sílvia maria anderse.. - NEAD
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SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEED/MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO SÍLVIA MARIA ANDERSEN O MARAVILHOSO MUNDO DA LITERATURA E SEU PODER DE FORMAR LEITORES RIO GRANDE, 2011 1 SILVIA MARIA ANDERSEN O MARAVILHOSO MUNDO DA LITERATURA E SEU PODER DE FORMAR LEITORES Monografia apresentada ao Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação, da Universidade Federal do Rio Grande, como requisito para a obtenção do Título de Especialista em Mídias na Educação. Orientador (a): Mauro Rickes RIO GRANDE, 2011 2 SÍLVIA MARIA ANDERSEN O MARAVILHOSO MUNDO DA LITERATURA E SEU PODER DE FORMAR LEITORES Monografia apresentada ao Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação, da Universidade Federal do Rio Grande, como requisito para a obtenção do Título de Especialista em Mídias na Educação. Orientadora: Mauro Rickes Rio Grande, RS 20 / 04 /2011. Nota: ________ Nome do Orientador (a): Mauro Rickes Orientador (a) Coordenação da Pós-Graduação Rio Grande, 2011 3 RESUMO Vivemos num mundo em constantes transformações, tanto pelos avanços científicos como os tecnológicos, avanços estes que vem revolucionando a comunicação. As novas mídias e tecnologias estão relacionadas com todas essas transformações. E é por isso, que nos dias atuais, tornou-se necessário criar espaços para a identificação e o diálogo entre várias formas de linguagem, permitindo que as pessoas se expressem de diferentes maneiras. Com o objetivo de investigar a influência das mídias impressa e áudio-visual no desenvolvimento do hábito pela leitura, neste projeto fizemos a integração entre as mídias: material impresso e audiovisual, TV e vídeo, pois a mídia impressa no meio digital possibilita muitas formas de se trabalhar com texto no contexto da era digital. E isso desenvolve no aluno o desejo de criar e ao mesmo tempo poder mostrar suas potencialidades de produções dinâmicas, e é isso que pretendo no tema proposto, sobre leitura. Atualmente a leitura vem sendo um tema de algumas discussões entre educadores que se preocupam com uma educação dinâmica, instigante e significativa, compreendendo a criança como um sujeito integral, com sua história, seu conhecimento, seu prazer em ler. Apesar de tal preocupação existir, são muitas as dúvidas levantadas entre os educadores em relação à utilização de atividades envolvendo a leitura durante as aulas e como as mesmas refletirão na aprendizagem e no desenvolvimento dos educandos. Assim, o estudo em questão buscou compreender, através de observações da realidade vivenciada na Escola Reunida Balcino Matias Wagner, a utilização de atividades com leitura no processo ensino-aprendizagem, bem como suas contribuições no desenvolvimento social, cognitivo e afetivo da criança. Dessa forma, acreditamos na importância de relatar a elaboração, a prática e os resultados de um projeto denominado: “O maravilhoso mundo da literatura e seu poder de formar leitores”, realizado juntamente com educandos e educadores, tendo como objetivo utilizar a leitura, como um ato de prazer, além de integrá-las aos conteúdos desenvolvidos em sala de aula, bem como a utilização das mídias, visando propor mudanças significativas na prática educativa. 4 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................06 2. OBJETIVOS................................................................................................................08 3. REFERENCIAL TEÓRICO I......................................................................................09 4. METODOLOGIA .......................................................................................................17 5. RESULTADOS............................................................................................................25 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................27 7. REFERÊNCIAS..........................................................................................................35 8. ANEXOS ....................................................................................................................37 5 1. INTRODUÇÃO Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra, e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível que lhes deres: Trouxeste a chave? (DRUMMOND apud ZACCUR, 2001) Era uma vez... Pronto! A magia está solta pelo ar! Uma expressão mágica que, ao pronunciá-la, tudo se transforma: mentes se abrem e sonhos povoam. Contar histórias, um fato, um conto, uma fofoca... Quem já não fez? A narrativa sempre acompanhou o homem, estimulando à imaginação, as idéias, as pessoas, os acontecimentos, os desejos, os sonhos, enfim... A vida. Nosso objetivo, ao projetar este trabalho, foi “dar um final feliz” ao mundo que nos atrevemos a conhecer mais de perto: a literatura infantil. Dentro deste, inclui o desejo de chamar a atenção dos alunos, personagens principais desta história, para o mundo deslumbrante de Sua Majestade, a Palavra, na sua grande função de ferramenta do pensamento. A Palavra Escrita para ser lida...(Andersen, 2009) Queremos foi sair do tradicional e trazer para as aulas o uso das mídias, neste caso, o material impresso e o audiovisual, por saber da importância destas, enriquecendo e reforçando o interesse dos alunos em relação ao tema escolhido, tornando, dessa forma, as aulas mais diversificadas, interessantes e significativas. Verificar a influência das mídias no processo de sair do mundo do “faz de conta”, no sentindo literal da palavra, e ensinar nossos alunos a gostar de ler, abrindo o caminho para a literatura, com as suas emoções, a poesia, o conto, a aventura, toda uma riqueza sem fim, que a leitura proporciona, é o objetivo central neste trabalho. Esse, enfim, nosso propósito é não abrir mão da informação erudita que se precisa dominar como profissional, mas manter paralelamente, informações acerca de como casar teoria e prática na transformação do dia-a-dia da escola. Mas onde encontrar o prazer do texto? Onde se encontra o seu poder de seduzir? 6 Essas indagações adentraram texto afora com todas as suas particularidades na tentativa de responder essas e outras perguntas que circundam a literatura. O primeiro capítulo tratou de apresentar o espaço, as concepções que os orientam, as crenças, a filosofia, a prática, a história, os livros, enfim, um conjunto de razões que fundamenta as idéias que defendo neste trabalho. Esperamos que os tópicos contemplados ao longo do capítulo em questão conduzam, a olhar a literatura com novos olhos e, conseqüentemente, criar novas formas de colocar o aluno em contato com a Literatura Infantil. O outro capítulo que compõe este trabalho, o capítulo II, é contrário ao primeiro, dada à forma mais detalhada e acadêmica com que foi construído. O capítulo em estudo faz uma abordagem acessível à prática pedagógica, apresentando no seu contexto, o projeto desenvolvido intitulado: Era uma vez... O maravilhoso mundo da literatur e seu poder de formar leitores. Nele estão detalhados todos os passos seguidos para a sua realização e sua aplicação em sala de aula. Os resultados obtidos através das atividades propostas nesse trabalho estão apresentados no capítulo III. 7 2. OBJETIVO GERAL: Investigar a influência das mídias impressa e audiovisual no desenvolvimento do hábito pela leitura, de modo que possam contribuir na vida dos alunos para ampliar suas visões de mundo. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Valorizar a leitura como fonte de informação, prazer e entretenimento; Exercitar a fantasia e a imaginação através da leitura de histórias; Ler no sentido de ser crítico, contextualizando a leitura com a sua realidade. Dramatizar histórias, filmando e utilizando a TV e vídeo para que os alunos possam ser ver como protagonistas. Acentuar a importância da utilização das mídias no processo educativo. 8 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1. A opção por uma perspectiva teórica A aprendizagem não é um processo complexo onde o indivíduo pode adquiri o conhecimento de forma voluntária ou induzida. Quando temos consciência desse fenômeno, nos empenhamos em cuidar do contexto escolar, em que as situações de ensino e aprendizagem acontecem. Não podemos formar leitores, se não houver livros e atos significativos de leitura na sala de aula (de Souza, 2004). Não podemos seduzir nossos alunos a lerem com prazer, se não os fascinarmos com as coisas maravilhosas que moram dentro do livro. Às vezes, o contexto da sala de aula ensina até mais do que aquilo que planejamos intencionalmente. E o contexto da escola, para além da sala de aula, também ensina. O grande educador Paulo Freire (...) sempre valorizou o conhecimento trazido pelos educandos. Considerava-os indispensáveis para a construção de novos conhecimentos. O jeito das pessoas se relacionarem, as atitudes dos professores para com as crianças, a relação estabelecida com as famílias e com a comunidade, o funcionamento geral da escola, as priorizações que se faz...Tudo isso, a despeito de nossa intenção, representa situações de ensino e aprendizagem. A partir da década de 80, outra compreensão de educação invadiu as escolas do país. Depois de um processo de estudo e muita reflexão com todos os agentes da educação o modo tradicional de conceber a educação, passou a ser substituído por novas idéias e práticas que fogem do ponto de vista tradicional compreendido a muitos anos de geração em geração. O desejo era reforçar uma nova proposta que possibilitasse as crianças que freqüentam os bancos escolares em aprender aquilo que é considerado efetivamente importante para se viver como verdadeiros cidadãos. 3.2. A Situação da leitura e a formação do leitor A História sem fim “As paixões humanas são misteriosas e as das crianças não o são menos que as dos adultos. As pessoas que as experimentam não as sabem explicar, e as que nunca viveram não as podem compreender. Há pessoas que arriscam a vida para atingir o cume de uma montanha (...) ou sacrificam tudo por uma idéia fixa que nunca se pode realizar. (...) Em suma, as paixões são tão diferentes quanto as pessoas. 9 A paixão de Bastian Baltasar Bux eram os livros. Quem nunca passou tardes inteiras diante de um livro, com as orelhas ardendo e o cabelo caído sobre o rosto, esquecido de tudo o que o rodeia e sem se dar conta de que está com fome ou com frio. (...) Quem nunca se escondeu embaixo dos cobertores lendo um livro à luz de uma lanterna, depois de o pai ou da mãe ter apagado a luz, com o argumento bem intencionado de que já é hora de dormir. (...) Quem nunca chorou, às escondidas ou na frente de todo mundo, lágrimas amargas porque uma história maravilhosa chegou ao fim. (...) Quem nunca conheceu tudo isto por experiência própria provavelmente não poderá compreender o que Bastian fez em seguida. Olhou fixamente o título do livro e sentiu, ao mesmo tempo, arrepios de frio e uma sensação de calor. Ali estava uma coisa com a qual tinha sonhado muitas vezes, que tinha desejado muitas vezes desde que dele se apoderara aquela paixão secreta: uma história que nunca acabasse! O livro dos livros!” (A história sem fim de Michel Ende, PROFA, p.115, 2002) Nem sempre nós estabelecemos esse tipo de relação com os livros e com a leitura, e não é difícil encontrar professores que afirmam não gostar de ler. Para muitos de nós, a escola foi um espaço no qual a leitura era constante objeto de avaliação, em que a preocupação maior estava voltada para o correto entendimento do texto lido, como se existisse apenas uma interpretação correta e esperada. Talvez a deficiência que se encontra tenha ocorrido devido às poucas oportunidades que a escola proporciona aos alunos de estarem em contato com os textos. Antes de adentrar nesse estudo é necessário que se pergunte: a) O que é literatura? A literatura pertence ao campo das artes, pode ser definida como “arte verbal” cujo meio de expressão é a palavra. E quando afirmamos que o meio de expressão da literatura é a palavra, estamos definindo a literatura para além do seu sentido etimológico. Literatura vem do latim littera que quer dizer “letra” e parece-nos estar fortemente determinada pela escrita, ou seja, pela palavra impressa. Este é um sentido amplo ao conceito de literatura, pelo qual a arte verbal seja entendida, sobretudo, como arte da palavra e não como arte da letra. Como arte da palavra, a literatura tem, no seu horizonte, a arte de criar linguagens, pois, quando falamos em linguagens artísticas, por exemplo, estamos entendendo que podemos interagir com a arte, podemos ter dela uma “leitura”, qualquer que seja a sua expressão estética. Assim, quando nos apercebermos como intérpretes de uma expressão artística, interagindo com ela e entendendoa, portanto, como linguagem, estamos também mergulhados no literário. (Caderno Pedagógico, Conteúdos e Metodologias do Ensino da Linguagem I A, p. 64,65). 10 Marcando a distinção entre a linguagem e as outras artes, em função do material a partir do qual a arte da palavra é feita, isto, é a linguagem, e, sendo a linguagem um material já trabalhado pela história e estando carregada de uma infinidade de sentidos, que nos coloca a proximidade da literatura também com outros campos de saber e conhecimento humanos. Temos de observar esse aspecto atentamente, pois, de fato, a definição do texto que é literário e do texto que não é literário é uma questão propriamente histórica, diz respeito ao conjunto de valores de uma dada sociedade que vigoram num certo momento da sua história. Todas essas idéias, certamente deslocam a nossa percepção do que seja a literatura, mas esse deslocamento da nossa idéia de literatura é fundamental, uma vez, para que um texto seja considerado literário, ele deve ter, sobretudo, a capacidade de mostrar que os sentidos das palavras não são estáveis e de fazer do espaço do texto um espaço em que as nossas percepções se desloquem. Num texto literário, as palavras podem estar o tempo todo, dizendo outra coisa. A noção de texto literário não é aplicada exclusivamente ao texto escrito, mas à oralidade (literatura oral) e aos atos da fala, à pintura, ao desenho enfim, a uma variedade de símbolos e de imagens que podem estimular o imaginário, a fantasia e a criação ou a transformação de uma linguagem, especialmente se estamos, por exemplo, tratando do universo cognitivo da criança. Ela pode ser vista em qualquer linguagem, pode estar, além da palavra falada, na entonação, nos gestos e, inclusive, no silêncio, nas pausas: a literatura pode estar na imagem sugerida ou mostrada, nos diálogos dos signos e dos símbolos que nos rodeiam. Enfim, a literatura como arte que maneja diversas linguagens e que cria formas diferentes de expressar idéias; que, de certo modo, brinca e joga com palavras, mas que também nos mostra sentidos profundos e inesperados para elas; que, ao dizer, diz de outro modo; que, ao expressar uma idéia que julgamos óbvia, pode nos surpreender, é uma arte que está intimamente ligada às experiências que todos vivemos, aos nossos sonhos, aos medos e aos projetos. b) O papel da escola A análise da situação em que se encontra a leitura comprova a ineficácia da escola, pois o aluno manifesta seu desinteresse por essa atividade, evidenciando a distância que se estabelece entre a ação pedagógica e o alcance do comportamento desejado. O pretenso leitor assume o papel de decodificador e de eventual intérprete, sem almejar o desenvolvimento de 11 atitudes crítico-reflexivas, e limita suas experiências com textos literários exigidos pela escola, e na vida cotidiana se restringe a eventuais leituras de jornais e revistas. O que acontece na escola é fundamental para ajudar as crianças a descobrirem nos textos sua face mais pessoal e prazerosa, sua dimensão mais encantadora e envolvente. A prática de leitura não deve estar limitada pelos muros das escolas. As crianças devem aprender que a leitura não é apenas uma ferramenta para alcançar boas notas na escola. A sala de aula deve ter um espaço com livros, revistas, jornais folhetos, histórias para que a criança possa manusear ler à vontade sem que alguém fique perguntando o que estão entendendo. É imprescindível que as crianças percebam que ler é uma atividade importante e que o adulto também gosta de realizá-la. Portanto, os educadores, precisam descobrir – ou redescobrir – que ler pode, e deve ser uma maravilhosa aventura. Mas é um grande equívoco a compreensão de que a escola seja a única responsável diante da tarefa de articular, a conquista de leitores aptos e persistentes. c) - A participação de outros agentes A leitura e a troca de experiências de leitura e de vida já não fazem parte dos encontros familiares. O encantamento de fábulas, lendas, dos contos de fadas, marcados por fracassos, sofrimentos ou por sucessos e alegrias, não mais fazem parte do cotidiano das famílias. Este espaço foi substituído aos programas de televisão ou aos jogos eletrônicos, atitudes que estimulam o individualismo e empobrece o sujeito em sua capacidade de diálogo. Além da influência dos padrões culturais de comportamento, é preciso reconhecer outro fator que enfraquece a prática de leitura. As condições socioeconômicas da população brasileira, ao inibir o contato familiar, já que necessidades impostas pela sobrevivência chegam a exigir dos pais dupla jornada de trabalho, acaba refletindo no contato caloroso e de troca de histórias que se fazia presente em uma infância já um tanto distante. Esta influência interfere até mesmo sobre os idosos, que necessitam participar do orçamento familiar, não tendo mais tempo disponível para contar suas experiências do passado, suas ricas narrativas, de jogos e brincadeiras que estabeleciam um rico contraponto do passado com o presente. O fator econômico impede o acesso de alunos à escola ou os obriga a abandoná-la antes mesmo de se tornarem leitores efetivos. Alguns deles, embora reconheçam os códigos da escrita, só o utilizam, para o atendimento das suas necessidades vitais. O pouco contato com a leitura impossibilita-os de reconhecer o sentido social da leitura, deixa de lhes propiciar o conhecimento da função mediadora que as diferentes modalidades literárias instalam entre sujeito e o outro, o sujeito e o mundo. 12 A opção dos professores por tal modalidade de textos cobra com tributo o afastamento do leitor, sendo a responsabilidade do insucesso, mais uma vez, transferida para a escola, sem que seja considerada a ação de outros agentes. Pelo exposto, comprova-se que a escola não é a única instância que interfere no processo de formação do leitor, sendo necessário considerar fatores diversos. Mas, podemos verificar, que as conseqüências geradas pelo descaso para com a educação, a falta de competência dos professores em lidar com textos literários e com a leitura, em geral, é uma das mais evidentes. Porém, a inclusão da disciplina de Literatura infanto-juvenil no currículo dos cursos de Letras e Pedagogia; a realização de inúmeras monografias e dissertações que têm esse gênero por tema; a promoção de congressos e seminários voltados para a problemática da leitura; a exigência da LDB que prevê a formação de curso superior para os professores que atuam nas séries iniciais e o posicionamento favorável à promoção da leitura e da literatura de muitas secretarias municipais de educação sinalizam a possibilidade de alteração do atual quadro em relação à literatura e à leitura. As mudanças possíveis e necessárias identificam alternativas de sucesso e situam o professor como principal agente de transformações, já que também ele busca conquistar o leitor e deseja, em função desse objetivo, superar as lacunas de sua prática pedagógica. 3.3. Conhecendo um pouco da história da literatura infantil A literatura infantil foi tratada com mais atenção no fim do século XVII, quando ocorriam mudanças significativas na estrutura da sociedade. Dessa forma, explica-se o papel de aliada que a escola – e com ela a produção de textos dirigidos às crianças – passou a exercer para conseguir os objetivos e valores preconizados por essa nova classe social emergente. As histórias infantis e os contos populares, no entanto, existem desde que o ser humano adquiriu a fala. Há notícias de histórias antigas na África, na Índia, na China, no Japão e no Oriente Médio. Como a coleção de contos árabes As mil e uma noites. De acordo com Regina Zilberman (1985), os primeiros textos produzidos para crianças deixavam transparecer os valores do mundo burguês, exposto de maneira idealizada, de forma que suscitassem expectativas e promovessem padrões comportamentais em seus receptores. O tipo de vínculo que reunia a ideologia e as intenções da classe burguesa com o texto dirigido ao público infantil reforçou o caráter pragmático do gênero e acabou comprometendo o seu reconhecimento como forma de expressão artística, bem como o desenvolvimento do gosto pela leitura. 13 3.4. A literatura infantil no Brasil No início do século XIX, autoridades brasileiras passam a se preocupar com a literatura infantil, pois até então, importavam-se os textos tradicionais e, com eles, o mesmo caráter didático e redutor decorrente da associação da literatura com os valores de um grupo social hegemônico. Usou-se o texto infantil como difusor de preceitos e de normas comportamentais, doutrinando-se as crianças. 3.5. A Literatura Brasileira Contemporânea Atualmente, a literatura direcionada à criança, conta, além dos clássicos, de textos ditos realistas. Os textos realistas, conquanto se querem diferentes dos clássicos ao substituir fadas, bruxas e fantasias por pessoas e fatos do cotidiano, também seduzem porque comunicam as vivências das crianças em uma mensagem essencialmente artística. Se a partir dos anos 70 no Brasil, a literatura infantil passa a ser criadora e não se posiciona mais na cauda da literatura para adultos, preocupa-se cada vez mais com a competência estética do receptor. Ao inserir o protagonista criança na narrativa, provoca no leitor reações de assombro e estímulos à ação. Nos contos de fadas, o herói nada faz para mudar a sua situação; sempre é socorrido por um poder mágico. Nos contos realistas, o heróicriança está sempre em ação – questiona, refuta, age. 3.6. Leitura, Literatura e Conquista do Leitor “Ivo viu a uva”, ensinavam as cartilhas de alfabetização. Diante desta expressão privada da extensão de um horizonte mais vasto, a leitura está reduzida à simples decodificação de códigos da língua escrita. Mas o professor Paulo Freire, com o seu método de alfabetizar conscientizado fez adultos e crianças do Brasil, e também fora dele, descobrirem que Ivo não viu apenas a uva com os olhos. Viu também com a mente e se perguntou se ela é natureza ou cultura... Ivo após o convívio com este educador viu muito mais, ele viu a parreira e todas as relações sociais em torno da uva. Diante desta idéia Paulo Freire ( FREIRE, 1982) afirma que: “A compreensão crítica do ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas se antecipa e se alonga na inteligência do mundo (...) A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre texto e contexto”. 14 Essa idéia faz da leitura sempre uma releitura. Pois cada um lê e relê com os olhos que tem, já que compreende e interpreta a partir do mundo que habita, um mesmo texto pode ter significados diferentes para diferentes leitores. Isso significa que o leitor aciona as significações do texto, relacionando-os à sua compreensão de mundo. Conseqüentemente, é o leitor quem faz o texto falar e, embora esse estabeleça limites às possibilidades interpretativas, é o leitor quem o reconstitui, vinculando suas significações à sua condição de sujeito histórico e culturalmente determinado. Contribuições à Prática Pedagógica O papel do professor Os professores devem, simplesmente, facilitar e promover a admissão de cada criança no “clube da leitura”. Algumas crianças já chegam à escola membros desse “clube”. Pois a família os oportunizou a isso. O papel do professor diante dessa situação é encontrar meios, criar situações que enriqueçam ainda mais essa vivência. As crianças que não se tornaram membros antes de ingressar na escola devem encontrar na sala de aula a oportunidade de ser logo conduzida ao “clube de leitores”. Os professores devem garantir que todas as crianças sejam admitidas no clube de leitores, onde elas podem ver a linguagem escrita empregada de maneiras diferentes úteis e significativas. A precisão e os exercícios não devem ser enfatizados às custas da significação para o aluno; eles são uma conseqüência e não um pré-requisito da experiência de leitura. Eles devem proteger-se e também proteger os seus alunos dos efeitos de programas e testes que podem convencê-los de que ler é algo sem sentido, sofrido e inútil, ao invés de ser algo prazeroso, útil e freqüentemente divertido. Não se pode esperar que “especialistas” distantes que não conheçam as crianças, decidam o que fazer que tomem decisões pelos professores. Vale citar uma cena original citada por Rubem Alves (PROFA – 2001 p. 2): a mãe ou o pai de livro aberto, lendo para o filho... Essa experiência, afirma ele, é o aperitivo que ficará para sempre guardado na memória afetiva da criança. Na ausência do pai ou da mãe a criança olhará para o livro com desejo e inveja. Desejo, porque ela quer experimentar as delícias que estão contidas nas palavras. E inveja, porque ela gostaria de ter o saber do pai e da mãe: eles são aqueles que têm a chave que abre as portas daquele mundo maravilhoso! Caso a criança não tenha a felicidade de contar com pais, que por algum motivo, não desempenham este 15 papel, a escola terá que de alguma forma suprir esta necessidade, para que esses alunos possam ser oportunizados tanto quanto os outros a terem este contato prazeroso com a leitura. 16 4. METODOLOGIA A metodologia aconteceu de forma clara e objetiva, levando os alunos a atividades interessantes e atrativas, para estimular todo o processo de ensino aprendizagem. As mídias favorecem o desenvolvimento de uma série de capacidades e permitem o contato com linguagens variadas. O material impresso é de grande importância, sempre vai existir e não poderia deixar de ser foi de grande importância no decorrer deste projeto. A mídia audiovisual, em especial o vídeo e a Televisão, foi utilizada para gerar situações de aprendizagem com maior qualidade, ou seja, para criar ambientes em que a problematização, a atividade reflexiva, a atitude crítica, a capacidade de decisão e a autonomia foram privilegiadas. Todo este estudo aconteceu e foi desenvolvido na Escola Reunida Balcino Matias Wagner, no município de Alfredo Wagner, SC, com alunos da 2ª série do Ensino Fundamental, do período matutino, com duração de duas semanas que contou com a colaboração da professora regente Elizete Schweitzer Coelho, que foi muito importante, pois esteve envolvida durante todo o processo de aplicação do Projeto. O material impresso esteve presente em todo o desenvolvimento do projeto, através de leituras: oral e escrita nas atividades propostas, na confecção de cartazes, fantoches, livrinhos... Também foi utilizado o vídeo tendo como aliado a televisão, para o momento do cineminha, com os filmes: os três porquinhos, Rei leão e Shereck II. Após cada filme foi realizado conversas de interpretação dos mesmos. Também aconteceram, as filmagens das dramatizações feitas pelos alunos, momento este que julgo o mais importante, pois mostrar a eles o que eles mesmos protagonizaram, foi um momento único, aí que pude perceber que o lado crítico e reflexivo se fez presente e, então concluí que as mídias não são só mais uma novidade, mas sim uma necessidade. Foram também realizados passeios pelo bairro, na Biblioteca, usaram-se também câmera fotográfica, músicas e, cabe aqui relatar que todo o processo aconteceu de forma interdisciplinar. As atividades na primeira semana aconteceram como segue: Segunda-feira: 17 1º Momento: Contar a história infantil, “Chapeuzinho Vermelho”. (Professores caracterizados como os personagens). 2º Momento: Explorando à escrita... “Contos versus realidade”. (atividades do caderno) 1. No conto, Chapeuzinho Vermelho presenteou sua vovó com uma cesta de doces, porém sabemos que doces não são recomendáveis. Então, no lugar de doces o que poderia ter sido levado? 2. E você, o que levaria para a vovó? Por quê? 3. Pedir para as crianças escreverem em um papelzinho o nome de uma fruta e depositar na cestinha. Após o professor irá retirar os papéis da cesta e realizar ditado. 4. Leitura coletiva dos nomes das frutas e registro das palavras para correção. 5. Em seguida construir uma tabela e um gráfico com as frutas preferidas dos alunos. 6. Leitura oral do gráfico. 7. Qual a importância das frutas para nossa saúde? 3º Momento: Aula de Educação Física. 4º Momento: Gramaticando... Trabalhando com o conto: Chapeuzinho Vermelho 1. “Era uma vez uma menina conhecida como Chapeuzinho Vermelho. Um dia, sua mãe pediu que ela levasse uma cesta de doces para sua vovó que morava do outro lado do bosque.” Passe todo esse parágrafo para o masculino. 2. Agora no trecho abaixo pontue corretamente: “Caminhando pelo bosque(,) a menina encontrou o lobo (:) (-) Onde vai Chapeuzinho (?) Perguntou o lobo(:) (-) Vou à casa da vovó levar uma cesta de doces (.) Respondeu Chapeuzinho(:) (-) Muito bem (,) boa menina (!) Por que não leva flores também (?)” 3. “Enquanto Chapeuzinho colhia as flores, o lobo correu para a casa da vovó. Bateu à porta e imitando a voz de Chapeuzinho Vermelho, pediu para entrar.” Estamos na estação da primavera, escreva alguns nomes de flores que você conhece. 4. “Assim que entrou, deu um pulo e devorou a vovó inteirinha. Depois colocou a touca, os óculos e se cobriu, esperando Chapeuzinho. Quando Chapeuzinho chegou, o lobo pediu para ela chegar mais perto. - Vovó, que orelhas grandes! Disse Chapeuzinho. - É para te ouvir melhor! Disse o lobo. - Que olhos enormes, vovó! - É pra te ver melhor! 18 - Que nariz comprido! - É pra te cheirar! - É essa boca vovozinha? Que grande! - É pra te devorar!” Fugindo do conto! Na vida real quem assume o papel de lobo mau? 5º Momento: Brincadeira: Pom-Pom-Pom! Terça-feira: 1º Momento: Reiniciar o assunto, conversando com a turma sobre os contos de fadas. Roteiro da Conversa: Vocês gostam de ler? Para que serve a leitura, por que se deve ler? Vocês gostam dos contos de fadas? Por quê? Quais contos de fadas vocês conhecem? Como conhecem? Quem as contou para você? Registro e socialização da conversa. 2º Momento: Após a socialização, construir uma tabela e um gráfico com os contos preferidos dos alunos. 3º Momento: Dividir a turma em quatro equipes. Cada equipe receberá uma ficha com figuras de contos diferentes. A equipe deverá redigir a parte que está representada pela figura. Reestruturação dos textos. Confeccionar fantoches com palitos para dramatizar os contos. 4º Momento: Aula de Artes 5º Momento: Dramatização dos Contos; Entrevista para pais, trabalho de casa. Quarta-feira: 1º Momento: Dinâmica: De olho na cartola. - Alunos sentados em círculo; - Ao som de uma música, passará a cartola; 19 - De repente, a música para! Quem estiver com a cartola deverá retirar um personagem da cartola e falar sobre ele e este aluno se tornará o 1º membro de uma das 4 equipes do próximo trabalho. - E assim, sucessivamente até formarmos as equipes. 2º Momento: Cada equipe receberá um envelope e neste terá um conto recortado em tiras. As equipes deverão montá-los e ilustrar. 3º Momento: Apresentação dos Trabalhos. Os alunos escolherão a melhor maneira para apresentarem e poderão se caracterizarem com roupas do baú. 4º Momento: Aula de Educação Física 5º Momento: Registro do dia Alunos deverão redigir um texto relatando seu dia escolar. Quinta-feira: 1º Momento: Passar a fita de vídeo: Os Três Porquinhos. Fazer uma leitura ótica do filme. Passeio pelo bairro, com registro dos alunos, observando os tipos de casas residenciais e comerciais. 2º Momento: Roda de debate e anotações. Tipos de moradias; Confecção de cartaz com recortes e colagem: Diversos tipos de moradias. Leitura do cartaz 3º Momento: Descrever oralmente e localizar sua localidade no mapa do município, após registrar. Gráfico: Tipos de moradia dos alunos. 4º Momento: Aula de Artes 5º Momento: Dobradura da casa; Confeccionar mapa para colar as casas nas localidades onde os alunos residem. Sexta-feira: 1º Momento: A História sai da caixa... Ir retirando da caixa, cenários e objetos interessantes referentes à história que será contada. Branca de Neve. 20 2º Momento: Produção textual em duplas sobre a história que se formou com os personagens fixados no quadro. - Apresentação dos trabalhos. 3º Momento: Leitura compartilhada. Alunos sentados em duplas; Dividir a história Branca de Neve, em estrofes; Distribuí-las embaixo das carteiras das duplas e pedir que os alunos leiam, para então juntar as partes e remontá-la, formando assim: “Quebra-Cabeça Literário”. 4º Momento: O que será que tem na caixa? - Professora caracterizada sairá da caixa e realizará a leitura do conto: “A amiga Branca de Neve”. 5º Momento: Aula de Educação Física. SEGUNDA SEMANA Segunda-feira: 1º Momento: Visita a Biblioteca Pública Roda de conversa Quem cuida da Biblioteca? De quem é? Para que serve? 2º Momento: Apresentar os diversos livros de literatura infantil, deixando que os alunos escolham o que mais lhe chamou a atenção e assim o leiam. 3º Momento: Ficha de leitura Título do livro; Autor; Editora-Ano; Número de páginas; Copiar um parágrafo; Desenhar. 4º Momento: Educação Física 5º Momento: De volta a escola... Ciências: Socialização do dia, no pátio em frente ao mural, refletindo que a leitura é um ato de prazer que nos permite uma higiene mental, dando asas a nossa imaginação. Tarefa de casa: 21 Pedir que os alunos tragam livros de historinhas. Terça-feira: 1º Momento: Cada aluno irá ler o livrinho que trouxe de casa. Após, numa breve apresentação, os alunos serão o contador do conto que leu, sugerindo a leitura do mesmo ao restante da turma. 2º momento: Elaborar um classificado, uma propaganda do livro que leu; vale ilustrar. 3º Momento: Aula de Artes 4º Momento: resolvendo probleminhas... a)- Ângelo Alberto leu um livrinho com.......páginas. Rafaela com....... Quantas páginas Rafaela leu a menos? b)- Somadas as páginas dos livrinhos de Lucas e de Natália chegamos a 50. Então, quantas páginas cada um leu? c)- O livro do “Pinóquio”, tem.......páginas. Josiane leu 7. Quantas páginas faltam para ela chegar ao final? 5º Momento: Recriando contos... Alunos deverão redigir textos, misturando os personagens dos contos infantis, que serão retiradas do saquinho pelo professor. Recolher os textos e montar um gibizão da turma. Quarta-feira: 1º Momento: O que acham que significa o tema:”Deu a louca nos contos”? Debater as respostas. Passar o filme: SHERECK II. 2º Momento: Roda de conversa Descobriram o significado do tema? Registro. 3º Momento: Educação Física 4º Momento: Interpretação escrita Qual a parte do filme que mais lhe chamou a atenção? Por quê? Quais os personagens que apareceram no filme? E de quais histórias fazem parte? Qual a mensagem do filme: SHERECK II? 22 Quinta-feira: 1º Momento: Caça ao tesouro Dividir os alunos em equipes. Cada equipe, sobre a orientação minha e da professora da classe receberá um mapa com dicas para encontrar o tesouro. Observação: O tesouro serão as fábulas. 2º Momento: Realizar leitura, interpretação da fábula. 3º momento: Cada equipe deverá reescrever a fábula em forma de história em quadrinhos, utilizando recorte e colagem. 4º Momento: Em grande grupo, refletir sobre a moral de cada fábula e qual a importância destas para a nossa vida. 5º Momento: Amanhã, será nosso último encontro. O que esperam para o dia de amanhã? Observação: Os alunos deverão responder em uma fichinha e depositar em uma caixinha. Sexta-feira: 1º Momento: Contar a História “Cachinhos da Zinha”, em local aberto. Troca-troca de informações; A autora é Alfredense e conta a história da sua infância. Relato da Professora 2º Momento: Alunos deverão redigir um texto contando a sua história, suas brincadeiras... Montando assim seu livro. 3º Momento: Reestruturação dos textos. 4º Momento: Socialização Combinar momento para Noite de Autógrafos, para presentear os pais com os livros dos alunos. (Momento da despedida) 5º Momento: Aula de Educação Física 6º Momento: Mickey e Minie presentearão os alunos com livrinhos. Hoje se encerraram duas semanas de um projeto que por mim foi maravilhoso, após o término pedi para que os alunos comentassem sobre o que tinha representado pra eles estas duas semanas. Se gostaram, do que gostaram, e do que não gostaram, enfim, que eles pudessem expor suas opiniões. E a cada um que falava eu me sentia mais fortalecida, pois era o dever cumprido, era a realização de um projeto, de um sonho... Sonho este com medos, incertezas, mas... agora transformado em emoção e felicidade e também a certeza que fiz o melhor, por 23 isso, me sentindo recompensada. E ainda acreditando que esta turma será uma turma de leitores que sentem e sentirão prazer em ler. “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia...” (Lulu Santos) 24 5. RESULTADOS O papel da escola atual é de instituição inovadora. Para que ela possa inovar é preciso adotar de vez as novas tecnologias de informação e comunicação, presentes em praticamente todos os lugares da sociedade. Com essa adoção, é preciso mais do que tudo, que os professores que irão trabalhar com essas tecnologias, sejam primeiramente preparados, para saber como utilizá-las no processo de ensino e aprendizagem, sem manipular o conhecimento dos alunos, tornando as aulas mais democráticas e abrindo espaços para que novas experiências (Andersen, 2009). Conforme afirma Luckesi (1986): (...) a escola pode ser um instrumento no processo de transformação social e que o seu papel está em possibilitar ao educando a apropriação de conhecimento e das habilidades necessárias para uma vida social mais digna. Por isso para um educador o momento mais gratificante em sua profissão é quando ele consegue em sua prática educativa atingir os objetivos propostos. Aqui em especial neste projeto sobre leitura e o trabalho com mídia impressa me deportou a momentos de pura emoção e encantamento. O mesmo encantamento que propus quando planejei e apliquei meu projeto e voltei a sentir isso agora, quando depois de 02 anos após a aplicação do mesmo retornei a mesma turma e pude perceber que a sementinha lançada germinou e os frutos ali estavam na minha frente. Quando eu perguntava se eles gostavam de ler não foi surpresa pra mim quando alguns alunos diziam: adoramos, lemos muito e por prazer como nos foi ensinado quando estávamos na 2ª série, inclusive pela senhora dona Sílvia, que nos ensinou que ler é muito mais que ler palavras e sim viver num mundo de fantasias, de magias, de encantamento, onde fazemos uma viagem a lugares e tempos por nós desconhecidos. Hoje lemos para nossos pais, nossos irmãos. Aí perguntei qual a média de livros que eles lêem por mês? Eles disseram quase que por unanimidade, que em média 5 a 6 livros por mês, fora os livros propostos pela escola. A emoção tomava conta de mim, ainda mais quando observei que na turma tinham 5 alunos que não eram daquela 2ª série, sendo 2 reprovados e 3 vindos transferidos de outro município e fiz a mesma pergunta aos 5 e as respostas foram totalmente contrárias, diziam que não gostavam de ler e que não liam. Perguntei a professora como era a escrita, a oralidade e o desempenho, ou seja, a aprendizagem, num todo de seus alunos. Ela enfatizou que os alunos que mais praticam o ato 25 da leitura são os melhores alunos de sua turma e, dentre esses são raras as exceções com dificuldades, diferentemente dos 5 alunos que vieram de outra realidade, estes já apresentam um grau de dificuldade um pouco maior. Saber que é possível sim ler com prazer na escola, me fez acreditar que o meu projeto não foi em vão, que me realizei vendo cada aluno relatar sua relação com a leitura, que voltar nesta escola, nesta turma e ver a minha sementinha lançada a 2 anos, agora já germinada, não tenho palavras para descrever o sentimento que me tomava neste momento. Saindo desta escola resolvi visitar os alunos da 4ª série da escola estadual e fazer a eles as mesmas perguntas que havia feito na turma anterior, até para fazer um comparativo, das respostas. Foi então que fiquei mais convencida que o meu projeto surtiu um efeito muito positivo, pois a turma da escola estadual do período matutino, de 15 alunos foi enfática em afirmar que não gostam de ler e afirmaram que não lê mesmo, a professora disse que existe uma diferença da turma do período matutino comparado a turma do período vespertino. Os alunos do período vespertino já são mais dinâmicos, porém, dos 16 alunos, apenas uns 6 gostam de ler muito, influenciados pelos pais. Então resolvi visitar também esta turma e perguntei a estes alunos qual a média de livros que eles costumam ler por mês, eles disseram que em média de 2 a 3 livros por mês. Aí perguntei por que eles gostavam de ler? Eles disseram que liam porque os pais liam e os ensinavam que ler era muito bom. Perguntei se a escola nunca os tinha influenciado no hábito da leitura, diziam que tinha a aula de leitura, mas que era muito chata, porque ninguém lia e só conversava. Conclui então que impor leitura não leva a caminho algum, é preciso muito mais que isso, é preciso ensinar a gostar de ler, ensinar a ler com prazer e formar leitores de verdade. Quando impomos leitura ou alguma coisa aos nossos alunos, corremos o risco de o afastarmos do caminho da aprendizagem. Gostaria de ressaltar que todos os dados por mim obtidos se deram de forma oral, cujos dados foram anotados em uma planilha pessoal, que seguem no anexo. 26 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Iniciação ao projeto: “Era uma vez... O maravilhoso mundo da literatura e seu poder de formar leitores”. Os roteiros de leitura propostos a seguir aplicam os fundamentos teóricos e metodológicos explicitados anteriormente e foram desenvolvidos a partir de textos literários próprios para a faixa etária proposta – em sua maioria, os contos de fadas. Os textos foram selecionados por seu caráter lúdico e pelo tratamento dado a situações afetivas com que a criança lida nesse estágio de seu desenvolvimento. Ao longo do projeto, foram coletadas produções de alunos, as quais comprovam a viabilidade da proposta. Elas foram reproduzidas em sua forma original. Incluem-se, ainda as produções textuais dos pais e da professora. As ilustrações acrescidas aos textos e às atividades, também resultaram da produção criativa dos alunos, estando identificada sua autoria. Coube a mim como educadora, ao desenvolver o trabalho, avaliar o grau de dificuldades das tarefas propostas. Fui procedendo à sua adaptação conforme foi necessário. Alguns roteiros foram ampliados e outros criados novos, para oferecer aos alunos atividades que favorecessem a aprendizagem da leitura, através do próprio ato de ler. Existem muitas tentativas de democratizar o espaço escolar, principalmente no que se refere às relações no interior da sala de aula. Isso, porém, fica só na teoria, pois apesar do empenho de muitos professores, em geral, a relação que se estabelece termina sendo a importância da autoridade. O ser humano é capaz de auto dirigir-se e tomar decisões, faz parte dele o potencial natural de aprender; há uma curiosidade inata que o leva a uma busca constante de novas aprendizagens. Algumas características dos educadores podem facilitar que esta curiosidade inata seja canalizada em direção à educação formal, tornando-a mais efetiva. Para que isso ocorra o educador deve possibilitar aos educando um ambiente onde eles possam pesquisar e expressar os temas que deseja, abordar, quando se trabalha com a técnica de projetos. A idéia de trabalhar com “projetos” surgiu da preocupação dos educadores para fazer com que os alunos venham sentir prazer nos estudos, em particular pela “leitura”, visto que, é ela a matéria-prima para a expansão do conhecimento. O projeto surgiu ainda, como um desafio, na medida em que se apresenta à escola como algo novo, mas que ao mesmo tempo será a possibilidade de formar novos cidadãos do mundo. 27 O projeto, enquanto modalidade organizativa do currículo vem tomando força no trabalho pedagógico, principalmente na Educação do ensino Fundamental, por possibilitar a abordagem e a experimentação dos conhecimentos de forma interdisciplinar. E, também, por oferecer condições de se pensar e realizar um trabalho compartilhado com a criança, isto é, a organização e a sistematização do conhecimento construído a partir da co-investigação em que participam educadores e alunos. Considerando que as crianças não lêem ou quando lêem quase sempre a leitura passa despercebida, e as queixas dos professores são enormes em relação ao processo de compreensão e interpretação de textos dos alunos, verificou-se a necessidade de se desenvolver uma prática de leitura que considerasse o aluno como sujeito, capaz de pensar, refletir e agir no processo de ensino aprendizagem, visando o seu crescimento enquanto leitor para exercer sua cidadania. Lembrando que o papel do professor/coordenador é de fundamental importância, para que o projeto seja realizado com sucesso, porque é ele que vai: provocar, questionar, incentivar, sugerir, ajudar e acompanhar os educandos durante todo o processe de construção do projeto. Ler não deve ser uma atividade extra, quando sobra tempo, quando a classe está muito agitada ou quando faltaram muitos alunos. A leitura precisa ocupar o horário nobre da aula. Nessa perspectiva, a leitura ganhará um importante destaque, na medida em que passará a fazer parte do cotidiano dos alunos, aproveitando, sem dúvida, o horário da sala de aula. Vale salientar que o trabalho com a leitura, terá um acompanhamento sistemático, como também será vivenciado com diversos tipos de atividades. Ensinar os alunos a gostarem de ler não é tarefa fácil, mas também não é impossível. Por isso, a escola precisa oportunizar os alunos a entrarem em contato com a leitura, não importa a série ou a idade, o ideal é que a leitura seja estimulada e significativa para a vida dos educandos. “Projeto: estratégia impulsiona aprendizagem significativa do aluno”. A utilização do projeto como conceito educativo foi utilizado pela primeira vez pelo filósofo e educador norte-americano John Dewey, que concebeu a educação em termos de experiência e defendeu a idéia de uma pedagogia aberta, em que o aluno se torna ator da sua própria formação por meio de aprendizagens concretas e significativas. Dewey influenciou o movimento de educação progressista americano e, nesse contexto surgiram às referências ao trabalho com projeto enquanto processo pedagógico. 28 O trabalho com projetos no Ensino Fundamental nos remete a pensar todo o processo à luz da ciência, pois toda pesquisa escolar pode adquirir um cunho científico, desde que as ações a serem desenvolvidas sejam previamente planejadas. Para adotar a estratégia de trabalho com projetos, é necessário estabelecermos, de modo genérico os papéis respectivamente de professores e alunos, que são, é lógico papéis diferenciados. 6.1. Papel do professor: O professor exerce papel fundamental nessa proposta de ensino aprendizagem. Tendo clareza nos seus objetivos, ajuda os alunos a construir conhecimentos, fornecendo elementos necessários para que ambos possam compartilhar prazerosamente o trabalho pedagógico. O papel do professor consiste em definir as prioridades que deseja trabalhar com o grupo específico; idealizar os meios que conduzem à realização do projeto; problematizar as questões e contribuir para a organização do trabalho, buscando o envolvimento de todos os componentes nas definições de responsabilidades e no desenvolvimento de todo o trabalho, bem como intervir adequadamente, conforme seu objetivo como mediador entre o aluno e o conhecimento. 6.2. Papel do aluno: Ao aluno cabe opinar e definir questões relacionadas ao tipo de projeto que deseja desenvolver e as razões que tem para realizá-lo. Deve também, definir várias ações juntamente com o professor, tais como: - Propor, discutir e decidir as atividades e a maneira de realizá-las; - Organizar o tempo e o espaço para a execução das mesmas; - Determinar as diferentes etapas do projeto; - Envolver-se na execução de todas as suas fases ou passos. Nesse exercício de tomada de consciência e de decisões, o aluno atua como sujeito do próprio processo de construção e reconstrução de seu conhecimento. 6.3. O Projeto: Desenvolver um projeto antes de tudo significa realizar um conjunto de ações que vão da definição e elaboração do plano de trabalho, passando pela execução da proposta e chegando à avaliação nos diferentes momentos do processo e dos resultados finais. Planejamento e execução: 29 O planejamento corresponde à primeira fase de uma pesquisa. Envolve estudos preliminares acerca do assunto que se deseja investigar, cujo objetivo maior é a delimitação do problema, possibilitando ao investigador perceber os alcances e os limites da pesquisa proposta. Definido o problema, parte-se para a elaboração do projeto, especificando como será desenvolvido, quais as suas finalidades, o cronograma das ações e os recursos necessários para assegurar o êxito do mesmo. A ausência de um projeto conduz os pesquisadores (alunos e professores) a um trabalho inseguro, desordenado, resultando em desperdício de esforços, tempo e recursos. Para se produzir pesquisa escolar, é necessário que o professor assuma a condição de coordenador e estimulador das ações que levem o grupo de alunos a uma produção intelectual e/ou científica. Inicialmente, o professor deve propor temáticas que julgue relevantes ao seu grupo de alunos e/ou deixar que estes optem por uma delas, a partir de um tema central que se esteja estudando ou que se pretenda investigar. Após a escolha do tema e realizada sua devida delimitação, é importante que o coordenador (professor) incentive leituras ou investigações preliminares acerca do tema escolhido, estabelecendo então a problematização (problema de pesquisa), formulando nesse estudo prévio o que chamamos de planejamento. No Ensino Fundamental, é imprescindível que o professor faça a adequação dos elementos necessários para a realização do projeto de pesquisa a nível de entendimento da turma. O projeto desenvolvido no âmbito escolar torna-se um recurso metodológico riquíssimo de trabalho que permite organizar a classe em torno de metas previamente definidas por alunos e professor. Requer o real envolvimento e a participação dos alunos em todas as etapas do processo, bem como permite avaliar a aprendizagem dos mesmos. Como as atividades são desenvolvidas coletivamente, os alunos sentir-se-ão envolvidos e motivados com o que está sendo realizado. Essa proposta impulsiona a construção de novos conhecimentos. O aluno mostra-se mais disposto a explorar todas as possíveis relações e interconexões desse com os seus conhecimentos prévios e sua experiência de vida. Tais aprendizagens tornam-se significativas e consistentes pois oportunizam a experimentação e a contraposição de idéias. Embora o trabalho seja desenvolvido em conjunto, é possível delinear, por razões de ordem didática, as funções de cada parte envolvida. 30 6.4. Avaliação: O processo avaliativo deve acontecer durante todo o desenvolvimento e ao final do projeto, sendo realizado de forma participativa com todos os componentes do grupo. O trabalho com projeto possibilita avaliar a aprendizagem dos alunos, uma vez que permite verificar as capacidades de: - Determinar objetivos a alcançar; - Caracterizar propriedades daquilo que será trabalhado; - Escolher estratégias mais adequadas para a resolução de um problema; - Executar ações para alcançar processos e resultados específicos; - Avaliar condições preestabelecidas. A avaliação possibilita ao professor e ao aluno uma reflexão permanente do ensino, diagnostica as dificuldades, corrige as falhas e estimula a superação dos problemas para mudar os rumos do processo educativo. O aluno é acompanhado em suas dificuldades e incentivado a superá-los. Podemos dizer que essa forma de avaliação é inclusiva. É importante ressaltar que a participação do aluno na organização do projeto relaciona-se diretamente com o seu estágio de desenvolvimento cognitivo e suas experiências anteriores com essa forma de trabalho. Um trabalho assim reveste-se de prazer e sentido, tanto para os alunos quanto para o professor. Pode ser proposto para ser desenvolvido individualmente e em equipes. Nos projetos em equipe, além de permitir a avaliação das capacidades descritas, pode-se verificar ainda, a presença de algumas atitudes tais como: ter respeito, saber ouvir, tomar decisões em conjunto e ser solidário. 6.5. Registro do Professor Caminhar e ver confunde-se nos emaranhados da lembrança: o tempo de lembrar se traduz enfim pelo tempo de aprender. Por isso, sem a memória do processo de construção do aprender, a narração perderia a sua qualidade. Eis porque o momento do registro investe sobre o sujeito e o transforma pelo ato de refletir. Escrever, registrar, relatar, descrever, estabelecer relações mantém o ato perceptual em um ato presente. Cada ato de percepção é um ato novo que supõe outras experiências, outros movimentos – por isso, as vozes que traduzem os sentimentos e pensamentos dos educadores têm me encantado (Andersen, 2009). 31 6.6. Leitura, Memórias e Significados Inicio minha reflexão lembrando as palavras de uma professora, num evento, se referindo ao seu trabalho com leitura na escola: “- Gostei tanto do livro que achei que os meus alunos mereciam conhecê-lo”. Desse dia em diante, o verbo merecer, passou a ser um “hóspede” em minha cabeça e provocou em mim a seguinte reflexão: merecer é muito mais que ter direito, pois ter direito é uma conquista, mas merecer vai além, é ganhar um presente, ou melhor, um prêmio. E sem dúvida, toda criança merece ouvir histórias, toda criança merece “conviver” com textos literários, toda criança merece contar histórias, enfim, toda criança merece ter acesso à leitura. E a melhor maneira para falar de leitura, principalmente para mim, é me reportar a algumas lembranças de infância. Recordo que minha mãe fazia tricô e em muitos momentos ficava eu em volta do seu tricô, com uma mãe-leitora que tecia os pontos e lia... Lia fotonovelas com a mesma agilidade que tricotava. Acredito que cenas como estas podem explicar o nosso interesse em tecer histórias, ouvindo, contando e criando. E pensando nos novelos de lã que estiveram presentes em minha vida, nas suas diferentes marcas e matizes, acabei criando em minha cabeça uma alegoria entre o ato de ler e o novelo de lã. Para quem não sabe ou de repente nunca observou uma tricoteira tricotando, é necessário explicar que nunca o fio do novelo deve ser puxado do lado de fora, por isso pode causar um grande embaraço. O fio deve sair de dentro, porque só assim há uma garantia de tecer com êxito. Assim, acontece com a leitura, o “fio do desejo” deve vir de dentro para que com ele possamos tecer a nossa trajetória de leitor. Na fase adulta, em nossas leituras, somos influenciados, ou por um amigo ou pela mídia, porém na infância faz-se necessário que a criança esteja rodeada de diferentes mediadores, entre eles: familiares, professores, amigos, ou seja, por aqueles que saibam puxar o fio condutor de sua leitura. Preocupadas com isso, é que resolvemos realizar um projeto de trabalho sobre a leitura, por considerar a infância o período mais profícuo para isso e, portanto, nós enquanto educadores não podemos perder esta oportunidade. Foi a partir daí que resolvi aplicar este Projeto: “Era uma vez... O maravilhoso mundo da literatura e seu poder de formar leitores”, com alunos da 2ª série, do período vespertino, da Escola Reunida Balcino Matias Wagner. Sabia eu do desafio que tinha que enfrentar, afinal, hoje, as crianças não se interessam muito por leitura. Mas, como falei anteriormente, era um desafio... 32 No primeiro dia, eu em especial que não trabalho como professora, confesso me senti um pouco insegura diante do meu propósito, afinal era necessário sensibilidade e um certo poder de encantamento. Sabemos que todos nós somos contadores de histórias, mesmo que muitas vezes nem percebemos, seja por meio de uma piada, da descrição de um capítulo de novela, de uma reportagem de jornal, de um “causo”, enfim, das histórias que vivemos cotidianamente. E para isso faz-se necessário uma leitura minuciosa antes de contar uma história, observando as características dos elementos que a compõe, familiarizando-se com os personagens e vivenciando as emoções que poderá transmitir. E para que um “clima” de fantasia seja criado, vi o quanto é importante utilizar as tradicionais frases no início e término da história: “Era uma vez...”, “há muito tempo atrás”, “viveram felizes para sempre...” Essas e outras frases fazem com que como num “passe de mágica” o ouvinte se transporte para um mundo de imaginação. Os recursos que utilizei, foram: livros com texto e sem texto, fantoches, músicas, dramatizações, gravuras, recortes de jornais e revistas, fitas de vídeo cassete, fantasias, passeios..., porém, é bom ressaltar que nenhum desses recursos suplanta a relação narrador/ouvinte, e isso só ocorre quando existe interesse (desejo), de ambas as partes. Ou quando o fio do novelo de lã é puxado de dentro para fora. Digamos que a semente foi lançada e foi possível perceber que ela começara a germinar. Os alunos participavam ativamente das aulas, contribuindo com todo o encantamento por mim proposto. Foram momentos prazerosos, tanto para mim quanto para as crianças, pois a cada dia, eu observava o quão interessadas em conhecer e ouvir mais histórias elas se mostravam, pois eu buscava despertar a curiosidade, sempre deixando as crianças em contato com outras facetas. Outro fator que percebi e tive um cuidado especial foi com a diversificação das atividades após a leitura, para que a hora da história (leitura) não se tornasse num momento rotineiro, desinteressante e sem novidades. Por isso o projeto apresentou momentos, ou seja, atividades bem diferentes e ao mesmo tempo atrativas, fazendo com que os alunos fossem envolvidos pela magia de cada momento. Nestes dias foi possível identificar na turma fatores importantíssimos para o ensino aprendizagem, afinal a turminha era bastante ativa, participativa, caprichosos e, diga-se de passagem, uma 2ª série nota 10. Claro que com raras exceções, mais o que foi possível também perceber é que justamente os alunos que apresentavam um pouco mais de dificuldade na escrita, se destacavam quando a atividade era oral, portanto, a turma era praticamente toda, 33 de sua maneira, interessados e envolvidos em todo o processo ensino aprendizagem (Andersen, 2009). Todos os dias eu percebia que ao início de cada aula, eles ficavam atentos e curiosos para saber o que iríamos trabalhar naquele dia e, não era surpresa para mim quando se mostravam felizes e dispostos a realizar o propósito de cada dia. Enfim, concluo esta minha reflexão acerca deste trabalho, dizendo que os objetivos foram atingidos e que com certeza esta turma da 2ª série, no que se refere à leitura, não será a mesma, pois foram ouvintes, narradores, criadores de histórias e por fim e não poderia aqui deixar de registrar, que no último dia cada criança confeccionou um livrinho, sobre a sua própria história. Finalizo, com as idéias de Abramovich (1989, p.17) quando afirma que, (...) É ATRAVÉS DUMA HISTÓRIA QUE SE PODEM DESCOBRIR OUTROS LUGARES, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica... É ficar sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula... Porque, se tiver, deixa de ser literatura, deixa de ser prazer e passa a ser Didática, que é outro departamento (não tão preocupado em abrir as portas da compreensão do mundo). Concordo com a autora e também defendo que o fato de ouvir histórias e entrar para o mundo da imaginação amplia a possibilidade das crianças se transformarem em adultos saudáveis. Portanto, cabe a nós educadores, saber tricotar o sonho de ampliar o número de leitores em todas as escolas. Fazendo com que a literatura seja realizada como um ato de prazer. Vi nos olhos dos alunos: Ângelo Alberto, Ângelo Sebastião, Carlos Alexandre, Luiza, Thaís, Natália, Josiane, Josias, Lucas, Regiane, Ronaldo, Alexsandro, Rafaela, Danielly, Jaciara, Guilherme, coragem para trafegar por mundos imaginários. . 34 7. REFERÊNCIAS ALVES, Rubem. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1988. ANDERSEN, Sílvia Maria. O Maravilhoso Mundo da literatura. Secretaria de Educação a Distância - SEED/MEC Universidade Federal do Rio Grande, Programa de Formação continuada, 2009 ANDRADE, Carlos Drummond de. “A Palavra Mágica”, A Senha do Mundo. São Paulo: Record, 1999. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. Programa de Formação continuada Mídias na Educação. Metodologia da Pesquisa Científica. Disponível em <http://www.eproinfo.mec.gov.br/webfolio/Mod83266/index.html>. Acesso em: 01 Abr. 2011. de SOUZA, Angelita Terezinha Maba. TEXTO E INTERTEXTUALIDADE: UMA CONSTRUÇÃO EM SALA DE AULA. Disponível em: http://alb.com.br/arquivomorto/edicoes_anteriores/anais17/txtcompletos/sem04/COLE_2272.pdf. Acesso em: 01 Abr. 2011. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 1981. SILVA, Ezequiel Theodoro. O ato de ler. São Paulo: Cortez, 2000. ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. 8. ed. São Paulo: Global, 1985. Pontes, 1994. ZACCUR, Edwiges (org.). A magia da linguagem. 2 ed., Rio de Janeiro: Zahar, 1979. Revista Nova Escola. Ministério da Educação – Programa de Formação de Professores Alfabetizadores PROFA, módulo 02 - de junho de 2001 e módulo 03 - de Fevereiro de 2002. Brasília, DF. 35 Literatura e Alfabetização: do plano do choro ao plano da ação / organizado por Juracy Assmann Saraiva. – Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. MEIRELES, Cecília. “A Poética da Educação/ Margarida de Souza Neves, Yolanda Lima Lobo, Ana Crystina Venâncio Minot (orgs.). Rio de Janeiro: Ed. PUC – RJ/ Loyola, 2001. Ministério da Educação – Programa de Formação de Professores Alfabetizadores, módulo 3, Brasília, Fevereiro 2002. PCNs, Parâmetros Curriculares Nacionais. 2. Língua Portuguesa: Ensino de primeira à quarta-série-I. VYGOTSKY, L.S., LURIA, A.R., LEONTIEV, A.N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1988. ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1989. ANDERSEN, Sílvia Maria. O maravilhoso mundo da literatura e seu poder de formar leitores. Florianópolis, 2009. CALDIN, Clarice Forlkamp. A oralidade e a escritura na literatura Infantil: Referencial teórico para a hora do conto. UFSC. Florianópolis, 2002. TOLEDO, Claudia Alleoni Borges de. A conexão da Literatura Infantil com o processo educacional: Elo prazeroso. UNICAMP. Campinas, 2005. COELHO, Betty. Contar histórias uma arte sem idade. São Paulo: Ática, 1986 VOLTANI, Gisele Gasparelo. Daniel Pennac na Sala de Leitura. Revista ACOALFAplp: Acolhendo a Alfabetização nos Países de Língua portuguesa, São Paulo, ano 2, n. 4, 2008. 36 8. ANEXOS ANEXO I – ALGUMAS DAS ATIVIDADES REALIZADAS PELOS ALUNOS E FOTOS. 37 38 39 40 41 42 43 44 FOTOS 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 ANEXO III – TEMA: RECREIO LITERÁRIO JUSTIFICATIVA: As brincadeiras propostas se justificam, pelo fato de possibilitar, de forma divertida, às crianças a colocarem em jogo seus conhecimentos sobre a literatura infantil. Esta proposta também foi utilizada como instrumento para despertar o sentimento de generosidade e cooperação. Em geral as crianças se sentem bastante atraídas por este tipo de jogo, mas a atração muitas vezes, se dá pela competição, visando somente à premiação. A idéia é uma proposta contrária a esta afirmação, já que pretendemos promover nos participantes o desafio de serem doadores do prêmio conquistado. Este desafio se constitui em um passo singelo, mais acreditamos que seja válido para repensarmos e problematizarmos certos valores com nossos educandos. PROBLEMA: Brincar com os textos literários surgiu da vontade de criarmos momentos agradáveis na tentativa de mudarmos um problema comum na sala de aula. Fugir das interpretações de textos tradicionais que muitas vezes fazem com que a história contada deixe de ser um momento gostoso, transformando-se para muitos, em uma atividade cansativa e sem graça. Além desta temática este projeto tem o desafio de buscar respostas para as seguintes questões: As crianças aceitarão participar das disputas ao tomarem conhecimento que a dupla vencedora doará o prêmio? O recreio muitas vezes é tumultuado nesta escola por falta de espaço. Mas se fosse organizado e dirigido resolveria esta questão? OBJETIVO GERAL: Brincar prazerosamente na hora do recreio com textos e personagens da literatura infantil despertando a generosidade e a cooperação entre os participantes. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 55 Ampliar o conhecimento literário; Desenvolver atitudes cooperativas e generosas; Planejar e executar tarefas em duplas; Favorecer momentos agradáveis na hora do recreio. CONTEÚDOS: Ampliação do repertório de brincadeiras, participação em situações de jogos, valorização da leitura como fonte de prazer. METODOLOGIA: Roda de conversa para divulgação e apresentação da proposta; Criar e selecionar questões que envolvem o jogo; Elaboração de material apropriado e atrativo para os alunos; Criação de fichas de inscrição; Sorteio das duplas; Escolha da premiação. ETAPAS PREVISTAS: Far-se-á uso da roda de conversa para: 1- Divulgar na sala de aula a proposta do “Recreio Literário”. Informar os possíveis participantes, (possíveis, pois eles têm a liberdade de querer ou não participar) sobre: A participação em duplas; A inscrição que deverá ser preenchida em uma ficha com o nome das duplas, nomes fictícios, e o nome para quem doarão o prêmio. A inscrição deverá ser depositada em uma urna que ficará exposta na escola. O sorteio - A cada recreio teremos uma dupla vitoriosa. Os nomes serão sorteados sempre um dia anterior as brincadeiras. A premiação - Explicar para os alunos a idéia da doação. Os professores devem neste momento, serem cautelosos, desafiando os alunos a este novo tipo de jogo. 56 Informar aos alunos as brincadeiras previstas. As brincadeiras foram inspiradas no Programa Vídeo Game, comandado pela apresentadora Angélica da TV Globo. FALA SÉRIO OU COM CERTEZA - A dupla como já combinado, será sorteada no dia anterior ao recreio. Ficando em suspense somente o nome dos ganhadores do prêmio. (A dupla deverá revelar somente no momento da premiação). - Se a afirmação lida pela apresentadora for verdadeira, a dupla dirá – Com certeza. - Caso for mentirosa – fala sério. Vence quem acertar mais questões. 1 – Branca de Neve perdeu seu sapatinho ao sair correndo de um baile no castelo do Príncipe Encantado. 2- Os três porquinhos ao passear pela floresta cantam: “Eu vou, eu vou pra casa agora eu vou, parara-tchibum, parara-tchibum...”. 3- O Menino Maluquinho é um personagem criado pelo escritor Ziraldo. 4- A Bela Adormecida dormiu por muitos anos após comer uma maçã envenenada. 5- Mônica, personagem do escritor Maurício de Sousa, usa vestido vermelho, é muito forte e bate nos meninos com um coelhinho. 6- Cebolinha, também personagem criado por Maurício de Sousa, ao falar troca o P pelo B das palavras. 7 – O gato de botas faz parte da história infantil Rapunzel. Pelas tranças da menina, que eram longas, ele subia a torre onde ela estava escondida. 8- Na fábula a cigarra e a formiga, as duas ficaram sem comida no inverno, já que passaram o verão na praia na maior mordomia. 9- Os Cachinhos de Zinha é uma história infantil. Sua autora nasceu em Alfredo Wagner. 10- “Alice no País das Maravilhas” é uma história encantadora. Esta história inicia com Alice seguindo um coelho que passa por ela dizendo: “Pobre de mim! Pobre de mim! Vou chegar atrasado!” A menina curiosa o segue e cai em um buraco. 11- Os nomes dos três porquinhos são: Dunga, Zangado e Feliz. 12- Chico Bento, personagem das histórias em quadrinhos, mora no sítio e vive roubando maracujá do seu vizinho Nhô Lau. 57 13-Nos contos do Sítio do Pica Pau Amarelo, criado por Monteiro Lobato, Nastácia é a cozinheira que trabalha na casa da Dona Benta. 14- N fábula “A Lebre e a Tartaruga”, quem ganha a corrida é a lebre, pois ela, além de ser mais rápida, foi mais esperta que a tartaruga. 15- O espelho mágico pertencia a madrasta de Chapeuzinho Vermelho. 16- Na história bíblica, a arca de Noé abrigou vários animais salvando-os do dilúvio. Mas o leão, por ser o rei da selva, não aceitou ir de arca e foi com seu jatinho particular. 17- Drácula é um vampiro. Dizem que este personagem vive na Pensilvânia. 18- Tio Patinhas, personagem das histórias em quadrinhos, é milionário, mas muito pão duro. Seu amuleto de sorte é uma cédula de dinheiro. Ele a chama de “cédula nº 1”. 19- O Visconde de Sabugosa, personagem do Sítio do Pica-Pau-Amarelo, é um sabugo de milho. 20- Robison Crusoé ficou preso em uma ilha depois de um naufrágio. Nesta ilha ele viveu até sua morte. 21- Cachinhos Dourados ao invadir sem permissão a casa dos Ursos, quebrou vários objetos. O Ursinho foi quem mais foi prejudicado, já que sempre era seus pertences que a menina quebrava. 22- Frankistein é um personagem criado pelo escritor Ziraldo. Ele é amigo íntimo do Menino Maluquinho. 23- Pato Donald, personagem das histórias em quadrinhos da Wald Disney, é um pato muito calmo e tranqüilo. 24- João e Maria ao marcarem o caminho de volta para casa, foram deixando pedacinhos de pão pelo caminho, mas, os passarinhos acabaram comendo-os, e eles se perderam na floresta. 25- Pinóquio é um boneco de madeira criado por um senhor chamado Gepeto. Depois de aprontar muito, este boneco fica até com o nariz grande de tanto mentir, e por isso, a fada não o transformou em um menino de verdade. QUEM É ESTE PERSONAGEM? Nesta seqüência de brincadeiras, a apresentadora exibi um painel com várias gravuras recortadas. Por baixo destes recortes está escondida a figura de um personagem da literatura infantil. A dupla será desafiada a descobrir de quem se trata o personagem.Os participantes só terão direito a adivinhar o personagem escondido, após responder corretamente a pergunta 58 realizada pela apresentadora. Caso não acerte o que lhe for perguntado, passa a vez para a outra dupla. A escolha do recorte a ser tirado é da apresentadora que deve iniciar por pequenos recortes para dificultar a brincadeira. Vence quem adivinhar o personagem. Perguntas: 1- Você com certeza conhece a história dos Três Porquinhos. Responda então: Qual o nome dos três porquinhos? 2- Rapidinho, rapidinho diga o nome da malvada na história os 101 DÁLMATAS. 3- Como se chama o velhinho simpático que criou o Pinóquio? 4- Um, dois, três e já! Diga em voz bem alta o nome do autor dos personagens das revistas em quadrinhos, Mônica, Cebolinha e Cascão? 5- Na história da “Branca de Neve”, ela conhece sete anões, e eles se tornam seus melhores amigos. Como eles se chamam? 6- Quem é o menino das histórias em quadrinhos que troca o “r pelo l?” 7- O nome da boneca de pano do Sítio do Pica-Pau-Amarelo. 8- Esta você não pode errar, vamos lá: O nome do viadinho, que ainda criança perde sua mãe? 9- Puxe pela memória e responda: Qual o nome do Pato sortudo que se torna milionário após achar uma moedinha, que ele a chama de “moedinha número 1”? 10- Quem ajudou a personagem Cinderela a ir ao baile no castelo? 11- Esta é fácil! Quem salvou Chapeuzinho e a sua vovó do lobo mau? 12- Pense, pense, pense... Onde a Bela Adormecida machucou seu dedinho que a fez dormir profundamente? 13- De que era feito a casa do Porquinho que resistiu aos sopros do lobo mau? 14- Nas histórias dos desenhos animados Tom é um gato e o Jerry, o que é? 15- De que cor é o cavalo branco do Príncipe que beijou Branca de Neve? 16- Vamos relembrar a história da Dona Baratinha? Ela achou um dinheirinho e queria se casar. Conheceu o seu João Ratão casou-se com ele e eles foram felizes para sempre. Certo ou errado? 17- Cinderela perdeu seu sapatinho na saída do baile. Você lembra de que era feito este sapatinho? 59 18- Na história João e o pé de feijão ele começa pobre e termina rico? Ou ele começa rico e termina pobre? 19- Esta é para acertar! Chico Bento tem uma namorada. Como ele se chama? 20- Robinson Crusoé sofreu um acidente e ficou morando solitariamente. Onde era esse lugar onde ele viveu só? PAGANDO O MICO Roleta com nome de autores Os alunos ao movimentar a roleta, se depararão com um autor. Exemplo: Se a roleta parar no nome Monteiro Lobato, eles responderão perguntas referentes a este autor e sua obra. Caso consigam acertar, ganham ponto, se errarem, pagam o “mico”. O mico é escolhido pela própria dupla, através de bilhetes fechados em forma de sorteio. Exemplo de “mico”: usar uma peruca durante a brincadeira, interpretar algum personagem, cantar uma música contendo tal palavra, etc. Vence quem responder corretamente o maior número de perguntas. Perguntas: Autor Monteiro Lobato 1- Nome do livro de grande sucesso de Monteiro Lobato que virou seriado de televisão. 2- Pense, pense, pense... E só depois responda. Qual a cor da Cuca? 3- Dona Benta tem dois netos. Como eles se chamam? 4- Como se chama a boneca de pano que vive no Sítio do Pica-Pau-Amarelo? 5- Tia Nastácia trabalha com Dona Benta. Qual sua função no Sítio? Autor Maurício de Sousa 1- Esta você sabe. Qual o nome do coelhinho da Mônica? 2- Que delícia! A Magali é muito gulosa. Hum, ela tem uma fruta preferida. Que fruta é essa? 3- O Cascão também tem um bichinho de estimação. Responda rapidinho. Que bichinho é? 60 4- Que engraçado é o cabelo do Cebolinha. Ele lembra um vegetal. Você sabe que vegetal é esse? 5- Procurá-se um dono. Quem é o dono do Bidu? Autores Diversos 1- Você conhece os sobrinhos do Pato Donald? Então responda qual o nome deles? 2- O Gênio faz parte da história do Aladim. Com bastante atenção responda: Onde vivia este gênio antes de aparecer para o Aladim? 3- Quem é o autor que criou o personagem Menino Maluquinho? 4- Sininho aparece nas histórias infantis. Você sabe de que história ela faz parte? 5- Cinderela tinha um horário para sair do baile na casa do príncipe antes que acabasse o encantamento. Que horário era esse? PALAVRAS FINAIS O recreio literário é um projeto, ou seja, uma modalidade de trabalho, em que há uma seqüência de atividades com vista a atender principalmente o brincar. Este brincar aparece em forma de desafio. Instigar a criança a ser generosa é o maior deles. Esta é a diferença mais relevante deste plano para com as outras formas de organizar atividades de competição. Consideramos este, como um trabalho “preliminar”, logo, ele fica em aberto, a idéia é que ele seja elaborado e reelaborado para atender as possíveis necessidades de um pretenso professor e de seus alunos. A “dica” é a elaboração de novas perguntas com livros do acervo da escola, com livros da biblioteca, com livros preferidos do aluno, perguntas referente a autores sugeridos ou a escolha dos alunos, questões referente a um certo gênero textual (pode se criar a semana do conto de fada, da lenda, dos contos de assombração, das poesias, dos contos modernos, questões referentes a atualidade, enfim, perguntas sobre uma diversidade textual). Bem, agora é com eles, os alunos, esperamos que eles aproveitem a brincadeira e se divirtam muito. 61 FOTOS 62 Dados coletados no retorno a Escola Dados coletados por mim, quando retornei à Escola, com os alunos agora na 4ª série, da Escola Reunida Balcino Matias Wagner, município de Alfredo Wagner, SC. Esta turma hoje do período vespertino é composta por 19 alunos, sendo que 14 deles eram os mesmos da época em que o projeto foi aplicado. Os outros 5 alunos, eram repetentes e transferidos de outros municípios. A primeira pergunta que fiz foi: Vocês gostam de ler? Resposta: 14 disseram que sim e apenas 5 disseram que não, justamente os repetentes e transferidos. Perguntei por que eles gostavam de ler? Resposta: E a grande maioria respondeu quase que unanimemente, porque foram ensinados a gostar, quando na 2ª série aprenderam que ler é muito mais do que ler palavras, mas sim é viver num mundo mágico de fantasias, de encantamentos... Perguntei quantos livros eles liam por mês. Resposta: Em média de 5 a 6 livros por mês. E ainda fizeram questão de relatar que liam em casa para os pais, irmãos, avós, tios... Minha última pergunta nesta turma foi para a professora. Perguntei como era o desempenho desses alunos na aprendizagem. Resposta: Ela enfatizou dizendo que todos os seus alunos que praticavam o gosto pela leitura eram os seus melhores alunos em todos os sentidos. Com certeza saí desta escola muito satisfeita e resolvi visitar a Escola Estadual, também alunos de 4ª série, onde fiz as mesmas perguntas para os alunos do período matutino e vespertino. E posso dizer que dos 31 alunos apenas 6 disseram que gostam de ler e que lêem em média 2 a 3 livros por mês, incentivados pelos pais. Os demais afirmaram que só liam se fossem cobrados pela professora, mas não gostavam de ler em hipótese alguma. A professora disse que era muito difícil trabalhar leitura com eles justamente pelos fato de não gostarem. Com as palavras desta professora, concluo dizendo que é preciso gostar muito do que se faz, pra poder fazer levar outras pessoas a gostarem também, vejo que obtive êxito no meu projeto e isso me deixa feliz, realizada e com a certeza de que o meu objetivo foi sim alcançado. 63