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IntroduÇÃO
INTRODUÇÃO
O bullying acontece quando uma criança ou adolescente
intencionalmente diz ou faz algo para prejudicar um(a)
colega que, por sua vez, tem dificuldade para se
defender. É um padrão de comportamento agressivo
que ocorre entre pares e envolve ações indesejadas,
negativas e repetidas ao longo do tempo. O bullying
implica um desequilíbrio de poder ou força. 1
Na América Latina, cada vez mais estudos sobre o
bullying mostram que se trata de um problema crítico
e sério em níveis individual, escolar e social. Uma
pesquisa recente mediu a prevalência do bullying nessa
região, em comparação ao resto do mundo, e concluiu
que a América Latina apresenta os níveis mais
elevados de bullying escolar. 2
No mundo todo e na América Latina, as pesquisas
mostram que estudantes que sofrem assédio escolar
– inclusive os que apenas o testemunham – têm
resultados piores em exames padronizados de
conhecimento do que seus colegas que não são alvo de
agressões. O estudo da América Latina, com estudantes
do ensino fundamental que foram agredidos física
ou verbalmente, revelou que eles têm desempenho
significativamente inferior em leitura e matemática do
que os colegas que não sofreram maus-tratos. 3
Um estudo realizado pela
Plan International e pelo
UNICEF4 reuniu as principais
conclusões de várias
pesquisas desenvolvidas na
América Latina pelas duas
organizações.
1 Olweus Bullying Prevention
Program – http://olweus.org/
public/bullying.page
2 Roman y Murillo, América
Latina: violencia entre
estudiantes y desempeño
escolar. Revista CEPAL 104,
agosto de 2011.
3 Ibid, p. 51.
4 Violencia escolar en América
Latina: Superficie y fondo, Plan
International y UNICEF, 2011.
Entre as conclusões se destacam:
• A violência entre estudantes
parece estar aumentando na região.
• Estima-se que
entre 50% e 70% dos
estudantes da região
foram testemunhas ou
alvos de bullying.
• O bullying ocorre
nas escolas públicas
e particulares, mas as
formas mais sofisticadas
de maus-tratos, humilhação
e exclusão predominam
nas escolas particulares.
• Percepções sobre deficiência, enfermidade, orientação
sexual, raça e origem étnica estão entre os motivos mais
comuns para que meninos e meninas sejam excluídos
do grupo.
• A grande maioria
das escolas não tem
regras de conduta
ou procedimentos
adequados para enfrentar
o bullying. Os professores
não estão preparados
para lidar adequadamente
ou prevenir o problema.
• Legislações federais
sobre a violência
nas escolas em geral
e sobre o bullying
em particular são
inexistentes ou
insuficientes.
Os estudos e a experiência na região demonstram
que ainda são necessárias ferramentas de fácil
acesso e uso, que sejam úteis para os diversos
integrantes da comunidade escolar na abordagem e
na prevenção ao bullying.
Nesse contexto, o Cartoon Network lidera a campanha
CHEGA DE BULLYING, NÃO FIQUE CALADO, a primeira
iniciativa desse tipo coordenada em nível internacional.
Além do Cartoon Network, os parceiros são Plan
Internacional, Visão Mundial, as Secretarias de Educação
do Distrito Federal do México e do Estado de São Paulo,
Brasil, e a Organização dos Estados Iberoamericanos
para a Educação, Ciência e Cultura (OEI).
A campanha é inspirada na bem-sucedida iniciativa do
Cartoon Network nos Estados Unidos, Stop Bullying,
Speak Up, que enfatiza a importância das testemunhas
e dos adultos no combate e prevenção ao bullying.
Os resultados de uma extensa pesquisa qualitativa
realizada pelo Cartoon Network América Latina no
Brasil, Argentina e México em abril de 2011 também
formaram a base da campanha.
Preocupados com a realidade que afeta um número cada
vez maior de estudantes na América Latina, os parceiros
da campanha CHEGA DE BULLYING desenvolveram
estas apostilas para crianças, adolescentes, docentes,
autoridades escolares, pais e mães. Dedicado à
prevenção e à abordagem efetiva do bullying, o material
tem como objetivo oferecer ferramentas de apoio aos
diversos públicos que devem agir diante desse problema.
Onde quer que ocorra e seja qual for a forma em
que se manifeste, o bullying é inaceitável. Com
a campanha CHEGA DE BULLYING, NÃO FIQUE
CALADO e estas apostilas, procuramos pôr o
bullying em debate ao mesmo tempo em que
proporcionamos à comunidade escolar recursos que
sensibilizam por meio da educação, do diálogo e da
tolerância. Além disso, propomos soluções viáveis
para reduzir e combater o bullying, permitindo
assim que crianças e adolescentes possam usufruir
de seu direito de viver sem violência e aprender em
escolas seguras e protetoras.
Para mais informações e para aderir à campanha,
acesse nosso site: chegadebullying.com.br
A LINGUAGEM QUE USAMOS
Sabemos que, às vezes, nossa linguagem e nossa
forma de dizer as coisas discriminam, tornando as
meninas, adolescentes e mulheres “invisíveis”. Portanto,
em muitos casos, usamos “meninos e meninas” em
vez de apenas “crianças”, e “mães e pais” no lugar
de “pais”. No entanto, preferimos não recorrer a
formulações como “assediado(a)” ou “professor(a)”
de forma frequente, porque, apesar de serem mais
inclusivas, tornam a leitura mais difícil, especialmente
para as crianças.
CRÉDITOS
As apostilas para a prevenção ao bullying nascem
da campanha CHEGA DE BULLYING, NÃO FIQUE
CALADO, liderada pelo Cartoon Network e seus
parceiros Plan Internacional, Visão Mundial, as
Secretarias de Educação do Distrito Federal
do México e do Estado de São Paulo, Brasil, e a
Organização dos Estados Iberoamericanos para a
Educação, Ciência e Cultura (OEI).
Coordenação editorial e de conteúdo: Plan Internacional –
Mónica Darer, Marti Ostrander.
Comitê de coordenação: Cartoon Network América
Latina – Larissa Pissarra; Rain Barrel Communications –
Robert Cohen, Paul Hoeffel; Plan Internacional.
Desenvolvimento de conteúdo: Nicolás Chausovsky e
Associação Chicos.net – Andrea Urbas, Nuria Alonso,
Natalia Szlachevsky, Mariela Reiman, Marcela Czarny.
Revisão técnica: Secretaria de Educação do Estado de
São Paulo, Brasil; Cléo Fante; Visão Mundial e Secretaria
de Educação do Distrito Federal do México.
Esta publicação pode ser encontrada em diversos sites.
Sua reprodução e distribuição são permitidas, desde que
respeitada a integridade de seu conteúdo e desenho.
Para fazer o download, acesse:
chegadebullying.com.br (versão em português)
bastadebullying.com (versão em espanhol)
www.bibliotecaplan.org
www.visionmundial.org/antibullying
Para mais informações:
Cartoon Network América Latina - [email protected]
Plan Internacional - [email protected]
chegadebullying.com.br
Coordenação de conteúdo: Plan Internacional e Cartoon Network
APOSTILA 1
Estudantes
do ensino
fundamental I
INFORMAÇÕES E ATIVIDADES
DO QUE SE
TRATA O CHEGA
DE BULLYING ?
Nesta apostila, descrevemos situações que acontecem
com meninos e meninas como você e seus amigos
e amigas. Certamente, a maioria das coisas é legal e
divertida, mas, às vezes, pode haver situações com
colegas que não são agradáveis. E mais, que podem ser
muito tristes e prejudiciais.
Por isso, aqui propomos
pensar juntos sobre um
problema grave, para o qual
temos que dizer CHEGA.
Esse problema é o bullying.
Talvez você não conheça
essa palavra, mas temos
certeza de que poderá
reconhecer rapidamente
do que se trata depois
de ler esta apostila.
Você e seus colegas poderão completar atividades
e participar de jogos que ajudarão a entender bem
o que significa incomodar, perseguir, ameaçar ou
discriminar alguém, e como se sentem as pessoas
que participam dessas situações.
2
ESTUDANTES
O programa CHEGA DE BULLYING quer ajudá-lo a pensar
sobre o assunto. Conhecer o tema permitirá encontrar
novas soluções para um problema que afeta milhões de
meninos e meninas. Os adultos próximos a você também
devem participar da prevenção e ajudar para que o
bullying não ocorra.
Se você não sabe, é muito
importante considerar que
todos os meninos e meninas
têm direito de ser quem
são. Esses direitos estão
escritos na Convenção sobre
os Direitos da Criança, um
tratado internacional do qual
fazem parte todos os países e
governos da América Latina.
Esse documento diz
que todos os meninos
e meninas devem
ser protegidos e não
discriminados, nem
sequer por outros
meninos e meninas.
Por isso, o convidamos a conhecer um pouco
mais sobre algumas situações que podem
afetar você ou seus colegas. É importante estar
informado para poder participar e dar sua
opinião sobre tudo o que diz respeito a você e
aos que o rodeiam.
JUNTE-SE A NÓS!
ENSINO FUNDAMENTAL I
3
O QUE É O
BULLYING?
Vo cÊ jÁ ouviu essa palavra alguma vez?
Bullying é um termo em
inglês que significa intimidar
alguém. Em outras palavras,
perseguir, incomodar ou
prejudicar outra pessoa,
causando dano e medo
de maneira frequente.
O bullying pode acontecer
entre meninos e meninas na
escola, no clube, no bairro
ou em outros lugares onde
eles se encontram com
frequência.
Por que acontece? Por que os meninos
e as meninas fazem bullying? Por
que hÁ meninos e meninas que sÃo
vÍtimas de bullying?
São todas perguntas muito difíceis de responder.
Porém, se entendermos melhor do que se trata o
bullying, podemos evitar que continue acontecendo.
O certo é que todas as crianças que participam do
bullying, de uma maneira ou de outra, não se sentem
bem consigo mesmas, nem com seus colegas.
4
ESTUDANTES
Bullying é quando um menino, uma menina
ou um grupo de crianças maltratam outra
pessoa com a intenção de prejudicar e fazer
com que se sinta mal, de forma repetida ao
longo do tempo.
Maltratar significa “tratar
mal a outra pessoa”.
Pode-se maltratar alguém
de várias maneiras.
Por exemplo, bater ou
empurrar é maltratar
fisicamente. Existem
também outras maneiras
muito agressivas de
maltratar, mesmo que não
usem o corpo.
Com as palavras ou com
os gestos se pode insultar,
zombar, não deixar um
colega brincar ou jogar,
excluir do grupo, deixar
alguém sempre “de lado”,
etc. Também se causa
dano quando falamos mal
de alguém pelas costas,
para que os demais não
sejam seus amigos ou
amigas, por exemplo.
Maltratar sempre a mesma pessoa, com
intenção de fazê-la sentir-se mal, não é o
mesmo que brigar com alguém uma vez
ou discutir em um jogo.
ESCUELA PRIMARIA
ENSINO FUNDAMENTAL I
5
NO bullying sempre:
A LINGUAGEM QUE USAMOS
• quem agride tem
intenção de magoar ou
ameaçar um colega.
• o maltrato ocorre
frequentemente e sem
motivos claros.
• o agressor pode sentir
que tem mais poder,
força ou inteligência que
a pessoa perseguida.
NÃo se trata de bullying quando:
• há uma briga com um
amigo ou amiga, uma
discussão ou até mesmo
um insulto entre colegas
por não estarem de
acordo com algo. Ainda
que não seja uma boa
maneira de resolver um
problema, não é bullying.
• alguma vez não
permitem que participe
de um jogo ou
brincadeira, ou zoem
de você. Ainda que
isso, sem dúvida, faça
você se sentir mal e não
seja uma boa atitude,
não se trata de bullying.
O bullying é um problema que afeta milhões
de meninos e meninas, sem importar de onde
eles vêm, nem onde vivem, ou quem são
seus pais e suas mães. É um problema grave,
principalmente nas escolas e, cada vez mais,
na Internet e nas redes sociais.
6
ESTUDANTES
Nesta apostila, aplicamos a palavra “vítima”
para descrever um(a) estudante que está
sendo intimidado(a). Porém, não a usamos
como uma condição em si, mas como um
comportamento temporal. Essa palavra é de
uso comum nas conversas cotidianas, nos
meios de comunicação e, inclusive, para a lei.
No entanto, ela não nos convence, já que
frequentemente dá a ideia de passividade ou
debilidade. Não é assim que vemos os meninos e
meninas que são intimidados. Pelo contrário, são
jovens ativos que defendem seus direitos e os dos
demais, e que têm toda possibilidade de mudança.
Da mesma maneira, usamos o termo “agressora(a)”
para nos referir a um comportamento e não a uma
condição permanente.
Sabemos que, às vezes, nossa linguagem e nossa
forma de dizer as coisas discriminam, tornando
as meninas, adolescentes e mulheres “invisíveis”.
Portanto, em muitos casos, usamos “meninos e
meninas” em vez de apenas “crianças”, e “mães
e pais” no lugar de “pais”. No entanto, preferimos
não recorrer a formulações como “assediado(a)” ou
“professor(a)” de forma frequente, porque, apesar
de serem mais inclusivas, tornam a leitura mais difícil,
especialmente para as crianças.
ESCUELA PRIMARIA
ENSINO FUNDAMENTAL I
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Atividade 1: PROBLEMAS NO PÁTIO
Descubra no pátio de sua escola três
situações que possivelmente sejam bullying.
POSSO BRINCAR?
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ESTUDANTES
NO0!!!
NÃOOO!!!
ESCUELA PRIMARIA
ENSINO FUNDAMENTAL I
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Atividade 1: PROBLEMAS NO PÁTIO
Agora compartilhe com seus colegas as situações que
encontraram. Descreva as três situações que você viu.
SITUAÇÃO 1:
Quando é bullying?
Marque as respostas corretas com um X.
a) Para que se trate de bullying, essas situações deveriam
acontecer:
( ) uma vez
( ) duas vezes
( ) muitas vezes
b) Para que seja bullying, o menino, a menina ou o grupo
que agride:
SITUAÇÃO 2:
( ) tem intenção de magoar
( ) faz sem perceber
( ) faz por brincadeira
c) Trata-se de bullying quando o menino ou a menina
que é magoado(a) ou perseguido(a):
SITUAÇÃO 3:
( ) não se sente afetado(a) ou ofendido(a) pela perseguição
( ) sente-se mal, discriminado(a) ou humilhado(a)
( ) ignora o que acontece
Respostas: a) muitas vezes; b) tem intenção de magoar;
c) sente-se mal, discriminado(a) ou humilhado(a).
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ESTUDANTES
ESCUELA PRIMARIA
ENSINO FUNDAMENTAL I
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Atividade 2: ATENÇÃO AO SEMÁFORO
AS CORES DO SEMÁFORO NOS DIZEM
ALGO. O VERMELHO É PERIGO; O AMARELO,
ATENÇÃO; O VERDE, PERMISSÃO. VAMOS
USAR ESSE CÓDIGO PARA O BULLYING.
COR
SITUAÇÃO
• Ajudar um colega ou uma colega
quando perde algo.
• Dar atenção a um colega somente
quando jogam futebol, porque ele é
um bom jogador.
• Pôr apelidos e rir de um colega
todos os dias.
Indique uma cor do semáforo
para cada frase do quadro.
• Convidar um colega para
brincar, mesmo que não seja
meu amigo ou amiga.
• Inventar mentiras sobre outra
pessoa e divulgá-las na Internet.
PERIGO!
Se trata de bullying.
• Escutar e ter consideração pelo
que os outros dizem.
ATENÇÃO!
Ainda que não seja
bullying, isso pode magoar
alguém.
• Não ajudar um colega com a
tarefa, porque não tem tempo hoje.
CORRETO.
Agir dessa maneira
ajuda na boa convivência
com os outros.
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ESTUDANTES
• Participar da perseguição quando
agridem um colega ou uma colega.
• Proibir um(a) colega de participar
das brincadeiras sempre que ele ou
ela pede para brincar.
ESCUELA PRIMARIA
ENSINO FUNDAMENTAL I
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E O QUE É
CYBERBULLYING?
O cyberbullying também é magoar ou maltratar outra
pessoa, mas usando para isso as tecnologias de comunicação,
como o celular ou Internet (Facebook, Twitter, Orkut e outras
redes sociais).
COMO SE PRODUZ O CYBERBULLYING?
Pode ser que a colega
ou o colega que é
magoado(a) receba
mensagens de texto com
insultos ou caçoadas,
comentários falsos por
e-mail ou pelas redes
sociais ou, ainda, que
alguém publique uma
foto ou vídeo que o(a)
deixe com vergonha.
O bullying pela Internet é muito
diferente do que se faz “cara
a cara”, porque as mensagens
podem ser enviadas a qualquer
momento do dia, de qualquer
lugar e compartilhadas com
muitas pessoas ao mesmo
tempo, inclusive de forma
anônima (isto é, quando não
se sabe quem está magoando
você, porque a pessoa não se
identifica em suas mensagens).
É importante lembrar que as redes sociais não são
permitidas para meninos e meninas menores de 13 anos.
Isso quer dizer que as coisas que acontecem nas redes
sociais, os comentários, os vídeos, as fotos podem ser
inapropriados para alguém da sua idade. Nesses sites,
não existem controles suficientes para cuidar de meninos
e meninas. As redes sociais têm políticas de proteção,
porém, nem sempre elas podem ser cumpridas à risca.
Por isso, com a
ajuda de um adulto
de confiança, você
deve aprender
como se proteger
e quais medidas
tomar se ocorrer o
cyberbullying.
Importante: nunca use as
tecnologias para agredir.
Se acontecer algo ruim na
Internet ou se você souber
de algum colega que está
sofrendo cyberbullying, avise
sempre seu pai, sua mãe ou
um adulto de confiança.
PARA PENSAR
Alguma vez você prejudicou
ou foi prejudicado por uma
mensagem de texto em
seu celular ou na Internet?
Você conhece colegas que
passaram por essa situação?
Você acredita que ofender
alguém “cara a cara” ou
usando tecnologia é igual?
Por quê?
Além disso, esses comentários podem permanecer na
Internet durante toda a sua vida. Por isso, é importante
que, se acontecer algo assim, você busque ajuda e conte
o que está acontecendo a um adulto de confiança.
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ESTUDANTES
ESCUELA PRIMARIA
ENSINO FUNDAMENTAL I
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POR QUE O
BULLYING É
UM PROBLEMA?
O bullying é um problema porque traz incômodo e
prejuízos para todos os que participam, não somente
para quem é agredido.
Todos os
meninos e
meninas que
fazem parte
desse problema
se sentem mal.
QUEM SOFRE A PERSEGUIÇÃO
• Muitas vezes não tem vontade de ir à escola.
• Geralmente se sente triste.
• Pode ter pesadelos e não dormir bem.
• Pode sentir medo.
• Pode sentir vergonha.
• Pode tirar notas baixas na escola.
• Talvez se sinta sozinho ou sozinha.
• Pode sentir que precisa de ajuda.
• Pode não saber como pedir ajuda.
• Pode sentir raiva ou ódio.
• Pode começar a comer demais ou, ao contrário, muito
pouquinho.
SEU DESENHO
O que é perseguido ou
ameaçado, o que persegue
e também os que assistem a
essa situação, especialmente
se eles ou elas não sabem o
que fazer a respeito ou têm
medo de que os persigam,
se tentarem impedir.
Nestes quadros estão descritos alguns
sentimentos ou comportamentos que podem
afetar cada um e cada uma. Escolha um de cada
quadro e faça um desenho para representá-lo.
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ESTUDANTES
ESCUELA PRIMARIA
ENSINO FUNDAMENTAL I
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QUEM TESTEMUNHA
QUEM PERSEGUE
• Pode tirar notas baixas na escola.
• Pode se mostrar agressivo(a).
• Pode provocar medo nos demais.
•P
ode se sentir sozinho(a) ou estar atravessando
algum problema que não sabe como resolver e,
por isso, às vezes, utiliza a violência.
•T
alvez não saiba se comunicar de outra maneira
com os demais.
• Pode precisar de ajuda e não sabe como pedir.
SEU DESENHO
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ESTUDANTES
• Sente medo de também ser agredido.
• Pode sentir culpa por não intervir para mudar a situação.
• Pode acreditar que a violência é a forma de conseguir o
que se quer.
• Sente-se afetado ainda que não demonstre.
• Não tem vontade de assistir às aulas ou ir à escola.
• Pode pensar que a violência que observa é algo normal.
SEU DESENHO
ESCUELA PRIMARIA
ENSINO FUNDAMENTAL I
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TODOS E TODAS
SOMOS DIFERENTES, E
TODOS E TODAS TEMOS
DIREITOS IGUAIS
Não importa se você é alto ou baixo,
magra ou gorda, mexicano ou boliviano,
muçulmano, católico ou judeu. Não
importa se tem alguma deficiência, se sua
mãe e seu pai estão ou não separados.
Não importa se seu pai está preso, se é
rico ou pobre, se fala bem o português
ou não. Não importa se você é menino ou
menina, se gosta ou não de esportes, se
gosta de usar maquiagem ou nada disso.
Qualquer coisa pode servir como desculpa para
incomodar/perseguir outra pessoa ou zoar dela.
Pode ser porque não usam a roupa da moda ou por
sua cor de pele. Pode ser porque estão acima do
peso, usam óculos ou porque são muito estudiosos
e tiram boas notas.
A verdade é que os meninos e meninas que magoam,
perseguem ou ameaçam outros e outras não necessitam
muito para se inspirar se têm a intenção de ferir ou deixar
de lado alguém de seu círculo de amigos ou amigas.
Porém, precisam saber que isso se chama discriminar.
E sabe de uma coisa? Os meninos e
as meninas têm direito de não serem
discriminados. Isso é tão importante
que está escrito em um documento
internacional, que se chama Convenção
sobre os Direitos da Criança.
20
ESTUDANTES
Não existe nenhuma razão
que justifique a discriminação
de outra pessoa.
E, mesmo que você ainda seja criança,
deve aprender que não tem o direito
de discriminar os outros, porque todos
nós temos o compromisso de respeitar
os direitos dos demais.
ESCUELA PRIMARIA
ENSINO FUNDAMENTAL I
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Atividade 3: VERDADEIRO OU FALSO?
Leia as frases e decida quais são
verdadeiras (V) e quais são falsas (F).
Explique o porquê no caso das falsas.
Verifique se as suas respostas foram corretas:
O bullying é uma brincadeira entre meninos e meninas. F
Se você é vítima de bullying, pode sentir medo, tristeza e
não ter vontade de ir à escola. V
Se você é diferente dos demais, merece sofrer bullying. F
Se agridem você, é por sua culpa. F
V ou F
• O bullying é uma brincadeira entre meninos e meninas.
Ser agredido é algo normal que acontece com todos os
meninos e meninas. F
O bullying afeta quem é perseguido(a), quem persegue e
os colegas que observam o que acontece. V
• Se você é vítima de bullying, pode sentir medo,
tristeza e não ter vontade de ir à escola.
Agora invente cinco frases para que outro colega
adivinhe se são verdadeiras ou falsas.
• S
e você é diferente dos demais, merece sofrer
bullying.
Use a sua imaginação e seus conhecimentos sobre o bullying!
• Se agridem você, é por sua culpa.
• S
er agredido é algo normal que acontece com
todos os meninos e meninas.
• O bullying afeta quem é perseguido(a),
quem persegue e os colegas que observam
o que acontece.
22
ESTUDANTES
ESCUELA PRIMARIA
ENSINO FUNDAMENTAL I
23
O QUE DEVO
FAZER DIANTE
DO BULLYING ?
Se estão perseguindo você ou se sente que estão fazendo
bullying, ou ainda, se é testemunha de um ataque contra
outros colegas, amigos ou amigas, há várias coisas que
você pode fazer para freá-lo. O melhor é não ficar calado.
• Converse com um adulto de confiança. Você deve
contar para alguém, seu pai e sua mãe, para um
professor(a) ou outro adulto de confiança que possa
intervir. Lembre-se: pedir ajuda não é acusar ou dedurar,
é ajudar alguém.
• Não responda ao
bullying da mesma forma.
Reagir com violência gera
mais violência, o que fará
com que a situação piore.
24
ESTUDANTES
• Diga não! Junto com
seus colegas, peça ao
agressor ou à agressora
que pare de perseguir.
• Junte-se a uma campanha de prevenção ao bullying em
sua escola. Proponha aos seus professores falar do tema, criar
regras para conviver melhor com o grupo, fazer reuniões que
tratem e resolvam problemas de assédio na escola.
• Seja solidário. Dizer palavras amáveis ao
menino ou menina que sofre bullying fará
com que se sinta melhor. Um gesto tão
simples faz a diferença. Tente algo como:
“Sinto muito pelo que aconteceu”. Deixe
o colega saber que bullying é inaceitável,
que ele ou ela não deve se culpar por isso.
Melhor ainda, convide esse menino ou
menina para ser seu amigo. Pense que o
menino ou menina que é vítima de bullying
deve se sentir mal e precisa da sua ajuda.
• Tente controlar seu
medo ou raiva. O que
persegue ou intimida
gosta de ver o efeito
que causa em outras
pessoas. Tente não ficar
com raiva e recorra aos
adultos que podem
ajudar.
• Se alguma vez
praticou bullying,
pense como se sentiu
e como se sentiu
o outro menino ou
menina. Busque ajuda
se não sabe como
deter o problema.
ESCUELA PRIMARIA
ENSINO FUNDAMENTAL I
25
ATIVIDADE 4: OS SINS E OS NÃOS
SOBRE O BULLYING
O QUE ESTÁ ACONTECENDO?
POSSO AJUDÁ-LO?
Escreva SIM ou NÃO ao lado de cada situação,
de acordo com o que você considera que
possa deter ou não o bullying.
SITUAÇÕES
26
ESTUDANTES
ESCUELA PRIMARIA
ENSINO FUNDAMENTAL I
27
28
ESTUDANTES
ESCUELA PRIMARIA
ENSINO FUNDAMENTAL I
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ATIVIDADE 5: ENCONTREI A SOLUÇÃO!
Una com flechas cada situação à sua solução.
SITUAÇÃO
Felipe viu como
um menino maior
perseguia João.
Desde que começaram
as aulas, um grupo
de colegas zomba
de Paula.
Na escola de
Mariana, um grupo
de colegas sempre
deixa uma menina
de lado, porque ela é
muito tímida. Nunca
a deixam brincar
e zoam dela com
frequência.
Daniela recebe
agressões pela
Internet, vídeos
que a fazem sentir
envergonhada,
insultos e zoações.
Também espalham
boatos maldosos
sobre ela.
30
ESTUDANTES
SOLUÇÃO
O 5º ano organizou
uma campanha com
cartazes e mensagens
para informar sobre o
bullying.
Eliminou aqueles
contatos que a agridem
e falou com seu pai
e sua mãe sobre o
assunto.
Verifique se as suas respostas foram corretas:
Felipe viu como um garoto maior perseguia João. / Aproximouse de seu amigo para encorajá-lo e acompanhá-lo a falar com
um professor.
Desde que começaram as aulas, um grupo de colegas zomba
de Paula. / Falou com seus pais, professores e professoras.
Na escola de Mariana, um grupo de colegas sempre deixa uma
menina de lado, porque ela é muito tímida. Nunca a deixam
brincar e zoam dela com frequência. / O 5º ano organizou uma
campanha com cartazes e mensagens para informar sobre o
bullying.
Daniela recebe agressões pela Internet, vídeos que a fazem
sentir envergonhada, insultos e zoações. Também espalham
boatos maldosos sobre ela. / Eliminou os contatos que a
agridem e falou com seu pai e sua mãe sobre o assunto.
Você tem outras soluções para essas situações?
Falou com seus
pais, professores e
professoras.
Aproximou-se de seu
amigo para encorajá-lo
e acompanhá-lo a falar
com um professor.
ESCUELA PRIMARIA
ENSINO FUNDAMENTAL I
31
ATIVIDADE 6: DESCUBRA O
QUANTO VO CÊ SABE SOBRE BULLYING
(de CHEGA DE BULLYING chegadebullying.com.br)
1- O bullying é:
a) Um passatempo.
b) Algo normal que acontece enquanto crescemos.
c) Um abuso e causa dor.
d) Uma brincadeira.
2- Quais são algumas das consequências do bullying?
Marque todas as que correspondem.
a) Sentir medo.
b) Abandonar a escola.
c) Tirar notas baixas.
d) Não tem consequências.
3- Quem é afetado pelo bullying?
Marque todas as que correspondem.
a) Meninos e meninas que sofrem o bullying.
b) Meninos e meninas que o assistem (as testemunhas).
c) Os que atacam.
d) Todos e todas.
4- O que posso fazer para deter o bullying?
Marque todas as que correspondem.
a) Ficar calado e olhar para o outro lado.
b) Junto com meus colegas pedir ao agressor que pare.
c) Contar ao professor ou professora ou a algum adulto
da escola.
d) Dizer ao meu pai ou minha mãe.
e) Ajudar a criar ou fortalecer o programa antibullying da
minha escola.
ENTRE TODOS E
TODAS DIZEMOS
CHEGA DE BULLYING
Para ter uma escola livre de bullying, onde haja um
ambiente saudável e boa convivência, uma grande
ideia é organizar com seus colegas uma campanha
de prevenção ao bullying.
Propomos esta campanha em três passos:
PASSO 1
PASSO 2
PASSO 3
Desenho do
contorno de
uma mão.
No desenho da
mão, escrever
esta mensagem:
“Apoie quem
é vítima de
bullying.
Diga que ele
ou ela não é
culpado(a).”
Desenho de muitas
mãos com várias
mensagens diferentes:
“Chega de bullying,
não fique calado”.
“Não guarde segredos
que fazem mal a você”.
“Quebre o silêncio,
diga não ao bullying”.
Verifique se as suas respostas foram corretas:
1-c; 2-a, b, c; 3-a, b, c, d; 4- b, c, d, e.
32
ESTUDANTES
ESCUELA PRIMARIA
ENSINO FUNDAMENTAL I
33
SUA CAMPANHA PASSO A PASSO
Eu posso deter o abuso tomando algumas
atitudes específicas. Aqui está o meu compromisso:
Todos os participantes da campanha devem:
1. Desenhar o contorno de
sua mão em uma folha de
papel e recortá-lo.
2. Escrever em cada
contorno recortado uma
mensagem que sirva para
deter o bullying.
3. Todos e todas devem
colar os desenhos com
mensagens em uma
cartolina ou na porta da
escola, e assim difundir a
mensagem de prevenção.
• Não ficarei calado
Vou dizer algo quando vir
crianças humilhando ou
machucando outras.
Eu vou falar sobre bullying
com os meus amigos e
com os adultos que me
rodeiam. Vou mostrar
para todo mundo que
acho que maltratar os
outros está errado.
Para assinar este compromisso online,
acesse chegadebullying.com.br
COMPROMISSO CHEGA DE BULLYING
Depois de tudo o que aprendeu, você certamente deve ter
notado que o bullying traz problemas e aborrecimentos
para todos os envolvidos e pode virar um pesadelo.
A campanha CHEGA DE BULLYING propõe que você assine
este compromisso de prevenção ao bullying. Leve-o à sua
escola para que seus colegas também assinem e colaborem
para o fim do bullying no ambiente escolar. Convencer toda
a comunidade escolar a assumir o compromisso significa
ser “Escola 100% Comprometida” e merecedora de um
reconhecimento por parte do Cartoon Network e dos
demais parceiros desta campanha.
34
ESTUDANTES
Prevenir o bullying
começa comigo.
Ao assumir este
compromisso posso
mudar a minha vida e
a de outra pessoa para
melhor. Vou encaminhar
esta mensagem para
os meus amigos e
familiares, e aumentar
o número de pessoas
dispostas a dizer: chega
de bullying.
Não vou ficar calado.
• Serei um defensor
Vou ajudar todos
aqueles que possam
precisar do meu apoio,
e não apenas os meus
amigos próximos. Não
ficarei calado quando
alguém estiver sendo
maltratado.
• Serei um exemplo
Serei um modelo a seguir
todos os dias, mostrarei que
podemos conviver bem na
minha escola, resolvendo
conflitos pacificamente.
Não vou maltratar ou excluir
ninguém, espalhar fofocas,
seja pessoalmente, pelo
celular ou computador.
ASSINATURA:
NOME:
DATA:
ESCUELA PRIMARIA
ENSINO FUNDAMENTAL I
35
Nesta apostila aprendemos:
NOTAS:
• Que o bullying é um problema que afeta
muitos meninos e meninas.
• Que o bullying se
produz quando um
menino, uma menina ou
um grupo perseguem
alguém com a intenção
de fazê-lo(a) se sentir
mal, de forma frequente.
• Que é importante pedir ajuda
aos adultos de confiança se
você é vítima de bullying, se
está intimidando alguém e
não sabe como parar, ou se
presencia uma situação de
bullying contra outra pessoa.
• Que todos temos direito a não ser discriminados e
temos a obrigação de respeitar os direitos dos demais.
• Que ser diferente
dos demais não é
motivo para que
zoem de você ou o
atormentem.
• Que é muito importante
nunca usar as tecnologias
de comunicação para
agredir e que sempre
deve avisar seu pai, sua
mãe ou algum adulto se
acontecer algo ruim na
Internet.
• QUE JUNTOS
PODEMOS
DIZER CHEGA
DE BULLYING.
36
ESTUDANTES
ENSINO FUNDAMENTAL I
37
NOTAS:
REFERÊNCIAS:
• Health Resources and Services Administration. “El alcance y el impacto
de los actos de molestar e intimidar”. U.S. Department of Health & Human
Services em www.StopBullying.gov.
• Health Resources and Services Administration. “Los actos de molestia e
intimidación (bullying) en niños pequeños”. U.S. Department of Health &
Human Services em www.StopBullying.gov.
• Health Resources and Services Administration. “Niños que molestan
o intimidan”. U.S. Department of Health & Human Services em www.
StopBullying.gov.
• Health Resources and Services Administration. “Qué debo hacer si
me molestan o intimidan”. U.S. Department of Health & Human Services
em www.StopBullying.gov.
• Health Resources and Services Administration. “Qué sabemos sobre los
actos de molestar o intimidar (bullying)”. U.S. Department of Health &
Human Services em www.StopBullying.gov.
• Health Resources and Services Administration. “Cómo intervenir para
detener los actos de molestia o intimidación (bullying): consejos para la
intervención inmediata en la escuela.” U.S. Department of Health & Human
Services em www.StopBullying.gov.
• Abente Pfannl, Daisy, Lesme Romero, Diana S., Lovera Rivas, Vanessa,
Rodríguez Leith, Margarita, Zerené Reyes, Yasmina. Manual didáctico para
la prevención e intervención del acoso escolar. Assunção, Secretaria da
Infância e Planejamento do Ministério da Educação do Paraguai, 2010.
• Abente Pfannl, Daisy, Lesme Romero, Diana S., Lovera Rivas, Vanessa,
Rodríguez Leith, Margarita, Zerené Reyes, Yasmina. Guía de actividades
para la prevención e intervención del acoso escolar. Segundo ciclo.
Assunção, Secretaria da Infância e Planejamento do Ministério da Educação
do Paraguai, 2010.
• Abente Pfannl, Daisy, Lesme Romero, Diana S., Lovera Rivas, Vanessa,
Rodríguez Leith, Margarita, Zerené Reyes, Yasmina. Guía de actividades
para la prevención e intervención del acoso escolar. Primer ciclo. Assunção, Secretaria da Infância e Planejamento do Ministério da Educação
do Paraguai, 2010.
• Educación, Redes y Rehiletes, Associação Civil. Somos una comunidad
educativa: hagamos equipo. Una propuesta de intervención integral
educativa contra el bullying. Cidade do México, UNICEF, 2011.
• Cartoon Network. “Chega de bullying, não fique calado”, em www.
chegadebullying.com.br
• Plan Internacional. “Aprender sem medo”, em http://plan.org.br/index.html
38
ESTUDANTES
ENSINO FUNDAMENTAL I
39
chegadebullying.com.br
Coordenação de conteúdo: Plan Internacional e Cartoon Network
APOSTILA 2
docentes d o
ensino
fundamental I
INFORMAÇÕES E ATIVIDADES
DO QUE SE TRATA O
CHEGA DE BULLYING?
Estas páginas são destinadas aos docentes de escolas do
ensino fundamental I, porque são eles que acompanham
diariamente os meninos e as meninas, que melhor os
conhecem e procuram seu bem-estar desde a infância.
É grande o papel da escola em detectar e deter o bullying.
Não é um problema simples, envolve toda a comunidade
escolar (estudantes, docentes, familiares) e requer
informações para abordá-lo profundamente.
Trabalhar o tema a partir da perspectiva de melhorar a
convivência na escola permite avançar no fortalecimento
da cultura democrática. Abordar a noção do “outro” ou
da “outra” como “semelhante” implica o reconhecimento
das diferenças e, ao mesmo tempo, a afirmação da sua
condição de igualdade de direitos.
Todos os meninos e meninas têm direito de viver
sem ser vítimas de violência. Docentes, meninos e
meninas têm direito a escolas seguras, ao respeito
mútuo e a que se assuma a responsabilidade de
proteger a todos.
Para acabar com o bullying é necessário se informar e
não ficar calado. Se os meninos e meninas conversarem
com seus pais, mães, educadores e outros adultos de
confiança, é possível acabar com o bullying. Mas são
necessários um plano de ação, debates construtivos, um
pouco de coragem e muitos conselhos práticos para fazer
frente a esse problema.
2
DOCENTES
Se os docentes não ficarem calados e abordarem o tema em
suas aulas, pode-se fazer das escolas lugares onde meninos
e meninas aprendam e desfrutem de um ambiente seguro.
Assim, o respeito mútuo se tornará uma norma de
convivência válida para toda a comunidade.
As informações contidas nesta apostila serão apenas o
ponto de partida para saber o que é o bullying. Sem dúvida,
conhecer o problema é o primeiro passo para detê-lo.
EDUCAR PARA UMA
BOA CONVIVÊNCIA
Trabalhar em uma escola onde existe diálogo, inclusão,
espaço para a resolução de conflitos e onde são firmadas
diretrizes para regras de convivência, com a participação
dos e das estudantes, diminui visivelmente a violência na
escola e os conflitos entre pares (estudantes).
Uma vez que no contexto escolar surge uma
diversidade significativa de conflitos, que podem
resultar em problemas sérios, considera-se que os
enfoques preventivos na escola constituam uma
via privilegiada para transformar essas situações
de forma positiva e conseguir uma convivência
escolar harmônica. Isto é, um ambiente confortável
para aprender e ensinar.
ENSINO FUNDAMENTAL I
3
Uma escola que se interessa pela sua comunidade necessita
trabalhar diariamente os conflitos emergentes. É preciso que
possa vê-los, escutá-los, reconhecê-los e, sobretudo, darlhes espaço, abrir-lhes as portas. Negar os conflitos, ocultálos ou ignorá-los não detém a violência; ao contrário, leva a
sua potencialização, naturalização e legitimação.
Lidar com a violência e com os problemas que surgem dela
implica assumir um desafio. Há de ser capaz de propor
ferramentas que permitam considerar as situações sob
várias perspectivas, como a época/tempo, as condições
sociais e emocionais dos meninos e meninas, os vínculos
familiares e os envolvimentos na instituição escolar, seja
entre pares ou adultos.
Os docentes devem ajudar a resolver conflitos, desenvolvendo nos meninos e nas meninas aspectos relacionados à
empatia, compaixão, compreensão, comunicação e ao respeito pelo outro. É trabalho dos adultos formar as crianças,
oferecendo-lhes recursos para que se sintam seguras.
Além disso, as escolas devem promover a valorização
da diversidade. Isto é, reconhecer todos e todas, não
só os que se sobressaiam nos esportes, nas artes ou
estudantes de destaque em alguma área. Não se deve
promover somente uma maneira de ser e de agir. Todos
e todas as estudantes têm valor.
4
DOCENTES
o que É
BULLYING?
É agredir ou humilhar outra pessoa. Outras formas de
fazer bullying são insultar, espalhar boatos, ferir física ou
emocionalmente e ignorar alguém.
O bullying pode ocorrer pelo celular, pessoalmente, por
escrito, na escola, no bairro, em algum meio de transporte ou
em outros espaços onde os estudantes se encontrem com
frequência, como as redes sociais. Seja onde for, o bullying
não deve ser permitido, é inaceitável.
O bullying é um problema grave que afeta milhões de
meninos e meninas sem importar de onde são, nem de onde
vêm. Quando esse problema acontece nas escolas, deve ser
resolvido o quanto antes.
Os que praticam bullying perseguem meninos e meninas
mais vulneráveis. Escolhem aqueles e aquelas que são
diferentes, porque não usam roupas da moda, porque
fazem parte de uma minoria social ou racial, porque estão
em desenvolvimento e parecem desajeitados com o corpo,
porque estão acima do peso ou têm algum traço físico
característico (como orelhas ou nariz grandes), porque
apresentam uma deficiência ou porque são mais estudiosos
ou muito tímidos.
Os meninos e meninas que praticam bullying não precisam
de muito para se inspirar se têm a intenção de ferir, humilhar
ou excluir alguém de seu círculo de amigos ou amigas. O
bullying não afeta somente os meninos e meninas que são
atacados, mas também prejudica as testemunhas próximas,
especialmente se eles e elas não sabem o que fazer a respeito.
Na maioria dos casos, a vítima de assédio permanece calada
perante o abuso a que está sendo submetida. Essa situação
intimidadora produz angústia, dor e medo.
ENSINO FUNDAMENTAL I
5
O bullying se sustenta ao longo do tempo, ocorre com
frequência e sempre existe a intenção de magoar ou
humilhar quem o sofre, gratuitamente. O bullying afeta
toda a comunidade escolar e não é piada ou brincadeira.
É inaceitável.
A LINGUAGEM QUE USAMOS
Nesta apostila, aplicamos a palavra “vítima”
para descrever um(a) estudante que está sendo
intimidado(a). Porém, não a usamos como uma condição em si, mas como um comportamento temporal. Essa palavra é de uso comum, nas conversas
cotidianas, nos meios de comunicação e, inclusive,
para a lei. No entanto, ela não nos convence, já que
frequentemente dá a ideia de passividade ou debilidade. Não é assim que vemos os meninos e meninas que são intimidados. Pelo contrário, são jovens
ativos que defendem seus direitos e os dos demais, e
que têm toda possibilidade de mudança. Da mesma
maneira, usamos o termo “agressora(a)” para nos
referir a um comportamento e não a uma condição
permanente.
Sabemos que, às vezes, nossa linguagem e nossa forma
de dizer as coisas discriminam, tornando as meninas,
adolescentes e mulheres “invisíveis”. Portanto, em
muitos casos, usamos “meninos e meninas” em vez de
apenas “crianças”, e “mães e pais” no lugar de “pais”. No
entanto, preferimos não recorrer a formulações como
“assediado(a)” ou “professor(a)” de forma frequente,
porque, apesar de serem mais inclusivas, tornam a
leitura mais difícil, especialmente para as crianças.
6
DOCENTES
TODA AGRESSÃO
É BULLYING ?
É importante distinguir as situações de abuso que
podemos enquadrar no bullying de outras manifestações
agressivas esporádicas, que não são propriamente
bullying, como as habituais “zoações”, as brincadeiras
brutas, grosserias ou brigas que, muitas vezes, ocorrem
entre colegas no âmbito escolar.
Deve-se observar que é frequente nas relações entre
pares o surgimento de divergências que geram conflitos
e maus-tratos entre eles e elas, sem que devam ser considerados situações de abuso/intimidação propriamente
ditas. As brigas, os problemas entre colegas ou entre
amigos, o uso de palavrões ou vocabulário inapropriado
são frequentes em todas as populações de meninos e
meninas. Desde cedo, tais hábitos merecem ser tratados na escola, dando uma resposta apropriada que não
naturalize essas formas de relação.
Porém, se esses cenários não são resolvidos adequadamente, poderão evoluir para situações de assédio constante.
Outra distinção importante é a que ocorre em situações
de conflito intragrupal, em que um ou mais estudantes
se desafiam ou se enfrentam em lutas/brigas, a fim de
resolver seus conflitos ou para estabelecer o poder de
uma pessoa sobre as demais ou de um grupo sobre outro.
ENSINO FUNDAMENTAL I
7
O que distingue essas situações do bullying é a
igualdade de condições, físicas ou psicológicas, entre
os grupos em disputa.
No assédio escolar ou bullying há uma desigualdade
entre o(s) assediador(es) e o assediado, que não
encontra uma maneira de se defender e se submete
ao poder da outra parte.
Ainda que diferentes, sem dúvida, as duas formas de
violência requerem atenção e intervenção imediata e
apropriada dos e das docentes.
Para facilitar a distinção das situações de assédio
daquelas que não são, oferecemos uma lista de algumas
das características que devem estar presentes para que
uma situação seja definida como bullying:
Intencionalidade na agressão, seja física, verbal ou
virtual.
Desequilíbrio de poder entre o assediado ou a
assediada e o assediador ou a assediadora (em
que o último é mais forte que o primeiro, seja
essa diferença real ou subjetiva, percebida por
um(a) deles(as) ou por ambos). A desigualdade
de poder pode ser de ordem física, psicológica
ou social, gerando um desequilíbrio de força nas
relações interpessoais.
Repetição da agressão ao longo de um tempo e
de forma constante contra a mesma vítima e sem
motivo algum.
8
DOCENTES
TODOS E TODAS
SÃO AFETADOS
O assédio escolar envolve uma série de consequências
negativas, não somente para quem é assediado(a), mas
também para o(a) assediador(a) e para as testemunhas
do fato. No bullying há três partes envolvidas. O agredido
é a parte mais prejudicada do processo. Além disso, há
as testemunhas e o que assedia, que são fundamentais
para a compreensão do problema.
O que É assediad o :
É aquele menino ou menina alvo de comportamentos ofensivos ou de intimidação constante. Pode exibir sinais de:
Baixa autoestima ou autoimagen negativa.
Queda em seu rendimento acadêmico.
Sensações de medo.
Fobia e absenteísmo escolar.
Pesadelos e insônia.
Depressão e ansiedade.
Desconfiança nas relações sociais e na solução
pacífica dos conflitos.
Desconfiança nos adultos e nas adultas por sua
intervenção inadequada.
Sentimentos de vingança.
Naturalização da agressão, humilhação,
desvalorização e discriminação.
Impotência ante a falta de ajuda e respostas.
Mudança nos padrões alimentares
(comer em excesso ou muito pouco).
ENSINO FUNDAMENTAL I
9
Isso pode levá-lo(a) a:
Testemunhas:
Aprender a obter o que quer de forma distorcida.
Ver afetado seu desempenho acadêmico.
São aqueles meninos e meninas que fazem parte do
grupo em que se desenvolve o assédio. Não participam
diretamente da agressão, mas observam e, às vezes, atuam
passivamente diante da mesma, porque respondem com
um silêncio complacente. Em algumas ocasiões, atuam
adequadamente e querem deter o bullying, porém, muitas
vezes não sabem como fazê-lo ou a quem pedir ajuda. Em
alguns casos, podem chegar a participar das agressões.
Este grupo pode sofrer consequências como:
Sentir medo de que aconteça o mesmo com eles ou elas.
Adquirir atitude precursora de uma futura
conduta delituosa.
Alcançar reconhecimento social e status dentro
do grupo baseado no poder e na violência.
Transferir essas condutas a outros âmbitos.
Naturalizar as atitudes violentas, discriminatórias
e de desvalorização do outro ou da outra.
Aprofundar problemas afetivos ou sociais
não solucionados adequadamente.
Não querer ir à escola.
Queda em seu rendimento acadêmico.
Adquirir uma aprendizagem deficiente sobre como se
comportar diante de situações injustas.
Ficar expostos a modelos inadequados de atuação.
Naturalizar a discriminação, a desvalorização e o
sofrimento de outros meninos e meninas.
Desconfiar dos adultos por sua intervenção inadequada.
O que assedia:
É quem deliberadamente faz uso da força para assediar
outro ou outra, normalmente perante o olhar dos demais
colegas. Assim, sente-se poderoso perante os demais,
porém tentando esconder seu comportamento na frente
dos docentes e outros adultos. Esse tipo de conduta
pode estar refletindo necessidades afetivas, conflitos
familiares ou problemas não resolvidos adequadamente.
10
DOCENTES
É DIFERENTE
ENTRE MENINOS
E MENINAS?
É importante levar em consideração que o bullying
escolar envolve tanto os meninos quanto as meninas,
porém com formas de se manifestar diferentes. As
meninas são mais propensas à agressão verbal, enquanto
os meninos são mais inclinados às agressões físicas. Além
disso, as meninas podem ser frequentemente agredidas
pela difusão de rumores que as convertem em alvos de
comentários sexuais. Por trás de muitas dessas situações,
se reconhecem concepções machistas, que parecem
ter uma relação direta ou indireta com a violência ou o
exercício errado do poder. Todas as formas de bullying
causam danos significativos.
ENSINO FUNDAMENTAL I
11
O QUE É O
CYBERBULLYING?
O cyberbullying se produz quando a agressão e a
intimidação a um(a) colega ocorrem por meio do
uso da tecnologia e da Web (computadores, celulares e outros dispositivos eletrônicos).
Como se produz? Pode ser com mensagens de
texto cruéis, divulgação de falsos boatos ou mentiras por e-mail ou nas redes sociais, publicação de
vídeos constrangedores para o assediado e criação de perfis falsos nas redes sociais ou sites destinados a zombar de alguém.
O cyberbullying se expande viralmente pela Web
e pode humilhar de uma maneira muito difícil de
ser detida. Por isso, é muito invasivo e danoso.
As mensagens e as imagens podem ser enviadas
pelo agressor(a) a qualquer momento do dia e de
qualquer lugar (inclusive de forma anônima), e podem ser compartilhadas com muita gente. Dessa
maneira, a vítima está exposta a receber agressões
o tempo todo, mesmo estando em sua própria
casa. Além disso, as agressões permanecem na
Internet durante muito tempo, podendo afetar o
menino ou menina em longo prazo.
12
DOCENTES
COMO INTERVIR?
CONSELHOS PRÁTICOS
PARA OS DOCENTES
Esta seção propõe aos docentes trabalhar com os alunos
na construção de valores de convivência e ambientes
escolares cooperativos, onde os conflitos possam ser
tratados e resolvidos de forma construtiva. Porque não se
trata somente de pôr a violência no centro do debate, mas
também de aprender novas formas de convivência para o
exercício de uma cidadania responsável em um ambiente
escolar democrático, inclusivo e equitativo.
As habilidades para conseguir uma boa convivência não
podem ser inculcadas aos meninos e às meninas por
imposição, devem ser transmitidas como um modo de
vida, uma forma de se comportar, de “estar com o outro”.
Trabalhar com esse enfoque desde as primeiras séries
ajuda meninos e meninas a aprender desde pequenos a
reagir à intolerância e à provocação, a controlar a raiva, a
ser geradores de propostas e buscar soluções pacíficas.
Em resumo, a ser capazes de reconhecer as consequências
negativas e destrutivas da violência e do abuso, tanto para
eles e elas quanto para os demais.
Cada escola deve decidir como atuar ao detectar uma
situação de bullying. O primeiro passo é proteger o
estudante que está sendo agredido. O docente deve
saber que existe uma grande diferença entre frear o
bullying quando está nas fases iniciais e detê-lo quando já
leva um tempo instalado.
ENSINO FUNDAMENTAL I
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A SEGUIR, MENCIONAMOS ALGUNS CONSELHOS
PRÁTICOS PARA DETER O BULLYING:
Escute seus alunos e alunas. Leve a sério tudo o que
dizem sobre o bullying, especialmente se informam sobre
casos concretos que ocorrem no centro educativo (ou
fora dele) e envolvem seus estudantes. Dê atenção a cada
caso particular e adote ações corretivas para impedir a
situação. Use sua autoridade como docente para exigir
o fim das hostilidades contra qualquer menino e menina.
Se presenciar uma situação de assédio, detenha imediatamente a agressão. Coloque-se entre o menino,
a menina ou o grupo de crianças que perseguem ou
intimidam, e aqueles que foram perseguidos ou intimidados. De preferência, procure bloquear o contato
visual entre eles. Não afaste nenhum menino ou menina, especialmente as testemunhas. Não pergunte de
imediato, não discuta sobre o motivo da agressão, nem
trate de descobrir os fatos.
Fale sobre as consequências negativas de agredir
ou intimidar e das regras de convivência da escola.
Use um tom natural para descrever quais comportamentos você viu/ouviu. Deixe claro que assediar ou intimidar é inaceitável e que vai contra as regras da escola. Ajude-os a refletir sobre suas atitudes e reconhecer
o dano que provocam.
Apoie
la se
Ajude
ras de
ajuda.
a criança assediada ou intimidada para fazêsentir respaldada e a salvo das represálias.
o menino ou a menina a encontrar maneipedir que não o incomodem mais e a procurar
Relate o que aconteceu aos demais docentes.
Inclua as testemunhas na conversa. Enfatize a
importância de pedir ajuda a um docente ou a outro
adulto e dê orientação sobre como poderiam intervir
corretamente ou obter apoio da próxima vez. Deixe
bem claro que pedir ajuda não é ser delator. Pelo
contrário, é ser solidário. Não peça às testemunhas que
expliquem publicamente o que observaram.
14
DOCENTES
O trabalho com o grupo deve almejar desmitificar
quem exercita seu poder mediante a violência. O menino ou menina que recorre à violência pode ter alguma
necessidade não satisfeita. É fundamental escutá-lo e
entendê-lo para então estabelecer limites por meio da
empatia e da justiça.
Se considerar apropriado, imponha consequências para
os meninos e as meninas que perseguem ou intimidam
outros. Não exija que os meninos e meninas se desculpem
ou que façam as pazes no calor do momento. Todos
deveriam ter seu tempo para “acalmar os ânimos”. Todas
as consequências devem ser lógicas e ligadas à ofensa.
É fundamental que as consequências sejam justas e
que tenham como objetivo compreender e ajudar tanto
quem sofre o bullying quanto quem o pratica. Pergunte
aos agressores sobre o seu comportamento e ofereça
apoio para mudar as condutas nocivas. Certas medidas
punitivas, como a suspensão ou a expulsão, tendem a ser
contraproducentes, porque os meninos e meninas ficam
calados e não é possível trabalhar as causas psicossociais
que motivam o comportamento dos que abusam ou dos
que são abusados.
Notifique os pais e as mães dos meninos e meninas
envolvidos. É aconselhável também tratar o tema em
reuniões com mães e pais, a fim de gerar conscientização sobre o problema e promover a aproximação
entre famílias e escola. Os pais e mães devem sentir
que a escola cuida de seus filhos e filhas, que escuta
seus problemas e colabora com a família na educação.
É muito importante envolver os pais e mães.
Embora em alguns casos tanto o(a) assediado(a)
quanto o(a) que assedia possa chegar a receber ajuda
terapêutica formal, na maioria das vezes é suficiente
a participação de um orientador escolar que forneça
apoio psicossocial informal.
ENSINO FUNDAMENTAL I
15
É importante dar espaço ao assediado ou à assediada
para conversar com um adulto de confiança, em
particular. Que o menino ou a menina possa explicar
abertamente o que está ocorrendo. Pedir ao assediado
que conte sua experiência diante dos outros pode ser
contraproducente e até inibidor.
O professor deve acompanhar tanto o menino ou a
menina assediado(a) e também aqueles e aquelas que
foram agressores. Todas as partes devem sentir que
o docente está ciente da situação para garantir que a
violência não volte a ocorrer.
QUE TRABALHO
PREVENTIVO PODEMOS
FAZER EM SALA DE AULA?
É necessário que os problemas entre pares possam ser
incluídos como parte do trabalho de convivência na sala
de aula. Dessa maneira, haverá muitas oportunidades de
transformar situações negativas em outras positivas e
favorecer uma convivência escolar harmônica, um ambiente
confortável para aprender e ensinar.
Intervir unicamente quando surge um conflito ou um processo
de bullying constitui um grave erro. A prevenção deve ser
parte do programa escolar. As estratégias de prevenção
devem estar destinadas a fomentar habilidades emocionais e
comunicativas para que os alunos aprendam a evitar conflitos
e também a enfrentá-los de maneira não violenta.
Se o bullying é detectado nas primeiras fases, docentes, pais
e mães podem intervir a tempo de pôr fim rapidamente aos
episódios de violência. Por outro lado, se descobrem um assédio
de longa duração, desarticular o problema levará mais tempo.
16
DOCENTES
A SEGUIR, ALGUMAS PROPOSTAS PARA LEVAR
EM CONSIDERAÇÃO:
Proponha assembleias semanais. As trocas ou
assembleias em sala de aula, programadas de forma
regular, em que se reflete sobre o que aconteceu na
semana, os conflitos grupais e as relações, podem
ajudar a reduzir atos de perseguição ou intimidação.
Esses encontros participativos favorecem um clima
positivo para a aprendizagem e as relações sociais.
Também facilitam a identificação e intervenção do
docente em situações conflituosas. A intervenção
em sala de aula é efetiva, porque alcança todos os
meninos e meninas, vários dos quais muitas vezes
são testemunhas de atos de agressão ou intimidação.
Tratar o grupo como um todo cria a sensação de
comunidade, na qual todos se fazem responsáveis
por suas condutas, gerando laços solidários e atitudes
de empatia.
Planeje dinâmicas de trabalho grupais. O trabalho
em grupos colaborativos põe em jogo uma dinâmica
diferente, na qual podem ser reveladas habilidades,
talentos e potencialidades dos integrantes. A meta é
atingida somente se a totalidade do grupo participa,
de maneira que é importante ceder protagonismo
(atribuir função), escutar as opiniões e contribuições
do outro e solucionar tensões de forma criativa. Por
meio da cooperação, os alunos e as alunas exercitam
interdependência positiva e alcançam um crescimento
pessoal e social. A intervenção docente na organização
de subgrupos e o trabalho com cada um é fundamental,
para favorecer a cooperação e mediar os conflitos
próprios do trabalho com outros e outras.
ENSINO FUNDAMENTAL I
17
Crie novas regras para a formação de grupos de
trabalho, de maneira a favorecer a inclusão e evitar
que sempre os mesmos meninos e as mesmas
meninas fiquem marginalizados. Pode-se variar
os grupos semanalmente ou de acordo com os
diferentes projetos e utilizar múltiplos critérios de
agrupamento, por meio de jogos que permitam
montar equipes de modo aleatório.
e as meninas se sentirão muito mais comprometidos
se abordarem algo que os afeta diretamente. Algumas
campanhas podem ser realizadas com a confecção
grupal de cartazes ou pôsteres para pendurar na escola,
concursos de fotografia, mostras de arte, palestras para
as crianças menores, publicações em blog da escola ou
em um blog criado para essa finalidade, entre outros.
Trabalhe com obras literárias e filmes. As histórias
são um convite permanente à fantasia, ao jogo, à
brincadeira, à imaginação. No entanto, sua função
cultural e seu valor pedagógico não se esgotam aí.
As histórias nos falam do amor ou do desamor, da
amizade e da solidão, da solidariedade e do egoísmo,
do respeito pelo outro e da discriminação. Assim,
os filmes e as obras literárias constituem insumos
privilegiados para falar e refletir sobre diferentes
temas sociais.
Inclua em suas aulas temas como a discriminação e
direitos de meninos e meninas. É importante que se
possa formá-los para a inclusão, para reconhecer a
igualdade e para aceitar e valorizar as diferenças.
Inclua o jogo tanto nas atividades de aprendizagem
quanto na abordagem da temática do bullying especificamente. Os jogos são uma ferramenta de grande
utilidade para o trabalho interno (autoconhecimento,
atenção, cuidado, comunicação direta, superação de
resistência) e para facilitar o contato com o outro.
Os jogos também visam desenvolver competências,
como o trabalho em equipe e as relações sociais.
Convide seus alunos e alunas a realizar campanhas de
divulgação e prevenção do bullying. Isso exigirá que se
informem, reflitam sobre o tema e elaborem mensagens
para alcançar toda a sua comunidade. Os meninos
18
DOCENTES
Mobilize todas as partes envolvidas na escola para criar
um comitê/comissão de convivência integrado por
docentes, alunos e alunas. É necessário que o tema seja
abordado na escola de maneira integral e não somente
em sala de aula. Assim, será possível elaborar um
projeto escolar consistente, que envolva os docentes
e estudantes, no qual se estabeleçam regras e normas
acordadas a partir do debate e troca de opiniões.
Valorize a diversidade. As escolas devem promover
a valorização da diversidade e reconhecer todos e
todas, não só os que se sobressaiam nos esportes, nas
artes ou os estudantes mais destacados. Não se deve
promover e premiar somente uma maneira de ser e de
agir. Todos os meninos e meninas têm valor e devem
ser reconhecidos por suas qualidades particulares.
ENSINO FUNDAMENTAL I
19
ATIVIDADES E JOGOS/
BRINCADEIRAS PARA
A SALA DE AULA
Todas as atividades propostas podem ser realizadas em
grupos de idades diferentes. Os ajustes são determinados
pelo nível de aprofundamento desejado em cada caso.
ATIVIDADE
FOTOGRAFIA VIVA
Objetivos
Que os alunos e alunas possam:
Reconhecer o bullying.
Refletir sobre situações de
perseguição ou intimidação.
Trabalhar em grupo.
Desenvolvimento
Divide-se a classe em grupos. Cada grupo recebe
uma frase sobre o bullying, que pode ser a seguinte:
Quando brigamos e nos agredimos fisicamente nos
causamos dano, mas também causamos dano quando
insultamos uma pessoa ou caçoamos dela, ou quando
não a deixamos brincar, a excluímos do grupo ou a
deixamos sozinha. Também causamos dano quando
falamos mal de alguém pelas suas costas para que os
demais não sejam seus amigos. Tudo isso é maltratar.
deverão comunicar algo por meio de uma cena sem
utilizar a palavra. O grupo deve concordar sobre o
que apresentará aos demais e como. A cena deve
transmitir os sentimentos vivenciados pelas pessoas
que experimentam situações de bullying.
Cada grupo representará a “fotografia” que criou sem
mencionar qual é o exemplo de bullying escolhido.
O desafio é que os integrantes dos demais grupos
identifiquem os exemplos. Assim que todos os grupos
representarem sua fotografia, se compartilhará com os
demais como conseguiram construir essa imagem.
O docente considerará as contribuições de cada
grupo para conceitualizar o tema e proporá repensar os exemplos que não correspondem ao conceito.
Levará em consideração que o bullying pode apresentar diferentes formas de agressão: física, verbal,
psicológica ou social. É importante que essas descrições apareçam nos exemplos ou que o docente
convide os grupos a pensar nas situações que não
foram representadas. Além disso, deve reforçar as
características do bullying, como a repetição ao longo do tempo, o dano como resultado e a relação de
assimetria por parte das pessoas envolvidas no conflito, já que nem todas as agressões constituem por si
mesmas um ato de bullying.
ATIVIDADE
MENSAGENS POSITIVAS
Objetivos
Que os alunos e alunas possam:
Reconhecer os valores positivos em
si mesmos e nos outros.
Fortalecer laços grupais.
Materiais
Papel e lápis.
Os grupos deverão representar um exemplo de bullying
com uma imagem “congelada”.
Como se faz uma fotografia grupal? Os elementos
são os corpos e rostos dos e das participantes, que
20
DOCENTES
ENSINO FUNDAMENTAL I
21
Desenvolvimento
Desenvolvimento
O grupo formará uma roda. Cada aluno e aluna escreverá
seu nome em uma folha. Quando se dá o sinal para
começar, cada um passará a folha para a direita. Cada
vez que um menino ou menina recebe uma folha, deverá
escrever uma mensagem positiva para esse menino ou
menina. Ao completar a volta, cada menino ou menina
poderá ler na folha com seu nome todas as mensagens
que ressaltaram seus aspectos positivos, seus feitos e
receberá assim o carinho de seus colegas.
Variante
do jogo
Cada menino ou menina receberá
dois cartões. Em um escreverá algo
positivo sobre si mesmo e no outro
algo positivo sobre o companheiro ou
companheira da direita.
ATIVIDADE
QUEBRA-CABEÇAS
Objetivos
Que os alunos e alunas possam:
Cooperar com seus colegas para
alcançar o objetivo.
Manifestar atitudes solidárias.
Resolver os conflitos próprios
da atividade.
Fortalecer os laços grupais.
Mostrar empatia.
Materiais
22
DOCENTES
Cinco envelopes.
Cinco quebra-cabeças
recortados em cerca de 10 peças.
Cinco imagens dos
quebra-cabeças completos.
A classe se dividirá em cinco grupos. O docente
entregará a cada grupo um envelope que conterá
as peças misturadas de cinco quebra-cabeças e
a imagem completa de um deles. Quando o sinal é
dado, cada grupo deverá montar o quebra-cabeça
que corresponde à imagem recebida. Para montá-lo,
seus integrantes terão que conseguir as peças que
faltam e que estão nos envelopes dos outros grupos.
O jogo termina quando todos os grupos montarem
todos os quebra-cabeças. Durante o jogo não se pode
falar nem se comunicar por escrito, não se pode tirar
peças do outro grupo, mas é permitido trocar e ceder
peças. Será interessante se o docente não avisar os
meninos e meninas que as peças estão misturadas,
para que eles lidem com o problema a resolver.
Para finalizar, o docente proporá uma socialização
para discutir em grupo o que aconteceu durante o
jogo a partir de perguntas como: Como se sentiram
quando alguém tinha uma peça que precisava e não
lhe passaram? O que fizeram quando terminaram os
quebra-cabeças? Prestaram atenção para ver o que
os outros estavam precisando?
ATIVIDADE
CUIDADO COM A ÁGUA!
Objetivos
Que os alunos e alunas possam:
Cooperar com seus colegas para
alcançar o objetivo.
Manifestar atitudes solidárias.
Resolver os conflitos próprios da
atividade.
ENSINO FUNDAMENTAL I
23
Objetivos
Fortalecer os laços grupais.
Organizar estratégias para resolver
as propostas.
Materiais
Corda ou banco comprido.
Desenvolvimento
alguém com mais protagonismo, alguém que incomodou
os demais, etc. Será uma boa maneira de refletir sobre os
vínculos.
AtividadE
EU NÃO GOSTO DISTO
Objetivos
Que os alunos e alunas possam:
Assumir como próprios os
problemas de convivência em sala
de aula.
O docente relatará uma pequena história para introduzir
o jogo. Contará aos meninos e meninas que o barco em
que viajavam acaba de afundar e tiveram que subir em
um tronco, que é sua única salvação para chegar à costa.
Eles devem se organizar em fila sobre uma corda, uma
linha marcada no chão ou sobre um banco comprido. Os
meninos e meninas deverão se manter sobre essa linha
e cumprir as regras que o docente dará. Se algum ou
alguma “cair” ou “desistir”, todos e todas perdem.
Expressar e compartilhar
sentimentos de desconforto e
incômodos.
Buscar, em equipe, soluções para
situações individuais e grupais.
Algumas propostas possíveis:
Ordenar-se da esquerda para a direita, primeiro as
meninas e depois os meninos.
Materiais
Papel e lápis para cada aluno.
Cartolina, canetas coloridas e
outros materiais para fazer um
cartaz ou pôster.
Do maior ao menor, segundo a altura.
Do menor ao maior, segundo a data de nascimento.
Em ordem alfabética, segundo o nome.
Do menor ao maior, segundo a quantidade
de irmãos e irmãs.
Do maior ao menor, segundo a quantidade que somam
as letras do nome e do sobrenome.
Ao terminar o jogo, o docente proporá uma socialização
para discutir em grupo o que aconteceu ao longo do
jogo. Pedirá a seus alunos e alunas que contem como se
sentiram, se puderam se organizar, como o fizeram, que
coisas dificultaram a realização das propostas, se houve
24
DOCENTES
Desenvolvimento
Cada aluno e aluna escreverá em uma folha duas
coisas que não gosta que lhe façam ou digam.
Em pequenos grupos lerão o escrito por cada um e
conversarão para refletir sobre o exposto. O docente
assistirá a cada grupo, tratando de mediar e levar as
situações expostas a conclusões positivas.
Os meninos e meninas terão que escrever propostas
de soluções para essas situações. Cada grupo lerá
ENSINO FUNDAMENTAL I
25
as conclusões para toda a turma. Logo, analisarão
as propostas e elegerão aquelas que todo o grupo
considere adequadas. A meta final da assembleia/
reunião será converter a conclusão do debate em
meta do mês para cumpri-la entre todos.
Como fechamento da atividade, será elaborado um
cartaz, que ficará exposto na classe durante um
mês, com a proposta positiva.
Deverão dedicar outra aula para avaliar em que
medida puderam cumprir a meta.
Atividade
EU MUSEU
Objetivos
Que os alunos e alunas possam:
Aceitar as diferenças.
Os objetos de todos serão dispostos em um espaço
comum e o grupo recorrerá ao museu para conhecer
o que é importante a cada aluno e aluna. Podem-se
formular perguntas e convidar cada um a contar os
motivos que o levou a escolher esses objetos. Essa
mostra pode ser concluída com uma “galeria”, feita
em papel ou virtualmente, com o “Eu Museu” de cada
integrante da classe.
Pode-se concluir com uma reflexão sobre as
semelhanças e as diferenças entre as escolhas dos
integrantes do grupo.
Para recordar
Reconhecer a igualdade.
Materiais
Objetos significativos que os alunos
trarão de suas casas (fotos, objetos,
livros, brinquedos, etc.).
Desenvolvimento
Com o propósito de conhecer um pouco mais todos
os colegas, o docente convidará os alunos a criar na
sala de aula um “Eu Museu” feito com objetos pessoais
que os alunos selecionaram em suas casas e levaram
à escola. Podem ser brinquedos preferidos, fotos
da família e deles mesmos em diferentes idades e
situações de vida, livros, recordações de seus lugares
favoritos, CDs com suas músicas prediletas, etc. O
passo seguinte é cada aluno ou aluna preencher uma
ficha do objeto para contar sua história significativa.
26
DOCENTES
O bullying é um problema que afeta milhões de crianças
e adolescentes. Tem consequências para todos os
envolvidos, tanto para aqueles que são perseguidos,
incomodados ou intimidados quanto para aqueles que
intimidam e também os que presenciam as situações de
assédio como testemunhas. É possível prevenir e atuar frente a esse problema,
realizando uma parceria entre as escolas e a família, com
o objetivo de cuidar, proteger e construir ferramentas
para educar e evitar o bullying entre pares.
Lidar com os problemas entre pares deve ser parte do
trabalho de convivência em sala de aula, já que se trata
de conteúdo transversal a toda matéria/disciplina formal.
Dessa maneira, haverá muitas oportunidades de transformar situações negativas em outras positivas, favorecer
uma convivência escolar harmônica e criar um ambiente
confortável para aprender e ensinar.
ENSINO FUNDAMENTAL I
27
Estabelecer uma comissão de convivência na escola,
composta por docentes, pais, mães e alunos, ajuda a levar
adiante ações acordadas previamente. Isso permite atuar
de maneira coerente dentro da instituição e envolver a
comunidade no problema.
Abrir o diálogo é uma ferramenta fundamental que os
adultos têm para ensinar as crianças e adolescentes a
estabelecer relações baseadas no respeito ao outro e à
outra e a valorizar as diferenças. Escutar os nossos alunos
e acompanhá-los na busca de soluções está em nossas
mãos. É isso que nos permitirá deter o bullying.
COMPROMISsO
chega DE BULLYING
PARA ADULTOS
Para assinar este compromisso online, acesse
chegadebullying.com.br
Propomos a você assinar o seguinte compromisso para
dizer CHEGA DE BULLYING! Compartilhe-o com outros
docentes e com os gestores de sua escola para difundir a
temática e incentivar que ela seja trabalhada em sua escola.
Convencer toda a comunidade escolar a assumir o compromisso significa ser uma “Escola 100% Comprometida”,
merecedora de reconhecimento por parte do Cartoon
Network e dos demais parceiros desta campanha.
O bullying não é “brincadeira de criança”. Ele pode ter
consequências prejudiciais para elas, suas famílias e a
comunidade. Como adulto, sei que posso ajudar de várias
formas. Este é o meu compromisso:
28
DOCENTES
Não ficarei calado. Reconheço que, como adulto,
sou responsável e devo assumir uma posição em
relação ao problema, mesmo antes de ele atingir
meus familiares e amigos. Vou mostrar a todos que
ajo de maneira responsável diante de uma situação
de bullying, evitando combater a violência com
mais violência.
Serei um defensor. Vou defender as crianças que
precisam de ajuda, tanto as minhas quanto outras
que necessitem do meu apoio. Incentivarei a prevenção do bullying por meio da capacitação de toda a
equipe da escola, para que todos conheçam formas
efetivas de proteger nossas crianças.
Serei um exemplo. Tendo um comportamento
exemplar, ajudarei as crianças a lidar com os conflitos. Sei que posso fazer isso pacificamente, tanto dentro da minha família quanto na escola e na
minha comunidade.
Serei um aliado. Vou me comprometer com as ações
implementadas na minha escola. Trabalharei com
pais e mães, educadores e outras pessoas que se
esforçam para acabar com o bullying, especialmente
se souber que meu filho está envolvido.
O bullying faz com que as crianças queiram ser invisíveis.
E nós podemos mostrar a elas, por meio de nossas ações,
que as vemos, as escutamos e, o mais importante de tudo,
que elas podem contar conosco para melhorar suas vidas.
Assumir este compromisso é o primeiro passo para formar uma comunidade que pensa: chega de bullying. Não
vou ficar calado.
ASSINATURA:
NOME:
DATA:
ENSINO FUNDAMENTAL I
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NOTAS:
30
DOCENTES
NOTAS:
ENSINO FUNDAMENTAL I
31
NOTAS:
referÊncias
• Health Resources and Services Administration. “El alcance y el impacto de los actos de
molestar e intimidar”. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov.
• Health Resources and Services Administration. “Los actos de moléstia e intimidación
(bullying) en niños pequeños”. U.S. Department of Health & Human Services em www.
StopBullying.gov.
• Health Resources and Services Administration. “Niños que molestan o intimidan”. U.S.
Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov.
• Health Resources and Services Administration. “Qué sabemos sobre los actos de
molestar o intimidar (bullying)”. U.S. Department of Health & Human Services em www.
StopBullying.gov.
• Health Resources and Services Administration. “Cómo intervenir para detener los
actos de molestia o intimidación (bullying): consejos para la intervención inmediata en la
escuela”. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov.
• Abente Pfannl, Daisy, Lesme Romero, Diana S., Lovera Rivas, Vanessa, Rodríguez Leith,
Margarita, Zerené Reyes,Yasmina. Manual didáctico para la prevención e intervención
del acoso escolar. Assunção, Secretaria da Infância e Planejamento do Ministério de
Educação do Paraguai, 2010.
• Educación, Redes y Rehiletes, Associação Civil. Somos una comunidad educativa:
hagamos equipo. Una proposta de intervención integral educativa contra el bullying. Cidade do México, UNICEF, 2011.
• Eljach, Sonia. Violencia escolar en América Latina y el Caribe. Superficie y fondo.
Panamá, UNICEF, 2011.
• Associação Chicos.net. Manual de enfoque teórico dentro do “Programa uso seguro
y responsable de las tecnologías”. Buenos Aires, fevereiro de 2011. Acesse: http://www.
programatecnologiasi.org/index.php?option=com_content&view=article&id=27&Item
id=225.
• Rodríguez, Nora. Stop Bullying. Las mejores estrategias para prevenir y frenar el acoso
escolar. Barcelona, Editorial RBA, 2006.
• Ministério de Educação da Nação, La convivencia en la escuela. Recursos y orientaciones para el trabajo en el aula. Buenos Aires, Argentina, 2010. Acesse: http://www.
me.gov.ar/construccion/pdf_coord/recursos-convivencia.pdf. • Associação Chicos.net. “Programa Tecnología Sí”, Acesse: www.programatecnologiasi.org
• Cartoon Network. “Chega de bullying, não fique calado”.
Acesse: http://www.chegadebullying.com.br
• Plan Internacional. “Aprender sem medo”, acesse http://plan.org.br/index.html
32
DOCENTES
ENSINO FUNDAMENTAL I
33
chegadebullying.com.br
Coordenação de conteúdo: Plan Internacional e Cartoon Network
APOSTILA 3
ESTUDANTES DO
ensino
fundamental II
e mÉdio
INFORMAÇÕES E ATIVIDADES
INTRODUÇÃO
Se você está cursando o ensino fundamental II ou médio,
já sabe por experiência que na escola, como em outros
lugares, convivem pessoas que são diferentes entre si, que
têm necessidades, personalidades e formas de ser distintas.
Existem adultos, jovens,
homens e mulheres nascidos
aqui e vindos de outros países;
alguns que estão na escola
há muito tempo e outros que
vêm de outras instituições;
existem pessoas com
diferentes costumes e estilos
de vida. Essa diversidade é um
pilar fundamental e representa
uma das coisas mais
enriquecedoras e estimulantes
da experiência educativa.
No entanto, não é fácil
dividir um espaço muitas
horas e cinco dias por
semana com um grupo,
porque podem surgir
conflitos às vezes difíceis
de resolver. Mas, sem
dúvida, neste momento,
o mais importante para
você é seu grupo de
amigos e amigas.
Infelizmente, existem pessoas que não podem desfrutar de
um grupo de amigos ou amigas porque são discriminadas.
Por isso, é importante levar em consideração que, apesar
de existirem diferenças, todas as pessoas têm os mesmos
direitos e, no caso dos jovens, são importantes especialmente
o direito de estudar, o direito à proteção contra a violência e
o direito à não discriminação de qualquer forma.
2
ESTUDANTES
Estas páginas convidam você a pensar sobre como
melhorar a convivência com os demais e a refletir sobre
um problema atual: o bullying.
Você já deve ter escutado essa palavra na escola
ou nos meios de comunicação, mas acreditamos
que esclarecer alguns conceitos e pensar um pouco
mais sobre o tema ajudará a prevenir e deter o
assédio entre colegas.
Nesta apostila, você também encontrará
atividades e ferramentas que ajudarão a
detectar atitudes e comportamentos que, às
vezes, as pessoas têm e que podem machucar
os outros e violar seus direitos.
Com certeza, o diálogo, a criatividade e
o respeito pelo outro(a) poderão ajudar
a estabelecer acordos quando surge um
problema no grupo. Um ponto importante
a lembrar: os conflitos sempre podem ser
resolvidos de maneira não violenta, evitando
a discriminação e o dano.
Um colega ou uma colega tem o mesmo direito
que todos a estudar em um clima tranquilo, a fazer
amigos e amigas e a ter sua maneira de ser e de
pensar. Aceitar-se e aceitar o outro é fundamental,
não somente na escola, mas também na vida.
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
3
O QUE É
BULLYING?
Bullying é agredir ou humilhar outra pessoa de
forma repetida. Insultar, espalhar rumores, ferir
física ou emocionalmente e ignorar alguém
também são formas de bullying entre pares.
Pode ocorrer por meio
do celular, pessoalmente,
por escrito, na escola, no
bairro, em algum meio
de transporte ou em
outros espaços onde os
estudantes se encontram
com frequência, como as
redes sociais. Seja onde
for, o bullying não deve ser
permitido. É inaceitável.
O bullying é um
problema que afeta
milhões de crianças
e adolescentes sem
importar de onde são,
nem de onde vêm.
É um problema grave,
principalmente nas
escolas, e precisa ser
resolvido o quanto antes.
Os que praticam bullying perseguem ou
atacam os mais vulneráveis. Escolhem
aqueles que são diferentes, porque não
usam roupas da moda ou porque fazem
parte de uma minoria social ou racial.
4
ESTUDANTES
Os agressores atacam colegas que estão em
desenvolvimento e parecem desajeitados, quem
está acima do peso e até os mais estudiosos ou
muito tímidos
Não precisam muito para se inspirar se têm a intenção
de ferir, humilhar ou deixar de lado alguém do seu
círculo de amigos ou amigas. Isso não somente humilha
aqueles que são atacados, mas também afeta os que
testemunham, especialmente se eles e elas não sabem o
que fazer a respeito. Na maioria dos casos, o assediado
ou a assediada permanece em silêncio diante do
abuso a que está sendo submetido(a). Essa situação
intimidadora produz angústia, dor e medo.
O bullying se sustenta ao longo do tempo, ocorre
com frequência e sempre existe a intenção de magoar
ou humilhar quem o sofre. É uma violência gratuita.
A LINGUAGEM QUE USAMOS
Nesta apostila, aplicamos a palavra “vítima” para descrever
um(a) estudante que está sendo intimidado(a). Porém,
não a usamos como uma condição em si, mas como um
comportamento temporal. Essa palavra é de uso comum
nas conversas cotidianas, nos meios de comunicação e,
inclusive, para a lei. No entanto, ela não nos convence, já que
frequentemente dá a ideia de passividade ou debilidade.
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
5
Não é assim que vemos os meninos
e meninas que são intimidados. Pelo
contrário, são jovens ativos que
defendem seus direitos e os dos
demais, e que têm toda possibilidade de
mudança. Da mesma maneira, usamos
o termo “agressora(a)” para nos referir
a um comportamento e não a uma
condição permanente.
Sabemos que, às vezes, nossa linguagem e
nossa forma de dizer as coisas discriminam,
tornando as meninas, adolescentes e
mulheres “invisíveis”. Portanto, em muitos
casos, usamos “meninos e meninas” em vez
de apenas “crianças”, e “mães e pais” no
lugar de “pais”. No entanto, preferimos não
recorrer a formulações como “assediado(a)”
ou “professor(a)” de forma frequente,
porque, apesar de serem mais inclusivas,
tornam a leitura mais difícil, especialmente
para as crianças.
6
ESTUDANTES
POR QUE O
BULLYING É
UM PROBLEMA?
O bullying é um problema porque traz
consequências negativas para todos e
todas que estão envolvidos, não somente
para quem é agredido(a). Todos e todas que
fazem parte desse problema são afetados:
quem é perturbado, ofendido ou ameaçado;
quem perturba ou ofende; e também os
que veem essa situação e são testemunhas
dela, especialmente quando não sabem
o que fazer a respeito ou têm medo de
que os prejudiquem ou “deixem de lado”
se ousarem intervir. Não há motivo que
justifique transformar alguém em vítima só
por ser diferente.
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
7
Neste quadro estão descritos alguns sentimentos e consequências
negativas que podem afetar cada um dos envolvidos:
Quem sofre a
intimidação ou
perseguição
É aquele menino,
menina ou
adolescente alvo de
comportamentos
incômodos ou
intimidação.
Podem apresentar
sinais de:
• Baixa autoestima ou
autoimagen negativa.
• Baixo rendimento
acadêmico.
• Sensação de raiva
e medo.
• Fobia e afastamento
escolar.
• Pesadelos e insônia.
• Depressão e
ansiedade.
• Desconfiança
nas relações sociais.
• Desconfiança
dos adultos por
sua intervenção
inadequada.
• Sentimento de culpa
por ser agredidos.
• Problemas de
saúde.
• Recorrer à violência
como forma de
defesa.
8
ESTUDANTES
Quem testemunha
São aqueles que fazem
parte do grupo que
presencia o assédio. Não
participam diretamente,
mas observam e muitas
vezes agem passivamente
diante do bullying, porque
não sabem como intervir.
Às vezes, inclusive, se
aliam ao agressor(a).
Embora não sejam vítimas
diretas, também sofrem
e podem ter medo de ser
os próximos perseguidos
se expressam desacordo
ou pena da vítima, ou
se não se juntam de
forma complacente ao
“poderoso(a)” do grupo.
As testemunhas podem
sofrer consequências como:
• Aprendizagem deficiente
sobre como se comportar
diante de situações injustas.
• Exposição, observação
e reforço de modelos
inadequados de atuação.
• Falta de sensibilidade
perante o sofrimento
de outras pessoas,
já que ocorre uma
desensibilização pela
frequência dos abusos.
• Desconfiança dos adultos
por sua intervenção
inadequada.
Quem intimida
ou persegue
É quem
deliberadamente
faz uso da força
ou do poder para
intimidar outro ou
outra. Isso pode
levá-lo(a) a:
• Envolver-se em
brigas.
• Baixar seu
rendimento escolar.
• Aprender de forma
errada como atingir
seus objetivos.
• Ter atitudes
precursoras de uma
conduta criminosa.
• Ser agressivo(a)
em outros lugares
ou situações.
• Adotar o caminho
da agressão e da
violência como
forma de resolver
seus problemas.
• Expressar suas
dificuldades sociais
ou familiares
humilhando outro
ou outra.
É DIFERENTE
ENTRE MENINOS
E MENINAS?
O bullying pode ser praticado pelas meninas
e pelos meninos, mas a forma como se
manifesta costuma ser diferente. Talvez
você já tenha percebido que as meninas
adolescentes têm mais tendência a se agredir
verbalmente, enquanto os meninos são mais
inclinados às agressões físicas. As meninas
também podem espalhar boatos maliciosos
ou deixar de lado outras colegas e, por sua
vez, podem se tornar alvo de comentários
sexuais ofensivos por parte dos garotos.
Na sociedade em que vivemos, existem
alguns estereótipos sociais que
afetam negativamente os homens e as
mulheres, porque se transformaram em
modelos difíceis de romper.
Por exemplo, é exigido dos homens
que controlem suas emoções, que não
demonstrem medo e que não chorem,
porque se espera que sejam valentes, fortes
e poderosos. Esse é um estereótipo negativo
sobre como ser um homem, que foi tirado
de concepções da sociedade machista.
• Medo de serem vítimas.
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
9
Em muitas culturas, espera-se das
mulheres uma atitude submissa em
relação aos homens, porque elas
são identificadas com a fragilidade
e o afeto. Os meios de comunicação
as mostram como objeto de desejo
sexual e evidenciam o físico e a
beleza como condições de felicidade.
Isso tem que mudar!
Esse tipo de formação não somente
cria desequilíbrios de poder entre
homens e mulheres, mas também
desigualdades e situações violentas
em muitos casos. Por isso, é necessário
combater esses modelos negativos que
causam dano e resultam em situações
de desigualdade entre as pessoas.
É comum que a televisão, os videogames,
a publicidade e os meios de comunicação
transmitam valores, modelos e relações
baseadas na violência, na discriminação
e na desigualdade. Felizmente, nem
todos os exemplos são assim. Em nossas
famílias, escolas, comunidades e países
podemos encontrar inúmeros modelos
de comportamento positivo e de valores
mais saudáveis, aos que todos e todas
devemos aspirar.
10
ESTUDANTES
COM
TECNOLOGIAS...
O CYBERBULLYING
O cyberbullying ocorre quando se utilizam as tecnologias e
a Web para perturbar e agredir o outro ou outra.
Como acontece o cyberbullying? Enviando SMS cruéis,
espalhando falsos boatos ou mentiras por e-mail ou
nas redes sociais (Facebook, Twitter, MySpace, etc.),
publicando vídeos que envergonham a outra pessoa,
criando perfis falsos nas redes sociais ou sites para rir
ou zoar de alguém.
Quando o bullying usa a tecnologia, torna-se muito
agressivo e prejudicial. As mensagens e as imagens
podem ser enviadas a qualquer momento do dia, de
qualquer lugar (inclusive de forma anônima), e são
compartilhadas com muitas pessoas ao mesmo tempo.
Dessa maneira, a vítima fica exposta a receber agressões
a toda hora, até em sua própria casa. Além disso, os
comentários podem permanecer na Internet durante
toda a vida. Por isso, é importante que, se acontecer
algo assim com você, busque ajuda e conte o que está
acontecendo a um adulto de sua confiança.
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
11
Atividade 1
QUANTO VOCÊ
SABE SOBRE O
BULLYING?
Para entrar no tema, propomos que responda a este
questionário. Em seguida, dedique alguns minutos a
refletir sobre suas respostas.
2. Um colega de classe falou com um dos professores e
contou que uma menina está sofrendo abuso de alguns
colegas. O que você pensa?
a. Acredito que é um dedo-duro que conta
tudo aos professores.
b. Nesse caso, acho necessário pedir ajuda a um adulto.
c. Acho que, se a menina precisa de ajuda, deveria pedir ela
mesma. Quem está fora não deve se meter.
3. Para você, o bullying é...
a. Algo normal que acontece enquanto crescemos.
b. Uma brincadeira, um jogo.
c. É um abuso e causa dor.
4. Todos os dias, seus colegas o incomodam e ameaçam
bater em você se não fizer o que dizem. Você...
1. Seu grupo de amigos e amigas perturba
frequentemente um garoto do curso. Fazem
brincadeiras pesadas, o empurram ao sair da sala,
pegam suas coisas. Você…
a. Fala com seus pais ou com alguma pessoa de confiança
para que ajudem.
a. O
bserva a situação, mas não se mete. Não está de
acordo com esse tipo de atitude.
c. Agride seus colegas e muitas vezes acaba batendo neles.
b. Junta-se às agressões. Se não faz isso, poderia
ficar fora do grupo.
c. Intervém quando o perturbam e pede aos seus
amigos que parem de fazer isso, porque não é certo.
b. Se isola e tenta passar despercebido na escola.
5. Quem é afetado pelo bullying?
a. Os meninos, meninas ou jovens que sofrem o bullying.
b. Os meninos, meninas ou jovens que presenciam a
situação (as testemunhas).
c. Os que atacam.
d. Todos.
12
ESTUDANTES
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
13
6. Q
uais são algumas das consequências do bullying?
Marque todas as que correspondem.
a. Sentir medo.
b. Abandonar a escola.
c. Notas baixas.
d. Não tem consequências.
7. O
que posso fazer para deter o bullying?
Marque todas as que correspondem.
a. Ficar calado e olhar para o outro lado.
Atividade 2
UMA HISTÓRIA
COMO MUITAS
Em grupos, compartilhem a história que segue abaixo.
Ao terminar, respondam às perguntas para refletir sobre
este caso.
b. Com meus colegas, pedir ao agressor que pare.
c. Contar ao professor ou a algum adulto da escola.
A DECEPÇÃO DE RENATA
d. Dizer ao meu pai e à minha mãe.
e. Ajudar a criar ou fortalecer o programa de prevenção ao
bullying em minha escola.
Compartilhe suas respostas com um de seus colegas.
Pensem quais seriam as respostas mais adequadas para
prevenir ou parar o bullying. Que atitudes mudariam para
melhorar a convivência com os outros colegas de escola?
Escrevam suas respostas aqui:
Renata é uma menina de 14 anos. Tem um perfil em uma
conhecida rede social, onde se conecta para conversar
com outros meninos e meninas de sua idade. Por meio
dessa rede, recebeu uma solicitação de amizade de
Fábio, um garoto de 16 anos da sua escola. Renata se
animou, estava muito feliz, porque um garoto estava
prestando atenção nela e começou a manter um
relacionamento virtual com ele. Conversavam por chat,
contava coisas, fazia confissões, falava de suas amigas...
Tudo parecia ir bem. Havia conhecido um menino que
a fazia se sentir bonita, estava feliz, mas sua relação
sempre foi virtual. Eles nunca se falaram na escola,
nem se relacionaram pessoalmente. Fábio tinha pedido
isso e ela respeitava.
Respostas: 1-c; 2-b; 3-c; 4-a; 5-d; 6- a, b, c; 7 - b, c, d, e.
14
ESTUDANTES
Porém, um dia, recebeu uma mensagem dele que dizia:
“disseram que você não é legal, que anda falando coisas
sobre mim. Não quero mais nada com você!”
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
15
De nada serviram as tentativas de Renata para continuar a
relação, nem seus apelos e súplicas. Não podia acreditar, não
entendia o que tinha acontecido. Para piorar a situação, Fábio
começou a publicar mensagens com ataques contra ela,
dizendo que era má pessoa, que ninguém a suportava, que
andava com todos os garotos da escola…
Ela nunca desconfiou que Fábio não era Fábio. Umas “amigas”
suas haviam criado um perfil falso para ganhar sua confiança,
zoá-la e saber o que Renata realmente pensava delas.
QUE MOTIVOS PODEM TER ALGUMAS GAROTAS
PARA PERSEGUIR OUTRA?
E ENTRE OS GAROTOS, NORMALMENTE QUAIS
SÃO OS MOTIVOS PARA PERTURBAR OUTRO?
ACHAM QUE É UMA HISTÓRIA QUE ACONTECE
RARAMENTE OU OCORRE COM FREQUÊNCIA?
QUE CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS PODE
TER O QUE ACONTECEU PARA RENATA?
CONHECEM PESSOAS QUE FAZEM COISAS ASSIM?
IMAGINEM UM BOM FIM, ONDE TUDO TERMINE BEM.
COMO SERIA?
16
ESTUDANTES
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
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Atividade 3
O PESO DA
PALAVRA
Você sabia que as palavras podem ser tão dolorosas
quanto um soco? O que dizemos e o que nos dizem
têm valor, têm um peso. Uma palavra maliciosa pode
causar muito dano a uma pessoa, assim como um
elogio pode fazer muito bem. Um apelido pode ser
carinhoso ou pode ser vergonhoso.
VOCÊ JÁ USOU ALGUMA DESSAS FRASES OU APELIDOS?
COM QUE OBJETIVO?
VOCÊ ACHA QUE, QUANDO ALGUÉM USA ALGUMAS DESSAS
PALAVRAS, FAZ ISSO PELO SEU SIGNIFICADO, LHES DÃO OUTRO
SIGNIFICADO OU APENAS USAM PORQUE ESTÃO NA MODA?
Neste exercício, propomos que escrevam algumas
das palavras, frases ou apelidos que são ditos com
intenção de ofender outra pessoa.
Que palavras ou frases são
ofensivas para os meninos?
Faça uma lista.
18
ESTUDANTES
Que palavras ou frases são
ofensivas para as meninas?
Faça uma lista.
Em geral, as palavras usadas para insultar ou agredir estão vinculadas às características físicas, às questões que se
referem à sexualidade, à nacionalidade ou à origem social
de uma pessoa. É importante ser responsável ao escolher
as palavras, porque todos os exemplos mencionados são
discriminação. Quando uma pessoa é discriminada por
seus amigos ou colegas, sente-se vulnerável, confusa e assustada. Às vezes, sentem-se envergonhadas e culpadas. A
verdade é que sofrem uma situação injusta, porque quem
está errado é aquele ou aquela que agride e discrimina.
Na maioria das vezes, a discriminação está baseada em estereótipos sociais ou culturais sobre como devem ser ou
agir os demais. Não levam em consideração que a diversidade enriquece e fortalece o grupo; que todas as pessoas,
mesmo sendo diferentes, têm os mesmos direitos; e que
ser diferentes nos permite contribuir com ideias e experiências variadas de vida para construir um projeto conjunto.
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
19
ALGUMAS OPINIÕES:
Existem várias formas de discriminação: a de gênero (normalmente contra as mulheres), a que atenta contra as pessoas que têm alguma deficiência, a que exclui meninos e
meninas de outras raças ou de famílias de baixa renda e a
de orientação sexual.
É importante que você saiba que discriminar é prejudicial e
doloroso, e que é uma violação de um princípio básico dos
direitos humanos.
ATividade 4
Cecília, 15 anos: “Se me ofendem pela Internet, eu me
defendo. Você me insultou, eu te insulto.”
Daniel, 17 anos: “Quando te agridem pela Internet, tudo
fica mais difícil, porque não se sabe quem fez, todo mundo
fica sabendo e até quem você nem conhece dá opinião. É
muito humilhante.”
Mário, 15 anos: “Isso aconteceu comigo uma vez, mas com
a ajuda dos meus pais pude colocar fim à agressão.”
E VO CÊ, O QUE ACHA?
E VOCÊ, O QUE ACHA?
Apresentamos algumas notícias semelhantes a muitas
que apareceram nos meios de comunicação sobre
o bullying e as opiniões de alguns adolescentes
sobre o tema. Note que, em muitas ocasiões, elas
fazem uma abordagem sensacionalista da questão:
exageram (“é uma epidemia!”) ou somente pedem
castigos (“expulsão!”). É preciso analisar as notícias
com sentido crítico e com critério próprio. Discuta os
exemplos abaixo com seus amigos, amigas e colegas.
DO BULLYING AO CYBERBULLYING
O problema da perseguição escolar tem
aumentado, sobretudo no que diz respeito às suas
consequências. Se antes olhávamos somente para
o que se passava dentro da escola, a preocupação
cresce ainda mais agora que os limites se abriram
graças às tecnologias, e a perseguição chega por
mensagens de texto ou pelas redes sociais.
20
ESTUDANTES
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
21
INTENSIFICADAS AS AÇÕES PARA DIMINUIR
O BULLYING NAS ESCOLAS.
MENINO HISPÂNICO SE SUICIDA NOS EUA POR SER
VÍTIMA DE BULLYING.
Muitas escolas se uniram em uma campanha
interescolar para divulgar mensagens de prevenção
ao bullying entre todos os estudantes e suas famílias.
O pequeno Joel Morales, um menor hispânico de
apenas 12 anos de idade, residente em Nova Iorque
junto com seus pais, se suicidou depois de ter sido
vítima de perseguição por seus colegas de sala.
ALGUMAS OPINIÕES:
ALGUMAS OPINIÕES:
Pedro, 16 anos: “Na minha escola, começamos uma campanha
contra o bullying. Estamos todos mais atentos, deixou de ser
algo normal. Quando vê algo assim, você se mete.”
Sofia, 14 anos: “A discriminação é uma das causas de zoações
e brigas na minha escola. Às vezes, não dão nem tempo de
conhecer o garoto, por ser diferente já pegam no pé dele. ”
Paula, 15 anos: “Seria bom que os professores nos ajudassem a
parar o bullying, porque, às vezes, não sabemos o que fazer. Às
vezes, nos intrometemos e é pior, terminamos em uma briga ou
voltamos para a escola com medo.”
João, 16 anos: “Todos somos diferentes. Qualquer coisa, então,
seria motivo para alguém te agredir.”
Gabriela, 16 anos: “As campanhas são boas, mas fazem falta
regras claras para a escola, um programa permanente para
tratar e prevenir o bullying.”
E VOCÊ, O QUE ACHA?
E VOCÊ, O QUE ACHA?
VOCÊ PODE DAR SUA OPINIÃO SOBRE
ESSES E OUTROS TEMAS, E DEBATER COM
SEUS COLEGAS E PROFESSORES.
22
ESTUDANTES
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
23
COMO PODEMOS
PARAR O
BULLYING ?
A participação começa quando você se envolve em um
problema com a intenção de fazer algo para solucioná-lo.
O desafio está em suas mãos. Não fique calado, não tenha
atitudes discriminatórias, não persiga outra pessoa e peça ajuda
quando souber que alguém está sendo perseguido. Essas são
todas maneiras de começar. Também existem muitas iniciativas
que podem ser tomadas entre amigos e amigas. Uma delas é
divulgar e propor que se trabalhe com o tema em sua escola.
AS CAMPANHAS SÃO UMA DAS
MELHORES FORMAS DE DIFUNDIR A
TEMÁTICA E PREVENIR O BULLYING.
SOME SEU GRÃO DE AREIA!
ALGUMAS IDEIAS
Uma campanha de conscientização significa agir para
divulgar um tema, dentro de um determinado espaço de
tempo, com a finalidade de transmitir uma mensagem
e conscientizar sobre um problema. Muitas vezes, um
objetivo solidário motiva uma campanha.
As campanhas podem ser executadas de diversas formas:
em uma rede social, distribuindo panfletos, colando
cartazes, organizando uma mostra de arte ou de teatro,
criando um concurso, etc.
Aqui, propomos algumas ideias que você pode levar
adiante em sua escola. Boa sorte!
24
ESTUDANTES
CONCURSO DE FOTO GRAFIA OU VÍDEO
Chega de bullying, não fique calado
Para organizar este concurso, propomos:
1. Convidar todos os estudantes a participar e expor sua
visão sobre o tema.
2. Elaborar as bases do concurso. Lembre-se de incluir
as datas para a entrega dos trabalhos e divulgar os
ganhadores.
3. Selecionar os ganhadores de acordo com os critérios
previamente combinados.
4. Organizar uma exposição para toda a comunidade.
Os trabalhos atuarão como poderosas mensagens de
difusão e conscientização.
CAMPANHA ONLINE NAS REDES SO CIAIS
As redes sociais são um meio excelente para difundir uma
mensagem e fazê-la chegar a muita gente. Vocês podem
escrever mensagens contra o bullying em seus próprios
perfis ou criar uma página específica sobre este tema
para dar opiniões, obter seguidores, compartilhar vídeos,
fotos e notícias.
Podem recorrer à campanha CHEGA DE BULLYING
na Internet para saber mais do que se trata: http://
chegadebullying.com.br
*Importante: não é permitido aos menores de 13 anos
abrir uma conta pessoal em nenhuma rede social.
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
25
VÍDEO DEBATE
A projeção de filmes e vídeos que tratam do tema bullying
ou cyberbullying é uma boa maneira de convidar todos e
todas da sua escola a participar, abrir o debate e abordar
esses problemas em oficinas participativas.
Sugerimos alguns títulos de filmes que fazem pensar no
assunto, para assistir e discutir com os colegas:
As Melhores Coisas do Mundo
Em um Mundo Melhor
Bang Bang! Você Morreu Kes
Stop Bullying, especial do Cartoon Network Estados Unidos
com legenda em português:
http://chegadebullying.com.br
PARA LEMBRAR:
• O cyberbullying pode ocorrer por meio de mensagens de
texto para celulares, chats e mensagens instantâneas, fotos
tiradas com câmeras de telefones, e-mail, fóruns e grupos,
assim como sites dedicados a zombar de uma pessoa
específica.
• O colega ou a colega que é maltratado(a) pode sofrer perda
de autoestima, ansiedade, depressão, fobias, comprometer o
desempenho escolar ou querer mudar de escola. Sem dúvida,
precisa de ajuda. Existem casos em que as consequências
foram mais drásticas.
• Quem faz bullying produz dano a si mesmo(a) e a outras
pessoas, e também precisa de ajuda para lidar com seus
problemas e aprender a conviver socialmente.
• As testemunhas do bullying podem fazer muitas coisas
para detê-lo, especialmente falar com um adulto e não
“olhar para o outro lado”.
• O bullying é um problema que afeta milhões de adolescentes, não importa de onde são, nem de onde vêm. É um
problema grave, principalmente nas escolas, que precisa ser
resolvido o quanto antes.
• O bullying é frequente nas relações entre colegas. Acontece
quando alguém ou um grupo agride ou humilha outra pessoa
intencionalmente, de forma contínua ao longo do tempo.
• Não ficar calado, não ter atitudes discriminatórias, não
abusar de outra pessoa e pedir ajuda são maneiras de
prevenir e deter o bullying.
• Insultar, espalhar boatos, machucar fisicamente ou ignorar
alguém também são formas de bullying.
• Falar, pedir ajuda a um adulto de confiança, elaborar e
colocar em prática campanhas antibullying ou criar um
programa de prevenção em sua escola são algumas formas
de acabar com o bullying.
• O bullying pode ocorrer por meio do celular, pessoalmente,
por escrito, na escola, no bairro, em algum meio de
transporte e em outros espaços onde os estudantes se
encontram, inclusive nas redes sociais. Seja onde for, o
bullying não pode ser permitido, é inaceitável.
26
• O bullying traz consequências negativas para todos
envolvidos, não somente para quem é agredido(a).
ESTUDANTES
• Um colega tem o mesmo direito que todos de estudar em
um clima tranquilo, de fazer amigos e amigas, e de ter sua
forma de ser e pensar. Aceitar-se e aceitar os outros e outras é
fundamental, não só na escola, mas também na vida.
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
27
COMPROMISsO
CHEGA DE
BULLYING
Para assinar este compromisso online, acesse
chegadebullying.com.br
Não ficarei calado. Quando vir uma criança sendo
humilhada ou magoada, direi algo. Vou falar sobre
bullying com meus amigos e com os adultos que fazem
parte da minha vida, para que todos saibam que eu
acredito que perturbar os outros é errado.
Serei um defensor. Vou defender outras
pessoas que possam precisar da minha ajuda,
não somente meus amigos mais próximos. Não
vou ficar calado quando alguém estiver sendo
maltratado.
Serei um modelo a seguir. Com minhas ações
diárias, vou mostrar que podemos conviver na
minha escola, resolvendo nossos conflitos de forma
pacífica. Não vou maltratar ou excluir ninguém, nem
vou espalhar boatos pessoalmente ou pelo meu
celular ou computador.
Depois de tudo o que aprendeu, você
certamente deve ter notado que o bullying
traz problemas e aborrecimentos a todos os
envolvidos e pode virar um pesadelo.
A campanha CHEGA DE BULLYING propõe que
você assine este compromisso de prevenção
ao bullying. Leve-o à sua escola para que seus
colegas também assinem e colaborem para
que não exista mais bullying no ambiente
escolar. Convencer toda a comunidade escolar
a assumir o compromisso significa ser “Escola
100% Comprometida” e merecedora de um
reconhecimento por parte do Cartoon Network
e dos demais parceiros desta campanha.
Eu posso deter o abuso envolvendo-me de algumas
formas específicas. Aqui está o meu compromisso:
Parar o bullying começa comigo. Assinar este
compromisso pode mudar minha vida e a de outra
pessoa de maneira significativa. Vou encaminhar aos
meus amigos e familiares para ajudar a construir uma
comunidade comprometida a acabar com o bullying.
ASSINATURA:
NOME:
DATA:
28
ESTUDANTES
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
29
NOTAS
ReferÊncias:
• Health Resources and Services Administration. “El alcance y el impacto
de los actos de molestar e intimidar”. U.S. Department of Health & Human
Services em www.StopBullying.gov.
• Health Resources and Services Administration. “Niños que molestan
o intimidan”. U.S. Department of Health & Human Services em www.
StopBullying.gov.
• Health Resources and Services Administration. “Qué sabemos sobre los
actos de molestar o intimidar (bullying)”. U.S. Department of Health &
Human Services em www.StopBullying.gov.
• Health Resources and Services Administration. “Qué debo hacer si
me molestan o intimidan”. U.S. Department of Health & Human Services
em www.StopBullying.gov.
• Abente Pfannl, Daisy, Lesme Romero, Diana S., Lovera Rivas, Vanessa,
Rodríguez Leith, Margarita, Zerené Reyes,Yasmina. Manual didáctico para
la prevención e intervención del acoso escolar. Assunção, Secretaria da
Infância e Planejamento do Ministério de Educação do Paraguai, 2010.
• Siede, Isabelino. Un mundo para todos. Buenos Aires, Ministério de
Educação da Nação, Série Piedra Libre, 2011.
• Educación, Redes y Rehiletes, Associação Civil. Somos una comunidad
educativa: hagamos equipo. Una proposta de intervención integral
educativa contra el bullying. Cidade do México, UNICEF, 2011.
• Associação Chicos.net. Manual de enfoque teórico dentro do “Programa
uso seguro y responsable de las tecnologías”. Buenos Aires, fevereiro
de 2011. Acesse: http://www.programatecnologiasi.org/index.
php?option=com_content&view=article&id=27&Itemid=225.
• Ministério de Educação da Nação, La convivencia en la escuela. Recursos
y orientaciones para el trabajo en el aula. Buenos Aires, Argentina, 2010.
Acesse: http://www.me.gov.ar/construccion/pdf_coord/recursosconvivencia.pdf. • Morduchowicz, Roxana. Los adolescentes y las redes sociales. La
construcción de la identidad juvenil en Internet. Buenos Aires, Fundo de
Cultura Econômica, 2012.
• Rodríguez, Nora. Stop Bullying. Las mejores estrategias para prevenir y
frenar el acoso escolar. Barcelona, Editorial RBA, 2006.
• Associação Chicos.net. “Programa Tecnología Sí”. Acesse: www.
programatecnologiasi.org
• Cartoon Network. “Chega de bullying, não fique calado”. Acesse: http://
www.chegadebullying.com.br
• Plan Internacional. “Aprender sem medo”.
Acesse http://plan.org.br/index.html
30
ESTUDANTES
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
31
chegadebullying.com.br
Coordenação de conteúdo: Plan Internacional e Cartoon Network
APOSTILA 4
docentes d o
ensino
fundamental II
e mÉdio
INFORMAÇÕES E ATIVIDADES
O QUE É O CHEGA
DE BULLYING?
Nesta apostila, docentes do ensino fundamental II e
médio encontrarão informações, ferramentas e recursos
para abordar o tema do bullying, além de propostas
para abrir um espaço para reflexão e debate sobre a
convivência escolar dentro de cada instituição.
Gestores, professores e coordenadores de escolas de
ensino fundamental II e médio são fundamentais para
entender como lidar com adolescentes em todos os
tipos de situações na sala de aula, entre pares e entre
grupos; os vínculos entre os adolescentes e docentes;
e as situações extraescolares que alunos e alunas
vivenciam e trazem para a escola. O tema é complexo e
adultos e estudantes podem não saber como abordá-lo
de maneira efetiva.
A convivência no contexto escolar é um tema que
envolve todos e todas: docentes, estudantes, famílias,
gestores e pessoal não docente da instituição. É
importante que todos os envolvidos na experiência
educativa reconheçam sua responsabilidade e façam
efetiva sua participação para tornar a escola um espaço
seguro e solidário. O trabalho e o compromisso para o
DOCENTES
2
fortalecimento de uma cultura democrática na escola e
a afirmação da igualdade de direitos são indispensáveis.
Para os jovens, a escola é o lugar mais importante
de socialização, em uma idade na qual o grupo e o
“pertencer” têm especial relevância. É um espaço
privilegiado para passar aos jovens a noção do outro
como semelhante e detentor de direitos, educá-los sobre
como lidar com os conflitos e formá-los em valores
democráticos e cidadania. É grande a responsabilidade
dos adultos e adultas que acompanham os adolescentes
nessa etapa, para guiá-los na direção de uma cultura
democrática e de resolução pacífica dos conflitos.
A aprendizagem da convivência é um processo
progressivo, que parte do reconhecimento
de que a tolerância e o respeito aumentam
com a maturidade, assim como as habilidades
para entender e aceitar as regras. Na fase da
adolescência, entra em jogo o aprendizado
recebido até o momento e ainda há uma
grande permeabilidade para interiorizar
valores, modelos e formas de lidar com a vida.
É uma oportunidade e um desafio trabalhar
com adolescentes, conquistar sua atenção,
compreender seus códigos, favorecer o diálogo
e o debate de ideias com eles. Sem dúvida, é
uma imensa contribuição para a sociedade por
parte das escolas de ensino fundamental II e
médio, e seus professores e professoras.
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
3
EDUCAR PARA
UMA BOA
CONVIVÊNCIA
Uma escola onde há diálogo, inclusão, espaço para a
resolução de conflitos, e na qual as regras de convivência
são acordadas com a participação dos e das estudantes,
vê uma redução considerável da violência e conflitos
entre pares.
Uma vez que no contexto escolar aparece uma
diversidade significativa de conflitos, que podem resultar
em problemas sérios, considera-se que os enfoques
preventivos na escola constituem uma via privilegiada
para transformar essas situações de forma positiva e
conseguir uma convivência escolar harmônica. Isto é,
um ambiente prazeroso para aprender e ensinar.
Uma escola que se interessa por sua comunidade deve
trabalhar diariamente os conflitos emergentes. É preciso
que possa vê-los, escutá-los, reconhecê-los e, sobretudo,
dar-lhes espaço, abrir-lhes as portas. Negar os conflitos,
ocultá-los ou ignorá-los não detém a violência; ao contrário,
leva à sua potencialização, naturalização e legitimação.
Lidar com a violência e com os problemas que surgem
dela implica assumir um desafio. Há de ser capaz de
propor ferramentas que permitam considerar as situações sob várias perspectivas, como a época/tempo, as
condições sociais e emocionais dos alunos e alunas, os
vínculos familiares e o envolvimento na instituição escolar, seja entre pares ou adultos.
DOCENTES
4
O QUE É
BULLYING ?
O bullying é agredir ou humilhar alguém de maneira
repetida ao longo do tempo. Insultar, espalhar boatos,
ferir física ou psicologicamente e ignorar alguém também
são formas de bullying entre pares.
Pode ocorrer pelo celular, pessoalmente, por escrito, na
escola, no bairro, em algum meio de transporte ou em
outros espaços de convivência entre estudantes, como
as redes sociais. Seja onde for, o bullying não deve ser
permitido, é inaceitável.
O bullying é um problema que afeta milhões de crianças
e adolescentes sem importar de onde são, nem de onde
vêm. É um problema grave, principalmente nas escolas,
e precisa ser resolvido o quanto antes.
Os que praticam bullying perseguem os meninos e
meninas mais vulneráveis. Escolhem aqueles que são
diferentes, porque não usam a roupa da moda, porque
fazem parte de uma minoria social ou racial, porque
estão em desenvolvimento e parecem ser desajeitados,
porque estão acima do peso ou têm algum traço físico
característico (como orelhas e nariz grandes), porque
apresentam alguma deficiência, ou até mesmo porque
são mais estudiosos ou muito tímidos. Os meninos e
meninas que praticam bullying não precisam muito
para se inspirar se têm a intenção de ferir, humilhar ou
excluir alguém de seu círculo de amigos ou amigas. O
bullying não afeta somente aqueles que são atacados,
mas também causa dano às testemunhas próximas,
especialmente se elas não sabem o que fazer a respeito.
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
5
Na maioria dos casos, o assediado ou a assediada
permanece calado(a) ante o ataque a que está
sendo submetido(a). Essa situação intimidadora
produz angústia, dor e medo. Também existem
aqueles que denunciam o maltrato e não são
alvos passivos das agressões contínuas, mas,
geralmente, a diferença de poder é tão acentuada
que o(a) assediado(a) tem grande dificuldade para
se defender ou reverter a situação que sofre.
O bullying se sustenta ao longo do tempo, ocorre com
frequência e sempre existe a intenção de magoar ou
humilhar. É uma violência gratuita que traz graves prejuízos,
especialmente para as vítimas.
A LINGUAGEM QUE USAMOS
Nesta apostila, aplicamos a palavra “vítima” para
descrever um(a) estudante que está sendo intimidado(a).
Porém, não a usamos como uma condição em si, mas
como um comportamento temporal. Essa palavra é
de uso comum nas conversas cotidianas, nos meios
de comunicação e, inclusive, para a lei. No entanto, ela
não nos convence, já que frequentemente dá a ideia de
passividade ou debilidade. Não é assim que vemos os
meninos e meninas que são intimidados. Pelo contrário,
são jovens ativos que defendem seus direitos e os dos
demais, e que têm toda possibilidade de mudança. Da
mesma maneira, usamos o termo “agressora(a)” para
nos referir a um comportamento e não a uma condição
permanente.
Sabemos que, às vezes, nossa linguagem e nossa forma
de dizer as coisas discriminam, tornando as meninas,
adolescentes e mulheres “invisíveis”. Portanto, em
DOCENTES
6
muitos casos, usamos “meninos e meninas” em vez de
apenas “crianças”, e “mães e pais” no lugar de “pais”. No
entanto, preferimos não recorrer a formulações como
“assediado(a)” ou “professor(a)” de forma frequente,
porque, apesar de serem mais inclusivas, tornam a leitura
mais difícil, especialmente para as crianças.
TODA AGRESSÃO
É BULLYING ?
É importante distinguir as situações de abuso
que podemos enquadrar no bullying de outras
manifestações agressivas esporádicas, que não são
propriamente bullying, como as habituais “zoações”, as
brincadeiras brutas, grosserias ou brigas que, muitas
vezes, ocorrem entre colegas no âmbito escolar.
Deve-se observar que é frequente nas relações entre
pares o surgimento de divergências que geram conflitos
e maus-tratos entre eles e elas, sem que devam ser
considerados situações de assédio propriamente dito.
As brigas, os problemas entre colegas ou entre amigos,
o uso de palavrões ou vocabulário inapropriado são
frequentes em todas as populações de crianças e
adolescentes.
Outra distinção importante é a que ocorre em situações
de conflito intragrupal, em que um ou mais estudantes
se desafiam ou se enfrentam em lutas/brigas, a fim de
resolver seus conflitos ou para estabelecer o poder de
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
7
uma pessoa sobre as demais ou de um grupo sobre outro.
O que distingue essas situações do bullying é a
igualdade de condições, físicas ou psicológicas, entre
os grupos em disputa. No assédio escolar ou bullying,
há uma desigualdade entre o(s) assediador(es) e o(a)
assediado(a), que não encontra uma maneira de se
defender e se submete ao poder da outra parte.
A intervenção docente e o trabalho contínuo da
instituição, fundamentados em uma cultura de não
violência, não discriminação e reconhecimento dos
direitos de todos e todas, permitirão uma melhor
resolução de cada um dos problemas de convivência
habituais que surgem entre os adolescentes.
O assédio escolar envolve uma série de consequências
negativas, não somente para quem é assediado(a), mas
também para o(a) assediador(a) e para as testemunhas
do fato. No bullying, há três partes envolvidas. O agredido
é a parte mais prejudicada do processo. Além dele, há
as testemunhas e quem assedia, que são fundamentais
para a compreensão do problema.
Para facilitar a distinção das situações de assédio
daquelas que não são, listamos algumas características
que devem estar presentes para que uma situação seja
definida como bullying:
O(a) assediado(a): é o(a) adolescente vítima
de comportamentos incômodos ou intimidação
constante.
Intencionalidade na agressão, seja física, verbal
ou virtual.
Muitas vezes, as crianças ou adolescentes alvos de bullying não dispõem de recursos ou habilidades pessoais
para reagir e se defender de maneira adequada. Podem ser pouco sociáveis, sensíveis, vulneráveis e não
reagir por vergonha, medo do agressor, conformismo ou
baixa autoestima. Desse modo, são muito prejudicados
pelas ameaças e agressões.
Desequilíbrio de poder entre o(a) intimidado(a)
e o(a) agressor(a), em que o último é mais
forte que o primeiro, seja a diferença real ou
subjetiva, percebida por uma das partes ou por
ambas. A desigualdade de poder pode ser física,
psicológica ou social, gerando um desequilíbrio
de forças nas relações interpessoais.
Repetição da agressão ao longo do tempo e de
forma constante contra a mesma vítima e sem
motivo algum.
DOCENTES
8
TODOS E TODAS
SÃO AFETADOS
Outras vezes, as vítimas de bullying não apresentam
essas características de personalidade, mas se convertem em alvo de zombarias por serem diferentes:
por pertencer à determinada raça ou grupo socioeconômico, por ter alguma deficiência, por apresentar
características físicas não valorizadas ou rejeitadas
pela sociedade, como a obesidade, o uso de óculos
ou de aparelhos ortodônticos. O bullying também
pode estar baseado nas diferenças de gênero ou até
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
9
mesmo na competência acadêmica acima da média
da sala de aula. Nos ensinos fundamental e médio, também há casos de bullying por preferência ou orientação
sexual, seja ela real ou percebida.
Os atos de perseguição ou intimidação são extremamente traumáticos para aqueles e aquelas que são
vítimas, especialmente porque a agressão provém do
grupo de pares. A desigualdade de poder entre o(a)
agredido(a) e os agressores é tão acentuada que quem
sofre o assédio não pode e nem sabe como se defender.
O maltrato se transforma em um sofrimento habitual e a
vítima não encontra saída para a situação, sentindo-se
sozinha e desamparada.
É comum que os(as) assediados(as) apresentem sinais de:
Esse grupo pode sofrer consequências como:
Sentir medo de que o mesmo aconteça a eles.
Não querer ir à escola.
Ter o rendimento escolar afetado.
Baixa autoestima ou autoimagem negativa.
Adquirir aprendizagem deficiente sobre como se
comportar diante de situações injustas.
Queda no rendimento acadêmico.
Ficar exposto a modelos inadequados de atuação.
Sentimentos de medo.
Fobia e absenteísmo escolar.
Naturalizar o sofrimento, a discriminação,
a desvalorização de outras pessoas.
Pesadelos e insônia.
Desconfiar dos adultos por sua intervenção inadequada.
Depressão e ansiedade.
Sentir culpa por não encontrar a maneira
correta de lidar com a situação.
Desconfiança nas relações sociais e na resolução
pacífica dos conflitos.
Desconfiança dos adultos por sua intervenção
inadequada.
Sentimento de vingança.
Naturalização do ato de ser agredido, humilhado,
desvalorizado, discriminado.
Impotência diante da falta de ajuda e respostas.
Em casos raros e extremos, também pode haver
tentativas de suicídio.
DOCENTES
10
As testemunhas: são os(as) colegas que fazem parte do
grupo em que se desenvolve o assédio. Não participam
diretamente do bullying, mas observam e, às vezes,
atuam passivamente, porque respondem com um
silêncio complacente. Em algumas situações, atuam
adequadamente e querem parar a agressão, mas muitas
vezes não sabem o que fazer nem a quem pedir ajuda.
As testemunhas também podem chegar a participar das
agressões.
O(a) assediador(a): é quem deliberadamente usa a força
ou o poder para assediar alguém, normalmente sob o
olhar dos demais colegas. Ser observado faz com que se
sinta poderoso diante dos outros, mas ele ou ela toma o
cuidado de esconder seu comportamento na frente dos
docentes e demais adultos. Esse tipo de conduta pode
refletir necessidades afetivas, conflitos familiares ou
problemas não resolvidos adequadamente. Na verdade,
não há uma razão específica para que um(a) adolescente
atue como agressor(a).
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
11
As consequências para o(a) agressor(a) podem incluir:
Aprender a obter o que quer de forma distorcida.
Ter o rendimento acadêmico afetado ou
se ausentar da escola.
Adquirir atitudes precursoras de uma futura
conduta delituosa.
Alcançar o reconhecimento social e status dentro do
grupo com base no poder e violência.
Transferir as mesmas condutas para outros contextos.
Naturalizar as atitudes violentas e discriminatórias de
desvalorização dos outros.
Aprofundar problemas afetivos ou sociais não resolvidos
adequadamente.
Não compreender seus próprios problemas. Ao ser
rotulado como violento ou agressor, pode ser mais difícil
pedir e receber ajuda para resolver situações familiares
ou sociais.
Sofrer sansões disciplinares por parte da escola, de suas
famílias ou até mesmo rejeição de seus colegas.
“As crianças e adolescentes de ambos os sexos podem
mostrar comportamentos agressivos por várias razões.
Às vezes, perseguem ou intimidam alguém porque precisam de uma vítima para se sentirem mais importantes,
populares ou no controle do grupo. Podem escolher
alguém que pareça mais fraco emocional ou fisicamente,
que tenha um aspecto diferente ou aja de maneira diferente. Embora em certos casos os que se comportam de
maneira agressiva sejam maiores ou mais fortes que suas
vítimas, nem sempre é assim. Às vezes, os responsáveis
por atormentar os outros o fazem porque eles mesmos
DOCENTES
12
foram tratados dessa maneira ou vivem em um ambiente
onde existe discriminação. Possivelmente pensam que
seu comportamento é normal, porque provêm de famílias
ou de outros ambientes nos quais geralmente as pessoas
demonstram raiva, gritam, se insultam ou se desvalorizam.
Em suma, ambientes onde as emoções não se expressam
de maneira construtiva ou são reprimidas. Em todo caso,
não se pode esquecer que, seja qual for a razão, não se
justifica o assédio de um estudante contra outro. Tratase de compreender para saber como atuar.1
1
Tradução livre do original em espanhol: Rodríguez, Nora. Stop Bullying. Las mejores
estrategias para prevenir y frenar el acoso escolar. Barcelona, Editorial RBA, 2006.
O BULLYING
ENTRE MENINOS
E MENINAS
É DIFERENTE?
O bullying afeta meninos e meninas, mas é importante
levar em consideração que as formas de bullying são
muitas vezes diferentes. Segundo estudos, as meninas são
mais propensas a agressões verbais, enquanto os meninos
são mais inclinados às agressões físicas. Além disso, as
jovens são muitas vezes perseguidas e intimidadas pela
divulgação de boatos ou se convertem em alvos de
comentários ou agressões sexuais. Todas essas formas de
violência são prejudiciais e podem fazer parte do bullying.
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
13
E O QUE É O
CYBERBULLYING ?
O cyberbullying se produz quando a agressão e
a intimidação a um(a) colega ocorrem por meio
do uso da tecnologia e da Web (computadores, celulares e outros dispositivos eletrônicos).
Como se produz? Pode ser com mensagens
de texto cruéis, divulgação de falsos boatos
ou mentiras por e-mail ou nas redes sociais,
publicação de vídeos constrangedores para o
assediado e criação de perfis falsos nas redes
sociais ou sites destinados a zombar de alguém.
O cyberbullying se expande viralmente pela Web e
pode humilhar de uma maneira muito difícil de ser
detida. Por isso, é muito invasivo e danoso. As mensagens
e as imagens podem ser enviadas pelo(a) agressor(a) a
qualquer momento do dia e de qualquer lugar, inclusive
anonimamente, e podem ser compartilhadas com muita
gente. Dessa maneira, a vítima fica exposta a receber
agressões o tempo todo, mesmo estando em sua própria
casa. Além disso, as agressões permanecem na Internet
durante muito tempo, podendo afetar o(a) adolescente em
longo prazo.
DOCENTES
14
QUE TRABALHO
PREVENTIVO
PODEMOS FAZER
NA SALA DE AULA?
Esta seção recomenda que os docentes trabalhem com
os alunos e alunas no desenvolvimento de valores de
convivência e ambientes escolares cooperativos, nos
quais os conflitos possam ser tratados e resolvidos
de forma construtiva. Afinal, não se trata somente de
pôr a violência no centro do debate, mas também de
aprender novas formas de convivência para o exercício
de uma cidadania responsável em um ambiente escolar
democrático, inclusivo e equitativo.
Dessa maneira, haverá várias oportunidades de
transformar situações negativas em outras positivas
e favorecer uma convivência escolar harmônica, que
fará da escola um ambiente confortável para aprender
e ensinar.
Se o bullying é detectado desde o início, os
docentes, pais e mães podem intervir a tempo
e deter rapidamente os episódios de violência.
Por outro lado, se o assédio é de longa duração,
desarticular o problema levará mais tempo.
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
15
A intervenção em sala de aula é efetiva, porque
inclui todos os estudantes, muitos dos quais são
testemunhas de condutas de assédio ou intimidação.
Tratar o grupo como um todo cria a sensação de uma
comunidade educativa integral, na qual todos são
responsáveis pelos seus atos e pela prevenção de
comportamentos de perseguição e intimidação.
É importante que a direção da escola e os professores
avaliem e compartilhem essa iniciativa a partir do mesmo enfoque, não rígido, e que a condução esteja sob a
responsabilidade de um grupo de docentes. Assim, eles
podem se revezar para realizar as assembleias, já que
possivelmente essas reuniões tomem tempo de aula.
É fundamental dedicar horas ao trabalho específico
dos temas de convivência.

Algumas propostas a se considerar para a prevenção do
bullying na escola e na sala de aula:
• Organize reuniões ou assembleias. Os
intercâmbios ou assembleias na sala de aula,
programados em função das necessidades do
grupo e das possibilidades institucionais, podem
ajudar a reduzir os atos de perseguição e intimidação
a partir de reflexões sobre os conflitos grupais e
as relações entre os estudantes. Esses encontros
participativos favorecem um clima positivo para a
aprendizagem e para as relações sociais. Também
facilitam a identificação e a intervenção do professor
em situações de conflito que poderiam interferir
na aprendizagem e no desenvolvimento individual
e grupal dos estudantes. Essas reuniões podem
consistir em debates guiados pelos estudantes
ou docentes. Tratar o grupo como um todo cria
a sensação de comunidade, na qual todos se
tornam responsáveis por suas condutas, e gera
também laços solidários e atitudes de empatia.
DOCENTES
16
• Inclua debates sobre a prevenção em diversas
disciplinas. Os conteúdos específicos sobre bullying
incluem temas como: definição e tipos de atos de
perseguição e intimidação; seus efeitos e motivações;
pontos nevrálgicos onde essas situações são mais
propensas a ocorrer; papéis dos participantes
(incluindo as testemunhas); regras e políticas escolares
sobre o tema; estratégias de intervenção com o grupo;
os direitos, a discriminação e a visão crítica sobre os
estereótipos ou modelos nos meios de comunicação.
• Use literatura, vídeos e filmes para debater sobre as
respostas de um personagem aos atos de perseguição
e intimidação ou as dificuldades das relações entre
pares. Enfatize as respostas e decisões que adotaram.
• Valorize o trabalho em grupo. Estruture cada projeto
grupal para ajudar os estudantes a se conhecerem
melhor, defina diretrizes para trabalhar eficazmente em
grupo e estabeleça contingências para a possibilidade
de ter que lidar com conflitos. Atribua papéis que
aproveitem ao máximo os diversos talentos individuais,
em vez de reforçar as hierarquias sociais.
• Introduza temas para debate que não ponham o
olhar neles mesmos, mas que reflitam problemáticas
próprias da época, da adolescência ou da convivência.
Alguns tópicos possíveis:
Como a diversidade de gênero, etnia, deficiências,
situação socioeconômica e outros fatores afetam
o modo pelo qual diferentes grupos são tratados
dentro de diferentes sociedades? Quais os desafios
de ser adolescente ou pré-adolescente nos dias
atuais? Como se compara a experiência da juventude
de hoje com a de outras gerações?
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
17
Que políticas os sites de redes sociais possuem
sobre o cyberbullying e que condutas ultrapassam os
limites dos atos legais? Como essas políticas afetam
os direitos constitucionais dos usuários?
O que é melhor no final das contas: “ser popular” ou
“ser uma boa pessoa”?
Quais são as qualidades pessoais necessárias para
ter êxito no trabalho e nas relações sociais?
Como os estereótipos divulgados pela mídia
influenciam a questão do gênero ou da importância
da aparência e as atitudes dos estudantes em relação
aos colegas?
Como as nossas opiniões mudaram ao longo do
tempo sobre o papel da mulher, das pessoas de
outras raças e de outras religiões? Pedir ajuda a um
adulto é ser dedo-duro?
Como podemos ajudar a vítima sem nos convertermos
nos próximos assediados?
• Incentive os estudantes a organizar campanhas
de conscientização e prevenção ao bullying na
escola. Para isso, terão que se informar, refletir sobre
o tema e elaborar mensagens para alcançar toda
a sua comunidade. Algumas atividades possíveis:
confecção de cartazes ou pôsteres; concursos de
fotografia ou vídeo; mostras de arte; palestras para as
crianças menores da escola (inclusive para o ensino
infantil e fundamental I, se houver); publicações para
o blog da escola ou criação de um destinado a tratar
especificamente o problema do bullying; campanhas
para ganhar seguidores e ativistas para a causa nas
redes sociais, entre outras.
DOCENTES
18
• Convença toda a escola a assumir um compromisso
de prevenção ao bullying, que pode se tornar uma
das principais iniciativas dos alunos e alunas. Um
exemplo é a campanha CHEGA DE BULLYING http://
chegadebullying.com.br.
• Outro tema de trabalho em sala de aula poderá
ser o uso responsável das novas tecnologias de
informação e comunicação (TIC), abordando
tópicos como o cyberbullying e a cidadania digital.
Além disso, poderão utilizar as novas tecnologias
para se informar sobre o assunto e participar de
propostas de divulgação do tema.
• Promova a formação de um comitê de convivência
em sua escola, composto por docentes, gestores,
estudantes, pais e mães, que possibilite decidir
maneiras de atuar em situações de bullying na
instituição e onde se possam promover ações
preventivas, levando em consideração a diversidade
de vozes e opiniões na comunidade educativa.
• Valorize a diversidade. As escolas devem promover
a valorização da diversidade e reconhecer todos e
todas, não só os que se sobressaiam nos esportes, nas
artes ou os estudantes mais destacados. Não se deve
promover e premiar somente uma maneira de ser e de
agir. Todos os meninos e meninas têm valor e devem
ser reconhecidos por suas qualidades particulares.
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
19
COMO INTERVIR
QUANDO O
BULLYING OCORRE?
Cabe a cada escola decidir como agir quando se detecta
uma situação de bullying. A intervenção é o primeiro
passo para proteger a vítima. O docente deve saber
que existe uma grande diferença entre deter o bullying
quando está no início e enfrentá-lo quando já instalado.
A atuação do docente deve ser justa e coerente. Sempre
é melhor intervir, mesmo quando não está claro que a
intimidação ocorre.
A seguir, algumas orientações práticas para deter o
bullying:
• Se presenciar uma situação de assédio,
imediatamente detenha a agressão. Coloquese entre quem persegue ou intimida e quem está
sendo intimidado(a). De preferência, procure
bloquear o contato visual entre eles ou elas.
Não afaste nenhum estudante – especialmente
as testemunhas. Não pergunte de imediato nem
discuta sobre o motivo da agressão ou trate de
averiguar os fatos.
• Uma vez interrompido o assédio, converse sobre as
consequências negativas de perseguir ou intimidar
e sobre as regras de convivência da escola. Use um
tom natural para se referir aos comportamentos que
você viu/ouviu. Deixe claro para os estudantes que
incomodar ou intimidar é inaceitável e vai contra as
regras da escola. Faça-os refletir sobre sua atitude e
reconhecer o dano que provocam.
• Apoie o estudante que foi intimidado para que
se sinta seguro e a salvo de represálias. Ajude-o a
encontrar maneiras de pedir que não o persigam e
a buscar ajuda. Informe o acontecido aos demais
docentes.
• Inclua as testemunhas nas conversas e dê orientação sobre como poderiam intervir corretamente ou
pedir ajuda da próxima vez. Não peça às testemunhas
que expliquem publicamente o que observaram.
• O trabalho com o grupo deve tratar de desmitificar
aqueles que exercem seu poder mediante a violência.
Deve-se abrir o problema para discussão entre todos
e todas estudantes da sala de aula, a fim de encontrar
uma solução que os envolva e comprometa.
• Dependendo da gravidade do problema, a escola
participará aos pais e mães dos envolvidos.
• O tema também pode ser tratado em reuniões de
pais e mães, o que gerará conscientização sobre o
bullying e aproximará as famílias da escola. É muito
importante envolver os pais e mães, eles devem
sentir que a escola cuida de seus filhos e filhas, que
escuta seus problemas e colabora com a família na
educação e formação de valores.
• Avalie junto com a direção a possibilidade de
DOCENTES
20
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
21
sugerir aos pais e mães, tanto do(a) agredido(a)
quanto do(a) agressor(a), que busquem orientação psicológica, se houver mudanças significativas em seus comportamentos.
• Quando apropriado, a escola deverá impor consequências para os que perseguem ou intimidam,
segundo as regras de convivência escolar. Não
se exigirá que se desculpem ou façam as pazes no
calor do momento, todos deverão ter tempo para
“acalmar os ânimos”. Todas as consequências deverão ser lógicas e relacionadas à ofensa. É fundamental que sejam justas e estejam direcionadas a compreender e ajudar quem sofre e quem
pratica o bullying. Pergunte aos agressores sobre
seu comportamento e ofereça ajuda para mudar as
condutas nocivas. Certas medidas punitivas, como
suspensões ou expulsões, tendem a ser contraproducentes, porque fazem com que os jovens fiquem
calados e não ajudam a trabalhar as causas psicossociais que motivam o comportamento dos que
perseguem e dos que são perseguidos.
• O docente deve acompanhar não somente o(a)
adolescente agredido(a), mas também os estudantes
agressores. Todas as partes devem sentir que o
docente está ciente da situação para garantir que a
violência não aconteça novamente.
É um grande erro intervir apenas quando há um
conflito ou um processo de bullying. A prevenção
deve fazer parte do programa escolar. As
estratégias de prevenção devem ser destinadas a
promover habilidades emocionais e comunicativas
para que os alunos e as alunas aprendam a evitar
conflitos e a afrontá-los de maneira não violenta.
DOCENTES
22
AS REUNIÕES DE
PAIS E MÃES SÃO
NECESSÁRIAS POR
CAUSA DO TEMA?
Não raramente, a escola acusa algumas famílias de não
darem noções adequadas de socialização às crianças,
baseadas em princípios e valores que assegurem sua
capacidade de conviver respeitando os demais. Por sua
parte, as famílias se queixam que os docentes e demais
autoridades escolares são incompetentes para atender
de maneira adequada às necessidades e os problemas
dos estudantes. Essas premissas não somente não
resolvem o problema como também impossibilitam
a busca de soluções. Escolas e famílias devem formar
uma aliança em prol das crianças e adolescentes para
acompanhá-los e apoiá-los no seu desenvolvimento.
Por isso, as reuniões de pais e mães devem procurar
envolver as famílias no problema, comprometê-las na
prevenção e chegar a acordos entre escola e família.
O planejamento de cada reunião dependerá do seu
objetivo: informar sobre a temática, sensibilizar e refletir,
comunicar normas ou estratégias que a instituição
implementará, comprometer os pais na busca conjunta
de soluções para um problema específico. Poderá
haver a projeção de filmes para discussão, a análise de
assuntos da atualidade, a participação de um especialista
(psicólogo, pedagogo, etc.), jogos cooperativos para
que os pais e mães se conheçam e se familiarizem com
a instituição, ou atividades vinculadas a trabalhar o tema
da comunicação (escola-família, as famílias entre si,
crianças-adultos).
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
23
ATIVIDADES PARA
A SALA DE AULA:
Todas as atividades propostas podem ser realizadas com
diferentes grupos de idade. Ajustes deverão ser feitos
de acordo com o nível de aprofundamento que se deseje
alcançar em cada caso.
ATIVIDADE
Objetivos
FOTOS QUE FALAM
Que os alunos e alunas possam:
• Refletir sobre situações de
perseguição ou intimidação.
• Trabalhar em grupo.
• Manifestar seus sentimentos em
relação ao problema usando
imagens para se comunicar.
Desenvolvimento
O docente pedirá aos alunos e às alunas que leiam
a definição de bullying que está em suas apostilas
e os estimulará a pensar em exemplos desse tipo de
situações. Em seguida, eles se dividirão em pequenos grupos e o docente proporá que tirem uma
fotografia que represente alguma característica
do bullying e expresse um ponto de vista, usando
para isso seus celulares ou câmeras digitais. É importante que o docente trabalhe com os estudantes
sobre o poder de comunicação que as imagens
têm, que enfatize a possibilidade de transmitir uma
mensagem por meio de uma fotografia.
Uma vez planejada a composição da foto, poderão
tirá-la e, se necessário, retocá-la com algum programa
de edição.
DOCENTES
24
Em um primeiro instante, compartilharão as fotos
com seus colegas e cada grupo vai ouvir o que essa
imagem gera nos demais. Depois, poderão montar
uma exposição para o resto da comunidade,
divulgá-las em um blog, uma rede social, etc. Cada
grupo poderá decidir se complementa a fotografia
com um texto. Se decidirem pôr as fotos produzidas
na Internet é importante proteger a identidade
dos estudantes. Convém esclarecer que as fotos
foram concebidas e produzidas como parte de
um projeto escolar e que, portanto, são atuadas e
posadas, tendo como objetivo contribuir para que
as situações retratadas não aconteçam mais.
Algumas sugestões de perguntas para analisar as
fotos:
• Que tipo de abuso ou intimidação se vê na
fotografia?
• Quem recebe a agressão? Pode-se deduzir por que
está sendo agredido?
• Aparecem elementos discriminatórios no ato de
intimidação que a fotografia retrata? Quais?
• Quem está envolvido na situação?
• Como agem as testemunhas?
• Como se poderia intervir para deter a situação de
assédio?
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
25
ATIVIDADE
ATORES EM CENA
Que alunos e alunas possam:
Objetivos
• Identificar situações que
podem causar problemas para a
convivência escolar.
• Questionar as maneiras de agir
do próprio grupo.
• Buscar novas formas de reagir ou
agir perante situações de bullying.
Desenvolvimento
A técnica do role-playing, também chamada de
dramatização ou simulação, consiste em que duas
ou mais pessoas representem uma situação ou
caso concreto da vida real. Todos os participantes
atuam segundo o papel atribuído a eles para tornar
a representação mais real e autêntica.
Para desenvolver a técnica, os participantes podem
ser convidados ou escolhidos, sempre respeitando
o desejo dos estudantes de querer participar da
dramatização ou não. A cada estudante será atribuído
um papel que somente ele ou ela conhecerá, mas os
demais colegas não. Enquanto o docente distribui
os papéis, os estudantes que participarão da cena
poderão começar a compor seus personagens.
Os estudantes que não participarem da representação
serão espectadores. É importante esclarecer que não
poderão intervir até o fim da simulação.
DOCENTES
26
SITUAÇÃO 1
Os estudantes saem da sala de aula para ir ao
refeitório da escola.
PERSONAGENS
Júlia: é uma jovem tímida e boa estudante. Aproveita
o horário do intervalo para fazer a tarefa, já que,
quando chega em casa, tem outras atividades e não
tem tempo de fazê-la.
Paula: é muito amiga do Mateus e namorada do
Rafael. Tem muitos amigos. Júlia não é sua amiga, mas
não tem problemas com ela. Se conhecem desde
pequenas, porque moram no mesmo quarteirão e
brincavam quando crianças.
Rafael e Mateus: incomodam e intimidam Júlia sempre que têm oportunidade. Põem apelidos, pegam
suas coisas ou a importunam. São reconhecidos e
respeitados por seus colegas. Rafael é o namorado
de Paula.
SITUAÇÃO 2
Os estudantes estão na sala de aula. O professor
pede que formem grupos de trabalho para
realização de um projeto acadêmico.
PERSONAGENS
Luís: é novo na escola e ainda não fez amigos no
grupo. Sua família é imigrante.
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
27
Eduardo: tem atitudes discriminatórias em relação
a estudantes imigrantes e demonstra abertamente
seu desprezo por Luís.
Daniel: é amigo de Eduardo. Quando está sozinho,
não zomba de Luís nem o maltrata. Porém, quando
está com Eduardo, se junta às agressões e inclusive
as inicia.
Helena: é imigrante como Luís. Apesar de ter tido
dificuldades para fazer parte do grupo, agora já tem
muitas amigas. Os únicos que ainda a incomodam
são Eduardo e Daniel.
Andrea: é boa aluna e geralmente não tem conflitos
com outros estudantes. Faz parte do grupo de
amigos de Eduardo e Daniel.
Tiago: é amigo de Eduardo, Daniel e Andrea. Não
costuma perturbar os outros estudantes e não
participa quando seus amigos o fazem.
Professor
Os(as) intérpretes iniciarão e desenvolverão a cena com
a maior naturalidade possível. Viverão seus personagens
com espontaneidade, mas sem perder de vista a
objetividade, indispensável para reproduzir a situação tal
como foi definida.
O docente fará a interrupção quando considerar que
conseguiu informação e material ilustrativo suficientes
para proceder à discussão do problema, que é o objetivo
da representação. Por isso, não é necessário chegar a um
“fim” como nas obras teatrais. Bastará que a encenação
seja significativa para facilitar a compreensão da situação
proposta.
DOCENTES
28
Em seguida, será realizada a discussão da representação,
dirigida pelo docente. Primeiramente, todo o grupo exporá
suas impressões, fará perguntas aos intérpretes, discutirá o
desenvolvimento, proporá outras formas de reproduzir a
cena, sugerirá diferentes reações, etc.
Depois, será permitido aos intérpretes dar suas
impressões, explicar seu desempenho, descrever seu
estado de espírito durante a ação e dizer o que sentiram
ao interpretar o papel. Assim, o problema básico será
analisado a partir de uma “realidade” concreta, na qual
todos e todas participam, seja como atores e atrizes
ou espectadores. Em certos casos, convém repetir a
cena de acordo com as críticas, sugestões ou novos
enfoques propostos. Por exemplo, se Paula não interveio
na situação de assédio e isso é questionado pelos
colegas, a cena poderá ser repetida, com a condição
de que Paula agora reaja e defenda Júlia. Também
podem optar por usar novos atores para representar os
personagens. Finalmente, se tiram as conclusões sobre
o problema em discussão e se tomam notas sobre os
acordos alcançados.
A etapa da discussão é a mais importante do role-playing.
A encenação pode ser a mais atrativa, ao motivar o
grupo, fornecer dados específicos, situações “palpáveis”
significativas, para introduzi-los emocionalmente no
centro do problema em debate. Mas deve-se disponibilizar
o tempo que for necessário para a etapa da discussão,
que deve ter, no mínimo, meia hora.
Algumas perguntas para analisar as situações
dramatizadas:
• Quem intervém na situação?
Que papel cada um desempenha?
• Que tipos de atos de assédio foram dramatizados?
• Como se sentiu quem foi agredido?
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
29
•Q
ue sentimentos podem ter vivido os agressores?
O que poderia ter motivado seus comportamentos?
• Como se sentiram as testemunhas?
•C
omo é possível ajudar todos na situação
dramatizada?
•V
ocê acha que algum dos participantes poderia ter
agido de forma diferente?
ATIVIDADE
HORA DO JORNAL
Que os alunos e alunas possam:
Objetivos
• Caracterizar o bullying.
• Adotar posições em relação às
práticas de assédio escolar.
• Analisar as perspectivas dos
participantes nessa situação.
Desenvolvimento
Esta atividade retoma a modalidade de role-playing representada na proposta ATORES EM CENA. O docente
apresentará recortes de jornais com notícias relacionadas ao bullying ou solicitará previamente que os alunos
mesmos façam sua pesquisa.
Em pequenos grupos, os alunos e alunas lerão as
notícias e tirarão algumas conclusões sobre a forma de
atuar dos protagonistas, a intervenção dos adultos, as
consequências para os(as) envolvidos(as), etc.
Os jovens se dividirão em dois grupos. Um representará
a equipe de jornalistas; o outro, os entrevistados. O
objetivo é representar um programa de TV usando a
técnica da dramatização.
É importante que o docente considere que, muitas vezes, os meios de comunicação tratam o tema de ma-
DOCENTES
30
neira sensacionalista, relatando apenas os casos mais
extremos e chocantes. Portanto, esta atividade servirá
para analisar como a mídia trata o assunto, de maneira
crítica, junto com os alunos e alunas.
OS JORNALISTAS
O grupo de jornalistas deverá se dividir nos seguintes
papéis:
• Um ou dois estudantes serão os apresentadores
que abordarão o tema no programa. Os outros
estudantes serão os entrevistados. Algumas
possíveis perguntas para os entrevistados: você
já viveu alguma situação ou conhece algum
caso em que uma pessoa se sentiu intimidada
ou agredida por outra ou por um grupo? O que
faz você pensar que se trata de bullying? Quais
consequências você acha que essa situação traz
para quem agride, para a vítima e para aqueles
que assistem?
• O outro grupo de jornalistas deverá registrar por
escrito as respostas dos entrevistados.
OS ENTREVISTADOS
O grupo de entrevistados terá que atribuir diferentes papéis aos diversos integrantes da equipe
de trabalho – alguns desempenharão o papel de
vítimas ou testemunhas de bullying, outros podem
representar os agressores.
É importante notar que os entrevistados poderão
compartilhar não apenas experiências pessoais,
mas também aquelas vividas por outras pessoas
que conhecem, com os amigos e amigas, colegas
de escola, familiares, etc. Também podem inventar
situações ou contar algum caso publicado pela mídia.
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
31
CONCLUSÃO
estar previsto no código, para que a escola conte com
regras e limites no momento de detê-lo.
Para concluir a atividade, os jornalistas lerão suas
anotações e conclusões. Em seguida, será pedido
ao grupo que escreva um artigo de opinião para o
mural, jornal ou blog da escola, para enviar a um
jornal ou para publicar nas redes sociais.
Abrir o diálogo é uma ferramenta fundamental dos
adultos e adultas para acompanhar e guiar as crianças
e adolescentes nas relações baseadas no respeito pelo
outro e na valorização das diferenças. Escutar nossos
alunos e alunas e acompanhá-los na busca de soluções
está em nossas mãos e nos permitirá deter o bullying.
RESUMO
O bullying é um problema que afeta milhões de
estudantes em todo o mundo e prejudica todos os
envolvidos: os que são perseguidos ou intimidados, os
que intimidam e aqueles que presenciam as situações
de assédio e que muitas vezes não sabem o que fazer.
O bullying é inaceitável.
Todos e todas somos responsáveis. É possível agir
diante do problema fazendo uma parceria entre escola
e família para cuidar, proteger e criar ferramentas para
prevenir e deter o assédio entre pares.
Os problemas entre pares devem fazer parte do
trabalho de convivência em sala de aula, uma vez que
é um conteúdo transversal a toda disciplina formal.
Assim, haverá várias oportunidades de transformar
situações negativas em positivas, incentivar a
convivência escolar harmônica e criar um ambiente
favorável para aprender e ensinar.
Estabelecer uma comissão ou comitê de convivência
participativo, composto por todos os membros da
escola, estudantes e suas famílias, ajuda a implementar
ações consensuais, atuar de maneira coerente no
interior da instituição e envolver a comunidade no
problema. A comissão será encarregada de redigir
o código de convivência da escola. O bullying deve
DOCENTES
32
COMPROMISSO
CHEGA DE BULLYING
para adultos
Para assinar este compromisso online, acesse
chegadebullying.com.br
A campanha CHEGA DE BULLYING propõe que você
assine este compromisso de prevenção ao bullying.
Leve-o à sua escola para que outros docentes também
assinem e colaborem para o fim do bullying no ambiente
escolar. Convencer toda a comunidade escolar a assumir o
compromisso significa ser “Escola 100% Comprometida” e
merecedora de um reconhecimento por parte do Cartoon
Network e dos demais parceiros desta campanha.
O bullying não é “brincadeira de criança”. Ele pode ter
consequências prejudiciais para elas, suas famílias e
a comunidade. Como adulto, sei que posso ajudar de
várias formas. Aqui está o meu compromisso:
Não ficarei calado. Reconheço que, como adulto,
sou responsável e devo assumir uma posição em
relação ao problema, mesmo antes de ele atingir
meus familiares e amigos. Vou mostrar a todos que
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
33
ajo de maneira responsável diante de uma situação
de bullying, evitando combater a violência com
mais violência.
NOTAS:
Serei um defensor. Vou defender as crianças que
precisem de ajuda, tanto as minhas quanto outras
que necessitem do meu apoio. Incentivarei a
prevenção ao bullying por meio da capacitação de
toda a equipe da escola, para que todos conheçam
formas efetivas de proteger nossas crianças.
Serei um exemplo. Tendo um comportamento
exemplar, ajudarei as crianças a lidar com os
conflitos. Sei que posso fazer isso pacificamente,
tanto dentro da minha família quanto na escola e
na minha comunidade.
Serei um aliado. Vou me comprometer com as
ações implementadas na minha escola. Trabalharei
com pais e mães, educadores e outras pessoas
que se esforçam para acabar com o bullying,
especialmente se souber que meu filho está
envolvido.
O bullying faz com que as crianças queiram ser
invisíveis. E nós podemos mostrar a elas, por meio de
nossas ações, que as vemos, as escutamos e, o mais
importante de tudo, que elas podem contar conosco
para melhorar suas vidas. Assumir este compromisso
é o primeiro passo para formar uma comunidade que
pensa: chega de bullying. Não vou ficar calado.
ASSINATURA:
NOME:
DATA:
DOCENTES
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FUNDAMENTAL II E MÉDIO
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NOTAS:
DOCENTES
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NOTAS:
FUNDAMENTAL II E MÉDIO
37
NOTAS:
referÊncias
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Acesse: http://chegadebullying.com.br
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• Associação Chicos.net. “Programa Tecnología Sí”.
Acesse: www.programatecnologiasi.org.
DOCENTES
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FUNDAMENTAL II E MÉDIO
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chegadebullying.com.br
DOCENTES
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Coordenação de conteúdo: Plan Internacional e Cartoon Network
APOSTILA 5
Para pais,
mÃes e
responsÁveis
INFORMAÇÕES E ATIVIDADES
INTRODUÇÃO
Estas páginas são dedicadas aos pais, mães e responsáveis,
porque os adultos que acompanham as crianças e adolescentes no dia a dia são quem melhor os conhecem e buscam
seu bem-estar desde pequenos.
O bullying é agredir ou humilhar outra pessoa de maneira
repetida ao longo do tempo. Insultar, espalhar rumores, ferir
física ou emocionalmente e ignorar alguém também são formas
de bullying entre estudantes.
Pais, mães e responsáveis estão preparados para dar
amor, cuidados, orientação e educação, mas, muitas
vezes, enfrentam situações para as quais podem não estar
preparados. O bullying é uma delas.
O bullying pode ocorrer pelo celular, pessoalmente, por escrito,
na escola, no bairro, em algum meio de transporte ou em outros
espaços onde as crianças e adolescentes se encontrem com
frequência, como as redes sociais. Seja onde for, o bullying não
deve ser permitido, é inaceitável.
É comum o bullying permanecer “invisível” para pais e mães,
mesmo os mais atentos e sensíveis, porque ele acontece
no ambiente escolar e, por medo ou vergonha, as crianças
relutam em falar do assunto. Prevalece uma espécie de lei
do silêncio que não é fácil romper.
Todos os meninos e meninas têm direito de viver sem
serem vítimas da violência. Como parte vital da comunidade
escolar, pais e mães também têm o direito – ou melhor, o
dever – de se envolver e colaborar com alunos, alunas e
docentes na prevenção ao bullying.
Para acabar com o bullying, é necessário se informar e não
ficar calado. Se os meninos e meninas conversarem com
seus pais, mães, educadores e outros adultos de confiança,
é possível deter o problema. Mas são necessários um plano
de ação, debates construtivos, um pouco de coragem e
muitos conselhos práticos para fazer frente a essa questão.
Se pais e mães se manifestarem, será possível tornar as
escolas lugares onde as crianças e adolescentes aprendam e
desfrutem de um ambiente seguro. Isso colaborará para que
o respeito mútuo seja uma regra em toda a comunidade.
As informações contidas nesta apostila serão apenas o
ponto de partida para saber o que é o bullying. Sem dúvida,
conhecer o problema é o primeiro passo para detê-lo.
2
O QUE É O BULLYING ?
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
O bullying é um problema que afeta milhões de meninos e
meninas sem importar de onde são, nem de onde vêm. É um
problema grave, principalmente nas escolas, que precisa ser
resolvido o quanto antes.
Os que praticam bullying perseguem os meninos e meninas
mais vulneráveis. Escolhem aqueles(as) que são diferentes,
porque não usam a roupa da moda, porque fazem parte de uma
minoria social ou racial, porque estão em desenvolvimento e
parecem desajeitados, porque estão acima do peso ou possuem
algum traço característico (como orelhas ou nariz grandes),
porque apresentam uma deficiência ou até mesmo porque são
mais estudiosos ou muito tímidos. Os meninos e meninas que
praticam bullying não necessitam muito para se inspirar, se têm
a intenção de ferir, humilhar ou excluir alguém de seu círculo de
amigos ou amigas. O bullying não afeta somente os que sofrem
os ataques, mas também causa dano às testemunhas próximas,
especialmente se eles e elas não sabem o que fazer a respeito.
Na maioria dos casos, o assediado ou a assediada
permanece calado(a) diante do abuso a que está
sendo submetido(a). Essa situação intimidadora
produz angústia, dor e medo.
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
3
O bullying se sustenta ao longo do tempo, ocorre com
frequência e sempre existe a intenção de magoar ou
humilhar.
O bullying não é uma piada ou uma brincadeira de
criança, é inaceitável.
A LINGUAGEM QUE USAMOS
Nesta apostila, aplicamos a palavra “vítima” para descrever
um(a) estudante que está sendo intimidado(a). Porém,
não a usamos como uma condição em si, mas como um
comportamento temporal. Essa palavra é de uso comum
nas conversas cotidianas, nos meios de comunicação e,
inclusive, para a lei. No entanto, ela não nos convence,
já que frequentemente dá a ideia de passividade ou
debilidade. Não é assim que vemos os meninos e meninas
que são intimidados. Pelo contrário, são jovens ativos
que defendem seus direitos e os dos demais, e que têm
toda possibilidade de mudança. Da mesma maneira,
usamos o termo “agressora(a)” para nos referir a um
comportamento e não a uma condição permanente.
Sabemos que, às vezes, nossa linguagem e nossa forma
de dizer as coisas discriminam, tornando as meninas,
adolescentes e mulheres “invisíveis”. Portanto, em
muitos casos, usamos “meninos e meninas” em vez de
apenas “crianças”, e “mães e pais” no lugar de “pais”. No
entanto, preferimos não recorrer a formulações como
“assediado(a)” ou “professor(a)” de forma frequente,
porque, apesar de serem mais inclusivas, tornam a leitura
mais difícil, especialmente para as crianças.
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
4
TODA AGRESSÃO É
BULLYING ?
É importante distinguir as situações de abuso que podemos
enquadrar no bullying de outras manifestações agressivas
esporádicas, que não são propriamente bullying, como as
habituais “zoações”, as brincadeiras brutas, grosserias ou
brigas que, muitas vezes, ocorrem entre colegas no âmbito
escolar.
Deve-se observar que é frequente nas relações entre pares
o surgimento de divergências que geram conflitos e maustratos entre eles e elas, sem que devam ser considerados
situações de abuso e intimidação propriamente ditas. As
brigas, os problemas entre colegas ou entre amigos, o uso de
“palavrões” ou vocabulário inapropriado são frequentes em
todas as populações de crianças e adolescentes. Porém, se
esses cenários não são resolvidos adequadamente, podem
gerar problemas na convivência escolar ou naturalizar a
agressão como forma de resolver conflitos.
Outra distinção importante é a que ocorre em situações
de conflito intragrupal, em que um ou mais estudantes
se desafiam ou se enfrentam em lutas/brigas, a fim de
resolver seus conflitos ou para estabelecer o poder de
uma pessoa sobre as demais ou de um grupo sobre
outro. O que distingue essas situações do assédio é a
igualdade de condições, físicas ou psicológicas, entre
os grupos em questão. No assédio escolar, ou bullying,
há uma desigualdade entre o(s) assediador(es) e o
assediado, que nem sempre encontra a maneira de se
defender do abuso.
Para facilitar a distinção das situações de assédio daquelas
que não são, listamos algumas das características que
devem estar presentes para que uma situação seja definida
como bullying:
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
5
Intencionalidade na agressão, seja física, verbal ou virtual.
Desequilíbrio de poder entre o assediado ou a
assediada e o assediador ou a assediadora (em que o
último é mais forte que o primeiro, seja essa diferença
real ou subjetiva, percebida por um(a) deles(as) ou por
ambos). A desigualdade de poder pode ser de ordem
física, psicológica ou social, gerando um desequilíbrio de
força nas relações interpessoais.
Repetição da agressão ao longo de um tempo e de forma
constante contra a mesma vítima e sem motivo algum.
O QUE É O CYBERBULLYING ?
O cyberbullying se produz quando a agressão e a
intimidação a um(a) colega ocorrem por meio do uso da
tecnologia e da Web (computadores, celulares e outros
dispositivos eletrônicos).
gente. Dessa maneira, a vítima fica exposta a receber
agressões o tempo todo, mesmo estando em sua
própria casa. Além disso, as agressões permanecem na
Internet durante muito tempo, podendo afetar a criança
ou adolescente em longo prazo.
TODOS E TODAS SÃO AFETADOS
O assédio escolar envolve uma série de consequências
negativas, não somente para quem é assediado(a), mas
também para o(a) assediador(a) e para as testemunhas do
fato. A seguir, descrevemos algumas das consequências
para os envolvidos na situação:
QUEM SOFRE O ASSÉDIO
É a criança ou adolescente vítima de perseguição
ou intimidação.
Pode apresentar sinais de:
Baixa autoestima ou autoimagen negativa.
Queda no rendimento acadêmico.
Como se produz? Pode ser com mensagens de texto
cruéis, divulgação de falsos boatos ou mentiras por e-mail
ou nas redes sociais, publicação de vídeos constrangedores para o assediado e criação de perfis falsos nas redes sociais ou sites destinados a zombar de alguém.
Sensações de raiva e medo.
O cyberbullying se expande viralmente pela Web e
pode humilhar de uma maneira muito difícil de ser
detida. Por isso, é muito invasivo e danoso. As mensagens
e as imagens podem ser enviadas pelo(a) agressor(a) a
qualquer momento do dia e de qualquer lugar, inclusive
anonimamente, e podem ser compartilhadas com muita
Desconfiança nas relações sociais.
Fobia e absenteísmo escolar.
Pesadelos e insônia.
Depressão e ansiedade.
Desconfiança dos adultos por sua
intervenção inadequada.
Sentimento de culpa por ser agredido(a).
Problemas de saúde.
Recorrer à violência como forma de se defender.
6
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
7
QUEM TESTEMUNHA
Aprendizagem distorcida de como obter seus objetivos.
São aqueles que fazem parte do grupo em que se
desenvolve o assédio. Não participam diretamente, mas
observam e, muitas vezes, agem passivamente diante do
bullying, porque não sabem como intervir. Outras vezes,
também se juntam às agressões. Embora não sejam
vítimas diretas, também sofrem e podem temer ser os
próximos assediados(as) se expressarem seu desacordo
ou compadecimento pela vítima, ou se não se aliarem aos
“poderosos” ou às “poderosas” do grupo.
Atitudes precursoras de conduta delituosa.
Transferência da agressão a outros contextos.
creditar que a agressão e a violência são o caminho para
A
a resolução dos problemas.
umilhar o outro para expressar as dificuldades sociais
H
ou familiares.
As testemunhas podem sofrer consequências como:
A
prendizagem deficiente sobre como se comportar em
situações injustas.
E
xposição, observação e reforço de modelos inadequados de atuação.
alta de sensibilidade em relação ao sofrimento dos
F
outros, já que se produz uma desensibilização pela
frequência dos abusos.
Desconfiança dos adultos por sua intervenção inadequada.
Medo de se tornar vítimas.
QUEM ASSEDIA
É quem deliberadamente faz uso da força ou do poder
para maltratar outra pessoa.
Isso pode levar a:
Envolvimento em brigas.
É DIFERENTE ENTRE
MENINOS E MENINAS?
Embora o bullying afete tanto as meninas quanto
os meninos, é importante considerar que as formas em que se manifesta entre eles são diferentes.
Estudos indicam que as meninas e adolescentes
mulheres são mais propensas a se agredir verbalmente, enquanto os meninos são mais inclinados
aos ataques físicos, talvez pela “cultura do machismo” que ainda persiste na América Latina.
Além disso, as meninas tendem a ser perseguidas
pela divulgação de boatos ou se convertem em
alvo de comentários ou agressões sexuais. Todas
essas formas de violência são prejudiciais e podem fazer parte do bullying.
Queda no rendimento escolar.
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
8
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
9
PODE SER QUE MEU FILHO OU
FILHA SEJA VÍTIMA DE BULLYING ?
Muitas vezes, pais, mães ou responsáveis pelas vítimas
são os últimos a descobrir que seu filho ou filha está
sofrendo bullying por parte de seus colegas. Vergonha
e medo são os principais motivos do silêncio da criança
ou do adolescente assediado ou assediada. É possível
também que se mantenham calados por não saber como
agir nem a quem recorrer para pedir ajuda.
Pais e mães devem estar atentos aos seguintes indícios de
que seu filho ou filha pode estar sendo vítima de assédio
escolar:
Mudanças de comportamento.
Mudanças de humor.
Tristeza, choro ou irritabilidade.
Pesadelos, alterações no sono e/ou apetite.
Dores corporais, de cabeça, de estômago ou vômitos.
P
erda ou deterioração frequente de seus pertences
escolares ou pessoais, como óculos, cadernos, mochilas,
etc.
S
urgimento de machucados, contusões ou arranhões.
Quando questionado(a) sobre o que houve, responde
que caiu.
Falta
de vontade de sair ou de se relacionar com
os colegas.
Recusa em participar de excursões ou passeios da escola.
Falta de vontade de ir à escola – pode protestar ou dizer
que está doente.
uerer ser acompanhado na saída ou na entrada
Q
da escola.
10
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
O QUE DEVO FAZER SE
MEU FILHO OU FILHA
SOFRE BULLYING?
Parabenize seu filho ou filha pela coragem de falar com
você sobre o que está acontecendo. Diga que ele ou ela não
está sozinho(a) e que muitas crianças e adolescentes sofrem
agressões de seus colegas em algum momento, mas que
juntos vocês poderão solucionar o problema.
Escute com atenção os relatos de seu filho ou filha sobre o
incidente de perseguição ou intimidação. Peça que descreva
quem esteve envolvido, como, quando e onde aconteceram
os episódios.
Descubra o máximo que puder sobre as táticas de
perseguição e intimidação que estão usando contra ele ou
ela. Pergunte se pode nomear outros colegas ou adultos que
possivelmente testemunharam o fato.
Estabeleça um vínculo de empatia com o seu filho ou filha.
Diga que intimidar é errado, que não é sua culpa e que você
se alegra por ele ou ela ter tido a coragem de contar o que
aconteceu. Pergunte ao seu filho ou filha o que acha que
você pode fazer para ajudá-lo(a). Garanta que você pensará
sobre o que deve ser feito e que ele ou ela ficará sabendo
como planeja agir.
Não culpe seu filho ou filha por ser perseguido(a). Não
suponha que ele ou ela provocaram os maus-tratos. Não
diga: “O que você fez para irritar o seu colega?”.
Enxergue isso como uma oportunidade para refletir sobre
a própria cultura familiar. Pergunte-se: “Meu filho ou filha
aprendeu a recorrer à violência ou ficar calado diante das
agressões dos outros?”. Se acredita que seu filho ou filha
deve mudar algumas atitudes, talvez você mesmo devesse
rever certos comportamentos e valores. Seja um bom
exemplo.
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
11
Se discordar do modo como seu filho ou filha lidou com a
situação de perseguição ou intimidação, não o(a) repreenda.
Não incentive qualquer reação ou represália física (“devolva
na mesma moeda”). Bater em um(a) colega não acaba
com o problema e pode fazer com que seu filho ou filha
seja responsabilizado(a) conforme as regras de convivência
escolar. Responder com violência só agrava a situação.
Controle suas emoções. Os instintos protetores de um pai
ou mãe provocam emoções fortes. Mesmo que seja difícil, é
aconselhável tomar distância e analisar cuidadosamente os
próximos passos a seguir.
Comunique-se com a escola. Informe as autoridades
escolares e os docentes sobre a situação e exija
que o bullying seja trabalhado de forma integral no
estabelecimento.
SERÁ QUE O MEU FILHO OU
FILHA É QUEM ASSEDIA?
O mais indicado para evitar que um filho ou filha se torne
um(a) assediador(a) é educá-lo(a) a sempre respeitar o
outro, especialmente quando ele ou ela é diferente em algum
aspecto. Aceitar a diversidade das pessoas quanto às suas
opiniões, sua classe social, raça ou religião, lugar de origem,
seus vínculos, sua família, aparência física ou forma de se vestir
sempre serão uma garantia de que seu filho ou filha agirá de
maneira correta com os demais.
No entanto, pode acontecer de um filho ou filha ser agressivo
ou intolerante com os outros. É difícil para um pai ou uma
mãe perceber isso e muito menos se dar conta de que o
faz de maneira frequente e intencional. Mas, se assim for,
esse pai ou mãe tem a obrigação de encarar o problema
e não “olhar para o outro lado” ou culpar os outros. A
12
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
intervenção oportuna protegerá a criança ou adolescente
de consequências negativas que provavelmente ele ou ela
não são capazes de prever.
Acima de tudo, considere que, se seu filho ou filha está
envolvido(a) em atos de perseguição ou intimidação, seguramente precisa ser ajudado(a) e escutado(a). Essas condutas, embora questionáveis e não justificadas por qualquer
problema que possa ter, podem estar manifestando algum
conflito pessoal e ser um chamado de atenção. A instância
do diálogo sempre deverá ser a via pela qual se pode tentar
compreender um filho ou filha que se comporta agressivamente com os colegas.
É importante considerar as seguintes sugestões, se comprovar que seu filho ou filha assedia ou discrimina um(a) colega:
Deixe claro que você considera os atos de perseguição ou
intimidação sérios e que não vai tolerar tais comportamentos.
Crie regras claras e coerentes para sua família, que guiem o
comportamento de seus filhos e filhas. Elogie e apoie seus
filhos(as) quando seguem as regras e utilize medidas disciplinares não físicas nem hostis para as violações dessas regras.
Passe mais tempo com seu filho(a) e supervisione cuidadosamente suas atividades.
Conheça os amigos e amigas de seus filhos, permita que eles
e elas os convidem para vir à sua casa e preste atenção em
como passam o tempo livre.
Promova os talentos de seu filho ou filha, estimulando a participação em atividades sociais (clubes, aulas de música, esportes em equipe, etc.)
Compartilhe suas preocupações com o docente, coordenador
e/ou diretor da escola. Trabalhe com eles para transmitir mensagens claras sobre a importância de parar a perseguição ou
intimidação.
Se você e/ou seu filho(a) necessitam de ajuda adicional, fale
com um orientador escolar e/ou profissional de saúde mental.
Importante: escute seu filho ou sua filha!
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
13
VAMOS CONVERSAR SOBRE
BULLYING EM CASA
Pais e mães muitas vezes não sabem como abordar temas
difíceis com seus filhos e filhas. Desejam conversar e ao
mesmo tempo escutá-los, mas não sabem como ou quando
iniciar esse tipo de diálogo ou rapidamente o transformam
em interrogatório ou sermão.
Por sua vez, filhos e filhas desejam que seus pais e mães
falem com eles sobre questões delicadas. No entanto, só
se aproximam buscando respostas se sentem que estão
abertos às suas perguntas e necessidades. Depende de
você criar um clima de confiança para que seus filhos e
filhas se sintam completamente confortáveis para fazer
perguntas ou comentários sobre situações que vivem ou
coisas que os preocupam.
Outras sugestões a considerar se seu filho ou filha conta
que é habitualmente assediado por seus colegas:
Tenha certeza de que, se ele ou ela veio conversar, é
porque a situação o(a) afeta muito, especialmente se é
vítima de agressões verbais. Às vezes, os adultos não as
consideram tão importantes e, no entanto, são as que mais
dano podem causar.
Nunca diga a seu filho ou filha que ignore a agressão ou
intimidação. O que ele ou ela poderia realmente “ouvir” é
que você vai ignorá-lo(a). Se a criança ou adolescente fosse
capaz de simplesmente ignorar, não haveria dito nada a
respeito. Muitas vezes, ignorar as ofensas ou intimidações
permite que se tornem mais graves.
Inicie a conversa disposto a escutar, evite juízos de valor e
deixe que seu filho ou filha fale, mesmo se ele ou ela for o(a)
agressor(a). Se decidiu falar com você, é porque sua situação
o(a) preocupa e está buscando compreensão e ajuda.
14
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
Reserve tempo para conversar com seu filho ou filha. Não
converse logo antes de sair para a escola ou trabalho, a
caminho de outros lugares ou enquanto realiza outra tarefa.
Quantas vezes não escutamos nossos filhos ou filhas enquanto dobramos a roupa, nos preparamos para a reunião do
dia seguinte ou empurramos o carrinho do supermercado? É
compreensível que às vezes não se possa evitar, mas é importante encontrar o momento de dar a eles atenção exclusiva.
Escute atentamente seus filhos e filhas, isso fortalece sua
autoestima, porque se dão conta do quanto são importantes
para você. Isso pode abrir portas para valiosas conversas sobre
vários assuntos difíceis. Além do mais, escutar com atenção
ajuda pais e mães a se informarem sobre o que seus filhos e
filhas realmente querem saber e também a conhecer o quanto
compreendem sobre determinado assunto.
Muitas vezes, pode levar tempo antes que os filhos e filhas
tomem coragem para compartilhar suas histórias. Como
adultos e adultas, nos vemos tentados a completar as palavras
e frases de nossos filhos para chegar mais rapidamente
ao ponto. Evite fazer isso. Ao escutar nossos filhos e filhas
pacientemente, permitimos que eles pensem de acordo com
seu próprio ritmo e fazemos com que sintam que investir
nosso tempo escutando o que têm para contar vale a pena.
COMO COMEÇAR
UMA CONVERSA?
Falar do problema do bullying é importante, independentemente de seu filho ou filha estar envolvido(a) ou
não. É uma forma de prevenir situações negativas; de
abrir espaços de diálogo para que ele ou ela saiba que, se
confrontado(a) com uma situação desse tipo, pode falar
com você; e também de gerar confiança para que ele ou
ela conte se algo está acontecendo, mas não pôde falar
até agora.
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
15
Embora qualquer pai e mãe deseje que seus filhos e filhas se
sintam suficientemente confortáveis para vir até eles com
suas dúvidas e preocupações, a verdade é que nem sempre
é assim. Muitas vezes, é necessário que os pais iniciem a
conversa.
Algumas sugestões:
Aproveite alguma notícia que tenha saído nos jornais, na
televisão ou nas redes sociais para comentá-la em família.
Fale e opine sobre o tema. Dessa maneira, seu filho ou filha
saberá que você é sensível ao problema e encontrará a oportunidade de falar, se quiser. Não pressione seu filho ou filha
para que fale ou conte sua experiência pessoal, comente a
notícia com naturalidade, introduza o tema, mas não insista.
Se ele ou ela decidir falar, escute o que tem a dizer com
calma. Para dar opiniões e conselhos haverá tempo, primeiro
é preciso ouvir.
A hora do jantar é um bom momento para que cada
membro da família conte como foi seu dia. Você também
pode contar um problema que teve e perguntar aos seus
filhos e filhas se tiveram algum conflito na escola.
Se percebe alguma mudança de comportamento ou um
sinal físico (lesão, contusão, etc.) em seu filho ou filha, faça
um comentário e pergunte o que aconteceu de maneira
tranquila, sem expressar de imediato suas suspeitas sobre
a causa.
Se o menino ou menina é pequeno(a), além do diálogo,
você pode seguir as sugestões abaixo, principalmente
se perceber que ele ou ela está tendo dificuldades de
relacionamento com os colegas:
Convide seus colegas para brincar em casa. Trate de incluir
diversas crianças, não só aquelas que já têm vínculos com
ele ou ela.
Estimule a participação em atividades em grupo (atividades
recreativas, esportivas ou sociais).
16
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
Quando comemorar um aniversário, tente convidar toda a
turma da sala, sem discriminar ninguém. Todos são colegas,
embora nem todos sejam amigos e amigas.
Fale sobre a diferença entre colegas e “melhores amigos e
amigas”, sempre ressaltando a importância de ser educado
e se dar bem com todo o grupo.
Em casa, não estimule atitudes de competitividade entre as
crianças.
É necessário que as orientações sobre não discriminação
e respeito pelas diferenças sejam valores compartilhados
pela família para que a criança os assuma também como
valores próprios.
O QUE FAZER SOBRE O
CYBERBULLYING ?
O cyberbullying é o assédio virtual. Em vez de ocorrer cara
a cara, acontece por meio do uso da tecnologia e da Web
(computadores, celulares e outros dispositivos eletrônicos). O
cyberbullying é muito diferente, porque as mensagens e as
imagens podem ser enviadas a qualquer momento do dia,
de qualquer lugar, inclusive anonimamente, e compartilhadas
com muitas pessoas ao mesmo tempo.
Pais e mães podem ajudar filhos ou filhas a usar as
tecnologias de maneira responsável, respeitando
os demais e evitando alguns riscos. Nesse sentido,
é importante que pais e mães conheçam as novas
tecnologias de informação e comunicação que as crianças
e adolescentes usam. E ainda que eles dominem melhor
seu uso, pais e mães devem cumprir o papel de guia para
que seus filhos e filhas utilizem as tecnologias baseados
em valores positivos, respeitando os direitos dos demais,
sem discriminar ninguém e cuidando de sua privacidade.
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
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Algumas dicas para explicar às crianças e aos adolescentes
os riscos aos quais podem ser expostos ao usar tecnologias:
Converse com seu filho ou filha sobre as atividades que ele
ou ela realiza na Internet. Conheça os sites e as redes sociais
que utiliza e os programas e jogos que costuma usar.
Defina regras claras sobre o uso da tecnologia. Estabeleça
horários, tempos de utilização e modos de se comportar.
Se possível, coloque o computador/laptop em uma área comum, não no quarto dele ou dela.
Se ele ou ela é pequeno(a), entrem juntos nos sites em que
navega. Esclareça que deve proteger sua privacidade, que
não pode dar dados pessoais ou bater papo com desconhecidos. Peça para ser informado se receber uma solicitação de amizade de algum programa de chat e diga que
você deve autorizar ou não o pedido.
Se seu filho ou filha é adolescente, também é importante
que tenha claras as regras para proteger sua privacidade e
que conheça os riscos de se comunicar com desconhecidos.
Estabeleçam juntos os critérios para decidir quais fotos publicar e quais expõem tanto ele ou ela quanto seus amigos.
Abra sempre o diálogo para que seu filho ou sua filha possa
contar se acontecer algo incômodo ou arriscado na Internet.
Se seu filho ou filha usa a Internet em lugares públicos, é
importante que você conheça o lugar e que dê instruções
claras sobre os sites que pode visitar e os cuidados que deve
ter ao fechar sua sessão em um computador que não lhe
pertence.
Explique ao seu filho ou filha que os menores de 13 anos não
podem se registrar nas redes sociais e que os riscos existem
também para os maiores, se não souberem como se proteger. Compartilhe com eles as políticas e ferramentas das
redes sociais sobre privacidade e segurança dos usuários e
assegure o seu cumprimento.
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PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
Ensine seu filho ou filha como agir e aconselhe denunciar se
ocorrer algum incidente ou assédio online persistente (não
responder a provocações, guardar as provas, abandonar a
conexão, pedir ajuda).
EM CONTATO
COM A ESCOLA
Diante de situações difíceis, pais, mães e escola geralmente
iniciam uma troca de acusações. Comentários como esses
são habituais por parte de pais e mães: “Na escola não fazem
nada”, “Onde estava o professor quando isso acontecia?”,
“Não é a primeira vez que acontece”, entre outras queixas
semelhantes. Por outro lado, dos integrantes da escola
geralmente se ouve: “A família é problemática”, “Os pais e
mães trabalham o dia todo”, “Não temos com quem falar”,
“Os pais e as mães desta escola não colaboram”, “Os pais e
mães são extremamente permissivos”, e assim por diante.
É importante ter claro que escola e família devem constituir
uma aliança para educar e acompanhar as crianças e
adolescentes. Todos trabalham para o desenvolvimento
integral desse menino, menina ou adolescente, e jogar a
culpa um no outro não ajudará a solucionar o problema.
Se detectar que seu filho ou filha está sendo vítima de
assédio escolar, é fundamental recorrer à escola. Para
informar e ser informado sobre o que está acontecendo,
para conhecer as estratégias utilizadas para resolver
o problema, para acordar maneiras de acompanhar a
criança ou adolescente e para formar uma rede de apoio
para seu filho ou filha.
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
19
Comunique-se com o docente ou direção da escola para
abordarem o problema juntos. Vá à escola se receber um
convite da direção ou dos docentes para conversar.
Muitas vezes, pais e mães resistem em relatar os incidentes
de agressão ou intimidação aos docentes, mas esses
incidentes não cessarão sem a ajuda dos adultos.
Controle suas emoções. Dê informações concretas sobre a
experiência de seu filho ou filha agredido(a) ou intimidado(a):
relate quem, o que, quando, onde e como.
Enfatize que deseja trabalhar com a equipe da escola para
encontrar uma solução e deter a perseguição ou intimidação
pelo bem de seu filho ou filha e para o bem do resto dos
estudantes.
Não entre em contato com o pai ou mãe do estudante que
agrediu ou intimidou seu filho ou filha. Essa é geralmente
a primeira reação de um pai ou mãe, mas pode piorar as
coisas. Os docentes ou diretores deveriam se comunicar
com os pais e mães dos agressores.
Não descuide do assunto uma vez que o tenha relatado
à escola. Siga os acontecimentos de perto e observe as
mudanças de humor do seu filho ou filha.
Espere que as agressões ou intimidações cessem. Fale
regularmente com seu filho ou filha e equipe da escola para
ver se as perseguições cessaram ou não.
Incentive soluções baseadas na reparação do dano e não
na vingança. Não exija punições para os estudantes que
perseguem seu filho ou filha. As políticas de tolerância
zero não trabalham a raiz do problema. Deve-se trabalhar
de perto com todos os estudantes envolvidos para mudar
comportamentos e lidar com as origens da questão.
20
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
Pais, mães e toda a equipe da escola têm a
responsabilidade de se unir para fazer das escolas
lugares livres de violência e de bullying. Um caso de
bullying não se resolve somente com a abordagem
de um conflito em particular ou com punições e
castigos. É importante que os pais reconheçam
como é complexo para docentes e gestores zelar
pela conduta e pelos valores de toda a comunidade
escolar. Da mesma forma, é fundamental que
a escola aborde o bullying de modo integral e
preventivamente, com a participação das famílias
no programa de convivência escolar, mantendo-as
informadas sobre o trabalho realizado para que
acompanhem a iniciativa também em suas casas.
CONCLUSÃO
Como vimos nestas páginas, os pais e mães podem fazer
muito para ajudar a prevenir e a deter o bullying. Parar
o bullying depende de adultos que se envolvam, que
estejam abertos ao diálogo, que aprendam estratégias
efetivas, que estabeleçam regras claras e que estejam
muito atentos. As crianças e adolescentes precisam
saber que os adultos responsáveis estão presentes
para guiá-los e protegê-los. Eles e elas necessitam que
esses adultos possam reconhecer rapidamente o bullying
e intervir com segurança e coerência.
Pais, mães, crianças e adolescentes têm direito a escolas
seguras, nas quais exista respeito mútuo. Os adultos
devem assumir a responsabilidade de proteger nossos
meninos e meninas.
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
21
Para recordar:
O bullying é um problema que afeta milhões de estudantes
em todo o mundo e prejudica todos os envolvidos: quem é
perseguido ou intimidado, quem intimida e quem presencia
as situações de assédio e muitas vezes não sabe o que fazer.
É possível atuar frente a este problema formando uma aliança
entre escola e família, com o objetivo de cuidar, proteger e
desenvolver ferramentas para prevenir e deter o assédio
entre pares.
O diálogo é a ferramenta fundamental para que os adultos
acompanhem e orientem as crianças e adolescentes a terem
relações baseadas no respeito pelo outro e na valorização das
diferenças.
COMPROMISSO CHEGA DE
BULLYING PARA ADULTOS
Para assinar este compromisso online,
acesse chegadebullying.com.br
Propomos a você assinar o seguinte compromisso para
dizer CHEGA DE BULLYING! Compartilhe-o com outros
pais e mães para difundir a temática e incentivar que
ela seja trabalhada em suas escolas. Convencer toda a
comunidade escolar a assumir o compromisso significa
ser uma “Escola 100% Comprometida”, merecedora de
reconhecimento por parte do Cartoon Network e dos
demais parceiros desta campanha.
O bullying não é “brincadeira de criança”. Ele pode ter
consequências prejudiciais para elas, suas famílias e a
comunidade. Como adulto, sei que posso ajudar de
várias formas. Este é o meu compromisso:
Não ficarei calado. Reconheço que, como adulto, sou responsável e devo assumir uma posição em relação ao problema, mesmo antes de ele atingir meus familiares e amigos.
Vou mostrar a todos que ajo de maneira responsável diante
de uma situação de bullying, evitando combater a violência
com mais violência.
Serei um defensor. Vou defender as crianças que precisam
de ajuda, tanto as minhas quanto outras que necessitem do
meu apoio. Incentivarei a prevenção do bullying por meio
da capacitação de toda a equipe da escola, para que todos
conheçam formas efetivas de proteger nossas crianças.
Serei um exemplo. Tendo um comportamento exemplar,
ajudarei as crianças a lidar com os conflitos. Sei que posso
fazer isso pacificamente, tanto dentro da minha família
quanto na escola e na minha comunidade.
Serei um aliado. Vou me comprometer com as ações implementadas na minha escola. Trabalharei com pais e mães,
educadores e outras pessoas que se esforçam para acabar
com o bullying, especialmente se souber que meu filho está
envolvido.
O bullying faz com que as crianças queiram ser invisíveis.
E nós podemos mostrar a elas, por meio de nossas ações,
que as vemos, as escutamos e, o mais importante de tudo,
que elas podem contar conosco para melhorar suas vidas. Assumir este compromisso é o primeiro passo para
formar uma comunidade que pensa: chega de bullying.
Não vou ficar calado.
ASSINATURA:
NOME:
DATA:
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PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
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NOTAS:
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PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
NOTAS:
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
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NOTAS:
referÊncias
• Health Resources and Services Administration. “El alcance
• Health Resources and Services Administration. “El alcance y el
impacto de los actos de molestar e intimidar”. U.S. Department of
Health & Human Services em www.StopBullying.gov.
• Health Resources and Services Administration. “Niños que molestan o intimidan”. U.S. Department of Health & Human Services
em www.StopBullying.gov.
• Health Resources and Services Administration. “Los actos
de moléstia e intimidación (bullying) en niños pequeños”. U.S.
Department of Health & Human Services em www.StopBullying.
gov.
• Health Resources and Services Administration. “Qué hacer si su
hijo(a) está siendo molestado(a) o intimidado(a)”. U.S. Department
of Health & Human Services em www.StopBullying.gov.
• Health Resources and Services Administration. “Qué sabemos
sobre los actos de molestar o intimidar (bullying)”. U.S. Department
of Health & Human Services em www.StopBullying.gov.
• Abente Pfannl, Daisy, Lesme Romero, Diana S., Lovera Rivas,
Vanessa, Rodríguez Leith, Margarita, Zerené Reyes, Yasmina.
Manual didáctico para la prevención e intervención del acoso escolar. Assunção, Secretaria da Infância e Planejamento do Ministério
de Educação do Paraguai, 2010.
• Educación, Redes y Rehiletes, Associação Civil. Somos una
comunidad educativa: hagamos equipo. Una proposta de intervención integral educativa contra el bullying. Cidade do México,
UNICEF, 2011.
• Associação Chicos.net. Manual de enfoque teórico dentro
do “Programa uso seguro y responsable de las tecnologías”. Buenos
Aires, fevereiro de 2011. Acesse: http://www.programatecnologiasi.org/index.php?option=com_content&view=article&id=27&It
emid=225.
• Associação Chicos.net. “Programa Tecnología Sí”, Acesse: www.
programatecnologiasi.org
• Cartoon Network. “Chega de bullying, não fique calado”.
Acesse: http://www.chegadebullying.com.br
• Plan Internacional. “Aprender sem medo”.
Acesse http://plan.org.br
26
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS
27
chegadebullying.com.br
Coordenação de conteúdo: Plan Internacional e Cartoon Network
APOSTILA 6
Para diretores,
diretoras e demais
gestores e gestoras
de instituiÇÕes
educativas
INFORMAÇÕES E ATIVIDADES
1
DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS
O QUE É O
CHEGA DE BULLYING ?
A campanha CHEGA DE BULLYING quer colaborar com
as escolas para a identificação, prevenção e contenção do
bullying, também chamado de assédio escolar, perseguição
ou intimidação entre pares. O bullying é uma forma de
violência que requer um trabalho árduo e integral.
A convivência na escola é um tema que envolve toda a
comunidade educativa: gestores, docentes, estudantes,
familiares, pessoal não docente e de administração.
Uma gestão que se compromete a promover o fortalecimento de uma cultura democrática e a igualdade de
direitos é indispensável para prevenir e deter situações
violentas como o bullying.
Para alunos e alunas, a escola representa o espaço onde
passam a maior parte do tempo. Sua função central é educar, enriquecer e proteger seus estudantes, em um contexto de respeito e exercício dos direitos de todos e todas.1
No entanto, apesar dos esforços dos profissionais de
educação para promover uma cultura de respeito e
um ambiente de aprendizagem contínua, “também se
pode observar uma tendência crescente de assédio
entre pares – agravado pelo uso da Internet – além de
agressões dos estudantes (principalmente meninos)
e, em alguns casos, de pais contra professores e
autoridades educacionais”.2
É um problema que existe praticamente em todas as
escolas, tanto públicas quanto particulares, em todas as
classes sociais e em todos os países. Não deve ser associado à pobreza. Inclusive, segundo um estudo recente,
“as condutas mais sofisticadas de assédio e maus-tratos,
bem como de exclusão, têm maior incidência em escolas
particulares”.3
A violência, muitas vezes verbal e sem danos físicos,
mas não por isso menos grave, antes aceita como algo
normal ou inevitável entre crianças e adolescentes,
DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS
2
ganha agora outra leitura graças aos avanços em temas
de direitos humanos e especialmente direitos da criança
e do adolescente. Além disso, casos conhecidos, cuja
gravidade foi exposta pela mídia, contribuíram para pôr
o foco sobre esse fenômeno em alguns contextos, para
que se começasse a considerá-lo inadmissível e evitável
se feito um trabalho de prevenção.
Há uma grande necessidade de informar e ser informado
sobre o tema. Estudantes, docentes, mães e pais que se
veem diante do problema precisam de ferramentas para
saber detectar ou deter essas situações e agir de acordo
com a seriedade dos casos.
Por isso, esta apostila chega às escolas para ajudá-las
a deter o bullying, a partir de um enfoque centrado na
Convenção sobre os Direitos da Criança*. É necessário
proteger meninos e meninas vítimas de bullying e
ajudar aqueles e aquelas que o praticam, para que
deixem de fazê-lo. Todas as crianças têm direito de
viver sem serem vítimas de violência e de frequentar
a escola para aprender em um ambiente no qual sejam
respeitadas e valorizadas.
Os recursos desta apostila foram idealizados para informar, dar ferramentas e propor atividades para abordar
o bullying. Foram elaborados especialmente para cada
integrante da comunidade educativa segundo o nível de
ensino – fundamental I, II ou médio. Acima de tudo, este
material procura abrir um espaço de reflexão e debate
sobre a convivência escolar dentro de cada instituição.
Temos enorme respeito e admiração pela dedicação e
árduo trabalho dos educadores, educadoras, gestores
e gestoras escolares que enfrentam esse problema
diariamente, enquanto preparam as novas gerações para
construir um mundo melhor.
Tradução livre do original em espanhol de “Violencia escolar en América Latina y el Caribe:
Superficie y fondo”. Publicado por PLAN International e UNICEF, novembro de 2011, pág.7.
Idem, pág. 7.
3 Idem, pág. 49.
* A Convenção sobre os Direitos da Criança reconhece todas as crianças como indivíduos com
direitos, ao mesmo tempo em que converte os adultos em indivíduos com responsabilidades.
Foi adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 20 de novembro de 1989 e todos os
governos da América Latina aderiram a ela.
1
2
INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
3
POR QUE PROMOVER
UMA BOA CONVIVÊNCIA
NA ESCOLA?
As escolas se esforçam para criar ambientes que propiciem
as melhores condições para os estudantes aprenderem.
Contudo, o ambiente escolar também é cenário de uma
importante diversidade de conflitos e de situações
de violência entre os próprios estudantes que podem
causar problemas graves de convivência. A experiência
mostra que trabalhar a favor do diálogo, da inclusão, da
resolução de conflitos, da deslegitimização da agressão
em qualquer uma de suas formas, da elaboração de regras
de convivência com a participação dos alunos e alunas e a
aproximação com as famílias diminui significativamente a
violência na escola e os conflitos entre pares.
Assim, considera-se que os enfoques preventivos na escola,
isto é, enxergar os conflitos como parte do trabalho de
forma integral e a convivência como conteúdo transversal,
são uma via privilegiada para transformar essas situações
de forma positiva, assegurando a convivência escolar
harmônica e um ambiente saudável para aprender e ensinar.
Uma escola que leva em consideração e compreende sua
comunidade assume o trabalho cotidiano de lidar com os
problemas, o que implica vê-los, escutá-los, reconhecê-los
e, sobretudo, dar-lhes espaço, abrir-lhes as portas. Negar
os conflitos e problemas, ocultá-los ou ignorá-los não detém a violência; ao contrário, leva a sua potencialização,
naturalização e legitimação.
Lidar com a violência e com os problemas que surgem dela
implica assumir um desafio. Há de ser capaz de propor
ferramentas que permitam considerar as situações sob
várias perspectivas, como a época/tempo, as condições
sociais e emocionais dos meninos e meninas, os vínculos
familiares e os envolvimentos na instituição escolar, seja
entre pares ou adultos.
DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS
4
O QUE É O BULLYING ?
É agredir ou humilhar outra pessoa repetidamente.
Insultar, espalhar boatos, ferir física ou emocionalmente e
ignorar alguém também são formas de bullying entre pares.
O bullying pode ocorrer pelo celular, pessoalmente, por escrito, na escola, no bairro, em algum meio de transporte ou
em outros espaços onde os estudantes se encontrem com
frequência, como as redes sociais. Seja onde for, o bullying
não deve ser permitido, é inaceitável.
O bullying é um problema que afeta milhões de crianças e
adolescentes sem importar de onde são, nem de onde vêm.
É um problema grave, principalmente nas escolas, e precisa
ser resolvido o quanto antes.
Os que praticam bullying perseguem os meninos ou
meninas mais vulneráveis. Escolhem aqueles que são
diferentes, porque não usam roupas da moda ou porque
fazem parte de uma minoria social ou racial. Os agressores
atacam colegas que estão em desenvolvimento e parecem
desajeitados, quem está acima do peso e até os mais
estudiosos ou muito tímidos. Não precisam muito para se
inspirar se têm a intenção de ferir, humilhar ou deixar de
lado alguém do seu círculo de amigos ou amigas. Isso não
somente humilha aqueles que são atacados, mas também
afeta os que testemunham, especialmente se eles e elas não
sabem o que fazer a respeito.
Na maioria dos casos, o(a) assediado(a) permanece em
silêncio diante do abuso a que está sendo submetido(a).
Essa situação intimidadora produz angústia, dor e medo.
O bullying se sustenta ao longo do tempo, ocorre com
frequência e sempre existe a intenção de magoar ou
humilhar quem o sofre. É uma violência gratuita que traz
grandes prejuízos e afeta toda a comunidade escolar.
INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
5
A LINGUAGEM QUE USAMOS
Nesta apostila, aplicamos a palavra “vítima” para descrever
um(a) estudante que está sendo intimidado(a). Porém, não a
usamos como uma condição em si, mas como um comportamento temporal. Essa palavra é de uso comum nas conversas
cotidianas, nos meios de comunicação e, inclusive, para a lei.
No entanto, ela não nos convence, já que frequentemente dá
a ideia de passividade ou debilidade. Não é assim que vemos
os meninos e meninas que são intimidados. Pelo contrário,
são jovens ativos que defendem seus direitos e os dos demais, e que têm toda possibilidade de mudança. Da mesma
maneira, usamos o termo “agressor(a)” para nos referir a um
comportamento e não a uma condição permanente.
Sabemos que, às vezes, nossa linguagem e nossa forma de
dizer as coisas discriminam, tornando as meninas, adolescentes e mulheres “invisíveis”. Portanto, em muitos casos,
usamos “meninos e meninas” em vez de apenas “crianças”, e “mães e pais” no lugar de “pais”. No entanto, preferimos não recorrer a formulações como “assediado(a)” ou
“professor(a)” de forma frequente, porque, apesar de serem
mais inclusivas, tornam a leitura mais difícil, especialmente
para as crianças.
TODA AGRESSÃO
É BULLYING ?
É importante distinguir as situações de abuso que
podemos enquadrar no bullying de outras manifestações agressivas esporádicas, que não são propriamente bullying, como as habituais “zoações”, as
brincadeiras brutas, grosserias ou brigas que, muitas
vezes, ocorrem entre colegas no âmbito escolar.
Deve-se observar que é frequente nas relações entre
pares o surgimento de divergências que geram conflitos
DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS
6
e maus-tratos entre eles e elas, sem que devam ser considerados situações de abuso/intimidação propriamente
ditas. As brigas, os problemas entre colegas ou entre amigos, o uso de palavrões ou vocabulário inapropriado são
frequentes em todas as populações de meninos e meninas.
Outra distinção importante é a que ocorre em situações de
conflito intragrupal, em que um ou mais estudantes se desafiam ou se enfrentam em lutas/brigas, a fim de resolver seus
conflitos ou para estabelecer o poder de uma pessoa sobre
as demais ou de um grupo sobre outro. O que distingue
essas situações do bullying é a igualdade de condições,
físicas ou psicológicas, entre os grupos em disputa. No assédio escolar, ou bullying, há uma desigualdade entre o(s)
assediador(es) e o assediado, que não encontra uma maneira de se defender e se submete ao poder da outra parte.
A intervenção docente e o trabalho contínuo na instituição, baseados em uma cultura de não violência, não discriminação e no reconhecimento dos direitos de todos e
todas, permitirá uma melhor resolução de cada um dos
problemas de convivência habituais entre estudantes.
Para facilitar a distinção das situações de assédio daquelas
que não são, oferecemos uma lista de algumas das características que devem estar presentes para que uma situação
seja definida como bullying:
Intencionalidade na agressão, seja física, verbal ou virtual.
Desequilíbrio de poder entre o assediado ou a assediada
e o assediador ou a assediadora (em que o último é
mais forte que o primeiro, seja essa diferença real ou
subjetiva, percebida por um(a) deles(as) ou por ambos).
A desigualdade de poder pode ser de ordem física,
psicológica ou social, gerando um desequilíbrio de força
nas relações interpessoais.
Repetição da agressão ao longo de um tempo e de forma
constante contra a mesma vítima e sem motivo algum.
INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
7
DESDE QUE IDADE SE
PRODUZ O BULLYING
E COMO SE MANIFESTA
NAS DIFERENTES ETAPAS?
“Não há resposta precisa que estabeleça o momento
em que uma criança ou adolescente usa plenamente sua
capacidade de medir as consequências de seus próprios
atos”4. “Meninos e meninas de pouca idade geralmente
expressam o que pensam sem qualquer filtro. Assim,
a extrema sinceridade infantil pode ser cruel, por falta
de consciência dos próprios atos e do respeito pelos
demais. Na infância, a agressão entre pares não é
novidade e, inclusive, é uma etapa normal do processo de
socialização. Contudo, o caminho que leva à consciência
sobre o respeito pelo outro implica a intervenção adulta
para impor limites adequados e precisos” 5.
A responsabilidade dos adultos está “em guiar, orientar e desenvolver capacidades dentro do processo de
evolução progressiva deles [de meninos e meninas], que
transitam da inconsciência à consciência moral; particularmente, a maior responsabilidade reside no binômio
família-escola” 6.
“A discriminação não é uma invenção de meninos nem
de meninas. Eles e elas são influenciados pelo mundo dos
adultos” 7. Dialogar e explicar as consequências causadas
por agressões físicas ou verbais aos outros são as formas
iniciais de evitar a conduta violenta.
“Entender o aprendizado sobre a convivência como
um processo progressivo implica reconhecer que a
tolerância e o respeito se acrescentam com a idade” 8,
que também melhora a capacidade de compreender e
acatar as regras de convivência. “A fase da adolescência
põe em jogo aprendizagens (adequadas e inadequadas,
DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS
8
diretas e indiretas) recebidas até esse momento” 9.
Nesse período, as palavras que costumam ser usadas
para insultar estão vinculadas a características físicas, a
questões referentes à sexualidade, à nacionalidade ou
à origem social de uma pessoa. Todas essas agressões
estão relacionadas à discriminação.
“O maltrato entre meninos e meninas que mais preocupa
atualmente não é o das discussões ou brigas ocasionais,
que podem ser identificadas e sancionadas com relativa
facilidade. A preocupação mais grave se refere ao abuso
emocional repetido e sistemático de uma pessoa ou
grupo de pessoas contra outra e que, consciente ou
inconscientemente, visa sua destruição psicológica” 10.
4 Tradução livre do original em espanhol de “Violencia escolar en América Latina y el Caribe:
Superficie y fondo”. Pág. 41., 5 Idem, pág. 42., 6 Idem, pág. 41., 7 Idem, pág. 84., 8 Idem, pág. 42.,
9 Idem, pág. 41., 10 Idem, pág. 43.
O QUE ACONTECE COM
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
QUE PRATICAM BULLYING ?
O bullying escolar causa uma série de consequências
negativas não só para quem sofre a intimidação,
mas também para quem intimida e para aqueles que
testemunham a situação. Há três partes envolvidas:
o assediado ou assediada é o(a) mais prejudicado(a)
no processo. As testemunhas e o(a) agressor(a) são
fundamentais para a compreensão do problema.
As crianças e adolescentes de ambos os sexos podem ter
comportamentos agressivos por várias razões. Às vezes,
perseguem ou intimidam alguém porque precisam de
uma vítima para se sentirem mais importantes, populares
ou no controle do grupo. Podem escolher alguém que
INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
9
pareça mais fraco emocional ou fisicamente, que tenha
um aspecto diferente ou aja de maneira diferente.
Embora em certos casos os que se comportam de
maneira agressiva são maiores ou mais fortes que suas
vítimas, nem sempre é assim. Às vezes, os responsáveis
por atormentar os outros o fazem porque eles mesmos
foram tratados dessa maneira ou vivem em um ambiente
onde se discrimina. Possivelmente pensem que seu
comportamento é normal porque provêm de famílias ou
de outros ambientes nos quais geralmente as pessoas
mostram raiva, gritam, se insultam ou se desvalorizam.
Em suma, ambientes onde as emoções não se expressam
de maneira construtiva ou se reprimem. Em todo caso,
não se pode esquecer que, seja qual for a razão, não
se justifica o assédio de um estudante contra outro.
Trata-se de compreender para saber como atuar.
Crianças e adolescentes que perseguem ou intimidam
seus pares de forma periódica podem tender a:
Ser impulsivos, exaltados, dominantes.
Falta de carinho e participação dos pais.
Condutas parentais extremamente permissivas, como
falta de limites para o comportamento das crianças.
Falta de supervisão ou desentendimento entre os pais.
Disciplina rígida ou abuso físico.
Modelos de comportamento que incluam maus-tratos
e intimidação.
Comentários ou atitudes discriminatórias e intolerantes
com relação ao próximo.
O QUE ACONTECE
COM CRIANÇAS
E ADOLESCENTES
VÍTIMAS DE BULLYING ?
Frustrar-se facilmente.
Carecer de empatia.
Ter dificuldades para seguir regras.
Ver a violência de forma positiva.
Ser discriminadores.
Ser intolerantes às opiniões diferentes das suas.
O
cultar fraquezas e conflitos atrás de uma fachada
agressiva e poderosa.
Embora pais e mães, qualquer que seja seu nível cultural
ou condição econômica e social, amem seus filhos e
filhas e os apoiem, crianças que manifestam condutas
agressivas têm maiores probabilidades, ainda que não
necessariamente, de viver em lares onde haja:
DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS
10
Muitas vezes, as crianças e adolescentes vítimas de bullying podem não dispor de recursos ou habilidades pessoais para reagir e se defender de maneira adequada.
Podem ser sensíveis, frágeis, pouco sociáveis e não reagir
por vergonha, medo do agressor, conformismo ou baixa
autoestima. Dessa maneira, são muito prejudicados pelas
ameaças e agressões.
Outras vezes, as vítimas não apresentam tais características de personalidade, mas se tornam alvo de chacotas
por serem diferentes: por pertencerem a determinada
raça ou grupo socioeconômico, terem alguma deficiência, características físicas não valorizadas ou rejeitadas
socialmente, como a obesidade, uso de óculos ou aparelhos ortodônticos. O bullying também pode ser causado
pelas diferenças de gênero ou ainda por habilidades
acadêmicas superiores à média da sala de aula.
INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
11
Os atos de perseguir ou intimidar são extremamente
traumáticos para as vítimas, especialmente porque a
agressão provém do grupo de pares. A desigualdade de
poder entre o(a) agredido(a) e o(s) agressor(es) é tão
acentuada que quem sofre o assédio não pode e nem
sabe como se defender. Dessa forma, o abuso se torna um
sofrimento habitual e a criança ou adolescente não encontra
saída para a situação, sentindo-se sozinho e desamparado.
É comum que os assediados apresentem sinais de:
Baixa autoestima ou autoimagem negativa.
Sensações de medo ou fobia.
Pesadelos e insônia.
Depressão e ansiedade.
Desconfiança das relações sociais.
Desconfiança dos adultos por sua intervenção inadequada.
Isolamento social.
Desinteresse permanente.
Baixo rendimento ou absenteísmo escolar.
O BULLYING ENTRE
MENINOS E ENTRE
MENINAS É DIFERENTE?
O bullying pode ser produzido tanto por meninos quanto
por meninas, porém suas manifestações geralmente são
diferentes. As pesquisas indicam que as meninas são
mais propensas à agressão verbal, enquanto os meninos
são mais inclinados à agressão física. As adolescentes,
em maior proporção, costumam ser maltratadas
pela divulgação de boatos, que as tornam alvos de
DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS
12
comentários ou assédio sexual. Todas são formas de
violência que podem se converter em bullying.
Todos os profissionais da escola devem promover a
igualdade de gênero. É muito importante formar os
docentes e os outros membros da instituição para
enfrentar a discriminação e a violência baseada no gênero.
O QUE É O
CYBERBULLYING?
O cyberbullying acontece quando a agressão e a
intimidação a um(a) colega ocorrem por meio do uso da
tecnologia e da Web (computadores, celulares e outros
dispositivos eletrônicos).
Como se produz? Pode ser com mensagens de texto
cruéis, divulgação de falsos boatos ou mentiras por e-mail
ou nas redes sociais, publicação de vídeos constrangedores para o assediado e criação de perfis falsos nas redes sociais ou sites destinados a zombar de alguém.
O cyberbullying se expande viralmente pela Web e pode
humilhar de uma maneira muito difícil de ser detida.
Por isso, é muito invasivo e danoso. As mensagens e as
imagens podem ser enviadas pelo agressor(a) a qualquer
momento do dia e de qualquer lugar (inclusive de forma
anônima), e podem ser compartilhadas com muita
gente. Dessa maneira, a vítima está exposta a receber
agressões o tempo todo, mesmo estando em sua própria
casa. Além disso, as agressões permanecem na Internet
durante muito tempo, podendo afetar a criança ou o
adolescente em longo prazo.
Embora o cyberbullying seja mais frequente entre os
adolescentes, porque fazem uso das novas tecnologias de
forma mais autônoma e assídua, é importante trabalhar
o tema desde tenra idade, já que são registrados cada
INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
13
vez mais problemas desse tipo entre crianças do ensino
fundamental I. Na escola e em casa, é importante que
os adultos eduquem as crianças para usar os celulares,
Internet e redes sociais de forma segura e apropriada.
COMO EVITAR O
BULLYING NA ESCOLA?
As habilidades para conseguir uma boa convivência não
podem ser inculcadas aos meninos e às meninas por
imposição, devem ser transmitidas como um modo de
vida, uma forma de se comportar, de “estar com o outro”.
Trabalhar com esse enfoque desde as primeiras séries
ajuda as crianças a aprenderem desde pequenas a reagir
à intolerância e à provocação, a controlarem a raiva, a
serem geradoras de propostas e buscarem soluções
pacíficas. Em resumo, a serem capazes de reconhecer as
consequências negativas e destrutivas da violência e do
abuso, tanto para elas quanto para os demais.
“Fica claro que as atitudes discriminatórias de crianças
e adolescentes provêm de imitações e aprendizagens
do mundo adulto no qual se desenvolvem, que pode
estar provido de abusos de poder e situações de
desigualdade” 11. Por isso, é necessário rever os valores
e modelos apresentados pelos adultos da escola e
orientar como devem encarar sua tarefa de educar.
Sem dúvida, os adultos devem representar modelos de
respeito pelo outro, bom trato e estimular o diálogo e
o consenso em vez de demonstrar atitudes arbitrárias,
punitivas, violentas ou que provoquem violência.
Os últimos vinte anos estabeleceram novos paradigmas
em relação aos direitos humanos, em particular para
meninos e meninas a partir da Convenção sobre os
Tradução livre do original em espanhol de “Violencia escolar en América Latina y el Caribe:
Superficie y fondo”. Pág. 48.
11
DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS
14
Direitos da Criança, que os reconhece como indivíduos
de direitos, ou seja, como pessoas com direitos, com capacidade para exercê-los e de exigir seu cumprimento. A
partir dessa perspectiva, algumas normas e regulamentos
existentes nas instituições educativas se tornaram obsoletas. Os problemas e conflitos que vivemos atualmente
já não podem ser resolvidos sob regimes disciplinares
severos baseados em castigos. É necessário construir
diretrizes de convivência que permitam garantir o
cumprimento dos direitos reconhecidos constitucionalmente para todos e todas, como o da proteção contra
qualquer tipo de violência.
As regras de convivência participativa devem ser a expressão dessa vontade. Para isso, devem partir da reflexão
profunda sobre as causas dos conflitos dentro das instituições educativas, assim como da revisão dos princípios
e noções de autoridade e do manejo do poder da escola.
Se esse é o caminho, existem algumas diretrizes que um
programa integral de prevenção ao bullying na escola
não deveria ignorar. A seguir, enumeramos algumas
das características mais importantes que devem ser
incorporadas para atender todos os aspectos do
problema e apoiar uma abordagem focada em melhorar
a convivência, favorecer a aprendizagem e garantir a
proteção que crianças e adolescentes precisam:
Criar um programa abrangente, integral e duradouro para toda a escola, cujos pilares sejam a
inclusão, a não discriminação e o reconhecimento
dos direitos de cada criança e adolescente.
Abrir espaços de diálogo permanente nas escolas,
intra e intergeracionais, para criar condições
adequadas à participação de todos os membros
da comunidade escolar na elaboração de acordos,
no reconhecimento e respeito às diferenças, e na
resolução de conflitos.
INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
15
Fazer um diagnóstico da convivência na escola, com
os membros da comunidade escolar, com base nos
seguintes parâmetros: disciplina, normas existentes,
autoridade, sansões, problemas mais comuns, etc.
Realizar pesquisas anônimas com os estudantes
para avaliar a natureza e a extensão de comportamentos intimidatórios entre pares.
Promover um ambiente que desestimule atos de
perseguição ou intimidação e reprovar tais comportamentos do ponto de vista de uma escala de
valores desejável.
Capacitar a equipe para reconhecer e responder
adequadamente quando detectar conflitos entre
pares, atitudes discriminatórias, intolerância e
comportamentos de bullying propriamente dito.
“Criar um ambiente amigável e seguro, escolhendo
professores e professoras qualificados, incluindo
docentes mulheres, assegurando sua remuneração
justa e dignificando suas condições de trabalho,
investindo em capacitação sobre os direitos da
criança e desenvolvendo regulamentações nas
escolas, mecanismos e códigos de conduta...”.12
“Prestar atenção especial às questões de gênero e
assegurar que todas as lições e materiais didáticos
promovam a igualdade de gênero”.13
“Treinar docentes e demais profissionais da equipe
para enfrentar a discriminação e a violência baseada
em gênero”.14
Realizar um trabalho individual tanto com alunos e
alunas que são perseguidos ou intimidados quanto
com os que perseguem e intimidam seus pares.
Envolver pais e mães, do(a) agressor(a) e do(a)
agredido(a), quando persistirem os atos de
bullying ou o incidente for particularmente grave.
DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS
16
Dependendo da seriedade, recomenda-se procurar
orientação profissional extraescolar.
Intervir diretamente na sala de aula em que se
produz o bullying, tornando todos os colegas parte
da situação que o grupo sofre. Se necessário, buscar
apoio especializado de psicólogos.
Criar um comitê ou comissão de convivência com
representantes dos estudantes, docentes, pais, mães
e autoridades da escola. Esse comitê, que pode se
reunir quinzenalmente, avaliará as campanhas de
prevenção, proporá ações, realizará novos acordos a
respeito da convivência na escola e criará regras de
convivência acordadas entre todos.
Revisar o que diz o regimento da escola sobre atos
de perseguição ou intimidação junto com o comitê
de convivência.
Inserir as regras de convivência nos projetos
pedagógicos como um componente fundamental em
todas as áreas.
Designar um mês do ano (outubro, por exemplo) o
mês de prevenção ao bullying. Durante todo o mês,
a escola inteira pode trabalhar o tema em uma campanha para promover atividades com a comunidade.
Poderão fazer murais, mobilizar para a assinatura
do compromisso de prevenção ao bullying, colocar
cartazes, projetar filmes para discussão, organizar
mesas redondas com especialistas, etc. A meta pode
ser se tornar uma “Escola 100% Comprometida” com
CHEGA DE BULLYING*. As crianças e adolescentes
sentem-se comprometidos quando diretamente envolvidos em um tema.
“Assegurar que meninos e meninas de grupos
vulneráveis estejam matriculados e permaneçam
na escola, dando atenção especial para que sejam
atendidas suas necessidades de aprendizagem
(...).” 15 Garantir também que sejam atendidas as
necessidades emocionais dessas crianças.
INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
17
“Cultivar valores de inclusão e de tolerância dirigidos
aos meninos e meninas de todos os estratos sociais e
capacidades”. 16
Valorizar a diversidade, reconhecendo publicamente
os vários talentos e qualidades positivas que cada estudante traz para a comunidade escolar. Não promover
somente um modelo de “sucesso” e de “bom aluno”.
12 Tradução livre do original em inglês de “Tackling Violence in Schools: A Global Perspective.
Bridging the Gap between Standards and Practice”. Office of the Special Representative of
the Secretary General on Violence against Children. Pág 40., 13 Idem, pág. 40., 14 Idem, pág.
41., 15 Idem, pág. 41., 16 Idem, pág 41., * O Cartoon Network e seus parceiros nesta campanha
reconhecerão como “Escolas 100% Comprometidas” aquelas que conseguirem assinaturas de
toda a comunidade escolar para o compromisso de prevenção ao bullying.
QUE TRABALHO PREVENTIVO
PODEMOS FAZER EM SALA DE
AULA COM OS ESTUDANTES?
Ressaltamos novamente que os docentes devem trabalhar
com alunos e alunas na construção de valores de convivência e ambientes escolares cooperativos, em que os conflitos
possam ser tratados e resolvidos de forma positiva. Afinal,
não se trata somente de pôr a violência no centro do debate, mas também de aprender novas formas de convivência para o exercício de uma cidadania responsável, em
um ambiente escolar democrático, inclusivo e equitativo.
Se o bullying é detectado nas primeiras fases,
docentes, pais e mães podem intervir a tempo de
pôr fim rapidamente aos episódios de violência.
Por outro lado, se descobrem um assédio de longa
duração, desarticular o problema levará mais tempo.
18
DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS
A seguir, algumas propostas a considerar:
Realizar assembleias. As trocas ou assembleias em
sala de aula, programadas de forma regular, em que
se reflete sobre o que aconteceu na semana, os conflitos grupais e as relações, podem ajudar a reduzir
atos de perseguição ou intimidação. Esses encontros
participativos favorecem um clima positivo para
a aprendizagem e as relações sociais. Também facilitam a identificação e intervenção do docente em
situações de conflito. A intervenção em sala de aula
é efetiva, porque alcança todos os meninos e meninas, vários dos quais muitas vezes são testemunhas
de atos de agressão ou intimidação. Tratar o grupo
como um todo cria a sensação de comunidade, na
qual todos se fazem responsáveis por suas condutas,
gerando laços solidários e atitudes de empatia.
Escutar as crianças e adolescentes. Reconhecer
seu potencial de contribuição para fazer das escolas
ambientes livres de violência.
Propor dinâmicas de trabalho grupais. O trabalho
em grupos colaborativos põe em jogo uma dinâmica
diferente, na qual podem ser reveladas habilidades,
talentos e potencialidades dos integrantes. A meta
é atingida somente se a totalidade do grupo participa, de maneira que é importante ceder protagonismo, escutar as opiniões e contribuições do outro
e solucionar tensões de forma criativa. Por meio da
cooperação, alunos e alunas exercitam interdependência positiva e alcançam um crescimento pessoal
e social. A intervenção docente na organização de
subgrupos e o trabalho com cada um é fundamental,
para favorecer a cooperação e mediar os conflitos
próprios do trabalho com outros e outras.
Organizar atividades para debater temas como
a discriminação, inclusão, tolerância, valores que
favorecem a convivência, respeito pelo próximo,
agressão, estereótipos de gênero, etc.
INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
19
Estabelecer novas regras para a formação de
grupos de trabalho, de maneira a favorecer a
inclusão e evitar que sempre os mesmos meninos e
as mesmas meninas fiquem marginalizados. Pode-se
variar os grupos semanalmente ou de acordo com
os diferentes projetos e utilizar múltiplos critérios
de agrupamento, por meio de jogos que permitam
montar equipes de modo aleatório.
Trabalhar com obras literárias e filmes. As histórias
são um convite permanente à fantasia, ao jogo, à brincadeira, à imaginação. No entanto, sua função cultural
e seu valor pedagógico não se esgotam aí. As histórias
nos falam do amor ou do desamor, da amizade e da
solidão, da solidariedade e do egoísmo, do respeito
pelo outro e da discriminação. Assim, os filmes e as
obras literárias constituem insumos privilegiados
para falar e refletir sobre diferentes temas sociais.
Incluir o jogo tanto nas atividades de aprendizagem
quanto na abordagem da temática do bullying especificamente. Os jogos são uma ferramenta de grande
utilidade para o trabalho interno (autoconhecimento,
atenção, cuidado, comunicação direta, superação de
resistência) e para facilitar o contato com o outro.
Os jogos também visam desenvolver competências,
como o trabalho em equipe e as relações sociais.
COMO AGIR DIANTE
DO BULLYING?
Cada escola deve decidir como agir quando se detecta
uma situação de bullying. Com certeza, deverá intervir
e o primeiro passo é proteger a vítima. Os docentes
devem saber que há uma grande diferença entre deter
o bullying quando está nas primeiras fases e enfrentá-lo
quando já está instalado há um tempo.
DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS
20
Se detectado um ato de perseguição ou intimidação, é importante que a equipe da instituição esteja preparada para:
Deter imediatamente a agressão. Deverão se colocar
entre quem persegue ou intimida e quem está sendo
intimidado(a). De preferência, procurar bloquear o
contato visual entre eles ou elas. Não afastar nenhum
menino ou menina – especialmente as testemunhas.
Não perguntar de imediato o que aconteceu nem discutir o motivo da agressão ou averiguar os fatos.
Escutar o relato de outros alunos e alunas, do(a)
próprio(a) agredido(a) e de pais e mães, sem minimizar
a situação, e tentando obter a maior quantidade de informação possível.
Proteger a criança ou adolescente vítima de bullying
e assegurar sua família de que a instituição tomará
medidas em relação ao ocorrido. Fazer um relatório
do fato e informar toda a equipe escolar.
Conversar sobre as consequências negativas de
perseguir ou intimidar e sobre as regras de convivência da escola. Usar um tom natural para se
referir aos comportamentos que viram ou ouviram.
Deixar claro aos alunos e alunas que perseguir ou intimidar é inaceitável e vai contra as regras da escola.
Apoiar a criança ou adolescente perseguido(a) ou
intimidado(a) para que se sinta seguro(a) e a salvo de
represálias. Esses estudantes precisam de mensagens
de apoio claras dos adultos. Apesar de querer que
crianças e adolescentes sejam fortes e determinados
e lidem com quem os intimida, os adultos devem
entender que muitas vítimas de bullying não estão
prontas para isso. Os adultos desempenham papel
fundamental para ajudar estudantes que são maltratados e para criar um ambiente saudável e seguro
INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
21
na escola e na comunidade. Crianças e adolescentes
que se sentem respaldados e acompanhados não ficarão calados e pedirão ajuda se houver outro episódio
de bullying.
Incluir as testemunhas na conversa e dar orientações sobre como poderiam intervir corretamente
ou obter ajuda da próxima vez. É importante não
pedir às testemunhas que expliquem publicamente
o que observaram.
Discutir o problema em sala de aula com todos os
estudantes para encontrar uma solução que os envolva
e os comprometa, sem expor os principais envolvidos.
Acompanhar não só o(a) assediado(a), mas também aquele(a) ou aqueles(as) que agridem. Todos
os envolvidos devem sentir que o docente está cuidando da situação para garantir que o bullying não
volte a acontecer.
A direção deve considerar também as seguintes ações:
Quando apropriado, a escola deverá impor consequências para os que perseguem ou intimidam,
segundo as regras de convivência escolar. Não se
exigirá do(s) agressor(es) ou da(s) agressora(s) que
se desculpem ou façam as pazes com as vítimas no
calor do momento. Todos deverão ter tempo para
“acalmar os ânimos”. Todas as consequências deverão ser lógicas, justas e relacionadas à ofensa.
DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS
22
Dependendo da gravidade do problema, a escola
deverá informar os pais e mães das crianças
envolvidas.
Organizar reuniões com a equipe docente para
estabelecer estratégias de trabalho e atuar de
maneira coerente diante dos fatos. Os acordos
e estratégias devem ser anexados ao relatório do
caso. Algumas dessas estratégias poderão ser
informadas às famílias da vítima e do agressor.
Quando pertinente, a escola também pode informar
a todos os pais do grupo, tomando o cuidado de
não expor os envolvidos.
Se necessário, a instituição poderá sugerir avaliação
ou tratamento psicológico.
As sanções devem estar baseadas na compreensão,
compaixão e aprendizagem e não em medidas
punitivas, como suspensão ou expulsão, que poderão
ser utilizadas estritamente em casos extremos. As
sanções punitivas tendem a não resolver realmente
o problema, já que não geram aprendizagem nas
crianças e adolescentes que praticam bullying nem
no resto do grupo. Além disso, medidas punitivas
incentivam os estudantes a ficar em silêncio diante
de um futuro problema.
Se o bullying for detectado nas primeiras fases, docentes, pais e mães podem intervir a tempo e com
mais possibilidades de acabar rapidamente com os
episódios. Quando o assédio ocorre há mais tempo,
solucioná-lo pode demorar mais.
INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
23
Intervir apenas quando há um conflito ou um
processo de bullying é um grave erro. A prevenção deve fazer parte do programa escolar. As
estratégias de prevenção devem ser destinadas
a promover habilidades emocionais e comunicativas para que alunos e alunas aprendam a evitar
conflitos e a afrontá-los de maneira não violenta.
AS REUNIÕES DE
PAIS E MÃES POR
CAUSA DO BULLYING
SÃO NECESSÁRIAS?
Não raramente, a escola acusa algumas famílias de não
darem noções adequadas de socialização às crianças,
baseadas em princípios e valores que assegurem sua
capacidade de conviver respeitando os demais. Por sua
parte, as famílias se queixam que os docentes e demais
autoridades escolares não têm competência para atender
de maneira adequada às necessidades e os problemas
dos estudantes.
Essas premissas não somente não resolvem o problema
como também impossibilitam a busca de soluções.
Escolas e famílias devem formar uma aliança em prol das
crianças e adolescentes para acompanhá-los e apoiá-los
no seu desenvolvimento. Por isso, as reuniões de pais e
mães devem procurar envolver as famílias no problema,
comprometê-las na prevenção e chegar a acordos entre
escola e família.
O planejamento de cada reunião dependerá do seu
objetivo: informar sobre o tema, sensibilizar e refletir,
DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS
24
comunicar normas ou estratégias que a instituição implementará, comprometer os pais na busca conjunta de
soluções para um problema específico. Poderá haver a
projeção de filmes para discussão, a análise de assuntos da atualidade, a participação de um especialista
(psicólogo, pedagogo, etc.), jogos cooperativos para
que os pais e mães se conheçam e se familiarizem com
a instituição, ou atividades vinculadas a trabalhar o
tema da comunicação (escola-família, as famílias entre
si, crianças-adultos).
CAPACITAÇÃO DE
DOCENTES: PRIORIDADE!
A reflexão, o debate e os acordos firmados em encontros
entre os docentes da instituição são a pedra fundamental
para resolver o problema do bullying na escola.
Os(as) docentes convivem diariamente com seus alunos
e alunas e conhecem a situação que vive cada grupo.
Assim, eles se tornam os adultos de confiança e as
referências mais próximas para as crianças, adolescentes
e suas famílias.
Uma equipe sólida, que toma decisões coerentes e
aborda o problema de maneira solidária e responsável, garantirá um ambiente livre de violência para
as crianças e adolescentes no qual ensinar e aprender será prazeroso, estimulante e seguro.
É importante que os encontros com docentes sirvam
para elaborar novas estratégias de abordagem do
bullying e para expor dúvidas, medos e emoções que
surgem quando se enfrenta esse problema.
INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
25
PERSONAGENS
ATIVIDADE 1: DRAMATIZAR
PARA COMPREENDER
A técnica do role-playing, também chamada de dramatização ou simulação, consiste em que duas ou mais
pessoas representem uma situação ou caso concreto da
vida real. Para isso, os participantes atuam segundo o
papel atribuído a eles para tornar a representação mais
real e autêntica.
Para desenvolver a técnica, os participantes podem ser
convidados ou escolhidos pelo coordenador da reunião,
sempre respeitando o desejo dos docentes de participar
ou não. A cada docente será atribuído um papel que
somente ele ou ela conhecerá, mas os demais colegas não.
Enquanto o coordenador distribui os papéis, os docentes
que participarão da cena poderão começar a compor seus
personagens.
As situações propostas a seguir são exemplos e podem
ser modificadas conforme o que cada instituição considere
relevante para o trabalho com seus docentes. Acreditamos
que essas cenas possam contribuir enormemente para a
reflexão, elaboração de estratégias comuns a todos e para
o confronto dos temores inerentes à função de ser docente.
SITUAÇÃO 1
Entrevista com o pai e a mãe de um aluno, que
poderá ser do ensino fundamental I, II ou médio, dependendo do grupo de docentes que estiver participando do exercício. A entrevista foi solicitada pela
família e o docente desconhece o motivo.
DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS
26
Docente: desconhece o motivo da entrevista e a
situação que a família quer discutir. O docente se
surpreenderá, mas depois reavaliará algumas atitudes
do aluno.
Pai e mãe: vão à escola relatar que seu filho foi maltratado várias vezes por um colega. O pai está muito
zangado com a instituição e está convencido de que
nada foi feito para evitar a agressão. Exige que castiguem o aluno agressor. A mãe está angustiada, quer
saber o que fazer para dar apoio ao filho.
SITUAÇÃO 2
Entrevista com os pais de um aluno de 14 anos. A
entrevista foi solicitada pela direção da escola. A
direção quer informar aos pais que seu filho participa
ativamente de uma situação de intimidação contra
um colega de classe.
PERSONAGENS
Docente: durante a entrevista, tentará fazer os
pais compreenderem que a intenção do encontro
é ajudar o filho deles. Considerará que o menino
agride porque está enfrentando um problema e
que é necessário lidar com isso na escola e em
casa. Também comunicará aos pais que a escola
vai impor consequências, já que essa conduta não é
admitida. Tentará chegar a acordos e compromissos
com os pais para ajudar o estudante a mudar seu
comportamento.
Pai e mãe: superprotegem o filho, justificam e defendem todas as suas atitudes. Não admitem que ele seja
capaz dos atos dos quais o acusam. Estão convencidos de que o docente “está implicando com ele”.
INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
27
SITUAÇÃO 3
Uma menina de 12 anos procura sua professora para
contar que está sendo maltratada constantemente
por um grupo de colegas. Falam mal dela, a deixam
de lado, espalham falsos rumores na Internet. Já não
sabe o que fazer, quer deixar de ir à escola e sente
que não tem nenhuma amiga.
PERSONAGENS
Docente: está trabalhando na sala dos professores,
muito ocupada – é o fim do semestre e deve corrigir
avaliações, entregar as notas dos alunos e apresentar o planejamento para o resto do ano. Mas percebe
que a aluna está realmente aborrecida e que o que
vem dizer é importante.
Aluna: é muito tímida, mas depois de suportar várias
agressões dos colegas decide buscar ajuda da
professora. Zombam dela por sua aparência física e
seu modo diferente de ser e falar, porque ela vem de
uma pequena cidade do interior. Também divulgam
boatos maliciosos sobre ela na Internet. Tentou
conversar com a professora outras vezes, mas não
teve coragem. A professora está sozinha na sala dos
professores e acredita que seja um bom momento
para falar com ela.
Os(as) intérpretes iniciarão e desenvolverão a cena com
a maior naturalidade possível. Viverão seus personagens
com espontaneidade, mas sem perder de vista a
objetividade, indispensável para reproduzir a situação tal
como foi definida.
O coordenador fará a interrupção quando considerar
que conseguiu informação e material ilustrativo suficientes para proceder à discussão do problema, que é
o objetivo da representação. Por isso, não é necessário
DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS
28
chegar a um “fim” como nas obras teatrais. Bastará que a
encenação seja significativa para facilitar a compreensão
da situação proposta.
Logo depois da dramatização se partirá para a fase
dos comentários e da discussão, mediada pelo coordenador. Primeiramente, todo o grupo exporá suas
impressões, fará perguntas aos intérpretes, discutirá o
desenvolvimento, proporá outras formas de reproduzir
a cena, sugerirá diferentes reações, etc.
Depois, se permitirá aos intérpretes dar suas impressões,
explicar seu desempenho, descrever seu estado de
espírito durante a ação e dizer o que sentiram ao
interpretar seu papel. Assim, o problema básico será
analisado a partir de uma “realidade” concreta, na qual
todos e todas participam. Em certos casos, convém
repetir a cena de acordo com as críticas, sugestões
ou novos enfoques propostos. Finalmente, se tiram as
conclusões sobre o problema em discussão e se tomam
notas sobre os acordos alcançados.
Algumas sugestões para orientar a discussão sobre as cenas:
• Descrever a situação dramatizada.
• Qual é o problema abordado?
•Q
ual é a posição de cada um dos participantes sobre
o problema?
•D
escrever os sentimentos que surgiram durante a
dramatização.
•A
valiar como agiu o docente ou a equipe gestora. Quais
foram suas intervenções?
•O
que poderia contribuir para essas intervenções?
Sugerem algo diferente? Acreditam que alguma
dessas intervenções não contribuiu para a resolução
do bullying ou poderia agravá-lo? Que ações a escola
poderia implementar em relação ao problema exposto?
INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
29
ATIVIDADE 2: EVOCAR A
PRÓPRIA EXPERIÊNCIA
O coordenador pedirá aos docentes que evoquem sua
infância, voltem à época em que eram alunos(as) do ensino
fundamental e visualizem uma situação de bullying na qual
estiveram envolvidos, seja como testemunhas, vítimas ou
agressores, e que a escrevam em um papel. Ao terminar, os
que desejam poderão compartilhar com o resto do grupo.
Em seguida, os docentes se reunirão em pequenos grupos e
compartilharão os sentimentos que recordam da situação.
Para finalizar, elaborarão juntos uma lista dos sentimentos
discutidos entre todos.
Serão enfocados os sentimentos que se repetem para
pensar e propor formas de abordar o bullying sabendo que
essas são as emoções que as crianças vivenciam.
ATIVIDADE 3: ENCONTRO
COM ESPECIALISTAS
É sempre enriquecedor para toda a equipe estar em contato com fontes especializadas vindas de fora da escola e
que ofereçam um contexto mais amplo do que a própria
instituição. Chegar a esses espaços de reflexão e formação favorecerá o comprometimento da equipe e, sem
dúvida, a começar da direção, se estará dando um lugar
de destaque aos temas que giram em torno do bullying.
DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS
30
RESUMO
• O bullying é um problema que afeta milhões de
crianças e adolescentes em todo mundo e prejudica
todos os envolvidos: os que são perseguidos e intimidados, os que intimidam e aqueles que presenciam as
situações de assédio.
• É possível prevenir e agir diante desse problema
fazendo uma parceria entre a escola e a família para
cuidar, proteger e criar ferramentas para educar e evitar
o assédio entre pares.
• Os problemas entre pares devem fazer parte do
trabalho de convivência em sala de aula, uma vez que é
um conteúdo transversal a toda disciplina formal. Assim,
haverá várias oportunidades de transformar situações
negativas em positivas, incentivar a convivência escolar
harmônica e criar um ambiente favorável para aprender
e ensinar.
• Para abordar o tema na instituição é fundamental
capacitar a equipe docente, porque o bullying envolve
muitas temáticas: violência, discriminação, questões
relacionadas ao gênero, direitos de crianças e adolescentes, etc. Docentes e instituições devem agir como
modelos mostrando empatia, respeito e não violência.
• Estabelecer uma comissão/comitê de convivência na
escola, composto por diretores, administradores, docentes, alunos, pais e mães, ajuda a implementar ações
acordadas previamente, a atuar com coerência dentro
da instituição e a envolver a comunidade na resolução
do problema.
• Abrir o diálogo é a ferramenta fundamental dos
adultos e adultas para acompanhar e guiar as crianças e
adolescentes nas relações baseadas no respeito ao outro
INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
31
e na valorização das diferenças. Escutar nossos alunos e
nossas alunas e acompanhá-los na busca de soluções está
em nossas mãos e nos permitirá deter o bullying.
• É fundamental que as consequências sejam justas
e estejam direcionadas a compreender e ajudar quem
sofre o bullying e quem o pratica. Os agressores devem
ser questionados sobre suas atitudes e deve-se oferecer
apoio para mudá-las. Medidas punitivas, como suspensão
ou expulsão, tendem a ser contraproducentes, porque
fazem com que as crianças fiquem em silêncio e
impedem trabalhar as causas psicossociais que motivam
o comportamento dos que perseguem e dos que são
perseguidos.
MATERIAL ADICIONAL
SOBRE REGRAS
DE CONVIVÊNCIA
COMO SE CONSTROEM REGRAS DE CONVIVÊNCIA
PARTICIPATIVA?
Normalmente, quando pensamos no comportamento das
pessoas dentro dos espaços educativos, nos referimos
à disciplina. No entanto, quando se fala de disciplina,
sempre nos referimos ao comportamento que, na visão
dos adultos, crianças e adolescentes devem ter dentro das
instituições. Ao falar de regras de convivência, sugerimos
desenvolver uma proposta que facilite a convivência,
coerente com a realidade atual e que também permita o
desenvolvimento integral das pessoas, a autonomia, o
exercício de direitos e da cidadania de todos que fazem
parte de uma instituição: dirigentes, docentes, alunos e
alunas, pessoal administrativo, pais e mães.
DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS
32
As regras de convivência são construídas pelo conjunto
da comunidade escolar de maneira participativa. Devem
incluir, em igual grau de importância, todos os membros
da comunidade escolar: alunos, docentes, diretores, pais,
equipe administrativa, etc. As regras de convivência devem partir de acordos que sirvam de base para a boa
convivência, o respeito por ideias divergentes e o desenvolvimento do princípio da responsabilidade compartilhada como inerentes à conquista dos objetivos propostos.
Os princípios contidos nelas devem ser delimitados e
respeitados por todos e devem incidir na cultura escolar e
no exercício de direitos de todos, contribuindo assim para
o fortalecimento dos valores democráticos: solidariedade,
equidade, respeito, bons tratos, inclusão, etc. As regras
buscam que o indivíduo seja autônomo e capaz de
autorregular sua conduta, isto é, que possa reconhecer e
respeitar os limites e acordos de convivência.
Uma vez criadas, as regras de convivência substituem
os regulamentos existentes na instituição. Seu espírito é
funcionar como um contrato entre as partes e não como
uma lista de proibições e punições. Devem ser flexíveis e
renováveis para permanecerem atualizadas e propiciarem
aprendizagem permanente; e acordadas para garantir
a participação de todos os membros da comunidade
escolar e assegurar o compromisso e respeito de cada
um em sua aplicação.
O QUE SE PRETENDE ALCANÇAR COM REGRAS DE
CONVIVÊNCIA?
Em especial que as instituições educativas:
• Sejam espaços de garantia e exercício de direitos de todos os seus membros.
• Centrem seus interesses nos alunos e alunas.
• Tenham a capacidade de orientar alunos e alunas no
INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
33
exercício efetivo e cotidiano dos direitos e dos valores
de convivência democrática; melhorar seus níveis de autoestima e empatia; promover o diálogo, a participação,
resolução de conflitos e bons tratos como parte de uma
nova cultura institucional.
• Reconheçam crianças e adolescentes como coprotagonistas de um projeto institucional comum e atores fundamentais nos processos de aprendizagem.
• Estejam mais conectadas com as necessidades e as mudanças atuais e que permitam às crianças e adolescentes
desenvolver uma atitude crítica frente às situações que
devem enfrentar.
• Fortaleçam os vínculos com as famílias.
• Abordem os casos de bullying como situações inerentes à convivência e para as quais se determinarão
mecanismos de solução que as tornem oportunidades de aprendizagem. Assim, o bullying não será
aceito como algo natural nas relações sociais.
Valores a ser considerados para a criação das regras de
convivência:
• A defesa da paz e a erradicação da violência como
formas de se relacionar.
• O respeito e a aceitação da diversidade religiosa, cultural, política e sexual dos demais.
• A solidariedade, a inclusão e o repúdio por qualquer
forma de exclusão ou discriminação.
• A responsabilidade cidadã e o respeito pelos direitos
próprios e dos demais.
• A responsabilidade individual como membro de um
todo coletivo.
DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS
34
COMPROMISSO CHEGA DE
BULLYING PARA ADULTOS
Para assinar este compromisso online, acesse
chegadebullying.com.br
A campanha CHEGA DE BULLYING propõe que você assine
este compromisso de prevenção ao bullying. Leve-o à
sua escola para que docentes e outros gestores também
assinem e colaborem para o fim do bullying no ambiente
escolar. Convencer toda a comunidade escolar a assumir o
compromisso significa ser “Escola 100% Comprometida” e
merecedora de um reconhecimento por parte do Cartoon
Network e dos demais parceiros desta campanha.
O bullying não é “brincadeira de criança”. Ele
pode ter consequências prejudiciais para elas,
suas famílias e a comunidade. Como adulto, sei
que posso ajudar de várias formas. Aqui está o
meu compromisso:
• Não ficarei calado. Reconheço que, como adulto, sou
responsável e devo assumir uma posição em relação ao
problema, mesmo antes de ele atingir meus familiares
e amigos. Vou mostrar a todos que ajo de maneira
responsável diante de uma situação de bullying, evitando
combater a violência com mais violência.
• Serei um defensor. Vou defender as crianças que
precisem de ajuda, tanto as minhas quanto outras que
necessitem do meu apoio. Incentivarei a prevenção ao
bullying por meio da capacitação de toda a equipe da
escola, para que todos conheçam formas efetivas de
proteger nossas crianças.
• Serei um exemplo. Tendo um comportamento exemplar,
ajudarei as crianças a lidar com os conflitos. Sei que posso
INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
35
fazer isso pacificamente, tanto dentro da minha família
quanto na escola e na minha comunidade.
NOTAS:
• Serei um aliado. Vou me comprometer com as ações
implementadas na minha escola. Trabalharei com pais
e mães, educadores e outras pessoas que se esforçam
para acabar com o bullying, especialmente se souber
que meu filho está envolvido.
O bullying faz com que as crianças queiram ser invisíveis.
E nós podemos mostrar a elas, por meio de nossas
ações, que as vemos, as escutamos e, o mais importante
de tudo, que elas podem contar conosco para melhorar
suas vidas. Assumir este compromisso é o primeiro
passo para formar uma comunidade que pensa: chega
de bullying. Não vou ficar calado.
ASSINATURA:
NOME:
DATA:
NOTAS:
DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS
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INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
37
referÊncias
referÊncias
• Health Resources and Services Administration. “El alcance y el
impacto de los actos de molestar e intimidar”. U.S. Department of
Health & Human Services em www.StopBullying.gov.
• Ministério de Educação da Nação. La convivencia en la escuela.
Recursos y orientaciones para el trabajo en el aula. Buenos Aires,
Argentina, 2010. Acesse: http://www.me.gov.ar/construccion/
pdf_coord/recursos-convivencia.pdf.
• Health Resources and Services Administration. “Niños que molestan o intimidan”. U.S. Department of Health & Human Services
em www.StopBullying.gov.
• Health Resources and Services Administration. “Los actos de molestia e intimidación (bullying) en niños pequeños”. U.S. Department
of Health & Human Services em www.StopBullying.gov.
• Health Resources and Services Administration. “Qué sabemos sobre los actos de molestar o intimidar (bullying)”. U.S. Department
of Health & Human Services em www.StopBullying.gov.
• Torres del Castillo, Rosa María. “Normas para el Código de
Convivencia”. Registro Oficial No. 151, Quito, 20 de agosto de 2003.
Acesse: http://pei.efemerides.ec/pei/convivencia2.htm
• Abente Pfannl, Daisy, Lesme Romero, Diana S., Lovera Rivas,
Vanessa, Rodríguez Leith, Margarita, Zerené Reyes, Yasmina. Manual
didáctico para la prevención e intervención del acoso escolar.
Assunção, Secretaria da Infância e Planejamento do Ministério da
Educação do Paraguai, 2010.
• Educación, Redes y Rehiletes, Associação Civil. Somos una comunidad educativa: hagamos equipo. Una propuesta de intervención
integral educativa contra el bullying. Cidade do México, UNICEF,
2011.
• Tenti Fanfani, Emilio. Aportes para un modelo de convivencia
democrática en las escuelas. Mendoza, 1996. Acesse: http://www.
bnm.me.gov.ar/giga1/documentos/EL000543.pdf.
• Onetto, Fernando. La escuela tiene sentido. Buenos Aires,
Ediciones Noveduc, 2012.
• S. R. S. G. on Violence against Children. Tackling Violence in
Schools: A global perspective. Bridging the gap between standards
and practice. Nova York, Office of the Special Representative of
the Secretary General on Violence against Children, março de 2012.
Acesse: http://srsg.violenceagainstchildren.org/sites/default/
files/publications/Tackling%20Violence%20in%20Schools%20
final.pdf
• Cartoon Network. “Chega de bullying, não fique calado”.
Acesse: http://chegadebullying.com.br
• Plan Internacional. “Aprender sem medo”.
Acesse http://plan.org.br
• Associação Chicos.net. “Programa Tecnología Sí”. Acesse: www.
programatecnologiasi.org.
• Associação Chicos.net. Manual de enfoque teórico dentro
del “Programa uso seguro y responsable de las tecnologías”. Buenos
Aires, fevereiro de 2011. Acesse: http://www.programatecnologiasi.
org/index.php?option=com_content&view=article&id=27&Item
id=225.
• Eljach, Sonia. Violencia escolar en América Latina y el Caribe.
Superficie y fondo. Panamá, UNICEF, 2011.
• Rodríguez, Nora. Stop Bullying. Las mejores estrategias para prevenir y frenar el acoso escolar. Editorial RBA, Barcelona, 2006.
DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS
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INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS
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chegadebullying.com.br
Coordenação de conteúdo: Plan Internacional e Cartoon Network
APOSTILA 7
apostila para a prevenção do
cyberbullying
dirigida aos
adolescentes
Inclui pautas para as mães,
pais e educadores
INTRODUÇÃO
Talvez você não saiba, mas, nos últimos anos, o uso das tecnologias de informação e de comunicação (TIC), especialmente
os smartphones e a Internet, vem gerando novas formas de
vínculos entre as pessoas. As relações estabelecidas pela
Internet fazem parte da sua vida cotidiana e também da de
milhões de adolescentes ao redor do mundo. Sem dúvida,
isso traz grandes vantagens e oportunidades, mas, ao mesmo
tempo, é necessário estar preparado para evitar situações
desagradáveis que, ainda que no ambiente virtual, podem ser
tão prejudiciais quanto as que acontecem offline.
É importante que você saiba que todos os adolescentes têm
direito a se beneficiar da tecnologia em um ambiente virtual
seguro, livre de assédio, zombarias, brigas e qualquer tipo
de humilhação. Segundo a Convenção sobre os Direitos da
Criança, os adolescentes têm direito, por exemplo, à liberdade de expressão e esse direito inclui a liberdade de procurar, receber e difundir informações e ideias de todo tipo,
sem limitação, seja oralmente, por escrito ou impressas, de
forma artística ou por qualquer outro meio (Artigo 13).
Como você pode ver, todos temos direito de usar a
Internet, o celular e todo tipo de tecnologia que nos
permita nos informar e nos expressar livremente. Mas, ao
mesmo tempo, também temos obrigações com os outros.
A premissa principal é que nos relacionemos com respeito,
evitando agressões ou qualquer tipo de discriminação.
Isso contribuirá para que os ambientes virtuais nos quais
você interage sejam mais seguros para você e para todos.
Nesta apostila, você vai encontrar algumas propostas
para promover a boa convivência com os demais na
Internet e aprender como agir diante de uma situação de
cyberbullying. Você também vai dispor de atividades e ferramentas que serão úteis para pensar e agir em relação ao tema,
junto com os adultos, seus irmãos, irmãs, amigos e amigas.
2
APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying
Agressões utilizando
as TIC: já aconteceu
com você?
Possivelmente você conhece alguém que tenha sido alvo
de agressões, discriminação ou zombarias por meio de
mensagens de texto no celular, comentários nas redes
sociais, vídeos maliciosos ou de outras formas que se valham do uso da tecnologia. Você consegue se pôr no lugar
dessa pessoa? Como se sente? Como pode se defender?
Provavelmente também possa se perguntar por que razões
essas pessoas são agredidas e como fazer alguma coisa
para evitar uma situação que venha a afetar alguém que
você conhece.
O cyberbullying é uma forma de assédio ou perseguição
que acontece entre pares (ou seja, entre pessoas da mesma
idade), usando a Internet, o celular ou qualquer outra tecnologia que sirva para se comunicar. Por isso, falamos cyber +
bullying. Lamentavelmente, esse é um dos problemas mais
graves (e mais frequentes!) que podem acontecer com você
ou com algum(a) colega, amigo ou amiga.
Falamos de cyberbullying quando quem assedia tem a
intenção de agredir sempre uma mesma pessoa e o faz
constantemente ao longo do tempo. O cyberbullying
implica um desequilíbrio de poder entre quem assedia e
quem é assediado: esse último se sente em desvantagem e
não encontra possibilidades de se defender.
Por isso, nestas páginas, convidamos você e também
os adultos (especialmente seus pais e professores) a
trabalhar na prevenção e agir imediatamente para frear o
cyberbullying, se alguém que você conhece está em uma
situação como a que mencionamos ou se você é parte de
um grupo em que isso acontece.
INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES
3
Para levar em consideração:
“Não aos rótulos”
Você deve levar em consideração que o assediado ou quem
assedia com certeza não permanecerá nesse papel para
sempre. O mais provável é que ambos possam mudar. De
fato, a pessoa que é assediada pode ser importunada em um
determinado grupo e não ter problemas em outro. O mesmo
acontece com quem assedia. Essa pessoa pode agir de forma
diferente em outro grupo, modificando suas atitudes com
os demais. Apesar de o cyberbullying se caracterizar pela
repetição através do tempo, “rotular” as pessoas ou identificálas como “agredido” e “agressor” estigmatiza os envolvidos.
Como ocorre o
cyberbullying ?
Como já dissemos, o cyberbullying pode acontecer por meio
de mensagens de texto cruéis, pela divulgação de falsos
rumores ou mentiras, por e-mail ou pelas redes sociais, com
a publicação de vídeos vergonhosos, a criação de perfis
falsos nas redes sociais ou sites em que se zomba de alguém.
A característica principal do cyberbullying é que a agressão
dirigida a uma pessoa se propaga pela web a uma grande
velocidade, difícil de deter, e, ao mesmo tempo, é
visualizada por muitas pessoas. A reprodução rápida de
comentários, mensagens ou imagens pode ser um pesadelo,
se é utilizada para agredir ou humilhar alguém.
Por esse motivo, o cyberbullying geralmente é muito
invasivo e prejudicial: as mensagens ou outros conteúdos com caráter agressivo podem ser enviados a qualquer
momento do dia, em qualquer lugar, e compartilhados
com muitíssima gente, inclusive de forma anônima. Dessa
maneira, a pessoa está sujeita a ser assediada a toda hora,
mesmo estando em sua própria casa.
4
APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying
Além disso, esses conteúdos permanecem no ciberespaço
afetando os assediados por um bom tempo, já que o que
é publicado na Internet dificilmente pode ser apagado ou
eliminado de forma completa. Isso porque qualquer pessoa
pode baixar uma imagem ou um vídeo no computador e
publicá-los outra vez.
Assim, diferente do que acontece em casos de bullying,
as características da tecnologia fazem com que, mesmo
quando a agressão é feita somente uma vez, a ofensa se
prolongue e se reproduza através do tempo.
algumas consequências
do cyberbullying
O cyberbullying é um problema muito grave e traz consequências negativas para todos os envolvidos, não somente
para quem é agredido. Aquele que agride pode pensar que
é poderoso ou superior, e achar que a violência é uma boa
maneira de resolver problemas ou conseguir o que se quer.
Por outro lado, os que são testemunhas de uma situação
de cyberbullying podem se sentir sozinhos ou culpados,
especialmente se não sabem o que fazer a respeito. Muitas
vezes, podem sentir medo e passar a ser os agredidos, ou
serem “deixados de lado” se não participarem.
Em relação ao assediado, as consequências podem ser
múltiplas. Por ser algo que se repete através do tempo, o
cyberbullying pode produzir sentimentos duradouros de
vergonha, depressão e baixa autoestima. Quem é agredido
pode querer evitar o encontro com os demais, faltando à
escola ou deixando de frequentar os espaços comuns. Pode
diminuir seu rendimento escolar e se sentir mal fisicamente,
desanimado e sem forças. Isso, ao mesmo tempo, aumenta
o sentimento de solidão, de angústia e de impotência diante
do que lhe acontece. Em alguns casos, o assédio pode afetar
a saúde de quem é agredido e essa pessoa vai precisar de
atenção médica ou psicológica.
INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES
5
Quando uma
agressão se torna
cyberbullying ?
Humilhar alguém criando um falso perfil e utilizando-o para
gerar problemas com outros ou em um grupo, de forma
repetida e constante.
Apesar de todas as formas de agressão serem desagradáveis
e humilhantes para quem as sofre, nem todas podem ser
consideradas cyberbullying. Talvez você já tenha visto ou
participado de brincadeiras ou zoações que são feitas uma vez
e que podem ser comuns entre colegas ou amigos e amigas.
Situações esporádicas como, por exemplo, não ser convidado para um evento uma vez ou não ter sido escolhido
para fazer parte de um grupo ou equipe não representam
bullying nem cyberbullying.
Enviar mensagens ameaçadoras por e-mail ou SMS, ou
perseguir alguém nas redes sociais em que essa pessoa habitualmente se relaciona por várias semanas ou meses.
NÃO é cyberbullying:
Quando alguém não é convidado para fazer parte de um grupo
de amigos nas redes sociais, esporadicamente.
Fazer uma série de fotomontagens que prejudiquem ou envergonhem alguém e divulgá-la no seu grupo de amigos, para que
todos zombem.
Filmar uma agressão a um(a) colega ou amigo(a) e compartilhar o vídeo na Internet, para que ele possa ser visto por todo
mundo, com o objetivo de aumentar a humilhação e a agressão.
Humilhar alguém repetidas vezes utilizando uma foto ou vídeo
íntimo em que essa pessoa apareça (pode ser que o vídeo ou
foto tenham sido compartilhados entre amigos ou namorados
em um primeiro momento, mas, depois de uma briga, por
exemplo, um dos envolvidos os utilizam como ameaça ou de
forma desrespeitosa, com o objetivo de envergonhar o outro
ou até por vaidade). Isso costuma ser chamado de sexting.
Quando alguém não é aceito como contato ou amigo.
Uma briga ocasional por chat entre duas ou mais pessoas.
Publicar uma foto em que alguém está com a cara engraçada.
Criticar o comentário de alguém nas redes sociais.
SIM, é cyberbullying:
Criar um grupo destinado a falar mal de alguém, convidar pessoas a se unir e divulgar o grupo para que fique ativo por várias
semanas ou meses na Internet.
Inventar falsos rumores que ridicularizem uma pessoa da escola e fazê-los circular por mensagens de texto ou nas redes
sociais por um período de tempo considerável.
Publicar fotos de alguém com o objetivo de denegrir sua
imagem, sua família, sua origem étnica, orientação sexual ou
religião. Fazer essas fotos circularem entre todos os contatos. Repetir a ação várias vezes com o propósito de isolar ou
“deixar de fora” alguém em um determinado grupo.
6
APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying
Não esqueça: todos
temos direitos
É importante que você esteja consciente de que ninguém tem o direito de agredi-lo: você também
deve ser respeitado quando usa a Internet. Você
tem direito a se expressar livremente, a não ser
discriminado, a ter sua integridade moral preservada
e a ser protegido contra qualquer forma de violência.
Se alguém agredi-lo zombando do seu jeito de ser, da sua
aparência, da sua religião, origem étnica ou família, condição
econômica, social ou intelectual; ou se alguém ameaçálo, mesmo se isso ocorrer via Internet, seu direito a não
ser discriminado não está sendo respeitado. Quando isso
acontecer, você tem direito a buscar proteção dos adultos
responsáveis que o rodeiam, para que seja protegido contra
INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES
7
qualquer tipo de violência. Da mesma maneira, você deve
respeitar os direitos dos demais quando publicar coisas na
Internet ou interagir com alguém.
o que fazer diante
de uma situação de
cyberbullying ?
Para quem sofre o cyberbullying:
√ Limpe sua lista de contatos nas redes sociais. Apesar de
ser superlegal ter muitos amigos, quando você enfrenta uma
situação de cyberbullying, a melhor coisa a fazer é conservar somente as pessoas em quem pode confiar.
• Não fique calado. Isso é muito importante! Levante a voz e
faça-se ouvir sobre o que está acontecendo com você. Esse
é o primeiro passo para deter o assédio.
√ Configure suas opções de privacidade nas redes sociais ou
similares e torne-as as mais restritas possíveis.
• Peça ajuda. Aos seus pais, professores ou qualquer adulto
em quem confie.
√ Caso circulem rumores sobre você online, tente rastrear
a informação que foi publicada por outros ou por você
mesmo e procure eliminá-la, porque ela pode ser usada para
prejudicá-lo(a).
• Não responda às provocações com novas agressões.
Não ajuda em nada e funciona como um estímulo e uma
vantagem para quem o agride.
• Evite as páginas ou redes sociais em que está sendo
agredido até que a situação se resolva. Se forem redes
sociais ou comunidades online não vai ser difícil. Se o
assédio estiver sendo feito pelo celular, talvez você deva
pensar na possibilidade de mudar o número.
• Denuncie as páginas que se dedicam a incomodar ou
assediar: as redes sociais, como Facebook, Twitter, YouTube,
etc., contam com um mecanismo de denúncia de abusos e
de páginas e publicações impróprias. Use esses mecanismos de denúncia e peça a outros que denunciem também.
Assim, os administradores das redes sociais atenderão às
denúncias e poderão bloquear páginas ou publicações.
• Feche as portas da sua vida online às pessoas que não
são de plena confiança. Para isso:
8
√ Evite intrusos. Peça a um adulto que faça uma revisão
minuciosa no seu computador, para garantir que não haja
softwares maliciosos (troianos, spyware, etc.). Há ferramentas gratuitas online para isso. Depois, mude as senhas de
acesso aos serviços que utiliza. As senhas devem ser complexas e combinar números, letras maiúsculas e minúsculas.
APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying
√ Peça aos seus contatos que não publiquem informações
ou fotos suas sem seu consentimento.
√ Proteja seus dados pessoais. A gente é quem decide o
uso que quer fazer deles, incluindo as fotos em que aparece.
• Guarde as provas do assédio o tempo que for possível,
seja qual for a forma em que a agressão se manifeste.
Tente também saber e se certificar da identidade dos
autores. Para isso, você pode imprimir as provas ou fazer
capturas de tela e salvá-las no computador. Compartilhe-as com seus pais ou com um adulto de confiança. Ter as
provas pode ajudar a frear a agressão ou revelar o agressor.
• Peça a um adulto que diga ao agressor que o que ele
está fazendo é doloroso a você e que pare de fazer isso. O
pedido deve ser feito sem agressividade ou ameaças e sem
expor ninguém em público. Caso queira, você mesmo(a)
pode fazer isso, depois de ter falado com seus pais ou com
um adulto de confiança.
INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES
9
Para o grupo de pares:
Se você é testemunha de uma situação de cyberbullying,
pode…
• Antes de qualquer coisa, não compartilhar o conteúdo que
considera agressivo.
• Denunciar o conteúdo agressivo (seja um grupo, uma foto
ou um vídeo) mediante as opções oferecidas pelas redes
sociais e pelas plataformas de vídeos.
• Se ninguém tomou uma atitude, você pode ser útil fazendo
um comentário que mostre que não está de acordo com o
que foi publicado sobre alguém.
• Aproxime-se do(a) colega ou amigo(a) que está sendo
assediado(a) e diga que ele ou ela não está sozinho.
• Comente a situação com um adulto, para que ele possa
intervir.
• Não apoie! Sua atitude pode fazer a diferença e ajudar alguém que está em uma situação dolorosa.
Aqueles que apoiam o assédio deixam de ser espectadores e passam a ser agressores.
Para mães, pais e educadores que detectam uma situação
de cyberbullying:
• Dialogue com o agressor sobre as possíveis causas do
cyberbullying: “Por que você está agindo assim?”
• Tente descobrir quais conflitos ele ou ela possam ter e
como canalizá-los de outro modo.
• Tente refletir sobre como se sentiria se a situação fosse
inversa.
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APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying
• Promova o conceito de igualdade e responsabilidade diante dos demais, para que todos compreendam que zombar
de alguém por suas características (aparência física, etnia,
classe social, etc.) é uma forma de discriminação. Todos têm
direito a ser respeitados e tratados de maneira igual, sem
importar nossas diferenças, quaisquer que sejam elas.
• Insista na atitude de “não faça na Internet o que não faria
cara a cara”.
• Peça aos agressores que tirem da web tudo que tenham
usado para ofender alguém, imediatamente.
• Insista para que os agressores peçam desculpas publicamente pelo dano causado a um(a) colega ou amigo(a).
• Tome medidas legais se a situação de assédio não for
interrompida. Tendo-se esgotado todas as instâncias na
escola e no diálogo com os envolvidos e familiares, há leis
e instituições governamentais que protegem as vítimas de
agressão. Nesse caso, é necessário que os adultos responsáveis, especialmente os pais e a direção da escola (se o
cyberbullying estiver acontecendo entre colegas), sejam
assessorados para iniciar os procedimentos de proteção de
direitos com os quais contam em sua jurisdição, tanto em
termos de normas escolares quanto de legislações vigentes.
o anonimato
Como você já deve saber, na Internet é frequente o uso
de nicknames ou de perfis que possam conter dados
falsos (como a idade, por exemplo). O anonimato pode dar
a sensação de liberdade, mas, em alguns casos, se torna algo
negativo: quando alguém é anônimo, às vezes, pode fazer
ou dizer coisas que não diria pessoalmente. Em alguns
casos, o “escudo” que o anonimato dá favorece atitudes
agressivas, insistentes ou de caráter ameaçador.
INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES
11
Em uma situação de cyberbullying, o anonimato torna-se
especialmente perigoso, já que os que assediam não enfrentam pessoalmente a pessoa que agridem e fica muito mais
difícil identificá-los. Por isso, lembre-se: se você não diria isso
na cara da pessoa, não o faça pela Internet!
Como prevenir o
cyberbullying ?
Usar as tecnologias da informação e da comunicação
de forma responsável é uma maneira de prevenir o
cyberbullying. Tratar os demais com respeito, ter cuidado
com o que publica, configurando adequadamente sua privacidade e seus perfis, conhecer os riscos que podem existir
nas atividades que você realiza online: tudo isso é muito importante na hora de conviver com outros no ciberespaço de
forma segura e saudável.
Apresentamos aqui alguns conselhos básicos que nos permitem tornar os ambientes virtuais mais seguros:
Nas redes sociais:
• Leve em consideração que qualquer pessoa (em qualquer
lugar do mundo!) pode ver o que você escreve, pode ver
suas fotos, pode salvá-las, modificá-las e utilizá-las para o
que desejar, se você não proteger suas informações. Por
isso, é importante configurar adequadamente sua privacidade e pensar duas vezes antes de postar algo na Internet
ou enviar algum e-mail ou SMS com algo que mais tarde
você possa se arrepender.
• Quando você cria um perfil online, não deve publicar mais
dados pessoais que os estritamente necessários para habilitar sua conta. Deixe de fora qualquer informação que possa sugerir onde você mora ou quais lugares frequenta. Em
alguns sites, os espaços de informações indispensáveis para
criar um perfil estão marcados com um asterisco (*).
12
APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying
• Tenha em mente que o “amigo de um amigo” não é
necessariamente um amigo para você.
• Não abra as mensagens de pessoas desconhecidas. Isso
o ajudará a se proteger de vírus e de softwares prejudiciais
ao seu computador.
• Se você sofrer alguma situação de intimidação, informe
aos administradores do próprio site e conte para um adulto
de confiança.
• Não responda a agressões com outra agressão.
Sobre os vídeos e fotos:
• Não envie nem publique fotos que possam envergonhar
ou comprometer outras pessoas. Se não tiver certeza,
pergunte primeiro e certifique-se de que elas não vão se
sentir incomodadas com o que você quer publicar. Uma
pergunta pode poupar problemas para você e seus amigos.
• Se lhe enviarem uma imagem de uma agressão a outra
pessoa, salve a imagem no seu computador e mostre-a em
seguida aos seus pais ou a um adulto no qual você confia.
• Nunca se empolgue com a publicação de uma foto ou vídeo
que humilhe um colega, amigo ou amiga. Sua aprovação
favorece o assédio dirigido a essa pessoa. Sem intenção,
você pode se tornar cúmplice.
Sobre o bate-papo e as mensagens de texto:
• Não se encontre pessoalmente com alguém que você
tenha conhecido em um bate-papo na Internet. É muito
perigoso! Você não sabe exatamente quem é essa pessoa.
• Não dê seus dados pessoais nem da sua família ou
amigos quando estiver batendo papo com pessoas que
você não conhece.
INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES
13
• Não compartilhe segredos ou fotos íntimas em um batepapo. Você não tem como saber o que as pessoas podem
fazer com eles.
Aqui, mostramos dois exemplos:
• Não use webcams com desconhecidos nem com pessoas
em quem não tenha confiança suficiente.
Para escolher a privacidade, clique em “Configuração”. Você
terá duas opções:
• Não continue o bate-papo se a conversa o incomodar ou
gerar desconfiança.
• Forma pública. Todos poderão ver tudo o que escreve e
publica no Twitter. É a opção que aparece ao criar a conta.
• Não permita que o ameacem com informações ou imagens que você enviou a alguém. A situação piora se você se
deixa levar pelo medo.
• Forma privada. Suas mensagens somente poderão ser
vistas por seus “seguidores”, amigos ou pessoas que você
permitir. Para que suas mensagens sejam privadas, você
deve ir às configurações e marcar a opção “Privacidade”.
Depois, clique em “Salvar”. Dessa forma, suas mensagens
estarão protegidas e somente serão vistas por seus seguidores.
• Converse com um adulto de confiança diante de qualquer
situação que gere dúvidas ou medo.
o que é e como se usa
a configuração de
privacidade?
Para começar, é necessário assinalar que redes sociais como
Facebook e Twitter são para maiores de 13 anos. Por isso,
é indispensável que você diminua os riscos configurando
adequadamente sua privacidade.
Chamamos de configuração de privacidade em uma rede
social as opções e preferências que podem ser ativadas para
escolher as pessoas que podem ter acesso aos conteúdos
que você publica. Por meio dessas opções, você pode
decidir o que será visto ou não, e por quais pessoas nos
diferentes serviços de Internet que utiliza. Trata-se de uma
ferramenta muito útil que lhe permitirá evitar situações de
risco e assim se sentir mais seguro ao usar as tecnologias.
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APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying
Twitter:
Facebook:
Ao acessar a rede social, você encontrará à direita na tela
um ícone com um cadeado que lhe permitirá acessar as
configurações de privacidade do Facebook. Você poderá
configurar três itens principais: “Quem pode ver minhas coisas?”, “Quem pode entrar em contato comigo?” e “Quem
pode me procurar?”. Nesses casos, recomendamos restringir as opções a “amigos” ou “amigos de amigos”.
Por outro lado, na seção “Bloqueio”, você pode montar uma
lista de contatos com acesso restrito às informações do seu
perfil e inclusive bloquear usuários para que eles não entrem
em contato com você. Essa última opção é recomendável
se você receber notificações desagradáveis ou de pessoas
desconhecidas.
Por último, em “Linha do tempo e configurações de
marcações”, você pode administrar as seguintes opções:
“Quem pode adicionar conteúdo à minha linha do tempo?”,
“Quem pode ver publicações na minha linha do tempo?”,
“Como eu faço para gerenciar marcações que as pessoas
adicionam e sugestões de marcações?”.
INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES
15
Já
compartilhou?
Essas preferências são importantes, porque permitem não
somente restringir quem pode marcá-lo1 como também
quem poderá ver as fotos ou os status nos quais você foi
marcado antes que sejam publicados na sua linha do tempo.
atividades que ajudam a
pensar e agir para
prevenir o cyberbullying
Seu nome e
sobrenome
Sim, pode ser que eu
os tenha compartilhado
com pessoas desconhecidas. Nesse caso, é
melhor usar apelidos.
Endereço de e-mail
Compartilhar seu e-mail
pode ser arriscado se
você abrir spams ou
responder mensagens
desconhecidas.
Endereço da
sua casa
Sim, é arriscado. Esse
dado é melhor compartilhar pessoalmente,
quando quiser convidar
alguém de confiança
para ir à sua casa. Não
deve ser público.
Seu número de
telefone celular
Sim. Você não deve
divulgar seu número
de celular, já que
pode receber ligações
indesejadas.
Os jogos que
você gosta
Não é arriscado.
O lugar aonde você
vai ou onde estava
Sim, é arriscado. Se vai
marcar no mapa o lugar
onde está, deve ter
certeza de ter configurado corretamente sua
privacidade.
Seus gostos musicais
Não é arriscado.
atividade 1:
o que sim, o que não?
Além de ser importante que você seja cauteloso com
o que diz e faz quando está online, expor seus dados
pessoais na web também pode ser arriscado, já que
qualquer pessoa poderá ter acesso a eles. Por isso, é importante distinguir quais dados podem ser divulgados
na Internet, quais não podem e quais você deve revelar
somente a pessoas que conhece pessoalmente.
Marque com um “x” quais dados você já publicou online.
Depois, pense em como compartilhar esse dado pode
ser arriscado e leve isso em consideração na próxima
vez.
1
As “marcações” são normalmente utilizadas no Facebook para indicar quem são as pessoas que aparecem nas fotos, vídeos ou outros conteúdos. Quando alguém é marcado, a
publicação aparece no seu perfil ou “linha do tempo” e todos os seus contatos podem vê-la.
“Desmarcar” alguém significa eliminar a marcação por meio da qual é assinalada sua presença ou vínculo com o conteúdo. É importante levar em consideração que os usuários poderão
revisar os posts em que são marcados, se essa prefêrencia for selecionada na”configuração
de privacidade”.
16
APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying
Pode ser arriscado?
INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES
17
Publicação responsável
de conteúdos:
pense antes de publicar!
Alguma vez você já se arrependeu do que publicou nas redes
sociais? Já compartilhou algum sentimento ou pensamento
que era melhor manter privado? Muitas vezes, publicamos
online pensamentos ou experiências que não compartilharíamos ao nos encontrar com os outros “cara a cara”.
Quando estamos atrás da tela, às vezes, nos animamos a compartilhar nossos segredos mais íntimos. No entanto, é preciso
ter cuidado, porque o que você publica online pode ser visto
por outras pessoas, ou baixado, e pode ficar para sempre em
algum lugar da Internet. Por isso, antes de publicar, pense se
está disposto a compartilhar o que quer dizer, não somente
com seus melhores amigos, mas também com todo mundo.
O que é publicado hoje pode ter consequências amanhã
para você e os demais.
O que você pode fazer?
Publique somente imagens que qualquer pessoa possa ver.
Pense inclusive nas pessoas que você não conhece.
Leve em consideração que qualquer pessoa pode baixar
fotos que você compartilhou na Internet e fazê-las circular entre seus contatos.
Não publique fotos ou vídeos de outras pessoas que possam
incomodá-las. Se isso acontecer, aceite o direito do outro de
lhe pedir para excluí-los.
Dicas para educadores:
• A exibição de filmes ou vídeos que abordam o cyberbullying é uma boa maneira de abrir o debate e instalar o
tema na escola. Como professor, você pode realizar esta
atividade em workshops em que todos participem e dialoguem sobre suas experiências. As perguntas recebidas
poderão servir como guia para uma reflexão conjunta.
Dicas para pais e mães:
• Os vídeos ou curtas-metragens podem ser uma boa
maneira de começar um diálogo com os adolescentes sobre
os temas que os preocupam.
cidadania
digital responsável
A cidadania digital responsável é um conceito que nos
permite refletir sobre as pautas de convivência e de comportamento nas redes sociais e sobre o uso das TIC em
geral. O objetivo é tornar os ambientes virtuais mais seguros
e evitar situações de conflito entre os usuários. A cidadania
digital é o conjunto de normas de comportamento que
devemos ter quando estamos online. Um exemplo: você
acha que uma pessoa tem o direito de postar um vídeo de
alguém que se sente ridicularizado, mesmo quando esse
alguém lhe pediu que não o publicasse? Isto é cidadania:
o respeito pelo seu semelhante é a primeira coisa a se levar
em consideração… Vale também para quando você se encontra cara a cara com alguém, sem usar a tecnologia!
Antes de publicar, pergunte-se: eu divulgaria este conteúdo na
rua? Se a resposta for não, então… não o publique online!
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APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying
INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES
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Quais direitos e obrigações você acredita que temos
quando estamos online?
Complete este quadro marcando o que acontece com você:
Direitos
Obrigações
Direito de nos expressar
livremente.
Excluir uma publicação se
algum envolvido nos pedir,
porque isso o afeta.
Direito a reportar fotos,
vídeos ou conteúdos que se
refiram a nós e nos façam
sentir incomodados.
Um cidadão digital responsável...
• Convive de maneira amigável com as pessoas com
quem se comunica.
• Respeita as ideias, opiniões e crenças dos demais,
mesmo que elas não coincidam com as suas.
• Está preparado para se responsabilizar pelas
consequências das suas próprias decisões e publicações
online.
• Zela pelo respeito a todos os usuários, incluindo a si
mesmo.
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APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying
atividade 2:
Ponha-se no
lugar do outro
Nesta proposta, há quatro situações em que o
cyberbullying ocorre ou está prestes a ocorrer. Pedimos
que você reflita sobre qual é a melhor ação possível.
Depois, converse com outras pessoas que tenham feito
a mesma atividade, compare suas respostas e tentem
tirar algumas conclusões juntos.
Dicas para educadores:
• A atividade que apresentamos a seguir pode ser
realizada na escola, em pequenos grupos. Pode ser
adotada a modalidade de role playing para cada um dos
casos. Depois, peça aos grupos que escolham uma ação
dentre as que são apresentadas. Após isso pode ser
feito um debate sobre as opções escolhidas para se tirar
algumas conclusões.
Melina e Samanta
Melina, uma adolescente de 13 anos, cria um grupo em uma conhecida
rede social e convida seus contatos para participar dele. O grupo se
chama “Dez razões para odiar Samanta Perez” e já possui 68 membros.
Suponha que você recebeu um convite para entrar no grupo… O que
você faz?
a. Entro no grupo, mas não comento nada, é só para não ficar de fora.
b. Não entro no grupo.
c. Denuncio o grupo na rede social.
d. Outro: ____________________________________________________
INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES
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O que você pode fazer?
• Não entrar no grupo é fundamental. Mas, o mais importante, é impedir que o assédio continue. Para começar, você
pode pedir às suas amigas que saiam do grupo. Também
pode escolher a opção “c” e denunciar o grupo na rede
social.
• Se você estivesse no lugar da Samanta, a primeira coisa
que deveria fazer é pedir ajuda a um adulto. Não deixe que
o assédio a intimide. Denuncie o grupo, fale com seus pais
e professores.
• Por outro lado, se você é amigo ou amiga da Melina, pode
se aproximar dela e questionar sua atitude: por que está
agredindo a Samanta? O que ela sentiria se a situação fosse
inversa?
Dicas para mães, pais e educadores:
• É importante estar a par do comportamento dos
adolescentes nas redes sociais e falar com eles sobre o que
acontece nelas: quais atividades eles realizam? Quantos e
que tipo de contatos têm? De quais grupos fazem parte?
• Conversar com eles sobre suas atividades online
contribui para que tomem consciência dos seus limites.
• Se você nota uma mudança no comportamento do(a)
seu/sua filho(a) ou aluno(a), pergunte se ele/ela foi vítima
de cyberbullying ou se não sabe como reagir diante de uma
situação de assédio dentro do seu grupo de amigos. Se esse
for o caso, é importante se sentar com ele/ela na frente do
computador ou usar o celular para repassarem juntos o
ocorrido e pensar nas possíveis atitudes a tomar.
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APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying
Joaquim e Júlia
Quando Joaquim e Júlia namoravam, Júlia enviou para ele uma foto
de roupa íntima via SMS. Alguns meses depois, a relação terminou e
Joaquim divulgou a foto nos bate-papos de mensagens instantâneas.
Coloque-se no lugar da Júlia, o que você faria?
a. Procuraria uma foto comprometedora do Joaquim e enviaria para
todos os meus contatos.
b. Denunciaria a foto nas redes sociais.
c. Falaria diretamente com o Joaquim para que ele excluísse a foto.
d. Outro: ____________________________________________________
O que você pode fazer?
• Neste caso, falar com quem fez algo que lhe desagradou pode ser útil. Porém, depois que a foto foi publicada
na Internet, qualquer pessoa pode baixá-la, salvá-la e
depois publicá-la outra vez. Por isso, é importante
denunciar a foto como conteúdo inadequado na rede
social. Para isso, você deve clicar embaixo da foto em
“Opções” e selecionar “Denunciar”.
• Depois de ter informado a rede social, é importante
que você converse com um adulto de confiança. Seus
pais ou algum docente poderão ajudá-lo(a) a atravessar
esse mau momento.
Dicas para educadores:
• Quando esse tipo de situação acontecer, é importante
detê-la o mais rápido possível.
• Por isso, é indispensável estabelecer uma penalidade
que seja considerada justa pelos agressores e por todos
aqueles que tenham divulgado fotos que prejudiquem
a imagem de alguém, seja por SMS ou qualquer meio
virtual.
INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES
23
• Depois disso, é recomendável conversar sobre os cuidados
com a intimidade, a confiança nos relacionamentos amorosos e a publicação responsável de conteúdos.
• Se você filmar esse vídeo, deve levar em consideração que,
mesmo que não o publique na Internet, qualquer pessoa
poderá fazê-lo.
• Também é importante estabelecer diálogos que funcionem como ferramentas de prevenção e de atenção aos
diferentes casos, se houver, bem como pensar em políticas
de prevenção e penalização com a participação de diretores,
educadores, pais e os próprios estudantes.
• É conveniente pedir ajuda e alertar um adulto sobre a
situação, já que ela afeta a integridade de alguém.
• Por último, deve ser levado em consideração que, embora
o assédio não tenha ocorrido nas dependências da escola,
as TIC eliminaram a fronteira “dentro-fora”, de modo que
o que acontece nos meios virtuais afeta a convivência escolar em todos os sentidos.
Pedro e Alan
Pedro é um aluno recém-chegado ao colégio e ainda não tem muitos
amigos. Alan, por outro lado, é líder do grupo. Há pouco tempo, ele viu
um vídeo que achou muito engraçado, que mostra a agressão de um
jovem a outro, por pura diversão. Suponha que Alan lhe sugira filmar uma
agressão a Pedro, para depois compartilhá-la numa página de vídeos. O
que você faria?
a. Não faria o vídeo.
b. Não faria o vídeo e alertaria algum adulto sobre os planos do Alan.
c. Faria o vídeo (só porque é engraçado), mas não o publicaria na
Internet.
d. Outro: ___________________________________________________
O que você pode fazer?
• Se você participa da agressão, está dando seu consentimento a uma situação de assédio a um colega, amigo ou
amiga, mesmo que só esteja filmando.
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APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying
• Falar com Alan pode ser uma boa maneira de ajudá-lo a
refletir sobre as consequências das suas ações. Se preferir,
você pode pedir ajuda a outro amigo e conversarem juntos sobre isso.
Dicas para educadores:
• Essa forma de agressão pode se tornar muito comum
entre os adolescentes e pode ser reproduzida muito rápido,
já que inclusive pessoas que não conhecem os envolvidos
podem ter acesso ao vídeo.
• É importante reverter e reparar as consequências do
assédio público e pedir ao autor que peça desculpas e
reflita sobre suas ações.
• Para isso, pode ser positivo pedir aos envolvidos a produção de um novo vídeo, por exemplo, em que eles expliquem
aos seus pares como prevenir o cyberbullying.
Micaela
Micaela soube que uma jovem criou um perfil falso da sua ex-melhor
amiga para que ela ficasse mal perante todos os seus contatos. Depois,
recebeu uma solicitação de amizade de alguém que conhece, mas não
tem certeza de quem é na verdade. Coloque-se no lugar da Micaela, o
que você faria?
a. Comprovo se temos amigos em comum para ter certeza de quem se
trata.
b. Escrevo uma mensagem privada para me certificar da identidade da
pessoa.
c. Aceito a solicitação de qualquer maneira… Assim chego aos 500
amigos!
INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES
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O que você pode fazer?
Para mães, pais e educadores:
• Verificar a autenticidade dos perfis é muito importante.
Os amigos em comum podem ser um bom indício. Mas, se
alguém pretende se fazer passar por outro, o mais provável
é que envie várias solicitações e seja aceito por alguns contatos da pessoa a quem pretende incomodar. Por isso, o melhor é verificar a identidade pessoalmente, perguntando à
pessoa envolvida se aquele realmente é seu perfil.
Segundo dados da ComScore, os adolescentes representam
a maior porcentagem de usuários de Internet na América
Latina (32,5%). De acordo com uma enquete realizada pela
RedNATIC2:
Dicas para mães, pais e educadores:
• 49% das garotas e garotos adolescentes consultados
acreditam que, quando alguém agride ou fala mal de
outra pessoa na Internet, devem ignorá-lo ou não devem se
envolver.
Embora os adolescentes entendam muito sobre as redes
sociais, é bom reforçar algumas medidas de segurança:
• 52% dos jovens disseram já ter se sentido discriminados
nas redes sociais em algum momento.
• Encerrar suas sessões adequadamente quando usarem
computadores compartilhados.
• 84% das pessoas consultadas manifestaram saber algo,
pouco ou nada sobre seus direitos e responsabilidades para
o uso seguro e responsável da Internet e outras tecnologias.
• Não compartilhar suas senhas com amigos nem colegas
(essas “provas de confiança” não são necessárias!)
• Não aceitar solicitações de amizade de pessoas que não
conhecem. Em caso de dúvida, o melhor é incentivá-los a
perguntar pessoalmente.
Seu próprio relato
Você já viveu alguma situação similar às que relatamos ou sabe de um
caso de alguém próximo a você? Como agiu nessa ocasião?
Como agiria agora?
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
Levando em consideração esses dados, temos aqui nove
conselhos que sintetizam tudo o que foi expressado para
favorecer o uso responsável das TIC entre os adolescentes:
1) Usar o computador, celular, Internet, redes sociais e
outros dispositivos tecnológicos pode ser uma boa maneira
de compreender melhor o mundo virtual dos adolescentes.
No entanto, você deve levar em consideração que sua
capacidade de orientá-los não está vinculada somente, nem
especialmente, ao seu conhecimento das tecnologias, e, sim,
à experiência e assessoria que pode oferecer quando se
trata de resolver conflitos entre pares.
2) Conversar com os adolescentes sobre a configuração
da privacidade nas redes sociais. A configuração de
privacidade é uma opção que permite a eles estabelecer
quem pode ter acesso ao conteúdo que publicam, quem
poderá ver suas fotos ou enviar solicitações de amizade.
(Ver acima)
2
Consulta regional a adolescentes. Inédita, RedNatic . Nota disponível no http://www.
rednatic.org/project/el-84-de-los-adolescentes-de-la-region-sabe-poco-sobre-sus-direitosy-responsabilidades-para-el-uso-seguro-y-responsável-de-internet-y-outras-tecnologias/
(02-06-14)
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APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying
INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES
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3) Dialogar com eles sobre os limites entre o privado, o
público e o íntimo. Enfatizar a necessidade de pensar antes
de publicar. Lembrar que, depois que um arquivo foi publicado na Internet, não temos mais controle sobre quem o vê
e quem o recebe.
4) No caso dos pais, é necessário permitir que os adolescentes usem o Facebook ou outras redes sociais sem impor como condição que eles os aceitem como amigos.
Respeitar a privacidade e a liberdade de expressão dos
filhos é importante para estabelecer com eles uma relação
de confiança, sem por isso deixar de se envolver e dialogar
sobre as atividades que realizam online.
5) Na medida do possível, evitar que os adolescentes usem
a Internet até altas horas da noite, já que isso pode alterar
o ritmo da vida cotidiana. Fazer em família ou na instituição
um acordo sobre quando, onde e como usar o celular, o
tablet ou o computador.
6) Se os jovens vão a lanhouses, visitar o lugar e perguntar se
existe algum tipo de sistema de proteção a conteúdos não
recomendados para menores. Se não houver, procurar uma
lanhouse que atenda a esse requisito. No caso do colégio, é
importante que os computadores contem com um sistema de
proteção. Eles podem ser baixados como softwares gratuitos.
7) Lembrar que devem encerrar sua sessão de forma correta nas diferentes ferramentas que usam (redes sociais,
bate-papos, e-mail, etc.), especialmente quando utilizarem
um computador que não seja seu. Assim, por exemplo, se
abrirem sua caixa de entrada de e-mails, não é suficiente
fechar o navegador para se desconectar do serviço. É importante que encerrem sua sessão, para que a conta não
fique disponível ao próximo usuário que abrir o navegador.
8) Lembrar que não devem compartilhar suas senhas com
amigos, amigas, namorados, namoradas, noivos, noivas,
como prova de amizade ou de confiança. Além do mais, essas
senhas devem ser seguras, combinando palavras e números.
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APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying
9) Compartilhar com os adolescentes notícias que tenham
sido publicadas em jornais ou na televisão sobre situações
de cyberbullying pode contribuir para que ganhem um sentimento de responsabilidade. Os adolescentes devem saber
que são responsáveis pelas consequências de seus atos,
inclusive na Internet. Do mesmo modo, é bom que saibam
que têm direito de defender sua privacidade e o dever de
respeitar a dos outros usuários.
Papel do adulto
diante do cyberbullying
Os adultos próximos às crianças e adolescentes têm um papel fundamental na identificação, prevenção e detenção de
uma situação de assédio entre pares. Não se trata de “coisa
de criança” nem de episódios isolados sem consequências.
As consequências, aliás, não afetam somente as pessoas envolvidas diretamente. Por isso, uma intervenção adequada
que abranja todo o grupo ajudará a desarmar a situação
criada.
A escola deve se envolver para frear situações de assédio
geradas entre colegas usando tecnologias. As fronteiras
“dentro-fora” da escola deixaram de existir com o uso das
novas tecnologias e não podemos ignorar o que acontece a
um aluno nesses meios.
A escola deverá promover o diálogo, avaliar sanções e
maneiras de reverter e reparar o dano causado a um(a)
aluno(a). A equipe de diretores deve se apoiar no pessoal
especializado em convivência escolar, dinâmica de grupos
ou psicologia. De acordo com a gravidade do caso, pode
ser necessário, também, contar com a participação dos
pais dos envolvidos em reuniões separadas. É muito importante para todos os adultos compreenderem que os
papéis são mutantes, segundo a dinâmica de cada grupo.
INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES
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Não estigmatizar os jovens em papéis negativos os ajudará
a ocupar outro lugar no grupo.
Quase todos os países da região contam com bases legais
em matéria de violência escolar, às quais as escolas devem
estar subordinadas. Diante desses casos, é importante que
a escola procure suas instâncias superiores (supervisores,
administração de distrito, etc.), para se informar sobre os
passos a seguir, segundo as normas vigentes que protegem
os direitos das crianças.
Por um uso amigável
das tecnologias:
chega de cyberbullying !
O que podemos fazer?
• Compartilhe no seu perfil um link com informações sobre
cyberbullying: o que é e como reagir.
• Pesquise e publique um vídeo com o qual as pessoas
possam refletir sobre o tema.
• Você pode criar um blog para falar sobre o tema. Pode
pedir aos demais que comentem e compartilhem suas
experiências pessoais.
• Assuma o compromisso contra o bullying da campanha
“Chega de bullying, não fique calado”. Você pode
assinar o pacto acessando http://www.chegadebullying.
com.br/
Você pode deter o assédio: por um ambiente virtual
amigável e livre de cyberbullying.
Embora tenhamos dado ênfase até aqui aos riscos que
surgem com o uso das novas tecnologias da informação
e da comunicação, é certo que elas também podem nos
ajudar a deter o assédio online.
Como você já sabe, os diferentes dispositivos tecnológicos
que existem hoje nos oferecem muitas possibilidades para
criar mensagens e compartilhá-las com outros de maneira
muito rápida e efetiva.
Por isso, sugerimos que você se envolva: participe da
campanha “Chega de bullying, não fique calado” e
dê sua contribuição. É hora de agir!
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APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying
INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES
31
bibliografia
bibliografia
• Convenção Internacional dos Direitos da Criança (1989),
Organização das Nações Unidas.
• RedNATIC. Rede de Organizações da América Latina pelo direito
das crianças e adolescentes ao uso seguro e responsável das TIC
(2014) “Consulta adolescente de tipo exploratória em nove países
da região. Sobre o uso das novas tecnologias e o direito a uma
cidadania digital ativa”. Disponível em: http://www.rednatic.org/
project/el-84-de-los-adolescentes-de-la-region-sabe-poco-sobresus-direitos-y-responsabilidades-para-el-uso-seguro-y-responsável-de-internet-y-outras-tecnologias/
• ComScore (2013) Futuro digital. América Latina 2013, O estado
atual da indústria digital e as tendências que estão moldando o futuro.
Informação disponível em: http://www.slideshare.net/pipe1201/futuro-digital-latinoamerica2013informe-24766620?qid=e80d37c38982-47a7-b9f0-1dbd1623eedd&v=default&b=&from_search=2
• ECPAT Internacional (2005) A violência contra as crianças no
Ciberespaço. Contribuição ao Estudo Mundial das Nações Unidas
sobre a Violência contra as Crianças. Bangkok. Disponível em:
http://resources.ecpat.net/EI/Publications/ICT/Cyberspace_SPA.
pdf
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“Como denunciar?”. Disponível em: http://internet.inadi.gob.ar/
como-denunciar/
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recursos para centros educativos. Materiais para equipes de diretores e ação tutorial, Ed. Defensor do Menor na Comunidade de
Madrid.
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http://libresdebullying.wordpress.com/2013/06/17/que-es-bullying-y-que-no/
• Programa Nacional Com Você na Web, iniciativa da Direção
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Direitos Humanos da Nação (Argentina) www.convosenlaweb.gob.
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• http://libresdebullying.wordpress.com (Disponível em 29-042014)
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Teórico.
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INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES
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créditos
NOTAS:
Comitê de coordenação:
Cartoon Network América Latina - Larissa Pissarra;
Rain Barrel Communications - Robert Cohen, Paul Hoeffel
Visão Mundial - Amanda Rives, Gabriela Olguín Martínez
Desenvolvimento de conteúdo: Associação Chicos.net
Redação: Cintia Balé
Coordenação editorial e revisão: Andrea Urbas
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Coordenação de conteúdo: Visão Mundial e Cartoon Network