relatórIO expedIçãO avIcultura 2015

Transcrição

relatórIO expedIçãO avIcultura 2015
relatóRIO
Expedição Avicultura
2015
ÍNDICE
4
7
8
14
22
24
2
Histórico
Roteiro
Oferta e
Demanda
Mercado
Logística
Tendências
de Mercado
3
HISTÓRICO
Realizada pela primeira vez em 2012, a Expedição Avicultura
simbolizou um avanço nas discussões sistêmicas promovidas pelo
Núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo. Baseado na experiência
de uma década adquirida com o projeto da Expedição Safra que acompanha in loco o andamento da produção brasileira e
internacional de grãos - o trabalho promoveu um debate holístico da
produção de aves, em um levantamento que fomentou discussões
desde os criadores até o mercado consumidor. A análise segue a
abordagem de agregação de valor dentro da cadeia produtiva, já
que as agroindústrias de proteína estão intimamente relacionadas à
produção de grãos.
A primeira edição da Expedição Avicultura, em 2012, foi concentrada
no estado do Paraná, em um roteiro de 5 mil quilômetros. Na época,
o pano de fundo das discussões foi a crise que atingiu o setor.
Principais insumos da ração animal, soja e milho registraram salto
nas cotações internacionais, elevando os custos da cadeia avícola.
Aliado a isso, houve aumento na produção da proteína, pressionando
os preços e comprimindo ainda mais as margens das indústrias.
O quadro resultou em fechamento de empresas e pedidos de
recuperação judicial no setor. Os desafios para a atividade se manter
viável e as perspectivas de longo prazo pautaram as discussões da
Expedição naquele momento.
Na segunda edição do projeto, em 2014, o roteiro passou a
contemplar Paraná e Santa Catarina que, na ocasião, respondiam
por 53% da exportação brasileira. Os debates assumiram então uma
abordagem nacional. As discussões também passaram a almejar
uma interação com o público urbano, que muitas vezes não se dá
conta da presença dessa cadeia em sua rotina, seja no restaurante,
no supermercado ou na alimentação diária.
Mais equilibrada, a avicultura manteve
a trajetória ascendente em 2015. Num ano de
enfraquecimento da economia brasileira, o setor conseguiu se
manter competitivo. A migração de consumo para proteínas mais
acessíveis deu fôlego no mercado interno. Ao mesmo tempo, a forte
desvalorização do real perante o dólar privilegiou as exportações, que
ganharam mais importância. Esse foi o contexto para a realização da
terceira edição do projeto, cujo os resultados são sintetizados neste
relatório técnico.
A terceira edição do projeto foi viabilizada graças ao apoio do Banco
Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), o Banco
do Brasil, a C. Vale – Cooperativa Agroindustrial e o Sindicato das
Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar).
Passado o tombo de 2012, o mercado avícola começou a se
recuperar, ampliando os volumes de produção e exportação da carne
nacional a taxas mais sustentáveis. Essa retomada também reforçou
a importância econômica e social da atividade, manifestada por
meio da geração de empregos e renda, que impulsionam economias
regionais. O pós-crise deixou as empresas mais cautelosas, gerando
uma obsessão pela busca por eficiência e sustentabilidade na
produção. Com isso, o setor equilibrou as contas em 2013 e iniciou
uma retomada em 2014, justamente no ano em que foi realizada a
segunda edição da Expedição Avicultura.
4
5
Brasil
Produção: 13,9 milhões de t
Exportação: 4,07 milhões de t
Paraná
Produção: 31,5 %
Exportação: 35,6%
Roteiro
Santa Catarina
Produção: 16,3 %
Exportação: 22,3 %
A Expedição Avicultura chegou à terceira edição ampliando o enfoque das discussões e,
consequentemente, o roteiro. Pela primeira vez, o projeto passou a contemplar os três estados
da região Sul. O bloco concentra a maior parcela da produção e da exportação avícola nacional,
sendo favorecido pela proximidade dos polos produtores de grãos e também dos principais portos
exportadores de proteína.
Rio Grande do Sul
Produção: 14,1 %
Exportação: 17,6%
PR+SC+RS
PR
Produção: 61,8 %
Exportação: 75,5%
Foi estruturado um roteiro de 5 mil quilômetros de estradas
percorridas para a realização de visitas a incubatórios,
matrizeiros, avicultores, indústrias, entidades representativas,
centros de treinamento, terminais logísticos e portos.
sc
rs
Os trabalhos começaram pela região Norte e Noroeste do Paraná, com passagem pelos municípios
de Cianorte, Maringá, Arapongas e Nova Esperança. Essa região concentra o maior número de
empresas independentes, que dominam apenas parte da cadeia produtiva (frigoríficos).
Depois, as viagens continuaram pelo Oeste paranaense. Essa região concentra um elevado número
de cooperativas atuantes na avicultura, o que permite o controle da produção de insumos para
a ração animal até a logística de exportação. As cidades contempladas foram Palotina, Assis
Chateaubriand, Toledo e Cascavel.
Na terceira etapa, a Expedição Avicultura seguiu para Santa Catarina, onde uma parcela substancial
de pequenos produtores atua na atividade. Há uma coexistência de grandes cooperativas e empresas
de pequeno e médio porte atuando na região. Foram visitadas as cidades de Galvão, Xavantina,
Ipuaçu, Concórdia e Chapecó.
5 mil quilômetros
percorridos
6
Na reta final dos trabalhos de campo, a equipe percorreu o Rio Grande do Sul e conferiu também a
infraestrutura logística para a exportação da carne de frango. Foram visitas às cidades gaúchas de
Tapejara, Teutônia, Westfália e Vespasiano Corrêa. Na sequência, o roteiro logístico contemplou os
portos de Itajaí (SC) e Paranaguá (PR).
7
Conforme dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), o Brasil desbancou a China em 2015
e assumiu a segunda colocação no ranking global de produção. Ao todo, o quarteto produz mais de 54 milhões de
toneladas da proteína ao ano.
Oferta e demanda
Produção
A carne de frango é a segunda proteína mais produzida no mundo, atrás apenas dos suínos. A produção mundial é
concentrada em quatro grandes players globais: Estados Unidos, China, Brasil e União Europeia.
Produção Mundial
(milhões de toneladas)
2014
2015
Suínos
117,3
118,4
Aves
109,4
112,0
Maiores Produtores Mundiais de Frango
(milhões de toneladas)
2014
2015
1
Estados Unidos
17,3
18,0
2
Brasil
12,7
13,1
3
China
13,0
13,0
4
União Europeia
10,3
10,6
5
Índia
3,7
3,9
6
Rússia
3,3
3,6
7
México
3,0
3,1
8
Argentina
2,1
2,1
9
Turquia
2,0
2,0
10
Tailândia
1,6
1,7
Outros
19,2
17,0
Fonte: USDA | Elaboração: AgroGP
Dentro do Brasil, a maior parte da produção se concentra na região Sul do país. Os três estados do bloco
responderam por 61,8% do abate nacional de frangos em 2015.
Cabeças de frango abatidas no Brasil
Bovinos
68,0
68,1
Fonte: FAO
UF/Ano
2015
Share
Paraná
1.707.839.890
31%
Santa Catarina
883.046.463
16%
Rio Grande do Sul
762.426.074
14%
São Paulo
547.024.793
10%
Minas Gerais
396.121.860
7%
Outros
1.129.965.335
21%
Total
5.426.424.415
100%
Fonte: Sif/Mapa | Elaboração: AgroGP
8
9
Consumo
Cadeia produtiva
Na média, a carne de frango é a proteína com maior consumo per capita no mundo, à frente das carnes de suínos,
bovinos e cordeiros. Conforme projeção da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação
(FAO), o frango também foi a única proteína que contou com incremento no consumo per capita no ano passado.
Mais do que uma produção pujante no campo, a avicultura gera benefícios que chegam ao meio urbano. Dados
da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) indicam que o setor gera mais de 3,5 milhões de empregos
diretos e indiretos, e foi responsável pela geração de um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 51 bilhões em 2013.
A renda bruta, medida pelo Valor Bruto da Produção (VBP), cresceu 3,5% em 2015, mesmo com o contexto
econômico desfavorável do Brasil, aponta o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Apenas a soja e a bovinocultura são capazes de gerar renda superior nos campos brasileiros:
Consumo per capita de carnes
média mundial (kg por habitante/ano)
2014
2015
Aves
13,2
13,3
Suínos
12,6
12,6
Bovinos
6,5
6,5
Valor Bruto da Produção
de Frango (R$ milhões)
70.000,00
63.043,96
60.000,00
54.082,38
60.932,01
50.000,00
Cordeiro
1,7
1,7
35.699,85
40.000,00
Fonte: FAO
30.000,00
24.254,37
Maiores consumidores per capita de carnes
(kg por habitante/ano)
2015
Israel
63,5
Estados Unidos
45,5
Arábia Saudita
43,5
Malásia
41,1
Austrália
40,2
Brasil
39,9
Peru
36,7
Nova Zelândia
36,4
Argentina
35,5
Canadá
33,4
28.186,48
29.113,07
20.000,00
Israel detém a maior taxa de consumo anual, com 63,5 quilos por pessoa ao ano, aponta a FAO. Na sequência,
aparecem Estados Unidos, Arábia Saudita, Malásia e Austrália, com índices acima de 40kg/pessoa/ano.
27.868,35
41.547,79
27.652,31
22.860,70
10.000,00
2005
2006
2007
2008
2009
Soja (em grão) 19,6%
2010
2011
2012
2013
2014
2015
Outros 20,4%
Participação no Valor
Bruto da Produção
em 2015 (%)
Suínos 2,7%
Café (em grão) 3,8%
Bovinos 14,7%
Laranja 4,2%
Leite 5,8%
Frango 13,2%
Milho (em grão) 6,7%
Cana-de-açúcar 8,9%
Fonte: FAO
10
11
mercado
A exportação ainda detém uma parcela
pouco expressiva da produção avícola
global, fazendo com que o setor tenha como
carro-chefe o mercado interno. Entretanto,
há países que compram volumes expressivos
da proteína nas mais distintas regiões do
globo, como América, Oriente Médio, África
e Europa. Em 2015, Arábia Saudita e Japão
dividiram a liderança nas aquisições da
proteína branca.
Maiores Importadores
de Carne de Frango
(mil toneladas)
2015
1
Arábia Saudita
900
2
Japão
900
3
México
760
4
União Europeia
710
5
Iraque
690
6
África do Sul
420
7
Hong Kong
360
8
Rússia
260
9
China
250
10
Angola
240
Fonte: USDA | Elaboração: AgroGP
Mesmo sem ocupar a liderança na produção
global de aves, o Brasil é o mercado que
mais se beneficia com as exportações.
Em 2015, o mercado brasileiro forneceu
36% de todo o frango exportado no mundo,
apontam dados do Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos (Usda).
A ABPA estima que o número é ainda maior,
chegando a 4,3 milhões de toneladas no
período. Para o futuro, a tendência é que
as vendas sigam crescendo.
Embora o Brasil esteja apto a vender para os dez maiores compradores de frango no mundo, nem todos os
grandes players globais compram volumes expressivos brasileiros. Apostando em fatores como garantias
sanitárias, produção em escala e preços competitivos, o mercado nacional avalia que há potencial de
incremento nas vendas para essas nações.
Atualmente, a Arábia Saudita é a maior compradora de frango do Brasil. O país respondeu por
aproximadamente 20% da receita e do volume exportado em 2015.
Principais compradores de carne
de frango brasileira em 2015
Volume
(mil toneladas)
Valor
(US$ milhões)
1
Arábia Saudita
784,6
1352,6
2
Japão
417,6
836,5
3
China
307,0
607,7
4
Emirados Árabes Unidos
303,2
508,4
5
Países Baixos (Holanda)
152,4
337,1
6
Venezuela
132,1
305,7
7
Hong Kong
236,3
293,4
Maiores Exportadores de
Carne de Frango
(mil toneladas)
2015
1
Brasil
3,74
8
Coveite (Kuweit)
120,6
190,4
2
Estados Unidos
2,99
9
Coreia do Sul
93,3
181,5
3
União Europeia
1,15
10
Cingapura
83,4
162,6
4
Tailândia
0,58
5
China
0,395
6
Turquia
0,34
7
Argentina
0,2
8
Ucrânia
0,18
9
Canada
0,13
10
Bielorrússia
0,12
Fonte: Secex/Mapa | Elaboração: AgroGP
Conforme análise da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as exportações responderam por 33% do
mercado avícola nacional em 2015, sendo os 67% restantes alocados para a demanda interna. Isso equivale a
43,25 quilos de consumo per capita da proteína, valor 1,1% maior que o obtido em 2014. Isso mantém o status do
frango como a carne mais consumida no país, seguida pela proteína bovina e suína, respectivamente.
Fonte: USDA | Elaboração: AgroGP
14
15
Custo de Produção
Um dos fatores determinantes para a renda na avicultura são os custos de produção das aves. O principal fator nesse
contexto são as cotações internacionais da soja e do milho, os principais insumos utilizados na ração animal. Após um
pico de preços em 2012, as cotações tiveram uma acomodação nos preços, com queda expressiva no ano de 2015:
Aliado à alta dos insumos da ração, há elevação nos custos operacionais da atividade, como a energia elétrica e
as despesas com mão de obra. Essa elevação prejudica tanto a atividade nas granjas, que utiliza diversos recursos
eletrônicos, como nas indústrias, para utilização de maquinário e iluminação dos frigoríficos.
Comportamento dos preços da soja e milho
na bolsa de chicago (US$/bushel)
No aspecto da comercialização, a cadeia produtiva do frango só não operou deficitária em virtude de preços mais
altos na venda. Isso ocorreu em virtude de uma elevação na demanda interna, já que a crise econômica que atingiu
o Brasil gerou uma mudança no hábito de consumo dos consumidores, que passaram a optar por proteínas mais
acessíveis na sua alimentação. Como também ocorreu aumento na exportação, houve um direcionamento maior de
carne para fora do país, o que ajudou a sustentar os preços.
$20,00
$18,00
$17,71
$16,00
$15,92
$14,00
$13,44
$12,00
$10,00
$12,88
$8,30
$8,00
$6,00
$8,74
$9,12
$7,04
$5,55
$4,00
$10,56
$3,54
$4,30
$4,55
Conforme levantamento realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da
Universidade de São Paulo (USP), o preço do frango congelado tem oscilado na casa de R$ 4 por quilo:
$3,21
$2,00
Soja
MAR/16
JAN/16
NOV/15
SET/15
JUL/15
MAI/15
MAR/15
JAN/15
NOV/14
SET/14
JUL/14
MAI/14
MAR/14
JAN/14
NOV/13
SET/13
JUL/13
MAI/13
MAR/13
JAN/13
NOV/12
SET/12
JUL/12
MAI/12
MAR/12
JAN/12
$-
PREÇOS DO FRANGO CONGELADO CEPEA/ESALQ ESTADO SP (R$/kg)
Milho
Apesar dos preços externos estarem mais baixos, o efeito dessa flutuação não pode ser totalmente sentido no Brasil em
virtude da alta de 48% do dólar frente ao real em 2015. Isso limitou a baixa dos grãos em território nacional:
R$5,00
R$4,50
R$4,01
R$4,00
R$3,77
R$3,50
preço da soja em Paranguá (R$/60 kg CIF)
R$2,82
R$3,00
100
R$2,50
90
R$84,00
R$80,00
80
R$85,50
60
R$2,24
R$74,50
R$2,95
R$1,98
R$1,70
R$1,50
R$3,14
R$3,01
R$2,42
R$2,00
R$80,00
R$70,00
70
R$4,24
R$4,13
R$1,32
R$1,00
R$0,50
R$59,60
50
JAN/16
JAN/15
JAN/14
JAN/13
JAN/12
JAN/11
JAN/10
JAN/09
JAN/08
JAN/07
JAN/06
40
JAN/05
JAN/04
R$0,00
30
20
10
16
MAR/16
FEV/16
JAN/16
DEZ/15
NOV/15
OUT/15
SET/15
AGO/15
JUL/15
JUN/15
MAI/15
ABR/15
MAR/15
fev/15
JAN/15
0
17
Nas exportações, os preços médios de venda registraram forte baixa em 2015. Apesar disso, a elevação na quantidade
exportada e o fator cambial tornaram as vendas externas altamente rentáveis. A ABPA indica que a renda total obtida
em dólares caiu 11,3% ante 2014, atingindo US$ 7,170 bilhões. No contraponto, o faturamento em real subiu 26% na
comparação com o ano anterior, chegando a R$ 23,946 bilhões.
Preço médio da tonelada exportada - 2015
R$1.723
R$1.461
R$1.181
R$1.051
R$1.986
R$1.928
R$1.849
R$2.033
R$2.008
R$1.673
R$1.544
R$1.233
R$918
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
Fonte: Secex/Mapa
18
Logística
As principais portas de saídas do frango brasileiro são os terminais portuários da região Sul. Os embarques
são realizados via contêineres frigorificados, que são transportados até o porto via rodovias ou ferrovias.
Esse fluxo se concentra principalmente nos portos de Paranaguá e Itajaí, que detêm 60% de participação
na movimentação total:
Principais
portos
exportadores
de carne de
frango - 2015
Porto
Volume (ton)
Porto de Paranaguá - PR
1.477.594
Itajaí - SC
1.300.403
São Francisco do Sul - SC
496.689
Santos - SP
386.794
Porto de Rio Grande - RS
Outros
300.908
113.945
Após um longo período na liderança das exportações, Itajaí foi desbancada por Paranaguá nos embarques
de frango em 2015. Também merece destaque que, em 2015, o porto de Santos ganhou uma posição,
tomando o lugar de Rio Grande como o quinto maior exportador da proteína.
A inversão na liderança foi associada a fatores climáticos, já que o fenômeno climático El Niño resultou em
mais chuvas em Santa Catarina. Isso fez aumentar a vazão dos rios Itajaí-açu e Itajaí-Mirim, que ficam no
canal portuário, gerando correnteza e dificultando a entrada dos navios na baía onde ficam os terminais.
Como agravante, Itajaí foi afetada por um impasse político. Embora as exportações de frango feitas pelos
terminais ao longo do rio Itajaí-Açu são denominadas como “Itajaí” pelo Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC), na prática a origem é divergente. Em uma margem do rio, em
Navegantes, a Portonave opera na forma de Terminal de Uso Privado (TUP), construído sobre área própria.
Já no lado itajaiense, a operação da APM Terminals é na forma de concessão de área federal, com tempo
delimitado. Ambos disputam frente a frente as cargas exportadas.
22
A divergência entre os modelos respinga no frango, que representa um terço do embarque total da região. Na
metade deste ano, várias rotas de navios que eram operadas pela APMT migraram para a Portonave devido a
diferenças de custos. O quadro motivou uma disputa política entre as duas cidades, que parece estar longe de
ser solucionada.
Em longo prazo, a cadeia da avicultura pede reforço na infraestrutura logística, como rodovias e hidrovias. O
principal projeto já confirmado pelo governo federal é a Rodovia do Frango. A proposta é conceder à iniciativa
privada 399 quilômetros de quatro estradas (BR-476, BR-153, BR-282 e BR-480) ao longo do Paraná e
Santa Catarina. O projeto é visto com ceticismo pelos catarinenses, que se mostram mais interessados com a
duplicação da BR-470, que liga a região Oeste ao porto de Navegantes (SC).
Das granjas ao exterior
Projeto da Rodovia do Frango busca fortalecer via rodoviária de escoamento da avicultura rumo à exportação.
398,9 km
traçado da Rodovia do Frango
portos
é a extensão total prevista
Curitiba
PR
Chapecó
União da
Vitória
S. Mateus
do Sul
Lapa
Paranaguá
Itapoá
sc
para a Rodovia do Frango.
O traçado passará pelas
seguintes estradas:
S. Francisco
do Sul
BR-282
BR-153
Itajaí
BR-480
BR-476
Em longo prazo, as apostas também se concentram na ferrovia. Há um projeto para construção da “ferrovia
do frango” ligando o município de Dionísio Cerqueira, no extremo Oeste do estado, ao terminal de embarque
do porto de Itajaí, a 862 km de distância.
O investimento no modal ferroviário também é considerado estratégico para o fornecimento de insumos.
Santa Catarina e Rio Grande do Sul não são autossuficientes em milho para abastecer as granjas e dependem
de importações do Centro-Oeste para suprir as indústrias de ração. Nesse contexto, o trem seria uma arma
para garantir a redução de custos aos catarinenses, já que a proposta da ferrovia do frango é se conectar à
Ferrovia Norte-Sul, garantindo acesso aos grãos do Cerrado.
23
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento projeta que até 2025 a produção nacional de frango
crescerá pelo menos 34,7%, chegando a um patamar entre 17,6 e 20,4 milhões de toneladas. No mesmo período,
as exportações serão ampliadas em 41,7%, podendo atingir entre 5,8 e 7,5 milhões de toneladas.
Tendências de
mercado
Projeção de produção de carnes (mil toneladas)
Conforme projeção da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), o frango
tomará o lugar do porco e será a carne mais produzida no mundo em 2021. Essa migração de consumo
está associada a fatores como garantias sanitárias da produção, preço competitivo e ausência de barreiras
religiosas para o consumo.
13.133
9.206
3.480
13.730
14.010
14.626
14.918
10.237
9.695
9.840
9.690
3.675
3.823
3.980
4.049
2018
2019
16.465
16.763
17.390
17.689
15.541
15.838
10.521
10.566
10.796
11.185
11.199
11.355
4.140
4.227
4.358
4.478
4.600
4.700
2021
2022
2024
2025
produção mundial de carnes 2014-2024 (milhões de ton.)
117,3
118,4
131,6
121,8
123,2
124,1
125,1
126,9
120,2
122,2
124,6
126,0
126,8
128,8
119,9
127,8
117,5
68,8
69,8
71,1
72,0
72,9
73,9
74,7
75,4
109,4
112,0
114,4
68,0
68,1
68,2
14,5
14,7
15,0
15,3
15,6
15,9
16,2
16,5
16,8
17,1
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
Porco
Frango
2016
2017
2020
Bovinos
14,2
Boi
2015
133,8
129,3
Suínos
2023
Aves
Fonte: Mapa | Elaboração: AgroG
Projeção de exportação de carnes (mil toneladas)
4.095
4.258
4.396
5.443
5.642
5.802
5.284
4.929
5.087
2.479
2.560
2.640
2.721
2.802
2.883
2.398
4.582
4.734
Cordeiro
Fonte: FAO | Elaboração: AgroGP
O salto na oferta internacional também abre espaço para o crescimento da avicultura brasileira. O setor tem
se articulado para conquistar a abertura de novos mercados, ao mesmo tempo em que aproveita movimentos
pontuais de mercado, como a crise de gripe aviária que atingiu os Estados Unidos em 2015. Os problemas
sanitários norte-americanos fizeram parte da demanda se direcionar para o Brasil. A indústria calcula que é
possível ampliar entre 3% a 5% o faturamento nos próximos anos.
2.099
2.164
2.239
2.318
515
538
561
584
607
630
652
675
698
721
744
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
2025
Bovinos
Suínos
Aves
Fonte: Mapa | Elaboração: AgroG
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