animais que despertam curiosidades
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animais que despertam curiosidades
EMEB PADRE RAIMUNDO CONCEIÇÃO POMBO MOREIRA DA CRUZ “ANIMAIS QUE DESPERTAM CURIOSIDADES” PROFESSORA SUSAN MAIRA FERREIRA BATISTA Cuiabá, fevereiro de 2015 IDENTIFICAÇÃO Emeb Padre Raimundo Conceição Pombo Moreira da Cruz Projeto Colaborativo Transdisciplinar: “Animais que despertam curiosidades” Áreas envolvidas: Linguagem, Ciências Naturais, Ciências Humanas e Sociais Ano: 2015 Cidade: Cuiabá- MT Duração provável: 1° e 2° bimestres Professora: Susan Maira Ferreira Batista Diretora: Márcia dos Santos Pinheiro Coordenadora: Elizabet dos Santos Participação dos professores de Artes/Música e Educação Física: Rafael, Roberto, Rubia e Érika. Público Alvo: Segundo ano A-B do Ensino Fundamental Número de alunos: 2° ano A: 25 alunos/2° ano B: 23 alunos Programa da escola: “O ser humano em formação: identidade, diversidade e cidadania global.” Fundamentação Teórica Segundo Parrilla (1996, apud ARNAIZ, HERRERO, GARRIDO e DE HARO, 1999), grupos colaborativos são aqueles em que todos os componentes compartilham as decisões tomadas e são responsáveis pela qualidade do que é produzido em conjunto, conforme suas possibilidades e interesses. Ao trabalharem juntos, os membros de um grupo se apoiam, visando atingir objetivos comuns negociados pelo coletivo, estabelecendo relações que tendem à não-hierarquização, liderança compartilhada, confiança mútua e co-responsabilidade pela condução das ações. Quando existe a colaboração há uma rejeição ao autoritarismo e promoção da socialização, não só pela aprendizagem, mas, principalmente, na aprendizagem e pode ser entendida como uma filosofia de vida. Vygotsky (1989) é um dos autores que vem embasando um grande número de estudos voltados para o trabalho colaborativo na escola. Ele argumenta que as atividades realizadas em grupo, de forma conjunta, oferecem enormes vantagens, que não estão disponíveis em ambientes de aprendizagem individualizada. O autor explica que a constituição dos sujeitos, assim como seu aprendizado e seus processos de pensamento (intrapsicológicos), ocorrem mediados pela relação com outras pessoas (processos interpsicológicos). Elas produzem modelos referenciais que servem de base para nossos comportamentos e raciocínios, assim como para os significados que damos às coisas e pessoas. Nesse sentido, Álvares e Del Rio (1996) consideram que quem aprende “toma emprestado”, paulatinamente, tais modelos de seus interlocutores mais capacitados, podendo assim chegar a ultrapassar seus limites. Freitas (1997, p.320) explica que: O outro é, portanto, imprescindível tanto para Bakhtin como para Vygotsky. Sem ele o homem não mergulha no mundo sígnico, não penetra na corrente da linguagem, não se desenvolve, não realiza aprendizagens, não ascende às funções psíquicas superiores, não forma a sua consciência, enfim não se constitui como sujeito. O outro é peça importante e indispensável de todo o processo dialógico que permeia ambas as teorias. (FREITAS, 1997, p. 320) Bakhtin (1986) explicava que as palavras que se usam não provêm de um dicionário, mas sim de outras pessoas. Ele acreditava que as pessoas desenvolvem, inicialmente, um processo de “ventriloquismo”, isto é, “falam pela boca dos outros”, para depois apossar-se das palavras utilizadas e imprimir-lhes seu próprio “sotaque”, adaptando-as a seus sentidos e intenções expressivas particulares. A importância da imitação para a aprendizagem também fica clara na discussão do conceito de “Zona de Desenvolvimento Proximal” (ZDP), criado por Vygotsky (1998). O autor escreveu que aquilo que uma criança pode realizar hoje somente com ajuda, ou em colaboração, amanhã poderá realizar sozinha, de maneira independente e eficiente. Engeström (1994) argumenta que o ato de pensar está aninhado em atividades socialmente organizadas e historicamente formadas, apresentando, assim, um caráter interativo, dialógico e argumentativo. Lave e Wenger (1991), que estudam os processos de aprendizagem em situações não-formais, descrevem o que ocorre no que denominam comunidades de prática – grupos que formam uma entidade social e estão envolvidos em empreendimentos conjuntos. Os autores (2002) afirmam que é pelo engajamento em atividades cotidianas, desenvolvidas em seu grupo de trabalho, que ocorre a produção, transformação e mudança na identidade das pessoas, em seu conhecimento e em suas habilidades práticas. Desenvolvendo mais essa ideia, Schaffer (2004) explica que, pela participação em comunidades de prática, os indivíduos internalizam as normas, os hábitos, as expectativas, as habilidades e os entendimentos dessas comunidades (como, por exemplo, as comunidades profissionais), que apresentam maneiras singulares de conhecer, decidir o que é importante saber e entender a realidade. Na revisão que realizaram sobre os mecanismos que atuam para potencializar as aprendizagens em ambientes de colaboração, Jeong e Chi (1997) relatam que pesquisas realizadas nas áreas da Antropologia, Linguística e Ciência Organizacional sugerem que as pessoas passam a compartilhar memó- rias, conhecimentos, ou modelos mentais como resultado do trabalho em conjunto. Dessa forma, atingem significados e representações comuns, possivelmente mais complexos e ricos do que aqueles elaborados individualmente. A respeito desse aspecto, também Salomon e Perkins (1998) salientam a possibilidade de “objetivação” (p.4) dos pensamentos, das ideias ainda em formação, que ocorre no trabalho colaborativo. Tais pensamentos e ideias, quando comunicados e compartilhados, podem ser discutidos, examinados e aperfeiçoados como se fossem objetos externos. Wells (2001), outro pesquisador que segue as ideias de Vygotsky, descreve o que ocorre entre pessoas que tentam resolver um problema significativo para todos e estabelecem um diálogo no qual soluções são propostas, ampliadas, modificadas ou contrapostas. A isso ele chama de co-construção do conhecimento, considerando-a como parte essencial do processo de aprendizagem. (Educar, Curitiba, n. 31, p. 213-230, 2008. Editora UFPR) Problemática Durante todo desenvolvimento do processo colaborativo, onde todos os alunos participaram, opinaram e decidiram o tema “animais”, a grande maioria demonstrou grande curiosidade em conhecer muitas novidades relacionadas com alguns animais que despertam interesses. A criança é um ser totalmente curioso, portanto, percebemos que seus conhecimentos anteriores já não satisfazem tamanha curiosidade. O desafio para as crianças será lançar um novo olhar, criterioso e científico, para esses animais que despertam curiosidade, encantamento e interesse, e agora possibilitarão grandes descobertas. Justificativa As crianças nutrem um verdadeiro fascínio pelos animais, que na visão delas são irresistíveis como brinquedos, mas com atrativos a mais, são seres animados, com vida, sentimentos e algumas necessidades semelhantes as dos seres humanos. O estudo dos animais traz associações concretas entre o homem, o mundo animal e a natureza. A criança sai do conceito “eu” para conhecer o “outro”, o que é muito saudável. Ao estudar os animais, os alunos aprendem sua própria natureza, as particularidades do outro, o meio ambiente, a cidadania, a responsabilidade, e principalmente, o sentido de alteridade, ou seja, aprendem a se colocar no lugar do outro, melhorando em grande intensidade o relacionamento interpessoal. Objetivo Geral Reconhecer a importância dos animais, a interdependência a outras espécies, características, semelhanças, diferenças e hábitos. Objetivos Específicos Explorar os sons, habitat e experiências com animais; Observar, pesquisar e registrar informações sobre os animais; Correlacionar o projeto com o processo de apropriação sistema de leitura/escrita e letramento; Proporcionar leituras compartilhadas; Apresentar diferentes gêneros textuais; Elaborar textos coletivos; Ampliar hipóteses de leitura/escrita; Pesquisar a história do Zoológico da UFMT; Representar e interpretar tabelas e gráficos; Exercitar numerais, medidas de tempo, formas geométricas planas, problemas e sistema monetário; Apresentar orientações topológicas e projetivas; Desenvolver a expressão corporal, cênica, mímica, ritmo, musicalização; Confeccionar jogos, brinquedos e modelagem; Organizar painéis mostra, portfólio, teatro, aulas de campo e gráficos. Conteúdos Curriculares/Eixos/Capacidades Língua Portuguesa Eixos Capacidades Conteúdos Leitura/Produção/Oralidade/ Ler textos não Gêneros textuais Análise Linguística: verbais em (literários, discursividade, textualidade diferentes suportes; narrativos, notícias, e normatividade/Análise Ler diversos poesia, Linguística: apropriação do gêneros textuais informativos, Sistema de Escrita com autonomia; receitas, placas, Alfabética. Compreender textos roteiro, adivinhas, lidos por outras canções, listas e pessoas; Antecipar regras). Formação sentidos e ativar de palavras e conhecimentos textos; Alfabeto, prévios; Ordem alfabética; Reconhecer Leituras finalidades de compartilhadas; textos lidos pelo Consciência professor ou pelas fonológica de crianças; Localizar rimas, aliterações, informações letras, sílabas. explícitas em textos de diferentes gêneros, temáticas, lidos pelo professor e com autonomia. Planejar a escrita de textos com ajuda de um escriba e com autonomia; Produzir textos de diferentes gêneros por meio da atividade de um escriba e com autonomia; Organizar o texto, dividindo-o em tópicos e parágrafos. Participar de interações orais na sala de aula; Escutar com atenção. Reconhecer gêneros textuais e seus contextos de produções; Conhecer a ordem alfabética e seus usos em diferentes gêneros; Compreender que palavras diferentes compartilham certas letras. Matemática Eixo Capacidades Conteúdos Números e Identificar Numerais; Operações/Geometria/Grandezas números nos Gráficos e e Medidas/Tratamento da diferente tabelas; Unidades Informação. contextos; de medidas; Utilizar Unidades de diferentes tempo; Situações estratégias para problemas que quantificar e envolvem adição comunicar; e subtração; Identificar Formas regularidades na geométricas série numérica planas; Sistema para nomear, ler monetário; Par e e escrever ímpar; números menos Antecessor e frequentes; sucessor; Valor Reconhecer e posicional dos elaborar números: unidade problemas. e dezena. Explicitar informalmente a posição de pessoas e objetos, dimensionar espaços, utilizando vocabulário pertinente nos jogos, nas brincadeiras, e nas diversas situações nas quais as crianças consideram necessário essa ação, por meio de desenhos, croquis, plantas baixas, mapas... Comparar tamanhos, larguras...; Identificar unidades de tempo; Resolver e elaborar problemas a partir das informações de um gráfico; Produção de textos escritos a partir de interpretação de gráficos e tabelas. Ciências Eixos Capacidades Conteúdos Compreensão conceitual e Desenvolver A proteção da procedimental da ciência/ raciocínio lógico e fauna; Organização Compreensão das relações proporcional; familiar e suas entre ciências, sociedade, Aprender a seriar, relações com os tecnologia e meio organizar e animais; Diferenças ambiente. classificar entre os animais informações; selvagens (silvestres) e Reconhecer os domésticos; limites da utilidade Respeito aos das ciências e das tecnologias para a promoção do bem estar humano e para os impactos sobre o meio ambiente. animais (importância); A classificação e características dos animais: répteis, anfíbios, mamíferos, aves, peixes e insetos (vertebrados e invertebrados); Ciclo da metamorfose da borboleta; Espécies ameaçadas de extinção. Geografia Eixo Capacidades Conteúdos Garantia do acesso aos Ler, interpretar e Estruturas conhecimentos do mundo representar o locomotoras e de físico e natural e da espaço por meio de conservação. realidade social e política. mapas simples; Noções de mapa e legenda; Orientações topológicas; Moradia dos animais (habitat). História Eixo Capacidades Conteúdos Sujeitos históricos/Tempo Formular e Histórias dos histórico/Fatos históricos. expressar uma animais domésticos reflexão a respeito ou estimação; das semelhanças e História do diferenças Zoológico da identificadas entre UFMT; os animais estudados; Comparar tempo de duração de vida entre animais; Identificar as formas que os animais viviam e organizavam seus espaços antes e depois. Artes/Educação Física Reprodução dos sons da natureza; Representação cênica/corporal; Modelagem; Músicas; Ritmo; de animais; Expressão METODOLOGIA Iniciamos o desenvolvimento do Projeto “Animais que Despertam curiosidades”, com participação total dos alunos. Eles decidiram o tema, o nome, ajudaram na construção da problemática e objetivos. A participação das crianças ocorrerá a todo momento. Juntos iremos decidir os tipos de pesquisas, os animais que iremos explorar, os locais que iremos visitar, as produções que serão desenvolvidas, a forma como será realizada a culminância e tudo mais que for surgindo no decorrer de todo processo. Com certeza, muitas coisas maravilhosas serão descobertas pelos nossos pequeninos, que os deixarão ainda mais deslumbrados pelos animais, que os farão cuidar e respeitar a tudo e a todos, independente das diferenças existentes na vida de cada ser. Através de um desenvolvimento transdisciplinar, aprenderão a construir o novo por meio de trocas de conhecimentos e descobrirão que é possível, e essencial, relacionar o mesmo conhecimento em todas as áreas do saber, e que todo conhecimento adquirido será útil para todos, em qualquer lugar do mundo e em qualquer momento de suas vidas. Nossos alunos terão grande sucesso com esta honrosa experiência. Recursos - Data show; - Máquina fotográfica; - Computadores; - Livros literários; - Coleta de dados; - Pesquisas; - Leituras de diversos gêneros; - Dinâmicas; - Jogos; - Aulas de campo; - Teatro; - Dobraduras; Registro de todo processo Um grande desafio! Acostumada a apresentar aos meus alunos, projetos prontos e com datas marcadas para terminar, senti um friozinho na barriga quando comecei a entender todo processo de desenvolvimento de um projeto participativo e colaborativo. Comecei a pesquisar e ler sobre o assunto, vi algumas experiências exitosas e pensei: Se deu certo com eles dará certo comigo também, e decidida, iniciei o diálogo em sala de aula com meus pequeninos. Eu, já tinha o hábito de colocar os alunos para participar do processo em todo momento, mas a grande diferença é que eu escolhia o tema que iria apresentar aos meus alunos. Desta vez seria diferente, eles iriam escolher o tema! Então, iniciamos o processo, eu expliquei numa roda de conversa como iríamos trabalhar em 2015, a conversa foi longa e detalhada, todos ficaram muito empolgados, a ideia de participarem de toda construção os encantou. Comecei com a seguinte pergunta: “O que vocês querem aprender este ano?” No quadro ia anotando o nome de cada um com suas respectivas respostas. Quando terminei de realizar esta atividade com as duas turmas, iniciamos a segunda parte do processo, coletivamente íamos interligando os temas que se relacionavam e no final ficaram os seguintes temas: Coca-Cola, cores, animais, iceberg, tecnologia e futebol. Fomos a votação e a maioria escolheu o tema “animais.” O próximo passo foi a escolha do nome, as crianças iam apontando suas ideias e eu ia anotando no quadro e dessas anotações acabou saindo também, os objetivos. Logo após decidirmos os objetivos surgiu o nome do projeto “Animais que despertam curiosidades”. Depois fui questionando, dialogando e anotando o que falavam, e com a respostas e ideias que surgiram conseguimos desenvolver a problemática, produzimos um texto coletivo dizendo porque era importante trabalharmos o tema animais. O próximo passo foi a tomada de decisão sobre qual ou quais animais iniciaríamos o nosso conhecimento. Perguntei à eles se queriam conhecer somente sobre alguns animais, mas as respostas foram coletivamente “não”, “queremos conhecer sobre todos os animais”. Então disse a eles que precisávamos decidir o primeiro nome ou espécies de animais para darmos início. Dialogando sempre, fui dando exemplos e ouvindo o que falavam. Um dos alunos do segundo ano A tinha grande curiosidade em saber um pouco mais sobre gatos e falou com muita empolgação, convencendo seus colegas e ajudando em nossa primeira escolha. Todos concordaram que o primeiro animal a ser pesquisado seria o gato. Primeiramente, solicitei que pesquisassem sobre o tal animal e conseguissem informações curiosas sobre gatos. Impressionante o resultado das pesquisas, muitas informações que nos deixaram de boca aberta, como por exemplo: “o gato possui mas ossos que o homem” ou “o gato enxerga 6 vezes a mais que o homem no período noturno”. Essas e muitas outras curiosidades surpreenderam as crianças. Para animá-los ainda mais, levei para a sala de aula imagens do maior e menor gato do mundo, o mais gordo, o mais bonito, o mais feio e foi um momento mágico! E com essas informações pude dar ênfase a temas como alimentação, diferenças, inclusão, semelhanças, cuidados com os bichinhos e com o próximo, amor e respeito. Esses temas são essenciais e farão parte do processo em todo momento. Os gatos e suas curiosidades! Agora, nosso próximo passo, escolher novamente um outro animal para continuarmos matando nossas curiosidades sobre eles. Conversamos muito e foram citados diversos nomes de animais como: cavalo, cachorro, cobra, aranha, vaca e outros. Eu ia anotando, sempre, todos os nomes que falavam. Percebi que a maioria dos nomes citados eram animais que se encaixavam nos grupos de animais úteis e nocivos. Aproveitei para explicar sobre o significado dessas duas palavras e em seguida pedi que me ajudassem a identificar quais daqueles animais eram úteis e quais eram nocivos. Perguntei se queriam escolher somente um daqueles animais ou se queriam estudar sobre todos eles. A grande maioria disseram que gostariam de aprender sobre todos eles. Fiquei muito feliz, pois com esses dois temas, animais “úteis e nocivos”, poderia explorar muitos conceitos e conteúdos em todas as áreas do saber. Iniciamos as pesquisas. Aproveitei para trabalhar o gênero receita, pois sabemos que a maioria dos animais úteis nos fornecem algo que servem para nossa alimentação. Os alunos pesquisaram e trouxeram para a sala uma receita. Todos trouxeram receitas de algum tipo de alimento. Mostrei para eles que existem receitas de todos os tipos e muitas delas não servem para nossa alimentação. Um dos alunos disse que “o médico dá receita”, então, conversei sobre o sentido da receita escrita pelos médicos para que não ficassem com nenhuma dúvida. Produzimos uma receita coletiva e no decorrer das aulas a receita em grupos, em duplas e individual. Antes de produzirmos a receita individual, realizamos uma na prática, pois dessa forma facilitou que as crianças produzissem individualmente com maior autonomia. Não podemos pedir para que um aluno produza um texto individual, sem antes mostrar com todo convicção, as principais características do gênero estudado. Aproveitei para mostrar as crianças: o boi com o maior chifre, o maior boi do mundo, o menor cavalo, o cavalo mais bonito, a ovelha com mais pelos, as galinhas mais bizarras, o maior porco, a maior cobra, a maior aranha, a maior ninhada de aranhas, vários tipos de escorpiões, ratos, baratas, moscas etc. E aproveitando toda essa curiosidade, estudamos sobre doenças causadas por muitos desses animais. E, através dos nossos diálogos, citamos o mosquito Aedes Aegypty como o causador da Dengue, algumas crianças lembraram que esse mosquito também transmite a Febre Chikungunya. Os alunos começaram a dizer que o vizinho estava com Dengue, a mãe, o irmão, a avó, e eu aproveitei e disse que o meu esposo e a nossa diretora também estavam com Dengue. Perguntei a eles se queriam conhecer um pouco mais sobre esse pequeno inseto que causa grandes prejuízos a nossa saúde. Todos quiseram!! Observem abaixo algumas imagens do trabalho desenvolvido sobre animais úteis e nocivos. São cartazes e gráficos expostos na sala de aula que foram problematizados. Um dos gráficos possui informações sobre a Dengue em Cuiabá no ano de 2014. Levei essa informação para que as crianças pudessem comparar com os dados de 2015. Eles conseguiram observar que, ainda estamos no mês de abril, mas que o número de pessoas que contraíram Dengue em 2015 já quase que alcançam a quantidade de todo ano de 2014. Ficaram apavorados! Pesquisei muitos vídeos e histórias sobre o assunto. Li para meus alunos a história em quadrinhos “Maluquinho contra a Dengue 2”(O rebuliço). A história fala sobre algumas crianças que aproveitaram as férias escolares para ajudar a combater a Dengue. As crianças se identificaram com a história. Passei um vídeo com o tema “10 minutos por semana para ajudar a combater a Dengue”, apresentei também um vídeo sobre a Febre Chikungunya e colei no caderno de leitura um texto musical com o título “Xô Dengue, cantamos a música. Mandei como tarefa de casa a seguinte missão: cada um de vocês irão verificar e anotar tudo sobre o quintal de suas casas, se encontrarem locais que acumulem água irão conversar com seus familiares para que coloquem em ordem e nos ajudem a eliminar a Dengue. Na história em quadrinhos que usei para iniciar esse trabalho, mostra o menino Maluquinho com seus amigos em muitas missões pelo bairro onde moram, então resolvi usar esta palavra sempre quando pedir algo para meus pequeninos. Disse a eles que nossa maior missão é conscientizar as pessoas do nosso bairro que todos nós somos responsáveis pelo aumento dessas doenças e que devemos, juntos, acabar com ela. Nós vamos mostrar as pessoas como devem proceder para eliminarem esses mosquitos. Assim, como os personagens da história, também iremos visitar as ruas do nosso bairro e verificarmos como as pessoas estão cuidando ou como não estão cuidando! Realizamos a primeira parte da aula de campo sobre a Dengue no dia 17 de abril. A aula foi um sucesso! Visitamos algumas ruas do bairro Parque Cuiabá (onde está localizada a escola Padre Pombo), as crianças ficaram espantadas com tanto lixo nas ruas, ao redor da escola e na frente das casas e puderam refletir muito sobre o assunto, podendo então concluir que o principal responsável pelo aumento dessa doença não é o mosquito e sim o homem, que deixa lixo por onde passa, assim, acumula-se água em muitos lugares que se tornam criadouros do mosquito. Quando voltamos para a sala de aula, anotamos tudo que vimos e quais seriam as soluções para o problema. Problematizamos tudo, transformamos as informações em gráficos e tabelas, desenvolvemos problemas matemáticos, produções coletivas e individuais, analisamos o “boletim semanal da Dengue em Cuiabá”. Essa análise é desenvolvida, praticamente toda semana. Nossa equipe gestora, recebe o boletim e encaminha para nossa turma sempre que possível, então fazemos comparações entre as tabelas semanais, está sendo um trabalho riquíssimo. Turminha do segundo ano A matutino. Entulhos na frente da escola. Bueiros entupidos nas ruas do bairro Parque Cuiabá. Lateral da escola. Muito lixo!! Locais ideais para criadouros do mosquito. “Fundo da escola Padre Pombo”. Muito lixo. Momento de reflexão: quem é responsável por limpar esta área? Esta imagem demonstra toda sujeira que encontramos . A esquerda acima, uma parte da história em quadrinhos que realizamos coletivamente após a aula de campo. Desenvolvemos a segunda parte da aula de campo no dia 04 de maio. O objetivo desta aula era entregar panfletos de conscientização sobre a Dengue e após a panfletagem, faríamos um piquenique de alimentação saudável, aproveitando para identificar os alimentos que tinham algo retirados de animais úteis e explorar suas vitaminas e como deveriam ser consumidos. Aula maravilhosa!! A animação das crianças era empolgante. Panfletagem 2° ano A Crianças colaborando para a melhoria da vida humana, se auto conscientizando e conscientizando o outro para que futuramente tenhamos um mundo melhor. Piquenique 2° ano A Diálogo sobre a melhoria alimentar. Descobrindo alguns alimentos que possuem ingredientes de origem animal. Todos participaram e opinaram. Muito bom!! Panfletagem 2° ano B Olha a alegria da criançada!! Crianças bem orientadas, adultos conscientes! Piquenique 2° ano B Depois de se deliciarem com alimentos saudáveis, deixei que se divertissem durante 30 minutos pelo campo de futebol. Brincaram, correram e se esbaldaram. E, felizes, com sensação de dever cumprido, voltamos para a escola. Desenvolvemos a nossa produção coletiva que faz parte da nossa rotina. O tema da produção do 2° ano A foi “Mundo saudável” e do 2° ano B foi “Vida saudável”. Nas duas produções foram abordados os temas da aula de campo. E assim encerramos o trabalho sobre animais úteis e nocivos, não deixando de observar toda semana as tabelas sobre a Dengue em Cuiabá. Seguimos para o próximo passo. Decidimos focar agora nos animais de estimação. Passei para eles alguns vídeos sobre os cuidados que devemos ter com nossos animais. Após os vídeos fomos a produção coletiva. Cada turma realizou uma lista de cuidados com os animais. (2° ano A: dar carinho, dar banho, passear, alimentá-lo bem, brincar, vaciná-lo e não maltratar. O 2° ano B: dar comida saudável, dar água limpa, muito carinho, não bater, brincar com eles, dar banho, dar vacina, levar no veterinário e levar para passear). Perguntei às crianças se tinham animais em casa. Anotamos no quadro o nome da criança, que animal ela tinha e qual o nome do animal, aproveitei para dar ênfase a letra maiúscula em nomes próprios. Passamos as informações para uma tabela e para um gráfico de colunas. Problematizamos com questões do tipo: qual o total de animais? Qual o total de cachorros e cachorras? Qual o total de gatos e gatas? A maioria dos alunos possuem qual animal? Qual a diferença entre gatos e cachorros? Qual a diferença entre gatas e cachorras? Após cada turma problematizar seu gráfico, fomos para a parte da comparação de informações entre os gráficos das duas turmas e lançamos questões do tipo: Qual o total de animais do 2° ano A? Qual o total de animais do 2° ano B? Qual turma tem mais animais? Qual a diferença entre as duas turmas? Qual a diferença entre a quantidade de cachorros do 2° ano A e B? Através desta problematização, concluímos que a maioria das pessoas possuem cachorros em casa. Então me lembrei que estamos passando por um momento delicado no bairro, a falta de segurança. Perguntei as crianças se queriam realizar uma entrevista com adultos que possuíam cachorros em casa, para descobrirmos qual é o principal motivo de terem esse animal. Expliquei como seria essa entrevista e todos ficaram empolgados para realizarem o trabalho. Então, colei no caderno os questionamentos que iriam realizar com a pessoa escolhida. (veja abaixo) EMEB PADRE RAIMUNDO CONCEIÇÃO POMBO MOREIRA DA CRUZ CUIABÁ, 20 DE MAIO DE 2015 Professora: Susan Maira F Batista Aluno(a):____________________________________________________________________ Ano:_______________________________ ENTREVISTA TEMA: ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO/BAIRRO/SEGURANÇA/TEMPO HISTÓRICO/MUDANÇAS A PESSOA ENTREVISTADA DEVE TER CACHORRO EM CASA. 1-QUAL É O SEU NOME? _______________________________________________________________________ 2-QUANTOS CACHORROS VOCÊ TEM E QUAL O NOME DELES? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 3-QUAIS OS CUIDADOS QUE VOCÊ TEM COM O SEU CACHORRO? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 4-QUAL É O MAIOR OBJETIVO DE VOCÊ TER UM CACHORRO EM CASA, COMPANHEIRISMO OU SEGURANÇA? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 5-O CACHORRO AJUDA NA SEGURANÇA DA CASA? POR QUÊ? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 6-COMO ESTÁ A SEGURANÇA NO SEU BAIRRO? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 7-COMO ERA O BAIRRO A ALGUM TEMPO ATRÁS? O QUE VOCÊ PODIA FAZER QUE NÃO PODE MAIS POR FALTA DE SEGURANÇA? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 8-NA SUA OPINIÃO, COMO A FAMÍLIA PODE CONTRIBUIR PARA QUE NO FUTURO TENHAMOS MAIS SEGURANÇA? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ Incrível o resultado da entrevista. Conseguimos acabar com a nossa dúvida e descobrimos que a maioria das pessoas possuem cachorros para ajudarem com a segurança de suas casas e que o problema da falta de segurança não é somente no bairro Parque Cuiabá, mais sim, em praticamente, todos os bairros da cidade. Realizamos a sistematização das questões anotando e comparando todas as respostas dos entrevistados. O que me chamou mais atenção foi a questão 8. Algumas pessoas responderam de acordo, que o papel da família para que possamos ter um futuro menos violento é “dar mais educação para seus filhos, orientá-los moralmente e criá-los no bom caminho, dando bons exemplos. O que me assustou foi ver claramente, que a maioria das pessoas deram respostas do tipo “colocar mais policiais nas ruas” ou até mesmo “não sei”. Como uma família pode não saber a sua contribuição para termos um mundo menos violento?! Agora entendo porque estamos vivendo num mundo inverso. Mas sei que eu posso contribuir para formar adultos mais conscientes, que saberão educar seus filhos para serem cidadãos do bem e assim melhorar o mundo. Estou feliz, pois estou fazendo a minha parte. Dialogamos durante um bom tempo e refletimos juntos sobre o assunto. Foi um grande momento para mim e para meus pequeninos. Seguimos o nosso trabalho. Apresentei aos alunos o poema “Cultura”, escrito por “Arnaldo Antunes”. Explorei o gênero de todas as formas possíveis e o aproveitei para finalizarmos o trabalho sobre animais de estimação e iniciarmos o trabalho sobre animais selvagens. Propus uma atividade em grupo, com nomes de animais retirados do poema. Foi fantástica a participação e colaboração dos alunos uns com os outros. (veja abaixo) CLASSIFICAÇÃO DOS ANIMAIS RETIRADOS DO POEMA “CULTURA” Animais Aéreo, terrestre ou aquático? Herbívoro, Onívoro ou Carnívoro? Pelos, penas, carapaça ou escamas? Quantas patas? Vivíparo ou ovíparo? Vertebrado ou invertebrado? Selvagem ou doméstico? Útil ou nocivo? O envolvimento das crianças foi total. Dialogaram, pensaram, refletiram e debateram para chegarem as respostas corretas. Só me procuravam quando nenhum componente do grupo sabia. Eu, também, não facilitava e lançava desafios ainda maiores, levandoos a pensar e descobrirem por si só. Precisava iniciar o trabalho sobre animais selvagens. O que eu mais queria era iniciar com uma aula de campo no zoológico da UFMT. Infelizmente, a escola pública tem seus empasses, os alunos, sem condições financeiras, não podem ajudar no pagamento da condução e, infelizmente, não conseguimos uma condução gratuita. Então pensei, pensei... pensei...o que fazer? E graças a Deus, nós educadores, temos o dom de transformar, improvisar e inovar. Resolvi então pesquisar um vídeo que pudesse mostrar, detalhadamente, o funcionamento do zoológico e como os animais selvagens que vivem lá são tratados. As crianças se divertiram com o vídeo e gostaram do que viram. Listamos no quadro todos os animais que apareceram no vídeo e que vivem no zoológico da UFMT. Conversamos sobre os cuidados com esses animais e porque eles devem viver soltos nas matas. Nesse momento fui questionada! Uma das crianças levantou a mão e perguntou: - Professora, se os animais devem viver soltos nas matas, porque alguns deles estão presos no zoológico? Graças a Deus, eu estava preparada! Disse a ela que iria apresentar outro vídeo e que logo após responderia a pergunta. O vídeo era uma reportagem sobre a matança de periquitos e o tráfico de pássaros no Nordeste do Brasil. No início mostra funcionários do IBAMA visitando algumas famílias responsáveis por crianças que estavam exterminando periquitos com “estilingues”, o uso desse objeto é tradição em alguns povoados nordestinos. Num outro momento, mostra o IBAMA apreendendo inúmeros pássaros em várias residências. Após assistirmos o vídeo, iniciei o diálogo respondendo o questionamento da aluna. Disse que a maioria dos animais que vão para o zoológico são animais encontrados em residências de pessoas que criam sem autorização do IBAMA e outros que traficam esses animais para ganhar muito dinheiro. Disse ainda que a maioria não se adaptam novamente nas florestas e por isso são levados para zoológicos. Nosso diálogo foi extremamente valioso. Um dos alunos disse que matava passarinhos com estilingue, outro contou que o tio matava também com estilingue, e ainda outro disse que o pai matava com espingarda de pressão, e saiu cada história, seguidos de muita conversa e inúmeras reflexões. Meus pequeninos ficaram extremamente sensibilizados. Num determinado momento, repeti a fala de um dos funcionários do IBAMA, que disse que muitas espécies de pássaros apreendidos e mortos corriam risco de extinção. Perguntei se gostariam de descobrirem sozinhos o significado daquela palavra. A maioria disse que sim! Então propus que encontrassem, em duplas, a palavra no dicionário. Pesquisaram, encontraram e conversamos um pouco mais. Bom, agora, faltando três semanas para o nosso workshop, iniciamos os preparativos para exposição dos trabalhos e apresentação do teatro que terá como tema “O Bicho Homem”. Pesquisei vários textos teatrais, mais nenhum deles estava de acordo com o que realmente eu e meus alunos queríamos. Com tudo que vimos e aprendemos, concluímos que o pior de todos os animais, não era aqueles que nos atacavam (quando invadíamos o espaço deles), e sim, o homem, que matava, maltratava, explorava e traficava animais inocentes. Então, meus alunos deram muitas ideias e através de tudo que conversamos, produzi o texto teatral, que ficou assim: TEATRO: 2° ANO A/B 2015 EMEB PADRE RAIMUNDO CONCEIÇÃO POMBO MOREIRA DA CRUZ CULMINÂNCIA DO PROJETO “ANIMAIS QUE DESPERTAM CURIOSIDADES” AUTORA: SUSAN MAIRA FERREIRA BATISTA O BICHO HOMEM NARRADOR: EXISTIA NO MATO GROSSO UM FAZENDEIRO MUITO RICO QUE CRIAVA MILHARES DE BOIS E VACAS. FAZENDEIRO: - OLÁ PESSOAL, EU ME CHAMO CATATAL E SOU UM FAZENDEIRO MUITO RICO, DONO DE MILHARES DE CABEÇAS DE GADO. BOI: - EU SOU O BOI! VACA: - EU SOU A VACA! BOI/VACA: - SOMOS ANIMAIS ÚTEIS! BOI: SOU ÚTIL PORQUE FORNEÇO CARNE PARA O HOMEM SE ALIMENTAR. VACA: SOU ÚTIL PORQUE FORNEÇO CARNE E LEITE PARA VOCÊS SE ALIMENTARES. BOI: EU E MEUS AMIGOS ESTAMOS CANSADOS DE VIVER NESSA FAZENDA. VACA: O FAZENDEIRO É MUITO MALVADO, ELE JUDIA DE NÓS!! BOI/VACA: O FAZENDEIRO CATATAL É UM HOMEM SEM CORAÇÃO! NARRADOR: CRIANÇAS, VOCÊS CONCORDAM COM O FAZENDEIRO CATATAL? É CERTO MALTRATAR OS ANIMAIS? FAZENDEIRO: CANSEI DE CRIAR ESSES BOIS E ESSAS VACAS (CHICOTADAS). VOU VENDER TODOS. AGORA VOU PLANTAR SOJA E PRA ISSO VOU DESMATAR TUDO!! (MUITAS RISADAS DO FAZENDEIRO). NARRADOR: O FAZENDEIRO ENTÃO VENDEU TODO O SEU REBANHO. GADO: QUE ALEGRIA, ESTAMOS FELIZES. NÃO SEREMOS MAIS MALTRATADOS!! VAMOS EMBORA DAQUI. (E TODOS FORAM EMBORA FELIZES). NARRADOR: OS BOIS E VACAS ESTAVAM FELIZES, ELES NÃO IRIAM MAIS SOFRER! MAS AGORA QUEM CORRIA PERIGO ERAM AS ÁRVORES E OS ANIMAIS SELVAGENS. FAZENDEIRO: EMPREGADOS, VENHAM AQUI. EMPREGADOS: O QUE DESEJA SENHOR CATATAL? FAZENDEIRO: DERRUBEM TODAS AQUELAS ÁRVORES, PRECISO DE ESPAÇO PARA PLANTAR SOJA. EMPREGADO JOÃO: MAS SENHOR CATATAL, NÃO PODEMOS DESTRUIR A NATUREZA. NÓS PRECISAMOS DELA PARA SOBREVIVERMOS. TEM MUITOS ANIMAIS SELVAGENS QUE VIVEM NESSA FLORESTA E PODEM MORRER SE DERRUBARMOS ESSAS ÁRVORES. FAZENDEIRO: FIQUE QUIETO E FAÇA O QUE EU MANDO! NARRADOR: OS EMPREGADOS, MUITO TRISTES, FORAM CORTAR AS ÁRVORES. ÁRVORES: (CHORANDO) NÃO QUEREMOS MORRER!!! ANIMAIS SELVAGENS: (DESESPERADOS, CORRENDO PRA LÁ E PRA CÁ, CHORANDO). JACARÉ: QUEM SÃO ESSES ANIMAIS? COBRA: VOCÊ NÃO CONHECE JACARÉ? ESSES SÃO O BICHO HOMEM!! ONÇA: DIZEM QUE É O ANIMAL MAIS INTELIGENTE DO MUNDO. COELHO: QUE INTELIGÊNCIA É ESSA? ELES MALTRATAM OS ANIMAIS E DESTROEM A NATUREZA!! ZEBRA: O BICHO HOMEM NÃO É INTELIGENTE, ELE É DESTRUIDOR! ARARA: ESTÁ DESTRUINDO O HABITAT DOS ANIMAIS SELVAGENS. DESTRUINDO A FLORESTA!! CACHORRO: O FAZENDEIRO É MEU DONO. SOU SEU ANIMAL DE ESTIMAÇÃO E CUIDO DA SEGURANÇA DELE. MAS EU NÃO POSSO DEIXAR QUE ELE FAÇA ISSO. TODOS OS ANIMAIS: VAMOS COLOCÁ-LOS PARA CORRER! JACARÉ: CALMA! NADA DE VIOLÊNCIA! COELHO: BICHO HOMEM DEIXE A NOSSA FLORESTA EM PAZ. VOCÊ NÃO PERCEBE QUE ESTÁ DESTRUINDO A NOSSA VIDA E A SUA TAMBÉM. NARRADOR: OS ANIMAIS DA FLORESTA NÃO QUERIAM DEIXAR QUE O CATATAL DESTRUISSE TUDO. SERÁ QUE ELES VÃO CONSEGUIR? FAZENDEIRO: SAIAM DAQUI SEUS ANIMAIS INÚTEIS. DEIXEM MEUS EMPREGADOS TERMINAREM O TRABALHO. EMPREGADOS: NÃO CATATAL!! NÃO VAMOS MAIS DESTRUIR A NATUREZA. SE QUISER FAÇA SOZINHO! NARRADOR: NINGUÉM MAIS QUIZ DESTRUIR A NATUREZA, ENTÃO O CATATAL FOI CORTAR AS ÁRVORES SOZINHO. PEGOU O MACHADO E COMEÇOU A CORTAR. (AS ÁRVORES CHORARAM MAIS AINDA E OS ANIMAIS FICARAM AINDA MAIS DESESPERADOS.) NARRADOR: E OLHEM O QUE ACONTECEU. UMA DAS ÁRVORES CAIU EM CIMA DO CATATAL. FAZENDEIRO: SOCORROOOOO! VOU MORRER! ALGUÉM ME AJUDE! NARRADOR: OS ANIMAIS SE UNIRAM PARA SALVAR O CATATAL. FAZENDEIRO: OBRIGADO! MUITO OBRIGADO! VOCÊS ME AJUDARAM E FORAM MAIS HUMANOS DO QUE EU! ME PERDOEM! EU NUNCA MAIS VOU JUDIAR DOS ANIMAIS E NUNCA MAIS VOU DESTRUIR A NATUREZA. NARRADOR: O FAZENDEIRO APRENDEU A LIÇÃO E TODOS VIVERAM FELIZES PARA SEMPRE! FINALIZAR COM A MÚSICA “VAMOS CONSTRUIR” (SANDY E JUNIOR). (ENQUANTO AS CRIANÇAS CANTAM, PASSAR EM DATA SHOW) Vamos Construir Sandy e Junior Sei que ainda sou criança Tenho muito que aprender Mas quero ser criança quando eu crescer Nosso mundo é um brinquedo Com pecinhas para unir Ele será todo seu, se você pensar assim Refrão Vamos construir uma ponte em nós Vamos construir, pra ligar seu coração ao meu Com o amor que existe em nós! E você que é gente grande Também pode aprender Que amar é importante pro meu mundo e para o seu Mas eu tenho a esperança De você ser meu amigo De voltar a ser criança, pra poder brincar comigo Refrão Tudo o que se sonha Com amor se pode conseguir Por que tudo é assim, é assim E a gente vive muito mais feliz! Refrão Após apresentar o texto teatral, iniciamos as produções de textos individuais. O “tangram” e as “dobraduras” foram utilizados para que nosso trabalho ficasse ainda mais belo e nossa aprendizagem ainda mais completa. Vejamos abaixo imagens do trabalho realizado. Tangram com produção textual. O trabalho com tangram vai muito além de se trabalhar formas geométricas. Esse quebra-cabeça chinês desenvolve o raciocínio lógico e geométrico, habilidades de visualização, percepção espacial, análise de figuras, além de ser uma forma lúdica que agrada crianças e adultos, tornando o aprendizado mais prazeroso e significativo. Pude perceber que relacionar a produção de texto com o tangram, fez com que as crianças tivessem ainda mais interesse e disposição no momento de produzir. Sabemos que trabalhar produção de texto com turmas de segundo ano, não é uma tarefa fácil, principalmente no início, mas acredito que tivemos grandes avanços com esse trabalho e que os próximos serão realizados com maior tranquilidade, pois as habilidades estão sendo aprofundadas e consolidadas cada dia mais. Alunos produzindo. Trabalho extremamente produtivo! Percebi também que essa proposta proporcionou o trabalho cooperativo entre as crianças. Algumas tiveram grandes dificuldades em montar o tangram e nesse momento os colegas ajudavam e se sentiam muito felizes e importantes, pois já haviam conseguido realizar a montagem e podiam ajudar o outro a superar o obstáculo. Eu não deixei que fizessem para o colega, e sim que orientassem. Foi fantástico! A dobradura, também propiciou a visão das possibilidades de contar e criar histórias e estimulou a observação, concentração, coordenação motora, autoconhecimento e criatividade. Li para eles o livro “Uma Girafa e Tanto” de Shel Silverstein, após a leitura, simulamos um diálogo com a girafa, realizamos a dobradura da girafa e, individualmente, cada aluno produziu seu diálogo com a girafa na mesma folha da dobradura. O trabalho ficou lindo! Com o gênero diálogo pude dar ênfase aos sinais de pontuação (interrogação, exclamação, dois pontos, travessão, vírgula e ponto final). Desenvolvimento da dobradura. Produção do diálogo Em seguida, li para meus alunos o livro “Bichionário” de Telma Guimarães. Propus a eles a confecção e produção de um livreto parecido com o material apresentado. Eles concordaram. Então, iniciamos a produção do nosso Bichionário e saiu um mais lindo que o outro! A atividade foi desenvolvida em duplas. No momento da escolha das duplas tive um cuidado especial, por exemplo, uma dupla com dois alunos agitados, uma com dois alunos no nível silábico ou uma dupla com dois alunos pacatos, não dariam certo, os agitados ficariam ainda mais agitados, os pacatos não sairiam do lugar e os silábicos não teriam condições de se ajudarem. Portanto todo cuidado e atenção na formação das duplas é essencial para se ter um trabalho ainda melhor. Observem as imagens abaixo: Produção do “Bichionário”. Em duplas. 2° ano B Durante o desenvolvimento do projeto, foram realizadas leitura deleite de 2 a 3 vezes por semana, com algumas delas foram criados jogos matemáticos que fizeram grande sucesso com a garotada. Por exemplo o livro “ A joaninha que perdeu suas pintinhas” da autora Ducarmo e “O coelhinho que não era da Páscoa” da autora Ruth Rocha. Vejam os jogos: Jogo: Toca do coelho Objetivos: consolidar o conhecimento sobre dezenas, adição e subtração. Jogo: As pintas da Joaninha. “Probabilidades e adição” Os jogos jamais poderiam ser esquecidos, principalmente na Matemática. As crianças aprendem prazerosamente, e sem perceberem, já estão dominando diversas habilidades, e o melhor de tudo, sem nenhuma tortura! A Matemática então se transforma em alegria. Tenho certeza, que nos próximos anos, se esse trabalho tiver uma sequência, uma continuidade, os alunos dessa turminha terão grande êxito em suas vidas. Estou muito feliz com o desenvolvimento cognitivo dos meus pequeninos. Tivemos, juntos muito aprendizado e grandes conquistas! E assim chegou o dia da nossa culminância, vejamos como tudo foi organizado: Decidimos, coletivamente, quais seriam os animais usados em nossas lembrancinhas. Todos ficaram satisfeitos! Lembrancinhas As produções foram expostas e para envolver toda a comunidade, os jogos foram utilizados. Um cantinho de leitura foi organizado com todos os livros literários com tema animais, lidos no decorrer do projeto. Servimos para os visitantes iogurte, com o objetivo de incentivar o consumo desse alimento que é derivado do leite, retirado da vaca, e é um alimento extremamente saudável. Os trabalhos de Artes da Professora “Érica”, também agradou a todos. Nosso teatro Antes de darmos início a visitação, apresentamos o nosso teatro “O bicho homem”. Foi maravilhoso, muitos aplausos! Vi no rosto das pessoas a satisfação em assistir aquelas crianças que estavam nervosas, mas que enfrentaram seus medos, e isso é tudo para que lá na frente não sofram como muitos de nós sofremos quando entramos na faculdade e tínhamos que apresentar seminários. Esses alunos, com certeza, estarão muito mais preparados do que nós. Nossa apresentação foi um sucesso mas não foi perfeita. Nossas crianças são imperfeitas, assim como todos nós, mas com certeza, farão a diferença por onde passarem e onde estiverem. Jamais devemos subestimar a capacidade de nossos alunos. Se você indicar os caminhos eles irão seguir. Nossos visitantes Iniciamos a visitação e todo o nosso objetivo foi alcançado. Pais, funcionários e professores participaram ativamente e interagiram com as crianças. Tudo que eu queria era envolver a família e conseguir fazer com que eles vivenciassem um pouquinho daquilo que seus filhos desenvolvem no dia a dia escolar. Foi maravilhoso ver os adultos jogando com seus filhos, e algumas mães, sentadas no tapete do cantinho da leitura lendo para seus pequeninos, e o melhor de tudo foi ver meus alunos orientando a todos que passaram pelo nosso estande. Eles estavam se sentindo pessoas importantes, sim, eles são importantes, são diamantes preciosos que precisam ser lapidados. Não sei se as famílias estão fazendo a parte que lhe cabem, só sei que eu posso dizer tranquilamente “fiz o melhor que pude e estou muito feliz e realizada”! Família interagindo com seus filhos. Professores e funcionários da EMEB Padre Pombo participando e incentivando nossas crianças. Pai e filho jogando o jogo Toca do Coelho. Aluno do 2° ano orientando. Dever cumprido, com bons resultados! Ideias fervilhando para decidirmos o projeto do próximo semestre, que com certeza terá ainda mais êxito. Avaliação A avaliação foi processual e contínua, observando a participação do aluno e as reações de cada um diante das descobertas. O foco da aprendizagem não foi apenas quantitativo, mas principalmente qualitativo, observando as mudanças, os sorrisos, os rostinhos admirados, os relatos, enfim, a mudança de comportamento e atitude de cada aluno. Resultados Esperados Espera-se que ao finalizarmos o presente projeto, os alunos possam demonstrar mudanças significativas de níveis relacionados com a Psicogênese da língua escrita. Tenham maiores conhecimentos relacionados com o tema proposto. Consigam fazer leituras de gráficos e desenvolver diversas problemáticas com tranquilidade. Assimilem o sentido de alteridade, entendendo e respeitando ainda mais o outro e sabendo que todas estas informações construídas e adquiridas, serão de suma importância em suas vidas. Resultados alcançados- Auto avaliação Obtive resultados bastante positivos. O envolvimento dos pais não foi cem por cento, mas tivemos um avanço bastante significativo. O interesse das crianças cresceu. Os alunos mais tímidos pediam para participar e aprenderam a se expressar. Aqueles alunos, que não saiam da sala da diretora no ano anterior, aprenderam a cumprir as regras e a respeitar o outro, muita gente ficou de boca aberta ao ver a mudança de comportamento de três alunos que aterrorizavam a escola. A mudança de nível relacionada com a Psicogênese, ocorreu rapidamente, apenas um aluno não obteve mudança de nível. Posso dizer que 95% dos meus alunos conseguem realizar leituras de gráficos e problematizar as informações contidas, claro, de acordo com a faixa etária que se encontram. Juntos, eu e eles, aprendemos muito, conhecemos coisas inimagináveis e recebemos informações totalmente desconhecidas por todos nós. Ficávamos sempre querendo mais. Essa experiência foi sensacional! Os alunos que estão tendo maior dificuldade em desenvolver suas habilidades, são crianças que possuem um número significativo de faltas. Na minha opinião, o único motivo pelo qual a criança atrasa a sua aprendizagem, são as faltas! Professor não faz milagre, como pode uma criança aprender se está faltando aula?! Porém, a nossa escola Padre Pombo possui o projeto Caracol, que tem como objetivo entrar em contato com familiares desses alunos faltosos para tentar resolver o problema, quando não conseguimos resolver da melhor forma possível, encaminhamos para o conselho tutelar que toma as devidas providências. Infelizmente nem tudo conseguimos resolver sozinhos e algumas famílias são bem problemáticas, mas graças a Deus isso é a minoria e sempre tentamos de tudo para manter a harmonia com toda comunidade. Referências bibliográficas HERNANDÉZ, Fernando, Transgressão e Mudança na Educação; Google, Experiências Exitosas na Pedagogia de Projetos; Projeto Amora; Projeto Âncora; Cadernos do PNAIC 2013; Cadernos do PNAIC 2014; Cadernos do PNAIC 2015; Educar, Curitiba, 2008. Editora UFPR.