REFÉM DO DESEJO

Transcrição

REFÉM DO DESEJO
REFÉM DO DESEJO
“The bride hunt”
Margo Maguire
Inglaterra e Escócia, 1072
Sua vida estava nas mãos de um homem que ela não ousava amar...
Na noite em que Isabel Louvet escolheria um noivo, o castelo de seu
pai é atacado e ela é raptada e entregue como escrava a um líder escocês. Ao
tentar salvar a vida de Isabel, o valente Anvrai d'Arques também é capturado,
mas graças às suas habilidades de guerreiro, ele consegue escapar, levando
consigo a jovem prisioneira. Isabel desperta em Anvrai uma ardente paixão,
mas ele não ousa esperar que uma mulher tão linda e cobiçada possa amar um
homem que traz marcas profundas das batalhas que enfrentou. No entanto, ao
se aventurarem naquela fuga arriscada, Anvrai descobre o brilho do desejo nos
olhos de Isabel. Perseguidos por inimigos implacáveis, Isabel e Anvrai têm de
enfrentar uma árdua batalha para salvar a si mesmos, seu povo e um amor que
tem o poder de libertá-los para sempre!
Margo Maguire – Refém do Desejo
(CHE 260)
Capítulo I
Nortúmbría, 1072, fim de verão. Castelo de Kettwyck
Sir Anvrai d'Arques olhava para os lados, inquieto, incapaz de
descontrair-se. Não conseguia se envolver no ambiente alegre, nem com as
músicas que eram executadas sem parar. As obras do castelo-forte não tinham
sido concluídas. Além disso, nos últimos tempos os cavaleiros de lorde
Kettwyck haviam se dedicado mais a ajudar na construção do que ao
treinamento com objetivos de defesa.
Seria muito fácil para os escoceses atacarem o castelo durante as
festividades em comemoração à chegada de Isabel e Kathryn, as duas filhas do
lorde.
Apoiado na balaustrada superior, observava lady Isabel dançando
com os incontáveis pretendentes.
— Anvrai d'Arques! — Hugh Bourdet, o auxiliar de maior confiança
de lorde Kettwyck, estendeu a mão para saudá-lo efusivamente. — Bem que
disseram que o senhor veio no lugar do barão Osbern. Fico satisfeito em
encontrá-lo. Já faz dois anos que não nos vemos?
Apesar de respeitar o cavaleiro idoso, não se encontrava com
disposição para conversar.
— Sim, se não for mais — Anvrai respondeu, com o cenho franzido.
— Noto que o senhor está muito sério. Hoje é um dia de festividades
e descontração. — Hugh riu. — Segundo me consta, o senhor não assumiu o
comando da guarnição do rei em Winchester.
Anvrai cerrou os dentes. Havia um ressentimento profundo entre ele
e o rei Guilherme. De todos os cavaleiros que estavam na corte e podiam
aproveitar a notoriedade de comandar um dos exércitos do monarca, Anvrai
d'Arques fora o que recebera menores recompensas. Pelo menos, nada de
substancial. Anvrai teria encontrado muita satisfação em possuir uma pequena
propriedade... um lar... como recompensa pelos anos em que estivera a serviço
de Guilherme. Antes e depois da batalha de Hastings.
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Mas Guilherme não tinha intenção de recompensar o homem que o
desafiara. Por esse motivo, Anvrai d'Arques vivia nas casernas de Belmere, a
serviço do barão Osbem d'Ivry, lorde de Belmere. O fato era uma permanente
fonte de irritabilidade, mas não havia solução possível. Anvrai d'Arques era tão
obstinado quanto Guilherme, o Conquistador.
Anvrai apontou para as muralhas de Kettwyck e explicou os motivos
de sua preocupação.
— Sir Hugh, as fortificações ainda não foram terminadas. Será que
lorde Henri não receia o ataque de escoceses?
— Nossos inimigos nunca demonstraram interesse em conquistar
nosso longínquo território a oeste — Hugh retrucou. — Mesmo assim, não
deixamos de tomar precauções. Temos cavaleiros patrulhando o perímetro das
muralhas que não estão terminadas e...
Anvrai escutara histórias a respeito das incursões violentas contra os
cavaleiros normandos. Os escoceses eram bárbaros. Seqüestravam mulheres e
crianças para serem escravizadas ou vendidas. O melhor seria poder contar com
muralhas altas, além de cavaleiros armados nas rondas.
— O senhor acha que isso seria o suficiente para deter um bando de
escoceses selvagens?
— Em breve esses ataques terminarão. Os arautos do rei Guilherme
estão atualmente percorrendo a Nortúmbria, arregimentando vassalos para a
luta. — Hugh observou as festividades que tinham lugar embaixo, no salão. —
O rei foi pessoalmente para o norte e reuniu legiões de cavaleiros no trajeto.
— Ir ao encontro do rei Malcolm em seu torrão natal será uma
aventura arriscada.
— Concordo com sua opinião, mas o exército de Guilherme é muito
mais numeroso. O mensageiro chegou há uma hora com ordens para que todos
os súditos fossem até a foz do rio Tees, onde se encontram reunidos inúmeros
navios normandos. O rei pretende arregimentar uma grande tropa sob seu
comando.
— Até quando?
— Até o final do mês.
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Anvrai deu um passo atrás, raciocinando com rapidez. Teria de agir
sem perda de tempo. Era preciso organizar os cavaleiros de Belmere sob seu
comando.
— Nada deverá ser feito até amanhã — Hugh segurou amigavelmente o braço de Anvrai. — Por ora, concentremo-nos em apreciar a festa
no salão nobre.
Anvrai negou com um gesto de cabeça.
— Isso não é para mim.
— Duvido que lorde Osbern o tenha enviado aqui somente para
vigiar as ameias, mesmo que o senhor pretendesse fazer uma saída repentina.
— Hugh deu um sorriso triste. — O senhor é um cavaleiro bastante conhecido e
respeitado, apesar de ser tão jovem. Com certeza há uma legião de donzelas que
esperam suas atenções.
Anvrai d'Arques ignorou o comentário, certo de que não fora malintencionado. Nenhum cavaleiro da Inglaterra ou da Normandia ignorava o
aspecto chocante da fisionomia de Anvrai d'Arques. Mesmo os que não o
conheciam, teriam ouvido comentários a respeito. O lado esquerdo do rosto
dele era marcado por cicatrizes, e a órbita vazia que antigamente abrigara um
olho causavam repugnância.
Fazia muito tempo que Anvrai aprendera uma lição amarga.
Nenhuma jovem, da mais simples à mais atraente, poderia se interessar por ele.
A não ser, era evidente, as que visavam uma generosa remuneração.
Qualquer homem poderia apreciar a beleza de uma jovem, sonhar em
tocá-la ou mesmo em beijá-la. Se Anvrai tomasse atitude semelhante, seria
chamado de ogro. Por esse motivo nunca lhe ocorria participar de danças ou
festas.
— O senhor não pretende ir embora, não é? Ouvi dizer que lady
Isabel escolherá um noivo esta noite — Hugh comentou. — Ainda teremos
muitos brindes para erguer.
Anvrai descontraiu-se um pouco. Hugh tinha razão. Não havia
motivo para ausentar-se naquele momento. Viera com ordens de representar
Belmere e era o que faria. Deixara a tropa de prontidão, enquanto prestigiava o
banquete em honra das filhas de lorde Kettwyck. Para o evento, até vestira uma
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túnica ricamente bordada. Nunca estivera com tão boa aparência como naquela
noite.
— Está bem. Ficarei por hoje e amanhã cedo assistirei à missa. Depois
irei embora. Tenho muitas incumbências em Belmere. Será preciso organizar
tudo para a campanha militar de Guilherme.
— Acredito que lorde Osbern deve ter recebido a mensagem do rei e
até já deve ter iniciado os preparativos.
Anvrai concordou. Conhecia lorde Osbern. Quando retornasse a
Belmere, tudo estaria encaminhado.
— Lady Isabel, a mais velha das irmãs, é encantadora — Hugh
comentou, mudando de assunto. — Talvez ela escolha sir Roger para marido,
ou então sir Etienne Taillebois. Ambos são rapazes dignos e bem relacionados.
Anvrai deu de ombros. Ouvira dizer que lady Isabel teria permissão
de fazer a escolha entre a multidão de nobres que o pai reunira no salão nobre.
Por considerar-se um noivo inadequado para qualquer jovem, especialmente
uma dama tão adorável como Isabel, tivera sorte por ter escapado das atenções
de lorde Kettwyck. De qualquer forma, pouco lhe importavam os atos das
grandes famílias do reino.
Interessava-se muito mais pelas eminentes operações militares do rei
Guilherme contra os escoceses. Embora ultimamente não houvesse participado
de nenhuma das batalhas do monarca, sabia que há muito o rei empenhava-se
contra os ataques bárbaros dos habitantes do norte.
Anvrai avaliou o céu através da janela. Pareceu-lhe bastante provável
contar com boas condições atmosféricas até a manha seguinte, quando
empreenderia a volta a Belmere. Se tivesse sorte, o tempo continuaria estável
por mais dois dias. Tempo necessário para chegar em casa e partir ao encontro
do exército do rei Guilherme no rio Tees.
— Lady Isabel é muito atraente e fará um belo casamento — Hugh
considerou. — O senhor estava no salão esta manhã quando ela contava
histórias?
— Ah, sim — Anvrai d'Arques respondeu casualmente. E presenciara
o interesse com que muitas crianças e um sem-número de adultos haviam
acompanhado a história de um herói grego que Anvrai desconhecia. Isabel
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mudava a inflexão de voz para cada personagem da narrativa e mantivera os
ouvintes encantados.
Durante os trechos engraçados, os olhos cor de mel faiscavam e os
cabelos negros e brilhantes ganhavam vida sob a luz da manhã. Anvrai admitiu
ter ficado cativo pela maneira envolvente com que a formosa lady Isabel
encadeara as palavras. Deixara-se levar pelo timbre suave daquela voz e
chegara ao absurdo de imaginar que Isabel falava só para ele. Os aplausos
entusiasmados haviam quebrado o encantamento. O que fora excelente. Ele não
era daqueles que perdiam tempo com frivolidades.
— Milady iguala-se ao mais festejado dos bardos — Hugh alegou. —
Se não for mais inventiva de que qualquer um dos poetas heróicos celtas. Ela
contou histórias que eu nunca...
De repente, gritos estridentes abafaram a voz de Hugh e também a
música. Anvrai desembainhou a espada e correu, lamentando não estar com a
cota de malha nem com o escudo.
— Vamos! — Anvrai chamou Hugh.
Eles desceram de dois em dois os degraus de pedra e no patamar
intermediário defrontaram-se com cinco escoceses munidos de espadas e
escudos. Sem demora, Anvrai atravessou o peito do primeiro com a lâmina de
folha larga, enquanto Hugh lutava com o segundo. Os três outros atacaram ao
mesmo tempo. Anvrai atirou um banco de madeira na direção deles e atingiu
dois. O terceiro foi logo tirado de combate. Quando os dois desfalecidos se
recuperaram e investiram contra Anvrai, Hugh veio em seu auxilio. Juntos,
mataram os dois remanescentes e desceram o outro lance de escada rumo ao
salão.
— Por onde eles entraram? — Anvrai quis saber.
— Deve ter sido pela muralha meridional, a única que realmente não
oferece resistência.
Anvrai murmurou uma imprecação. Eles viraram à esquerda e
tiveram de enfrentar mais dois escoceses. Aquela não era a única passagem
vulnerável. A fortaleza e varias construções externas encontravam-se
inacabadas. Ele e Hugh combateram os dois guerreiros. Anvrai estava aflito
para alcançar o salão nobre. Era ali que os bárbaros estavam cometendo as
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maiores calamidades. Matavam quem ousasse defender-se e levavam os que
poderiam aproveitar como escravos.
Anvrai e Hugh percorreram uma galeria lateral antes de chegar ao
salão. Ali estavam crianças, mulheres aterrorizadas e as pessoas idosas demais
para lutar. Gritos estridentes cortavam o ar por todos os lados. O caos se
instalara.
— É preciso ir até o pátio — gritou Hugh. — Não vejo lady Isabel e
sir Roger por aqui. Eles estão desprotegidos.
Anvrai teria de abrir caminho entre a multidão que se concentrava no
salão nobre, reunir o maior número possível de cavaleiros e rumar para o pátio.
E no momento que lá chegasse, seria bem provável que os agressores já
houvessem matado Roger e levado Isabel.
Os invasores, inclementes, haviam chegado às ameias do anteparo do
torreão, de onde atiravam flechas para atingir os cavaleiros normandos que
lutavam para defender o castelo-forte. Anvrai viu o pai de Roger cair. Porém,
cercado por todos os lados, nada pôde fazer para ajudar o homem.
— Ao pátio! — Hugh insistiu.
Anvrai deu um golpe fatal no abdômen de um dos oponentes
dianteiros, mas foi atacado por trás. Sentiu no ombro desprotegido a ponta de
uma espada escocesa. Experimentou uma dor lancinante, mas não se deteve.
Virou-se e combateu o mais novo agressor, enquanto recuava em direção ao
pátio.
Quanto mais demorasse, pior seria. Os escoceses não hesitariam em
capturar um prêmio tão encantador quanto lady Isabel. Vira várias jovens, a
maioria delas servas, serem levadas pelos desvairados.
Anvrai conseguiu impedir o rapto de muitas mulheres e deu-lhes a
oportunidade de fugir, porém os cavaleiros normandos estavam em menor
número e tinham sido apanhados de surpresa. A patrulha de lorde Kettwyck
falhara. Os convidados não usavam armadura e tinham sido feridos. Os
escoceses venciam a batalha de Kettwyck e retiravam-se com todos os itens de
valor que podiam carregar. Ateavam fogo no que deixavam para trás,
acrescentando ainda mais pânico à confusão reinante. Ferido e sangrando,
Anvrai deixou o salão e foi combater do lado de fora do castelo. Os escoceses
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retardatários riam e provocavam os normandos derrotados. Embora o linguajar
deles fosse ininteligível, o tom de ameaça era bem claro. Os invasores
proclamavam a vitória e caçoavam dos opositores normandos.
A ofensiva final foi o incêndio da estrebaria, com muitos cavalos
presos no seu interior. Os escoceses haviam roubado tudo o que lhes interessava
e destruído o restante.
Anvrai não viu sinal de Isabel nem de Roger. Por um instante,
considerou o que poderia acontecer àquela formosa donzela. Seria um destino
terrível para qualquer jovem inocente, independentemente de ser bela ou não.
Suspirou, arrasado. Nada mais poderia ser feito. Isabel sumira.
— Eles foram para as colinas, sir! — um dos cavalariços gritou. — Os
desgraçados atearam fogo em tudo e debandaram como ladrões miseráveis que
na verdade são!
Anvrai não perdeu tempo. Em meio a cavalos apavorados pelas
chamas e cavalariços que as combatiam com baldes de água, selou um garanhão
de bom aspecto. Ordenou a vinte cavaleiros que fizessem o mesmo e liderou a
comitiva que galopou atrás dos atacantes. Determinado, jurou a si mesmo que
faria o que estivesse a seu alcance para resgatar a noiva de outro homem.
Isabel Louvet, a moça criada no convento de St. Marie, foi atirada no
chão sem a menor cerimônia, como se fosse u saco de grãos. Rastejou até onde
se encontrava Roger. O rapaz fora amarrado e deitado de costas em uma
carroça, em meio a mercadorias roubadas pelos vitoriosos. Isabel reconheceu
que, nem nos recônditos mais férteis de sua imaginação criativa, poderia ter
inventado uma história tão selvagem de matança e crueldade. Agressores
escoceses haviam invadido o castelo de seu pai, vindos de todos os lados,
matando quem ousasse fazer-lhes oposição. Perdera o fôlego diante de tamanha
carnificina.
— Sir Roger! — Isabel gritou e foi puxada pelos cabelos.
Levou uma bofetada do atacante. Sentiu a vibração nos dentes e seus
lábios ficaram inchados. Engoliu em seco e escutou o homem vociferar palavras
estranhas e violentas. Aturdida com a rudeza do tratamento, encolheu-se e
protegeu a cabeça com as mãos. Não fora preparada para acontecimentos dessa
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espécie, durante os anos em que permanecera na abadia de St. Marie. Os
escoceses a matariam se ela lhes causasse problemas. A seu redor, escutava sons
abafados de gemidos, mas naquela escuridão pouco se podia enxergar. Apenas
alguns olhares apavorados que certamente eram semelhantes ao dela.
O pobre Roger fora duramente atingido na cabeça. Nem tivera a
oportunidade de puxar a espada da bainha. Desacordado, fora arrastado em
direção à muralha do castelo-forte. Um dos atacantes a atirara sobre o ombro e a
jogara sobre o lombo de um cavalo, antes de disparar rumo às colinas.
Isabel não se entregava com facilidade. Lutara, desesperada, para
libertar-se. Socara as costas de seu captor e berrara sem parar. Em vão. Sem lhe
dar a menor importância, os bandidos empreenderam desabalada carreira por
cerca de uma hora, antes de fazer uma parada em um pequeno matagal no alto
de um cômoro, ao norte do castelo de seu pai. Era ali que continuavam
esperando.
No silêncio, Isabel escutou o tropel dos cavalos nos caminhos abaixo
deles. Abriu a boca para gritar um aviso, mas foi atirada ao chão, onde lhe
puseram uma mordaça. Enquanto lhe amarrava o trapo sujo na boca, o homem
sussurrava palavras estrangeiras, mas de sentido inconfundível. Isabel estremeceu, enojada.
O imbecil se deitou sobre ela, impedindo-a de mover-se. Respirar
ficava cada vez mais difícil. E Isabel nada podia fazer, enquanto os outros
esperavam, emboscados, pelos normandos que vinham resgatá-la.
Capítulo II
Algum lugar da Escócia, Uma semana depois
Anvrai não desperdiçou forças com ataques de ira ou com
imprecações. Nem com preces.
Tinha uma tarefa para cumprir e seu futuro dependia do sucesso
dessa realização. Virou a cabeça para a direita. A algema pesada de ferro que
lhe segurava o pulso estava amarrada a uma corrente grossa. Esta, por sua vez,
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era presa em um toco de ferro robusto enfiado bem fundo no chão. O outro
braço e as duas pernas estavam presos da mesma maneira.
Assim mesmo, teria de escapar. De qualquer jeito. Era o único
pensamento que o mantinha alerta.
Sentia frio. O sal do suor fazia arder os ferimentos conseqüentes aos
maus-tratos que lhe haviam impingido. Não conseguia lembrar-se de quando
fora torturado pela última vez, nem há quantos dias era prisioneiro desses
bárbaros do norte.
Sacudiu as correntes que o amarravam. O ato simples de revolta
resultou em um pontapé violento nas costelas por parte de um de seus captores.
Anvrai achou melhor ficar imóvel e continuar impedindo a irritação. Nunca se
sentira tão impotente, tão derrotado.
Nem mesmo sabia onde se encontrava. Se não houvesse sido
designado para ir ao castelo de Kettwyck...
Se houvesse ido diretamente ao encontro do exército do rei
Guilherme no rio Tees...
Se...
Há quantos dias, ou semanas, acontecera a comemoração pela
chegada das filhas de lorde Kettwyck ao castelo? O número de cavaleiros de
Kettwyck mortos durante o ataque à fortaleza fora muito grande. Por isso
coubera a Anvrai d'Arques, um visitante, a incumbência de liderar a
perseguição aos escoceses que haviam seqüestrado Isabel e seu pretendente, sir
Roger.
Os cavaleiros de Kettwyck haviam seguido a pista com muito
cuidado e sem fazer ruído. Providências inúteis. Os escoceses esperavam às
escondidas no meio de uma mata cerrada e caíram sobre os normandos de
todos os lados. Pularam até mesmo de cima das árvores. Anvrai e seus homens,
em minoria, foram dominados com facilidade.
Anvrai nem mesmo sabia se algum dos cavaleiros de sua pequena
tropa estava vivo. A única lembrança era ter caído em uma emboscada e ter sido
aprisionado em seguida.
Sentia dores por todo o corpo, mas acreditava que estivesse com
apenas uma costela quebrada. Dos vários ferimentos resultantes da agressão
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