As Operações no Amplo Espectro e seus reflexos para a
Transcrição
As Operações no Amplo Espectro e seus reflexos para a
ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO Maj Cav SÉRGIO FIRMINO DA SILVA JÚNIOR As Operações no Amplo Espectro e seus reflexos para a modernização da Brigada de Cavalaria Mecanizada: uma proposta de capacidades para o emprego como Força de Cobertura. Rio de Janeiro 2015 Maj Cav SÉRGIO FIRMINO DA SILVA JÚNIOR As Operações no Amplo Espectro e seus reflexos para a modernização da Brigada de Cavalaria Mecanizada: uma proposta de capacidades para o emprego como Força de Cobertura. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares. Orientador: Ten Cel Cav Rovian Alexandre Janjar Rio de Janeiro 2015 J 950 Júnior, Sérgio Firmino da Silva. As Operações no Amplo Espectro e seus reflexos para a modernização da Brigada de Cavalaria Mecanizada: uma proposta de capacidades para o emprego como Força de Cobertura./ Sérgio Firmino da Silva Júnior. 2015. 72 f. : il ; 30cm. Trabalho de Conclusão de Curso - Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2015. Bibliografia: f. 70-72. 1. Operações no Amplo Espectro. 2. Modernização. 3. Brigada de Cavalaria Mecanizada. 4. Força de Cobertura I. Título. CDD 355.4 CDD 355 Maj Cav SÉRGIO FIRMINO DA SILVA JÚNIOR As Operações no Amplo Espectro e seus reflexos para a modernização da Brigada de Cavalaria Mecanizada: uma proposta de capacidades para o emprego como Força de Cobertura. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares. Aprovado em ___ de _________ de 2015. COMISSÃO AVALIADORA ________________________________________________ ROVIAN ALEXANDRE JANJAR – Ten Cel Cav – Presidente Escola de Comando e Estado-Maior do Exército ________________________________________________ ALESSANDRO PAIVA DE PINHO – Ten Cel Cav – Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército ______________________________________________________ JORGE FRANCISCO DE SOUZA JÚNIOR – Ten Cel Cav – Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército À minha esposa, meu filho e minha mãe, fontes de inspiração e exemplo. AGRADECIMENTOS À Deus, pelo dom da vida, felicidade, tranquilidade e saúde. À minha família, pelo apoio, incentivo, carinho e compreensão em todos os momentos, sendo fundamentais no sucesso da conclusão deste trabalho. À minha mãe Sônia, pela minha educação e formação, me mostrando a importância da dedicação, do trabalho árduo e da disciplina, como fontes prementes do sucesso pessoal. Ao Exército Brasileiro, pela oportunidade em realizar um trabalho monográfico, de modo a ampliar o conhecimento profissional. Ao meu orientador, TC Cav Janjar, não apenas pela orientação, como também pelo incentivo e confiança demonstrados em várias oportunidades. ―Hoje, muito mais do que ontem, as Forças Armadas existem antes para dissuadir do que para fazer a guerra. Mais importante do que vencer a guerra, é evitá-la. Não se trata apenas de ter, mas de ter e ser. Ter a capacidade de dissuadir e ser competente para exercê-la‖. (Roberto Sarmento de Figueiredo Lopes) RESUMO O Exército Brasileiro, por meio de seu Estado-Maior, apresentou, no início do ano de 2013, o novo conceito operativo para o emprego da Força Terrestre Brasileira: Operações no Amplo Espectro, o qual visa acompanhar a evolução dos conflitos armados no século XXI. Ao mesmo tempo, conduz um ambicioso processo de transformação da Força a fim de provê-la de capacidades para atender às novas demandas do combate moderno com eficiência e eficácia. Esse novo conceito prevê o crescimento gradual da escalada da violência, desde a situação de Paz Estável, passando por uma situação de Paz Instável e, posteriormente, uma situação de Crise, até alcançar a situação de Guerra, ápice da violência. Desta forma, há a exigência da força terrestre estar constantemente pronta para atuar em operações ofensivas e defensivas, particularmente no que tange às suas capacidades nas dimensões material e organização, garantindo assim a fundamental modernização da força terrestre para o emprego em situações de guerra convencional. Nesse contexto, a Estratégia Nacional de Defesa (2008) estabelece a brigada como o módulo básico de combate da Força Terrestre e, portanto, determina que todas as brigadas do Exército Brasileiro devem conter elementos que as capacitem ao atendimento do conceito de flexibilidade, a fim de estarem aptas a atuar em qualquer grau da escalada da violência. Assim, este estudo monográfico procurou verificar as principais características das Operações no Amplo Espectro, levantando as principais capacidades necessárias para o emprego da Brigada de Cavalaria Mecanizada como Força de Cobertura; apresentar as capacidades atuais da Brigada de Cavalaria Mecanizada do Exército Brasileiro, com enfoque em seus materiais de emprego militar e organizações; identificar as capacidades de Organização Militar de exército estrangeiro, com características de emprego semelhantes às da Brigada de Cavalaria Mecanizada; analisar as possibilidades e deficiências dessa brigada, quanto às suas capacidades em atender às demandas quando empregada como Força de Cobertura; bem como concluir acerca de reflexões e novas ideias para a modernização de seu material e de sua organização. Palavras-chave: Operações no Amplo Espectro, Modernização, Brigada de Cavalaria Mecanizada, Força de Cobertura. ABSTRACT The Brazilian Army, through its staff, introduced by the beginning of year 2013, the new operating concept for employment of Brazilian Land Forces: Full Spectrum Operations, which aims to follow the evolution of armed conflict in the 21st century. At the same time, it leads an ambitiuos transformation process of the Force in order to provide it with skills to meet the changing demands of modern combat efficiently and effectively. This new concept provides the gradual growth of the escalation of violence since the situation of Stable Peace, through a situation of Unstable Peace and then a situation of Crisis, to reach a situation of War, the violence apex. Thus, there is the requirement for the Land Force to be constantly ready to act in offensive and defensive operations, particularly with respect to its capabilities in the material and organization dimensions, thus ensuring the fundamental modernization of land forces for the employment in conventional warfare situations. In this context, the National Defense Strategy (2008) sets the brigade as the basic combat module of the Land Force and therefore determines that all brigades of the Brazilian Army must contain elements that enable the achievement of the concept of flexibility in order of being able to act in any degree of escalating violence. So, this monographic study aimed to investigate the main features of the Full Spectrum Operations, searching the core capabilities needed for the Mechanized Cavalry Brigade employment as a Coverage Force; present the current capabilities of the Brazilian Army Mechanized Cavalry Brigade, focusing in its military materials and organization; identify the capabilities of a foreign army Military Organization, with similar employment characteristics of Mechanized Cavalry Brigade; analyze the possibilities and shortcomings of this brigade, as their capabilities to meet the demands when employed as Force Coverage; and conclude about reflections and new ideas for the modernization of its material and its organization. Key words: Full Spectrum Operations, Modernization, Mechanized Cavalry Brigade, Coverage Force LISTA DE FIGURAS E QUADROS Figura 1 – O Espectro dos Conflitos.................................................................... 16 Quadro 1 – Definição conceitual das variáveis.................................................... 21 Figura 2 – Tarefas das Operações Ofensivas e Defensivas no Amplo Espectro 27 Figura 3 – Estrutura Organizacional básica do RC Mec...................................... 38 Figura 4 – Esquadrão de Cavalaria Mecanizado................................................. 39 Figura 5 – Morteiro pesado 120mm M2 raiado.................................................... 40 Figura 6 - Morteiro 81mm royal ordnance............................................................ 41 Figura 7 – VBR EE-9 Cascavel............................................................................ 42 Figura 8 – Metralhadora browning .50mm BMG.................................................. 42 Figura 9 – Metralhadora 7,62mm MAG................................................................ 42 Figura 10 – VBTP EE-11 Urutu............................................................................ 43 Figura 11 – Esquadrão de Carros de Combate................................................... 46 Figura 12 – Esquadrão de Fuzileiros Blindados................................................... 46 Figura 13 – Carro de Combate Leopard 1A5....................................................... 48 Figura 14 – Canhão 84mm Carl Gustaf............................................................... 48 Figura 15 – VBTP M-113...................................................................................... 49 Figura 16 – Armored Cavalry Squadron orgânico de um ACR............................ 51 Figura 17 – Armored Cavalry Troop orgânico de um ACS................................... 53 Figura 18 – Tank Company orgânica de um ACS................................................ 53 Figura 19 – Howitzer Battery orgânica do ACS.................................................... 54 Figura 20 – M3 Bradley Cavalry Fighting Vehicle………………………………… 55 Figura 21 – Carro de Combate M1A2 Abrams..................................................... 55 Figura 22 – Obus autopropulsado M109A6 Paladin 155mm howitzer................ 56 Figura 23 – Radar de Vigilância Terrestre AN/PPS-5B........................................ 56 Figura 24 – UAV RQ-5 Hunter............................................................................. 57 Figura 25 – Veículo M93A1 NBC Fox Reconnaissance....................................... 58 Figura 26 – Radio tático Exelis SINCGARS RT-1523G....................................... 59 Figura 27 – Equipamento de comunicações FBCB2........................................... 60 Figura 28 – Tela operativa do Equipamento de comunicações FBCB2........... 60 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AC - Anticarro ACR - Armored Cavalry Regiment ACS - Armored Cavalry Squadron Aç Rtrd - Ação Retardadora AOC - Área Operacional Continental ARP - Aeronave Remotamente Pilotada Bda C Mec - Brigada de Cavalaria Mecanizada Bld - blindado(s) CC - Carro(s) de Combate Cmdo - Comando CMS - Comando Militar do Sul C4G - Conflitos de 4ª Geração EB - Exército Brasileiro Elm Cmb - Elementos de Combate EM - Estado-Maior EME - Estado-Maior do Exército END - Estratégia Nacional de Defesa EPLRS - Enhanced Position Location and Reporting System Esqd C Ap - Esquadrão de Comando e Apoio Esqd CC - Esquadrão de Carros de Combate Esqd Fuz Bld - Esquadrão de Fuzileiros Blindado Esqd C Mec - Esquadrão(ões) de Cavalaria Mecanizado(s) FA - Força(s) Armada(s) FBCB2 - Force XXI Battle Command Brigade and Below F Cob - Força de Cobertura F Irreg - Força(s) Irregular(es) FT - Força(s)-Tarefa(s) F Ter - Força Terrestre GU - Grande(s) Unidade(s) Ini - Inimigo MEM - Material(ais) de Emprego Militar Mvt Rtg - Movimento Retrógrado OM - Organização(ões) Militar(es) Pel CC - Pelotão de Carros de Combate Pel C Mec - Pelotão de Cavalaria Mecanizado Pel Cmdo - Pelotão de Comando Pel Com - Pelotão de Comunicações Pel Fuz Bld - Pelotão de Fuzileiros Blindados Pel Mrt P - Pelotão de Morteiros Pesados QBN - Química, Biológica e Nuclear RCB - Regimento de Cavalaria Blindado RC Mec - Regimento de Cavalaria Mecanizado Rec - Reconhecimento Seç Mrt Me - Seção de Morteiros Médios Seç Msl AC - Seção de Mísseis anticarro Seç Vig Ter - Seção de Vigilância Terrestre Seg - Segurança SINCGARS - Single Channel Ground and Airborne Radio System SL - sobre lagarta SR - sobre rodas SU - Subunidade UAV - Unmanned Aerial Vehicle VA - Via(s) de Acesso VBR - Viatura Blindada de Reconhecimento VBTP - Viatura Blindada de Transporte de Pessoal Z Aç - Zona de Ação SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 14 2 METODOLOGIA...................................................................................... 24 3 OPERAÇÕES NO AMPLO ESPECTRO................................................. 26 3.1 OPERAÇÕES DE SEGURANÇA............................................................ 30 3.2 MOVIMENTOS RETRÓGRADOS.......................................................... 33 4 BRIGADA DE CAVALARIA MECANIZADA.......................................... 36 4.1 REGIMENTO DE CAVALARIA MECANIZADO...................................... 37 4.1.1 Estrutura organizacional...................................................................... 37 4.1.2 Material de Emprego Militar................................................................. 40 4.1.2.1 Armamentos coletivos............................................................................ 40 4.1.2.2 Equipamentos de Reconhecimento e Vigilância................................... 43 4.1.2.3 Viaturas operacionais........................................................................... 43 4.1.2.4 Equipamentos de proteção..................................................................... 44 4.1.2.5 Equipamentos de comunicações............................................................ 44 4.2 REGIMENTO DE CAVALARIA BLINDADO............................................ 44 4.2.1 Estrutura organizacional...................................................................... 44 4.2.2 Material de Emprego Militar................................................................. 47 4.2.2.1 Armamentos coletivos............................................................................. 47 4.2.2.2 Equipamentos de Reconhecimento e Vigilância................................... 4.2.2.3 Viaturas operacionais.............................................................................. 49 4.2.2.4 Equipamentos de proteção..................................................................... 49 4.2.2.5 Equipamentos de comunicações............................................................ 49 5 ARMORED CAVALRY REGIMENT....................................................... 50 5.1 ARMORED CAVALRY SQUADRON........................................................ 51 5.1.1 Estrutura Organizacional...................................................................... 51 5.1.2 Material de Emprego Militar.................................................................. 54 5.1.2.1 Armamentos coletivos e viaturas operacionais..................................... 5.1.2.2 Equipamentos de Reconhecimento e Vigilância..................................... 56 5.1.2.3 Equipamentos de proteção..................................................................... 57 48 54 5.1.2.4 Equipamentos de comunicações............................................................ 58 6 POSSIBILIDADES E DEFICIÊNCIAS DA BRIGADA DE CAVALARIA MECANIZADA EM OPERAÇÕES DE SEGURANÇA E MOVIMENTO RETRÓGRADO NO AMPLO ESPECTRO.............................................. 61 6.1 QUANTO AO REGIMENTO DE CAVALARIA MECANIZADO................. 62 6.2 QUANTO AO REGIMENTO DE CAVALARIA BLINDADO...................... 64 7 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES.................................................... 66 REFERÊNCIAS........................................................................................ 70 14 1 INTRODUÇÃO Desde os primórdios das guerras na humanidade, o homem vem criando meios de vencê-las com maior rapidez e com menor número de baixas. Esta assertiva tem íntima ligação com o novo cenário de guerra que se descortina com maior ímpeto no século XXI: os chamados conflitos assimétricos ou conflitos de 4ª geração (C4G)1 (CORRÊA, 2012, p. 22) Segundo Trindade (2013, p. 50), com o término da Guerra Fria2, as generalizações simplificadoras decorrentes da bipolaridade ideológica e militar até então vigentes se tornaram obsoletas. A conjuntura atual é caracterizada por um ambiente estratégico multipolar, conturbado, incerto e volátil, onde nenhum país está livre de ameaças, ainda que, muitas vezes, se manifestem de forma difusa. Dentro desse novo contexto, a Política de Defesa Nacional (2005) do estado brasileiro aponta diversos fatores de instabilidade que se projetam no ambiente internacional, como, por exemplo, os decorrentes da disputa por escassos recursos naturais, os de idealismo religioso e os de cunhos étnico, econômico e social. Surgem, então, as denominadas novas ameaças — terrorismo, narcotráfico, crime organizado, proliferação nuclear, ataques cibernéticos e questões ambientais — as quais são condicionantes comuns que afetam a conjuntura da segurança e da defesa das nações do século XXI. No entanto, Trindade (2013, p. 52) também ressalta que, como durante a Guerra Fria, as ―guerras por delegação‖ continuarão presentes. A exemplo disso, pode-se constatar mais recentemente na guerra civil síria, onde se observa a interveniência externa junto às facções em conflito, oriunda de países com interesses na área e de milícias. Portanto, não se pode afastar a possibilidade do retorno desse tipo de conflito às áreas de interesse do Brasil. _____________ 1 Segundo Corrêa (2012, p. 101 e 110), o conflito de 4ª geração ou conflito assimétrico é caracterizado pela sua multidimensionalidade, no qual Estados, teoricamente dotados de meios mais tecnológicos, são confrontados por grupos e organizações não estatais, como terroristas, narcotraficantes, criminosas, insurgentes, entre outros, geralmente dotados de meios mais precários e obsoletos, envolvendo ações em terra, no mar, no ar, no espaço exterior, no espectro eletromagnético e no ciberespaço. 2 Período pós II Guerra Mundial, no qual os EUA, capitalista, e a antiga URSS, socialista, brigaram pela hegemonia mundial por meio de uma intensa disputa econômica, diplomática e tecnológica pela conquista de zonas de influência, provocando uma corrida armamentista que se estendeu por 40 anos e colocou o planeta sob ameaça de um conflito nuclear. (KOSHIBA, 2000) 15 O subcontinente sul-americano, parte do entorno estratégico brasileiro, é área de grande interesse para a política externa brasileira, a qual tem como objetivo estratégico a sua integração. Todavia, isso não o isenta de conflitos. O subcontinente é região de recursos naturais abundantes, que despertam interesses internacionais. A crescente demanda por esses escassos recursos pode traduzir-se em divergência de interesses e conflitos. Há ainda potenciais fatores de instabilidade regional como os delitos transfronteiriços, aí incluído o narcotráfico, demandas sociais reprimidas, disputas pela posse da terra, assimetrias socioeconômicas, dentre outros. (TRINDADE, 2013, p. 52) No contexto dos conflitos armados atuais, verifica-se que a incidência de conflitos entre estados, embora menos provável, permanece uma realidade. Portanto, os exércitos não podem descuidar de seu preparo: a capacidade de dissuasão, inerente a forças bem equipadas e adestradas, é imprescindível à prevenção de conflitos. Diante dessas incertezas, o Livro Branco de Defesa Nacional (2012, p. 34), documento que oferece a visão do governo brasileiro a respeito da defesa, apresenta a assertiva de que: ―o custo do não engajamento do Brasil na nova ordem internacional pode ser muito maior que o ônus imediato, que é o investimento na capacitação, no preparo e no desenvolvimento de meios necessários ao exercício da soberania.‖ Segundo Trindade (2013, p. 53), o Exército Brasileiro (EB) precisa, para cumprir sua missão constitucional de Defesa da Pátria, organizar-se, equipar-se e preparar-se para operar em Área Operacional3 Continental (AOC), tendo em vista as dimensões continentais do Brasil. Cabe destacar a diretriz primeira da Estratégia Nacional de Defesa (END) (2008, p. 2): ―dissuadir a concentração de forças hostis nas fronteiras terrestres [...].‖ Buscando acompanhar a evolução dos conflitos armados no século XXI e cumprindo diretrizes do governo, o EB, por meio de seu Estado-Maior, apresentou, no início do ano de 2013, o novo conceito operacional para o emprego da Força Terrestre (F Ter) Brasileira: Operações no Amplo Espectro; ao mesmo tempo em _____________ 3 Área Operacional é definida como ―Área estratégica, ou parte dela, relacionada com o planejamento de açõespredominantemente do campo militar e onde possíveis operações militares poderão ocorrer.‖ (BRASIL, 2003, p. 21) 16 que conduz um ambicioso processo de transformação da Força4 a fim de provê-la de capacidades para atender às novas demandas do combate moderno com eficiência e eficácia. Nesse sentido, o EB publicou recentemente o seu novo manual de Doutrina Militar Terrestre, no qual temos a seguinte definição de Operações no Amplo Espectro: É o Conceito Operativo do Exército, que interpreta a atuação dos elementos da F Ter para obter e manter resultados decisivos nas operações, mediante a combinação de Operações Ofensivas, Defensivas, de Pacificação e de Apoio a Órgãos Governamentais simultânea ou sucessivamente, prevenindo ameaças, gerenciando crises e solucionando conflitos armados, em situações de Guerra e de Não Guerra [...] (BRASIL, 2014b, p. 4-4) Para tanto, o EB substituiu a antiga Doutrina Delta de emprego em guerras convencionais pela nova concepção de Operações no Amplo Espectro. Essa nova doutrina prevê a existência do conceito Espectro dos Conflitos, que representa o crescimento gradual da escalada da violência politicamente motivada, desde a situação de Paz Estável, passando por uma situação de Paz Instável e, posteriormente, uma situação de Crise, até alcançar a situação de Guerra, ápice da violência. (BRASIL, 2014b, p. 4-1) Figura 1 – O Espectro dos Conflitos Fonte: BRASIL, 2014b, p. 4-2 Pereira Junior (2013, p. 17) divide essa escalada da violência em quatro categorias de emprego, de acordo com o que vem sendo observado atualmente em _____________ 4 Cf BRASIL. Exército. Estado-Maior.. Bases para a Transformação da Doutrina Militar Terrestre. Brasília, DF. 2013. 32 p 17 conflitos armados internacionais e o que pode vir a acontecer futuramente no Brasil, coerente com a situação político-econômico-social atual do subcontinente sulamericano, anteriormente apresentada neste capítulo, sendo o ápice da crise caracterizado pela guerra convencional5. Segundo Pereira Junior (2013, p.17), as Forças Armadas (FA) devem estar aptas para a condução da guerra convencional, seja agindo para impedi-la, seja dissuadindo qualquer possibilidade de violação de nossa soberania, tornando-se, portanto, o foco de reestruturação de qualquer FA. O referido autor ressalta, ainda, que uma força preparada para a guerra cumprirá bem missões de menor intensidade, características dos níveis inferiores da escala de violência; no entanto, o oposto não é verdadeiro. Fazendo uma ligação com o conceito de Operações no Amplo Espectro, é na escala de violência mais intensa de Junior, ou seja, na guerra convencional, que observamos, com maior incidência, as operações ofensivas e defensivas clássicas, duas das atitudes características das Operações no Amplo Espectro. O manual de campanha do EB C 2-30 (BRASIL, 2000a, p. 1-2) preconiza que ―A Bda C Mec é apta a cumprir, precipuamente, missões de segurança. Realiza operações ofensivas e defensivas no contexto das operações de Seg [...]‖. Esse mesmo manual estabelece as possibilidades de emprego da Bda C Mec. Dentre as principais, estão elencadas as seguintes: (1) Conduzir operações de reconhecimento em largas frentes e grandes profundidades, durante a execução das operações de segurança. (2) Realizar operações de segurança, tais como: (a) a cobertura, constituindo-se em força de cobertura avançada, de flanco ou de retaguarda [...], em operações ofensivas ou defensivas;[...] (4) Realizar operações ofensivas e defensivas, como elemento de economia de forças ou no cumprimento das missões de segurança; [...] (9) Na defensiva, realizar movimentos retrógrados[...] (BRASIL, 2000a, p. 13, grifo nosso) Corroborando com o exposto acima, o novo manual de campanha EB20-MF10.102 (BRASIL, 2014b, p. 6-2) estabelece que: ―A Cavalaria Mecanizada constitui elemento móvel e potente, capaz de conduzir ações de Reconhecimento, de Vigilância e de Segurança.‖ _____________ 5 Conceito de Guerra Convencional: ―Conflito armado realizado dentro dos padrões clássicos e com emprego de armas convencionais, podendo ser total ou limitada, quer pela extensão da área conflagrada, quer pela amplitude dos efeitos a obter [...] (BRASIL, 2007, p. 24/48) 18 Pereira Junior (2013) relata em seu estudo que, as Bda C Mec são atualmente organizadas para bem cumprir as missões que exigem maior mobilidade e poder de choque, como as de Força de Cobertura (F Cob) e Ação Retardadora (Aç Rtrd), não atuando com a mesma eficiência nas operações de Ataque Coordenado e Defesa em Posição. Com a adoção do novo conceito de Operações no Amplo Espectro na doutrina de emprego da F Ter, as Bda C Mec continuariam focadas nessas mesmas missões, as quais exigem maior mobilidade, poder de choque e atuação independente. Segundo Ribeiro (apud VISACRO, 2011, p. 48): [...] Com a progressiva tendência de aumento dos conflitos assimétricos, é necessário dispor de forças flexíveis e ajustáveis a qualquer tipo de operação. A rapidez de projeção e emprego da força é fundamental para travar qualquer conflito o mais rapidamente possível, de modo a limitar os seus efeitos. [...] a inovação é um aspecto crucial e não se refere apenas aos aspectos tecnológicos, mas também à inovação organizacional e conceitual. As organizações devem ser mais flexíveis, dispondo de estruturas organizacionais que permeiam combinações inovadoras de unidades de manobra, para o cumprimento das várias missões, permitindo assim maior flexibilidade de emprego. A END (2008, p. 7) determina em sua décima sexta diretriz que as FA devem ―Estruturar o potencial estratégico em torno de capacidades.‖ Ou seja, as FA devem ser organizadas em torno de capacidades operacionais a fim de estar em condições de operar no combate moderno. Para o EB, a END (2008, p. 12) estabelece, dentre outros, o seguinte objetivo estratégico: O Exército Brasileiro cumprirá sua destinação constitucional e desempenhará suas atribuições, na paz e na guerra, sob a orientação dos conceitos estratégicos de flexibilidade e de elasticidade [...] Flexibilidade é a capacidade de empregar forças militares com o mínimo de rigidez preestabelecida e com o máximo de adaptabilidade à circunstância de emprego da força [...] Ainda segundo a END (2008, p.13, grifo nosso): ―[...] A concepção do Exército como vanguarda tem, como expressão prática principal, a sua reconstrução em módulo brigada, que vem a ser o módulo básico de combate da Força Terrestre [...].‖ Para tanto, a própria END (2008) estabelece que todas as brigadas da F Ter devem conter elementos que as capacitem ao atendimento do conceito de flexibilidade. 19 Alinhado a essa diretriz da END, o novo manual da doutrina militar terrestre estabelece a Brigada, como Grande Unidade (GU), o módulo básico de emprego da F Ter, contando no mínimo, com Elm Cmb, de comando e controle e de logística. (BRASIL, 2014b, p. 6-6) Inseridas nesse contexto, as Brigadas de Cavalaria Mecanizada (Bda C Mec) foram criadas no EB nos anos 1970, em cenário de conflito convencional, como uma força tática e logisticamente autônoma, capaz de operar isoladamente como uma força blindada. (TRINDADE, 2013, p. 56) Em maio de 2010, o Exército Brasileiro, atento à evolução do cenário atual e cumprindo as determinações estabelecidas pela END, deu início ao seu processo de transformação, acreditando que o momento atual ―exige o desenvolvimento de novas capacidades para cumprir novas missões, pois a adaptação e a modernização, por si só, não proporcionam todas as respostas para as demandas operacionais que se apresentam‖ (BRASIL, 2013, p. 9). Para tanto, no período de 1º a 31 de outubro de 2013, uma equipe multidisciplinar composta por representantes do Estado-Maior do Exército, Órgãos de Direção Setorial e Comandos Militares de Área, representando todas as áreas estratégicas do País, reuniu-se com o objetivo de mapear as capacidades militares terrestres e operativas do Exército. Ao final dos trabalhos, foi apresentada uma lista de capacidades que subsidiou o Centro de Doutrina do Exército na consolidação do conceito de planejamento baseado em capacidades e na definição das capacidades militares terrestres e operativas. (BRASIL, 2014a, p. 5) A Capacidade Militar Terrestre é a habilidade que possui a F Ter para cumprir determinada tarefa6 ou missão, por intermédio de pessoas, organização, doutrina, logística, treinamento, material, infraestrutura, informações e sistemas. Já a Capacidade Operativa representa as atitudes que devem ter as unidades orientadas para obter um efeito estratégico, operacional ou tático. Geralmente, mediante, uma combinação de pessoal, instrução, adestramento, equipamento, logística e estrutura organizacional, baseada em uma doutrina de emprego. (BRASIL, 2014a, p. 7) _____________ 6 Trabalho ou conjunto de ações cujo propósito é contribuir para alcançar o objetivo geral da operação. É um trabalho específico e limitado no tempo que agrupa passos, atos ou movimentos integrados segundo uma determinada sequência e destinado à obtenção de um resultado determinado. Pode ser encarado como uma ação operativa específica que, quando adequadamente executada, cumprirá a missão ou contribuirá para o cumprimento desta. (BRASIL, 2014a, p. 8) 20 Desta forma, seguindo diretrizes da END, o EB passou a adotar a geração de forças por meio do planejamento baseado em Capacidades, cuja definição é a seguinte: Capacidade é a aptidão requerida a uma força ou organização militar, para que possa cumprir determinada missão ou tarefa. É obtida a partir de um conjunto de sete fatores determinantes inter-relacionados e indissociáveis: Doutrina, Organização (e/ou processos), Adestramento, Material, Educação, Pessoal e Infraestrutura – que formam o acrônimo DOAMEPI. Para que as unidades atinjam o nível máximo de prontidão operativa, é necessário que possuam as capacidades que lhes são requeridas na sua plenitude. (BRASIL, 2014b, p. 4-4) Em face do acima exposto, definiu-se o seguinte problema: - De que forma as Operações no Amplo Espectro impõe reflexos para a modernização da Brigada de Cavalaria Mecanizada, no tocante às capacidades necessárias para o emprego como F Cob? O objetivo geral desta pesquisa foi apresentar os reflexos das Operações no Amplo Espectro para a modernização das Brigadas de Cavalaria Mecanizadas do Exército Brasileiro, no tocante às capacidades necessárias para o emprego como F Cob. Em especial, foram verificadas as principais características das Operações no Amplo Espectro, levantando as principais capacidades necessárias para o emprego da Bda C Mec como F Cob; as capacidades atuais das Bda C Mec do EB, abordando seus materiais de emprego militar (MEM) e organizações; as capacidades de Organização Militar (OM) de exército estrangeiro, com características de emprego semelhantes às da Bda C Mec; as possibilidades e deficiências das Bda C Mec do EB, quanto às suas capacidades em atender às demandas, atuando como uma F Cob, no contexto de Operações no Amplo Espectro; além do levantamento de idéias para a modernização do material e da organização das Bda C Mec do EB. Para tanto, teve-se como objetivos específicos: a. Descrever e interpretar as principais características das Operações no Amplo Espectro, com destaque para as atitudes Ofensivas e Defensivas, levantando as principais capacidades necessárias, em termos de material e organização, para o emprego da Bda C Mec, como uma F Cob, no contexto de Operações de Segurança (Seg) e Movimentos Retrógrados; 21 b. Apresentar as capacidades atuais das Bda C Mec do EB, com destaque para os Regimento de Cavalaria Mecanizado (RC Mec) e Regimento de Cavalaria Blindado (RCB), abordando seus materiais de emprego militar (MEM) e organizações; c. Identificar e descrever capacidades no tocante à organização e ao material de OM do exército norte-americano, com características de emprego semelhantes às da Bda C Mec e experiências em C4G; d. Analisar as possibilidades e as deficiências das Bda C Mec do EB, quanto às suas capacidades em atender às demandas das operações de Seg e Movimentos Retrógrados, atuando como uma F Cob, no contexto de Operações no Amplo Espectro; e e. Concluir acerca de reflexões e novas ideias para a modernização do material e da organização das Bda C Mec do EB, sob o enfoque do emprego como F Cob, no contexto de Operações no Amplo Espectro. A hipótese levantada para o presente estudo foi a que se segue: - O novo conceito de Operações no Amplo Espectro impõe reflexos para a modernização das capacidades das Brigadas de Cavalaria Mecanizadas do Exército Brasileiro para o emprego como F Cob. A verificação da hipótese assinalou que as Operações no Amplo Espectro determinam a necessidade de modernização das capacidades das Bda C Mec do EB para o emprego como F Cob, particularmente no tocante aos MEM e estruturas organizacionais dos seus Elm Cmb. Sinteticamente, foram manipuladas duas variáveis no esforço de resolver o problema dessa pesquisa. A variável independente foram as Operações no Amplo Espectro. A variável dependente foram as capacidades da Bda C Mec. As variáveis empregadas no presente trabalho foram caracterizadas no quadro abaixo: Variável Dimensões da variável Dimensões da Variável Independente independente variável dependente dependente - Operações Ofensivas - Organização As Operações - Operações Defensivas As Operações de Segurança no Amplo Capacidades - Material Espectro da Bda C Mec - Operações de Movimentos Retrógrados Quadro 1 – Definição conceitual das variáveis Fonte: o autor 22 O enfoque da pesquisa foi fundamentado nos reflexos das Operações no Amplo Espectro sobre as capacidades necessárias às Bda C Mec. Dentre as várias dimensões das capacidades da Bda C Mec, este estudo se limitou ao material7 e à organização8 necessários à mesma para o cumprimento de suas missões quando empregadas no contexto das Operações Ofensivas e Defensivas no ambiente operacional de Amplo Espectro, excluindo-se as Operações de Pacificação e de Apoio aos Órgãos Governamentais. No contexto das Operações Ofensivas e Defensivas citadas anteriormente, este trabalho se restringiu ainda mais ao estudar apenas o emprego da Bda C Mec em Operações de Seg e Movimento Retrógrado, missões típicas para tropas dessa natureza. Este estudo foi realizado alinhado com o atual Processo de Transformação do Exército Brasileiro. Como referencial teórico do assunto, foram apresentados estudos propostos para a modernização da Cavalaria Mecanizada, do EB, comparando-os com as estruturas organizacionais de OM similares de outros exércitos experimentados no C4G. Além disso, este trabalho foi limitado ao estudo dos elementos de combate (Elm Cmb) da Bda C Mec, excluindo-se, assim, os elementos de comando, de apoio ao combate e logísticos, por possuírem estrutura e missão peculiares. Dessa forma, foram excluídos deste estudo o Esquadrão de Comando, o Grupo de Artilharia de Campanha, a Companhia de Engenharia Mecanizada, a Companhia de Comunicações Mecanizada, a Bateria de Artilharia Antiaérea, o Batalhão Logístico Mecanizado e o Pelotão de Polícia do Exército, todos orgânicos da Bda C Mec. Portanto, o foco do trabalho foi restrito aos RC Mec e RCB, Elm Cmb da Bda C Mec. A pesquisa visou por contribuir para a realização de um estudo mais aprofundado acerca da adaptabilidade e modernização das capacidades da Bda C Mec às demandas das Operações no Amplo Espectro, além de possuir o devido alinhamento com as Diretrizes da END (2008), no que concerne ao desenvolvimento _____________ 7 Material – compreende todos os materiais e sistemas para uso na F Ter, acompanhando a evolução de tecnologias de emprego militar e com base na prospecção tecnológica. É expresso pelo Quadro de Distribuição de Material dos elementos de emprego e inclui as necessidades decorrentes da permanência e sustentação das funcionalidades desses materiais e sistemas, durante todo o seu ciclo de vida (permanência no inventário da F Ter). (BRASIL, 2014a, p. 3-3) 8 Organização – é expressa por intermédio da Estrutura Organizacional dos elementos de emprego da F Ter. (BRASIL, 2014b, p. 3-3) 23 do potencial estratégico da F Ter em torno de capacidades, com base no módulo brigada. Assim, o trabalho monográfico não teve a pretensão de esgotar o assunto, mas, sim, de servir de instrumento inicial para sua discussão. 24 2 METODOLOGIA A metodologia no presente estudo foi realizada, utilizando-se a sistemática de classificações definida por Rodrigues (2005), a qual emprega os critérios para a classificação do tipo de pesquisa quanto: à natureza, à forma de abordagem do problema, aos objetivos gerais e aos procedimentos técnicos. Quanto à natureza, o presente estudo utilizou o conceito de Pesquisa Aplicada, que objetivou gerar conhecimentos, para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos. No caso desta pesquisa, os efeitos das características e capacidades exigidas pelas Operações no Amplo Espectro sobre as capacidades necessárias à Bda C Mec para cumprir sua missão como F Cob. Quanto à forma de abordagem do problema, utilizou-se o conceito de Pesquisa Qualitativa, já que se almejou identificar, descrever e interpretar a relação dinâmica entre as Operações no Amplo Espectro e as capacidades necessárias à Bda C Mec, a qual não pode ser traduzida em números. Quanto aos objetivos gerais, aplicou-se o conceito de Pesquisa Descritiva, visando descrever as características do fenômeno ―Operações no Amplo Espectro‖ e das ―Capacidades das Bda C Mec do EB e de OM similares de outros exércitos‖, estabelecendo relações entre as variáveis independente e dependente deste estudo, aumentando os conhecimentos sobre as características e magnitude do problema de pesquisa. No tocante aos procedimentos técnicos, utilizou-se a Pesquisa Bibliográfica de livros, artigos de periódicos e material disponibilizado na Internet, além da documentação interna e oficial, como manuais, portarias e documentos diversos, basicamente do EB e de outro exército mais experimentados nos C4G. O que permitiu a definição de termos, e estruturação de um modelo teórico de análise e solução do problema de pesquisa. Tal procedimento foi utilizado para que se pudesse auferir inferências que permitissem concluir acerca dos reflexos das Operações no Amplo Espectro sobre as capacidades necessárias às Bda C Mec do EB. Seguindo a metodologia de Vergara (apud DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – ECEME, 2012, p. 19), o universo da presente pesquisa foram tropas de Cavalaria Mecanizada do EB e frações similares de outros exércitos. 25 Devido à especificidade do estudo, foi selecionada uma amostragem não probabilística por tipicidade, não apresentando fundamentação matemática ou estatística para sua seleção e, sim, constituída pela seleção de elementos que o pesquisador considere representativos do universo, selecionando os RCB e RC Mec das Bda C Mec do EB. (VERGARA apud DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓSGRADUAÇÃO – ECEME, 2012, p. 19) Como resultado do tipo de pesquisa e dos meios de coleta de dados apresentados anteriormente, foram utilizados três métodos de pesquisa distintos para o tratamento dos dados, segundo Vergara (apud DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – ECEME, 2012, p. 23). Inicialmente, foi empregada a análise de conteúdo, que consiste em um estudo de textos e documentos, sendo uma técnica de análise e interpretação dos dados. Dessa forma, foram identificadas e analisadas as principais características das Operações no Amplo Espectro e seus requisitos para atuação em ambientes operacionais dessa natureza, as capacidades atuais, quanto às dimensões material e organização, das Bda C Mec do EB e de OM similar de outro exército mais experimentado nos C4G, além das possibilidades e deficiências das Bda C Mec do EB, quanto às suas capacidades em material e organização, em atender às demandas das Operações no Amplo Espectro. Foi usada a grade aberta de análise, na qual foram identificadas as categorias para análise na medida em que foram surgindo, sendo elas reajustadas durante o desenvolvimento da pesquisa, para, enfim, serem estabelecidas as categorias finais. A unidade de análise foi o parágrafo e a análise foi apoiada em procedimentos interpretativos. Posteriormente, o método comparativo foi utilizado a fim de se buscar as similaridades e diferenças entre as estruturas organizacionais das Bda C Mec do EB e da fração similare de outro exército. Por fim, foi feita uma triangulação dos dados obtidos pela pesquisa bibliográfica, no intuito de atingir o objetivo geral dessa pesquisa. 26 3 OPERAÇÕES NO AMPLO ESPECTRO De acordo com o novo manual de Operações do EB, o fim da bipolaridade ideológica da Guerra Fria e o surgimento de uma nova configuração geopolítica multipolar fazem com que a tarefa de planejar a defesa da pátria, missão primordial das FA, seja altamente complexa. (BRASIL, 2014c, p. 2-1) Mudanças experimentadas pela sociedade na forma de fazer política vêm alterando gradativamente as relações de poder, ocasionando instabilidades locais e regionais com a inserção de novos atores estatais e não estatais no contexto dos conflitos. (BRASIL, 2014c, p. 2-1) Além das FA, atores estatais clássicos em conflitos armados, tornou-se comum a inserção de novos atores estatais e não estatais no Espaço de Batalha9. Os primeiros são caracterizados pelas diversas agências governamentais, que, atuando em conjunto com as FA, operam em um ambiente interagências. Dentre os atores não estatais, são exemplos as organizações não governamentais (ONG), as agências supranacionais de organismos internacionais, as mídias tradicionais e sociais. (BRASIL, 2013, p.11) Outros atores não estatais presentes nos C4G podem ser caracterizados pela dificuldade atual de identificar a diversidade de ameaças que podem intencionalmente realizar ação hostil contra o país e seus interesses nacionais, com possibilidades de causar danos ao patrimônio e à sociedade. Esses atores podem ser grupos transnacionais ou insurgentes, com ou sem apoio político e material de países. (BRASIL, 2013, p.11) Nesse contexto, Corrêa (2012, p. 22) apresenta como possíveis atores não estatais atuantes nos C4G as organizações não estatais armadas e forças irregulares (F Irreg) com diferentes características: anarquistas, separatistas, extremistas étnicos, políticos e religiosos, crime organizado, dentre outras. Além disso, cabe ainda ressaltar que aspectos não militares, como a mídia, a opinião pública, a valorização das questões humanitárias e de meio ambiente pela sociedade, passaram a assumir grande relevância na solução dos conflitos armados _____________ 9 Dimensão física e virtual onde ocorrem e repercutem os combates, abrangendo as expressões política, econômica, militar, científico-tecnológica e psicossocial do poder, que interagem entre si e entre os beligerantes. Compreende todas as dimensões tangíveis e intangíveis, nas quais o comandante deve aplicar o seu Poder de Combate. (BRASIL, 2014c, p. 2-7) 27 e apontaram para a necessidade de geração de novas capacidades por parte das FA para atuarem nos C4G. (BRASIL, 2014c) Daí surge o conceito atual de Operações no Amplo Espectro, o qual consiste na combinação de Operações Ofensivas, Defensivas, de Pacificação e de Apoio a Órgãos Governamentais, de forma simultânea ou sucessiva, em situações de Guerra e de Não Guerra, conforme já visto no capítulo anterior deste trabalho. Essas operações podem ser desenvolvidas em áreas geográficas lineares ou não, de forma contígua ou não, buscando contemplar as diversas missões e tarefas que envolvem o emprego da força militar terrestre. Tais missões e tarefas orientam quanto às capacidades necessárias à F Ter, exigindo composições de meios flexíveis, modulares e adaptáveis às mudanças de atitude do amplo espectro (BRASIL, 2014b, p. 4-4, grifo nosso). As tarefas realizadas pela F Ter abrangidas pelas Operações Ofensivas, Defensivas, de Pacificação e/ou de Apoio a Órgãos Governamentais são aplicáveis em qualquer ponto do espectro dos conflitos e, normalmente, requerem a combinação simultânea de atitudes. A figura abaixo relaciona as tarefas associadas às Operações Ofensivas e Defensivas no Amplo Espectro e os objetivos de cada uma delas. Figura 2 – Tarefas das Operações Ofensivas e Defensivas no Amplo Espectro Fonte: BRASIL, 2014c, p. 3-7 Analisando a figura Nr 2, verifica-se, como tarefas a serem realizadas em Operações Ofensivas e Defensivas, a Marcha para o Combate10 e o Movimento _____________ 10 A Marcha para o Combate é uma marcha tática na direção do inimigo, com a finalidade de obter ou restabelecer o contato com o mesmo e/ou assegurar vantagens que facilitem operações futuras. (BRASIL, 2014c, p. 4-6) 28 Retrógrado, respectivamente. Segundo o manual de campanha C 2-30 (BRASIL, 2000a, p.5-5), na Marcha para o Combate, a Bda C Mec é a tropa mais apta a cumprir as missões de F Cob em proveito de escalão superior. Para atender às demandas das Operações no Amplo Espectro, no nível político, foram determinadas as capacidades militares terrestres requeridas ao EB, que, na sequência, definiu, de uma forma geral, as capacidades operativas necessárias às OM para cumprirem as missões e tarefas que lhes cabem: LETALIDADE SELETIVA As forças militares devem ser capazes de engajar alvos de natureza militar, com uma resposta proporcional à ameaça, mitigando os efeitos colaterais. Possuir letalidade seletiva implica possuir sistemas de armas precisos o bastante para preservar a população e as estruturas civis [...] PROTEÇÃO DA TROPA [...] torna-se necessário adotar soluções que priorizem a redução do custo em vidas humanas, a proteção do homem e a preservação do bem estar físico e mental – como, por exemplo, equipamentos de proteção individual, plataformas blindadas e sistemas de proteção ativa e passiva. SUPERIORIDADE DE INFORMAÇÕES [...] traduzida por uma vantagem operativa derivada da habilidade de coletar, processar, disseminar, explorar e proteger um fluxo ininterrupto de informações aos comandantes em todos os níveis, ao mesmo tempo em que se busca tirar proveito das informações do oponente e/ou negar-lhe essas habilidades. [...] A CONSCIÊNCIA SITUACIONAL Em todos os níveis, os comandantes necessitam obter uma percepção atualizada e que reflita a realidade sobre o ambiente e a situação de tropas amigas e oponentes. [...] DIGITALIZAÇÃO DO ESPAÇO DE BATALHA A informação em rede (digitalização) é a integração entre sensores, armas e postos de comando, e entre esses e sistemas similares – civis, militares, nacionais ou multinacionais – em todos os níveis de comando, do estratégico ao tático, apoiada em uma Infraestrutura de Informação e Comunicações (IIC) comum. O emprego dessa infraestrutura integrada permite disponibilizar as informações aos diferentes níveis de decisão, independentemente do lugar em que se encontra, com nível de proteção adequado. OPERAÇÕES DE INFORMAÇÃO [...] consistem em um trabalho metodológico e integrado de capacidades relacionadas à informação, em conjunto com outros vetores, para informar e influenciar grupos e indivíduos, bem como afetar o ciclo decisório de oponentes, ao mesmo tempo protegendo o nosso. [...] Integram capacidades relacionadas às atividades de Comunicação Social, Operações de Apoio à Informação, Guerra Eletrônica, Guerra Cibernética, dentre outras.[...] (BRASIL, 2014b, p.7-2, grifo nosso) . A respeito da capacidade operativa ―letalidade seletiva‖, cabe salientar que os conflitos contemporâneos demonstram a tendência de que nos confrontos haja prevalência de combates em terrenos humanizados – ou seja, não apenas em cidades, mas em áreas com a ostensiva presença de civis. (BRASIL, 2014c, p. 2-3) 29 A presença constante da mídia nos eventos importantes e a valorização de questões humanitárias e de meio ambiente pelas sociedades têm sido argumentos presentes, inclusive nos conflitos armados. Nessas circunstâncias, as operações militares respondem a uma série de condicionantes, dentre outras, combates com o menor número possível de baixas; o mínimo de prejuízo para a população civil afetada – tanto em baixas como em sofrimentos desnecessários; e os menores danos colaterais possíveis, causados a não combatentes e a bens (culturais, religiosos ou de qualquer outra natureza) não diretamente relacionados com as operações. (BRASIL, 2014c, p. 2-4) Pereira Junior (2013, p. 13) enfatiza a ideia básica que orienta a existência das Forças Armadas. Para ele, tal existência se justifica face às ameaças à soberania nacional e à defesa dos interesses do Brasil no exterior, particularmente quando do uso da força, contra FA estabelecidas e/ou grupos de diferenciado poder bélico ofensivo. A simples existência das FA de um país pode ser o fator inibidor da ameaça (poder dissuasório). Ainda Pereira Junior (2013, p. 15) ressalta que, ao enfrentarmos uma ameaça, isso deverá ocorrer em território nacional ou no entorno próximo. Esse fato, associado às limitações orçamentárias atuais e, possivelmente, de médio e longo prazos, impõe termos meios apropriados para conduzir o combate em nosso ambiente operacional, com equipamento compatível com o nosso terreno e com as imposições de Área Operacional do Continente. O manual de Operações do EB (EB20-MF-10.103) apresenta, em uma perspectiva mais ampla, as ameaças concretas como aquelas associadas à proliferação de tecnologias, ao terrorismo internacional, ao narcotráfico e à migração massiva. Por outro lado, como ameaças potenciais, devem ser considerados possíveis contenciosos relacionados às questões ambientais, às populações nativas e aos recursos naturais como pretexto de legitimação de ações bélicas, associadas ou não a outros instrumentos de pressão, sinalizando um ambiente de ameaça clássica entre Estados, notadamente os principais atores globais empregando suas FA, em coalisão ou não, contra a Soberania, Patrimônio Nacional, Integridade Territorial e os Interesses Nacionais. (BRASIL, 2014c, p.2-3) Portanto, pode-se inferir que esse novo conceito assegura a necessidade da F Ter estar constantemente pronta para atuar em Operações Ofensivas e Defensivas, 30 particularmente no que tange às suas capacidades nas dimensões material e organização, garantindo assim a necessária modernização da F Ter para o emprego em situações de guerra convencional. 3.1 OPERAÇÕES DE SEGURANÇA Segundo o manual de campanha do EB C 2-30 – Brigada de Cavalaria Mecanizada: Segurança compreende o conjunto de medidas adotadas por uma força, visando a preservar-se contra a inquietação, a surpresa e a observação por parte do inimigo. Sua finalidade é preservar o sigilo das operações, manter a iniciativa das mesmas e obter a liberdade de ação. (BRASIL, 2000a, p. 41) Esse mesmo manual preconiza que a segurança se consegue pela detecção antecipada de uma ameaça; pelo tempo e espaço suficientes para a manobra, a fim de que a força possa reagir a uma ameaça; e evitando, neutralizando ou destruindo uma ameaça. Para tanto, é necessário que a força que proporciona a segurança tenha a possibilidade de proporcionar informações oportunas e precisas à força protegida, bem como seja suficientemente forte e apropriada para realizar um movimento rápido e agressivo contra as ameaças, fornecendo o tempo necessário para que a força protegida possa reagir. De acordo com suas possibilidades, as forças de segurança engajam o inimigo (Ini) apenas o tempo suficiente para cumprirem suas missões. (BRASIL, 2000a, p. 4-1, grifo nosso) A partir do conceito acima, ao ser correlacionado com as capacidades operativas necessárias às OM para cumprirem as missões e tarefas que lhes cabem em Operações no Amplo Espectro, cresce de importância a necessidade de, particularmente, os Elm Cmb da Bda C Mec possuírem meios que possibilitem a seus comandantes em todos os níveis uma consciência situacional dinâmica e oportuna, um fluxo de comunicações preciso e devidamente protegido das ações do Ini, além de um poder de fogo apropriado, bem como de acurada precisão para proporcionar uma letalidade seletiva, a fim de garantir o tempo necessário para reação da força protegida, sem atentar contra a segurança da população civil e dos bens públicos. As ameaças terrestres para a segurança de uma tropa podem ser as tropas de reconhecimento inimigas, o fogo, o ataque e infiltrações realizadas por forças 31 terrestres inimigas, forças de guerrilha, sabotadores, forças aeromóveis e aeroterrestres inimigas. (BRASIL, 2000a, p. 4-1) As missões de Seg são realizadas basicamente, por forças de cobertura, de proteção e de vigilância, segundo os seguintes graus de segurança: a. Cobertura - É a ação que proporciona segurança à determinada região ou força, com elementos distanciados ou destacados, orientados na direção do inimigo e que procuram interceptá-los, engajá-lo, desorganizá-lo ou enganá-lo antes que o mesmo possa atuar sobre a região ou força coberta. b. Proteção - É a ação que proporciona segurança à determinada região ou força, pela atuação de elemento no flanco, frente ou retaguarda imediatos, com a finalidade de impedir a observação terrestre, o fogo direto e o ataque de surpresa do inimigo sobre a região ou força protegida. c. Vigilância - É a ação que proporciona segurança à determinada força ou região, pelo estabelecimento de uma série de postos de observação, complementados por adequadas ações, que procuram detectar a presença do inimigo logo que ele entre no raio de ação ou no campo dos instrumentos óticos ou sensores eletrônicos do elemento que a executa. (BRASIL, 2000a, p. 4-3) Dentre os graus de segurança descritos acima, a Bda C Mec pode operar como F Cob, no curso de Operações Ofensivas ou Defensivas, em proveito do escalão superior, ou como Força de Vigilância. A Bda C Mec não cumpre missão de Força de Proteção, a não ser em benefício próprio. (BRASIL, 2000a). Analisando os graus de segurança existentes, pode-se inferir que a cobertura exige um maior volume de meios do que a vigilância e, portanto, pode-se concluir que uma tropa capaz de atuar como F Cob tem plenas condições de atuar como força de vigilância; no entanto, a recíproca não é verdadeira. O manual C 2-30, já citado anteriormente, define a F Cob como: [...] uma força de segurança taticamente autônoma, que opera a uma considerável distância à frente, no flanco ou à retaguarda de uma tropa amiga estacionada ou em movimento. Recebe, normalmente, missões de natureza ampla que poderão incluir: 1) esclarecimento da situação; 2) destruição de forças inimigas; 3) conquista de acidentes capitais do terreno; e 4) ações que objetivam iludir, retardar, canalizar, desorganizar forças inimigas e degradar seu poder de combate. (BRASIL, 2000a, p. 4-4, grifo nosso) Quando atuando à frente da força protegida, a Bda C Mec recebe a designação de F Cob Avançada, a qual pode estar inserida em um contexto ofensivo ou defensivo, de acordo com a atitude a ser vivenciada no conflito de amplo espectro. Para tanto: (a) Na ofensiva - O modo de atuação da Bda C Mec, no movimento para a frente, é conduzido empregando-se técnicas semelhantes às das operações de reconhecimento de zona ou de eixo executadas pelos 32 regimentos. A progressão é feita em larga frente, aproveitando ao máximo a rede de estradas. Estabelecido o contato, a operação visa, sobretudo, à posse de acidentes capitais ou de linhas do terreno que assegurem o cumprimento da missão. Caso seja forçada a atacar, a brigada não se engaja decisivamente no combate, pois pode correr o risco de ficar isolada do grosso. Autorizada a desbordar uma força inimiga, a Bda destaca uma fração de tropa compatível para manter o contato com a mesma. (b) Na defensiva - Quando empregada em proveito de uma força que conduz uma operação defensiva, a Bda procede, inicialmente, como na ofensiva. Não tendo mais condições de prosseguir no movimento ou tendo ganho o tempo e o espaço necessário à manobra do grosso, passa a realizar uma ação retardadora. (BRASIL, 2000a, p. 4-4, grifo nosso) De acordo com o manual de campanha do EB C 2-20 – Regimento de Cavalaria Mecanizado, ao se tratar de Operações de Reconhecimento (Rec), não existem frentes específicas a serem reconhecidas, no entanto, pode-se considerar a frente de 16 a 32 Km para um RC Mec reconhecer, como dado médio de planejamento. (BRASIL, 2002a, p. 4-9 e 4-10, grifo nosso) Quando atuando no flanco da força protegida, a Bda C Mec recebe a designação de F Cob de Flanco, podendo ser empregada tanto em ações ofensivas como defensivas. (BRASIL, 2000a, p. 4-5) Durante as ações ofensivas, caracterizadas pelo movimento, a unidade de combate em primeiro escalão da F Cob de Flanco atua como uma vanguarda, empregando técnicas de Rec de zona ou de eixos. Os demais regimentos deslocamse preparados para ocuparem posições de bloqueio frente ao flanco a ser coberto, mediante ordem. Se a F Cob se depara com uma força inimiga superior, conduz uma Ação Retardadora (Aç Rtrd) (BRASIL, 2000a, p. 4-7) No caso do emprego em ações defensivas, a F Cob de Flanco ocupa uma série de posições de bloqueio no flanco considerado. As posições de bloqueio são localizadas em acidentes do terreno que dominam as prováveis vias de acesso (VA) e penetrantes do inimigo para o interior da Zona de Ação11 (Z Aç). No cumprimento da missão, a F Cob emprega táticas defensivas ou retrógradas. Se fortemente pressionada em suas posições, realiza uma Aç Rtrd, proporcionando tempo e espaço para que a força protegida possa reagir à ameaça inimiga. (BRASIL, 2000a, p. 4-7) _____________ 11 Delimitação de área e espaço aéreo correspondente, com a finalidade de atribuir responsabilidades operacionais à determinada força ou unidade, em um espaço de manobra adequado e compatível com suas possibilidades. (BRASIL, 2007a, p. 271) 33 Quando atuando na retaguarda da força protegida, a Bda C Mec recebe a designação de F Cob de Retaguarda, sendo normalmente em proveito de uma força que realiza um retraimento ou uma retirada. As técnicas utilizadas são semelhantes àquelas empregadas na Aç Rtrd. (BRASIL, 2000a, p. 4-7) Portanto, pode-se inferir que em qualquer direção que a F Cob esteja operando, ou seja, à frente, no flanco ou à retaguarda da força protegida, as técnicas empregadas pelos seus Elm Cmb serão basicamente as mesmas: Rec de zona ou de eixos, no caso de atitude ofensiva, ou Aç Rtrd, no caso de atitude defensiva. Desta forma, novamente correlacionando o exposto acima com as capacidades requisitadas às OM em Operações no Amplo Espectro, infere-se que os Elm Cmb da Bda C Mec devem possuir meios eficientes de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento para avaliar o terreno e a situação do Ini, bem como eficazes equipamentos de proteção individual, plataformas blindadas, sistemas de proteção ativa e passiva e meios de comunicações eficientes e de grande alcance de utilização para cobrir as grandes distâncias a fim de possibilitar o cumprimento da missão. 3.2 MOVIMENTOS RETRÓGRADOS Segundo o manual de campanha do EB C 2-30 – Brigada de Cavalaria Mecanizada: Movimento retrógrado (Mvt Rtg) é qualquer movimento tático organizado de uma força, para a retaguarda ou para longe do inimigo. O Mvt Rtg pode ser executado voluntariamente ou forçado pela ação inimiga [...]entretanto, em apenas um de seus tipos - a ação retardadora - o contato com o inimigo é desejado. (BRASIL, 2000a, p. 6-43, grifo nosso) Tendo em vista a assertiva da citação acima a qual afirma que a Aç Rtrd é o único tipo de Mvt Rtg, pelo qual o contato com o Ini é desejado, pode-se inferir que, nos outros tipos, o contato com o inimigo será sempre que possível evitado. Portanto, este trabalho se limitou a estudar apenas as capacidades necessárias à Bda C Mec para ser empregada nesse tipo de Mvt Rgt. Outra característica da Aç Rtrd é o emprego da tropa em larga frente. Os Elm Cmb de uma Bda C Mec devem adotar um dispositivo com o máximo de forças em contato e um mínimo em reserva. (BRASIL, 2002a, p. 7-63, grifo nosso) 34 Quando empregada em uma Aç Rtrd, a Bda C Mec deve possuir características que permitam impor ao Ini um retardamento contínuo, mesmo em movimento. A Bda utiliza o alcance de suas armas e a proteção blindada de suas viaturas, a fim de forçar o Ini a desdobrar-se, reconhecer, manobrar e tomar outras medidas que demandem perda de tempo. O Ini é colocado sob fogo contínuo, a fim de que reduza sua velocidade de progressão e sofra o máximo de perda de poder de combate. (BRASIL, 2000a, p. 6-57) Cabe ainda salientar que, apesar do caráter defensivo de que se reveste, na execução de uma Aç Rtrd são realizadas, também, ações ofensivas. A força de retardamento mantém o contato permanente com o Ini e o retarda continuamente. São executadas ações ofensivas limitadas em todas as oportunidades que se apresentem, inclusive como meio de dissimulação ou para desaferrar tropas engajadas decisivamente12 no combate. Para isso, os Elm Cmb da Bda C Mec, utilizam ao máximo a potência de fogo sobre as prováveis VA do Ini, como medida inicial para evitar engajamento decisivo no combate. (BRASIL, 2000a, p. 6-57) Portanto, verifica-se a necessidade dos Elm Cmb da Bda C Mec possuirem um poder de fogo suficiente para causar danos aos meios do Ini a fim de evitar o engajamento decisivo. Surge, então, a necessidade desses Elm Cmb serem dotados de meios que possam executar um ataque de varredura orientado sobre o flanco da unidade inimiga em contato, não procurando conquistar terreno. A impulsão do ataque deve ser mantida com violência e ação de choque no sentido de levar a força através das colunas inimigas e retornar para o interior da posição amiga a fim de criar condições para o desaferramento da unidade ameaçada. Tal impulsão do ataque pode ser obtido por meio do emprego de carros de combate (CC). Certas considerações devem ser aplicadas no planejamento e na condução da Aç Rtrd. Vejamos algumas que são pertinentes ao presente estudo: b. Máximo emprego do terreno – [...] As posições de retardamento são selecionadas em regiões que permitam o domínio das prováveis vias de acesso do inimigo e de forma a atingi-lo, pelos fogos, a maior distância. c. Forçar o inimigo a desdobrar-se e a manobrar - O inimigo deve ser engajado no alcance máximo de todas as armas de tiro indireto e no alcance útil das armas de tiro direto.[...] _____________ 12 Uma força encontra-se decisivamente engajada no combate quando perde a liberdade de ação e não tem possibilidade de realizar, seja pelo fogo ou pela manobra, qualquer ação anteriormente planejada. Elementos da Bda podem ficar decisivamente engajados, sem que a Bda, como um todo, tenha perdido a liberdade de manobrar. (BRASIL, 2000a, p. 6-57) 35 e. Manutenção do contato com inimigo - Contínuos reconhecimentos devem ser conduzidos visando estabelecer e manter o contato com o inimigo.[...] (BRASIL, 2000a, p. 6-58) Outro fator a se considerar é o amplo emprego dos meios de comunicações do tipo rádio em operações de Mvt Rtg: ―O rádio é o principal meio de comunicação empregado para o controle e a coordenação da manobra.[...]‖ (BRASIL, 2002a, p. 751). Esta assertiva justifica a necessidade das OM empregadas nesse tipo de operação possuírem rádios eficientes e com alcance de utilização suficiente para cobrir as amplas distâncias entre os seus elementos orgânicos (até 32 Km), tendo em vista o emprego da tropa em larga frente. Portanto, pode-se inferir que os Elm Cmb da Bda C Mec devem possuir armamentos de fogo direto e indireto que proporcionem um grande alcance de utilização, bem como meios optrônicos modernos a fim de permitir um eficiente Rec do Ini, tanto durante o dia como à noite. 36 4 BRIGADA DE CAVALARIA MECANIZADA O manual de campanha do EB C 2-30, define a Bda C Mec como ―uma Grande Unidade (GU) básica de combinação de armas, constituída por unidades de combate, apoio ao combate e de apoio logístico, com capacidade de atuação operacional independente e de durar na ação.‖ (BRASIL, 2000a, p. 1-2, grifo nosso) Esse conceito nos remete à concepção da END (2008) a respeito do emprego do módulo brigada como o módulo básico de emprego da F Ter por possuir as capacidades necessárias para atuar independente operacionalmente, devendo conter elementos que a capacitem ao atendimento do conceito de flexibilidade para atender as novas demandas do combate moderno. A flexibilidade como característica de uma tropa é um requisito fundamental para as operações no amplo espectro e pode ser observada como uma das características da Bda C Mec, entre outras: a. Mobilidade - A Bda possui uma boa mobilidade tática e estratégica. As possibilidades técnicas e operacionais das suas viaturas - muitas das quais são anfíbias - permitem grande raio de ação, deslocamentos em alta velocidade em estradas, bom rendimento em caminhos secundários e através do campo e boa capacidade de transposição de obstáculos, proporcionando-lhe a execução de manobras rápidas e flexíveis, bem como a obtenção dos efeitos da surpresa. b. Potência de fogo - Decorre da elevada capacidade de estocagem de munição, dos mísseis anticarro (AC) e da variedade do seu armamento leve e pesado, em parte instalado nas próprias viaturas, notadamente nos carros de combate e nas viaturas blindadas de reconhecimento. A Bda dispõe, ainda, do apoio orgânico de artilharia. c. Proteção blindada - Proporcionada pela blindagem de suas viaturas. Capacita-a a realizar o combate embarcado com razoável grau de segurança para as guarnições contra fogos de armas leves e fragmentos de granadas de morteiros e de artilharia. d. Ação de choque - Resulta da combinação da potência de fogo com a mobilidade e a proteção blindada. A ação de choque depende da surpresa obtida pela mobilidade, bem como da utilização do armamento dos blindados, dos fogos de artilharia, dos morteiros e do apoio de fogo aéreo. e. Flexibilidade - É produto da mobilidade, da versatilidade de sua organização e do sistema de comunicações de que dispõe, possibilitando seu emprego em largas frentes e grandes profundidades. Permite, também, que suas unidades evitem ou rompam o engajamento com facilidade e sejam empregadas, com rapidez, em novas direções, adequando-se à evolução do combate. f. Sistema de comunicações amplo e flexível - Permite que o comando execute com presteza o controle e a coordenação em ações de grande profundidade e em extensas frentes, assegurando ligações rápidas e continuadas. (BRASIL, 2000a, p. 1-2, 1-3) 37 Assim, a Bda C Mec constitui-se numa GU média, dotada de plataformas veiculares sobre rodas com relativa proteção blindada, sendo vocacionada para Operações no Amplo Espectro, particularmente na solução de conflitos armados ou guerra. (BRASIL, 2014b, p. 1-7) A estrutura organizacional da Bda C Mec é composta pelo comando da Bda, constituído pelo comandante e seu estado-maior; 3 (três) Elm Cmb, que são 2 (dois) RC Mec e 1 (um) RCB; 1 (um) Grupo de Artilharia de Campanha autopropulsado; 1 (uma) Bateria de Artilharia Antiaérea; 1 (uma) Companhia de Engenharia de Combate Mecanizada; 1 (uma) Companhia de Comunicações Mecanizada; 1 (um) Batalhão Logístico Mecanizado; e 1 (um) Pelotão de Polícia do Exército. (BRASIL, 2000a, p. 1-11 e 1-12) A seguir, de acordo com a delimitação do presente estudo, abordaremos as estruturas organizacionais e os MEM dos RC Mec e do RCB. 4.1 REGIMENTO DE CAVALARIA MECANIZADO O RC Mec é organizado, equipado e instruído para cumprir, principalmente, missões de Rec e Seg, podendo realizar, também, operações ofensivas e defensivas, no cumprimento de suas missões de Rec e Seg. (BRASIL, 2002a, p.1-1) 4.1.2 Estrutura Organizacional Os RC Mec de Bda C Mec possuem a seguinte estrutura organizacional básica: a. Comando e Estado-Maior (Cmdo e EM); b. 1 (um) Esquadrão de Comando e Apoio (Esqd C Ap); e c. 3 (três) Esquadrões de Cavalaria Mecanizados (Esqd C Mec). (BRASIL, 2002a, p. 1-4) 38 Figura 3 – Estrutura Organizacional básica do RC Mec Fonte: BRASIL, 2002a, p. 1-5 O Cmdo do RC Mec é constituído pelo comandante e seu EM e tem a responsabilidade de planejar, organizar, coordenar e controlar as atividades da OM. (BRASIL, 2002a, p. 1-5) O Esqd C Ap destina-se a apoiar o Cmdo com os meios necessários à conduta das operações de combate e prestar o apoio logístico e de fogo às operações do Regimento, sendo constituído doutrinariamente pelos seguintes elementos: a. Comandante e Subcomandante. b. Seção de Comando; c. Pelotão de Comando (Pel Cmdo), composto por uma Seção de Vigilância Terrestre (Seç Vig Ter) e uma Seção de Mísseis Anticarro (Seç Msl AC); d. Pelotão de Morteiros Pesados (Pel Mrt P); e. Pelotão de Comunicações (Pel Com); f. Pelotão de Suprimento; g. Pelotão de Manutenção; e h. Pelotão de Saúde. (BRASIL, 2002a, p. 1-6) Dos elementos do Esqd C Ap citados acima, destacam-se para o presente estudo o Pel Cmdo, o Pel Mrt P e o Pel Com, tendo em vista que os mesmos são dotados de meios que influenciam diretamente no combate, seja infligindo danos ao Ini, seja proporcionando Reconhecimento e Vigilância no campo de batalha, seja possibilitando o necessário comando e controle das operações por meio do fluxo das comunicações. 39 Os Esqd C Mec, dotados de boa mobilidade através campo, potência de fogo, relativa proteção blindada de parte de suas viaturas e múltiplos meios de comunicações, constituem-se nos elementos de manobra do comandante do regimento, sendo cada um constituído por uma Seção de Comando, uma Seção de Morteiros Médios (Seç Mrt Me) e 3 (três) Pelotões de Cavalaria Mecanizados (Pel C Mec). A Seção de Comando reúne os meios necessários ao exercício do comando e controle do Esquadrão, dentre outros. A Seç Mrt Me é o elemento de apoio de fogo indireto à disposição do Comandante do Esquadrão e tem por missão proporcionar contínuo apoio de fogo indireto aos pelotões. Já o Pel C Mec é o elemento básico de emprego do esquadrão nas missões atribuídas ao regimento e está organizado em: Grupo de Comando, Grupo de Exploradores, Seção de Viaturas Blindadas de Reconhecimento, Grupo de Combate e Peça de Apoio. (BRASIL, 2002a, p. 1-7 e 18) Figura 4 – Esquadrão de Cavalaria Mecanizado Fonte: BRASIL, 2002a, p. 1-8 O RC Mec, assim como a Bda C Mec, também possui como uma de suas características uma grande flexibilidade ao se estruturar organizacionalmente para o combate, como pode ser visto a seguir: A Bda ou a Div poderão organizar o R C Mec como força-tarefa (FT) a fim de possibilitar que a unidade cumpra com maiores possibilidades de êxito determinadas missões de combate. Para constituir uma FT R C Mec, o regimento poderá receber um ou mais das seguintes subunidades: (1) Esqd CC; (2) Esqd Fuz Bld;[...] (4) FT Esqd CC; 40 (5) FT Esqd Fuz Bld;[...] Apesar de não se constituírem na forma normal de organização para o emprego dos RC Mec e Esqd C Mec, as estruturas provisórias devem ser consideradas como uma possibilidade dessas OM para melhor adaptarem-se a situações especifica do combate.[...] Os esquadrões e pelotões provisórios poderão ser organizados com frações homogêneas de exploradores (Exp), de fuzileiros blindados (Fuz Bld), de viaturas blindadas de reconhecimento (VBR) ou de morteiros ou, com uma composição desses tipos de frações. (BRASIL, 2002a, p. 1-9 e 110, grifo nosso) 4.1.2 Material de Emprego Militar Para o presente estudo, abordaremos somente os seguintes MEM: armamentos coletivos, equipamentos de Rec e Vigilância, viaturas operacionais, equipamentos de proteção e equipamentos de comunicações, tendo em vista esses serem os materiais de maior relevância para o RC Mec quando empregado enquadrado em uma Bda C Mec como F Cob. 4.1.2.1 Armamentos coletivos Como já visto anteriormente, o Esqd C Ap do RC Mec possui doutrinariamente em sua estrutura organizacional uma Seç Msl AC e um Pel Mrt P. A Seç Msl AC é constituída por duas peças de míssel anticarro de médio alcance, armamentos eficientes contra viaturas blindadas do Ini. Já o Pel Mrt P possui 2 (duas) seções a 2 (duas) peças de morteiro cada, totalizando 4 (quatro) peças de morteiro 120mm autorrebocados. (BRASIL, 2002a, p.3-3 e 3-4). Figura 5 – Morteiro pesado 120 mm M2 raiado Fonte:http:www.agr.eb.mil.br/paginas/produtos.php. Acesso em: 23 Ago 2014 41 No entanto, Trindade (2013) ressalta que, na prática, a Seç Msl AC ainda não está incorporada aos RC Mec. Cada Esqd C Mec possui uma Seç Mrt Me, dotados de 3 (três) peças de morteiro 81mm royal ordnance, com alcance máximo de 5800m, e 3 (três) Pel C Mec, sendo cada um dotado doutrinariamente de 02 (dois) canhões 90mm, com alcance útil de 2000m, sem dispositivos modernos de controle do tiro, como estabilização de torre e sistema de pontaria digital, 02 (duas) metralhadoras MAG 7,62mm coaxial e 02 (duas) metralhadoras MAG 7,62mm antiaérea das duas Viaturas Blindadas de Reconhecimento (VBR); uma metralhadora antiaérea .50mm da Viatura Blindada de Transporte de Pessoal (VBTP); uma peça de morteiro 81mm royal ordnance; além de 04 (quatro) metralhadoras MAG 7,62mm e um lançador de granadas de 40mm do grupo de exploradores. (BRASIL, 2002a, p. 3-1) (BRASIL, 2000b) (ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS, 1985) Figura 6 – Morteiro 81mm royal ordnance Fonte:http:www.wikipedia.org/wiki/L16_81mm_ mortar. Acesso em: 23 Ago 2014 42 Figura 7 – VBR EE-9 Cascavel Fonte: http:www.wikipedia.org/wiki/EE-9_Cascavel. Acesso em: 23 Ago 2014 Figura 8 – Metralhadora browning .50mm BMG Fonte: http:www.wikipedia.org/wiki/Metralhadora. Acesso em: 23 Ago 2014 Figura 9 – Metralhadora 7,62mm MAG Fonte: http:www.wikipedia.org/wiki/FN_MAG. Acesso em: 23 Ago 2014 43 Entretanto, assim como a Seç Msl AC, Trindade (2013) lembra que os Grupos de Exploradores dos Pel C Mec ainda não possuem os lançadores de granadas. 4.1.2.2 Equipamentos de Reconhecimento e Vigilância Doutrinariamente, os dois radares da Seç Vig Ter constituem-se no único equipamento de busca de informes do RC Mec, complementando e apoiando as ações realizadas pelas fontes humanas do Esqd C Mec. (BRASIL, 2002a, p. 1-11 e 3-14) No entanto, assim como no caso de alguns armamentos, Trindade (2013) destaca que a Seç Vig Ter é prevista na estrutura organizacional do RC Mec, porém ainda não está efetivamente incorporada. 4.1.2.3 Viaturas operacionais . As viaturas operacionais do RC Mec constituem-se doutrinariamente em viaturas blindadas médias sobre rodas e viaturas blindadas de reconhecimento leves. As viaturas blindadas médias são as VBR EE-9 Cascavel e as VBTP EE-11 Urutu. No entanto, as viaturas blindadas de reconhecimento leves, previstas no quadro de dotação de material dos RC Mec, ainda são inexistentes. (COMANDO MILITAR DO SUL, 2013) Figura 10 – VBTP EE-11 Urutu Fonte:http:www.tecnodefesa.com.br/matéria.php?materia=259. Acesso em: 23 Ago 2014 44 4.1.2.4 Equipamentos de proteção O RC Mec é dotado de alguns equipamentos de proteção individual e coletivos, como capacetes e coletes balísticos, redes de camuflagem e equipamentos de proteção Química, Biológica e Nuclear (QBN). (BRASIL, 2002a) 4.1.2.5 Equipamentos de comunicações Para atender às necessidades de comunicações do regimento empregado como F Cob, o Pel Com instala um Centro de Comunicações de Comando no Posto de Comando Principal. Este centro, normalmente, compreende um Centro de Controle do Sistema de Comunicações da OM, dotado principalmente de meios rádio e meios informatizados com programas para processamento, criptografia e decriptografia de mensagens. (BRASIL, 2002a, p.2-7) 4.2 REGIMENTO DE CAVALARIA BLINDADO O RCB constitui-se no elemento de choque da Bda C Mec, ampliando a capacidade de combate da brigada e, consequentemente, suas possibilidades operacionais no cumprimento de missões de natureza ofensiva. Nas Operações Defensivas mantém o terreno, executa movimentos retrógrados, particularmente a Ação Retardadora, e realiza contra-ataques. (BRASIL, 2000a, p.1-12 e 1-15) Ainda, o RCB poderá realizar missões de Seg em proveito da Bda C Mec, embora não seja a OM mais apta para esta operação. Suas subunidades poderão ser empregadas em reforço aos RC Mec, no curso da operação por este desenvolvida, como já visto anteriormente. (BRASIL, 2002b, p.1-3) 4.2.1 Estrutura Organizacional O RCB da Bda C Mec possui a seguinte estrutura organizacional básica: a. Comando. b. Esqd C Ap. c. 2 (dois) Esquadrões de Carro de Combate (Esqd CC). 45 d. 2 (dois) Esquadrões de Fuzileiros Blindados (Esqd Fuz Bld). (BRASIL, 2002a, p. 1-12) O Cmdo do RCB é constituído pelo comandante e seu EM e tem a responsabilidade de planejar, organizar, coordenar e controlar as atividades da OM. (BRASIL, 2002b, p. 1-11) O Esqd C Ap destina-se a apoiar o Cmdo com os meios necessários à conduta das operações de combate e prestar o apoio logístico e de fogo às operações do Regimento, sendo constituído doutrinariamente pelos seguintes elementos: a. Comandante e Subcomandante. b. Seção de Comando; c. Pel Cmdo, composto por uma Seç Msl AC; d. Pelotão de Exploradores (Pel Exp) d. Pel Mrt P; e. Pel Com; f. Pelotão de Suprimento; g. Pelotão de Manutenção; e h. Pelotão de Saúde. (BRASIL, 2002b, p. 1-6) Dos elementos do Esqd C Ap citados acima, destacam-se para o presente estudo a Seç Msl AC do Pel Cmdo, o Pel Exp, o Pel Mrt P e o Pel Com, tendo em vista que os mesmos são dotados de meios que influenciam diretamente no combate, seja infligindo danos ao Ini, seja proporcionando reconhecimento e vigilância no campo de batalha, seja possibilitando o necessário comando e controle das operações por meio do fluxo das comunicações. Os Esqd CC, dotados de grande mobilidade através campo, potência de fogo e proteção blindada, constituem os elementos de manobra, eminentemente ofensivos, com que conta o RCB. São aptos a operar em cooperação com os fuzileiros blindados, sendo cada um constituído por uma Seção de Comando e 3 (três) Pelotões de Carros de Combate (Pel CC). A Seção de Comando reúne os meios necessários ao exercício do comando e controle do esquadrão, dentre outros. Já o Pel CC é o elemento básico de emprego do esquadrão, sendo organizado, equipado e instruído para atuar em conjunto, não podendo ser fracionado. É a menor fração de emprego de carros de combate. (BRASIL, 2002b, p. 1-14) 46 Figura 11 – Esquadrão de Carros de Combate Fonte: BRASIL, 2002b, p. 1-14 Os Esqd Fuz Bld, aptos a operar em conjunto com os elementos de carros de combate, facilitam o emprego destes, apoiando-os ou os precedendo-os na ação. Cada esquadrão é constituído por uma Seção de Comando, 03 (três) Pelotões de Fuzileiros Blindados (Pel Fuz Bld) e um Pelotão de Apoio. O Pelotão de Apoio é a fração de apoio de fogo do esquadrão, sendo constituído por um grupo de comando, por uma Seç Mrt Me e uma seção de canhões sem recuo anticarro. Já o Pel Fuz Bld é o elemento básico de emprego do esquadrão, sendo constituído por um Grupo de Comando, um Grupo de Apoio e três Grupos de Combate. Sob determinadas situações, o Pel Fuz Bld poderá ser reforçado por outros Grupos de Combate ou elementos de apoio de fogo, ou ainda, reforçar outras frações com seus Grupos de Combate e Grupo de Apoio. O Grupo de Combate é a menor fração de emprego de fuzileiros blindados. (BRASIL, 2002b, p. 1-14 e 1-15) Figura 12 – Esquadrão de Fuzileiros Blindados Fonte: BRASIL, 2002b, p. 1-15 Da mesma forma que o RC Mec, o RCB também possui, como uma de suas características, uma grande flexibilidade, pois o seu comandante organiza a unidade 47 para o combate com base nas conclusões do exame de situação, conforme o exposto a seguir: [...] Em princípio, serão sempre organizadas FT SU, a fim de dar maior flexibilidade à FT e possibilitar uma reação mais rápida frente à qualquer ameaça inimiga não identificada anteriormente. As alterações na organização das peças de manobra são realizadas por meio de troca de pelotões entre subunidades de CC e Fuz Bld, de forma à constituir FT de valor subunidade (FT Esqd - FT Cia). A composição das FT Esqd / Cia não é rígida, podendo ser rapidamente modificada, a fim de atender às mudanças da situação.[...] (BRASIL, 2002b, p. 1-15 e 1-16, grifo nosso) 4.2.2 Material de Emprego Militar Para o presente estudo, abordaremos somente os seguintes MEM: armamentos coletivos, equipamentos de Rec e Vigilância, viaturas operacionais, equipamentos de proteção e equipamentos de comunicações, tendo em vista esses serem os materiais de maior relevância para o RCB quando empregado enquadrado em uma Bda C Mec como F Cob. 4.2.2.1 Armamentos coletivos Como já visto anteriormente, o Esqd C Ap do RCB possui doutrinariamente em sua estrutura organizacional uma Seç Msl AC e um Pel Mrt P. A Seção de Mísseis Anticarro é constituída por duas peças de míssel anticarro de médio alcance, armamentos eficientes contra viaturas blindadas do Ini. Já o Pel Mrt P possui 2 (duas) seções a 2 (duas) peças de morteiro cada, totalizando 4 (quatro) peças de morteiro 120mm autorrebocados. (BRASIL, 2002b, p.3-2 e 3-4). No entanto, Trindade (2013) ressalta que, na prática, a Seç Msl AC ainda não está incorporada ao RCB. Cada Esqd CC possui 3 (três) Pel CC, sendo cada um dotado de 04 (quatro) canhões 105mm dos seus respectivos carros de combate, com alcance de utilização de 4000m; além de 08 (oito) metralhadoras 7,62mm dos quatro CC. (BERALDI, 2014) 48 Figura 13 – Carro de Combate Leopard 1A5 Fonte:http: www.sistemasdearmas.com.br/ter/leopard1beraldi.html. Acesso em: 23 Ago 2014 Cada Esqd Fuz Bld possui uma Seç Mrt Me, a 2 (duas) peças de morteiro 81mm royal ordnance, e uma seção de canhões sem recuo anticarro, a 3 (três) peças de canhões 84mm Carl Gustaf, com alcance eficaz contra blindados de 700m. Além disso, possui os seus 3 (três) Pel Fuz Bld orgânicos, sendo cada um dotado doutrinariamente de 04 (quatro) metralhadora .50mm das suas respectivas VBTP, com alcance útil de 900m. (BRASIL, 1995) (BRASIL, 1998) Figura 14 – Canhão 84mm Carl Gustaf Fonte: http:www.wikipedia.org/wiki/Carl_Gustaf_M2. Acesso em: 23 Ago 2014 4.2.2.2 Equipamentos de Reconhecimento e Vigilância Doutrinariamente, o RCB não possui em dotação orgânica um equipamento de Rec e Vigilância de relevância para apoiar a consciência situacional do comando, tendo organicamente apenas as fontes humanas de seu Pel Exp e seus Pel Fuz Bld, que atuam de modo a colher os dados necessários sobre o terreno e o inimigo na Z Aç e Zona de Interesse do regimento. (BRASIL, 2002b, p. 1-13 e 1-21) 49 4.1.2.3 Viaturas operacionais . As viaturas operacionais do RCB constituem-se doutrinariamente em CC, VBTP sobre lagartas e viaturas blindadas (ou não) de reconhecimento leves. Os CC são os Leopard 1A5 e as VBTP são os M-113. No entanto, as viaturas blindadas de reconhecimento leves, previstas no quadro de dotação de material dos RCB para o Pel Exp, ainda são inexistentes. (COMANDO MILITAR DO SUL, 2013) Figura 15 – VBTP M-113 Fonte: http:www.wikipedia.org/wiki/M-113. Acesso em: 23 Ago 2014 4.1.2.4 Equipamentos de proteção O RCB é dotado de alguns equipamentos de proteção individual e coletivos, como capacetes e coletes balísticos, redes de camuflagem e equipamentos de proteção QBN. (BRASIL, 2002b) 4.1.2.5 Equipamentos de comunicações Para atender às necessidades de comunicações do regimento empregado como F Cob, o Pel Com instala um Centro de Comunicações de Comando no Posto de Comando Principal. Este centro, normalmente, compreende um Centro de Controle do Sistema de Comunicações da OM, dotado principalmente de meios rádio e meios informatizados com programas para processamento, criptografia e decriptografia de mensagens. (BRASIL, 2002b, p.2-8) 50 5 ARMORED CAVALRY REGIMENT Neste capítulo, buscou-se estudar OM de outro exército mais experimentado em Operações no Amplo Espectro, com características de emprego semelhantes às da Bda C Mec, a fim de identificar e descrever sua estrutura organizacional. A estrutura do exército norte-americano que se assemelha à Bda C Mec do exército brasileiro é o Armored Cavalry Regiment (ACR). Segundo Mesquita (2014), o ACR surgiu no período entre o final da 2ª Guerra Mundial (1945) e a Guerra da Coréia (1950 - 1953) com a finalidade de proporcionar segurança aos Corpos de Exército (C Ex) e aos Exércitos, escalões da Força Terrestre dos Estados Unidos da América. O manual de campanha norte-americano FM 3-20.95 - Cavalry Operations (2003), preconiza que o ACR pode conduzir operações de apoio aos Comandos do Teatro de Operações, da Força Terrestre Componente, dos Corpos de Exército ou das Divisões de Exército. Essas operações são subordinadas aos quatro tipos de operações militares existentes no ambiente de amplo espectro (Ofensiva, Defensiva, de Pacificação e de Apoio aos Órgãos Governamentais) e consideradas capacitantes para garantir o êxito daquelas. Dentre essas operações capacitantes, estão as de Inteligência, Rec e Vigilância, onde se destacam as Operações Táticas de Seg, nos seus graus de Vigilância, Proteção e Cobertura, sendo este último objeto de estudo do presente trabalho. Assim, o ACR, apesar de ser a menor força independente de armas combinadas do exército norte-americano, é dotado de um poderoso poder relativo de combate. A estrutura organizacional do ACR consiste em 3 (três) Armored Cavalry Squadrons (ACS), 1 (um) Batalhão de Aviação, 1 (um) Batalhão Logístico, 1 (uma) Companhia de Engenharia, 1 (uma) Companhia de Defesa QBN, 1 (uma) Companhia de Inteligência e 1 (uma) Bateria Antiaérea. (UNITED STATES OF AMERICA, 2003, p. 2-6) A seguir, de acordo com a delimitação do presente estudo, abordaremos a estrutura organizacional e os MEM dos ACS. 51 5.1 ARMORED CAVALRY SQUADRON O ACS normalmente opera como Elm Cmb subordinado ao ACR, no entanto, pode realizar missões de forma independente. O ACS tem a capacidade de conduzir missões de Rec e Seg, sendo estas fundamentais para a manutenção do conhecimento a respeito do ambiente operativo e para a provisão de consciência situacional aos comandantes de todos os níveis; pode, ainda, realizar missões ofensivas e defensivas como força de economia de meios. (UNITED STATES OF AMERICA, 2003, p. 2-13) 5.1.1 Estrutura Organizacional Figura 16 – Armored Cavalry Squadron orgânico de um ACR Fonte: UNITED STATES OF AMERICA, 2003, p. B-9 Conforme a figura acima, o ACS orgânico do ACR possui a seguinte estrutura organizacional básica: a. Comando e Esquadrão de Comando (Headquarters and Headquarters Troop); b. 3 (três) Esquadrões de Cavalaria Blindados (Armored Cavalry Troop); c. 1 (uma) Companhia de Carros de Combate (Tank Company); e d. 1 (uma) Bateria de Artilharia de Campanha Autopropulsada (Field Artillery Battery SP). 52 O Esquadrão de Comando destina-se a apoiar o Cmdo com os meios necessários à conduta das operações de combate e prestar o apoio logístico às operações do ACS, sendo constituído doutrinariamente pelos seguintes elementos: a. Comandante e Subcomandante; b. Estado-Maior do ACS; c. Seção de Comando; d. Pelotão de Suprimento; e. Pelotão de Manutenção; f. Pelotão de Saúde; e g. Seção de Comunicações. (UNITED STATES OF AMERICA, 2004, p.2-17) Dos elementos do Esquadrão de Comando citados acima, destaca-se para o presente estudo a Seção de Comunicações, tendo em vista que a mesma é dotada de meios que influenciam diretamente no combate, possibilitando o necessário comando e controle das operações por meio do fluxo das comunicações. O Esquadrão de Cavalaria Blindado realiza missões de Rec e Seg a fim de proteger e preservar a capacidade de combater das unidades para as quais ele opera, sendo organizado em uma Seção de Comando, dois Pelotões de Exploradores, dois Pel CC, uma Seção de Morteiro e uma Seção de Manutenção. A Seção de Comando reúne os meios necessários para conduzir as funções de comando e controle e de apoio logístico ao Esquadrão. Cada Pelotão de Exploradores é organizado em 3 (três) Seções de Exploradores para conduzir missões de Rec, Vigilância e Movimento Retrógrado em apoio ao Esquadrão. Cada Pel CC é organizado em 2 (duas) seções para conduzir missões de ataque e defesa. A Seção de Morteiro é organizada e equipada para prover apoio de fogo indireto imediato ao Esquadrão. E a Seção de Manutenção tem a missão de diagnosticar e reparar a maioria das falhas nos equipamentos e veículos do Esquadrão. (UNITED STATES OF AMERICA, 1995) 53 Figura 17 – Armored Cavalry Troop orgânico de um ACS Fonte: UNITED STATES OF AMERICA, 1995 A Companhia de Carros de Combate aumenta o poder de choque do ACS, sendo organizado em uma Seção de Comando e 3 (três) Pelotões de Carros de Combate. A Seção de Comando reúne os meios necessários para conduzir as funções de comando e controle e de apoio logístico à Companhia. Cada Pelotão de Carros de Combate é organizado em 2 (duas) Seções de Carros de Combate para conduzir missões de ataque e defesa. (UNITED STATES OF AMERICA, 2002, p.2-2) Figura 18 – Tank Company orgânica de um ACS Fonte: UNITED STATES OF AMERICA, 2002, p.2-2 A Bateria de Artilharia de Campanha Autopropulsada é organizada, treinada e equipada para prover apoio de fogo indireto ao ACS, sendo organizado em uma Seção de Comando e 2 (dois) Pelotões de Artilharia de Campanha a quatro peças cada, além de um Pelotão de Apoio, uma Seção de Remuniciamento, 4 (quatro) 54 Equipes de Observadores de Artilharia e uma Equipe de Designação de Alvos para munições guiadas a laser. (UNITED STATES OF AMERICA, 2003b, p. B-11) Figura 19 – Howitzer Battery orgânica do ACS Fonte: UNITED STATES OF AMERIA, 2003, p. B-11 5.1.2 Material de Emprego Militar Para fins de comparação, abordaremos somente os MEM que se assemelham aos que foram abordados anteriormente no presente trabalho quando estudados os RC Mec e o RCB orgânicos da Bda C Mec. 5.1.2.1 Armamentos coletivos e viaturas operacionais Conforme visto anteriormente, cada Esquadrão de Cavalaria Blindado possui uma Seção de Morteiro, dotada de 2 (duas) peças de morteiro 120mm, com alcance máximo de 7200m, transportadas por duas VBTP M-113; 2 (dois) Pelotões de Exploradores, sendo cada um dotado doutrinariamente de 06 (seis) canhões 25mm, com alcance útil de 2500m, 06 (seis) sistemas de mísseis teleguiados TOW para ataque superfície – superfície e superfície – ar, com alcance útil de 3750m, e 06 (seis) metralhadoras MAG 7,62mm coaxiais dos seis M3 Bradley Cavalry Fighting Vehicle (M3 CFV); e 2 (dois) Pel CC, sendo cada um dotado doutrinariamente de 04 (quatro) canhões 120mm, com alcance útil de 4000m, 04 (quatro) metralhadoras .50mm e 08 (oito) metralhadoras MAG 7,62mm dos seus quatro carros de combate 55 M1A2 Abrams . (UNITED STATES OF AMERICA, 1995) (UNITED STATES OF AMERICA, 2005a) (UNITED STATES OF AMERICA, 2005b) Já a Companhia de Carros de Combate possui 3 (três) Pel CC, sendo cada um dotado de 04 (quatro) canhões 120mm dos seus respectivos carros de combate M1A2 Abrams, além das 04 (quatro) metralhadoras .50mm e 08 (oito) metralhadoras MAG 7,62mm dos quatro CC. (UNITED STATES OF AMERICA, 2005b) Por fim, a Bateria de Artilharia de Campanha Autopropulsada possui 2 (dois) pelotões de artilharia de campanha, dotados de 04 (quatro) obuses autopropulsados M109A6 Paladin 155mm howitzer cada, com alcance útil de 18 Km, podendo atingir o alcance de 30 Km com munição assistida. (UNITED STATES OF AMERICA, 1995) Figura 20 – M3 Bradley Cavalry Fighting Vehicle Fonte: http:www.afvdb.50megs.com/usa/pics/m3bradley.html. Acesso em: 25 Ago 2014 Figura 21 – Carro de Combate M1A2 Abrams Fonte: http:www.military-today.com/tanks/m1a2_abrams.htm. Acesso em: 25 Ago 2014 56 Figura 22 – Obus autopropulsado M109A6 Paladin 155mm howitzer Fonte: http:www.fas.org/man/dod-101/sys/land/m109a6.htm. Acesso em: 25 Ago 2014 5.1.2.2 Equipamentos de Reconhecimento e Vigilância Doutrinariamente, o ACS não possui em sua dotação orgânica equipamentos de Rec e Vigilância para apoiar a consciência situacional do comando. No entanto, há a previsão de ser apoiado ou reforçado por uma equipe de radar de vigilância terrestre orgânica da Companhia de Inteligência do ACR, dotada do radar AN/PPS5, e uma equipe de Aeronave Remotamente Pilotada (ARP), dotada de Unmanned Aerial Vehicle (UAV) Hunter. (UNITED STATES OF AMERICA, 2003, p. 13-29 e F-1) O radar AN/PPS-5 tem a capacidade de detectar e localizar indivíduo até 5000m e tropa e veículos até 10000m. (MILITARY PERISCOPE, 2014) Figura 23 – Radar de Vigilância Terrestre AN/PPS-5B Fonte: UNITED STATES OF AMERICA, 2003, p. F-33 57 O UAV-Hunter é um sistema ARP para reconhecimento de curto alcance, de fabricação israelense, que foi adotado pelo exército norte-americano. Esse sistema pode ser empregado no alcance máximo de 260 Km, possuindo uma autonomia de vôo de 11 horas. (WIKIPEDIA, 2014) Figura 24 – UAV RQ-5 Hunter Fonte: http:www.wikipedia.org/wiki/IAI_RQ-5_Hunter. Acesso em: 12 Nov 2014 5.1.2.3 Equipamentos de proteção Assim como o RC Mec, o ACS também é dotado de alguns equipamentos de proteção individual e coletivos, como capacetes e coletes balísticos, redes de camuflagem e equipamentos individuais de proteção QBN. No entanto, além desses materiais individuais, o ACS é apoiado pelo Pelotão de Descontaminação QBN da Companhia de Defesa Química, Biológica e Nuclear, orgânica do ACR, em caso de ser empregado em ambiente contaminado por algum desses agentes. (UNITED STATES OF AMERICA, 2003, p. 13-34) Cabe ainda ressaltar que a Companhia de Defesa QBN, elemento de apoio ao combate do ACR, possui em sua estrutura organizacional um Pelotão de Rec QBN, dotado de 6 (seis) veículos M93A1 Fox NBC Reconnaissance, anfíbios, os quais permitem detectar, identificar e marcar as áreas de contaminação nuclear e química. Cada veículo é tripulado por 3 (três) pessoas e pode colher amostras de solo, água e vegetação a fim de prover informação acurada a respeito da contaminação QBN do ambiente operacional para o comando do ACR, mitigando, desta forma, os riscos de 58 para o emprego dos ACS. (UNITED STATES OF AMERICA, 2003, p. 2-8) (ARMY TECHNOLOGY.COM, 2014) Figura 25 – Veículo M93A1 NBC Fox Reconnaissance Fonte: http:www.army-technology.com/projects/m93a1m93a1p1-fox-nbc-reconnaissance-vehicle/. Acesso em: 12 Nov 2014 5.1.2.4 Equipamentos de comunicações Para atender às necessidades de comunicações, o ACS é dotado de rádios táticos Single Channel Ground and Airborne Radio System (SINCGARS) e servidores de rede Enhanced Position Location and reporting System (EPLRS), os quais juntos configuram a internet tática13 para os escalões regimento e menores. O EPLRS provê somente comunicações de dados, enquanto o rádio tático SINCGARS tem a capacidade de transmitir dados e voz, ambos dotados de sistemas de segurança nas comunicações de criptografia automática e salto de frequencia. (UNITED STATES OF AMERICA, 2003, p. 12-57) Os rádios SINCGARS operam na frequência VHF-FM, proporcionando a comunicabilidade entre as diversas tropas terrestres e paraquedistas, compatível com os requisitos de interoperabilidade da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), podendo, inclusive, operarem em ambiente nuclear. (FEDERATION OF AMERICAN SCIENTISTS, 1999) _____________ 13 Internet tática consiste em um conjunto de rádios empregados no nível tático (SINCGARS e EPLRS) conectados em uma rede de computadores por roteadores a qual permite sistemas digitais interoperarem em um ambiente operacional de informações dinâmico. (UNITED STATES OF AMERICA, 2003, p. 12-56) 59 Esse modelo de rádio pode ser empregado de forma portátil ou veicular. O modelo portátil atinge o alcance máximo de utilização de 10 (dez) Km para transmissão de dados e comunicação por voz. Já o modelo veicular chega a 40 (quarenta) Km para comunicação por voz e 34 (trinta e quatro) Km para a transmissão de dados. (UNITED STATES OF AMERICA, 2003, p. 12-42) Figura 26 – Radio tático Exelis SINCGARS RT-1523G Fonte:http://wikipedia.org/wiki/SINCGARS#mediaviewer/Fil e:Exelis_SINCGARS_RT-1523G.jpg. Acesso em: 10 Nov 2014 Além disso, o ACS é dotado do MEM chamado de FBCB2 (Force XXI Battle Command Brigade and Below), o qual consiste em um sistema digital primário apoiado nos rádios táticos SINCGARS e EPLRS para comunicação por voz e transmissão de dados nos escalões unidade e menores. Cada viatura do ACS é equipada com um equipamento FBCB2, que gera e transmite sua própria localização por meio de sistema global de posicionamento em rede, gerando uma consciência situacional online das frações orgânicas do ACS para os comandantes dos diversos níveis. Além disso, os operadores do FBCB2 alimentam o sistema com as posições de tropas Ini identificadas no terreno, atualizando o dispositivo do inimigo no nível tático. (UNITED STATES OF AMERICA, 2003, p. 12-50) 60 Figura 27 – Equipamento de comunicações FBCB2 Fonte: http:www.flickr.com/photos/tags/fbcb2/. Acesso em: 25 Ago 2014 Figura 28 – Tela operativa do Equipamento de comunicações FBCB2 Fonte:http:commons.wikimedia.org/wiki/File:FBCB2.CreativeDevice_Operati onsScreen.jpg. Acesso em: 25 Ago 2014 61 6 POSSIBILIDADES MECANIZADA EM E DEFICIÊNCIAS OPERAÇÕES DE DA BRIGADA SEGURANÇA DE E CAVALARIA MOVIMENTOS RETRÓGRADOS NO AMPLO ESPECTRO Nos dias 29 e 30 de outubro de 2013, foi realizado pelo Comando Militar do Sul (CMS), na cidade de Porto Alegre / RS, um simpósio cujo tema foi: "A Brigada de Cavalaria Mecanizada no Conflito Moderno". Esse simpósio teve como objetivo geral identificar a natureza e as características dos conflitos modernos e suas consequências para a organização e emprego das Brigadas de Cavalaria Mecanizada a curto e médio prazo, apresentando conclusões que indicassem a necessidade da transformação e/ou modernização das referidas Brigadas. (COMANDO MILITAR DO SUL, 2013) Quanto às Funções de Combate Movimento e Manobra e Inteligência, o referido simpósio, em seu relatório final, chegou à conclusão, no que tange à organização atual das Bda C Mec, que o modelo vigente é adequado e deve ser mantido. Porém, algumas considerações devem ser feitas, com vistas a incrementar as possibilidades dessa GU, dentre as quais, destacam-se que a Bda C Mec deve ser capaz de: - realizar seus deslocamentos, evidenciando a mobilidade tática e, também a estratégica. Tais capacidades decorrem diretamente em função do nível de disponibilidade dos meios Bld SR e da estrutura necessária ao transporte dos meios SL até a A Op; - realizar operações de Reconhecimento e Segurança. Nesse viés, cabe destacar a necessidade de manter a capacidade das Bda C Mec de atuar como F Cob, fato que exige a manutenção de uma força com diferenciado poder de choque, característica principal dos RCB, dotados de viaturas blindadas com capacidade de deslocamento em qualquer terreno, em particular no ambiente operacional do entorno estratégico, haja vista o tipo de solo da região; - executar, com eficiência, as operações de movimento, em particular a Ação Retardadora e a Defesa Móvel, o que reforça, além da existência dos RC Mec (com flexibilidade, rapidez de deslocamento e capazes de atuar em largas frentes), a permanência dos RCB para ações decisivas e mais contundentes; - atuar em largas frentes e como Elm de economia de Forças; - dispor de proteção QBNR, com a aquisição de novos meios; - atuar com armas anticarro;... - atuar em Op continuadas, de maneira eficiente, o que passa pela aquisição de MEM adequados ao combate noturno;... - possuir consciência situacional em seus diversos, escalões minimizando, dessa forma, baixas por fratricídio e aumentando a capacidade de coordenação e controle dos Cmt em todos os níveis. Tal capacidade será adquirida por intermédio da aquisição e uso das novas tecnologias;...(COMANDO MILITAR DO SUL, 2013, p.7). 62 Concomitantemente, o presente estudo, no seu Capítulo 3, concluiu parcialmente acerca da importância dos Elm Cmb da Bda C Mec possuírem: - meios eficientes de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento a fim de proporcionar uma consciência situacional dinâmica e oportuna a seus comandantes em todos os níveis, por meio da digitalização do espaço de batalha; - um fluxo de comunicações preciso e devidamente protegido das ações do Ini; - poder de fogo apropriado, suficiente para causar danos aos meios do Ini, no entanto de acurada precisão para proporcionar uma letalidade seletiva, sem atentar contra a segurança da população civil e dos bens públicos, destacando-se a importância da presença dos CC; - rádios eficientes e com alcance de utilização suficiente para cobrir as amplas distâncias entre os seus elementos orgânicos (até 32 Km); - armamentos de fogo direto e indireto que proporcionem um grande alcance de utilização; - meios optrônicos modernos a fim de permitir um eficiente Rec do Ini, tanto durante o dia como à noite; e - eficazes equipamentos de proteção individual, plataformas blindadas, sistemas de proteção ativa e passiva. Desta forma, a seguir, será apresentada uma análise acerca das possibilidades e deficiências da organização e do material dos RC Mec e RCB, Elm Cmb da Bda C Mec, foco da pesquisa de acordo com a delimitação do presente estudo. 6.1 QUANTO AO REGIMENTO DE CAVALARIA MECANIZADO No tocante à organização dos RC Mec, verificou-se que a mesma atende aos requisitos para o emprego no contexto dos conflitos modernos, tendo em vista, principalmente, a flexibilidade e a adaptabilidade que suas frações e meios possuem. No entanto, há deficiências pontuais na organização de suas estruturas componentes (esquadrões, pelotões, grupos e seções) quanto ao emprego do RC Mec em C4G. Como exemplo, no Capítulo 4 do presente estudo, pôde-se constatar a ausência de meios de observação e vigilância modernos orgânicos, em apoio ou em reforço aos RC Mec, quando se verifica que, apesar da previsão doutrinária na 63 estrutura organizacional do RC Mec, a Seç Vig Ter não é uma realidade. Comparando o RC Mec com o ACS do exército norte-americano, essa deficência fica evidenciada ao perceber que aquela fração, que também não possui em sua dotação orgânica equipamentos de Rec e Vigilância para apoiar a consciência situacional do comando, tem a previsão de ser apoiado ou reforçado por uma equipe de radar de vigilância terrestre e uma equipe de Aeronave Remotamente Pilotada (ARP), ambas orgânicas da Companhia de Inteligência do ACR e dotadas do radar AN/PPS-5 e de Unmanned Aerial Vehicle (UAV) Hunter, respectivamente, os quais podem operar diuturnamente. Não obstante, verificou-se também que as viaturas blindadas de reconhecimento leves, previstas no quadro de dotação de material dos RC Mec, ainda são inexistentes, demonstrando a deficiência do grupo de exploradores e do grupo de comando do Pel C Mec em proteção blindada. Quanto ao armamento coletivo, verificou-se que o Esqd C Ap do RC Mec possui doutrinariamente em sua estrutura organizacional uma Seç Msl AC e um Pel Mrt P, sendo a Seç Msl AC constituída por duas peças de míssel anticarro de médio alcance e o Pel Mrt P dotado de 4 (quatro) peças de morteiro 120mm autorrebocados. Já os Pel C Mec são doutrinariamente dotados de canhões 90mm, com alcance útil de 2000m, metralhadoras MAG 7,62mm coaxial e antiaérea das VBR; metralhadora antiaérea .50mm da VBTP; uma peça de morteiro 81mm royal ordnance; além de metralhadoras MAG 7,62mm e lançador de granadas de 40mm do grupo de exploradores. Entretanto, assim como a Seç Msl AC ainda não existe na prática, os grupos de exploradores dos Pel C Mec ainda não possuem os lançadores de granadas; bem como, pode-se constatar a deficiência dos armamentos coletivos do RC Mec em termos de alcance curto de utilização, comparados com os armamentos coletivos do ACS. Além disso, o sistema de pontaria do canhão 90mm, que ainda é manual, sem estabilização de torre e sem capacidade de atuar no período noturno, torna-o praticamente em um armamento obsoleto para os C4G por não proporcionar uma letalidade seletiva. Cabe ainda ressaltar a deficiência do RC Mec em termos de um sistema de comunicações amplo e flexível a fim de garantir um fluxo de transmissão de diversos tipos de informações (voz, dados e imagens) preciso e devidamente protegido das ações do Ini, no intuito de proporcionar uma consciência situacional dinâmica e 64 oportuna aos comandantes em todos os níveis. Comparando o sistema de comunicações do ACS com o do RC Mec, verifica-se que este se encontra bastante desatualizado em termos de integração das informações, carecendo de um equipamento melhor de compartilhamento de informações por meio de uma conexão segura em rede de computadores. Por fim, ao compararmos os meios de proteção QBN à disposição do ACS, seja orgânico ou em apoio, com os meios para o mesmo fim à disposição do RC Mec, verifica-se que os deste são bastante incipientes, havendo, portanto, a necessidade de se adquirir meios mais modernos e eficientes para o combate em ambiente contaminado por agentes QBN, cada vez mais frequentes em C4G. 6.2 QUANTO AO REGIMENTO DE CAVALARIA BLINDADO No que tange à organização do RCB, não foi verificada a necessidade de realizar alterações em sua organização. Pelo contrário, comparando essa unidade com o ACS norte-americano, verifica-se que a organização do RCB é bastante semelhante à do ACS, em função de sua organização caracterizada pelas armas combinadas, possuindo, portanto, as melhores condições de atuar no cenário contemporâneo e, por isso, estar plenamente alinhado com as ―Bases para Transformação da Doutrina Militar Terrestre‖, expedidas pelo EME. No entanto, algumas de suas capacidades se encontram degradadas em face da falta ou da obsolescência de MEM, necessitando serem recuperadas de forma que o regimento possa cumprir suas missões com efetividade. Como já visto anteriormente, o RCB não possui em sua dotação orgânica um equipamento de Rec e Vigilância de relevância para apoiar a consciência situacional dos diversos níveis de comando da OM. Semelhantemente aos RC Mec, verificou-se que as viaturas blindadas de reconhecimento leves, previstas no quadro de dotação de material dos RCB para o Pel Exp, ainda são inexistentes, demonstrando a deficiência dessa pequena fração em proteção blindada. Quanto ao armamento coletivo, conforme visto anteriormente, o RCB possui o seguinte: um Pel Mrt P, dotado de 4 (quatro) peças de morteiro 120mm autorrebocados, 6 (seis) Pel CC dos Esdq CC, sendo cada um dotado de 04 65 (quatro) canhões 105mm dos seus respectivos CC LEOPARD 1A5, além de 08 (oito) metralhadoras 7,62mm dos quatro CC, 2 (duas) Seç Mrt Me dos Esqd Fuz Bld, a 2 (duas) peças de morteiro 81mm royal ordnance, 2 (duas) seções de canhões sem recuo anticarro, a 3 (três) peças de canhões 84mm Carl Gustaf, já bastante obsoletos, e 6 (seis) Pel Fuz Bld, sendo cada um dotado doutrinariamente de 04 (quatro) metralhadora .50mm das suas respectivas VBTP M-113. Portanto, comparando com o ACS, verifica-se deficiência dos RCB em viaturas blindadas de combate de infantaria, já que o poder de fogo dos M-113 é bastante inferior ao dos M3 CFV, os quais possuem canhões 25mm, com alcance útil de 2500m, sistemas de mísseis teleguiados TOW e metralhadoras MAG 7,62mm coaxiais, e em armas AC para uso individual no combate anticarro aproximado. Da mesma forma que o RC Mec, cabe ainda destacar as deficiências do RCB em termos de um sistema de comunicações amplo e flexível, a fim de garantir um fluxo de transmissão de diversos tipos de informações (voz, dados e imagens), e meios de proteção QBN, cabendo ao RCB as mesmas observações feitas aos MEM do RC Mec, já que ambos possuem materiais bastante semelhantes. 66 7 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES Este trabalho teve como objetivo principal apresentar os reflexos das Operações no Amplo Espectro para a modernização das Brigadas de Cavalaria Mecanizadas do Exército Brasileiro, no tocante às capacidades necessárias para o emprego como F Cob. Para atingir esse objetivo, o trabalho foi divido em capítulos que tiveram a finalidade de conduzir o leitor para a confirmação ou não da seguinte hipótese formulada: ―O novo conceito de Operações no Amplo Espectro impõe reflexos para a modernização das capacidades das Brigadas de Cavalaria Mecanizadas do Exército Brasileiro para o emprego como F Cob.‖ O Capítulo 3 descreveu e interpretou as principais características das Operações no Amplo Espectro, com destaque para as atitudes Ofensivas e Defensivas, onde foram levantadas as principais capacidades necessárias, em termos de material e organização, para o emprego da Bda C Mec como uma F Cob, no contexto de operações de Seg e Movimentos Retrógrados. Nessas operações, além das FA, atores estatais clássicos em conflitos armados, tornou-se comum a inserção de novos atores estatais e não estatais no Espaço de Batalha. Além disso, aspectos não militares, como a mídia, a opinião pública, a valorização das questões humanitárias e de meio ambiente pela sociedade, passaram a assumir grande relevância na solução dos conflitos armados e apontaram para a necessidade de geração de novas capacidades por parte das FA para atuarem nos C4G. Surge, então, o novo conceito "Operações no Amplo Espectro", o qual consiste na combinação de Operações Ofensivas, Defensivas, de Pacificação e de Apoio a Órgãos Governamentais, de forma simultânea ou sucessiva, em situações de Guerra e de Não Guerra, buscando contemplar as diversas missões e tarefas que envolvem o emprego da força militar terrestre, as quais exigem novas capacidades da F Ter, como letalidade seletiva, proteção da tropa, consciência situacional, digitalização do campo de batalha e superioridade das informações por meio de operações de informações. O maior ensinamento verificado nesse Capítulo foi que possíveis contenciosos relacionados às questões ambientais, às populações nativas e aos recursos naturais 67 devem ser considerados como pretexto de legitimação de ações bélicas clássicas entre Estados, os quais empregarão suas FA para defenderem suas Soberanias, Patrimônio Nacional, Integridade Territorial e seus Interesses Nacionais. Daí, a necessidade da F Ter estar constantemente pronta para atuar em Operações Ofensivas e Defensivas, particularmente no que tange às suas capacidades nas dimensões material e organização, garantindo assim a necessária modernização da F Ter para o emprego em situações de guerra convencional, nas quais se insere o emprego da Bda C Mec como F Cob. No seguinte, o trabalho discorreu sobre as capacidades atuais das Bda C Mec do EB, com destaque para os RC Mec e RCB, abordando seus MEM e organizações. Assim, foram apresentadas as estruturas organizacionais dos Elm Cmb da Bda C Mec, foco dessa pesquisa de acordo com a delimitação do presente estudo, destacando as frações dotadas de meios que influenciam diretamente no combate, seja infligindo danos ao Ini, seja proporcionando reconhecimento e vigilância no campo de batalha, seja possibilitando o necessário comando e controle das operações por meio do fluxo das comunicações. Quanto aos MEM, foi dado ênfase aos materiais de maior relevância para os RC Mec e RCB quando empregados enquadrados por uma Bda C Mec como F Cob. Tais materiais abordados foram: armamentos coletivos, equipamentos de Rec e vigilância, viaturas operacionais, equipamentos de proteção e equipamentos de comunicações. No Capítulo 5, o trabalho buscou Identificar e descrever capacidades no tocante à organização e ao material de OM de exército estrangeiro, com características de emprego semelhantes às da Bda C Mec e experiências em C4G. Dessa forma, buscou-se estudar o Armored Cavalry Regiment (ACR), estrutura do exército norte-americano que se assemelha à Bda C Mec do Exército Brasileiro, cuja missão é proporcionar segurança aos C Ex e aos Exércitos da Força Terrestre dos Estados Unidos da América, conduzindo operações de apoio, consideradas capacitantes para garantir o êxito das operações militares existentes no ambiente de amplo espectro (Ofensiva, Defensiva, de Pacificação e de Apoio aos Órgãos Governamentais), como as de Inteligência, Rec e Vigilância, onde se destacam as Operações Táticas de Seg, nos seus graus de Vigilância, Proteção e Cobertura, sendo este último objeto de estudo do presente trabalho. 68 Semelhante ao Capítulo anterior, foram apresentadas as estruturas organizacionais dos Elm Cmb do ACR, destacando também as frações dotadas de meios que influenciam diretamente no combate, ou seja, aquelas que infligem danos ao Ini, proporcionam Rec e Vigilância no campo de batalha e possibilitam o necessário comando e controle das operações por meio do fluxo das comunicações. Quanto aos MEM, foi dado ênfase aos mesmos tipos de materiais abordados no Capítulo anterior, a fim de servirem como fatores de comparação entre os Elm Cmb da Bda C Mec e o Armored Cavalry Squadron (ACS), orgânico do ACR. No Capítulo 6, foram Identificados as possibilidades e as deficiências das Bda C Mec do EB, quanto às suas capacidades em atender às demandas das operações de Seg e Movimentos Retrógrados, atuando como uma F Cob, no contexto de Operações no Amplo Espectro. Para tanto, foram considerados possibilidades e deficiências da organização e do material dos RC Mec e RCB, Elm Cmb da Bda C Mec, foco da pesquisa de acordo com a delimitação do presente estudo. Quanto ao RC Mec, chegou-se a conclusão parcial de que, no tocante à sua organização, a mesma atende aos requisitos para o emprego no contexto dos conflitos modernos, havendo, entretanto, deficiências pontuais na organização de suas estruturas componentes (esquadrões, pelotões, grupos e seções) quanto ao emprego do RC Mec como F Cob em C4G. Tais deficiências podem ser traduzidas na ausência de meios de observação e vigilância modernos orgânicos, na inexistência de proteção blindada para algumas pequenas frações do RC Mec, no curto alcance de utilização de seus armamentos coletivos, na obsolência de seus principais sistemas de tiro direto para o emprego em C4G, na falta de um sistema de comunicações moderno, seguro e digital para garantir um fluxo de transmissão de diversos tipos de informações (voz, dados e imagens), bem como na incipiência da proteção QBN à disposição do RC Mec para o combate em ambiente contaminado por agentes QBN, cada vez mais frequentes em C4G. Quanto ao RCB, conclui-se parcialmente que, no que tange à sua organização, não foi verificada a necessidade de realizar grandes alterações, pois a possibilidade de se organizar por armas combinadas oferece as melhores condições de atuar no cenário contemporâneo. No entanto, algumas de suas capacidades se encontram degradadas em face da falta ou da obsolescência de MEM, necessitando serem recuperadas, como a ausência de equipamento de Rec e vigilância de relevância 69 para apoiar a consciência situacional dos diversos níveis de comando da unidade, a inexistência de proteção blindada para algumas de suas pequenas frações, a deficiência em viaturas blindadas de combate de infantaria e em armas AC para uso individual no combate anticarro aproximado e, semelhante ao RC Mec, a falta de um sistema de comunicações moderno, seguro e digital para garantir um fluxo de transmissão de diversos tipos de informações (voz, dados e imagens), bem como a incipiente proteção QBN para o combate em ambiente contaminado por agentes QBN. Com isso, o presente trabalho monográfico buscou confirmar a hipótese de que o novo conceito de Operações no Amplo Espectro impõe reflexos para a modernização das capacidades das Bda C Mec do Exército Brasileiro para o emprego como F Cob. Recentemente, o Exército Brasileiro, por meio do Estado-Maior do Exército, tem promovido estudos acerca da modernização da Bda C Mec a fim de torná-la apta para ser empregada no conflito moderno. Um grande marco foi a realização do Simpósio: "A Brigada de Cavalaria Mecanizada no Conflito Moderno", no 2º semestre de 2013, realizado pelo Comando Militar do Sul (CMS), na cidade de Porto Alegre / RS, com o objetivo de identificar a natureza e as características dos conflitos modernos e suas consequências para a organização e emprego das Bda C Mec a curto e médio prazo, apresentando conclusões que indicassem a necessidade da transformação e/ou modernização das referidas Brigadas. Por fim, recomenda-se que sejam realizados novos estudos no sentido de ampliar os resultados obtidos neste trabalho, utilizando-se outras técnicas de pesquisa, como pesquisa de campo por meio de experimentação doutrinária de Elm Cmb da Bda C Mec, a fim de verificar o desempenho dos mesmos em operações de Segurança, compondo uma Bda empregada como F Cob. _______________________________________ SÉRGIO FIRMINO DA SILVA JÚNIOR – Maj Cav 70 REFERÊNCIAS ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS. Publicação: Cascavel – Torre, Armamento e Munição. Resende: [s.n.], 1985. ANNES, Daniel Bernardi. Leopard 1A5 Vs Leopard 2A4 Análise Comparativa. Ação de Choque, Santa Maria, n° 9. p. 8-12, 2010. ARMY TECHNOLOGY.COM. M93A1 / M93A1P1 Fox NBC Reconnaissance Vehicle, United States of America. 2014. Disponível em: <http://www.armytechnology.com/projects/m93a1-m93a1p1-fox-nbc-reconnaissance-vehicle/>. Acesso em: 12 nov 2014. BERALDI, Alexandre. Carros de Combate Leopard I no Exército Brasileiro. Disponível em: <http://www.sistemasdearmas.com.br/ter/leopard1beraldi.html>. Acesso em: 2 mai. 2014 BRASIL. Decreto nº 5.484, de 30 de junho de 2005. Aprova a Política de Defesa Nacional, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, n. 125, 1 jul. 2005. Seção 1, p. 5. ______. Decreto nº 6.703, de 18 de dezembro de 2008. Aprova a Estratégia Nacional de Defesa, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, n. 247, 19 dez. 2008. Seção 1, p. 4. ______. Exército. Estado-Maior. Bases para a Transformação da Doutrina Militar Terrestre. Brasília, DF. 2013. 32p. ______. Exército. Estado-Maior. Catálogo de Capacidades do Exército. 1. ed. Brasília, DF. 2014a. 24p. ______. Exército. Estado-Maior. C 2-20: Regimento de Cavalaria Mecanizada. 2. ed. Brasília, DF. 2002a. ______. Exército. Estado-Maior. C 2-30: Brigada de Cavalaria Mecanizada. 2. ed. Brasília, DF. 2000a. ______. Exército. Estado-Maior. C 17-20: Forças-Tarefas Blindadas. 3. ed. Brasília, DF. 2002b. ______. Exército. Estado-Maior. C 20-1: glossário de termos e expressões para uso no exército. 3. ed. Brasília, DF. 2003. ______. Exército. Estado-Maior. Doutrina Militar Terrestre. 1. ed. Brasília, DF. 2014b. ______. Exército. Estado-Maior. IP 2-34: Vade-mécum de Cavalaria. 1. ed. Brasília, DF. 1995. 71 ______. Exército. Estado-Maior. IP 23-81: Canhão sem recuo 84 mm (CSR 84 mm) – Carl Gustaf. 1. ed. Brasília, DF. 1998. ______. Exército. Estado-Maior. IP 23-90: Morteiro 81mm Royal Ordnance. 1. ed. Brasília, DF. 2000b. ______. Exército. Estado-Maior. Operações. 4. ed. Brasília, DF. 2014c. ______. Livro Branco de Defesa Nacional, Poder Executivo, Brasília, DF, 2012. 276p. ______. Ministério da Defesa. Secretaria de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais. Doutrina Militar de Defesa. 2. ed. Brasília, DF. 2007a. ______. Ministério da Defesa. Estado-Maior de Defesa. Glossário das Forças Armadas. 4. ed. Brasília, DF. 2007b. COMANDO MILITAR DO SUL. Relatório Final: Simpósio A Brigada de Cavalaria Mecanizada no Conflito Moderno. Porto Alegre, 2013. 41p. CORRÊA, Clauco Corbari. As operações de amplo espectro e a sua contribuição para o incremento das ações de combate na Amazônia brasileira, no contexto de um conflito assimétrico. 2012. 239 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Militares) – Curso de Comando e Estado-Maior, Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2012. DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO - ECEME. Elaboração de Projetos de Pesquisa na ECEME. – Rio de Janeiro, 2012. 36p. FEDERATION OF AMERICAN SCIENTISTS. Single Channel Ground and Airborne Radio System (SINCGARS). 1999. Disponível em: <http://www.fas.org/man/dod_101/sys/land/sincgars.htm>. Acesso em: 10 nov 2014 HEGENBERG, Leônidas. Etapas da investigação científica. São Paulo: E.P.U.: EDUSP, 1976. 2 v. KOSHIBA, Luiz. História: origens, estruturas e processos. São Paulo: Atual, 2000. MESQUITA, Alexandre. A Brigada de Cavalaria Mecanizada no contexto da Transformação da Doutrina Militar Terrestre: a estrutura de combate convencional mais atual do Exército Brasileiro. Disponível em: http://www.defesanet.com.br/doutrina/noticia/15281/A-Bda-C-Mec-no-Contexto-daTransformacao-da-Doutrina-Militar-Terrestre >. Acesso em: 8 mai. 2014. MILITARY PERISCOPE. AN/PPS-5 MSTAR ground radar. 2014. Disponível em: <http://www.militaryperiscope.com/mdb_smpl/weapons/sensors/grdradar/w0003502. shtml>. Acesso em: 10 nov 2014. 72 MOTO PEÇAS S/A. MT9-2350-61-01R-10M: Manual de Operador e de manutenção de 1° Escalão para VBTP-M113-B. [s.l]: [s.n]. [s.d] PEREIRA JUNIOR, Joarez Alves. Pensando as Brigadas de Cavalaria Mecanizadas no Exército Brasileiro em seu Salto para o Futuro. Military Review – Edição Brasileira, Forte Leavenworth, Kansas, v. 100, n.3. p. 13-24, nov/dez. 2013. RODRIGUES, Maria das Graças Villela. colaboração e ampliação José Fernando Chagas Madeira, Luiz Eduardo Possídio Santos, Clayton Amaral Domingues. Metodologia da Pesquisa: elaboração de projetos, trabalhos acadêmicos e dissertações. 2 ed. 2005. Rio de Janeiro: EsAO, 2005. TRINDADE, Valério Stumpf. Cenários, Operações no Amplo Espectro e Brigadas de Cavalaria Mecanizadas. Doutrina Militar Terrestre em revista, Brasília, 003 ed. p. 50-61, jul/set. 2013. UNITED STATES OF AMERICA. Department of the Army. Headquarters. FM 3-20.8: Scout Gunnery. Washington, DC: [s.n.], 2005a. ______. ______. ______. FM 3-20.12: Tank Gunnery (Abrams). Washington, DC: [s.n.], 2005b. ______. ______. ______. FM 3-20.90: Tank and Cavalry Headquarters and Headquarters Company (HHC) and Headquarters and Headquarters Troop (HHT). Washington, DC: [s.n.], 2004 ______. ______. ______. FM 3-90.1: Tank and Mechanized Infantry Company Team. Washington, DC: [s.n.], 2002. ______. ______. ______. FM 17-97: Cavalry Troop. Washington, DC: [s.n.], 1995. ______. US Army Armor Center. Headquarters. FM 3-20.95: Cavalry Operations. Fort Knox, KY: [s.n.], 2003. WIKIPEDIA. IAI RQ-5 Hunter. 2014. Disponível <http://www.wikipedia.org/wiki/IAI_RQ-5_Hunter>. Acesso em: 12 nov 2014 em: VISACRO, Alessandro. O Desafio da Transformação. Military Review – Edição Brasileira, Forte Leavenworth, Kansas, v. 91, n.2. p. 46-55, mar/abr. 2011.