A SATISFAÇÃO DOS CLIENTES DE UMA PANIFICADORA
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A SATISFAÇÃO DOS CLIENTES DE UMA PANIFICADORA
A SATISFAÇÃO DOS CLIENTES DE UMA PANIFICADORA: DESCORTINANDO A REALIDADE E CONSTRUINDO POSSIBILIDADES Elisangela Oliveira de SOUZA Bacharel em Administração pela Faculdade Arthur Thomas. E-mail: [email protected] Adriana Daniele Nascimento YAMASHITA Bacharel em Administração pela Faculdade Arthur Thomas. E-mail: [email protected] Patrícia de Oliveira CARVALHO Bacharel em Administração pela Faculdade Arthur Thomas. E-mail: [email protected] Nadia Aparecida de SOUZA Doutora em Educação (1999) e mestra em Educação (1995) pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, licenciada em Pedagogia (1986) e Direito (1981). Assessora pedagógica na Faculdade Arthur Thomas. E-mail: [email protected] RESUMO As preocupações com a redução do número de clientes de uma panificadora, bem como os conhecimentos relativos à importância da necessidade de sua satisfação, ofereceram as bases para o problema: como a delimitação do nível de satisfação de clientes de uma panificadora, situada em Londrina, Paraná, em relação aos produtos e serviços fornecidos, pode contribuir para a compreensão da redução da clientela? O objetivo estabelecido foi: mapear e analisar o nível de satisfação de clientes de uma panificadora, situada na cidade de Londrina, Paraná, em relação aos serviços e produtos oferecidos, repercutindo os resultados em indicadores de mudança e aperfeiçoamento. O estudo caracterizou-se como quantitativo e descritivo, na modalidade estudo de caso. Os 89 participantes responderam questionário integrado por três aspectos norteadores. O primeiro, satisfação com o atendimento, evidenciou que os clientes apreciam o atendimento no balcão, no caixa e por telefone; que as informações acerca dos produtos são boas, mas que o tempo de espera precisa ser reduzido. O segundo, satisfação com os produtos, revelou contentamento acerca da qualidade dos produtos, variedade de opções e cuidados com a exposição, entretanto evidenciam insatisfação quanto aos preços, promoções e etiquetamento, mesmo que de maneira modesta. O terceiro abordou as comodidades propiciadas e, de modo geral, os clientes referiram apreciarem a limpeza, iluminação, conforto, temperatura, espaço disponível e pintura externa, sinalizando para a necessidade de atualizar a pintura da fachada e pensar alternativas para a escassez de vagas para estacionamento. Palavras-chave: Satisfação do cliente. Perfil do cliente. Avaliação de satisfação. AS RAZÕES DO ESTUDO Toda pesquisa é a manifestação do inconformismo. Lariche Nos últimos sete anos venho atuando profissionalmente em uma empresa panificadora situada em nossa cidade. Inicialmente, o movimento era bom e as vendas aprazíveis, mas, no decorrer dos últimos dois anos, a situação vem se alterando: as vendas caíram em quantidade e o número de clientes que frequentam a panificadora diminuiu sensivelmente. Poder-se-ia pensar que a razão advém da abertura de outras panificadoras na circunvizinhança, o que não constitui realidade. Outra causa poderia ser a redução do número de moradores no bairro, o que também não é verdade, pois habitações foram construídas e, aparentemente, há mais pessoas residindo no entorno da padaria. Outro motivo poderia decorrer de alguma insatisfação da clientela em relação aos serviços e produtos disponibilizados pela panificadora, suposição que pode resguardar alguma relação com a realidade e demanda ser investigada. A satisfação dos clientes é um importante fator na gestão de um empreendimento. Kotler e Keller (2006, p.142), definem satisfação do cliente como a [...] sensação de prazer ou desapontamento resultante da comparação entre o desempenho (ou resultado) percebido de um produto e as expectativas do comprador. Se o desempenho não alcançar as expectativas, o cliente ficará insatisfeito. Se o desempenho for além das expectativas, o cliente ficará altamente satisfeito ou encantado. Zeithaml, Bitner e Gremler (2011, p.142) compreendem que “[...] satisfação é a avaliação do cliente para um produto ou serviço em termos de ele atender as expectativas e necessidades deste cliente [...]”. Já, para Tasca e Caldwell (1997, p.201), “[...] a satisfação é um sentimento e uma atitude – não uma medida objetiva de alguma coisa. As pessoas vivem um relacionamento com os produtos que compram”. Assim, podemos ressaltar a importância da qualidade do produto e dos serviços ofertados ao cliente. Os produtos disponibilizados carecem gerar a sensação de felicidade, enquanto os serviços ofertados necessitam ocasionar a impressão de cuidado e atenção. Toda e qualquer organização precisa centrar seu olhar sobre seus clientes. Eles constituem a chave para o sucesso de um negócio, afinal, um cliente satisfeito provavelmente tornar-se-á um cliente fiel. Ainda, é possível que ele não poupe elogios ao local onde encontra produtos de qualidade e bom atendimento. Desse modo, ao investigar a satisfação dos clientes, a empresa estará, não somente tentando levantar indicadores de fidelização, como também mapear informações que lhe permitam desencadear processos que atraiam novos clientes. Os níveis de satisfação dos clientes precisam ser dimensionados periodicamente, para que os gestores possam aperfeiçoar seus serviços e produtos. Para Kotler e Keller (2006, p.145), “[...] a empresa deve medir a satisfação com regularidade, porque a chave para reter clientes está em satisfazê-los”. Destarte, a empresa que mede o grau de satisfação de seus clientes com mais frequência consegue identificar, mais amiúde, possíveis erros no atendimento ou falhas nos produtos fornecidos, corrigindo-os e/ou aperfeiçoando-os tanto quanto possível e em conformidade com as expectativas dos clientes. Tendo por preocupação a redução do número de clientes da panificadora onde trabalho e por baliza conhecimentos relativos à importância da satisfação do cliente, delineou-se o problema de pesquisa: como a delimitação do nível de satisfação de clientes de uma panificadora, situada na cidade de Londrina, Estado do Paraná, em relação aos serviços e produtos fornecidos, pode contribuir para a compreensão do processo de redução da clientela. Para elucidar o problema, o objetivo geral estabelecido foi: mapear e analisar o nível de satisfação de clientes de uma panificadora, localizada na cidade de Londrina, Estado do Paraná, em relação aos serviços e produtos oferecidos, repercutindo os resultados em indicadores de mudança e aperfeiçoamento. AS ESCOLHA METODOLÓGICAS Tendo por balizas o problema de pesquisa e o objetivo geral estabelecido, a investigação conformou-se como um estudo quantitativo, quanto à abordagem da realidade, pois os dados advieram de respostas registradas em um questionário em formato de checklist, abarcando aspectos inerentes ao nível de satisfação de clientes de uma panificadora, No concernente aos objetivos e fins almejados, o estudo se configurou como pesquisa descritiva, pois pretendeu “[...] descrever as características de determinada população ou fenômeno no estabelecimento de relações entre variáveis.” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p.52). Ainda, a pesquisa se distinguiu como estudo de caso, considerando a circunscrição limitada de ocorrência do fenômeno e a especificidade da unidade de análise. O caso é particularizado pelo seu locus de efetivação: uma panificadora, fundada há aproximadamente vinte e cinco anos, na cidade de Londrina, Estado do Paraná. Os participantes do estudo são os clientes que frequentaram a panificadora no decurso da última quinzena do mês de setembro e aceitaram responder ao questionário. A resolução das questões foi antecedida da assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e sua aplicação foi no próprio balcão do estabelecimento. Os participantes compuseram amostra aleatória, que consoante Marconi e Lakatos (2009, p.112, destaque do autor), configura-se aquela realizada “[...] de forma que cada membro da população tinha a mesma probabilidade de ser escolhido”. Assim, qualquer dos clientes poderia participar, bastando adentrar na padaria e ser convidado. A condição de participação era apenas e tão somente a manifestação e registro de seu aceite. O procedimento de coleta foi um questionário estruturado – configurado no formato de checklist, composto por dois conjuntos de questões. No primeiro conjunto, as questões buscaram elucidar o perfil dos participantes, ou seja, dos clientes que frequentam a panificadora investigada. No segundo conjunto, as questões abarcaram aspectos inerentes à mensuração do nível de satisfação dos clientes. Importa destacar que o formato do questionário priorizou a objetividade, clareza e facilidade na resolução, pois se pretendia que as respostas fossem fácil e rapidamente registradas. As respostas foram submetidas à seleção, codificação e tabulação (MANZATO; SANTOS, [200-?]; PRODANOV; FREITAS, 2013). O tratamento conferido aos dados coletados foi fundamental para a visualização e apreensão do fenômeno investigado, “[...] a partir de uma massa de dados [...]” (FALCÃO, RÉGNIER, 2000, p.232). Em decorrência, os procedimentos de análise privilegiaram o estabelecimento de comparações percentuais entre os itens constantes de cada elemento sob foco, a configuração de relações que favorecessem a compreensão do problema, subsidiando alternativas para se repensar a realidade, superando dificuldades pela melhoria das condições de fornecimento de produtos e serviços. OS NÍVEIS DE SATISFAÇÃO DOS CLIENTES Um cliente satisfeito com um produto, compra-o outras vezes. Um cliente deleitado pelo atendimento a ele dispensado, deseja usufrui-lo novamente. A fidelização exige do gestor – mesmo de uma padaria localizada em um bairro na cidade de Londrina – conhecer os seus clientes, para poder estabelecer vínculos, oferecer mimos, produzir novidades que atendam seus anseios, entre outros. Atender aos clientes, conforme enfatizam Araújo e Silva (2005, p.1), é envolve-lo e cativá-lo, de maneira que ele “[...] desenvolva um sentimento de satisfação ou não satisfação em relação ao produto/serviço, o que inclui atendimento, qualidade, variedade, preço, prazos entre outros atributos”. Ainda, conforme Kotler e Armstrong (2000, p.16-17), uma boa gestão de relacionamento com o cliente, encanta-o e cativa-o, de sorte que, [...] clientes encantados permanecem fiéis e falam favoravelmente sobre a empresa e seus produtos. Estudos mostram grandes diferenças entre fidelidade de clientes que estão menos satisfeitos, relativamente satisfeitos e completamente satisfeitos. Mesmo uma pequena queda da plena satisfação pode criar uma enorme queda na fidelidade. Por isso, o questionário respondido, concentrou as perguntas nos níveis de satisfação dos clientes em relação a diferentes aspectos: satisfação com o atendimento, satisfação com os produtos e com os ambientes internos e externos. Cada um dos três aspectos enfocados eram compostos por subitens, a serem assinalados em escala variando de “muito insatisfeito” (1) a “muito satisfeito” (5), passando por “insatisfeito” (2), “neutro” (3) e “satisfeito” (4). As respostas a cada um desses subitens foram contadas, somadas e convertidas em gráficos. Entretanto, a sua análise não se deu individualmente – mesmo que sejam apresentados individualmente – mas em blocos subordinados a cada um dos quatro aspectos investigados. A SATISFAÇÃO COM O ATENDIMENTO A satisfação com o atendimento foi o primeiro aspecto questionado. Os subitens que o integraram foram: cordialidade dos atendentes do balcão (Gráfico 1), cordialidade dos atendentes do caixa (Gráfico 2), cordialidade do atendimento por telefone (Gráfico 3, tempo de espera para atendimento no balcão (Gráfico 4), tempo de espera para atendimento no caixa (Gráfico 5) e informações de produtos e serviços (Gráfico 6). Gráfico 1 – Satisfação quanto à cordialidade dos atendentes de balcão 9% 8% 41% 3% 39% Muito insatisfeito Insatisfeito Neutro Satisfeito Muito satisfeito Fonte: Dados de pesquisa, Londrina-PR, 2014. Gráfico 2 – Satisfação quanto à cordialidade dos atendentes de caixa 44% 6% 7% 4% 39% Muito insatisfeito Insatisfeito Neutro Satisfeito Muito satisfeito Fonte: Dados de pesquisa, Londrina-PR, 2014. Gráfico 3 – Satisfação quanto à cordialidade do atendimento por telefone 33% 2% 17% 13% 35% Muito insatisfeito Neutro Muito satisfeito Insatisfeito Satisfeito Fonte: Dados de pesquisa, Londrina-PR, 2014. Gráfico 4– Satisfação quanto ao tempo de espera para atendimento no balcão 30% 1% 26% 7% 36% Muito insatisfeito Neutro Muito satisfeito Insatisfeito Satisfeito Fonte: Dados de pesquisa, Londrina-PR, 2014. Gráfico 5 – Satisfação quanto ao tempo de espera para atendimento no caixa 34% 7% 12% 10% 37% Muito insatisfeito Insatisfeito Neutro Satisfeito Muito satisfeito Fonte: Dados de pesquisa, Londrina-PR, 2014. Gráfico 13 – Satisfação quanto à informação de produtos e preços 2% 12% 14% 34% 38% Muito insatisfeito Insatisfeito Neutro Satisfeito Muito satisfeito Fonte: Dados de pesquisa, Londrina-PR, 2014. A satisfação dos clientes com o atendimento é facilmente constatada com um olhar mais atento aos resultados registrados nos gráficos. O nível “muito satisfeito” registrou percentuais que variaram de 30% em tempo de espera no balcão a 44% no item cordialidade dos atendentes do caixa. O nível “satisfeito” também foi significativamente elevado, variando de 35% no item cordialidade do atendimento por telefone a 39% em dois itens: cordialidade dos atendentes do balcão e cordialidade dos atendentes do caixa. Os funcionários de uma instituição, qualquer que seja o seu ramo de atuação, são de fundamental importância quando se pretende satisfazer os clientes. Para enfatizar a importância dos funcionários na geração de satisfação nos clientes, ampliando as possibilidades de venda e fidelização, Kotler e Armstrong (2000, p.218) descrevem o que consideram constituir uma cadeia de valor, a estender-se dos funcionários aos consumidores. (1) Qualidade do serviço interno: seleção e treinamento de qualidade superior, ambiente de trabalho de alta qualidade e forte apoio àqueles que trabalham diretamente com os clientes, o que resulta em (2) funcionários contentes e produtivos: funcionários satisfeitos, leais e esforçados, o que resulta em (3) serviço de maior valor: criação e entrega de valor e de serviço mais efetivos e eficientes ao cliente, o que resulta em (4) clientes satisfeitos e fiéis: clientes satisfeitos que permanecem fiéis, compram regularmente e dão preferências a outros clientes [ocasionando] (5) crescimento saudável da lucratividade dos serviços: desempenho superior da empresa prestadora de serviços. A insatisfação, em alguma medida, foi constatada em todos os itens. Dentre eles, três se destacam, mesmo que moderadamente, principalmente quando somados os percentuais dos níveis “muito insatisfeito” e “insatisfeito”. Cordialidade do atendimento por telefone e tempo de espera para atendimento no caixa totalizaram, cada qual, 19%. Tempo de espera para o atendimento no balcão alcançou 27%, revelando-se o aspecto a ocasionar maior contrariedade entre os clientes. O atendimento por telefone precisa ser aperfeiçoado e há necessidade de agilizar o atendimento, pois os clientes. Solomon (2011, p.376) destaca que o tempo é um dos recursos mais preciosos dos consumidores e registra que “[...] os consumidores tentam maximizar a satisfação distribuindo tempo para a combinação adequada das tarefas”. Bem estar e satisfação são essenciais para que os clientes retornem. A SATISFAÇÃO COM OS PRODUTOS A satisfação com os produtos foi o segundo aspecto questionado. Os subitens que o integraram foram: preço (Gráfico 7), promoções (Gráfico 8), etiquetamento (Gráfico 9), qualidade (Gráfico 10), variedade de opções (Gráfico 11), exposição de doces, bolos e salgados (Gráfico 12) e exposição de produtos na mercearia (Gráfico 13). A satisfação com os produtos decorre da relação estabelecida entre as características que o particularizam e as necessidades do cliente (JURAN, 1992): quanto mais convergentes forem as peculiaridades do produto e as aspirações do cliente, maior será o nível de satisfação. As respostas dos participantes permitiram constatar que apreciam a qualidade dos produtos que consomem na padaria, uma vez que 34% deles informaram estarem “muito satisfeitos” e 49% deles registraram estarem “satisfeitos”. Apesar de alguns clientes assinalarem estar “muito insatisfeitos” ou “insatisfeitos”, o total é baixo (11%) (Gráfico 10). Os níveis de satisfação foram elevados nos itens variedade de opções de produtos, totalizando 84% quando somados os níveis “muito satisfeito” e “satisfeito” (Gráfico 18). Também o item exposição de doces, bolos e salgados foi bem avaliado, alcançando 85% quando somados os níveis “muito satisfeito” e “satisfeito” (Gráfico 12). Todavia, 14% dos clientes referiram estarem “muito insatisfeitos” e “insatisfeitos” com a exposição dos produtos, o que sinaliza para a possibilidade de promover pequenos ajustes no arranjo das vitrines e bancadas, até porque, segundo Blessa (2011, p. 13), “[...] durante a compra, a visão é o primeiro sentido humano responsável pelo processo de escolha, pois é o primeiro estimulo que faz o cérebro reagir na direção do produto”. A exposição de produtos na mercearia totalizou 80% nos níveis “muito satisfeito” e “satisfeito” (Gráfico 13) e apenas 10% quando somados os níveis “muito insatisfeito” e “insatisfeito”. Os problemas se acentuam nos três primeiros itens que integram o aspecto satisfação com os produtos, principalmente quando o item é preço, seguido pelo item etiquetamento. 49% dos participantes informaram estar “muito insatisfeitos” e “insatisfeitos” com os preços dos produtos (Gráfico 7). Entretanto, nos últimos meses, os preços dos insumos têm se elevado – principalmente o do trigo, com a necessidade de importação –, o que impacta diretamente nos preços praticados no balcão. Entretanto, conforme Kotler e Armstrong (2000, p.256) enfatizam, há necessidade de dispor de uma estratégia de preço, de forma que “[...] encontrar a estratégia certa de determinação de preço e implementá-la pode ser fundamental para o sucesso da empresa e até mesmo para sua sobrevivência”. Os níveis “muito satisfeito” e “satisfeito” no item preço, todavia, evidenciam que muitos clientes compreendem as nuances do mercado e seu impacto nos preços praticados, somando 35% (Gráfico 7). Talvez, o espaço de manobra para a ampliação dos níveis de satisfação esteja no item promoções, que recebeu avaliação de “muito satisfeito” e “satisfeito” totalizando 31% e de “muito insatisfeito” e “insatisfeito” aglutinando 41% (Gráfico 8). A realização de promoções semanais, variando produtos, pode contribuir para a ampliação dos níveis de satisfação, mesmo que se configurem, conforme Kotler e Armstrong (2000, p.357), apenas um “[...] incentivo de curto prazo para estimular a compra ou a venda de um produto ou serviço”. Os níveis de satisfação quanto ao item etiquetamento apresentaram-se diluídos (Gráfico 9), mas com inclinação para maior satisfação (61%) que para a insatisfação (44%). Mas, os níveis “muito insatisfeito” (27%) e “insatisfeito” (17%) não podem ser ignorados ou ter seu valor informativo minimizados, pois sinalizam mais um espaço de aperfeiçoamento pretendendo ampliar os níveis de satisfação dos clientes que frequentam a padaria, até porque, conforme registra Bessa (2011, p.39), “[...] é comum o consumidor não levar um produto por não ter etiqueta de preço, pois, durante esses segundos de dúvida, ele, ou perde o impulso, ou pensa que é muito caro, reconsiderando se deve ou não comprar”. A SATISFAÇÃO COM OS AMBIENTES INTERNO E EXTERNO A satisfação com ambientes interno e externo foi o quarto aspecto questionado. Solomon (2011, p.374) destaca que o ambiente exerce influência sobre o comportamento do consumidor. Por isso, a dimensão do ambiente precisa conferir espaço para locomoção e acesso aos produtos que se oferecem aos olhos; a decoração carece sugerir acolhimento e aconchego, reduzindo a pressa e despertando o desejo de lá permanecer; a temperatura necessita ser ajustada, evitando a sensação de desconforto ocasionado pelo frio excessivo ou pelo abafamento do calor. Ainda, segundo Blessa (2011, p.30), “[...] os consumidores avaliam o ponto-de-venda e os produtos quase em conjunto e é muito importante que ele se sinta bem dentro da loja, pois assim será fiel a ela”. Os subitens, em número de dez, que integraram o aspecto satisfação com os ambientes interno e externo, foram reunidos em pequenos conjuntos, conforme a afinidade temática, de maneira a favorecer a apresentação e análise. Assim, os itens relativos à limpeza da lanchonete (Gráfico 14), das vitrines (Gráfico 15) e dos banheiros (Gráfico 16) são analisados concomitantemente; itens que tratam das comodidades do ambiente, como iluminação (Gráfico 17), conforto (Gráfico 18), temperatura (Gráfico 19) e espaço disponível (Gráfico 20) são tratados de maneira blocada; os itens concernentes a pintura, tanto interna (Gráfico 21) quanto externa (Gráfico 22) são examinados simultaneamente; e, finalmente, o item estacionamento (Gráfico 23) é objeto de atenção. No concernente a limpeza todos os três itens foram muito bem avaliados, predominando os níveis de “muito satisfeito” e “satisfeitos”, perfazendo 81% quando sob foco as vitrines (Gráfico 15), 80% quando sob foco o ambiente da loja (Gráfico 24), e 79% quando sob foco os banheiros (Gráfico 16). Gráfico 14 – Satisfação quanto à limpeza da lanchonete 28% 2% 15% 3% 52% Muito insatisfeito Insatisfeito Neutro Satisfeito Muito satisfeito Fonte: Dados de pesquisa, Londrina-PR, 2014. Gráfico 15 – Satisfação quanto à limpeza das vitrines 25% 4%6% 9% 56% Muito insatisfeito Insatisfeito Neutro Satisfeito Muito satisfeito Fonte: Dados de pesquisa, Londrina-PR, 2014. Gráfico 16 – Satisfação quanto à limpeza dos banheiros 30% 6%6% 9% 49% Muito insatisfeito Insatisfeito Neutro Satisfeito Muito satisfeito Fonte: Dados de pesquisa, Londrina-PR, 2014. Apesar dos números favoráveis, os níveis de insatisfação gravitam em torno de 15% nos três itens, demandando maior cuidado com a limpeza e higienização dos banheiros, com a apresentação livre de restos e migalhas da loja, com a adoção de telas protetoras para isolar ambientes e de vitrines para comportar os alimentos. Os itens que informam os níveis de satisfação com as comodidades do ambiente foram, também, muito bem avaliados. O item espaço disponível foi o melhor avaliado, registrando 81%, quando somados os níveis “muito satisfeito” e “satisfeito” (Gráfico 20), seguido do item conforto, que acumulou 80% (Gráfico 18). O terceiro item melhor avaliado foi a iluminação, reunindo 78% das respostas que registraram os níveis “muito satisfeito” e “satisfeito”, o quarto – na última colocação – foi a temperatura, perfazendo, nos níveis de “muito satisfeito” e “satisfeito”, o total de 76%. Gráfico 17 – Satisfação quanto à iluminação 30% 6% 5% 11% 48% Muito insatisfeito Insatisfeito Neutro Satisfeito Muito satisfeito Fonte: Dados de pesquisa, Londrina-PR, 2014. Gráfico 18 – Satisfação quanto ao conforto 3% 3% 14% 36% 44% Muito insatisfeito Insatisfeito Neutro Satisfeito Muito satisfeito Fonte: Dados de pesquisa, Londrina-PR, 2014. Gráfico 19 – Satisfação quanto à temperatura 29% 4% 9% 11% 47% Muito insatisfeito Insatisfeito Neutro Satisfeito Muito satisfeito Fonte: Dados de pesquisa, Londrina-PR, 2014. Gráfico 20 – Satisfação quanto ao espaço disponível 28% 4% 8% 7% 53% Muito insatisfeito Insatisfeito Neutro Satisfeito Muito satisfeito Fonte: Dados de pesquisa, Londrina-PR, 2014. Conforto e espaço disponível, iluminação e temperatura, são aspectos que, quando disponíveis, asseguram maior comodidade aos frequentadores da padaria e convidam-nos a permanecerem por mais tempo, contemplando os produtos e, talvez, ampliando a sua lista de compras. Entretanto, nos níveis “muito insatisfeito” e “insatisfeito” foram constatados percentuais próximos a, mais ou menos, 11%. O compromisso com melhorias e aperfeiçoamentos mais uma vez se impõem, até porque, consoante Blessa (2011, p.30), “[...] num ambiente agradável e com comodidade, todos sentem mais prazer em comprar”, todos sentem mais prazer em permanecer, todos sentem mais prazer em voltar. Os níveis de satisfação relativamente à pintura interna (Gráfico 21) e externa (Gráfico 22) revelaram-se muito bons, perfazendo 75% e 77%, respectivamente. Mas, os níveis de insatisfação foram, também, expressivos, alcançando 11% (pintura interna) e 20% (pintura externa). Gráfico 21 – Satisfação quanto à pintura interna 26% 3% 8% 14% Muito insatisfeito Insatisfeito Neutro Satisfeito Muito satisfeito 49% Fonte: Dados de pesquisa, Londrina-PR, 2014. Gráfico 22 – Satisfação quanto à pintura externa 25% 7% 13% 3% 52% Muito insatisfeito Insatisfeito Neutro Satisfeito Muito satisfeito Fonte: Dados de pesquisa, Londrina-PR, 2014. A pintura da fachada de um estabelecimento comercial é um importante diferencial para “[...] exibir e gravar a marca, [pois] quando bem montada, ela atrai o cliente para dentro da loja. Ela é o primeiro contato do cliente com o estabelecimento comercial, tornando-se responsável por iniciar a venda [...]” (SPC, 2013, s/n), por isso, os níveis de insatisfação, que alcançaram 20%, configura-se valioso indicador: a fachada da padaria pode ser repensada e a sua pintura pode ser providenciada no decorrer dos próximos meses. A insatisfação (47%) sobrepôs a satisfação (35%) no item estacionamento (Gráfico 23), o que era esperado em face de, há dois anos, ter ocorrido a implantação da faixa exclusiva para o transporte público, que ocasionou a proibição de os veículos pararem na rua em frente a padaria. A área privativa do estabelecimento comporta apenas três veículos e, nos momentos de maior movimento, por não poderem estacionar, muitos desistem do pão quente e crocante. Gráfico 23 – Satisfação quanto ao estacionamento 10% 20% 25% 18% 27% Muito insatisfeito Insatisfeito Neutro Satisfeito Muito satisfeito Fonte: Dados de pesquisa, Londrina-PR, 2014. Ampliar as informações acerca da satisfação dos clientes que frequentam a padaria investigada adveio da preocupação em ampliar sua fidelização e, ainda, ampliar o seu quantitativo, pela implementação de ações e intervenções que melhorem os itens informados como não a contento. Dispor de informações pertinentes e significativas é fundamental para poder conceber e implementar ações que fortaleçam os aspectos sinalizados como positivos e superar aqueles informados como problemáticos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Toda e qualquer pesquisa oferece àqueles que a ela se dedicam dados reais e pertinentes acerca do objeto investigado, mas revela outros tantos a exigirem aprofundamentos e desdobramentos, em outras pesquisas, que respondendo a ouras indagações, possibilitem o mais amplo e completo desvendamento da realidade. Ao iniciar esse estudo, minhas inquietações centravam-se nas razões que vêm ocasionando, no decorrer dos últimos tempos, a redução da clientela em uma padaria familiar, localizada em um dos bairros da cidade de Londrina, Estado do Paraná. Suposições foram tecidas, tanto por mim quanto pelos demais companheiros de trabalho – proprietários e funcionários da padaria. Elas precisavam ser desvendadas e, por isso, dediquei-me ao mapeamento e análise do nível de satisfação dos clientes em relação aos serviços e produtos oferecidos. Todavia, mais que obter um retrato da realidade, almejava poder contribuir – em alguma medida – para a superação dos problemas e para o aperfeiçoamento do processo de trabalho. Atender clientes em uma padaria é prazeroso, mas também difícil. Para melhor determinar seus níveis de satisfação, as questões propostas foram relevantes, abarcando: satisfação com o atendimento, satisfação com os produtos, satisfação com as encomendas e satisfação com os ambientes interno e externo. Os dados revelaram que os clientes da padaria estão satisfeitos com o atendimento dos balconistas, dos caixas e por telefone. Ainda, referiram que o tempo de espera no balcão e caixas é satisfatório, bem como, as informações relativas a produtos e preços são adequadas. Entretanto, os níveis de insatisfação quanto ao tempo de espera, mesmo que não preponderante, foi significativo e sugere a implementação de estratégia que agilize o processo de atendimento. Os produtos foram muito bem avaliados quando sob foco a sua qualidade, variedade de opções e exposição. Todavia, a insatisfação se revelou acentuada quando analisados os preços, promoções e etiquetamento. Mais que constatar o problema, é fundamental – em conjunto com os demais profissionais que atuam padaria – pensar alternativas para se valer de promoções como estratégia para reduzir preços, satisfazer os clientes e aumentar as vendas. As comodidades oferecidas pela padaria foram bem avaliadas. Iluminação, conforto, temperatura e espaço disponível foram considerados bons. Na verdade, os esforços da administração têm sido constantes no sentido de melhorar o ambiente, de maneira a torná-lo mais e mais confortável para os clientes, pois reconhece que a sensação de acolhimento e bem estar podem ocasionar um tempo de permanência maior no interior da loja, aumentado as compras e reduzindo, pelo menos um pouco, a impaciência pela espera. A pintura externa e o estacionamento foram pontos considerados como deixando a desejar, pelos participantes. 20% deles registraram que a pintura da fachada precisa ser refeita. Apesar dos custos envolvidos, essa é uma providência que pode ser levada a termo, principalmente se sua concepção envolver o fortalecimento da marca e o encantamento dos clientes – pois se configura o primeiro chamariz ao consumidor. O número reduzido de vagas para estacionamento é um problema que exigirá muito estudo e ponderações para poder ser, pelo menos, minimizado. A determinação do nível de satisfação dos clientes é progressivamente mais relevante em consequência do aumento, também progressivo, da competitividade no mercado. A consequência desse cuidado pode ser a maior fidelização dos clientes face a demonstração de consideração pela valorização de suas preferências e pelo acatamento das suas sugestões e críticas. Ao finalizar o estudo, constato, ainda, não somente a importância de saber o que pensam e sentem os clientes que frequentam a padaria onde trabalho, mas reconheço que centrar as atenções nos clientes é uma nova e inovadora maneira de pensar as possibilidades de realização de negócios e ampliação dos lucros. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Geraldino C. de; SILVA, Roberto P. da. Reflexões sobre o pensamento de marketing voltado para a satisfação dos clientes. Revista Estação, Londrina, ano 3, ed 3, jun 2005.Disponível em: www.raunimep.com.br/ojs/index.php/regen/article/view/271/454. Acesso em: out. 2014. BLESSA, Regina. Merchandising no ponto-de-venda. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2011. FALCÃO; Jorge T. da R.; RÉGNIER, Jean-Claude. Sobre os métodos quantitativos na pesquisa científica em ciências humanas: riscos e benefícios para o pesquisador. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 81, n. 198, p. 229-243, maio/ago. 2000. 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