14:00 – 15:45 – Mesa de Comunicações 015 – Salão Nobre

Transcrição

14:00 – 15:45 – Mesa de Comunicações 015 – Salão Nobre
XIX CICLO DE DEBATES EM HISTÓRIA ANTIGA
ENCONTROS & ENFRENTAMENTOS
PROGRAMAÇÃO
SEGUNDA-FEIRA – DIA 31 DE AGOSTO
10:00-12:00h – Salão Nobre
Conferência 01
DESLOCAMENTO E ALTERIDADE: A ASSOCIAÇÃO DA DISTÂNCIA E DA VIAGEM COM
O ESTRANHO E O MARAVILHOSO ENTRE OS ANTIGOS EGÍPCIOS
Prof. Dr. Ciro Flamarion Cardoso
Centro Interdisciplinar de Estudos da Antiguidade
Universidade Federal Fluminense
Para os antigos egípcios, o Egito era o centro do mundo, sua parte organizada, o
antônimo do caos. Pela mesma razão, a verdadeira humanidade eram eles, os habitantes de
Kemet, a "terra negra" e plana junto ao rio. Mesmo Desheret, a "terra vermelha" (desértica e
alta, isto é, marcada pela presença de colinas) sob controle egípcio direto, a oeste e a leste
do vale do Nilo e de seu Delta, era considerada caótica e ameaçadora; o faraó lá realizava,
em certas ocasiões, caçadas rituais de animais do deserto, emblemáticos do caos que era
sua função debelar ou, pelo menos, conter, para que não invadisse o Egito. A utilização das
pedreiras e minas da "terra vermelha" configurava uma ocupação descontínua: eram
territórios só virtual ou eventualmente ocupados e incorporados; assim, continuavam
distintos e ameaçadores. As expedições enviadas para obter recursos tinham de ser ao
mesmo tempo expedições militares, armadas. Com maior razão, as terras ainda mais
longínquas com que o Egito entrava em contato - vale do Nilo ao sul da primeira catarata,
país africano de Punt, terra ocidental dos líbios, Ásia ocidental - apareciam, nos textos e na
iconografia produzidos no Egito, como lugares da diferença, da alteridade. Eventual mas
raramente (no caso de territórios privilegiados considerados "terraços de Amon", ou seja, o
Líbano na região de Biblos e o país de Punt), também podiam ser lugares maravilhosos.
Assim, Punt era chamado de "terra divina". Um assunto diferente, mas vinculado ao que
acabamos de mencionar, era o de como tratar e integrar os estrangeiros que viessem residir
e atuar no Egito. Examinar-se-ão alguns dos textos e imagens produzidos pelos egípcios no
III e II milênios a.C. acerca das viagens, dos países estrangeiros e de seus habitantes,
tratando de verificar os padrões e as mudanças principais na atitude dos egípcios diante da
diferença, da alteridade. Veremos que o fator principal de mudança foi a constituição de um
verdadeiro império pelos egípcios, na Núbia e na Ásia ocidental, entre os séculos XVI e XII
a.C.: este novo elemento, além de tornar o contato com estrangeiros muito mais
habitual, formulava em termos necessariamente distintos a relação com terras e pessoas que
não fossem egípcias.
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14:00 – 15:45 – Mesa de Comunicações 001 – Salão Nobre
Coordenação: Prof. Dr. Amós Coêlho da Silva
AS ÁGUAS NO VI CANTO DA ENEIDA DE VERGÍLIO
Prof. Dr. Amós Coêlho da Silva (UERJ)
Resumo: No itinerário de Enéias, em direção ao seu pai Anquises que se encontra nos
Campos Elísios, há o Lago Averno, situado perto de Nápoles. Por exalar vapores mefíticos,
nenhuma ave que voe por cima dele sobrevive. Averno significa sem aves: do grego „a-’,
sem, „orn-‟, ave, onde ficava o antro de Sibila de Cumas, que acompanha Enéias que vai ao
encontro de Anquises nos Infernos. O Averno banha uma das entradas dos Infernos, perto
de Cumas – a outra entrada fica no Cabo Tênaro, ao sul do Peloponeso. São rios dos
Infernos: Cocito, que rola lamentações; Piriflegetonte, que rola chamas; Aqueronte, do
esquecimento; Estige, dos horrores por causa de sua frialdade; rio Lete que significa
esquecimento do verbo grego lanthánein - esquecer, esconder. Esses são alguns obstáculos
que o herói Enéias supera para encontrar o seu pai Anquises e conhecer as informações
sobre o futuro da eterna Roma, construído pelos descendentes de Iulo.
O FANTÁSTICO NA LITERATURA LATINA DA IDADE MÉDIA EM A NAVEGAÇÃO DE
SÃO BRANDÃO
Prof. Dr. Airto Ceolin Montagner (UNIGRANRIO)
Resumo: O patrimônio cultural medieval pode ainda ser observado em nossos dias nas
abadias romanas, nas catedrais góticas, nos bairros medievais europeus, nos manuscritos
com iluminuras e em muitos vitrais. Contudo, reencontramos esse patrimônio mais
vivamente expresso em alguns textos latinos, através dos quais podemos observar e estudar
com grande profundidade esse importante período da nossa civilização. Assim é a Navigatio
sancti Brendani, cujo texto de um autor anônimo do século IX, que narra a navegação de
São Brandão, um monge irlandês que viveu no século VI. Trata-se de um périplo em que
Brendan percorre o oceano Atlântico em busca da Ilha do Paraíso. O monge teria descoberto
as ilhas Canárias, bem como as Antilhas, tendo, portanto, chegado à América dez séculos
antes de Colombo. Essa verdadeira Odisséia ocidental, transmitida pela tradição oral e
escrita, poderia muito bem estar inscrita no rol da literatura fantástica, dado que revela o
homem medieval que vive num mundo onde as intervenção do sobrenatural se produz de
modo tão habitual que são percebidas como fenômenos normais, tomando parte da natureza
das coisas.
NETUNO SEGUNDO A ÓTICA OVIDIANA
Prof. Dr. Francisco de Assis Florêncio (UERJ)
Resumo: Com base na Obra “As Metamorfoses”, de Ovídio, versaremos sobre a divindade
Netuno. Muitos aspectos da vida do Rei dos mares serão abordados na seguinte ordem: sua
origem e ascendência; a parte da terra que ficou sob o seu comando; o símbolo do seu
poder; seus amores e sua descendência; o seu poder em controlar as forças do mar; as
metamorfoses sofridas por Ino e Melicerta, graças à intervenção dele; e, por fim, a sua
participação direta nos fata dos gregos e dos romanos.
14:00 – 15:45 – Mesa de Comunicações 002 – Sala 106
Coordenação: Prof. Doutorando Moacir Elias Santos
A PRESENÇA DE ESTRANGEIROS NO EGITO DO REINO MÉDIO: O EXEMPLO DA
CIDADE DE LAHUN
Profa. Ms. Liliane Cristina Coelho (UFF)
Resumo: A cidade de Lahun foi construída por ordem do faraó Senusret II (c. 1897-1878
a.C.) para abrigar os construtores de sua pirâmide e os sacerdotes que ficariam responsáveis
pelo seu culto funerário. Em seus quase duzentos anos de ocupação, no entanto, a
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população do assentamento urbano cresceu e se diversificou, como era comum acontecer
com as chamadas cidades planejadas, que recebiam habitantes de diferentes regiões das
Duas Terras. Dentre estes novos moradores, cuja presença pode ser percebida por meio de
fontes escritas e arqueológicas, estavam alguns estrangeiros provenientes de regiões
próximas ao Egito. Nesta comunicação procuraremos, por meio da análise das fontes
existentes, localizar espacialmente os locais de origem destes estrangeiros, bem como
verificar quais eram suas ocupações e quais os lugares da cidade em que viviam.
O SPAT E SUA FUNÇÃO ADMINISTRATIVA NO EGITO FARAÔNICO
Profa. Doutoranda Nely Feitoza Arrais (UFF)
Resumo:
Este trabalho apresenta uma primeira conclusão de estudos destinados à
compreensão da organização administrativa do Egito Faraônico. O foco do trabalho é elucidar
o papel do spat (ou nomos na nomenclatura grega) na administração estatal demonstrando
como esta estrutura administrativa era essencial para a unificação do território sob domínio
faraônico.
PARA SAIR À LUZ DO DIA: ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A ARQUITETURA, AS
IMAGENS E OS TEXTOS NAS TUMBAS TEBANAS DO REINO NOVO
Prof. Doutorando Moacir Elias Santos (UFF)
Resumo: Pela documentação disponível sabemos que os egípcios consideravam a morte
como a porta de entrada para uma nova existência, cujo acesso dependia de uma elaborada
preparação funerária. Assim, providenciavam o embalsamamento dos cadáveres e, ainda
durante a vida, organizavam todos os bens necessários para sua comodidade e edificavam
suas “casas da eternidade”. Estas, contudo, não devem ser compreendidas somente como
simples locais de inumação e deposição do enxoval funerário. Suas formas arquitetônicas, a
disposição das cenas esculpidas ou pintadas e os textos que as acompanham, revelam a
existência de um planejamento espacial ímpar. Nesta comunicação apontaremos, por meio
de alguns exemplos provenientes da região de Tebas e datados da Época Raméssida, como
os egípcios planejaram tais tumbas para facilitar aos seus mortos o acesso às diferentes
concepções de vida post mortem, notadamente a Osiriana e a Solar.
HELENIZAÇÃO OU ROMANIZAÇÃO NO EGITO? UMA REFLEXÃO A PARTIR DA
ICONOGRAFIA NUMISMÁTICA E FUNERÁRIA DO EGITO ROMANO
Prof. Dr. Luís Eduardo Lobianco (UFRRJ)
Resumo: Em seu brilhante artigo “Romanização: a Historicidade de um Conceito”, a
Professora Doutora Norma Musco Mendes, no que concerne ao Oriente Romano, cita R.
Macmullen, que nos informa que: “... os romanos não exerceram uma política de
imperialismo cultural. Portanto, ao invés de Romanização, o mais acertado seria a
manutenção do conceito de Helenização.” O objetivo desta comunicação é, através da
análise de documentação iconográfica funerária e numismática produzida no Egito Romano,
avaliar o grau de solidez da teoria acima apresentada, sem desconsiderar o necessário e
complementar registro, acerca da manutenção da cultura originalmente nativa, isto é: a
faraônica.
REPRESENTAÇÕES DO FEMININO NA ARTE: CLEÓPATRA A RAINHA MACEDÔNICA
DO EGITO AFRICANO
Graduando Gregory da Silva Balthazar (PUC/RS)
A presente comunicação analisará, por meio de algumas representações do feminino
em arte em egiptomania, como as inúmeras culturas que cercam a imagem da rainha
Cleópatra VII, uma mulher macedônica por herança e soberana do Egito africano, vem sendo
representada pela arte.
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16:00 – 17:45 – Mesa de Comunicações 003 – Salão Nobre
Coordenação: Prof. Doutorando Cristiano Bispo
REFLEXÕES TEÓRICAS ACERCA DE INTERAÇÕES CULTURAIS
NO ESTUDO DA HISTÓRIA
Graduando Italo Diblasi Neto (UFRJ)
Resumo: Seguindo a temática proposta no evento, de encontros e enfrentamentos,
pretendo, com esta comunicação, trazer para debate algumas questões teóricas sobre
processos de interação cultural, tema que é bastante atual no contexto de globalização de
nosso tempo, e que é também caminho frutífero para compreender as sociedades da
antiguidade. Para tal, lanço mão de uma abordagem que pretende ser um diálogo da História
com a Antropologia, à luz de autores como Peter Burke, Marshall Sahlins, Clifford Geertz e
Serge Gruzinski.
A PLURALIDADE ÉTNICA E CULTURAL DA ÁFRICA NA ANTIGUIDADE NO DISCURSO
DE HERÓDOTO
Prof. Doutorando Cristiano Bispo (UERJ)
Resumo: A proposta desta comunicação é apresentar as principais narrativas de Heródoto
sobre os Líbios nômades e sedentários que habitavam o norte da África no século V a. C.
Dentre as diversas alusões sobre a heterogeneidade dos Líbios, enfatizaremos os discursos
sobre as práticas sexuais e os formatos dos cortes de cabelo.
O PÉRIPLO DE ODISSEU E OS DIÁLOGOS SOBRE AS ALTERIDADES
Prof. Ms. Alexandre Santos de Moraes (UFRJ)
Resumo: Nesta comunicação, abordaremos os caminhos percorridos pelo herói Odisseu em
seus longos anos de errância. Entre as planícies de Tróia e a chegada a Ítaca, o filho de
Laertes aportou em onze lugares diferentes, mantendo contato com uma variada gama de
sociedades que, frequentemente, possuiam culturas e formas de sociabilidades particulares.
Neste sentido, abordaremos esta viagem de reconhecimento do espaço mediterrâneo como
um diálogo sobre as alteridades, através do qual Odisseu é coagido a refletir sobre si mesmo
e sobre o outro.
GREGOS E INDIANOS NO MUNDO HELENÍSTICO: O QUE A CULTURA MATERIAL TEM
A NOS DIZER SOBRE TAIS ENCONTROS?
Graduandos Iara Clarice Novaes de Macêdo e Italo Diblasi Neto (UFRJ)
Resumo: Buscamos analisar, nesta comunicação, os contatos entre as civilizações grega e
indiana durante o Período Helenístico, focando-nos essencialmente nas trocas culturais
provenientes destes encontros. Consideramos que não há melhor maneira para
problematizar tal recorte do que nos debruçarmos sobre a cultura material advinda da região
da Ásia Central. Uma série de objetos que, a nosso ver, atestam o que buscaremos mostrar
durante o trabalho: Que do ponto de vista cultural, tais civilizações dialogaram
intensamente.
OS CAMINHOS PARA ROMA: CIRCULARIDADE CULTURAL NO IMPÉRIO ROMANO
Graduanda Ana Carolina Caldeira Alonso (UNIRIO)
O território da urbs romana presencia, durante o período do Alto Império,
paralelamente a ascensão política do poderio romano, um considerável crescimento dos
vestígios que indicam a chegada dos chamados “cultos orientais”, provenientes de outras
partes do império. A realidade do Império Romano nos força a refletir sobre as intensas e
constantes trocas culturais que perpassam esse universo. Os vestigios de relatos de
viajantes, as escrituras espalhadas por todo o mundo Mediterrâneo e áreas subjacentes, nos
mostram a complexidade desse Império. Sua extensão, por si só, implica em pensarmos na
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diversidade de padrões e influências que seus habitantes estavam expostos. Dessa forma,
procuramos analisar essa enorme circularidade cultural no que tange a esfera religiosa,
sobretudo a chegada, recepção e prática do culto, da originalmente deusa egípcia, Ìsis
dentro da urbe romana.
16:00 – 17:45 – Mesa de Comunicações 004 – Sala 106
Coordenação: Prof. Ms. Fábio Bianchini Rocha
CRONO: PERSPECTIVAS SOBRE O TITÃ DO TEMPO
Graduando Felipe Hollanda Cavalcanti Velloso (UFRJ)
Resumo: A comunicação se utiliza de três textos teogônicos: Hesíodo, Derveni e as
Rapsódias visando explorar como a figura do Titã Crono foi distintamente representada entre
estas. A partir da análise dos textos supracitados, assim como um estudo sob a perspectiva
comparativista e o modelo de Philippson, visamos compreender a diversidade deste símbolo
grego, e as razões pelas quais o mesmo assumiu significados tão variados no mesmo
universo mítico. Como a figura de Crono se encaixava no pensamento grego de
temporalidade e quais são as possíveis razões de seu nome e epítetos.
UM PERFIL DE PANDORA: O MITO NA ATENAS CLÁSSICA
Graduando Bruno Rodrigo Couto Lemos (UFRJ)
Resumo: A tradição mitológica grega tem suas origens no século XII a.C., em uma
sociedade onde a oralidade, e não a escrita, era predominante e a atividade poética
apresentava-se como principal meio de veiculação desta tradição. Não obstante os séculos
que separam a Atenas Clássica do surgimento desses mitos e todo processo de laicização do
pensamento grego preconizado pela filosofia e pela historiografia, o mito permanece
lançando questionamentos sobre a sociedade ateniense dos séculos V e IV. O mito ainda é
tema, tanto nas diversas obras historiográficas do período, como também na filosofia que
“nasce” com a cidade, e principalmente, na Tragédia. Quais seriam então as implicações de
uma narrativa como a da geração de Pandora?
Propõe-se então analisar os dois poemas hesiódicos buscando estabelecer um "perfil" da
figura mítica de Pandora e perceber como este perfil aparece nos discursos sobre as posições
de mulheres e homens na Atenas Clássica.
TESEU E A MORTE DO MINOTAUTRO
Graduando Anderson Lúcio da Silva (UVA)
Resumo: Teseu é um herói Ateniense, filho de Egeu, rei de Atenas e de Etra, filha do rei de
Trezena. O objetivo é mostrar que Teseu é conhecido universalmente como herói que matou
o Minotauro (Astério), no labirinto (conjunto de corredores, salas, passagens e atalhos
intrincados, construídos de tal modo que todos aqueles que se enveredavam por eles não
conseguiam mais sair e acabavam sendo devorados pelo monstro) construído pelo arquiteto
Dédalo para Minos, rei da ilha de Creta. Partindo para Atenas com Ariadne, a quem
prometeu desposar, abandonou-a nas praias da ilha de Naxos, onde foi recolhida por
Dioniso. Ao regressar, o herói esqueceu-se de substituir a vela negra de seu navio por uma
vela branca que deveria anunciar a Egeu o sucesso de seu empreendimento, e seu pai,
desesperado, atirou-se de um rochedo ao mar que leva o seu nome. Após ter cumprido os
ritos funerários em honra de seu pai e festejado o retorno feliz dos jovens salvos do
Minotauro, Teseu, foi nomeado rei da cidade. O herói amargurado com a vida pessoal saiu
viajando em busca de novas aventuras e, ao voltar para Atenas, só encontrou desordem e
anarquia. Resolveu então deixar a cidade e se retirar para a ilha de Ciros, junto com os
membros da família que lhe restavam. O rei Ciros, Licomedes, foi tomado pelo ciúme,
sentindo-se ameaçado por manter em suas terras um soberano tão poderoso. Certo dia, a
pretexto de mostrar a Teseu toda a extensão de seu reino, Licomedes o levou até o alto de
uma montanha e o jogou lá de cima sobre as rochas pontiagudas. O resultado foi que
Túmulos e Cultos heróicos, exerciam para uma comunidade o papel de símbolo glorioso,
sendo que sua difusão responde a novas necessidades sociais que surgem com a cidade,
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tendo uma significação Religiosa e uma divisão dos atenienses em três classes: os eupátridas
(bem-nascidos), os geômoros (camponeses), e os demiurgos (artesãos). A conclusão é que
depois da morte do Minotauro, Teseu reuniu os habitantes da Ática a Mégara numa só
cidade, promulgou a primeira constituição Ateniense, instituiu a festa das Panatanéias e
cunhou uma moeda com a gravura de um boi para incentivar o desenvolvimento da
agricultura, no século V a. C.
ÉDIPO E A ESFINGE NA CENA ÁTICA
Graduando Rui da Cruz Silva Junior (UFRJ)
Resumo: Esta comunicação objetiva propor uma análise comparativa de um corpus
iconográfico composto por imagens em vasos cerâmicos datados do V. século a.C. onde
identifica-se a personagem mitológica de Édipo. Dentro deste corpus percebe-se uma
escolha bastante clara por um tipo de representação de Édipo que foge ao que nos vem
primeiro quando pensamos nesta personagem, isto é, aquele que é parricida e incestuoso.
Nenhuma destas duas alcunhas, consagradas à imagem de Édipo pelo texto sofocliano,
aparece referênciada dentro da iconografia. Um momento bastante distinto da mitologia da
personagem é constantemente retratado: Édipo frente a Esfinge. Procuraremos apontar
algumas reflexões, que longe de resolverem a questão, nos ajudam a compreender porque
parece a iconografia referente a Édipo estar representando um personagem afastado do
escolhido pela peça de Sófocles.
A PECULIARIDADE HERÓICA DE HEITOR, A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA DE
MORTE, HONRA E VERGONHA
Graduandos Adriano Pacheco Marins, Clara de Carvalho Rodrigues, Gabriel Barroso V.
Carneiro, Gabriel Duffles, Glenda Gathe Alves (UFRJ)
Resumo: Partindo da percepção de que Homero produziu a Ilíada em um período de
transição social, é possível analisar parâmetros que afirmam a peculiaridade heróica de
Heitor em função de seu caráter intermediário, ou seja, Heitor pode ser considerado um
herói atípico por se enquadrar tanto no modelo heróico padrão da Estrutura Palaciana,
quanto no modelo heróico padrão da Estrutura Políade. O contexto no qual Homero está
inserido torna tal assimilação à particularidade heróica de Heitor livre de anacronismos,
principalmente se analisada de uma perspectiva de morte, honra e vergonha; tendo esses
como alguns dos pilares fundamentais do sistema de valores aristocráticos da época.
18:00 – 20:30 – Mesa de Comunicações 005 – Salão Nobre
Coordenação: Profa. Dra. Marta Mega de Andrade
O ESPAÇO FUNERÁRIO: DEDICAÇÕES PRIVADAS E EXPOSIÇÃO PÚBLICA DAS
MULHERES EM ATENAS (SÉCS. VII-IV A.C.)
Profa. Dra. Marta Mega de Andrade (UFRJ)
Resumo: Apresentação de alguns dos resultados desta pesquisa, que busca discutir a
escritura funerária em sua relação com a construção de visibilidades femininas em espaço
público. Procuro incluir nesta abordagem não apenas o espaço físico destinado aos
Sepultamentos, que denominamos cemitérios ou necrópoles, mas principalmente a dimensão
discursiva e visual de uma produção social da mort e, na interseção com a negociação de
prerrogativas de gênero que ela implica. Daí o foco na importância da exposição pública
como forma de interpelação à comunidade, e como horizonte de práticas políticas na Atenas
Clássica.
IMAGEM DA MULHER E O PODER NA DINASTIA JÚLIO-CLAUDIANA – 27 A.C.-60 D.C.
Profa. Mestranda Simone Demboski Tonidandel (USP)
Resumo: Neste trabalho, será feita a análise das informações historiográficas (de 27 a.C. a
68 d.C.) que comprovem a participação feminina nas relações de poder, atentando-se às
funções atribuídas às mulheres dentro dos contextos público e privado. O intuito é pesquisar
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de maneira mais intrínseca e ampla, todas as informações possíveis que elenquem a
significativa influência da mulher junto a seus imperadores, e denotem sua respectiva
interferência nas decisões políticas, sociais e econômicas, que vieram a alterar o destino de
toda a Roma. Também será realizado um estudo acerca da construção imagética feminina,
durante o período Júlio-claudiano, que discursará sobre a intencionalidade inserida em suas
exibições, os aspectos considerados relevantes em suas idealizações e as suas principais
características.
REPRESENTAÇÃO, CONFLITO E PROPAGANDA NO FINAL DA REPÚBLICA: HORÁCIO E
A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DE CLEÓPATRA VII
Graduanda Camilla Ferreira Paulino da Silva (UFES)
Resumo: A pesquisa trata da representação de Cleópatra Ptolomeu VII no final da
República Romana, a partir dos poemas de Quinto Horácio Flaco, conceituado poeta do
século I a.C. que se torna próximo de Otávio, futuro imperador de Roma. Nessa época, esse
estava em conflito com Cleópatra e Marco Antônio. Em suas Odes e Epodos, o poeta deprecia
a imagem da rainha egípcia, auxiliando Otávio na construção da imagem de Cleópatra como
sendo uma ameaça orientalizante a Roma. Com essa pesquisa, pretendemos debater sobre
a construção da imagem de Cleópatra nesses poemas e notar como, a partir da polarização
Oriente/Ocidente, houve a afirmação da identidade romana através da estigmatização do
Egito, aqui representado por Cleópatra. Sobre a opção teórico-metodológica, optamos por
autores da Nova História Cultural, que tratam dos conceitos de representação e propaganda
- Georges Balandier e Roger Chartier- e que se relacionam diretamente com nosso objeto de
pesquisa.
18:00 – 20:30 – Mesa de Comunicações 006 – Sala 106
Coordenação: Profa. Dr. André Leonardo Chevitarese
POR QUE JESUS FOI CAPAZ DE ACALMAR A TEMPESTADE,
MAS ERA INCAPAZ DE LER E ESCREVER
Prof. Ms. Lair Amaro dos Santos Faria (UFRJ)
Resumo: A ampla maioria dos pesquisadores do cristianismo primitivo considera a narrativa
evangélica que relata Jesus acalmando uma tempestade como não autêntica e inverossímil.
Essa mesma maioria aceita que Jesus podia ler e/ou escrever. Esses dois exemplos são
usados para discutir aspectos da interpretação histórica e da historicidade na pesquisa do
Jesus histórico. Lidos dentro dos contextos históricos e culturais da época, é possível afirmar
ser implausível que o Jesus histórico soubesse ler e escrever, enquanto a história na qual ele
controla o clima contém dados históricos confiáveis.
JUDAS ISCARIOTES NO CRISTIANISMO PRIMITIVO: DO NOVO TESTAMENTO AO
EVANGELHO DE JUDAS
Prof. Mestrando Denes Ferreira Izidro (UCG)
Resumo: Judas Iscariotes e a intrepretação de seu caracter e papel na morte de Jesus são
apresentados em várias fontes cristãs antigas,desde o Novo Testamento até a literatura
apócrifa e/ou não-canônica,cada uma com sua própria peculiaridade,mas sempre em
crescente negativização da imagem de Judas.Não obstante,o Evangelho de Judas,
recentemente descoberto, reorienta o discurso das antigas e majoritárias tradições do
cristianismo primitivo,proponto uma leitura,se não plenamente positiva,pelo menos ambigüa
sobre o apóstolo que entregou Jesus.Esse estudo analisa as diversas tradições cristãs antigas
sobre Judas Iscariotes até o surgimento do Evangelho que leva seu nome,nos dois primeiros
séculos da histórica do cristianismo.
QUE HISTÓRIA É ESSA DE CRISTÃOS? CRÍTICA TEXTUAL DE UMA CONTROVERSA
CARTA DA ANTIGUIDADE
Profa. Doutoranda Amélia Regina Ramos Coelho (USP)
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Resumo: Diversos "fatos" chave do cristianismo primitivo derivam mais de tradição do que
de evidência. Isso vem acompanhado de alegações de que as evidências são raras ou
inexistentes. Este estudo baseia-se em evidência disponível, ignorada pela maioria. Análise
textual de uma longa carta a um imperador romano revela o verdadeiro uso antigo do termo
cristãos, questiona, entre outras, as atuais proposições sobre perseguição religiosa nos
primórdios da cristandade e conduz a inferências mais fundamentadas para se retraçar o
desenvolvimento do Santo Império Romano. Demonstramos também que tal
desenvolvimento deixou marcas no documento em questão, na forma de inserções ao texto.
Até o presente, tais adições não serviram à História tanto quanto a propósitos "piedosos".
Nossa contribuição começa a alterar isso.
CATACUMBAS ROMANAS E A ORDENAÇÃO DO TEMPO NO CALENDÁRIO DE
FILOCALUS
Graduanda Alinne Pereira da Costa (UERJ)
Resumo: Como José Luiz Izidoro (2008) propõe consideramos que o cristianismo surgiu e
se desenvolveu em ambientes Greco-romanos, assimilando, integrando e reinterpretando
muitos elementos sócio-culturais ali encontrados. E no caso específico da morte, esta
assimilação e integração não ocorreu de maneira diferenciada. Como reflexo desta
constatação temos os Cemitérios Subterrâneos Romanos Cristãos que assimilaram diversas
práticas ritualísticas dos pagãos. Um exemplo que constata a assimilação é a criação de um
Calendário de Filocalus para a comemoração do aniversário dos mártires que foram
sepultados nas Catacumbas. Pretendemos desta forma analisar este calendário como uma
forma de identidade cristã.
O SANTO CONFESSOR ENTRE A FUGA DO MUNDO E O ENFRENTAMENTO DO MUNDO
Profa. Doutoranda Miriam Lourdes Impellizieri Silva (USP)
Resumo: Passado o período das perseguições e dos mártires, principalmente a partir da
segunda metade do século IV, começa a forjar-se um novo modelo de santidade cristã: o do
santo confessor. Ao contrário do santo mártir, de cuja vida pouco ou nada se sabe, pois o
acento deste modelo recai sobre a morte como testemunho da fé, o santo confessor é aquele
que merece ser reconhecido e venerado por sua vida de sacrifícios e de imolações diárias
como confissão de fé. Nos embates pela ortodoxia e pela expansão do Cristianismo dentro da
sociedade romana dos séculos IV e V, sobressaem-se, no Ocidente, as figuras dos grandes
bispos, enquanto que, na parte oriental do Império, destacam-se os monges e anacoretas do
deserto. Fugir do mundo ou enfrentá-lo? Eis o dilema do santo confessor.
TERÇA-FEIRA – DIA 01 DE SETEMBRO
09:00 – 10:45 – Mesa de Comunicações 007 – Salão Nobre
Coordenação: Prof. Ms. José Roberto de Paiva
MÉTODO DE ANÁLISE E APLICABILIDADE NA ESTATUTÁRIA CÉLTICA NA BACIA DO
BAIXO RÓDANO
Graduando Erick Carvalho de Mello (UFF)
Resumo: Pretendemos com este trabalho analisar a chamada arte estatuária antropomórfica
céltica da bacia do Baixo Ródano utilizando-nos do método proposto por Martine Joly em
“Introdução à análise da Imagem”, efetuando a identificação da mensagem icônica presente
nessa estatuária e assim por meio de seus signos analisar o discurso de alteridade que existe
em sua representação do mundo céltico.
LEITURAS ACERCA DE ATHENÁ: UM ESTUDO DA IMAGÉTICA
ATENIENSE DO SÉCULO V A.C.
Graduanda Angélica Barros Gama Mesquita (UFRJ)
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Resumo: A pesquisa busca elaborar um estudo mais denso sobre os elementos de
configuração da deusa grega Athená dentro do Período Clássico (Séculos V – IV a.C.),
analisando seu contexto religioso, sua representação no campo imagético e documental.
Objetivando um aprofundamento do cultural e social que envolvia sua figuração simbólica.
AS ORIGENS DAS FIGURAS VERMELHAS E O STATUS DOS ARTESÃOS NA ATENAS
TARDO-ARCAICA (530-470 A.C.)
Prof. Mestrando Edson Moreira G. Neto (UFRJ)
Resumo: Neste trabalho nos dedicaremos ao estudo da produção e circulação das cerâmicas
na Ática, e o status social alcançado pelos artistas que produziam aquelas imagens. A partir
daí, analisaremos a influência que as cenas do cotidiano e do mito provenientes de Atenas
exerciam sobre o imaginário etrusco, uma vez que suas tradições e seus mitos fundadores
não tinham raízes tão profundas como os dos helenos.
ENFRENTAMENTOS MUSICAIS NA CERÂMICA GREGA: SAPPHOS E ALCAEUS COMO
SIMPOSIASTAS
Prof. Ms. José Roberto de Paiva Gomes (UERJ)
Resumo: Analisaremos o corpus imagético encontrados na Magna Grécia e na Ática com a
representação de Sapphos e Alcaeus como simposiastas no espaço sagrado do messón e no
contexto do simpósio dionisíaco. Procuraremos observar o espaço de interação entre o
masculino e o feminino em Lesbos e em Atenas no período Clássico. As imagens cerâmicas
estão relacionadas à prática do banquete e ao desenvolvimento dos agones musikoi,
integradas por Anacreonte, nas festividades cívicas atenienses, como as Grandes Dionisíacas
e as Panathenéias. O poeta incorporará a poesia lírica monódica aos entretenimentos ligados
as competições teatrais.
AS TIPOLOGIAS DE MARTE NAS EMISSÕES DE CONSTANTINO I: UMA REFLEXÃO
Prof. Mestrando Diogo Pereira da Silva (UFRJ)
Resumo: As moedas de Constantino com as tipologias de Marte são um objeto de análise
ainda pouco visitado por historiadores e numismatas, mais preocupados com simbologias
cristãs, ou analisando estas tipologias dentro do quadro do progressivo desaparecimento dos
deuses pagãos das emissões monetárias de Constantino. Nesta comunicação, pretende-se
problematizar a importância destas emissões monetárias, ao inseri-las seja no contexto de
suas cunhagens, seja na perspectiva ampla do governo deste imperador.
09:00 – 10:45 – Mesa de Comunicações 008 – Sala 106
Coordenação: Prof. Ms. Gisele Oliveira Ayres Barbosa
RELAÇÕES E PRÁTICAS ENTRE CIDADÃO E NÃO-CIDADÃOS NA
PÓLIS ATENIENSE CLÁSSICA
Graduando Daniel Teixeira Taveira (UFRJ)
Resumo: Espontaneamente apresentada pela historiografia os estudos acerca da
diferenciação política entre cidadãos e não-cidadãos nos levam a uma redução da análise
histórica da polis ateniense durante o período clássico. Pretende-se, com este trabalho, fazer
um estudo mais criterioso acerca dessa clivagem entre duas instâncias: os que excluem e os
que são excluídos. Isso se dará por meio do exame das atividades políticas exercidas pelos
membros que constituem a polis ateniense e da utilização de concepções teóricas
desenvolvidas por Michel Foucault que envolvam os estudos referentes às relações de poder
e práticas discursivas. É a tentativa de buscar entender claramente como uma distinção
política se deu em meio a uma rede profundamente imbricada de relações entre sujeitos
presentes na polis, ou seja, como determinadas práticas possibilitaram a existência e
manutenção desta exclusão; que efeitos são produzidos por essas práticas e de que ordem
eles são (positivos ou negativos?). Dessa forma, o que se quer com este estudo é fazer
9
frente ao que a tradição historiográfica nos apresenta como evidente e pensar em novos
questionamentos para análise da vida política ateniense."
AS REVOLTAS DE ESCRAVOS NA ROMA ANTIGA E O SEU IMPACTO SOBRE A
IDEOLOGIA E A POLÍTICA DA CLASSE DOMINANTE: A CONTESTAÇÃO DA TEORIA DA
ESCRAVIDÃO NATURAL, AS MUDANÇAS NA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E AS
REFORMAS DO PRINCIPADO
Prof. Mestrando Rafael Alves Rossi (UFF)
Resumo: A presente comunicação versa sobre as principais revoltas de escravos ocorridas
na Roma antiga e o seu impacto sobre a sociedade romana. A hipótese levantada é a de que
as rebeliões de escravos de grandes proporções colocaram em xeque a visão do escravo
como simples coisa ou animal. Os rebeldes dos exércitos siciliano e espartacano
questionaram no curso de sua luta a antiga teoria da escravidão natural elaborada por
Aristóteles e aplicada na prática pela classe dominante romana. Com isso, a opção pelo
discurso que reconhecia a humanidade dos escravos, como foi o caso dos estóicos, foi
adotado pela classe dominante junto com uma série de reformas que regulamentavam a
relação entre senhor e escravo.
AS ELITES ROMANAS E OS LIBERTOS – AS REPRESENTAÇÕES DO
PATRONATO NO SATYRICON
Prof. Mestrando André Eduardo da Silva Soares (UNIRIO)
Resumo: Como sabemos, as relações sociais na República Romana Tardia e no Alto Império
eram baseadas em redes de interdependências pessoais conhecidas como patronato. Nessa
comunicação analisaremos dois trechos de discursos do Satyricon, para identificar conflitos
presentes na sociedade romana do Alto Império. Demonstraremos que o autor do Satyricon,
por meio de atos de nomeação e representações, impunha um modelo de organização social
de acordo com os valores das elites romanas. Utilizaremos alguns elementos do método
semiótico de leitura isotópica e, assim, veremos que é possível identificar a rede temática do
bom/mau cliente, que nos remete para a axiologia fides/pietas, estabelecendo uma ação
ideal para os clientes.
A LEX PAPIRIA E O ENFRENTAMENTO ENTRE OPTIMATES E POPULARES: UMA
ANÁLISE A PARTIR DO LAELIUS DE AMICITIA DE CÍCERO
Prof. Ms. Gisele Oliveira Ayres Barbosa (USS – Vassouras)
Resumo: O orador romano Marco Túlio Cicero é uma das mais importantes fontes para o
estudo da República não só no que diz respeito à época em que viveu mas também a épocas
anteriores uma vez que freqüentemente faz alusões a acontecimentos políticos do
passado. A presente comunicação tem como proposta uma análise dos enfrentamentos
ocorridos entre populares e optimates durante o processo de aprovação da Lei Papíria
tomando por base as referências contidas na obra Sobre a Amizade (Laelius de Amicitia) de
Cícero. Em 131 a.C. a Lei Papíria instituiu o voto escrito e secreto nos Comícios legislativos.
Embora as informações de Cícero acerca da Lei Papíria sejam escassas, através destas podese vislumbrar o conflito entre partido popular e aristocracia senatorial que cercou a
aprovação da referida lei bem como a crença do famoso orador romano na incapacidade do
povo para decidir os destinos da Cidade.
O ENFRENTAMENTO ENTRE O METECO ATENIENSE E A INSTITUIÇÃO POLÍADE NO
DISCURSO DE LÍSIAS
Graduando Felipe Nascimento de Araujo (UERJ)
Resumo: Através da análise do discurso “Contra Eratóstenes”, de autoria do orador meteco
Lísias, pretendo com esta comunicação estabelecer uma hipótese relacionada com a
possibilidade da existência de um distanciamento da figura do meteco com a instituição da
pólis em si, como podemos notar no trecho: “Não merecíamos da cidade tamanho
tratamento (...) E foi desse tratamento que eles nos julgaram merecedores”. Ao
considerarmos que o autor do texto, Lísias também era um meteco como seu irmão
assassinado, percebemos que o sujeito oculto nós presente no texto se refere a eles
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enquanto um grupo social de entidade própria inseridos de uma maneira interdependente na
pólis ateniense.
11:00 – 12:30 – Mesa de Comunicações 009 – Salão Nobre
Coordenação: Prof. Mestrando Ivan Vieira Neto
ENTRE HIPÓSTASES E TEURGIA: O NEOPLATONISMO E SEUS MISTÉRIOS MÁGICOS
Prof. Mestrando Ivan Vieira Neto (UFG)
Resumo: Analisaremos nesta comunicação os aspectos mágico-religiosos do ritual teúrgico
proposto por Jâmblico de Cálcis, atentando-nos para as relações entre este rito e os
mistérios neoplatônicos considerados pelo filósofo em seu De Mysteriis Ægyptiorum.
Importa-nos também perceber o substrato plotiniano do neoplatonismo como norte
fundamental para as concepções jambliqueanas, tanto como influenciadoras diretas quanto
como ponto de partida para revisões e contraposições.
EPONA: A DEUSA-CAVALO ENTRE CELTAS E ROMANOS
Profa. Mestranda Renata Macedo Maia da Silva (UFRJ)
Resumo: A cultura, mais especificamente, a religiosidade de romanos e celtas era
constituída de elementos distintos. Podemos analisar entretanto, alguns pontos em comum.
A valorização de cavalos, de elites guerreiras e as iconografias da deusa Epona constituem
aqui a pedra de toque para uma perspectiva comparada dos encontros e enfrentamentos
entre celtas e romanos. Apresentamos um estudo de iconografia, simbologia e da sacralidade
da deusa Epona, cultuada em uma vasta área que ia do Danúbio à Gália e posteriormente
levada a Britania, com culto oficializado entre as legiões romanas.
DESCONSTRUINDO O „MATRIARCADO CELTA‟: UM ERRO, UMA POSSIBILIDADE OU
UMA NECESSIDADE?
Graduando Pedro Vieira da Silva Peixoto (UFRJ)
Resumo: Os papéis desempenhados pelas mulheres nas sociedades celtas bem como as
formas pelas quais os gêneros se relacionavam em tais sociedades foram objetos de diversos
estudos e discussões acadêmicas ao longo de décadas. Ainda hoje esse tema continua
bastante discutido mostrando-se controverso e instigante.
Dentre as teorias e hipóteses defendidas sobre o assunto, as relacionadas à ideia de
um „matriarcado‟ ou de um possível sistema „matriarcal‟ celta ganharam mais espaço,
comparando-se com as demais formulações.
Esta comunicação propõe-se, a partir de um balanço historiográfico, a discutir a
aplicabilidade da teoria do „matriarcado‟ nos estudos das sociedades europeias da Idade do
Ferro comumente denominadas como „celtas‟.
TRANSFORMAÇÕES E MAGIA: UMA ANÁLISE DAS RELAÇÕES DE PODER NA OBRA
METAMORFOSES
Graduando Rodrigo S. M. Oliveira (UFG)
Resumo: A sátira latina Metamorfoses, de Lúcio Apuleio, narra a aventura de um jovem em
sua busca pelo conhecimento mágico. Neste trabalho abordaremos a relação de poder entre
o personagem Lúcio e a escrava Fótis, na qual a serva domina um cidadão romano através
da compreensão das práticas mágicas, utilizadas também por sua senhora Panfília. A magia
torna-se um mecanismo de ascensão social, pois despertava medo e/ ou curiosidade
naqueles que não detinham tal conhecimento.
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O DIVINO E O THUMÓS NAS TRAGÉDIAS DE EURÍPIDES
Graduanda Diana F. Stephan (UFRJ)
Resumo: Os atenienses do período clássico (séculos V - IV a.C.) reservavam um espaço
importante dentro de sua cultura para o que chamamos de justa-medida (sophrosyne), que
está relacionada principalmente à capacidade de auto-controle do homem e de se manter
afastado dos excessos. Nem todos os cidadãos, porém, eram capazes de manter esta
conduta apreciada e as razões para este comportamento inadequado mudaram de acordo
com a época.
Anteriormente ao Período Clássico (séculos V - IV a.C.), esta conduta era considerada como
ação de origem divina (theos ou daimon), porém, com a inserção do paradigma socrático,
essa falta de controle começa a ser apresentada em alguns espaços como agente de
responsabilidade meramente humana, tendo a passionalidade, o “eu irracional” (thumós)
como agente de descontrole.
Esta mudança pode ser avistada em alguns espaços específicos, como é o caso da
documentação principal deste trabalho: as tragédias; gênero que possuía uma relação direta
com boa parte dos cidadãos e realizava um importante papel dentro da religião civil, sendo
um elemento fundamental na construção da identidade grega. Para este trabalho, porém,
nos enfocaremos apenas nas produções de um trágico que apresenta esta mudança de forma
clara: Eurípides.
11:00 – 12:30 – Mesa de Comunicações 010 – Sala 106
Coordenação: Prof. Ms. Maria Helena A. Pitta
O DUALISMO DO SER ÓRFICO NA EPÍSTOLA DE PAULO AOS ROMANOS
Prof. Roger Ribeiro da Silva (UNISUAM)
Resumo: Este trabalho consiste na comparação de fragmentos de textos encontrados na
obra de Platão e da Epístola aos Romanos atribuída a Paulo. Retirados de inúmeros textos
atribuídos a Platão, estes fragmentos tiveram confirmados indícios da teologia órfica pelo
professor Alberto Bernabé Pajares. Ao aplicar a Metodologia de Análise do Discurso
Teológico, desenvolvido especificamente para este trabalho, e comparados os resultados
individuais, encontramos pontos de encontro entre as duas teologias, a Órfica e a Paulinista,
acentuando o que tange a crença no Dualismo do Ser. A questão levantada neste trabalho se
refere a como a alma se une ao corpo e a que relação se estabelece entre estes na teologia
órfica, e como se reflete na carta aos Romanos.
ENFRENTAMENTOS JURÍDICOS NO DISCURSO CONTRA OS VENDEDORES DE TRIGO:
UM POSSÍVEL CASO DE EISANGELIA
Prof. Maurício dos Santos Ferreira (UNISUAM)
Resumo: Este trabalho objetiva investigar as leis concernentes ao discurso de acusação do
orador Lísias intitulado: Contra os vendedores de trigo. A partir desta fonte aspira-se
analisar as aplicações jurídicas e políticas dos nômos ateniense, em particular o caso de uma
possível eisangelia contra os Sitopolai do Pireu como forma de defesa da isonomia e do bemestar dos cidadãos atenienses.
SACERDOTES E MONARCAS, ENFRENTAMENTOS PELO PODER NA XVIII DINASTIA
EGÍPCIA
Prof. Marcio Sant´Anna dos Santos (UNISUAM)
Resumo: O objetivo deste trabalho é demonstrar o jogo de interesses existente entre os
sacerdotes do deus Amon, da cidade de Tebas, e o poder real durante a XVIII dinastia
egípcia, e como a pretensa revolução religiosa do faraó Akhenaton foi, na verdade, uma
política de retaliação voltada especificamente contra o grande acúmulo de poder do clero
tebano.
Também convém analisarmos o funcionamento da religião egípcia e suas estruturas
relacionadas ao poder, principalmente no que tange ao clero de Amon, divindade
12
reverenciada em Tebas, a capital cultural do Egito nesta época, que havia acumulado
excessivo poder e chegava a rivalizar com o próprio governante.
14:00 – 15:45 – Mesa de Comunicações 011 – Salão Nobre
Coordenação: Prof. Doutorando André Luiz Cruz Tavares
A ESTÉTICA CLÁSSICA E AS APROPRIAÇÕES ARTÍSTICAS PELO IMPÉRIO DO BRASIL
Graduanda Cláudia dos Santos Gomes (UFRJ)
Resumo: Inserida no projeto coletivo intitulado “Império: teoria e prática imperialista
romana”, a pesquisa busca demonstrar os desdobramentos da ideologia imperialista européia
e os estudos sobre o império romano.
Esta comunicação pretende analisar a adoção de modelos estéticos Greco-romanos
identificados no estilo artístico neoclássico e sua importância para a construção dos sistemas
de representação de identidade imperial no Brasil do século XIX.
A PRESENÇA DA HISTÓRIA ANTIGA NOS MANUAIS DIDÁTICOS DA REPÚBLICA
VELHA E A CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA REPUBLICANA
Prof. Doutorando André Luiz Cruz Tavares (UNESP)
Resumo: O trabalho tem o objetivo de analisar o uso do passado republicano romano nos
manuais didáticos da República Velha e sua relação com a construção da identidade
republicana brasileira nas primeiras décadas do século XX. Para tanto, são esmiuçadas as
principais imagens literárias presentes em alguns manuais do ensino público brasileira do
período, bem como o papel que Cícero, conhecido defensor do sistema republicano
romano, desempenha nesses textos pedagógicos.
MITO E RELIGIOSIDADE NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA: ENTRE A HISTÓRIA ANTIGA
E O ENSINO DE HISTÓRIA
Graduanda Eduarda Angelim Soares Souza (UFRJ)
Resumo: Esta comunicação visa perceber a possibilidade do ensino da antiguidade clássica,
a partir do foco no cotidiano. Fazendo um estudo de caso acerca de mito e religiosidade,
buscamos nos apropriar do acervo da exposição Imperatriz Teresa Cristina do Museu
Nacional da UFRJ, para um trabalho didático com alunos do ensino fundamental.
Apresentaremos como exemplo a oficina “Com a mão na massa” aplicada para a antiga sexta
série, atual sétimo ano, do CAP-UFRJ em outubro de 2008.
COMER E BEBER: CONSTRUÇÃO DE UMA PROPOSTA DIDÁTICA PARA O ENSINO
COTIDIANO DA ANTIGUIDADE
Graduando Rui da Cruz Silva Junior (UFRJ)
Resumo: Esta comunicação objetiva apresentar a proposta didática construída durante a
elaboração e aplicação em turmas do Colégio de Aplicação da UFRJ da oficina pedagógica
"Com a mão na massa", que utilizou como fonte para sua elaboração as salas relativas a
cerâmica antiga da exposição permanente do Museu Nacional/UFRJ. Além das propostas
didáticas, analisaremos alguns resultados da oficina, na forma de atividades desenvolvidas
pelos alunos participantes, afim de perceber a apropriação do acervo realizada por eles na
construção do conhecimento sobre o cotidiano na Antiguidade Clássica. Objetivando um
recorte proveitoso nos deteremos na análise do módulo "Comer e Beber" desenvolvido
dentro da oficina.
DO MARE NOSTRUM AO RULE BRITANNIA: OS ESTUDOS SOBRE O IMPÉRIO
ROMANO E OS DESDOBRAMENTOS DA IDEOLOGIA IMPERIALISTA BRITÂNICA
Graduanda Érika Vital Pedreira (UFRJ)
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Resumo: O presente trabalho está relacionado ao projeto de pesquisa coletivo intitulado
“Império: teoria e prática imperialista Romana”. Este projeto ao estar vinculado ao PPGHC se
preocupa em construir um campo de experimentação de pesquisa sobre o conjunto de
elementos que caracterizam a formação, reprodução e desagregação de Impérios. Sendo
assim, particularmente, no tocante a minha pesquisa problematizo a experiência imperialista
romana na província da Britânia; ao mesmo tempo que proponho uma análise da experiência
imperialista Britânica no século XIX.
14:00 – 15:45 – Mesa de Comunicações 012 – Sala 106
Coordenação: Prof. Ms. Alexandre Santos de Moraes
O GÊNIO DAS NOVE MUSAS: UMA RELEITURA DA TRADIÇÃO CLÁSSICA
Graduando Lucas Zelesco de Oliveira (UFRJ)
Resumo: Desde a Antiguidade as nove Musas, filhas de Zeus e Mnemosine, foram sempre
consideradas como excelentes e exemplares nas artes e nas ciências, ocupando um lugar de
destaque no Ocidente como patronas da cultura. Referências a elas estão presentes em
diferentes sociedades e temporalidades, e no Brasil do século XIX as encontramos sendo
presididas não por Apolo ou Heracles musageta, mas por um índio alado, gênio do Brasil que
as coroa de louros. Este trabalho traz algumas reflexões sobre a história da tradição clássica
no Brasil, feitas a partir da leitura do tímpano intitulado O Gênio do Brasil presidindo as
Musas (1860), pensando o discurso de origem, identidade e desenvolvimento que evoca e o
passado e presente de uma disciplina.
A INFLUÊNCIA DE ODIN [WOTAN] EM “O SENHOR DOS ANÉIS”
Graduando Renato Dantas de Nóbrega (UNESA)
Resumo: O trabalho propõe uma comparação entre o livro "O Senhor dos Anéis" de J.R.R.
Tolkien com a Mitologia Germânica, focando o seu olhar sob os aspectos referentes a
influência direta da divindade Odin [ou Wotan] dando origem a personagens como o mago
Gandalf, o sábio Saruman e o terrível Sauron.
ORIGEM CELTA DOS CONTOS DE FADAS
Graduanda Beatriz Marques Martins (UNESA)
Resumo: O Trabalho propõe um breve histórico das possíveis origens do povo celta. Em
seguida relacionam-se as características formadoras das crenças celtas, assinalando a
mitologia como base formadora dos cultos religiosos e a interligação desses com a natureza
tendo a presença do Druida como intermediário entre o povo e o divino. Após o
levantamento desses elementos, de extrema importância para o povo celta, compreende-se
a importância dos encontros noturnos para o povo compartilhar as experiências diversas,
através de narrativas incluindo feitos de bravura e heroísmo que, posteriormente, foram
transmitidas oralmente, de geração em geração, relatando diversas façanhas e a presença
feminina como forte influência nas decisões das tribos, dada a importância da mulher. A
partir desses dados poderemos chegar a uma das origens do que hoje conhecemos como
contos de fadas e a inserção do elemento feminino como ser fantástico com o advento do
sistema patriarcal.
DIALOGANDO COM PLATO TODAY: AS DIFERENTES VISÕES SOBRE A INFLUÊNCIA
DAS IDÉIAS PLATÔNICAS NO NAZISMO
Graduanda Ana Carolina Mascarenhas da Silva (UFRJ)
Resumo: Esta comunicação tem por objetivo estabelecer um diálogo com o livro de Richard
Crossman, Plato Today. Neste livro, publicado em 1937, o autor traz Platão ao século XX,
para analisar o uso das suas idéias em determinadas situações, dentre as quais uma
assembléia do Partido Nazista. Pretende-se, assim, discutir os elementos apontados pelo
autor, apresentando as convergências e divergências em relação as idéias em questão.
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LITÍGIOS E CONSENSOS NA MANUTENÇÃO CONJUNTA DE BENS NO EGITO
FARAÔNICO
Prof. Bruno dos Santos Silva (UFF)
Resumo: Esta comunicação propõe mostrar possibilidades variadas de gestão de patrimônio
na civilização egípcia, assunto relacionado fortemente à diversidade de estruturas familiares
e unidades domésticas. Conforme se aumentava o conjunto de bens em uma unidade
doméstica, crescia também sua possibilidade de apresentar arranjos sociais mais complexos.
O desenvolvimento de tal organização poderia causar muitas vezes divergências internas,
como a discussão de quem deveria ser o responsável por todo o patrimônio em jogo,
disputas que poderiam até mesmo sair do âmbito familiar para a Justiça. É, portanto, um
tema que apresenta questionamentos integrados às disciplinas de Antropologia e o Direito.
16:00 – 17:45 – Mesa de Comunicações 013 – Salão Nobre
Coordenação: Prof. Doutorando Fábio Ferreira Ribeiro
O TEMPO DOS EXCLUÍDOS: ENCONTROS E ENFRENTAMENTOS NA NARRATIVA DE
MATEUS SOBRE A PROCISSÃO RUMO AO TEMPLO
Graduando Junio Cesar Rodrigues Lima (UERJ)
Resumo: A sociedade judaica do primeiro século foi cenário de encontro e enfrentamento
entre vários segmentos sociais. O discurso de Mateus indica que o Templo de Jerusalém,
lugar social tanto para judeus messiânicos quanto para judeus da terra de Israel, foi objeto
de disputa política, social e religiosa visando inclusão social. A narrativa da procissão rumo
ao templo indica que as relações entre a comunidade de Mateus e o judaísmo eram
ambíguas e excludentes, resultando em aspirações populares por uma nova ordem social
onde a minoria identificada com os pobres, deficientes físicos, pescadores e mulheres teriam
o mesmo direito de se aproximar da divindade judaica e usufruir da relação culto-benefício.
A presente comunicação procura responder os seguintes questionamentos: Qual o papel
social do templo para a comunidade de Mateus? O que motivou o enfrentamento entre os
judeus messiânicos e o judaísmo do templo?
METODOLOGIA PARA O ESTUDO DE DOCUMENTAÇÃO ANTIGA A PARTIR DE UM
“PARADIGMA INDICIÁRIO”: UMA ANÁLISE DE CASO A PARTIR DO AMBIENTE
MÁGICO ANTIGO NOS TEXTOS DE GÁLATAS 3,1 e PGM CXXI, 1-14
Graduando Daniel Justi
Resumo: O presente trabalho pretende ser uma contribuição à comunidade acadêmica no
que diz respeito à metodologia de estudo em textos da Antiguidade (entendendo esse termo
de acordo com a delimitação temporal usual que parte do período pré-histórico até o IV
século da era comum).
A intenção é elencar as características e, principalmente, dificuldades no acesso a fontes
antigas, perceber as possibilidades de acessos metodológicos a esses documentos e, por fim,
colocar em relevo a proposta do historiador italiano Carlo Ginzburg, com a tese de
“Paradigma indiciário”, como fundamental para o ponto de partida no estudo da
documentação (escrita ou imagética) antiga.
A proposta metodológica então, depois de teorizada, será aplicada em uma análise de caso
nos textos de Gálatas 3,1 (Novo Testamento cristão) e PGM CXXI, 1-14 (Papiros Mágicos
Gregos) para perceber como é possível estabelecer uma interpretação consistente entre os
textos analisados da presença do elemento mágico na cultura e literatura antigas e de que
maneira essa influência do universo mágico é banida dos estudos bíblicos modernos a partir
do Iluminismo.
A ANÁLISE DAS EPÍSTOLAS PAULINAS COMO FONTES PARA A RECONSTITUIÇÃO DA
HISTÓRIA DO CRISTIANISMO
Prof. Doutorando Fábio Ferreira Ribeiro (UFF)
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Resumo: Atribuí-se ao Apóstolo Paulo, figura com expressivo papel na expansão do
cristianismo no mundo antigo, a autoria de quatorze cartas que compõem o Novo
Testamento. As epistolas, dirigidas a indivíduos ou grupos cristãos, contém uma série de
admoestações e ensinamentos para estes, bem como uma multiplicidade de dados a respeito
do cristianismo praticado à época. Assim, o presente trabalho irá analisar as epístolas
paulinas como fontes para a reconstituição da história dos primeiros anos do cristianismo.
O APOLOGETICUM DE TERTULIANO DE CARTAGO: DESCONSTRUINDO FRONTEIRAS
E REPRESENTAÇÕES
Prof. Philipe da Silva Batista (UFF)
Resumo: Este trabalho investiga as relações entre a sociedade romana do final do século II
e as comunidades cristãs. Em meio ao clima de tensão que produziu inúmeros mártires por
todo o Império romano os apologistas tentaram defender sua fé explicando sua doutrina,
seus ritos e seu modo de vida.
A partir da análise da obra Apologeticum de Tertuliano,
endereçada aos magistrados, observamos uma tentativa de dar legitimidade a fé cristã,
negando a alteridade imposta pela sociedade romana e tendo como característica original a
utilização de uma linguagem jurídica altamente irônica. Utilizando os conceitos de
representação de Roger Chartier e de etnicidade de Fredrik Barth foi possível vislumbrar a
estratégia de Tertuliano percebendo através da analise de outras fontes a aproximação de
valores cristãos com valores já presentes na sociedade romana.
CELTAS NA GALÁCIA: ESTUDO ACERCA DAS COMUNIDADES CRISTÃS PRIMITIVAS
NA ANATÓLIA
Graduanda Bianca Miranda Cardoso (UFRJ)
Resumo: O trabalho apresentado é fruto de uma pesquisa em curso com fins monográficos.
A partir da análise da carta de Paulo aos Gálatas e dos estudos arqueológicos sobre a região
pretende-se demonstrar a presença de vestígios da cultura celta na região da Anatólia no
século I da era comum. Isto indicaria uma interação entre os povos presentes na região
central da península da Anatólia, na Ásia Menor, e os povos celtas vindos da Europa.
Com isso, o estudo proposto tem por objetivo perceber a presença de diversos povos
na região da Anatólia, entre eles os celtas, e
como as relações entre estes povos
contribuíram para a configuração de uma sociedade heterogenea a quem Paulo se dirige.
16:00 – 17:45 – Mesa de Comunicações 014 – Sala 106
Coordenação: Prof. Dr. Cláudio Umpierre Carlan
ROMA E OS POVOS GERMÂNICOS: ENCONTROS E RIVALIDAES NO BAIXO IMPÉRIO
Prof. Dr. Cláudio Umpierre Carlan (UNIFAL)
Resumo: A partir do final do século III, o Mundo Romano sofreu uma série de reformas, que
mudaram por completo boa parte da sua estrutura administrativa. Os povos conhecidos
como “bárbaros” começaram a participar da vida pública, influenciando diretamente na
política do Império. Usando como fonte principal, o importante acervo numismático do
Museu Histórico Nacional/RJ, pretendemos analisar como essas mudanças foram
significativas para as futuras gerações, herdeiras do contato tardio entre romanos e
germanos.
AS OCUPAÇÕES TRIBAIS EM CANAÃ
MEDITERRÂNEA NO SÉCULO X A.C.
E
AS
INVASÕES
EGÉIAS
DA
COSTA
Prof. Marcos Davi Duarte da Cunha (UGF)
Resumo: O objetivo do presente trabalho é apresentar o contexto histórico do período das
invasões dos “ Povos do Mar ” pela Costa Mediterrânea; seus propósitos e características e a
ameaça à monopolização marítimo-mercantil pelos Fenícios como marinha egípcia. Neste
meão trataremos principalmente da “questão dos filisteus”, seu sistema de governo; suas
influências para com as tribos em Canaã ( hebreus e cananeus ), no que acarretou para a
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formação da primeira manifestação entre as tribos hebréias do personagem “rei-sacerdote” e
suas conseqüências para com as estruturas religiosas daquela atualidade. Os problemas da
transição “tribo x reino” e disparidades militares entre os dois sistemas.
ROMANOS E GERMANOS – DO LIMES AO LIMITE FINAL: POR UM SUCINTO VIÉS
HISTÓRICO-LITERÁRIO DE ANÁLISE
Prof. Dr. Álvaro Alfredo Bragança Júnior (UFRJ)
Resumo: As relações romano-germânicas a partir do século I a.C. fornecem ao estudioso
momentos de enfrentamentos, convivência e embates finais entre esferas culturais distintas.
Tomando como base as sempre importantes obras de de Caius Julius Caesar e Caius
Cornelius Tacitus, descrevem-se neste trabalho aspectos dos confrontos entre Roma e as
tribos germânicas, em que alguns aspectos lingüísticos, históricos e literários que configuram
o universo guerreiro germano servirão de contraponto ao legionário romano.
ENFRENTAMENTOS: DOMINAÇÃO E RESISTÊNCIA NA EXPANSÃO
IMPERIAL EGÍPCIA DA XVIIIª DINASTIA
Prof. Mestrando Fábio Frizzo (UFF)
Resumo: O período da história egípcia conhecido como Reino Novo inicia-se com a expulsão
dos invasores estrangeiros no território da “terra negra”. Ao sul, abaixo da primeira catarata,
reconquistou-se a porção de terra que fora perdida para os núbios kushitas. Ao norte, no
Delta do Nilo, a batalha foi travada contra os asiáticos hicsos, que foram repelidos para a
Síria-Palestina e perseguidos naquela região pelos exércitos egípcios de Kamés. O contato
com os hicsos na “terra negra”, estabelecido durante as décadas do II Período Intermediário,
levou a um desenvolvimento nas forças produtivas e na tecnologia bélica egípcia, que
proporcionou o movimento de expansão territorial pela Núbia e pelo Levante. Esta
comunicação busca analisar as modificações na estrutura econômico-militar relativas a este
momento da história egípcia.
CARATACO E ROMA: O CHOQUE ENTRE PROJETOS EXPANSIONISTAS NA BRITÂNIA
ANALISADO PELA PERSPECTIVA DA FRONTEIRA ÉTNICA
Prof. Ms. Bernardo Luiz Martins Milazzo (UFF)
Resumo: A comunicação visa analisar a dinâmica do enfrentamento entre as forças romanas
e bretãs, a partir de fontes literárias, especialmente a fonte Anais, de Tácito. Temos como
um dos objetivos principais estudar a aplicação do conceito de “fronteira étnica”, tal como foi
enunciado por Fredrik Barth . Para tal, nos propomos a analisar e interpretar o movimento
de resistência de Carataco, um príncipe bretão, decorrente da conquista imperialista romana.
A nossa escolha por abordar a problemática a partir da perspectiva da fronteira étnica
fundamenta-se a partir da obra de Barth, em que são privilegiados os contatos, mesmo
belicosos, entre povos e sociedades, em que os agentes sociais se percebem como
portadores de uma identidade étnica a partir do confronto com o outro. Para atingir os
objetivos da pesquisa, utilizamos uma metodologia de análise textual baseada em uma
técnica semiótica, a “leitura isotópica”, para conferir rigor a nossa análise.
18:00-20:30h – Salão Nobre
Conferência 02
ENFRENTANDO SEUS DEMONIOS: OS CAPÍTULOS 144 A 147 DO “LIVRO DOS
MORTOS”
Prof. Dr. Antonio Brancaglion Jr
Museu Nacional – Universidade Federal do Rio de Janeiro
Resumo: Os textos e vinhetas do chamado “Livro dos Mortos” fornecem-nos muitas
evidências de como os egípcios antigos concebiam o seu Mundo dos Mortos, como sendo um
local habitado por criaturas sobrenaturais que deveriam ser enfrentadas.
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Presentes na Literatura Funerária desde os “Textos dos Caixões” é a partir do Novo Império
que estas criaturas tornam-se comuns não somente nas vinhetas dos capítulos 144 a 147 do
“Livro dos Mortos” como em pinturas de tumbas, sarcófagos e outros objetos funerários.
Estes seres são, com freqüência, chamados de “demônios”. Embora o termo não possa ser
considerado apropriado pois são, na realidade, a personificação de aspectos divinos ou
mesmo divindades menores como provam seus nomes e epítetos.
A natureza potencialmente perigosa destes seres está em sua função de proteger o Mundo
dos Mortos das ameaças externas bem como de serem os responsáveis pela punição enviada
pelos deuses.
O objetivo desta apresentação é mostrar como era possível para os mortos enfrentar estes
guardiões do outro mundo e como através de seus nomes e de sua iconografia podemos
estabelecer uma tipologia e categorias para estes seres infernais.
Conferência 03
DIONISO EN LOS HIMNOS HOMÉRICOS. LA SINGULARIDAD DE UNA PRESENCIA A
LA LUZ DE LA TENSIÓN ENCUENTRO-ENFRENTAMIENTO
María Cecilia Colombani
Facultad de Filosofía, Ciencias de la Educación y Humanidades. Universidad de Morón
Facultad de Humanidades. Universidad Nacional de Mar del Plata
Resumo: Nos proponemos rastrear algunas marcas de la configuración dionisíaca en el
contexto de los poemas homéricos dedicados a Dioniso.
A su vez el corpus de reflexiones se enmarca en un estudio más amplio del universo mítico,
radicado en el proyecto de investigación sobre los linajes diurno y nocturno en la mitología
griega, que dirige quien suscribe.
Como anticipamos, la figura elegida para testear el abordaje propuesto es Dioniso, a partir
de las marcas identitarias que lo constituyen, las cuales inauguran un universo simbólico de
marcada ambigüedad y duplicidad, al tiempo que permiten rastrear la tensión encuentroenfrentamiento como par problemático.
En primer lugar, recorreremos los Himnos I y XXVI, tratando de identificar el primer
sema que convoca el presente Ciclo de Debates: las figuras del “encuentro”; figuras de signo
variado, a veces familiares y apacibles, otras, cargadas de violencia.
En segundo lugar, nos instalaremos en el Himno VII, el cual nos permitirá rastrear una
marca identitaria de especial atención en nuestra línea investigativa: la crueldad que el dios
es capaz de propinar a quienes lo desconocen. El relato se inscribe en una de las tantas
teomaquias que la narrativa mítica nos devuelve a la hora de sentar las bases de la distancia
que separa a hombres y dioses y el destino trágico que les corresponde a los mortales que
sobrepasan su propio límite. A su vez este himno nos permite ubicar nítidamente el segundo
sema que nos convoca: “el enfrentamiento”, de signo violento y hostil.
Dios ambiguo y siempre conmocionante. Dios enigmático y siempre cambiante, capaz de
encuentros y enfrentamientos, apacibles y violentos. Su ser es la fluidez ontológica, la
perpetua desterritorialización de la forma que porta mil máscaras, hasta rozar esa dimensión
de lo áltero que, desde su extranjeridad, constituye aquello que los griegos incluían en la
categoría de lo diferente por extraño, cuya presencia y modos de comportamiento, evocaban
el pathos del horror su rostro arroja.
QUARTA-FEIRA – DIA 02 DE SETEMBRO
09:00-12:30h – Salão Nobre
Conferência 04
ELITISMO CULTURAL E “DEMOCRATIZAÇÃO DA CULTURA” NO IMPÉRIO ROMANO TARDIO
Jean-Michel Carrié
Membro associado do Centre de Recherches Historiques
Diretor da revista Antiquité Tardive
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Resumo: A produção literária e artística dos últimos séculos da Antiguidade apresenta
todos os sinais de elitismo cultural. Por trás desta aparência, e contrastando com a
impossibilidade radical de democratização política do regime imperial, podemos de toda
maneira reconhecer os sinais de um processo que o historiador italiano Santo Mazzarino
chamou de “democratização da cultura”. Outros historiadores chamaram de “vulgarização”.A
historiografia catastrófica do “declínio” do mundo antigo e da queda do Império romano
atribuiu uma difícil responsabilidade ao que ela apresentava como um nivelamento pela base
da sociedade antiga e da sua cultura sobre a ação conjugada de dois fatores: a
cristianização, promotora de um populismo cultural, e a barbarização, destruidora das mais
altas realizações da tradição clássica. De toda maneira, a “democratização” pode também ser
analisada em termos de “democratização positiva”, ascendente (de baixo para cima). O
debate continua vivo, entre os historiadores atuais, de decidir se essas tendências à
democratização da cultura apresentaram um fenômeno negativo ou positivo. É necessário,
no entanto, afastar todo jugamento de valor a priori, necessariamente subjetivo, se
queremos nos dar os meios de estudar o fenômeno em seus diversos aspectos. Os
resultados desse tipo de enquete se diversificam então, segundo os domínios onde se
manifesta uma democratização: a produção literária e artística, a produção material, o
pensamento jurídico, as crenças religiosas, as evoluções linguísticas, a afirmação das
culturas nacionais.
Conferência 05
ÉTHOS COLONIAL E A NATUREZA DA CIDADE PORTUÁRIA: O CASO FOCEU
Profa. Dra. Adriene Baron Tacla
Departamento História, CEIA, UFF
Pós-doutoranda do Labeca/MAE/USP
Financiamento: FAPESP
Resumo: Tradicionalmente, os estudos acerca da colonização helênica têm uma posição
unânime que defende a percepção de um fenômeno uno, divergindo eles tão somente a
respeito das alegadas “causas” motoras do movimento colonial. Grande, porém, tem sido a
quantidade de pesquisas recentes questionando os postulados dessa visão. Em consonância
com essas abordagens revisionistas, o presente trabalho, que deriva de nossa pesquisa de
pós-doutoramento no Labeca/MAE/USP, vem tratar da prática colonial focéia, destacando
sua singularidade dentre as colonizações helênicas. Enfocaremos, por conseguinte, a relação
entre esse éthos colonial e a natureza da cidade portuária, tendo por base os relatos e os
achados arqueológicos das fundações focéias.
14:00 – 15:45 – Mesa de Comunicações 015 – Salão Nobre
Coordenação: Profa. Dra. Juliana Bastos
HISTÓRIA DE ESPARTA: CONTRIBUIÇÕES DA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA
Graduando Cleyton Tavares da Silveira Silva (UFRN)
Resumo: Nos últimos anos a pesquisa Clássica no Brasil tem crescido sensivelmente,
possivelmente, pelo aumento no número de publicações específicas sobre o mundo Antigo
através da criação de revistas acadêmicas, como a Classica e a Phôinix. Contudo sobre o
tema Esparta, o número de trabalhos é bastante reduzido, entretanto, bastante significativo.
Pretendemos, portanto, analisar a historiografia Brasileira sobre Esparta – como percebe os
espartanos como produtores de seu status políade, que fontes usufrui para obter suas
conclusões, de que referenciais teórico-metodológicos parte, e a priori identificar quem são
os historiadores que trabalham com o tema em nosso país. Para tanto, lançaremos mão da
leitura e observação da produção historiográfica brasileira datada a partir de 1988, pois
neste ano é criada a revista Classica, passando por 1995, a criação da Phôinix até as
produções mais recentes.
A QUESTÃO PITAGÓRICA: O PROBLEMA DAS FONTES PARA O
ESTUDO DO PITAGORISMO
Prof. Mestrando Angelo Balbino (UnB)
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Resumo: O Pitagorismo como Filosofia é algo que permeia dez séculos somente na História
da Filosofia Antiga. Os relatos substancialmente completos mais próximos do Sâmio são bem
posteriores a sua morte, soma-se a isso a figura mítica construída ao redor de Pitágoras. A
antiga tradição apresenta diferentes imagens de Pitágoras: filósofo e iniciador do racional
investigativo, cientista e matemático, político, líder religioso. Com certeza ele foi uma
personalidade extraordinária e um líder carismático, venerado pelos seus seguidores e
respeitado por seus adversários. A nossa pesquisa começa sua abordagem buscando abrir
um debate sobre a Questão das fontes para o estudo do Pitagorismo: devemos reconstruir o
debate a respeito da Questão Pitagórica como parte do esforço para compreender o conjunto
de dificuldades para estudar o Pitagorismo.
A RETÓRICA ARISTOTÉLICA E FLÁVIO JOSEFO
Prof. Mestrando Jorwan Gama da Costa Junior (UFRJ)
Resumo: Nesta comunicação, analisaremos trechos da obra "Guerra dos Judeus contra os
romanos" que narram a destruição do Templo de Jerusalém por Tito. Objetivamos
demonstrar que o autor do livro, Flávio Josefo, utilizou-se de uma série de recursos
retóricos, apresentados por Aristóteles no livro "Retórica das Paixões", a fim de evidenciar
seu apego à cultura judaica e sua preocupação em legitimar os atos romanos.
MUITO ALÉM DA GEOGRAFIA: O ESPAÇO COGNITIVO DE AMIANO MARCELINO
Profa. Dra. Juliana Bastos Marques (UNIRIO)
Resumo: Esta comunicação pretende apresentar, em primeiro lugar, considerações sobre o
uso das teorias da geografia cognitiva, em especial o conceito de “mapas mentais”, e sua
utilização no estudo do espaço no mundo antigo, em especial no caso de Amiano Marcelino.
Uma leitura crítica do uso que os especialistas em cartografia antiga fazem dessas teorias e
conceitos pode levar a implicações bastante produtivas. Em segundo lugar, discute-se uma
possibilidade de leitura ampliada do espaço cognitivo em Amiano para além de suas
digressões estritamente geográficas, entendendo-se o espaço em seu texto também como
delimitado pela função, ênfase e premência de outros elementos da narrativa, como, por
exemplo, o papel dos imperadores.
A HISTORIOGRAFIA MODERNA E A RACIONALIDADE NA ECONOMIA ANTIGA:
CONTRIBUIÇÃO A PARTIR DA ANÁLISE DOS AGRÔNOMOS LATINOS
Prof. Mestrando José Ernesto Moura Knust (UFF)
Resumo: Os estudos sobre a Economia Antiga são um dos maiores campos de batalha da
historiografia dedicada ao mundo antigo. Desde o final do século XIX, grandes contribuições
têm surgido no debate, porém, o importante tema da racionalidade econômica vem sendo
deixado de lado. Pretendemos discutir nesta comunicação o próprio conceito de
racionalidade, propondo como mais útil para o estudo da antiguidade o conceito proposto por
Maurice Godelier de Racionalidade Social. A guisa de conclusão, demonstraremos as
potencialidades da utilização deste conceito para o estudo dos tratados agronômicos latinos.
14:00 – 15:45 – Mesa de Comunicações 016 – Sala 106
Coordenação: Prof. Dr. Gilvan Ventura da Silva
HOMILIA E RETÓRICA NO IMPÉRIO ROMANO: JOÃO CRISÓSTOMO E O
ENFRENTAMENTO COM OS JUDEUS E JUDAIZANTES EM ANTIOQUIA
Prof. Dr. Gilvan Ventura da Silva (UFES)
Resumo: Dentre o repertório de documentos que contem alusões à situação dos judeus e
judaizantes na Síria, talvez o mais valioso seja a série de oito homilias Adversus Iudeaos
proferidas por João Crisóstomo em Antioquia. Por meio delas, João ataca com virulência os
judeus de seu tempo, o que nos parece constituir uma evidência praticamente irrefutável de
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que, do ponto de vista das interações sincréticas entre os grupos sociais, a separação entre o
judaísmo e o cristianismo ainda não havia se consumado no século IV, ao menos não com o
alcance e a intensidade desejados pelas lideranças episcopais desde pelo menos Justino.
Com esta comunicação, temos por finalidade discutir a importância assumida pelas homilias
na propagação de valores eclesiásticos entre a população urbana do Império Romano, o que
nos remete à discussão dos vínculos mantidos entre a retórica clássica e a prédica cristã.
Nosso principal objetivo é demonstrar como as homilias constituíram um importante recurso
no decorrer do enfrentamento que a elite eclesiástica realiza, no território da cidade, com os
seus opositores religiosos.
A GRANDE BALSA E A IMPOSSÍVEL CONTEMPLAÇÃO DO RIO: O ISTO COMO O
IMPOSSÍVEL GESTO DE APONTAR O ISTO
Prof. Doutoranda Giovanna Marina Giffoni (UFRJ)
Resumo: O Discurso da Flor integra o conjunto das chamadas Koans, da escola do Budismo
Zen. Koans, cujo significado estrito é "causas públicas", "causas a serem julgadas", são
histórias, exemplos, diálogos, questões, postulados, da tradição zen. São grande parte da
obra filosófica desta escola, que surge na China com a aproximação do Budismo chegado da
Índia com sistemas autóctones como o Taoísmo. Na China há uma máxima que diz "A
sabedoria de um pensador se mede pela sua capacidade de dar um exemplo". Os exemplos
são a base do pensamento de diversas escolas orientais. História exemplar, paradigma,
fábula. Nenhum destes gêneros de narrar manteve-se com prestígio no ocidente. Nem como
Literatura, menos ainda como Filosofia. Sua característica fundamental é o didatismo, que
vigora como gesto.
BÍBLIA: HISTÓRIA E LITERATURA. UM DIÁLOGO POSSÍVEL?
Graduanda Lenice Gomes Pereira (UFRJ)
Resumo: O objetivo do presente trabalho é apresentar o levantamento da contribuição
interdisciplinar na (re)leitura dos textos bíblicos, já que muitas são as (re)leituras do Livro
instituído pelo judaísmo e cristianismo como referência de fé e prática. Segundo Anne-Marie
Pelletier, o texto bíblico não foi escrito e inscrito apenas em uma conjuntura histórica que
explica seu sentido, nos permitindo assim ampliar a (re)leitura abordando a questão literária.
Tem que se observar a história que, posterior ao texto escrito, constitui a seqüência de suas
releituras e de sua recepção; e os estudos literários para os estudos bíblicos.
O EVANGELHO E A TRADIÇÃO RABÍNICA: LEITURAS JUDAICA E CRISTÃ DO TEXTO
BÍBLICO EM PERSPECTIVA COMPARADA
Profa. Dra. Cláudia Andréa Prata Ferreira (UFRJ)
Resumo: O objetivo do presente trabalho é apresentar a tradição de Israel, a literatura
rabínica e o Midrash, para uma compreensão mais ampla de como se formou a tradição oral,
proveniente de Jesus, o Evangelho. O conhecimento da tradição judaica torna-se um
instrumento necessário para a compreensão do Evangelho de Jesus, porque a pregação
desse Evangelho processa-se na continuidade da Tradição de Israel. O diálogo, a releitura e
a interpretação no “midrash judaico” e no “midrash cristão”.
O CONCEITO DE MAYA NA PERSPECTIVA DE MUNDO E CONHECIMENTO NO
BUDISMO E NO SHAIVISMO INDIANOS
Prof. Doutorando Diogo dos Santos Silva (UFRJ)
Resumo: Pensar o conhecimento nas filosofias de origem indiana é pensar a palavra maya.
Maya é o conceito fundamentador que inaugura tanto o vaishismo, o shaivismo, o yoga, o
vedanta, o tantra, o budismo. Maya é normalmente traduzida para as línguas ocidentais
como ilusão, algumas vezes até como magia. Se por um lado a mente ocidental se recusa a
dar esta concepção ao conceito, atenuando sua força, e aproximando-a ao sistema platônico,
as escolas filosóficas indianas vêem-na como o próprio mundo em si. Este trabalho pretende
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pensar tal conceito dentro do contexto das escolas filosóficas indianas e de que forma elas se
confrontam a partir deste fundamento.
14:00 – 15:45 – Mesa de Comunicações 017 – Sala 320F
Coordenação: Prof. Doutorando Deivid Valério Gaia
AS TAXAS DE JUROS E AS SUAS VARIAÇÕES NO MUNDO ROMANO: SÉCULO III A.C. SÉCULO III D.C.
Prof. Doutorando Deivid Valério Gaia (EHESS – Paris)
Resumo: Os empréstimos a juros eram muito comuns em todas as camadas da sociedade
romana. A elite dirigente tinha interesses privados não agrícolas e boa parte desses
interesses eram financeiros, como os empréstimos de dinheiro a juros, a maioria dos
notáveis os considerava como uma fonte de rendimento normal, ou mesmo contínua.
Observa-se que as taxas de juros variavam muito dependendo da situação. Quais seriam os
motivos dessas variações? Quais eram as medidas tomadas pelos poderes públicos para
limitá-las? Os séculos estudados constituem provavelmente num longo período de confiança
para as relações que envolviam empréstimo de dinheiro. O objetivo desta comunicação é
apresentar algumas considerações sobre as taxas de juros e as suas variações no mundo
romano a partir das fontes jurídicas, epigráficas e literárias, desde Plauto até os textos dos
jurisconsultos do Digesto. A análise tem seu foco sobre a cidade de Roma e sobre toda a
Itália, uma vez que não há para as províncias muitas fontes sobre esse tema; no entanto, as
poucas fontes existentes sobre essas províncias serão analisadas, porquanto fundamentais
para a nossa pesquisa.
RELAÇÕES ENTRE ESTADO E IGREJA: O BISPO NO SÉCULO IV
Graduanda Jessika Rezende Souza (UFRJ)
Resumo: No início do século IV, durante o governo de Constantino, o Império Romano
passou por uma série de mudanças políticas, econômicas e sociais. O cenário urbano se
reconfigurava. A Igreja, favorecida pelo imperador, insere-se neste quadro e surgiram as
grandes basílicas. Foi nesse contexto que do bispo emergiu como uma figura de poder.
Desfrutava do acesso direto aos governantes, podendo, inclusive, exercer alguma influência
sobre eles. O objetivo desta comunicação é observar como se constrói esse poder, delinear
como o bispo se estruturou como aquele que detinha a verdade, enquanto homem de Deus,
agindo como regulador da sociedade, neste caso, a crescente comunidade cristã.
UM DEUS A CÉU ABERTO: DIÔNISOS E SEU ESPAÇO SELVAGEM E CIVILIZADOR NA
PÓLIS GREGA
Prof. João Estevam Lima de Almeida (Labeca/USP)
Resumo: É consenso entre os helenistas que Diônisos, filho de Zeus e Sêmele, carrega
consigo traços de sua selvageria e de seu agrilhoamento. Selvagem ou civilizador, o deus do
vinho faz parte do universo singular da pólis grega. O objetivo desta comunicação é mostrar
os primeiros passos de uma pesquisa que está sendo desenvolvida no Laboratório de Estudos
sobre a Cidade Antiga – Labeca do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. Nosso intuito
é compreender o papel que o culto de Diônisos desempenha na cidade grega da época
arcaica e clássica, utilizando como documentação dezesseis teatros antigos. Estudando o
teatro em seus aspectos físicos/materiais estamos tentando entender aspectos do deus do
vinho e de seu culto na Gréci a e em algumas pólis do Ocidente grego, bem como
compreender o posicionamento do teatro antigo na malha urbana e sua relação com os
santuários de Diônisos, outros templos e outras estruturas de reuniões públicas. Associando
a documentação material à documentação textual estamos tentando tecer reflexões acerca
do dionisismo, abordando o teatro como um espaço de interação político-religiosa da pólis e
seu papel na sociedade grega do período ar.
CLEMENTE ROMANO E A HIERARQUIZAÇÃO ECLESIÁSTICA EM CORINTO
Profa. Mestranda Cintya Francisca dos Santos (UFRJ)
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Resumo: O cristianismo das primeiras décadas da nossa era ainda estava muito disperso.
Com a morte de Jesus, várias foram as correntes que desejaram perpetuar a sua doutrina, o
que levou a uma série de disputas sobre o mesmo passado: vida, morte e ressurreição de
Jesus. Os cristãos precisavam esclarecer quais crenças seguir e concordar a respeito da
prática adequada da religião de Cristo, a fim de promover a sua institucionalização. A
discordância entre as diversas comunidades cristãs provocava muitos conflitos. Uma das
comunidades mais exaltadas era a de Corinto, uma das cidades prósperas – importante
centro portuário e comercial – do Império Romano. O presente trabalho irá analisar a visão
de Clemente Romano, no que concerne à disciplinarização dos fiéis e à hierarquização da
Igreja, com base na sua epístola à comunidade de Corinto, no final do século I, denominada
I Coríntios.
16:00 – 17:45 – Mesa de Comunicações 018 – Sala 106
Coordenação: Prof. Dr. Luis Eduardo Lobianco
A JUDÉIA EM CHAMAS: UMA ANÁLISE COMPARADA DA HISTORIOGRAFIA ANTIGA E
RECENTE ACERCA DAS CAUSAS DA GUERRA JUDAICA CONTRA ROMA (SÉC. I D.C.)
Prof. Dr. Luís Eduardo Lobianco (UFRRJ)
Resumo: No verão do ano 66 d.C., na província da Judéia, eclodiu uma revolta dos judeus,
que logo se tornou uma guerra, contra Roma, cuja meta era a libertação judaica do domínio
do Império.
O historiador judeu - e no meu entender também romano - Flávio Josefo,
testemunha ocular da mesma, redigiu entre os anos de 75 e 79 d.C. - final do reinado de
Vespasiano e início do de Tito (79 d.C.) -, sua primeira obra: História da Guerra dos Judeus
contra os Romanos, na qual o autor lança mão tanto do modelo historiográfico clássico
(grego), bem como do hebraico, ali apontando, segundo sua interpretação, as razões que
proporcionaram o início de tais acontecimentos bélicos.
No final do século XX - mais precisamente em 1987 -, o Professor Martin Goodman,
da Universidade de Oxford, publicou excelente livro, no qual indica os motivos que poderiam
ter levado os judeus à guerra contra Roma de 66 a 73/74 d.C., destacando, entretanto, qual
foi - a seu juízo - a real causa para o início da mesma, cujo trágico apogeu - para a
civilização judaica - foi o incêndio que destruiu o 2º Templo de Jerusalém - também
conhecido por “Templo de Herodes Magno”.
Esta comunicação objetiva traçar um estudo comparado - e refletir sobre o mesmo entre as opiniões divergentes de Flávio Josefo e de Martin Goodman, acerca das reais
motivações que conduziram os judeus a esta guerra contra o Império Romano.
OS LIMITES DA VIOLÊNCIA NO FIM DO MUNDO ANTIGO – LIMITAÇÕES À GUERRA
ROMANA NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO IV D.C.
Graduando Raphael Leite Teixeira (UFES)
Resumo: O artigo trata das limitações contingentes à guerra romana nas últimas décadas
do século IV a partir de informações colhidas na fonte anônima De rebus bellicis, e no
Epitoma rei militaris, de Flávio Vegécio. Pretendo mostrar que a esse tipo de limitação,
identificada com as dificuldades de suprimento, aprovisionamento, aquartelamento e
equipamento, devem ser somado os problemas no recrutamento e treinamento dos recrutas.
O MODELO DE COMBATE E AS MUTAÇÕES TÁTICAS E ESTRATÉGICAS NOS
EXÉRCITOS GREGOS
Prof. Mestrando Alair Figueiredo Duarte (UFRJ)
Resumo: Do período da Realeza Palaciana à estruturação do exército macedônico, é possível
destacar diversificadas mudanças táticas no modelo de combate grego, tais como: a luta
aristocrática individualizada, a disciplina da Falange Hoplita, além da mobilidade entre
Cavalaria e infantaria na Falange Macedônica.
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A análise tática do modo com que os exércitos gregos combatem nos apontam para
uma relação direta com a estratégia política de governar. Neste artigo, pretendemos analisar
os movimentos táticos das tropas helênicas no campo de batalha e debater as motivações
que levam suas respectivas estratégias militares assumirem a representação dos seus
regimes de governo. Nestas especificidades, torna-se interessante destacar a ação e
utilização de tropas mercenárias ao fim do V e início do IV século a.C.
AS PECULIARIDADES DO HERÓI HOMÉRICO: PÁRIS E O EPISÓDIO DA FUGA NO
CANTO III DA ILÍADA
Graduandas Bruna Moraes da Silva e Renata Cardoso de Sousa (UFRJ)
Resumo: Quando lemos a Ilíada, nos deparamos com diversos heróis destemidos, ousados
em suas atitudes em batalha, como Aquiles, Pátroclo, Diomedes, Heitor, entre outros. No
entanto, no Canto III, um episódio nos chama a atenção: Páris recua diante da fúria de
Menelau. Isso gera indagações por parte de alguns autores, que o veem como um “antiherói”. Destarte, procuraremos aqui neste trabalho explicar que, apesar desse episódio, Páris
não perde seu estatuto de herói homérico, tal qual acreditamos que ele seja.
RAMSÉS III E OS “POVOS DO MAR”: REINTERPRETANDO AS REPRESENTAÇÕES DE
UM CONFLITO
Graduando Diego Vieira da Silva (UFRJ)
Resumo: Desde o final do século XIX, é comum falar-se de migrações dos “povos do mar”
no contexto de fins da Idade do Bronze do Oriente Próximo. Isso porque, desde lá, a
interpretação de determinadas fontes textuais e iconográficas egípcias do Período Raméssida
(1295-1069 a.C.) seguiu uma lógica que vinculava-se tanto às abordagens teóricas de
aceitação comum à época, quanto à escassez de informações contextuais, trazidas à luz
somente pela arqueologia do século XX. Este trabalho irá, a partir da análise de alguns
relevos egípcios relativos ao reinado de Ramsés III (1184-1153 a.C.), expor as limitações da
suposição migratória dos “povos do mar” em direção ao Delta egípcio dessa época, com base
no que nos informam essas fontes egípcias.
16:00 – 17:45 – Mesa de Comunicações 019 – Salão Nobre
Coordenação: Profa. Dra. Gracilda Alves
A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA BURGUESIA NA BAIXA IDADE MÉDIA E A NOÇÃO DE
RIQUEZA EM PLUTO DE ARISTÓFANES
Graduando Bruno Marconi da Costa (UFRJ)
Resumo: O presente trabalho pretende analisar a representação social da burguesia
medieval da Europa Ocidental, tendo como recorte temporal o período compreendido entre a
criação do Purgatório em 1215 pela Igreja e a crise do século XIV, sendo este o período em
que a burguesia se mostrava em um processo de desenvolvimento e crescente atuação
social, política e cultural nos centros urbanos. O recorte espacial será a Europa Ocidental,
principalmente França e Portugal. A principal questão estará relacionada à riqueza
acumulada pela burguesia, estabelecendo uma comparação entre o tema e a peça Pluto (A
Riqueza), de Aristófanes, comédia em que se debate a moralidade e o merecimento do
enriquecimento.
A obra de E. P. Thompson norteia o eixo teórico-metodológico do trabalho, tomando
conceitos de outros medievalistas como Jacques Le Goff, José Luis Romero, José Mattoso e
A. H. de Oliveira Marques.
ENTRE A SANTA E A MULHER: ANÁLISE SOBRE A REPRESENTAÇÃO FEMININA NO
CONTO DA PRIORESA
Graduanda Anna Beatriz Esser dos Santos (UFRJ)
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Resumo: O objetivo desta comunicação é abordar o discurso presente no Conto da Prioresa,
em Os Contos da Cantuária de Geoffrey Chaucer no que diz respeito à atuação da mulher,
através da figura feminina representada no Conto. A partir deste, serão verificados como os
ideais cristãos foram articulados pelo autor da obra.
Para esta análise, será utilizado o conceito de representação social, verificando o ato de
interpretar e pensar sobre determinada sociedade e como a constituição desta subjetividade
é necessária para operar em discursos de atores sociais inseridos em um determinado tempo
e espaço.
Com este enfoque, será discutido como a historiografia aborda os valores de conduta
femininos e religiosos do Conto com a Prioresa (a falsa religiosa) e a mãe (modelo de
virtude); e da Bíblia com Eva (a pecadora), Maria (a mulher ideal, a mãe) e Maria Madalena
(a pecadora arrependida); relacionando-os com a crítica social presente em Chaucer.
ENTRE A ESPOSA E A AMANTE. REALIDADES MEDIEVAIS
PORTUGUESAS QUINHENTISTAS
Graduanda Manoela do Rosário Araújo (UFRJ)
Resumo: Esta pesquisa reflete uma discussão em torno das amantes portuguesas do séc.
XV, levando em consideração a análise da chancelaria de D. João II (1481-1485) e as
compilações jurídicas do período. Trabalharemos portanto com o conceito de representação
social, visto que, nosso objeto circula nos discursos, imagens e também nas mensagens
inserindo-se no campo social, jurídico, político e econômico. Sendo assim seria um equívoco
deixar de lado a contribuição do Modelo Grego, seja o de Pandora ou mesmo das esposas
atenienses, no que concerne ao comportamento das mulheres e a sua restrição ao espaço
privado. Estas circulavam pelos espaços, fazendo parte da dinâmica da sociedade na qual
estavam inseridas. Constatamos assim, que nosso objeto de estudo por muitas vezes atuava
no campo da esfera pública bem como no particular, ora reclamando seus direitos ora
solicitando a absolvição real de seus erros ou faltas cometidas.
RELAÇÕES SEXUAIS FORA DO CASAMENTO: DE ZEUS AOS RELIGIOSOS.
UMA PRÁTICA RECORRENTE
Profa. Dra. Gracilda Alves (UFRJ)
Resumo: Verificamos que relações sexuais fora do casamento são encontradas tanto na
sociedade grega como na portuguesa. Destacamos as relações que envolvem o setor
religioso.
As relações sexuais pecaminosas perpassam toda a sociedade portuguesa do quinhentos.
Encontramos diversos religiosos que mantêm relações sexuais com mulheres solteiras,
casadas ou da mancebia. São relações estáveis que geram filhos e filhas ou ocasionais.
Estas relações são condenadas não só na legislação eclesiástica como na legislação régia,
principalmente nas Ordenações Afonsinas. Nesta comunicação iremos trabalhar com as
cartas de perdão concedidas por D. João II como um ato do poder régio que procurava coibir
estas práticas consideradas pecaminosas.
18:00 – 20:30 – Mesa de Comunicações 020 – Sala 106
Coordenação: Prof. Ms. Manuel Rolph Cabeceiras
O SIGNIFICADO DE UMA HISTÓRIA CULTURAL DA GUERRA NO MUNDO ANTIGO
Prof. Ms. Manuel Rolph Cabeceiras (UFF)
Resumo: A partir da obra de John Keegan e de sua visão polemológica pretende-se traçar
algumas pistas para o estudo cultural do fenômeno da guerra na antiguidade greco-romana e
próximo-oriental, expondo os fundamentos dos estudos apresentados a seguir nessa mesa.
POLEMOS E AS “HISTORÍAI” DE HERÓDOTO
Prof. José Luiz P. Rebelo (UFF)
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Resumo: As investigações de Heródoto de Halicarnasso dos “feitos dos homens” (I, 1), os
quais ele narrou para que “não se percam com o tempo”, formam um estudo enciclopédico
de variadas guerras, anteriores e contemporâneas a sua época, tendo como locus
privilegiado o leste mediterrânico e as populações helênicas e “bárbaras” que viviam em seu
entorno. Pretende-se nessa comunicação analisar a dinâmica das polemoi, o quadro da
instituição da guerra e questionar sua função nas diferentes sociedades pesquisadas por
Heródoto em sua obra a partir do seu ponto de vista, examinando-a e relacionando-a com a
polemologia atual.
AMIANO MARCELINO E A IMAGEM DO GUERREIRO HUNO NA ROMA ANTIGA
Graduando Luciano Gomes de Souza Júnior (UFF)
Resumo: As descrições sobre os guerreiros hunos, presentes no livro XXXI da História
Romana de Amiano Marcelino, fazem parte de um discurso costumeiramente visto como de
oposição entre "barbárie" e "civilização". Essa oposição teve suas primeiras manifestações
nos autores gregos do período clássico e atravessou a civilização romana, herdeira dessa
percepção, chegando aos dias atuais. O discurso, que opõe "civilização" e "barbárie", se dá
mediante a valorização de um povo ou cultura em detrimento de outra(s).
Nesse contexto de guerras e incursões surge a figura do guerreiro bárbaro, que por não ser
romano é descrito como possuidor de costumes compatíveis aos de um selvagem. Nessa
comunicação, pretendemos apontar e especificar as características dos guerreiros hunos,
advindas da obra de Amiano Marcelino, trabalhando com as noções de etnocentrismo e
inferioridade cultural.
GILGAMESH E O MITO DOS HERÓIS
Graduando Miguel Rodrigues Fortes Neto (UFF)
Resumo: Gilgamesh, rei, mito, herói. A partir dos quadros interpretativos empregados por
autores como N.K.Sandars, G. Brizzi e Junito de Souza Brandão sobre a origem e a essência
desses seres, faremos assim, uma comparação entre os mais famosos heróis gregos e
Gilgamesh. O objetivo é mostrar não só a semelhança entre os personagens, mas também
indicar uma estrutura presente em todos as historias e poemas sobre heróis.
A HISTORIOGRAFIA DA BATALHA DE ADRIANÓPOLIS E A RELEITURA DA II GUERRA
ROMANO-GÓTICA
Prof. Sandro Teixeira Moita (UFF)
Resumo: O trabalho é resultado de pesquisa sobre a Segunda Guerra Gótica, a partir da
proposição de uma periodização sistemática, até então inexistente, para tratar dos conflitos
romano-góticos, e do exame rigoroso das fontes romanas ocidentais e orientais. O uso do
instrumental teórico da História Militar, em um debate entre as teses de John Keegan e Carl
von Clausewitz, permitiu-nos uma compreensão mais adequada das causas e consequências
do conflito para os Godos e para o Império Romano e a construção de uma nova linha
interpretativa a respeito do episódio e do impacto de Adrianópolis.
18:00 – 20:30 – Mesa de Comunicações 021 – Salão Nobre
Coordenação: Prof. Dr. Belchior Monteiro Lima Neto
ALTERIDADE, IDENTIDADE E ESTIGMATIZAÇÃO NAS METAMORPHOSES DE LÚCIO
APULEIO: BANDIDOS E ELITE CITADINA NO CONTEXTO NORTE-AFRICANO DO II
SÉCULO D.C.
Prof. Mestrando Belchior Monteiro Lima Neto (UFES)
Resumo: A presente comunicação versará sobre um fenômeno bastante característico do
Mundo Antigo: o banditismo. Sua profusão e ocorrência eram tais que os romanos o
consideravam como um commum dannum. Dada a sua pertinência, a intenção deste
trabalho é apresentar a natureza das relações destes bandos de salteadores com a sociedade
romana norte-africana no período alto-imperial. Para tanto, tomaremos como fonte primária
26
a obra Metamorphoses, de Lúcio Apuleio (escritor norte-africano do II século d.C.), por
acreditarmos ser um exemplo bastante profícuo da representação que a elite romana
produzia acerca destes proscritos, demonstrando de maneira muito clara uma alteridade
estigmatizada em relação aos bandidos, fato que servia à constituição da identidade da
aristocracia citadina romana no Norte da África.
O CONFLITO ENTRE PAGANISMO, JUDAÍSMO E CRISTIANISMO NO PRINCIPADO:
UM ESTUDO A PARTIR DA OBRA CONTRA CELSUM, DE ORÍGENES
Profa. Mestranda Carolline da Silva Soares (UFES)
Resumo: O projeto que objetivamos desenvolver no Programa de Pós-graduação em
História Social das Relações Políticas, na UFES, versa sobre o conflito sócio-político-religioso
existente entre as três principais crenças presentes no Império Romano nos séculos II e III
da nossa Era, a dizer, o paganismo, o judaísmo e o cristianismo. Este conflito é tratado de
forma singular na obra intitulada Contra Celsum, do presbítero cristão Orígenes e datada do
século III d.C.. Tal obra trata-se de uma refutação da obra Verdadeira Razão (Aléthes Logos)
de Celso, um dos principais escritores da elite pagã romana do século II d.C. que atacaram
veementemente o cristianismo e o judaísmo. A Aléthes Logos nos é conhecida hoje apenas
pela refutação de Orígenes que, para refutar Celso, transcreve vários trechos da obra. A
hipótese do nosso trabalho está relacionada à idéia de que o judaísmo, neste período
(séculos II e III), é a principal razão de ser dos conflitos entre o cristianismo – visto como
uma dissidência do judaísmo – e o paganismo romano.
CRISTIANISMO E PAGANISMO: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE CRISTÃ NA OBRA
DE CIVITATE DEI DE SANTO AGOSTINHO
Prof. Mestrando Fabiano de Souza Coelho (UFES)
Resumo: Este trabalho pretende explicitar como o bispo de Hipona, Santo Agostinho (ano
354 a 430 d.C.), na obra De Civitate Dei, trabalhou a controvérsia entre o Cristianismo e
Paganismo e construiu a identidade cristã. Esses escritos de Agostinho sobre a Cidade de
Deus foram desenvolvidos após o saque de Roma no ano 410 (comandado por Alarico, rei
dos visigodos) como refutação aos questionamentos dos pagãos ressentidos. Por
conseguinte, a nossa proposta de pesquisa será analisar os discursos proferidos pelo bispo
Hiponense que visam excluir e estigmatizar os pagãos e a partir dessa alteridade construir a
identidade dos cristãos (esse Paganismo que Agostinho enfrenta é formado por membros da
aristocracia do Baixo Império, liderados pelo cônsul de Cartago, Volusiano – herdeiro das
ideias do senador romano Símaco).
OS CULTOS DE ÍSIS E ATARGÁTIS NO ALTO IMPÉRIO ROMANO: CONFLITO
RELIGIOSO E FORMAÇÃO DE IDENTIDADES EM APULÉIO E LUCIANO DE SAMOSATA
Profa. Mestranda Hariadne da Penha Soares (UFES)
Resumo: O projeto que objetivamos desenvolver no Programa de Pós-graduação em
História Social das Relações Políticas, na UFES, aborda o conflito religioso entre as deidades
pagãs Ísis e Atargátis, também denominada Deusa Síria e sua inter-relação com a vida social
romana no período Alto Império. Basearemos nosso plano em duas fontes documentais
muito importantes: o De Dea Syria, de Luciano de Samosata e a obra O Asno de Ouro, de
Lúcio Apuléio. Partimos do pressuposto de que a orientalização do Império Romano,
entendido como um processo de integração gradual e profunda dos costumes ancestrais com
o patrimônio cultural absorvido do Oriente propiciou, num contexto permeado de diversidade
religiosa, representações estigmatizantes e distintivas provocadas por conflitos religiosos
entre adoradores de diferentes divindades demonstrando uma verdadeira construção
identitária dentro da sociedade alto imperial romana.
“UM DEUS, UM BISPO, UMA IGREJA”: A FORMAÇÃO DO EPISCOPADO MONÁRQUICO
NAS COMUNIDADES CRISTÃS DO IMPÉRIO ROMANO (SÉCULO II D.C.)
Profa. Mestranda Ludimila Caliman Campos (UFES)
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Resumo: A presente comunicação visa à análise da construção da autoridade do bispo, os
mecanismos de organização/institucionalização da ecclesia e as dinâmicas do poder entre as
comunidades cristãs no século II d.C. no Alto Império Romano. Para esse fim, adotaremos
como fontes as sete epístolas de Inácio de Antioquia, a obra Contra as Heresias de Ireneu de
Lião e o livro IV e V do livro História Eclesiástica de Eusébio de Cesaréia. Os documentos
propostos são de grande valia para compreendermos a crescente hierarquização da Igreja
em conformidade com o aumento do poder episcopal, o conflito ortodoxia versus heresia, a
legitimação de uma Igreja dita apostólica e o desaparecimento gradativo dos ministérios
carismáticos em favor da autoridade do bispo. Pretendemos, assim, investigar como se
formou o episcopado monárquico nos dois grandes pólos da Igreja, o Ocidente e o Oriente,
representados pela comunidade Roma e as comunidades da Ásia Menor, respectivamente.
QUINTA-FEIRA – DIA 03 DE SETEMBRO
09:00 – 10:45 – Mesa de Comunicações 022 – Sala 106
Coordenação: Prof. Dr. Fábio de Souza Lessa
A JUVENTUDE QUE CAÇA: COMPARAÇÕES ENTRE HOMERO E EURÍPIDES
Prof. Ms. Alexandre Santos de Moraes (UFRJ)
Profa. Mestranda Vanessa Ferreira de Sá Codeço (UFRJ)
Resumo: Nossa comunicação tem por objetivo refletir acerca da participação dos jovens em
atividades ligadas à caça. Comparando algumas passagens dos épicos de Homero e de
tragédias de Eurípides, buscaremos compreender a peculiaridade desta prática social nos
Períodos Homérico e Clássico gregos, refletindo sobre os investimentos etários feitos sobre
essa classe de idade.
ENCONTROS E ENFRENTAMENTOS NAS PRÁTICAS ESPORTIVAS HELÊNICAS
Prof. Dr. Fábio de Souza Lessa (UFRJ)
Resumo: Assim como a própria pólis, as práticas esportivas, que compunham um dos
campos da paideía grega, podem ser caracterizadas como um espaço de enfrentamentos.
Nos ginásios e nas palestras, os helenos se enfrentavam nas disputas atléticas objetivando a
sua formação como cidadãos plenos, o prestígio social e a honra que as vitórias poderiam
oferecer. A cada enfrentamento, os cidadãos se expunham publicamente e,
concomitantemente, construíam os seus encontros identitários. Nesta comunicação,
buscaremos analisar as práticas esportivas gregas como fator que propiciava aos atletas
vivenciarem situações de enfrentamentos e de encontros. Priorizaremos como
documentação, as imagens pintadas em suportes cerâmicos áticos do Período Clássico
(séculos V e IV a.C.).
A REPRESENTAÇÃO TRÁGICA DE HÉRACLES NO CORPUS DOCUMENTAL DE
EURÍPIDES
Graduanda Poliane da Paixão Gonçalves Pinto (UFG)
Resumo: As narrativas míticas possuem diversas formas de representação no mundo
antigo. A partir deste pressuposto analisaremos como a imagem do herói clássico ateniense
é apreendida através da interpretação das tragédias elaboradas por Eurípides e como o
tragediógrafo representou nestas a imagem de Héracles.
ESPORTE E MITO NOS JOGOS OLÍMPICOS: UMA ANÁLISE DAS IMAGENS
DO TEMPLO DE ZEUS EM OLÍMPIA
Prof. Mestrando Fábio Bianchini Rocha (UFRJ)
Resumo: Cada festival esportivo no mundo grego era dedicado ao culto da divindade
cultuada no templo local. Exemplos disto são as Grandes Panathenéias atenienses, dedicadas
a Athena; os Jogos Ístmicos, dedicados a Poseidon em Corinto; os Jogos Píticos, dedicados a
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Apolo em Delfos; e os Jogos Nemeanos e Olímpicos, que honravam Zeus em Neméia e
Olímpia. Este último evento se destaca pela importância e pelo legado deixado no decorrer
da História.
Assim como em várias esferas da dinâmica políade, os mitos também estavam presentes na
cultura esportiva grega e têm grande destaque no caso do festival de Olímpia, sendo
perenizado nas esculturas do templo de Zeus. Esta comunicação tem por objetivo a análise
das esculturas de tal edificação e de suas referências mitológicas.
O BANQUETE COMO O LUGAR DE APRENDIZAGEM DA SOPHROSYNE E DA
FORMAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA DO CIDADÃO DA ATENAS CLÁSSICA
Profa. Ms. Sheila Rigante Romero (UFRJ)
Resumo: Esta comunicação objetiva analisar a forma como Platão e Xenofonte em suas
obras literárias simpóticas, entendiam as práticas homoeróticas entre erastês e erômenos
que ocorriam durante as práticas culturais festivas privadas, conhecidas como simpósios.
Para estes pensadores estas práticas deveriam ser geridas pelo princípio da sophrosyne, ou
seja, da temperança e do comedimento, somente assim as práticas pederásticas poderiam
contribuir efetivamente para a atuação política do futuro cidadão ateniense que deveria ser
viril e comedido em suas decisões políticas que afetavam toda a comunidade ateniense.
09:00 – 10:45 – Mesa de Comunicações 023 – Salão Nobre
Coordenação: Profa. Dra. Regina Maria da Cunha Bustamante
A FRAGILIDADE DO PODER REAL NO MUNDO HOMÉRICO
Profa. Ms. Ana Penha Gabrecht (UFES)
Resumo: É possível observar, em várias passagens da Ilíada e Odisséia, a fragilidade do
poder do basileus (rei). A análise das epopéias revela um mundo formado por reis e nobres
em constante conflito pelo poder. A tensão entre o monarca e a nobreza era crônica, e as
lutas pelo poder, freqüentes. Na Ilíada, por exemplo, a disputa entre o rei Agamêmnon e o
guerreiro Aquiles pela posse da cativa Briseida já é um indicativo da fragilidade política do
soberano homérico. Nesta comunicação, outras passagens das obras homéricas serão
analisadas para comprovar tal afirmação.
POLÍTICA, RELIGIÃO E ADMINISTRAÇÃO NO IMPÉRIO ROMANO: UM ESTUDO
SOBRE AS CORRESPONDÊNCIAS DO BISPO BASÍLIO DE CESARÉIA (SÉC. IV D.C.)
Profa. Mestranda Helena Amália Papa (UNESP/Franca)
Resumo: Nessa comunicação objetivamos refletir, por meio de um estudo de caso, que a
partir da análise do papel do episcopado no Império Romano, do séc. IV d.C., é possível
afirmar que as instituições eclesiásticas desenvolveram-se a partir da estrutura estatal. Para
atingirmos tal fito, destacaremos os cargos administrativos citados nas correspondências do
Bispo Basílio de Cesaréia, por nós selecionadas, a fim de mostrar que a hierarquia existente
entre os clérigos era análoga à dos funcionários imperiais. Acrescentamos que tal
apresentação é um desmembramento de nosso estudo de mestrado intitulado “Cristianismo
Ortodoxo versus Cristianismo Heterodoxo: Uma Análise Político-Religiosa da contenda entre
Basílio de Cesaréia e Eunômio de Cízico (Séc. IV d.C.)”.
ENFRENTAMENTOS POLÍTICOS E CONFRONTOS RELIGIOSOS NO FIM DO SÉCULO IV
D.C.: TEODÓSIO I E O COMBATE À POLÍTICA RELIGIOSA DE MÁXIMO E EUGÊNIO
Prof. Ms. Thiago Brandão Zardini (UFES)
Resumo: O governo de Teodósio I (379-395) enfrentou, entre outros conflitos, dois
problemas correntes ao longo de todo o século IV: o assentamento dos bárbaros e a
ascensão do cristianismo – e a relação deste com o Estado romano. Este segundo problema
configura o cerne de nossa discussão. Bem sabemos que Teodósio definiu os conflitos
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religiosos oficializando o cristianismo como religião do Império, proibindo as demais práticas,
consideradas pagãs, e até mesmo as doutrinas cristãs não aceitas formalmente, as
chamadas heresias. Vista sobre esse prisma, parece-nos interessante retomar o debate
sobre a política religiosa de Teodósio, sobretudo ao levarmos em conta os enfrentamentos
resultantes da postura religiosa dos dois usurpadores do trono ocidental, Máximo (383-388),
um violento ortodoxo, e Eugênio (392-394), de orientação pagã.
DISPUTA ENTRE DEUSES: DISPUTA ENTRE CIDADES?
Profa. Dra. Regina Maria da Cunha Bustamante (UFRJ)
Resumo: Numa terma da atual El Haouaria (região de Kairouan na Tunísia) foi encontrado
um mosaico figurativo representando a disputa entre Atena e Poseidon na escolha da
deidade protetora da cidade de Atenas pelos seus cidadãos. Entre as duas divindades,
encontra-se a Nike/Vitória apurando os votos. Este mosaico foi datado de meados do século
IV e faz parte do acervo do Museu de Sousse. Ele possui uma extensa inscrição musiva (CIL
VIII, 23.131) para afastar a invidia, o que lhe confere um caráter apotropaico. Hédi Slim
levanta a possibilidade de ser uma alusão a um conflito que ocorreu entre as antigas cidades
de Thysdrus (atual El Djem) e Hadrumetum (atual Sousse), pertencentes a então província
romana de Bisacena, devido a um templo situado nos limites dos seus respectivos territórios:
Atena era protetora de Thysdrus e Poseidon, de Hadrumetum. Nesta comunicação, propomos
a discussão desta hipótese.
11:00-12:30h – Salão Nobre
Conferência 06
DIVERSIDADE, ENCONTROS E ENFRENTAMENTOS: A POLIS NO PENSAMENTO DE
ARISTÓTELES
Prof. Dr. Luiz Otávio de Magalhães
Professor Adjunto da Universidade Estado do Sudoeste da Bahia
Resumo: No mito narrado por Protágoras, no diálogo homônimo de Platão, em torno da
origem da polis, esta aparece como resultado de uma virtude inerente e exclusivamente
humana, que permite à nossa espécie superar uma tendência inicial de enfrentamentos e
discórdias para, munido de aidós e diké, organizar-se em comunidades políticas. Esta
percepção também é central no pensamento de Aristóteles que, na abertura da Política
estabelece: “toda polis é uma certa forma de comunidade e toda comunidade é constituída
em vista de algum bem”. O objetivo deste trabalho é o de discorrer sobre a apreensão da
polis, em Aristóteles, como lugar privilegiado de encontros – que permitem a própria
existência desta forma de comunidade – e de enfrentamentos – resultados do
enfraquecimento de aidós e diké em momentos de disputa em torno da forma específica de
organização e distribuição das virtudes e capacidades políticas entre os membros da
comunidade.
14:00 – 15:45 – Mesa de Comunicações 024 – Sala 106
Coordenação: Profa. Mestranda Vanessa Ferreira de Sá Codeço
FAZER-SE OUVIR, FALAR E VER – O TEATRO ANTIGO GREGO E SEUS CONTRASTES
Profa. Mestranda Vanessa Ferreira de Sá Codeço (UFRJ)
Resumo: Objetivamos discutir a função do teatro como um espaço educativo através dos
contrastes. Antes das encenações possuímos uma propaganda positiva dos valores da pólis.
Nas encenações possuímos sua quase total destruição. Apresenta-se o eu e outro, o positivo
e negativo, discutem-se modelos. Qual será a função destes contrastes? É sobre isso que
abordará nossa comunicação.
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O TEATRO COMO INSTRUMENTO EDUCIONAL NO PERÍODO CLÁSSICO: UM ESTUDO
DA ORÉSTIA DE ÉSQUILO
Graduando Flávio Rodrigues de Oliveira (UEM)
Resumo: O artigo procura caracterizar o teatro como um instrumento educacional no
período clássico do século V a. C., na trilogia intitulada Oréstia de Ésquilo. Apresenta um
quadro geral do caráter democrático que o teatro exercia na sociedade helênica,
demonstrando, desse modo, a influência dos trágicos na cultura grega para a formação de
uma consciência cultural, mítico-religiosa e política. Por fim, o homem clássico é analisado
como um indivíduo social, pressupondo, portanto, as diferentes e incontáveis possibilidades
para o desenvolvimento do homem ominilateral no teatro esquiliano a partir de sua gênese
como arte-educação.
ODISSEU: UM ESTUDO COMPARADO DO HERÓI NAS TRAGÉDIAS ÁJAX E
FILOCTETES DE SÓFOCLES
Profa. Mestranda Carmen Lucia Martins Sabino (UFRJ)
Resumo: O herói grego Odisseu congrega diversos predicados, contudo, a métis (astúcia) é
o ponto que atrai mais atenção na imagem de Odisseu construída na poesia épica.
Diferentemente de outros heróis, seus atributos se baseiam não na força física (atributo que
ele também possui, mas não é enfatizado por Homero), mas no engenho e astúcia. Nesta
comunicação buscamos analisar comparativamente as qualidades do herói Odisseu na poesia
trágica, analisando as tragédias Ájax e Filoctetes de Sófocles.
“CONTRA NEERA”: UM SINEDÓQUICO EMBATE SÓCIO-JURÍDICO
Prof. Gabriel Soares (UERJ)
Resumo: O discurso de Apolodoro “Contra Neera”, IV séc. a.C., tem sido ao longo dos
séculos objeto de escrutínio de especialistas de diferentes campos dos estudos clássicos. Sob
a ótica filológico-historiográfica, descartadas as inconsistências, observa-se o embate entre a
sexualidade masculina e feminina.
O par binário cidadão corrompido de Estéfano e mercadoria promíscua de Neera é
explorado à exaustão, mostrando que para se vingar daquele, Theomnestus e Apolodoro
precisam meandrar pelos valores sociais usando a mulher como guião.
Nossa sugestão neste trabalho é que ao levar a júri Neera, Theomnestus e Apolodoro
enfrentam para a posteridade concepções femininas constantemente debatidas até os dias
de hoje.
14:00 – 15:45 – Mesa de Comunicações 025 – Salão Nobre
Coordenação: Prof. Mestrando Edson Moreira G. Neto
DO MITO À VIDA COTIDIANA: IMAGENS ERÓTICAS DO FEMININO EM ATENAS
(SÉCULO VI E V A.C.)
Prof. Mestrando Edson Moreira G. Neto (UFRJ)
Graduando Diego Ferreira Rosas (UFRJ)
Resumo: A historiografia tem tradicionalmente classificado as representações eróticas
femininas presentes na cerâmica ática como imagens referentes ao universo da prostituição.
Em nosso trabalho, ao conciliarmos os vestígios materiais e a documentação textual,
desconstruiremos essas hipóteses mais tradicionais, e demonstraremos que as figuras
femininas mais respeitáveis da sociedade ateniense (as esposas legítimas dos cidadãos e as
deusas) também incorporavam o imaginário e a imagética erótica daquela sociedade.
O CAMINHO SAGRADO DE ELÊUSIS: RECONSTRUÇÃO ARQUETÍPICA DO LOCAL DE
CULTO DOS MISTÉRIOS
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Graduandos Diego Ferreira Rosas e Giselle Costa Pereira (UFRJ)
Resumo: O presente trabalho busca analisar e compreender a estruturação dos ritos de
Elêusis, sobretudo no período clássico, salientando a dinâmica social que se operava a partir
do seu santuário. O ritual dos Mistérios de Elêusis encontrava expressão no mito da deusa
Deméter e sua filha Perséfone e toda a trama que as envolve junto ao rapto da última por
Hades. O mito simboliza o lançar sementes a terra e o brotar de novas colheitas, uma
espécie de morte e ressurreição. No seu sentido íntimo, é a representação simbólica da
história da alma, de sua descida na matéria, de seus sofrimentos nas trevas do
esquecimento e depois sua re-ascensão e volta à vida divina. A deusa de Elêusis simboliza
uma fase capital na organização da terra, a passagem da natureza bruta à cultura, da
selvageria à civilização.
RAPTO E CASAMENTO: A INSTAURAÇÃO DO MITO NA VIDA SOCIAL POLÍADE
Graduando Diego Ferreira Rosas (UFRJ)
Resumo: Esta comunicação visa apresentar de que forma o mito do Rapto de Perséfone se
assemelha a própria ritualística matrimonial grega, a partir do nexo de construções
intelectuais a respeito dos papéis a que cada indivíduo se integra junto à vida pública de sua
sociedade. Objetivando alcançar tal proposta, buscaremos traçar dentro do universo
feminino ateniense em suas distintas esferas de atuação – sejam físicas, como o gineceu,
sejam simbólicas, como o casamento – tal figuração do Rapto. Uma vez que, as
transformações da jovem e virginal deusa na esposa e soberana do Hades delimitam na
sociedade ateniense o próprio papel que o matrimonio exerce em suas vidas. Para tanto,
utilizaremos os conceitos relacionados a um momento distinto das cerimônias de casamento,
o pompé, "ação de conduzir". Nesse momento específico do casamento, a noiva, seguida de
uma procissão alegre e festiva, é levada ou por arautos ou pelo marido, da casa paterna
para seu novo lar e onde a encenação de um rapto remete diretamente ao mito e a mudança
que se seguirá na vida da jovem deusa.
ENCONTROS FEMININOS: O FESTIVAL DAS THESMOPHÓRIAS
Graduanda Giselle Costa Pereira (UFRJ)
Resumo: A presente comunicação tem por escopo fazer uma analise das interações sociais
promovidas pelas esposas legítimas dos cidadãos atenienses, especialmente no festival das
Thesmophórias.
Entendemos que estas festas foram um dos principais canais de
participação cívica destas mulheres, que proporcionou a percepção de sua própria
identidade, a criação de redes sociais de confiança e uma relação de pertencimento à pólis.
Defendemos, seguindo esta perspectiva, que o festival das Thesmophórias é um locus
privilegiado para analisarmos a coesão social produzida por esse grupo feminino.
AS MULHERES COMENSAIS EM ATENAS (SÉCULOS VI-IV A.C.)
Prof. Mestrando Edson Moreira G. Neto (UFRJ)
Resumo: A historiografia tem, tradicionalmente, trabalhado com a idéia de que a presença
das mulheres nos banquetes em Atenas estava normalmente ligada ao universo da
prostituição. Neste trabalho pretendemos, através da documentação escrita e imagética,
desconstruir essa hipótese mais tradicional ao demonstrarmos que a presença de mulheres
respeitáveis (deusas, esposas legítimas de cidadãos, esposas de metoikoi) tanto em
banquetes públicos como em banquetes privados (como convidadas ou como donas das
festas), longe de ser um acontecimento excepcional, era algo extremamente corriqueiro.
16:00 – 17:45 – Mesa de Comunicações 026 – Sala 106
Coordenação: Prof. Mestrando Allan Erdy
ZACÂNTON: A COLONIZAÇÃO GREGA DE SAGUNTUM
Graduando Carlos Eduardo da Costa Campos (UERJ)
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Resumo: Saguntum foi uma região da Antiga Península Ibérica, que vivenciou uma
diversidade de encontros culturais ao longo de sua historicidade. Nesta localidade podemos
perceber que anteriormente a chegada dos fenícios e dos romanos no território, os vestígios
arqueológicos deixam transparecer a existência de interações culturais entre a Ibéria e a
Grécia, desde os finais do século VI a.C. Visamos neste trabalho abordar os encontros entre
gregos e ibéricos na antiguidade.
O ESPAÇO URBANO DE AGRIGENTO E SUA DIVERSIDADE CULTURAL
Profa. Mestranda Glauce de Souza Luz (UFRJ)
Resumo: Agrigento, como antiga colônia helena Gelo-rodiana, apresentava uma riquíssima
variedade cultural marcada por uma população autóctone (Sículos), pela colonização Geloana
e pelas distintas migrações de povos helenos - Selinuntinos e Coríntios. Com as invasões
cartaginesas, a partir da 1ª. Guerra Púnica vieram somar os púnicos, e os romanos, com sua
efetiva conquista da região em 210 a.C. Torna-se importante o estudo do nível de
complexidade social desta população antes do domínio romano, para se compreender a sua
forma de conquista e organização da cidade com a possessão romana.
COLONIA CORNELIA VENERIA POMPEIONORUM: O ENCONTRO ENTRE A CULTURA
HELÊNICA E A ROMANA. SÉC. I A.C. – I D.C.
Profa. Mestranda Flávia C. L. de Almeida (UFRJ)
Resumo: Por volta do ano 80 a.C. a cidade de Pompéia tornou-se uma colônia romana. O
encontro entre os veteranos romanos e os Oscos e Samnitas, com sua cultura fortemente
helenizada possibilitou uma transformação na paisagem física e cultural da cidade. Da
remodelação dos espaços públicos e estilos de pintura decorativa quanto na mudança da
língua oficial do osco para o latim, a presença romana se faz clara. Ainda que a cultura de
seus habitantes originais não tenha sido de fato totalmente abandonada. Assim, encontros e
enfrentamentos são enfatizados no espaço da nova colônia.
ESPAÇO E RELIGIÃO: DISCUSSÕES TEÓRICO-METODOLÓGICAS SOBRE
INFLUÊNCIAS PERSAS NA FORMAÇÃO DAS CIDADES DO ISRAEL ANTIGO
AS
Prof. Ms. Allan Erdy de Souza (CTBSB)
Resumo: A cidade na História é mais do que uma história das formas e funções da cidade
através do tempo, é um retrato arrojado e imaginativo do desenvolvimento humano
enquanto ser religioso, político, econômico, social, cultural etc. A partir da análise desse
retrato citadino, verifica-se as influências Persas que transformaram as características das
cidades do Israel Antigo, entre os séculos VI e IV a.C. Utiliza-se a História Cultural como
referencial teórico-metodológico, que resgata vestígios de qualquer elemento cultural.
Aborda-se a contribuição da consciência Histórica para abordar a religião, porque se
apresenta como um dos processos formadores do pensamento.
A CIDADE DE BRACARA AUGUSTA COMO CENÁRIO DE ENCONTRO
ENTRE ROMANOS E GERMÂNICOS
Graduando Rafael Hygino Meggiolaro (UFES)
Neste trabalho vamos abordar a consolidação de um núcleo urbano latinizado em uma
província distante de Roma, no contexto da conversão ao Cristianismo e da desarticulação do
controle imperial. Por sua própria natureza, a dominação romana se baseava em centros
urbanizados. Desde o período republicano, os romanos expandiram o Império a partir da
conquista de outras cidades, a exemplo da poderosa Cartago. Em locais como o Noroeste da
Península Ibérica, em que as populações não estavam concentradas em cidades, a
dominação romana significou a fundação de novas urbes ou a ampliação dos assentamentos
existentes, com a conseqüente formação de uma elite local pró-romana. A cidade de Bracara
Augusta foi um desses centros, procuraremos discutir este cenário de interação política entre
romanos e germânicos.
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16:00 – 17:45 – Mesa de Comunicações 027 – Salão Nobre
Coordenação: Prof. Doutorando Marcelo Pereira Lima
CONSIDERAÇÕES ACERCA DO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DA
MONARQUIA VISIGODA NA VIRADA DOS SÉCULOS VI E VII (572-621)
Profa. Adriana Conceição de Sousa (UFRJ)
Resumo: Este trabalho é fruto de parte das reflexões desenvolvidas em nossa monografia
de fim de curso, concluída em 2008, a qual teve como objeto o ideal de realeza presente em
uma narrativa hagiográfica visigoda de princípios do século VII, conhecida como Vita
Desiderii.
Nesta comunicação, temos como objetivo apresentar algumas das questões que envolveram
o processo de institucionalização da monarquia visigoda a partir da segunda metade do
século VI até as primeiras décadas do século VII, contexto em que se insere a documentação
central de nossa pesquisa.
ISIDORO DE SEVILHA E A VISÃO PROVIDENCIAL DA PRESENÇA GÓTICA
Prof. Luís Eduardo Formentini (UFES)
Resumo: Isidoro, bispo de Sevilha (560-636), é considerado como o representante mais
destacado do pensamento hispânico do século VII. Ele viveu durante o domínio visigótico
sobre a Península Ibérica, e testemunhou em sua juventude um importante evento: o
abandono do arianismo pelos visigodos e a conversão desse povo ao catolicismo. Antes
considerados inimigos de Cristo, devido à sua heresia, os visigodos passam a ser um “povo
eleito”, escolhido pela Providência para habitarem e governarem a Hispânia.. Em nosso
trabalho, analisaremos como Isidoro pretende legitimar a presença gótica na Hispânia como
parte do plano salvífico divino, baseados em sua obra Historia Gothorum (História dos
Godos).
O GÊNERO DO ADULTÉRIO: ALGUNS APORTES ANALÍTICOS SOBRE O FUERO REAL
Prof. Doutorando Marcelo Pereira Lima (UFRJ)
Resumo: A temática do adultério não é uma novidade no medievalismo contemporâneo. Os
objetos e abordagens são muito variados, especialmente em virtude do amplo espectro de
documentos analisados e opções teórico-metodológicas empregados. Da mesma forma, as
relações entre o adultério e o discurso jurídico medieval também não constitui um assunto
inteiramente novo nos numerosos trabalhos de História Medieval, incluindo aqui as
investigações sobre as regiões do reino de Castela e Leão durante todo o medievo. Mas
quando levamos em conta os textos jurídicos sobre as relações entre o adultério e as
instituições monárquicas presentes nos códigos do governo de Afonso X (1252-1284), a
lacuna é patente, sobretudo, quando consideramos a perspectiva dos Estudos de Gênero. O
adultério foi concebido pelos juristas como uma violação à ordem familiar e social. Por isso,
ele constituiu um assunto amplamente normatizado nos processos de codificação e
compilação encabeçados pelo scriptorium de Afonso X. Esta comunicação visa abordar esse
tema a partir da proposição de uma História Institucional de Gênero e de uma Epistemologia
Relacional do Direito. Para isso, concentraremos nossa atenção no tratamento dispensado ao
assunto no Fuero Real.
HEKATE E A FEITICEIRA – DIÁLOGOS MÁGICOS
Profa. Tricia Magalhães Carnevale (UERJ)
Resumo: No período Clássico ateniense observa-se, tal como em nosso mundo atual, uma
prática mágico-religiosa com o propósito de sanar problemas para os quais a Justiça
acontecia diferente do que alguns dos participantes do processo esperavam. Entretanto não
apenas nas disputas legais, nas disputas esportistas, no sucesso na profissão e no amor,
eram os casos mais comuns. O certo é que os atenienses recorriam ao mago ou ao iniciado
para que este entrasse em contato com os deuses ctônicos e permitisse que seu desejo por
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vingança fosse realizado. E isto era feito através das lâminas de chumbo denominadas de
katádesmoi, cuja imprecação invocava Hermes e Hekate, na maioria das lâminas
descobertas entre os séculos V e IV. Dentro das múltiplas possibilidades de contemplar
Hekate, selecionamos sua face mais visível e conhecida: a feiticeira. Apesar de não haver
registro no período Clássico de tal epíteto, Hekate é considerada por muitos estudiosos uma
feiticeira, cuja etimologia, hechicera e feiticeira data seu uso em espanhol e português nos
séculos XIII/XIV e em francês sorcier no século XIII. Michelet em seu clássico “A Feiticeira”
(1862) crê e nos mostra o nascimento de uma feiticeira a partir de uma inofensiva mulher do
campo, enquanto Hekate descende de uma família de divindades gregas poderosas ligada às
origens do mundo, os Titãs. Hekate possui muito contato com a natureza, tal como a
feiticeira, e algumas bibliografias a apresenta triforme: jovem, madura e idosa,
características também presentes em uma feiticeira. Poderíamos acreditar que Hekate, Circe
e Medeia foram inspiradoras das feiticeiras da Idade Média?
18:00-20:00h – Salão Nobre
Conferência 07
NARRATIVAS MEDITERRÂNICAS COMPARADAS
Prof. Dr. André Leonardo Chevitarese
LHIA / UFRJ
NEE / UNICAMP
Resumo: A idéia de comparar documentos, independentemente se eles apresentam
naturezas iguais e / ou compartilham de um mesmo gênero literário, me interessa já há um
bom tempo. Por meio da comparação, tive a oportunidade de analisar figuras literárias nos
mais diferentes contextos históricos, tais como, por exemplo, Salomão, Isaac, Jesus de
Nazaré e Judas Iscariotes.
Nesta série de estudos, os quais eu tenho denominado de narrativas mediterrânicas
comparadas – este seria já o terceiro – apesar de a idéia continuar sendo a mesma, a ênfase
não mais recairá no indivíduo, mas na narrativa. Esta última, muitas vezes, lida de maneira
estanque, sofre uma interpretação por demais particular, que a impede de dialogar com
outras histórias similares. Implica dizer, enquanto objeto de criação, ela é associada a um
determinado autor, que acaba ficando com todos os créditos de sua originalidade, de sua
gênese, portanto, de sua própria paternidade. O leitor, obcecado por estabelecer a relação
autor / texto / data de composição, muitas vezes não percebe que o núcleo formativo da
narrativa que ele tem diante de si não foi criado pelo autor do texto, muito pelo contrário,
ele seria parte do que aqui será chamado de herança cultural compartilhada coletivamente,
independentemente se no interior desse coletivo a quase totalidade dos seus herdeiros não
soubesse ler ou escrever. A questão aqui não passa pela capacidade ou não de leitura ou de
escrita, mas de audição, de ouvir, de conhecer os “gatilhos” que faziam disparar os sentidos
últimos do que aquela narrativa tinha a dizer para os seus ouvintes, durante a própria leitura
ou tão logo ela terminasse de ser lida ou contada.
A título de aplicação do que está sendo aqui chamado de herança cultural compartilhada
coletivamente, toma-se aqui, para efeito de comparação, as seguintes histórias
mediterrâneas: algumas fábulas de Esopo e as narrativas evangélicas relacionadas a Jesus,
ainda vivo, pregado na cruz.
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SEXTA-FEIRA – DIA 04 DE SETEMBRO
09:00-12:30h – Salão Nobre
Conferência 08
A GUERRA DE TRÓIA NO IMAGINÁRIO ATENIENSE: SUA REPRESENTAÇÃO NOS
VASOS ÁTICOS DOS SÉCULOS VI-V A.C.
Prof. Dr. José Geraldo Costa Grillo
(NEE – UNICAMP)
Resumo: O autor pergunta, a partir da iconografia da Guerra de Tróia, pelo lugar da guerra
no imaginário ateniense durante os séculos VI-V a.C.. Partindo dos pressupostos de que há
uma relação entre imagens e sociedade e de que as imagens são construções do imaginário
social, que permitem uma aproximação às representações coletivas, o autor propõe ser a
Guerra de Tróia um elemento constitutivo do imaginário ateniense e remeter sua iconografia
às representações dos atenienses sobre a atividade guerreira em seu próprio tempo. As
imagens pintadas da Guerra de Tróia, antes de serem ilustrações de um evento do passado,
são manifestações da imagem que a cidade de Atenas faz de si mesma em relação à guerra.
Presente na memória coletiva dos atenienses, a Guerra de Tróia é um acontecimento, no
qual a cidade fundamenta seus valores, sua sociedade e os respectivos papéis de seus
cidadãos. Em suma, a guerra, antes de ser uma atividade restrita aos guerreiros, envolve
toda a cidade, isto é, os não guerreiros, entre os quais, a mulher e o homem idoso, pais do
guerreiro, ocupam um lugar preponderante.
Conferência 09
AS IMAGENS DO MITO DE MEDEIA ATRAVÉS DOS TEMPOS
Profa. Dra. Maria Regina Candido
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Resumo: Podemos afirmar que a narrativa mítica do poeta Eurípides concorre em
superioridade numérica com as representações imagéticas dos poemas homéricos, fato que
nos leva a afirmar que a dramaturgia de Medeia ganhou uma rara popularidade desde a
antiguidade, passando pelo século XV a XIX e chegando aos dias atuais. Que motivações
leva ainda hoje os pesquisadores, coreógrafos e dramaturgos a analisar o mito de uma
mulher que usa de poderes mágicos, de domínios com as ervas para matar tanto os
adversários quanto os seus filhos e sem nunca ter sido punida. A narrativa de Medeia difere
das demais protagonistas da mitologia grega. As aventuras míticas de Dido, de Sapho,
Antígona e Helena encontram sempre um fim trágico ao final do enredo, enquanto que
Medeia apresenta-se como uma mulher forte, triunfante, vitoriosa diante da realização do
seu objetivo de prejudicar os seus inimigos
Conferência 10
POSSIBILIDADES DE ESTUDOS PARA CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES NA OBRA DE
AMIANO MARCELINO (SÉCULO IV D.C)
Profa. Dra. Margarida Maria de Carvalho (UNESP/Franca)
Resumo: A obra Res Gestae do autor antioquiano Amiano Marcelino é extremamente rica
por ser uma das principais documentações existentes sobre a História Militar do século IV
d.C. Chegou aos nossos dias os livros que relatam os feitos e acontecimentos militares
de Constâncio II a Valentiniano II sobre os quais podemos realizar vários estudos que
identificam a construção de identidades e /ou alteridades entre bárbaros e romanos no
interior do Exército romano. Nessa comunicação, tenho o propósito de comentar essas
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diversas vertentes encontradas no interior da obra que podem nos nortear para uma reflexão
atual presente em nossos questionamentos contemporâneos.
14:00 – 15:45 – Mesa de Comunicações 028 – Sala 106
Coordenação: Profa. Dra. Norma Musco Mendes
OS ASSENTAMENTOS INDÍGENAS DA REGIÃO ENTRE OS RIOS DOURO E MINHO
Graduando Henrique Pinto Coelho Siqueira (UFRJ)
Resumo: Nesta comunicação objetivamos compreender um pouco de como eram
constituídos assentamentos pré-romanos da Idade do Ferro entre os rios Douro e Minho, no
noroeste da Península Ibérica. Através da análise dos achados arqueológicos, observaremos
alguns aspectos e práticas da chamada cultura castreja, que entendemos ser essencial para
se averiguar os posteriores processos de “romanização” que ali de dariam.
A AÇÃO DOS PRÓ-CONSULES DA HISPÂNIA ULTERIOR
Graduando Thiago Mattos (UFRJ)
Resumo: A presente comunicação tem por objetivo apresentar alguns dos resultados
obtidos pela pesquisa que realizo como bolsista de Iniciação Científica, no Laboratório de
História Antiga do IFCS, sob a orientação da Profa. Dra.Norma Musco Mendes. O objetivo
central desta comunicação é perceber as modificações ocorridas nas relações de caráter
diplomático entre romanos, numantinos e lusitanos, percebendo estas relações como um
instrumento de afirmação de identidades. Através da análise dos discursos de Apiano e
Diodoro da Sicília sobre as guerras na Lusitânia e Numancia perceberemos como identidades
são construídas para estes povos.
A IDEOLOGIA DE LEGITIMAÇÃO DO PRINCIPADO
Graduando Thiago de Almeida Lourenço Cardoso Pires (UFF)
Resumo: Tal comunicação pretende apresentar alguns pontos iniciais sobre a minha
elaboração de projeto de pesquisa para o mestrado. A pesquisa versa sobre os processos
adotados pelo primeiro imperador de Roma, Augusto, para garantir a legitimação do
Principado, assim como as estratégias para a continuidade de seu regime. Deste modo,
pretendo analisar alguns marcos culturais e políticos do governo de Augusto: a Eneida de
Virgílio, o Aras Pacis e o fórum de Augusto. Tentarei expor algumas idéias sobre o que tais
marcos representaram para o governo do imperador e a opinião de especialistas sobre eles.
UMA REFLEXÃO SOBRE O DISCURSO COLONIAL A GEOGRAFIA DE ESTRABÃO
Profa. Mestranda Airan dos Santos Borges (UFRJ)
Resumo: Podemos afirmar que ao longo do final da República e do Alto Império, houve no
Império Romano uma "cultura imperial" que viabilizou a identificação e o reconhecimento
dos provinciais como integrantes do Imperium. Diante do contato com experiências culturais
tão distintas, houve a necessidade de afirmar a identidade imperial dos romanos. Para tanto
foram criados sistemas classificatórios – simbólicos/sociais – e representacionais que
marcavam as distinções entre os romanos e os não romanos que integravam o império, bem
como entre os romanos e os “outros”, bárbaros. Neste contexto sociopolítico e cultural,
analisaremos nesta comunicação a obra Geographiká de Estrabão, datada no I século a.C.
OS ESPAÇOS RURAIS DO LITORAL SUL DA LUSITÂNCIA DURANTE O BAIXO
IMPÉRIO
Graduando Alexandre Ramires Alonso (UFRJ)
Resumo: Esta comunicação tem como objetivo apresentar alguns resultados parciais obtidos
através do estudo que venho desenvolvendo pela FAPERJ com o projeto de pesquisa
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intitulado: “A Descaracterização do Sistema Econômico Imperial Romano, um estudo de
caso: o Litoral Sul da Lusitânia”. Ao longo desta pesquisa tem sido observada a prosperidade
dos espaços produtivos rurais no litoral sul da Lusitânia no III e IV séculos, em total
assimetria com outras regiões do Império. Através da análise das evidências arqueológicas
procuraremos apresentar um pouco do caráter produtivo destes estabelecimentos rurais, em
especial das villae e dos centros produtores de garum.
14:00 – 15:45 – Mesa de Comunicações 029 – Salão Nobre
Coordenação: Profa. Dra. Maria do Carmo Parente Santos
“O REI ASCENDE AOS CÉUS”: A MONARQUIA FARAÔNICA
NOS TEXTOS DAS PIRÂMIDES
Profa. Ms. Maria Thereza David João (UFF)
Resumo: Através da análise de encantamentos dos Textos das Pirâmides – os quais foram
esculpidos em pirâmides régias a partir da V dinastia com o intuito de fornecer ajuda ao rei
morto em sua jornada pelo outro mundo – pretende-se analisar aspectos do destino solar no
pós-morte, avaliando, por exemplo, as relações estabelecidas entre rei e divindades e a
manutenção da posição do monarca como governante supremo das posições sociais, já que
contém em seu bojo hierarquias sociais e valores próprios da visão de mundo de seus
produtores e de seus beneficiários diretos. Procurar-se-á notar, neste caso, como está
expressa, na literatura funerária, a ideologia monárquica do Reino Antigo.
O SÉCULO I A.C. E O SISTEMA REPUBLICANO ROMANO
Prof. Ronald Wilson M. Rosa (UERJ)
Resumo: Sabemos que o séc. I a.C. foi um século de muita turbulência política e social na
república romana. Pretendemos através desta comunicação, fazer uma analise do sistema
republicano romano, neste período, através dos parâmetros da nova história política,
utilizando-se como documentação básica as obras de Cícero (Da República, Das Leis, Dos
Deveres). Com o objetivo de identificar os mecanismos, agentes e símbolos nas relações de
poder na sociedade romana da época.
O SENADO ROMANO E O PODER CARISMÁTICO DOS GRANDES GENERAIS
Profa. Dra. Maria do Carmo Parente Santos (UERJ)
Resumo: Após a derrubada da realeza em Roma, o Senado estabeleceu-se como a mais
forte das instituições da República, gozando aqueles que o compunham de enorme prestígio
social baseado não só no poder que a riqueza conferia-lhes, mas numa conduta alicerçada no
respeito as três virtudes cardeais: gravitas, pietas e simplicitas.
O poder senatorial governou soberanamente os destinos da sociedade romana nos
primeiros séculos da República, mas as conquistas militares tanto na área do Mediterrâneo
quanto no Oriente trouxeram conseqüências que mudaram de forma dramática esta
situação. Na medida em que paralelamente ao abandono por parte dos senadores do
respeito ao mores maiorum afirmou-se cada vez mais o poder e o prestígio dos grandes
generais.
O tema de nosso trabalho é uma reflexão sobre este processo de inversão do
exercício do poder na República Romana em que o poder do Senado legitimado pela tradição
cede ao peso do poder carismático dos grandes militares – Mário, Sila, Pompeu.
A MANOBRA POLÍTICA DA LINGUAGEM NA ATENAS DEMOCRÁTICA SEGUNDO OS
RELATOS DE HERÓDOTO E TUCÍDIDES
Prof. Ms. Luís Filipe Trois Bueno e Silva (UFSC)
Resumo: Em sua obra seminal, "Invenção de Atenas", Nicole Loraux observa que se nos
relatos de Heródoto, contemporâneo de Péricles e Sófocles - e, por conseguinte, do apogeu
da cultura democrática ateniense -, toda batalha era confiantemente precedida por um
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debate real como se a discussão fosse desde então a garantia da vitória, em Tucídides, por
outro lado, percebe-se o contrário, ou seja, muitas vezes é a contenda de opiniões o fator
determinante de uma derrota militar. Desta maneira, a autora entende que nos tempos de
Tucídides, “a pólis não mais domina a manobra política da linguagem, que outrora fazia a
sua força”. Sobre tal contraposição e o descompasso entre o discurso precedente e ação
posterior, evidente no relato de Tucídides, Pierre Vidal- Naquet comenta: “Uma coisa é falar,
outra é realizar. O que se passa no terreno dos fatos não é (não é sempre) o que fora
previsto ou planejado" Tendo tais compreensões como pressupostos do presente estudo,
procuraremos demonstrar, a partir de uma comparação das obras de Heródoto e Tucídides, o
momento histórico no qual o logos deixa de ser instrumento de conciliação para se
transformar num foco de dissenso - sintoma de uma cultura mais complexa, onde as formas
de compreensão da realidade já haviam atingido um ponto de não-retorno, na medida em
que já nos encontramos em uma era de linguagens competitivas, impossibilitando, assim, a
construção efetiva do consenso, crença básica sobre a qual havia se firmado o regime
democrático ateniense.
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