Artigo 4 - ORTOGOTARDO
Transcrição
Artigo 4 - ORTOGOTARDO
8 Tratamento da Biprotrusão sem extrações, com Miniparafusos Ortodônticos e Aparelhos autoligáveis Henrique Mascarenhas Villela Wanderson Itaborahy 118 Resumo As biprotrusões moderadas podem ser tratadas de diferentes formas e muitas vezes geram dúvidas sobre qual terapêutica utilizar. A extração de pré-molares pode ser evitada quando se utiliza a ancoragem esquelética como recurso de ancoragem para retrair os dois arcos. Esta abordagem traz vantagens como: diminui o tempo de tratamento em relação a terapêutica com exodontias, simplifica a mecânica ortodôntica, não reduz o volume de dois pré-molares no sorriso e não aumenta a sobremordida nem a exposição gengival. A utilização desta terapêutica, quando associada aos aparelhos autoligáveis, reduz a tendência de vestibularização dos dentes anteriores na fase inicial e possibilita maiores intervalos entre as consultas sem comprometer a eficiência do tratamento. Os miniparafusos ortodônticos são facilmente instalados, fornecem excelente ponto de ancoragem para retração dos arcos, apresentam dimensões reduzidas, possibilitando sua instalação nos espaços interradiculares, diminuem a necessidade de colaboração do paciente e baixo custo. O objetivo deste trabalho foi relatar o tratamento de um caso clínico de biprotrusão moderada. O caso clínico foi tratado utilizando-se ancoragem esquelética com miniparafusos ortodônticos associado ao aparelho autoligável passivo. Houve a melhora facial com a diminuição da protrusão labial, promovendo um selamento labial passivo, reduziu a biprotrusão dentária em dezesseis meses de tratamento, normalizou o trespasse horizontal e vertical dos incisivos, conseguiu a finalização de molares, pré-molares e caninos em relação de Classe I. A retração dos arcos superior e inferior com miniparafusos ortodônticos, associado aos aparelhos autoligáveis, é um excelente recurso para a correção das biprotrusões moderadas, diminuindo a indicação das extrações de pré-molares e simplificando a mecânica ortodôntica. Descritores:Aparelhos Autoligáveis, miniparafuso, biprotrusão moderada. Abstract Moderate biprotrusion may be treated by different manners and often raise doubts concerning the treatment option. The extraction of premolars may be avoided when skeletal anchorage is used as a resource for bimaxillary retraction. This approach presents advantages, as the reduced treatment time compared to treatment with extractions, simplification of orthodontic mechanics, no reduction in volume of two premolars on the smile, and no increase in overbite nor gingival exposure. Utilization of this therapy, associated with self-ligating appliances, reduces the tendency of buccal tipping of anterior teeth in the initial stage and allows greater intervals between appointments, without compromising the treatment efficiency. The orthodontic miniscrews are easily placed, provide an excellent point of anchorage for arch retraction, present reduced dimensions allowing placement in interradicular spaces, reduce the need of patient compliance and present low cost. To report the treatment of a clinical case with moderate biprotrusion. The case was treated using skeletal anchorage with orthodontic miniscrews associated with passive self-ligating appliance. There was facial improvement with reduction of lip protrusion, promoting passive lip sealing; reduction of dental biprotrusion in sixteen months of treatment; normalization of overjet and overbite of incisors; and finalization in Class I molar, premolar and canine relationships. The retraction of maxillary and mandibular arches with orthodontic miniscrews, associated with self-ligating appliances, is an excellent resource for correction of moderate biprotrusion, reducing the indication of extraction of premolars and simplifying the orthodontic mechanics. Descriptors: Self-ligating appliances, miniscrew, moderate biprotrusion. ABOR 2015 119 INTRODUÇÃO Nos dias de hoje, os conceitos de beleza impulsionam cada vez mais a busca por tratamento ortodôntico. Pacientes que apresentam protrusão bimaxilar esquelética, combinada com aumento da protrusão dentária e labial, podem apresentar um desequilíbrio da musculatura e incompetência labial31. A posição e forma dos lábios é um fator crítico para se alcançar a estética facial4,11. Nas más oclusões causadas por vestibularização excessiva dos incisivos, manobras que gerem retração e melhora na inclinação de tais dentes podem proporcionar uma mudança no perfil e nos tecido moles2,9,17,29,30. A razão entre a quantidade de retração dos dentes anteriores e o movimento dos lábios é um fator chave para a previsão da mudança do perfil facial pós-tratamento ortodôntico11,14,43. O uso cada vez mais frequente dos aparelhos autoligáveis vem reduzindo o número de indicações de extrações dentárias21. A mecânica autoligável, com fios termoativados de alta tecnologia, aplicação de forças leves e baixos níveis de atrito gerados, permitem o deslizamento posterior dos fios, possibilitando maior controle de torque durante a fase de alinhamento21. Entretanto, extrações podem ser indicadas para disponibilizar espaço para que haja condições de promover retração anterior e melhorar a inclinação desses dentes em suas bases ósseas12,21,24 . Outra forma possível de tratamento são as miniplacas, que podem ser utilizadas para retração em massa, em casos de apinhamento e protrusão10,25,26,32. Com o advento dos miniparafusos ortodônticos, a possibilidade de se promover movimentos dentários apoiados em pontos fixos na cavidade bucal, sem gerar efeitos colaterais indesejados, tornou os tratamentos mais eficientes e previsíveis, minimizando a necessidade de colaboração do paciente e diminuindo o tempo global de tratamento33-40. Os miniparafusos de titânio podem fornecer benefícios especiais para tratamentos sem extrações, como, por exemplo, a retração de toda a arcada em casos de biprotrusões leves ou moderadas, eliminando movimentos recíprocos indesejados, como a lingualização dos dentes anteriores, a qual poderia até gerar algum prejuízo ao perfil facial7,25,26, e a maximização da eficiência do tratamento25,26, quando associados aos bráquetes autoligáveis e às molas de NiTi37. O objetivo desse estudo é demonstrar a eficiência dos miniparafusos de titânio, associados aos bráquetes autoligáveis passivos e às molas de NiTi no tratamento das biprotrusões moderadas. MATERIAL E MÉTODO Paciente Classe II, subdivisão lado esquerdo, mesofacial, terços faciais equilibrados, trespasse horizontal e vertical diminuídos, biprotrusão moderada com falta de selamento labial passivo. Foi tratada com aparelho autoligável passivo associado a quatro miniparafusos ortodônticos. RELATO DE CASO Paciente do gênero feminino, 31 anos de idade. A análise facial frontal apresentou simetria, uma boa proporção entre altura largura da face, terços faciais equilibrados, características dos mesofaciais. A análise lateral revelou um perfil convexo com ausência de selamento labial passivo, lábios protruídos, um mento com pouca projeção. Na avaliação do sorriso, apresentou uma boa exposição dos incisivos e com excelente relação Capítulo 8 Descrição e diagnóstico 120 vertical entre os incisivos e os lábios. Sorriso amplo com grande amplitude da comissura labial e exposição de molares (Figura 1A-C). A análise dos arcos dentários revelou uma má oclusão de Classe II de Angle, subdivisão esquerda, com excelentes relações de molares e pré-molares do lado direito. Linhas médias dentárias superior e inferior coincidentes com a linha média facial. Trespasse horizontal e vertical diminuídos devido à inclinação dos incisivos aumentada. Os arcos apresentavam bom alinhamento e nivelamento com a presença de uma contenção fixa de canino a canino por lingual no arco inferior, decorrente de um tratamento ortodôntico prévio (Figura 2A-C). A análise da radiografia panorâmica mostrou ausência dos terceiros molares inferiores. Os demais dentes e estruturas periodontais apresentavam uma condição de normalidade (Figura 3). A análise cefalométrica inicial revelou um bom posicionamento da maxila e suave retrusão mandibular; ângulos dos planos palatino, oclusal e mandibular suavemente divergentes; altura do terço inferior da face normal, características dos mesofaciais. Incisivos superiores com inclinação suavemente aumentada e os incisivos inferiores apresentavam uma inclinação mais acentuada, devido a compensação da retrusão mandibular (Figura 4). O plano de tratamento ortodôntico consistiu em efetuar o alinhamento e nivelamento dos arcos e posterior retração dos arcos, ancorado em miniparafusos ortodônticos posicionados na mesial dos molares, para reduzir a protrusão e inclinação dos incisivos e consequente melhoria da estética facial. A B C Figura 1 (A-C) – Vistas extrabucais iniciais: A) frente, B) perfil e C) sorrindo. A B C Figura 2 (A-C) – Vistas intrabucais iniciais do paciente com má oclusão de Classe II, subdivisão lado esquerdo com trespasse horizontal e vertical reduzidos. ABOR 2015 121 Figura 3 – Radiografia panorâmica inicial. Figura 4 – Telerradiografia em norma lateral inicial. Plano de tratamento e mecânica empregada Foram utilizados os bráquetes Tellus EX da Eurodonto 0,022”, com prescrição MBT. Foi iniciado o alinhamento dos arcos superior e inferior, com arcos de NiTi termo-ativados 0,014” e desgastes interproximais de mesial de canino inferior esquerdo ao direito, para corrigir a discrepância de Bolton (Figura 5A-C). Os arcos seguintes utilizados foram o 0,014” X 0,025”, 0,018” X 0,025” NiTi termo-ativados e 0,019” X 0,025” de aço. O tempo de permanência dos arcos foi em média de 2 meses, o que reduziu o número de consultas para efetuar suas trocas. A B C A retração das duas arcadas iniciou com os arcos de aço 0,019” X 0,025” ancorados em miniparafusos ortodônticos, que foram posicionados entre os segundos pré-molares e primeiros molares por vestibular. A força inicial foi de 250 g/cm² e gradativamente foi aumentada nas consultas seguintes, reduzindo o comprimento da mola. A força deve ser efetuada com molas de NiTi, pois conseguem manter o nível de força constante e desejado por mais tempo, permitindo um maior espaçamento de tempo entre as consultas. Os miniparafusos utilizados foram de 1,6 mm de diâmetro com 8,0 mm de comprimento de corpo e 1,0 mm de perfil trans-mucoso. Foram instalados a 8,0 mm, em direção ao ápice, em relação ao arco principal na arcada superior e a 7,0 mm na arcada inferior. Este posicionamento foi feito de acordo com a faixa de mucosa ceratinizada, que no arco inferior é mais estreita que no superior. Os miniparafusos foram inseridos na linha muco-gengival, ou seja, a linha que separa a mucosa ceratinizada da alveolar. Foram instalados com uma angulação 70 graus em relação ao longo eixo dos dentes na maxila e 60 graus na mandíbula (Figura 6A-C). Capítulo 8 Figura 5 (A-C) – Arcos iniciais de 0,014” de NiTi termo-ativados. 122 A B C Figura 6 (A-C) – Início da retração dos arcos superior e inferior, com fio 0,019” X 0,025” aço, com miniparafusos instalados na mesial dos primeiros molares. A relação dos miniparafusos com as raízes dos molares e pré-molares foram observados nas radiografias periapicais após sua instalação. No arco superior eles foram posicionados no meio do espaço interradicular e no inferior eles foram posicionados mais próximo ao molar. Essa distância, em torno de 1,0 ou 1,5 mm do miniparafuso com a superfície distal da raiz do pré-molar, permite efetuar movimentações de 2,5 mm de coroa, em média, de todo o arco para distal. Além do espaço existente entre o corpo do parafuso e a raiz do pré-molar, ocorre uma angulação da raiz do pré-molar que permite uma maior retração além deste espaço existente (Figura 7A-D). Após cinco meses de retração pôde-se observar uma maior proximidade dos miniparafusos com as raizes dos pré-molares e, além disto, um maior distanciamento dos miniparafusos com as raizes mesio-vestibulares dos primeiros molares superiores (Figura 8A-B). A B C D Figura 7 (A-D) – Radiografias periapicais superiores e inferiores com os miniparafusos recém instalados. ABOR 2015 123 A B Figura 8 (A-B) – Radiografias periapicais superiores intermediárias com os miniparafusos próximos às raízes dos pré-molares. Neste momento, foi avaliada a necessidade de se efetuar mais movimento dos arcos para distal. O arco inferior não necessitava de mais retração, porém o arco superior necessitava, para corrigir um pouco de Classe II e da protrusão superior. Então, foram removidos os miniparafusos existentes e instalados dois novos miniparafusos superiores, um pouco mais para distal em relação aos anteriores, com uma angulação menor, em torno de 60 graus em relação ao longo eixo dos dentes. Esta instalação mais para distal foi comprovada com as radiografias periapicais, permitindo efetuar maiores retrações no arco superior, podendo chegar até 5,0 mm de retração total do arco superior (Figura 9A-B). A B Figura 9 (A-B) – Radiografias periapicais superiores intermediárias com os miniparafusos posicionados mais para a distal. A B C Figura 10 (A-C) – Fase intermediária da retração com um pouco de desgaste interproximal nos incisivos centrais. Capítulo 8 A retração da arcada inferior foi efetuada mais rápida que a superior, gerando um trespasse horizontal aumentado. Esse trespasse permitiu efetuar desgastes interproximais para reanatomizar os incisivos centrais superiores. Os espaços gerados foram fechados com elásticos em corrente por debaixo do arco (Figura 10A-C). As retrações dos arcos continuaram e no lado esquerdo foi necessária a utilização de elásticos intermaxilares de Classe II, ¼ médio, de uso contínuo, durante dois meses para auxiliar na correção da relação de Classe II (Figura 11A-C). 124 A B C Figura 11 (A-C) – Fase final da retração com o auxílio de elástico intermaxilar de Classe II do lado esquerdo. Resultados A retração simultânea dos arcos ancorada nos miniparafusos ortodônticos conseguiu reduzir a inclinação dos incisivos e a protrusão dos incisivos em 4,0 mm em ambos os arcos. Os caninos, pré-molares e molares finalizaram em Classe I. A relação dos incisivos melhorou, aumentando o trespasse vertical e horizontal com a redução do ângulo interincisal (Figura 12 A-C). Facialmente, houve modificações significativamente positivas. A diminuição da biprotrusão dentária reduziu a projeção dos lábios e permitiu um selamento labial passivo, que era a queixa principal da paciente. Esta redução não envolveu a extração de prémolares, que por sua vez não alterou o volume dentário transversal do arco superior. A paciente apresentava um sorriso amplo que poderia ser prejudicado com a extração de pré-molares. As linhas médias dentárias superior e inferior permaneceram coincidentes com a linha média facial (Figura 13 A-C). A B C Figura 12 (A-C) – Vistas intrabucais da paciente com caninos e molares em Classe I e a relação dos incisivos normalizada. A B Figura 13 (A-C) – Vistas extrabucais finais: A) frente, B) perfil e C) sorrindo. ABOR 2015 C 125 A análise da radiografia panorâmica final não apresentou nenhuma alteração significativa em relação à radiografia inicial, a não ser pela ausência dos terceiros molares superiores que foram extraídos antes do início do tratamento ortodôntico (Figura 14). Cefalometricamente, as alterações mais relevantes foram: a redução da biprotrusão e da inclinação dos incisivos superiores e inferiores; distalização de todos os dentes posteriores; não houve alteração na dimensão vertical e ocorreu melhora da estética dos tecidos moles (Figura 15A-D). Figura 14 – Radiografia panorâmica final. B Figura 15 (A-D) – C D Telerradiografia em norma lateral final e os traçados com uma superposição do traçado inicial com o final. Capítulo 8 A 126 Discussão A morfologia pré-tratamento e etnia podem afetar a mudança de posição do lábio de acordo com a quantidade de retração do incisivo42. Alguns autores concluíram que a extração dos primeiros pré-molares superiores possibilitaram a retração dos incisivos maxilares em torno de 2,5mm16,23, outros autores encontraram resultados menores em afrodescendentes, onde as médias de retração dos incisivos superiores comparadas à retração do lábio superior e inferior foram de 1,75:1 e 1,2:1, respectivamente5. Tais resultados variam de acordo com a raça, como exemplo, cita-se o trabalho de Hayashida et al. (2011)11, que observou uma mudança no lábio superior nos afrodescentes (1.75:1) relativamente menor que nos caucasianos e asiáticos. Em seu estudo, Willians;Hosila (1976)41 concluíram que, em casos envolvendo a extração dos quatro primeiros pré-molares, aproximadamente 66,5% do espaço disponível da extração foi ocupado pela retração do segmento anterior. De acordo com Solem et al. (2013)31, a utilização de ancoragem esquelética resulta em 1,5 mm mais retração do lábio inferior do que a ancoragem intraoral, com maior retração nos ápices dos incisivos superiores e inferiores. Davoody et al. (2012)8, encontraram 0,44 ± 0,3 mm de perda de ancoragem a cada milímetro de retração dos incisivos utilizando-se ancoragem intraoral (G1), quando comparada a proporção de –0,11:1, gerada pela ancoragem esquelética (G2), o que significa que houve 0,11 mm de distalização do molar a cada 1 mm de retração dos incisivos. A média de retração labial em ambos os grupos foi significativa (G1: 1,80 ± 1,50 mm; G2: 1,58 ± 1,29 mm), o que significa que a extração de prémolares superiores seguida de retração dos dentes anteriores definitivamente afeta a posição do lábio superior. No presente caso clínico, optou-se pela retração de ambas arcadas com o auxílio dos MPOs associados aos aparelhos autoligaveis, ao invés da extração de quatro pré-molares, pelos autores temerem prejudicar o volume transversal do arco e consequentemente o sorriso. Segundo ONG;Woods (2001)23, a média geral na redução do perímetro do arco foi de 11,3 mm. O local de eleição para a instalação dos MPO na arcada superior, para a maioria dos autores, é na região vestibular entre segundos pré-molares e primeiros molares18,19,,25-27,33-40. De acordo com Marassi;Marassi (2008)22, para retração dos dentes anteriores no arco superior, outros locais podem ser escolhidos, como: processo alveolar palatino entre os primeiros e segundos molares; processo alveolar vestibular entre os primeiros e segundos molares; região de tuberosidade maxilar; entre as raízes vestibulares dos primeiros molares permanentes; sutura palatina mediana. Outro local que vem sendo utilizados com sucesso mais recentemente é a crista infra-zigomatica20 . Na mandíbula, para a mecânica de retração dos dentes anteriores, os possíveis locais de instalação são: processo alveolar vestibular entre primeiros e segundos molares25,28; processo alveolar vestibular entre segundos pré-molares e primeiros molares; distal do segundo molar, região retromolar, e, mais recentemente, com alto índice de sucesso o “shelf” mandibular 6,13 . No presente trabalho, optou-se pela instalação dos MPOs entre as raízes dos primeiros molares e segundos pré-molares, corroborando com os achados da maioria dos autores18,19,25-27,33-40. Estas localizações, além de apresentarem uma boa distância entre as raízes, são ainda, áreas de fácil acesso para fixação de acessórios. Outra opção seria instalá-lo entre o primeiro e segundo molares, sendo que esta área, em muitos casos no arco superior, não apresenta espaço suficiente entre as raízes25. Os miniparafusos demonstram ser eficientes quando associado aos aparelhos autoligáveis passivos para o tratamento das biprotrusoes moderadas. Esta associação demonstrou ser uma excelente opção de tratamento, uma vez que, durante o nivelamento ABOR 2015 127 inicial, ocorre uma expansão transversal que gera uma pequena redução da protrusão logo no início, o que encoraja ainda mais o tratamento do problema com esta abordagem, reduzindo a indicação das extrações ou miniplacas e aumentando o coeficiente de eficiência dos MPOs sobre as outras abordagens terapêuticas. O reposicionamento dos MPOs para distal aumenta ainda mais a eficácia dos mesmos no tratamento da biprotrusoes. Estudos anteriores1,3,15, demonstram que as extrações devem ser indicadas em casos de associação de apinhamentos com protrusões dentárias. Desta forma, as miniplacas de titânio, as extrações dentarias ancoradas em miniparafusos ortodônticos de titânio interradiculares, os miniparafusos ortodônticos de aço instalados na crista infra-zigomatica e/ou no “shelf” mandibular (linha obliqua externa) ficam encarregadas de retrações de maior magnitude, como em casos de camuflagem de grandes Classes III13, além de casos onde ocorre uma associação de apinhamentos severos, somados a biprotrusões dentárias severas e ausência de selamento labial. Conclusão O Sistema de aparelhos autoligáveis junto com fios termoativados de alta tecnologia, utilizando uma dinâmica de consultas mais espaçadas, diminuiu a quantidade de consultas sem comprometer os resultados e nem aumentar o tempo global de tratamento, que foi de 16 meses. Este tipo de aparelho associado aos miniparafusos ortodônticos podem trazer algumas vantagens como: diminui a indicação de extrações de pré-molares; reduz a necessidade de colaboração do paciente; facilita a mecânica ortodôntica, com instalação e remoção simplificada; baixo custo e diminui o tempo de tratamento. O sistema de aparelhos autoligáveis associado à ancoragem esquelética se mostrou eficiente na correção da biprotrusão moderada, com a melhora da postura labial, sem prejudicar o volume transversal do arco e consequentemente o sorriso. 1. Bishara SE et al. The morphologic basis for the extraction decision in Class II, Division 1 malocclusions: A comparative study. Am J Orthod Dentofac Orthop. 1995; 107(2):129-135. 2. Bloom LA. Perioral profile changes in orthodontic treatment. Am J Orthod.1961; 47:371–379. 3. Bowman SI, Jhonston LE JR. The esthetic impact of extractions and nonextractions treatments on Caucasian patients. Angle Orthod. 2000; 70(1):3- 10. 4. Burcal RG, Laskin DM, Sperry TP. Recognition of profile change after simulated orthognathic surgery.J Oral Maxillofac Surg. 1987; 45:666–670. 5. Caplan M J, Shivapuja P K. The effect of premolar extractions on the soft-tissue profile in adult African American females. Angle Orthodontist 1997; 67:129–136. 6. Chang C, Liu SS, Roberts WE. Primary failure rate for 1680 extra-alveolar mandibular buccal shelf miniscrews placed in movable mucosa or attached gingiva. Angle Orthod. 2015 Jan 20. Epub ahead of print. 7. Cornelisa MA, Clerckb HJ. Maxillary molar distalization withminiplates assessed on digital models: A prospective clinical trial. Am J Orthod Dentofac Orthop. 2007; 132:373-7. 8. Davody AR, Posada L, Utreja A, Janakiraman N, Neace WP, Ureibe F, Nanda R. A prospective comparative study between differential moments and miniscrews in anchorage control. Europ Journal Orthodon. 2012; 568–576. 9. Diels RM, Kalra V, Deloach N, Powers M, Nelson SS. Changes in soft tissue profile of African-Americans following extraction treatment. Angle Orthod.1995; 65:285–292. 10. Erverdi N, Acar A. Zygomatic Anchorage for En Masse Retraction in the Treatment of Severe Class II Division 1. Angle Orthod. 2005; 75(3): 483-490 . 11. Hayashida H, Ioi H, Nakata S, Takahashi I, Counts AL. Effects of retraction of anterior teeth and initial soft tissue variables on lip changes in Japanese adults. Europ Journ Orthodon. 2011; 419–426. 12. Holman JK, Hans MG, Nelson S, Powers MP. An assessment of extraction versus nonextraction orthodontic treatment using the peer assesment rating (PAR) index. Angle Orthod. 1998; 68(8):527-34. 13. Huang S, Chang C, Roberts WE. A severe skeletal class III open bite malocclusion treated with non-surgical approach. 2011; 24:28-36. 14. Keating PJ. Bimaxillary protrusion in the Caucasian: a cephalometric study of the morphological features. Br J Orthod. 1985; 12:193–201. 15. Itaborahy WM. Estudo cefalométrico longitudinal (em média 6a. E 2m. Pós-tratamento) das alterações tegumentares ocorridas em adolescentes tratados com e sem extrações dentárias. São Paulo, Dissertação – Mestrado – Universidade Cidade de São Paulo. 2007. 16. Leonardi R, Annunziata A, Licciardello V, Barbato E. Soft tissue changes following the extraction of premolars in nongrowing patients with bimaxillary protrusion. A systematic review. Angle Orthodontist. 2010; 80: 211–216. 17. Lew KK. Profile changes following orthodontic treatment of bimaxillary protrusion in adults with the Begg appliance.Eur J Orthod.1989; 11:375–38. 18. Lim JE, Lim WH, Chun YS. Quantitative evaluation of cortical bone thickness and root proximity at maxillary interradicular sites for orthodontic miniimplant placement. Clin Anat. 2008;21(6):486-91. 19. Lim WH, Lee SK, Wikesjo UM, et al. A descriptive tissue evaluation at maxillary interradicular sites: implications Capítulo 8 Referências 128 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. for orthodontic mini-implant placement. Clin Anat. 2007; 20(7):760-5. Liou EJ, Chen OH, Wang YC, Lin JC. A computed tomographic image study on the thickness of the infrazygomatic crest of the maxilla and its clinical implications for miniscrew insertion. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2007; 131(3):352-6. Maltagliati LA. Filosofia e tratamento. In: Maltagliati LA, Sistema Autoligado. Teoria e prática. Rio de Janeiro (RJ): Profile; 2012. Cap4, p. 107-86. Marassi CMC. Mini-implantes ortodônticos como auxiliares da fase de retração anterior. Rev. Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial. 2008; 13(5):57-75. Ong HB, Woods MG. An Occlusal and Cephalometric Analysis of Maxillary First and Second Premolar Extraction Effects. Angle Orthod. 2001; 71:90–102. Paquette DE, Beattie JR, Johnston LE. A long-term comparison of nonextraction and premolar extraction edgewise therapy in “borderline” class II patients. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1992; 102(1):1-14. Park H, Kwon T. Sliding Mechanicswith Microscrew Implant Anchorage. Angle Orthod 2004; 74:703-710. Park H, Kwon T, Sung J. Nonextraction Treatment with Microscrew Implants. Angle Orthod. 2004; 74:539-549. Park H, Lee S, Kwon O. Group Distal Movement of Teeth Using Microscrew Implant Anchorage. Angle Orthod. 2005; 75:510-517. Poggio PM, Incorvati C, Velo S et al. “Safe zones”: a guide for miniscrew positioning in the maxillary and mandibular arch. Angle Orthod, 2006; 76(2):191-7. Riedel RA. An analysis of dentofacial relationships.Am J Orthod. 1957; 43:103–119. Rudee DA. Proportional profile changes concurrent with orthodontic therapy.Am J Orthod.1964;50:421–434. Solem RC, Marasco R, Guiterrez-Pulido L, Nielsen I, Ki SH, Nelson G. Three-dimensional soft-tissue and hard-tissue changes in the treatment of bimaxillary protrusion. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2013; 144(2):218-28. Sugawara J, Daimaruya T, Umemori M et al. Distal movement of mandibular molars in adult patients with the skeletal anchorage system. Am J Orthod Dentofac Orthoped. 2004; 125(2):130-8. Villela H, Villela P, Bezarra F, Laboissiére Jr M, Soares AP. Utilização de mini-implantes para ancoragem ortodôntica direta. Rev Innovations Journal. 2004; 8(1):5-12. Villela H, Bezerra F, Laboissiére Jr M. Microparafuso ortodôntico de titânio auto-perfurante (MPO): novo protocolo cirúrgico e atuais perspectivasclínicas. Innovations Implant Journal. 2006; 1(1):46-53. Villela H, Bezerra F, Laboissiére Jr M, Menezes P, Villela F. Microparafusos ortodônticos de titânio autoperfurantes: mudando os paradigmas da ancoragem esquelética em Ortodontia. Ver Implant News. 2006; 3(4):45-51. Villela H, Bezerra F, Laboissiére Jr M. Ancoragem esquelética utilizando microparafusos ortodônticos autoperfurantes: planejamento, protocolo cirúrgico e principais complicações clínicas. In: Gerenciando os Riscos e Complicações em Implantodotia. São Paulo: Ed. Santos, 73-85, 2007. Villela H, Bezerra F, Lemos L, Pessoa S. Intrusão de molares superiores utilizando microparafusos ortodônticos de titânio autoperfurantes. Ver. Clín. De Ortodon. Dental Press. 2008, 7(2):52-64. Villela H, Vedovello S, Valdrigui H, Vedovello Filho M, Correa C. Distalização de molares utilizando miniparafusos ortodônticos. Orthod Sci Pract. 2011;4(16):789-98. Villela HM, Itaborahy W, Costa RI. Utilização de miniparafusos com sistema de aparelhos autoligados na correção da Classe II em pacientes portadores de problemas periodontais. Orthod. Sci. Pract. 2014; 7(27):69-77. Villela HM, Itaborahy W, Vedovello FilhoO M, Vedovello S. Utilização de elásticos intermaxilares e distalização de molares com miniparafusos nas correções das más oclusões de Classe II com aparelhos autoligáveis: relato de caso. Rev ABOR 2015 Clin Ortod Dental. 2014/2015; 13(6): 41-58. 41. William R, Hosila FJ. The effect of different extraction sites upon incisor retraction.Am J Orthod.1976; 69:388–410. 42. Yasutomi H, Ioi H, Nakata S, Nakasima A. Effects of retraction of anterior teeth on horizontal and vertical lip positions in Japanese adults with the bimaxillary dentoalveolar protrusion. Orthodontic Waves. 2006; 65:141–147. 43. Zhang J, Qiao M. Cephalometric analysis of the patients ith bimaxillary protrusion in south China [in Chinese].Hua Xi Kou Qiang Yi Xue Za Zhi. 2001; 19:32–34.
Documentos relacionados
Utilização de miniparafusos com sistema de
necessidades específicas destes tipos de pacientes, como estética, forças suaves, menor tempo de tratamento e menor dependência da colaboração. O uso de ancoragem esquelética associada aos aparelho...
Leia maisClique aqui para baixar o arquivo
entre si para que as freqüências dos protocolos pudessem definir possíveis tendências predominantes a cada época testada. Os resultados demonstraram diferenças estatisticamente significantes para 7...
Leia mais