José Olim 1952. Gra Exterior p Amazônia MBA em Desenvo
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José Olim 1952. Gra Exterior p Amazônia MBA em Desenvo
— O poder de entendimento! O que quero dizer é que tu não vais mais deixar que pensem, decidam e escolham por ti, porque indiretamente, de forma bastante sutil, é isso o que ocorre. Mas, não te preocupes, porque isso ainda acontece com a maioria de nós, brasileiros. José Olimpio Bastos, nascido em 1952. Graduado em Comércio Exterior pela Universidade da Amazônia. Pós-Graduado com MBA em Formação Geral e José Olimpio Bastos - Sr. Cidadão, Você é o Patrão Desenvolvimento de Executivos em Administração na FIA/USP- SP. Cursou Engenharia Eletrônica e Engenharia Elétrica na UFPA. Cursou Liderança Estratégica Orientada ao Mercado, pela Wharton School – University of Pensilvânia. Cursou Programa Inovação na Gestão, pelo INSEAD. 32 anos de Banco do Brasil – 27 na área internacional. Aposentado como Gerente de Agência. Autor dos livros “Sr. Cidadão, Você é o Patrão” (atualmente na 6ª edição) e “A Força do Cidadão”. Idealizador do Projeto “Educação, Cidadania e Turismo” lançado pela Unama em 1998. Presidente da Associação dos amigos da Praça Batista Campos. Idealizador e presidente da Associação dos Amigos da UFPA. Idealizador o Projeto “Um Presente para Belém” (agora “Belém, Cidade Luz da Amazônia”) e, atual Superintendente Executivo Regional do SESI-DR-PA. Senhor Cidadão, Você é o Patrão. José Olimpio Bastos Editora: Marques e Editora Belém - Março de 2016 6a Edição Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98. É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito, do autor. Ilustraçãoes Jorge Felipe Trindade e Hebert Almeida Capa, Diagramação e Projeto Gráfico Alexandre Barros Revisão Luiz Euclydes de Araújo Editora: Marques e Editora Fundação BIBLIOTECA NACIONAL MINISTÉRIO DA CULTURA Senhor Cidadão, Você é o Patrão. Nº Registro: 191.038 Autor: Bastos, José Olimpio Agradecimentos Agradeço a paciência da minha esposa Rose Mary e de minhas filhas Ana Cláudia, Andreza e Alana, pelo tempo desviado do convívio familiar para a construção deste livro, bem como as sugestões e críticas que contribuíram para a sua elaboração. Agradecimento especial a Milena de Nazaré Costa Monteiro pela colaboração e pesquisas que somaram na concepção das ideias. Agradeço a Jorge Felipe Trindade e Hebert Almeida pelas ilustrações muito criativas que refletem várias mensagens contidas na obra. Agradeço, também, a todos que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a edição deste livro. José Olimpio Bastos Senhor Cidadão, Você é o Patrão. “Um Sistema de Governo é como um grande condomínio: todos os condôminos pagam suas taxas para terem os seus serviços prestados”. 6 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. ARQUIDIOCESE DE BELÉM APRESENTAÇÃO Ex Acebispo Metropolitano de Belém e atual Cardeal do Rio de Janeiro 7 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. Li, e tenho recomendado bastante a leitura de “Senhor Cidadão, Você é o Patrão.”, livro escrito por José Olimpio Bastos, nascido em Santarém, berço de muitos talentos, de seres excepcionais. Trata-se de uma obra valiosa, em linguagem simples, que destaca a importância que o cidadão representa no seio da sociedade, forjando-lhe no espírito a consciência de seu inquestionável valor, fazendo-o compreender que ele não deve tolerar, mas indignar-se e reagir contra todas as práticas sociais ou institucionais que comprometam os seus valores e o seu destino, fazendo-o sonhar e lutar por melhores condições de vida para si mesmo, para os habitantes da sua rua, do seu bairro, do seu município, da sua cidade, do seu Estado, do seu país. Em suma: que o cidadão não fique acomodado, aceitando tudo sem reclamar, ou, como dizia José Saramago: “(...) todos deitados num berço que se move suavemente, e há uma voz que murmura ao redor do mundo: “dorme, dorme tranquilo, nós te governaremos. Sobretudo não sonhes, não sonhes,... E nós, obedientes, não sonhamos.” José Olimpio, num verdadeiro sacerdócio cívico, não somente através deste livro, mas em palestras, em seminários, em sala de aula, em conversas com o “povão”, sempre procura transmitir a todos, que o cidadão é o fim do governo, e este precisa e deve ser, sempre, o bem de todos e não de alguns e de poucos. Somente assim a cidadania será íntegra. E essa mensagem, graças a Deus, tem se multiplicado, tem dado bons frutos, fazendo com que o cidadão, com mais firmeza e, sobretudo, mais consciência de seus direitos, possa dizer: “Eu existo como cidadão e quero ser respeitado como tal. Eu quero e preciso viver melhor.” Obrigado, José Olimpio. Você merece gratidão, respeito e a admiração de todos e de todas que, como eu, comungam de suas brilhantes ideias e de seu ideal: contribuir para uma mudança de atitude do cidadão, marcada pela união e pela solidariedade. Desembargadora Albania Lobato Bemerguy quando Presidente do T.R.E./PA 8 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. F oi durante uma palestra sobre ética e cidadania que tive a oportunidade de conhecer José Olimpio Bastos, administrador de empresas e servidor do Banco do Brasil, onde atualmente exerce o cargo de gerente na agência da Universidade Federal do Pará. Logo percebi tratar-se de um homem compromissado com o desenvolvimento da cidadania, como caminho para a construção de um Estado mais justo. À oportunidade também pude conhecer o seu Senhor Cidadão, Você é o Patrão, obra que tem como objetivo desenvolver no leitor uma cidadania fiscal. O tema é tratado por meio de um diálogo com um feirante desconhecedor dos seus direitos e deveres, como a maioria de nós. Este recurso faz da obra uma leitura interessante, fugindo da terminologia técnica que compõe a maioria dos livros que tratam do assunto. À medida que o diálogo vai se desenvolvendo, o autor nos fala dos principais tributos, conceituando-os numa linguagem bastante acessível e justificando a existência deles, bem como esclarecendo os benefícios que trazem à sociedade etc. Mostra que todos nós de uma forma ou de outra pagamos impostos, por isso mesmo alerta o seu interlocutor sobre a importância de se criar o hábito de acompanhar a aplicação do dinheiro arrecadado pelo Estado, desde o momento da escolha dos candidatos a um cargo público, para que a sociedade possa receber a justa contrapartida a que tem direito. É, portanto, uma iniciativa louvável que se coaduna perfeitamente com o programa de educação fiscal do Governo, no âmbito das esferas federal, estadual e municipal e que tem como uma de seus objetivos exatamente desenvolver em cada cidadão uma consciência fiscal mais abrangente, considerando não apenas os seus deveres como contribuinte, mas, sobretudo os seus direitos. Direito à informação sobre a importância dos valores que recolhe aos cofres públicos; direito de saber o que acontece com o dinheiro arrecadado... enfim, direito de fiscalizar o próprio Estado quanto à aplicação correta dos recursos públicos, que em última instância são do próprio contribuinte. obra. Assim, sinto-me honrado em apresentar e recomendar esta José Barroso Tostes Neto Quando Superintendente da Receita Federal na 2ª Região Fiscal. Atual Secretário de Fazenda do Estado do Pará e Coordenador do CONFAZ 9 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. Sumário Prefácio...................................................................................................13 Somos os verdadeiros patrões.............................................................. 16 Onde há tantos impostos? Quem os institui? Quem os recolhe? .........35 Taxas e contribuições de melhoria, entendendo a diferença.................44 E os recursos, para onde vão? O que posso fazer para mudar?...........52 Todos devem partilhar a experiência......................................................66 10 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. 11 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. 12 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. Prefácio A ideia deste livro surgiu a partir de uma conversa informal com um trabalhador de feira da Avenida 25 de Setembro, aqui em Belém do Pará, num papo para lá de corriqueiro e comum. Não sou escritor e não pretendo mudar de profissão. Apenas achei que deveria levar esse papo com mais gente. Então, resolvi fazer este livro que teve como base e ideia inicial essas conversas que mantenho com o Juca, todos os domingos. Tudo começou num momento bem interessante. Era época de eleição. O ano: 1998. Como ex-morador do bairro de Fátima, eu, também, costumava fazer compras e esticar as pernas, passeando pela feira, nem que fosse para beliscar algumas frutas nas barracas, falar com uns amigos barraqueiros e, de quebra, dar uma espiada nos preços (às vezes, é a única coisa que não se faz). Naquele dia, parei na barraca do Juca. Papo vai, papo vem, nada mais normal do que a célebre pergunta: em quem vais votar? E, aí, começou uma história interessante de conscientização de um cidadão, que não sabia, mas, tinha um poder em suas mãos. Penso até que sabia, mas, não acreditava mais ou não sabia ainda o que fazer com isso; em outras palavras, não estava politizado. Daí, minha preocupação em procurar ajudar o cidadão a esclarecer a si mesmo, o que é fazer política, participar dela e dar credibilidade a isso, pois não é tão difícil assim. Temos tendência a repudiar aquilo que nos incomoda e então, nos limitamos a reclamar, sem nada fazer para que a situação mude. É normal ao ser humano essa acomodação. Resta uma atitude a quem consegue enxergar tudo isso. Atitude essa que não deve restringir-se à indignação, mas, à vontade de transformar essa realidade. Tudo começa num simples ato, pôr em prática as ideias, que devemos transformar em algo útil e real. Você, que está lendo este livro, por exemplo, pergunte a si mesmo: quantas vezes ouve falar em política por dia? Quantas vezes toca o assunto? E, quando se permite fazer um 13 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. comentário (observe que, na maioria das vezes, é de forma negativa ou depreciativa), você o faz sem saber ao certo o que diz ou, simplesmente, repete o que todos, normalmente, já falaram, muitas vezes em função do que está sendo veiculado na imprensa. Não é mesmo? Reproduzimos, diariamente, o que todos já se acostumaram a dizer. Mas, aí perguntamos: discutimos com fundamento? Pare e pense. Realmente, é empolgante ver o povo na rua, gritando e balançando bandeiras. De repente, nos encontramos no meio do movimento: estamos conscientes da nossa participação no processo? Quando dizemos que somos espoliados todos os dias, sabemos dizer por quê? Os estudantes, os jovens de uma maneira geral, também têm essa tendência e são taxativos, quando dizem: “lá em casa as coisas estão apertadas”. Eu pergunto: por quê? Você sabe que é você, leitor, que tem poder decisório? E que, também, é responsável pelos erros que os nossos homens públicos cometem? Você sabe para onde vai o dinheiro que você recolhe e como ele é dividido? Como é usado e como você contribui para o desenvolvimento e a manutenção do Estado? Quando me refiro a Estado, quero dizer poder público de uma forma geral. Vamos ver, no final, que nós, cidadãos, estamos exercendo nossos deveres e nem sempre exercemos os nossos direitos, o nosso poder. Precisamos de ser capazes de entender que temos um poder de “persuasão” igual ou maior ao de qualquer homem público. Aliás, qualquer um pode se tornar um representante do povo, basta querer e atender aos requisitos básicos que a Constituição prevê, mas sabemos, também, que não é tão fácil assim, pois, além de precisar de estar filiado a um partido político, é preciso ter a aprovação dele. O propósito deste livro não é influenciar o cidadão - leitor e eleitor - a se tornar um político (sem descartar, completamente, a ideia de que isso pode vir acontecer), mas, fazê-lo entender o mecanismo, torná-lo 14 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. consciente de que precisa exercer seus deveres e direitos, com responsabilidade. Quero contribuir para buscar sua participação mais ativa e diminuir a passividade, que é o que vem acontecendo com todos nós, há anos, em nosso país. Mostrar que, por meio do diálogo, entre cidadãos comuns, pode-se esclarecer muita coisa e um ajudar o outro a entender o funcionamento da grande máquina pública. No final das contas, somos nós, os cidadãos, os verdadeiros patrões, quando se trata de coisa pública. Quando votamos, estamos escolhendo quem nós queremos que administre o nosso patrimônio, o nosso dinheiro. Isso não quer dizer que, se os homens públicos não são dignos de ocupar o lugar onde estão, a culpa é inteiramente nossa. Significa, sim, fazer você ver que temos não só o direito como a obrigação de cobrá-los por isso. Afinal, eles são mesmos “empregados do povo”, do contribuinte, do cidadão, ou não são? Somos nós quem lhes paga o salário. E, se em determinado momento nos vemos sem opções, porque as caras são as mesmas, mudemos as caras. Vamos indicar os nossos candidatos, vamos pensar nas próximas eleições antes de elas chegarem, vamos escolher nossos políticos pelo que eles produzem, ou pelo que possam produzir. Busquemos neles as qualidades que exigem de nós: honestidade, rapidez, confiança, produtividade, qualidade, quantidade... Afinal, há uma nova ordem econômica, social, comercial e administrativa vigente no globo. E todos têm que se adequar. No final de tudo, o rumo do país será indicado pelo seu, pelo nosso escolhido. Se esse rumo está no caminho certo ou errado, se vai dar certo ou errado, irá depender dos poderes constituídos. Isso mostra o quanto é importante o seu poder unitário (individual) de cidadão e quão grande é a responsabilidade de cada um de nós. Pois é você que é o contribuinte dos recursos e, ao mesmo tempo, o que faz a escolha de quem vai geri-los. O diálogo que ora apresento foi baseado em fatos reais. 15 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. Somos os verdadeiros patrões. 16 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. A barraca do Juca se destaca na feira, é muito limpa e diversificada. Tornei-me freguês dele, há mais de vinte anos, e todo domingo jogo conversa fora, enquanto o aguardo com a lista da semana. Eu estava encostado no balcão, quando avistei o pôster de um determinado candidato pregado numa parede próximo à barraca do Juca. — Eh, Juca! Como estão as coisas por aqui? E o alface, tá bom, hoje? — E, aí, “doutor”! Tá fresquinho, tá fresquinho, vai levar hoje? — Vamos ver... Eh, rapaz, tu já tens candidato? — Eu vou votar no Carlão. (Carlão - nome de um candidato fictício, qualquer semelhança é mera coincidência. A utilização deste nome é meramente ilustrativa). É aquele velho caso, “doutor”, o cara rouba, mas, faz. — Epa! Isso não é bem assim. O cara não tem que fazer e roubar, ou melhor, como tu dizes “ele rouba, mas, faz”. É obrigação dele fazer o negócio direito. És tu quem paga tudo. Tu tens que votar em alguém que faça sem roubar, o recurso é teu, é meu, é do contribuinte. — É, “doutor”, essa é velha. Eles falam sempre a mesma coisa. O discurso é igual e a roubalheira a mesma, olhe só a nossa situação. Me diz só se o Estado está diferente, moderno. Esse pessoal é tudo farinha do mesmo saco. Numa hora, briga com um, noutra hora é com outro, no final das contas estão todos de conchavo. Essa história de política só serve para quem tem ó... (dando a entender que a política favorece quem tem dinheiro). Eu vou votar em quem? Esse, a gente já conhece. — É bem verdade que não temos muita opção. — Pois então! 17 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. — Juca, me diz uma coisa: tu andas de ônibus? — Ando sim. — Então, quanto está a passagem? Quase três reais, né? — É isso mesmo. — Pois bem, dessa passagem que tu pagas, uma parte considerável vai para o bolo do governo... — Bolo do governo? Que bolo é esse? — A gente chama de bolo do governo, mas, na verdade não é do governo, é do contribuinte. Somos nós, cidadãos, que contribuímos, somos nós que pagamos com nossos tributos tudo o que se refere à coisa pública, somos nós os verdadeiros patrões! 18 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. — Eu não tinha essa visão! — Queres ver? Olha só: o dono do ônibus paga o ISS, que é Imposto Sobre Serviço, da atividade dele. Paga também o ICMS, que é Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, sobre as peças que ele compra, paga IPI, que é Imposto sobre Produtos Industrializados, paga imposto de importação, sobre outras peças que não são encontradas no mercado nacional e ele tem que importar. Recolhe o INSS dos seus empregados e paga a parte da empresa. Estes são só os de que eu me lembro, rapidamente. — Cada um desses é um tributo e que vai para o grande “bolo”? — Isso. Na realidade, esse tributo é repassado, mas, quem paga és tu, quando andas de ônibus e entregas os dois reais ao cobrador. — Quando o dono do ônibus abastece e compra o combustível, ele está pagando imposto? — Está. E são vários, o IVV, Imposto sobre Venda a Varejo, é um deles. E assim vai. Queres ver outro exemplo? Vamos lá. Tu comes farinha? — Só como! Já viu paraense sem farinha na mesa? — Então, tu sabias que, quando o cara compra a “farinha nossa de cada dia”, paga os 17% de ICMS ao governo do Estado? Mais uma vez é repassado para o consumidor final que és tu, sou eu, todos os que compram e gostam de comer a farinha. Esse valor vai para um determinado lugar, é o que, mais uma vez, podemos chamar de bolo de tributos, o caixa do governo, o bolo de recursos em todos os níveis. — Que níveis? — São três: no federal - são os recursos da União; no Estadu- 19 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. al - encontram-se os recursos do Estado; e no municipal - são os recursos de cada município, cada cidade. Quem ganhar as eleições tem que gerir bem esses recursos. Deve haver uma boa administração deles. É obrigação! — Seu Zé, eu nunca parei para pensar nisso. Eu sempre paguei impostos, já sabia que eram muitos, mas, assim como o senhor está falando, eu acabo respirando imposto, tributo seja lá o que for! — É verdade. Quer ver outros exemplos? Tu compras carne, frango? (Juca balança a cabeça num gesto afirmativo). Pois é, quando tu estás comendo o teu almoço, a tua janta, ali há imposto embutido, quer seja o ICMS, quer seja outro tipo de imposto. Ele aparece de diversas formas, até embutido lá na matéria-prima utilizada para engordar o frango, para alimentá-lo. — Tudo isso? — E tem mais! Em remédios, roupas, enfim, tudo tem imposto. 20 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. Quem paga é o contribuinte, que é quem compra cada coisa, no final das contas! Outro exemplo: o dono da fábrica tem que recolher e pagar o INSS dos empregados, Instituto Nacional de Seguridade Social, o Imposto de Renda, tudo isso ele transfere para ti nos preços de seus produtos. — Quer dizer que, quando compro a camiseta, a bermuda, a calça, a cueca, o que for... — É isso mesmo, Juca, tu estás entendendo! Por isso é que, na realidade, na realidade pura mesmo, quem está pagando és tu. O Juca da feira! É! És tu quem banca tudo o que existe vinculado aos governos, ou seja, tu estás contribuindo. Por isso, a palavra contribuinte! Cada um de nós contribui com esses recursos que, no final, mantêm toda a máquina governamental. — Mas, para ser mesmo patrão, tenho mesmo que fazer a minha parte? — Claro! Todo cidadão tem seus deveres com a nação! — E quais são esses “deveres” que o senhor diz? — Pagar os impostos instituídos em lei é um deles. — Mas se eu for pagar todos, eu “tô lascado”! — É, Juca, nem todos estão cumprindo suas obrigações... Apesar da dificuldade, é necessário um esforço! — Eh! Patrão. Eu não fazia ideia da importância de nossa classe. — Juca, todo cidadão é importante para este país. — E os que já estão aposentados? — Eles, também. Já trabalharam, já contribuíram. E, mesmo aposentados, continuam a consumir, portanto, a contribuir. — É, se eles não estiverem empregados, mas estiverem comprando, consumindo alguma coisa, também estarão contribuindo? 21 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. — Claro que sim! E, se tu parares para pensar, até as crianças têm parcela nisso: elas têm que comer, vestir-se, estudar e tudo isso é consumo, ou seja, tu compras pra ti e tua família e todos lá na tua casa são consumidores. Já paraste para pensar quantas vezes tu pagas os mesmos impostos? — É, “doutor”, eu “tô lascado”! — O problema, Juca, não é pagar. Pois isso é algo inerente, legal e necessário. Todos temos que contribuir, está na nossa Constituição, nossa Lei maior. O problema, na realidade, se transforma em dois. — E quais são eles? — O primeiro é fazer os teus tributos, a tua contribuição chegar lá para formar o grande bolo dos recursos dos governos... — E o segundo é retornar esse dinheirão todo em benefício daqueles que, realmente, contribuem, em benefício do cidadão. Por exemplo, o sistema de saúde é financiado com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados e dos Municípios, além de outras fontes que tu ajudastes a formar. Será que está, realmente, retornando em benefício do cidadão? Analisa comigo. Na ida dos recursos, tu achas que tudo que é pago por nós, contribuintes, chega lá? — Não sei, nunca pensei no assunto. — Imagina, Juca, duas montanhas formadas por dinheiro do contribuinte. Uma é enorme! Essa seria a formada com todo o dinheiro do contribuinte que deveria, mas, não chega todo lá nos erários. A outra, menor, é a que existe mesmo, é a real. — Essa é a que o senhor diz que é a verdadeira dinheirama toda que nem sempre é usada direito? — É Juca. Apesar de ser bem menor do que deveria, ainda assim 22 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. é uma montanha de dinheiro. A tua parte está lá e é usada para sustentar as necessidades públicas. — Como assim, sustentar, seu Zé? — Estás vendo aquele guarda ali na esquina? (o começo da Av. 25 de Setembro se dá na Av. José Bonifácio, num lugar que tem muito trânsito devido ao comércio movimentado naquela área. Existe farmácia, supermercado, banco, concessionária. Quase todos os dias há um guarda de trânsito na região para tornar o trânsito menos caótico). O salário dele vem daquela montanha de 23 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. dinheiro que te falei, e mais: sabia que és tu quem paga parte do salário dele? — Não, senhor. — O teu dinheirinho não está lá no bolo? — É. Do jeito que o senhor me explicou, está mesmo. — Então! És tu quem ajuda a pagar, assim como o salário dos professores das universidades federais, da rede estadual e também da municipal.... Juca, quem tu achas que paga os salários dos deputados, vereadores, senadores? Aquele mesmo que vem te pedir voto em época de eleição. — Hum. Não. Não me diga! — Digo sim. É, Juca, és tu quem paga, sou eu, o meu vizinho, o teu irmão, somos nós, todos os cidadãos. — Não venha me dizer que até o da polícia, que muitas vezes nos trata mal, com arrogância, o cara ignorante, às vezes, grosso, sou eu quem paga?! — Ah, é sim! Os dos juízes também. — E o salário do pessoal da Prefeitura? — A mesma coisa. — E o pessoal do Estado? — Também. — E o dos ministérios? — Fazem parte também, são todos funcionários públicos. — Então é muita gente! — Se é! — Seu Zé, como eu estava por fora. — É, Juca. Por isso é tão importante ter esse entendimento bem claro na cabeça, de que tudo o que se faz em termos de governo, 24 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. quem está bancando, quem está pagando, é cada um de nós, contribuintes. — Mas eu sou pobre. Eu pago também? — Não pense que só quem paga é gente rica, não. Muito pelo contrário, todo mundo paga. Todos, indistintamente. Até quem ganha um salário mínimo, ou menos. — Como assim, Seu Zé? — Todos consomem alguma coisa, né? — Sim. — Então? — Ah! — E quem ganha um salário maior não pode escapar, porque os 25 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. assalariados pagam na fonte. — Como na fonte? — Já vem descontado no contracheque e, aí, não tem como escapar. Todos pagam, exceto os que têm privilégio na própria Lei, ou os que burlam as leis. Aliás, Juca, os assalariados são responsáveis pelo recolhimento de grande parte do imposto sobre a renda. Outro exemplo: quem ganha um salário já recebe descontado o INSS. Lá se foi um tributo... — Para que é isso?! — O quê ? — O desconto do INSS? — Esse desconto é para gerar um bolo de recursos para bancar a seguridade social, a parte da saúde e mais a parte da previdência: as aposentadorias e as pensões. — E quem tem direito a tudo isso? — Todas as pessoas poderão participar dos benefícios da previdência social, mas, é claro que para isso terão que contribuir na forma dos planos previdenciários.... — É o governo que decide isso, não é? — É. É o governo que nós escolhemos que decide isso. Mas, além do poder executivo, que é o governo em si, o poder legislativo, que nós também escolhemos pelo voto, é quem define as leis a serem cumpridas. — Seu Zé, quais são esses benefícios? — Bem, Juca, a previdência deveria atender à cobertura de eventos de doença, invalidez, acidentes de trabalho, morte, maternidade, situação de desemprego involuntário e outras coisinhas mais. — Então, quem toma conta desse dinheiro todo tem que tomar 26 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. conta direitinho, é nosso esse dinheiro! — Isso mesmo, Juca! E é por isso que a gente tem que saber quem está indo lá pra tomar conta. E é aí que está a grande sacada: somos nós que mandamos. — Por quê? — Porque nós temos uma grande arma na mão. Juca, olha esse cartaz direitinho. A gente tem que votar bem. Nós os escolhemos. Então, na hora de votar, somos nós quem mandamos. São dois momentos fantásticos de poder do cidadão - o primeiro: quando cumpre o seu dever de pagar as contas públicas, por isso tem o direito de exigir melhores serviços. — Seu Zé, que serviços? Exigir o quê? Quando nós vamos a alguma repartição pública, a primeira coisa que fazem é olhar para ver como a gente tá vestido ou se é branco ou preto, feio ou bonito, cheiroso ou fedorento, não é mesmo? — É isso mesmo. E como o serviço é prestado? — Nem sempre é o melhor. Mas, bem que deveria. — Juca, uma das causas deste problema é a falta de informação 27 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. do cidadão. Temos o direito de exigir, sim, um bom trabalho de todas as pessoas do serviço, seja ele funcionário da Prefeitura, do Estado ou da União. Do mais simples “barnabé” ao presidente da República. — Falta-nos coragem. — Temos que conseguir! A palavra mais correta é esta: direito. Nós temos o direito de exigir que nos dêem um bom tratamento, que eles trabalhem em função de todos os cidadãos, e não só de alguns poucos. — É verdade, Seu Zé! — Se é pago pelo cidadão, tem que trabalhar honestamente, dignamente. A relação é como a de um funcionário teu aqui da barraca. — Como assim? — Se tu combinas com ele tantos reais por determinado serviço, então, tu esperas que ele cumpra o combinado, porém, tu não deixas que ele fique ao “Deus dará”. Tu fiscalizas e cobras o serviço, ou eu estou errado? — É assim mesmo. — Então, Juca. É exatamente o mesmo caso. Só que o cidadão não está cobrando, nós não estamos cobrando. Não estamos fiscalizando, não estamos exigindo, não estamos participando. Tu fazes isso? — É... Não faço... — Em função disso, quem está no poder acaba tomando conta da situação. A impressão que dá é que eles nos fazem favor, e os papéis se invertem. — Sabe de uma coisa, não é que é assim! — Uma grande parte de quem trabalha para o povo acha que 28 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. deve fazer do jeito que bem entender, principalmente os de níveis mais elevados, e cabe ao povo obedecer às ordens dos “mestres”. Muitos esquecem de beneficiar os patrões, que somos nós, os cidadãos, e acabam beneficiando a si próprios. E este é outro dos nossos grandes problemas. — Caramba! Isso realmente acontece! É, Seu Zé, mas nem todo mundo tem a chance de escutar e entender tudo isso que o senhor está me dizendo. — Juca, tu consegues entender o que digo, não é? — Consigo. — Pois então, comenta com teus amigos! Com uma simples conversa dentro de casa, com o vizinho, no bar da esquina, enfim, sempre que tiveres uma oportunidade, tu podes ajudar também. — Quer dizer que a força está em nós? — É claro que sim. A força está em nós, temos que nos unir. Se nós não lutarmos por nossos direitos, quem tu achas que vai fazer isso? — Concordo, ninguém. Mas, o senhor falou de dois momentos fantásticos. Qual é o segundo, além do direito de exigir retorno da minha contribuição? — O segundo, e creio que mais importante, é o exercício do direito do voto. — Por que o voto? — Porque é nesse momento que temos o verdadeiro poder nas mãos. Somos duplamente patrões, pois, quando nós votamos bem, escolhemos o melhor. Quando não há o melhor, nós escolhemos o menos ruim, porque é necessário escolher. Mais lá na frente, temos que começar a nos reunir para colocar algum de nós, entende? 29 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. — Como é que é isso? Eu ser candidato? — E por que não, Juca? Tu ou um representante nosso, que seja bom, que realmente conheçamos, que seja capaz de gerir esse bolo que é de todo mundo, essa massa de recursos que foi formada por todos os contribuintes. Então, nesse momento, de novo, o cidadão é o verdadeiro patrão. — É nesse momento que sou o patrão? Mais uma vez? — Também nesse momento. Nesse momento, temos que exercer a verdadeira cidadania, esse direito que felizmente temos e que, muitas vezes, não estamos usando bem. — Como assim? — Deixa eu explicar melhor: quando chega a época de eleição, já sabemos mais ou menos quem vai se candidatar, não é? — É. — Por que tu achas que isto acontece? — Ora, porque são os mesmos, há anos, são as mesmas caras. — Isso! Já conhecemos o trabalho deles, o que eles fazem, 30 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. conhecemos até o modo como eles falam com o povo, de tão acostumados que estamos. — Mas,Seu Zé, como é que se muda isso? — Através de nós mesmos. Eu estou te esclarecendo muitas coisas, né? — Está. — Então! Temos que participar! Podes também levar essas informações a outras pessoas, pois, quando as coisas se esclarecem, fica mais fácil de entender, escolher o que é bom e o que é ruim, além de outro poder que conquistamos. — Que poder é esse? — Porque é nesse momento que temos o poder do raciocínio lógico e individual da percepção! — Voei, Seu Zé... Como assim raciocínio lógico e percepção? 31 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. 32 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. — O poder de entendimento! O que quero dizer é que tu não vais mais deixar que pensem, decidam e escolham por ti, porque indiretamente, de forma bastante sutil, é isso o que ocorre. Mas, não te preocupes, porque isso ainda acontece com a maioria de nós, brasileiros. — Então, é por isso que os nossos representantes investem muito pouco em educação? — Também. Para essas pessoas que só pensam em se aproveitar da situação, é preferível manter o povo ignorante, para que não consiga enxergar as coisas como, realmente, são. — Hum.... — Juca, tu sabes como é composto, digo, de onde vem o dinheiro que vai parar nas mãos do governo e, depois, de que forma esse dinheiro é gasto? — Bem, pelo que eu entendi, o dinheiro sai do bolso da gente. Agora, o que acontece com ele... — Temos que entender perfeitamente como é que é formada essa grande massa de recursos que se diz ser do governo, mas, na realidade, é o nosso dinheiro que está lá. — Agora, eu já começo a entender. — Juca, tu sabias que, no país, só entre tributos, somam-se mais de 50 itens? — Como mais de 50 itens? — Pagamos, desde a limpeza pública, o asfalto que passam na nossa rua, a iluminação das ruas e das praças públicas, até quando se compra aquela vela na porta da igreja em época do Círio de Nazaré (O Círio de Nazaré é uma das maiores manifestações religiosas do Norte do país. Acontece aqui, em Belém do Pará, há mais de 200 anos, todo segundo domingo de outubro 33 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. e reúne, na capital paraense, mais de dois milhões de pessoas vindas de todos os lugares do mundo). A gente pode listar um monte deles. — Pois, então, me explique tudinho! — Sem problema, mas, não vai esquecer da minha feira, olha lá a banana, hein! Semana passada ainda foi verde. — Não se preocupe, “doutor”. O negócio vai sair de primeira, tudo fresquinho e maduro, porque aqui quem paga (contribui) é o senhor. Então, tem o direito de levar tudo direitinho, e eu é que não sou bobo de tentar enganar o senhor, porque o senhor sabe das coisas! — Eh! Patrão. Eu não fazia ideia da importância de nossa classe. — Juca, todo cidadão é importante para este país. — Então, quem toma conta desse dinheiro todo tem que tomar conta direitinho, é nosso esse dinheiro! — Isso mesmo, Juca! E é por isso que a gente tem que saber quem está indo lá pra tomar conta. E é aí que está a grande sacada: somos nós que mandamos. 34 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. Onde há tantos impostos? Quem os institui? Quem os recolhe? 35 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. P ara tu entenderes como são divididos os tributos, devo, primeiramente, te dizer que os tributos divididos em impostos, taxas e contribuições de melhoria. — Ué! Tributo, taxa, imposto não é tudo igual? — Para facilitar o entendimento, eu te direi o seguinte: dos impostos tu não tens como escapar, aquilo que te falei há pouco. Já as taxas, tu só vais pagar o que usares ou for colocado à tua disposição. E a contribuição de melhoria, tu só vais contribuir, quando forem feitas obras públicas que te favoreçam, de uma forma genérica. Cada poder tem uma responsabilidade diferente e capacidade de legislar sobre determinados impostos. — De que maneira? — Assim: a União tem impostos que ela coordena e comanda, como os sobre a importação de produtos estrangeiros; sobre a exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; rendas e proventos de qualquer natureza; produtos industrializados; operações de crédito, câmbio e seguros, propriedade territorial rural, grandes fortunas! — Então, esses impostos são recolhidos e vão para o Governo Federal? — Isso mesmo. — E o resto? — Bem, os Estados cobram impostos em cima de transmissões “causa mortis” e doação de quaisquer bens ou direitos, sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, mesmo que elas se iniciem no exterior; e também sobre a propriedade de veículos automotivos. 36 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. — Haja Deus! — Ainda há os dos municípios que são: IPTU, ISS, transmissão intervivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis por natureza ou a cessão física e de direitos reais sobre móveis, exceto os de garantia. — Seu Zé, o que é intervivos e “causa mortis”? — Intervivos quer dizer entre pessoas vivas, operações, por exemplo, pelas quais eu vendo algo para ti. E “causa mortis” quer dizer quando da morte de alguém. Por exemplo, tu morres, quem vai ficar com os teus bens ou tuas dívidas? Provavelmente a tua família, vai haver uma operação de transferência para eles, porém, tu não vais poder fazê-la, porque já terás morrido. Entendeu? — Então, é assim que se dividem os impostos e quem toma conta deles? — Isso mesmo. — Me dê mais exemplos que sofrem cobrança de impostos, ou tributos, como o senhor fala. — Teu dinheiro que está guardado no banco. — Como? — Através da CPMF, que de vez em quando entra em vigor, que é a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, conhecida como o imposto do cheque, da qual não se tem como fugir. — Por quê? — Porque, como temos que deixar nosso rico dinheirinho no banco, pois aqui fora não há segurança, transitou na conta-corrente: paga-se. — Livra-se quem não tem conta em banco! Mas quem se arrisca? 37 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. — É verdade. E esse funciona bem. Pelo menos quanto ao recolhimento! — Credo! A gente não pode mais nem ter o dinheiro guardado no banco! — A não ser que tu guardes o dinheiro na poupança por mais de três meses, que tu ficas isento. — Ah, tá! O senhor disse que funciona bem? — É porque tudo é automático. Os sistemas bancários é que fazem todo o serviço. A lei é cumprida. — Se for assim como o senhor está me dizendo, por que o governo não deixa só um imposto? Basta aumentar a porcentagem! — É, Juca. Até poderia ser uma saída, pois todos iriam pagar proporcionalmente. — Não é fácil?! Por que não é implantado? — Não, Juca. Não é tão fácil assim. Teriam que acabar com a maioria dos impostos... — Pois então? — Redividir o bolo, acabar com as máquinas arrecadadoras da União, dos Estados e Municípios. — E... — E teriam que alterar a Constituição, mexer com muita gente! — Mas não seria bom? — Pode ser que sim, pode ser que não. Seria, com certeza, uma grande reforma tributária, e, se um dia for feita, como em vários países mais avançados, vamos ter grandes melhoras. — Seu Zé, me diga uma coisa. Eu fui pegar um empréstimo no banco um dia desses e paguei uma taxa. O que é isso? — É o IOF, Imposto sobre Operações Financeiras, todo mundo paga quando toma dinheiro emprestado. Ok?! Me pergunta qual- 38 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. quer coisa que tu achas que paga mais imposto. — Hum... o feijão e o pão? — Ambos sofrem a incidência de impostos, há o ICMS, que é o imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços, além de outros. — E o macarrão, o arroz, o óleo de cozinha? — Também. — Posso perguntar outras? — Vai lá, Juca. — E o óleo do carro, a escola? — A mesma coisa. A escola é um caso à parte, pois, por ser uma instituição de ensino, ela é isenta de alguns tributos. Quando ela é escola de governo, ela não paga nada. Porém, quando ela é particular, aí pagamos, através da mensalidade, o INSS dos professores, o FGTS, que é o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, e outros. — Dê-me outros exemplos. — O papel para embrulhar o pão, o papel higiênico. 39 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. 40 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. — É Seu Zé, no final, tudo o que compramos tem imposto, não é? — Existem exceções, como os livros, os jornais, os periódicos que são as revistas, gibis etc. Mas, são muito poucos casos. Quer ver outra coisa que adoramos fazer e aproximadamente 85% do que pagamos vai para as mãos do governo? A cervejinha! Dos 600 ml de uma garrafa, 510 ml são para pagar tributos ao governo. É mole? — Não brinque! — É, Juca, e o cigarro... — O cigarro também? — Hum, o cigarro tem tributos altíssimos e não deveria ser diferente, pois assim como a bebida, tem muita gente que gosta mas faz mal à saúde e é considerado supérfluo. — O que é supérfluo? — É tudo que não é essencial. — E o que é essencial? — É o básico para a vida, como: comida, moradia, saúde, educação... — Tá certo. — Tudo o que se pode imaginar tem tributo. Tu pagas IPTU? — Pago. — Bem, o IPTU, Imposto Predial e Territorial Urbano, é um imposto para a prefeitura que o recebe e o investe, ou deveria investir, em obras e serviços para a população, que seria melhor aplicado, se fosse decidido com a participação da própria comunidade, em forma de Orçamento Participativo do Município (a comunidade escolhe onde e como a prefeitura deve investir. Cabe dizer que é uma iniciativa que já esta sendo praticada em vários municípios brasileiros. Belém, na atual administração, é um deles). 41 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. — E quem tem carro? — Bem, esse tá ferrado! — Por quê? — Porque, além de todos que já se pagam, ainda estão querendo instituir um tal de imposto verde. Se nós, cidadãos, não nos mexermos, vão meter mais uma vez a mão no nosso tanque, quero dizer no nosso bolso! — Mais imposto? — É. Quem tem carro tem uma despesa enorme... — Tem que mandar lavar o carro... — Tem que fazer sempre revisão, isso sem contar o seguro, pois como não há segurança, temos que fazer o seguro. — Ainda roubam calotas... — Retrovisores, amassam ou riscam. E quando batem e não se responsabilizam? — Somos nós que arcamos com o prejuízo. — Além de tudo isso, paga-se o IPVA do carro, Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores. — Que vai para quem? — Para o governo do Estado e que ajuda a manter o DETRAN e as estradas estaduais. — Ah, sim, entendi. — Me diz uma coisa, Juca, quando tu pretendes te aposentar? — Ih! Doutor, do jeito em que as coisas vão... não tenho ideia de quando isso vai acontecer, se acontecer! — Mesmo assim, sem saber se vais te aposentar tu pagas o INSS, não pagas? — É, pago. Como autônomo. — Este é um imposto para o Governo Federal, recolhido em todas 42 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. as cidades, Estados, Distrito Federal e repassados para a União, para o Governo Federal. — O que é Distrito Federal? — O Distrito Federal é a capital do país - que um dia foi o Rio de Janeiro, chamado Estado da Guanabara, mas agora é Brasília, localizada num cantinho do Estado de Goiás. Vê bem, Brasília é a capital do país. A capital do Estado de Goiás é Goiânia - das duplas sertanejas! — É lá que está o centro de poder do país? — É isso aí. É lá onde são tomadas todas as decisões importantes do país. — Égua, é muita coisa. Continue, continue falando, porque o negócio tá bom... sabe como me sinto, “seu “ Zé? — Como, Juca? — Como se eu estivesse numa escola ou faculdade dessas aí! Aprendendo todas essas coisas! — E aí, Juca, tinhas ideia de tudo isso? E assim vai... De fim de semana a fim de semana, tu vais aprendendo! — É bom ficar sabendo das coisas! — Quer que eu continue no assunto? — Só quero. Isso muito me interessa. Principalmente, agora que sei que é meu dinheiro que está em jogo! — Pois agora que já te falei dos impostos, vou te dar exemplos das taxas e contribuições de melhoria, para saberes diferenciar e explicar para outras pessoas. Mas, vamos ter que deixar para o próximo domingo, pois tenho que levar as compras para casa. Égua - expressão demais usada em todo o Estado do Pará. É um tipo de linguagem típica da região Norte que, dependendo da entonação, pode demonstrar surpresa ou repúdio. Equivale ao “Ba!” do Rio Grande do Sul, ao “Maneiro!” do Rio de Janeiro ou ao “Puta, meu!” de São Paulo 43 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. Taxas e contribuições de melhoria. Entendendo a diferença. 44 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. — E aí Juca. Tudo bem? Como vão as coisas? — Estão indo. Tenho esperança de que melhorem. — Continuas interessado na nossa conversa do domingo passado? — Se continuo? E muito. — Bem, então vamos lá. Eu gostaria de saber se onde tu moras a rua é asfaltada. Tem luz e água normalmente. — A rua onde eu moro é toda bacana, iluminada e tudo, seu Zé. — Legal. Quem fornece energia elétrica para iluminar a cidade é a CELPA, Centrais Elétricas do Pará, a estatal que foi privatizada em 1998. Ela vende energia para as prefeituras e, como somos nós quem usufrui, somos nós quem pagamos toda a conta. Observa a conta, ela diz assim: taxa de iluminação pública: xis Reais. — É mesmo. Eu ainda não tinha me ligado... — As obras que ocorrem no teu bairro, na tua rua, os buracos que cobriram, a avenida que asfaltaram, os postes que instalaram, tudo isso foi pago por ti, também. — É por isso então que aparece escrito na conta de água: esgoto. É para limpeza, que pouco ocorre... Agora eu entendo. — O objetivo é a limpeza, manutenção, enfim. — Diga-me outros. — Observe o carnê do IPTU, veja o que diz lá. — Eu acho que eu estou com ele aqui, paguei ontem e deixei na carteira. — Pois então tira ele aí... — Fala lá atrás que ainda há taxa de urbanização. — Seu Zé, é muito imposto mesmo. De tudo, né. Como é que o governo consegue tomar conta disso? — O que tu queres dizer com tomar conta? 45 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. 46 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. — Como é que eles fiscalizam tudo isso? — Ah! Isso é o seguinte: qualquer pessoa que use, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens ou valores públicos, deverá prestar contas. — Mas assim fica fácil, se o cara não quiser dizer tudo o que ele faz ou o que tem, ele não diz. — Não é bem assim. Primeiro, essa prestação de contas é obrigatória a todos. Eu, tu, as empresas, as indústrias e tudo o que é público também, como os governos, as empresas que o governo tem etc., todos somos obrigados a prestar contas, informar ao governo. É a lei que prevê isso. Caso contrário, fica difícil controlar, concordas? — Ainda assim, não fica difícil? — Juca, tu estás esquecendo dos fiscais, dos auditores, desse pessoal que controla tudo... — Caramba! É mesmo. — Pensa bem, tu não sabes tudo o que tem na tua fruteira? — Sei. — Se alguém comprar mais frutas para revenda, tu não vais saber que teu estoque diminuiu? — Entendi o que senhor quer dizer. — Fora isso, existe algo chamado escrituração fiscal. — Seu Zé, eu não sei nem por onde isso vai... — (gargalhada) As pessoas jurídicas são obrigadas a fazer uma escrituração fiscal. Elas preenchem documentos e livros exigidos por leis em vigor e repassam essas informações ao governo. — Para quê? — Para o governo poder ter a apuração, controle e fiscalização dos impostos devidos e recolhidos. Nenhuma pessoa jurídica 47 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. está dispensada da escrituração fiscal. — Como assim, pessoa jurídica? — São as firmas, empresas, indústrias, lojas, supermercados. São chamados assim para diferenciar pessoas comuns como eu, tu, das empresas, pois os impostos e as obrigações, direitos e responsabilidades são diferentes de um para o outro. — Agora!!! Poxa, seu Zé, eu fico aqui pensando... Há tanta gente por aí que não tem a oportunidade de saber de tudo isso, de ser esclarecida, que até mesmo tem vontade de mudar, fazer alguma coisa, mas sozinha não conseguiria mudar de ideia em relação à política. — É, Juca, as pessoas menos esclarecidas e, principalmente, os pobres acreditam que não têm grande valor. Que as opiniões delas não vão fazer nenhuma diferença. E isso é muito errado, mas creio que posso ajudar. — Como? — Escrevendo tudo o que conversamos e algo mais para esclarecer. — Mas há gente que não sabe ler... — Alguém pode ler para elas e... — E... — Eu tive uma ideia brilhante! Aguarde e verás. — Qual é? Lá vem o senhor com novidade! — Aguarda! Vou conseguir falar sobre isto que conversamos com muito mais gente! — Juca, tu achas que é só isso? — Ainda há mais? — Muito mais. O dinheiro do contribuinte, o teu, também, mantém fundações e sociedades instituídas. Aqui nasceu a ideia de escrever esse livro. 48 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. — Como museus, abrigos e casas de recuperação? — Isso mesmo. — O teu dinheiro também é repassado para projetos, instituições e serviços como o SEBRAE, SESI, SENAC, SESC... E nem sempre são bem aplicados. — E como é que nunca dá para o governo resolver os problemas da gente? — Porque acontecem alguns problemas de percurso naquela montanha de dinheiro de que te falei. Tanto na ida quanto na vinda dele. — Ah, tá! — Depois eu te mostro, porque que ele não chega integral lá. Tudo isso cada um de nós, cidadãos, precisamos entender com muita clareza, para podermos exercitar aquele direito sagrado de ser o patrão. — Égua! Quer dizer que sou eu mesmo quem contribui até para o salário do presidente? — Mas é claro! Nem que seja com 0,00...1 centavo, tu estás participando daquele bolo. — Pois então me explique tudinho! — Com certeza! — Então, “seu Zé”, agora, que muita coisa foi esclarecida, me diga como esses recursos são repassados e porque eles não chegam todos completos para formar o grande bolo. — Tudo bem, Juca. Vamos lá. O governo deveria recolher uma quantidade de dinheiro superior à que ele recolhe. A legislação prevê isso. — E por que não recolhe? — Porque acontecem algumas omissões, alguns descaminhos 49 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. com esse dinheiro e, muitas vezes, cooperamos para que isso ocorra. — De que forma? — Quando alguém vai a uma determinada loja, ao pagar a conta, o balconista pergunta: “com nota ou sem nota?”. “Com recibo ou sem recibo?” Pois sem nota há um pequeno desconto. Não acontece isso? — É, já aconteceu algumas vezes comigo, mas o que isso quer dizer? 50 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. — Isso significa, e muita gente sabe que, quando não se emite nota fiscal, é porque o dono da loja não está recolhendo os impostos para o governo sobre aquela venda, ou aquele serviço. — Mas, ele cobra da gente? — Olha só a esperteza de quem faz isso: o cara, quando define o preço de qualquer coisa que ele vende, já está repassando o imposto sobre a mercadoria para quem vai comprá-la. — Daí, quem compra, paga os impostos e, quando o dono da loja não emite nota, quem fica com o dinheiro do contribuinte é ele, e não o governo? — Exatamente isso. O cara lucra duas vezes e quem sai no prejuízo somos nós. — Que malandragem! E o papo do desconto? — É a maior furada... É mais ou menos um “cala boca”. E olha que somos muitas vezes coniventes com isso. É engraçado quando a gente pede a nota e eles dizem que a boleta acabou...(risos). — Ah! Então é por isso que aqui o governo faz a Raspadinha do ICMS? (Em alguns Estados, os governos se utilizam desse mecanismo para fiscalizar o recolhimento dos impostos e diminuir o prejuízo provocado pela prática da não emissão de notas fiscais. A raspadinha serve de incentivo à população, que, concorrendo a prêmios, acaba cooperando com o governo). — É isso aí. O governo pede que a população ajude, solicitando a nota. Assim, ele pode fiscalizar melhor, obrigando as firmas, empresas, lojas, enfim, a recolher os impostos devidos que o consumidor já pagou, podendo perceber as tais “notas frias” e a sonegação. Fica um pouco mais fácil combater tudo isso. — É. E a gente ainda concorre a uns prêmios... — E o governo procura evitar mais a fuga de dinheiro de seu 51 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. E os recursos, para onde vão? O que eu posso fazer para mudar ? cofre. Os donos das lojas dizem que, se repassassem todos os tributos que deveriam, os preços ficariam muito mais altos e ninguém compraria. — Mas essa é a lei, não é? Paciência! — Talvez tenha que mudar! Aliás, todos esperam por essas mu- 52 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. danças. — É. Mas seu Zé, não é só desta forma que o dinheiro é desviado, né? — Claro que não. Existem muitas outras formas de desvio. Com certeza, tu já ouviste falar que o brasileiro dá jeitinho para tudo, ou não? — Muitas e muitas vezes. E olha que dá mesmo! — É. Pena que algumas vezes esse jeitinho acaba contribuindo para que o país continue na situação difícil em que se encontra... — É verdade. Mas quem fiscaliza também tem sua parcela de culpa, não tem? — Tem. Mas para e pensa: se não fossemos coniventes com isso, não ocorreria mais, concordas? — Como assim? — Se as pessoas fossem mais sensatas, não teríamos tantos problemas de honestidade no país, não é? — É aquele negócio, o velho ditado: a ocasião faz o ladrão... — Não sei se é por aí, Juca. — Seu Zé, se o senhor estivesse lá, o senhor não ia aproveitar? — Não, Juca, isto tem que acabar! Além disso, eu não iria conseguir dormir pensando que eu estaria passando a perna no povo que votou em mim, na minha mãe que é aposentada, em amigos que fazem um sacrifício danado para pagar as contas em dia... Tu conseguirias? — Eu não ia conseguir ser tão egoísta. E ainda podia ser preso, né seu Zé? — Pois então. Muitas pessoas perderam a capacidade de se preocupar com o ser humano. De olhar para o lado e, no mínimo, ver que há gente sua participando do processo. Ou seja, deixar de 53 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. pensar só em si próprio e pensar também no coletivo. — Seu Zé, estou começando a aprender o que é realmente ser cidadão! — É, Juca. Precisamos resgatar alguns valores. — Bem, Seu Zé. Como é que fica essa dinheirama toda? Como é que ela é gasta? É muito dinheiro, não é não? — Ah, sim, Juca! É muito dinheiro. É dinheiro que nem ladrão acaba. — Vê lá! Olha que os homens estão acabando com isso aí. — Não, não. Não é bem assim. — Me explique como é que funciona isso aí. — É o seguinte. O governo traça um plano do que ele vai fazer com o dinheiro público para cada ano. Isto é chamado de orçamento da União. — Só do Governo Federal? — Não. Envolve todos os governos, tanto o federal, quanto o estadual e o municipal. É feito um orçamento do recolhimento do dinheiro e outro, para o repasse. — É a partir disso que eles vão dizer para onde vai o nosso dinheiro? — É, é isso mesmo. O orçamento vai informar quantos milhões ou bilhões serão destinados ou aplicados na educação, na saúde, na ciência e na tecnologia, no turismo, na indústria, no comércio, na agricultura, para financiamentos e outros. — Para quem o governo entrega esse dinheiro? — Esse dinheiro ou verba é repassado aos ministérios. Porém, quando é repassado, também sofre alguns descaminhos e não chega na íntegra ao seu destino. — Como? Explique melhor isso. Me dê um exemplo. O dinheiro 54 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. 55 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. da educação que o senhor falou... Como não chega? — Alguns milhões ou bilhões são destinados à educação, sim, mas o que eu estou querendo dizer é o que acontece realmente, é que, às vezes, há uma verba destinada a determinada escola, seja para construção, seja para reforma. A licitação é feita, porém, acontece o superfaturamento da obra. — Superfaturamento? É aquele negócio de dizer que a obra custa “tanto” e os caras pagam “muito mais” e ficam com uma boa parte da grana, né? — É, Juca. É isso mesmo. O mesmo ocorre com a merenda escolar. Chegam a cobrar duas ou até três vezes mais do que, realmente, vale! Por isso, falta merenda em outras escolas, pois a grana gasta com uma escola dava para duas ou três. É por isso que dizem que o dinheiro da educação não chega às escolas. — Agora eu fico só imaginando o tamanho do rombo nos cofres públicos, acho que nem eles, ao certo sabem. — Tudo isso tem que ser fiscalizado por nós. — Por nós? Como? — É claro, Juca. Nós é que contribuímos, nós, os cidadãos. Nós que formamos o bolo, a montanha de dinheiro. Temos que participar, saber como funciona, cobrar as obras que prometem, observar os prazos estipulados, denunciar o que estiver errado. Não há outro jeito. — Sim, como é que se gasta mais esse dinheiro? — Bem, há ainda as estatais. Ouvimos falar nelas, não é? — Ultimamente então! — Juca, somos nós que mantemos as estatais. Quando elas dão prejuízo, nós quem arcamos com as despesas. — Isso não é justo! É por isso que o governo quer vendê-las? 56 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. — Essa é uma questão muito delicada, não é? — É, eu já soube que o governo andou privatizando o que dava lucro como a Vale e a Embratel. Como o senhor me explica? — É verdade, Juca. Também não sei, é difícil dizer o porquê de determinadas atitudes. — O dinheiro não apareceu e as que dão prejuízo, ele ainda não conseguiu se livrar por completo... — Essas empresas continuarão absorvendo parte do dinheiro que é teu, que é meu, que é do contribuinte, por que ficar gastando só para manter as empresas falidas? — É complicado, não é, seu Zé? — Poxa, se é! A não ser que essas empresas propiciem grandes benefícios sociais... — Mas, continue a me dizer com que mais se gasta esse dinheiro todo. 57 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. — Veja bem: o orçamento é todo dividido. O dinheiro vai também para a construção, a pavimentação e a manutenção de estradas por exemplo — Estradas esburacadas, diga-se de passagem... — É, Juca. O mesmo caso da educação. Verba há, mas, nem sempre chega ao seu real destino. — Será que há gente segurando verba no caminho, ficando com ela ou parte dela? — Olha, pelo que ouvimos e lemos, isso pode estar acontecendo. Tu não tens visto os escândalos na imprensa? Porém, Juca, não se pode tirar um por todos... — O que o senhor quer dizer com isso? — Quero dizer que, por mais que existam aqueles que não fazem muita coisa ou fazem coisas indevidas, existem também grandes homens trabalhando e lutando com seriedade por nós! — É. Não temos como não dizer que muita coisa já conseguimos de bom... — Pois então! Por mais que sejam poucos, não podemos esquecê-los. — É, ainda há gente honesta nesse mundo. — Há sim. O que precisamos fazer é colocá-las cada vez mais lá. — Tem razão. Mas... e a saúde, seu Zé? Há tanta gente sofrendo. As pessoas morrem nos postos de atendimento. — Juca, quando dão essas notícias, elas nem chocam mais a gente, não é? Talvez seja um dos maiores problemas. — Por quê? — Porque as pessoas se acomodaram com essa situação. As notícias se repetem todos os dias que não indignam mais ninguém. Tu te chocas ao ver alguém dormindo nas calçadas? 58 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. — Já é tão comum... — Está vendo só! Isso está ficando cada vez pior, e esse foi só um exemplo genérico. — Mas qual é a diferença entre aceitar e ficar indignado? — A diferença está na atitude e nas consequências. — Como assim? — O que tu fazes quando aceitas determinada situação? — Nada. Só aceito. — Pois é. E qual a consequência? Tudo continua a acontecer da 59 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. mesma forma que já vinha acontecendo, não é? — É. — Mas, se algo te indigna, te incomoda muito a ponto de tu não aguentares. O que tu fazes? — Tento mudar o que me irrita, faço alguma coisa para que deixe de me incomodar. — E quando tu consegues? — A sensação é de alívio, prazer, satisfação. — Percebes agora a diferença? — Percebo. Mas, e se dá errado? — Aí eu te pergunto: e se dá errado? Tu desistes facilmente ou continuas lutando contra aquilo? — Geralmente, continuo lutando até conseguir e, se não consigo, pelo menos, penso que fiz o que pude. — É isso aí, Juca. Essa é a mentalidade que nós, povo brasileiro, temos que ter. Precisamos de força, determinação, otimismo. — O senhor, mais uma vez, tem razão. — Política é algo legal, interessante. Só que as pessoas ainda não conseguem ver isso. — Começo a mudar a minha maneira de ver as coisas, principalmente a política. Mas, continue lá. — Ok. Vamos continuar. Tu já ouviste falar dos incentivos fiscais? — Já, não é aquele lance do cara não ser cobrado durante um tempo, algo assim? — É por aí. A empresa é isenta durante algum tempo ou seus impostos são menores, ou ainda o governo financia ou empresta dinheiro a juros baixos, para que ela possa se firmar crescer, produzir, gerar empregos, enfim. O governo incentiva... — Com um incentivo desses até eu melhoraria minha barraca... 60 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. — Com certeza já ouviste falar em SUDAM, SUDENE... — Já, mas não entendendo direito. — Elas eram as superintendências de desenvolvimento de algumas regiões. No caso da Amazônia e do Nordeste, tiveram seus nomes alterados, em função de enormes escândalos de corrupção, para ADA - Agência de Desenvolvimento da Amazônia e ADN - Agência de Desenvolvimento do Nordeste, respectivamente. E depois voltaram a ser SUDAM e SUDENE. Elas também controlam esses incentivos fiscais, decidindo e fiscalizando que projeto apresentado deve receber os incentivos do governo. Elas servem como uma espécie de coordenadoras. — Entendo. — Mas o que tem a ver isso com o rombo? — É o que eu vou te dizer agora. Muitos caras pegam esses incentivos e não fazem nada ou utilizam para outros fins, entende? 61 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. Alguém se beneficiou, mas, a Região, não. E por aí vai, vão fazendo rombo. — É um aqui, outro ali... — E a somatória desses rombos é um buraco que não tem tamanho, onde muita gente meteu a mão. — É por isso que o dinheiro não dá para fazer outras coisas! E aí a gente tinha que pedir dinheiro emprestado aos gringos? — É exatamente isso. Por isso falava-se tanto em dívida interna e dívida externa, pois o governo tinha que tomar dinheiro emprestado para bancar o seu orçamento. Primeiro, porque aquela montanha de dinheiro que deveria chegar não chegou ao governo. Segundo, porque o montão de dinheiro que se arrecada não era aplicado corretamente e era gasto de forma inadequada, não chegando, na sua totalidade, ao destino que lhe foi proposto. — Sim, Seu Zé, então é assim que se gasta o dinheiro que todos nós, cidadãos, contribuímos? — Assim mesmo. — É, Seu Zé, eu começo a entender, quando o senhor diz que eu sou patrão. Quem diria, hein? O Juca da feira!! Dá até vontade de rir, mas, começo a ficar orgulhoso. Tô entendendo as coisas... Mas como devo me comportar? Como fazer jus ao meu papel de cidadão e patrão? — Bem, Juca. Tu deves ter um bom entendimento de tudo que te falei, e não ficar à par das notícias do Brasil, do Pará, da tua cidade, da nossa bela Belém. Tu tens que começar participando assim: tomando conhecimento do que acontece ao teu redor. É a primeira coisa. — É mesmo. Uma vez me chamaram de alienado, agora entendo por que disseram aquilo. Eu vivia meu mundo e esquecia que ha- 62 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. via um outro bem maior e que também fazia parte dele, mas não me importava com isso. — É. E , na verdade, o teu mundinho, de que tu falaste, é completamente influenciado por esse outro maior em que vivemos eu, tu, todo mundo. — Mas não quero fazer só isso. Quero mais. Como é que eu faço? — Outra forma de exercer esse poder é conversando com outras pessoas que pensam, como tu estavas pensando. Agora, já pensas diferente, porque estás entendendo melhor como funcionam essas coisas públicas, de governo, de recursos, cidadania... Conversa com teu irmão, com o teu vizinho, tudo o que entendeste. E, quando fores por aí, observa, faz crítica construtiva e, quando for teu direito, exige! — É isso mesmo! Devo contribuir também dessa forma. Não posso querer segurar essas informações, vou ter que passá-las em frente! — Mas, Juca, tem sempre em mente que tu estás conversando e agindo com pessoas e elas têm seus problemas e seus sentimentos. Por isso, quando tu fores falar com alguém, para reclamar qualquer coisa, não o faças de forma grosseira, não xingue, não brigues. Isso não leva a nada. — Eu vejo muito isso aqui na feira. Nós temos que engolir a raiva e resolver as coisas em paz. Caso contrário, nós não chegamos a lugar nenhum, o senhor tem razão! O que mais posso fazer? — Tu deves votar melhor, escolher melhor, analisar os prós e os contras... Sim, Juca, as minhas compras já estão prontas? Soma lá, olha lá direitinho, não vai te enganar na conta aí... — (risos) Opa, seu Zé, deixe comigo. Deixe que esse negócio de conta agora é tudo direitinho aqui. Não há enganação do cliente, 63 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. ele é quem paga, por isso, aqui na minha barraca, o cliente é o patrão. — Pois assim como os teus clientes são os patrões que tu tens, tu, também, és o patrão, pois és um cliente mais do que especial, tu és o contribuinte da Nação. S aí da barraca do Juca e fui até a minha casa pensando sobre tudo o que conversamos. E aquilo não saiu de minha cabeça. Muitas coisas aconteceram naquela semana, mas, a vontade de documentar aquele papo não esmoreceu. Passei horas, pensando como poderia tornar a minha ideia real e acessível a muita gente, sem ferir ninguém, nem magoar, ou sequer, deixar algo mal esclarecido. Tentei encontrar a melhor maneira de resgatar o cidadão, às vezes adormecido, que há dentro de nós, a maioria dos brasileiros. 64 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. 65 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. Todos devem partilhar a experiência. 66 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. Pensei várias vezes na possibilidade de o Juca não ter levado nada do que conversamos em consideração ou, simplesmente, ter absorvido apenas aquilo que ele achou que devia. Mas, isso não aconteceu. E me deu mais ânimo, ainda. O domingo chegou novamente e fui à feira como de praxe. Lá estava o Juca fazendo uma das coisas de que mais gosta e sabe fazer bem: amigos. Os fregueses do Juca já não vão à barraca apenas para comprar, mas, para bater um papo, saber como as coisas estão indo. Ele, realmente, é uma “figura”. Entretanto, notei que o cartaz pregado na parede próxima à barraca do Juca não estava mais lá. O Juca o tinha retirado e não havia escolhido, ainda, o seu candidato. Não que esse fosse o meu propósito, mas, serviu para me dizer ou me mostrar que o que nós havíamos conversado tinha surtido efeito. O Juca parou para pensar em política. Se a escolha dele estaria certa ou errada, pelo menos naquele momento, não importava. O que mais importava era o fato de ele ter analisado, pensado bem, antes de decidir. Aquilo me deixou orgulhoso, provou para mim o que eu tentava provar ao Juca. Que nós podemos mudar, quando quisermos. E mais: pensar e falar sobre política de uma forma agradável, sem que isso se torne um martírio. Dei uma volta na feira, provei alguma frutinhas e parei na fruteira do Juca. Ele veio sorridente: — Bom dia, Seu Zé. Trouxe a listinha? — Bom dia, Juca. Trouxe, trouxe sim. Aqui está. — E aí, Seu Zé, contribuiu muito essa semana? — Como assim, Juca? — Como “como assim”? O senhor não consumiu nada esses dias? Nem refrigerante? 67 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. — Ah! Contribuí, sim. É Juca, estás ligado mesmo! Estás “captando” toda a mensagem. — É, seu Zé, e não sou só eu. Já andei conversando com o pessoal lá de perto de casa.... — E aí? — E aí que eles também não tinham ideia de como as coisas aconteciam ou deveriam acontecer. — Eles mostraram interesse no assunto? — E como! — Seu Zé, lembrei do senhor esta semana! — De que forma? — É que eu fui ao DETRAN e o rapaz que me atendeu não estava me atendendo bem. Talvez porque eu estava vestido com roupas simples. — E aí? — Eu criei coragem e disse bem baixinho para ele: sabias que sou eu quem ajuda a pagar o teu salário? — E o que aconteceu? — Ele ficou espantado e respondeu: não, quem paga o meu salário é o governo do Estado. Aí, eu disse para ele: mas quem ajuda a formar a verba do governo sou eu, com meus tributos. — E o rapaz? — Não é que ele se tocou! Acho até que ele ficou com vergonha, porque havia outras pessoas. — Bem Juca, já estás atuando, e isso é exercer teus direitos de cidadão, é exercer tua cidadania. E... Ué! Cadê o cartaz? — Que cartaz? Ah! O cartaz do (meu) ex-futuro candidato? — Vejo que o Carlão perdeu teu voto... 68 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. — É Seu Zé, eu andei pensando no que conversamos semana passada e parei para refletir. Resolvi não me precipitar. Mas ainda não decidi para quem vai meu voto. — Que bom que tu paraste e pensaste no assunto! — É, me senti mais importante, depois do que o senhor me falou e percebi que, para as outras pessoas se sentirem assim e se respeitarem como cidadãs, elas devem entender e ouvir o que agora já sei. — É, Juca. Tu já estás falando como político. — Eh, doutor, não tô falando que nem político. Tô falando como uma pessoa que já entende do assunto! — Égua, Juca. Estou gostando de ver... Isso é muito importante. O cidadão esclarecido sempre estará fazendo uma espécie de controle social. E, quando tudo isso acontecer, nos orgulharemos de nós mesmos, brasileiros. — Agora antes de votar, quero pensar bem e escolher direitinho, observar, refletir. Não dá pra escolher o próximo representante do povo assim, de qualquer maneira, como se escolhe banana... — Isso, Juca. Nem banana a gente escolhe assim, pois corre o risco de levar podre, né? (gargalhadas). — É isso aí, Seu Zé! E o senhor nem sabe... — Qual é a novidade? — Vou participar da campanha de coleta de alimentos para umas famílias que perderam tudo nas enchentes dos nossos rios da Amazônia. — É, Juca. Começas a trabalhar teu lado solidário, a união faz a força! Infelizmente, temos que nos ajudar. — Infelizmente?! — Eu digo isso, porque, se tudo funcionasse como deveria, nin- 69 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. guém precisaria dessas campanhas, a não ser em caso de catástrofes. — Até mesmo da fome? Da seca? — É, sim. Se os projetos saíssem do papel, se o nosso dinheiro não fosse desviado, se fosse bem distribuído... — O senhor participa de algum tipo de campanha? — Se participo! Além das ajudas nas campanhas da igreja, eu trabalho em cima de um projeto que idealizei para a cidade. — Um projeto para a cidade toda? — É. E não só para ela, para o Estado. — É sobre o quê? — Educação, Cidadania e Turismo. Refere-se a muitas coisas, como a limpeza da cidade, o embelezamento dela, a preservação do seu patrimônio histórico, ao bom tratamento ao turista, enfim, um monte de coisas exequíveis e extremamente simples, feitas pela própria sociedade, mediante uma grande rede de parcerias. — Exe... o quê? — Exequíveis. De fácil execução. — Égua, seu Zé. O senhor é porreta! Gosta que só de Belém! — E olha eu não sou daqui... — De onde o senhor é? — De Santarém. — Não acredito. O senhor é mocorongo! — É, sou. Mas amo Belém, também. Sou um pouco dos dois Mocorongo - expressão utilizada para os nascidos em Santarém; refere-se à tribo de índios que se localizava na região. Santarém - cidade localizada no oeste do Pará, conhecida pelas belas praias de água doce, às margens do rio Tapajós, um dos rios mais belos do mundo. 70 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. 71 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. lugares. Nós temos que resgatar e desenvolver o amor pela cidade em que a gente vive, Juca. Isso não é só cidadania, é também patriotismo, quando se fala em termos de Brasil. — Seu Zé, me diga uma coisa: o senhor acha que o Brasil tem jeito? — Claro que sim, Juca. Vê bem: tu já não estás entendendo como são as coisas no país? — Com certeza! Depois desses nossos papos... Já estou muito, mas, muito mais esclarecido! — Então, Juca! Vamos esclarecer mais pessoas, vamos mudar a cara do nosso país! Não esqueças de que tudo começa com o voto. Isso é importantíssimo! — Bem, esse para mim não é mais problema! — Então me diz em quem vais votar? — Seu Zé, meu voto ainda não tem candidato, mas tenha certeza de que, a partir destas eleições, ele vai ser bem mais que consciente! — Falou, Juca! (apertando as mãos) Vamos às compras... — Vamos às compras! Depois de alguns dias, conhecemos os nossos novos velhos homens públicos e, sempre que eu voltava à barraca do Juca, o encontrava com uma novidade política. O lado social dele aflorou com muitas outras pessoas que o próprio Juca ajudou a resgatar. Você, que acabou de ler este livro, pare e pense na sua responsabilidade, na sua posição de cidadão. Mas não deixe que fique só nisso. Seja um pouco Juca. Aliás, doravante, seja sempre o Juca. Resgate outros cidadãos adormecidos, mas, comece por você. Não esqueça: Senhor Cidadão, Você é o Patrão! 72 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. Caro Cidadão leitor, Minha esperança é de que cada cidadão que venha ler o livro “Senhor Cidadão, você é o patrão”, passe a atuar no “organismo social” brasileiro, como os anticorpos atuam em nosso próprio organismo, eliminando os corpos estranhos (vírus, bactérias, fungos, etc...). Se conseguirmos formar milhões e milhões desses anticorpos, estaremos contribuindo enormemente para a melhoria da saúde do nosso Brasil, hoje, bastante debilitada com todos os males que lhe acometem. O autor, José Olimpio Bastos. 73 Senhor Cidadão, Você é o Patrão. Nas próximas eleições, meus candidatos serão sempre melhor avaliados. Afinal de contas, eu sou o Patrão! 74 — O poder de entendimento! O que quero dizer é que tu não vais mais deixar que pensem, decidam e escolham por ti, porque indiretamente, de forma bastante sutil, é isso o que ocorre. Mas, não te preocupes, porque isso ainda acontece com a maioria de nós, brasileiros. José Olimpio Bastos, nascido em 1952. Graduado em Comércio Exterior pela Universidade da Amazônia. Pós-Graduado com MBA em Formação Geral e José Olimpio Bastos - Sr. Cidadão, Você é o Patrão Desenvolvimento de Executivos em Administração na FIA/USP- SP. Cursou Engenharia Eletrônica e Engenharia Elétrica na UFPA. Cursou Liderança Estratégica Orientada ao Mercado, pela Wharton School – University of Pensilvânia. Cursou Programa Inovação na Gestão, pelo INSEAD. 32 anos de Banco do Brasil – 27 na área internacional. Aposentado como Gerente de Agência. Autor dos livros “Sr. Cidadão, Você é o Patrão” (atualmente na 6ª edição) e “A Força do Cidadão”. Idealizador do Projeto “Educação, Cidadania e Turismo” lançado pela Unama em 1998. Presidente da Associação dos amigos da Praça Batista Campos. Idealizador e presidente da Associação dos Amigos da UFPA. Idealizador o Projeto “Um Presente para Belém” (agora “Belém, Cidade Luz da Amazônia”) e, atual Superintendente Executivo Regional do SESI-DR-PA.