A Situação dos Pequenos Ruminantes na América
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A Situação dos Pequenos Ruminantes na América
Palestras do VIII Congreso Latinoamericano de Especialistas en Pequeños Rumiantes y Camélidos Sudamericanos – Vargas Júnior et al. (p.79-87) A SITUAÇÃO DOS PEQUENOS RUMINANTES NA AMÉRICA LATINA: MERCAOD E POTENCIAL FUTURO Vargas Júnior, F.M. de1, Leão, A.G.1, Longo, M.L.1, Osório, J.C. da S.1, Osório, M.T.M.1, Leonardo, A.P.1 RESUMO A criação das principais espécies de pequenos ruminantes na América Latina esta relacionada diretamente com os aspectos climáticos, culturais e sociais desta região. Os ovinos e caprinos são as espécies que se destacam em rebanho e criação com fins econômicos. Pode-se citar ainda as lhamas, alpacas, vicunhas e guanacos, com destaque para as duas primeiras para fins comerciais. O rebanho ovino sofreu uma redução significativa com a queda dos preços da lã na década de 90 e veem recuperando, mas atualmente com ênfase em carne. O rebanho de caprinos esta concentrado principalmente no Brasil, México e Argentina. Conclui-se que a criação de pequenos ruminantes na América Latina tem um papel social significativo, mas com o passar da última década esta realidade vem modificando-se lentamente com uma maior profissionalização do setor. Palavras-chave: camelídeos, caprinos, ovinos, carne ABSTRACT The creation of the main species of small ruminants in Latin America is directly related to the aspects climatic, cultural and social this region. Sheep and goats are the species that stand out in the crowd and creating for economic purposes. One can also mention the llamas, alpacas, guanacos and vicuña, especially the first two for commercial purposes. The sheep flock was significantly reduced with the drop in wool prices in the 90s and see recovering, but now with an emphasis on meat. The herd of goats is concentrated mainly in Brazil, Mexico and Argentina. It is concluded that the creation of small ruminants in Latin America have a significant social role, but over the last decade this situation has been changing slowly with greater professionalism in the industry. Keywords: camels, goats, sheep, meat Introdução Os ovinos e caprinos são os pequenos ruminantes que mais são explorados economicamente em todos os continentes. No entanto, somente em poucos países a atividade da ovino-caprinocultura demonstra grande expressão econômica, geralmente associada ao uso de raças especializadas e tecnologias avançadas, sendo por outro lado, na maioria dos casos, as criações desses animais, desenvolvida de forma extensiva e com baixa tecnologia, com reduzida produtividade e rentabilidade. Em grande parte da América latina, as espécies mais exploradas de pequenos ruminantes também são os ovinos e caprinos, sendo os produtos de maior importância, a carne, lã, leite e pele, e os animais descendentes dos introduzidos pelos colonizadores portugueses e espanhóis. Já nos países andinos (Argentina, Bolívia, Chile, Equador e Peru), os camelídeos (alpacas, lhamas, guanacos e vicunhas) representam importante fonte de renda para as populações mais pobres, e por muitos anos foram considerados a base da produção animal, antes da colonização da América do Sul (Ribeiro et al., 2006). Das espécies supracitadas, o guanaco e a vicunha são consideradas espécies selvagens, e a lhama e a alpaca, espécies domesticadas, sendo as lhamas utilizadas no transporte de carga, produção de lã, carne e couro, e as alpacas criadas para o aproveitamento da sua lã. E, considerando que na América latina há especificidades regionais (clima, social e econômico) muito distintas, tendo relação direta com as espécies, raças e sistemas de criação dos pequenos ruminantes nesta parte do continente. Apresentaremos a seguir, informações referentes a esses 1 Universidade Federal da Grande Dourados - Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias UFGD, Dourados, MS. E-mail: [email protected] 79 Palestras do VIII Congreso Latinoamericano de Especialistas en Pequeños Rumiantes y Camélidos Sudamericanos – Vargas Júnior et al. (p.79-87) animais, com destaque para os ovinos e caprinos, por serem as espécies mais produzidas comercialmente entre os pequenos ruminantes na América Latina, bem como sobre seus produtos. Efetivo dos pequenos ruminantes Ovinos Segundo os dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (Food and Agriculture Organization of the United Nations), a população de ovinos no mundo em 2010 era de aproximadamente 1,1 bilhão de cabeças (FAO, 2012), sendo a China a detentora do maior rebanho com 134 milhões de cabeças, e na América latina, o Brasil, Argentina, Peru, México e Uruguai, os detentores dos maiores rebanhos, respectivamente (Tabela 1). Tabela 1. Maiores rebanhos de ovinos no mundo e na América latina (x 1000). Mundo China Índia Austrália Irã Sudão Nigéria Nova Zelândia Reino Unido Paquistão África do Sul América latina Brasil Argentina Peru México Uruguai 1980 102.560 44.970 135.985 34.500 17.623 8.050 68.772 21.609 21.439 1980 18.381 31.000 13.572 6.482 20.033 1990 113.508 48.700 170.297 44.581 20.700 12.460 57.852 43.828 25.698 1990 20.015 28.571 12.257 5.846 25.245 2000 131.095 59.447 118.552 53.900 46.095 26.000 42.260 42.264 24.084 2000 14.785 13.562 14.686 6.046 13.198 2010 134.021 73.991 68.085 73.991 52.014 35.520 32.562 31.000 27.800 25.000 2010 17.381 15.800 14.160 8.106 7.710 FAO (2012) Pode-se observar que na Austrália, Nova Zelândia, Brasil, Argentina e Uruguai, houve no período de 1990 a 2000, uma redução drástica no efetivo de seus rebanhos, que se manteve acelerada até 2010, na Austrália, Nova Zelândia e Uruguai, e que no Brasil e na Argentina atualmente os rebanhos estão estabilizados. Vale destacar que esta involução nos rebanhos ocorreu em função da crise mundial da lã, ocorrida a partir da década de 90, e que nesses países onde a produção de lã representava uma das principais fontes de riqueza (Nocchi, 2001), iniciou-se a partir desse momento, um processo de readaptação dos sistemas produtivos, com direcionamento para a produção de carne ovina, em virtude da crescente demanda mundial por este produto (Viana, 2012). No Brasil, atualmente o rebanho ovino é de aproximadamente 17,7 milhões de cabeças, das quais 57,0; 28,0; 7,0; 4,5 e 3,5% encontram-se respectivamente nas regiões Nordeste, Sul, Centro-Oeste, Sudeste e Norte (IBGE, 2012), sendo em sua grande maioria explorados para a produção de carne. Entretanto, é importante destacar que principalmente em algumas áreas do Nordeste brasileiro, esses animais desempenham importante papel social, uma vez que muitas famílias os criam para sua subsistência, com destaque para os ovinos nativos deslanados, bem como para os ovinos mestiços e os sem raça definida, utilizados para este propósito. Caprinos 80 Palestras do VIII Congreso Latinoamericano de Especialistas en Pequeños Rumiantes y Camélidos Sudamericanos – Vargas Júnior et al. (p.79-87) Também segundo os dados da FAO, a população de caprinos no mundo em 2010 era de aproximadamente, 921 milhões de cabeças, sendo os maiores rebanhos, o da Índia e da China, respectivamente, com 154 e 150 milhões de cabeças, estando na América latina os maiores rebanhos lotados no Brasil, México e Argentina (Tabela 2). Pode-se notar que diferentemente dos países detentores dos maiores rebanhos de caprinos, nos quais de 1980 a 2010 ocorreu um crescimento acelerado no número desses animais, no Brasil, no México e na Argentina, houve uma estabilização no efetivo dos seus rebanhos, sendo a exploração destinada principalmente à produção de carne, leite e os derivados desses produtos. Tabela 2. Maiores rebanhos de caprinos no mundo e na América latina (x 1000). Mundo Índia China Bangladesh Paquistão Nigéria Sudão América latina Brasil México Argentina 1980 86.900 80.762 9.208 24.953 11.297 12.748 1980 8.326 9.638 3.000 1990 113.200 98.313 21.031 35.446 23.321 15.277 1990 11.894 10.439 3.300 2000 123.533 148.478 34.100 47.426 42.500 38.548 2000 9.347 8.704 3.490 2010 154.000 150.707 65.000 59.900 56.524 43.441 2010 9.313 8.993 4.250 FAO (2012) Na atualidade, o rebanho caprino brasileiro é de aproximadamente 9,4 milhões de cabeças, das quais 91,0; 3,6; 2,4; 1,8 e 1,2% encontram-se respectivamente nas regiões Nordeste, Sul, Sudeste, Norte e Centro-Oeste (IBGE, 2012), demonstrando a enorme importância do Nordeste para a caprinocultura brasileira, seja para produção de carne ou leite. Da mesma maneira como comentado sobre a ovinocultura nacional, os caprinos também desempenham importantíssimo papel social na região Nordeste, uma vez que muitas famílias os utilizam para sua subsistência, com destaque para os animais de raças nativas, os mestiços e/ou os sem raça definida. Alpacas, Lhamas, Guanacos e Vicunhas Segundo as informações apresentadas por Quispe et al. (2009), as populações dos camelídeos (alpacas, lhamas, guanacos e vicunhas) sul-americanos, concentram-se principalmente nos seguintes países andinos: Argentina, Bolívia, Chile e Peru. Percebe-se que o Peru é o país que possui o maior número de cabeças desses camelídeos, que somados aproximam-se de 4,65 milhões de cabeças, tendo também o maior rebanho de alpacas e vicunhas. A Bolívia detém a maioria das lhamas, e a Argentina, a maioria dos guanacos, entretanto apenas as lhamas e as vicunhas estão presentes em quantidades consideráveis em todos os países supracitados. Tabela 3. Rebanhos de camelídeos na América latina (x 1000). País Andino Argentina Bolívia Chile Peru Alpacas * 269 29 3.042 Lhamas 161 2.237 50 1.463 * Poucas cabeças. Adaptado de Quispe et al. (2009). 81 Guanacos 636 * 27 * Vicunhas 131 12 28 147 Palestras do VIII Congreso Latinoamericano de Especialistas en Pequeños Rumiantes y Camélidos Sudamericanos – Vargas Júnior et al. (p.79-87) Vale destacar que as alpacas, lhamas e vicunhas habitam as áreas mais altas da região andina, acima de 3.000 m, ambientes esses que incluem os platôs e encostas com alta incidência de geada e pouca disponibilidade de água, e que os guanacos habitam predominantemente as áreas mais baixas e de deserto, como a Patagônia argentina e chilena (Quispe et al., 2009). Produtos da ovinocultura Carne De todos os produtos ovinos, a carne ovina atualmente, sem dúvida destaca-se no cenário da ovinocultura mundial, e no Brasil, com o avanço da ovinocultura de corte, a comercialização de carne de cordeiros com características qualitativas superiores de carcaça e carne já é uma realidade, e vem sendo verificada cada vez mais com o passar dos anos. E de acordo com Azambuja & Rabassa (2011a), o mercado desse produto tem se mostrado consumidor tanto no Brasil como no exterior, e a tendência será o aumento no consumo de carne fresca ou resfriada em substituição à carne congelada. Vale destacar que mesmo com a queda de 10,7% (de 1,21 para 1,08 bilhão de cabeças) no efetivo do rebanho mundial de ovinos, verificada de 1990 a 2010, a produção de carne ovina passou de 7,03 para 8,24 milhões de toneladas, representando um aumento de 17,1% (FAO, 2012). Segundo a fonte supracitada, os maiores produtores mundiais de carne ovina em 2011 foram respectivamente a China, Austrália e Nova Zelândia, com produções de 2.050.000; 512.700 e 465.300 toneladas, aproximadamente. O Brasil nesse período ocupou a 21º posição no ranking mundial, com uma produção de 84 mil toneladas, ficando à frente de outros países da América latina, tais como o México, Argentina, Peru, Uruguai, e Chile, que produziram aproximadamente, 56; 47; 35; 32 e 11 mil toneladas, respectivamente. Com relação às exportações, a Nova Zelândia e a Austrália são os maiores exportadores de carne ovina e em 2011 exportaram 373 e 268 mil toneladas, com alguns países da América latina ocupando posição de destaque no ranking mundial, a exemplo do Uruguai, Argentina e Chile, que nesse período também figuraram entre os 20 maiores exportadores mundiais, respectivamente, na 9º, 14º e 16º posição. Quanto à importação, o único país da América latina que se destaca é o México que em 2011 foi o 18º maior importador mundial, tendo importado 14,6 mil toneladas de carne. Lã Ao contrário das fibras de origem vegetal que têm suas produções limitadas a determinadas regiões, a lã ovina, embora não seja imperecível, pode em maior ou menor escala, ser produzida em regiões desfavoráveis para a agricultura ou para criação de outras espécies domésticas, sendo sua conservação relativamente fácil, o que permite o acúmulo de grandes estoques sem necessidade de consumo imediato (Nocchi, 2001). E de maneira geral, a lã é classificada em três grandes grupos de acordo com a sua finura, em lãs finas, lãs cruzas e lãs grossas, as quais são respectivamente utilizadas para tecelagem, malharia e tapeçaria. Entretanto, após a crise mundial da lã ocorrida a partir da década de 90, que foi resultante de uma série de fatos ocorridos no mundo, e que tiveram grande influência na comercialização da lã, tornando-a um produto secundário e pouco valorizado, devido a falta de investimentos no setor; atualmente esta atividade volta a ser uma opção interessante para os criadores de ovinos que tenham interesse em investir na área, porém com um mercado já diferenciado, direcionado para a produção de lãs de alta qualidade (Corrêa et al., 2011). Neste contexto, segundo Azambuja & Rabassa (2011b), a produção de lãs cada vez mais fina, chamadas de lãs frias, as quais geram tecidos mais leves e com melhor toque, permitindo seu uso em qualquer época do ano, tem sido uma tendência mundial. Nos tempos áureos da lã (1990), a Austrália e a Nova Zelândia eram os dois maiores produtores mundiais de lã e até o presente momento ainda figuram como os principais produtores desse produto (Tabela 4), ficando atrás apenas da China que entre os grandes produtores de lã, foi o único país que ao invés de reduzir a produção de lã, pelo contrário, apresentou um surpreendente crescimento neste segmento. 82 Palestras do VIII Congreso Latinoamericano de Especialistas en Pequeños Rumiantes y Camélidos Sudamericanos – Vargas Júnior et al. (p.79-87) Tabela 4. Produção de lã ovina no mundo e na América latina (toneladas). Mundo 1990 2000 Austrália 1.102.000 671.000 Nova Zelândia 309.000 257.200 China 239.457 292.502 África do Sul 96.500 52.671 Reino Unido 73.858 64.000 América latina 1990 2000 Argentina 150.500 58.000 Uruguai 93.584 57.218 Brasil 29.077 13.301 2011 361.806 165.800 393.072 41.197 67.000 2011 54.000 34.700 11.804 FAO (2012) O Reino Unido e a África do Sul, também são importantes produtores mundiais e na América latina, a Argentina, o Uruguai e o Brasil sempre foram e ainda são os principais produtores desse produto. E no México que possui um dos maiores rebanhos de ovinos da América latina, a produção é insignificante, e em muitos casos, essa produção representa prejuízos para o proprietário dos animais, ainda que essa lã seja utilizada para artesanato em alguns Estados, e em função disso, a indústria têxtil no México depende quase exclusivamente da lã importada, tendo em 2010 importado 6 mil toneladas desse produto (Ordaz et al., 2012). Mas, vale destacar que mesmo sendo na atualidade o maior produtor mundial, a China ao invés de exportar, é também o país que mais importa lã, tendo em 2010, importado aproximadamente 272 mil toneladas, o que o coloca no centro das atenções como o principal mercado consumidor da lã ovina (FAO, 2012). Ainda segundo essa fonte, com relação às exportações, a Austrália e a Nova Zelândia são os maiores exportadores mundiais de lã e em 2010 exportaram 325 e 44 mil toneladas, respectivamente, e dos países da América latina, a Argentina e o Uruguai, tem grande importância como fornecedores, ocupando nesse período, respectivamente, a 5º e 9º posição no ranking mundial de exportação de lã. Quanto à importação, o único país da América latina que se destaca é o Uruguai que em 2010 foi o 7º maior importador mundial, tendo importado 18,6 mil toneladas de lã. Pele e couro A pele ovina ainda é considerada um subproduto da ovinocultura de corte, lã ou duplo propósito, porém seu valor é representativo quando comparado com o valor de venda da carcaça do animal, e por isso pode ser contabilizada como lucro se for de boa qualidade extrínseca e intrínseca. E para que a pele tenha valor intrínseco, resultante da boa qualidade extrínseca, é necessário o emprego do manejo racional e bons tratos na produção do animal, pois do contrário, um couro de boa qualidade pode ter baixo valor no mercado, se o número ou os tipos de defeitos das peles, adquiridos durante a criação do animal, forem suficientemente altos, chegando a comprometer o aspecto visual do produto final (Jacinto & Leite, 2006; Silva Sobrinho & Jacinto, 2007). De acordo com os autores supracitados, embora as peles ovinas sejam disputadas pelas indústrias de curtimento, sendo a demanda ascendente, a produção permanece com índices de crescimento reduzidos, e de maneira geral, a pele dos animais especializados na produção de lã oferece uma matéria-prima importante para as indústrias peleteiras, podendo ser utilizada na fabricação de casacos de peles, cuja cobertura de lã natural fornece um revestimento adequado ao isolamento e, como consequência, aquecimento nas baixas temperaturas. Já a pele dos ovinos 83 Palestras do VIII Congreso Latinoamericano de Especialistas en Pequeños Rumiantes y Camélidos Sudamericanos – Vargas Júnior et al. (p.79-87) denominados deslanados, por ser coberta por pêlos, quando é adequadamente tratada fornece um couro de elevada qualidade, por associar maciez e grande resistência, é destinada à fabricação de inúmeros artigos, em especial os calçados e vestuários, facilmente identificados por essas características nobres. A produção mundial de peles ovinas em 2011 foi de 1,74 milhão de toneladas, sendo abatidas nesse ano, um montante de 497,4 milhões de cabeças de ovinos (FAO, 2012), sendo a China a maior produtora, em função do maior número de abates (Tabela 5). Tabela 5. Abates de ovinos e produção de pele ovina no mundo e na América latina, em 2011. Mundo Abate (cabeças) Pele (toneladas) China 120.600.012 361.760 Nova Zelândia 24.197.200 121.400 Austrália 22.962.700 103.332 América latina Abate (cabeças) Pele (toneladas) Brasil 5.250.000 20.100 Argentina 4.160.000 21.632 Uruguai 2.176.570 7.618 México 2.882.210 7.206 Peru 2.874.110 10.059 Chile 791.477 3.166 FAO (2012) Na América latina, mesmo tendo a Argentina volume menor de abate comparado ao brasileiro, produz mais peles ovinas do que o Brasil, o que indica maior aproveitamento dessa matériaprima. A Nova Zelândia e a Austrália são os maiores exportadores de pele ovina, tendo em 2010 exportado 50,5 e 4,3 mil toneladas, respectivamente, mas vale destacar que mesmo sendo na atualidade o maior produtor mundial, a China não exporta as peles que produz, o que o caracteriza também como mercado consumidor potencial de peles e couros de ovinos. Leite e queijo A produção mundial de leite de ovelha em 2011, foi de aproximadamente 9,3 milhões de toneladas, representando cerca de 1,27% do total de leite produzido no mundo, e a produção de queijo ovino foi de 644,2 mil toneladas (FAO, 2012). Nesse ano, a China foi o país que mais produziu leite ovino e a Grécia o maior produtor de queijo ovino, e na América latina, os únicos países que apresentaram dados de produção desses produtos foram a Bolívia e o Equador (Tabela 6). No Brasil ainda são poucas as criações especializadas na produção do leite ovino, esta atividade é mais uma alternativa para os pequenos, médios e grandes produtores rurais, por se tratar de um produto diferenciado, sendo destinado à produção de queijos e outros derivados, uma vez que apresentam alto valor comercial e mercado consumidor crescente (Rabassa, 2011). Tabela 6. Produção de leite e queijos ovinos no mundo e na América latina, em 2011. Mundo Leite (toneladas) Queijo (toneladas) China 1.529.000 108.000 Grécia 773.000 122.000 Espanha 550.000 52.000 Itália 417.839 57.433 França 265.390 50.000 América latina Leite (toneladas) Queijo (toneladas) Bolívia 33.500 6.365 Equador 7.107 1.034 84 Palestras do VIII Congreso Latinoamericano de Especialistas en Pequeños Rumiantes y Camélidos Sudamericanos – Vargas Júnior et al. (p.79-87) FAO (2012) Produtos da caprinocultura Carne A espécie caprina como produtora de carne oferece maior contribuição não no sentido quantitativo, mas sim no sentido social, por ser fonte primordial de proteína para povos habitantes de regiões inóspitas do planeta, e outros locais onde as condições de vida são difíceis (Silva Sobrinho & Moreno, 2009). E segundo esses autores, a produção de carne caprina tem grande potencial de crescimento, considerando os promissores mercados interno e externo, nos quais o incremento no consumo é uma realidade, decorrente da melhoria nas condições de abate e maior disponibilidade de categorias jovens para atender a demanda com quantidade e qualidade. Em 2011, a produção mundial de carne caprina foi de aproximadamente 5,11 milhões de toneladas (FAO, 2012). De acordo com os dados da fonte supracitada, os maiores produtores mundiais de carne caprina em 2011 foram respectivamente, a China, Índia e Bangladesh, com produções de 1.889.612; 596.600 e 196.000 toneladas, sendo esses também os países detentores dos maiores rebanhos caprinos no mundo (Tabela 2). Na América latina, o México, Brasil e Argentina produziram aproximadamente, 43,8; 29,1 e 9,9 mil toneladas, sendo os maiores produtores nessa região. Com relação às exportações, a Austrália é o maior exportador de carne caprina, exportando em 2011 um montante de 26,2 mil toneladas, com alguns países da América latina ocupando posição de destaque no ranking mundial, a exemplo da Argentina e México, que nesse período também figuraram entre os 20 maiores exportadores mundiais, respectivamente, na 7º e 18º posição, exportando 901 e 61 toneladas, respectivamente. Quanto à importação, o maior importador é Estados Unidos, tendo importado em 2011, a quantidade de 13,4 mil toneladas desse produto. Pele e couro A pele caprina também é considerada um co-produto da caprinocultura, e a produção mundial desse produto em 2011 foi de 1,13 milhão de toneladas, sendo abatidos nesse ano, um montante de 410,5 milhões de cabeças de caprinos (FAO, 2012), sendo a China a maior produtora, em função do maior número de abates (Tabela 7). Tabela 7. Abates de caprinos e produção de pele caprina no mundo e na América latina, em 2011. Mundo Abate (cabeças) Pele (toneladas) China 134.891.482 351.678 Índia 88.900.000 160.020 Bangladesh 36.700.000 73.400 América latina Abate (cabeças) Pele (toneladas) Brasil 2.534.000 5.068 México 2.511.110 7.533 Argentina 1.500.000 3.750 Colômbia 497.000 1.243 Peru 490.285 1.226 Bolívia 484.800 1.212 Chile 330.000 825 FAO (2012) Na América latina, mesmo tendo o México volume menor de abate comparado ao brasileiro, produz mais peles caprinas do que o Brasil, indicando maior aproveitamento dessa matériaprima, e menor do Brasil, que também peca quanto ao aproveitamento das peles ovinas, ou seja, deixa de lucrar com esse tipo de produto. 85 Palestras do VIII Congreso Latinoamericano de Especialistas en Pequeños Rumiantes y Camélidos Sudamericanos – Vargas Júnior et al. (p.79-87) Leite e queijo A produção mundial de leite de cabra em 2011, foi de aproximadamente 15,9 milhões de toneladas, representando cerca de 2,18% do total de leite produzido no mundo, e a produção de queijo caprino foi de 368,6 mil toneladas (FAO, 2012). A Índia foi o país que mais produziu leite caprino em 2011 e a França, 5º produtor mundial de leite de cabra, foi o maior produtor de queijo caprino. Na América latina, o México e o Brasil são os grandes produtores de leite dessa espécie, sendo o México também o maior produtor de queijo caprino (Tabela 8). Tabela 8. Produção de leite e queijos caprinos no mundo e na América latina, em 2011. Mundo Leite (toneladas) Queijo (toneladas) Índia 4.594.000 Bangladesh 2.496.000 Paquistão 759.000 Mali 702.617 França 657.146 91.000 Espanha 540.000 43.000 América latina Leite (toneladas) Queijo (toneladas) México 161.712 16.867 Brasil 148.149 Bolívia 28.307 4.478 Peru 24.900 1.148 FAO (2012) Vale ressaltar que em 2011, a produção mundial de leite de cabra (15,9 milhões de toneladas) e queijo caprino 368,6 mil toneladas, foi respectivamente 58,49% maior e 57,22% menor, comparada a produção de leite (9,3 milhões de toneladas) e queijo (644,2 mil toneladas) da espécie ovina, o que demonstra que no mundo, o leite de cabra é mais consumido na sua forma fluída, em pó ou como outros derivados, do que na forma de queijo. Produtos das Alpacas, Lhamas, Guanacos e Vicunhas Pelos dados da FAO (2012), o rebanho, número de cabeças abatidas e produção de carne dos camelídeos criados na América latina são apresentados sem separação por espécie, sendo considerados como "outros camelídeos" (Tabela 9). Tabela 9. Rebanho, abate e produção de carnes de outros camelídeos na América latina, em 2011. Rebanho (cabeças) América latina Abate (cabeças) Carne (toneladas) 5.100.000 Peru 500.000 18.000 2.843.030 Bolívia 95.000 3.002 FAO (2012) Sobre os demais produtos desses animais comentados na introdução desse texto, não foram encontrados dados atuais sobre a produção dos mesmos, o que denota terem maior importância social do que comercial, sendo de maior consumo e uso local. Considerações finais As diversidades da América Latina no que se refere a clima, cultura/costumes e social estão ligados diretamente as diferentes espécies de pequenos ruminantes criados, nível tecnológico e sistemas de produção. 86 Palestras do VIII Congreso Latinoamericano de Especialistas en Pequeños Rumiantes y Camélidos Sudamericanos – Vargas Júnior et al. (p.79-87) O rebanho de pequenos ruminantes vem crescendo nos últimos 10 anos e com ênfase nos países em desenvolvimento. A criação em pequenas propriedades e/ou pequena escala por propriedade é representativa. Os principais produtos explorados são: carne, lã, pele e leite. A produção de carne é o principal produto mercadológico atualmente o que vem levando a uma mudança nos sistemas de produção dos principais países produtores e exportadores de lã. Existe um potencial para a criação de categorias de proteção dos produtos dos pequenos ruminantes com qualidade: Denominação de origem protegida; Indicações geográficas protegidas; Marcas de qualidade certificadas; Produtos integrados; e Produtos ecológicos ou orgânicos. Referências Bibliográficas 1. Azambuja RCC, Rabassa VR. Produção de carne. In: Produção Animal: ovinocultura. Corrêa MN et al. Pelotas: Cópias Santa Cruz, 2011a, p.119-134. 2. Azambuja RCC, Rabassa VR. Produção de lã. In: Produção Animal: ovinocultura. Corrêa MN et al. Pelotas: Cópias Santa Cruz, 2011b, p.106-118. 3. Corrêa MN et al. Produção Animal: ovinocultura. 2.ed. Pelotas: Cópias Santa Cruz, 2011, 169p. 4. Food and Agriculture Organization of the United Nations - FAO [2012]. Production: live animals, livestock primary, livestock processed; Trade: countries by commodity (imports and exports). Disponível em: <http://faostat.fao.org/site/339/default.aspx>. Acesso em: 07 mai. 2013. 5. 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