Giulio Andreotti, Roma 1919, Senador vitalício e sete vezes primeiro

Transcrição

Giulio Andreotti, Roma 1919, Senador vitalício e sete vezes primeiro
anos 40
Do pós-guerra aos dias de hoje, eu sempre fiz comentários sobre aqueles que
eu julgava serem os momentos importantes da nossa história e os principais
acontecimentos internacionais. Anos inexplicáveis que seguiram o segundo conflito
Mundial, dificilíssimos para um país pobre e debilitado como o nosso. Mas cheio
de entusiasmo e de vontade de recomeçar, também pela política.
Dal Dopoguerra ad oggi ho sempre annotato quelli che ritenevo i momenti salienti
della nostra storia e i principali avvenimenti internazionali. Anni incredibili quelli che
seguirono il secondo conflitto Mondiale, difficilissimi per un paese povero e stremato
come il nostro. Ma anche pieni di entusiasmo e di voglia di ricominciare, anche per
la politica.
Basta pensar na extraordinária fase da legislação da Constituinte, de 1946 a
dezembro de 1947. Lembro o fervor que animou o nascimento da Constituição
da República Italiana. E também os esforços para voltar a acreditar na assembleia
internacional. Neste quadro se insere a primeira viagem de Alcide de Gasperi
aos Estados Unidos, no ano 1947. Mas lembro também os meses atormentados
que anteciparam as primeiras eleições políticas num Estado livre e democrático,
aquele de 48. Uma grande força vital parecia apoderar-se do país, abrindo novas
perspectivas e nos fazendo superar ainda muitas situações críticas. A Itália viveu
trepidante, recordo bem, os dias quentes da metade de julho, aquele atentado
‘infeliz’ a Togliatti. Assim como me são ainda claros os momentos agitados de
47 que antecederam o rompimento da união antifascista com a expulsão dos
comunistas pelo governo.
Basti pensare alla straordinaria fase della legislatura Costituente, dal ‘46 al dicembre del
1947. Ricordo il fervore che ha animato la nascita della Costituzione della Repubblica
Italiana. Ed anche gli sforzi per riaccreditarci nel consesso internazionale. In questo
quadro si inserì il primo viaggio di Alcide de Gasperi negli Stati Uniti, nel lontano
1947. Ma ricordo anche i mesi tormentati che precedettero le prime elezioni politiche
in uno Stato libero e democratico, quelle del ‘48. Una grande forza vitale sembrava
impossessarsi del paese aprendoci nuove prospettive e facendoci superare ancora
molte situazioni critiche. L’Italia ha vissuto con trepidazione, lo ricordo bene, le giornate
caldissime di metà luglio, quelle dell’attentato ‘sciagurato’ a Togliatti. Così come mi
sono ancora nitidi i momenti convulsi del ‘47 che precedettero la rottura dell’unità
antifascista con l’estromissione dal governo dei comunisti.
A política tem muitas vezes a memória curta. Não é um defeito transcurável se
ocorre, falando do presente, em uma situação como esta que a Itália está vivendo
agora, com crises que surgem a um ritmo acelerado e tiram certezas do futuro.
Seria, então, ainda mais oportuno, trazer as lições do passado, tratando-se nos
dias de hoje de uma crise por nada articulada na qual tudo parece recolocado em
discussão, o nosso modelo de Estado, o nosso papel no cenário internacional, o
nosso sistema social.
Diante a uma situação deste gênero, refrescar a memória da política atual poderia
ser útil para corrigir a rota de colisão através da qual mostra se transformar todo
dia. Bastaria levar em conta algumas experiências significativas do passado,
lembrando que nos momentos mais críticos as metas dos governos serviam, mesmo
que algumas vezes de má vontade, de estímulos que vinham do exterior: não se
levantavam barricadas em defesa das próprias, muitas vezes discutíveis, convenções.
O extremismo politico é um defeito do qual a Itália não é, infelizmente, imune.
É sem dúvida, um elemento de fraqueza em uma democracia pluralista como a
nossa, que deveria privilegiar na política a arte da mediação. Deveríamos levar em
conta os irredutíveis defensores dessa teoria de pedra sobre pedra, e lembrar de
homens como Palmiro Togliatti e Pietro Nenni, que por um desacordo entre eles,
o primeiro favorável, o segundo por dizer um pouco duvidoso, votaram juntos na
Constituição pela ratificação dos Pactos de Latrão.
La politica ha troppo spesso la memoria corta. Non e’ un difetto trascurabile se
capita, parlando del presente, in una situazione come questa che l’Italia sta vivendo
ora, con crisi che si susseguono a ritmo incalzante e tolgono certezze sul futuro.
Sarebbe, invece, quanto mai opportuno trarre lezioni dal passato, trattandosi ai giorni
d’oggi di una crisi niente affatto congiunturale nella quale tutto sembra rimesso in
discussione, il nostro modello di stato, il nostro ruolo sulla scena internazionale, il
nostro sistema sociale.
Di fonte a una situazione del genere rinfrescare la memoria alla politica attuale
potrebbe servire a correggere la rotta di collisione lungo la quale dimostra giornalmente
di muoversi. Basterebbe fare tesoro di alcune esperienze significative del passato,
rammentandosi che nei momenti più critici le linee guida dei governi si giovavano,
anche se talvolta malvolentieri, di stimoli che venivano dall’esterno: non si alzavano
barricate in difesa di proprie, spesso discutibili, convinzioni. Il massimalismo e’ un
difetto di cui l’Italia non e’ purtroppo immune. E’ fuor di dubbio che si tratta di un
elemento di debolezza in una democrazia pluralista come la nostra, che dovrebbe
privilegiare in politica l’arte della mediazione. Dovrebbero farne tesoro gli irriducibili
sostenitori di questa teoria da muro contro muro e andare con la memoria a uomini
come Palmiro Togliatti e Pietro Nenni, che pur in disaccordo tra di loro, il primo
favorevole, il secondo a dir poco dubbioso, votarono insieme nella Costituzione la
ratifica dei Patti Lateranensi.
Giulio Andreotti
Giulio Andreotti
Giulio Andreotti,
Roma 1919, Senador vitalício e sete vezes primeiro-ministro
Roma 1919, senatore a vita, sette volte Presidente del Consiglio
anos 50
Convite à nostalgia. Somente confrontos estatísticos e cool.
Bando a ogni nostalgia. Solo confronti statistici e cool.
A Milão dos anos 50, onde me graduei em Direito, era uma ‘capital moral’ muito
restrita. Poucas pessoas circulando, escritores como Buzzati, Soldati, Piovene, Bo,
Emanuelli, Testori, Ottieri. E Prêmios Nobel como Montale e Quasimodo. E os
editores de vanguarda como Livio Garzanti e Giangiacomo Feltrinelli. Conversava
com Valentino Bompiani, proprietário de casa de Via San Primo 6, que enchia de
tapeçarias e de estofados de William Morris.
La Milano degli anni Cinquanta, dove mi sono laureato in Legge, era una ‘capitale
morale’ piuttosto chiusa in casa. Poco in giro, scrittori come Buzzati, Soldati, Piovene,
Bo, Emanuelli, Testori, Ottieri. E premi Nobel come Montale e Quasimodo. E gli
editori d’avanguardia come Livio Garzanti e Giangiacomo Feltrinelli. Conversavo con
Valentino Bompiani mio sempreverde padrone di casa in via San Primo 6: la riempii
di tappezzerie e stoffe di William Morris.
Pivô entusiasta dos movimentos era Pietrino Bianchi, no bar Giamaica em Brera.
Ilustre crítico cinematográfico do ‘Giorno’, diretor do semanal ‘Settimo Giorno’,
redator-chefe da ‘Ilustrazione Italiana’. Coach dos artistas e dos fotógrafos
debutantes, tais como Manzoni, Dondero, Mulas... Sempre presente no Festival
de Veneza e ao “quarto platano” de Forte dei Marmi, com os Longhi-Banti, os
Bertolucci, Carrà, Pea, De Robertis, números inteiros da ‘Paragone’.
Pivot entusiasta dei movimenti era Pietrino Bianchi, al bar Giamaica di Brera Illustre
critico cinematografico al ‘Giorno’, direttore del settimanale ‘Settimo Giorno’,
redattore-capo alla ‘Illustrazione Italiana’. Coach di artisti e fotografi debuttanti quali
Manzoni, Dondero, Mulas... Onnipresente al Festival di Venezia e al “quarto platano”
del Forte dei Marmi, con i Longhi-Banti, i Bertolucci, Carrà, Pea, De Robertis, interi
numeri di ‘Paragone’.
Enquanto isso, “esta noite [será] a Callas ou Osiris?”. No Scala, o melhor dos
melhores: De Sabata e Karajan, Di Stefano e a Schwarzkopf. No “Piccolo”, idem.
E em torno, Adani e Pagnani, Ferratti e Maltagliati, Ricci, Ruggeri, Benassi, Totò.
As estações mais belas de Visconti e Strehler.
Intanto, “stasera la Callas o l’Osiris?”. Alla Scala, il meglio del meglio: De Sabata e
Karajan, Di Stefano e la Schwarzkopf. Al Piccolo, idem. E intorno, Adani e Pagnani,
Ferrati e Maltagliati, Ricci, Ruggeri, Benassi, Totò. Le stagioni più belle di Visconti
e Strehler.
No cinema, naturalmente, Fellini e Antonioni.
Al cinema, naturalmente, Fellini e Antonioni.
Passando por Roma no fim da década, a Dolce Vita era tudo ao ar livre. E não
somente na Via Veneto e na Piazza del Popolo. Rosati, Canova, Pannunzio, Patti
& De Feo, Franca Valeri, Nora Ricci. Nas tratorias, Moravia, a Morante, os dois
Guttuso, os dois Piovese, Gadda, Pasolini, Parise, Garboli. Nas galerias, debutavam
Schifano, la Fioroni, Angeli. No teatro e nos concertos, nós nos entretínhamos com
De Feo e Chiaromonte, ou com Vigolo e D´Amico. Experiências fundamentais,
como conversar com Longhi, Brandi, Urbani, Zeri.
Passando a Roma alla fine del decennio, la Dolce Vita era tutta all’aperto. E non
solo a Via Veneto e in Piazza del Popolo. Rosati, Canova, Pannunzio, Patti & De Feo,
Franca Valeri, Nora Ricci. Nelle trattorie, Moravia, la Morante, i due Guttuso, i due
Piovene, Gadda, Pasolini, Parise, Garboli. Nelle gallerie, debuttavano Schifano, la
Fioroni, Angeli. A teatro e ai concerti, ci si intratteneva con De Feo e Chiaromonte,
o con Vigolo e D’Amico. Esperienze fondamentali, come conversare con Longhi,
Brandi, Urbani, Zeri.
Alberto Arbasino
Alberto Arbasino
Alberto Arbasino,
Voghera 1930, escritor e jornalista
Voghera 1930, scrittore e giornalista
anos 60
Os anos 60 foram também os da minha estreia: a primeira música gravada em 62,
“Andavo a cento all´ora”, e o primeiro programa de televisão, “Alta pressione”.
E nos anos seguintes, Cantagiro, Canzonissima, as capas de revistas, o serviço
militar, as pessoas começavam a me conhecer.
Gli anni ’60, sono anche quelli del mio debutto: la prima canzone incisa nel ’62,
Andavo a cento all’ora, e la prima trasmissione televisiva Alta pressione. E poi negli
anni a seguire Cantagiro, Canzonissima, le copertine dei rotocalchi, il servizio militare,
la gente che cominciava a conoscermi.
Na televisão em branco e preto, havia Studio Uno, Specchio Segreto, de Nanni
Loy, e Dadaumpa, dos Kessler, e o quiz de Mike Bongiorno e no rádio, a Hit Parade
de Luttazzi.
Alla televisione in bianco e nero c’era Studio Uno, Specchio Segreto di Nanni Loy,
il Dadaumpa delle Kessler e i quiz di Mike Bongiorno e alla radio la Hit Parade
di Luttazzi.
Aqueles eram os anos de Merckz e Gimondi, de Rivera e Mazzola e da Inter de
Helenio Herrera, mas também do meu Bologna, que venceu o campeonato, com
o histórico play-off de 64, ganhando justamente da Inter.
Erano gli anni di Merckx e Gimondi, di Rivera e Mazzola e dell’Inter di Helenio Herrera
ma anche del mio Bologna che vinse lo scudetto, con lo storico spareggio del ’64,
proprio battendo l’Inter.
Era o boom das 45 rotações, das vitrolas portáteis e da nova música: os Beatles
e os Rolling Stones, a “beat generation”, o pop, o Piper de Roma e as canções
italianas que rodavam o mundo. Lembro de uma turnê triunfal no Japão com um
grupo de artistas da RCA italiana (Paoli, Fidenco, Meccia, Fontana).
Era il boom dei 45 giri, dei mangiadischi e della nuova musica: i Beatles e i Rolling
Stones, la beat generation, il pop e il Piper di Roma e le canzoni italiane che facevano
il giro del mondo. Ricordo una trionfale tournèe in Giappone con ungruppo di artisti
della RCA italiana (Paoli, Fidenco, Meccia, Fontana).
Os italianos saíam de férias com o Fiat 600, sobre o bagageiro caixas, malas e
jogos para as crianças... Nas praias, tocava a música dos jukebox e no domingo
com o rádio ligado para não perder ‘Tutto il calcio minuto per minuto’... E depois
a minissaia, o twist, o shake... o horário de verão.
Gli italiani andavano in vacanza con la 600, sul portapacchi cartoni, valige e giochi
per i bambini… Sulle spiagge impazzava la musica dei juke-box e la domenica con
la radiolina accesa per non perdere Tutto il calcio minuto per minuto… E poi la
minigonna… il twist, lo shake… l’ora legale.
Os anos do boom econômico e de nós, italianos, que sabíamos ainda sorrir e
éramos cheios de sonhos e de tantas esperanças.
Gli anni del boom economico e di noi italiani che sapevamo ancora sorridere ed
eravamo pieni di sogni e di tante speranze.
E como não esquecer o cinema daqueles anos? Certamente não os meus “musicais”,
mas Fellini, Visconti, De Sica, Antonioni, Germi, Monicelli e as cenas que levaremos
sempre conosco de Gassman na direção da “spider” em Sorpasso de Risi. E, ainda,
Giovanni XXIII, a inundação de Florença, o assassinato dos Kennedy, a Baía dos
Porcos, a Guerra do Vietnã e o ano de 68, que se acorda de um sonho, aquele
sonho que volta, por um momento, em julho de 69, quando o homem pisa na lua.
E come facciamo a dimenticare il cinema di quegli anni? Non certo i miei “musicarelli”
ma Fellini, Visconti, De Sica, Antonioni, Germi, Monicelli e le scene che porteremo
sempre con noi di Gassman alla guida della spider nel Sorpasso di Risi. E, ancora,
Giovanni XXIII, l’alluvione di Firenze, l’assassinio dei Kennedy, la Baia dei Porci, la
guerra nel Vietnam e il ’68 che ci sveglia dal sogno, quel sogno che ritorna, per un
attimo, nel luglio del ’69, quando l’uomo mette il piede sulla luna.
Gianni Morandi
Gianni Morandi
Gianni Morandi,
Monghidoro (Bolonha) 1944, cantor e apresentador
Monghidoro (Bologna) 1944, cantante e presentatore
anos 70
Seria belo poder reorganizar o nosso passado como um grande museu de arte,
com galerias e salas numeradas segundo percursos cronológicos: poder dividi-lo em
segmentos e seções com a precisão dada pelos historiadores e colecionadores.
Sarebbe bello poter riordinare il nostro passato come un grande museo d’arte con
gallerie e sale numerate secondo percorsi cronologici: poterlo dividere in segmenti e
sezioni con la precisione dovuta degli storici e dei collezionisti.
Mas, em particular, os fatos que se referem à experiência da nossa vida, infância,
juventude e velhice, são todos interligados e dependentes entre si, de modo que
não se sabe nunca quando e onde um deles foi concluído e onde e quando um
outro iniciou.
Ma in particolare i fatti che riguardano l’esperienza della nostra vita, infanzia giovinezza
e vecchiaia, sono tutti così correlati e dipendenti tra loro che non si sa mai quando
e dove ognuno di essi debba ritenersi concluso e dove e quando un altro abbia
avuto inizio.
Entre as oito que eu vivi, a década dos anos 70 me parece, mais do que as outras,
a mais parecida com a nossa época, apesar das imensas transformações sociais,
econômicas e culturais, que nos fazem olhar aqueles anos como uma cidade em
que vivíamos e que voltamos para visitar quarenta anos depois.
Tra le otto che ho vissuto, la decade degli anni ’70 mi sembra più di altre ricca
di assonanze con la nostra epoca, nonostante le immense trasformazioni sociali
economiche e culturali che ci fanno guardare a quegli anni come a una città nella
quale abbiamo abitato e che si torni a visitare quaranta anni dopo.
Certo que hoje, as ruas não estão mais marcadas pelos atos do terrorismo, mas
as praças continuam com os mesmos inconvenientes de ontem, com obstáculos
e desigualdades coletivas ainda maiores, e as casas são habitadas por poderosos
incapazes de enfrentar as questões públicas às quais eram convocados a resolver.
Certo, oggi le strade non sono più illividite dai sinistri bagliori del terrorismo, ma le
piazze sono attraversate dagli stessi disagi di ieri, con ingorghi di distorsioni e disparità
collettive ancora più vasti, e i palazzi sono abitati da poteri inadeguati ad affrontare
le questioni pubbliche che erano chiamati a risolvere.
Mas, daquela década passada - foram asseguradas conquistas como o divórcio e o
aborto, afirmação dos direitos das mulheres e dos jovens, extraordinários progressos
científicos (se pensarmos somente na medicina), desenvolvimentos revolucionários
no campo eletrônico, uma herança pesada, mas fervorosa de ideias, como em 68, as
épocas literárias e cinematográficas passaram a fazer parte da vida de todos - aquilo
que mais se sente falta é a presença de protagonistas como Pasolini e Berlinguer,
que sabiam intuir o futuro e falar aos jovens que iam enfrentá-lo: “...questão moral
é a questão política antes de tudo e essencialmente porque da sua solução depende
a confiança nas instituições e a propriedade da democracia”.
Ma di quel decennio passato - che ci assicurò conquiste come il divorzio e l’aborto,
affermazione dei diritti di donne e di giovani, straordinari progressi scientifici (si
pensi solo alla medicina), sviluppi rivoluzionari nel campo elettronico, un’eredità
pesante ma fervida di idee come il ’68, stagioni letterarie e cinematografiche entrate
nel patrimonio di tutti - quel che più manca di quel decennio è la presenza di
protagonisti come Pasolini e Berlinguer che sapevano intuire il futuro e parlarne ai
giovani che andavano ad affrontarlo: “...questione morale è la questione politica prima
e essenziale perché dalla sua soluzione dipende la fiducia nelle istituzioni e la tenuta
della democrazia.”
Quem falará aos nossos jovens sobre o futuro deles?
Chi parlerà ai nostri giovani del loro futuro?
Ettore Scola
Ettore Scola,
Trevico (Avellino) 1931, diretor de cinema
Trevico (Avellino) 1931, regista cinematografico
Ettore Scola
anos 80
Como um disco voador super colorido, os anos 80 apareceram improvisadamente
entre as nuvens de chumbo da década anterior. Otimistas, despreocupados,
exuberantes.
A época em que apareceram, pela primeira vez, palavras, ideias, objetos e costumes
que ainda marcam a nossa vida cotidiana, como o computador que se tornou
de uso pessoal, a “desregulação financeira”, o vulto espetacular e midiático da
política personificada pelo “craxismo”. Observados hoje como se fosse por um
binóculo invertido, entende-se que os barulhentos anos 80 determinaram uma
mudança radical de perspectiva, como se o próprio tempo tivesse sido objeto de
uma aceleração.
Assim, se naquele período foram lançadas as bases do ‘turbocapitalismo’
representado em filmes que, em comparação com o que aconteceu neste biênio,
pareciam perfeitas e sob medida, começou também a surgir uma consciência
ecológica mundial e se iniciou a revolução digital.
Foram naqueles anos que nasceu o sistema da moda e que foi iniciada a minha
aventura pessoal como estilista e empreendedor. Anos nos quais comecei a ir além,
com o olhar sempre voltado para o futuro.
Giorgio Armani
Giorgio Armani,
Piacenza 1934, estilista
Piacenza 1934, stilista
Come un disco volante ipercolorato, gli anni Ottanta sbucarono all’improvviso tra le
nuvole di piombo del decennio precedente. Ottimisti, spensierati, esuberanti.
L’epoca in cui apparvero per la prima volta parole, idee, oggetti, abitudini che
ancora determinano la nostra vita quotidiana, con il computer diventato personal, la
deregulation finanziaria, il volto spettacolare e mediatico della politica impersonato
dal craxismo. Osservati oggi come da un binocolo rovesciato, si capisce che i ruggenti
anni Ottanta determinarono un cambiamento radicale di prospettiva, come se il
tempo stesso fosse stato oggetto di un’accelerazione.
Così se in quel periodo si gettarono le basi del turbocapitalismo rappresentato da
film che, in confronto a ciò che è successo in questo biennio, sembrano levigati e
misurati, cominciò anche a crescere una coscienza ecologica mondiale e prese avvio
la rivoluzione digitale.
È in quegli anni che è nato il sistema della moda e che è iniziata la mia personale
avventura come stilista e imprenditore. Anni da cui sono partito per andare oltre,
con lo sguardo sempre rivolto verso il futuro.
Giorgio Armani
anos 90
1991-2000. Uma década controversa: redirecionamento ou revelação?
1991-2000. Un decennio controverso: svolta o svelamento?
O fim do comunismo na Europa coloca em movimento o nosso sistema político. O
Partido Comunista e a Democracia Cristã desaparecem, os referendos e as reformas
eleitorais põem em jogo todas as forças parlamentares, inclusive a extrema-direita.
A Itália parte para o caminho da democracia, da alternância direita-esquerda, como
as grandes democracias que conhecemos. Os partidos políticos, como grandes
máquinas burocráticas, perdem o significado. A comunicação com os eleitores não
é mais só nas seções eleitorais, se dá pela televisão. O parasitismo e a corrupção
dos partidos se tornam intoleráveis, e isso, abre o caminho aos grandes processos
que se reassumem no slogan ‘mãos limpas’. Até aqui, o redirecionamento, ou a
chamada ‘segunda República’.
La fine del comunismo in Europa mette in moto il nostro sistema politico. Il
Partito Comunista e la Democrazia Cristiana spariscono, i referendum e le riforme
elettorali mettono in gioco tutte le forze parlamentari, compresa l’estrema destra.
L’Italia si avvia sulla strada della democrazia, dell’alternanza destra-sinistra,
come
le grandi democrazie che conosciamo. I partiti politici, come grandi
macchine
burocratiche, perdono significato. La comunicazione con gli elettori più
che dalle
sezioni, passa attraverso la televisione. Il parassitismo e la corruzione dei partiti
diventa intollerabile e ciò apre la strada ai grandi processi che si riassumono nello
slogan ‘mani pulite’. Fin qui, la svolta o, come si dice, la ‘seconda Repubblica’.
Agora, porém, a revelação. Com a queda das ideologias, a competição política se
torna questão de poder, apropriação de recursos públicos, multiplicação e ocupação
de ‘postos’. A corrupção continua-se espalhando, não só a favor dos partidos, mas
de grupos privados, pseudopolíticos. Os assassinatos de juízes Falcone e Borsellino
parecem confirmar uma fatal continuidade: o transformismo e o consentimento das
partes formam um sistema aparentemente dual, na realidade solidária na divisão de
poder. Assim é visto pela opinião pública. O efeito é o distanciamento, abstenção
política, princípio da “antipolítica”. A Igreja Católica, com o enfraquecimento do
seu partido de referência, estende a sua influência, para além do seu protetorado,
sobre todas as forças parlamentares, auxiliada por sistemas eleitorais que favorecem
a mobilidade eleitoral minoritária tanto de um lado como do outro.
Ora, però, lo
svelamento. Cadute le ideologie, la competizione politica diventa
questione di potere, appropriazione di risorse pubbliche, moltiplicazione
e occupazione di ’posti’. La corruzione continua a dilagare, ora non più
solo a favore di partiti ma di gruppi privati, pseudo-politici. Gli omicidi
dei giudici Falcone e Borsellino paiono confermare una fatale continuità: il
trasformismo e l’accondiscendenza di una parte verso l’altra formano un
sistema apparentemente duale, in realtà solidale nella spartizione del potere.
Così è percepito dall’opinione pubblica. L’effetto è il
distacco, l’astensionismo
politico, prodromo di “anti-politica”. La Chiesa cattolica,
venuto meno il suo
partito di riferimento, distende la sua influenza, se non il suo protettorato,
sull’intero arco delle forze parlamentari, agevolata da sistemi elettorali
che
premiano la pur minoritaria mobilità elettorale da una parte all’altra.
Redirecionamento ou revelação, então: a resposta é adiada aos anos seguintes,
aqueles que vivemos.
Svolta o svelamento, dunque: la risposta è rimandata agli anni seguenti, quelli
che viviamo.
Gustavo Zagrebelsky
Gustavo Zagrebelsky
Gustavo Zagrebelsky,
S.Germano (Torino) 1943, jurista, juiz da Corte Constitucional
S. Germano (Torino) 1943, giurista, giudice della Corte Costituzionale
anos 00
Para mim, o euro não é somente uma moeda, mas um belo sonho que se tornou
realidade. É o símbolo da Europa e da sua vontade de integração.
Per me l’euro non è soltanto una moneta, ma un bel sogno diventato
realtà.
E’ il
simbolo dell’Europa e della sua volontà di integrazione.
No cenário da união monetária européia há uma aspiração já de algum tempo
grandiosa e imprescindível: a negação definitiva de qualquer forma de nacionalismo
por parte dos países europeus, a opção pela paz, fruto da renúncia irreversível da
guerra como instrumento de resoluções dos conflitos.
Sullo sfondo dell’unione monetaria europea vi è un’aspirazione a un
tempo più elevata
e cogente: il definitivo rifiuto di ogni forma di
nazionalismo da parte dei paesi europei,
l’opzione per la pace, figlia
della rinuncia irreversibile della guerra come strumento
di risoluzione
dei conflitti.
Os pais do euro, ao promover a moeda única, indicaram claramente um horizonte
mais amplo do que aquele estritamente monetário. Atribuíram à moeda comum dos
europeus uma finalidade maior: o desenvolvimento da estabilidade monetária e a
promoção de um crescimento equilibrado, base para uma forte união econômica
e monetária européia e premissa da união política.
I padri dell’euro, nel
promuovere la moneta unica, indicarono chiaramente un
orizzonte più ampio
di quello strettamente monetario. Assegnarono alla moneta
comune
degli europei finalità di respiro maggiore: lo sviluppo della stabilità
monetaria
e la promozione di una crescita equilibrata, base per una
forte unione economica e
monetaria europea e premessa
dell’unione politica.
As negociações para a introdução do euro foram exaustivas e difíceis, especialmente
para um país como a Itália, prejudicado pelo peso de uma enorme dívida pública.
Theo Waigel, ministro alemão das Finanças, e o subscrito, ministro italiano do Tesouro,
trabalharam juntos por cerca de dois anos, muitas vezes com posições objetivamente
diferentes; por causa, sobretudo, das contas públicas dos respectivos países.
Le trattative per l’introduzione dell’euro furono estenuanti e difficili,
specie per un
paese come l’Italia, oberato dal peso di un enorme debito
pubblico. Theo Waigel,
ministro delle Finanze tedesco e il sottoscritto, ministro del
Tesoro italiano, si ritrovarono
per circa due anni a
operare, sovente da posizioni oggettivamente distanti; a causa
soprattutto dei conti pubblici dei rispettivi paesi.
Foram muitas as ocasiões, formais e não formais, de troca de idéias, de encontro
e...de desencontro. Sempre, porém, com a vontade de se chegar a um comum
acordo: a Europa.
Vi furono numerose occasioni, di scambio di idee,
di incontro e.... di scontro. Sempre
tuttavia con la volontà di arrivare ad un comune approdo: l’Europa.
Em cada passagem dos longos e difíceis anos nos quais construímos a estrutura
da moeda única, se reforçava a convicção de que o que fazíamos transcendia
o presente, que promovíamos e, ao mesmo tempo, éramos arrastados por um
projeto marcado no sulco da história, por um processo de unificação ditado pelo
desenho da geografia e das antigas comunhões da cultura.
A gravidade da crise que hoje atinge a economia mundial nos remete à escolha de
uma moeda única para a Europa como a decisão sábia de construir uma casa sobre
uma rocha. Imagina se hoje não tivéssemos o euro! Imagina se não apoiássemos
a independência e a auto-regulamentação do Banco Central Europeu e do nosso
Banco Central Nacional como um precioso patrimônio para proteger e defender!
Fica em aberto o problema de superar aquilo que defini como o “defeito” de uma
União Européia dotada de uma moeda única e de uma política monetária comum,
confiada a um órgão federativo, mas privada de uma política econômica comum.
É importante, portanto, impulsionar uma integração mais ampla da Europa, que
deve se tornar um sujeito político unitário, para valer mais e para enfrentar melhor
os desafios da crise econômica. Cabe às instituições e aos países participantes
concretizarem, com comportamentos adequados e coerentes, aquele sonho
extraordinário que foi o euro.
Ad ogni passaggio degli anni lunghi e difficili in cui siamo
andati costruendo l’edificio
della moneta unica, si rafforzava la
convinzione che quello che stavamo facendo
trascendeva il presente,
che promuovevamo e al tempo stesso eravamo come trascinati
da un
progetto inscritto nel solco della storia, da un processo di unificazione
dettato
dal disegno della geografia e dalle antiche comunanze della
cultura.
La gravità della crisi che oggi investe l’economia mondiale ci fa
guardare alla scelta
di una moneta unica per l’Europa come alla
decisione saggia di costruire la casa
sulla roccia. Guai se oggi ci
fossimo trovati senza l’euro! Guai se non guardassimo
all’indipendenza
e all’autorevolezza della Banca Centrale Europea e della nostra
Banca
Centrale Nazionale come a un prezioso patrimonio da tutelare e
difendere!
Resta aperto il problema di superare quella che ho definito la “zoppia”
di una Unione
Europea dotata di una moneta unica e di una politica
monetaria comune, affidata a
un organo federativo, ma priva di una
politica economica comune.
Serve pertanto spingere per una maggiore integrazione dell’Europa, che
deve
diventare un soggetto politico unitario, per contare di più e per
affrontare meglio le
sfide della crisi economica. Sta alle
istituzioni e ai paesi partecipanti dare concretezza,
con comportamenti
adeguati e coerenti, a quel sogno straordinario che è stato l’euro.
Carlo Azeglio Ciampi
Carlo Azeglio Ciampi,
Livorno 1920, economista, presidente da República de 1999 a 2006.
Livorno 1920, economista, presidente della Repubblica dal 1999 al 2006
Carlo Azeglio Ciampi

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