o que são orixás?

Transcrição

o que são orixás?
O QUE
SÃO
ORIXÁS?
YEMONJÁ
Dia: Sábado
Cor: Branco, Prateado, Azul
e Rosa
Símbolo: Abebé prateado.
Elementos: Águas doces que
correm para o mar, Águas do
mar
Domínios: Maternidade
(educação), Saúde mental e
Psicológica
Saudação: Erù-Iyá, Odó-Iyá
YEMONJÁ
É a rainha de todas as águas do mundo, seja dos rios, seja do mar. Yemonjá é a mãe
de todos os filhos, mãe de todo mundo. É ela quem sustenta a humanidade e, por isso,
os órgãos que a relacionam com a maternidade, ou seja, a sua vulva e seus seios
chorosos, são sagrados.
Yemonjá é o espelho do mundo, que reflete todas as diferenças, pois a mãe é sempre
um espelho para o filho, um exemplo de conduta. Ela é a mãe que orienta, que mostra
os caminhos, que educa, e sabe, sobre tudo, explorar as potencialidades que estão
dentro de cada um.
Dissimulada, e aridlosa, Yemonjá faz uso da chantagem afetiva para manter os filhos
sempre perto de si. É considerada a mãe da maioría dos Orixás de origem Iorubá. É o
tipo de mãe que quer os filhos sempre por perto, que tem uma palavra de carinho, um
conselho, um alívio psicológico. Quando os perde é capaz de se desequilibrar
completamente.
Yemonjá é a mãe que não faz distinção dos seus filhos, sejam como forem, tenham ou
não saído do seu ventre. Quando humildemente criou, com todo amor e carinho, aquele
menino cheio de chagas, fez irromper um grande guerreiro. Yemonjá criou Omulu, o
filho e senhor, o rei da terra, o próprio Sol.
OXÓSSI
DIA: Quinta-feira
COR: Azul-Turquesa
SÍMBOLOS: Ofá (arco),
Damatá (flecha), Erukeré
ELEMNTO: Terra (florestas e
campos cultiváveis)
DOMÍNIOS: Caça,
Agricultura, Alimentação e
Fartura
SAUDAÇÃO: Òké Aro!!!
Arolé!
OXÓSSI
Oxóssi (Òsóòsi) é o deus caçador, senhor da floresta e de todos os seres que nela
habitam, orixá da fartura e da riqueza. A Oxóssi são conferidos os títulos de Alakétu,
Rei, Senhor de Kêtu, e Oníìlé, o dono da Terra. É chamado de Olúaiyé ou Oni Aráaiyé,
senhor da humanidade, que garante a fartura para os seus descendentes.
Oxóssi é o orixá da fartura e da alimentação, aquele que aprende a dominar os perigos
da mata e vai em busca da caça para alimentar a tribo.Astúcia, inteligência e cautela
são os atributos de Oxóssi, pois, como revela a sua história, esse caçador possui uma
única flecha, por tanto, não pode errar a presa, e jamais erra. Oxóssi é o melhor naquilo
que faz, está permanentemente em busca da perfeição.
A Oxóssi não importa o quanto se viva, desde que se viva intensamente. O frio de Ikú (a
morte) não passa perto de Oxóssi, pois ele não acredita na morte.
OGUM
DIA: Terça-Feira
CORES: Verde ou Azulescuro, Vermelho (algumas
qualidades)
SÍMBOLOS: Bigorna, Faca,
Pá, Enxada e outras
ferramentas
ELEMENTOS: Terra
(florestas e estradas) e Fogo
DOMÍNIOS: Guerra,
Progresso, Conquista e
Metalurgia
SAUDAÇÃO: Ògún ieé!!
OGUM
Ogum (Ògún) é o temível guerreiro, violento e implacável, deus do ferro, da metalurgia
e da tecnologia; protetor do ferreiros, metalúrgicos e de todos os profissionais que de
alguma forma lidam com o ferro ou metais afins.
Ogum é um orixá importantíssimo na África e no Brasil. A sua origem, de acordo com a
história, data de eras remotas. Ogum é o último imolé.
Os Igba Imolé eram os duzentos deuses da direita que foram destruídos por Olodumaré
após terem agido mal.
Foi Ogum quem ensinou aos homens como forjar o ferro e o aço. Ele tem um molho de
sete instrumentos de ferro: alavanca, machado, pá, enxada, picareta, espada e faca,
com as quais ajuda o homem a vencer a natureza.
Matou muita gente, mas matou a fome de muita gente, por isso antes de ser temido
Ogum é amado.
EXÚ
DIA: Segunda-feira.
CORES: Preto (ou seja, a
fusão das cores primárias) e
vermelho.
SÍMBOLOS: Ogó de forma
fálica, falo erecto.
ELEMENTOS: Terra e fogo.
DOMÍNIOS Sexo, magia,
união, poder e
transformação.
SAUDAÇÃO Laroié!
EXÚ
Exu (Èsù) é a figura mais controversa do panteão africano, o mais humano dos orixás, senhor do princípio e da
transformação. Deus da terra e do universo; na verdade, Exu é a ordem, aquele que se multiplica e se transforma na
unidade elementar da existência humana. Exu é o ego de cada ser, o grande companheiro do homem no seu dia-a-dia.
Muitas são as confusões e equívocos relacionados com Exu, o pior deles associa-o à figura do diabo cristão; pintam-no
como um deus voltado para a maldade, para a perversidade, que se ocuparia em semear a discórdia entre os seres
humanos. Na realidade, Exu contém em si todas as contradições e conflitos inerentes ao ser humano. Exu não é
totalmente bom nem totalmente mau, assim como o homem: um ser capaz de amar e odiar, unir e separar, promover a
paz e a guerra.
O maniqueísmo, próprio das grandes religiões monoteístas, não se aplica ao Candomblé, muito menos a Exu. A cultura
africana desconhece oposições, em especial a oposição entre bem e mal; sabe-se aqui que o bem de um pode
perfeitamente ser o mal de outro, portanto, cada um deve dar o melhor de si para obter tudo de bom na sua vida, sempre
cultuando, agradando e agradecendo a Exu, para que ele seja, no seu quotidiano, a manifestação do amor, da sorte, da
riqueza e da prosperidade.
Exu é o orixá que entende como ninguém o princípio da reciprocidade, e, se agradado como se deve, saberá retribuir;
quando agradecido pela sua retribuição, torna-se amigo e fiel escudeiro. No entanto, quando esquecido é o pior dos
inimigos e volta-se contra o negligente, tirando-lhe a sorte, fechando-lhe os caminhos e trazendo catástrofes e
dissabores.
Exu é a figura mais importante da cultura iorubá. Sem ele o mundo não faria sentido, pois só através de Exu é que se
chega aos demais orixás e ao Deus Supremo Olodumaré. Exu fala toda as línguas e permite a comunicação entre o orum
e o aiê, entre os orixás e os homens.
Exu é o dono do mercado, o seu guardião, por isso todo o comerciante e aqueles que lidam com venda devem agradar a
Exu. As vendedoras de acarajé, por exemplo, oferecem sempre o primeiro bolinho a Exu, atirando-o à rua, não só para
vender bem, mas também par afastar as perturbações, evitar assaltos etc., ou seja, para que Exu seja de facto um
guardião e proteja o seu negócio.
É importante ressaltar que Exu não tem amigos nem inimigos. Exu protege sempre aqueles que o agradam e sabem
retribuir os seus favores.
Exu foi a primeira forma dotada de existência individual. Não se sabe ao certo a sua região de origem em África, pois em
todos os reinos se presta culto a Exu. Sabe-se, no entanto, que chegou a ser rei de Kêtu. Exu renasceu várias vezes e a
sua história revela que é filho de Orunmilá ou de Oxum, dependendo do momento em que renasce.
OXALÁ
Dia: Sexta-feira
Cor: Branco leitoso.
Simbolo: Opáxoró
Elementos: Atmosfera e Céu
Domínios: Poder procriador
masculino, Criação, Vida e
Morte
Saudação: Epa Bàbá
OXALÁ
OXALÁ é o detentor do poder procriador masculino. Todas as suas representações incluem o branco. É um
elemento fundamental dos primórdios, massa de ar e massa de água, a protoforma e a formação de todo o tipo
de criaturas no AIYE e no ORUN. Ao incorporar-se, assume duas formas: OXAGUIÃ jovem guerreiro, e
OXALUFÃ, velho apoiado num bastão de prata (APAXORÓ). OXALÁ é alheio a toda a violência, disputas, brigas,
gosta de ordem, da limpeza, da pureza. A sua cor é o branco e o seu dia é a sexta-feira. Os seus filhos devem
vestir branco neste dia. Pertencem a OXALÁ os metais e outras substâncias brancas.
Em África, todos os Orixás relacionados com a criação são designados pelo nome genérico de Orixá Fun Fun. O
mais importante entre todos eles chama-se Orixalá (Òrìsanlà), ou seja, o grande Orixá, que nas terras de Igbó e
Ifé é cultuado como Obatalá, rei do pano branco. Eram cerca de 154 Orixás Fun Fun, mas no Brasil e na Europa
a quantidade reduz-se significativamente, sendo que dois, Orixá Olùfón, rei de Ifón (Oxalufã) e Orixá Ógìyán, o
comedor de inhame e rei de Egigbó (Oxaguiã), se tornaram as suas expressões mais conhecidas.
A designação de Orixá Fun Fun deve-se ao facto de a cor branca se configurar como a cor da criação, guardando
a essência de todas as demais. O branco representa todas as possibilidades, a base de qualquer criação. O
nome Orisanlá foi contraído e deu origem à palavra Oxalá, e com esse nome o grande Deus-pai passou a ser
conhecido no Brasil e na Europa. Todos os Orixás Fun Fun foram reunidos em Oxalá e divididos em várias
qualidades das suas duas configurações principais: Òsálufón, Osagiyan, sendo este último, jovem e guerreiro,
filho do primeiro mais velho e paciente.
Todas as histórias que relatam a criação do mundo passam necessariamente por Oxalá, que foi o primeiro Orixá
concebido por Olodumaré e encarregado de criar não só o universo, como todos os seres, todas as coisas que
existiriam no mundo.
A maior interdição de Oxalá é de facto o azeite-de-dendê, que jamais deve macular as suas roupas, os seus
objectos sagrados e muito menos o seu Alá. A única coisa vermelha que Oxalá permite, é a pena de Ikodidè,
prova de sua submissão ao poder genitor feminino.
O Alá representa a própria criação, está intimamente relacionado com a concepção de cada ser; é a síntese do
poder criador masculino. A sua função primeira já remete ao seu significado profundo. A acção de cobrir não
evoca somente protecção, zelo, denota a actividade masculina no acto sexual.
No Xirê, Oxalá é homenageado por último porque é o grande símbolo da síntese de todas as origens. Ele
representa a totalidade, o único Orixá que, como Exú, reside em todos os seres humanos. Todos são seus filhos,
todos são irmãos, já que a humanidade vive sob o mesmo teto, o grande Alá que nos cobre e protege, o céu.
OXUMARÉ
DIA: Terça-feira
CORES: Amarelo e verde (ou
preto) e todas as cores do
arco-íris
SÍMBOLOS: Ebiri, serpente,
círculo, bradjá.
ELEMENTOS: Céu e terra
DOMÍNIOS: Riqueza, vida
longa, ciclos, movimentos
constantes.
SAUDAÇÃO: A Run Boboi!!!
OXUMARÉ
Oxumaré (Òsùmàrè) é o orixá de todos os movimentos, de todos os ciclos. Se um dia Oxumaré
perder suas forças o mundo acabará, porque o universo é dinâmico e a Terra também se encontra
em constante movimento. Imaginem só o planeta Terra sem os movimentos de translação e
rotação; imaginem uma estação do ano permanente, uma noite permanente, um dia permanente.
É preciso que a Terra não deixe de se movimentar, que após o dia venha a noite, que as estações
do não se alterem, que o vapor das águas suba aos céus e caia novamente sobre a Terra em
forma de chuva. Oxumaré não pode ser esquecido, pois o fim dos ciclos é o fim do mundo.
Oxumaré mora no céu e vem à Terra visitar-nos através do arco-íris. Ele é uma grande cobra que
envolve a Terra e o céu e assegura a unidade e a renovação do universo. Filho de Nanã Buruku,
Oxumaré é originário de Mahi, no antigo Daomé, onde é conhecido como Dan. Na região de Ifé é
chamado de Ajé Sàlugá, aquele que proporciona a riqueza aos homens. Teria sido um dos
companheiros de Odudua por ocasião de sua chegada a Ifé.
Dizem que Oxumaré seria homem e mulher, mas, na verdade, este é mais um ciclo que ele
representa: o ciclo da vida, pois da junção entre masculino e feminino é que a vida se perpetua.
Oxumaré é um Orixá masculino.
Oxumaré é um deus ambíguo, duplo, que pertence à água e à terra, que é macho e fêmea. Ele
exprime a união de opostos, que se atraem e proporcionam a manutenção do universo e da vida.
Sintetiza a duplicidade de todo o ser: mortal (no corpo) e imortal (no espírito). Oxumaré mostra a
necessidade do movimento da transformação.
Omulú é o irmão mais velho de Oxumaré, mas foi abandonado por sua mãe por ter nascido com o
corpo coberto de chagas. Em tempo, não se pode condenar Nanã por esse ato, já que era um
costume, quase uma obrigação ritual da época, que se abandonassem as crianças nascidas com
alguma deformidade. O deus do destino disse a Nanã que ela teria outro filho, belíssimo, tão bonito
quanto o arco-íris, mas que jamais ficaria junto dela. Ele viveria no alto, percorreria o mundo sem
parar. Nasceu Oxumaré.
OMOLÚ
DIA: Segunda-feira
CORES: Preto, branco e
vermelho.
SÍMBOLOS: Xaxará ou Íleo,
lança de madeira, lagidibá.
ELEMENTOS: Terra e fogo
do interior da Terra.
DOMÍNIOS: Doenças
epidémicas, cura de
doenças, saúde, vida e
morte.
SAUDAÇÃO: Atotoó!!!
OMOLÚ
Omolú é a Terra! Essa afirmação resume perfeitamente o perfil deste orixá, o mais
temido entre todos os deuses africanos, o mais terrível orixá da varíola e de todas as
doenças contagiosas, o poderoso “Rei Dono da Terra”.
È preciso esclarecer, no em tanto, que Omolú está ligado ao interior da terra (ninù ilé) e
isso denota uma íntima relação com o fogo, já que esse elemento, como comprovam os
vulcões em erupção, domina as camadas mais profundas do planeta.
Toda a reflexão em torno de Omolú ocorreu colocando-o como um orixá ligado à terra, o
que é correto, mas não deixa de ser um erro desconsiderar a sua relação com o fogo do
interior da terra, com as lavas vulcânicas, como os gases etc. o que pode ser mais
devastador que o fogo? Só as epidemias, as febres, as convulsões lançadas por
Omolú!
Orixá cercado de mistérios, Omolú é um deus de origem incerta, pois em muitas regiões
da África eram cultuados deuses com características e domínios muito próximos aos
seus. Omolú seria rei dos Tapas, originário da região de Empé. Em território Mahi, no
antigo Daomé, chegou aterrorizando, mas o povo do local consultou um babalaô que
lhes ensinou como acalmar o terrível orixá. Fizeram então oferendas de pipocas, que o
acalmaram e o contentaram. Omolú construiu um palácio em território Mahi, onde
passou a residir e a reinar como soberano, porém não deixou de ser saudado como Rei
de Nupê em pais Empê (Kábíyèsí Olútápà Lempé).
As pipocas, ou melhor, deburu, são as oferendas prediletas do orixá Omolú; um deus
poderoso, guerreiro, caçador, destruidor e implacável, mas que se torna tranquilo
quando recebe sua oferenda preferida.
Em África são muitos os nomes de Omolú, que variam conforme a região.
Entre os Tapas era conhecido Xapanã (Sànpònná); entre os Fon era chamado de Sapata-Ainon,que significa
„Dono da Terra‟; já os Iorubás o chamam Obaluaiê e Omolú.
Omolú nasceu com o corpo coberto de chagas e foi abandonado pela sua mãe, Nanã Buruku, na beira da praia.
Nesse contratempo, um caranguejo provocou graves ferimentos na sua pele. Iemanjá encontrou aquela criança e
criou-a com todo amor e carinho; com folhas de bananeira curou as suas feridas e pústulas e transformou-a num
grande guerreiro e hábil caçador, que se cobria com palha-da-costa (ikó) não porque escondia as marcas de sua
doença, como muitos pensam, mas porque se tornou um ser de brilho tão intenso quanto o próprio sol. Por essa
passagem, o caranguejo e a banana-prata tornaram-se os maiores ewò de Obaluaiê.
O capuz de palha-da-costa-aze (aze) cobre o rosto de Obaluaiê para que os seres humanos não o olhem de
frente (já que olhar diretamente para o próprio sol pode prejudicar a visão). A história de Omolú explica a origem
dessa roupa enigmática, que possui um significado profundo relacionado à vida e à morte.
O aze guarda mistérios terríveis para simples mortais, revela a existência de algo que deve ficar em segredo,
revela a existência de interditos que inspiram cuidado medo, algo que só os iniciados no mistério podem saber.
Desvendar o aze, a temível máscara de Omolú, seria o mesmo que desvendar os mistérios da morte, pois Omolú
venceu a morte. Debaixo da palha-da-costa, Obaluaiê guarda os segredos da morte e do renascimento, que só
podem ser compartilhados entre o iniciados.
A relação de Omolú com a morte dá-se pelo fato de ele ser a terra, que proporciona os mecanismos
indispensáveis para a manutenção da vida. O homem nasce, cresce, desenvolve-se, torna-se forte diante do
mundo, mas continua frágil diante de Omolú, que pode devorá-lo a qualquer momento, pois Omolú é a terra, que
vai consumir o corpo do homem por ocasião da sua morte.
Obaluaiê andou por todos os cantos de África, muito antes, inclusive, de surgirem algumas civilizações. Do ponto
de vista histórico, Omolú é a idade anterior à Idade dos Metais, peregrinou por todos os lugares do mundo,
conheceu todas as dores do mundo, superou todas. Por isso Omolú se tornou médico, o médico dos pobres,
pois, muito antes da ciência, salvava a vida dos necessitados; durante a escravidão, só não pôde superar a
crueldade dos senhores, mas de doenças livrou muitos negros e até hoje muitos pobres só podem recorrer a
Omolú que nunca lhes falta.
NANÃ
Dia: Terça-feira
Cores: Anil, Branco e Roxo
Símbolo: Bastão de hastes
de palmeira (Ibiri)
Elemento: Terra, Água, Lodo
Domínios: Vida e Morte,
Saúde e Maternidade
Saudação: Salubá!
NANÃ
Nanã, a deusa dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do
mundo, pois quando Odudua separou a água parada, que já existia, e liberou do “saco
da criação” a terra, no ponto de contacto desses dois elementos formou-se a lama dos
pântanos, local onde se encontram os maiores fundamentos de Nana.
Senhora de muitos búzios, Nanã sintetiza em si morte, fecundidade e riqueza. O seu
nome designa pessoas idosas e respeitáveis e, para os povos Jeje, da região do antigo
Daomé, significa “mãe”. Nessa região, onde hoje se encontra a República do Benin,
Nanã é muitas vezes considerada a divindade suprema e talvez por essa razão seja
frequentemente descrita como um orixá masculino.
Sendo a mais antiga das divindades das águas, ela representa a memória ancestral do
nosso povo: é a mãe antiga (Iyá Agbà) por excelência. É mãe dos orixás Iroko, Obaluaiê
e Oxumaré, mas por ser a deusa mais velha do candomblé é respeitada como mãe por
todos os outros orixás.
A vida está cercada de mistérios que ao longo da História atormentam o ser humano.
Porém, quando ainda na Pré-História, o homem se viu diante do mistério da morte, em
seu âmago irrompeu um sentimento ambíguo. Os mitos aliviavam essa dor e a razão
apontava para aquilo que era certo no seu destino.
A morte faz surgir no homem os primeiros sentimentos religiosos, e nesse momento
Nanã faz-se compreender, pois nos primórdios da História os mortos eram enterrados
em posição fetal, remetendo a uma ideia de nascimento ou renascimento. O homem
primitivo entendeu que a morte e a vida caminham juntas, entendeu os mistérios de
Nana.
Nanã é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte.
Ela é a origem e o poder. Entender Nanã é entender o destino, a vida e a trajectória do
homem sobre a terra, pois Nanã é a História. Nanã é água parada, água da vida e da
morte.
Nanã é o começo porque Nanã é o barro e o barro é a vida. Nanã é a dona do axé por
ser o orixá que dá a vida e a sobrevivência, a senhora dos ibás que permite o
nascimento dos deuses e dos homens.
Nanã pode ser a lembrança angustiante da morte na vida do ser humano, mas apenas
para aqueles que encaram esse final como algo negativo, como um fardo
extremamente pesado que todo o ser carrega desde o seu nascimento. Na verdade,
apenas as pessoas que têm o coração repleto de maldade e dedicam a vida a
prejudicar o próximo se preocupam com isso. Aqueles que praticam boas acções vivem
preocupados com o seu próprio bem, com a sua elevação espiritual e desejam ao
próximo o mesmo que para si, só esperam da vida dias cada vez melhores e têm a
morte como algo natural e inevitável. A sua certeza é a imortalidade da sua essência.
Nanã, a mãe maior, é a luz que nos guia, o nosso quotidiano. Conhecer a própria vida e
o próprio destino é conhecer Nanã, pois os fundamentos dos orixás e do Candomblé
estão ligados à vida. A nossa vida é o nosso orixá.
É na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram os
mistérios de Nanã. Respeitada e temida, Nanã, deusa das chuvas, da lama, da terra,
juíza que castiga os homens faltosos, é a morte na essência da vida.

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