Avaliação da exposição ao Mercúrio em Consultório Dentário de

Transcrição

Avaliação da exposição ao Mercúrio em Consultório Dentário de
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA
MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA
Ivisson Carneiro Medeiros da Silva
Avaliação da exposição ao Mercúrio em Consultório Dentário de uma
Empresa de Serviço Social.
Rio de Janeiro
2010
Ivisson Carneiro Medeiros da Silva
Avaliação da exposição ao Mercúrio em Consultório Dentário de uma
Empresa de Serviço Social.
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós- Graduação em Saúde
Coletiva da UFRJ, como requisito à
obtenção do Título de Mestre em Saúde
Coletiva.
Orientador: Prof. Dr. Volney de Magalhães Câmara.
Rio de Janeiro
2010
S586a
Silva, Ivisson Carneiro Medeiros da.
Avaliação da exposição ao mercúrio em consultório dentário de
uma empresa de serviço social / Ivisson Carneiro Medeiros da Silva.Rio de Janeiro: UFRJ/Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, 2010.
72 f. : il.; 30 cm.
Orientador: Volney de Magalhães Câmara.
Dissertação (Mestrado)- UFRJ/Instituto de Estudos em Saúde
Coletiva, 2010.
Referências: f. 57 - 61.
1. Odontologia. 2. Mercúrio. 3. Doenças profissionais. 4. Intoxicação por
mercúrio. I. Câmara, Volney de Magalhães. II. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva. III. Título.
CDD 362.2
ii
Ivisson Carneiro Medeiros da Silva
Avaliação da exposição ao Mercúrio em Consultório Dentário de uma
Empresa de Serviço Social.
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós- Graduação em Saúde
Coletiva da UFRJ, como requisito à
obtenção do Título de Mestre em Saúde
Coletiva.
Aprovada em
___________________________________________________
Prof. Dr. Volney de Magalhães Câmara, Pós-Doutor, UFRJ.
____________________________________________________
Profª. Drª. Carmen Ildes Rodrigues Fróes Asmus, UFRJ.
____________________________________________________
Profª. Drª. Isabel Cristina Matuck Roque, UFF.
iii
À Gelson Kleber de Souza Carneiro in memorian. À
todos que contribuíram por este momento.
iv
Agradecimentos
À Deus, por me guiar e iluminar minha jornada.
À minha esposa, Audrey Cristina Cintra pelo apoio e suporte emocional.
Aos meus pais, Ivan e Marise, ao meu irmão Igor, e a todos familiares que entenderam
as ausências e longos períodos sem notícias;
Ao meu avô Orlando e minha avó Magaly, meus exemplos e espelhos de vida.
Ao Prof. Dr. Volney de Magalhães Câmara pelo trabalho, pela paciência e pela
educação na forma de conduzir a orientação do estudo.
Aos Professores Armando Meyer e Carmen Ildes pelas sugestões durante a confecção
do projeto de pesquisa.
Ao Professor Reinaldo Calixto de Campos e toda sua equipe do laboratório de
Absorção atômica da PUC-RJ, principalmente ao Rodrigo, pela paciência e tempo dedicados
a ensinar-me a manusear o Lumex e pela realização dos exames.
Aos meus ex-chefes, coordenadores da pós-graduação, Ronir Raggio Luiz, Marcia
Gomide e Claudia Medina Coeli pelo estímulo ao desenvolvimento acadêmico.
Aos meus grandes amigos, Diego, Geraldo e João Cruz pelas dicas e ajudas durante o
processo de elaboração do trabalho.
A todos docentes, técnicos administrativos e funcionários do IESC.
Ao Dr. Sergio, Drª. Vanessa e Drª. Vera que tornaram possível a realização do estudo
na Empresa.
v
DA SILVA, Ivisson Carneiro Medeiros. Avaliação da exposição ao Mercúrio em Consultório
Dentário de uma Empresa de Serviço Social. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) –
Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2010.
Resumo
O mercúrio é um metal encontrado naturalmente no ambiente e se apresenta sob
diversas formas. Tem uma grande variedade de usos na indústria, agricultura, aplicações
militares, medicina, produção de aço, cimento, formação de amálgama de metais e na
odontologia. É considerado como responsável por doenças ocupacionais em mais de 200
profissões. Nosso trabalho consistiu na observação do processo de trabalho, na avaliação de
um questionário auto-respondido sobre o uso do amálgama e na avaliação da exposição ao
mercúrio no ambiente de trabalho através da realização de 300 medições da concentração de
mercúrio no ar da clínica com o analisador portátil Lumex®. As medições foram realizadas a
cada hora durante os cinco dias de trabalho na clínica da Empresa de Serviço Social do
Comércio (SESC) composta por seis cadeiras odontológicas localizada no Município de São
Gonçalo – RJ. Também se avaliou a concentração de Mercúrio na urina dos trabalhadores da
clínica durante a semana de trabalho, incluindo o final de semana com o objetivo de observar
a variação da concentração de mercúrio e o quanto do metal avaliado no ar da clínica poderia
ser inalado pelos profissionais e depois excretado. Avaliamos ainda a relação entre a
concentração de mercúrio observada no ar e o procedimento odontológico realizado no
momento da medição. Foram mensurados 175 procedimentos e divididos em três grupos
segundo a utilização direta e indireta do mercúrio. Foi observada uma média geral de 2,49 µg
Hg/m3 de ar na clínica durante a semana sendo de 4,69 µg Hg/m3 a média observada no dia
em que se observou a temperatura mais elevada e foram realizados 37 procedimentos e de
0,79 µg Hg/m3 no dia com menos procedimentos e temperatura do ambiente mais baixa. O
procedimento amálgama teve média de concentração de mercúrio de 3,38 µg Hg/m3 enquanto
os procedimentos que utilizam caneta de alta rotação apresentaram médias ambientais de 2,96
µg Hg/m3. Quanto às concentrações de mercúrio urinário observou-se média de 1,36 µg Hg/L
de urina nas 68 amostras coletadas. 42% dos participantes apresentaram scores iguais ou
maiores que três nas perguntas relativas aos sintomas neuropsicológicos. Os dados coletados
no ar e as amostras biológicas mostram que os valores estão dentro dos limites estabelecidos
em lei no Brasil e em outros países do Mundo, e que a variação da concentração de mercúrio
no ambiente se deu provavelmente pela variação de temperatura e quantidade de
procedimentos realizados no dia. O procedimento amálgama foi o responsável pela maior
média da concentração do mercúrio no ambiente. Os profissionais estão trabalhando sob
estresse devido à ausência de pessoal como observado nos resultados do questionário.
Palavras-chaves: Mercúrio, Odontologia, Procedimentos, Avaliação do ambiente de trabalho.
vi
DA SILVA, Ivisson Carneiro Medeiros. Avaliação da exposição ao Mercúrio em Consultório
Dentário de uma Empresa de Serviço Social. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) –
Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2010.
Abstract
Mercury is a metal found naturally in the environment and is presented in various
forms. It has a wide variety of uses in industry, agriculture, military applications, medicine,
steel industry, cement factory, formation of metal amalgam and in odontology. It is regarded
as responsible for occupational diseases in more than 200 professions. Our work consists in
the observation of the work process, the evaluation of a self-reported questionnaire about the
use of amalgam and the assessment of mercury exposure in the workplace by making 300
measurements of mercury concentration in air of the clinic with Lumex ® portable analyzer.
Measurements were taken every hour during the five days of work in the clinic of the
Company to Social Service of Commerce (SESC), consisting of six dental chairs located in
São Gonçalo - RJ. We also assessed the concentration of mercury in the urine of workers in
the clinic during the working week, including weekends in order to observe the variation of
the concentration of mercury and the quantity of the metal measured in the air of the clinic
could be inhaled by professionals and then excreted. We evaluated the ratio of the
concentration of mercury found in the air and dental procedures performed at the time of
measurement.175 procedures were measured and divided into three groups according to the
direct and indirect use of mercury. We observed an overall average of 2.49 µg Hg/m3 of air in
the clinic during the week and 4.69 µg Hg/m3 was the average observed in the day that there
were 37 procedures and highest temperature and 0.79 µg Hg/m3 in the day with fewer
procedures and lower temperature. The procedure amalgam had the average of mercury
concentration of 3.38 µg Hg/m3 and the procedures that use high-speed motor presented
averages of 2.96 µg Hg/m3. The concentrations of urinary mercury were observed average of
1.36 µg Hg/L in 68 urine samples collected. 42% had scores equal to or greater than the three
questions on the neuropsychological symptoms. The data collected in the air and biological
samples showed that the values are within the limits established by law in Brazil and other
countries in the world, and that the variation of the concentration of mercury in the
environment was probably the variation of temperature and the number of procedures
performed on the day. The procedure amalgam was responsible for the higher average
concentration of mercury in the environment. The professionals are working under stress due
to lack of staff as noted in the results of the questionnaire.
Keywords: Mercury, Odontology, Procedures, Workplace Evaluation.
vii
Lista de ilustrações
Foto 1 - Analisador Lumex RA-915+ .................................................................................... 25
Foto 2 - Acesso interno à sala de esterilização ....................................................................... 26
Foto 3 - Sala de Raio x ........................................................................................................... 26
Foto 4 - Sala de Espera ........................................................................................................... 27
Foto 5 - Escovódromo ............................................................................................................ 27
Foto 6 - Cadeira odontológica ................................................................................................ 28
Foto 7 - Visão da clínica (1) .................................................................................................... 28
Foto 8 - Visão da clínica (2) .................................................................................................... 28
Foto 9- Extintor de incêndio na entrada da Clínica ............................................................. 31
Foto 10 - Mangueira Antichamas ............................................................................................ 31
Foto 11 - Armário para Pertences dos funcionários ................................................................ 31
viii
Lista de Gráficos
Gráfico 1 - Demanda Global de Mercúrio no ano de 2005 ..................................................... 12
Gráfico 2 - Variação diária das médias das concentrações de mercúrio ................................. 33
Gráfico 3 - Concentrações de mércurio (µg Hg/m3 ar) no ar durante o primeiro dia de trabalho
.................................................................................................................................................. 34
Gráfico 4 - Concentrações de mércurio (µg Hg/m3 ar) no ar durante o segundo dia de trabalho
.................................................................................................................................................. 35
Gráfico 5 - Concentrações de mércurio (µg Hg/m3 ar) no ar durante o terceiro dia de trabalho
.................................................................................................................................................. 36
Gráfico 6 - Concentrações de mércurio (µg Hg/m3 ar) no ar durante o quarto dia de trabalho
.................................................................................................................................................. 36
Gráfico 7 - Concentrações de mércurio (µg Hg/m3 ar) no ar no último dia de trabalho
.................................................................................................................................................. 37
Gráfico 8 - Evolução diária das médias das concentrações de mercúrio na urina dos
participantes do estudo divididos por ocupação ..................................................................... 43
Gráfico 9 - Resultado das respostas do item 5.2 do questionário............................................ 42
ix
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Médias das concentrações de mercúrio durante a semana de trabalho. ................. 33
Tabela 2 - Concentração de mercúrio do ar no primeiro dia de avaliação por µg Hg/m3 ar.
...................................................................................................................................................34
Tabela 3 - Concentração de mercúrio do ar no segundo dia de avaliação por µg Hg/m3 ar
................................................................................................................................................. 35
Tabela 4 - Concentração de mercúrio do ar no terceiro dia de avaliação por µg Hg/m3 ar.
................................................................................................................................................. 36
Tabela 5 - Concentração de mercúrio do ar no quarto dia de avaliação por µg Hg/m3 ar.
...................................................................................................................................................36
Tabela 6 - Concentração de mercúrio do ar no quinto dia de avaliação por µg Hg/m3 ar.
................................................................................................................................................. 37
Tabela 7 - Número de procedimentos avaliados por dia de funcionamento do serviço. ........ 38
Tabela 8 - Médias ponderadas das Concentrações de Hg do ar por procedimento realizado e
dia de trabalho (µg Hg/m3 de ar). ........................................................................................... 39
Tabela 9 - Médias das concentrações de mercúrio do ar (µg Hg/m3 de ar) por grupos de
procedimentos divididos segundo a utilização de mercúrio direta ou indiretamente ............. 40
Tabela 10 - Concentração de mercúrio urinário (µg Hg/L) por grupo e sexo. ....................... 40
Tabela 11 - Médias das concentrações de mercúrio na urina segundo ocupação. .................. 41
Tabela 12 - Concentração diária de Hg urinário (µg/L) dos participantes do estudo. ............ 41
Tabela 13 - Médias das concentrações de mercúrio urinário por dia do estudo (µg Hg/L).
................................................................................................................................................. 42
Tabela 14 - Morbidade geral referida pelos participantes do estudo e ocupação. .................. 43
Tabela 15 - Relação das respostas sobre sintomas neuropsicológicos. .................................. 44
Tabela 16 - Médias das concentrações de mercúrio na urina nas amostras anuais (µg Hg/L).
...................................................................................................................................................48
x
Sumário
RESUMO.................................................................................................................................. V
ABSTRACT ........................................................................................................................... VI
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................................ VII
LISTA DE GRÁFICOS ..................................................................................................... VIII
LISTA DE TABELAS ........................................................................................................... IX
SUMÁRIO ................................................................................................................................ X
1 INTRODUÇÃO. .................................................................................................................. 11
2 OBJETIVOS. ....................................................................................................................... 20
2.1 OBJETIVOS GERAIS. ......................................................................................................... 20
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................................... 20
3 METODOLOGIA................................................................................................................ 21
4 RESULTADOS. ................................................................................................................... 26
4.1 AVALIAÇÃO DAS SITUAÇÕES DE RISCO EM AMBIENTES DE TRABALHO. ............................ 26
4.1.1 Dados do local de trabalho. ............................................................................... 26
4.1.2 Levantamento do processo de trabalho........................................................... 27
4.1.3 Organização (relações) do trabalho. ................................................................ 29
4.1.4 Condições de vida dos trabalhadores. ............................................................. 30
4.1.5 Equipamentos de proteção coletiva e individual. ........................................... 30
4.2 AVALIAÇÃO DAS ANÁLISES DE AR DO AMBIENTE DE TRABALHO E DAS AMOSTRAS
BIOLÓGICAS. .......................................................................................................................... 33
4.2.1 Avaliação das análises de ar do ambiente de trabalho. ................................ 33
4.2.2 Avaliação das amostras biológicas. .................................................................. 40
4.3 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DE EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AVALIADOS NO
QUESTIONÁRIO PARA AVALIAÇÃO DO USO DE MERCÚRIO NO AMBIENTE DE TRABALHO. ....... 42
5 DISCUSSÃO. ....................................................................................................................... 45
6 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 53
7 RECOMENDAÇÕES.......................................................................................................... 56
8 REFERÊNCIAS. ................................................................................................................. 57
9 ANEXOS. ............................................................................................................................. 62
9.1 - QUESTIONÁRIO PARA AVALIAÇÃO DO USO DE MERCÚRIO NO AMBIENTE DE TRABALHO.
.............................................................................................................................................. 63
9.2 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO. .................................................... 66
9.3 - ROTEIRO PARA AVALIAÇÃO DE SITUAÇÕES DE RISCO EM AMBIENTES DE TRABALHO. . 68
9.4 – CARTA DE SUBMISSÃO DO PROJETO À EMPRESA. .......................................................... 69
9.5 – FORMULÁRIO DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA. ............................. 70
11
1 Introdução.
O mercúrio é um metal encontrado naturalmente no ambiente e se apresenta sob
diversas formas, como; mercúrio metálico ou mercúrio elementar (Hg0), quando não está
ligado a nenhum outro átomo; mercúrio inorgânico, também conhecido como sais de mercúrio
(HgSO4, por exemplo), quando ligados a radicais sulfatos ou cloretos, e mercúrio orgânico
(R-Hg) quando ligados a radicais orgânicos como metil, etil ou fenil (ATSDR, 1999).
O mercúrio elementar apresenta-se na forma líquida de cor prateada em temperatura
ambiente, tem peso 13 vezes maior que a água, evapora vagarosamente no ambiente e quanto
maior a temperatura maior a evaporação (Baughman, 2006).
Em seu estudo de revisão, Clarkson (2002) definiu as substâncias, etilmercurio
(Timerosal) presente em vacinas, o metil mercúrio presente nos peixes contaminados e o
mercúrio metálico usado nos amálgamas odontológicos como sendo aquelas que percebemos
como as de maior risco de contaminação.
A fonte principal de mercúrio é a evaporação natural da crosta da Terra variando entre
vinte e cinco mil e cento e vinte cinco mil toneladas por ano. Fontes antropogênicas são
provavelmente menos poluentes que fontes naturais. A produção mundial de mercúrio em
minas e usado nas fábricas foi calculada a dez mil toneladas por ano em 1973 e tem
aumentado a uma taxa anual de cerca de 2% (WHO, 1976).
Equipamentos elétricos e indústrias de tintas são os maiores consumidores de
mercúrio, respondendo por aproximadamente 55% do consumo total. O Mercúrio tem uma
grande variedade de usos na indústria, agricultura, aplicações militares e na odontologia.
Diversas atividades do homem, não relacionadas diretamente com o mercúrio, contribuem
substancialmente para a liberação do metal no ambiente, incluindo a queima de combustíveis
fósseis, produção de aço, cimento e na formação de amálgama de metais (WHO, 1976).
12
Em 2005, a demanda global de mercúrio foi da ordem de 3.439 toneladas (Karliner,
2007) divididas por diferentes tipos de utilização conforme gráfico abaixo.
Gráfico 1: Demanda Global de Mercúrio no ano de 2005. Adaptado de KARLINER, J.; HARVIE, J. The global
movement for mercury-free health care. 1st ed. 2007.
Estudos como o de Hylander e Godsyte (2006) tentou estimar os custos que a
liberação ambiental de Mercúrio causa aos países Árticos e mostra que a prevenção ainda é
mais barata que a descontaminação de sítios impregnados de mercúrio. Estimaram, os autores,
um gasto de até 1,1 milhões de dólares por Kg de mercúrio retirado do ambiente, dependendo
das condições ambientais e tecnológicas locais.
O uso anual de mercúrio na indústria odontológica nos Estados Unidos foi estimado
em aproximadamente 35,2 toneladas das quais, 29,7 toneladas são descartadas pelos sistemas
hidráulicos dos equipamentos odontológicos e desprezadas como lixo durante os
procedimentos de remoção ou troca de restaurações de amálgama (Vandeven & McGinnis,
2005).
Acredita-se que existam dois ciclos envolvidos no transporte e distribuição do
mercúrio no ambiente. Um se dá principalmente de sua evaporação dos sólidos e superfícies
de líquidos, que são levados pelas correntes atmosféricas e condensam junto com a
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precipitação de chuvas. O outro ciclo, local, depende da metilação do mercúrio liberado por
fontes antropogênicas, pela ação de bactérias do solo. A metilação do Mercúrio inorgânico
nos sedimentos de mares e rios é a chave do transporte do mercúrio pela cadeia alimentar
aquática, levando, eventualmente ao consumo humano, que apresentará níveis séricos do
metal em concentração muito mais elevada que nos peixes que servirão como alimentação.
Esse processo é conhecido como Bioacumulação (Mahaffey, 2005).
O Mal de Minamata, como ficou conhecida a doença causada pela ingestão de peixes
da Baía de Minamata, no Japão, na década de 50, do século passado, foi causado pelo despejo
de lixo industrial contendo mercúrio no leito da Baía, onde os peixes se alimentavam e através
da metilação transformavam o mercúrio em metil mercúrio. As pessoas que viviam nas
margens da região e consumiam esses peixes contaminados apresentavam diversas alterações
como tremores nas extremidades dos membros, paralisia e danos cerebrais (D’itri, 1991).
Os valores limítrofes para exposição ocupacional variam de 50 microgramas de
mercúrio por metro cúbico de ar (50 µg Hg/m3) durante uma jornada de trabalho de 40 horas
semanais, segundo o Instituto Nacional de Saúde e Segurança ocupacional (NIOSH) e de até
25 microgramas do metal por metro cúbico de ar (25 µg Hg/m3), segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, a Norma Regulamentadora n0 15 (MTE, 1978),
estabeleceu o limite máximo de exposição ocupacional ao Mercúrio em 40 microgramas de
mercúrio por metro cúbico de ar (40 µg Hg/m3) para uma jornada de trabalho de até 48 horas
semanais. Devem ser levadas em consideração outras fontes não-ocupacionais para uma
correta busca da fonte de contaminação. (Wrbitzky, 2003; Glina, 1997).
A Norma Regulamentadora nº 07 (MTE, 1978) que estabelece o Programa de controle
médico de Saúde Ocupacional em seu quadro 1 mostra os parâmetros para Controle Biológico
da Exposição Ocupacional a alguns agentes químicos, dentre eles o mercúrio inorgânico. Esta
14
norma estabeleceu um valor de referência de 5µg de Hg/g creatinina como valor de referência
para níveis de mercúrio observados por espectrofotometria de absorção atômica e a
concentração de 35µg de Hg/g creatinina como Índice Biológico máximo permitido.
O amálgama dentário é usado na odontologia há mais de 150 anos. As restaurações de
amálgama liberam mercúrio elementar na cavidade oral na forma de vapor que é absorvido
pelo sangue e levado aos tecidos e órgãos diversos (Maserejian, 2008). O amálgama dentário
é um composto estável feito por uma combinação de mercúrio elementar, prata, cobre e outros
elementos metálicos na proporção de 1:1, ou seja, 1 parte de mercúrio para 1 parte dos outros
componentes do amálgama.(ADA, 2008; WHO, 1991).
A Saúde Coletiva, definida por Tambellini (1996), como campo de práticas teóricas e
de intervenção na realidade, estuda os processos de saúde e doença nas coletividades, levando
a produção de conhecimento sobre a saúde e a doença, bem como seus determinantes, coloca
a Saúde do Trabalhador como um campo da saúde coletiva, dada às situações de risco para a
saúde em que estão expostos os profissionais, dentre eles os da área odontológica.
Segundo o manual de biossegurança em odontologia da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA, 2001), o mercúrio é considerado como responsável por doenças
ocupacionais em mais de 200 profissões, incluindo a odontologia pelo seu uso nas
restaurações dentárias.
O mercúrio sob forma líquida é muito pouco absorvido quando ingerido por via oral.
Por outro lado, quando inalados, atravessam a membrana alveolar até atingir a circulação
sanguínea (Cardozo et al, 2001). Tipicamente, a exposição ao mercúrio ocorre pela inalação
do vapor do metal (Guzzi et al, 2008). Sangborgh-Englund et al (1998), encontraram em seu
estudo uma mediana de 69% de absorção de Hg0, mostrando que a grande maioria do vapor
de mercúrio inalado é absorvida pelos pulmões e penetram na corrente sanguínea. No
15
organismo, o Mercúrio é oxidado em Hg+2, complexo solúvel em muitos fluidos corporais. A
exposição tóxica ao mercúrio induz a várias reações e seqüelas como dispnéia, tremores nas
extremidades, polineuropatia motora, gengivite, alucinações, perda de memória, insônia, e
outros. (WHO, 1991). A meia-vida do Mercúrio absorvido na forma de vapor é de 2 a 4 dias e
90% é excretado através da urina (Mahaffey, 2005).
Ask et al (2002), observaram a possibilidade de a concentração de mercúrio em
placentas de mulheres grávidas na Suécia, quatro vezes mais elevada que a concentração
sanguínea, estar relacionada com o número de restaurações de amálgama, cujo mercúrio
metálico tenha oxidado em Hg+2 pelas enzimas catalases sanguíneas.
Barboni et al (2008), observando os efeitos do mercúrio sobre a visão, concluiu que
sensibilidade visual da fóvea e de regiões periféricas do campo visual foram reduzidas em
sujeitos expostos ao mercúrio que trabalhavam em uma fábrica de lâmpadas do Estado de São
Paulo devido à alta solubilidade do mercúrio na barreira hematoencefálica.
Os profissionais que trabalham na odontologia, Dentistas e Auxiliares de Consultório
Dentário estão sujeitos a exposição por mercúrio na troca de restaurações deficientes através
do contato com o spray de água-ar do movimento da caneta de alta rotação, na confecção da
restauração, e no descarte do excesso do material, além de riscos de acidentes como a queda
do material nas bancada de trabalho ou no piso do consultório (Mason, 2001). Segundo
Câmara et al (1990), o risco maior é de inalação do vapor de mercúrio, devido a pouca
ventilação do ambiente de trabalho, local de preparação do amálgama precário, ausência de
coifas e ausência das normas de manipulação do mercúrio.
Os técnicos em Higiene Dental (THD) e os auxiliares de consultório dentário (ACD)
são os responsáveis pela manipulação do material obturador desde seu preparo até o descarte
do mesmo (BRASIL, 2008) e não associam a manipulação do material ao risco de
16
contaminação, porém, como profissionais de saúde, deveriam se preocupar com sua própria
saúde, bem como a de seus auxiliares e pacientes respeitando a legislação ambiental e
contaminando menos o meio ambiente (Hiltz, 2007).
A falta de esclarecimento da população em geral sobre os riscos da exposição ao
mercúrio fica evidenciada no estudo de Moreira et al (1997), onde relatam um caso de
manipulação de frasco contendo mercúrio, por crianças, contaminando a água de uma cisterna
e um jardim. A concentração de mercúrio na urina dos moradores, no ar e na água de
abastecimento, mostravam-se superiores aos limites estabelecidos.
Grigoleto et al (2008), em revisão de literatura sobre a exposição ocupacional ao
mercúrio na odontologia, observou a evidência dos riscos da intoxicação pelo metal nos
profissionais de odontologia, salientando que a exposição crônica pode levar a sérias doenças
e que o uso adequado do material e o gerenciamento dos riscos devem ser observados para
garantir a segurança dos profissionais. Trzcinka-ochocka et al (2007), em estudo com
dentistas na Polônia avaliou a exposição destes profissionais ao vapor de mercúrio, e não
observou relação entre os grupos casos e controles. A única observação estatisticamente
significante foi com relação ao tempo de trabalho na odontologia, o que caracteriza a
exposição ocupacional crônica ao metal.
Estudos com pacientes tentam relacionar a quantidade de restaurações de amálgama
com a concentração de mercúrio em amostras biológicas. Maserejian (2008), em ensaio
clínico para avaliar os efeitos causados pelo mercúrio presente nas restaurações de amálgama
à saúde das crianças, mediu a concentração de mercúrio na urina de 534 crianças anualmente
por 5 anos observou que a extensão das restaurações de amálgama estavam relacionadas com
a concentração de mercúrio na urina dos participantes.
17
Sandborgh-Englund et al (1998), avaliaram a concentração de mercúrio no plasma e
no sangue em pacientes submetidos à troca de restaurações de amálgama e observaram um
aumento do metal em ambos materiais entre 3 e 48 horas após a troca da restauração.
Kingman et al (1998), em sua coorte com 2.400 militares não observou relações
estatisticamente significativas entre o número de restaurações de amálgama e a concentração
de mercúrio no sangue e na urina dos membros da coorte. Hansem et al (2004), através da
análise de mercúrio na urina e cabelo com a concentração de mercúrio no ar liberado pela
cavidade oral quando estimulada pela mastigação de 2.223 pacientes, observou a relação do
mercúrio medido na urina com o liberado pela cavidade oral, mas nenhuma ou pouca com a
concentração do Mercúrio no cabelo.
Langworth et al (1997), avaliou a concentração de mercúrio no ambiente de trabalho
de 22 dentistas e 22 auxiliares de consultório que trabalhavam em equipes, observando em
medições instantâneas que o ar ao redor das auxiliares tinha maior concentração de mercúrio,
justamente nas fases de preparação e inserção do material na cavidade, sendo que as
concentrações, em média, apresentavam valores de 1,8 µg/m3 de ar ao redor dos dentistas e
2,1 µg/m3 no entorno dos auxiliares, valores menores que os limites de tolerância. Com
relação às concentrações de mercúrio na urina, este estudo não encontrou evidências de
relação com a concentração de mercúrio no ar atmosférico.
Stonehouse e Newman (2001), avaliaram o ar na zona de respiração do dentista por
um período de 20 minutos com a bomba de sucção a vácuo em operação e observou que a
concentração de mercúrio ao término dos 20 minutos era de 250 µg/m3 de ar que segundo os
autores foi determinado pela falta de manutenção da bomba que serviria para retirar o ar e
conseqüentemente o excesso do mercúrio do ambiente de trabalho.
18
Vimy (1995), estabelece que apesar das discussões acaloradas sobre o uso do
amálgama, este material deve ser banido, já que o material é comprovadamente uma das
principais fontes de contaminação e de exposição crônica ao mercúrio tanto para os pacientes
quanto para os trabalhadores.
Não existe consenso na literatura universal a respeito da toxicidade do mercúrio
presente nas restaurações de amálgama dos pacientes e a discussão sobre os impactos sobre a
saúde dos trabalhadores da área odontológica é um tópico muito debatido, assim como
minimizar a eliminação do metal neste setor que contribui com a poluição do ambiente
(Karliner, 2007).
Segundo Dodes (2001), não se dispõe de estudos que comprovem a relação causaefeito para banir o uso do mercúrio na odontologia, já que os dados epidemiológicos sobre
doenças relacionados à exposição ao mercúrio são dados referidos pelos membros da pesquisa
e que em comparações de concentrações de mercúrio em populações com e sem restaurações,
que vivem em um mesmo ambiente, são bem similares, refutando a hipótese da toxicidade do
mercúrio presente no amálgama dentário.
O presente estudo espera contribuir para a produção de conhecimentos sobre as
condições do ambiente de trabalho dos profissionais da odontologia, principalmente sobre a
concentração de Mercúrio, liberados pelo manuseio do amálgama de prata, no ambiente de
trabalho e as próprias condições de trabalho dos profissionais através das relações com as
concentrações de Mercúrio urinário.
O local para realização da pesquisa foi escolhido devido ao desenvolvimento de
projetos relacionados à saúde do trabalhador, o qual gerou uma dissertação de mestrado deste
Instituto de estudos em Saúde Coletiva e um artigo científico (Câmara et al, 2003), que se
baseou na coleta de amostras de urina e aplicação de um questionário de morbidade referida.
19
Nosso estudo, com a avaliação do ar do ambiente de trabalho contribuirá para os
futuros projetos da empresa e observará mais profundamente a concentração do mercúrio no
ambiente de trabalho e sua relação com os níveis de mercúrio na urina dos trabalhadores.
É de conhecimento comum que o mercúrio é um metal tóxico em todas as suas
derivações. Os profissionais de odontologia estão entre uns dos quais estão mais expostos ao
Mercúrio metálico, que atravessa rapidamente a barreira hematoencefálica, oxidando em Hg2+
acumulando-se no córtex e cerebelo causando diversas alterações nervosas (Guzzi, 2008).
20
2 Objetivos.
2.1 Objetivos Gerais.
- Avaliar a exposição de trabalhadores do setor odontológico ao mercúrio metálico
advindo do uso de amálgama de prata em restaurações, pelo monitoramento da concentração
de mercúrio metálico no ar atmosférico do consultório dentário, e da concentração de
mercúrio urinário.
2.2 Objetivos específicos.
- Descrever o processo de trabalho dos sujeitos da pesquisa (estagiários dos dois
últimos períodos da graduação e auxiliares da clínica de uma empresa de serviço social) no
local de estudo.
- Determinar as concentrações de mercúrio metálico observadas no ar do ambiente de
trabalho, utilizando metodologia selecionada para avaliação da exposição a este metal;
- Determinar as concentrações de mercúrio no ar do ambiente de trabalho,
relacionando-as com os procedimentos realizados no momento da análise;
- Determinar as concentrações de mercúrio presentes nas amostras de urina dos
participantes do estudo;
- Relacionar os valores obtidos nas amostras de urina com níveis prováveis de
exposição inferidos através dos dados obtidos no questionário para coleta de informações de
sinais e sintomas e efeitos à saúde pelo uso do amálgama;
21
3 Metodologia.
Trata-se de um estudo epidemiológico seccional descritivo (Câmara, 2002) no qual
foram avaliadas amostras de ar de uma clínica odontológica de uma empresa de serviço social
do Estado do Rio de Janeiro situada no Município de São Gonçalo, utilizando-se o analisador
de mercúrio Lumex RA-915+(R) (Foto 1), durante a semana de trabalho. Esse período de uma
semana deve-se ao fato de observarmos as variações da concentração do metal no ambiente
durante todo o período do serviço, sendo que iniciaremos a avaliação desde o início das
atividades até o término do expediente (60 medições diárias). Também foram avaliados os
níveis de exposição ao mercúrio pela da coleta de amostras de urina dos profissionais que
atuam na clínica, durante sete dias da semana, permitindo mostrar a variação da exposição
ambiental ao vapor de mercúrio pelo seu indicador biológico, durante a semana de trabalho e
o fim de semana, visto que a meia-vida do mercúrio no organismo observada na literatura é de
2 a 4 dias e que cerca de 90% do metal é eliminado pela urina (Mahaffey, 2005). As amostras
foram coletadas e armazenadas de acordo com a metodologia recomendada por Campos e
Pivetta (1993), que consiste na coleta da primeira urina da manhã, eliminando-se o primeiro
jato, armazenando no coletor universal tipo MIF e congelando-se. As amostras, em um total
de 133, foram analisadas por espectrofotometria de absorção atômica, pela técnica do vapor
frio.
Foi também empregado um questionário auto-respondido, elaborado a partir de dados
do “Inquérito Domiciliar sobre Comportamentos de Riscos e Morbidade Referida de Doenças
e Agravos não Transmissíveis” utilizado pelo Instituto Nacional do Câncer (BRASIL, 2004) e
do Self-Report Questionaire (SRQ-20) de Harding et al. (1980), no caso de coleta de
informações sobre distúrbios psíquicos menores.
22
Foram amostrados pontos específicos da clínica, por um período de 60 segundos,
formando uma malha de avaliação na abertura da clínica e a cada hora subsequente, as seis
bancadas que compõem as mesas de trabalho dos auxiliares de consultório dentário, onde são
manipulados o instrumental de trabalho pelo pessoal de apoio e preparadas as restaurações de
amálgama e as seis regiões próximas à área de respiração do profissional, tendo sido medida a
concentração no ar que pode ser inalado pelo participante e também a concentração de
mercúrio no ar relacionada a cada procedimento realizado. Os participantes da pesquisa foram
todos os acadêmicos, que atuam como dentistas das clínicas e todos os auxiliares de
consultório dentário. A carga horária de trabalho é de 12 horas semanais para os acadêmicos
bolsistas e de 40 horas para os auxiliares de consultório dentário.
A avaliação do ambiente de trabalho foi realizada de acordo com o roteiro para
Avaliação de Situações de Risco em Ambientes de Trabalho (Matos et al, 1981), no qual são
analisados aspectos gerais da empresa, número de funcionários, equipamentos existentes,
organização do processo de trabalho, condições de vida dos trabalhadores, uso de
equipamentos de proteção individual e coletiva, além da observação das principais situações
de risco para a saúde dos trabalhadores.
O questionário auto-respondido é estruturado em cinco módulos divididos da seguinte
forma:
- Identificação; informações sobre nome, idade, endereço, sexo e estado civil;
- História ocupacional; onde são observados os hábitos de trabalho, como utilização de
amálgama, descarte do material, utilização de equipamentos individuais de proteção, nível de
escolaridade (auxiliar de consultório ou acadêmico);
- Hábitos de vida: tabagismo e consumo de bebida alcoólica;
- Morbidade referida: hipertensão arterial;
23
- Exposição ocupacional: sintomas gerais e neuropsicológicos (Esta etapa do
questionário é de importância para a observação de possíveis alterações em nível de sistema
nervoso central dos sujeitos da pesquisa;
O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Estudos em
Saúde Coletiva (CEP/IESC), conforme resolução 196/96 e suas complementares do Conselho
Nacional de Saúde (CNS), que instituiu o sistema CEP/CONEP.
Em consideração ao princípio ético da beneficência, os resultados da pesquisa foram
divulgados, de forma ampla, aos sujeitos da pesquisa e em seminários, congressos e artigos
científicos. Os sujeitos da pesquisa que apresentaram quadro de contaminação foram
encaminhados para o ambulatório de toxicologia clínica do Hospital Universitário Clementino
Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de janeiro (HUCFF).
O pesquisador assume a responsabilidade de resguardar a identidade dos sujeitos
participantes da pesquisa, além de acatar os participantes da pesquisa, seus respectivos
problemas, informando aos participantes sobre o objetivo geral, riscos e benefícios da
pesquisa. Os resultados foram também encaminhados ao Programa de Saúde do Trabalhador
da Empresa, com as referidas sugestões para melhoria do serviço.
A pesquisa teria sido suspensa caso o pesquisador houvesse percebido o risco de
algum dano moral ou constrangimento causado aos participantes, o que não ocorreu, não
tendo sido, portanto, necessário, informar o Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de
Estudos em Saúde Coletiva, (CEP/IESC) de tais casos, por não havê-los.
As determinações de mercúrio no ar foram realizadas pelo analisador de mercúrio
Lumex RA-915+(R) (Saint Petersburg, Rússia), que permite determinar concentrações de
mercúrio no ar em tempo real, instantânea e continuamente. Não é necessário, portanto, a
utilização de coletores, o que torna a análise bem mais simples e confiável. Isto possibilitou a
24
verificação destas concentrações nos seis pontos citados em um pequeno intervalo de tempo
entre elas. Daí, também, a possibilidade de repeti-las a cada hora. Os valores relatados
referem-se à média das determinações ao longo de 1 minuto em cada um dos pontos. O
analisador Lumex RA-915+(R) apresenta um limite de detecção de 2 ng m-3, gracas a sua
célula de absorção multipasso, e tem uma célula de calibração interna, que permite a análise
em tempo real. O equipamento utilizado pertence ao Laboratório de Absorção Atômica, do
Departamento de Química da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Quanto às amostras de urina elas foram coletadas em coletores Mif, imediatamente
congeladas, e assim mantidas até a análise. Imediatamente antes da análise, as amostras foram
deixadas atingir a temperatura ambiente do laboratório, e foram analisadas por absorção
atômica sem chama, utilizando um gerador de vapor MHS 10 (Perkin Elmer, Connecticut,
Estados Unidos), acoplado a um espectrofotômetro de absorção atômica Contra AA300
(Analtyk Jena, Jena, Alemanha): a cada 5 mL de amostra, diluídos 1+1 com HNO3 5% v/v,
foram adicionados 1 mL de KMnO4 5% m/v (sem que haja descoramento), no frasco de
reação. A mistura é homogeneizada manualmente, e deixada reagir por, pelo menos, 1
minuto. Em caso de descoramento, mais solução oxidante é adicionada, até que a cor se
mantenha. Uma gota de ante-espumante é então adicionada, e o frasco de reação é então
acoplado ao gerador de vapor, passando-se nitrogênio como gás de purga e arraste. Uma
solução 1,5% de borohidreto de sódio em NaOH 0,5% é então deslocada para o interior do
frasco de reação, continuamente, havendo então o reação de redução, com o vapor de
mercúrio sendo arrastado para a célula de absorção postada no caminho ótico do
espectrofotômetro, registrando-se o sinal em altura de máxima. A calibração é externa,
realizada com soluções de calibração preparadas no mesmo meio que o branco dos reagentes,
e a partir de diluições adequadas de uma solução padrão 1000 mg L-1. Essas determinações
25
foram realizadas no laboratório de Absorção Atômica da Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Foto 1: analisador Lumex RA-915+
26
4 Resultados.
4.1 Avaliação das situações de risco em ambientes de
trabalho.
4.1.1 Dados do local de trabalho.
A clínica odontológica da sede do Município de São Gonçalo da Empresa de Serviço
Social do Comércio foi fundada em 18/09/1998. No setor de odontologia trabalhavam 20
estagiários, 10 Cirurgiões-dentistas e 13 Auxiliares de consultório dentário divididos das
especialidades de clínica-geral, endodontia e prótese.
Atualmente o setor funciona com 20 estagiários, 12 Cirurgiões-dentistas e 12
Auxiliares de consultório dentário divididos nas especialidades de clínica-geral, endodontia,
prótese, periodontia e odontopediatria. Localiza-se próxima a entrada principal da sede em
uma ala em separado com sala de espera para os pacientes, escovódromo, clínicas das
especialidades, sala de esterilização (foto 2) e sala de raios-x (foto 3).
Foto 2: Acesso interno à sala de esterilização
Foto 3: Sala de Raio x.
27
4.1.2 Levantamento do processo de trabalho.
Na entrada do setor os pacientes apresentam a ficha com a data e horário da consulta a
duas secretarias que assinalam sua presença e o encaminham para escovação (fotos 4 e 5).
Após a escovação, sob supervisão de uma ACD, o paciente retorna à sala de espera e
aguarda o atendimento.
Foto 4: Sala de Espera
Foto 5: Escovódromo.
A clínica odontológica onde foi realizado o estudo apresenta seis cadeiras
odontológicas em bom estado de conservação (foto 6) ao redor de uma área de trabalho em
forma hexagonal, na qual são realizados os procedimentos pelas auxiliares e armazenados os
materiais da clínica.
Na área de trabalho observam-se armários para armazenamento do material da clínica,
uma mesa que serve de suporte para o amalgamador, fotopolimerizador, luvas de
procedimento e outros materiais de uso contínuo, pias com acionamento automático por
movimento, além de recipientes para descarte do material utilizado e material de escritório
para organização das fichas dos pacientes (fotos 7 e 8).
28
Foto 7: visão da clínica (1).
Foto 6: Cadeira odontológica.
Foto 8: visão da clínica (2).
Os estagiários chamam os pacientes na sala de espera e os levam até a cadeira para o
atendimento, onde a auxiliar prepara o material para o procedimento que será realizado. Após
o preparo do paciente, a auxiliar faz as anotações específicas na ficha clínica do paciente e
aguarda a solicitação de novo material pelo acadêmico, enquanto leva o material utilizado no
paciente anterior até a sala de esterilização.
Ao término do procedimento, o estagiário assina o procedimento realizado na ficha do
paciente e a auxiliar entrega-lhe um papel com o valor e o procedimento a ser pago para a
próxima consulta. O paciente dirige-se à sala de espera e marca com as secretarias daquela
sala a próxima consulta realizando o pagamento do procedimento que será realizado
posteriormente.
Por turno, cada estagiário têm oito pacientes com hora marcada, com o atendimento
programado para 30 minutos com cada paciente. Se houver falta de pacientes, aqueles que
29
estiverem na sala de espera podem ser atendidos por outros acadêmicos que estejam livres no
momento. Na falta de algum estagiário, os pacientes são remarcados, atendidos por outros
alunos ou atendidos pelos supervisores da clínica.
No final dos turnos de trabalho, uma equipe de limpeza retira todo o lixo das lixeiras e
acomoda separadamente o material biológico. Os resíduos de amálgama são acondicionados
em um recipiente com água, depois passados para um recipiente contendo revelador
radiográfico, e posteriormente encaminhado para coleta seletiva pelo gerente do setor de
odontologia.
4.1.3 Organização (relações) do trabalho.
Cada auxiliar de Consultório Dentário é responsável por um equipamento, porém no
setor observado, cada auxiliar assessorava dois equipamentos realizando arrumação da mesa
de trabalho, anotações nas fichas do paciente do procedimento realizado, informando ao
paciente qual procedimento deveria pagar para a próxima consulta, auxiliava o acadêmico
com a entrega do material a ser utilizado no procedimento odontológico. Essas tarefas eram
realizadas geralmente em duas cadeiras adjacentes.
As auxiliares trabalham diariamente de terça-feira a sábado, das oito às dezessete
horas, com um intervalo do meio-dia às treze horas para almoço, totalizando 40 horas
semanais.
Os estagiários recebem bolsa-salário de R$375,00 (trezentos e setenta e cinco reais) e
as auxiliares recebem em torno de R$1.000,00 (mil reais) mais um adicional de insalubridade
de vinte por cento sobre o salário com carteira assinada e férias anuais. Os bolsistas
estagiários exercem doze horas semanais divididas em três turnos de quatro horas sendo
proibido realizar dois turnos no mesmo dia.
30
4.1.4 Condições de vida dos trabalhadores.
De acordo com a Resolução 085/2009 do Conselho Federal de Odontologia (CFO,
2009) que regulamenta a atividade do auxiliar de consultório dentário, a escolaridade mínima
para a realização do curso é o ensino fundamental completo, porém observou-se no setor
estudado que todas as auxiliares possuíam, pelo menos, o nível médio completo.
O transporte utilizado pela maioria dos auxiliares de consultório dentário é ônibus e
vans e demoram de cinco a quarenta minutos no trajeto. Os acadêmicos usam, em sua
maioria, automóvel próprio e vêm da faculdade ou de casa para o turno de trabalho. O serviço
fornece equipamentos de proteção individual, jaleco (para as auxiliares), gorro, máscara,
óculos de proteção e luvas. É obrigatório utilizar roupa branca no ambiente de trabalho não
fornecida pelo empregador.
As auxiliares têm direito a auxilio alimentação de dezoito reais diários e associação
voluntária a plano de saúde.
4.1.5 Equipamentos de proteção coletiva e individual.
A clínica odontológica é climatizada por ar-condicionado central, porém observou-se
no terceiro dia de trabalho uma temperatura mais elevada que nos outros dias, relatado pelos
próprios trabalhadores. A sala de esterilização conta com um exaustor devido ao aumento da
temperatura da sala quando os equipamentos de esterilização estão ligados. O exaustor
aumenta a poluição sonora no ambiente da clínica, já bastante poluído devido ao
funcionamento constante das canetas de alta rotação, o que foi motivo de reclamações por
parte dos funcionários insatisfeitos com o ruído elevado.
Os trabalhadores da clínica utilizam jaleco branco, toucas de proteção para os cabelos
e luvas. Os estagiários e as ACD’s também utilizam máscara de proteção, porém este último
31
grupo, por estarem sempre se comunicando, não as utiliza sobre a boca e nariz, mas abaixam
até a altura do queixo constantemente.
Observou-se um extintor de incêndio na entrada da clínica e da sala de esterilização
(foto 9) e uma mangueira contra chamas na sala de espera (foto 10).
Foto 9: Extintor de incêndio na entrada da Clínica
Foto 10: Mangueira antichamas
4.1.6 Instalações sanitárias.
Os funcionários da clínica odontológica possuem dois lavatórios independentes, com
dois vasos sanitários. Os chuveiros não são de uso exclusivo do setor. Possui um bebedouro
na porta da área de esterilização, Os banheiros são utilizados como vestiários, os dois
armários ficam dentro da clínica e são divididos com os outros trabalhadores do setor (foto
11).
Foto 11: Armário para Pertences dos
funcionários
32
4.1.7 Lista das principais situações de risco para a saúde dos
trabalhadores.
Durante a semana de realização do trabalho de campo foram observados os seguintes
riscos para a saúde dos trabalhadores.
- Risco Físico: apesar da sala de Raios X não ficar dentro da clínica, os trabalhadores
estão em contato com esta radiação, pois são os responsáveis por realizar a tomada
radiográfica do paciente ficando atrás da porta, porém não se sabe se esta é feita com proteção
de chumbo, como também se as paredes possuem tal proteção; apesar de não avaliarmos a
quantidade de decibéis que os trabalhadores estavam expostos, o ruído era grande devido às
canetas de alta rotação e a coifa da sala de esterilização que quando ligada aumentava o ruído
interno da clínica;
- Risco Mecânico: ao andar pela clínica, atravessando pelos equipamentos que contém
mangueiras de ar e água os trabalhadores podem sofrer alguma queda ou algum equipamento
cair e causar algum acidente, principalmente neste setor em que as auxiliares tinham que
atender a duas cadeiras;
- Risco Biológico: observamos o risco de contato dos trabalhadores com sangue e
saliva diretamente ou em suspensão devido ao jato de ar e água expelidos pela caneta de alta
rotação e restos de material na cuspideira do equipamento e no instrumental;
- Risco Químico: no dia a dia do serviço odontológico, os trabalhadores entram em
contato com algumas substâncias químicas que tem algum risco à saúde como: Mercúrio,
cloro, metacrilatos, bisfenol A, revelador e fixador radiográfico, cimento de óxido de zinco,
eugenol e verniz cavitário;
33
4.2 Avaliação das análises de ar do ambiente de trabalho e
das amostras biológicas.
4.2.1 Avaliação das análises de ar do ambiente de trabalho.
Foram realizadas medições por hora de trabalho na clínica em todos os dias de
trabalho, nos mostrando a evolução da concentração de mercúrio no ar do ambiente de
trabalho em todo o período do dia e em toda a semana como observado na tabela a seguir.
Tabela 1: Médias das concentrações de mercúrio durante a semana de trabalho.
Horário da medição
08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00
1,84 3,33 3,16 2,93 1,45 1,05 1,63 1,48 3,52 5,31
2,44 2,30 3,10 2,51 1,38 0,94 1,89 2,51 2,36 1,62
2,60 7,43 7,22 7,10 6,41 2,74 3,67 4,00 3,24 2,45
6,00 3,31 2,06 3,38 2,74 1,53 1,14 0,59 0,73 1,44
0,63 0,74 0,41 0,39 0,42 0,51 0,74 0,87 0,83 2,34
2,70 3,42 3,19 3,26 2,48 1,35 1,81 1,89 2,14 2,63
dia 1
dia 2
dia 3
dia 4
dia 5
média
Média
2,57
2,10
4,69
2,29
0,79
2,49
O gráfico 2 mostra as variações das concentrações médias de mercúrio no ar por dia de
trabalho.
Gráfico 2: Variação diária das médias das concentrações de mercúrio.
A tabela 2 mostra a concentração de mercúrio no ar do ambiente de trabalho por hora
no primeiro dia de trabalho avaliado.
34
Observamos uma média geral de 2,57 µg Hg/m3 de ar no ambiente de trabalho no
primeiro dia com valores que variaram de 0,13 a 6,62 µg Hg/m3 de ar. O valor mínimo foi
observado no início das atividades da tarde e o maior no final do dia de trabalho.
Tabela 2: Concentração de mercúrio do ar no primeiro dia de avaliação por µg Hg/m3 ar.
Equipo 1
Equipo 2
Equipo 3
Equipo 4
Equipo 5
Equipo 6
Média
08:00 09:00 10:00 11:00
1,72 3,20 3,62 3,11
1,59 3,49 3,38 2,69
1,75 3,29 3,11 2,90
1,86 3,26 2,93 2,89
2,02 3,29 3,02 3,09
2,13 3,46 2,87 2,91
1,84 3,33 3,16 2,93
Horário da medição
12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 Média
2,27 0,13 1,98 1,70 2,57 6,62 2,69
2,05 1,37 1,65 1,64 2,74 6,06 2,67
1,46 1,19 1,72 1,32 3,07 5,40 2,52
1,06 0,99 1,48 1,10 3,72 4,88 2,42
0,93 1,19 1,37 1,46 4,16 4,51 2,50
0,95 1,42 1,60 1,64 4,89 4,37 2,62
1,45 1,05 1,63 1,48 3,52 5,31 2,57
O gráfico 3 mostra o comportamento da variação do mercúrio ar do ambiente da
clínica durante o primeiro dia de análises do ambiente.
Gráfico 3: Concentrações de mércurio (µg Hg/m3 ar) no ar durante o primeiro dia de trabalho.
Na tabela a seguir observamos o segundo dia de trabalho e a variação da concentração
de mercúrio no ar do ambiente. Os valores variaram de 0,65 a 3,62 µg Hg/m3 de ar, sendo a
média de 2,10 µg Hg/m3 de ar do ambiente de trabalho.
35
Tabela 3: Concentração de mercúrio do ar no segundo dia de avaliação por µg Hg/m3 ar.
Equipo 1
Equipo 2
Equipo 3
Equipo 4
Equipo 5
Equipo 6
Média
Horário da medição
08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00
1,65 2,09 3,62 2,58 1,73 0,76 1,39
2,89 2,80 2,09 1,87 3,30 1,23 2,30
2,11 1,98 3,38 2,49 0,79 0,71 1,72
2,43 2,15 3,08 2,44 0,69 0,81 1,69
2,52 2,46 3,04 2,87 0,92 1,03 2,01
3,03 2,33 3,41 2,83 0,85 1,08 2,21
2,44 2,30 3,10 2,51 1,38 0,94 1,89
15:00 16:00 17:00 Média
2,57 3,12 2,17
2,17
0,65 1,70 2,64
2,15
2,91 2,34 1,36
1,98
2,94 2,45 1,21
1,99
3,06 2,39 1,25
2,16
2,91 2,17 1,07
2,19
2,51 2,36 1,62
2,10
O gráfico 4 mostra a variação do mercúrio em suspensão no ar do ambiente de
trabalho no segundo dia de avaliações.
Gráfico 4: Concentrações de mércurio (µg Hg/m3 ar) no ar durante o segundo dia de trabalho.
Na tabela 4 e no gráfico a seguir observamos a variação da concentração de mercúrio
no terceiro dia de trabalho. Observe-se que neste dia encontramos a maior média da
concentração de mercúrio no ar do ambiente 4,69 µg Hg/m3 ar. Os valores mínimos e
máximos encontrados foram 1,66 e 8,93 µg Hg/m3 ar, respectivamente. Também observamos
as maiores alterações no gráfico com relação aos horários de avaliação.
36
Tabela 4: Concentração de mercúrio do ar no terceiro dia de avaliação por µg Hg/m3 ar.
Equipo 1
Equipo 2
Equipo 3
Equipo 4
Equipo 5
Equipo 6
Média
Horário da medição
08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 Média
2,09 8,24 8,11 7,60 7,74 2,36 2,86 4,41 3,15 2,39
4,89
1,95 2,12 2,46 8,54 8,33 6,74 6,65 1,89 2,73 4,13
4,55
2,77 8,27 8,41 7,09 5,56 1,90 3,21 4,23 3,30 2,05
4,68
3,04 8,31 8,03 6,40 5,44 1,76 2,84 4,45 3,44 1,93
4,56
2,58 8,93 8,46 6,55 5,61 1,66 2,90 4,48 3,34 2,14
4,66
3,17 8,71 7,87 6,45 5,79 2,03 3,53 4,51 3,48 2,04
4,76
2,60 7,43 7,22 7,10 6,41 2,74 3,67 4,00 3,24 2,45
4,69
Gráfico 5: Concentrações de mércurio (µg Hg/m3 ar) no ar durante o terceiro dia de trabalho.
No quarto dia de avaliação da concentração de mercúrio no ar do ambiente da clínica
observamos uma média de 2,29 µg Hg/m3 ar e valores que variaram de 0,26 a 7,99 µg Hg/m3
ar. A tabela 5 e o gráfico 6 mostram as concentrações por hora de trabalho e sua variação.
Tabela 5: Concentração de mercúrio do ar no quarto dia de avaliação por µg Hg/m3 ar.
Equipo 1
Equipo 2
Equipo 3
Equipo 4
Equipo 5
Equipo 6
Média
Horário da medição
08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 Média
1,86 3,40 2,14 3,16 3,40 1,36 1,06 0,51 0,66 1,40
1,89
7,99 4,77 2,89 3,15 1,89 2,78 3,98 1,02 0,71 0,46
2,97
6,84 2,88 1,92 3,22 2,83 1,05 0,63 0,49 0,80 1,23
2,19
6,41 2,86 1,87 3,53 2,73 1,13 0,62 0,61 0,84 2,31
2,29
6,57 3,18 1,65 3,60 2,81 1,41 0,28 0,43 0,64 2,09
2,27
6,31 2,75 1,89 3,62 2,78 1,43 0,26 0,46 0,70 1,13
2,13
5,15 3,31 2,91 3,38 2,74 1,53 1,14 0,59 0,73 1,44
2,29
37
Gráfico 6: Concentrações de mércurio (µg Hg/m3 ar) no ar durante o quarto dia de trabalho.
No último dia de avaliação observamos as menores concentrações de mercúrio no ar
do ambiente de trabalho. A média observada foi 0,79 µg Hg/m3 ar variando entre 0,25 a 2,93
µg Hg/m3 ar. O gráfico e a tabela a seguir mostram as disposições das concentrações do
mercúrio no último dia de avaliação.
Tabela 6: Concentração de mercúrio do ar no quinto dia de avaliação por µg Hg/m3 ar.
Equipo 1
Equipo 2
Equipo 3
Equipo 4
Equipo 5
Equipo 6
Média
08:00 09:00 10:00 11:00
0,65 0,49 0,39 0,45
0,84 2,41 0,58 0,39
0,62 0,39 0,51 0,33
0,63 0,39 0,38 0,31
0,58 0,40 0,33 0,28
0,47 0,36 0,25 0,55
0,63 0,74 0,41 0,39
Horário da medição
12:00 13:00 14:00
0,49 0,54 0,79
0,47 0,50 0,48
0,48 0,57 0,79
0,42 0,47 0,79
0,33 0,43 0,74
0,30 0,56 0,83
0,42 0,51 0,74
15:00 16:00 17:00 Média
1,10 1,05 2,93
0,89
0,56 0,75 0,88
0,78
0,99 0,79 2,76
0,82
0,98 0,78 2,55
0,77
0,88 0,59 2,52
0,71
0,71 1,01 2,40
0,74
0,87 0,83 2,34
0,79
Gráfico 7: Concentrações de mércurio (µg Hg/m3 ar) no ar no último dia de trabalho.
38
Foram mensurados 175 procedimentos durante a semana de trabalho. A tabela 7
mostra a relação destes procedimentos bem como a quantidade realizada por dia de serviço.
Observamos a realização de 15 restaurações de amálgama, 21 remoções de tecido cariado e 11
restaurações fotopolimerizáveis. Os procedimentos relacionados como “nenhum” consistem
no profissional aguardando alguma orientação do supervisor da clínica ou aguardando auxílio
da ACD. O paciente estava sentado na cadeira, porém não era realizado nenhum
procedimento no momento da avaliação. Os profissionais que não participaram do estudo não
tiveram os procedimentos relacionados nesta tabela.
Tabela 7: Número de procedimentos avaliados por dia de funcionamento do serviço.
Procedimentos
Amálgama
Anestesia
Anotação
Arrumação do equipo
Avaliação
Curativo
Exodontia
Ionômero de vidro
Limpeza/Profilaxia
Nenhum
Polimento
Remoção de Cárie
Resina Fotopolimerizável
Total
Dia 1
3
1
3
3
5
0
1
1
3
3
2
7
4
36
Número de Procedimentos
Dia 2
Dia 3
Dia 4
3
3
4
3
2
0
6
6
8
5
3
5
5
2
4
2
2
0
1
0
1
3
2
1
0
1
1
6
6
6
1
1
1
3
6
4
4
3
0
42
37
35
Dia 5
2
0
6
1
1
3
0
2
1
7
1
1
0
25
Total
15
6
29
17
17
7
3
9
6
28
6
21
11
175
A tabela 8 mostra a média das concentrações de mercúrio no ar do ambiente no
momento em que o procedimento era realizado por dia de serviço. O procedimento amálgama
e aqueles que utilizam a caneta de alta rotação foram os que mostraram maior concentração de
mercúrio como, Limpeza/Profilaxia e remoção de cárie, por exemplo. Estes procedimentos
39
foram os que apresentaram maiores médias gerais de concentração de mercúrio no ar do
ambiente na semana de trabalho em média.
Tabela 8: Médias ponderadas das Concentrações de Hg do ar por procedimento realizado e dia de trabalho (µg
Hg/m3 de ar)
Procedimentos
Amálgama
Anestesia
Anotação
Arrumação do equipo
Avaliação
Curativo
Exodontia
Ionômero de vidro
Limpeza/Profilaxia
Nenhum
Polimento
Remoção de Cárie
Resina Fotopolimerizável
Dia 1
2,75
1,64
2,61
2,54
1,86
0,00
1,36
3,09
2,59
2,20
3,25
2,45
2,35
Dia 2
2,14
2,65
2,11
1,97
2,65
2,34
3,23
2,13
0,00
2,22
0,76
2,38
2,75
Dia 3
6,77
2,47
5,33
4,42
5,61
5,74
0,00
4,31
8,48
4,30
2,58
5,53
5,85
Dia 4
3,57
0,00
2,11
2,09
3,27
0,00
0,62
0,68
6,41
1,84
1,43
1,06
0,00
Dia 5
0,69
0,00
0,68
0,99
0,78
0,66
0,00
0,52
0,57
0,61
0,47
0,98
0,00
Média
3,38
2,42
2,53
2,48
2,80
2,59
1,73
2,20
3,87
2,18
1,96
2,98
3,45
Se observarmos esta tabela acima separadas em três grupos de procedimentos a saber:
- grupo 1:amálgama;
- grupo 2: procedimentos que utilizam a caneta de alta rotação (Limpeza/Profilaxia,
Polimento e Remoção de Cárie);
- grupo 3: procedimentos que não utilizam caneta de alta rotação (Anestesia,
Anotação, Arrumação do Equipo, Avaliação, Curativo, Exodontia, Ionômero de vidro,
Nenhum, Resina Fotopolimerizável);
Podemos observar uma maior concentração média de mercúrio no ar do ambiente de
trabalho no grupo amálgama, conforme tabela 9, apresentada pelos dias da semana de estudo,
mostrando que este grupo possui a maior liberação de mercúrio seguido pelos procedimentos
que utilizam caneta de alta rotação, como polimento de restaurações, remoção de tecido
40
cariado e limpeza/profilaxia; e por último àqueles que não utilizam a caneta, como o
procedimento de anestesia, exodontia, avaliação e outros.
Tabela 9: Médias das concentrações de mercúrio do ar (µg Hg/m3 de ar) por grupos de procedimentos
divididos segundo a utilização de mercúrio direta ou indiretamente.
dia 1
dia 2
dia 3
dia 4
dia 5
média geral
Grupo 1
2,75
2,14
6,77
3,57
0,69
3,38
Grupo 2
2,62
1,97
5,53
2,02
0,67
2,96
Grupo 3
2,23
2,35
4,80
2,11
0,66
2,52
4.2.2 Avaliação das amostras biológicas.
Participaram do estudo 19 indivíduos divididos em auxiliares de consultório dentário
(ACD) e estagiários, sendo 13 estagiários e 6 ACD´s sendo 8 acadêmicos do sexo masculino e
5 do sexo feminino. Todas as auxiliares eram do sexo Feminino.
A tabela 10 descreve os participantes em sexo e profissão e as concentrações de
mercúrio urinário por grupo e sexo.
Tabela 10: concentração de mercúrio urinário (µg Hg/L) por grupo e sexo
número de sujeitos
Concentração de mercúrio
urinário
Acadêmicos
Homens
Mulheres
Total
8
5
13
Média
1,62
1,03
1,38
Mínimo Máximo
0,8
3,8
0,8
1,5
0,8
3,8
ACD
Mulheres
6
1,33
0,8
3,1
Total
19
1,36
0,8
3,8
Foram distribuídos 133 coletores, sendo sete para cada participante do estudo, um para
cada dia da semana, conforme a metodologia do estudo. Destes, 69 amostras de urina foram
avaliadas pelo laboratório de absorção atômica da PUC-RJ. A tabela 11 mostra os valores
médios das concentrações de Hg urinário dividido por profissão.
41
Das amostras analisadas, um estava sem conteúdo em seu interior.
Tabela 11: médias das concentrações de mercúrio na urina segundo ocupação.
Número de
amostras
Média (µg/L)
Desvio
Padrão
Mínimo - Máximo
(µg/L)
Acadêmicos
33
1,38
0,65
0,8 – 3,8
ACD
35
1,33
0,63
0,8 – 3,1
Total
68
1,36
0,64
0,8 – 3,8
A tabela a seguir mostra a distribuição das concentrações de mercúrio urinário nos
profissionais participantes do estudo. Apenas 5 dos 19 participantes entregaram todas as
coletas corretamente como na metodologia do estudo. A menor concentração foi de 0,8 µg
Hg/L de urina e a maior de 3,8 µg Hg/L de urina observada em um estagiário. Nas auxiliares,
a concentração máxima observada foi de 3,1 µg Hg/L de urina. Observa-se ainda uma maior
média geral na segunda e terça-feira, sendo que a segunda-feira é folga no serviço e na terça o
início da semana de trabalho.
Tabela 12: Concentração diária de Hg urinário (µg/L) dos participantes do estudo.
Registro
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Profissão
Estagiário
Estagiário
Estagiário
Estagiário
Estagiário
Estagiário
Estagiário
Estagiário
Estagiário
Estagiário
4ª
1,2
0,8
0,8
-
5ª
1,2
0,8
0,8
0,8
1,5
1,5
6ª
0,8
0,8
1,2
1,5
Sábado
1,2
1,2
1,2
1,5
Domingo
0,8
0,8
-
2ª
1,2
1,5
2,3
3ª
1,2
0,8
2,7
Média
1,20
1,00
0,00
0,00
1,00
1,01
1,15
0,00
1,90
10
11
ACD
1,9
0,8
1,2
1,5
1,9
1,2
3,8
0,8
1,2
0,8
0,8
2,20
1,01
12
Estagiário
1,5
1,5
1,5
-
-
-
-
1,50
13
ACD
1,9
2,7
1,2
0,8
1,9
3,1
3,1
2,10
14
ACD
Estagiário
1,2
1,2
1,5
1,5
1,5
1,9
1,5
1,47
-
-
-
-
-
-
-
0,00
16
17
Estagiário
ACD
1,9
2,3
1,5
0,8
0,8
0,8
1,5
1,9
2,30
1,31
18
19
Média das
amostras
ACD
ACD
-
-
0,8
1,2
1,2
-
0,8
-
1,2
-
1,07
1,00
1,33
1,42
1,20
1,38
1,17
1,64
1,65
1,36
15
42
A tabela 13 mostra as médias das concentrações de mercúrio urinário dos participantes
do estudo divididos pelos dias e por profissão. As variações não foram muito diferentes nos
dois grupos estudados.
Tabela 13: Médias das concentrações de mercúrio urinário por dia do estudo.(µg Hg/L).
ACD
Estagiário
4ª
1,45
1,24
5ª
1,73
1,29
6ª
1,10
1,28
Sab
1,05
1,78
dom
1,35
0,80
2ª
1,62
1,67
3ª
1,70
1,57
O gráfico 8 mostra a variação da concentração de mercúrio na urina dos participantes
do estudo durante a semana do estudo. Observa-se um aumento durante o final de semana e o
início da próxima semana no grupo dos auxiliares, mas não no grupo dos estagiários.
Gráfico 8: evolução diária das médias das concentrações de mercúrio na urina dos participantes do estudo
divididos por ocupação.
4.3 Avaliação dos resultados de exposição ocupacional
avaliados no Questionário para avaliação do uso de Mercúrio no
ambiente de trabalho.
A tabela a seguir mostra os dados sobre exposição ocupacional referidos pelos
participantes do estudo (item 5.1 do questionário). Observa-se que a totalidade dos auxiliares
informou ter rotineiramente dores de cabeça, porém poucos estagiários apresentavam algum
problema de morbidade geral avaliado no questionário.
43
Tabela 14: Morbidade geral referida pelos participantes do estudo e ocupação.
dor de cabeça
inflamação gengival
zumbido ouvido
excesso salivação
diminuição audição
gosto metálico na boca
Sim
2
0
2
0
2
0
Estagiário
% Não
15 11
0 13
15 11
0 13
15 11
0 13
ACD
% sim % Não
85 5 83
1
100 1 17
5
85 2 33
4
100 0
0
6
85 0
0
6
100 0
0
6
Total
% sim % Não
17 7 37 12
83 1 5 18
67 4 21 15
100 0 0 19
100 2 11 17
100 0 0 19
%
63
95
79
100
89
100
O gráfico a seguir apresenta a porcentagem e a quantidade de pessoas que
responderam ao menos 3 perguntas do item 5.2 do questionário afirmativamente, sugerindo a
necessidade de uma avaliação mais detalhada dos sintomas neurológicos referidos por eles. 4
auxiliares de consultório responderam três ou mais questões de forma afirmativa. Observa-se
que este grupo encontrava-se em um nível de estresse mais elevado que os estagiários devido
ao maior número de respostas afirmativas nos itens 5.1 e 5.2 do questionário.
Gráfico 9: resultado das respostas do item 5.2 do questionário.
O item 5.2 do questionário avaliou quantos participantes do estudo apresentavam
algum sintoma referido de distúrbio neuropsicológico possivelmente associado à utilização do
mercúrio. A tabela 15 mostra as perguntas realizadas bem como o número de participantes
que responderam de forma afirmativa e negativa, divididos por ocupação. As perguntas com
maior número de respostas afirmativas foram: Sente-se excessivamente cansado (7 respostas
afirmativas); Você esquece as coisas facilmente e; Quando você acorda durante o sono, tem
dificuldades de voltar a dormir (ambas com 5 respostas afirmativas).
44
Tabela 15: Relação das respostas sobre sintomas neuropsicológicos.
Sintomas
Neuropsicológicos
Profissão
Estagiário
Sim % Não
Esquece coisas
facilmente
Falam que anda
esquecido
Esquece de realizar
coisas importantes
Dificuldade de
concentração
Irritado
frequentemente
Abatido ou triste
Dificuldade de
decisão
Excessivamente
cansado
Pressão no peito
Sensação de queda
Pontadas,dormências
ou formigamento
pelo corpo
Perda de forças nas
pernas e braços
Dificuldade de
voltar a dormir
Interesse sexual
diminuído
%
ACD
Sim % Não
%
Sim
Total
% Não
%
3
23% 10
77%
2
33%
4
67%
5
26% 14 74%
3
23% 10
77%
1
17%
5
83%
4
21% 15 79%
1
8%
12
92%
3
50%
3
50%
4
21% 15 79%
1
8%
12
92%
1
17%
5
83%
2
11% 17 89%
3
23% 10
77%
1
17%
5
83%
4
21% 15 79%
2
1
15% 11
8% 12
85%
92%
1
0
17%
0%
5
6
83%
100%
3
1
16% 16 84%
5% 18 95%
4
31%
9
69%
3
50%
3
50%
7
37% 12 63%
0
0
0%
0%
13 100%
13 100%
2
1
33%
17%
4
5
67%
83%
2
1
11% 17 89%
5% 18 95%
1
8%
12
92%
1
17%
5
83%
2
11% 17 89%
1
8%
12
92%
1
17%
5
83%
2
11% 17 89%
4
31%
9
69%
1
17%
5
83%
5
26% 14 74%
1
8%
12
92%
1
17%
5
83%
2
11% 17 89%
45
5 Discussão.
O ambiente de trabalho difere pouco de outras clínicas, ficando em evidência a
quantidade de cadeiras odontológicas e o número de pessoal no setor. Glina et al (1997)
avaliaram o ambiente de trabalho de um módulo odontológico com duas cadeiras em
funcionamento de uma unidade básica de Saúde na Cidade de São Paulo observando alguns
riscos relacionados ao trabalho em odontologia como os observados em nosso estudo como
dificuldade de locomoção, temperatura, ruído inadequado e contato com material biológico e
químico.
Com relação à organização do trabalho, a lei 11.788 de 2008 (BRASIL, 2008)
estabelece a carga horária máxima de 6 horas diárias e 30 horas semanais, no caso de
estudantes do ensino superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio
regular que façam estágio curricular. Os estagiários participantes do estudo fazem turnos
diários de quatro horas e totalizam 12 horas semanais enquanto às auxiliares de consultório
dentário, trabalham 40 horas semanais observando a Consolidação das Leis do Trabalho
(BRASIL, 1943).
Os resultados obtidos na avaliação do mercúrio no ar do ambiente de trabalho nos
mostraram uma grande variabilidade entre os dias do trabalho e até mesmo no mesmo dia. Os
valores mínimos e máximos observados variaram de 0,13 a 8,93 µg de Hg/m3 de ar com
média geral de 2,49 µg de Hg/m3 de ar. Esses valores não são superiores aos estabelecidos na
legislação brasileira (NR-15) que é de 40 µg de Hg/m3 de ar, nem aos estabelecidos por outros
órgãos pelo mundo como o centro de controle de doenças dos Estados Unidos (CDC) que
estabelece em 50 µg de Hg/m3 de ar, e próximos aos encontrados por Langworth et al (1997)
em seu estudo sobre exposição ao mercúrio em trabalhadores da área odontológica na Suécia,
valores médios entre 1,8 e 2,1 µg de Hg/m3 de ar no ambiente de 6 clínicas odontológicas.
46
Segundo a administração de segurança e saúde ocupacional (OSHA) o limite de
exposição permitida (PEL) é de 100 µg de Hg/m3 de ar, valor que não pode ser excedido em
nenhum momento no ambiente de trabalho, o que não foi observado durante nosso estudo. A
Norma Regulamentadora Nº 15 (MTE, 1978) não estabelece valores teto para a exposição ao
mercúrio no ambiente de trabalho no Brasil. Os resultados observados também não
ultrapassam os tetos estabelecidos pela Alemanha (100 µg de Hg/m3 de ar), Suécia (50 µg de
Hg/m3 de ar) e Rússia (10 µg de Hg/m3 de ar) (Hanson, 1991).
Diariamente, a média da concentração de mercúrio avaliada no ar do ambiente da
clínica variou entre 0,79 e 4,69 µg de Hg/m3 de ar. Observou-se no terceiro dia a maior média
de mercúrio no ambiente, possivelmente devido à temperatura elevada do local de trabalho no
início da manhã e a volatilidade do mercúrio em temperaturas mais elevadas como afirmam
vários estudos (ATSDR, WHO).
O último dia, sábado, apresentou a menor concentração de mercúrio no ambiente de
trabalho, possivelmente por ter sido realizado o menor número de procedimentos da semana
(25 procedimentos) e pelo menor número de trabalhadores. Nos outros dias as variações
térmicas e de pessoal não foi observada e as concentrações de mercúrio no ambiente variaram
pouco, de 2,10 a 2,57 µg de Hg/m3 de ar e foram realizados de 35 a 42 procedimentos
clínicos.
Esses procedimentos foram distribuídos de maneira bem uniforme (tabela 7) o que
sugere que a temperatura e a quantidade de procedimentos no momento da avaliação do
mercúrio no ambiente são as responsáveis pela variação da concentração de mercúrio
instantânea e a média diária e que pela proximidade das cadeiras, em torno de 1 metro de
distância entre elas, os procedimentos parecem influenciar a concentração de mercúrio na
avaliação da cadeira ao lado.
47
O procedimento amálgama consistiu nas medições do mercúrio no ambiente no
momento em que eram realizados procedimentos de preparo, manipulação e inserção do
material na cavidade dentária e observamos uma média de 3,38 µg de Hg/m3 de ar no
momento do procedimento com médias diárias variando de 0,69 a 6,77 µg de Hg/m3 de ar.
Estudos como o de Engle et al (1992) e Langworth et al (1997) mostram que durante a
colocação, polimento e trituração do amálgama a concentração de mercúrio varia de 1,0 a 8,0
µg de Hg/m3 de ar e de 1,8 a 2,1 µg de Hg/m3 de ar, respectivamente.
Comparando os três grupos de procedimentos observamos uma maior média de
concentração de mercúrio no ar do ambiente de trabalho no grupo amálgama, sendo seguido
pelo grupo de procedimentos que utilizam caneta de alta rotação e por último os
procedimentos que não utilizam caneta de alta rotação. Possivelmente, mesmo procedimentos
que não utilizam caneta de alta rotação podem liberar mercúrio no ambiente desde que o
paciente possua restaurações de amálgama. Devido à proximidade das cadeiras e da
conformidade do ambiente de trabalho é possível que o mercúrio em suspensão liberado em
procedimentos de cadeiras adjacentes ou até em procedimentos anteriores contribua para a
concentração de mercúrio no ar no momento da avaliação de outros procedimentos.
A diferença entre grupos mostra que a manipulação do amálgama é o que mais
contribui para a concentração do mercúrio no ambiente e que os procedimentos que utilizam a
caneta de alta rotação também influenciam na concentração do metal no ambiente de trabalho.
Estudos como o de Skare et al (1990) avaliou a concentração de mercúrio na urina por
um período de 24 horas do pessoal da área odontológica observando uma concentração média
de 3,4 µg/L de mercúrio nas amostras com variações entre 0,3 a 16 µg Hg/L. Nosso estudo
observou uma média geral de 1,36 µg Hg/L nos participantes do estudo com variação de 0,8 a
3,8 µg Hg/L. Os valores mínimos observados nestes estudos foram próximos, porém os
48
valores máximos e as médias observadas em nosso estudo são menores que as observadas por
Skare em 1990.
Câmara et al (2003) avaliou as concentrações de mercúrio urinário comparando-as
com exames anteriores realizados pelos profissionais da mesma empresa onde realizamos
nosso estudo. A tabela a seguir mostra a evolução das concentrações médias de mercúrio
urinário dos trabalhadores da empresa nos exames realizados em 1998, 1999 e 2009.
Tabela 16: Médias das concentrações de mercúrio na urina nas amostras anuais (µg Hg/L).
Coleta de 1998
Coleta de 1999
Coleta de 2009
Estagiários/Dentistas
3,21
0,82
1,38
ACD
4,50
1,09
1,33
Total
4,20
1,01
1,36
Observa-se um aumento, ainda que pequeno e dentro dos padrões de normalidade, das
médias das concentrações de mercúrio na urina dos trabalhadores da empresa no período entre
1999 e 2009. As análises de 1998 e 1999 foram realizadas com dentistas, enquanto que a de
2009 foi realizada com estagiários/acadêmicos de odontologia que apesar de menos tempo de
utilização de amálgama mostraram média de concentração de mercúrio mais elevada. Esse
fator pode ser explicado devido ao serviço realizado pelo estagiário que é o serviço de clínico
geral, realizando os procedimentos nos pacientes, enquanto que os profissionais atuam na
supervisão do serviço dos acadêmicos e atuam nas clínicas de especialidades com menos
contato com o amálgama.
Observando os gráficos 2 e 8 verificamos as médias de mercúrio avaliadas no ar do
ambiente de trabalho e as concentrações médias de mercúrio na urina dos profissionais
durante a semana de trabalho. As concentrações de mercúrio no ar do ambiente observadas
foram de 2,57 µg Hg/m3 de ar no primeiro dia de medições, terça-feira, 2,10 µg Hg/m3 de ar
49
na quarta-feira, 4,69 µg Hg/m3 de ar na quinta-feira, o dia mais quente da semana, 2,29 na
sexta-feira e 0,79 µg Hg/m3 de ar no sábado, último dia da semana de trabalho. As amostras
de urina foram coletadas a partir da quarta-feira e até terça-feira da outra semana a fim de
observar a variação no final da semana de trabalho. Como o grupo dos estagiários trabalha
doze horas por semana, o gráfico não seguiu um padrão, já que os horários eram diferentes
para cada participante. Já no grupo das ACD’s observamos um aumento na quinta-feira em
relação à coleta do dia anterior, um declínio na sexta e no sábado e um aumento no domingo,
segunda e terça-feira.
Esse aumento nos dias em que as auxiliares não trabalham domingo e segunda-feira
principalmente podem ser explicados pela meia-vida do mercúrio no organismo de 2-4 dias
para eliminação de 90% do mercúrio absorvido e que pode ser seguido por uma segunda fase
de 15 a 30 dias (WHO, 1991), mostrando que mesmo com valores abaixo do recomendado
pela legislação brasileira, a exposição ocupacional crônica é um problema a ser avaliado com
atenção.
Entre as diversas formas de utilização do mercúrio, destacam-se o uso na odontologia,
sua utilização em fábricas de lâmpadas e o uso no garimpo para amalgamação do ouro. Nosso
estudo observou uma média de mercúrio na urina dos participantes de 1,36 µg Hg/L, enquanto
que estudos como o de Câmara et al (1997) com uma população exposta ao mercúrio
proveniente do garimpo observou uma média de 4,35 µg Hg/L na área urbana próximas das
casas de queima do amálgama; 4,89 µg Hg/L na população da área de periferia e 1,25 µg
Hg/L na população da área agrícola não exposta ao mercúrio da atividade garimpeira e 27
amostras de 275 indivíduos acima de 10 µg Hg/L. Outro estudo com uma comunidade
garimpeira do Rio Tapajós, no Estado do Pará realizado por Santos et al (1995) observou que
50
em 173 amostras de urina, 14,5% (25 indivíduos) apresentavam dosagens acima de 10 µg
Hg/L.
Barcellos e Machado (1998) avaliando a exposição ao mercúrio em trabalhadores de
uma fábrica de lâmpada fluorescente observaram uma concentração média de 12,78 µg Hg/L
na urina dos trabalhadores nas diversas áreas da indústria.
Resultados como os de Câmara et al (1997), Santos et al (1995) e Barcellos &
Machado (1998) mostram que os trabalhadores da área do garimpo e da indústria de lâmpadas
estão com níveis de mercúrio na urina mais elevados que os encontrados em nossa análise,
porém sabe-se que os trabalhadores da área odontológica estão entre os grupos de risco para
intoxicação por mercúrio e que estes resultados podem ser devido ao uso de equipamento de
proteção individual utilizado fator não observado nos estudos descritos.
Uma das questões observadas no questionário falava sobre o descarte do material e
merece destaque devido às informações observadas. Quando perguntados onde era descartado
o excesso do amálgama utilizado, todos os ACD’s afirmaram que o descarte era realizado em
um pote com água, enquanto que entre os estagiários, três relataram que o amálgama era
desprezado na cuspideira do equipamento passando direto para o esgoto, dois disseram
descartar em um pote com água e oito não sabiam onde se eliminava o amálgama em excesso.
Esses resultados mostram que os ACD’s deixam os restos do amálgama em um pote com
água que depois é desprezado para o serviço de coleta especial pelo chefe do serviço de
odontologia e que os estagiários, em sua maioria não sabem como descartar o material
demonstrando um problema que deveria ser discutido tanto na Universidade com os
professores quanto nos estágios pelos supervisores da clínica, já que os alunos estão em
períodos finais de formação e o conhecimento sobre como tratar o lixo do consultório deve
ser bem discutido para prevenirmos a contaminação de outros ambientes.
51
O item 5 do Questionário para avaliação do uso de Mercúrio no ambiente de trabalho
foi baseado no Self-Report Questionaire (SRQ-20) de Harding et al. (1980) e avaliou dados
de morbidade referida dos participantes do estudo observando distúrbios neurológicos
possivelmente relacionados com a exposição ao amálgama. O SRQ-20 foi validado por Mari e
Williams (1986) como um instrumento indicador aceitável de morbidade referida.
Os dados observados mostram que 8 (42%) participantes obtiveram scores iguais ou
maiores que 3, o que significa que indicaram ao menos três problemas que podem estar
relacionados com a exposição ao mercúrio no ambiente de trabalho, sendo que destes, 4
(67%) das 6 auxiliares de consultório dentário obtiveram scores iguais ou superiores a três
mostrando que esta classe de trabalhadores pode estar apresentando distúrbios relacionados à
exposição ocupacional ao mercúrio em maior número quando comparados com o grupo de
estagiários.
Moen et al (2008) em estudo de corte transversal com o objetivo de avaliar sintomas
neurológicos em auxiliares de consultório dentário da Noruega observou através da análise de
questionários que 29% das auxiliares afirmaram ter alterações do olfato e do aparelhos
gustativo, 78% apresentavam fraqueza nas pernas e braços, 53% tinham problemas de tontura
e 32% apresentavam problemas para realizar atividades até o final do dia. Estes resultados
foram maiores que os observados no questionário, porém mostram que as auxiliares de
consultório dentário fazem parte de um grupo de trabalhadores que possivelmente apresentam
intoxicação por mercúrio, o que deve ser avaliado através de testes psicológicos e
neurológicos mais apurados com o objetivo de observarmos sua relação com as quantidades
de mercúrio as quais esse grupo está submetido.
Mesmo apresentando níveis de mercúrio urinário inferiores aos estabelecidos pela
legislação e afastando outra causas, se exames complementares observarem sintomas
52
neuropsíquicos de ansiedade e mudanças de humor; desânimo, perda da auto-estima e
depressão maior, perda de memória, insônia e distúrbios do sono, cefaléia, dores musculares e
tremores como informa Faria (2003) poderemos diagnosticar a intoxicação pela contaminação
por mercúrio no ambiente de trabalho.
Nossos resultados mostram que metade do grupo das ACDs relata esquecer facilmente
as coisas e estar excessivamente cansada, enquanto o grupo dos estagiários relata ter
dificuldade de voltar a dormir e estar excessivamente cansado em apenas 31% do total.
Estes dados podem estar relacionados não apenas com a concentração de mercúrio,
mas também refletindo as condições das relações de trabalho no local, já que as auxiliares
estão trabalhando em dois equipamentos e com número reduzido de profissionais.
O número reduzido de participantes, a perda de amostras de urina devido a não entrega
pelos participantes ao pesquisador, a não participação de todos os estagiários e auxiliares e a
falta de uma comparação com outra clínica foram algumas limitações encontradas no
desenvolvimento do estudo, por outro lado, nosso trabalho teve como ponto positivo o
monitoramento das variações do mercúrio no ar do ambiente de trabalho e conseguimos
observar as variações do mercúrio relacionado com os diversos procedimentos realizados
durante a semana de trabalho.
Observarmos ainda as relações de trabalho no serviço de odontologia da empresa
como seu funcionamento, estrutura e relações pessoais no ambiente de trabalho o que pode
auxiliar a empresa na elaboração de políticas voltadas à Saúde do trabalhador.
53
6 Conclusão.
Os resultados da avaliação do ar do ambiente de trabalho com o analisador de
mercúrio Lumex RA-915+(R) foram satisfatórios e observou as concentrações do mercúrio nos
locais próximos a região de trabalho dos profissionais e do ambiente da clínica como um todo,
sendo de grande valia para esta e futuras avaliações de ambientes de trabalho devido ao fácil
manuseio e utilização, além de resultados bastante sensíveis as alterações do ambiente,
mostrando ser um dispositivo de grande utilidade para avaliações do ambiente de trabalho
expostos ao mercúrio.
A empresa escolhida para a realização do estudo possui um programa de Saúde do
trabalhador bem estruturado e a preocupação para estar dentro das normas de segurança
sempre foi observada e seguida pelos trabalhadores.
Na avaliação das concentrações ambientais de mercúrio no momento da realização de
procedimentos, observamos que o manuseio, a mistura no amalgamador e a introdução do
amálgama na cavidade dentária foram responsáveis pela maior contribuição para a
concentração de mercúrio no ar do ambiente de trabalho, vindo ao encontro de resultados
observados na literatura, enquanto que os procedimentos que utilizam caneta de alta rotação e
aqueles que não utilizam contribuem menos para tal concentração.
Como observado em nossos resultados, procedimentos de cadeiras vizinhas parecem
influenciar na concentração de mercúrio na medição das cadeiras adjacentes, já que os
resultados das concentrações de mercúrio em determinada hora são bem próximos, com uma
ou outra exceção.
O número de procedimentos e a temperatura, não avaliada no estudo, apenas referida
pelos profissionais e pelo pesquisador parecem ser às principais responsáveis pela variação da
54
concentração de mercúrio no ambiente de trabalho, fato observado na tabela 1 e gráfico 2 com
as médias das concentrações diárias de mercúrio na clínica.
Tanto as concentrações de mercúrio no ar do ambiente de trabalho quanto às
encontradas nas amostras de urina avaliadas estavam abaixo dos limites estabelecidos pela
legislação brasileira e por outros órgãos internacionais, o que não significa que o exercício da
profissão neste ambiente esteja livre de riscos à saúde dos trabalhadores. O risco existe devido
à presença de mercúrio, substância perigosa por definição.
Mesmo em baixas concentrações, parte do mercúrio inalado pelos profissionais é
absorvida e eliminada pela urina, que se mostrou com uma elevação no grupo das auxiliares
durante a semana do estudo, logo, é razoável afirmarmos que os níveis urinários de mercúrio
observados devem-se ao que é inalado no ambiente de trabalho.
Apenas dois estagiários informaram já ter previamente utilizado o amálgama, mas não
foi observado nas amostras de urina concentrações discrepantes das observadas dos outros
participantes.
Também podemos dizer que parte do amálgama foi inalada pelos os estagiários,
mesmo trabalhando doze horas semanais, já que não manuseiam amálgama em outro local
com a mesma frequência que manuseiam no estágio.
Com relação aos sintomas neuropsicológicos referidos no questionário avaliação do
uso de Mercúrio no ambiente de trabalho, os acadêmicos mostraram que tem dificuldade de
voltar a dormir e estão excessivamente cansados, fatos que podem estar relacionados ao
momento que vivem, já que são os dois últimos períodos da faculdade, momento de definição
da vida profissional destes formandos.
55
Já as auxiliares de consultório referiram além de se sentirem excessivamente cansadas,
apresentam dores de cabeça, esquecem de realizar coisas importantes, esquecem coisas
facilmente, tem zumbido no ouvido e pressão no peito.
Esperamos que este trabalho sirva como relatório para futuras políticas sobre a Saúde
do trabalhador da Empresa e que seus resultados sirvam de base de comparação e inspiração
para futuros estudos sobre os riscos ocupacionais do pessoal da área odontológica e sobre a
exposição ocupacional ao mercúrio presente nos amálgamas utilizados na odontologia.
56
7 Recomendações.
Realizar um melhor isolamento acústico da sala de esterilização da clínica devido à
poluição sonora causada pelo exaustor desta sala o que aumenta muito o ruído da clínica.
Como o Mercúrio fica em suspensão no ambiente, seria interessante a colocação de
divisórias entre os equipamentos para evitar contaminação cruzada, não apenas por mercúrio,
mas por outras substâncias químicas e biológicas devido à formação de spray das canetas de
alta rotação.
Os profissionais, principalmente os auxiliares de consultório dentário estão em número
reduzido devido a licenças e férias de funcionários e estavam auxiliando duas cadeiras durante
a semana de trabalho. Estas funções acumuladas tornam o trabalho mais cansativo e o
ambiente mais estressante para a execução das atividades. Seria interessante, a coordenação
adequar o serviço com a contratação de auxiliares ou realocar de outras unidades para manter
o ambiente de trabalho em harmonia.
A realização de palestras e seminários sobre os riscos ocupacionais da odontologia no
que tange aos aspectos relacionados ao mercúrio e aos riscos físicos, ergonômicos, biológicos
e mecânicos inerentes ao exercício da profissão é importante para atualizar os profissionais da
empresa e contribuir para o crescimento profissional com consciência sobre os diversos
aspectos da profissão.
57
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and Prevention. Niosh pocket guide to chemical hazards. 2007. Disponível em:
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Disponível em:
<http://www.osha.gov/SLTC/healthguidelines/mercuryvapor/recognition.html>. Acesso em:
20 dez. 2008.
VANDEVEN, J. A.; MCGINNIS, S. L. An assessment of mercury in the form of amalgam in
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2005.
VIMY, M. J. Toxic teeth: the chronic mercury poisoning of modern man. Chemistry &
Industry, 2, Jan.y, 1995.
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WORLD HEALTH ORGANIZATION. Inorganic mercury. Geneva, 1991. (Environmental
health criteria, 118).
WORLD HEALTH ORGANIZATION . Mercury. Geneva, 1976. (Enviromental health
criteria, 1).
WRBITZKY, R. Unusual non-occupational exposure to Metals. Bioinorganic Chemistry
and Applications, v.1, n. 1, 2003.
9 Anexos.
9.1 - Questionário para avaliação do uso de Mercúrio no ambiente
de trabalho.
Questionário n°:.............
1 - Identificação
1.1 - Nome:
1.2 - Data de nascimento:
1.3 - Sexo:
(1) Masculino
(2)
Feminino
1.4 - Estado civil:
(1) Solteiro (2) Casado (3) Separado (4) Divorciado
1.5 - Naturalidade:
1.6 - Nacionalidade:
1.7 - Endereço Profissional:
1.8 – CEP:
1.9 - Bairro:
1.10
- Cidade:
1.11
- Estado:
1.12
- Telefone:
1.13
- Celular:
2
- História Ocupacional
2.1 – Profissão:
( 1 ) Cirurgião-Dentista. ( 2 ) ACD.
2.2 - Especialização/ pós-graduação:
2.3 - Tempo de exercício da profissão?
2.4 – Quantas horas trabalha por dia?
2.5 – E por semana?
2.6.- Utiliza os equipamentos de proteção individual?
(1) Sim
(2) Não
2.6.1 - Quais?
2.7 - Quantas horas, em média, manipula amálgama de prata por dia neste setor?
2.8 – Onde é descartado o excesso do amálgama?
2.9 - Desenvolve sua profissão em outro local?
(1) Sim
(2) Não
2.9.1 – Onde?
2.9.2 - Há quanto tempo?
2.9.3 – Manipula Amálgama neste outro local ?
(1) Sim
(2) Não
2.9.4 – Quantas horas manipula amálgama de prata neste outro setor ?
2.10 - Desenvolve outra atividade laboral ?
(1) Sim
(2) Não
(1) Sim
(2) Não
(1) Sim
(2) Não
(1) Sim
(2) Não
(1) Sim
(2) Não
2.10.1 - Qual?
2.10.2 - Há quanto tempo?
2.11 - Você já foi afastado do trabalho por alguma
doença relacionada com o trabalho?
2.11.1 - Qual foi a doença?
2.11.2 - Quanto tempo ficou afastado?
2.12 - Já trabalhou em outra profissão anteriormente?
2.12.1 – Qual?
2.12.2 - Por quanto tempo?
3 - Hábitos de vida
Tabagismo
3.1 – Você é fumante?
3.2 – Quantos cigarros fuma diariamente?
Consumo de bebida alcoólica
3.3 – Consome bebida alcoólica?
3.4 – Quantas doses semanais,
em média?
(1) 1 a 2
(2) 3 a 4
(3) 5 ou
mais
4 – Morbidade Referida
Pressão arterial
4.1 – Você tem Hipertensão?
(1) Sim
(2) Não
4.2 – Faz uso de medicamentos para Hipertensão
(1) Sim
(2) Não
5 – Exposição ocupacional
5.1 – Sintomas gerais – assinale apenas se a resposta for SIM
Você tem rotineiramente?
5.1.1 – Dor de cabeça
(1) Sim
(2) Não
5.1.2 – Inflamação na gengiva
(1) Sim
(2) Não
5.1.3 – Zumbido no ouvido
(1) Sim
(2) Não
5.1.4 – Excesso de salivação
(1) Sim
(2) Não
5.1.5 – Diminuição da audição
(1) Sim
(2) Não
5.1.6 - Gosto metálico na boca
(1) Sim
(2) Não
(1) Sim
(2) Não
(1) Sim
(2) Não
(1) Sim
(2) Não
(1) Sim
(2) Não
5.2.5 – Sente-se irritado freqüentemente sem motivo?
(1) Sim
(2) Não
5.2.6 – Sente-se abatido ou triste sem motivo?
(1) Sim
(2) Não
(1) Sim
(2) Não
(1) Sim
(2) Não
(1) Sim
(2) Não
(1) Sim
(2) Não
5.2 – Sintomas neuropsicológicos – assinale (1)SIM (0)NÃO
5.2.1 – Você esquece as coisas facilmente?
5.2.2 – Os seus familiares ou conhecidos
tem falado que você anda esquecido?
5.2.3 – Esquece de realizar coisas que você
considera de importância freqüentemente?
5.2.4 – Tem dificuldade para se concentrar
freqüentemente?
5.2.7 – Sente dificuldade em decidir
a atividade que deve realizar?
5.2.8 – Sente-se excessivamente cansado?
5.2.9 – Sente às vezes como se tivesse uma
pressão no peito?
5.2.10 – Você tem a sensação de que vai cair
ao estar de pé ou caminhando?
5.2.11 – Você sente freqüentemente pontadas dolorosas, dormência ou formigamento em
alguma parte do corpo?
(1) Sim
(2) Não
5.2.12 – Você sente que tem perdido forças
nos seus braços ou nas suas pernas?
(1) Sim
(2) Não
(1) Sim
(2) Não
(1) Sim
(2) Não
5.2.13 – Quando você acorda durante o sono,
tem dificuldades de voltar a dormir?
5.2.14 – O seu interesse sexual vem diminuindo?
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Departamento de Medicina Preventiva - FM/UFRJ
Instituto de Estudos de Saúde Coletiva - IESC/UFRJ
9.2 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Você está convidado (a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após
ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo,
assine ao final deste documento, que está apresentado em duas vias. Uma delas é sua e a
outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado (a) de
forma alguma. Em caso de dúvida você pode procurar Comitê de Ética em Pesquisa
Instituto de Estudos em Saúde Coletiva Universidade Federal do Rio de Janeiro Ilha do
Fundão. CEP 21041-210
Rio de Janeiro – RJ. Tel. (21) 25989293
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:
Título do Projeto: Monitoramento da exposição ao Mercúrio no Ar Atmosférico dos
Consultórios dentários do Serviço de Odontologia de uma Empresa de Serviço Social.
Pesquisador Responsável: Ivisson Carneiro Medeiros da Silva
Orientador: Prof. Dr. Volney de Magalhães Câmara.
Telefone para contato (inclusive ligações a cobrar): (21) 92663128.
Nome: __________________________________________________________
Idade: _______________________________________RG:________________
Eu, ____________________________________________________,abaixo assinado, declaro ter
conhecimento do que se segue:
1)Fui informado (a) que esta pesquisa avaliará a concentração de mercúrio no ambiente de trabalho e
em amostras de urina dos trabalhadores expostos ocupacionalmente ao mercúrio, sendo eles Dentistas
e Auxiliares de Consultório Dentário com o objetivo de avaliar a sua exposição ocupacional ao
mercúrio, observar o processo de trabalho do pessoal da área odontológica e relacionar os resultados
das análises com os respostas obtidas no questionário para avaliação do uso de Mercúrio no
ambiente de trabalho;
2) Esta pesquisa será realizada através do preenchimento de um questionário sobre a utilização de
mercúrio na odontologia, coleta e análise de amostras de ar e coleta e análise da primeira urina da
manhã, descartando o primeiro jato, dos 7 dias da semana; As amostras de mercúrio no ar serão
obtidas por um aparelho que avalia o ar instantaneamente. As amostras de urina deverão ser entregues
ao pesquisador no local de trabalho onde serão identificadas e armazenadas em recipiente apropriado e
levados para análise. As amostras coletadas durante o fim de semana devem ser armazenadas no
congelador e entregues no próximo dia de trabalho ao pesquisador, no local de trabalho;
3) Esta pesquisa não oferece nenhum risco ou desconforto;
4) Com esta pesquisa, poderei receber informações sobre as condições do ambiente de trabalho e sobre
a exposição ao mercúrio metálico no ambiente de trabalho;
5) Estou ciente que não é obrigatória a minha participação nesta pesquisa, caso me sinta constrangido
(a) antes e durante a realização da mesma;
6) Sei que o pesquisador manterá em caráter confidencial todas as respostas que comprometam a
minha privacidade, bem como que os responsáveis pela análise laboratorial, entregarão ao pesquisador
todos os resultados coletados.
7) Estou ciente da possibilidade de retirar o meu consentimento a qualquer momento e deixar de
participar do estudo;
8) Estou ciente que as informações obtidas no questionário serão divulgadas com o objetivo científico.
Rio de Janeiro, ________ de ___________________ de ______.
_____________________________________
Assinatura do entrevistado
_____________________________
Assinatura do Pesquisador
_____________________________________ ______________________________
Testemunha
Testemunha
9.3 - Roteiro para Avaliação de Situações de Risco em Ambientes
de Trabalho.
1) Dados do local de trabalho investigado
Aspectos gerais; ano de fundação do hospital (ou local); número de funcionários; Mudanças
ocorridas (com os trabalhadores, as instalações ou as tecnologias); Localização geral (não é
endereço).
2) Levantamento do processo de trabalho
Observação detalhada do trabalho exercido pelas pessoas, não esquecendo de identificar
todos os agentes de risco para a Saúde a que os trabalhadores estão expostos, incluindo:
Equipamentos existentes (estado de conservação, dispositivos de proteção);
Substâncias químicas e outras matérias-primas segundo quantidade, local de
armazenagem e
condições ambientais do local;
Resíduos segundo fonte, quantidade, características
armazenagem,
possíveis tratamentos dos resíduos, despejo e controle;
físico-químicas,
local
de
Lay-out ou desenho esquemático do local escolhido.
3) Organização (relações) do trabalho
Divisão das tarefas, jornada semanal de trabalho; Horas-extras; Trabalho em turnos e
noturno; Rotatividade dos trabalhadores; Formas de pagamento (salário, produtividade, etc);
Carteira assinada; Férias; Adicionais de periculosidade e insalubridade.
4) Condições de vida dos trabalhadores
Renda, assistência médica, alimentação, lazer, tipo e tempo de transporte, vestuário e
escolaridade.
5) Equipamentos de proteção coletiva e individual
Levantamento dos equipamentos existentes:
a) Hidrantes, sprinklers, extintores, com localização, estado de conservação e quantidade;
b) Sistemas de alarme;
c) Equipamentos de proteção coletiva (EPC) por seção, localização, estado de conservação
e quantidade;
d) Equipamentos de proteção individual (EPI) por seção, localização, estado de
conservação e quantidade.
6) Instalações sanitárias
Número de lavatórios, vasos sanitários, mictórios e chuveiros; Alojamento, se for o caso;
Vestiários, armários, bebedouros, lava-olhos, roupa para o trabalho.
7) Lista das principais situações de risco para a saúde dos trabalhadores.
9.4 – Carta de Submissão do Projeto à Empresa.
9.5 – Formulário de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.