. Fomos a
votação e a maioria escolheu o tema “animais.” O próximo passo foi a escolha do nome,
as crianças iam apontando suas ideias e eu ia anotando no quadro e dessas anotações
acabou saindo também, os objetivos. Logo após decidirmos os objetivos surgiu o nome
do projeto “Animais que despertam curiosidades”. Depois fui questionando, dialogando
e anotando o que falavam, e com a respostas e ideias que surgiram conseguimos
desenvolver a problemática, produzimos um texto coletivo dizendo porque era
importante trabalharmos o tema animais.
O próximo passo foi a tomada de decisão sobre qual ou quais animais iniciaríamos o
nosso conhecimento. Perguntei à eles se queriam conhecer somente sobre alguns
animais, mas as respostas foram coletivamente “não”, “queremos conhecer sobre todos
os animais”. Então disse a eles que precisávamos decidir o primeiro nome ou espécies
de animais para darmos início. Dialogando sempre, fui dando exemplos e ouvindo o que
falavam. Um dos alunos do segundo ano A tinha grande curiosidade em saber um pouco
mais sobre gatos e falou com muita empolgação, convencendo seus colegas e ajudando
em nossa primeira escolha. Todos concordaram que o primeiro animal a ser pesquisado
seria o gato.
Primeiramente, solicitei que pesquisassem sobre o tal animal e conseguissem
informações curiosas sobre gatos. Impressionante o resultado das pesquisas, muitas
informações que nos deixaram de boca aberta, como por exemplo: “o gato possui mas
ossos que o homem” ou “o gato enxerga 6 vezes a mais que o homem no período
noturno”. Essas e muitas outras curiosidades surpreenderam as crianças. Para animá-los
ainda mais, levei para a sala de aula imagens do maior e menor gato do mundo, o mais
gordo, o mais bonito, o mais feio e foi um momento mágico! E com essas informações
pude dar ênfase a temas como alimentação, diferenças, inclusão, semelhanças, cuidados
com os bichinhos e com o próximo, amor e respeito. Esses temas são essenciais e farão
parte do processo em todo momento.
Os gatos e suas curiosidades!
Agora, nosso próximo passo, escolher novamente um outro animal para continuarmos
matando nossas curiosidades sobre eles. Conversamos muito e foram citados diversos
nomes de animais como: cavalo, cachorro, cobra, aranha, vaca e outros. Eu ia anotando,
sempre, todos os nomes que falavam. Percebi que a maioria dos nomes citados eram
animais que se encaixavam nos grupos de animais úteis e nocivos. Aproveitei para
explicar sobre o significado dessas duas palavras e em seguida pedi que me ajudassem a
identificar quais daqueles animais eram úteis e quais eram nocivos. Perguntei se
queriam escolher somente um daqueles animais ou se queriam estudar sobre todos eles.
A grande maioria disseram que gostariam de aprender sobre todos eles. Fiquei muito
feliz, pois com esses dois temas, animais “úteis e nocivos”, poderia explorar muitos
conceitos e conteúdos em todas as áreas do saber.
Iniciamos as pesquisas. Aproveitei para trabalhar o gênero receita, pois sabemos que a
maioria dos animais úteis nos fornecem algo que servem para nossa alimentação. Os
alunos pesquisaram e trouxeram para a sala uma receita. Todos trouxeram receitas de
algum tipo de alimento. Mostrei para eles que existem receitas de todos os tipos e
muitas delas não servem para nossa alimentação. Um dos alunos disse que “o médico dá
receita”, então, conversei sobre o sentido da receita escrita pelos médicos para que não
ficassem com nenhuma dúvida. Produzimos uma receita coletiva e no decorrer das aulas
a receita em grupos, em duplas e individual. Antes de produzirmos a receita individual,
realizamos uma na prática, pois dessa forma facilitou que as crianças produzissem
individualmente com maior autonomia. Não podemos pedir para que um aluno produza
um texto individual, sem antes mostrar com todo convicção,
as principais
características do gênero estudado.
Aproveitei para mostrar as crianças: o boi com o maior chifre, o maior boi do mundo, o
menor cavalo, o cavalo mais bonito, a ovelha com mais pelos, as galinhas mais bizarras,
o maior porco, a maior cobra, a maior aranha, a maior ninhada de aranhas, vários tipos
de escorpiões, ratos, baratas, moscas etc. E aproveitando toda essa curiosidade,
estudamos sobre doenças causadas por muitos desses animais. E, através dos nossos
diálogos, citamos o mosquito Aedes Aegypty como o causador da Dengue, algumas
crianças lembraram que esse mosquito também transmite a Febre Chikungunya. Os
alunos começaram a dizer que o vizinho estava com Dengue, a mãe, o irmão, a avó, e eu
aproveitei e disse que o meu esposo e a nossa diretora também estavam com Dengue.
Perguntei a eles se queriam conhecer um pouco mais sobre esse pequeno inseto que
causa grandes prejuízos a nossa saúde. Todos quiseram!!
Observem abaixo algumas imagens do trabalho desenvolvido sobre animais úteis e
nocivos. São cartazes e gráficos expostos na sala de aula que foram problematizados. Um
dos gráficos possui informações sobre a Dengue em Cuiabá no ano de 2014. Levei essa
informação para que as crianças pudessem comparar com os dados de 2015. Eles
conseguiram observar que, ainda estamos no mês de abril, mas que o número de pessoas
que contraíram Dengue em 2015 já quase que alcançam a quantidade de todo ano de 2014.
Ficaram apavorados!
Pesquisei muitos vídeos e histórias sobre o assunto. Li para meus alunos a história em
quadrinhos “Maluquinho contra a Dengue 2”(O rebuliço). A história fala sobre algumas
crianças que aproveitaram as férias escolares para ajudar a combater a Dengue. As
crianças se identificaram com a história. Passei um vídeo com o tema “10 minutos por
semana para ajudar a combater a Dengue”, apresentei também um vídeo sobre a Febre
Chikungunya e colei no caderno de leitura um texto musical com o título “Xô Dengue,
cantamos a música. Mandei como tarefa de casa a seguinte missão: cada um de vocês
irão verificar e anotar tudo sobre o quintal de suas casas, se encontrarem locais que
acumulem água irão conversar com seus familiares para que coloquem em ordem e nos
ajudem a eliminar a Dengue. Na história em quadrinhos que usei para iniciar esse
trabalho, mostra o menino Maluquinho com seus amigos em muitas missões pelo bairro
onde moram, então resolvi usar esta palavra sempre quando pedir algo para meus
pequeninos. Disse a eles que nossa maior missão é conscientizar as pessoas do nosso
bairro que todos nós somos responsáveis pelo aumento dessas doenças e que devemos,
juntos, acabar com ela. Nós vamos mostrar as pessoas como devem proceder para
eliminarem esses mosquitos. Assim, como os personagens da história, também iremos
visitar as ruas do nosso bairro e verificarmos como as pessoas estão cuidando ou como
não estão cuidando!
Realizamos a primeira parte da aula de campo sobre a Dengue no dia 17 de abril. A aula
foi um sucesso! Visitamos algumas ruas do bairro Parque Cuiabá (onde está localizada a
escola Padre Pombo), as crianças ficaram espantadas com tanto lixo nas ruas, ao redor
da escola e na frente das casas e puderam refletir muito sobre o assunto, podendo então
concluir que o principal responsável pelo aumento dessa doença não é o mosquito e sim
o homem, que deixa lixo por onde passa, assim, acumula-se água em muitos lugares que
se tornam criadouros do mosquito.
Quando voltamos para a sala de aula, anotamos tudo que vimos e quais seriam as
soluções para o problema. Problematizamos tudo, transformamos as informações em
gráficos e tabelas, desenvolvemos problemas matemáticos, produções coletivas e
individuais, analisamos o “boletim semanal da Dengue em Cuiabá”. Essa análise é
desenvolvida, praticamente toda semana. Nossa equipe gestora, recebe o boletim e
encaminha para nossa turma sempre que possível, então fazemos comparações entre as
tabelas semanais, está sendo um trabalho riquíssimo.
Turminha do segundo ano A matutino.
Entulhos na frente da escola.
Bueiros entupidos nas ruas do bairro Parque Cuiabá.
Lateral da escola. Muito lixo!! Locais ideais para criadouros do mosquito.
“Fundo da escola Padre Pombo”. Muito lixo. Momento de reflexão: quem é
responsável por limpar esta área?
Esta imagem demonstra toda sujeira que encontramos . A esquerda acima, uma
parte da história em quadrinhos que realizamos coletivamente após a aula de
campo.
Desenvolvemos a segunda parte da aula de campo no dia 04 de maio. O objetivo desta
aula era entregar panfletos de conscientização sobre a Dengue e após a panfletagem,
faríamos um piquenique de alimentação saudável, aproveitando para identificar os
alimentos que tinham algo retirados de animais úteis e explorar suas vitaminas e como
deveriam ser consumidos. Aula maravilhosa!! A animação das crianças era empolgante.
Panfletagem 2° ano A
Crianças colaborando para a melhoria da vida humana, se auto conscientizando e
conscientizando o outro para que futuramente tenhamos um mundo melhor.
Piquenique 2° ano A
Diálogo sobre a melhoria alimentar. Descobrindo alguns alimentos que possuem
ingredientes de origem animal.
Todos participaram e opinaram. Muito bom!!
Panfletagem 2° ano B
Olha a alegria da criançada!!
Crianças bem orientadas, adultos conscientes!
Piquenique 2° ano B
Depois de se deliciarem com alimentos saudáveis, deixei que se divertissem durante 30
minutos pelo campo de futebol. Brincaram, correram e se esbaldaram. E, felizes, com
sensação de dever cumprido, voltamos para a escola.
Desenvolvemos a nossa produção coletiva que faz parte da nossa rotina. O tema da
produção do 2° ano A foi “Mundo saudável” e do 2° ano B foi “Vida saudável”. Nas
duas produções foram abordados os temas da aula de campo. E assim encerramos o
trabalho sobre animais úteis e nocivos, não deixando de observar toda semana as tabelas
sobre a Dengue em Cuiabá.
Seguimos para o próximo passo. Decidimos focar agora nos animais de estimação.
Passei para eles alguns vídeos sobre os cuidados que devemos ter com nossos animais.
Após os vídeos fomos a produção coletiva. Cada turma realizou uma lista de cuidados
com os animais. (2° ano A: dar carinho, dar banho, passear, alimentá-lo bem, brincar,
vaciná-lo e não maltratar. O 2° ano B: dar comida saudável, dar água limpa, muito
carinho, não bater, brincar com eles, dar banho, dar vacina, levar no veterinário e levar
para passear). Perguntei às crianças se tinham animais em casa. Anotamos no quadro o
nome da criança, que animal ela tinha e qual o nome do animal, aproveitei para dar
ênfase a letra maiúscula em nomes próprios. Passamos as informações para uma tabela e
para um gráfico de colunas. Problematizamos com questões do tipo: qual o total de
animais? Qual o total de cachorros e cachorras? Qual o total de gatos e gatas? A maioria
dos alunos possuem qual animal? Qual a diferença entre gatos e cachorros? Qual a
diferença entre gatas e cachorras?
Após cada turma problematizar seu gráfico, fomos para a parte da comparação de
informações entre os gráficos das duas turmas e lançamos questões do tipo: Qual o total
de animais do 2° ano A? Qual o total de animais do 2° ano B? Qual turma tem mais
animais? Qual a diferença entre as duas turmas? Qual a diferença entre a quantidade de
cachorros do 2° ano A e B?
Através desta problematização, concluímos que a maioria das pessoas possuem
cachorros em casa. Então me lembrei que estamos passando por um momento delicado
no bairro, a falta de segurança. Perguntei as crianças se queriam realizar uma entrevista
com adultos que possuíam cachorros em casa, para descobrirmos qual é o principal
motivo de terem esse animal. Expliquei como seria essa entrevista e todos ficaram
empolgados para realizarem o trabalho. Então, colei no caderno os questionamentos que
iriam realizar com a pessoa escolhida. (veja abaixo)
EMEB PADRE RAIMUNDO CONCEIÇÃO POMBO MOREIRA DA CRUZ
CUIABÁ, 20 DE MAIO DE 2015
Professora: Susan Maira F Batista
Aluno(a):____________________________________________________________________
Ano:_______________________________
ENTREVISTA
TEMA: ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO/BAIRRO/SEGURANÇA/TEMPO HISTÓRICO/MUDANÇAS

A PESSOA ENTREVISTADA DEVE TER CACHORRO EM CASA.
1-QUAL É O SEU NOME?
_______________________________________________________________________
2-QUANTOS CACHORROS VOCÊ TEM E QUAL O NOME DELES?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
3-QUAIS OS CUIDADOS QUE VOCÊ TEM COM O SEU CACHORRO?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
4-QUAL É O MAIOR OBJETIVO DE VOCÊ TER UM CACHORRO EM CASA,
COMPANHEIRISMO OU SEGURANÇA?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
5-O CACHORRO AJUDA NA SEGURANÇA DA CASA? POR QUÊ?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
6-COMO ESTÁ A SEGURANÇA NO SEU BAIRRO?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
7-COMO ERA O BAIRRO A ALGUM TEMPO ATRÁS? O QUE VOCÊ PODIA FAZER QUE
NÃO PODE MAIS POR FALTA DE SEGURANÇA?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
8-NA SUA OPINIÃO, COMO A FAMÍLIA PODE CONTRIBUIR PARA QUE NO FUTURO
TENHAMOS MAIS SEGURANÇA?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
Incrível o resultado da entrevista. Conseguimos acabar com a nossa dúvida e
descobrimos que a maioria das pessoas possuem cachorros para ajudarem com a
segurança de suas casas e que o problema da falta de segurança não é somente no bairro
Parque Cuiabá, mais sim, em praticamente, todos os bairros da cidade. Realizamos a
sistematização das questões anotando e comparando todas as respostas dos
entrevistados. O que me chamou mais atenção foi a questão 8. Algumas pessoas
responderam de acordo, que o papel da família para que possamos ter um futuro menos
violento é “dar mais educação para seus filhos, orientá-los moralmente e criá-los no
bom caminho, dando bons exemplos. O que me assustou foi ver claramente, que a
maioria das pessoas deram respostas do tipo “colocar mais policiais nas ruas” ou até
mesmo “não sei”. Como uma família pode não saber a sua contribuição para termos um
mundo menos violento?! Agora entendo porque estamos vivendo num mundo inverso.
Mas sei que eu posso contribuir para formar adultos mais conscientes, que saberão
educar seus filhos para serem cidadãos do bem e assim melhorar o mundo. Estou feliz,
pois estou fazendo a minha parte. Dialogamos durante um bom tempo e refletimos
juntos sobre o assunto. Foi um grande momento para mim e para meus pequeninos.
Seguimos o nosso trabalho. Apresentei aos alunos o poema “Cultura”, escrito por
“Arnaldo Antunes”. Explorei o gênero de todas as formas possíveis e o aproveitei para
finalizarmos o trabalho sobre animais de estimação e iniciarmos o trabalho sobre
animais selvagens. Propus uma atividade em grupo, com nomes de animais retirados do
poema. Foi fantástica a participação e colaboração dos alunos uns com os outros. (veja
abaixo)
CLASSIFICAÇÃO DOS ANIMAIS RETIRADOS DO POEMA “CULTURA”
Animais
Aéreo,
terrestre
ou
aquático?
Herbívoro,
Onívoro
ou
Carnívoro?
Pelos,
penas,
carapaça
ou
escamas?
Quantas
patas?
Vivíparo
ou
ovíparo?
Vertebrado
ou
invertebrado?
Selvagem
ou
doméstico?
Útil ou
nocivo?
O envolvimento das crianças foi total. Dialogaram, pensaram, refletiram e debateram
para chegarem as respostas corretas. Só me procuravam quando nenhum componente
do grupo sabia. Eu, também, não facilitava e lançava desafios ainda maiores, levandoos a pensar e descobrirem por si só.
Precisava iniciar o trabalho sobre animais selvagens. O que eu mais queria era iniciar
com uma aula de campo no zoológico da UFMT. Infelizmente, a escola pública tem
seus empasses, os alunos, sem condições financeiras, não podem ajudar no
pagamento da condução e, infelizmente, não conseguimos uma condução gratuita.
Então pensei, pensei... pensei...o que fazer? E graças a Deus, nós educadores, temos o
dom de transformar, improvisar e inovar. Resolvi então pesquisar um vídeo que
pudesse mostrar, detalhadamente, o funcionamento do zoológico e como os animais
selvagens que vivem lá são tratados.
As crianças se divertiram com o vídeo e gostaram do que viram. Listamos no quadro
todos os animais que apareceram no vídeo e que vivem no zoológico da UFMT.
Conversamos sobre os cuidados com esses animais e porque eles devem viver soltos
nas matas. Nesse momento fui questionada! Uma das crianças levantou a mão e
perguntou: - Professora, se os animais devem viver soltos nas matas, porque alguns
deles estão presos no zoológico? Graças a Deus, eu estava preparada! Disse a ela que
iria apresentar outro vídeo e que logo após responderia a pergunta.
O vídeo era uma reportagem sobre a matança de periquitos e o tráfico de pássaros no
Nordeste do Brasil. No início mostra funcionários do IBAMA visitando algumas famílias
responsáveis por crianças que estavam exterminando periquitos com “estilingues”, o
uso desse objeto é tradição em alguns povoados nordestinos. Num outro momento,
mostra o IBAMA apreendendo inúmeros pássaros em várias residências.
Após assistirmos o vídeo, iniciei o diálogo respondendo o questionamento da aluna.
Disse que a maioria dos animais que vão para o zoológico são animais encontrados em
residências de pessoas que criam sem autorização do IBAMA e outros que traficam
esses animais para ganhar muito dinheiro. Disse ainda que a maioria não se adaptam
novamente nas florestas e por isso são levados para zoológicos.
Nosso diálogo foi extremamente valioso. Um dos alunos disse que matava passarinhos
com estilingue, outro contou que o tio matava também com estilingue, e ainda outro
disse que o pai matava com espingarda de pressão, e saiu cada história, seguidos de
muita conversa e inúmeras reflexões. Meus pequeninos ficaram extremamente
sensibilizados. Num determinado momento, repeti a fala de um dos funcionários do
IBAMA, que disse que muitas espécies de pássaros apreendidos e mortos corriam risco
de extinção. Perguntei se gostariam de descobrirem sozinhos o significado daquela
palavra. A maioria disse que sim! Então propus que encontrassem, em duplas, a
palavra no dicionário. Pesquisaram, encontraram e conversamos um pouco mais.
Bom, agora, faltando três semanas para o nosso workshop, iniciamos os preparativos
para exposição dos trabalhos e apresentação do teatro que terá como tema “O Bicho
Homem”. Pesquisei vários textos teatrais, mais nenhum deles estava de acordo com o
que realmente eu e meus alunos queríamos. Com tudo que vimos e aprendemos,
concluímos que o pior de todos os animais, não era aqueles que nos atacavam
(quando invadíamos o espaço deles), e sim, o homem, que matava, maltratava,
explorava e traficava animais inocentes. Então, meus alunos deram muitas ideias e
através de tudo que conversamos, produzi o texto teatral, que ficou assim:
TEATRO: 2° ANO A/B 2015
EMEB PADRE RAIMUNDO CONCEIÇÃO POMBO MOREIRA DA CRUZ
CULMINÂNCIA DO PROJETO “ANIMAIS QUE DESPERTAM CURIOSIDADES”
AUTORA: SUSAN MAIRA FERREIRA BATISTA
O BICHO HOMEM
NARRADOR: EXISTIA NO MATO GROSSO UM FAZENDEIRO MUITO RICO QUE CRIAVA
MILHARES DE BOIS E VACAS.
FAZENDEIRO: - OLÁ PESSOAL, EU ME CHAMO CATATAL E SOU UM FAZENDEIRO
MUITO RICO, DONO DE MILHARES DE CABEÇAS DE GADO.
BOI: - EU SOU O BOI!
VACA: - EU SOU A VACA!
BOI/VACA: - SOMOS ANIMAIS ÚTEIS!
BOI: SOU ÚTIL PORQUE FORNEÇO CARNE PARA O HOMEM SE ALIMENTAR.
VACA: SOU ÚTIL PORQUE FORNEÇO CARNE E LEITE PARA VOCÊS SE ALIMENTARES.
BOI: EU E MEUS AMIGOS ESTAMOS CANSADOS DE VIVER NESSA FAZENDA.
VACA: O FAZENDEIRO É MUITO MALVADO, ELE JUDIA DE NÓS!!
BOI/VACA: O FAZENDEIRO CATATAL É UM HOMEM SEM CORAÇÃO!
NARRADOR: CRIANÇAS, VOCÊS CONCORDAM COM O FAZENDEIRO CATATAL? É
CERTO MALTRATAR OS ANIMAIS?
FAZENDEIRO: CANSEI DE CRIAR ESSES BOIS E ESSAS VACAS (CHICOTADAS). VOU
VENDER TODOS. AGORA VOU PLANTAR SOJA E PRA ISSO VOU DESMATAR TUDO!!
(MUITAS RISADAS DO FAZENDEIRO).
NARRADOR: O FAZENDEIRO ENTÃO VENDEU TODO O SEU REBANHO.
GADO: QUE ALEGRIA, ESTAMOS FELIZES. NÃO SEREMOS MAIS MALTRATADOS!!
VAMOS EMBORA DAQUI. (E TODOS FORAM EMBORA FELIZES).
NARRADOR: OS BOIS E VACAS ESTAVAM FELIZES, ELES NÃO IRIAM MAIS SOFRER!
MAS AGORA QUEM CORRIA PERIGO ERAM AS ÁRVORES E OS ANIMAIS SELVAGENS.
FAZENDEIRO: EMPREGADOS, VENHAM AQUI.
EMPREGADOS: O QUE DESEJA SENHOR CATATAL?
FAZENDEIRO: DERRUBEM TODAS AQUELAS ÁRVORES, PRECISO DE ESPAÇO PARA
PLANTAR SOJA.
EMPREGADO JOÃO: MAS SENHOR CATATAL, NÃO PODEMOS DESTRUIR A NATUREZA.
NÓS PRECISAMOS DELA PARA SOBREVIVERMOS. TEM MUITOS ANIMAIS SELVAGENS
QUE VIVEM NESSA FLORESTA E PODEM MORRER SE DERRUBARMOS ESSAS ÁRVORES.
FAZENDEIRO: FIQUE QUIETO E FAÇA O QUE EU MANDO!
NARRADOR: OS EMPREGADOS, MUITO TRISTES, FORAM CORTAR AS ÁRVORES.
ÁRVORES: (CHORANDO) NÃO QUEREMOS MORRER!!!
ANIMAIS SELVAGENS: (DESESPERADOS, CORRENDO PRA LÁ E PRA CÁ, CHORANDO).
JACARÉ: QUEM SÃO ESSES ANIMAIS?
COBRA: VOCÊ NÃO CONHECE JACARÉ? ESSES SÃO O BICHO HOMEM!!
ONÇA: DIZEM QUE É O ANIMAL MAIS INTELIGENTE DO MUNDO.
COELHO: QUE INTELIGÊNCIA É ESSA? ELES MALTRATAM OS ANIMAIS E DESTROEM A
NATUREZA!!
ZEBRA: O BICHO HOMEM NÃO É INTELIGENTE, ELE É DESTRUIDOR!
ARARA: ESTÁ DESTRUINDO O HABITAT DOS ANIMAIS SELVAGENS. DESTRUINDO A
FLORESTA!!
CACHORRO: O FAZENDEIRO É MEU DONO. SOU SEU ANIMAL DE ESTIMAÇÃO E CUIDO
DA SEGURANÇA DELE. MAS EU NÃO POSSO DEIXAR QUE ELE FAÇA ISSO.
TODOS OS ANIMAIS: VAMOS COLOCÁ-LOS PARA CORRER!
JACARÉ: CALMA! NADA DE VIOLÊNCIA!
COELHO: BICHO HOMEM DEIXE A NOSSA FLORESTA EM PAZ. VOCÊ NÃO PERCEBE QUE
ESTÁ DESTRUINDO A NOSSA VIDA E A SUA TAMBÉM.
NARRADOR: OS ANIMAIS DA FLORESTA NÃO QUERIAM DEIXAR QUE O CATATAL
DESTRUISSE TUDO. SERÁ QUE ELES VÃO CONSEGUIR?
FAZENDEIRO: SAIAM DAQUI SEUS ANIMAIS INÚTEIS. DEIXEM MEUS EMPREGADOS
TERMINAREM O TRABALHO.
EMPREGADOS: NÃO CATATAL!! NÃO VAMOS MAIS DESTRUIR A NATUREZA. SE
QUISER FAÇA SOZINHO!
NARRADOR: NINGUÉM MAIS QUIZ DESTRUIR A NATUREZA, ENTÃO O CATATAL FOI
CORTAR AS ÁRVORES SOZINHO. PEGOU O MACHADO E COMEÇOU A CORTAR. (AS
ÁRVORES CHORARAM MAIS AINDA E OS ANIMAIS FICARAM AINDA MAIS
DESESPERADOS.)
NARRADOR: E OLHEM O QUE ACONTECEU. UMA DAS ÁRVORES CAIU EM CIMA DO
CATATAL.
FAZENDEIRO: SOCORROOOOO! VOU MORRER! ALGUÉM ME AJUDE!
NARRADOR: OS ANIMAIS SE UNIRAM PARA SALVAR O CATATAL.
FAZENDEIRO: OBRIGADO! MUITO OBRIGADO! VOCÊS ME AJUDARAM E FORAM MAIS
HUMANOS DO QUE EU! ME PERDOEM! EU NUNCA MAIS VOU JUDIAR DOS ANIMAIS E
NUNCA MAIS VOU DESTRUIR A NATUREZA.
NARRADOR: O FAZENDEIRO APRENDEU A LIÇÃO E TODOS VIVERAM FELIZES PARA
SEMPRE!
FINALIZAR COM A MÚSICA “VAMOS CONSTRUIR” (SANDY E JUNIOR).
(ENQUANTO AS CRIANÇAS CANTAM, PASSAR EM DATA SHOW)
Vamos Construir
Sandy e Junior
Sei que ainda sou criança
Tenho muito que aprender
Mas quero ser criança quando eu crescer
Nosso mundo é um brinquedo
Com pecinhas para unir
Ele será todo seu, se você pensar assim
Refrão
Vamos construir uma ponte em nós
Vamos construir, pra ligar seu coração ao meu
Com o amor que existe em nós!
E você que é gente grande
Também pode aprender
Que amar é importante pro meu mundo e para o seu
Mas eu tenho a esperança
De você ser meu amigo
De voltar a ser criança, pra poder brincar comigo
Refrão
Tudo o que se sonha
Com amor se pode conseguir
Por que tudo é assim, é assim
E a gente vive muito mais feliz!
Refrão
Após apresentar o texto teatral, iniciamos as produções de textos individuais. O
“tangram” e as “dobraduras” foram utilizados para que nosso trabalho ficasse ainda
mais belo e nossa aprendizagem ainda mais completa. Vejamos abaixo imagens do
trabalho realizado.
Tangram com produção textual.
O trabalho com tangram vai muito além de se trabalhar formas geométricas. Esse
quebra-cabeça chinês desenvolve o raciocínio lógico e geométrico, habilidades de
visualização, percepção espacial, análise de figuras, além de ser uma forma lúdica que
agrada crianças e adultos, tornando o aprendizado mais prazeroso e significativo.
Pude perceber que relacionar a produção de texto com o tangram, fez com que as
crianças tivessem ainda mais interesse e disposição no momento de produzir. Sabemos
que trabalhar produção de texto com turmas de segundo ano, não é uma tarefa fácil,
principalmente no início, mas acredito que tivemos grandes avanços com esse trabalho
e que os próximos serão realizados com maior tranquilidade, pois as habilidades estão
sendo aprofundadas e consolidadas cada dia mais.
Alunos produzindo. Trabalho extremamente produtivo!
Percebi também que essa proposta proporcionou o trabalho cooperativo entre as
crianças. Algumas tiveram grandes dificuldades em montar o tangram e nesse
momento os colegas ajudavam e se sentiam muito felizes e importantes, pois já
haviam conseguido realizar a montagem e podiam ajudar o outro a superar o
obstáculo. Eu não deixei que fizessem para o colega, e sim que orientassem. Foi
fantástico!
A dobradura, também propiciou a visão das possibilidades de contar e criar histórias e
estimulou a observação, concentração, coordenação motora, autoconhecimento e
criatividade. Li para eles o livro “Uma Girafa e Tanto” de Shel Silverstein, após a leitura,
simulamos um diálogo com a girafa, realizamos a dobradura da girafa e,
individualmente, cada aluno produziu seu diálogo com a girafa na mesma folha da
dobradura. O trabalho ficou lindo! Com o gênero diálogo pude dar ênfase aos sinais de
pontuação (interrogação, exclamação, dois pontos, travessão, vírgula e ponto final).
Desenvolvimento
da dobradura.
Produção
do diálogo
Em seguida, li para meus alunos o livro “Bichionário” de Telma Guimarães. Propus a
eles a confecção e produção de um livreto parecido com o material apresentado. Eles
concordaram. Então, iniciamos a produção do nosso Bichionário e saiu um mais lindo
que o outro!
A atividade foi desenvolvida em duplas. No momento da escolha das duplas tive um
cuidado especial, por exemplo, uma dupla com dois alunos agitados, uma com dois
alunos no nível silábico ou uma dupla com dois alunos pacatos, não dariam certo, os
agitados ficariam ainda mais agitados, os pacatos não sairiam do lugar e os silábicos
não teriam condições de se ajudarem. Portanto todo cuidado e atenção na formação
das duplas é essencial para se ter um trabalho ainda melhor.
Observem as imagens abaixo:
Produção do “Bichionário”. Em duplas. 2° ano B
Durante o desenvolvimento do projeto, foram realizadas leitura deleite de 2 a 3 vezes
por semana, com algumas delas foram criados jogos matemáticos que fizeram grande
sucesso com a garotada. Por exemplo o livro “ A joaninha que perdeu suas pintinhas”
da autora Ducarmo e “O coelhinho que não era da Páscoa” da autora Ruth Rocha.
Vejam os jogos:
Jogo: Toca do coelho
Objetivos: consolidar o conhecimento
sobre dezenas, adição e subtração.
Jogo: As pintas
da Joaninha.
“Probabilidades
e adição”
Os jogos jamais poderiam ser esquecidos, principalmente na Matemática. As crianças
aprendem prazerosamente, e sem perceberem, já estão dominando diversas
habilidades, e o melhor de tudo, sem nenhuma tortura! A Matemática então se
transforma em alegria. Tenho certeza, que nos próximos anos, se esse trabalho tiver
uma sequência, uma continuidade, os alunos dessa turminha terão grande êxito em
suas vidas.
Estou muito feliz com o desenvolvimento cognitivo dos meus pequeninos. Tivemos,
juntos muito aprendizado e grandes conquistas! E assim chegou o dia da nossa
culminância, vejamos como tudo foi organizado:
Decidimos, coletivamente, quais seriam os
animais usados em nossas lembrancinhas.
Todos ficaram satisfeitos!
Lembrancinhas
As produções foram expostas e
para envolver toda a
comunidade, os jogos foram
utilizados.
Um cantinho de leitura foi
organizado com todos os
livros literários com tema
animais, lidos no decorrer do
projeto.
Servimos para os visitantes
iogurte, com o objetivo de
incentivar o consumo desse
alimento que é derivado do
leite, retirado da vaca, e é um
alimento
extremamente
saudável.
Os trabalhos de Artes da
Professora “Érica”, também
agradou a todos.
Nosso teatro
Antes de darmos início a visitação, apresentamos o nosso teatro “O bicho homem”. Foi
maravilhoso, muitos aplausos! Vi no rosto das pessoas a satisfação em assistir aquelas
crianças que estavam nervosas, mas que enfrentaram seus medos, e isso é tudo para
que lá na frente não sofram como muitos de nós sofremos quando entramos na
faculdade e tínhamos que apresentar seminários. Esses alunos, com certeza, estarão
muito mais preparados do que nós.
Nossa apresentação foi um
sucesso mas não foi
perfeita. Nossas crianças
são imperfeitas, assim
como todos nós, mas com
certeza, farão a diferença
por onde passarem e onde
estiverem. Jamais devemos
subestimar a capacidade de
nossos alunos. Se você
indicar os caminhos eles
irão seguir.
Nossos visitantes
Iniciamos a visitação e todo o nosso objetivo foi alcançado. Pais, funcionários e
professores participaram ativamente e interagiram com as crianças. Tudo que eu
queria era envolver a família e conseguir fazer com que eles vivenciassem um
pouquinho daquilo que seus filhos desenvolvem no dia a dia escolar. Foi maravilhoso
ver os adultos jogando com seus filhos, e algumas mães, sentadas no tapete do
cantinho da leitura lendo para seus pequeninos, e o melhor de tudo foi ver meus
alunos orientando a todos que passaram pelo nosso estande. Eles estavam se sentindo
pessoas importantes, sim, eles são importantes, são diamantes preciosos que precisam
ser lapidados. Não sei se as famílias estão fazendo a parte que lhe cabem, só sei que
eu posso dizer tranquilamente “fiz o melhor que pude e estou muito feliz e realizada”!
Família interagindo com seus
filhos.
Professores e funcionários da
EMEB
Padre
Pombo
participando e incentivando
nossas crianças.
Pai e filho jogando o jogo
Toca do Coelho. Aluno do
2° ano orientando.
Dever cumprido, com bons resultados! Ideias fervilhando para decidirmos o projeto do
próximo semestre, que com certeza terá ainda mais êxito.
Avaliação
A avaliação foi processual e contínua, observando a participação do aluno e as reações
de cada um diante das descobertas. O foco da aprendizagem não foi apenas quantitativo,
mas principalmente qualitativo, observando as mudanças, os sorrisos, os rostinhos
admirados, os relatos, enfim, a mudança de comportamento e atitude de cada aluno.
Resultados Esperados
Espera-se que ao finalizarmos o presente projeto, os alunos possam demonstrar
mudanças significativas de níveis relacionados com a Psicogênese da língua escrita.
Tenham maiores conhecimentos relacionados com o tema proposto. Consigam fazer
leituras de gráficos e desenvolver diversas problemáticas com tranquilidade. Assimilem
o sentido de alteridade, entendendo e respeitando ainda mais o outro e sabendo que
todas estas informações construídas e adquiridas, serão de suma importância em suas
vidas.
Resultados alcançados- Auto avaliação
Obtive resultados bastante positivos. O envolvimento dos pais não foi cem por cento,
mas tivemos um avanço bastante significativo. O interesse das crianças cresceu. Os
alunos mais tímidos pediam para participar e aprenderam a se expressar. Aqueles
alunos, que não saiam da sala da diretora no ano anterior, aprenderam a cumprir as
regras e a respeitar o outro, muita gente ficou de boca aberta ao ver a mudança de
comportamento de três alunos que aterrorizavam a escola. A mudança de nível
relacionada com a Psicogênese, ocorreu rapidamente, apenas um aluno não obteve
mudança de nível. Posso dizer que 95% dos meus alunos conseguem realizar leituras de
gráficos e problematizar as informações contidas, claro, de acordo com a faixa etária
que se encontram. Juntos, eu e eles, aprendemos muito, conhecemos coisas
inimagináveis e recebemos informações totalmente desconhecidas por todos nós.
Ficávamos sempre querendo mais. Essa experiência foi sensacional!
Os alunos que estão tendo maior dificuldade em desenvolver suas habilidades, são
crianças que possuem um número significativo de faltas. Na minha opinião, o único
motivo pelo qual a criança atrasa a sua aprendizagem, são as faltas! Professor não faz
milagre, como pode uma criança aprender se está faltando aula?! Porém, a nossa escola
Padre Pombo possui o projeto Caracol, que tem como objetivo entrar em contato com
familiares desses alunos faltosos para tentar resolver o problema, quando não
conseguimos resolver da melhor forma possível, encaminhamos para o conselho tutelar
que toma as devidas providências. Infelizmente nem tudo conseguimos resolver
sozinhos e algumas famílias são bem problemáticas, mas graças a Deus isso é a minoria
e sempre tentamos de tudo para manter a harmonia com toda comunidade.
Referências bibliográficas
HERNANDÉZ, Fernando, Transgressão e Mudança na Educação; Google, Experiências
Exitosas na Pedagogia de Projetos; Projeto Amora; Projeto Âncora; Cadernos do
PNAIC 2013; Cadernos do PNAIC 2014; Cadernos do PNAIC 2015; Educar, Curitiba,
2008. Editora UFPR.