Boletim de Março-Setembro de 2002

Transcrição

Boletim de Março-Setembro de 2002
N ú c l e o
NEH M
e Hi sitsótr ói ar i da ads a M
Muul lhhe er re s
d ed eE Es ts ut du od so sd ed H
M a r ço/S et em b r o 200 2
An o I / n º1 / S em es t r a l
S u m ário
E d ito ria l
A p resen ta çã o N E H M
E stu d o s
“ A P ro d u çã o d a m em ó ria e d o
esq u ecim en to ”
p o r E sth er B a sile
S ilh u eta
P ú b lia H o rtên sia d e C a stro
p o r A n tó n ia F ia lh o C o n d e
R ecen sã o C rític a
“ L eo n o r P im en tel- A p o rtu g u esa
d e N á p o les”
p o r M a rília E . S o ta F a v in h a
R ecen sã o C rític a
“ L a fig u ra fem in in a em lo s
n a rra d o res testig o s d e la
C o n q u ista ”
p o r E lia n e G ra cin d o d e S á
A ssin a tu r a d e P ú b lia H or tê n cia d e C astr o
É v o ra 2 7 d e N o ve m b r o d e 1 5 77
C iclo d e C o n ferên cia s
H istó ria e H isto rio g ra fia d a M u lh e r
Públia Hortênsia de Castro, ou Públia Lusitana, no dizer de Carolina Michaëlis
o rg an iza ção N E H M
de Vasconcelos, nasceu em Vila Viçosa em 1548, tendo morrido em Évora,
C on cepção G ráfica: Vitor C a stro
cidade onde passou parte da sua vida, em 1595. Era filha de Tomás de Castro,
In fo rm a çã o
“ E stu d o s d e M u lh e r n o s E .U .A ”
p o r J o sep h A b ra h a m L ev i
parente do Arcebispo de Évora da altura, D. João de Mello. Duvida-se que o
seu nome seja o baptismal, o que a tornaria única entre as mulheres de
Quinhentos; foi, porém, aquele que ficou para a História, latinizado e ao
gosto humanista, de acordo com o contexto epocal. Para J.B. Venturino, que
B ilio g r a fia R ec o m e n d a d a
S ites In tern et R ela cio n a d o s
descreveu a recepção em Vila Viçosa da embaixada do cardeal Alexandrino,
Legado do Papa, em 1571, terá sido antes um cognome, atribuído em virtude
dos seus conhecimentos literários e dotes de oradora.
pág.10
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EDITORIAL
O Núcleo de Estudos de História da Mulher
(NEHM) foi criado no ano de 2001 vindo preencher
uma lacuna até aí existente na Universidade de
Évora. A História da Mulher está integrada nos
Gender Studies, e é hoje uma área comum em
qualquer universidade Europeia ou Americana,
encontrando-se em constante crescimento desde os
anos setenta.
A opção pela História foi marcada pela
própria formação dos seus membros fundadores. O
Núcleo, ainda em fase de instalação no CIDEHUS,
pretende desenvolver campos de investigação que
possam aliciar a colaboração interna e externa de
outros investigadores, ligados ou não ao meio
universitário, bem como conseguir a participação
de alunos de licenciaturas afins em trabalhos e
projectos devidamente acompanhados que lhes
possibilite, a um tempo, a integração num grupo de
trabalho, bem como a iniciação à investigação,
prática tão necessária de reconhecido potencial
pedagógico.
“ Só quem tem verdadeiramente o gosto de
moldar mentes e caracteres, de formar gente viva e
de qualidade (quase que diria, um espírito de
Pigmalião), é que merece a distinção de ser um
universitário. E também de ter a satisfação
indiscritível que é a de sentir que há alguns que
nos ficam a olhar por toda a vida como o seu mestre
e um segundo pai formador.”
In, João Vasconcelos e Costa, A Universidade no
seu Labirinto, Ed. Caminho, Lisboa, 2001, p. 45
Assim é, de facto. Por isso um dos dois
vectores de interesse deste grupo de trabalho é,
justamente, a mobilização de jovens potenciais
investigadores, fazendo esse recrutamento no meio
dos nossos alunos. Outro vector de interesse será o
estabelecimento de contactos com grupos de
investigação análoga em Portugal e no estrangeiro,
de forma a criar eventuais projectos em rede
consagrados através de protocolos versáteis e de
mútuo interesse.
A primeira actividade do NEHM
concretizou-se com o lançamento do livro Leonor
da Fonseca Pimentel – A Portuguesa de Nápoles,
Ed. Livros Horizonte, Lisboa, 2000, realizado a 8
de Novembro de 2001 no auditório da sala 131 da
Universidade de Évora.
O ano de 2002 será marcado por um Ciclo
de Conferências que se estenderá ao longo do
segundo semestre, aberto a toda a comunidade.
As temáticas das conferências versarão
sobre a situação da História da Mulher nas várias
culturas e religiões. Pretende-se, igualmente,
promover uma conferência de âmbito internacional
que possibilite a visualização do estado da questão
da historiografia da especialidade.
O Boletim, que agora se publica, terá uma
periodicidade semestral, com rubricas fixas, tais
como artigos de fundo dos investigadores do núcleo
e / ou pedidos a estudiosos que estejam a
desenvolver investigações nesta área, recenções
críticas, notícias e páginas da net, com interesse
para o tema . Terá também uma rubrica de História
Local, denominada “Silhueta”, onde se fará uma
pequena biografia de uma mulher que se tenha
destacado no plano cultural, político ou social
alentejano.
As conferências proferidas no âmbito das
actividades do NEHM serão também publicadas no
Boletim do NEHM. As actividades e mais
informações sobre o NEHM, projectos, membros,
notícias, etc., estarão disponíveis na página
www.cidehus.uevora.pt/indexnh.htm.
As coordenadoras
Maria de Deus Manso
Sara Marques Pereira
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Artigo de fundo
A Produção da memória e do esquecimento
por Esther Basile
tradução Elsa Rita dos Santos
continuação pág. seguinte
1) Os estudiosos fazem uma distinção entre memória e
esquecimento e consideram a recordação, ou melhor as
recordações, um património individual e individualmente
diferenciado, sublinhando, simultaneamente, o carácter
colectivo da memória. Todavia, uma conexão profunda
liga as recordações individuais e a memória colectiva:
esta última constitui a estrutura, ou se se quiser, a
metanarração no interior e em relação à qual as
recordações pessoais se organizam e se desenvolvem
(Cavicchia 1996).
A organização social do tempo, pública, oficial e
coercitiva, no sentido em que não é nos permitido
prescindir totalmente dela, organiza as nossas
recordações, na medida em que organiza as nossas vidas.
Nem sempre os tempos pessoais e os oficiais coincidem:
pense-se na não coincidência entre o fim-de-ano do
calendário e os diversos fins-de-ano que cada um de nós
experienciou, ou nos desfasamentos entre os ciclos da
vida fixados por lei baseados em recenseamentos e os
das nossas vidas individuais.
E, contudo, por muito que o tempo oficial (e, portanto, a
memória oficial) nos possa parecer incongruente em
relação a etapas significativas da nossa vivência, nenhum
de nós se pode excluir desse sistema. Pelo contrário, é
exactamente por o termos interiorizado e de através dele
conseguirmos dar uma estrutura às nossas recordações
que podemos comunicar e participar, que não ficamos
fora da rede das relações sociais. Em troca,
evidentemente, de um certo grau de conformação, de
perda de originalidade, não tanto das nossas recordações
individuais, quanto da sua organização numa sequência
dotada de um sentido partilhado e partilhável pelos outros.
Decididamente todos nós pensamos o passado nos termos
em que o “pensa” a cultura a que pertencemos.
Convém sublinhar um outro ponto. Este processo de
organização da memória colectiva não é neutro, mecânico,
impessoal. A memória colectiva de um grupo, de um
povo, de uma civilização, não é produzida por force des
choses; é um produto humano, fruto das relações entre
seres humanos. Mesmo com diferentes graduações e
implicações, todos os estudiosos, de Halbwachs a Croce,
a Hobsbawm concordam que a história se escreve sempre
para o presente: a história é uma reconstrução do passado
orientada e selectiva que serve para dar sentido ao nosso
presente. Mas há mais. A velha fórmula segundo a qual
a história é escrita pelos vencedores, é sem dúvida
banalizadora e simplificadora, mas contém um fundo de
verdade. Não se trata de contrapor, ideológica e
esquematicamente, vencedores e vencidos, opressores
e oprimidos: o facto é que os vencedores, exactamente
porque são vencedores, controlam os instrumentos
culturais e sociais, necessários para elaborar e impôr o
seu ponto de vista (Bourdieu 1992), para transformar
o sentido que o mundo tem para eles em sentido do
mundo. Faz parte integrante da vitória reestruturar a
memória colectiva à sua imagem e semelhança e é
também uma espécie de “necessidade” que a gestão da
vitória impõe.
Naturalmente, como todos sabemos, esquecer, olvidar,
apagar são parte integrante do processo de construção
da memória, pelo menos quanto o é a sua parte,
digamos, positiva: a narração, a ilustração, a
valorização.
Parece indubitável que o esquecimento seja funcional à
recordação, no sentido em que se recorda alguma coisa
na condição de se esquecerem muitas outras. Mas
mesmo no caso do esquecimento o processo não é
simples, linear, mecânico: também o esquecimento,
como a memória, é um produto social.
O peso das relações de poder é reconhecível quando
tentamos reconstruir o mapa do que esquecemos e não
é menos evidente do que na estrutura e nos conteúdos
do que recordamos. E, todavia, reconhecer que memória
e esquecimento, enquanto produtos sociais, trazem
incorporados na sua estrutura as relações de poder que
presidiram à sua construção, não significa atribuir-lhes
necessariamente uma espécie de coerência total, de
estrutura monolítica.
Incongruências, contradições, vazios e, nos casos mais
felizes, contrapropostas para a construção de uma
memória “outra” assinalam ao observador atento os
condicionalismos que a presença dos vencidos exerce
sobre a construção da memória dos vencedores.
No quadro destas considerações sumárias, a revolução
napolitana de 1799 parece ser um caso de particular
complexidade. É como se esta constituísse uma matéria
desconcertante, difícil de tratar, escaldante seja quando
se quer construir a memória seja quando se quer afundar
em esquecimento. Esta dificuldade de elaboração
manifesta-se desde logo no caso do Saggio de Vincenzo
Cuoco. Caso singular de história escrita por um vencido
e de imediato “revisionada” por ele próprio. O texto de
Cuoco funda, por assim dizer, uma construção de
sentido no interior da qual a revolução de ’99 permanece
um acontecimento ambíguo, com valências múltiplas e
contraditórias que a retórica oficial nunca inseriu
completamente no cânon dos factos gloriosos da história
pátria e nem sequer alguma vez condenou como facto
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vergonhoso, como episódio infausto para “resgatar” à
luz de outras e mais dignas prestações.
Acontece como se sobre a revolução, sobre os seus
méritos e os seus excessos, sobre a sua modernidade e o
seu carácter utópico, sobre o concretismo terrível das
consequências da sua pretensa abstração persistissem
cones de luz, couches ainda não completamente
exploradas, factos que não foram objecto de uma
elaboração integral, de uma superação total de valores.
Certamente que esta minha consideração não pretende
ignorar os estudos e as obras de arte que inteligências e
talentos eminentes dedicaram à revolução, nem o empenho
de Gerardo Marotta que, com a dedicação pessoal de
uma vida, manteve vivo em Nápoles o interesse pela
revolução e formou a formidável biblioteca que todos
conhecemos; enfim, não é uma hipótese radical como,
por exemplo, a tese da Macciocchi (1993).
Mas devo admitir que, por fim, me parece que a tese do
sacrifício generoso de um punhado de heróis, aristocratas
e intelectuais, tão inteligentes e corajosos quanto
irresponsavelmente desconhecedores das condições reais
em que agiam, enfim, a tese de Cuoco segundo a qual «o
próprio excesso de Luzes que superava a experiência da
idade, levava-os a crer fácil o que realmente era
impossível para o estado em que o populacho se
encontrava» (Cuoco 1966; 45), na maioria dos casos
acaba por ser considerada a mais adequada ao relato dos
factos.
Pelo contrário, existe quem não a considere adequada
(Ricci 1990); e é precisamente a este filão de investigações
que quero dar um contributo enquanto antropóloga,
reflectindo sobre algumas características da revolução
que na memória que o senso comum tem dela raramente
são discutidos, se é que não são completamente
removidos.
Avanço a hipótese de que sejam, sobretudo, dois os
aspectos “obscurados” da revolução: do lado dos
revolucionários ou, pelo menos, de alguns eminentes entre
eles, a coerência radical de enunciados e de
comportamentos que reivindicam o próprio conteúdo
racional como valor; no lado oposto, os extremos de
violência cega da repressão totalmente irracional. Em
certo sentido, poder-se-ia dizer que são exactamente os
dois factores explicativos propostos por Cuoco e que
tantos históricos depois dele adoptaram, “o excesso de
Luzes” e “o estado do populacho”, a serem utilizados
redutivamente para explicar - só até certo ponto - “como
foi que as coisas aconteceram”. Daí em diante, segue-se
o silêncio, a remoção mais do que o esquecimento.
Gostaria de ir um pouco mais além, de reconstruir como
objecto de reflexão e de análise o que me parece silenciado
e removido.
Vou circunscrever esta minha tentativa ambiciosa a
algumas reflexões sobre a relação entre racionalidade e
comportamento no fim de Leonor da Fonseca Pimentel;
e a algumas outras sobre manifestações mais extremas
do “estado do populacho”, sobre aquele canibalismo
praticado pelo menos durante os dias de Julho e Agosto
de 1799 em que se concentrou a maior parte da execuções
na praça Mercato.
2) Leonor da Fonseca Pimentel não é a primeira mulher
em Itália e mesmo na Europa a ser justiçada. Mas é a
primeira, ou pelo menos das primeiras juntamente com
algumas francesas suas contemporâneas, a ser justiçada
pelas suas ideias políticas e, sobretudo, pela sua praxis
política. E nisto existe um elemento de enorme novidade.
A tradição consolidada queria que as mulheres, por serem
mulheres, fossem justiçadas não porque agiam, faziam,
cometiam delitos, mas porque eram movidas pelas forças
do mal, constrangidas por estas a cometer acções
malvadas. As bruxas eram possuídas pelo Demónio, para
as libertar desse estado de possessas não bastava nem a
confissão nem o arrependimento (actos extorquidos pelos
inquisidores que queriam fossem considerados voluntários
e conscientes), mas somente a destruição física do objecto
possuído, mais precisamente do objecto-mulher.
E isto era válido ainda para a mulher europeia do século
XVII. Nas primeiras décadas do século seguinte, no que
diz respeito à bruxa queimada na fogueira, Moll Flanders
e as outras como ela assinalam um progresso importante
no imaginário colectivo. Moll, como é sabido, faz de tudo:
ladra, mentirosa, vigarista, vê mais de uma vez o nó da
forca passar-lhe bastante perto do pescoço. Mas o seu
inventor, Daniel Defoe, rende-lhe uma homenagem
extraordinariamente nova e inovadora: Moll não é movida
por ninguém, é ela que decide e age sozinha; e as suas
acções, por muito malvadas que as possamos julgar,
comportam muita inteligência e muito carácter.
Personagem literária que simboliza e sintetiza as mulheres
de carne e osso da Inglaterra da primeira revolução
industrial, as populares que Defoe tinha encontrado dentro
e fora da prisão de Newgate, Moll Flanders é uma mulher
que pensa e que quer. E oitenta anos depois da publicação
de Moll Flanders (1721), algumas mulheres europeias
sobem ao patíbulo por uma outra razão, não porque
cometeram delitos comuns, mas porque fizeram e fazem
política.
Creio que Leonor Pimentel, Olympia de Gouges e algumas
outras são figuras chave que com a sua morte assinalam
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uma viragem radical. Antes delas, outras mulheres
tinham feito política na Europa e algumas também
por isso tinham sido justiçadas, mas eram mulheres
pertencentes a famílias reinantes, abadessas,
princesas e rainhas, intérpretes de papéis políticos
que lhes tinham sido atribuídos desde o nascimento;
da mesma forma que o nascimento aristocrático,
bastante mais do que as convicções políticas,
conduziram à guilhotina tantas nobres francesas
durante a revolução.
O percurso de Leonor é completamente diferente.
Este é fruto de uma escolha consciente e determinada
para a qual contribuem a sua inteligência, os seus
estudos, a sua experiência de vida, a solidez da sua
ética, o seu gosto pela sociabilidade e pelo carácter
político constituitivos das relações humanas, de tal
modo são sólidas as suas convicções e as sente como
racionalmente fundadas e moralmente justas, para
se considerar no dever de as ensinar aos outros, de
as difundir, de as publicitar, de lutar para as aplicar.
Não é movida por nenhuma das motivações
femininas tradicionais. Não é uma companheira ou
uma esposa que com devoção segue um
companheiro: no máximo são alguns machos jovens
que a seguem fascinados pelo seu pensamento lúcido
e pela autonomia do seu carácter. Não é inspirada
por nenhuma revelação, nenhum deus maior ou
menor fala através dela. É a razão que a leva a agir.
Até que ponto estava enraizado nela o seu
materialismo e quanta dignidade corajosa e
inteligente podia florescer naquela base de
concretitude pragmática é testemunhado pela sua
morte, como a relata
Cuoco: uma chávena do café amado, como último
desejo, e uma citação do amado Vergílio, para
construir o sentido de um destino individual e
colectivo, para entregar a quem depois dela
chegasse uma memória que já tinha elaborado o
que devia acontecer mesmo antes de acontecer,
que já antes de morrer tinha transcendido a própria
morte através do valor.
Mas, sobretudo, aquilo que interessa na
perspectiva que aqui adoptei é que os outros, desde
os da Junta que a condena à morte até aos Lazari
que lhe dedicam rimas obscenas, intuíram-na (e
temeram-na e detestaram-na e eliminaram-na)
precisamente pelo que ela era e queria ser: uma
mulher política.
E, contudo, parece-me poder dizer que já em
Cuoco esta característica de Leonor, que é a sua
característica, começa a esbater-se, a diluir-se nos
estereótipos constantemente recorrentes da sua
feminilidade.
Cuoco não lhe nega a recordação, define-a como
“sábia e desventurada” (Cuoco 1966; 241); mas
transforma-a na Virgem que audet concurrere
viris; não pode ou não sabe defini-la senão como
concorrente dos homens. Além disso, é no plano
das virtudes que Leonor
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compete com os homens, na coragem e no amor à pátria:
«escreve o Monitore napoletano, do qual expira o mais
puro e ardente amor pela pátria» (Cuoco 1966; 307).
Mas não são recordadas, nem para as criticar, as ideias
de Leonor.
Cuoco regressa mais de uma vez durante o Saggio sobre
dois temas que lhe interessam particularmente: a função
da comunicação entre governo e cidadãos, entre governo
central e administração das periferias, entre governo e
exército; e a necessidade da educação para transformar
o povo em cidadãos.
Mas nunca recorda Leonor como aquela que, no Governo
republicano, se esforçou por fazer alguma coisa concreta
nas duas direcções e foi capaz de fazê-lo.
Certamente que não podemos esperar de Vincenzo Cuoco
um ponto de vista sobre a condição feminina que
amadureceu um século e meio mais tarde. Contudo, podese reflectir sobre o facto de um século e meio mais tarde
o tom não se ter modificado: Croce julga os artigos do
Monitore como sendo sonetos «do ânimo bom de Leonor»
e «do entusiamo e da elevada moral» e Villani, que o
cita, observa que os artigos do Monitore eram sempre
«curtos, incisivos, cheios de intensidade e entusiamo»
(Villani 1966; 234, nota 6).
Mas nem mesmo ele vai mais além das virtudes de
Leonor. Se esta é a perspectiva, torna-se inevitável que,
a pouco e pouco, se chegue à Leonor de Roberto De
Simone, escrita para inaugurar a estação 1998-99 do
Teatro de São Carlos de Nápoles, na qual a figura de
Leonor se dilui e esbate num lamento geral pelos
perseguidos de todos os tempos, de todos os lugares, de
cada sexo. Penso que uma pessoa que é capaz de saborear
um café a dois passos da forca não teria apreciado que
se lamentasse a sua morte. Teria preferido que se a
discutisse racionalmente.
Nisto vejo a remoção. Do ponto de vista político não é
central o facto de que Leonor fosse generosa e tivesse
sentimentos elevados, não mais do que é central que o
fossem Mario Pagano, o próprio Cuoco e talvez também
Genovesi.
Realmente significativo é que Leonor é uma mulher
política que participa no governo, exerce um poder e
cria uma opinião pública, segura das suas convicções e
com firmeza de carácter: por isso é justiçada.
Como governou? É uma pergunta que só rara e
marginalmente é posta. O que nos pode ser útil recordar?
A parte anedótica que lhe diz respeito ou o conteúdo dos
seus artigos? A nobreza de alma da grande senhora ou a
genialidade sem preconceitos da política de classe que
compreendeu quais são os meios para conseguir o
consenso popular e quer confiar a Pulcinella a divulgação
do verbo republicano cento e cinquenta anos antes de se
inventar a política-espectáculo?
É uma figura patética, uma aristocrata arrastada por
furores tão sacros quanto abstractos ou é a política
concreta que, a partir do dado real da dialectofonia
popular, põe operativamente, como uma questão de
praxis, o problema da relação orgânica entre intelectual
e povo que somente tanto tempo depois será posto na
ordem do dia por alguém que gozará de uma autoridade
que a Leonor foi sempre regateada?
Este e outros semelhantes a estes parecem-me ser os
conteúdos removidos: para os homens é difícil aceitar de
acordo com determinados valores a ideia de que as
mulheres governem porque são inteligentes, preparadas,
fortes. Para as mulheres, ainda hoje é difícil aceitar
segundo determinados valores os preços bastante altos
que o exercício independente da inteligência, da força,
da capacidade de governar exigia. E exige. Das mulheres,
mas não só das mulheres. Talvez o nó a desfazer possa
ser resumido nesta questão: que lugar ocupa Leonor na
nossa memória? É um pretexto, um modelo, um protótipo,
um icone? Trata-se de reflectir sobre as implicações
políticas da resposta que se escolhe.
3) Existe outro facto da revolução de 1799 cuja remoção
me deixou sempre desconfortável. Só nomeá-lo cria
desconforto: trata-se do canibalismo praticado pela plebe
napolitana sobre os corpos dos “jacobinos” mortos no
patíbulo ou nas estradas. Provavelmente é útil, para uma
melhor compreensão do que se procura falar, distinguir,
pelo menos no plano empírico, o canibalismo do que
genericamente é chamado violência. Esta última pode
atingir níveis inauditos, sem que por isso inclua o
canibalismo. E vice-versa, como nos ensina a literatura
etnológica, o canibalismo, pelo menos em algumas
culturas, é uma prática que tem pouco a ver com a
violência.
A verdade é que nas histórias que se narram da revolução
napolitana, esse está na posição ambígua de não ser nem
esquecido nem explicitamente tematizado, característica
dos conteúdos removidos.
A remoção começa, também neste caso, com Cuoco. Na
edição de 1801, no capítulo XLVIII tinha escrito: «(…)
escorria o sangue e ardiam aquelas fogueiras onde se
coziam os membros dos infelizes que o povo comia»;
que na publicação de 1806 se transformou em «(…) nas
praças públicas com fogueiras em que se coziam os
membros dos infelizes, em parte lançados vivos em parte
moribundos» (Cuoco 1966; 278 e nota 2).
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A versão de 1806 não é menos crua, mas evita os termos
explícitos “povo” e “comia”. Depois, não se fala mais
disso. Os capítulos XLVII e XLIL são dedicados à
narração minuciosa, indignada, consternada, das
violações das normas jurídicas, das traições à palavra
dada, das arbitrariedades, das sentenças, para além da
crueldade dos procedimentos emanados do Soberano e
aplicados pela segunda Junta dirigida pelo “monstro”
Especial. Cuoco adopta uma perspectiva tão legítima
quanto redutora: a ruptura do pacto de legalidade entre
as classes altas da sociedade, entre monarquia, tribunais,
aristocratas e burgueses, intelectuais e de profissão,
parece-lhe, justamente, uma catástrofe irremediável,
resultado de uma ruptura insanável (Meu Deus, quanto
ódio público…) e precursora de uma «noite profunda»
que «cerca e cobre tudo com uma sombra impenetrável»
(Cuoco 1966, 311). Mas o que simultaneamente acontece
nas praças e nas vielas, as acções de que o povo é
protagonista, aqueles “cidadãos” em nome dos quais a
Revolução tinha nascido, tudo isso é «barbárie que faz
tremer», ou seja, é substancialmente um pouco mais do
que a ordinária ira popular, cuja responsabilidade se deve
atribuir a quem a desencadeou e nada faz para a deter: o
Cardeal Ruffo e os ingleses.
Mais uma vez não seria justo exigir de Cuoco uma
sensibilidade que não é da sua época: ainda durante muito
tempo os burgueses europeus discutiram sobre multidões
delinquentes e massas desenfreadas, tão perigosamente
ferozes quanto pronas às ordens do chefe carismático
que a seu prazer as incita e as tráva: e… ai… encontrarão
nos factos mais de um motivo de confirmação das suas
teses. Esta teoria da multidão delinquente, incitada pelo
chefe carismático, é o dispositivo de redução e remoção
mais frequente nos autores que se ocuparam da Revolução
napolitana. Consente-lhes não tematizar o canibalismo
como uma forma específica de comportamento extremo.
Mesmo M. A. Macciocchi, que embora meritoriamente,
não reduz a questão a um par de linhas apressadas, mas
dedica-lhe um parágrafo inteiro construído a partir de
citações de fontes primárias e literárias, conclui definindo
depreciativamente os lazzari «uma tribo de canibais» e
maldizendo os Bárbaros e «todos os Ruffo e os seus
exércitos da Fé» (Macciocchi 1993; 255-359).
Execração muito partilhável e por mim partilhada, mas
que não contribui para a produção de uma melhor
compreensão dos comportamentos.
Tentemos praticar o etnocentrismo crítico de Ernesto De
Martiniano, tentemos reflectir sobre o que é o canibalismo
do ponto de vista interno à cultura ocidental. É indubitável
que na cultura ocidental este seja considerado o mais
negativo dos comportamentos negativos. Na opinião geral
é julgado sem hesitações o comportamento mais
desumano que se possa imaginar, um dos poucos
absolutamente imperdoável, bestial, não, pior do que
bestial, a prática do canibalismo serve por definição a
estigmatizar como inferiores e primitivos os outros povos
que o tenham praticado ou o pratiquem; enquanto que
para os indivíduos surpreendidos a praticá-lo nas nossas
sociedades não pode haver outro destino que o manicómio
criminal. Todavia, surpreendentemente, a questão volta
a propor-se no outro pólo da hierarquia de valores da
cultura ocidental cristã, onde se situa um complexo
mítico-ritual, com alguns conteúdos que hoje já se
afundaram na invisibilidade da evidência doxica
(Bourdieu 1992), isto é, são invisíveis porque demasiado
em evidência.
O momento mais intenso e mais alto da prática da religião
dominante no Ocidente é constituído pela interacção ritual
de um sacrifício oferecido a Deus seguido de um banquete
durante o qual os fiéis se alimentam dos despojos da
vítima sacrificial. A questão é que esta vítima sacrificial
é um homem, melhor um deus encarnado e que se fez
homem: pelo que o banquete é um banquete canibalesco.
Sei bem o quanto, posta nestes termos, a questão possa
ser desconcertante para as nossas sensibilidades
anestesiadas, mas quer se queira considerar símbolo ou
realidade transubstanciada, metáfora ou artigo de fé, a
verdade é que é este o conteúdo da Missa e da Eucaristia
de rito católico; conteúdo sacro e eminentemente salvador,
o deus-homem engolido-interiorizado é,para o fiel,
garantia de firmeza neste mundo e de salvação no outro
mundo. Encontramo-nos assim numa óptica não muito
longínqua da dos “primitivos” desprezados, cujo banquete
canibalesco é uma tradição etnológica firme (Volhard
1991), interpretado como um comportamento sempre
ritual, carregado de referências ao mito e que, de qualquer
forma, diz respeito à circulação e ao domínio dos poderes.
Todavia, alguns dados de facto não se inserem facilmente
neste quadro interpretativo. Volhard construiu um mapa
da difusão do canibalismo como instituição cultural que
inclui muitos países da faixa equatorial e exclui as
zonastemperadas. Com base nisto Harris (1979) propôs
uma explicação em termos de determinismo ambiental: a
falta de condições ecológicas para caçar e/ou criar animais
de tamanho grande e a consequente escassez de proteínas
animais seriam a causa da distribuição e persistência do
canibalismo. Em relação a este último argumento
poderíamos levantar uma série de objecções, mas aqui,
pelo contrário, interessa-nos o positivo, porque chama a
nossa atenção sobre um ponto: seja qual for o significado
Bolet im N E H M - M a r ço/S et em b r o 2 002 - p á g.8
metafórico ou simbólico que a Eucaristia mantém dentro
do horizonte cultural do Ocidente, dois pontos parecem
consolidados:
- a prática do canibalismo ritual não está documentada
no Ocidente nem sequer em fontes mais arcaicas. Se
alguma vez esteve vigente deve ter desaparecido muito
cedo.
- no interior da cultura ocidental o canibalismo é
classificado como o comportamento aberrante por
excelência, ao qual está ligada uma valência não só de
maldade, mas de degradação total para a vítima e de
total regressão para o carnífice.
No interior da cultura ocidental não se pode, enfim, não
se deve falar de canibalismo porque, nunca, nem nas
situações mais difíceis, este pode reentrar na esfera das
acções instrumentais, funcionais, como é a de comer para
sobreviver, mas nem sequer na esfera das acções
simbólicas, como comer para salvar, preservar,
sacralizar. Então como se explicam os casos ocidentais
de canibalismo? Os quais descobrimos, com alguma
surpresa, serem menos excepcionais, ainda que raros,
do que pensáramos. Assim, existem casos documentados
durante a Guerra dos Trinta anos na Alemanha e durante
a Revolução em Caen, França; e o historiador francês
Corbin reconstruiu um caso relativamente recente
ocorrido em Dordogna durante a crise do Segundo
Império (Corbin 1990). Não tenho dúvidas que
investigações mais cuidadas fariam emerger outros casos.
De qualquer forma, deve-se sublinhar que todos os casos
recordados têm uma série de elementos em comum com
o napolitano: aconteceram num período de ruptura das
regras e das ordens político-sociais, no seio de contextos
violentos e opressivos, têm por protagonista o povo ou
melhor «a turba de populares» e por vítimas membros
das classes mais altas; se for reconhecível alguma cor
ideológica nos comportamentos, é a de que a vítima é de
algum modo portadora de posições progressistas,
inovativas, e os perseguidores de posições reaccionárias,
conservadoras.Nenhum autor propõe a leitura destas
práticas como práticas rituais e nem sequer como práticas
simbólicas. O esquema interpretativo que reaparece com
insistência é o da multidão delinquente: um
comportamento aberrante em modo extremo, colectivo,
desenfreado, irado; que se consome e se esgota
rapidamente e se precipita no remoinho da negação e da
remoção assim que se conclui. Não existem
responsabilidades individuais a apurar. Como se vê, o
caso napolitano prestar-se-ia perfeitamente a ser inscrito
neste modelo.
Mas também aqui podemos fazer uma pergunta
provocadora: o que pensavam estar a fazer os lazzari
napolitanos quando assavam e comiam as pernas e os
braços, os corações e os fígados dos “jacobinos”?
Não podemos imaginar um lazzaro napolitano que diz a
si próprio: “eu sou um membro da multidão delinquente”.
Mas, se quisermos aceitar a fórmula mais parecida com
o exorcismo que com a hipótese explicativa da
bestialização, devemos perguntar-nos que sentido tinha
a acção canibalesca para aqueles que a realizavam.
Consideravam-na uma resposta à simples e pérfida fome
fisiológica ou era algo diferente, de muito diferente?
Na expectativa de estudar profundamente a questão,
posso somente oferecer mais outra anotação. Creio que
se possa excluir a explicação da fome fisiológica. Não
porque a plebe napolitana não estivesse esfomeada, mas
porque de algum modo já tinha transcendido a própria
fome perene e furiosa, objectivando-a e valorizando-a,
dando-lhe voz e presença na personagem de Pulcinella.
A plebe napolitana actuava sobre a própria fome, não
era movida por ela. Podia saquear palácios, despensas e
armazéns aceitando representar-se como totalmente
governada pelo próprio aparelho dirigente: mas um
assado de carne humana era, como é, outra coisa.
Proponho uma hipótese. É verdade que no mundo
ocidental o comportamento canibalesco é colocado fora
de qualquer ritualidade institucionalizada: mas isso não
quer dizer que não possa assumir valências simbólicas,
que não possa ser assumido como significante de um
significado, que não aluda, para os que o tem, a um
“além” carregado de valor. Se esta premissa é aceitável,
podemos pensar que também no caso napolitano (e nos
outros casos europeus) o objectivo do canibalismo era,
provavelmente, a interiorização do valor e da potência
daqueles que eram comidos. Porém, não como no
canibalismo a que chamaria “construtivo” com o
objectivo de fazer com que as forças do morto passassem
àqueles que lhes absorviam a carne e não se dispersassem
indomadas com o risco de serem envolvidas por potências
negativas se capturadas por outros. Neste caso, o da
Revolução napolitana, talvez comer não queira tanto dizer
incorporar quanto degradar, não tem tanto o sentido de
interiorizar quanto o de atirar ao mundo, na forma mais
ignóbil possível, uma categoria de seres humanos que
era objecto de ódio particular, também esse extremo, mas
não destituído de sentido e “razões”.
Vejamos. Em primeiro lugar, a condição social dos
“jacobinos”, evidentemente privilegiada em relação à dos
lazzari, não se apoiava principalmente em recursos de
ordem material, como a riqueza da qual era sempre
possível, para os lazzari, entender a natureza e o uso e
Bolet im N E H M - M a r ço/S et em b r o 2 002 - p á g.9
de que sabiam como entrar na posse, com súplicas e
implorações obtiam-se migalhas, com a violência fatias
mais consistentes. Mas os “bens” dos “jacobinos”, muitos
dos quais eram imateriais( a instrução, o estilo, as
maneiras e as relações, a desenvoltura e a segurança em
manter as relações, a capacidade de dar ordens e de
conseguir obediência sem ter o monopólio da força, enfim
aquilo a que dois séculos depois Bourdieu chamaria
capital social e cultural), eram inerentes às suas pessoas
e como tal, não ofereciam possibilidade de apropriação
nem através da violência nem através da imitação.
Pior ainda (e isto na minha hipótese é o outro fundamento
do ódio), os “bens” dos “jacobinos” não se podiam obter
nem mesmo com a súplica, a propiciação, o “colocar-se
à disposição” servil. Quando os lazzari ofereciam esta
sua disponibilidade, as únicos recursos que
verdadeiramente controlavam, os jacobinos recusavamlhos, por vezes com desdém e indignação e exortavam
os lazzari a “fazer como eles”, a instruirem-se, educaremse, aprenderem a viver com civilidade.
O ódio que nasce das feridas infligidas à dignidade é
implacável. O canibalismo dos lazzari parece-me
pertencer, contudo, sempre aos comportamentos rituais
que constroem o mundo do avesso, que subvertem a
realidade, na medida em que tempos e lugares protegidos
subvertem as regras de apropriação e gestão da realidade.
No canibalismo da Revolução de ’99 é o significado
simbólico do comportamento a ser invertido: a
incorporação que no banquete ritual eleva o incorporante
ao nível do incorporado aqui degrada o incorporado a
dejecção do incorporante.
Tenho consciência de estar a propôr uma interpretação
bastante dura e inusual, e, para mais, não suficientemente
apoiada por uma investigação ad hoc.
Porém, gostaria de sublinhar, como minha atenuante, que
a minha interpretação excluíe o recurso à “natureza
bestial” da plebe ou à aparentemente mais sofisticada
interpretação da multidão como mera energia psíquica
que o chefe canaliza, modela, solta e tráva a seu gosto.
Seja qual for o juízo moral que cada um de nós dê aos
seus comportamentos, de acordo com a minha hipótese
os lazzari canibalescos são, de qualquer forma,
produtores de sentido, produtores do sentido de acções
que dizem respeito às relações de forças internas ao
sistema social a que pertencem: portanto, os lazzari
canibalescos são, também eles, sujeitos políticos.
Esther Basile
Referências bibliográficas
M. Aug, Cannibalismo in Enciclopedia
Einaudi, Torino, 1977.
P. Bourdieu, Risposte per un’antropologia
riflessiva, a cura di L.J.D. Vacquant, Bollati
Boringhieri, Torino, 1992.
A. Cavicchia Scalamonti, La memoria
consumata, Ipermedium, Napoli, 1996.
A. Corbin, Un villaggio di cannibali nella
Francia dell’800, Laterza, Bari, 1990.
V. Cuoco, Saggio storico sulla Rivoluzione di
Napoli (Introduzione di Pasquale Villani),
Biblioteca Universale Rizzoli, Milano, 1999.
A. De Stefano, Immagini da una Rivoluzione.
Napoli 1799, Guida Napoli, 1989.
E. H. Gombrich , L’uso delle immagini,
Leonardo Arte, Milano, 1999.
M. Harris, Cannibali e Re. Le origini delle
culture, Feltrinelli, Milano, 1979.
M. A. Macciocchi, Cara Eleonora. Passione e
morte della Fonseca Pimentel nella Rivoluzione
napoletana, Rizzoli, Milano, 1993.
Bolet im N E H M - M a r ço/S et em b r o 2 002 - p á g.1 0
Silhueta
Públia Hortênsia de Castro
por Antónia Fialho Conde
Públia Hortênsia de Castro, ou Públia Lusitana, no dizer
lembremos D. Isabel de Castro e Andrade, que também
de Carolina Michaëlis de Vasconcelos, nasceu em Vila
no século XVI terá defendido Conclusões de Filosofia e
Viçosa em 1548, tendo morrido em Évora, cidade onde
Teologia no convento do Varatojo
passou parte da sua vida, em 1595. Era filha de Tomás de
Nos temas teológicos revelaria também grande perspicácia,
Castro, parente do Arcebispo de Évora da altura, D. João
discursando em Elvas com outras Conclusões nesse
de Mello. Duvida-se que o seu nome seja o baptismal, o
domínio, possivelmente perante Filipe II de Espanha, em
que a tornaria única entre as mulheres de Quinhentos; foi,
1581; como prova do agrado régio, recebeu uma tença de
porém, aquele que ficou para a História, latinizado e ao
15.000 réis por ano, que terá usado para dote conventual,
gosto humanista, de acordo com o contexto epocal. Para
para se recolher à clausura – não fazendo necessariamente
J.B. Venturino, que descreveu a recepção em Vila Viçosa
profissão - nesse mesmo ano de 1581.
da embaixada do cardeal Alexandrino, Legado do Papa,
Fazia parte das Damas eruditas que a Infanta D. Maria,
em 1571, terá sido antes um cognome, atribuído em virtude
filha de D. Manuel I, reuniu à sua volta, ao lado de Luísa
dos seus conhecimentos literários e dotes de oradora; de
e Ângela Sigeu, de Paula Vicente, mantendo com a princesa
facto, esteve previsto um discurso de Públia perante o
cordiais relações, que se estenderam também ao Cardeal
cardeal, em que quisera defender, no dizer de Venturino,
D. Henrique e ao Duque de Bragança, D. João.
Conclusões naturais e legais, o que não se concretizaria
Na sua obra, manuscrita, destaca-se vasta epistolografia
por falta de tempo do Legado.
em latim e em português, poesias, também em latim e em
Segundo Barbosa Machado, terá estudado Humanidades
português, e diálogos religiosos e filosóficos. Como
e Filosofia na Universidade de Coimbra, usando traje de
exemplo, temos os Psalmos pela victoria e felicidade do
homem, com o seu irmão Jerónimo de Castro, que ainda
Senhor D. Duarte, e declaração dos ditos Psalmos, por
em 1614 conservaria todas as obras da irmã, hoje
encomenda da mãe de D. Duarte, a Infanta D. Isabel, na
desaparecidas. J. B. Venturino cita Públia Hortênsia como
altura em Évora, em 1574, e a obra Flosculus Theologalis.
tendo estudado em Salamanca, mas para Carolina
Michaëlis de Vasconcelos, ela terá tido professores
particulares, sendo doutrinada em casa, primeiro em Vila
Viçosa, depois em Évora, sendo aqui o estudo
acompanhado por D. João de Melo, que sempre terá
recomendado mestres da Universidade eborense, onde
entrariam nomes como Luís de Molina, ou o próprio S.
Francisco de Borja, Geral da Companhia de Jesus.
No domínio da Filosofia Moral terá defendido em Évora,
em 1565, Conclusões, com apenas dezassete anos, perante
a admiração dos presentes, entre os quais André de
Resende; este descreve o seu brio na defesa dessas teses,
tornando-se assim a primeira mulher portuguesa a
discursar em público, nas mão a única nesse século:
Bolet im N E H M - M a r ço/S et em b r o 2 002 - p á g.11
Recensão Crítica
Leonor Pimentel - A Portuguesa de Nápoles
por Marília E. Sota Favinha
SANTOS, Teresa e PEREIRA, Sara Marques
(coord.), Leonor da Fonseca Pimentel- A
Portuguesa de Nápoles (1752-1799), Lisboa,
Livros Horizonte, 2001
Esta importante obra resulta do Colóquio
evocativo de Leonor da Fonseca Pimentel- a
portuguesa de Nápoles, aquando do bicentenário
da sua morte, em Outubro de 1999. Na
apresentação as coordenadoras fazem o historial
deste colóquio realizado pelo Projecto Faces de
Eva- Estudos sobre a Mulher, destacando as
Instituições envolvidas: Universidade Nova de
Lisboa, Universidade de Évora, Embaixada de
Itália, Instituto Italiano da Cultura em Portugal,
Istituto Per Gli Studi Filosofici de Nápoles,
Fundação das Casas de Fronteira e Alorna,
Fundação Eugénio de Almeida, Instituto da
Comunicação Social da Câmara Municipal de
Lisboa e da Câmara Municipal de Évora.
A personagem que serviu de mote a este
colóquio e consequentemente ao presente volume,
Leonor da Fonseca Pimentel, é injustamente
desconhecida em Portugal. Nascida em Itália, de
uma família de origem portuguesa, Leonor da
Fonseca Pimentel foi uma inigualável revolucionária
que pautou sempre a sua acção pela coerência
política e pela maturidade intelectual que a levaram
ao cadafalso em Agosto de 1799, com quarenta e
sete anos de idade, sob a acusação de jacobinismo.
Ao longo deste livro podemos seguir os
traços mais marcantes da personalidade de Leonor
da Fonseca Pimentel, a sua acção política e
intelectual, mas ao mesmo tempo encontramos
diversos estudos que contextualizam, analisam e
projectam o seu pensamento e as suas actividades.
Juntam-se a estes estudos uma tradução de O
triunfo da Virtude peça de teatro escrita por Leonor.
E um soneto, também, de sua autoria enviado à
Marquesa de Alorna e que permanecia até hoje
desconhecido.
A presente obra destaca-se pela qualidade
dos estudos apresentados, quer por investigadores
italianos, quer portugueses, mas também, por
colocar na galeria da História, agora em Portugal,
Leonor Fonseca Pimentel- a portuguesa de
Nápoles.
Bolet im N E H M - M a r ço/S et em b r o 2 002 - p á g.1 2
Recensão Crítica
La figura femenina en los narradores testigos de la conquista
por Eliane Gracindo de Sá
LÓPEZ DE MARISCAL, Blanca. México: Programa
Interdisciplinario de Estudios de la Mujer: Consejo para la
Cultura de Nuevo León, 1997.
La figura femenina en los narradores testigos de la conquista
Lamentavelmente não traduzido para o português de Blanca
López Mariscal é leitura obrigatória não apenas para aqueles
que se ocupam dos temas de estudo sobre a Conquista da
América. Viabiliza exemplar exercício historiográfico. Trata as
questões propostas com actualidade teórica e profunda
sensibilidade de sentido histórico.
O percurso escolhido pela autora permite que o carácter regional
da análise não inviabilize a reflexão universal dos temas
apresentados.
Trata-se marcadamente de um estudo de género, circunscrito
geograficamente à Mesoamérica e ao litoral caribenho, primeiro
espaço de contacto entre os mundos em confronto. Os limites
temporais estabelecidos são os primeiros cem anos desse
contacto: dos últimos oito anos de século XV ao final do XVI.
A delimitação dos marcos geográficos e temporais não foge às
características da construção da análise que constitui La Figura
femenina en los narradores testigos de la conquista. Preside o
texto uma abordagem teórico-metodológica definida,
amadurecida em reflexões sobre a historiografia, apoiada em
erudição pertinente às fontes. Daí decorre um texto enxuto, sem
desnecessárias reiterações.
A Introdução aponta com clareza os objectivos do texto:
reconstruir a imagem das mulheres da conquista, de acordo
com o que sobre elas disseram os narradores desta empresa.
Como as descrevem? Que tipos de comportamentos assinalam?
Dão-lhes a palavra alguma vez? Qual é o espaço cultural de
onde se narra?
A busca das respostas é procurada nos «narradores
testemunhos», na crónica não oficial, no registro daqueles que
efectivamente vivenciaram o confronto, que se foram despojando
das marcas da história dos monarcas, para a história para os
monarcas, para comunicar o diverso, para apresentar uma nova
realidade, que exacerba seus sentidos de observação. São
movidos pela necessidade de se evocarem como testemunhos,
cuidadosos e valorosos. Daí decorre um registro detalhado e
generoso, no qual se pode encontrar também a mulher,
adequadamente explorado pela autora.
A iconografia constante aponta novos e possíveis caminhos a
serem explorados.
A estruturação dos capítulos vai desnudando, aprofundando e
ampliando os olhares e os focos de observação das questões
enunciadas. As mulheres vão sendo resgatadas nos enunciados
e silêncios dos cronistas em: 1. O descobrimento nas ilhas e em
Terra Firme; 2. O recebimento no mundo mesoamericano; 3. A
mulher como ajudante; 4. A outra face da recepção; 5. A mulher
e o desencadeamento da conquista; 6. A chegada das mulheres
espanholas; 7. A formação das primeiras famílias. O Epílogo
resume a trajectória das construções das imagens das mulheres
a partir das representações fantásticas presentes nas primeiras
impressões dos europeus enfatizando a acção, a actuação, enfim
aspectos do papel desempenhado pela mulher no processo de
conquista. Sobre estas constatações a autora ultrapassa os limites
cronológicos impostos ao objecto para estabelecer um nexo
histórico entre o passado reconstruído e outros marcos da história
da América latina, como a independência, a revolução mexicana
e as lutas do quotidiano contemporâneo. Sobretudo, destaca a
reflexão sobre as marcas deixadas pela imagem actuantes dessas
mulheres que contribuiram para formar o que se conheceria
posteriormente como «nuestro México», mesmo sobre as que
vivem imersas num mundo masculino.
A originalidade do trabalho decorre da leitura crítica e
circunstanciada dos textos dos cronistas, na busca das pistas
mais escondidas e disfarçadas, na articulação da explicitação
das possibilidades de exploração de todo registro e informação,
para além, ou mais apropriadamente, para a implantação do
potencial de interpretação dos testemunhos, numa reconstrução
dos sistemas de representação de que dispõem para olhar a
complexidade e a perplexidade do novo com que se defrontam,
mas ainda com a ausência e as possibilidades de invenção e
novas construções necessárias ao entendimento do universo
circundante. Além disso, a autora se preocupa em manter o
constante questionamento sobre a construção desses olhares,
seja pela novidade, seja pelo preconcebido, seja pelo
desapercebido. É essa estrutura do texto que estimula a
sensibilidade e as possibilidades da análise histórica dos temas,
sem perder a actualidade do tratamento, sem cometer
anacronismos, pecados tão presentes em estudos similares.
As mulheres, mas não só elas, são as sociedades confrontadas e
em (re)formação que estão apresentadas nas relações e nos
sitemas de representações derivados, na multiplicidade e
diversidade de uma historicidade mais plenamente
compreendida. Fica arguido o mito da passividade,
colaboraccionismo, toda e qualquer interpretação que
homogenize, que congele ou cristalize formas estereotipadas de
pensar por e sobre o outro.
Bolet im N E H M - M a r ço/S et em b r o 2 002 - p á g.1 3
Ciclo de Conferências
O primeiro Ciclo de Conferências dedicado ao tema História e
Historiografia da Mulher, desenvolvido pelo NEHM, pretende
dar a conhecer ao público em geral uma visão especializada que
permitirá a abordagem da História da Mulher no espaço
português e lusófono.
Com o objectivo de desenvolver e divulgar esta área temática é
nossa intenção dar continuidade a este tipo de iniciativas, assim
como aprofundar a investigação neste domínio.
Ciclo de Conferências
Colégio luis António Verney e
Auditório Soror Mariana - Évora
Selma Pantoja
(Universidade de Brasília/ Faculdade
de Letras de Lisboa)
“As Mulheres na Formação do Mundo
Atlântico e a História de Angola
- Séc. XVII a XIX”
Colégio Luis António Verney
8 de Março - 16.00h
Margarida Sá Nogueira Lalanda
(Universidade dos Açores)
“A Mulher Freira no séc. XVII e XVIII”
20 de Março - 14.30h
Maria Filomena Barros
(CIDEHUS/Universidade de Évora)
“A Mulher Muçulmana no
Portugal Medieval”
9 de Abril - 14.30h
C onc epção G ráfica: Vitor C astro
“ A Escultura”- Gustav Klint - 1896
Joseph Abraham Levi
(Rhode Island College-Providence-EUA)
“No Mundo de Fénix. Cristãs-Novas
e Mulheres Judias das Diásporas:
Pilares do (cripto) Sefardismo Ibérico”
30 de Maio - 14.30h
N ú c l e o
NEH M
dd ee EEsstt uu dd oo ss ddee HHi is sttóórr iiaa ddaa ss MMu ul lhheer reess
Apoio
N E SA
Organização
Informações e inscrições em www.cidehus.uevora.pt
C o l é g io L u í s A n t ó n i o Ve r n e y e
A u d itó rio S o ro r M aria n a - É v o ra
S e lm a P an to ja
(U n iv ersid ad e d e B rasília / F a cu ld ad e
d e L etra s d e L isb o a)
“A s M ulh e res n a F o rm açã o d o M u n d o
A tlân tic o e a H istó ria d e A n g ola
- S é c. X V II a X IX ”
C o lé g io L u is A n tó n io Vern ey
8 d e M arço - 1 6 .0 0 h
M arg arid a S á N o g u eira L ala nd a
(U n iv ersid ad e d o s A ço res)
“A M u lh e r F re ira n o séc. X V II e X V III”
2 0 d e M arç o - 1 4 .3 0 h
M aria F ilo m en a B a rro s
(C ID E H U S /U n ive rsid ad e d e É v o ra)
“A M u lh er M u çu lm an a n o
P o rtu g a l M ed iev al”
9 d e A b ril - 1 4 .3 0 h
Jo sep h A b rah am L e v i
(R h o d e Isla n d C o lleg e -P ro v id e n ce-E U A )
“N o M u nd o d e F én ix . C ristã s-N o v as
e M u lh e res Ju d ias d as D iásp o ra s:
P ilares d o (crip to ) S efard ism o Ib é rico ”
3 0 d e M aio - 1 4 .3 0 h
Bolet im N E H M - M a r ço/S et em b r o 2 002 - p á g.1 4
Informação
Estudos de Mulher nos E.U.A
por Joseph Abraham Levi
Nos últimos dez anos os estudos da mulher nos Estados
Unidos têm feito passos de gigantes com presenças quase
omnipresentes em mais de 625 universidades e institutos
superiores onde se ensinam cursos dedicados ou quase
exclusivamente dirigidos à análise histórica do Feminismo
e dos Estudos de Mulher em geral — da literatura e da
história/historiografia à antropologia e à religião —, quer
a nível nacional ou pan-americano (do Canadá à
Argentina), quer a nível internacional, ou seja, europeu,
africano e asiático-oceânico. Para mais informações ou
para obter uma lista das acima mencionadas instituições,
enviar um e-mail para <[email protected]> Ed Gunn, MLA
Member and Costumer Services Office, Modern
Language Association of America, <http://
www.mla.org>.
1993", <http://frank.mtsu.edu/~kmiddlet/history/como
apoio à investigação do Feminismo e da Historiografia,
quer nos Estados Unidos, quer no resto do Mundo.
<http://www.census.gov/population/www/soc
demo/ppl-121.html>
Core Documents of U.S. Democracy
<http://www.access.gpo.gov/su_docs/locators/
coredocs/about.html>
Emma Goldman Papers <http://sunsite.berkeley.edu/
Goldman>
History of the Suffrage Movement
<http://www.pbs.org/onewoman/suffrage.html>
International Institute of Social History-Women’s History
<wysiwyg://40/http://www.iisg.nl/~womhist/
vivahome.html>
Library of Congress, National Union Catalog,
Manuscript Collections <http://www.loc.gov/coll/nucmc/
nucmc.html>
Medieval Feminist Index <http://www.haverford.edu/
library/reference/mschaus/mfi/mfi.html>
National Women’s History Project
<http://www.nwhp.org>
NAU’s Women’s Studies Program and Resources web
page <http://www.nau.edu/wst>
Smithsonian History Databases <http://www.si.edu/
archives/ihd/ihdb.htm>
World History Archives
<http://www.hartford-hwp.com/archives>
World Wide Web Virtual Library Women’s History
<http://www.iisg.nl/~womhist/vivalink.html>
Women’s Studies Database da University of Maryland
em College Park
< h t t p : / / w w w. i n f o r m . u m d . e d u / E d R e s / To p i c /
WomensStudies/Bibliographies>, destina-se às pessoas
interessadas nas profissões mulheres e em assuntos
femininos/feministas.
A seguir damos alguns sítios — por sua vez contendo
inúmeros links a uma gama indefinida de fontes
bibliográficas, históricas e historiográficas — que com
certeza irão ajudar estudiosas e estudiosos nas suas
investigações em mérito:
E, para concluirmos, eis aqui alguns sítios
governamentais dedicados às investigações históricas,
que, por sua vez, também possuem subdivisões ou secções
especificadamente dedicadas à história/historiografia da
Mulher:
ACRL’s Women’s History Sites <http://
www.library.arizona.edu/users/dickstei/wss/
acrlwsshistory.htm>
American Antiquarian Society <http://
www.americanantiquarian.org/Exhibitions/
Womanswork>
Any Day: This Day in History
<http://www.scopesys.com/anyday>
Bureau of Census; Women in the United States
Library of Congress American Memory
<http://rs6.loc.gov>.
National Archives <http://www.nara.gov>.
National Park Service <http://www.cr.nps.gov>.
Smithsonian Institution <http://www.si.edu>.
Entre as inúmeras obras publicadas no ano académico
2001-2002 destacam-se as seguintes três:
Alberti, Johanna. Gender and the Historian. Harlow:
Longman, 2002, a ressaltar o papel fundamental do
género no narrar a história da humanidade;
Sharma, Arvind e Katherine K. Young, eds. The Annual
Review of Women in World Religions. vol. 6. Albany:
State University of New York Press, 2002, onde oito
autores analisam, através dos séculos, as diferentes
atitudes das religiões humanas perante as mulheres, do
sudoeste da China ao Ocidente cristão;
Joseph Abraham Levi
Rhode Island College
Bolet im N E H M - M a r ço/S et em b r o 2 002 - p á g.1 5
Informação
Leitura
Congressos
Bibliografia Recomendada
No próximo 8 de Março, dia Internacional da
Mulher, a Pró-Ordem dos Professores irá organizar
em Setúbal, um Seminário sobre O Papel das
Mulheres na Educação.
BOCK, Gisela – La mujer en la historia de Europa:
de la Edad Media a nuestros dias. Madrid, 2001.
BOXER, C. R. – A Mulher na Expansão Ibérica.
Lisboa,1975.
CAINE, B.; SLUGA, G. – Genero y historia. Mujeres
Nos dias 23 e 24 de Maio, o Centro de Estudos
sobre a Mulher- Faces de Eva irá levar a cabo o I
Curso Livre de Estudos sobre a Mulher, intitulado
“Falar sobre Mulheres: da Igualdade à Paridade” ,
estando já confirmadas as presenças de Zília Osório
de Castro, Ana Vicente, Joseph Levi, Irene
Vaquinhas, Paulo Guinote, Regina Tavares da Silva,
João Esteves, Sara Marques Pereira, Manuela, Silva,
Teresa Santos, Teresa Toldy, Teresa Rita Lopes. Este
Curso irá decorrer na Faculdade de Ciências Sociais
e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, nos
auditórios 1 e 2.
en el cambio sociocultural europeo, de 1780 a 1920.
Madrid, 2000.
DOMINGO, P. Ballarin ( dir. de ) – Las Mujeres en
Europa: Convergencia y Divergencias. Granada,
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Em Dezembro irá realizar-se, em Nova York, o
Congresso Anual do MLA, que contará com uma
secção chefiada pelo Professor Joseph Abraam Levi,
intitulada “From Cape Verde to East Timor:
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femenino
contrareformista. Madrid, 2000.
y
expansión
Bolet im N E H M - M a r ço/S et em b r o 2 002 - p á g.1 6
Coordenação:
Maria de Deus Manso
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Conselho Redactorial:
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