Renováveis contra a dependência energética
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Renováveis contra a dependência energética
A1 ID: 32111559 01-10-2010 | Conferências Tiragem: 19403 Pág: II País: Portugal Cores: Cor Period.: Ocasional Área: 26,70 x 37,21 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 4 CO N F E R Ê N C I A : G LO BA L C L E A N E N E R GY FO RU M N e w Yo r k T i m e s / I n t e r n a t i o n a l H e r a l d Tr i b u n e / D i á r i o E c o n ó m i c o Renováveis contra a dependência energética Conferência sobre o novo mundo das energias limpas vai continuar hoje até às 14h15. MIGUEL COSTA NUNES [email protected] A capacidade de criação de empregos através das energias renováveis contra a dependência face às energias convencionais. Esta foi a ideia-chave que atravessou ontem o arranque da conferência “The Global Clean Energy Forum” realizada pelo Diário Económico em parceria com o International Herald Tribune e que contuará hoje. Dependência que o ministro da Economia Vieira da Silva, em substituição do primeiro-Ministro José Sócrates, destacou como um dos males prioritários poucas horas depois de o Governo apresentar, pela voz do primeiro-ministro, o novo plano de austeridade. “Um dos problemas do défice externo é o desequilíbrio da balança energética”, disse Vieira da Silva. “Um desequilíbrio que representa 4,5% do PIB e funciona como um travão sério ao crescimento da economia”, acrescentou o ministro que salientou o facto de a dependência também ser visível quando olhamos para sectores específicos como o dos transportes. “As energias limpas são, por isso, um forte desafio estrutural, no centro das estratégias nacionais. Para reforçar a competitividade, promover a criação de riqueza e a evolução tecnológica”, acrescentou, antes de sublinhar que Portugal é o segundo país a seguir à Dinamarca na incorporação de energia eólica. “A crise demonstrou que nada é tão certo como a mudança das premissas ser cada vez mais acelerada. E tudo depende muito de acções como esta”, disse Vieira da Silva. VIEIRA DA SILVA Ministro da economia “ Um dos problemas do défice externo é o desequilíbrio da balança energética que representa 4,5% do PIB e funciona como um travão sério ao crescimento da economia. Líderes querem nova Reclamada responsabilidade, estabilidade e visibilidade JEREMY RIFKIN Presidente da Foundation on Economic Trends “ O definitivo senhor Rifkin O presidente e fundador da Foundation on Economic Trends, Jeremy Rifkin, foi mais definitivo ao afirmar que as renováveis são uma questão de “vida ou morte para a sobrevivência da humanidade”. “E hoje estamos tão ligados à energia como à Internet. E isso pode confirmar-se em qualquer escola, hoje aqui em Portugal, onde estão a ensinar às crianças que tudo tem uma pegada ecológica”, disse. “É a nossa consciência que está aqui em jogo”, acrescentou o primeiro orador da conferência que alinhou a existência de quatro pilares essenciais neste negócio: infra-estrutura, distribuição, transportes e edifícios. Além da criação de emprego, sobretudo através das revoluções na construção e na comunicação em torno da energia. ■ As renováveis são questão de vida ou morte para a humanidade (...) E estamos hoje tão ligados à energia como à Internet, o que pode confirmar-se nas escolas onde se ensina que tudo tem uma pegada ecológica. O nascimento de uma “terceira revolução industrial” caracterizada por baixa emissões de dióxido de carbono será crucial para o planeta. A opinião foi ontem partilhada por vários líderes do sector das energias renováveis no Fórum Global Clean Energy que apontam ainda para a necessidade de investimentos em tecnologia e incentivos dos Estados no percurso de desenvolvimento das energias alternativas aos combustíveis fósseis. Um caminho que ajudará a dar resposta ao crescente consumo mundial e ao desenvolvimento económico, numa altura em que os actuais baixos preços do petróleo são considerados como uma “ilusão”. Katrina Landis, CEO da BP Alternative Energy, uma das participantes do fórum, recorda aqui as projecções da Agência Internacional de Energia: a procura energética vai aumentar 30%. “Os hidrocarbonetos continuarão a ser a fonte predominante, o que é preocupante, mas as renováveis terão um desenvolvimento mais rápido”, defende. Esta projecção leva o presidente da EDP a defender a necessidade de “responsabilidade, estabilidade e visibilidade” no sector das energias renováveis. Também o CEO da Acciona, José Entrecanales defende aqui que “é fundamental continuar a investir” neste sector. Uma posição reiterada pelo presidente da empresa indiana de aerogeradores Suzlon que aponta o exemplo da Índia, onde diz “o quadro legislativo e o Estado desempenham um papel muito importante ao nível dos próprios investimentos”, em contraste com a maioria dos países do mundo onde são as empresas energéticas que estão a fazer o maior investimento. Também Testsuro Nagata, parti- ID: 32111559 01-10-2010 | Conferências Tiragem: 19403 Pág: III País: Portugal Cores: Cor Period.: Ocasional Área: 26,82 x 38,25 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 4 4 P E R G U N TA S A ANTÓNIO MEXIA, CEO DA EDP “Energias fósseis baratas são ilusão” Líder da eléctrica alerta que o preço do petróleo e gás vai subir logo que as economias recuperem. Sala cheia para ouvir os líderes das remováveis: Tetsuro Nagata, CEO da Eurus; Jose Manuel Entracanales, CEO da Acciona; António Mexia, CEO da EDP; Tulsi Tanti, CEO revolução industrial para as renováveis. cipante no painel dos líderes de energia renovável, e presidente da Eurus Energy Holdings Corporation, traça como prioridade continuar a investir nestas tecnologias.”A verdade é que os subsídios vão reduzir-se e temos de convencer o público das vantagens em investir em renováveis e incentivar os produtores a diminuir os seus custos”. Tulsi Tanti acrescenta mesmo que “só investindo cada vez mais, se diminuirá o custo tecnológico, e logo o custo destas energias”, defendendo que as empresas deveriam passar a contabilizar o custo dos danos ambientais do uso de combustíveis fósseis. Opinião patilhda por Mexia: os preços têm de reflectir os custos reais. É essencial transparência. É mentira dizer que sermos sustentáveis é um luxo que não podemos resolver em tempo de crise”. ■ L.S. TULSI TANTA Presidente da Suzlon “ Países como a Índia e China, que estão em franco crescimento e precisam cada vez mais de energia, têm de oferecer essa oportunidade de desenvolvimento através de energia limpa. Só assim garantem redução de preços e segurança energética. Neves António da Suzlon, e Katrina Landis, da BP Alternative Energy. António Mexia defende as principais apostas que Portugal deverá seguir para garantir um maior contributo das renováveis no PIB em 2020. E lança alguns alertas a consumidores e decisores políticos. A nova Estratégia Nacional para a Energia prevê que,em 20020,as renováveis representem 1,7% do PIB.De onde poderá vir o maior contributo? O grande contributo, que já existe e continuará a existir, tem a ver com a água. Portugal tem cerca de 5000 MW. O projecto da EDP são mais de 3000 MW. Estamos a falar hoje em mais do que duplicar no hídrico em Portugal. É um recurso absolutamente fundamental. Não só do ponto de vista de produção de electricidade, mas de reserva de água, desenvolvimento regional e do ponto de vista da biodiversidade. Tudo isto é uma visão integrada..... E quais deverão ser as outras apostas? Apostar nas mais maduras, nomeadamente nas eólicas que já têm um desenvolvimento de eficácia e de custos, praticamente competitivo com as energias tradicionais. E fazer ainda um desenvolvimento progressivo onde existe ainda uma curva de aprendizagem importante para os próximos anos, ou seja, essencialmente a solar. Também estamos a lançar o primeiro projecto eólico offshore que estará em 2011 ao largo da nossa costa. Estamos também com projectos das energias das ondas. No fundo, a criar futuro para um Portugal menos dependente com um contributo fundamental do ponto de vista de investimento e crescimento. Só a EDP nas hídricas representa três mil milhões de euros. Considera que os planos de investimento, em Portugal, de 31 mil milhões para os próximos 10 anos,só serão viáveis com fomento do Estado? É uma questão essencial. Se incluirmos hoje nos projectos renováveis todos os verdadeiros custos das energias tradicionais, nomeadamente se tivéssemos hoje um custo de CO2 que traduzisse verdadeiramente os custos reais, não estaríamos a ouvir posições demagógicas de que as renováveis são caras. É claro hoje para toda a gente que as energias tradicionais não estão a incorporar todos os custos económicos e sociais que hoje implicam na sociedade. Se incluir isso, espera-se que um projecto eólico on-shore tipicamente seja 15% mais barato que uma central a carvão ou a gás. A mensagem está a pensar para o consumidor? No curto prazo, houve uma destruição significativa da procura de electricidade, o que fez descer os preços. Há também uma bolha de gás a nível mundial e os preços de energia tradicional caíram muitíssimo. Portanto, cria-se uma percepção que é uma ilusão de curto prazo de que poderemos viver para sempre com energias fósseis – petróleo e gás – baratas. Se as economias voltarem a crescer, como todos queremos, o petróleo rapidamente poderá ir para onde já esteve acima dos 150/170 dólares. Nessa altura, estaremos todos a perguntar porque não fizemos mais nas energias renováveis, porque elas são verdadeiramente mais baratas. Esta é a questão: não haver ilusão sobre aquilo que são os custos verdadeiros da energia fóssil. ■ “ Se as economias voltarem a crescer, como todos queremos, o petróleo rapidamente poderá ir para onde já esteve acima dos 150/170 dólares. Nessa altura, estaremos todos a perguntar porque não fizemos mais nas energias renováveis? ID: 32111559 01-10-2010 | Conferências Tiragem: 19403 Pág: I País: Portugal Cores: Cor Period.: Ocasional Área: 26,53 x 36,16 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 3 de 4 global clean ENERGY fórum O painel de líderes:: Tetsuro Nagata, CEO da Eurus; Jose Manuel Entracanales, CEO da Acciona; António Mexia, CEO da EDP; Tulsi Tanti, CEO da Suzlon, Katrina Landis, da BP Alternative Energy e Kavita Maharaj, moderadora. Líderes querem uma terceira revolução industrial Paulo Alexandre Coelho ◗ Saiba tudo o que foi dito sobre energias limpas na conferência ID: 32111559 01-10-2010 | Conferências Tiragem: 19403 Pág: 1(principal) País: Portugal Cores: Cor Period.: Ocasional Área: 13,69 x 4,49 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 4 de 4 CONFERÊNCIA Líderes da energia querem uma terceira revolução industrial