Revista Frente Ambientalista 2015 - Frente Parlamentar Ambientalista
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Revista Frente Ambientalista 2015 - Frente Parlamentar Ambientalista
www.frenteambientalista.com 1 EXPEDIENTE SUMÁRIO Coordenador: Sarney Filho (PV-MA) APRESENTAÇÃO_ 03 Subcoordenador Deputado Ricardo Trípoli (PSDB-SP) Secretário-Geral Deputado Paes Landim (PTB-PI) Conselho Executivo CRISE HÍDRICA_ COP 21_ 04 Evandro Gussi (PV-SP Evair Melo (PV-ES) Ivan Valente (PSOL-SP) Chico Alencar (Psol- RJ) Arnaldo Jordy (PPS- PA) Nilto Tatto (PT-SP) 07 Mario Mantovani - SOS Mata Atlântica André Lima - Secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal Fábio Feldman - Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Conselho Consultivo Edição e Texto MATA ATLÂNTICA_ ÁREAS URBANAS_ 17 19 Eliana Lucena Mariana Costa Fotos Agência Câmara Maria Eduarda Jardim Eduardo Jardim Paula Laport Assembleia Legislativa de Minas Gerais SOS Mata Atlântica Greenpeace Mais Cerrado Projeto gráfico Renan Nunes CERRADO_ 21 Assessoria da SOS Mata Atlântica Lídia Parente Assessoria de coordenação da Frente Parlamentar Ambientalista Diva Alves Carvalho ENCÍCLICA_ UNIDADES DE CONSERVAÇÃO_ DESMATAMENTO ZERO_ 2 www.frenteambientalista.com 24 31 32 Colaboradores Jordânia Ferreira e Zenilda Barbosa Este informativo visa divulgar as ações da Frente Parlamentar Ambientalista www.frenteambientalista.com www.facebook.com/frenteambientalista www.flickr.com/photos/fambientalista Fundação SOS Mata Atlântica www.sosma.org.br www.facebook.com/SOSMataAtlântica Câmara dos Deputados Tel: 61 3215-5202 / Fax: 61 3215-2202 [email protected] [email protected] [email protected] APRESENTAÇÃO APRENDIZADO E CONQUISTAS EM MEIO ÀS CRISES J unto à crise política e institucional no país, que nos tem deixado ora perplexos, ora indignados, mas constantemente preocupados, passamos, em 2015, por problemas socioambientais sem precedentes em nosso país. A Frente Ambientalista, como tem ocorrido desde a sua criação, enfrentou a situação com muito debate, para poder compreendê-la, e muitas proposições e ações, para colaborar com seu enfrentamento. Começamos o ano com a dramática crise hídrica no Sudeste, que envolveu em especial o sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de parte expressiva da população brasileira. Encerramos dezembro ainda sob o choque da tragédia de Mariana, cujo impacto humano e ecológico ainda demoraremos a dimensionar com exatidão. Em ambas as situações, a Frente Ambientalista agiu de forma propositiva e contundente, buscando o diálogo e chamando à responsabilidade as principais partes envolvidas com os problemas. Abrimos o ano legislativo discutindo a escassez de água com parlamentares e especialistas, procurando delinear as causas do problema e as alternativas de mitigação. Por nossa iniciativa, foi realizada uma Comissão Geral no Plenário, para discutir a crise hídrica e energética, e foi criada a Comissão Especial da Crise Hídrica. Considerando o desmatamento das nascentes e das matas ciliares como um dos principais fatores para a diminuição da água, lutamos pela aplicação da excepcionalidade prevista no Código Florestal (artigo 61-A, parágrafo 17) que possibilita, nos casos considerados críticos, que o Executivo determine a ampliação dos limites das áreas de preservação, bem como a recuperação das áreas. A Frente contou com o apoio do ministro do STF Luiz Fux, que determinou aos governadores que apresentassem medidas nesse sentido. Outro grande desafio foi o desastre causado pelo rompimento da barragem de resíduos de mineração da empresa Samarco, em Mariana (MG), que deixou um extenso rastro de mortes, devastação e contaminação, em Minas e no Espírito Santo. No dia seguinte à tragédia, propusemos a criação de uma comissão externa da Câmara dos Deputados, para a qual fui escolhido coordenador. Com esse grupo de parlamentares, constatamos in loco a gravidade da situação na região e realizamos uma audiência pública em Belo Horizonte. Dessa catástrofe sem precedentes, um fato positivo decorreu: a dramaticidade da situação abriu espaço para que a Comissão Especial do Código de Mineração, antes focada nos interesses das mineradoras, finalmente aceitasse as nossas proposições, voltadas para os aspectos socioambientais. Foi, sem dúvida, mais um ano de desafios, mas também de avanços, diante das tentativas de retrocessos na legislação socioambiental, desmatamentos, problemas urbanos, destinação do lixo, questões crônicas, visceralmente ligadas aos problemas agudos que afloram com as crises. Projetos de fundamental importância acerca do Cerrado, o pagamento por serviços ambientais (PSA) e das reservas particulares do patrimônio natural (RPPN) avançaram nas comissões. Por sua vez, o modelo de logística reversa, previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos, cuja aprovação resultou da luta da Frente, finalmente vem servindo de base para acordos entre o Governo e diver- sos setores da produção. Em todos os momentos, contamos com a parceria necessária da sociedade civil. Protelamos ao máximo a aprovação pela Câmara da Proposta de Emenda à Constituição 215, que transfere do Executivo para o Legislativo a prerrogativa de criar e modificar os limites de terras indígenas, de quilombolas e de áreas de proteção ambiental, o que afronta direitos constitucionais. Após muita resistência, com a presença intensa e firme de lideranças de inúmeras etnias, conseguimos um compromisso de dezenas de senadores de que a proposta não passará no Senado. Lidamos com as crises com muito debate, para poder compreendê-las No ano em que a comunidade internacional se reúne em Paris, na COP 21, para tentar um acordo que mantenha a temperatura de nosso planeta em bases razoáveis, trabalhamos muito para ampliar ao máximo os debates sobre mudanças climáticas. Destaco a reunião especial, com a presença da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que contou com grande número de participantes, em que debatemos a encíclica Laudato Si’, bela obra do Papa Francisco sobre os cuidados com nossa casa comum. Além disso, em todos os outros encontros, mantivemos em perspectiva a necessidade da mobilização sobre o tema, procurando relacionar as discussões com o aquecimento global, em reuniões que foram realizadas no Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo. Convido à leitura desta nossa publicação, que relata um ano de empenho da Frente Parlamentar Ambientalista, espaço em que Parlamento e sociedade se encontram pelo equilíbrio socioambiental do Brasil. www.frenteambientalista.com 3 CRISE HÍDRICA FRENTE REABRE TRABALHO EM 2015 DEBATENDO A CRISE HÍDRICA NO PAÍS A Frente Parlamentar Ambientalista reiniciou os trabalhos, em 2015, com um amplo debate sobre a situação dos recursos hídricos no país e a criação de um Comitê Gestor da Crise da Água no Brasil. O evento, que teve a parceria da SOS Mata Atlântica, contou com a presença do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de autoridades, especialistas da área e representantes da sociedade civil. O primeiro secretário-executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e Biodiversidade, exdeputado Fábio Feldman, alertou que a crise da água exige uma articulação suprapartidária, considerando que o tema necessita de uma visão de médio e longo prazo. “Não dá para discutir a questão da água com uma visão de curto prazo. Aliás, 4 www.frenteambientalista.com esta talvez seja a maior adversária para se vencer a crise. O problema da água de São Paulo é muito mais dramático do que se imagina. Estamos diante de um colapso civilizatório da região metropolitana. Não sabemos o que fazer em relação a isso”, disse Feldmann. O secretário de políticas e programas de pesquisa e desenvolvimento do Ministério da Ciência, da Tecnologia e Inovação, Carlos Nobre, fez um comparativo entre os eventos climáticos extremos ocorridos,no passado, na cidade de São Paulo e os atuais. Para ele, essa comparação é fundamental para enxergar a mudança climática. Ele lembra que, há 60 ou 70 anos, esses episódios aconteciam uma vez a cada década. “Fenômenos extremos do clima eram muito raros. Hoje, esses eventos ocorrem na cidade de São Paulo de 2 a 3 vezes por ano. O que caracteriza a mudança climática não é a intensidade de um fenômeno, mas o aumento de vezes em que ele acontece. Nos últimos 70 anos, houve um aumento de 3 a 4 graus na temperatura de São Paulo. No mesmo período, as chuvas aumentaram em 30%”, ressaltou. O coordenador da Frente, deputado Sarney Filho, chamou a atenção para a situação crítica em que se encontra o país com a crise hídrica, ressaltando que talvez o Brasil seja o primeiro país a ser atingido de forma tão contundente pelas mudanças climáticas. Para ele, três grandes fatores levaram o país a essa crise: a mudança climática global, os maus tratos com os biomas e ecossistemas e, por último, a falta de preparo, visão e gestão que, “sem dúvida, também influenciam significativamente essa crise”. Sarney Filho e o deputado Chico Alencar (Psol-RJ) anunciaram a aprovação do requerimento que apresentaram para a realização de uma Comissão Geral da Câmara para discutir a questão hídrica. ARTIGO A ÁGUA PRECISA ESTAR NA AGENDA ESTRATÉGICA DO PAÍS Malu Ribeiro Coordenadora da Rede de Águas da Fundação SOS Mata Atlântica A água entrou na agenda legislativa neste ano de 2015 de forma intensa, a partir da crise hídrica que afeta drasticamente as regiões nordeste e sudeste do país. A necessidade de buscar soluções para enfretamento dos desafios da gestão da água no Brasil diante dos impactos do clima, da precariedade do saneamento básico e da desarticulação das políticas públicas, fez com que organizações civis buscassem eco junto ao parlamento para evitar retrocessos ainda maiores à legislação ambiental brasileira, como os advindos do novo Código Florestal. Os alertas do clima expressados de forma intensa por meio da água, quer seja por escassez e secas severas, ou por enchentes que assolam o país no mesmo dia em diferentes regiões que não recebem chuvas há cinco anos, não têm sido suficientes para conter a pressão de setores econômicos sobre o Congresso Nacional e bancadas partidárias, que se unem com o objetivo de flexibilizar o licenciamento ambiental e o Código de Mineração, dentre outros instrumentos legais. A crise da água, de certa forma, trouxe a oportunidade de reaproximar a comunidade científica e as organizações civis do Poder Legislativo e nos deixou como legado o reconhecimento do papel das florestas na manutenção do ciclo hidrológico, do regime de chuvas e, também, a importância da Mata Atlântica para a conservação das bacias hidrográficas que abastecem a região sudeste e as áreas urbanas e rurais drasticamente afetadas pela escassez. Outra importante lição foi a rápida resposta da sociedade nas regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas com a mudança de comportamento no uso da água e no combate ao desperdício. O monitoramento voluntário da qualidade da água de rios e mananciais feito pela sociedade em mais de 197 rios da bacia hidrográfica do Tietê apontou os efeitos de eventos climáticos extremos na qualidade da água e a necessidade de atualizar a legislação que trata do enquadramento dos rios, acabando com rios de classe 4, ou seja, rios destinados a diluir esgoto e poluição, indisponíveis para usos múltiplos no país. No momento em que autoridades aboliram as palavras racionamento e escassez, o monitoramento também voluntário da falta d’água feito por cidadãos em aplicativo disponibilizado na internet pela Aliança pela Água, e que aponta o real mapa do desabastecimento público no Estado de São Paulo, ficará como mais um legado da crise hídrica, que revela que a transparência e a informação são instrumentos fundamentais, em especial quando as instituições não conseguem dar respostas. Fica o desafio para que a água, em 2016, faça parte, de fato, da agenda estratégica do país. O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, esvaziado e enfraquecido política e economicamente, ainda é um dos instrumentos mais importantes de planejamento integrado. A gestão perdeu força política, orçamento e deixou de ser prioridade do Governo, que ainda não internalizou nas políticas públicas que o acesso à água de qualidade e quantidade é um direito humano, ou talvez não trate água em sua real dimensão. Como cidadãos, não somos meros usuários e consumidores de recurso hídrico. Somos água, na mesma proporção do Planeta, e temos que assumir o protagonismo na sua defesa, governança e uso sustentável. www.frenteambientalista.com 5 CRISE LEI DO HÍDRICA MAR O FRENTE LANÇA EM BRASÍLIA O DOCUMENTÁRIO “A LEI DA ÁGUA” Coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney Filho (PVMA), a Fundação SOS Mata Atlântica e demais ONGs ambientalistas promoveram, no dia 18 de março, café da manhã para apresentação do documentário “A Lei da Água – Novo Código Florestal”, produzido pelo cineasta Fernando Meirelles e dirigido por André D’Elia. Realizado ao longo de 16 meses, com entrevistas em Brasília, Mato Grosso, Pará, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo, “A Lei da Água” dá voz a ambientalistas, cientistas, ruralistas e agricultores que acompanharam de perto a controversa tramitação do novo Código Florestal no Congresso. O filme alerta sobre as consequências do novo Código – que anistiou 29 milhões de hectares desmatados ilegalmente em todo País – e sobre o que ainda pode ser feito para evitar mais prejuízos ao meio ambiente. O impacto sobre a capacidade da floresta de proteger e abastecer mananciais de água e, assim, prevenir crises como as que afetam São Paulo hoje, por exemplo, é um dos temas centrais da produção. Sarney Filho lembrou que o documentário vem a público no momento em que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) três Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADINs) contra a Lei. Após a exibição do documentário, aconteceu um debate sobre o tema com o diretor da obra, André D’Elia; o coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney Filho (PV-MA); o deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP) e o diretor da SOS Mata Atlântica, Mario Mantonvani. Todos ressaltaram a importância de exibir o documentário para o maior número de pessoas como forma de atrair vários setores da sociedade para a causa ambientalista. Estiveram presentes no café da manhã da Frente parlamentares, entre eles, deputados Arnaldo Jordy, Chico Alencar, Fausto Pinato, 6 www.frenteambientalista.com Maria do Socorro, Esperidião Amim, Fausto Pinato, Raimundo Gomes de Mattos, Edmilson Rodrigues, Evair de Melo, Ricardo Trípoli , Edinho Bez e Ivan Valente e a senadora Regina Souza. Presentes também, representantes de ONGs, da SOS Mata Atlântica, Anama, WWF Brasil, Rede Mata Atlântica, Greenpeace, consultores da Câmara dos Deputados, pesquisadores da Universidade de Brasília, ICMbio, Secretária do Meio Ambiente do DF e Ministério do Meio Ambiente. DOCUMENTÁRIO É DEBATIDO DURANTE A COP 21, EM PARIS Nos dias 2 e 3 de dezembro, o documentário “A Lei da Água”, que aborda as consequências do Novo Código Florestal brasileiro, foi exibido dentro da programação da COP 21, em Paris. A exibição foi seguida de um debate com o diretor do documentário, André D Élia, o produtor, Fernando Meirelles, e convidados. Entre os presentes, Jean-Luc Touly, da Fundação Daniell Mitterrand-France Liberté; Adriana Ramos, coordenadora do Programa de Política e Direito do Instituto Socioambiental (ISA); Andre D’Elia; Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica; e Sebastião Salgado, fotógrafo e ambientalista. O filme retrata as mudanças na legislação florestal que prevê o que deve ser conservado e o que pode ser desmatado nas proprie- dades rurais e cidades brasileiras. Outro ponto central do filme é o impacto das alterações sobre a capacidade das florestas de protegerem os mananciais. Fernando Meirelles comentou que a ideia do filme foi dar a palavra aos cientistas e profissionais com capacidade de contribuir para o debate do assunto e que o documentário se tornou uma peça importante nesse debate. “Tentamos estabelecer um diálogo, porque o enfrentamento entre ambientalistas e ruralistas não era uma coisa positiva”, reforçoudisse André D’Elia. O documentário é fruto de uma parceria do Instituto Socioambiental (ISA), Fundação SOS Mata Atlântica, Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) e Bem-Te-Vi Diversidade. COP 21 SARNEY FILHO DEFENDE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA COMBATER A POBREZA NA COP O coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney Filho, defendeu durante evento paralelo da Conferência Mundial do Clima - COP 21, em Paris, o desenvolvimento sustentável como alternativa para enfrentar as mudanças climáticas que ameaçam o planeta. “Este também é o caminho para o combate à pobreza no mundo”, afirmou o parlamentar, que participou do evento Générations Climat. As agressões ao meio ambiente e aos direitos das populações tradicionais também foram discutidas em outra reunião, com representantes de Organizações Não Governamentais – ONG’s, entre eles André Guimarães e Paulo Moutinho, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Mário Mantovani, da SOS Mata Atlântica, e Maurício Guetta, do Instituto Socioambiental (ISA), especialistas e líderes indígenas, como o cacique Kaiapó, Raoni Mektutire e Sônia Guajajara. Os parlamentares da Frente Sarney Filho e Ivan Valente (PSOL-SP) também participam das discussões. Sarney Filho observou que há uma grande expectativa com os entendimentos em curso na COP 21. Ressaltou, que ao contrário das con- ferências anteriores, 185 países já assumiram o compromisso de cumprir metas voluntárias de redução das emissões dos gases do efeito estufa. “Ainda há a resistência de dez países, mas estamos pressionando para que os chefes de Estado cedam, diante dos efeitos gravíssimos do aquecimento global”, disse. Para os ambientalistas, três grandes questões terão que ser encaminhadas até o acordo final que será firmado pelos chefes de Estado presentes: o financiamento para que os países em desenvolvimento possam fazer a transição para a economia de baixo carbono, mitigação e adaptação às mudanças do clima – o pleito do G77, que representa os países mais pobres varia entre 200 e 300 bilhões de dólares; o conceito de diferenciação, que retoma o princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas, isto é, não se pode esquecer a contribuição histórica dos países desenvolvidos, que emitiram muito mais GEE, desde a revolução industrial. Por outro lado, não se pode ignorar as emissões dos países emergentes, que passaram a ser grandes emissores, como a China, assumindo a liderança, à frente dos EUA. www.frenteambientalista.com 7 COP 21 SEMINÁRIOS DISCUTEM METAS PARA A COP 21 NO RIO, SÃO PAULO E BRASÍLIA A 21ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP 21) foi debatida pela Frente Parlamentar Ambientalista e a Comissão do Meio Ambiente da Câmara dos Deputados em três eventos preparatórios ao longo do ano. O primeiro foi realizado no dia 14 de maio, no Museu do Meio Ambiente do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Parlamentares, especialistas e representantes da sociedade civil participaram do encontro. O diretor de políticas públicas da SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, defendeu que o Brasil precisaria ter uma posição firme em Paris, em relação à redução do desmatamento. “O Brasil não pode ser covarde. O que nós estamos vendo hoje é a falta de posicionamento do país, por exemplo, sobre o tema do desmatamento. O Código Florestal foi a antítese disso, autorizou o desmatamento”, disse Mantovani,, sobre a legislação aprovada em 2012, que flexibilizou alguns aspectos das leis ambientais. De acordo com o diretor da SOS, uma posição firme em relação ao desenvolvimento sustentável pode trazer até benefícios ao agronegócio. 8 www.frenteambientalista.com Parceria O coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney Filho, falou sobre a necessidade de aproximação entre a sociedade civil e o Legislativo como forma de dar vazão às demandas da população. “Essa prática é a tônica dos trabalhos da Frente”, explicou o deputado. Ele lembrou que cabe à Câmara e ao Senado aprovar possíveis acordos internacionais assinados com o objetivo de reduzir as emissões de poluentes. “Também vão depender do parlamentao as leis e a aprovação de qualquer acordo internacional, daí a importância de fazermos uma união forte do Legislativo com a sociedade civil”, defendeu. Os benefícios para a imagem das empresas preocupadas com o meio ambiente também foram destacados pela secretária estadual de Meio Ambiente de São Paulo, Patrícia Iglecias. “Estamos trabalhando com as empresas para termos protocolos voluntários de redução de emissões [de gases]. Isso é fundamental, porque as empresas podem trabalhar com economia e usar isso como elemento de imagem. Quanto mais houver essa cooperação voluntária, melhor”, disse ela, sobre as ações desenvolvidas pelo governo estadual. Além disso, problemas atuais, como a crise hídrica no estado, têm relação com os efeitos das mudanças no clima, disse a secretária. “Quando se olha em outros países, a visão é também que esses eventos, do ponto de vista do clima e da água, estão totalmente relacionados com a temática das mudanças climáticas. Isso os cientistas têm levantado em diversos lugares do planeta.” O coordenador de estudo técnico do governo federal para a proposta brasileira na COP 21, professor Emílio La Rovere, admitiu que a posição do país poderia se mostrar mais audaciosa até o prazo final de 1º de outubro, data limite para a apresentação das propostas dos países para o evento. La Rovere destacou que o compromisso mais importante dos países na COP será o de ter, até 2100, emissões de gases de efeito estufa (GEE) zero. O ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que considera “boa” a proposta brasileira. Ele destacou como positiva a unanimidade dos debatedores em relação a pontos em que o Brasil ainda pode avançar na política do clima. Minc citou o corte do subsídio à energia fóssil (gasolina e diesel), necessidade do replantio de áreas desmatadas, avanços na aplicação da Política de Resíduos Sólidos e mudanças na política de transportes. COP 21 O EM DEFESA DE PROPOSTAS MAIS OUSADAS NA COP 21 coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney Filho, defendeu no evento preparatório da Frente, realizado no dia 23 de agosto, em São Paulo, que não apenas as 37 nações industrializadas tenham metas obrigatórias de redução das emissões de gases causadores do efeito estufa, enquanto os demais países, entre eles o Brasil, cumpram metas voluntárias e facilmente alteráveis. “Não podemos mais fazer apelo ao discurso de vitimização que procura evitar que países em desenvolvimento com grandes emissões de gases do efeito estufa, como Brasil e China, cumpram metas a partir da COP 21”, afirmou. Para o deputado, a situação é grave e urgente diante das mudanças climáticas e, por isso, cada país deve esforçar-se para buscar alcançar o limite de redução de suas emissões. O evento,preparatório da Frente para a 21ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – COP 21, em Paris, foi realizado na Assembleia Legislativa do estado de São Paulo. “Espero que o nosso país leve para este encontro mundial não apenas a continuidade da política de redução dos gases do efeito estufa que já vem adotando, e sim metas mais ousadas”, afirmou o coordenador. “O Brasil não deve entregar o discurso de que fez o dever de casa, cumpriu e superou metas anteriores, e, por isso, teria gordura para queimar, podendo se permitir um combate dos gases inferior a seu potencial”, ressaltou Sarney Filho, que criticou ainda a aprovação da Lei de Biodiversidade e manobras permanentes de setores que trabalham contra o desenvolvimento sustentável, como a tentativa de votação do projeto de decreto legislativo (PDC) sustando a Instrução Normativa da Funai que transfere para o Ibama o licenciamento de empreendimentos potencialmente poluentes em áreas indígenas. Para o líder do Partido Verde, é necessário que a sociedade civil cobre de cada parlamentar as posições tomadas no Congresso Nacional. Desmatamentos Posição semelhante foi sustentada pelo ex-deputado e consultor em matéria ambiental Fabio Feldmann que, com o deputado Sarney Filho, participou da elaboração do capítulo do meio ambiente da Constituição de 1988. “O Brasil nas últimas décadas tem sido grande emissor de gases com os desmatamentos e queimadas na Amazônia. Agora, os desmatamentos começam a reduzir, mas, por outro lado, outras atividades econômicas no país têm sido cada vez mais poluentes”, relatou Feldmann. www.frenteambientalista.com 9 COP 21 PARLAMENTO E AMBIENTALISTAS DISCUTEM PROPOSTAS DO GOVERNO PARA A COP 21 A discussão sobre as metas do governo brasileiro para a Conferência Mundial do Clima COP 21, em Paris, anunciadas pela presidente Dilma Roussef, marcou o seminário realizado, em Brasília, pela Frente, conjuntamente com as comissões de Meio Ambiente e Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, no dia 29 de setembro. Participaram da mesa de abertura do evento, além do coordenador da Frente, deputado Sarney Filho, Adriano Oliveira, diretor do departamento de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, e Mário Mantovani, diretor de políticas públicas da Fundação SOS Mata Atlântica. Durante o seminário, Sarney Filho afirmou que iria apresentar um projeto de modificação da Lei de Mudanças Climáticas, de forma a aprimorar a proposta do governo. Ele elogiou as metas divulgadas pela presidente Dilma e a posição de destaque que o Brasil assumiu frente a outros países. Apontou, no entanto, pontos que deverão ser aprofundados. “É importante, por exemplo, incluir o Cerrado na perspectiva de desmatamento zero e fazer esse tipo de correção para apoiar a pro- posta do governo”, explicou. O representante do Ministério do Meio Ambiente, Adriano Oliveira discorreu sobre as metas do governo. “O Brasil chega com uma postura forte e firme para a conferência de Paris”, avaliou. Ele comparou o país com as realidades de outros grandes países em desenvolvimento, como China e Índia, considerando a posição brasileira muito mais ambiciosa. Mario Mantovani, por sua vez, disse que a relação com o Executivo com respeito às mudanças climáticas foi de enormes barreiras, que devem ser superadas. Ele destacou o papel da Frente Ambientalista, que trouxe a sociedade para dentro do Parlamento e a envolveu na construção de políticas públicas. “Até semana passada, sequer sabíamos a dimensão dessas metas”, lamentou. Por outro lado, concordou que o Brasil apresentou uma meta grande e mostrou que pode ser protagonista. Malu Ribeiro, da Rede das Águas da SOS Mata Atlântica, mostrou a situação do bioma. Informou que 17 estados assumiram o pacto por desmatamento zero na Mata Atlântica. Descarbonização Paulo Moutinho, diretor executivo do Ipam – Instituto de Pesquisa Ambiental da 10 www.frenteambientalista.com COP 21 Amazônia, elogiou a descarbonização da economia defendida pela presidente Dilma Roussef. “É importante para a economia e a produção tentarmos acelerar a meta de desmatamento”, comentou Paulo. Para ele, é preciso investir na pecuária intensiva e ceder suas áreas para a agricultura. Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, também avaliou positivamente as metas que o Brasil apresentará na COP-21. “Se avaliarmos o quanto o Brasil pode contribuir, poderíamos considerá-las insuficientes, contudo, não podemos negar que tratase de uma das metas mais ambiciosas apresentadas até agora”, declarou. Ele explicou que o Brasil, em sua Contribuição Pretendida Nacional Determinada (INDC), se propôs a reduzir as emissões em 37% em 2025, apresentando ainda uma meta indicativa de 43% para 2030. Para ele, isso é menos do que o que o Brasil poderia fazer para dar sua contribuição, mas é uma meta robusta para o acordo de Paris, tendo em vista que o Brasil é a primeira grande economia emergente a adotar uma meta absoluta para toda a economia. Carlos falou das metas apresentadas pelo Brasil para as florestas, agropecuária e energia. Sobre florestas, ele criticou o fato da proposta de zerar o desmatamento ilegal esteja limitada à Amazônia. Para ele, nada justifica a não inclusão dos outros biomas, principalmente o do Cerrado, que não conta com o mesmo aparato de comando e controle.Quanto à energia, ele considera que a proposta poderia ser melhor. RUMO À COP 21 Na bagagem que levou para a COP 21 – a conferência das partes das Nações Unidas para o clima, que se reúne na França para a elaboração de um acordo global sobre mudanças climáticas –, o deputado Sarney Filho (PV-MA) incluiu vários exemplares de sua recente publicação Um ambientalista à luz da encíclica Laudato Si’. Inspirada da carta encíclica do Papa Francisco sobre os “cuidados com a casa comum”, a edição é trilíngue, com textos em português, inglês e francês. Os livros serão oferecidos a participantes da convenção, de forma a disseminar, entre representantes dos mais diversos países, conhecimento sobre as práticas, os problemas e as soluções socioambientais no Brasil. Dividida em duas partes, a obra faz, inicialmente, um retrospecto da trajetória do parlamentar como militante da causa ambiental, tanto no Congresso, como deputado e coordenador da Fren- te Parlamentar Ambientalista, quanto no Ministério do Meio Ambiente, do qual foi titular entre 1999 e 2002. Esse percurso, sob o título de Passos no caminho de Francisco, é pontuado por passagens da encíclica que têm estreita ligação com as reflexões de Sarney Filho ou com as medidas que empreendeu. A segunda parte do livro, Por um Brasil de baixo carbono, traz uma análise sobre as condições técnicas e políticas para que o país reduza drasticamente suas emissões de gases do efeito estufa. As propostas do governo brasileiro levadas a Paris são descritas e avaliadas de forma crítica e propositiva. Para o autor, o Brasil é protagonista na diplomacia que negocia as normas internacionais relativas às mudanças climáticas e já avançou muito no tema, mas deve ser mais ambicioso no enfrentamento de problemas que ainda se mostram graves, como o desmatamento e o fraco investimento em energias renováveis. www.frenteambientalista.com 11 ARTIGO A IMPORTÂNCIA DA COP 21 E A NECESSÁRIA CONTRIBUIÇÃO DO BRASIL Carlos Rittl Secretário Executivo do Observatório do Clima A 21a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a chamada COP21, que está sendo realizada em Paris, é a mais importantes Conferência de Clima já realizada. Pela primeira vez, está em negociação um acordo que irá conter compromissos para limitar as emissões de gases de efeito estufa, traçar estratégicas de adaptação às mudanças climáticas e para o financiamento das ações tanto de mitigação como de adaptação para todos os países membros da Convenção. Em processos anteriores, grandes obrigações eram restritas aos países ricos. Países em desenvolvimento eram estimulados a contribuir para a redução de emissões, mas sem metas obrigatórias. Até o início da COP21, 185 países já haviam registrado suas intenções de compromissos para o Acordo de Paris, as chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas Pretendidas (INDCs, na sigla em inglês), um engajamento sem precedentes. Além disso, a informação disponível para a tomada de decisão torna imperativo o comprometimento efetivo com soluções para a crise climática global. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) disponibilizou no ano passado o seu 5o Relatório de Avaliação que traça um panorama dramático das mudanças climáticas. O IPCC afirma 12 www.frenteambientalista.com que já vivemos sob impactos das alterações do clima provocadas pelas atividades humanas, e que as consequências futuras serão ainda piores. Indica que o esforço necessário para limitar o aquecimento global abaixo dos dois graus Celsius (limite máximo de aquecimento global que orienta as negociações de clima) é muito alto. Mas conclui que ainda é possível fazê-lo, ainda temos tempo para agir com responsabilidade e evitar um cenário dramático. E nos últimos anos, uma série de estudos vem demonstrando que reduzir emissões não é só bom para o clima, mas é bom para a economia, para os negócios e para a geração de empregos. O Brasil chegou a Paris trazendo na bagagem um histórico de boa contribuição diplomática na negociação (o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo origina-se de uma proposta do Brasil, a expressão “aplicável a todos” surge como proposta dos diplomatas brasileiros para vencer o debate ricos x pobres, e demonstrar que todos devem contribuir, mesmo que de acordo com suas capacidades e responsabilidades) e uma proposta de meta de redução de emissões interessan- te: redução absoluta de emissões em 2025 em relação a um patamar passado de emissões brasileiras (2005) e uma meta indicativa mais profunda em 2030. No entanto, apesar de estar no caminho correto, a meta brasileira ainda não atinge o grau de ambição necessária para assegurar que o Brasil terá feito sua parte para aumentar a chance global de limitar o aumento de temperatura média da Terra abaixo dos dois graus Celsius. Portanto, no decorrer desta negociação na implementação do Acordo, o país deve se dispor a fazer mais. Todos terão que aumentar sua ação climática. Estudos como “IES Brasil: Implicações Econômicas e Sociais: Cenários de Mitigação de Gases de Efeito Estufa”, coordenado pelo Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas mostram que, por aqui, reduzir emissões também bom negócio. Podemos transformar nosso potencial de reduzir emissões em florestas, em energia, na agropecuária e indústria em benefícios para o clima, para a economia e para a geração de empregos. Portanto, o Brasil pode e deve fazer mais. Se é bom para o clima e para a economia, por que não fazê-lo? RESÍDUOS SÓLIDOS POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS: INCENTIVO À COLETA SELETIVA Fernando von Zuben Diretor Executivo de Meio Ambiente da Tetra Pak A pós 21 anos de tramitação, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, foi aprovada e sancionada, em 2010. Empresas e associações uniram esforços à época e trabalharam arduamente para a sua aprovação. A sanção da Lei nº 12.305/10 é um marco histórico que determinará uma grande mudança, inclusive na situação dos lixões no Brasil, uma prática medieval muito utilizada ainda no país. A lei não trata somente do fechamento de lixões, mas é uma consequência da disposição final ambientalmente adequada do resíduo urbano. O acordo setorial de embalagens foi entregue no Ministério do Meio Ambiente. O documento propõe, entre outras ações, a ampliação da coleta seletiva com apoio a Cooperativas de Catadores, implantação de Pontos de Entrega Voluntária (PEV´s) e educação ambiental dos consumidores para separar o lixo corretamente. Além desta questão, a nova lei institui as diretrizes para a gestão e gerenciamento dos resíduos do País, não apenas estabelecendo as responsabilidades de cada um dos agentes envolvidos no ciclo de vida dos produtos - fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e poder público - como também apontando os instrumentos e meios para a execução dessas responsabilidades. De acordo com a Política será obrigatório a logística reversa, ou seja, o retorno de embalagens e outros materiais à produção industrial após consumo e descarte pela população. As empresas passam a responder por seus resíduos desde a fabricação até a comercialização e distribuição de seus produtos. Porém, as regras que normatizam o tema ficam mais claras e servirão como estímulo para o real envolvimento do setor privado. Na Tetra Pak, por exemplo, desde a década de 90, desenvolvemos ações para estimular a reciclagem das embalagens longa-vida. Este trabalho inclui o suporte às cooperativas de coleta seletiva, programas de educação ambiental e o apoio a indústria recicladora, gerando emprego e renda em toda a cadeia. Com a aplicação efetiva da nova lei outras empresas auxiliarão no aumento da reciclagem e promoção da inclusão social e econômica. No âmbito público, as prefeituras terão que construir aterros sanitários de acordo com as regras de proteção ambiental. Isso porque o plano proíbe a utilização de lixões onde resíduos de todo tipos sejam lançados sem qualquer tratamento prévio, gerando uma grande quantidade de gases de efeito estufa e efluentes. Caso o Munícipio insista em possuir lixão, os repasses da União serão cancelados. Esta é a única forma de colocar a política de resíduos sólidos em prática. Assim, com cada agente assumindo sua responsabilidade, o mercado crescerá, gerando ganhos para toda a cadeia. Os benefícios ambientais virão com o incentivo à coleta seletiva e à reciclagem; os sociais, com a geração de emprego e migração de milhares de pessoas para a formalidade; e os econômicos, com o incentivo à indústria de reciclagem. Assim este é o início de grandes e positivas transformações sustentáveis que hoje impactarão o futuro das próximas gerações. Uma boa notícia ocorreu, no dia 25 de novembro, com a assinatura de acordo do governo com catadores e a indústria para a logística reversa de embalagens em geral. Com o acordo, os empresários se responsabilizam por criar um sistema de recolhimento e destinação adequada dos produtos. Além de garantir a execução da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a medida permite a inclusão social de quem trabalha com a coleta dos materiais. Para o presidente do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre), Victor Bicca, a ação vai tirar os catadores da informalidade. www.frenteambientalista.com 13 MARIANA SARNEY FILHO COORDENA COMISSÃO EXTERNA DA CÂMARA QUE ACOMPANHA A TRAGÉDIA DE BENTO RODRIGUES, EM MARIANA O Coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney Filho, está à frente das iniciativas da Câmara dos Deputados para acompanhar a tragédia causada pelo rompimento da barragem de rejeitos de mineração em Mariana, Minas Gerais. Ele foi o autor do requerimento que criou a Comissão Externa que esteve na área e também do pedido de convocação do presidente da empresa Samarco para depor na CPI da Funai. Índios Xerentes, que vivem em Minas Gerais também foram impactados com a contaminação do Rio Doce. Após visitar a área, no dia 15, como coordenador da Comissão Externa, afirmou em Belo Horizonte que a multa de R$ 250 milhões que seria paga ao IBAMA pela Samarco era “pífia” e “irrisória. Ele lembrou que a punição aos responsáveis tem que ser exemplar, como a da explosão na plataforma da British Petroleum no Golfo do México, que gerou o pior vazamento de petróleo na história dos Estados Unidos. A empresa pagará US$ 20 bilhões em indeniza- 14 www.frenteambientalista.com MARIANA ções pelo desastre ambiental. Durante audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, foi enfático: “Não basta multar, tem também que reparar o dano. Foi assim quando fui ministro do Meio Ambiente. Além de ter multado a Petrobras em R$ 50 milhões, a empresa foi obrigada a indenizar pescadores e recuperar áreas atingidas pelo derramamento”, afirmou Sarney Filho. O coordenador e os integrantes da Comissão Externa - parlamentares de Minas e do Espírito Santo, também foram recebidos pelo governador de Minas, Fernando Pimentel (PT). Aos deputados, Pimentel também defendeu que não só é preciso cobrar multas das empresas responsáveis pelas barragens, mas também cobrar delas um plano de recuperação para os próximos cinco ou dez anos de todo o ecossistema destruído pela lama e pelos rejeitos químicos provenientes do rompimento das barragens. “Esse foi um desastre de proporções mundiais”, reconheceu. Em seguida, os deputados se dividiram para visitar Mariana, Governador Valadares (MG) e Colatina (ES). “O trabalho dessa comissão não tem caráter político-partidário, ela visa defender os interesses da sociedade e do meio ambiente”, afirmou Sarney Filho. Código Ele também defendeu mudanças no projeto do Marco Regulatório da Mineração, em discussão na comissão especial da Câmara dos Deputados. “Toda essa situação mostra que a proposta do novo marco regulatório da mineração já nasce antiga. Ela precisa ser mudada, o projeto tem que retirar o interesse da mineração, passando a dar prioridade ao socioambiental. Se essa tragédia tivesse acontecido depois da aprovação do projeto, não haveria reparação. A tragédia serviu para abrir os olhos diante da realidade que precisa ser mudada”, alertou. Nesse sentido, foi possível sensibilizar o relator do projeto, deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG) para a inclusão das emendas haviam sido rejeitadas anteriormente. “Agora, finalmente, teremos um marco de mineração que irá privilegiar as questões socioambientais, defendendo o meio ambiente e as populações que vivem nessas áreas”, afirmou. www.frenteambientalista.com 15 ARTIGO MOBILIZAÇÃO DAS RUAS AO PARLAMENTO POR UM PAÍS ÉTICO E SUSTENTÁVEL Mario Mantovani Diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica E m meio a tanta turbulência e a centenas de manchetes escandalosas, a presença de movimentos sociais, cientistas, ativistas, lideranças indígenas, quilombolas e cidadãos que anseiam por retirar o Brasil da lama fez da Frente Parlamentar Ambientalista um espaço de mobilização, resistência e pressão por novos horizontes. Foram diversas manifestações no Congresso Nacional, das ruas às galerias, em comissões e nos bastidores, em uma vigília permanente em defesa dos Direitos até aqui conquistados pela sociedade e que foram alvo de constantes tentativas de retrocesso e mudanças em favor de poucos. A velha forma do popular “toma lá e dá cá” , que reduz a política a um balcão de negócios e distancia os cidadãos e movimentos sociais do Parlamento, foi sendo escancarada e repudiada em manifestações, petições e debates acalorados realizados nas comissões permanentes e nas frentes parlamentares, que não se limitaram a debater os temas de real interesse da sociedade no isolamento de Brasília. A SOS Mata Atlântica promoveu, em conjunto com as frentes parlamentares do Congresso e dos estados do bioma Mata Atlântica, discussões itinerantes e regionais sobre temas de grande relevância para a gestão socioambiental e para a retomada da governança no país. Iniciamos o ano com a discussão sobre a crise da água, com a necessidade de um marco regulatório para a conservação e proteção do mar, bem como dos biomas brasileiros que ainda não contam com leis específicas, cobramos a implementação do Código Florestal, mantivemos resistência contra a PEC 215 e as tentativas recorrentes para desproteger ainda 16 www.frenteambientalista.com mais as áreas de preservação permanente de rios, nascentes e mananciais, até o recebimento do projeto de iniciativa popular pelo desmatamento zero, fechando o ano com a emenda do deputado Sarney Filho à Lei Nacional de Mudanças do Clima, transformando discursos em obrigação legal ,com a inclusão das metas de desmatamento para todos os biomas brasileiros. Alertamos para o fato da INDC apresentada pelo Governo Federal ser insuficiente para retirar o país dos recordistas de desmatamento. Perdemos o equivalente à área de Israel em desmatamento por ano. E temos a certeza de que somente a participação e a mobilização permanente da sociedade junto ao Parlamento brasileiro pode contribuir para reconduzir o país ao eixo, resgatando valores éticos para um modelo de desenvolvimento que tenha o socioambiental como premissa. A presença permanente da sociedade civil nas frentes parlamentares levantando as pautas de real interesse nacional é fundamental para que o Poder Legislativo, isolado, deixe de ser uma nave sem rumo. MATA ATLÂNTICA NO DIA DA MATA ATLÂNTICA, FRENTE DESTACA IMPORTÂNCIA DE LEIS ESPECÍFICAS PARA OS BIOMAS O Presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS), deputado Átila Lira (PSB-PI), afirmou no encontro acreditar que, superadas resistências específicas de alguns estados, será possível aprovar a Lei do Cerrado este ano. Engajamento E m comemoração ao Dia da Mata Atlântica, a Frente Parlamentar Ambientalista promoveu na Câmara dos Deputados um café da manhã, no dia 27 de maio, com a apresentação do novo Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica e o lançamento da Matriz de Serviços Ecossistêmicos no Brasil. O evento foi marcado pela boa notícia da diminuição progressiva do desmatamento no bioma, desde a promulgação da Lei da Mata Atlântica. Os dados, baseados em imagens de satélite, foram obtidos em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Ministério de Ciência e Tecnologia e apresentados pelo diretor de políticas públicas da Fundação SOS Mata Atlântica (SOSMA), Mário Mantovani. Segundo o diretor, o monitoramento, que ocorre anualmente, revelou, para o período de 2013 a 2014, uma queda de 24% na área desmatada, em relação ao período anterior. Ainda foi observado um desmatamento expressivo no estado do Piauí, devido ao avanço da soja sobre áreas de transição. Mantovani informou que todos os 17 estados que contêm o bioma regulamentaram as áreas sucessionais (conforme os estágios em que se encontram as formações vegetais). Ele comemorou o desmatamento zero em diversos estados e o aumento de cobertura florestal no Rio de Janeiro e em São Paulo. Para a possibilidade de recuperação dessas áreas “o fato de haver uma lei para o bioma é fundamental”, explicou. “O pagamento por serviços ambientais (PSA) também é essencial para o engajamento da sociedade na regeneração da vegetação nativa e na preservação ambiental”, afirmou o deputado Evair Melo (PV-ES), relator de dois projetos que tratam do tema. Diretor do Programa Comunidades e Mercados da Forest Trends, José Roberto Borges apresentou a Matriz de Serviços Ecossistêmicos no Brasil. Trata-se da aplicação brasileira de uma matriz global cujo desenvolvimento foi iniciado em 2004. No País há três anos, mapeou mais de duas mil iniciativas. Mirela Sandrini e Valmir Ortega explicaram o funcionamento e a utilidade da matriz. Trata-se de uma grande tabela que abarca todo o mercado de ecossistemas, baseada na ótica de provedor-pagador. Dentre seus objetivos estão estabelecer plataforma para disponibilizar informações online, fomentar iniciativas e estimular políticas públicas. www.frenteambientalista.com 17 MATA ATLÂNTICA FRENTE LANÇA PUBLICAÇÃO CIDADES SUSTENTÁVEIS E ATLAS DE MUNICÍPIOS DA MATA ALTÂNTICA A Frente Parlamentar Ambientalista reuniu-se no dia 11 de novembro para o lançamento da revista da ANAMMA – Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente, e do Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, da Fundação SOS Mata Atlântica. O deputado Sarney Filho (PV-MA), coordenador da Frente, destacou a importância do trabalho das duas entidades parceiras. Estiveram presentes mais de 30 parlamentares. Entre eles, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e os deputados Átila Lira (PSB-PI), presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS), Evair de Melo (PV-ES), Alessandro Molon (Rede-RJ) e Nilto Tatto (PT-SP). Também participaram do evento ambientalistas, além de diversos gestores municipais. Rogério Menezes, do Partido Verde, titular da Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Campinas (SP) e presidente da ANAMMA, contou um pouco da história da entidade, fundada em 1988. “É um momento muito 18 www.frenteambientalista.com feliz para a ANAMMA”, disse, comemorando o lançamento da primeira edição da revista Cidades Sustentáveis. “A revista, criada para mostrar boas práticas e experiências exitosas dos municípios associados, é um esforço da nova diretoria, eleita para o próximo biênio”, explicou o presidente. A publicação, que está sendo viabilizada através de parcerias privadas, é bilíngue, sairá trimestralmente e conta com tiragem de 150 mil exemplares. O Censo Nacional dos Órgãos Gestores Municipais de Meio Ambiente, preparado pela associação, também foi divulgado por Rogério. A iniciativa contou com a adesão de 132 cidades que responderam o censo, com expressiva participação de pequenos municípios. Atlas A diretora executiva da SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota, apresentou o Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, com um balanço sobre a situação dos 3.429 municípios abrangidos pela lei que protege aquele bioma. O trabalho é uma parceria com o INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. O objetivo é que todos os cidadãos dos 17 estados que possuem Mata Atlântica tenham acesso às informações sobre desmatamento em seus municípios. Márcia relatou que nove estados estão no nível do desmatamento zero. No entanto, três deles – Piauí, Bahia e Minas Gerais – estão particularmente ameaçados pelo desmate, notadamente nas proximidades de áreas de Cerrado. “Esses dados são públicos. Qualquer pessoa pode se cadastrar e baixar os arquivos. É uma forma de mobilizar, incentivar o engajamento das pessoas para a nossa causa”, disse. ÁREAS URBANAS FRENTE DISCUTE REGULAÇÃO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE URBANAS O s resultados da primeira fase da pesquisa Proposta Regulatória para Áreas de Preservação Permanente (APPs) Urbanas, desenvolvida pela Fundação Getúlio Vargas foram apresentados durante reunião da Frente Parlamentar Ambientalista, no dia 1º de julho. Nelson Pedroso Júnior, coordenador de pesquisa da FGV, explicou que o estudo, iniciado em 2014, foi motivado pelo contexto de derrotas legislativas relacionadas à proteção ambiental e pela insegurança jurídica que decorre desse quadro. A pesquisa está sendo desenvolvida no Centro de Pesquisa Jurídica Aplicada da Escola de Direito da Universidade de São Paulo. A bióloga e também coordenadora da FGV Sandra Steimetz detalhou o trabalho desenvolvido, que investigou os limites, possibilidades e conflitos relacionados ao uso das APPs urbanas para propor uma estratégia regulatória. As fontes da pesquisa foram mapeamentos bibliográfico e normativo, levantamento e estudo de iniciativas nacionais e internacionais e workshops. Também foi utilizada uma proposta de Survey, questionário online sobre o tema, que contou com centenas de participantes. “Com o novo Código Florestal, surgiram conflitos jurídicos entre a legislação federal e legislações estaduais e municipais menos ou, por vezes, mais restritivas”, explicou Sandra. Como principais conclusões do estudo, destacou a percepção de que a insegurança jurídica pode ser minimizada por legislação própria para as APPs urbanas, com normalização única e parâmetros diferenciados. Além disso, chamou a atenção para a necessidade de regulamentação específica para as APPs hídricas. Cenários A Fundação Getúlio Vargas desenhou quatro cenários: o atual, regido pelo novo Código Florestal; uma regulamentação federal com condicionalidades; uma regulamentação federal dizendo que o CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) definirá conteúdo mínimo para os estados e municípios regulamentarem, ouvindo os comitês de bacias hidrográficas como instâncias de análise; e, finalmente, a regulamentação total pelos municípios. Para os pesquisadores, o terceiro cenário, com orientações gerais estabelecidas pelo CONAMA, representa a opção mais promissora. O deputado Arnaldo Jordy (PPSPA) questionou a efetividade dos comitês de bacia e disse que é preciso fortalecer sua criação. Participaram do evento, além de técnicos e representantes da sociedade civil, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB -AM) e os deputados Evair de Melo (PV-ES), Celso Maldaner (PMDB-SC), Edinho Bez (PMDB-SC), Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE) e Edmilson Rodrigues (PSOL-PA). www.frenteambientalista.com 19 ÁREAS URBANAS FRENTE AVALIA IMPACTO DA OCUPAÇÃO URBANA NO MEIO AMBIENTE A Frente Parlamentar Ambientalista promoveu, no dia 26 de agosto, o debate “Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente”. O evento foi presidido pelo deputado Edmilson Rodrigues (PSolPA), coordenador do Grupo de Trabalho Questões Urbanas, da Frente. Edmilson, que foi prefeito de Belém, abriu as discussões chamando a atenção para a intensa ocupação urbana como ponto de inflexão da passagem para o séc. XXI. Segundo ele, no ano 2000 cerca de 80% da população brasileira já vivia nas cidades. O parlamentar destacou a importância das florestas para o equilíbrio do mundo e citou dados do Imazon que indicam que, se for mantido o desmatamento autorizado da Amazônia nos patamares atuais, em 2030 teremos na região uma área desmatada equivalente a um estado de São Paulo. Caso se mantenha o desmatamento ilegal, a área devastada equivaleria a seis estados de São Paulo. A coordenadora da Rede de Água da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, falou sobre florestas urbanas e clima, um tema emergente. Ela argumentou que as Áreas de Preservação Permanente (APPs) urbanas devem ser protegidas, inclusive para a segurança das pessoas. As vítimas de desmoronamentos, por exemplo, são, via de regra, pessoas 20 www.frenteambientalista.com carentes que ocuparam, de forma irregular, áreas de preservação. Com apenas 8,5% de sua cobertura original, a Mata Atlântica é hoje uma floresta urbana, compreendendo a maior parte do PIB do país. Possui uma grande biodiversidade, sendo que muitas espécies estão ameaçadas de extinção. “É preciso usar planejamento estratégico para avaliar a viabilidade dos empreendimentos. Acabar com as APPs urbanas comprometeria a qualidade de vida, a saúde, o espaço de convivência, a nossa identidade cultural”, argumentou a ambientalista. Para ela, a zona rural é que possibilita os mananciais. Outro aspecto da questão urbana é a falta de conectividade entre as áreas verdes, como ocorre em São Paulo. Malu propõe, como uma saída para o problema, a proteção das margens dos córregos e rios que cortam a cidade, formando verdadeiros parques lineares. Impactos Haroldo Pinheiro, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, afirmou ter consciência do impacto que sua profissão, com os assentamentos urbanos, tem sobre o ambiente. Lembrou a teoria das resultantes convergentes, de Lúcio Costa, que mostrava o impacto so- cioambiental da intervenção urbana e influenciou a construção de Brasília. “A agenda urbana e a agenda ambientalista estão umbilicalmente unidas”, defendeu o arquiteto em sua exposição. Ele anunciou que a União Internacional dos Arquitetos (UIA) comemorará o Dia Mundial da Arquitetura, 5 de outubro, com o tema “Arquitetura, Construção, Clima”. Em 2014, a UIA aprovou a “Declaração de deveres 2050”, com o compromisso de zerar as emissões da atividade arquitetônica. Os institutos de planejamento metropolitano, previstos no estatuto da metrópole, são, para Haroldo, instrumentos fundamentais para um desenvolvimento sustentável. “Devem propor a discussão para a sociedade, caso contrário as grandes empreiteiras fazem o planejamento”, criticou. Ele disse que vários institutos foram criados, mas estão inoperantes. CERRADO ESPECIALISTAS APONTAM ALTERNATIVAS PARA IMPEDIR A DESTRUIÇÃO DO CERRADO A preocupação com a expansão da agricultura nas áreas de Cerrado e a necessidade de deter a destruição dos recursos naturais do bioma marcaram o primeiro dia do Seminário Bioma Cerrado – Normas de Conservação e Uso Sustentável, que reuniu renomados técnicos e pesquisadores brasileiros, parlamentares, órgãos governamentais e entidades ambientalistas. O evento foi realizado pela Frente Parlamentar Ambientalista, Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, WWF e ECODATA.. O senador Donizeti Borges Nogueira (PT-TO) defendeu a necessidade de aprofundar os estudos sobre o bioma, diante dos interesses econômicos que ameaçam essas áreas. “Na ânsia de plantar e produzir, não estão levando em conta as riquezas do Cerrado, seus recursos naturais e a água abundante”, exemplificou, lembrando que em outras regiões do país, como São Paulo, as populações já enfrentam graves problemas de abastecimento. “Plantar por plantar vai conduzir à degradação e acaba sendo um interesse econômico burro”, concluiu. Para o presidente do Ecodata, Donizete Tokarski, o país conta com uma boa legislação, mas falta conhecimento sobre a potencialidade das áreas de Cerrado, na aplicação da lei, na formulação de políticas públicas que permitam o uso do bioma de forma sustentável, para a agricultura, reflorestamento e produção de água. “Pesquisas sobre o Cerrado existem, mas é necessário uma assistência técnica qualificada que incorpore os conhecimentos já obtidos”, defendeu Tokarski. Ao falar sobre a crise econômica e os impactos no meio ambiente, o presidente da Comissão do Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, deputado Átila Lira (PSB-PI), afirmou que os momentos difíceis também servem para repensar prioridades. “A questão ambiental nesse momento deve estar em primeiro lugar nas agendas do poder público, das instituições e da sociedade”, reforçou Lira. O secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal, André Lima, abordou a crise enfrentada pelo governo do DF, que deverá diminuir o número de secretarias. “Estamos lutando para que o meio ambiente não perca espaço, e nesse sentido o governador Rodrigo Rollemberg está aberto a uma proposta que cria uma secretaria que irá tratar do meio ambiente, desenvolvimento rural e urbano de forma integrada”, afirmou. O coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney Filho, fez um apelo para que sociedade pressione por medidas de proteção ao Cerrado. Ele citou os retrocessos na legislação socioambienal, como menos transparência nos rótulos dos produtos geneticamente modificados (OGMs); a lei de acesso à biodiversidade, que não protege de forma efetiva os conhecimentos tradicionais; e as tentativas de transferir para o Congresso Nacional a função de criar e rever áreas indígenas e de quilombolas – Proposta de Emenda Constitucional PEC 215. www.frenteambientalista.com 21 ARTIGO CERRADO: ABANDONADO OU ESQUECIDO? Donizete Tokarski Presidente do Conselho da Ecodata A savana com maior biodiversidade do planeta precisa de um novo sistema de ocupação. O Cerrado, que é também um dos 34 hotspots mundiais é a savana mais ameaçada e vem sofrendo nas últimas décadas, pois, até hoje, não conta com sistema de controle do desmatamento e dos focos de incêndio, além de não ter implementado em sua maior parte a gestão participativa dos recursos hídricos. Em cinquenta anos, o bioma perdeu mais da metade de sua cobertura original e passa por extenso processo de fragmentação. O cerrado também sofre com a falta de conhecimento e interesse da sociedade e do governo brasileiro. Exemplo disso é que nas manifestações sobre o desmatamento para a Conferência do Clima, que acontece em dezembro, em Paris (COP 21), o Cerrado sequer foi citado, reafirmando o abandono do bioma, que é permanente. Uma importante ação para conservação que deve ser adotada urgente é um modelo de ocupação capaz de contemplar e valorizar as diversas 22 www.frenteambientalista.com características regionais do Cerrado, já que, em função do seu endemismo, diversas fitofisionomias estão ameaçadas. Precisamos, não apenas de uma política de preservação, mas de políticas diferenciadas de conservação e uso, como, por exemplo, a alteração imediata nos pacotes tecnológicos que são implementados, para reverter as consequências negativas da monocultura e sua pressão sobre os recursos naturais. Os novos manejos e seus pacotes tecnológicos têm que estar associados também a uma assistência técnica de qualidade. É necessário que haja uma revisão desde a formação dos técnicos, nas universidades, até o processo de contratação da assistência pelos pequenos e médios produtores, passando inclusive pela alteração dos níveis de exigências, por meio de zoneamentos agrícolas para os grandes produtores. Outro ponto de atenção é a questão hídrica e a necessidade de implementação dos processos de gestão dos recursos hídricos. O Cerrado é considerado o berço das águas do Brasil, por constituir um grande divisor de rios do nosso território. As águas do Cerrado – que estão reduzindo em quantidade e piorando em qualidade –são necessárias no Brasil, sim, mas elas são necessárias, primeiro, no Cerrado. A população local precisa estar ciente e ter compreensão da escassez hídrica, para que não aconteça o que acontece com o Rio Doce que já não deságua mais no oceano. O próprio Rio São Francisco já corre o risco de não chegar no mar. Se não fossem as águas do Cerrado, hoje, o Grande Chico certamente não desaguaria no mar: o bioma abrange 47% da área e é responsável por 94% da sua produção hídrica. Precisamos de uma leitura da relevância da conservação do bioma como um todo, e isso se faz através do que? Da gestão do desmatamento e controle de incêndios, ampliação da pesquisa, legislação adequada, política inovadora que perceba o valor de cada espécie, incentivo ao agroextrativismo e valorização do saber popular. É preciso aplicar medidas para reduzir severamente os impactos que hoje estão degradando aceleradamente os recursos naturais do bioma. Não adianta fazer política para o Cerrado para daqui a 30 anos Além disso, é fundamental também criarmos um processo imediato de aumento das unidades de conservação integrais do Cerrado, que hoje correspondem a menos de 3% do bioma. As populações que vivem na região, inclusive as urbanas, precisam usufruir da biodiversidade que este bioma que nos acolhe disponibiliza. Não adianta fazer política para o Cerrado para daqui a 30 anos, porque em 30 anos ele pode já não existir na sua exuberância. Precisamos da aprovação da PEC do Cerrado (115/95), do PL 25/2015, do deputado Sarney Filho e também de ações emergenciais do poder público e da sociedade, em prol da conservação, antes que seja tarde demais. O Cerrado é um bioma abandonado e esquecido. Precisamos mudar essa história. CERRADO PRESERVAÇÃO DO CERRADO É TEMA DE EXPOSIÇÃO DA FRENTE A abertura da exposição fotográfica ‘Portal do Cerrado: águas e biodiversidade’, no dia 3 de junho, nos espaço do Servidor e Mário Covas, no anexo 2 da Câmara dos Deputados foi marcada por apelos à conscientização sobre o problema da devastação do bioma. Apresentada por Edson Duarte, vice-presidente do Partido Verde, a solenidade foi aberta pela deputada Leandre Dal Ponte (PV-PR). Leandre parabenizou os organizadores da exposição pela iniciativa. “Quero reafirmar o compromisso que temos com a vida do nosso planeta, a sustentabilidade e a qualidade de vida de cada cidadão e cada cidadã”, declarou. Representando a WWF-Brasil, Michel Santos chamou a atenção para projetos em tramitação que amea- çam o meio ambiente, como a PEC 215 e o novo código de mineração. “É preciso lembrar que o Cerrado, tão importante, já foi reduzido à metade de sua extensão”, afirmou. Além de combater as pautas negativas, Michel destacou a necessidade de pressionar o Congresso pela aprovação das propostas positivas, como a PEC do Cerrado e da Caatinga e a Lei do Mar. A consultora legislativa Roseli Senna agradeceu os apoios para o sucesso da exposição. “Nosso objetivo é sensibilizar as pessoas pela arte”, explicou. Roseli elogiou a qualidade do material fotográfico e videográfico apresentado pelo grupo DOC Cerrado, biólogos dedicados à divulgação científica através da documentação da diversidade natural da região. Gílson Dobbin, do EcoCâmara, comitê de gestão ambiental da Câmara, disse acreditar que também faz parte da responsabilidade dos servidores públicos usar os espaços existentes para construir a integração da sociedade. A mostra, que apresenta imagens e textos acerca da fauna, da flora, das águas e das belezas do Cerrado, foi produzida pela Frente Parlamentar Ambientalista em parceria com o WWF-Brasil, Consultoria Legislativa, DOC Cerrado e EcoCâmara, com apoio da Fundação SOS Mata Atlântica e da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. www.frenteambientalista.com 23 ENCÍCLICA CNBB APRESENTA ENCÍCLICA LAUDATO SI’ EM REUNIÃO DA FRENTE DEPUTADOS APONTAM OS DESAFIOS D eputados, senadores e representantes de entidades da sociedade civil participaram no dia 8 de junho de evento da Frente que ouviu Dom Leonardo Ulrich Steiner, secretário-geral da CNBB, discorrer sobre a encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco. O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil explicou que a noção central do texto é a palavra ‘relação’ em suas diversas acepções. “Se trata da relação entre nós, pessoas humanas, se trata da relação entre pessoas humanas e os seres animados e inanimados, se trata das relações internacionais, se trata da relação, do cuidado, do ser humano com os pobres, se trata da relação que estabelecemos com – usando a expressão de São Francisco – a mãe Terra, com a irmã Terra”, explicou. Dom Leonardo disse que a carta do Papa defende uma relação que tenha como fundamento a ética e a responsabilidade, e contes- 24 www.frenteambientalista.com ta a relação antropocêntrica, que retira da natureza tudo o que está a seu dispor. Falando a católicos e não católicos, o papa prega uma ‘conversão ecológica’. O bispo disse que, para isso, são importantes as responsabilidades locais, dos governos e internacionais. Para o senador Cristovam Buarque, a encíclica é “um livro que vai marcar as próximas décadas no debate sobre que estilo de vida queremos”. Ele defendeu que o texto seja amplamente divulgado, especialmente entre as crianças. Entre os presentes no evento, encontravam-se os deputados Sarney Filho (PV-MA), Ricardo Tripoli (PSDB -SP), Nilto Tatto (PT-SP), Givaldo Carimbão (PROS-AL), Celso Maldaner (PMDB-SC), Arnaldo Jardim (PPS -SP), Chico Alencar (PSOL-RJ), Júlio César (PSD-PI), Edmilson Rodrigues (PSOL-PA), Helder Salomão (PT-ES), Odorico Monteiro (PT-CE), Arnaldo Jordy (PPS-PA), Diego Garcia (PHS -PR), Penna (PV-SP), Josué Bengtson (PTB-PA), Alessandro Molon (PT-RJ), Raquel Muniz (PSC-MG), Ronaldo Benedet (PMDB-SC) e Maria do Rosário (PT-RS). Além de representantes da sociedade civil e de órgãos públicos, como, SOS Mata Atlântica, WWF-Brasil, Mais Cerrado, Obra Social Santa Isabel, Ibama, Irsan, Eletronuclear, IICA, Ecodata, OAB, FMASE, Ecocamara, Companhia da Natureza, Agefis, Senado Verde, UNB, A e B Comunicação, DNPM, FMCJS, IPAM eFunatura, Reapi e Cdeic. O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) ponderou que a Igreja ficou muito tempo “encastelada no poder”, e comemorou a encíclica como “opção preferencial pelos pobres e contra a exploração de que são vítimas”, percepção que classificou como revolucionária. Edmilson Rodrigues (PSOLPA) colocou a preocupação com o fato de muitos se dizerem cristãos e negarem, na prática, a ética e os princípios cristãos. “Daí a importância da encíclica”, avaliou, “Francisco veio para mudar”. Para Nilto Tatto (PT-SP) “a encíclica é um alento, pois vivemos um mundo turbulento”. Ele ressaltou que o documento ajuda a construir uma narrativa para enfrentar os desafios. O deputado Helder Salomão (PT-ES) afirmou que a encíclica é um dos grandes documentos da atualidade”. Arnaldo Jordy (PPSPA) também enalteceu a encíclica,. “É encantadora pela sabedoria, coragem e habilidadedo papa”, ponderou. Evair de Melo (PV-ES) defendeu o alinhamento da ciência e da tecnologia com o desenvolvimento humano e os valores culturais, pois, a seu ver, “conhecimento é poder”. ANIMAIS D ESPECIALISTAS MOSTRAM RETRATO DA PROTEÇÃO ANIMAL NO PAÍS urante debate promovido pela Frente Parlamentar Ambientalista, no Dia do Cerrado, na Câmara dos Deputados, no dia 6 de maio, especialistas em proteção de animais silvestres e domésticos traçaram um retrato da questão, hoje, no Brasil. O tema foi pautado pelo coordenador da Frente, deputado Sarney Filho (PV-MA), no bojo de uma grande conquista para os defensores da causa animal, a aprovação, pelo Plenário da Câmara, do PL 2833/11, do deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP), que criminaliza condutas contra a vida, a saúde ou a integridade de cães e gatos. Tripoli abriu sua participação na mesa do debate destacando a importância da aprovação da medida e relatou a imensa repercussão do fato, com a manifestação de milhões de internautas nas redes sociais da Casa. O deputado afirmou que a luta agora é para sensibilizar o Senado, que ainda irá apreciar a proposta. Roberto Cabral Borges, biólogo e analista ambiental do Ibama, mostrou como o tráfico de animais aproveitase da criação legalizada de pássaros silvestres para acobertar práticas criminosas. Ao longo dos anos, o Instituto verificou a coincidência entre as espécies passeriformes mais criadas e as mais traficadas, o que levou à conclusão de que a criação legalizada não diminuiu a pressão de captura na natureza. Através de operações específicas para a avaliação da regularidade dos criatórios, constatou-se que o sistema estava sendo fraudado, com solicitação, pelos criadores, de anilhas de identificação do Ibama para “esquentar” animais capturados na natureza. Segundo Borges, além da necessidade de evolução para uma anilha eletrônica padronizada nacionalmente, também são necessárias a marcação nacional padronizada e a adoção de sistemas nacionais de gestão da fauna (há o SisPass, voltado para os pássaros, e o SisFauna, em fase de implantação). O analista apontou sérios gargalos legislativos para o sucesso da atividade fiscalizadora da segurança da fauna. Primeiramente, a falta de regulamentação do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente (Sinima), previsto na Lei Complementar 140/11. Outro fator limitante da atividade foi a revogação de artigos que garantiam o porte de arma aos funcionários do Ibama, em diferentes leis. “O caçador tem seu porte de arma garantido pelo estatuto do desarmamento, o fiscalizador não!”, enfatizou. Borges fez ainda um apelo para que o Legislativo tipifique o crime de tráfico de animais. Na prática, ninguém vai preso por isso. “Nós queremos que os animais estejam no meio ambiente e não atrás das grades. Quem deve ficar atrás das grades é o traficante”, concluiu. A diretora-presidente da OSCIP Ampara Animal, Juliana Camargo, falou das estratégias da entidade que dirige para a conscientização da sociedade da necessidade de proteger os animais domésticos. Com muitos contatos no meio artístico e entre modelos profissionais, Juliana tem promovido campanhas de impacto na mídia e conquistado personalidades de grande carisma para campanhas como a adoção de pets. “Glamourizamos o vira-lata para despertar o interesse das pessoas para o problema do abandono”, contou. A Ampara também promove campanhas de castração, através de unidades móveis aparelhadas para o procedimento. O tema ainda é cercado de muita resistência, apesar de se tratar de ação essencial para o controle da população de cães e gatos de rua e de uma séria questão de saúde pública, pois ajuda no controle de zoonoses. Juliana mostrou que, como ocorre com a experiência da Ampara, a maleabilidade e a abertura para o diálogo com quem, a princípio, não se comove com os problemas enfrentados pelos animais, pode render muitos aliados. “Às vezes, no entanto, é preciso radicalizar, como no caso do Instituto Royal”, lembrou, referindose ao resgate dos cães beagles usados em testes pelo laboratório. Para Ricardo Tripoli, a militância de entidades como a Ampara tem sido muito importante para despertar a sociedade para a causa animal. “Os domésticos têm ajudado muito a dar visibilidade aos silvestres e exóticos”, afirmou o deputado. www.frenteambientalista.com 25 ARTIGO 2015: TRABALHO E AVANÇO! Ricardo Tripoli Deputado Federal (PSDB/SP) A pesar da crise política e econômica que assolam o país, 2015 foi um ano de avanço legislativo para o segmento ambiental. Foram vários os projetos de lei aprovados pela Câmara dos Deputados ,com apoio da Frente Parlamentar Ambientalista do Congresso Nacional, que atualizam e melhoram a legislação vigente. Como Coordenador do Grupo de Trabalho de Fauna da Frente, destaco a atuação da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável que conseguiu dar andamento a projetos que estavam parados há várias legislaturas. Ressalto também o apoio dos parlamentares de primeiro mandato, que demonstram elevada consciência ambiental ao se preocuparem com a preservação da nossa biodiversidade e atuarem neste sentido. Projeto estava parado há mais de uma década O ano de 2015, em se tratando da legislação específica sobre defesa e bem-estar animal, teve gosto de vitória. Tive a grata satisfação de ver aprovado meu Projeto de Lei 2833/2011 pelo Plenário da Câmara dos Deputados. Sem amarras e com apoio de todos os partidos! Essa proposta eleva consideravelmente as penas dos crimes cometidos contra cães e gatos e das práticas que atentam contra a vida, a saúde ou a sua integridade física. O texto final do projeto criou tipos penais fundamentais para dar subsídio ao Poder Judiciário, visando efetiva punição de quem mata, abandona, deixa de prestar socorro, promove lutas e expõe a perigo a vida, a saúde e a integridade física de cães e gatos. Quem 26 www.frenteambientalista.com matar um cão ou gato estará sujeito à detenção de um a três anos. Se o crime for cometido com emprego de veneno, fogo, asfixia, espancamento, arrastadura, tortura ou outro meio cruel, a pena será aumentada em um terço. Deixar de socorrer um cão ou gato em vias públicas ou particulares pode sujeitar o infrator à pena de detenção de um a três anos. O abandono de cães e gatos, um dos maiores dramas enfrentados na maior parte das cidades brasileiras, passa a ser punido com detenção de até um ano. Promover luta entre cães, a cruel rinha, pode levar o infrator à detenção de três a cinco anos. Esse projeto é o início de uma série de normas prevendo penas severas para vários tipos de condutas praticadas contra as diversas espécies. A elaboração da proposta contou com a parceria e colaboração da União Internacional Protetora dos Animais (UIPA) – Seção São Paulo. Agora, a proposta segue para apreciação no Senado Federal. Também conseguimos instalar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar casos envolvendo maus-tratos aos animais. Tive o privilégio de ser eleito relator do colegiado onde os trabalhos ainda estão em andamento. Dentre os principais assuntos já discutidos, destaco a audiência pública que tratou sobre os recorrentes maus-tratos provenientes da criação, transporte e utilização de animais em espetáculos de rodeio, vaquejada e similares. Em se tratando de legislação ambiental, consegui aprovar meu relatório ao Projeto de Lei 3729/2004, que regulamenta a Lei Geral do Licenciamento Ambiental no país. O texto, também aprovado por unanimidade, representa uma ferramenta de planejamento para minimizar os entraves burocráticos que envolvem a questão. Ele estava parado há mais de uma década. O relatório aprovado foi convergente, resultado do diálogo com os diversos atores envolvidos na discussão. Deputados de todos os partidos ajudaram a aprovar o parecer que estipula que regras complementares de aplicação nacional serão estabelecidas preferencialmente por resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) ao invés vez de portarias e instruções normativas. Estados e municípios poderão ter legislação que aplique a Lei Geral a suas realidades locais, sem conflitar com as normas gerais estabelecidas. Em resumo, 2015 foi de muito trabalho e avanços. Que em 2016 tenhamos ainda mais êxitos! CAR FRENTE DEFENDE AVANÇO DO CAR COM QUANTIDADE, QUALIDADE E TRANSPARÊNCIA N a discussão sobre os três anos do Código Florestal, realizado pela Frente Parlamentar Ambientalista, no dia 5 de maio, a principal questão debatida foi a implantação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e sua necessidade de expansão, melhoria e divulgação de dados. Raimundo Deusdará, diretor geral do Serviço Florestal Brasileiro, do Ministério do Meio Ambiente, fez uma exposição sobre a implementação do CAR e do Programa de Regularização Ambiental (PRA). Ele explicou que a prorrogação do prazo do Cadastro Ambiental, decidida recentemente, estava prevista na lei. Entre os dados apresentados, o diretor destacou o treinamento de cerca de 40 mil pessoas para dar atendimento ao registro cadastral e o fato de que as pequenas propriedades foram responsáveis por mais de 80% dos cadastros. Representando o Observatório do Código Florestal, a diretora-adjunta do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Andrea Azevedo, explicou o papel do Observatório, criado em 2013. “Nossa obrigação, como sociedade civil, é uma relação de amizade e cobrança com o Governo”, afirmou. Andrea lembrou que, apesar do Código estar completando três anos, temos apenas um ano de implementação do CAR que, segundo ela, “são os olhos da lei”. “O potencial é imenso, dentro de uma agenda positiva. É importantíssimo, para isso, que os estados recebam apoio do Governo Federal para a implementação do CAR e recuperação dos passivos ambientais”, opinou Andrea. Transparência André Lima, secretário de meio ambiente do Distrito Federal e membro da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (ABEMA), disse que o grande desafio é conseguir uma boa transparência para ter acesso às informações do Cadastro. Ele propôs a criação de uma Comissão de Transparência do CAR, para análise qualitativa dos dados. O procurador-chefe da Procuradoria da República no estado do Pará, Dr. Daniel Azeredo falou da experiência do Ministério Público Federal no acompanhamento do CAR, que classificou como o melhor instrumento que o País tem para a gestão ambiental. “Pode ser revolucionário, mas pode ser um grande elefante branco”, alertou. “O modelo declaratório é adequado, mas traz problemas. É preciso um sistema de auditoria muito robusto para ter segurança contra fraudes e embargar ilegalidades”, complementou. Cristiano Vilardo, diretor sênior de política e estratégia institucional da Conservação Internacional Brasil, apresentou o projeto INOVACAR (Iniciativa de Observação, Verificação e Aprendizagem do CAR e da Regularização Ambiental) indicando quais foram os principais gargalos e desafios à implementação do CAR. www.frenteambientalista.com 27 MOMENTOS DA Assessor da liderança do PV, Edson Duarte e Fábio Feldman a PEC 215 Frente reunida para discutir Dia do Índio no Plenário da Câmara Sarney Filho, Dom Leonardo Steiner e dirigente do Greenpeace, Paulo Adario Mario Mantovani e Ma ria Paula Deputados Edmils on e Evair Melo Consultora da Câmara Suely Araújo com o deputado Sarney Filho Deputado Fábio Ramalho com artistas Reunião da Frente 28 www.frenteambientalista.com Deputados e dirigentes do PV em reunião da Frente FRENTE 2015 Senador João Capiberibe, em reunião da Frente Parlamentares no Plenário protestam contra a PEC 2015 Parlamentares na COP 21, em Paris, na embaixada do Brasil ara no Dia do Índio Chefes no Plenário da Câm Deputados e senadore s no lançamento da enc íclica Laudato tovani Senadora Vanessa Grazziotin e Mario Man Rômulo Mello (SEMA/DF) e Donizete Tokarski Sarney Filho e a procur adora-geral da República, Sandra Curea u Si’ www.frenteambientalista.com 29 tor Paulo Vilhena e a Desmatamento Zero:a dania Alves assessora da Frente, Jor Deputado Átila Lira e André D’Elia diretor da Lei da Água Parlamentares e ONGs na campanha em defesa do desarm amento Arnaldo Jardim, Secretário de Meio Ambiente de SP e Mário Mantovani Parlamentares e d. Leonardo no lançamento da encíclica Laudato Si` Desmatamento Zero: parlamentares e artistas Desmatamento Zero: jor nalista Claudio Angelo, Valeska Popozuda e Sarney Filh o 30 www.frenteambientalista.com Reunião em BH com governador Fernando Pimental sobre Mariana UNIDADES DE CONSERVAÇÃO A VALORIZAÇÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO É TEMA DE DEBATE s ameaças contra as áreas protegidas no país marcaram a reunião da Frente, que ouviu representantes da coalizão pró Unidades de Conservação, formada pela SOS Mata Atlântica, Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, WWF-Brasil, Rede Nacional Pró-Unidades Conservação, Imaflora, Semeia e Conservação Internacional. O líder do PSB no Senado, senador João Capiberibe (AP) chamou atenção para as manobras contra as unidades de conservação, citando o projeto de lei nº 654/2015, de autoria do senador Romero Jucá (PMDB/ RR), que acelera a liberação de licenças ambientais para grandes empreendimentos de infraestrutura, com a criação de um procedimento especial para obras “estratégicas e de interesse nacional”. O projeto, que já foi aprovado pela Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional do Senado, estabelece que o poder executivo indicará, por decreto, obras sujeitas ao licenciamento ambiental especial. O órgão licenciador terá 60 dias para analisar o projeto e os estudos ambientais apresentados e solicitar esclarecimentos. Depois disso, terá mais 60 dias para decidir. “Este projeto é inaceitável, mesmo porque o país ainda está chocado com a tragédia socioambiental ocorrida com o rompimento da barragem de resíduos de mineração em Mariana”, afirmou Capiberibe. O secretário-executivo do WWF, Henrique Liam, falou sobre a importância da campanha lançada pela Coalizão Pró-UC #unidoscuidamos, que tem o objetivo de realizar uma ampla mobilização social e política. “Precisamos lutar pela proteção das unidades de conservação e por projetos voltados para o desenvolvimento sustentável, defendeu”. Ele também pediu a aprovação do projeto que cria o Imposto de Renda Ecológico, em discussão na Câmara dos Deputados. “Para as nossas ações, precisaremos do apoio da Frente e do deputado Sarney Filho”, reforçou. Equilíbrio A coordenadora de Áreas Protegidas da SOS Mata Atlântica, Erika Guimarães, também falou sobre a campanha de esclarecimento sobre a importâncias das UCs, abordando o seu papel no equilíbrio do clima, ao manter a floresta em pé, os mananciais e a qualidade de vida das populações. “É preciso passar para a sociedade a certeza de que as áreas protegidas não representam um entrave ao desenvolvimento do país”, ressaltou Érika Guimarães. Presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Claudio Maretti, defendeu as unidades de conservação ao afirmar que elas representam “o melhor instrumento que a sociedade criou para conservar a natureza e apoiar as populações tradicionais”. Maretti elogiou a campanha, lembrando que muitas pessoas que visitam o Cristo Redentor no Rio de Janeiro ou as Cataratas do Iguaçu não sabem que esses pontos turísticos estão localizados dentro de unidades de conservação. A representante da Fundação Boticário, Marion Silva, também defendeu a necessidade de difundir informações sobre o papel das UCs, com argumentos socioambientais. www.frenteambientalista.com 31 DESMATAMENTO ZERO A AMBIENTALISTAS DEFENDEM DESMATAMENTO ZERO NA AMAZÔNIA Frente Parlamentar Ambientalista reuniu-se no dia 25 de março para discutir o desmatamento da Amazônia. O debate além de avaliar os sucessos e fracassos das medidas governamentais de combate ao desmatamento, serviu à apresentação de propostas para que o Congresso Nacional possa atuar no direcionamento do País rumo ao desmatamento zero. Paulo Barreto, pesquisador sênior do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), afirmou que o conhecimento de que é possível ter crescimento agropecuário sem desmatar está aumentando. Barreto explicou que, de modo geral, as áreas desmatadas são mal utilizadas e que se pode melhorar muito a produtividade com as tecnologias que já estão disponíveis. Como medida bem sucedida contra o desmatamento, ele destacou o aumento no número de unidades de conservação, mas alertou para o fato de que, nos últimos anos, há um movimento contrário, para restringi-las. Na área de controle e fiscalização destacou como ganho o confisco de bens de quem ocupava irregularmente áreas de proteção. Tal medida, no entanto, limitou-se a casos isolados. Houve, ainda, mais multas, mas com resultados pouco efetivos. O representante do Imazon lembrou que o desmatamento e, em especial, as queimadas são responsáveis por imensa quantidade de emissão de gases na atmosfera. Barreto defendeu alguns pontos que se bem executados, conduziriam o Brasil a uma situ- 32 www.frenteambientalista.com ação de desmatamento zero: destinação de 2% dos fundos de participação dos estados e municípios conforme a distribuição de áreas protegidas; rejeição, por parte do Congresso, de medidas do Executivo que reduzem áreas de unidades de conservação (procedimento que vem sendo, embora de maneira indevida, praticado via medidas provisórias); melhoria da arrecadação das multas – hoje, apenas uma parcela mínima das multas são, de fato, arrecadadas. De acordo com cálculos do pesquisador, com apenas 10% da arrecadação, seria possível a regularização fundiária de todas as unidades de conservação federais da Amazônia; e arrecadação de Imposto Territorial Rural (ITR) contra o desmatamento especulativo, cuja cobrança, se feita corretamente, serviria como grande desestímulo ao desmatamento. Ao final de sua fala, Paulo fez a observação de que grande parte de sua explanação aplica-se também ao Cerrado. Multas Procurador da República no Distrito Federal, o Dr. Anselmo DESMATAMENTO ZERO Henrique Cordeiro analisou as estratégias preventivas e repressivas de combate ao desmatamento sob o prisma da atuação do Ministério Público Federal (MPF). Ele avaliou que “o sistema de multas não tem sido efetivo e os embargos não têm funcionado”. Como medida preventiva, o MPF criou o programa Carne Ilegal, visando impedir o desmatamento para produção de gado de corte. Vem ocorrendo, no entanto, o que o procurador denominou “aquecimento” da carne ilegal, isto é, o envio do gado para outras áreas, após a engorda, para comercializá-lo a partir dali. “Também tentamos combater a grilagem com operações, mas elas são pouco efetivas, pois as penas são muito baixas. As pessoas, mesmo condenadas, não vão presas”, completou. O procurador criticou a falta de rigor na aprovação e na fiscalização da implantação dos planos de manejo e o sistema de certificação de madeira legal que, segundo ele, não está funcionando e deve ser aperfeiçoado. Prevenção Para Anselmo Cordeiro, deve-se privilegiar as medidas preventivas. “Acho que não podemos abandonar a estratégia repressiva, mas devemos fortalecer tanto a Amazônia, quanto o Cerrado, cuja área desmatada é muito extensa”, afirmou. Ele relatou que o Ministério Público constata que as áreas onde há comunidades tradicionais, mesmo não demarcadas, são mais bem protegidas do que as demais. “Diante disso me parece lógico que essas comunidades devem ser empoderadas”, defendeu. No âmbito do Congresso Nacional, ele destacou a necessidade de reapresentação de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que foi arquivada, a qual determina que todos os tributos levem em consideração o critério de preservação ambiental. Márcio Astrini, coordenador da Campanha da Amazônia, do Greenpeace Brasil, iniciou sua participação citando a frase de um relatório da Embrapa de 2014, que, a respeito da necessidade de crescimento do setor produtivo no campo, avalia que “a expansão pode ser feita na área de agropecuária”. Astrini foi enfático em afirmar que o desmatamento não só é desnecessário, como é ruim. “Não tem mais razão de ser por necessidade de terra, não tem mais razão de ser socialmente, e é um risco econômico para o país”, reforçou. Ele avaliou o cenário atual como favorável ao trabalho de combate ao desmatamento, com a possibilidade de aproveitar do momento de crise hídrica e da perspectiva de crise energética para “inflamarmos o debate”. O deputado Arnaldo Jordy (PPSPA) disse que mesmo com os avanços constatados, “não podemos ficar numa zona de conforto, ainda vivemos uma situação muito, muito grave”. Ele destacou a dificuldade dos estados e municípios em arcar financeiramente com as responsabilidades que lhes foram legalmente repassadas. Comentou ainda que considera o orçamento do Ministério do Meio Ambiente simbólico, para o nível de desafios que enfrenta. “Temos que discutir quem paga a conta”, provo- cou o parlamentar. O evento da Frente Ambientalista contou com a colaboração de entidades tais como WWF-Brasil, SOS Mata Atlântica, Rede Cerrado, Mais Cerrado, Greenpeace, CocaCola, ISA - Instituto Sócio Ambiental, TNC, SOS Green, UNB, Ecodata, Irsan, Tetra Pak, IPHAN, Imazon, entre outros. Acompanharam ainda o debate, no auditório Freitas Nobre, da Câmara dos Deputados, alunos de direito da Universidade Mackenzie, de São Paulo. Hora do Planeta Ao final do encontro, com a participação dos parlamentares presentes, foi assinado o termo de adesão à campanha “A Hora do Planeta 2015”. A iniciativa, organizada pela WWF -Brasil pelo sétimo ano consecutivo, é a maior mobilização mundial de combate ao aquecimento global. No Brasil, a campanha reforça a importância da conservação da natureza e do combate às mudanças climáticas. Todos os anos, na data, são apagadas das luzes dos principais monumentos no mundo durante uma hora. www.frenteambientalista.com 33 DESMATAMENTO ZERO MOBILIZAÇÃO NACIONAL CONTRA O DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA Cristiane Mazzeti Campanha de Florestas do GreenPeace Brasil D esmatamento Zero. Há tempos estas palavras passaram de um conceito de proteção de florestas para a prática. Hoje, este objetivo já é adotado em vários acordos internacionais e corporativos, com resultados comprovados. E no dia 7 de outubro deste ano também ganhou uma ampla dimensão política. Após mais de três anos de mobilização, um projeto de lei pelo fim do desmatamento foi entregue ao Congresso Nacional. A iniciativa conta com o apoio de mais de 1,4 milhão de brasileiros, organizações socioambientais, artistas e acadêmicos, entre outros. O PL, enviado às comissões de legislação participativa de ambas as casas, tem como objetivo o fim da emissão de licenças de desmatamento em florestas nativas. Mas não impede a execução de atividades de baixo impacto que mantenham a floresta em pé, como o manejo florestal sustentável, além de prever exceções, como as de finalidade social, que contam com prazos de adequação, condicionados a implementação, por parte do poder público, de programas de assistência técnica. A entrega desse projeto ao Congresso objetiva trazer a discussão sobre uma nova visão de país, onde a prática do desmatamento não ocorra mais como regra, mas sim como minúscula exceção, em busca do seu fim. Já é sabido que, para nosso desenvolvimento, tal prática não é mais necessária, tampouco justificável, pois incorre em prejuízos sociais e econômicos. As florestas são fundamentais para os ciclos hidrológicos e para o equilíbrio climático. E nosso país depende em muito desse fatores para 34 www.frenteambientalista.com irrigar as plantações de alimentos que seguem para a mesa dos brasileiros, além de abastecer reservatórios de água para o consumo público e para a geração de energia. A continuidade do desmatamento colocará e risco muitas das engrenagens que movimentam boa parte da economia. Além disso, já foram desmatadas extensas áreas de vegetação natural no território nacional (aproximadamente 19% da Amazônia e 90% da Mata Atlântica). Hoje contamos com cerca de 52 milhões de hectares de pastos degradados e subutilizados, áreas de baixo ou nenhum uso que podem comportar a expansão da agricultura sem a necessidade de abertura de novas áreas de vegetação nativa. No entanto, a Amazônia continua a perder uma área equivalente a mais de 700 mil campos de futebol de florestas anualmente. Este desmatamento é o maior responsável pelas emissões brasileiras de gases que provocam as mudanças climáticas e nos colocam como um dos maiores emissores mundiais. Construir consensos e indicar um caminho que concilie o desenvolvimento do país e a preservação de seu patrimônio florestal, com o fim do desmatamento, é uma tarefa possível e à altura do Congresso Nacional. Políticas que atacaram problemas profundos de nossa sociedade, como o Fome Zero, iniciaram sua trajetória por indicar um caminho a ser trilhado, dando à sociedade uma visão de agenda comum. A sociedade já passou seu recado; o desmatamento não deve mais ser tolerado, pelo nosso clima, por nossa economia e pelo futuro da nossa e das próximas gerações. DESMATAMENTO ZERO CÂMARA RECEBE 1.4 MILHÃO DE ASSINATURAS EM DEFESA DO DESMATAMENTO ZERO U ma grande manifestação em defesa do meio ambiente marcou, no dia 7 de outubro, a entrega aos parlamentares ligados à causa socioambiental do projeto de lei de iniciativa popular, que contou com 1.4 milhão de assinaturas, propondo o Desmatamento Zero no Brasil. O coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney Filho (PV-MA), que foi o primeiro a receber as assinaturas, afirmou que somente uma grande mobilização popular como esta coordenada pelo Greenpeace poderá deter os ataques à legislação, como ocorreu com as mudanças no Código Florestal que permitiram desmatar em áreas de proteção ambiental e de preservação permanente. Participaram da cerimônia, realizada no salão verde da Câmara e depois estendida à Comissão de Legislação Participativa, onde as assinaturas foram entregues em várias caixas, crianças, dirigentes de ONGs, representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e artistas, como Maria Paula, Caio Blat, Jorge Pontual, Paulo Vilhena e Valesca Popozuda. As assinaturas foram coletadas pelo Greenpeace durante três anos. O dirigente do Greenpeace, Paulo Adário, comemorou o resultado da campanha. “Esta será a Lei Áurea do Desmatamento, porque, a partir dela, não será mais possível derrubar uma árvore nativa no país. Ao aprová-la estaremos lutando a favor das florestas e protegendo a água, que está desaparecendo devido aos desmatamentos”, afirmou. Para marcar o momento, ativistas do Greenpeace realizaram uma intervenção artística no Salão Verde do Congresso, com a montagem de um mural de 2,16 metros de altura por 6,71 metros de comprimento, formada por mais de seis mil fotos enviadas pelas pessoas que colaboraram com a campanha, com a mensagem “Desmatamento Zero já!”. Crianças Na Comissão de Legislação Participativa, a sessão foi presidida por uma criança que recebeu oficialmente as assinaturas. Artistas presentes se manifestaram contra os desmatamentos. “Chega de bla-blá-bla-“, afirmou Valérica Popozuda. “Não queremos deixar mais nenhuma árvore ser derrubada no país, reforçou Maria Paula, ex-Casseta e Planeta. O representante da CNBB, dom Guilherme Werlang, falou sobre o compromisso do Papa Francisco com o meio ambiente em sua encíclica recente, “Laudato Si” e do compromisso da Igreja de estar junto de todos que lutam contra a corrupção, eleições limpas e em defesa do meio ambiente e populações tradicionais. “Espero que o projeto possa mobilizar e sensibilizar o Congresso Nacional. É um momento importante para que possamos continuar pressionando, não apenas por pequenas mudanças e costuras de apêndices, mas pensar em uma mudança profunda”, afirmou Dom Guilherme. A líder indígena Sônia Guajajara defendeu que o êxito da campanha do Desmatamento Zero mostra que “os parlamentares devem legislar sobre questões de interesse de sociedade e não sobre os seus próprios interesses”. www.frenteambientalista.com 35 SERVIÇOS AMBIENTAIS DEPUTADOS E ENTIDADES QUEREM PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS A Frente Parlamentar Ambientalista reuniu no dia 8 de abril parlamentares e representantes de organizações da sociedade civil para debater o pagamento por serviços ambientais (PSA). O deputado Nilto Tatto (PT-PA) abriu o evento afirmando que o país precisa avançar para que haja uma compensação para aqueles que preservam o meio ambiente. Ele lembrou que as áreas preservadas não são utilizadas para a exploração agropecuária, o que onera seus proprietários. “Os agricultores que preservam estão deixando de ganhar, enquanto os que desmatam estão ganhando”, afirmou o deputado. O secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Arnaldo Jardim, que foi o relator na Câmara dos Deputados do projeto de lei 792/2007, que trata do Pagamento por Serviços Ambientais, afirmou que o substitutivo apresentado foi fruto de debates aprofundados com os mais diversos setores da sociedade. O projeto evoluiu para abranger aspectos como conservação da água e do solo, polinização, turismo, entre 36 www.frenteambientalista.com muitos outros Jardim explicou que em vários estados e municípios há diferentes formas de pagamento por serviços ambientais, e que é preciso assimilar as boas experiências. Referiu-se, também, à necessidade de estabelecer as fontes de recursos para os pagamentos, citando a cobrança pelo uso da água e o Imposto de Renda Ecológico, sobre o qual há um projeto em tramitação no Congresso. “A legislação ambiental brasileira é altamente complexa, mas ainda faltam instrumentos para estimular as boas práticas”, avaliou o deputado. O projeto, de autoria do deputado Anselmo de Jesus (PT-RO), encontra-se hoje em fase de apreciação pela Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara. A mesa do encontro, presidida pelo diretor de políticas públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, foi composta pelo ambientalista Aldem Boursheit, por Rubens Born, do Fórum Brasileiro de ONGs, e pelos deputados Nilto Tatto Arnaldo Jardim e Evair de Melo (PV-ES). ARTIGO EM DEFESA DA LEI DO MAR Átila Lira Deputado Federal (PSB/PI) U m dos debates legislativos mais importantes em curso na Câmara dos Deputados é o relativo ao Projeto de Lei (PL) nº 6.969/2013, de autoria do coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, Deputado Sarney Filho, que propõe a institucionalização da Política Nacional para a Conservação e o Uso Sustentável do Bioma Marinho Brasileiro (PNCMar). As principais organizações não governamentais ambientalistas que atuam no tema estão acompanhando de perto esse processo, os órgãos do governo federal também, mas se pode afirmar que a atenção dos brasileiros para as discussões sobre a PNCMar coloca-se aquém do esperado. Todos necessitam compreender a importância da aprovação de uma lei que aprimore a conservação, a proteção e a exploração sustentável dos ecossistemas costeiros e marinhos. Além de acolher uma ampla variedade de seres vivos, os ecossistemas costeiros e marinhos proporcionam serviços essenciais à sobrevivência hu- mana, como alimentos, manutenção do clima, purificação da água, controle de inundações e proteção costeira, além da possibilidade de uso recreativo e turístico. Áreas costeiras e marinhas bem conservadas contam com diversidade biológica muito maior que áreas convertidas, e seus ecossistemas prestam serviços muito mais diversos e efetivos. Diversas atividades relacionadas ao mar são essenciais para nosso país, como o comércio exterior, que tem na via marítima seu principal meio de transporte. É do subsolo marinho que o Brasil retira a maior parte de sua produção de petróleo e gás, que também é promissor para outros recursos minerais. Medidas de conservação também são essenciais para garantir a sustentabilidade e o crescimento da produção pesqueira nacional, que tem grande potencial se realizada a partir de parâmetros técnicos responsáveis. Estou convencido de que os ecossistemas costeiros e marinhos demandam proteção por lei específica. Há em vigor várias normas ambientais aplicáveis a eles, mas não concebidas com o olhar direcionado a suas especificidades. A Lei do Gerenciamento Costeiro, por seu turno, datada de 1988, não é abrangente o suficiente e não incorpora todas as medidas de proteção ambiental necessárias. O PL nº 6969/2013 já foi apreciado pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR). Infelizmente, a CAPADR não compreendeu a relevância da proposta e, em 10 de junho de 2015, manifestou-se por sua rejeição. Na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS), estamos revertendo esse quadro. Como presidente da CMADS, avoquei a relatoria do processo e estou promovendo discussões sobre a PNMar com ambientalistas, governo e setor produtivo. Elaboramos um substitutivo preliminar que, acredito, tem todos os elementos necessários para se tornar a base da futura Lei do Mar. Nesse texto, mantivemos a essência do projeto de lei original, mas ajustamos conceitos, eliminamos problemas jurídicos e compatibilizamos a proposta com o conteúdo de outras leis, como a Lei da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca, datada de 2009. Em rito que estamos tentando consolidar na CMADS, submetemos esse substitutivo a consulta pública. Esse mesmo esforço foi realizado neste semestre em relação à proposta da Lei Geral de Licenciamento Ambiental. A ideia é que a CMADS seja precursora na Câmara em termos de novas ferramentas de participação dos cidadãos no processo legislativo. Aberto o prazo dessa consulta em relação ao substitutivo preliminar ao PL nº 6.969/2013, estamos agora na fase de análise das contribuições recebidas. Esperamos finalizar essa etapa e votar o projeto de lei na comissão no prazo mais breve possível. Com a aprovação na CMADS, cria-se divergência entre as comissões e o processo passa a ter de ser analisado pelo plenário da Câmara. Ou seja, esse debate continuará em 2016 e, desde já, clamamos por apoio: o Brasil precisa aprovar a Lei do Mar! www.frenteambientalista.com 37 ENERGIA FRENTE QUER PRIORIDADE PARA INVESTIMENTOS EM ENERGIAS ALTERNATIVAS E specialistas e parlamentares que participaram, no dia 21 de outubro, do seminário da Frente Parlamentar Ambientalista “Setor Elétrico Brasileiro e a Sustentabilidade no Século 21” cobraram do governo urgência na adoção de uma política energética voltada para o aproveitamento de energias alternativas, como a solar e eólica. De acordo com o deputado Arnaldo Jordy os parlamentares da Frente deverão discutir o tema com o Ministério de Minas e Energia. O deputado Edmilson Rodrigues, (PPS-PA), defendeu a necessidade de o Congresso Nacional também destinar emendas ao Orçamento a projetos de energia fotovoltaica. No seminário, realizado pela Frente Ambientalista e a Comissão de Legislação Participativa, o representante da Frente por uma Nova Política Energética no Brasil, Ivo Poletto, criticou a construção de grandes, médias e pequenas hidrelétricas na Amazônia, citando o rio Teles Pires, no Mato Grosso. Segundo o especialista, “o rio já não existe e os peixes estão desaparecendo, por não conseguirem chegar às áreas de desova por causa das barragens”. “O nosso atraso tecnológico na 38 www.frenteambientalista.com área de energias alternativas é intencional. Poderíamos estar aproveitando a biomassa para gerar energia, o sol, os ventos, as marés, mas estamos investindo bilhões em hidrelétricas”, lamentou Poletto. O diretor do Departamento de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Jorge Paglioli Jobim, concordou com a importância das energias renováveis, mas destacou que “a matriz energética de um país como o Brasil não pode ser alterada de uma hora para outra”. Além disso, ele lembrou que existem contratos já assinados para construção de hidrelétricas que precisam ser honrados. Paglioli garantiu que o governo tem dado atenção a este setor, citando que o Brasil, desde 2009, é o país que mais desenvolve programas de energia eólica. O deputado Beto Rosado (PP -RN), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Energia Renovável, defendeu a necessidade do governo adotar um programa mais agressivo de pesquisas e inovação tecnológica. “O nosso país tem todas as condições de optar por um novo caminho, mesmo porque estamos vivendo uma nova realidade com as mudanças climáticas que estão modificando os ciclos de chuvas”, afirmou. Rodrigo Lopes Sauaia, diretor executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), afirmou que a energia elétrica está ficando cada vez mais cara e, diante disso, a sociedade precisa buscar alternativas mais econômicas. Sauaia defendeu a necessidade de linhas de financiamentos com taxas e prazos compatíveis com a tecnologia. Os financiamentos existem, mas não estão facilmente acessíveis para a população. “O Brasil poderá, em breve, ter liderança no setor de energia fotovoltaica. Temos todas as condições naturais com vantagens e o preço da energia solar produzida no pais já tem competitividade” afirmou. ARTIGO BRASIL DEVE ASSUMIR O PROTAGONISMO DO FUTURO ENERGÉTICO DO PLANETA Arnaldo Jordy Deputado Federal (PPS/PA) E nquanto o mundo se volta para novas tecnologias para geração de energias limpas e renováveis, como a solar e a eólica, o Brasil está divorciado de iniciativas para acompanhar este novo cenário. Somos líderes, e ainda dependentes, da energia gerada hidraulicamente, beneficiada por uma vasta capilaridade de rios, que abastecem nossas hidrelétricas, empreendimentos estes que são prejudiciais ao nosso rico meio ambiente e, em muitos casos, ao homem. Num país que tem 86% de território sob insolação 365 dias por ano, nossa participação na utilização de energia solar é irrisória. Temos hoje, após 3 anos da regulamentação da Aneel, apenas 700 sistemas de micro geração solar em operação. Isso representa menos de 0,1% de nossa matriz energética Em contrapartida, apesar do potencial de energia solar e eólica que temos no país, o Governo continua insistido em energias de origem hidráulica, com a construção de grandes usinas como Belo Monte e São Luiz do Tapajós, ambas no estado do Pará. O que estamos presenciando no entorno de Belo Monte é trágico. Tanto que o IBAMA, após 22 ações do Ministério Público Federal, exigindo o cumprimento das condicionantes, pela primeira vez, reconheceu que há um passivo socioambiental não cumprido. Assim, do ponto de vista dos impactos sociais e ambientais, ainda praticamos um modelo energético ultrapassado, que está de costas para os novos rumos das energias renováveis. Na Câmara Federal, estamos buscando potencializar mecanismos de fomento, através de iniciativas legislativas que possam recuperar o tempo perdido. Existem projetos de lei tramitando que reduzem o IPI de importação de determinados componentes de placas fotovoltaicas, além de outros que incentivam a apropriação pela indústria nacional, destas novas tecnologias. Há um projeto de minha autoria, que estamos debatendo na Comissão de Minas e Energia, que permite, por exemplo, a utilização de parte do FGTS pelo cidadão, de modo a permitir o investimento em instalação de sistemas fotovoltaicos residenciais. Esta proposta seria capaz de reduzir em até 30% o valor do investimento inicial a ser feito pelo brasileiro que deseja gerar sua própria energia. Outro aspecto que precisa ser considerado é a situação dos estados que são superavitários na ge- ração e exportação energética, como o Pará (que, com as hidrelétricas de Tucuruí e agora com Belo Monte, fornecerá mais de 20 milhões de KW). O modelo atual, absolutamente inviável, faz com que moradores destas unidades federativas tenham as maiores tarifas de energia do país, pois são estados de dimensões continentais e de baixa densidade populacional. O que estamos presenciando no entorno de Belo Monte é trágico A lógica da equação da estrutura energética nacional é absolutamente penalizadora. O estado do Pará, por exemplo, exporta 82% de sua produção energética sem receber um centavo de ICMS, pois este é cobrado no consumo e não na produção, e ainda partilha do esforço nacional com a bandeira vermelha para suprir a crise hídrica. Esperamos, na Câmara Federal, corrigir estes absurdos de forma efetiva e definitiva. No ano da COP 21, o recente anúncio de nosso Governo, que apresentou como meta o fim do desmatamento ilegal na Amazônia até 2030, é muito aquém do necessário. É dizer à sociedade que ainda vamos conviver pelos próximos 15 anos com o crime institucionalizado. Para um país que tem a sétima economia do mundo e um dos maiores patrimônios ambientais do planeta, é uma proposta tímida! Esperava-se um maior protagonismo do Brasil na discussão pela redução dos gases de efeito estufa. www.frenteambientalista.com 39 ÍNDIOS FRENTE REÚNE LIDERANÇAS INDÍGENAS, POLÍTICAS E DA SOCIEDADE CIVIL CONTRA A PEC215 L ideranças indígenas, representantes de organizações da sociedade civil e políticos participaram, no dia 25 de fevereiro da reunião da Frente Parlamentar Ambientalista, que discutiu a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215, que ameaça os direitos dos povos indígenas sobre suas terras tradicionais e afeta, ainda, os territórios quilombolas e as unidades de conservação. Coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Sônia Guajajara saudou seus parentes de mais de trinta etnias presentes. Ela foi enfática ao mostrar a determinação dos índios na defesa de seus direitos: “Nós, povos indígenas, não vamos sossegar enquanto não conseguirmos enterrar de vez (a PEC 215). Essa luta não é só para a gente, é uma luta para a humanidade, para o planeta. Nossos territórios precisam de uma política efetiva de proteção. Acabar com eles é acabar com os povos indígenas”. Márcio Santilli, sócio fundador do Instituto Sócio Ambiental (ISA), afirmou que os índios veem o desarquivamento da PEC 215 nesta nova legislatura como uma declaração de guerra. “Essa palavra (guerra) não é um mero recurso retórico, ela tem uma espessura concreta, os índios estão se preparando para a ação. Isso tem que ser levado em 40 www.frenteambientalista.com conta. Eles não querem esta guerra. Na avaliação deles, uma vez iniciada esta guerra, todos já perderam”, argumentou. Para o ambientalista, perde-se o pacto constitucional que vem regendo a relação dos povos indígenas com a sociedade brasileira. O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Flávio Chiarelli, disse acreditar que a proposta não será aprovada pelo Congresso e que, caso seja, não passará pelo Supremo. Segundo ele, a PEC 215 é inconstitucional, por ser contrária aos direitos indígenas. Ele contestou a tese corrente de que há muita terra para poucos índios e ponderou que, comparativamente, há muito mais terras de grande extensão destinadas a poucos produtores rurais. Cléber Buzatto, secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), destacou três pontos da PEC 215 que considera especialmente preocupantes: a necessidade de ser feito um projeto de lei para cada demarcação de terra; a perspectiva de exploração direta ou indireta das terras indígenas, inclusive daquelas que já foram demarcadas; e a insegurança jurídica e social gerada pela previsão de revisão de todos os procedimentos demarcatórios anteriores que estejam em desacordo com o texto da emenda. Buzatto chamou a atenção para a questão indígena nas esferas do Executivo e do Judiciário. Segundo ele, “há um problema grave do Governo Federal, que é a paralização dos processos demarcatórios, o não cumprimento das determinações constitucionais” e “há problemas também quanto à restrição da interpretação do texto constitucional pelo Judiciário em relação à demarcação de terras, como no caso dos Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, e dos Canela, no Maranhão”. Jean Timmers, superintendente de políticas públicas da WWF Brasil fechou as discussões explicando que a proposta baseia-se no entendimento retrógrado de que o meio ambiente é um obstáculo ao desenvolvimento. Para Timmers, é indispensável conciliar os dois lados, pois “o meio ambiente é o sustentáculo do desenvolvimento”. MANIFESTAÇÃO CONTRA A PEC 215 MARCA AUDIÊNCIA NA PGR Deputados da Frente Parlamentar Ambientalista participaram, no dia 26 de novembro, de audiência pública com a subprocuradora-geral da República, Debora Duprat e 300 índios do Parque Indígena do Xingu. A reunião foi marcada por uma grande manifestação contra a Proposta de Emenda Constitucional - PEC 215, que transfere do Executivo para o Legislativo a exclusividade de criar e demarcar terras indígenas. O coordenador da Frente, deputado Sarney Filho afirmou que a proposta “visa acabar com a política indigenista, com o direito histórico adquirido pelos indígenas na Constituinte”. “A luta agora é enorme. O ataque é pelas terras que estão fora do mercado. Primeiro são as terras indígenas, depois quilombolas e unidades de conservação. Mesmo que a PEC 215 caia, outras iniciativas virão”, ressaltou Debora Duprat, que é coordenadora de povos indígenas e comunidades tradicionais do Ministério Público Federal. No entanto, Deborah Duprat acredita que a proposta não passará. “O MPF acredita que ela não será aprovada, acredita no bom senso dos parlamentares, e que ela não passa nem na Câmara e nem no Senado”. A PEC foi aprovada em outubro na comissão especial que discutia o tema. www.frenteambientalista.com 41 FRENTES ESTADUAIS AÇÕES DAS FRENTES PARLAMENTARES AMBIENTALISTAS NAS ASSEMBLEIAS ESTADUAIS A s Frentes Estaduais intensificaram o seu trabalho em 2015. Elas foram criadas para assegurar que a agenda ambiental integre a pauta dos Legislativos estaduais e no Distrito Federal, bem como de apoiar políticas públicas e ações governamentais e da iniciativa privada que promovam o desenvolvimento sustentável. O principal objetivo é aprimorar a legislação ambiental em vigor e fomentar a temática ecológi- 42 www.frenteambientalista.com ca nas Assembleias Legislativas, na imprensa e perante a sociedade civil organizada. Já foram instaladas dezessete Frentes Ambientalistas nas Assembleias Estaduais. Durante o ano, os Grupos de Trabalho de acompanhamento da Política Nacional de Resíduos Sólidos, de acompanhamento da implementação do Código Florestal, de Mar e de Água das Frentes Parlamentares Ambientalistas Estaduais se reuniram para articulações com o Parlamento, com as Secretarias estaduais e com o Ministério Público. Nos meses de outubro e novembro as Frentes Estaduais, em parceria com a Frente Parlamentar Ambientalista do Congresso Nacional, as Comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS) e de Legislação Participativa (CLP) da Câmara dos Deputados promoveram o debate: Conversando sobre florestas, resíduos e água, no contexto das Mudanças Climáticas, rumo à COP 12. Na ocasião foi apresentada a Pretendida Contribuição Nacionalmente Determinada (INDC) brasileira para a consecução do objetivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21) e o posicionamento do Observatório do Clima a respeito. Estiveram presentes, além de deputados das Assembleias, representantes da sociedade civil, do movimento nacional dos catadores de materiais recicláveis, do Ministério Público, da OAB, e do poder público estadual. Parlamentares DEPUTADOS FEDERAIS ADILTON SACHETTI - (PSB/MT) AELTON FREITAS - (PR/MG) AGUINALDO RIBEIRO - (PP/PB) ALAN RICK - (PRB/AC) ALBERTO FRAGA - (DEM/DF) ALESSANDRO MOLON - (PT/RJ) ALEX CANZIANI - (PTB/PR) ALEXANDRE BALDY - (PSDB/GO) ALEXANDRE SERFIOTIS - (PSD/RJ) ALFREDO KAEFER - (PSDB/PR) ALTINEU CÔRTES - (PR/RJ) ALUISIO MENDES - (PSDC/MA) ANA PERUGINI - (PT/SP) ANDRÉ ABDON - (PRB/AP ANDRÉ DE PAULA - (PSD/PE) ANDRÉ FIGUEIREDO - (PDT/CE) ANDRÉ MOURA - (PSC/SE) ANDRES SANCHES - (PT/SP) ANGELIM - (PT/AC) ANTONIO BALHMANN - (PROS/CE) ANTONIO BRITO - (PTB/BA) ANTONIO BULHÕES - (PRB/SP) ARNALDO JARDIM - (PPS/SP) ARNALDO JORDY - (PPS/PA) ARNON BEZERRA - (PTB/CE) AROLDE DE OLIVEIRA - (PSD/RJ) ASSIS CARVALHO - (PT/PI) ASSIS DO COUTO - (PT/PR) ÁTILA LINS - (PSD/AM) ÁTILA LIRA - (PSB/PI) AUGUSTO CARVALHO - (SD/DF) AUREO - (SD/RJ) BENEDITA DA SILVA - (PT/RJ) BENITO GAMA - (PTB/BA) BENJAMIN MARANHÃO - (SD/PB) BETINHO GOMES - (PSDB/PE) BETO MANSUR - (PRB/SP) BETO ROSADO - (PP/RN) BONIFÁCIO ANDRADA - (PSDB/MG) BRUNO COVAS - (PSDB/SP) CABO DACIOLO - (PSOL/RJ) CAIO MARCIO - (PSDB/MG) CAPITÃO FÁBIO ABREU - (PTB/PI) CARLOS HENRIQUE GAGUIM - (PMB/TO) CARLOS HUMBERTO MANATO - (SD/ES) CARLOS MELLES - (DEM/MG) CELIO SILVEIRA - (PSDB/GO) CELSO MALDANER - (PMDB/SC) CELSO RUSSOMANNO - (PRB/SP) CÉSAR HALUM - (PRB/TO) CHICO ALENCAR - (PSOL/RJ) CHICO LOPES - (Pc do B/CE) CLEBER VERDE - (PRB/MA) CONCEIÇÃO SAMPAIO - (PP/AM) CRISTIANE BRASIL - (PTB/RJ) DAGOBERTO - (PDT/MS) DAMIÃO FELICIANO - (PDT/PB) DANIEL ALMEIDA - (PCdoB/BA) DANIEL COELHO - (PSDB/PE) DANILO FORTE - (PMDB/CE) DANRLEI DE DEUS HINTERHOLZ - (PSD/RS) DARCÍSIO PERONDI - (PMDB/RS) DÉCIO LIMA - (PT/SC) DELEY - (PTB/RJ) DIEGO ANDRADE - (PSD/MG) DOMINGOS NETO - (PROS/CE) DOMINGOS SÁVIO - (PSDB/MG) DR. SINVAL MALHEIROS - (PMB/SP) DUARTE NOGUEIRA - (PSDB/SP) EDIO LOPES - (PMDB/RR) EDMAR ARRUDA - (PSC/PR) EDMILSON RODRIGUES - (PSC/PR) EDUARDO BARBOSA - (PSDB/MG) EFRAIM FILHO - (DEM/PB) ELIZIANE GAMA - (PPS/MA) ENIO JOSÉ VERRI - (PT/PR) EROS BIONDINI - (PTB/MG) ESPERIDIAO AMIN - (PP/SC) EVAIR DE MELO - (PV/ES) EVANDRO GUSSI - (PV/SP) EVANDRO ROGERIO ROMAN - (PSD/PR) EXPEDITO NETTO - (SD/RO) EZEQUIEL TEIXEIRA - (SD/RJ) FABIANO TAQUES HORTA - (PT/RJ) FÁBIO RAMALHO - (PMB/MG) FAUSTO PINATO - (PRB/SP) FELIPE MAIA - (DEM/RN) FÉLIX MENDONÇA JÚNIOR - (PDT/BA) FERNANDO FRANCISCHINI - (SD/PR) FLÁVIA MORAIS - (PDT/GO) FRANCISCO CHAPADINHA - (PSD/PA) FRANCISCO FLORIANO - (PR/RJ) GEOVANIA DE SÁ - (PSDB/SC) GERALDO RESENDE - (PMDB/MS) GIACOBO - (PR/PR) GILBERTO NASCIMENTO - (PSC/SP) GIOVANI CHERINI - (PDT/RS) GIVALDO CARIMBÃO - (PROS/AL) GIVALDO VIEIRA - (PT/ES) GONZAGA PATRIOTA - (PSB/PE) GOULART - (PSD/SP) GUILHERME MUSSI - (PP/SP) HENRIQUE FONTANA - (PT/RS) HERCULANO PASSOS - (PSD/SP) HUGO LEAL - (PROS/RJ) IRMAO LAZARO - (PSC/BA) IVAN VALENTE - (PSOL/SP) IZALCI - (PSDB/DF) JAIME MARTINS - (PSD/MG) JANDIRA FEGHALI - (Pc do B/RJ) JEFFERSON CAMPOS - (PSD/SP) JOÃO CAMPOS - (PSDB/GO) JOÃO CARLOS BACELAR - (PR/BA) JOAO FERNANDO COUTINHO - (PSB/PE) JOÃO MARCELO - (PMDB/MA) JOÃO PAULO PAPA - (PSDB/SP) JOÃO RODRIGUES - (PSD/SC) JOAQUIM PASSARINHO - (PSD/PA) JORGE BOEIRA - (PP/SC) JOSÉ PRIANTE - (PMDB/PA) JOSÉ ROCHA - (PR/BA) JOSE STÉDILE - (PSB/RS) JOSI NUNES - (PMDB/TO) JOSUE BENGTSON - (PTB/PA) JOVAIR ARANTES - (PTB/GO) JÚLIO CESAR - (PSD/PI) JUNIOR MARRECA - (PEN/MA) KEIKO OTA - (PSB/SP) LAUDIVIO CARVALHO - (PMDB/MG) LEANDRE - (PV/PR) LELO COIMBRA - (PMDB/ES) LEONARDO BRITO - (PT/AC) LEONARDO MONTEIRO - (PT/MG) LEOPOLDO MEYER - (PSB/PR) LINCOLN PORTELA - (PR/MG) LINDOMAR GARÇON - (PMDB/RO) LOBBE NETO - (PSDB/SP) LUCAS VERGÍLIO - (SD/GO) LUCIANO DUCCI - (PSB/PR) LUIS TIBE - (PTdoB/MG) LUIZ CARLOS BUSATO - (PTB/RS) LUIZ CARLOS HAULY - (PSDB/PR) LUIZ CLÁUDIO - (PR/RO) LUIZ LAURO FILHO - 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