Avaliação da exposição ao Mercúrio em Consultório Dentário de
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Avaliação da exposição ao Mercúrio em Consultório Dentário de
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA Ivisson Carneiro Medeiros da Silva Avaliação da exposição ao Mercúrio em Consultório Dentário de uma Empresa de Serviço Social. Rio de Janeiro 2010 Ivisson Carneiro Medeiros da Silva Avaliação da exposição ao Mercúrio em Consultório Dentário de uma Empresa de Serviço Social. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Saúde Coletiva da UFRJ, como requisito à obtenção do Título de Mestre em Saúde Coletiva. Orientador: Prof. Dr. Volney de Magalhães Câmara. Rio de Janeiro 2010 S586a Silva, Ivisson Carneiro Medeiros da. Avaliação da exposição ao mercúrio em consultório dentário de uma empresa de serviço social / Ivisson Carneiro Medeiros da Silva.Rio de Janeiro: UFRJ/Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, 2010. 72 f. : il.; 30 cm. Orientador: Volney de Magalhães Câmara. Dissertação (Mestrado)- UFRJ/Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, 2010. Referências: f. 57 - 61. 1. Odontologia. 2. Mercúrio. 3. Doenças profissionais. 4. Intoxicação por mercúrio. I. Câmara, Volney de Magalhães. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva. III. Título. CDD 362.2 ii Ivisson Carneiro Medeiros da Silva Avaliação da exposição ao Mercúrio em Consultório Dentário de uma Empresa de Serviço Social. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Saúde Coletiva da UFRJ, como requisito à obtenção do Título de Mestre em Saúde Coletiva. Aprovada em ___________________________________________________ Prof. Dr. Volney de Magalhães Câmara, Pós-Doutor, UFRJ. ____________________________________________________ Profª. Drª. Carmen Ildes Rodrigues Fróes Asmus, UFRJ. ____________________________________________________ Profª. Drª. Isabel Cristina Matuck Roque, UFF. iii À Gelson Kleber de Souza Carneiro in memorian. À todos que contribuíram por este momento. iv Agradecimentos À Deus, por me guiar e iluminar minha jornada. À minha esposa, Audrey Cristina Cintra pelo apoio e suporte emocional. Aos meus pais, Ivan e Marise, ao meu irmão Igor, e a todos familiares que entenderam as ausências e longos períodos sem notícias; Ao meu avô Orlando e minha avó Magaly, meus exemplos e espelhos de vida. Ao Prof. Dr. Volney de Magalhães Câmara pelo trabalho, pela paciência e pela educação na forma de conduzir a orientação do estudo. Aos Professores Armando Meyer e Carmen Ildes pelas sugestões durante a confecção do projeto de pesquisa. Ao Professor Reinaldo Calixto de Campos e toda sua equipe do laboratório de Absorção atômica da PUC-RJ, principalmente ao Rodrigo, pela paciência e tempo dedicados a ensinar-me a manusear o Lumex e pela realização dos exames. Aos meus ex-chefes, coordenadores da pós-graduação, Ronir Raggio Luiz, Marcia Gomide e Claudia Medina Coeli pelo estímulo ao desenvolvimento acadêmico. Aos meus grandes amigos, Diego, Geraldo e João Cruz pelas dicas e ajudas durante o processo de elaboração do trabalho. A todos docentes, técnicos administrativos e funcionários do IESC. Ao Dr. Sergio, Drª. Vanessa e Drª. Vera que tornaram possível a realização do estudo na Empresa. v DA SILVA, Ivisson Carneiro Medeiros. Avaliação da exposição ao Mercúrio em Consultório Dentário de uma Empresa de Serviço Social. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010. Resumo O mercúrio é um metal encontrado naturalmente no ambiente e se apresenta sob diversas formas. Tem uma grande variedade de usos na indústria, agricultura, aplicações militares, medicina, produção de aço, cimento, formação de amálgama de metais e na odontologia. É considerado como responsável por doenças ocupacionais em mais de 200 profissões. Nosso trabalho consistiu na observação do processo de trabalho, na avaliação de um questionário auto-respondido sobre o uso do amálgama e na avaliação da exposição ao mercúrio no ambiente de trabalho através da realização de 300 medições da concentração de mercúrio no ar da clínica com o analisador portátil Lumex®. As medições foram realizadas a cada hora durante os cinco dias de trabalho na clínica da Empresa de Serviço Social do Comércio (SESC) composta por seis cadeiras odontológicas localizada no Município de São Gonçalo – RJ. Também se avaliou a concentração de Mercúrio na urina dos trabalhadores da clínica durante a semana de trabalho, incluindo o final de semana com o objetivo de observar a variação da concentração de mercúrio e o quanto do metal avaliado no ar da clínica poderia ser inalado pelos profissionais e depois excretado. Avaliamos ainda a relação entre a concentração de mercúrio observada no ar e o procedimento odontológico realizado no momento da medição. Foram mensurados 175 procedimentos e divididos em três grupos segundo a utilização direta e indireta do mercúrio. Foi observada uma média geral de 2,49 µg Hg/m3 de ar na clínica durante a semana sendo de 4,69 µg Hg/m3 a média observada no dia em que se observou a temperatura mais elevada e foram realizados 37 procedimentos e de 0,79 µg Hg/m3 no dia com menos procedimentos e temperatura do ambiente mais baixa. O procedimento amálgama teve média de concentração de mercúrio de 3,38 µg Hg/m3 enquanto os procedimentos que utilizam caneta de alta rotação apresentaram médias ambientais de 2,96 µg Hg/m3. Quanto às concentrações de mercúrio urinário observou-se média de 1,36 µg Hg/L de urina nas 68 amostras coletadas. 42% dos participantes apresentaram scores iguais ou maiores que três nas perguntas relativas aos sintomas neuropsicológicos. Os dados coletados no ar e as amostras biológicas mostram que os valores estão dentro dos limites estabelecidos em lei no Brasil e em outros países do Mundo, e que a variação da concentração de mercúrio no ambiente se deu provavelmente pela variação de temperatura e quantidade de procedimentos realizados no dia. O procedimento amálgama foi o responsável pela maior média da concentração do mercúrio no ambiente. Os profissionais estão trabalhando sob estresse devido à ausência de pessoal como observado nos resultados do questionário. Palavras-chaves: Mercúrio, Odontologia, Procedimentos, Avaliação do ambiente de trabalho. vi DA SILVA, Ivisson Carneiro Medeiros. Avaliação da exposição ao Mercúrio em Consultório Dentário de uma Empresa de Serviço Social. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010. Abstract Mercury is a metal found naturally in the environment and is presented in various forms. It has a wide variety of uses in industry, agriculture, military applications, medicine, steel industry, cement factory, formation of metal amalgam and in odontology. It is regarded as responsible for occupational diseases in more than 200 professions. Our work consists in the observation of the work process, the evaluation of a self-reported questionnaire about the use of amalgam and the assessment of mercury exposure in the workplace by making 300 measurements of mercury concentration in air of the clinic with Lumex ® portable analyzer. Measurements were taken every hour during the five days of work in the clinic of the Company to Social Service of Commerce (SESC), consisting of six dental chairs located in São Gonçalo - RJ. We also assessed the concentration of mercury in the urine of workers in the clinic during the working week, including weekends in order to observe the variation of the concentration of mercury and the quantity of the metal measured in the air of the clinic could be inhaled by professionals and then excreted. We evaluated the ratio of the concentration of mercury found in the air and dental procedures performed at the time of measurement.175 procedures were measured and divided into three groups according to the direct and indirect use of mercury. We observed an overall average of 2.49 µg Hg/m3 of air in the clinic during the week and 4.69 µg Hg/m3 was the average observed in the day that there were 37 procedures and highest temperature and 0.79 µg Hg/m3 in the day with fewer procedures and lower temperature. The procedure amalgam had the average of mercury concentration of 3.38 µg Hg/m3 and the procedures that use high-speed motor presented averages of 2.96 µg Hg/m3. The concentrations of urinary mercury were observed average of 1.36 µg Hg/L in 68 urine samples collected. 42% had scores equal to or greater than the three questions on the neuropsychological symptoms. The data collected in the air and biological samples showed that the values are within the limits established by law in Brazil and other countries in the world, and that the variation of the concentration of mercury in the environment was probably the variation of temperature and the number of procedures performed on the day. The procedure amalgam was responsible for the higher average concentration of mercury in the environment. The professionals are working under stress due to lack of staff as noted in the results of the questionnaire. Keywords: Mercury, Odontology, Procedures, Workplace Evaluation. vii Lista de ilustrações Foto 1 - Analisador Lumex RA-915+ .................................................................................... 25 Foto 2 - Acesso interno à sala de esterilização ....................................................................... 26 Foto 3 - Sala de Raio x ........................................................................................................... 26 Foto 4 - Sala de Espera ........................................................................................................... 27 Foto 5 - Escovódromo ............................................................................................................ 27 Foto 6 - Cadeira odontológica ................................................................................................ 28 Foto 7 - Visão da clínica (1) .................................................................................................... 28 Foto 8 - Visão da clínica (2) .................................................................................................... 28 Foto 9- Extintor de incêndio na entrada da Clínica ............................................................. 31 Foto 10 - Mangueira Antichamas ............................................................................................ 31 Foto 11 - Armário para Pertences dos funcionários ................................................................ 31 viii Lista de Gráficos Gráfico 1 - Demanda Global de Mercúrio no ano de 2005 ..................................................... 12 Gráfico 2 - Variação diária das médias das concentrações de mercúrio ................................. 33 Gráfico 3 - Concentrações de mércurio (µg Hg/m3 ar) no ar durante o primeiro dia de trabalho .................................................................................................................................................. 34 Gráfico 4 - Concentrações de mércurio (µg Hg/m3 ar) no ar durante o segundo dia de trabalho .................................................................................................................................................. 35 Gráfico 5 - Concentrações de mércurio (µg Hg/m3 ar) no ar durante o terceiro dia de trabalho .................................................................................................................................................. 36 Gráfico 6 - Concentrações de mércurio (µg Hg/m3 ar) no ar durante o quarto dia de trabalho .................................................................................................................................................. 36 Gráfico 7 - Concentrações de mércurio (µg Hg/m3 ar) no ar no último dia de trabalho .................................................................................................................................................. 37 Gráfico 8 - Evolução diária das médias das concentrações de mercúrio na urina dos participantes do estudo divididos por ocupação ..................................................................... 43 Gráfico 9 - Resultado das respostas do item 5.2 do questionário............................................ 42 ix Lista de Tabelas Tabela 1 - Médias das concentrações de mercúrio durante a semana de trabalho. ................. 33 Tabela 2 - Concentração de mercúrio do ar no primeiro dia de avaliação por µg Hg/m3 ar. ...................................................................................................................................................34 Tabela 3 - Concentração de mercúrio do ar no segundo dia de avaliação por µg Hg/m3 ar ................................................................................................................................................. 35 Tabela 4 - Concentração de mercúrio do ar no terceiro dia de avaliação por µg Hg/m3 ar. ................................................................................................................................................. 36 Tabela 5 - Concentração de mercúrio do ar no quarto dia de avaliação por µg Hg/m3 ar. ...................................................................................................................................................36 Tabela 6 - Concentração de mercúrio do ar no quinto dia de avaliação por µg Hg/m3 ar. ................................................................................................................................................. 37 Tabela 7 - Número de procedimentos avaliados por dia de funcionamento do serviço. ........ 38 Tabela 8 - Médias ponderadas das Concentrações de Hg do ar por procedimento realizado e dia de trabalho (µg Hg/m3 de ar). ........................................................................................... 39 Tabela 9 - Médias das concentrações de mercúrio do ar (µg Hg/m3 de ar) por grupos de procedimentos divididos segundo a utilização de mercúrio direta ou indiretamente ............. 40 Tabela 10 - Concentração de mercúrio urinário (µg Hg/L) por grupo e sexo. ....................... 40 Tabela 11 - Médias das concentrações de mercúrio na urina segundo ocupação. .................. 41 Tabela 12 - Concentração diária de Hg urinário (µg/L) dos participantes do estudo. ............ 41 Tabela 13 - Médias das concentrações de mercúrio urinário por dia do estudo (µg Hg/L). ................................................................................................................................................. 42 Tabela 14 - Morbidade geral referida pelos participantes do estudo e ocupação. .................. 43 Tabela 15 - Relação das respostas sobre sintomas neuropsicológicos. .................................. 44 Tabela 16 - Médias das concentrações de mercúrio na urina nas amostras anuais (µg Hg/L). ...................................................................................................................................................48 x Sumário RESUMO.................................................................................................................................. V ABSTRACT ........................................................................................................................... VI LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................................ VII LISTA DE GRÁFICOS ..................................................................................................... VIII LISTA DE TABELAS ........................................................................................................... IX SUMÁRIO ................................................................................................................................ X 1 INTRODUÇÃO. .................................................................................................................. 11 2 OBJETIVOS. ....................................................................................................................... 20 2.1 OBJETIVOS GERAIS. ......................................................................................................... 20 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................................... 20 3 METODOLOGIA................................................................................................................ 21 4 RESULTADOS. ................................................................................................................... 26 4.1 AVALIAÇÃO DAS SITUAÇÕES DE RISCO EM AMBIENTES DE TRABALHO. ............................ 26 4.1.1 Dados do local de trabalho. ............................................................................... 26 4.1.2 Levantamento do processo de trabalho........................................................... 27 4.1.3 Organização (relações) do trabalho. ................................................................ 29 4.1.4 Condições de vida dos trabalhadores. ............................................................. 30 4.1.5 Equipamentos de proteção coletiva e individual. ........................................... 30 4.2 AVALIAÇÃO DAS ANÁLISES DE AR DO AMBIENTE DE TRABALHO E DAS AMOSTRAS BIOLÓGICAS. .......................................................................................................................... 33 4.2.1 Avaliação das análises de ar do ambiente de trabalho. ................................ 33 4.2.2 Avaliação das amostras biológicas. .................................................................. 40 4.3 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DE EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AVALIADOS NO QUESTIONÁRIO PARA AVALIAÇÃO DO USO DE MERCÚRIO NO AMBIENTE DE TRABALHO. ....... 42 5 DISCUSSÃO. ....................................................................................................................... 45 6 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 53 7 RECOMENDAÇÕES.......................................................................................................... 56 8 REFERÊNCIAS. ................................................................................................................. 57 9 ANEXOS. ............................................................................................................................. 62 9.1 - QUESTIONÁRIO PARA AVALIAÇÃO DO USO DE MERCÚRIO NO AMBIENTE DE TRABALHO. .............................................................................................................................................. 63 9.2 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO. .................................................... 66 9.3 - ROTEIRO PARA AVALIAÇÃO DE SITUAÇÕES DE RISCO EM AMBIENTES DE TRABALHO. . 68 9.4 – CARTA DE SUBMISSÃO DO PROJETO À EMPRESA. .......................................................... 69 9.5 – FORMULÁRIO DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA. ............................. 70 11 1 Introdução. O mercúrio é um metal encontrado naturalmente no ambiente e se apresenta sob diversas formas, como; mercúrio metálico ou mercúrio elementar (Hg0), quando não está ligado a nenhum outro átomo; mercúrio inorgânico, também conhecido como sais de mercúrio (HgSO4, por exemplo), quando ligados a radicais sulfatos ou cloretos, e mercúrio orgânico (R-Hg) quando ligados a radicais orgânicos como metil, etil ou fenil (ATSDR, 1999). O mercúrio elementar apresenta-se na forma líquida de cor prateada em temperatura ambiente, tem peso 13 vezes maior que a água, evapora vagarosamente no ambiente e quanto maior a temperatura maior a evaporação (Baughman, 2006). Em seu estudo de revisão, Clarkson (2002) definiu as substâncias, etilmercurio (Timerosal) presente em vacinas, o metil mercúrio presente nos peixes contaminados e o mercúrio metálico usado nos amálgamas odontológicos como sendo aquelas que percebemos como as de maior risco de contaminação. A fonte principal de mercúrio é a evaporação natural da crosta da Terra variando entre vinte e cinco mil e cento e vinte cinco mil toneladas por ano. Fontes antropogênicas são provavelmente menos poluentes que fontes naturais. A produção mundial de mercúrio em minas e usado nas fábricas foi calculada a dez mil toneladas por ano em 1973 e tem aumentado a uma taxa anual de cerca de 2% (WHO, 1976). Equipamentos elétricos e indústrias de tintas são os maiores consumidores de mercúrio, respondendo por aproximadamente 55% do consumo total. O Mercúrio tem uma grande variedade de usos na indústria, agricultura, aplicações militares e na odontologia. Diversas atividades do homem, não relacionadas diretamente com o mercúrio, contribuem substancialmente para a liberação do metal no ambiente, incluindo a queima de combustíveis fósseis, produção de aço, cimento e na formação de amálgama de metais (WHO, 1976). 12 Em 2005, a demanda global de mercúrio foi da ordem de 3.439 toneladas (Karliner, 2007) divididas por diferentes tipos de utilização conforme gráfico abaixo. Gráfico 1: Demanda Global de Mercúrio no ano de 2005. Adaptado de KARLINER, J.; HARVIE, J. The global movement for mercury-free health care. 1st ed. 2007. Estudos como o de Hylander e Godsyte (2006) tentou estimar os custos que a liberação ambiental de Mercúrio causa aos países Árticos e mostra que a prevenção ainda é mais barata que a descontaminação de sítios impregnados de mercúrio. Estimaram, os autores, um gasto de até 1,1 milhões de dólares por Kg de mercúrio retirado do ambiente, dependendo das condições ambientais e tecnológicas locais. O uso anual de mercúrio na indústria odontológica nos Estados Unidos foi estimado em aproximadamente 35,2 toneladas das quais, 29,7 toneladas são descartadas pelos sistemas hidráulicos dos equipamentos odontológicos e desprezadas como lixo durante os procedimentos de remoção ou troca de restaurações de amálgama (Vandeven & McGinnis, 2005). Acredita-se que existam dois ciclos envolvidos no transporte e distribuição do mercúrio no ambiente. Um se dá principalmente de sua evaporação dos sólidos e superfícies de líquidos, que são levados pelas correntes atmosféricas e condensam junto com a 13 precipitação de chuvas. O outro ciclo, local, depende da metilação do mercúrio liberado por fontes antropogênicas, pela ação de bactérias do solo. A metilação do Mercúrio inorgânico nos sedimentos de mares e rios é a chave do transporte do mercúrio pela cadeia alimentar aquática, levando, eventualmente ao consumo humano, que apresentará níveis séricos do metal em concentração muito mais elevada que nos peixes que servirão como alimentação. Esse processo é conhecido como Bioacumulação (Mahaffey, 2005). O Mal de Minamata, como ficou conhecida a doença causada pela ingestão de peixes da Baía de Minamata, no Japão, na década de 50, do século passado, foi causado pelo despejo de lixo industrial contendo mercúrio no leito da Baía, onde os peixes se alimentavam e através da metilação transformavam o mercúrio em metil mercúrio. As pessoas que viviam nas margens da região e consumiam esses peixes contaminados apresentavam diversas alterações como tremores nas extremidades dos membros, paralisia e danos cerebrais (D’itri, 1991). Os valores limítrofes para exposição ocupacional variam de 50 microgramas de mercúrio por metro cúbico de ar (50 µg Hg/m3) durante uma jornada de trabalho de 40 horas semanais, segundo o Instituto Nacional de Saúde e Segurança ocupacional (NIOSH) e de até 25 microgramas do metal por metro cúbico de ar (25 µg Hg/m3), segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, a Norma Regulamentadora n0 15 (MTE, 1978), estabeleceu o limite máximo de exposição ocupacional ao Mercúrio em 40 microgramas de mercúrio por metro cúbico de ar (40 µg Hg/m3) para uma jornada de trabalho de até 48 horas semanais. Devem ser levadas em consideração outras fontes não-ocupacionais para uma correta busca da fonte de contaminação. (Wrbitzky, 2003; Glina, 1997). A Norma Regulamentadora nº 07 (MTE, 1978) que estabelece o Programa de controle médico de Saúde Ocupacional em seu quadro 1 mostra os parâmetros para Controle Biológico da Exposição Ocupacional a alguns agentes químicos, dentre eles o mercúrio inorgânico. Esta 14 norma estabeleceu um valor de referência de 5µg de Hg/g creatinina como valor de referência para níveis de mercúrio observados por espectrofotometria de absorção atômica e a concentração de 35µg de Hg/g creatinina como Índice Biológico máximo permitido. O amálgama dentário é usado na odontologia há mais de 150 anos. As restaurações de amálgama liberam mercúrio elementar na cavidade oral na forma de vapor que é absorvido pelo sangue e levado aos tecidos e órgãos diversos (Maserejian, 2008). O amálgama dentário é um composto estável feito por uma combinação de mercúrio elementar, prata, cobre e outros elementos metálicos na proporção de 1:1, ou seja, 1 parte de mercúrio para 1 parte dos outros componentes do amálgama.(ADA, 2008; WHO, 1991). A Saúde Coletiva, definida por Tambellini (1996), como campo de práticas teóricas e de intervenção na realidade, estuda os processos de saúde e doença nas coletividades, levando a produção de conhecimento sobre a saúde e a doença, bem como seus determinantes, coloca a Saúde do Trabalhador como um campo da saúde coletiva, dada às situações de risco para a saúde em que estão expostos os profissionais, dentre eles os da área odontológica. Segundo o manual de biossegurança em odontologia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2001), o mercúrio é considerado como responsável por doenças ocupacionais em mais de 200 profissões, incluindo a odontologia pelo seu uso nas restaurações dentárias. O mercúrio sob forma líquida é muito pouco absorvido quando ingerido por via oral. Por outro lado, quando inalados, atravessam a membrana alveolar até atingir a circulação sanguínea (Cardozo et al, 2001). Tipicamente, a exposição ao mercúrio ocorre pela inalação do vapor do metal (Guzzi et al, 2008). Sangborgh-Englund et al (1998), encontraram em seu estudo uma mediana de 69% de absorção de Hg0, mostrando que a grande maioria do vapor de mercúrio inalado é absorvida pelos pulmões e penetram na corrente sanguínea. No 15 organismo, o Mercúrio é oxidado em Hg+2, complexo solúvel em muitos fluidos corporais. A exposição tóxica ao mercúrio induz a várias reações e seqüelas como dispnéia, tremores nas extremidades, polineuropatia motora, gengivite, alucinações, perda de memória, insônia, e outros. (WHO, 1991). A meia-vida do Mercúrio absorvido na forma de vapor é de 2 a 4 dias e 90% é excretado através da urina (Mahaffey, 2005). Ask et al (2002), observaram a possibilidade de a concentração de mercúrio em placentas de mulheres grávidas na Suécia, quatro vezes mais elevada que a concentração sanguínea, estar relacionada com o número de restaurações de amálgama, cujo mercúrio metálico tenha oxidado em Hg+2 pelas enzimas catalases sanguíneas. Barboni et al (2008), observando os efeitos do mercúrio sobre a visão, concluiu que sensibilidade visual da fóvea e de regiões periféricas do campo visual foram reduzidas em sujeitos expostos ao mercúrio que trabalhavam em uma fábrica de lâmpadas do Estado de São Paulo devido à alta solubilidade do mercúrio na barreira hematoencefálica. Os profissionais que trabalham na odontologia, Dentistas e Auxiliares de Consultório Dentário estão sujeitos a exposição por mercúrio na troca de restaurações deficientes através do contato com o spray de água-ar do movimento da caneta de alta rotação, na confecção da restauração, e no descarte do excesso do material, além de riscos de acidentes como a queda do material nas bancada de trabalho ou no piso do consultório (Mason, 2001). Segundo Câmara et al (1990), o risco maior é de inalação do vapor de mercúrio, devido a pouca ventilação do ambiente de trabalho, local de preparação do amálgama precário, ausência de coifas e ausência das normas de manipulação do mercúrio. Os técnicos em Higiene Dental (THD) e os auxiliares de consultório dentário (ACD) são os responsáveis pela manipulação do material obturador desde seu preparo até o descarte do mesmo (BRASIL, 2008) e não associam a manipulação do material ao risco de 16 contaminação, porém, como profissionais de saúde, deveriam se preocupar com sua própria saúde, bem como a de seus auxiliares e pacientes respeitando a legislação ambiental e contaminando menos o meio ambiente (Hiltz, 2007). A falta de esclarecimento da população em geral sobre os riscos da exposição ao mercúrio fica evidenciada no estudo de Moreira et al (1997), onde relatam um caso de manipulação de frasco contendo mercúrio, por crianças, contaminando a água de uma cisterna e um jardim. A concentração de mercúrio na urina dos moradores, no ar e na água de abastecimento, mostravam-se superiores aos limites estabelecidos. Grigoleto et al (2008), em revisão de literatura sobre a exposição ocupacional ao mercúrio na odontologia, observou a evidência dos riscos da intoxicação pelo metal nos profissionais de odontologia, salientando que a exposição crônica pode levar a sérias doenças e que o uso adequado do material e o gerenciamento dos riscos devem ser observados para garantir a segurança dos profissionais. Trzcinka-ochocka et al (2007), em estudo com dentistas na Polônia avaliou a exposição destes profissionais ao vapor de mercúrio, e não observou relação entre os grupos casos e controles. A única observação estatisticamente significante foi com relação ao tempo de trabalho na odontologia, o que caracteriza a exposição ocupacional crônica ao metal. Estudos com pacientes tentam relacionar a quantidade de restaurações de amálgama com a concentração de mercúrio em amostras biológicas. Maserejian (2008), em ensaio clínico para avaliar os efeitos causados pelo mercúrio presente nas restaurações de amálgama à saúde das crianças, mediu a concentração de mercúrio na urina de 534 crianças anualmente por 5 anos observou que a extensão das restaurações de amálgama estavam relacionadas com a concentração de mercúrio na urina dos participantes. 17 Sandborgh-Englund et al (1998), avaliaram a concentração de mercúrio no plasma e no sangue em pacientes submetidos à troca de restaurações de amálgama e observaram um aumento do metal em ambos materiais entre 3 e 48 horas após a troca da restauração. Kingman et al (1998), em sua coorte com 2.400 militares não observou relações estatisticamente significativas entre o número de restaurações de amálgama e a concentração de mercúrio no sangue e na urina dos membros da coorte. Hansem et al (2004), através da análise de mercúrio na urina e cabelo com a concentração de mercúrio no ar liberado pela cavidade oral quando estimulada pela mastigação de 2.223 pacientes, observou a relação do mercúrio medido na urina com o liberado pela cavidade oral, mas nenhuma ou pouca com a concentração do Mercúrio no cabelo. Langworth et al (1997), avaliou a concentração de mercúrio no ambiente de trabalho de 22 dentistas e 22 auxiliares de consultório que trabalhavam em equipes, observando em medições instantâneas que o ar ao redor das auxiliares tinha maior concentração de mercúrio, justamente nas fases de preparação e inserção do material na cavidade, sendo que as concentrações, em média, apresentavam valores de 1,8 µg/m3 de ar ao redor dos dentistas e 2,1 µg/m3 no entorno dos auxiliares, valores menores que os limites de tolerância. Com relação às concentrações de mercúrio na urina, este estudo não encontrou evidências de relação com a concentração de mercúrio no ar atmosférico. Stonehouse e Newman (2001), avaliaram o ar na zona de respiração do dentista por um período de 20 minutos com a bomba de sucção a vácuo em operação e observou que a concentração de mercúrio ao término dos 20 minutos era de 250 µg/m3 de ar que segundo os autores foi determinado pela falta de manutenção da bomba que serviria para retirar o ar e conseqüentemente o excesso do mercúrio do ambiente de trabalho. 18 Vimy (1995), estabelece que apesar das discussões acaloradas sobre o uso do amálgama, este material deve ser banido, já que o material é comprovadamente uma das principais fontes de contaminação e de exposição crônica ao mercúrio tanto para os pacientes quanto para os trabalhadores. Não existe consenso na literatura universal a respeito da toxicidade do mercúrio presente nas restaurações de amálgama dos pacientes e a discussão sobre os impactos sobre a saúde dos trabalhadores da área odontológica é um tópico muito debatido, assim como minimizar a eliminação do metal neste setor que contribui com a poluição do ambiente (Karliner, 2007). Segundo Dodes (2001), não se dispõe de estudos que comprovem a relação causaefeito para banir o uso do mercúrio na odontologia, já que os dados epidemiológicos sobre doenças relacionados à exposição ao mercúrio são dados referidos pelos membros da pesquisa e que em comparações de concentrações de mercúrio em populações com e sem restaurações, que vivem em um mesmo ambiente, são bem similares, refutando a hipótese da toxicidade do mercúrio presente no amálgama dentário. O presente estudo espera contribuir para a produção de conhecimentos sobre as condições do ambiente de trabalho dos profissionais da odontologia, principalmente sobre a concentração de Mercúrio, liberados pelo manuseio do amálgama de prata, no ambiente de trabalho e as próprias condições de trabalho dos profissionais através das relações com as concentrações de Mercúrio urinário. O local para realização da pesquisa foi escolhido devido ao desenvolvimento de projetos relacionados à saúde do trabalhador, o qual gerou uma dissertação de mestrado deste Instituto de estudos em Saúde Coletiva e um artigo científico (Câmara et al, 2003), que se baseou na coleta de amostras de urina e aplicação de um questionário de morbidade referida. 19 Nosso estudo, com a avaliação do ar do ambiente de trabalho contribuirá para os futuros projetos da empresa e observará mais profundamente a concentração do mercúrio no ambiente de trabalho e sua relação com os níveis de mercúrio na urina dos trabalhadores. É de conhecimento comum que o mercúrio é um metal tóxico em todas as suas derivações. Os profissionais de odontologia estão entre uns dos quais estão mais expostos ao Mercúrio metálico, que atravessa rapidamente a barreira hematoencefálica, oxidando em Hg2+ acumulando-se no córtex e cerebelo causando diversas alterações nervosas (Guzzi, 2008). 20 2 Objetivos. 2.1 Objetivos Gerais. - Avaliar a exposição de trabalhadores do setor odontológico ao mercúrio metálico advindo do uso de amálgama de prata em restaurações, pelo monitoramento da concentração de mercúrio metálico no ar atmosférico do consultório dentário, e da concentração de mercúrio urinário. 2.2 Objetivos específicos. - Descrever o processo de trabalho dos sujeitos da pesquisa (estagiários dos dois últimos períodos da graduação e auxiliares da clínica de uma empresa de serviço social) no local de estudo. - Determinar as concentrações de mercúrio metálico observadas no ar do ambiente de trabalho, utilizando metodologia selecionada para avaliação da exposição a este metal; - Determinar as concentrações de mercúrio no ar do ambiente de trabalho, relacionando-as com os procedimentos realizados no momento da análise; - Determinar as concentrações de mercúrio presentes nas amostras de urina dos participantes do estudo; - Relacionar os valores obtidos nas amostras de urina com níveis prováveis de exposição inferidos através dos dados obtidos no questionário para coleta de informações de sinais e sintomas e efeitos à saúde pelo uso do amálgama; 21 3 Metodologia. Trata-se de um estudo epidemiológico seccional descritivo (Câmara, 2002) no qual foram avaliadas amostras de ar de uma clínica odontológica de uma empresa de serviço social do Estado do Rio de Janeiro situada no Município de São Gonçalo, utilizando-se o analisador de mercúrio Lumex RA-915+(R) (Foto 1), durante a semana de trabalho. Esse período de uma semana deve-se ao fato de observarmos as variações da concentração do metal no ambiente durante todo o período do serviço, sendo que iniciaremos a avaliação desde o início das atividades até o término do expediente (60 medições diárias). Também foram avaliados os níveis de exposição ao mercúrio pela da coleta de amostras de urina dos profissionais que atuam na clínica, durante sete dias da semana, permitindo mostrar a variação da exposição ambiental ao vapor de mercúrio pelo seu indicador biológico, durante a semana de trabalho e o fim de semana, visto que a meia-vida do mercúrio no organismo observada na literatura é de 2 a 4 dias e que cerca de 90% do metal é eliminado pela urina (Mahaffey, 2005). As amostras foram coletadas e armazenadas de acordo com a metodologia recomendada por Campos e Pivetta (1993), que consiste na coleta da primeira urina da manhã, eliminando-se o primeiro jato, armazenando no coletor universal tipo MIF e congelando-se. As amostras, em um total de 133, foram analisadas por espectrofotometria de absorção atômica, pela técnica do vapor frio. Foi também empregado um questionário auto-respondido, elaborado a partir de dados do “Inquérito Domiciliar sobre Comportamentos de Riscos e Morbidade Referida de Doenças e Agravos não Transmissíveis” utilizado pelo Instituto Nacional do Câncer (BRASIL, 2004) e do Self-Report Questionaire (SRQ-20) de Harding et al. (1980), no caso de coleta de informações sobre distúrbios psíquicos menores. 22 Foram amostrados pontos específicos da clínica, por um período de 60 segundos, formando uma malha de avaliação na abertura da clínica e a cada hora subsequente, as seis bancadas que compõem as mesas de trabalho dos auxiliares de consultório dentário, onde são manipulados o instrumental de trabalho pelo pessoal de apoio e preparadas as restaurações de amálgama e as seis regiões próximas à área de respiração do profissional, tendo sido medida a concentração no ar que pode ser inalado pelo participante e também a concentração de mercúrio no ar relacionada a cada procedimento realizado. Os participantes da pesquisa foram todos os acadêmicos, que atuam como dentistas das clínicas e todos os auxiliares de consultório dentário. A carga horária de trabalho é de 12 horas semanais para os acadêmicos bolsistas e de 40 horas para os auxiliares de consultório dentário. A avaliação do ambiente de trabalho foi realizada de acordo com o roteiro para Avaliação de Situações de Risco em Ambientes de Trabalho (Matos et al, 1981), no qual são analisados aspectos gerais da empresa, número de funcionários, equipamentos existentes, organização do processo de trabalho, condições de vida dos trabalhadores, uso de equipamentos de proteção individual e coletiva, além da observação das principais situações de risco para a saúde dos trabalhadores. O questionário auto-respondido é estruturado em cinco módulos divididos da seguinte forma: - Identificação; informações sobre nome, idade, endereço, sexo e estado civil; - História ocupacional; onde são observados os hábitos de trabalho, como utilização de amálgama, descarte do material, utilização de equipamentos individuais de proteção, nível de escolaridade (auxiliar de consultório ou acadêmico); - Hábitos de vida: tabagismo e consumo de bebida alcoólica; - Morbidade referida: hipertensão arterial; 23 - Exposição ocupacional: sintomas gerais e neuropsicológicos (Esta etapa do questionário é de importância para a observação de possíveis alterações em nível de sistema nervoso central dos sujeitos da pesquisa; O estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (CEP/IESC), conforme resolução 196/96 e suas complementares do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que instituiu o sistema CEP/CONEP. Em consideração ao princípio ético da beneficência, os resultados da pesquisa foram divulgados, de forma ampla, aos sujeitos da pesquisa e em seminários, congressos e artigos científicos. Os sujeitos da pesquisa que apresentaram quadro de contaminação foram encaminhados para o ambulatório de toxicologia clínica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de janeiro (HUCFF). O pesquisador assume a responsabilidade de resguardar a identidade dos sujeitos participantes da pesquisa, além de acatar os participantes da pesquisa, seus respectivos problemas, informando aos participantes sobre o objetivo geral, riscos e benefícios da pesquisa. Os resultados foram também encaminhados ao Programa de Saúde do Trabalhador da Empresa, com as referidas sugestões para melhoria do serviço. A pesquisa teria sido suspensa caso o pesquisador houvesse percebido o risco de algum dano moral ou constrangimento causado aos participantes, o que não ocorreu, não tendo sido, portanto, necessário, informar o Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, (CEP/IESC) de tais casos, por não havê-los. As determinações de mercúrio no ar foram realizadas pelo analisador de mercúrio Lumex RA-915+(R) (Saint Petersburg, Rússia), que permite determinar concentrações de mercúrio no ar em tempo real, instantânea e continuamente. Não é necessário, portanto, a utilização de coletores, o que torna a análise bem mais simples e confiável. Isto possibilitou a 24 verificação destas concentrações nos seis pontos citados em um pequeno intervalo de tempo entre elas. Daí, também, a possibilidade de repeti-las a cada hora. Os valores relatados referem-se à média das determinações ao longo de 1 minuto em cada um dos pontos. O analisador Lumex RA-915+(R) apresenta um limite de detecção de 2 ng m-3, gracas a sua célula de absorção multipasso, e tem uma célula de calibração interna, que permite a análise em tempo real. O equipamento utilizado pertence ao Laboratório de Absorção Atômica, do Departamento de Química da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Quanto às amostras de urina elas foram coletadas em coletores Mif, imediatamente congeladas, e assim mantidas até a análise. Imediatamente antes da análise, as amostras foram deixadas atingir a temperatura ambiente do laboratório, e foram analisadas por absorção atômica sem chama, utilizando um gerador de vapor MHS 10 (Perkin Elmer, Connecticut, Estados Unidos), acoplado a um espectrofotômetro de absorção atômica Contra AA300 (Analtyk Jena, Jena, Alemanha): a cada 5 mL de amostra, diluídos 1+1 com HNO3 5% v/v, foram adicionados 1 mL de KMnO4 5% m/v (sem que haja descoramento), no frasco de reação. A mistura é homogeneizada manualmente, e deixada reagir por, pelo menos, 1 minuto. Em caso de descoramento, mais solução oxidante é adicionada, até que a cor se mantenha. Uma gota de ante-espumante é então adicionada, e o frasco de reação é então acoplado ao gerador de vapor, passando-se nitrogênio como gás de purga e arraste. Uma solução 1,5% de borohidreto de sódio em NaOH 0,5% é então deslocada para o interior do frasco de reação, continuamente, havendo então o reação de redução, com o vapor de mercúrio sendo arrastado para a célula de absorção postada no caminho ótico do espectrofotômetro, registrando-se o sinal em altura de máxima. A calibração é externa, realizada com soluções de calibração preparadas no mesmo meio que o branco dos reagentes, e a partir de diluições adequadas de uma solução padrão 1000 mg L-1. Essas determinações 25 foram realizadas no laboratório de Absorção Atômica da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Foto 1: analisador Lumex RA-915+ 26 4 Resultados. 4.1 Avaliação das situações de risco em ambientes de trabalho. 4.1.1 Dados do local de trabalho. A clínica odontológica da sede do Município de São Gonçalo da Empresa de Serviço Social do Comércio foi fundada em 18/09/1998. No setor de odontologia trabalhavam 20 estagiários, 10 Cirurgiões-dentistas e 13 Auxiliares de consultório dentário divididos das especialidades de clínica-geral, endodontia e prótese. Atualmente o setor funciona com 20 estagiários, 12 Cirurgiões-dentistas e 12 Auxiliares de consultório dentário divididos nas especialidades de clínica-geral, endodontia, prótese, periodontia e odontopediatria. Localiza-se próxima a entrada principal da sede em uma ala em separado com sala de espera para os pacientes, escovódromo, clínicas das especialidades, sala de esterilização (foto 2) e sala de raios-x (foto 3). Foto 2: Acesso interno à sala de esterilização Foto 3: Sala de Raio x. 27 4.1.2 Levantamento do processo de trabalho. Na entrada do setor os pacientes apresentam a ficha com a data e horário da consulta a duas secretarias que assinalam sua presença e o encaminham para escovação (fotos 4 e 5). Após a escovação, sob supervisão de uma ACD, o paciente retorna à sala de espera e aguarda o atendimento. Foto 4: Sala de Espera Foto 5: Escovódromo. A clínica odontológica onde foi realizado o estudo apresenta seis cadeiras odontológicas em bom estado de conservação (foto 6) ao redor de uma área de trabalho em forma hexagonal, na qual são realizados os procedimentos pelas auxiliares e armazenados os materiais da clínica. Na área de trabalho observam-se armários para armazenamento do material da clínica, uma mesa que serve de suporte para o amalgamador, fotopolimerizador, luvas de procedimento e outros materiais de uso contínuo, pias com acionamento automático por movimento, além de recipientes para descarte do material utilizado e material de escritório para organização das fichas dos pacientes (fotos 7 e 8). 28 Foto 7: visão da clínica (1). Foto 6: Cadeira odontológica. Foto 8: visão da clínica (2). Os estagiários chamam os pacientes na sala de espera e os levam até a cadeira para o atendimento, onde a auxiliar prepara o material para o procedimento que será realizado. Após o preparo do paciente, a auxiliar faz as anotações específicas na ficha clínica do paciente e aguarda a solicitação de novo material pelo acadêmico, enquanto leva o material utilizado no paciente anterior até a sala de esterilização. Ao término do procedimento, o estagiário assina o procedimento realizado na ficha do paciente e a auxiliar entrega-lhe um papel com o valor e o procedimento a ser pago para a próxima consulta. O paciente dirige-se à sala de espera e marca com as secretarias daquela sala a próxima consulta realizando o pagamento do procedimento que será realizado posteriormente. Por turno, cada estagiário têm oito pacientes com hora marcada, com o atendimento programado para 30 minutos com cada paciente. Se houver falta de pacientes, aqueles que 29 estiverem na sala de espera podem ser atendidos por outros acadêmicos que estejam livres no momento. Na falta de algum estagiário, os pacientes são remarcados, atendidos por outros alunos ou atendidos pelos supervisores da clínica. No final dos turnos de trabalho, uma equipe de limpeza retira todo o lixo das lixeiras e acomoda separadamente o material biológico. Os resíduos de amálgama são acondicionados em um recipiente com água, depois passados para um recipiente contendo revelador radiográfico, e posteriormente encaminhado para coleta seletiva pelo gerente do setor de odontologia. 4.1.3 Organização (relações) do trabalho. Cada auxiliar de Consultório Dentário é responsável por um equipamento, porém no setor observado, cada auxiliar assessorava dois equipamentos realizando arrumação da mesa de trabalho, anotações nas fichas do paciente do procedimento realizado, informando ao paciente qual procedimento deveria pagar para a próxima consulta, auxiliava o acadêmico com a entrega do material a ser utilizado no procedimento odontológico. Essas tarefas eram realizadas geralmente em duas cadeiras adjacentes. As auxiliares trabalham diariamente de terça-feira a sábado, das oito às dezessete horas, com um intervalo do meio-dia às treze horas para almoço, totalizando 40 horas semanais. Os estagiários recebem bolsa-salário de R$375,00 (trezentos e setenta e cinco reais) e as auxiliares recebem em torno de R$1.000,00 (mil reais) mais um adicional de insalubridade de vinte por cento sobre o salário com carteira assinada e férias anuais. Os bolsistas estagiários exercem doze horas semanais divididas em três turnos de quatro horas sendo proibido realizar dois turnos no mesmo dia. 30 4.1.4 Condições de vida dos trabalhadores. De acordo com a Resolução 085/2009 do Conselho Federal de Odontologia (CFO, 2009) que regulamenta a atividade do auxiliar de consultório dentário, a escolaridade mínima para a realização do curso é o ensino fundamental completo, porém observou-se no setor estudado que todas as auxiliares possuíam, pelo menos, o nível médio completo. O transporte utilizado pela maioria dos auxiliares de consultório dentário é ônibus e vans e demoram de cinco a quarenta minutos no trajeto. Os acadêmicos usam, em sua maioria, automóvel próprio e vêm da faculdade ou de casa para o turno de trabalho. O serviço fornece equipamentos de proteção individual, jaleco (para as auxiliares), gorro, máscara, óculos de proteção e luvas. É obrigatório utilizar roupa branca no ambiente de trabalho não fornecida pelo empregador. As auxiliares têm direito a auxilio alimentação de dezoito reais diários e associação voluntária a plano de saúde. 4.1.5 Equipamentos de proteção coletiva e individual. A clínica odontológica é climatizada por ar-condicionado central, porém observou-se no terceiro dia de trabalho uma temperatura mais elevada que nos outros dias, relatado pelos próprios trabalhadores. A sala de esterilização conta com um exaustor devido ao aumento da temperatura da sala quando os equipamentos de esterilização estão ligados. O exaustor aumenta a poluição sonora no ambiente da clínica, já bastante poluído devido ao funcionamento constante das canetas de alta rotação, o que foi motivo de reclamações por parte dos funcionários insatisfeitos com o ruído elevado. Os trabalhadores da clínica utilizam jaleco branco, toucas de proteção para os cabelos e luvas. Os estagiários e as ACD’s também utilizam máscara de proteção, porém este último 31 grupo, por estarem sempre se comunicando, não as utiliza sobre a boca e nariz, mas abaixam até a altura do queixo constantemente. Observou-se um extintor de incêndio na entrada da clínica e da sala de esterilização (foto 9) e uma mangueira contra chamas na sala de espera (foto 10). Foto 9: Extintor de incêndio na entrada da Clínica Foto 10: Mangueira antichamas 4.1.6 Instalações sanitárias. Os funcionários da clínica odontológica possuem dois lavatórios independentes, com dois vasos sanitários. Os chuveiros não são de uso exclusivo do setor. Possui um bebedouro na porta da área de esterilização, Os banheiros são utilizados como vestiários, os dois armários ficam dentro da clínica e são divididos com os outros trabalhadores do setor (foto 11). Foto 11: Armário para Pertences dos funcionários 32 4.1.7 Lista das principais situações de risco para a saúde dos trabalhadores. Durante a semana de realização do trabalho de campo foram observados os seguintes riscos para a saúde dos trabalhadores. - Risco Físico: apesar da sala de Raios X não ficar dentro da clínica, os trabalhadores estão em contato com esta radiação, pois são os responsáveis por realizar a tomada radiográfica do paciente ficando atrás da porta, porém não se sabe se esta é feita com proteção de chumbo, como também se as paredes possuem tal proteção; apesar de não avaliarmos a quantidade de decibéis que os trabalhadores estavam expostos, o ruído era grande devido às canetas de alta rotação e a coifa da sala de esterilização que quando ligada aumentava o ruído interno da clínica; - Risco Mecânico: ao andar pela clínica, atravessando pelos equipamentos que contém mangueiras de ar e água os trabalhadores podem sofrer alguma queda ou algum equipamento cair e causar algum acidente, principalmente neste setor em que as auxiliares tinham que atender a duas cadeiras; - Risco Biológico: observamos o risco de contato dos trabalhadores com sangue e saliva diretamente ou em suspensão devido ao jato de ar e água expelidos pela caneta de alta rotação e restos de material na cuspideira do equipamento e no instrumental; - Risco Químico: no dia a dia do serviço odontológico, os trabalhadores entram em contato com algumas substâncias químicas que tem algum risco à saúde como: Mercúrio, cloro, metacrilatos, bisfenol A, revelador e fixador radiográfico, cimento de óxido de zinco, eugenol e verniz cavitário; 33 4.2 Avaliação das análises de ar do ambiente de trabalho e das amostras biológicas. 4.2.1 Avaliação das análises de ar do ambiente de trabalho. Foram realizadas medições por hora de trabalho na clínica em todos os dias de trabalho, nos mostrando a evolução da concentração de mercúrio no ar do ambiente de trabalho em todo o período do dia e em toda a semana como observado na tabela a seguir. Tabela 1: Médias das concentrações de mercúrio durante a semana de trabalho. Horário da medição 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 1,84 3,33 3,16 2,93 1,45 1,05 1,63 1,48 3,52 5,31 2,44 2,30 3,10 2,51 1,38 0,94 1,89 2,51 2,36 1,62 2,60 7,43 7,22 7,10 6,41 2,74 3,67 4,00 3,24 2,45 6,00 3,31 2,06 3,38 2,74 1,53 1,14 0,59 0,73 1,44 0,63 0,74 0,41 0,39 0,42 0,51 0,74 0,87 0,83 2,34 2,70 3,42 3,19 3,26 2,48 1,35 1,81 1,89 2,14 2,63 dia 1 dia 2 dia 3 dia 4 dia 5 média Média 2,57 2,10 4,69 2,29 0,79 2,49 O gráfico 2 mostra as variações das concentrações médias de mercúrio no ar por dia de trabalho. Gráfico 2: Variação diária das médias das concentrações de mercúrio. A tabela 2 mostra a concentração de mercúrio no ar do ambiente de trabalho por hora no primeiro dia de trabalho avaliado. 34 Observamos uma média geral de 2,57 µg Hg/m3 de ar no ambiente de trabalho no primeiro dia com valores que variaram de 0,13 a 6,62 µg Hg/m3 de ar. O valor mínimo foi observado no início das atividades da tarde e o maior no final do dia de trabalho. Tabela 2: Concentração de mercúrio do ar no primeiro dia de avaliação por µg Hg/m3 ar. Equipo 1 Equipo 2 Equipo 3 Equipo 4 Equipo 5 Equipo 6 Média 08:00 09:00 10:00 11:00 1,72 3,20 3,62 3,11 1,59 3,49 3,38 2,69 1,75 3,29 3,11 2,90 1,86 3,26 2,93 2,89 2,02 3,29 3,02 3,09 2,13 3,46 2,87 2,91 1,84 3,33 3,16 2,93 Horário da medição 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 Média 2,27 0,13 1,98 1,70 2,57 6,62 2,69 2,05 1,37 1,65 1,64 2,74 6,06 2,67 1,46 1,19 1,72 1,32 3,07 5,40 2,52 1,06 0,99 1,48 1,10 3,72 4,88 2,42 0,93 1,19 1,37 1,46 4,16 4,51 2,50 0,95 1,42 1,60 1,64 4,89 4,37 2,62 1,45 1,05 1,63 1,48 3,52 5,31 2,57 O gráfico 3 mostra o comportamento da variação do mercúrio ar do ambiente da clínica durante o primeiro dia de análises do ambiente. Gráfico 3: Concentrações de mércurio (µg Hg/m3 ar) no ar durante o primeiro dia de trabalho. Na tabela a seguir observamos o segundo dia de trabalho e a variação da concentração de mercúrio no ar do ambiente. Os valores variaram de 0,65 a 3,62 µg Hg/m3 de ar, sendo a média de 2,10 µg Hg/m3 de ar do ambiente de trabalho. 35 Tabela 3: Concentração de mercúrio do ar no segundo dia de avaliação por µg Hg/m3 ar. Equipo 1 Equipo 2 Equipo 3 Equipo 4 Equipo 5 Equipo 6 Média Horário da medição 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 1,65 2,09 3,62 2,58 1,73 0,76 1,39 2,89 2,80 2,09 1,87 3,30 1,23 2,30 2,11 1,98 3,38 2,49 0,79 0,71 1,72 2,43 2,15 3,08 2,44 0,69 0,81 1,69 2,52 2,46 3,04 2,87 0,92 1,03 2,01 3,03 2,33 3,41 2,83 0,85 1,08 2,21 2,44 2,30 3,10 2,51 1,38 0,94 1,89 15:00 16:00 17:00 Média 2,57 3,12 2,17 2,17 0,65 1,70 2,64 2,15 2,91 2,34 1,36 1,98 2,94 2,45 1,21 1,99 3,06 2,39 1,25 2,16 2,91 2,17 1,07 2,19 2,51 2,36 1,62 2,10 O gráfico 4 mostra a variação do mercúrio em suspensão no ar do ambiente de trabalho no segundo dia de avaliações. Gráfico 4: Concentrações de mércurio (µg Hg/m3 ar) no ar durante o segundo dia de trabalho. Na tabela 4 e no gráfico a seguir observamos a variação da concentração de mercúrio no terceiro dia de trabalho. Observe-se que neste dia encontramos a maior média da concentração de mercúrio no ar do ambiente 4,69 µg Hg/m3 ar. Os valores mínimos e máximos encontrados foram 1,66 e 8,93 µg Hg/m3 ar, respectivamente. Também observamos as maiores alterações no gráfico com relação aos horários de avaliação. 36 Tabela 4: Concentração de mercúrio do ar no terceiro dia de avaliação por µg Hg/m3 ar. Equipo 1 Equipo 2 Equipo 3 Equipo 4 Equipo 5 Equipo 6 Média Horário da medição 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 Média 2,09 8,24 8,11 7,60 7,74 2,36 2,86 4,41 3,15 2,39 4,89 1,95 2,12 2,46 8,54 8,33 6,74 6,65 1,89 2,73 4,13 4,55 2,77 8,27 8,41 7,09 5,56 1,90 3,21 4,23 3,30 2,05 4,68 3,04 8,31 8,03 6,40 5,44 1,76 2,84 4,45 3,44 1,93 4,56 2,58 8,93 8,46 6,55 5,61 1,66 2,90 4,48 3,34 2,14 4,66 3,17 8,71 7,87 6,45 5,79 2,03 3,53 4,51 3,48 2,04 4,76 2,60 7,43 7,22 7,10 6,41 2,74 3,67 4,00 3,24 2,45 4,69 Gráfico 5: Concentrações de mércurio (µg Hg/m3 ar) no ar durante o terceiro dia de trabalho. No quarto dia de avaliação da concentração de mercúrio no ar do ambiente da clínica observamos uma média de 2,29 µg Hg/m3 ar e valores que variaram de 0,26 a 7,99 µg Hg/m3 ar. A tabela 5 e o gráfico 6 mostram as concentrações por hora de trabalho e sua variação. Tabela 5: Concentração de mercúrio do ar no quarto dia de avaliação por µg Hg/m3 ar. Equipo 1 Equipo 2 Equipo 3 Equipo 4 Equipo 5 Equipo 6 Média Horário da medição 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 Média 1,86 3,40 2,14 3,16 3,40 1,36 1,06 0,51 0,66 1,40 1,89 7,99 4,77 2,89 3,15 1,89 2,78 3,98 1,02 0,71 0,46 2,97 6,84 2,88 1,92 3,22 2,83 1,05 0,63 0,49 0,80 1,23 2,19 6,41 2,86 1,87 3,53 2,73 1,13 0,62 0,61 0,84 2,31 2,29 6,57 3,18 1,65 3,60 2,81 1,41 0,28 0,43 0,64 2,09 2,27 6,31 2,75 1,89 3,62 2,78 1,43 0,26 0,46 0,70 1,13 2,13 5,15 3,31 2,91 3,38 2,74 1,53 1,14 0,59 0,73 1,44 2,29 37 Gráfico 6: Concentrações de mércurio (µg Hg/m3 ar) no ar durante o quarto dia de trabalho. No último dia de avaliação observamos as menores concentrações de mercúrio no ar do ambiente de trabalho. A média observada foi 0,79 µg Hg/m3 ar variando entre 0,25 a 2,93 µg Hg/m3 ar. O gráfico e a tabela a seguir mostram as disposições das concentrações do mercúrio no último dia de avaliação. Tabela 6: Concentração de mercúrio do ar no quinto dia de avaliação por µg Hg/m3 ar. Equipo 1 Equipo 2 Equipo 3 Equipo 4 Equipo 5 Equipo 6 Média 08:00 09:00 10:00 11:00 0,65 0,49 0,39 0,45 0,84 2,41 0,58 0,39 0,62 0,39 0,51 0,33 0,63 0,39 0,38 0,31 0,58 0,40 0,33 0,28 0,47 0,36 0,25 0,55 0,63 0,74 0,41 0,39 Horário da medição 12:00 13:00 14:00 0,49 0,54 0,79 0,47 0,50 0,48 0,48 0,57 0,79 0,42 0,47 0,79 0,33 0,43 0,74 0,30 0,56 0,83 0,42 0,51 0,74 15:00 16:00 17:00 Média 1,10 1,05 2,93 0,89 0,56 0,75 0,88 0,78 0,99 0,79 2,76 0,82 0,98 0,78 2,55 0,77 0,88 0,59 2,52 0,71 0,71 1,01 2,40 0,74 0,87 0,83 2,34 0,79 Gráfico 7: Concentrações de mércurio (µg Hg/m3 ar) no ar no último dia de trabalho. 38 Foram mensurados 175 procedimentos durante a semana de trabalho. A tabela 7 mostra a relação destes procedimentos bem como a quantidade realizada por dia de serviço. Observamos a realização de 15 restaurações de amálgama, 21 remoções de tecido cariado e 11 restaurações fotopolimerizáveis. Os procedimentos relacionados como “nenhum” consistem no profissional aguardando alguma orientação do supervisor da clínica ou aguardando auxílio da ACD. O paciente estava sentado na cadeira, porém não era realizado nenhum procedimento no momento da avaliação. Os profissionais que não participaram do estudo não tiveram os procedimentos relacionados nesta tabela. Tabela 7: Número de procedimentos avaliados por dia de funcionamento do serviço. Procedimentos Amálgama Anestesia Anotação Arrumação do equipo Avaliação Curativo Exodontia Ionômero de vidro Limpeza/Profilaxia Nenhum Polimento Remoção de Cárie Resina Fotopolimerizável Total Dia 1 3 1 3 3 5 0 1 1 3 3 2 7 4 36 Número de Procedimentos Dia 2 Dia 3 Dia 4 3 3 4 3 2 0 6 6 8 5 3 5 5 2 4 2 2 0 1 0 1 3 2 1 0 1 1 6 6 6 1 1 1 3 6 4 4 3 0 42 37 35 Dia 5 2 0 6 1 1 3 0 2 1 7 1 1 0 25 Total 15 6 29 17 17 7 3 9 6 28 6 21 11 175 A tabela 8 mostra a média das concentrações de mercúrio no ar do ambiente no momento em que o procedimento era realizado por dia de serviço. O procedimento amálgama e aqueles que utilizam a caneta de alta rotação foram os que mostraram maior concentração de mercúrio como, Limpeza/Profilaxia e remoção de cárie, por exemplo. Estes procedimentos 39 foram os que apresentaram maiores médias gerais de concentração de mercúrio no ar do ambiente na semana de trabalho em média. Tabela 8: Médias ponderadas das Concentrações de Hg do ar por procedimento realizado e dia de trabalho (µg Hg/m3 de ar) Procedimentos Amálgama Anestesia Anotação Arrumação do equipo Avaliação Curativo Exodontia Ionômero de vidro Limpeza/Profilaxia Nenhum Polimento Remoção de Cárie Resina Fotopolimerizável Dia 1 2,75 1,64 2,61 2,54 1,86 0,00 1,36 3,09 2,59 2,20 3,25 2,45 2,35 Dia 2 2,14 2,65 2,11 1,97 2,65 2,34 3,23 2,13 0,00 2,22 0,76 2,38 2,75 Dia 3 6,77 2,47 5,33 4,42 5,61 5,74 0,00 4,31 8,48 4,30 2,58 5,53 5,85 Dia 4 3,57 0,00 2,11 2,09 3,27 0,00 0,62 0,68 6,41 1,84 1,43 1,06 0,00 Dia 5 0,69 0,00 0,68 0,99 0,78 0,66 0,00 0,52 0,57 0,61 0,47 0,98 0,00 Média 3,38 2,42 2,53 2,48 2,80 2,59 1,73 2,20 3,87 2,18 1,96 2,98 3,45 Se observarmos esta tabela acima separadas em três grupos de procedimentos a saber: - grupo 1:amálgama; - grupo 2: procedimentos que utilizam a caneta de alta rotação (Limpeza/Profilaxia, Polimento e Remoção de Cárie); - grupo 3: procedimentos que não utilizam caneta de alta rotação (Anestesia, Anotação, Arrumação do Equipo, Avaliação, Curativo, Exodontia, Ionômero de vidro, Nenhum, Resina Fotopolimerizável); Podemos observar uma maior concentração média de mercúrio no ar do ambiente de trabalho no grupo amálgama, conforme tabela 9, apresentada pelos dias da semana de estudo, mostrando que este grupo possui a maior liberação de mercúrio seguido pelos procedimentos que utilizam caneta de alta rotação, como polimento de restaurações, remoção de tecido 40 cariado e limpeza/profilaxia; e por último àqueles que não utilizam a caneta, como o procedimento de anestesia, exodontia, avaliação e outros. Tabela 9: Médias das concentrações de mercúrio do ar (µg Hg/m3 de ar) por grupos de procedimentos divididos segundo a utilização de mercúrio direta ou indiretamente. dia 1 dia 2 dia 3 dia 4 dia 5 média geral Grupo 1 2,75 2,14 6,77 3,57 0,69 3,38 Grupo 2 2,62 1,97 5,53 2,02 0,67 2,96 Grupo 3 2,23 2,35 4,80 2,11 0,66 2,52 4.2.2 Avaliação das amostras biológicas. Participaram do estudo 19 indivíduos divididos em auxiliares de consultório dentário (ACD) e estagiários, sendo 13 estagiários e 6 ACD´s sendo 8 acadêmicos do sexo masculino e 5 do sexo feminino. Todas as auxiliares eram do sexo Feminino. A tabela 10 descreve os participantes em sexo e profissão e as concentrações de mercúrio urinário por grupo e sexo. Tabela 10: concentração de mercúrio urinário (µg Hg/L) por grupo e sexo número de sujeitos Concentração de mercúrio urinário Acadêmicos Homens Mulheres Total 8 5 13 Média 1,62 1,03 1,38 Mínimo Máximo 0,8 3,8 0,8 1,5 0,8 3,8 ACD Mulheres 6 1,33 0,8 3,1 Total 19 1,36 0,8 3,8 Foram distribuídos 133 coletores, sendo sete para cada participante do estudo, um para cada dia da semana, conforme a metodologia do estudo. Destes, 69 amostras de urina foram avaliadas pelo laboratório de absorção atômica da PUC-RJ. A tabela 11 mostra os valores médios das concentrações de Hg urinário dividido por profissão. 41 Das amostras analisadas, um estava sem conteúdo em seu interior. Tabela 11: médias das concentrações de mercúrio na urina segundo ocupação. Número de amostras Média (µg/L) Desvio Padrão Mínimo - Máximo (µg/L) Acadêmicos 33 1,38 0,65 0,8 – 3,8 ACD 35 1,33 0,63 0,8 – 3,1 Total 68 1,36 0,64 0,8 – 3,8 A tabela a seguir mostra a distribuição das concentrações de mercúrio urinário nos profissionais participantes do estudo. Apenas 5 dos 19 participantes entregaram todas as coletas corretamente como na metodologia do estudo. A menor concentração foi de 0,8 µg Hg/L de urina e a maior de 3,8 µg Hg/L de urina observada em um estagiário. Nas auxiliares, a concentração máxima observada foi de 3,1 µg Hg/L de urina. Observa-se ainda uma maior média geral na segunda e terça-feira, sendo que a segunda-feira é folga no serviço e na terça o início da semana de trabalho. Tabela 12: Concentração diária de Hg urinário (µg/L) dos participantes do estudo. Registro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Profissão Estagiário Estagiário Estagiário Estagiário Estagiário Estagiário Estagiário Estagiário Estagiário Estagiário 4ª 1,2 0,8 0,8 - 5ª 1,2 0,8 0,8 0,8 1,5 1,5 6ª 0,8 0,8 1,2 1,5 Sábado 1,2 1,2 1,2 1,5 Domingo 0,8 0,8 - 2ª 1,2 1,5 2,3 3ª 1,2 0,8 2,7 Média 1,20 1,00 0,00 0,00 1,00 1,01 1,15 0,00 1,90 10 11 ACD 1,9 0,8 1,2 1,5 1,9 1,2 3,8 0,8 1,2 0,8 0,8 2,20 1,01 12 Estagiário 1,5 1,5 1,5 - - - - 1,50 13 ACD 1,9 2,7 1,2 0,8 1,9 3,1 3,1 2,10 14 ACD Estagiário 1,2 1,2 1,5 1,5 1,5 1,9 1,5 1,47 - - - - - - - 0,00 16 17 Estagiário ACD 1,9 2,3 1,5 0,8 0,8 0,8 1,5 1,9 2,30 1,31 18 19 Média das amostras ACD ACD - - 0,8 1,2 1,2 - 0,8 - 1,2 - 1,07 1,00 1,33 1,42 1,20 1,38 1,17 1,64 1,65 1,36 15 42 A tabela 13 mostra as médias das concentrações de mercúrio urinário dos participantes do estudo divididos pelos dias e por profissão. As variações não foram muito diferentes nos dois grupos estudados. Tabela 13: Médias das concentrações de mercúrio urinário por dia do estudo.(µg Hg/L). ACD Estagiário 4ª 1,45 1,24 5ª 1,73 1,29 6ª 1,10 1,28 Sab 1,05 1,78 dom 1,35 0,80 2ª 1,62 1,67 3ª 1,70 1,57 O gráfico 8 mostra a variação da concentração de mercúrio na urina dos participantes do estudo durante a semana do estudo. Observa-se um aumento durante o final de semana e o início da próxima semana no grupo dos auxiliares, mas não no grupo dos estagiários. Gráfico 8: evolução diária das médias das concentrações de mercúrio na urina dos participantes do estudo divididos por ocupação. 4.3 Avaliação dos resultados de exposição ocupacional avaliados no Questionário para avaliação do uso de Mercúrio no ambiente de trabalho. A tabela a seguir mostra os dados sobre exposição ocupacional referidos pelos participantes do estudo (item 5.1 do questionário). Observa-se que a totalidade dos auxiliares informou ter rotineiramente dores de cabeça, porém poucos estagiários apresentavam algum problema de morbidade geral avaliado no questionário. 43 Tabela 14: Morbidade geral referida pelos participantes do estudo e ocupação. dor de cabeça inflamação gengival zumbido ouvido excesso salivação diminuição audição gosto metálico na boca Sim 2 0 2 0 2 0 Estagiário % Não 15 11 0 13 15 11 0 13 15 11 0 13 ACD % sim % Não 85 5 83 1 100 1 17 5 85 2 33 4 100 0 0 6 85 0 0 6 100 0 0 6 Total % sim % Não 17 7 37 12 83 1 5 18 67 4 21 15 100 0 0 19 100 2 11 17 100 0 0 19 % 63 95 79 100 89 100 O gráfico a seguir apresenta a porcentagem e a quantidade de pessoas que responderam ao menos 3 perguntas do item 5.2 do questionário afirmativamente, sugerindo a necessidade de uma avaliação mais detalhada dos sintomas neurológicos referidos por eles. 4 auxiliares de consultório responderam três ou mais questões de forma afirmativa. Observa-se que este grupo encontrava-se em um nível de estresse mais elevado que os estagiários devido ao maior número de respostas afirmativas nos itens 5.1 e 5.2 do questionário. Gráfico 9: resultado das respostas do item 5.2 do questionário. O item 5.2 do questionário avaliou quantos participantes do estudo apresentavam algum sintoma referido de distúrbio neuropsicológico possivelmente associado à utilização do mercúrio. A tabela 15 mostra as perguntas realizadas bem como o número de participantes que responderam de forma afirmativa e negativa, divididos por ocupação. As perguntas com maior número de respostas afirmativas foram: Sente-se excessivamente cansado (7 respostas afirmativas); Você esquece as coisas facilmente e; Quando você acorda durante o sono, tem dificuldades de voltar a dormir (ambas com 5 respostas afirmativas). 44 Tabela 15: Relação das respostas sobre sintomas neuropsicológicos. Sintomas Neuropsicológicos Profissão Estagiário Sim % Não Esquece coisas facilmente Falam que anda esquecido Esquece de realizar coisas importantes Dificuldade de concentração Irritado frequentemente Abatido ou triste Dificuldade de decisão Excessivamente cansado Pressão no peito Sensação de queda Pontadas,dormências ou formigamento pelo corpo Perda de forças nas pernas e braços Dificuldade de voltar a dormir Interesse sexual diminuído % ACD Sim % Não % Sim Total % Não % 3 23% 10 77% 2 33% 4 67% 5 26% 14 74% 3 23% 10 77% 1 17% 5 83% 4 21% 15 79% 1 8% 12 92% 3 50% 3 50% 4 21% 15 79% 1 8% 12 92% 1 17% 5 83% 2 11% 17 89% 3 23% 10 77% 1 17% 5 83% 4 21% 15 79% 2 1 15% 11 8% 12 85% 92% 1 0 17% 0% 5 6 83% 100% 3 1 16% 16 84% 5% 18 95% 4 31% 9 69% 3 50% 3 50% 7 37% 12 63% 0 0 0% 0% 13 100% 13 100% 2 1 33% 17% 4 5 67% 83% 2 1 11% 17 89% 5% 18 95% 1 8% 12 92% 1 17% 5 83% 2 11% 17 89% 1 8% 12 92% 1 17% 5 83% 2 11% 17 89% 4 31% 9 69% 1 17% 5 83% 5 26% 14 74% 1 8% 12 92% 1 17% 5 83% 2 11% 17 89% 45 5 Discussão. O ambiente de trabalho difere pouco de outras clínicas, ficando em evidência a quantidade de cadeiras odontológicas e o número de pessoal no setor. Glina et al (1997) avaliaram o ambiente de trabalho de um módulo odontológico com duas cadeiras em funcionamento de uma unidade básica de Saúde na Cidade de São Paulo observando alguns riscos relacionados ao trabalho em odontologia como os observados em nosso estudo como dificuldade de locomoção, temperatura, ruído inadequado e contato com material biológico e químico. Com relação à organização do trabalho, a lei 11.788 de 2008 (BRASIL, 2008) estabelece a carga horária máxima de 6 horas diárias e 30 horas semanais, no caso de estudantes do ensino superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio regular que façam estágio curricular. Os estagiários participantes do estudo fazem turnos diários de quatro horas e totalizam 12 horas semanais enquanto às auxiliares de consultório dentário, trabalham 40 horas semanais observando a Consolidação das Leis do Trabalho (BRASIL, 1943). Os resultados obtidos na avaliação do mercúrio no ar do ambiente de trabalho nos mostraram uma grande variabilidade entre os dias do trabalho e até mesmo no mesmo dia. Os valores mínimos e máximos observados variaram de 0,13 a 8,93 µg de Hg/m3 de ar com média geral de 2,49 µg de Hg/m3 de ar. Esses valores não são superiores aos estabelecidos na legislação brasileira (NR-15) que é de 40 µg de Hg/m3 de ar, nem aos estabelecidos por outros órgãos pelo mundo como o centro de controle de doenças dos Estados Unidos (CDC) que estabelece em 50 µg de Hg/m3 de ar, e próximos aos encontrados por Langworth et al (1997) em seu estudo sobre exposição ao mercúrio em trabalhadores da área odontológica na Suécia, valores médios entre 1,8 e 2,1 µg de Hg/m3 de ar no ambiente de 6 clínicas odontológicas. 46 Segundo a administração de segurança e saúde ocupacional (OSHA) o limite de exposição permitida (PEL) é de 100 µg de Hg/m3 de ar, valor que não pode ser excedido em nenhum momento no ambiente de trabalho, o que não foi observado durante nosso estudo. A Norma Regulamentadora Nº 15 (MTE, 1978) não estabelece valores teto para a exposição ao mercúrio no ambiente de trabalho no Brasil. Os resultados observados também não ultrapassam os tetos estabelecidos pela Alemanha (100 µg de Hg/m3 de ar), Suécia (50 µg de Hg/m3 de ar) e Rússia (10 µg de Hg/m3 de ar) (Hanson, 1991). Diariamente, a média da concentração de mercúrio avaliada no ar do ambiente da clínica variou entre 0,79 e 4,69 µg de Hg/m3 de ar. Observou-se no terceiro dia a maior média de mercúrio no ambiente, possivelmente devido à temperatura elevada do local de trabalho no início da manhã e a volatilidade do mercúrio em temperaturas mais elevadas como afirmam vários estudos (ATSDR, WHO). O último dia, sábado, apresentou a menor concentração de mercúrio no ambiente de trabalho, possivelmente por ter sido realizado o menor número de procedimentos da semana (25 procedimentos) e pelo menor número de trabalhadores. Nos outros dias as variações térmicas e de pessoal não foi observada e as concentrações de mercúrio no ambiente variaram pouco, de 2,10 a 2,57 µg de Hg/m3 de ar e foram realizados de 35 a 42 procedimentos clínicos. Esses procedimentos foram distribuídos de maneira bem uniforme (tabela 7) o que sugere que a temperatura e a quantidade de procedimentos no momento da avaliação do mercúrio no ambiente são as responsáveis pela variação da concentração de mercúrio instantânea e a média diária e que pela proximidade das cadeiras, em torno de 1 metro de distância entre elas, os procedimentos parecem influenciar a concentração de mercúrio na avaliação da cadeira ao lado. 47 O procedimento amálgama consistiu nas medições do mercúrio no ambiente no momento em que eram realizados procedimentos de preparo, manipulação e inserção do material na cavidade dentária e observamos uma média de 3,38 µg de Hg/m3 de ar no momento do procedimento com médias diárias variando de 0,69 a 6,77 µg de Hg/m3 de ar. Estudos como o de Engle et al (1992) e Langworth et al (1997) mostram que durante a colocação, polimento e trituração do amálgama a concentração de mercúrio varia de 1,0 a 8,0 µg de Hg/m3 de ar e de 1,8 a 2,1 µg de Hg/m3 de ar, respectivamente. Comparando os três grupos de procedimentos observamos uma maior média de concentração de mercúrio no ar do ambiente de trabalho no grupo amálgama, sendo seguido pelo grupo de procedimentos que utilizam caneta de alta rotação e por último os procedimentos que não utilizam caneta de alta rotação. Possivelmente, mesmo procedimentos que não utilizam caneta de alta rotação podem liberar mercúrio no ambiente desde que o paciente possua restaurações de amálgama. Devido à proximidade das cadeiras e da conformidade do ambiente de trabalho é possível que o mercúrio em suspensão liberado em procedimentos de cadeiras adjacentes ou até em procedimentos anteriores contribua para a concentração de mercúrio no ar no momento da avaliação de outros procedimentos. A diferença entre grupos mostra que a manipulação do amálgama é o que mais contribui para a concentração do mercúrio no ambiente e que os procedimentos que utilizam a caneta de alta rotação também influenciam na concentração do metal no ambiente de trabalho. Estudos como o de Skare et al (1990) avaliou a concentração de mercúrio na urina por um período de 24 horas do pessoal da área odontológica observando uma concentração média de 3,4 µg/L de mercúrio nas amostras com variações entre 0,3 a 16 µg Hg/L. Nosso estudo observou uma média geral de 1,36 µg Hg/L nos participantes do estudo com variação de 0,8 a 3,8 µg Hg/L. Os valores mínimos observados nestes estudos foram próximos, porém os 48 valores máximos e as médias observadas em nosso estudo são menores que as observadas por Skare em 1990. Câmara et al (2003) avaliou as concentrações de mercúrio urinário comparando-as com exames anteriores realizados pelos profissionais da mesma empresa onde realizamos nosso estudo. A tabela a seguir mostra a evolução das concentrações médias de mercúrio urinário dos trabalhadores da empresa nos exames realizados em 1998, 1999 e 2009. Tabela 16: Médias das concentrações de mercúrio na urina nas amostras anuais (µg Hg/L). Coleta de 1998 Coleta de 1999 Coleta de 2009 Estagiários/Dentistas 3,21 0,82 1,38 ACD 4,50 1,09 1,33 Total 4,20 1,01 1,36 Observa-se um aumento, ainda que pequeno e dentro dos padrões de normalidade, das médias das concentrações de mercúrio na urina dos trabalhadores da empresa no período entre 1999 e 2009. As análises de 1998 e 1999 foram realizadas com dentistas, enquanto que a de 2009 foi realizada com estagiários/acadêmicos de odontologia que apesar de menos tempo de utilização de amálgama mostraram média de concentração de mercúrio mais elevada. Esse fator pode ser explicado devido ao serviço realizado pelo estagiário que é o serviço de clínico geral, realizando os procedimentos nos pacientes, enquanto que os profissionais atuam na supervisão do serviço dos acadêmicos e atuam nas clínicas de especialidades com menos contato com o amálgama. Observando os gráficos 2 e 8 verificamos as médias de mercúrio avaliadas no ar do ambiente de trabalho e as concentrações médias de mercúrio na urina dos profissionais durante a semana de trabalho. As concentrações de mercúrio no ar do ambiente observadas foram de 2,57 µg Hg/m3 de ar no primeiro dia de medições, terça-feira, 2,10 µg Hg/m3 de ar 49 na quarta-feira, 4,69 µg Hg/m3 de ar na quinta-feira, o dia mais quente da semana, 2,29 na sexta-feira e 0,79 µg Hg/m3 de ar no sábado, último dia da semana de trabalho. As amostras de urina foram coletadas a partir da quarta-feira e até terça-feira da outra semana a fim de observar a variação no final da semana de trabalho. Como o grupo dos estagiários trabalha doze horas por semana, o gráfico não seguiu um padrão, já que os horários eram diferentes para cada participante. Já no grupo das ACD’s observamos um aumento na quinta-feira em relação à coleta do dia anterior, um declínio na sexta e no sábado e um aumento no domingo, segunda e terça-feira. Esse aumento nos dias em que as auxiliares não trabalham domingo e segunda-feira principalmente podem ser explicados pela meia-vida do mercúrio no organismo de 2-4 dias para eliminação de 90% do mercúrio absorvido e que pode ser seguido por uma segunda fase de 15 a 30 dias (WHO, 1991), mostrando que mesmo com valores abaixo do recomendado pela legislação brasileira, a exposição ocupacional crônica é um problema a ser avaliado com atenção. Entre as diversas formas de utilização do mercúrio, destacam-se o uso na odontologia, sua utilização em fábricas de lâmpadas e o uso no garimpo para amalgamação do ouro. Nosso estudo observou uma média de mercúrio na urina dos participantes de 1,36 µg Hg/L, enquanto que estudos como o de Câmara et al (1997) com uma população exposta ao mercúrio proveniente do garimpo observou uma média de 4,35 µg Hg/L na área urbana próximas das casas de queima do amálgama; 4,89 µg Hg/L na população da área de periferia e 1,25 µg Hg/L na população da área agrícola não exposta ao mercúrio da atividade garimpeira e 27 amostras de 275 indivíduos acima de 10 µg Hg/L. Outro estudo com uma comunidade garimpeira do Rio Tapajós, no Estado do Pará realizado por Santos et al (1995) observou que 50 em 173 amostras de urina, 14,5% (25 indivíduos) apresentavam dosagens acima de 10 µg Hg/L. Barcellos e Machado (1998) avaliando a exposição ao mercúrio em trabalhadores de uma fábrica de lâmpada fluorescente observaram uma concentração média de 12,78 µg Hg/L na urina dos trabalhadores nas diversas áreas da indústria. Resultados como os de Câmara et al (1997), Santos et al (1995) e Barcellos & Machado (1998) mostram que os trabalhadores da área do garimpo e da indústria de lâmpadas estão com níveis de mercúrio na urina mais elevados que os encontrados em nossa análise, porém sabe-se que os trabalhadores da área odontológica estão entre os grupos de risco para intoxicação por mercúrio e que estes resultados podem ser devido ao uso de equipamento de proteção individual utilizado fator não observado nos estudos descritos. Uma das questões observadas no questionário falava sobre o descarte do material e merece destaque devido às informações observadas. Quando perguntados onde era descartado o excesso do amálgama utilizado, todos os ACD’s afirmaram que o descarte era realizado em um pote com água, enquanto que entre os estagiários, três relataram que o amálgama era desprezado na cuspideira do equipamento passando direto para o esgoto, dois disseram descartar em um pote com água e oito não sabiam onde se eliminava o amálgama em excesso. Esses resultados mostram que os ACD’s deixam os restos do amálgama em um pote com água que depois é desprezado para o serviço de coleta especial pelo chefe do serviço de odontologia e que os estagiários, em sua maioria não sabem como descartar o material demonstrando um problema que deveria ser discutido tanto na Universidade com os professores quanto nos estágios pelos supervisores da clínica, já que os alunos estão em períodos finais de formação e o conhecimento sobre como tratar o lixo do consultório deve ser bem discutido para prevenirmos a contaminação de outros ambientes. 51 O item 5 do Questionário para avaliação do uso de Mercúrio no ambiente de trabalho foi baseado no Self-Report Questionaire (SRQ-20) de Harding et al. (1980) e avaliou dados de morbidade referida dos participantes do estudo observando distúrbios neurológicos possivelmente relacionados com a exposição ao amálgama. O SRQ-20 foi validado por Mari e Williams (1986) como um instrumento indicador aceitável de morbidade referida. Os dados observados mostram que 8 (42%) participantes obtiveram scores iguais ou maiores que 3, o que significa que indicaram ao menos três problemas que podem estar relacionados com a exposição ao mercúrio no ambiente de trabalho, sendo que destes, 4 (67%) das 6 auxiliares de consultório dentário obtiveram scores iguais ou superiores a três mostrando que esta classe de trabalhadores pode estar apresentando distúrbios relacionados à exposição ocupacional ao mercúrio em maior número quando comparados com o grupo de estagiários. Moen et al (2008) em estudo de corte transversal com o objetivo de avaliar sintomas neurológicos em auxiliares de consultório dentário da Noruega observou através da análise de questionários que 29% das auxiliares afirmaram ter alterações do olfato e do aparelhos gustativo, 78% apresentavam fraqueza nas pernas e braços, 53% tinham problemas de tontura e 32% apresentavam problemas para realizar atividades até o final do dia. Estes resultados foram maiores que os observados no questionário, porém mostram que as auxiliares de consultório dentário fazem parte de um grupo de trabalhadores que possivelmente apresentam intoxicação por mercúrio, o que deve ser avaliado através de testes psicológicos e neurológicos mais apurados com o objetivo de observarmos sua relação com as quantidades de mercúrio as quais esse grupo está submetido. Mesmo apresentando níveis de mercúrio urinário inferiores aos estabelecidos pela legislação e afastando outra causas, se exames complementares observarem sintomas 52 neuropsíquicos de ansiedade e mudanças de humor; desânimo, perda da auto-estima e depressão maior, perda de memória, insônia e distúrbios do sono, cefaléia, dores musculares e tremores como informa Faria (2003) poderemos diagnosticar a intoxicação pela contaminação por mercúrio no ambiente de trabalho. Nossos resultados mostram que metade do grupo das ACDs relata esquecer facilmente as coisas e estar excessivamente cansada, enquanto o grupo dos estagiários relata ter dificuldade de voltar a dormir e estar excessivamente cansado em apenas 31% do total. Estes dados podem estar relacionados não apenas com a concentração de mercúrio, mas também refletindo as condições das relações de trabalho no local, já que as auxiliares estão trabalhando em dois equipamentos e com número reduzido de profissionais. O número reduzido de participantes, a perda de amostras de urina devido a não entrega pelos participantes ao pesquisador, a não participação de todos os estagiários e auxiliares e a falta de uma comparação com outra clínica foram algumas limitações encontradas no desenvolvimento do estudo, por outro lado, nosso trabalho teve como ponto positivo o monitoramento das variações do mercúrio no ar do ambiente de trabalho e conseguimos observar as variações do mercúrio relacionado com os diversos procedimentos realizados durante a semana de trabalho. Observarmos ainda as relações de trabalho no serviço de odontologia da empresa como seu funcionamento, estrutura e relações pessoais no ambiente de trabalho o que pode auxiliar a empresa na elaboração de políticas voltadas à Saúde do trabalhador. 53 6 Conclusão. Os resultados da avaliação do ar do ambiente de trabalho com o analisador de mercúrio Lumex RA-915+(R) foram satisfatórios e observou as concentrações do mercúrio nos locais próximos a região de trabalho dos profissionais e do ambiente da clínica como um todo, sendo de grande valia para esta e futuras avaliações de ambientes de trabalho devido ao fácil manuseio e utilização, além de resultados bastante sensíveis as alterações do ambiente, mostrando ser um dispositivo de grande utilidade para avaliações do ambiente de trabalho expostos ao mercúrio. A empresa escolhida para a realização do estudo possui um programa de Saúde do trabalhador bem estruturado e a preocupação para estar dentro das normas de segurança sempre foi observada e seguida pelos trabalhadores. Na avaliação das concentrações ambientais de mercúrio no momento da realização de procedimentos, observamos que o manuseio, a mistura no amalgamador e a introdução do amálgama na cavidade dentária foram responsáveis pela maior contribuição para a concentração de mercúrio no ar do ambiente de trabalho, vindo ao encontro de resultados observados na literatura, enquanto que os procedimentos que utilizam caneta de alta rotação e aqueles que não utilizam contribuem menos para tal concentração. Como observado em nossos resultados, procedimentos de cadeiras vizinhas parecem influenciar na concentração de mercúrio na medição das cadeiras adjacentes, já que os resultados das concentrações de mercúrio em determinada hora são bem próximos, com uma ou outra exceção. O número de procedimentos e a temperatura, não avaliada no estudo, apenas referida pelos profissionais e pelo pesquisador parecem ser às principais responsáveis pela variação da 54 concentração de mercúrio no ambiente de trabalho, fato observado na tabela 1 e gráfico 2 com as médias das concentrações diárias de mercúrio na clínica. Tanto as concentrações de mercúrio no ar do ambiente de trabalho quanto às encontradas nas amostras de urina avaliadas estavam abaixo dos limites estabelecidos pela legislação brasileira e por outros órgãos internacionais, o que não significa que o exercício da profissão neste ambiente esteja livre de riscos à saúde dos trabalhadores. O risco existe devido à presença de mercúrio, substância perigosa por definição. Mesmo em baixas concentrações, parte do mercúrio inalado pelos profissionais é absorvida e eliminada pela urina, que se mostrou com uma elevação no grupo das auxiliares durante a semana do estudo, logo, é razoável afirmarmos que os níveis urinários de mercúrio observados devem-se ao que é inalado no ambiente de trabalho. Apenas dois estagiários informaram já ter previamente utilizado o amálgama, mas não foi observado nas amostras de urina concentrações discrepantes das observadas dos outros participantes. Também podemos dizer que parte do amálgama foi inalada pelos os estagiários, mesmo trabalhando doze horas semanais, já que não manuseiam amálgama em outro local com a mesma frequência que manuseiam no estágio. Com relação aos sintomas neuropsicológicos referidos no questionário avaliação do uso de Mercúrio no ambiente de trabalho, os acadêmicos mostraram que tem dificuldade de voltar a dormir e estão excessivamente cansados, fatos que podem estar relacionados ao momento que vivem, já que são os dois últimos períodos da faculdade, momento de definição da vida profissional destes formandos. 55 Já as auxiliares de consultório referiram além de se sentirem excessivamente cansadas, apresentam dores de cabeça, esquecem de realizar coisas importantes, esquecem coisas facilmente, tem zumbido no ouvido e pressão no peito. Esperamos que este trabalho sirva como relatório para futuras políticas sobre a Saúde do trabalhador da Empresa e que seus resultados sirvam de base de comparação e inspiração para futuros estudos sobre os riscos ocupacionais do pessoal da área odontológica e sobre a exposição ocupacional ao mercúrio presente nos amálgamas utilizados na odontologia. 56 7 Recomendações. Realizar um melhor isolamento acústico da sala de esterilização da clínica devido à poluição sonora causada pelo exaustor desta sala o que aumenta muito o ruído da clínica. Como o Mercúrio fica em suspensão no ambiente, seria interessante a colocação de divisórias entre os equipamentos para evitar contaminação cruzada, não apenas por mercúrio, mas por outras substâncias químicas e biológicas devido à formação de spray das canetas de alta rotação. Os profissionais, principalmente os auxiliares de consultório dentário estão em número reduzido devido a licenças e férias de funcionários e estavam auxiliando duas cadeiras durante a semana de trabalho. Estas funções acumuladas tornam o trabalho mais cansativo e o ambiente mais estressante para a execução das atividades. Seria interessante, a coordenação adequar o serviço com a contratação de auxiliares ou realocar de outras unidades para manter o ambiente de trabalho em harmonia. A realização de palestras e seminários sobre os riscos ocupacionais da odontologia no que tange aos aspectos relacionados ao mercúrio e aos riscos físicos, ergonômicos, biológicos e mecânicos inerentes ao exercício da profissão é importante para atualizar os profissionais da empresa e contribuir para o crescimento profissional com consciência sobre os diversos aspectos da profissão. 57 8 Referências. AMERICAN DENTAL ASSOCIATION. Amalgam fillings. Disponível em: <http://www.ada.org/public/topics/fillings.asp#amalgam>. Acesso em: 20 jun. 2008. ASK, K. et al. Inorganic mercury and methylmercury in placentas of swedish women. Environmental Health Perspectives, v. 110, n. 5, p. 523-526, 2002. BARBONI, M. T. S. et al. Visual field losses in workers exposed to mercury vapor. Environmental Research, v. 107, p. 124–131, 2008. BARCELLOS, C.; MACHADO, J. M. H. 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Questionário n°:............. 1 - Identificação 1.1 - Nome: 1.2 - Data de nascimento: 1.3 - Sexo: (1) Masculino (2) Feminino 1.4 - Estado civil: (1) Solteiro (2) Casado (3) Separado (4) Divorciado 1.5 - Naturalidade: 1.6 - Nacionalidade: 1.7 - Endereço Profissional: 1.8 – CEP: 1.9 - Bairro: 1.10 - Cidade: 1.11 - Estado: 1.12 - Telefone: 1.13 - Celular: 2 - História Ocupacional 2.1 – Profissão: ( 1 ) Cirurgião-Dentista. ( 2 ) ACD. 2.2 - Especialização/ pós-graduação: 2.3 - Tempo de exercício da profissão? 2.4 – Quantas horas trabalha por dia? 2.5 – E por semana? 2.6.- Utiliza os equipamentos de proteção individual? (1) Sim (2) Não 2.6.1 - Quais? 2.7 - Quantas horas, em média, manipula amálgama de prata por dia neste setor? 2.8 – Onde é descartado o excesso do amálgama? 2.9 - Desenvolve sua profissão em outro local? (1) Sim (2) Não 2.9.1 – Onde? 2.9.2 - Há quanto tempo? 2.9.3 – Manipula Amálgama neste outro local ? (1) Sim (2) Não 2.9.4 – Quantas horas manipula amálgama de prata neste outro setor ? 2.10 - Desenvolve outra atividade laboral ? (1) Sim (2) Não (1) Sim (2) Não (1) Sim (2) Não (1) Sim (2) Não (1) Sim (2) Não 2.10.1 - Qual? 2.10.2 - Há quanto tempo? 2.11 - Você já foi afastado do trabalho por alguma doença relacionada com o trabalho? 2.11.1 - Qual foi a doença? 2.11.2 - Quanto tempo ficou afastado? 2.12 - Já trabalhou em outra profissão anteriormente? 2.12.1 – Qual? 2.12.2 - Por quanto tempo? 3 - Hábitos de vida Tabagismo 3.1 – Você é fumante? 3.2 – Quantos cigarros fuma diariamente? Consumo de bebida alcoólica 3.3 – Consome bebida alcoólica? 3.4 – Quantas doses semanais, em média? (1) 1 a 2 (2) 3 a 4 (3) 5 ou mais 4 – Morbidade Referida Pressão arterial 4.1 – Você tem Hipertensão? (1) Sim (2) Não 4.2 – Faz uso de medicamentos para Hipertensão (1) Sim (2) Não 5 – Exposição ocupacional 5.1 – Sintomas gerais – assinale apenas se a resposta for SIM Você tem rotineiramente? 5.1.1 – Dor de cabeça (1) Sim (2) Não 5.1.2 – Inflamação na gengiva (1) Sim (2) Não 5.1.3 – Zumbido no ouvido (1) Sim (2) Não 5.1.4 – Excesso de salivação (1) Sim (2) Não 5.1.5 – Diminuição da audição (1) Sim (2) Não 5.1.6 - Gosto metálico na boca (1) Sim (2) Não (1) Sim (2) Não (1) Sim (2) Não (1) Sim (2) Não (1) Sim (2) Não 5.2.5 – Sente-se irritado freqüentemente sem motivo? (1) Sim (2) Não 5.2.6 – Sente-se abatido ou triste sem motivo? (1) Sim (2) Não (1) Sim (2) Não (1) Sim (2) Não (1) Sim (2) Não (1) Sim (2) Não 5.2 – Sintomas neuropsicológicos – assinale (1)SIM (0)NÃO 5.2.1 – Você esquece as coisas facilmente? 5.2.2 – Os seus familiares ou conhecidos tem falado que você anda esquecido? 5.2.3 – Esquece de realizar coisas que você considera de importância freqüentemente? 5.2.4 – Tem dificuldade para se concentrar freqüentemente? 5.2.7 – Sente dificuldade em decidir a atividade que deve realizar? 5.2.8 – Sente-se excessivamente cansado? 5.2.9 – Sente às vezes como se tivesse uma pressão no peito? 5.2.10 – Você tem a sensação de que vai cair ao estar de pé ou caminhando? 5.2.11 – Você sente freqüentemente pontadas dolorosas, dormência ou formigamento em alguma parte do corpo? (1) Sim (2) Não 5.2.12 – Você sente que tem perdido forças nos seus braços ou nas suas pernas? (1) Sim (2) Não (1) Sim (2) Não (1) Sim (2) Não 5.2.13 – Quando você acorda durante o sono, tem dificuldades de voltar a dormir? 5.2.14 – O seu interesse sexual vem diminuindo? Universidade Federal do Rio de Janeiro Departamento de Medicina Preventiva - FM/UFRJ Instituto de Estudos de Saúde Coletiva - IESC/UFRJ 9.2 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Você está convidado (a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está apresentado em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado (a) de forma alguma. Em caso de dúvida você pode procurar Comitê de Ética em Pesquisa Instituto de Estudos em Saúde Coletiva Universidade Federal do Rio de Janeiro Ilha do Fundão. CEP 21041-210 Rio de Janeiro – RJ. Tel. (21) 25989293 INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA: Título do Projeto: Monitoramento da exposição ao Mercúrio no Ar Atmosférico dos Consultórios dentários do Serviço de Odontologia de uma Empresa de Serviço Social. Pesquisador Responsável: Ivisson Carneiro Medeiros da Silva Orientador: Prof. Dr. Volney de Magalhães Câmara. Telefone para contato (inclusive ligações a cobrar): (21) 92663128. Nome: __________________________________________________________ Idade: _______________________________________RG:________________ Eu, ____________________________________________________,abaixo assinado, declaro ter conhecimento do que se segue: 1)Fui informado (a) que esta pesquisa avaliará a concentração de mercúrio no ambiente de trabalho e em amostras de urina dos trabalhadores expostos ocupacionalmente ao mercúrio, sendo eles Dentistas e Auxiliares de Consultório Dentário com o objetivo de avaliar a sua exposição ocupacional ao mercúrio, observar o processo de trabalho do pessoal da área odontológica e relacionar os resultados das análises com os respostas obtidas no questionário para avaliação do uso de Mercúrio no ambiente de trabalho; 2) Esta pesquisa será realizada através do preenchimento de um questionário sobre a utilização de mercúrio na odontologia, coleta e análise de amostras de ar e coleta e análise da primeira urina da manhã, descartando o primeiro jato, dos 7 dias da semana; As amostras de mercúrio no ar serão obtidas por um aparelho que avalia o ar instantaneamente. As amostras de urina deverão ser entregues ao pesquisador no local de trabalho onde serão identificadas e armazenadas em recipiente apropriado e levados para análise. As amostras coletadas durante o fim de semana devem ser armazenadas no congelador e entregues no próximo dia de trabalho ao pesquisador, no local de trabalho; 3) Esta pesquisa não oferece nenhum risco ou desconforto; 4) Com esta pesquisa, poderei receber informações sobre as condições do ambiente de trabalho e sobre a exposição ao mercúrio metálico no ambiente de trabalho; 5) Estou ciente que não é obrigatória a minha participação nesta pesquisa, caso me sinta constrangido (a) antes e durante a realização da mesma; 6) Sei que o pesquisador manterá em caráter confidencial todas as respostas que comprometam a minha privacidade, bem como que os responsáveis pela análise laboratorial, entregarão ao pesquisador todos os resultados coletados. 7) Estou ciente da possibilidade de retirar o meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo; 8) Estou ciente que as informações obtidas no questionário serão divulgadas com o objetivo científico. Rio de Janeiro, ________ de ___________________ de ______. _____________________________________ Assinatura do entrevistado _____________________________ Assinatura do Pesquisador _____________________________________ ______________________________ Testemunha Testemunha 9.3 - Roteiro para Avaliação de Situações de Risco em Ambientes de Trabalho. 1) Dados do local de trabalho investigado Aspectos gerais; ano de fundação do hospital (ou local); número de funcionários; Mudanças ocorridas (com os trabalhadores, as instalações ou as tecnologias); Localização geral (não é endereço). 2) Levantamento do processo de trabalho Observação detalhada do trabalho exercido pelas pessoas, não esquecendo de identificar todos os agentes de risco para a Saúde a que os trabalhadores estão expostos, incluindo: Equipamentos existentes (estado de conservação, dispositivos de proteção); Substâncias químicas e outras matérias-primas segundo quantidade, local de armazenagem e condições ambientais do local; Resíduos segundo fonte, quantidade, características armazenagem, possíveis tratamentos dos resíduos, despejo e controle; físico-químicas, local de Lay-out ou desenho esquemático do local escolhido. 3) Organização (relações) do trabalho Divisão das tarefas, jornada semanal de trabalho; Horas-extras; Trabalho em turnos e noturno; Rotatividade dos trabalhadores; Formas de pagamento (salário, produtividade, etc); Carteira assinada; Férias; Adicionais de periculosidade e insalubridade. 4) Condições de vida dos trabalhadores Renda, assistência médica, alimentação, lazer, tipo e tempo de transporte, vestuário e escolaridade. 5) Equipamentos de proteção coletiva e individual Levantamento dos equipamentos existentes: a) Hidrantes, sprinklers, extintores, com localização, estado de conservação e quantidade; b) Sistemas de alarme; c) Equipamentos de proteção coletiva (EPC) por seção, localização, estado de conservação e quantidade; d) Equipamentos de proteção individual (EPI) por seção, localização, estado de conservação e quantidade. 6) Instalações sanitárias Número de lavatórios, vasos sanitários, mictórios e chuveiros; Alojamento, se for o caso; Vestiários, armários, bebedouros, lava-olhos, roupa para o trabalho. 7) Lista das principais situações de risco para a saúde dos trabalhadores. 9.4 – Carta de Submissão do Projeto à Empresa. 9.5 – Formulário de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.