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IntroduÇÃO INTRODUÇÃO O bullying acontece quando uma criança ou adolescente intencionalmente diz ou faz algo para prejudicar um(a) colega que, por sua vez, tem dificuldade para se defender. É um padrão de comportamento agressivo que ocorre entre pares e envolve ações indesejadas, negativas e repetidas ao longo do tempo. O bullying implica um desequilíbrio de poder ou força. 1 Na América Latina, cada vez mais estudos sobre o bullying mostram que se trata de um problema crítico e sério em níveis individual, escolar e social. Uma pesquisa recente mediu a prevalência do bullying nessa região, em comparação ao resto do mundo, e concluiu que a América Latina apresenta os níveis mais elevados de bullying escolar. 2 No mundo todo e na América Latina, as pesquisas mostram que estudantes que sofrem assédio escolar – inclusive os que apenas o testemunham – têm resultados piores em exames padronizados de conhecimento do que seus colegas que não são alvo de agressões. O estudo da América Latina, com estudantes do ensino fundamental que foram agredidos física ou verbalmente, revelou que eles têm desempenho significativamente inferior em leitura e matemática do que os colegas que não sofreram maus-tratos. 3 Um estudo realizado pela Plan International e pelo UNICEF4 reuniu as principais conclusões de várias pesquisas desenvolvidas na América Latina pelas duas organizações. 1 Olweus Bullying Prevention Program – http://olweus.org/ public/bullying.page 2 Roman y Murillo, América Latina: violencia entre estudiantes y desempeño escolar. Revista CEPAL 104, agosto de 2011. 3 Ibid, p. 51. 4 Violencia escolar en América Latina: Superficie y fondo, Plan International y UNICEF, 2011. Entre as conclusões se destacam: • A violência entre estudantes parece estar aumentando na região. • Estima-se que entre 50% e 70% dos estudantes da região foram testemunhas ou alvos de bullying. • O bullying ocorre nas escolas públicas e particulares, mas as formas mais sofisticadas de maus-tratos, humilhação e exclusão predominam nas escolas particulares. • Percepções sobre deficiência, enfermidade, orientação sexual, raça e origem étnica estão entre os motivos mais comuns para que meninos e meninas sejam excluídos do grupo. • A grande maioria das escolas não tem regras de conduta ou procedimentos adequados para enfrentar o bullying. Os professores não estão preparados para lidar adequadamente ou prevenir o problema. • Legislações federais sobre a violência nas escolas em geral e sobre o bullying em particular são inexistentes ou insuficientes. Os estudos e a experiência na região demonstram que ainda são necessárias ferramentas de fácil acesso e uso, que sejam úteis para os diversos integrantes da comunidade escolar na abordagem e na prevenção ao bullying. Nesse contexto, o Cartoon Network lidera a campanha CHEGA DE BULLYING, NÃO FIQUE CALADO, a primeira iniciativa desse tipo coordenada em nível internacional. Além do Cartoon Network, os parceiros são Plan Internacional, Visão Mundial, as Secretarias de Educação do Distrito Federal do México e do Estado de São Paulo, Brasil, e a Organização dos Estados Iberoamericanos para a Educação, Ciência e Cultura (OEI). A campanha é inspirada na bem-sucedida iniciativa do Cartoon Network nos Estados Unidos, Stop Bullying, Speak Up, que enfatiza a importância das testemunhas e dos adultos no combate e prevenção ao bullying. Os resultados de uma extensa pesquisa qualitativa realizada pelo Cartoon Network América Latina no Brasil, Argentina e México em abril de 2011 também formaram a base da campanha. Preocupados com a realidade que afeta um número cada vez maior de estudantes na América Latina, os parceiros da campanha CHEGA DE BULLYING desenvolveram estas apostilas para crianças, adolescentes, docentes, autoridades escolares, pais e mães. Dedicado à prevenção e à abordagem efetiva do bullying, o material tem como objetivo oferecer ferramentas de apoio aos diversos públicos que devem agir diante desse problema. Onde quer que ocorra e seja qual for a forma em que se manifeste, o bullying é inaceitável. Com a campanha CHEGA DE BULLYING, NÃO FIQUE CALADO e estas apostilas, procuramos pôr o bullying em debate ao mesmo tempo em que proporcionamos à comunidade escolar recursos que sensibilizam por meio da educação, do diálogo e da tolerância. Além disso, propomos soluções viáveis para reduzir e combater o bullying, permitindo assim que crianças e adolescentes possam usufruir de seu direito de viver sem violência e aprender em escolas seguras e protetoras. Para mais informações e para aderir à campanha, acesse nosso site: chegadebullying.com.br A LINGUAGEM QUE USAMOS Sabemos que, às vezes, nossa linguagem e nossa forma de dizer as coisas discriminam, tornando as meninas, adolescentes e mulheres “invisíveis”. Portanto, em muitos casos, usamos “meninos e meninas” em vez de apenas “crianças”, e “mães e pais” no lugar de “pais”. No entanto, preferimos não recorrer a formulações como “assediado(a)” ou “professor(a)” de forma frequente, porque, apesar de serem mais inclusivas, tornam a leitura mais difícil, especialmente para as crianças. CRÉDITOS As apostilas para a prevenção ao bullying nascem da campanha CHEGA DE BULLYING, NÃO FIQUE CALADO, liderada pelo Cartoon Network e seus parceiros Plan Internacional, Visão Mundial, as Secretarias de Educação do Distrito Federal do México e do Estado de São Paulo, Brasil, e a Organização dos Estados Iberoamericanos para a Educação, Ciência e Cultura (OEI). Coordenação editorial e de conteúdo: Plan Internacional – Mónica Darer, Marti Ostrander. Comitê de coordenação: Cartoon Network América Latina – Larissa Pissarra; Rain Barrel Communications – Robert Cohen, Paul Hoeffel; Plan Internacional. Desenvolvimento de conteúdo: Nicolás Chausovsky e Associação Chicos.net – Andrea Urbas, Nuria Alonso, Natalia Szlachevsky, Mariela Reiman, Marcela Czarny. Revisão técnica: Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, Brasil; Cléo Fante; Visão Mundial e Secretaria de Educação do Distrito Federal do México. Esta publicação pode ser encontrada em diversos sites. Sua reprodução e distribuição são permitidas, desde que respeitada a integridade de seu conteúdo e desenho. Para fazer o download, acesse: chegadebullying.com.br (versão em português) bastadebullying.com (versão em espanhol) www.bibliotecaplan.org www.visionmundial.org/antibullying Para mais informações: Cartoon Network América Latina - [email protected] Plan Internacional - [email protected] chegadebullying.com.br Coordenação de conteúdo: Plan Internacional e Cartoon Network APOSTILA 1 Estudantes do ensino fundamental I INFORMAÇÕES E ATIVIDADES DO QUE SE TRATA O CHEGA DE BULLYING ? Nesta apostila, descrevemos situações que acontecem com meninos e meninas como você e seus amigos e amigas. Certamente, a maioria das coisas é legal e divertida, mas, às vezes, pode haver situações com colegas que não são agradáveis. E mais, que podem ser muito tristes e prejudiciais. Por isso, aqui propomos pensar juntos sobre um problema grave, para o qual temos que dizer CHEGA. Esse problema é o bullying. Talvez você não conheça essa palavra, mas temos certeza de que poderá reconhecer rapidamente do que se trata depois de ler esta apostila. Você e seus colegas poderão completar atividades e participar de jogos que ajudarão a entender bem o que significa incomodar, perseguir, ameaçar ou discriminar alguém, e como se sentem as pessoas que participam dessas situações. 2 ESTUDANTES O programa CHEGA DE BULLYING quer ajudá-lo a pensar sobre o assunto. Conhecer o tema permitirá encontrar novas soluções para um problema que afeta milhões de meninos e meninas. Os adultos próximos a você também devem participar da prevenção e ajudar para que o bullying não ocorra. Se você não sabe, é muito importante considerar que todos os meninos e meninas têm direito de ser quem são. Esses direitos estão escritos na Convenção sobre os Direitos da Criança, um tratado internacional do qual fazem parte todos os países e governos da América Latina. Esse documento diz que todos os meninos e meninas devem ser protegidos e não discriminados, nem sequer por outros meninos e meninas. Por isso, o convidamos a conhecer um pouco mais sobre algumas situações que podem afetar você ou seus colegas. É importante estar informado para poder participar e dar sua opinião sobre tudo o que diz respeito a você e aos que o rodeiam. JUNTE-SE A NÓS! ENSINO FUNDAMENTAL I 3 O QUE É O BULLYING? Vo cÊ jÁ ouviu essa palavra alguma vez? Bullying é um termo em inglês que significa intimidar alguém. Em outras palavras, perseguir, incomodar ou prejudicar outra pessoa, causando dano e medo de maneira frequente. O bullying pode acontecer entre meninos e meninas na escola, no clube, no bairro ou em outros lugares onde eles se encontram com frequência. Por que acontece? Por que os meninos e as meninas fazem bullying? Por que hÁ meninos e meninas que sÃo vÍtimas de bullying? São todas perguntas muito difíceis de responder. Porém, se entendermos melhor do que se trata o bullying, podemos evitar que continue acontecendo. O certo é que todas as crianças que participam do bullying, de uma maneira ou de outra, não se sentem bem consigo mesmas, nem com seus colegas. 4 ESTUDANTES Bullying é quando um menino, uma menina ou um grupo de crianças maltratam outra pessoa com a intenção de prejudicar e fazer com que se sinta mal, de forma repetida ao longo do tempo. Maltratar significa “tratar mal a outra pessoa”. Pode-se maltratar alguém de várias maneiras. Por exemplo, bater ou empurrar é maltratar fisicamente. Existem também outras maneiras muito agressivas de maltratar, mesmo que não usem o corpo. Com as palavras ou com os gestos se pode insultar, zombar, não deixar um colega brincar ou jogar, excluir do grupo, deixar alguém sempre “de lado”, etc. Também se causa dano quando falamos mal de alguém pelas costas, para que os demais não sejam seus amigos ou amigas, por exemplo. Maltratar sempre a mesma pessoa, com intenção de fazê-la sentir-se mal, não é o mesmo que brigar com alguém uma vez ou discutir em um jogo. ESCUELA PRIMARIA ENSINO FUNDAMENTAL I 5 NO bullying sempre: A LINGUAGEM QUE USAMOS • quem agride tem intenção de magoar ou ameaçar um colega. • o maltrato ocorre frequentemente e sem motivos claros. • o agressor pode sentir que tem mais poder, força ou inteligência que a pessoa perseguida. NÃo se trata de bullying quando: • há uma briga com um amigo ou amiga, uma discussão ou até mesmo um insulto entre colegas por não estarem de acordo com algo. Ainda que não seja uma boa maneira de resolver um problema, não é bullying. • alguma vez não permitem que participe de um jogo ou brincadeira, ou zoem de você. Ainda que isso, sem dúvida, faça você se sentir mal e não seja uma boa atitude, não se trata de bullying. O bullying é um problema que afeta milhões de meninos e meninas, sem importar de onde eles vêm, nem onde vivem, ou quem são seus pais e suas mães. É um problema grave, principalmente nas escolas e, cada vez mais, na Internet e nas redes sociais. 6 ESTUDANTES Nesta apostila, aplicamos a palavra “vítima” para descrever um(a) estudante que está sendo intimidado(a). Porém, não a usamos como uma condição em si, mas como um comportamento temporal. Essa palavra é de uso comum nas conversas cotidianas, nos meios de comunicação e, inclusive, para a lei. No entanto, ela não nos convence, já que frequentemente dá a ideia de passividade ou debilidade. Não é assim que vemos os meninos e meninas que são intimidados. Pelo contrário, são jovens ativos que defendem seus direitos e os dos demais, e que têm toda possibilidade de mudança. Da mesma maneira, usamos o termo “agressora(a)” para nos referir a um comportamento e não a uma condição permanente. Sabemos que, às vezes, nossa linguagem e nossa forma de dizer as coisas discriminam, tornando as meninas, adolescentes e mulheres “invisíveis”. Portanto, em muitos casos, usamos “meninos e meninas” em vez de apenas “crianças”, e “mães e pais” no lugar de “pais”. No entanto, preferimos não recorrer a formulações como “assediado(a)” ou “professor(a)” de forma frequente, porque, apesar de serem mais inclusivas, tornam a leitura mais difícil, especialmente para as crianças. ESCUELA PRIMARIA ENSINO FUNDAMENTAL I 7 Atividade 1: PROBLEMAS NO PÁTIO Descubra no pátio de sua escola três situações que possivelmente sejam bullying. POSSO BRINCAR? 8 ESTUDANTES NO0!!! NÃOOO!!! ESCUELA PRIMARIA ENSINO FUNDAMENTAL I 9 Atividade 1: PROBLEMAS NO PÁTIO Agora compartilhe com seus colegas as situações que encontraram. Descreva as três situações que você viu. SITUAÇÃO 1: Quando é bullying? Marque as respostas corretas com um X. a) Para que se trate de bullying, essas situações deveriam acontecer: ( ) uma vez ( ) duas vezes ( ) muitas vezes b) Para que seja bullying, o menino, a menina ou o grupo que agride: SITUAÇÃO 2: ( ) tem intenção de magoar ( ) faz sem perceber ( ) faz por brincadeira c) Trata-se de bullying quando o menino ou a menina que é magoado(a) ou perseguido(a): SITUAÇÃO 3: ( ) não se sente afetado(a) ou ofendido(a) pela perseguição ( ) sente-se mal, discriminado(a) ou humilhado(a) ( ) ignora o que acontece Respostas: a) muitas vezes; b) tem intenção de magoar; c) sente-se mal, discriminado(a) ou humilhado(a). 10 ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIA ENSINO FUNDAMENTAL I 11 Atividade 2: ATENÇÃO AO SEMÁFORO AS CORES DO SEMÁFORO NOS DIZEM ALGO. O VERMELHO É PERIGO; O AMARELO, ATENÇÃO; O VERDE, PERMISSÃO. VAMOS USAR ESSE CÓDIGO PARA O BULLYING. COR SITUAÇÃO • Ajudar um colega ou uma colega quando perde algo. • Dar atenção a um colega somente quando jogam futebol, porque ele é um bom jogador. • Pôr apelidos e rir de um colega todos os dias. Indique uma cor do semáforo para cada frase do quadro. • Convidar um colega para brincar, mesmo que não seja meu amigo ou amiga. • Inventar mentiras sobre outra pessoa e divulgá-las na Internet. PERIGO! Se trata de bullying. • Escutar e ter consideração pelo que os outros dizem. ATENÇÃO! Ainda que não seja bullying, isso pode magoar alguém. • Não ajudar um colega com a tarefa, porque não tem tempo hoje. CORRETO. Agir dessa maneira ajuda na boa convivência com os outros. 12 ESTUDANTES • Participar da perseguição quando agridem um colega ou uma colega. • Proibir um(a) colega de participar das brincadeiras sempre que ele ou ela pede para brincar. ESCUELA PRIMARIA ENSINO FUNDAMENTAL I 13 E O QUE É CYBERBULLYING? O cyberbullying também é magoar ou maltratar outra pessoa, mas usando para isso as tecnologias de comunicação, como o celular ou Internet (Facebook, Twitter, Orkut e outras redes sociais). COMO SE PRODUZ O CYBERBULLYING? Pode ser que a colega ou o colega que é magoado(a) receba mensagens de texto com insultos ou caçoadas, comentários falsos por e-mail ou pelas redes sociais ou, ainda, que alguém publique uma foto ou vídeo que o(a) deixe com vergonha. O bullying pela Internet é muito diferente do que se faz “cara a cara”, porque as mensagens podem ser enviadas a qualquer momento do dia, de qualquer lugar e compartilhadas com muitas pessoas ao mesmo tempo, inclusive de forma anônima (isto é, quando não se sabe quem está magoando você, porque a pessoa não se identifica em suas mensagens). É importante lembrar que as redes sociais não são permitidas para meninos e meninas menores de 13 anos. Isso quer dizer que as coisas que acontecem nas redes sociais, os comentários, os vídeos, as fotos podem ser inapropriados para alguém da sua idade. Nesses sites, não existem controles suficientes para cuidar de meninos e meninas. As redes sociais têm políticas de proteção, porém, nem sempre elas podem ser cumpridas à risca. Por isso, com a ajuda de um adulto de confiança, você deve aprender como se proteger e quais medidas tomar se ocorrer o cyberbullying. Importante: nunca use as tecnologias para agredir. Se acontecer algo ruim na Internet ou se você souber de algum colega que está sofrendo cyberbullying, avise sempre seu pai, sua mãe ou um adulto de confiança. PARA PENSAR Alguma vez você prejudicou ou foi prejudicado por uma mensagem de texto em seu celular ou na Internet? Você conhece colegas que passaram por essa situação? Você acredita que ofender alguém “cara a cara” ou usando tecnologia é igual? Por quê? Além disso, esses comentários podem permanecer na Internet durante toda a sua vida. Por isso, é importante que, se acontecer algo assim, você busque ajuda e conte o que está acontecendo a um adulto de confiança. 14 ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIA ENSINO FUNDAMENTAL I 15 POR QUE O BULLYING É UM PROBLEMA? O bullying é um problema porque traz incômodo e prejuízos para todos os que participam, não somente para quem é agredido. Todos os meninos e meninas que fazem parte desse problema se sentem mal. QUEM SOFRE A PERSEGUIÇÃO • Muitas vezes não tem vontade de ir à escola. • Geralmente se sente triste. • Pode ter pesadelos e não dormir bem. • Pode sentir medo. • Pode sentir vergonha. • Pode tirar notas baixas na escola. • Talvez se sinta sozinho ou sozinha. • Pode sentir que precisa de ajuda. • Pode não saber como pedir ajuda. • Pode sentir raiva ou ódio. • Pode começar a comer demais ou, ao contrário, muito pouquinho. SEU DESENHO O que é perseguido ou ameaçado, o que persegue e também os que assistem a essa situação, especialmente se eles ou elas não sabem o que fazer a respeito ou têm medo de que os persigam, se tentarem impedir. Nestes quadros estão descritos alguns sentimentos ou comportamentos que podem afetar cada um e cada uma. Escolha um de cada quadro e faça um desenho para representá-lo. 16 ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIA ENSINO FUNDAMENTAL I 17 QUEM TESTEMUNHA QUEM PERSEGUE • Pode tirar notas baixas na escola. • Pode se mostrar agressivo(a). • Pode provocar medo nos demais. •P ode se sentir sozinho(a) ou estar atravessando algum problema que não sabe como resolver e, por isso, às vezes, utiliza a violência. •T alvez não saiba se comunicar de outra maneira com os demais. • Pode precisar de ajuda e não sabe como pedir. SEU DESENHO 18 ESTUDANTES • Sente medo de também ser agredido. • Pode sentir culpa por não intervir para mudar a situação. • Pode acreditar que a violência é a forma de conseguir o que se quer. • Sente-se afetado ainda que não demonstre. • Não tem vontade de assistir às aulas ou ir à escola. • Pode pensar que a violência que observa é algo normal. SEU DESENHO ESCUELA PRIMARIA ENSINO FUNDAMENTAL I 19 TODOS E TODAS SOMOS DIFERENTES, E TODOS E TODAS TEMOS DIREITOS IGUAIS Não importa se você é alto ou baixo, magra ou gorda, mexicano ou boliviano, muçulmano, católico ou judeu. Não importa se tem alguma deficiência, se sua mãe e seu pai estão ou não separados. Não importa se seu pai está preso, se é rico ou pobre, se fala bem o português ou não. Não importa se você é menino ou menina, se gosta ou não de esportes, se gosta de usar maquiagem ou nada disso. Qualquer coisa pode servir como desculpa para incomodar/perseguir outra pessoa ou zoar dela. Pode ser porque não usam a roupa da moda ou por sua cor de pele. Pode ser porque estão acima do peso, usam óculos ou porque são muito estudiosos e tiram boas notas. A verdade é que os meninos e meninas que magoam, perseguem ou ameaçam outros e outras não necessitam muito para se inspirar se têm a intenção de ferir ou deixar de lado alguém de seu círculo de amigos ou amigas. Porém, precisam saber que isso se chama discriminar. E sabe de uma coisa? Os meninos e as meninas têm direito de não serem discriminados. Isso é tão importante que está escrito em um documento internacional, que se chama Convenção sobre os Direitos da Criança. 20 ESTUDANTES Não existe nenhuma razão que justifique a discriminação de outra pessoa. E, mesmo que você ainda seja criança, deve aprender que não tem o direito de discriminar os outros, porque todos nós temos o compromisso de respeitar os direitos dos demais. ESCUELA PRIMARIA ENSINO FUNDAMENTAL I 21 Atividade 3: VERDADEIRO OU FALSO? Leia as frases e decida quais são verdadeiras (V) e quais são falsas (F). Explique o porquê no caso das falsas. Verifique se as suas respostas foram corretas: O bullying é uma brincadeira entre meninos e meninas. F Se você é vítima de bullying, pode sentir medo, tristeza e não ter vontade de ir à escola. V Se você é diferente dos demais, merece sofrer bullying. F Se agridem você, é por sua culpa. F V ou F • O bullying é uma brincadeira entre meninos e meninas. Ser agredido é algo normal que acontece com todos os meninos e meninas. F O bullying afeta quem é perseguido(a), quem persegue e os colegas que observam o que acontece. V • Se você é vítima de bullying, pode sentir medo, tristeza e não ter vontade de ir à escola. Agora invente cinco frases para que outro colega adivinhe se são verdadeiras ou falsas. • S e você é diferente dos demais, merece sofrer bullying. Use a sua imaginação e seus conhecimentos sobre o bullying! • Se agridem você, é por sua culpa. • S er agredido é algo normal que acontece com todos os meninos e meninas. • O bullying afeta quem é perseguido(a), quem persegue e os colegas que observam o que acontece. 22 ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIA ENSINO FUNDAMENTAL I 23 O QUE DEVO FAZER DIANTE DO BULLYING ? Se estão perseguindo você ou se sente que estão fazendo bullying, ou ainda, se é testemunha de um ataque contra outros colegas, amigos ou amigas, há várias coisas que você pode fazer para freá-lo. O melhor é não ficar calado. • Converse com um adulto de confiança. Você deve contar para alguém, seu pai e sua mãe, para um professor(a) ou outro adulto de confiança que possa intervir. Lembre-se: pedir ajuda não é acusar ou dedurar, é ajudar alguém. • Não responda ao bullying da mesma forma. Reagir com violência gera mais violência, o que fará com que a situação piore. 24 ESTUDANTES • Diga não! Junto com seus colegas, peça ao agressor ou à agressora que pare de perseguir. • Junte-se a uma campanha de prevenção ao bullying em sua escola. Proponha aos seus professores falar do tema, criar regras para conviver melhor com o grupo, fazer reuniões que tratem e resolvam problemas de assédio na escola. • Seja solidário. Dizer palavras amáveis ao menino ou menina que sofre bullying fará com que se sinta melhor. Um gesto tão simples faz a diferença. Tente algo como: “Sinto muito pelo que aconteceu”. Deixe o colega saber que bullying é inaceitável, que ele ou ela não deve se culpar por isso. Melhor ainda, convide esse menino ou menina para ser seu amigo. Pense que o menino ou menina que é vítima de bullying deve se sentir mal e precisa da sua ajuda. • Tente controlar seu medo ou raiva. O que persegue ou intimida gosta de ver o efeito que causa em outras pessoas. Tente não ficar com raiva e recorra aos adultos que podem ajudar. • Se alguma vez praticou bullying, pense como se sentiu e como se sentiu o outro menino ou menina. Busque ajuda se não sabe como deter o problema. ESCUELA PRIMARIA ENSINO FUNDAMENTAL I 25 ATIVIDADE 4: OS SINS E OS NÃOS SOBRE O BULLYING O QUE ESTÁ ACONTECENDO? POSSO AJUDÁ-LO? Escreva SIM ou NÃO ao lado de cada situação, de acordo com o que você considera que possa deter ou não o bullying. SITUAÇÕES 26 ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIA ENSINO FUNDAMENTAL I 27 28 ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIA ENSINO FUNDAMENTAL I 29 ATIVIDADE 5: ENCONTREI A SOLUÇÃO! Una com flechas cada situação à sua solução. SITUAÇÃO Felipe viu como um menino maior perseguia João. Desde que começaram as aulas, um grupo de colegas zomba de Paula. Na escola de Mariana, um grupo de colegas sempre deixa uma menina de lado, porque ela é muito tímida. Nunca a deixam brincar e zoam dela com frequência. Daniela recebe agressões pela Internet, vídeos que a fazem sentir envergonhada, insultos e zoações. Também espalham boatos maldosos sobre ela. 30 ESTUDANTES SOLUÇÃO O 5º ano organizou uma campanha com cartazes e mensagens para informar sobre o bullying. Eliminou aqueles contatos que a agridem e falou com seu pai e sua mãe sobre o assunto. Verifique se as suas respostas foram corretas: Felipe viu como um garoto maior perseguia João. / Aproximouse de seu amigo para encorajá-lo e acompanhá-lo a falar com um professor. Desde que começaram as aulas, um grupo de colegas zomba de Paula. / Falou com seus pais, professores e professoras. Na escola de Mariana, um grupo de colegas sempre deixa uma menina de lado, porque ela é muito tímida. Nunca a deixam brincar e zoam dela com frequência. / O 5º ano organizou uma campanha com cartazes e mensagens para informar sobre o bullying. Daniela recebe agressões pela Internet, vídeos que a fazem sentir envergonhada, insultos e zoações. Também espalham boatos maldosos sobre ela. / Eliminou os contatos que a agridem e falou com seu pai e sua mãe sobre o assunto. Você tem outras soluções para essas situações? Falou com seus pais, professores e professoras. Aproximou-se de seu amigo para encorajá-lo e acompanhá-lo a falar com um professor. ESCUELA PRIMARIA ENSINO FUNDAMENTAL I 31 ATIVIDADE 6: DESCUBRA O QUANTO VO CÊ SABE SOBRE BULLYING (de CHEGA DE BULLYING chegadebullying.com.br) 1- O bullying é: a) Um passatempo. b) Algo normal que acontece enquanto crescemos. c) Um abuso e causa dor. d) Uma brincadeira. 2- Quais são algumas das consequências do bullying? Marque todas as que correspondem. a) Sentir medo. b) Abandonar a escola. c) Tirar notas baixas. d) Não tem consequências. 3- Quem é afetado pelo bullying? Marque todas as que correspondem. a) Meninos e meninas que sofrem o bullying. b) Meninos e meninas que o assistem (as testemunhas). c) Os que atacam. d) Todos e todas. 4- O que posso fazer para deter o bullying? Marque todas as que correspondem. a) Ficar calado e olhar para o outro lado. b) Junto com meus colegas pedir ao agressor que pare. c) Contar ao professor ou professora ou a algum adulto da escola. d) Dizer ao meu pai ou minha mãe. e) Ajudar a criar ou fortalecer o programa antibullying da minha escola. ENTRE TODOS E TODAS DIZEMOS CHEGA DE BULLYING Para ter uma escola livre de bullying, onde haja um ambiente saudável e boa convivência, uma grande ideia é organizar com seus colegas uma campanha de prevenção ao bullying. Propomos esta campanha em três passos: PASSO 1 PASSO 2 PASSO 3 Desenho do contorno de uma mão. No desenho da mão, escrever esta mensagem: “Apoie quem é vítima de bullying. Diga que ele ou ela não é culpado(a).” Desenho de muitas mãos com várias mensagens diferentes: “Chega de bullying, não fique calado”. “Não guarde segredos que fazem mal a você”. “Quebre o silêncio, diga não ao bullying”. Verifique se as suas respostas foram corretas: 1-c; 2-a, b, c; 3-a, b, c, d; 4- b, c, d, e. 32 ESTUDANTES ESCUELA PRIMARIA ENSINO FUNDAMENTAL I 33 SUA CAMPANHA PASSO A PASSO Eu posso deter o abuso tomando algumas atitudes específicas. Aqui está o meu compromisso: Todos os participantes da campanha devem: 1. Desenhar o contorno de sua mão em uma folha de papel e recortá-lo. 2. Escrever em cada contorno recortado uma mensagem que sirva para deter o bullying. 3. Todos e todas devem colar os desenhos com mensagens em uma cartolina ou na porta da escola, e assim difundir a mensagem de prevenção. • Não ficarei calado Vou dizer algo quando vir crianças humilhando ou machucando outras. Eu vou falar sobre bullying com os meus amigos e com os adultos que me rodeiam. Vou mostrar para todo mundo que acho que maltratar os outros está errado. Para assinar este compromisso online, acesse chegadebullying.com.br COMPROMISSO CHEGA DE BULLYING Depois de tudo o que aprendeu, você certamente deve ter notado que o bullying traz problemas e aborrecimentos para todos os envolvidos e pode virar um pesadelo. A campanha CHEGA DE BULLYING propõe que você assine este compromisso de prevenção ao bullying. Leve-o à sua escola para que seus colegas também assinem e colaborem para o fim do bullying no ambiente escolar. Convencer toda a comunidade escolar a assumir o compromisso significa ser “Escola 100% Comprometida” e merecedora de um reconhecimento por parte do Cartoon Network e dos demais parceiros desta campanha. 34 ESTUDANTES Prevenir o bullying começa comigo. Ao assumir este compromisso posso mudar a minha vida e a de outra pessoa para melhor. Vou encaminhar esta mensagem para os meus amigos e familiares, e aumentar o número de pessoas dispostas a dizer: chega de bullying. Não vou ficar calado. • Serei um defensor Vou ajudar todos aqueles que possam precisar do meu apoio, e não apenas os meus amigos próximos. Não ficarei calado quando alguém estiver sendo maltratado. • Serei um exemplo Serei um modelo a seguir todos os dias, mostrarei que podemos conviver bem na minha escola, resolvendo conflitos pacificamente. Não vou maltratar ou excluir ninguém, espalhar fofocas, seja pessoalmente, pelo celular ou computador. ASSINATURA: NOME: DATA: ESCUELA PRIMARIA ENSINO FUNDAMENTAL I 35 Nesta apostila aprendemos: NOTAS: • Que o bullying é um problema que afeta muitos meninos e meninas. • Que o bullying se produz quando um menino, uma menina ou um grupo perseguem alguém com a intenção de fazê-lo(a) se sentir mal, de forma frequente. • Que é importante pedir ajuda aos adultos de confiança se você é vítima de bullying, se está intimidando alguém e não sabe como parar, ou se presencia uma situação de bullying contra outra pessoa. • Que todos temos direito a não ser discriminados e temos a obrigação de respeitar os direitos dos demais. • Que ser diferente dos demais não é motivo para que zoem de você ou o atormentem. • Que é muito importante nunca usar as tecnologias de comunicação para agredir e que sempre deve avisar seu pai, sua mãe ou algum adulto se acontecer algo ruim na Internet. • QUE JUNTOS PODEMOS DIZER CHEGA DE BULLYING. 36 ESTUDANTES ENSINO FUNDAMENTAL I 37 NOTAS: REFERÊNCIAS: • Health Resources and Services Administration. “El alcance y el impacto de los actos de molestar e intimidar”. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov. • Health Resources and Services Administration. “Los actos de molestia e intimidación (bullying) en niños pequeños”. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov. • Health Resources and Services Administration. “Niños que molestan o intimidan”. U.S. Department of Health & Human Services em www. StopBullying.gov. • Health Resources and Services Administration. “Qué debo hacer si me molestan o intimidan”. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov. • Health Resources and Services Administration. “Qué sabemos sobre los actos de molestar o intimidar (bullying)”. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov. • Health Resources and Services Administration. “Cómo intervenir para detener los actos de molestia o intimidación (bullying): consejos para la intervención inmediata en la escuela.” U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov. • Abente Pfannl, Daisy, Lesme Romero, Diana S., Lovera Rivas, Vanessa, Rodríguez Leith, Margarita, Zerené Reyes, Yasmina. Manual didáctico para la prevención e intervención del acoso escolar. Assunção, Secretaria da Infância e Planejamento do Ministério da Educação do Paraguai, 2010. • Abente Pfannl, Daisy, Lesme Romero, Diana S., Lovera Rivas, Vanessa, Rodríguez Leith, Margarita, Zerené Reyes, Yasmina. Guía de actividades para la prevención e intervención del acoso escolar. Segundo ciclo. Assunção, Secretaria da Infância e Planejamento do Ministério da Educação do Paraguai, 2010. • Abente Pfannl, Daisy, Lesme Romero, Diana S., Lovera Rivas, Vanessa, Rodríguez Leith, Margarita, Zerené Reyes, Yasmina. Guía de actividades para la prevención e intervención del acoso escolar. Primer ciclo. Assunção, Secretaria da Infância e Planejamento do Ministério da Educação do Paraguai, 2010. • Educación, Redes y Rehiletes, Associação Civil. Somos una comunidad educativa: hagamos equipo. Una propuesta de intervención integral educativa contra el bullying. Cidade do México, UNICEF, 2011. • Cartoon Network. “Chega de bullying, não fique calado”, em www. chegadebullying.com.br • Plan Internacional. “Aprender sem medo”, em http://plan.org.br/index.html 38 ESTUDANTES ENSINO FUNDAMENTAL I 39 chegadebullying.com.br Coordenação de conteúdo: Plan Internacional e Cartoon Network APOSTILA 2 docentes d o ensino fundamental I INFORMAÇÕES E ATIVIDADES DO QUE SE TRATA O CHEGA DE BULLYING? Estas páginas são destinadas aos docentes de escolas do ensino fundamental I, porque são eles que acompanham diariamente os meninos e as meninas, que melhor os conhecem e procuram seu bem-estar desde a infância. É grande o papel da escola em detectar e deter o bullying. Não é um problema simples, envolve toda a comunidade escolar (estudantes, docentes, familiares) e requer informações para abordá-lo profundamente. Trabalhar o tema a partir da perspectiva de melhorar a convivência na escola permite avançar no fortalecimento da cultura democrática. Abordar a noção do “outro” ou da “outra” como “semelhante” implica o reconhecimento das diferenças e, ao mesmo tempo, a afirmação da sua condição de igualdade de direitos. Todos os meninos e meninas têm direito de viver sem ser vítimas de violência. Docentes, meninos e meninas têm direito a escolas seguras, ao respeito mútuo e a que se assuma a responsabilidade de proteger a todos. Para acabar com o bullying é necessário se informar e não ficar calado. Se os meninos e meninas conversarem com seus pais, mães, educadores e outros adultos de confiança, é possível acabar com o bullying. Mas são necessários um plano de ação, debates construtivos, um pouco de coragem e muitos conselhos práticos para fazer frente a esse problema. 2 DOCENTES Se os docentes não ficarem calados e abordarem o tema em suas aulas, pode-se fazer das escolas lugares onde meninos e meninas aprendam e desfrutem de um ambiente seguro. Assim, o respeito mútuo se tornará uma norma de convivência válida para toda a comunidade. As informações contidas nesta apostila serão apenas o ponto de partida para saber o que é o bullying. Sem dúvida, conhecer o problema é o primeiro passo para detê-lo. EDUCAR PARA UMA BOA CONVIVÊNCIA Trabalhar em uma escola onde existe diálogo, inclusão, espaço para a resolução de conflitos e onde são firmadas diretrizes para regras de convivência, com a participação dos e das estudantes, diminui visivelmente a violência na escola e os conflitos entre pares (estudantes). Uma vez que no contexto escolar surge uma diversidade significativa de conflitos, que podem resultar em problemas sérios, considera-se que os enfoques preventivos na escola constituam uma via privilegiada para transformar essas situações de forma positiva e conseguir uma convivência escolar harmônica. Isto é, um ambiente confortável para aprender e ensinar. ENSINO FUNDAMENTAL I 3 Uma escola que se interessa pela sua comunidade necessita trabalhar diariamente os conflitos emergentes. É preciso que possa vê-los, escutá-los, reconhecê-los e, sobretudo, darlhes espaço, abrir-lhes as portas. Negar os conflitos, ocultálos ou ignorá-los não detém a violência; ao contrário, leva a sua potencialização, naturalização e legitimação. Lidar com a violência e com os problemas que surgem dela implica assumir um desafio. Há de ser capaz de propor ferramentas que permitam considerar as situações sob várias perspectivas, como a época/tempo, as condições sociais e emocionais dos meninos e meninas, os vínculos familiares e os envolvimentos na instituição escolar, seja entre pares ou adultos. Os docentes devem ajudar a resolver conflitos, desenvolvendo nos meninos e nas meninas aspectos relacionados à empatia, compaixão, compreensão, comunicação e ao respeito pelo outro. É trabalho dos adultos formar as crianças, oferecendo-lhes recursos para que se sintam seguras. Além disso, as escolas devem promover a valorização da diversidade. Isto é, reconhecer todos e todas, não só os que se sobressaiam nos esportes, nas artes ou estudantes de destaque em alguma área. Não se deve promover somente uma maneira de ser e de agir. Todos e todas as estudantes têm valor. 4 DOCENTES o que É BULLYING? É agredir ou humilhar outra pessoa. Outras formas de fazer bullying são insultar, espalhar boatos, ferir física ou emocionalmente e ignorar alguém. O bullying pode ocorrer pelo celular, pessoalmente, por escrito, na escola, no bairro, em algum meio de transporte ou em outros espaços onde os estudantes se encontrem com frequência, como as redes sociais. Seja onde for, o bullying não deve ser permitido, é inaceitável. O bullying é um problema grave que afeta milhões de meninos e meninas sem importar de onde são, nem de onde vêm. Quando esse problema acontece nas escolas, deve ser resolvido o quanto antes. Os que praticam bullying perseguem meninos e meninas mais vulneráveis. Escolhem aqueles e aquelas que são diferentes, porque não usam roupas da moda, porque fazem parte de uma minoria social ou racial, porque estão em desenvolvimento e parecem desajeitados com o corpo, porque estão acima do peso ou têm algum traço físico característico (como orelhas ou nariz grandes), porque apresentam uma deficiência ou porque são mais estudiosos ou muito tímidos. Os meninos e meninas que praticam bullying não precisam de muito para se inspirar se têm a intenção de ferir, humilhar ou excluir alguém de seu círculo de amigos ou amigas. O bullying não afeta somente os meninos e meninas que são atacados, mas também prejudica as testemunhas próximas, especialmente se eles e elas não sabem o que fazer a respeito. Na maioria dos casos, a vítima de assédio permanece calada perante o abuso a que está sendo submetida. Essa situação intimidadora produz angústia, dor e medo. ENSINO FUNDAMENTAL I 5 O bullying se sustenta ao longo do tempo, ocorre com frequência e sempre existe a intenção de magoar ou humilhar quem o sofre, gratuitamente. O bullying afeta toda a comunidade escolar e não é piada ou brincadeira. É inaceitável. A LINGUAGEM QUE USAMOS Nesta apostila, aplicamos a palavra “vítima” para descrever um(a) estudante que está sendo intimidado(a). Porém, não a usamos como uma condição em si, mas como um comportamento temporal. Essa palavra é de uso comum, nas conversas cotidianas, nos meios de comunicação e, inclusive, para a lei. No entanto, ela não nos convence, já que frequentemente dá a ideia de passividade ou debilidade. Não é assim que vemos os meninos e meninas que são intimidados. Pelo contrário, são jovens ativos que defendem seus direitos e os dos demais, e que têm toda possibilidade de mudança. Da mesma maneira, usamos o termo “agressora(a)” para nos referir a um comportamento e não a uma condição permanente. Sabemos que, às vezes, nossa linguagem e nossa forma de dizer as coisas discriminam, tornando as meninas, adolescentes e mulheres “invisíveis”. Portanto, em muitos casos, usamos “meninos e meninas” em vez de apenas “crianças”, e “mães e pais” no lugar de “pais”. No entanto, preferimos não recorrer a formulações como “assediado(a)” ou “professor(a)” de forma frequente, porque, apesar de serem mais inclusivas, tornam a leitura mais difícil, especialmente para as crianças. 6 DOCENTES TODA AGRESSÃO É BULLYING ? É importante distinguir as situações de abuso que podemos enquadrar no bullying de outras manifestações agressivas esporádicas, que não são propriamente bullying, como as habituais “zoações”, as brincadeiras brutas, grosserias ou brigas que, muitas vezes, ocorrem entre colegas no âmbito escolar. Deve-se observar que é frequente nas relações entre pares o surgimento de divergências que geram conflitos e maus-tratos entre eles e elas, sem que devam ser considerados situações de abuso/intimidação propriamente ditas. As brigas, os problemas entre colegas ou entre amigos, o uso de palavrões ou vocabulário inapropriado são frequentes em todas as populações de meninos e meninas. Desde cedo, tais hábitos merecem ser tratados na escola, dando uma resposta apropriada que não naturalize essas formas de relação. Porém, se esses cenários não são resolvidos adequadamente, poderão evoluir para situações de assédio constante. Outra distinção importante é a que ocorre em situações de conflito intragrupal, em que um ou mais estudantes se desafiam ou se enfrentam em lutas/brigas, a fim de resolver seus conflitos ou para estabelecer o poder de uma pessoa sobre as demais ou de um grupo sobre outro. ENSINO FUNDAMENTAL I 7 O que distingue essas situações do bullying é a igualdade de condições, físicas ou psicológicas, entre os grupos em disputa. No assédio escolar ou bullying há uma desigualdade entre o(s) assediador(es) e o assediado, que não encontra uma maneira de se defender e se submete ao poder da outra parte. Ainda que diferentes, sem dúvida, as duas formas de violência requerem atenção e intervenção imediata e apropriada dos e das docentes. Para facilitar a distinção das situações de assédio daquelas que não são, oferecemos uma lista de algumas das características que devem estar presentes para que uma situação seja definida como bullying: Intencionalidade na agressão, seja física, verbal ou virtual. Desequilíbrio de poder entre o assediado ou a assediada e o assediador ou a assediadora (em que o último é mais forte que o primeiro, seja essa diferença real ou subjetiva, percebida por um(a) deles(as) ou por ambos). A desigualdade de poder pode ser de ordem física, psicológica ou social, gerando um desequilíbrio de força nas relações interpessoais. Repetição da agressão ao longo de um tempo e de forma constante contra a mesma vítima e sem motivo algum. 8 DOCENTES TODOS E TODAS SÃO AFETADOS O assédio escolar envolve uma série de consequências negativas, não somente para quem é assediado(a), mas também para o(a) assediador(a) e para as testemunhas do fato. No bullying há três partes envolvidas. O agredido é a parte mais prejudicada do processo. Além disso, há as testemunhas e o que assedia, que são fundamentais para a compreensão do problema. O que É assediad o : É aquele menino ou menina alvo de comportamentos ofensivos ou de intimidação constante. Pode exibir sinais de: Baixa autoestima ou autoimagen negativa. Queda em seu rendimento acadêmico. Sensações de medo. Fobia e absenteísmo escolar. Pesadelos e insônia. Depressão e ansiedade. Desconfiança nas relações sociais e na solução pacífica dos conflitos. Desconfiança nos adultos e nas adultas por sua intervenção inadequada. Sentimentos de vingança. Naturalização da agressão, humilhação, desvalorização e discriminação. Impotência ante a falta de ajuda e respostas. Mudança nos padrões alimentares (comer em excesso ou muito pouco). ENSINO FUNDAMENTAL I 9 Isso pode levá-lo(a) a: Testemunhas: Aprender a obter o que quer de forma distorcida. Ver afetado seu desempenho acadêmico. São aqueles meninos e meninas que fazem parte do grupo em que se desenvolve o assédio. Não participam diretamente da agressão, mas observam e, às vezes, atuam passivamente diante da mesma, porque respondem com um silêncio complacente. Em algumas ocasiões, atuam adequadamente e querem deter o bullying, porém, muitas vezes não sabem como fazê-lo ou a quem pedir ajuda. Em alguns casos, podem chegar a participar das agressões. Este grupo pode sofrer consequências como: Sentir medo de que aconteça o mesmo com eles ou elas. Adquirir atitude precursora de uma futura conduta delituosa. Alcançar reconhecimento social e status dentro do grupo baseado no poder e na violência. Transferir essas condutas a outros âmbitos. Naturalizar as atitudes violentas, discriminatórias e de desvalorização do outro ou da outra. Aprofundar problemas afetivos ou sociais não solucionados adequadamente. Não querer ir à escola. Queda em seu rendimento acadêmico. Adquirir uma aprendizagem deficiente sobre como se comportar diante de situações injustas. Ficar expostos a modelos inadequados de atuação. Naturalizar a discriminação, a desvalorização e o sofrimento de outros meninos e meninas. Desconfiar dos adultos por sua intervenção inadequada. O que assedia: É quem deliberadamente faz uso da força para assediar outro ou outra, normalmente perante o olhar dos demais colegas. Assim, sente-se poderoso perante os demais, porém tentando esconder seu comportamento na frente dos docentes e outros adultos. Esse tipo de conduta pode estar refletindo necessidades afetivas, conflitos familiares ou problemas não resolvidos adequadamente. 10 DOCENTES É DIFERENTE ENTRE MENINOS E MENINAS? É importante levar em consideração que o bullying escolar envolve tanto os meninos quanto as meninas, porém com formas de se manifestar diferentes. As meninas são mais propensas à agressão verbal, enquanto os meninos são mais inclinados às agressões físicas. Além disso, as meninas podem ser frequentemente agredidas pela difusão de rumores que as convertem em alvos de comentários sexuais. Por trás de muitas dessas situações, se reconhecem concepções machistas, que parecem ter uma relação direta ou indireta com a violência ou o exercício errado do poder. Todas as formas de bullying causam danos significativos. ENSINO FUNDAMENTAL I 11 O QUE É O CYBERBULLYING? O cyberbullying se produz quando a agressão e a intimidação a um(a) colega ocorrem por meio do uso da tecnologia e da Web (computadores, celulares e outros dispositivos eletrônicos). Como se produz? Pode ser com mensagens de texto cruéis, divulgação de falsos boatos ou mentiras por e-mail ou nas redes sociais, publicação de vídeos constrangedores para o assediado e criação de perfis falsos nas redes sociais ou sites destinados a zombar de alguém. O cyberbullying se expande viralmente pela Web e pode humilhar de uma maneira muito difícil de ser detida. Por isso, é muito invasivo e danoso. As mensagens e as imagens podem ser enviadas pelo agressor(a) a qualquer momento do dia e de qualquer lugar (inclusive de forma anônima), e podem ser compartilhadas com muita gente. Dessa maneira, a vítima está exposta a receber agressões o tempo todo, mesmo estando em sua própria casa. Além disso, as agressões permanecem na Internet durante muito tempo, podendo afetar o menino ou menina em longo prazo. 12 DOCENTES COMO INTERVIR? CONSELHOS PRÁTICOS PARA OS DOCENTES Esta seção propõe aos docentes trabalhar com os alunos na construção de valores de convivência e ambientes escolares cooperativos, onde os conflitos possam ser tratados e resolvidos de forma construtiva. Porque não se trata somente de pôr a violência no centro do debate, mas também de aprender novas formas de convivência para o exercício de uma cidadania responsável em um ambiente escolar democrático, inclusivo e equitativo. As habilidades para conseguir uma boa convivência não podem ser inculcadas aos meninos e às meninas por imposição, devem ser transmitidas como um modo de vida, uma forma de se comportar, de “estar com o outro”. Trabalhar com esse enfoque desde as primeiras séries ajuda meninos e meninas a aprender desde pequenos a reagir à intolerância e à provocação, a controlar a raiva, a ser geradores de propostas e buscar soluções pacíficas. Em resumo, a ser capazes de reconhecer as consequências negativas e destrutivas da violência e do abuso, tanto para eles e elas quanto para os demais. Cada escola deve decidir como atuar ao detectar uma situação de bullying. O primeiro passo é proteger o estudante que está sendo agredido. O docente deve saber que existe uma grande diferença entre frear o bullying quando está nas fases iniciais e detê-lo quando já leva um tempo instalado. ENSINO FUNDAMENTAL I 13 A SEGUIR, MENCIONAMOS ALGUNS CONSELHOS PRÁTICOS PARA DETER O BULLYING: Escute seus alunos e alunas. Leve a sério tudo o que dizem sobre o bullying, especialmente se informam sobre casos concretos que ocorrem no centro educativo (ou fora dele) e envolvem seus estudantes. Dê atenção a cada caso particular e adote ações corretivas para impedir a situação. Use sua autoridade como docente para exigir o fim das hostilidades contra qualquer menino e menina. Se presenciar uma situação de assédio, detenha imediatamente a agressão. Coloque-se entre o menino, a menina ou o grupo de crianças que perseguem ou intimidam, e aqueles que foram perseguidos ou intimidados. De preferência, procure bloquear o contato visual entre eles. Não afaste nenhum menino ou menina, especialmente as testemunhas. Não pergunte de imediato, não discuta sobre o motivo da agressão, nem trate de descobrir os fatos. Fale sobre as consequências negativas de agredir ou intimidar e das regras de convivência da escola. Use um tom natural para descrever quais comportamentos você viu/ouviu. Deixe claro que assediar ou intimidar é inaceitável e que vai contra as regras da escola. Ajude-os a refletir sobre suas atitudes e reconhecer o dano que provocam. Apoie la se Ajude ras de ajuda. a criança assediada ou intimidada para fazêsentir respaldada e a salvo das represálias. o menino ou a menina a encontrar maneipedir que não o incomodem mais e a procurar Relate o que aconteceu aos demais docentes. Inclua as testemunhas na conversa. Enfatize a importância de pedir ajuda a um docente ou a outro adulto e dê orientação sobre como poderiam intervir corretamente ou obter apoio da próxima vez. Deixe bem claro que pedir ajuda não é ser delator. Pelo contrário, é ser solidário. Não peça às testemunhas que expliquem publicamente o que observaram. 14 DOCENTES O trabalho com o grupo deve almejar desmitificar quem exercita seu poder mediante a violência. O menino ou menina que recorre à violência pode ter alguma necessidade não satisfeita. É fundamental escutá-lo e entendê-lo para então estabelecer limites por meio da empatia e da justiça. Se considerar apropriado, imponha consequências para os meninos e as meninas que perseguem ou intimidam outros. Não exija que os meninos e meninas se desculpem ou que façam as pazes no calor do momento. Todos deveriam ter seu tempo para “acalmar os ânimos”. Todas as consequências devem ser lógicas e ligadas à ofensa. É fundamental que as consequências sejam justas e que tenham como objetivo compreender e ajudar tanto quem sofre o bullying quanto quem o pratica. Pergunte aos agressores sobre o seu comportamento e ofereça apoio para mudar as condutas nocivas. Certas medidas punitivas, como a suspensão ou a expulsão, tendem a ser contraproducentes, porque os meninos e meninas ficam calados e não é possível trabalhar as causas psicossociais que motivam o comportamento dos que abusam ou dos que são abusados. Notifique os pais e as mães dos meninos e meninas envolvidos. É aconselhável também tratar o tema em reuniões com mães e pais, a fim de gerar conscientização sobre o problema e promover a aproximação entre famílias e escola. Os pais e mães devem sentir que a escola cuida de seus filhos e filhas, que escuta seus problemas e colabora com a família na educação. É muito importante envolver os pais e mães. Embora em alguns casos tanto o(a) assediado(a) quanto o(a) que assedia possa chegar a receber ajuda terapêutica formal, na maioria das vezes é suficiente a participação de um orientador escolar que forneça apoio psicossocial informal. ENSINO FUNDAMENTAL I 15 É importante dar espaço ao assediado ou à assediada para conversar com um adulto de confiança, em particular. Que o menino ou a menina possa explicar abertamente o que está ocorrendo. Pedir ao assediado que conte sua experiência diante dos outros pode ser contraproducente e até inibidor. O professor deve acompanhar tanto o menino ou a menina assediado(a) e também aqueles e aquelas que foram agressores. Todas as partes devem sentir que o docente está ciente da situação para garantir que a violência não volte a ocorrer. QUE TRABALHO PREVENTIVO PODEMOS FAZER EM SALA DE AULA? É necessário que os problemas entre pares possam ser incluídos como parte do trabalho de convivência na sala de aula. Dessa maneira, haverá muitas oportunidades de transformar situações negativas em outras positivas e favorecer uma convivência escolar harmônica, um ambiente confortável para aprender e ensinar. Intervir unicamente quando surge um conflito ou um processo de bullying constitui um grave erro. A prevenção deve ser parte do programa escolar. As estratégias de prevenção devem estar destinadas a fomentar habilidades emocionais e comunicativas para que os alunos aprendam a evitar conflitos e também a enfrentá-los de maneira não violenta. Se o bullying é detectado nas primeiras fases, docentes, pais e mães podem intervir a tempo de pôr fim rapidamente aos episódios de violência. Por outro lado, se descobrem um assédio de longa duração, desarticular o problema levará mais tempo. 16 DOCENTES A SEGUIR, ALGUMAS PROPOSTAS PARA LEVAR EM CONSIDERAÇÃO: Proponha assembleias semanais. As trocas ou assembleias em sala de aula, programadas de forma regular, em que se reflete sobre o que aconteceu na semana, os conflitos grupais e as relações, podem ajudar a reduzir atos de perseguição ou intimidação. Esses encontros participativos favorecem um clima positivo para a aprendizagem e as relações sociais. Também facilitam a identificação e intervenção do docente em situações conflituosas. A intervenção em sala de aula é efetiva, porque alcança todos os meninos e meninas, vários dos quais muitas vezes são testemunhas de atos de agressão ou intimidação. Tratar o grupo como um todo cria a sensação de comunidade, na qual todos se fazem responsáveis por suas condutas, gerando laços solidários e atitudes de empatia. Planeje dinâmicas de trabalho grupais. O trabalho em grupos colaborativos põe em jogo uma dinâmica diferente, na qual podem ser reveladas habilidades, talentos e potencialidades dos integrantes. A meta é atingida somente se a totalidade do grupo participa, de maneira que é importante ceder protagonismo (atribuir função), escutar as opiniões e contribuições do outro e solucionar tensões de forma criativa. Por meio da cooperação, os alunos e as alunas exercitam interdependência positiva e alcançam um crescimento pessoal e social. A intervenção docente na organização de subgrupos e o trabalho com cada um é fundamental, para favorecer a cooperação e mediar os conflitos próprios do trabalho com outros e outras. ENSINO FUNDAMENTAL I 17 Crie novas regras para a formação de grupos de trabalho, de maneira a favorecer a inclusão e evitar que sempre os mesmos meninos e as mesmas meninas fiquem marginalizados. Pode-se variar os grupos semanalmente ou de acordo com os diferentes projetos e utilizar múltiplos critérios de agrupamento, por meio de jogos que permitam montar equipes de modo aleatório. e as meninas se sentirão muito mais comprometidos se abordarem algo que os afeta diretamente. Algumas campanhas podem ser realizadas com a confecção grupal de cartazes ou pôsteres para pendurar na escola, concursos de fotografia, mostras de arte, palestras para as crianças menores, publicações em blog da escola ou em um blog criado para essa finalidade, entre outros. Trabalhe com obras literárias e filmes. As histórias são um convite permanente à fantasia, ao jogo, à brincadeira, à imaginação. No entanto, sua função cultural e seu valor pedagógico não se esgotam aí. As histórias nos falam do amor ou do desamor, da amizade e da solidão, da solidariedade e do egoísmo, do respeito pelo outro e da discriminação. Assim, os filmes e as obras literárias constituem insumos privilegiados para falar e refletir sobre diferentes temas sociais. Inclua em suas aulas temas como a discriminação e direitos de meninos e meninas. É importante que se possa formá-los para a inclusão, para reconhecer a igualdade e para aceitar e valorizar as diferenças. Inclua o jogo tanto nas atividades de aprendizagem quanto na abordagem da temática do bullying especificamente. Os jogos são uma ferramenta de grande utilidade para o trabalho interno (autoconhecimento, atenção, cuidado, comunicação direta, superação de resistência) e para facilitar o contato com o outro. Os jogos também visam desenvolver competências, como o trabalho em equipe e as relações sociais. Convide seus alunos e alunas a realizar campanhas de divulgação e prevenção do bullying. Isso exigirá que se informem, reflitam sobre o tema e elaborem mensagens para alcançar toda a sua comunidade. Os meninos 18 DOCENTES Mobilize todas as partes envolvidas na escola para criar um comitê/comissão de convivência integrado por docentes, alunos e alunas. É necessário que o tema seja abordado na escola de maneira integral e não somente em sala de aula. Assim, será possível elaborar um projeto escolar consistente, que envolva os docentes e estudantes, no qual se estabeleçam regras e normas acordadas a partir do debate e troca de opiniões. Valorize a diversidade. As escolas devem promover a valorização da diversidade e reconhecer todos e todas, não só os que se sobressaiam nos esportes, nas artes ou os estudantes mais destacados. Não se deve promover e premiar somente uma maneira de ser e de agir. Todos os meninos e meninas têm valor e devem ser reconhecidos por suas qualidades particulares. ENSINO FUNDAMENTAL I 19 ATIVIDADES E JOGOS/ BRINCADEIRAS PARA A SALA DE AULA Todas as atividades propostas podem ser realizadas em grupos de idades diferentes. Os ajustes são determinados pelo nível de aprofundamento desejado em cada caso. ATIVIDADE FOTOGRAFIA VIVA Objetivos Que os alunos e alunas possam: Reconhecer o bullying. Refletir sobre situações de perseguição ou intimidação. Trabalhar em grupo. Desenvolvimento Divide-se a classe em grupos. Cada grupo recebe uma frase sobre o bullying, que pode ser a seguinte: Quando brigamos e nos agredimos fisicamente nos causamos dano, mas também causamos dano quando insultamos uma pessoa ou caçoamos dela, ou quando não a deixamos brincar, a excluímos do grupo ou a deixamos sozinha. Também causamos dano quando falamos mal de alguém pelas suas costas para que os demais não sejam seus amigos. Tudo isso é maltratar. deverão comunicar algo por meio de uma cena sem utilizar a palavra. O grupo deve concordar sobre o que apresentará aos demais e como. A cena deve transmitir os sentimentos vivenciados pelas pessoas que experimentam situações de bullying. Cada grupo representará a “fotografia” que criou sem mencionar qual é o exemplo de bullying escolhido. O desafio é que os integrantes dos demais grupos identifiquem os exemplos. Assim que todos os grupos representarem sua fotografia, se compartilhará com os demais como conseguiram construir essa imagem. O docente considerará as contribuições de cada grupo para conceitualizar o tema e proporá repensar os exemplos que não correspondem ao conceito. Levará em consideração que o bullying pode apresentar diferentes formas de agressão: física, verbal, psicológica ou social. É importante que essas descrições apareçam nos exemplos ou que o docente convide os grupos a pensar nas situações que não foram representadas. Além disso, deve reforçar as características do bullying, como a repetição ao longo do tempo, o dano como resultado e a relação de assimetria por parte das pessoas envolvidas no conflito, já que nem todas as agressões constituem por si mesmas um ato de bullying. ATIVIDADE MENSAGENS POSITIVAS Objetivos Que os alunos e alunas possam: Reconhecer os valores positivos em si mesmos e nos outros. Fortalecer laços grupais. Materiais Papel e lápis. Os grupos deverão representar um exemplo de bullying com uma imagem “congelada”. Como se faz uma fotografia grupal? Os elementos são os corpos e rostos dos e das participantes, que 20 DOCENTES ENSINO FUNDAMENTAL I 21 Desenvolvimento Desenvolvimento O grupo formará uma roda. Cada aluno e aluna escreverá seu nome em uma folha. Quando se dá o sinal para começar, cada um passará a folha para a direita. Cada vez que um menino ou menina recebe uma folha, deverá escrever uma mensagem positiva para esse menino ou menina. Ao completar a volta, cada menino ou menina poderá ler na folha com seu nome todas as mensagens que ressaltaram seus aspectos positivos, seus feitos e receberá assim o carinho de seus colegas. Variante do jogo Cada menino ou menina receberá dois cartões. Em um escreverá algo positivo sobre si mesmo e no outro algo positivo sobre o companheiro ou companheira da direita. ATIVIDADE QUEBRA-CABEÇAS Objetivos Que os alunos e alunas possam: Cooperar com seus colegas para alcançar o objetivo. Manifestar atitudes solidárias. Resolver os conflitos próprios da atividade. Fortalecer os laços grupais. Mostrar empatia. Materiais 22 DOCENTES Cinco envelopes. Cinco quebra-cabeças recortados em cerca de 10 peças. Cinco imagens dos quebra-cabeças completos. A classe se dividirá em cinco grupos. O docente entregará a cada grupo um envelope que conterá as peças misturadas de cinco quebra-cabeças e a imagem completa de um deles. Quando o sinal é dado, cada grupo deverá montar o quebra-cabeça que corresponde à imagem recebida. Para montá-lo, seus integrantes terão que conseguir as peças que faltam e que estão nos envelopes dos outros grupos. O jogo termina quando todos os grupos montarem todos os quebra-cabeças. Durante o jogo não se pode falar nem se comunicar por escrito, não se pode tirar peças do outro grupo, mas é permitido trocar e ceder peças. Será interessante se o docente não avisar os meninos e meninas que as peças estão misturadas, para que eles lidem com o problema a resolver. Para finalizar, o docente proporá uma socialização para discutir em grupo o que aconteceu durante o jogo a partir de perguntas como: Como se sentiram quando alguém tinha uma peça que precisava e não lhe passaram? O que fizeram quando terminaram os quebra-cabeças? Prestaram atenção para ver o que os outros estavam precisando? ATIVIDADE CUIDADO COM A ÁGUA! Objetivos Que os alunos e alunas possam: Cooperar com seus colegas para alcançar o objetivo. Manifestar atitudes solidárias. Resolver os conflitos próprios da atividade. ENSINO FUNDAMENTAL I 23 Objetivos Fortalecer os laços grupais. Organizar estratégias para resolver as propostas. Materiais Corda ou banco comprido. Desenvolvimento alguém com mais protagonismo, alguém que incomodou os demais, etc. Será uma boa maneira de refletir sobre os vínculos. AtividadE EU NÃO GOSTO DISTO Objetivos Que os alunos e alunas possam: Assumir como próprios os problemas de convivência em sala de aula. O docente relatará uma pequena história para introduzir o jogo. Contará aos meninos e meninas que o barco em que viajavam acaba de afundar e tiveram que subir em um tronco, que é sua única salvação para chegar à costa. Eles devem se organizar em fila sobre uma corda, uma linha marcada no chão ou sobre um banco comprido. Os meninos e meninas deverão se manter sobre essa linha e cumprir as regras que o docente dará. Se algum ou alguma “cair” ou “desistir”, todos e todas perdem. Expressar e compartilhar sentimentos de desconforto e incômodos. Buscar, em equipe, soluções para situações individuais e grupais. Algumas propostas possíveis: Ordenar-se da esquerda para a direita, primeiro as meninas e depois os meninos. Materiais Papel e lápis para cada aluno. Cartolina, canetas coloridas e outros materiais para fazer um cartaz ou pôster. Do maior ao menor, segundo a altura. Do menor ao maior, segundo a data de nascimento. Em ordem alfabética, segundo o nome. Do menor ao maior, segundo a quantidade de irmãos e irmãs. Do maior ao menor, segundo a quantidade que somam as letras do nome e do sobrenome. Ao terminar o jogo, o docente proporá uma socialização para discutir em grupo o que aconteceu ao longo do jogo. Pedirá a seus alunos e alunas que contem como se sentiram, se puderam se organizar, como o fizeram, que coisas dificultaram a realização das propostas, se houve 24 DOCENTES Desenvolvimento Cada aluno e aluna escreverá em uma folha duas coisas que não gosta que lhe façam ou digam. Em pequenos grupos lerão o escrito por cada um e conversarão para refletir sobre o exposto. O docente assistirá a cada grupo, tratando de mediar e levar as situações expostas a conclusões positivas. Os meninos e meninas terão que escrever propostas de soluções para essas situações. Cada grupo lerá ENSINO FUNDAMENTAL I 25 as conclusões para toda a turma. Logo, analisarão as propostas e elegerão aquelas que todo o grupo considere adequadas. A meta final da assembleia/ reunião será converter a conclusão do debate em meta do mês para cumpri-la entre todos. Como fechamento da atividade, será elaborado um cartaz, que ficará exposto na classe durante um mês, com a proposta positiva. Deverão dedicar outra aula para avaliar em que medida puderam cumprir a meta. Atividade EU MUSEU Objetivos Que os alunos e alunas possam: Aceitar as diferenças. Os objetos de todos serão dispostos em um espaço comum e o grupo recorrerá ao museu para conhecer o que é importante a cada aluno e aluna. Podem-se formular perguntas e convidar cada um a contar os motivos que o levou a escolher esses objetos. Essa mostra pode ser concluída com uma “galeria”, feita em papel ou virtualmente, com o “Eu Museu” de cada integrante da classe. Pode-se concluir com uma reflexão sobre as semelhanças e as diferenças entre as escolhas dos integrantes do grupo. Para recordar Reconhecer a igualdade. Materiais Objetos significativos que os alunos trarão de suas casas (fotos, objetos, livros, brinquedos, etc.). Desenvolvimento Com o propósito de conhecer um pouco mais todos os colegas, o docente convidará os alunos a criar na sala de aula um “Eu Museu” feito com objetos pessoais que os alunos selecionaram em suas casas e levaram à escola. Podem ser brinquedos preferidos, fotos da família e deles mesmos em diferentes idades e situações de vida, livros, recordações de seus lugares favoritos, CDs com suas músicas prediletas, etc. O passo seguinte é cada aluno ou aluna preencher uma ficha do objeto para contar sua história significativa. 26 DOCENTES O bullying é um problema que afeta milhões de crianças e adolescentes. Tem consequências para todos os envolvidos, tanto para aqueles que são perseguidos, incomodados ou intimidados quanto para aqueles que intimidam e também os que presenciam as situações de assédio como testemunhas. É possível prevenir e atuar frente a esse problema, realizando uma parceria entre as escolas e a família, com o objetivo de cuidar, proteger e construir ferramentas para educar e evitar o bullying entre pares. Lidar com os problemas entre pares deve ser parte do trabalho de convivência em sala de aula, já que se trata de conteúdo transversal a toda matéria/disciplina formal. Dessa maneira, haverá muitas oportunidades de transformar situações negativas em outras positivas, favorecer uma convivência escolar harmônica e criar um ambiente confortável para aprender e ensinar. ENSINO FUNDAMENTAL I 27 Estabelecer uma comissão de convivência na escola, composta por docentes, pais, mães e alunos, ajuda a levar adiante ações acordadas previamente. Isso permite atuar de maneira coerente dentro da instituição e envolver a comunidade no problema. Abrir o diálogo é uma ferramenta fundamental que os adultos têm para ensinar as crianças e adolescentes a estabelecer relações baseadas no respeito ao outro e à outra e a valorizar as diferenças. Escutar os nossos alunos e acompanhá-los na busca de soluções está em nossas mãos. É isso que nos permitirá deter o bullying. COMPROMISsO chega DE BULLYING PARA ADULTOS Para assinar este compromisso online, acesse chegadebullying.com.br Propomos a você assinar o seguinte compromisso para dizer CHEGA DE BULLYING! Compartilhe-o com outros docentes e com os gestores de sua escola para difundir a temática e incentivar que ela seja trabalhada em sua escola. Convencer toda a comunidade escolar a assumir o compromisso significa ser uma “Escola 100% Comprometida”, merecedora de reconhecimento por parte do Cartoon Network e dos demais parceiros desta campanha. O bullying não é “brincadeira de criança”. Ele pode ter consequências prejudiciais para elas, suas famílias e a comunidade. Como adulto, sei que posso ajudar de várias formas. Este é o meu compromisso: 28 DOCENTES Não ficarei calado. Reconheço que, como adulto, sou responsável e devo assumir uma posição em relação ao problema, mesmo antes de ele atingir meus familiares e amigos. Vou mostrar a todos que ajo de maneira responsável diante de uma situação de bullying, evitando combater a violência com mais violência. Serei um defensor. Vou defender as crianças que precisam de ajuda, tanto as minhas quanto outras que necessitem do meu apoio. Incentivarei a prevenção do bullying por meio da capacitação de toda a equipe da escola, para que todos conheçam formas efetivas de proteger nossas crianças. Serei um exemplo. Tendo um comportamento exemplar, ajudarei as crianças a lidar com os conflitos. Sei que posso fazer isso pacificamente, tanto dentro da minha família quanto na escola e na minha comunidade. Serei um aliado. Vou me comprometer com as ações implementadas na minha escola. Trabalharei com pais e mães, educadores e outras pessoas que se esforçam para acabar com o bullying, especialmente se souber que meu filho está envolvido. O bullying faz com que as crianças queiram ser invisíveis. E nós podemos mostrar a elas, por meio de nossas ações, que as vemos, as escutamos e, o mais importante de tudo, que elas podem contar conosco para melhorar suas vidas. Assumir este compromisso é o primeiro passo para formar uma comunidade que pensa: chega de bullying. Não vou ficar calado. ASSINATURA: NOME: DATA: ENSINO FUNDAMENTAL I 29 NOTAS: 30 DOCENTES NOTAS: ENSINO FUNDAMENTAL I 31 NOTAS: referÊncias • Health Resources and Services Administration. “El alcance y el impacto de los actos de molestar e intimidar”. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov. • Health Resources and Services Administration. “Los actos de moléstia e intimidación (bullying) en niños pequeños”. U.S. Department of Health & Human Services em www. StopBullying.gov. • Health Resources and Services Administration. “Niños que molestan o intimidan”. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov. • Health Resources and Services Administration. “Qué sabemos sobre los actos de molestar o intimidar (bullying)”. U.S. Department of Health & Human Services em www. StopBullying.gov. • Health Resources and Services Administration. “Cómo intervenir para detener los actos de molestia o intimidación (bullying): consejos para la intervención inmediata en la escuela”. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov. • Abente Pfannl, Daisy, Lesme Romero, Diana S., Lovera Rivas, Vanessa, Rodríguez Leith, Margarita, Zerené Reyes,Yasmina. Manual didáctico para la prevención e intervención del acoso escolar. Assunção, Secretaria da Infância e Planejamento do Ministério de Educação do Paraguai, 2010. • Educación, Redes y Rehiletes, Associação Civil. Somos una comunidad educativa: hagamos equipo. Una proposta de intervención integral educativa contra el bullying. Cidade do México, UNICEF, 2011. • Eljach, Sonia. Violencia escolar en América Latina y el Caribe. Superficie y fondo. Panamá, UNICEF, 2011. • Associação Chicos.net. Manual de enfoque teórico dentro do “Programa uso seguro y responsable de las tecnologías”. Buenos Aires, fevereiro de 2011. Acesse: http://www. programatecnologiasi.org/index.php?option=com_content&view=article&id=27&Item id=225. • Rodríguez, Nora. Stop Bullying. Las mejores estrategias para prevenir y frenar el acoso escolar. Barcelona, Editorial RBA, 2006. • Ministério de Educação da Nação, La convivencia en la escuela. Recursos y orientaciones para el trabajo en el aula. Buenos Aires, Argentina, 2010. Acesse: http://www. me.gov.ar/construccion/pdf_coord/recursos-convivencia.pdf. • Associação Chicos.net. “Programa Tecnología Sí”, Acesse: www.programatecnologiasi.org • Cartoon Network. “Chega de bullying, não fique calado”. Acesse: http://www.chegadebullying.com.br • Plan Internacional. “Aprender sem medo”, acesse http://plan.org.br/index.html 32 DOCENTES ENSINO FUNDAMENTAL I 33 chegadebullying.com.br Coordenação de conteúdo: Plan Internacional e Cartoon Network APOSTILA 3 ESTUDANTES DO ensino fundamental II e mÉdio INFORMAÇÕES E ATIVIDADES INTRODUÇÃO Se você está cursando o ensino fundamental II ou médio, já sabe por experiência que na escola, como em outros lugares, convivem pessoas que são diferentes entre si, que têm necessidades, personalidades e formas de ser distintas. Existem adultos, jovens, homens e mulheres nascidos aqui e vindos de outros países; alguns que estão na escola há muito tempo e outros que vêm de outras instituições; existem pessoas com diferentes costumes e estilos de vida. Essa diversidade é um pilar fundamental e representa uma das coisas mais enriquecedoras e estimulantes da experiência educativa. No entanto, não é fácil dividir um espaço muitas horas e cinco dias por semana com um grupo, porque podem surgir conflitos às vezes difíceis de resolver. Mas, sem dúvida, neste momento, o mais importante para você é seu grupo de amigos e amigas. Infelizmente, existem pessoas que não podem desfrutar de um grupo de amigos ou amigas porque são discriminadas. Por isso, é importante levar em consideração que, apesar de existirem diferenças, todas as pessoas têm os mesmos direitos e, no caso dos jovens, são importantes especialmente o direito de estudar, o direito à proteção contra a violência e o direito à não discriminação de qualquer forma. 2 ESTUDANTES Estas páginas convidam você a pensar sobre como melhorar a convivência com os demais e a refletir sobre um problema atual: o bullying. Você já deve ter escutado essa palavra na escola ou nos meios de comunicação, mas acreditamos que esclarecer alguns conceitos e pensar um pouco mais sobre o tema ajudará a prevenir e deter o assédio entre colegas. Nesta apostila, você também encontrará atividades e ferramentas que ajudarão a detectar atitudes e comportamentos que, às vezes, as pessoas têm e que podem machucar os outros e violar seus direitos. Com certeza, o diálogo, a criatividade e o respeito pelo outro(a) poderão ajudar a estabelecer acordos quando surge um problema no grupo. Um ponto importante a lembrar: os conflitos sempre podem ser resolvidos de maneira não violenta, evitando a discriminação e o dano. Um colega ou uma colega tem o mesmo direito que todos a estudar em um clima tranquilo, a fazer amigos e amigas e a ter sua maneira de ser e de pensar. Aceitar-se e aceitar o outro é fundamental, não somente na escola, mas também na vida. FUNDAMENTAL II E MÉDIO 3 O QUE É BULLYING? Bullying é agredir ou humilhar outra pessoa de forma repetida. Insultar, espalhar rumores, ferir física ou emocionalmente e ignorar alguém também são formas de bullying entre pares. Pode ocorrer por meio do celular, pessoalmente, por escrito, na escola, no bairro, em algum meio de transporte ou em outros espaços onde os estudantes se encontram com frequência, como as redes sociais. Seja onde for, o bullying não deve ser permitido. É inaceitável. O bullying é um problema que afeta milhões de crianças e adolescentes sem importar de onde são, nem de onde vêm. É um problema grave, principalmente nas escolas, e precisa ser resolvido o quanto antes. Os que praticam bullying perseguem ou atacam os mais vulneráveis. Escolhem aqueles que são diferentes, porque não usam roupas da moda ou porque fazem parte de uma minoria social ou racial. 4 ESTUDANTES Os agressores atacam colegas que estão em desenvolvimento e parecem desajeitados, quem está acima do peso e até os mais estudiosos ou muito tímidos Não precisam muito para se inspirar se têm a intenção de ferir, humilhar ou deixar de lado alguém do seu círculo de amigos ou amigas. Isso não somente humilha aqueles que são atacados, mas também afeta os que testemunham, especialmente se eles e elas não sabem o que fazer a respeito. Na maioria dos casos, o assediado ou a assediada permanece em silêncio diante do abuso a que está sendo submetido(a). Essa situação intimidadora produz angústia, dor e medo. O bullying se sustenta ao longo do tempo, ocorre com frequência e sempre existe a intenção de magoar ou humilhar quem o sofre. É uma violência gratuita. A LINGUAGEM QUE USAMOS Nesta apostila, aplicamos a palavra “vítima” para descrever um(a) estudante que está sendo intimidado(a). Porém, não a usamos como uma condição em si, mas como um comportamento temporal. Essa palavra é de uso comum nas conversas cotidianas, nos meios de comunicação e, inclusive, para a lei. No entanto, ela não nos convence, já que frequentemente dá a ideia de passividade ou debilidade. FUNDAMENTAL II E MÉDIO 5 Não é assim que vemos os meninos e meninas que são intimidados. Pelo contrário, são jovens ativos que defendem seus direitos e os dos demais, e que têm toda possibilidade de mudança. Da mesma maneira, usamos o termo “agressora(a)” para nos referir a um comportamento e não a uma condição permanente. Sabemos que, às vezes, nossa linguagem e nossa forma de dizer as coisas discriminam, tornando as meninas, adolescentes e mulheres “invisíveis”. Portanto, em muitos casos, usamos “meninos e meninas” em vez de apenas “crianças”, e “mães e pais” no lugar de “pais”. No entanto, preferimos não recorrer a formulações como “assediado(a)” ou “professor(a)” de forma frequente, porque, apesar de serem mais inclusivas, tornam a leitura mais difícil, especialmente para as crianças. 6 ESTUDANTES POR QUE O BULLYING É UM PROBLEMA? O bullying é um problema porque traz consequências negativas para todos e todas que estão envolvidos, não somente para quem é agredido(a). Todos e todas que fazem parte desse problema são afetados: quem é perturbado, ofendido ou ameaçado; quem perturba ou ofende; e também os que veem essa situação e são testemunhas dela, especialmente quando não sabem o que fazer a respeito ou têm medo de que os prejudiquem ou “deixem de lado” se ousarem intervir. Não há motivo que justifique transformar alguém em vítima só por ser diferente. FUNDAMENTAL II E MÉDIO 7 Neste quadro estão descritos alguns sentimentos e consequências negativas que podem afetar cada um dos envolvidos: Quem sofre a intimidação ou perseguição É aquele menino, menina ou adolescente alvo de comportamentos incômodos ou intimidação. Podem apresentar sinais de: • Baixa autoestima ou autoimagen negativa. • Baixo rendimento acadêmico. • Sensação de raiva e medo. • Fobia e afastamento escolar. • Pesadelos e insônia. • Depressão e ansiedade. • Desconfiança nas relações sociais. • Desconfiança dos adultos por sua intervenção inadequada. • Sentimento de culpa por ser agredidos. • Problemas de saúde. • Recorrer à violência como forma de defesa. 8 ESTUDANTES Quem testemunha São aqueles que fazem parte do grupo que presencia o assédio. Não participam diretamente, mas observam e muitas vezes agem passivamente diante do bullying, porque não sabem como intervir. Às vezes, inclusive, se aliam ao agressor(a). Embora não sejam vítimas diretas, também sofrem e podem ter medo de ser os próximos perseguidos se expressam desacordo ou pena da vítima, ou se não se juntam de forma complacente ao “poderoso(a)” do grupo. As testemunhas podem sofrer consequências como: • Aprendizagem deficiente sobre como se comportar diante de situações injustas. • Exposição, observação e reforço de modelos inadequados de atuação. • Falta de sensibilidade perante o sofrimento de outras pessoas, já que ocorre uma desensibilização pela frequência dos abusos. • Desconfiança dos adultos por sua intervenção inadequada. Quem intimida ou persegue É quem deliberadamente faz uso da força ou do poder para intimidar outro ou outra. Isso pode levá-lo(a) a: • Envolver-se em brigas. • Baixar seu rendimento escolar. • Aprender de forma errada como atingir seus objetivos. • Ter atitudes precursoras de uma conduta criminosa. • Ser agressivo(a) em outros lugares ou situações. • Adotar o caminho da agressão e da violência como forma de resolver seus problemas. • Expressar suas dificuldades sociais ou familiares humilhando outro ou outra. É DIFERENTE ENTRE MENINOS E MENINAS? O bullying pode ser praticado pelas meninas e pelos meninos, mas a forma como se manifesta costuma ser diferente. Talvez você já tenha percebido que as meninas adolescentes têm mais tendência a se agredir verbalmente, enquanto os meninos são mais inclinados às agressões físicas. As meninas também podem espalhar boatos maliciosos ou deixar de lado outras colegas e, por sua vez, podem se tornar alvo de comentários sexuais ofensivos por parte dos garotos. Na sociedade em que vivemos, existem alguns estereótipos sociais que afetam negativamente os homens e as mulheres, porque se transformaram em modelos difíceis de romper. Por exemplo, é exigido dos homens que controlem suas emoções, que não demonstrem medo e que não chorem, porque se espera que sejam valentes, fortes e poderosos. Esse é um estereótipo negativo sobre como ser um homem, que foi tirado de concepções da sociedade machista. • Medo de serem vítimas. FUNDAMENTAL II E MÉDIO 9 Em muitas culturas, espera-se das mulheres uma atitude submissa em relação aos homens, porque elas são identificadas com a fragilidade e o afeto. Os meios de comunicação as mostram como objeto de desejo sexual e evidenciam o físico e a beleza como condições de felicidade. Isso tem que mudar! Esse tipo de formação não somente cria desequilíbrios de poder entre homens e mulheres, mas também desigualdades e situações violentas em muitos casos. Por isso, é necessário combater esses modelos negativos que causam dano e resultam em situações de desigualdade entre as pessoas. É comum que a televisão, os videogames, a publicidade e os meios de comunicação transmitam valores, modelos e relações baseadas na violência, na discriminação e na desigualdade. Felizmente, nem todos os exemplos são assim. Em nossas famílias, escolas, comunidades e países podemos encontrar inúmeros modelos de comportamento positivo e de valores mais saudáveis, aos que todos e todas devemos aspirar. 10 ESTUDANTES COM TECNOLOGIAS... O CYBERBULLYING O cyberbullying ocorre quando se utilizam as tecnologias e a Web para perturbar e agredir o outro ou outra. Como acontece o cyberbullying? Enviando SMS cruéis, espalhando falsos boatos ou mentiras por e-mail ou nas redes sociais (Facebook, Twitter, MySpace, etc.), publicando vídeos que envergonham a outra pessoa, criando perfis falsos nas redes sociais ou sites para rir ou zoar de alguém. Quando o bullying usa a tecnologia, torna-se muito agressivo e prejudicial. As mensagens e as imagens podem ser enviadas a qualquer momento do dia, de qualquer lugar (inclusive de forma anônima), e são compartilhadas com muitas pessoas ao mesmo tempo. Dessa maneira, a vítima fica exposta a receber agressões a toda hora, até em sua própria casa. Além disso, os comentários podem permanecer na Internet durante toda a vida. Por isso, é importante que, se acontecer algo assim com você, busque ajuda e conte o que está acontecendo a um adulto de sua confiança. FUNDAMENTAL II E MÉDIO 11 Atividade 1 QUANTO VOCÊ SABE SOBRE O BULLYING? Para entrar no tema, propomos que responda a este questionário. Em seguida, dedique alguns minutos a refletir sobre suas respostas. 2. Um colega de classe falou com um dos professores e contou que uma menina está sofrendo abuso de alguns colegas. O que você pensa? a. Acredito que é um dedo-duro que conta tudo aos professores. b. Nesse caso, acho necessário pedir ajuda a um adulto. c. Acho que, se a menina precisa de ajuda, deveria pedir ela mesma. Quem está fora não deve se meter. 3. Para você, o bullying é... a. Algo normal que acontece enquanto crescemos. b. Uma brincadeira, um jogo. c. É um abuso e causa dor. 4. Todos os dias, seus colegas o incomodam e ameaçam bater em você se não fizer o que dizem. Você... 1. Seu grupo de amigos e amigas perturba frequentemente um garoto do curso. Fazem brincadeiras pesadas, o empurram ao sair da sala, pegam suas coisas. Você… a. Fala com seus pais ou com alguma pessoa de confiança para que ajudem. a. O bserva a situação, mas não se mete. Não está de acordo com esse tipo de atitude. c. Agride seus colegas e muitas vezes acaba batendo neles. b. Junta-se às agressões. Se não faz isso, poderia ficar fora do grupo. c. Intervém quando o perturbam e pede aos seus amigos que parem de fazer isso, porque não é certo. b. Se isola e tenta passar despercebido na escola. 5. Quem é afetado pelo bullying? a. Os meninos, meninas ou jovens que sofrem o bullying. b. Os meninos, meninas ou jovens que presenciam a situação (as testemunhas). c. Os que atacam. d. Todos. 12 ESTUDANTES FUNDAMENTAL II E MÉDIO 13 6. Q uais são algumas das consequências do bullying? Marque todas as que correspondem. a. Sentir medo. b. Abandonar a escola. c. Notas baixas. d. Não tem consequências. 7. O que posso fazer para deter o bullying? Marque todas as que correspondem. a. Ficar calado e olhar para o outro lado. Atividade 2 UMA HISTÓRIA COMO MUITAS Em grupos, compartilhem a história que segue abaixo. Ao terminar, respondam às perguntas para refletir sobre este caso. b. Com meus colegas, pedir ao agressor que pare. c. Contar ao professor ou a algum adulto da escola. A DECEPÇÃO DE RENATA d. Dizer ao meu pai e à minha mãe. e. Ajudar a criar ou fortalecer o programa de prevenção ao bullying em minha escola. Compartilhe suas respostas com um de seus colegas. Pensem quais seriam as respostas mais adequadas para prevenir ou parar o bullying. Que atitudes mudariam para melhorar a convivência com os outros colegas de escola? Escrevam suas respostas aqui: Renata é uma menina de 14 anos. Tem um perfil em uma conhecida rede social, onde se conecta para conversar com outros meninos e meninas de sua idade. Por meio dessa rede, recebeu uma solicitação de amizade de Fábio, um garoto de 16 anos da sua escola. Renata se animou, estava muito feliz, porque um garoto estava prestando atenção nela e começou a manter um relacionamento virtual com ele. Conversavam por chat, contava coisas, fazia confissões, falava de suas amigas... Tudo parecia ir bem. Havia conhecido um menino que a fazia se sentir bonita, estava feliz, mas sua relação sempre foi virtual. Eles nunca se falaram na escola, nem se relacionaram pessoalmente. Fábio tinha pedido isso e ela respeitava. Respostas: 1-c; 2-b; 3-c; 4-a; 5-d; 6- a, b, c; 7 - b, c, d, e. 14 ESTUDANTES Porém, um dia, recebeu uma mensagem dele que dizia: “disseram que você não é legal, que anda falando coisas sobre mim. Não quero mais nada com você!” FUNDAMENTAL II E MÉDIO 15 De nada serviram as tentativas de Renata para continuar a relação, nem seus apelos e súplicas. Não podia acreditar, não entendia o que tinha acontecido. Para piorar a situação, Fábio começou a publicar mensagens com ataques contra ela, dizendo que era má pessoa, que ninguém a suportava, que andava com todos os garotos da escola… Ela nunca desconfiou que Fábio não era Fábio. Umas “amigas” suas haviam criado um perfil falso para ganhar sua confiança, zoá-la e saber o que Renata realmente pensava delas. QUE MOTIVOS PODEM TER ALGUMAS GAROTAS PARA PERSEGUIR OUTRA? E ENTRE OS GAROTOS, NORMALMENTE QUAIS SÃO OS MOTIVOS PARA PERTURBAR OUTRO? ACHAM QUE É UMA HISTÓRIA QUE ACONTECE RARAMENTE OU OCORRE COM FREQUÊNCIA? QUE CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS PODE TER O QUE ACONTECEU PARA RENATA? CONHECEM PESSOAS QUE FAZEM COISAS ASSIM? IMAGINEM UM BOM FIM, ONDE TUDO TERMINE BEM. COMO SERIA? 16 ESTUDANTES FUNDAMENTAL II E MÉDIO 17 Atividade 3 O PESO DA PALAVRA Você sabia que as palavras podem ser tão dolorosas quanto um soco? O que dizemos e o que nos dizem têm valor, têm um peso. Uma palavra maliciosa pode causar muito dano a uma pessoa, assim como um elogio pode fazer muito bem. Um apelido pode ser carinhoso ou pode ser vergonhoso. VOCÊ JÁ USOU ALGUMA DESSAS FRASES OU APELIDOS? COM QUE OBJETIVO? VOCÊ ACHA QUE, QUANDO ALGUÉM USA ALGUMAS DESSAS PALAVRAS, FAZ ISSO PELO SEU SIGNIFICADO, LHES DÃO OUTRO SIGNIFICADO OU APENAS USAM PORQUE ESTÃO NA MODA? Neste exercício, propomos que escrevam algumas das palavras, frases ou apelidos que são ditos com intenção de ofender outra pessoa. Que palavras ou frases são ofensivas para os meninos? Faça uma lista. 18 ESTUDANTES Que palavras ou frases são ofensivas para as meninas? Faça uma lista. Em geral, as palavras usadas para insultar ou agredir estão vinculadas às características físicas, às questões que se referem à sexualidade, à nacionalidade ou à origem social de uma pessoa. É importante ser responsável ao escolher as palavras, porque todos os exemplos mencionados são discriminação. Quando uma pessoa é discriminada por seus amigos ou colegas, sente-se vulnerável, confusa e assustada. Às vezes, sentem-se envergonhadas e culpadas. A verdade é que sofrem uma situação injusta, porque quem está errado é aquele ou aquela que agride e discrimina. Na maioria das vezes, a discriminação está baseada em estereótipos sociais ou culturais sobre como devem ser ou agir os demais. Não levam em consideração que a diversidade enriquece e fortalece o grupo; que todas as pessoas, mesmo sendo diferentes, têm os mesmos direitos; e que ser diferentes nos permite contribuir com ideias e experiências variadas de vida para construir um projeto conjunto. FUNDAMENTAL II E MÉDIO 19 ALGUMAS OPINIÕES: Existem várias formas de discriminação: a de gênero (normalmente contra as mulheres), a que atenta contra as pessoas que têm alguma deficiência, a que exclui meninos e meninas de outras raças ou de famílias de baixa renda e a de orientação sexual. É importante que você saiba que discriminar é prejudicial e doloroso, e que é uma violação de um princípio básico dos direitos humanos. ATividade 4 Cecília, 15 anos: “Se me ofendem pela Internet, eu me defendo. Você me insultou, eu te insulto.” Daniel, 17 anos: “Quando te agridem pela Internet, tudo fica mais difícil, porque não se sabe quem fez, todo mundo fica sabendo e até quem você nem conhece dá opinião. É muito humilhante.” Mário, 15 anos: “Isso aconteceu comigo uma vez, mas com a ajuda dos meus pais pude colocar fim à agressão.” E VO CÊ, O QUE ACHA? E VOCÊ, O QUE ACHA? Apresentamos algumas notícias semelhantes a muitas que apareceram nos meios de comunicação sobre o bullying e as opiniões de alguns adolescentes sobre o tema. Note que, em muitas ocasiões, elas fazem uma abordagem sensacionalista da questão: exageram (“é uma epidemia!”) ou somente pedem castigos (“expulsão!”). É preciso analisar as notícias com sentido crítico e com critério próprio. Discuta os exemplos abaixo com seus amigos, amigas e colegas. DO BULLYING AO CYBERBULLYING O problema da perseguição escolar tem aumentado, sobretudo no que diz respeito às suas consequências. Se antes olhávamos somente para o que se passava dentro da escola, a preocupação cresce ainda mais agora que os limites se abriram graças às tecnologias, e a perseguição chega por mensagens de texto ou pelas redes sociais. 20 ESTUDANTES FUNDAMENTAL II E MÉDIO 21 INTENSIFICADAS AS AÇÕES PARA DIMINUIR O BULLYING NAS ESCOLAS. MENINO HISPÂNICO SE SUICIDA NOS EUA POR SER VÍTIMA DE BULLYING. Muitas escolas se uniram em uma campanha interescolar para divulgar mensagens de prevenção ao bullying entre todos os estudantes e suas famílias. O pequeno Joel Morales, um menor hispânico de apenas 12 anos de idade, residente em Nova Iorque junto com seus pais, se suicidou depois de ter sido vítima de perseguição por seus colegas de sala. ALGUMAS OPINIÕES: ALGUMAS OPINIÕES: Pedro, 16 anos: “Na minha escola, começamos uma campanha contra o bullying. Estamos todos mais atentos, deixou de ser algo normal. Quando vê algo assim, você se mete.” Sofia, 14 anos: “A discriminação é uma das causas de zoações e brigas na minha escola. Às vezes, não dão nem tempo de conhecer o garoto, por ser diferente já pegam no pé dele. ” Paula, 15 anos: “Seria bom que os professores nos ajudassem a parar o bullying, porque, às vezes, não sabemos o que fazer. Às vezes, nos intrometemos e é pior, terminamos em uma briga ou voltamos para a escola com medo.” João, 16 anos: “Todos somos diferentes. Qualquer coisa, então, seria motivo para alguém te agredir.” Gabriela, 16 anos: “As campanhas são boas, mas fazem falta regras claras para a escola, um programa permanente para tratar e prevenir o bullying.” E VOCÊ, O QUE ACHA? E VOCÊ, O QUE ACHA? VOCÊ PODE DAR SUA OPINIÃO SOBRE ESSES E OUTROS TEMAS, E DEBATER COM SEUS COLEGAS E PROFESSORES. 22 ESTUDANTES FUNDAMENTAL II E MÉDIO 23 COMO PODEMOS PARAR O BULLYING ? A participação começa quando você se envolve em um problema com a intenção de fazer algo para solucioná-lo. O desafio está em suas mãos. Não fique calado, não tenha atitudes discriminatórias, não persiga outra pessoa e peça ajuda quando souber que alguém está sendo perseguido. Essas são todas maneiras de começar. Também existem muitas iniciativas que podem ser tomadas entre amigos e amigas. Uma delas é divulgar e propor que se trabalhe com o tema em sua escola. AS CAMPANHAS SÃO UMA DAS MELHORES FORMAS DE DIFUNDIR A TEMÁTICA E PREVENIR O BULLYING. SOME SEU GRÃO DE AREIA! ALGUMAS IDEIAS Uma campanha de conscientização significa agir para divulgar um tema, dentro de um determinado espaço de tempo, com a finalidade de transmitir uma mensagem e conscientizar sobre um problema. Muitas vezes, um objetivo solidário motiva uma campanha. As campanhas podem ser executadas de diversas formas: em uma rede social, distribuindo panfletos, colando cartazes, organizando uma mostra de arte ou de teatro, criando um concurso, etc. Aqui, propomos algumas ideias que você pode levar adiante em sua escola. Boa sorte! 24 ESTUDANTES CONCURSO DE FOTO GRAFIA OU VÍDEO Chega de bullying, não fique calado Para organizar este concurso, propomos: 1. Convidar todos os estudantes a participar e expor sua visão sobre o tema. 2. Elaborar as bases do concurso. Lembre-se de incluir as datas para a entrega dos trabalhos e divulgar os ganhadores. 3. Selecionar os ganhadores de acordo com os critérios previamente combinados. 4. Organizar uma exposição para toda a comunidade. Os trabalhos atuarão como poderosas mensagens de difusão e conscientização. CAMPANHA ONLINE NAS REDES SO CIAIS As redes sociais são um meio excelente para difundir uma mensagem e fazê-la chegar a muita gente. Vocês podem escrever mensagens contra o bullying em seus próprios perfis ou criar uma página específica sobre este tema para dar opiniões, obter seguidores, compartilhar vídeos, fotos e notícias. Podem recorrer à campanha CHEGA DE BULLYING na Internet para saber mais do que se trata: http:// chegadebullying.com.br *Importante: não é permitido aos menores de 13 anos abrir uma conta pessoal em nenhuma rede social. FUNDAMENTAL II E MÉDIO 25 VÍDEO DEBATE A projeção de filmes e vídeos que tratam do tema bullying ou cyberbullying é uma boa maneira de convidar todos e todas da sua escola a participar, abrir o debate e abordar esses problemas em oficinas participativas. Sugerimos alguns títulos de filmes que fazem pensar no assunto, para assistir e discutir com os colegas: As Melhores Coisas do Mundo Em um Mundo Melhor Bang Bang! Você Morreu Kes Stop Bullying, especial do Cartoon Network Estados Unidos com legenda em português: http://chegadebullying.com.br PARA LEMBRAR: • O cyberbullying pode ocorrer por meio de mensagens de texto para celulares, chats e mensagens instantâneas, fotos tiradas com câmeras de telefones, e-mail, fóruns e grupos, assim como sites dedicados a zombar de uma pessoa específica. • O colega ou a colega que é maltratado(a) pode sofrer perda de autoestima, ansiedade, depressão, fobias, comprometer o desempenho escolar ou querer mudar de escola. Sem dúvida, precisa de ajuda. Existem casos em que as consequências foram mais drásticas. • Quem faz bullying produz dano a si mesmo(a) e a outras pessoas, e também precisa de ajuda para lidar com seus problemas e aprender a conviver socialmente. • As testemunhas do bullying podem fazer muitas coisas para detê-lo, especialmente falar com um adulto e não “olhar para o outro lado”. • O bullying é um problema que afeta milhões de adolescentes, não importa de onde são, nem de onde vêm. É um problema grave, principalmente nas escolas, que precisa ser resolvido o quanto antes. • O bullying é frequente nas relações entre colegas. Acontece quando alguém ou um grupo agride ou humilha outra pessoa intencionalmente, de forma contínua ao longo do tempo. • Não ficar calado, não ter atitudes discriminatórias, não abusar de outra pessoa e pedir ajuda são maneiras de prevenir e deter o bullying. • Insultar, espalhar boatos, machucar fisicamente ou ignorar alguém também são formas de bullying. • Falar, pedir ajuda a um adulto de confiança, elaborar e colocar em prática campanhas antibullying ou criar um programa de prevenção em sua escola são algumas formas de acabar com o bullying. • O bullying pode ocorrer por meio do celular, pessoalmente, por escrito, na escola, no bairro, em algum meio de transporte e em outros espaços onde os estudantes se encontram, inclusive nas redes sociais. Seja onde for, o bullying não pode ser permitido, é inaceitável. 26 • O bullying traz consequências negativas para todos envolvidos, não somente para quem é agredido(a). ESTUDANTES • Um colega tem o mesmo direito que todos de estudar em um clima tranquilo, de fazer amigos e amigas, e de ter sua forma de ser e pensar. Aceitar-se e aceitar os outros e outras é fundamental, não só na escola, mas também na vida. FUNDAMENTAL II E MÉDIO 27 COMPROMISsO CHEGA DE BULLYING Para assinar este compromisso online, acesse chegadebullying.com.br Não ficarei calado. Quando vir uma criança sendo humilhada ou magoada, direi algo. Vou falar sobre bullying com meus amigos e com os adultos que fazem parte da minha vida, para que todos saibam que eu acredito que perturbar os outros é errado. Serei um defensor. Vou defender outras pessoas que possam precisar da minha ajuda, não somente meus amigos mais próximos. Não vou ficar calado quando alguém estiver sendo maltratado. Serei um modelo a seguir. Com minhas ações diárias, vou mostrar que podemos conviver na minha escola, resolvendo nossos conflitos de forma pacífica. Não vou maltratar ou excluir ninguém, nem vou espalhar boatos pessoalmente ou pelo meu celular ou computador. Depois de tudo o que aprendeu, você certamente deve ter notado que o bullying traz problemas e aborrecimentos a todos os envolvidos e pode virar um pesadelo. A campanha CHEGA DE BULLYING propõe que você assine este compromisso de prevenção ao bullying. Leve-o à sua escola para que seus colegas também assinem e colaborem para que não exista mais bullying no ambiente escolar. Convencer toda a comunidade escolar a assumir o compromisso significa ser “Escola 100% Comprometida” e merecedora de um reconhecimento por parte do Cartoon Network e dos demais parceiros desta campanha. Eu posso deter o abuso envolvendo-me de algumas formas específicas. Aqui está o meu compromisso: Parar o bullying começa comigo. Assinar este compromisso pode mudar minha vida e a de outra pessoa de maneira significativa. Vou encaminhar aos meus amigos e familiares para ajudar a construir uma comunidade comprometida a acabar com o bullying. ASSINATURA: NOME: DATA: 28 ESTUDANTES FUNDAMENTAL II E MÉDIO 29 NOTAS ReferÊncias: • Health Resources and Services Administration. “El alcance y el impacto de los actos de molestar e intimidar”. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov. • Health Resources and Services Administration. “Niños que molestan o intimidan”. U.S. Department of Health & Human Services em www. StopBullying.gov. • Health Resources and Services Administration. “Qué sabemos sobre los actos de molestar o intimidar (bullying)”. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov. • Health Resources and Services Administration. “Qué debo hacer si me molestan o intimidan”. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov. • Abente Pfannl, Daisy, Lesme Romero, Diana S., Lovera Rivas, Vanessa, Rodríguez Leith, Margarita, Zerené Reyes,Yasmina. Manual didáctico para la prevención e intervención del acoso escolar. Assunção, Secretaria da Infância e Planejamento do Ministério de Educação do Paraguai, 2010. • Siede, Isabelino. Un mundo para todos. Buenos Aires, Ministério de Educação da Nação, Série Piedra Libre, 2011. • Educación, Redes y Rehiletes, Associação Civil. Somos una comunidad educativa: hagamos equipo. Una proposta de intervención integral educativa contra el bullying. Cidade do México, UNICEF, 2011. • Associação Chicos.net. Manual de enfoque teórico dentro do “Programa uso seguro y responsable de las tecnologías”. Buenos Aires, fevereiro de 2011. Acesse: http://www.programatecnologiasi.org/index. php?option=com_content&view=article&id=27&Itemid=225. • Ministério de Educação da Nação, La convivencia en la escuela. Recursos y orientaciones para el trabajo en el aula. Buenos Aires, Argentina, 2010. Acesse: http://www.me.gov.ar/construccion/pdf_coord/recursosconvivencia.pdf. • Morduchowicz, Roxana. Los adolescentes y las redes sociales. La construcción de la identidad juvenil en Internet. Buenos Aires, Fundo de Cultura Econômica, 2012. • Rodríguez, Nora. Stop Bullying. Las mejores estrategias para prevenir y frenar el acoso escolar. Barcelona, Editorial RBA, 2006. • Associação Chicos.net. “Programa Tecnología Sí”. Acesse: www. programatecnologiasi.org • Cartoon Network. “Chega de bullying, não fique calado”. Acesse: http:// www.chegadebullying.com.br • Plan Internacional. “Aprender sem medo”. Acesse http://plan.org.br/index.html 30 ESTUDANTES FUNDAMENTAL II E MÉDIO 31 chegadebullying.com.br Coordenação de conteúdo: Plan Internacional e Cartoon Network APOSTILA 4 docentes d o ensino fundamental II e mÉdio INFORMAÇÕES E ATIVIDADES O QUE É O CHEGA DE BULLYING? Nesta apostila, docentes do ensino fundamental II e médio encontrarão informações, ferramentas e recursos para abordar o tema do bullying, além de propostas para abrir um espaço para reflexão e debate sobre a convivência escolar dentro de cada instituição. Gestores, professores e coordenadores de escolas de ensino fundamental II e médio são fundamentais para entender como lidar com adolescentes em todos os tipos de situações na sala de aula, entre pares e entre grupos; os vínculos entre os adolescentes e docentes; e as situações extraescolares que alunos e alunas vivenciam e trazem para a escola. O tema é complexo e adultos e estudantes podem não saber como abordá-lo de maneira efetiva. A convivência no contexto escolar é um tema que envolve todos e todas: docentes, estudantes, famílias, gestores e pessoal não docente da instituição. É importante que todos os envolvidos na experiência educativa reconheçam sua responsabilidade e façam efetiva sua participação para tornar a escola um espaço seguro e solidário. O trabalho e o compromisso para o DOCENTES 2 fortalecimento de uma cultura democrática na escola e a afirmação da igualdade de direitos são indispensáveis. Para os jovens, a escola é o lugar mais importante de socialização, em uma idade na qual o grupo e o “pertencer” têm especial relevância. É um espaço privilegiado para passar aos jovens a noção do outro como semelhante e detentor de direitos, educá-los sobre como lidar com os conflitos e formá-los em valores democráticos e cidadania. É grande a responsabilidade dos adultos e adultas que acompanham os adolescentes nessa etapa, para guiá-los na direção de uma cultura democrática e de resolução pacífica dos conflitos. A aprendizagem da convivência é um processo progressivo, que parte do reconhecimento de que a tolerância e o respeito aumentam com a maturidade, assim como as habilidades para entender e aceitar as regras. Na fase da adolescência, entra em jogo o aprendizado recebido até o momento e ainda há uma grande permeabilidade para interiorizar valores, modelos e formas de lidar com a vida. É uma oportunidade e um desafio trabalhar com adolescentes, conquistar sua atenção, compreender seus códigos, favorecer o diálogo e o debate de ideias com eles. Sem dúvida, é uma imensa contribuição para a sociedade por parte das escolas de ensino fundamental II e médio, e seus professores e professoras. FUNDAMENTAL II E MÉDIO 3 EDUCAR PARA UMA BOA CONVIVÊNCIA Uma escola onde há diálogo, inclusão, espaço para a resolução de conflitos, e na qual as regras de convivência são acordadas com a participação dos e das estudantes, vê uma redução considerável da violência e conflitos entre pares. Uma vez que no contexto escolar aparece uma diversidade significativa de conflitos, que podem resultar em problemas sérios, considera-se que os enfoques preventivos na escola constituem uma via privilegiada para transformar essas situações de forma positiva e conseguir uma convivência escolar harmônica. Isto é, um ambiente prazeroso para aprender e ensinar. Uma escola que se interessa por sua comunidade deve trabalhar diariamente os conflitos emergentes. É preciso que possa vê-los, escutá-los, reconhecê-los e, sobretudo, dar-lhes espaço, abrir-lhes as portas. Negar os conflitos, ocultá-los ou ignorá-los não detém a violência; ao contrário, leva à sua potencialização, naturalização e legitimação. Lidar com a violência e com os problemas que surgem dela implica assumir um desafio. Há de ser capaz de propor ferramentas que permitam considerar as situações sob várias perspectivas, como a época/tempo, as condições sociais e emocionais dos alunos e alunas, os vínculos familiares e o envolvimento na instituição escolar, seja entre pares ou adultos. DOCENTES 4 O QUE É BULLYING ? O bullying é agredir ou humilhar alguém de maneira repetida ao longo do tempo. Insultar, espalhar boatos, ferir física ou psicologicamente e ignorar alguém também são formas de bullying entre pares. Pode ocorrer pelo celular, pessoalmente, por escrito, na escola, no bairro, em algum meio de transporte ou em outros espaços de convivência entre estudantes, como as redes sociais. Seja onde for, o bullying não deve ser permitido, é inaceitável. O bullying é um problema que afeta milhões de crianças e adolescentes sem importar de onde são, nem de onde vêm. É um problema grave, principalmente nas escolas, e precisa ser resolvido o quanto antes. Os que praticam bullying perseguem os meninos e meninas mais vulneráveis. Escolhem aqueles que são diferentes, porque não usam a roupa da moda, porque fazem parte de uma minoria social ou racial, porque estão em desenvolvimento e parecem ser desajeitados, porque estão acima do peso ou têm algum traço físico característico (como orelhas e nariz grandes), porque apresentam alguma deficiência, ou até mesmo porque são mais estudiosos ou muito tímidos. Os meninos e meninas que praticam bullying não precisam muito para se inspirar se têm a intenção de ferir, humilhar ou excluir alguém de seu círculo de amigos ou amigas. O bullying não afeta somente aqueles que são atacados, mas também causa dano às testemunhas próximas, especialmente se elas não sabem o que fazer a respeito. FUNDAMENTAL II E MÉDIO 5 Na maioria dos casos, o assediado ou a assediada permanece calado(a) ante o ataque a que está sendo submetido(a). Essa situação intimidadora produz angústia, dor e medo. Também existem aqueles que denunciam o maltrato e não são alvos passivos das agressões contínuas, mas, geralmente, a diferença de poder é tão acentuada que o(a) assediado(a) tem grande dificuldade para se defender ou reverter a situação que sofre. O bullying se sustenta ao longo do tempo, ocorre com frequência e sempre existe a intenção de magoar ou humilhar. É uma violência gratuita que traz graves prejuízos, especialmente para as vítimas. A LINGUAGEM QUE USAMOS Nesta apostila, aplicamos a palavra “vítima” para descrever um(a) estudante que está sendo intimidado(a). Porém, não a usamos como uma condição em si, mas como um comportamento temporal. Essa palavra é de uso comum nas conversas cotidianas, nos meios de comunicação e, inclusive, para a lei. No entanto, ela não nos convence, já que frequentemente dá a ideia de passividade ou debilidade. Não é assim que vemos os meninos e meninas que são intimidados. Pelo contrário, são jovens ativos que defendem seus direitos e os dos demais, e que têm toda possibilidade de mudança. Da mesma maneira, usamos o termo “agressora(a)” para nos referir a um comportamento e não a uma condição permanente. Sabemos que, às vezes, nossa linguagem e nossa forma de dizer as coisas discriminam, tornando as meninas, adolescentes e mulheres “invisíveis”. Portanto, em DOCENTES 6 muitos casos, usamos “meninos e meninas” em vez de apenas “crianças”, e “mães e pais” no lugar de “pais”. No entanto, preferimos não recorrer a formulações como “assediado(a)” ou “professor(a)” de forma frequente, porque, apesar de serem mais inclusivas, tornam a leitura mais difícil, especialmente para as crianças. TODA AGRESSÃO É BULLYING ? É importante distinguir as situações de abuso que podemos enquadrar no bullying de outras manifestações agressivas esporádicas, que não são propriamente bullying, como as habituais “zoações”, as brincadeiras brutas, grosserias ou brigas que, muitas vezes, ocorrem entre colegas no âmbito escolar. Deve-se observar que é frequente nas relações entre pares o surgimento de divergências que geram conflitos e maus-tratos entre eles e elas, sem que devam ser considerados situações de assédio propriamente dito. As brigas, os problemas entre colegas ou entre amigos, o uso de palavrões ou vocabulário inapropriado são frequentes em todas as populações de crianças e adolescentes. Outra distinção importante é a que ocorre em situações de conflito intragrupal, em que um ou mais estudantes se desafiam ou se enfrentam em lutas/brigas, a fim de resolver seus conflitos ou para estabelecer o poder de FUNDAMENTAL II E MÉDIO 7 uma pessoa sobre as demais ou de um grupo sobre outro. O que distingue essas situações do bullying é a igualdade de condições, físicas ou psicológicas, entre os grupos em disputa. No assédio escolar ou bullying, há uma desigualdade entre o(s) assediador(es) e o(a) assediado(a), que não encontra uma maneira de se defender e se submete ao poder da outra parte. A intervenção docente e o trabalho contínuo da instituição, fundamentados em uma cultura de não violência, não discriminação e reconhecimento dos direitos de todos e todas, permitirão uma melhor resolução de cada um dos problemas de convivência habituais que surgem entre os adolescentes. O assédio escolar envolve uma série de consequências negativas, não somente para quem é assediado(a), mas também para o(a) assediador(a) e para as testemunhas do fato. No bullying, há três partes envolvidas. O agredido é a parte mais prejudicada do processo. Além dele, há as testemunhas e quem assedia, que são fundamentais para a compreensão do problema. Para facilitar a distinção das situações de assédio daquelas que não são, listamos algumas características que devem estar presentes para que uma situação seja definida como bullying: O(a) assediado(a): é o(a) adolescente vítima de comportamentos incômodos ou intimidação constante. Intencionalidade na agressão, seja física, verbal ou virtual. Muitas vezes, as crianças ou adolescentes alvos de bullying não dispõem de recursos ou habilidades pessoais para reagir e se defender de maneira adequada. Podem ser pouco sociáveis, sensíveis, vulneráveis e não reagir por vergonha, medo do agressor, conformismo ou baixa autoestima. Desse modo, são muito prejudicados pelas ameaças e agressões. Desequilíbrio de poder entre o(a) intimidado(a) e o(a) agressor(a), em que o último é mais forte que o primeiro, seja a diferença real ou subjetiva, percebida por uma das partes ou por ambas. A desigualdade de poder pode ser física, psicológica ou social, gerando um desequilíbrio de forças nas relações interpessoais. Repetição da agressão ao longo do tempo e de forma constante contra a mesma vítima e sem motivo algum. DOCENTES 8 TODOS E TODAS SÃO AFETADOS Outras vezes, as vítimas de bullying não apresentam essas características de personalidade, mas se convertem em alvo de zombarias por serem diferentes: por pertencer à determinada raça ou grupo socioeconômico, por ter alguma deficiência, por apresentar características físicas não valorizadas ou rejeitadas pela sociedade, como a obesidade, o uso de óculos ou de aparelhos ortodônticos. O bullying também pode estar baseado nas diferenças de gênero ou até FUNDAMENTAL II E MÉDIO 9 mesmo na competência acadêmica acima da média da sala de aula. Nos ensinos fundamental e médio, também há casos de bullying por preferência ou orientação sexual, seja ela real ou percebida. Os atos de perseguição ou intimidação são extremamente traumáticos para aqueles e aquelas que são vítimas, especialmente porque a agressão provém do grupo de pares. A desigualdade de poder entre o(a) agredido(a) e os agressores é tão acentuada que quem sofre o assédio não pode e nem sabe como se defender. O maltrato se transforma em um sofrimento habitual e a vítima não encontra saída para a situação, sentindo-se sozinha e desamparada. É comum que os(as) assediados(as) apresentem sinais de: Esse grupo pode sofrer consequências como: Sentir medo de que o mesmo aconteça a eles. Não querer ir à escola. Ter o rendimento escolar afetado. Baixa autoestima ou autoimagem negativa. Adquirir aprendizagem deficiente sobre como se comportar diante de situações injustas. Queda no rendimento acadêmico. Ficar exposto a modelos inadequados de atuação. Sentimentos de medo. Fobia e absenteísmo escolar. Naturalizar o sofrimento, a discriminação, a desvalorização de outras pessoas. Pesadelos e insônia. Desconfiar dos adultos por sua intervenção inadequada. Depressão e ansiedade. Sentir culpa por não encontrar a maneira correta de lidar com a situação. Desconfiança nas relações sociais e na resolução pacífica dos conflitos. Desconfiança dos adultos por sua intervenção inadequada. Sentimento de vingança. Naturalização do ato de ser agredido, humilhado, desvalorizado, discriminado. Impotência diante da falta de ajuda e respostas. Em casos raros e extremos, também pode haver tentativas de suicídio. DOCENTES 10 As testemunhas: são os(as) colegas que fazem parte do grupo em que se desenvolve o assédio. Não participam diretamente do bullying, mas observam e, às vezes, atuam passivamente, porque respondem com um silêncio complacente. Em algumas situações, atuam adequadamente e querem parar a agressão, mas muitas vezes não sabem o que fazer nem a quem pedir ajuda. As testemunhas também podem chegar a participar das agressões. O(a) assediador(a): é quem deliberadamente usa a força ou o poder para assediar alguém, normalmente sob o olhar dos demais colegas. Ser observado faz com que se sinta poderoso diante dos outros, mas ele ou ela toma o cuidado de esconder seu comportamento na frente dos docentes e demais adultos. Esse tipo de conduta pode refletir necessidades afetivas, conflitos familiares ou problemas não resolvidos adequadamente. Na verdade, não há uma razão específica para que um(a) adolescente atue como agressor(a). FUNDAMENTAL II E MÉDIO 11 As consequências para o(a) agressor(a) podem incluir: Aprender a obter o que quer de forma distorcida. Ter o rendimento acadêmico afetado ou se ausentar da escola. Adquirir atitudes precursoras de uma futura conduta delituosa. Alcançar o reconhecimento social e status dentro do grupo com base no poder e violência. Transferir as mesmas condutas para outros contextos. Naturalizar as atitudes violentas e discriminatórias de desvalorização dos outros. Aprofundar problemas afetivos ou sociais não resolvidos adequadamente. Não compreender seus próprios problemas. Ao ser rotulado como violento ou agressor, pode ser mais difícil pedir e receber ajuda para resolver situações familiares ou sociais. Sofrer sansões disciplinares por parte da escola, de suas famílias ou até mesmo rejeição de seus colegas. “As crianças e adolescentes de ambos os sexos podem mostrar comportamentos agressivos por várias razões. Às vezes, perseguem ou intimidam alguém porque precisam de uma vítima para se sentirem mais importantes, populares ou no controle do grupo. Podem escolher alguém que pareça mais fraco emocional ou fisicamente, que tenha um aspecto diferente ou aja de maneira diferente. Embora em certos casos os que se comportam de maneira agressiva sejam maiores ou mais fortes que suas vítimas, nem sempre é assim. Às vezes, os responsáveis por atormentar os outros o fazem porque eles mesmos DOCENTES 12 foram tratados dessa maneira ou vivem em um ambiente onde existe discriminação. Possivelmente pensam que seu comportamento é normal, porque provêm de famílias ou de outros ambientes nos quais geralmente as pessoas demonstram raiva, gritam, se insultam ou se desvalorizam. Em suma, ambientes onde as emoções não se expressam de maneira construtiva ou são reprimidas. Em todo caso, não se pode esquecer que, seja qual for a razão, não se justifica o assédio de um estudante contra outro. Tratase de compreender para saber como atuar.1 1 Tradução livre do original em espanhol: Rodríguez, Nora. Stop Bullying. Las mejores estrategias para prevenir y frenar el acoso escolar. Barcelona, Editorial RBA, 2006. O BULLYING ENTRE MENINOS E MENINAS É DIFERENTE? O bullying afeta meninos e meninas, mas é importante levar em consideração que as formas de bullying são muitas vezes diferentes. Segundo estudos, as meninas são mais propensas a agressões verbais, enquanto os meninos são mais inclinados às agressões físicas. Além disso, as jovens são muitas vezes perseguidas e intimidadas pela divulgação de boatos ou se convertem em alvos de comentários ou agressões sexuais. Todas essas formas de violência são prejudiciais e podem fazer parte do bullying. FUNDAMENTAL II E MÉDIO 13 E O QUE É O CYBERBULLYING ? O cyberbullying se produz quando a agressão e a intimidação a um(a) colega ocorrem por meio do uso da tecnologia e da Web (computadores, celulares e outros dispositivos eletrônicos). Como se produz? Pode ser com mensagens de texto cruéis, divulgação de falsos boatos ou mentiras por e-mail ou nas redes sociais, publicação de vídeos constrangedores para o assediado e criação de perfis falsos nas redes sociais ou sites destinados a zombar de alguém. O cyberbullying se expande viralmente pela Web e pode humilhar de uma maneira muito difícil de ser detida. Por isso, é muito invasivo e danoso. As mensagens e as imagens podem ser enviadas pelo(a) agressor(a) a qualquer momento do dia e de qualquer lugar, inclusive anonimamente, e podem ser compartilhadas com muita gente. Dessa maneira, a vítima fica exposta a receber agressões o tempo todo, mesmo estando em sua própria casa. Além disso, as agressões permanecem na Internet durante muito tempo, podendo afetar o(a) adolescente em longo prazo. DOCENTES 14 QUE TRABALHO PREVENTIVO PODEMOS FAZER NA SALA DE AULA? Esta seção recomenda que os docentes trabalhem com os alunos e alunas no desenvolvimento de valores de convivência e ambientes escolares cooperativos, nos quais os conflitos possam ser tratados e resolvidos de forma construtiva. Afinal, não se trata somente de pôr a violência no centro do debate, mas também de aprender novas formas de convivência para o exercício de uma cidadania responsável em um ambiente escolar democrático, inclusivo e equitativo. Dessa maneira, haverá várias oportunidades de transformar situações negativas em outras positivas e favorecer uma convivência escolar harmônica, que fará da escola um ambiente confortável para aprender e ensinar. Se o bullying é detectado desde o início, os docentes, pais e mães podem intervir a tempo e deter rapidamente os episódios de violência. Por outro lado, se o assédio é de longa duração, desarticular o problema levará mais tempo. FUNDAMENTAL II E MÉDIO 15 A intervenção em sala de aula é efetiva, porque inclui todos os estudantes, muitos dos quais são testemunhas de condutas de assédio ou intimidação. Tratar o grupo como um todo cria a sensação de uma comunidade educativa integral, na qual todos são responsáveis pelos seus atos e pela prevenção de comportamentos de perseguição e intimidação. É importante que a direção da escola e os professores avaliem e compartilhem essa iniciativa a partir do mesmo enfoque, não rígido, e que a condução esteja sob a responsabilidade de um grupo de docentes. Assim, eles podem se revezar para realizar as assembleias, já que possivelmente essas reuniões tomem tempo de aula. É fundamental dedicar horas ao trabalho específico dos temas de convivência.  Algumas propostas a se considerar para a prevenção do bullying na escola e na sala de aula: • Organize reuniões ou assembleias. Os intercâmbios ou assembleias na sala de aula, programados em função das necessidades do grupo e das possibilidades institucionais, podem ajudar a reduzir os atos de perseguição e intimidação a partir de reflexões sobre os conflitos grupais e as relações entre os estudantes. Esses encontros participativos favorecem um clima positivo para a aprendizagem e para as relações sociais. Também facilitam a identificação e a intervenção do professor em situações de conflito que poderiam interferir na aprendizagem e no desenvolvimento individual e grupal dos estudantes. Essas reuniões podem consistir em debates guiados pelos estudantes ou docentes. Tratar o grupo como um todo cria a sensação de comunidade, na qual todos se tornam responsáveis por suas condutas, e gera também laços solidários e atitudes de empatia. DOCENTES 16 • Inclua debates sobre a prevenção em diversas disciplinas. Os conteúdos específicos sobre bullying incluem temas como: definição e tipos de atos de perseguição e intimidação; seus efeitos e motivações; pontos nevrálgicos onde essas situações são mais propensas a ocorrer; papéis dos participantes (incluindo as testemunhas); regras e políticas escolares sobre o tema; estratégias de intervenção com o grupo; os direitos, a discriminação e a visão crítica sobre os estereótipos ou modelos nos meios de comunicação. • Use literatura, vídeos e filmes para debater sobre as respostas de um personagem aos atos de perseguição e intimidação ou as dificuldades das relações entre pares. Enfatize as respostas e decisões que adotaram. • Valorize o trabalho em grupo. Estruture cada projeto grupal para ajudar os estudantes a se conhecerem melhor, defina diretrizes para trabalhar eficazmente em grupo e estabeleça contingências para a possibilidade de ter que lidar com conflitos. Atribua papéis que aproveitem ao máximo os diversos talentos individuais, em vez de reforçar as hierarquias sociais. • Introduza temas para debate que não ponham o olhar neles mesmos, mas que reflitam problemáticas próprias da época, da adolescência ou da convivência. Alguns tópicos possíveis: Como a diversidade de gênero, etnia, deficiências, situação socioeconômica e outros fatores afetam o modo pelo qual diferentes grupos são tratados dentro de diferentes sociedades? Quais os desafios de ser adolescente ou pré-adolescente nos dias atuais? Como se compara a experiência da juventude de hoje com a de outras gerações? FUNDAMENTAL II E MÉDIO 17 Que políticas os sites de redes sociais possuem sobre o cyberbullying e que condutas ultrapassam os limites dos atos legais? Como essas políticas afetam os direitos constitucionais dos usuários? O que é melhor no final das contas: “ser popular” ou “ser uma boa pessoa”? Quais são as qualidades pessoais necessárias para ter êxito no trabalho e nas relações sociais? Como os estereótipos divulgados pela mídia influenciam a questão do gênero ou da importância da aparência e as atitudes dos estudantes em relação aos colegas? Como as nossas opiniões mudaram ao longo do tempo sobre o papel da mulher, das pessoas de outras raças e de outras religiões? Pedir ajuda a um adulto é ser dedo-duro? Como podemos ajudar a vítima sem nos convertermos nos próximos assediados? • Incentive os estudantes a organizar campanhas de conscientização e prevenção ao bullying na escola. Para isso, terão que se informar, refletir sobre o tema e elaborar mensagens para alcançar toda a sua comunidade. Algumas atividades possíveis: confecção de cartazes ou pôsteres; concursos de fotografia ou vídeo; mostras de arte; palestras para as crianças menores da escola (inclusive para o ensino infantil e fundamental I, se houver); publicações para o blog da escola ou criação de um destinado a tratar especificamente o problema do bullying; campanhas para ganhar seguidores e ativistas para a causa nas redes sociais, entre outras. DOCENTES 18 • Convença toda a escola a assumir um compromisso de prevenção ao bullying, que pode se tornar uma das principais iniciativas dos alunos e alunas. Um exemplo é a campanha CHEGA DE BULLYING http:// chegadebullying.com.br. • Outro tema de trabalho em sala de aula poderá ser o uso responsável das novas tecnologias de informação e comunicação (TIC), abordando tópicos como o cyberbullying e a cidadania digital. Além disso, poderão utilizar as novas tecnologias para se informar sobre o assunto e participar de propostas de divulgação do tema. • Promova a formação de um comitê de convivência em sua escola, composto por docentes, gestores, estudantes, pais e mães, que possibilite decidir maneiras de atuar em situações de bullying na instituição e onde se possam promover ações preventivas, levando em consideração a diversidade de vozes e opiniões na comunidade educativa. • Valorize a diversidade. As escolas devem promover a valorização da diversidade e reconhecer todos e todas, não só os que se sobressaiam nos esportes, nas artes ou os estudantes mais destacados. Não se deve promover e premiar somente uma maneira de ser e de agir. Todos os meninos e meninas têm valor e devem ser reconhecidos por suas qualidades particulares. FUNDAMENTAL II E MÉDIO 19 COMO INTERVIR QUANDO O BULLYING OCORRE? Cabe a cada escola decidir como agir quando se detecta uma situação de bullying. A intervenção é o primeiro passo para proteger a vítima. O docente deve saber que existe uma grande diferença entre deter o bullying quando está no início e enfrentá-lo quando já instalado. A atuação do docente deve ser justa e coerente. Sempre é melhor intervir, mesmo quando não está claro que a intimidação ocorre. A seguir, algumas orientações práticas para deter o bullying: • Se presenciar uma situação de assédio, imediatamente detenha a agressão. Coloquese entre quem persegue ou intimida e quem está sendo intimidado(a). De preferência, procure bloquear o contato visual entre eles ou elas. Não afaste nenhum estudante – especialmente as testemunhas. Não pergunte de imediato nem discuta sobre o motivo da agressão ou trate de averiguar os fatos. • Uma vez interrompido o assédio, converse sobre as consequências negativas de perseguir ou intimidar e sobre as regras de convivência da escola. Use um tom natural para se referir aos comportamentos que você viu/ouviu. Deixe claro para os estudantes que incomodar ou intimidar é inaceitável e vai contra as regras da escola. Faça-os refletir sobre sua atitude e reconhecer o dano que provocam. • Apoie o estudante que foi intimidado para que se sinta seguro e a salvo de represálias. Ajude-o a encontrar maneiras de pedir que não o persigam e a buscar ajuda. Informe o acontecido aos demais docentes. • Inclua as testemunhas nas conversas e dê orientação sobre como poderiam intervir corretamente ou pedir ajuda da próxima vez. Não peça às testemunhas que expliquem publicamente o que observaram. • O trabalho com o grupo deve tratar de desmitificar aqueles que exercem seu poder mediante a violência. Deve-se abrir o problema para discussão entre todos e todas estudantes da sala de aula, a fim de encontrar uma solução que os envolva e comprometa. • Dependendo da gravidade do problema, a escola participará aos pais e mães dos envolvidos. • O tema também pode ser tratado em reuniões de pais e mães, o que gerará conscientização sobre o bullying e aproximará as famílias da escola. É muito importante envolver os pais e mães, eles devem sentir que a escola cuida de seus filhos e filhas, que escuta seus problemas e colabora com a família na educação e formação de valores. • Avalie junto com a direção a possibilidade de DOCENTES 20 FUNDAMENTAL II E MÉDIO 21 sugerir aos pais e mães, tanto do(a) agredido(a) quanto do(a) agressor(a), que busquem orientação psicológica, se houver mudanças significativas em seus comportamentos. • Quando apropriado, a escola deverá impor consequências para os que perseguem ou intimidam, segundo as regras de convivência escolar. Não se exigirá que se desculpem ou façam as pazes no calor do momento, todos deverão ter tempo para “acalmar os ânimos”. Todas as consequências deverão ser lógicas e relacionadas à ofensa. É fundamental que sejam justas e estejam direcionadas a compreender e ajudar quem sofre e quem pratica o bullying. Pergunte aos agressores sobre seu comportamento e ofereça ajuda para mudar as condutas nocivas. Certas medidas punitivas, como suspensões ou expulsões, tendem a ser contraproducentes, porque fazem com que os jovens fiquem calados e não ajudam a trabalhar as causas psicossociais que motivam o comportamento dos que perseguem e dos que são perseguidos. • O docente deve acompanhar não somente o(a) adolescente agredido(a), mas também os estudantes agressores. Todas as partes devem sentir que o docente está ciente da situação para garantir que a violência não aconteça novamente. É um grande erro intervir apenas quando há um conflito ou um processo de bullying. A prevenção deve fazer parte do programa escolar. As estratégias de prevenção devem ser destinadas a promover habilidades emocionais e comunicativas para que os alunos e as alunas aprendam a evitar conflitos e a afrontá-los de maneira não violenta. DOCENTES 22 AS REUNIÕES DE PAIS E MÃES SÃO NECESSÁRIAS POR CAUSA DO TEMA? Não raramente, a escola acusa algumas famílias de não darem noções adequadas de socialização às crianças, baseadas em princípios e valores que assegurem sua capacidade de conviver respeitando os demais. Por sua parte, as famílias se queixam que os docentes e demais autoridades escolares são incompetentes para atender de maneira adequada às necessidades e os problemas dos estudantes. Essas premissas não somente não resolvem o problema como também impossibilitam a busca de soluções. Escolas e famílias devem formar uma aliança em prol das crianças e adolescentes para acompanhá-los e apoiá-los no seu desenvolvimento. Por isso, as reuniões de pais e mães devem procurar envolver as famílias no problema, comprometê-las na prevenção e chegar a acordos entre escola e família. O planejamento de cada reunião dependerá do seu objetivo: informar sobre a temática, sensibilizar e refletir, comunicar normas ou estratégias que a instituição implementará, comprometer os pais na busca conjunta de soluções para um problema específico. Poderá haver a projeção de filmes para discussão, a análise de assuntos da atualidade, a participação de um especialista (psicólogo, pedagogo, etc.), jogos cooperativos para que os pais e mães se conheçam e se familiarizem com a instituição, ou atividades vinculadas a trabalhar o tema da comunicação (escola-família, as famílias entre si, crianças-adultos). FUNDAMENTAL II E MÉDIO 23 ATIVIDADES PARA A SALA DE AULA: Todas as atividades propostas podem ser realizadas com diferentes grupos de idade. Ajustes deverão ser feitos de acordo com o nível de aprofundamento que se deseje alcançar em cada caso. ATIVIDADE Objetivos FOTOS QUE FALAM Que os alunos e alunas possam: • Refletir sobre situações de perseguição ou intimidação. • Trabalhar em grupo. • Manifestar seus sentimentos em relação ao problema usando imagens para se comunicar. Desenvolvimento O docente pedirá aos alunos e às alunas que leiam a definição de bullying que está em suas apostilas e os estimulará a pensar em exemplos desse tipo de situações. Em seguida, eles se dividirão em pequenos grupos e o docente proporá que tirem uma fotografia que represente alguma característica do bullying e expresse um ponto de vista, usando para isso seus celulares ou câmeras digitais. É importante que o docente trabalhe com os estudantes sobre o poder de comunicação que as imagens têm, que enfatize a possibilidade de transmitir uma mensagem por meio de uma fotografia. Uma vez planejada a composição da foto, poderão tirá-la e, se necessário, retocá-la com algum programa de edição. DOCENTES 24 Em um primeiro instante, compartilharão as fotos com seus colegas e cada grupo vai ouvir o que essa imagem gera nos demais. Depois, poderão montar uma exposição para o resto da comunidade, divulgá-las em um blog, uma rede social, etc. Cada grupo poderá decidir se complementa a fotografia com um texto. Se decidirem pôr as fotos produzidas na Internet é importante proteger a identidade dos estudantes. Convém esclarecer que as fotos foram concebidas e produzidas como parte de um projeto escolar e que, portanto, são atuadas e posadas, tendo como objetivo contribuir para que as situações retratadas não aconteçam mais. Algumas sugestões de perguntas para analisar as fotos: • Que tipo de abuso ou intimidação se vê na fotografia? • Quem recebe a agressão? Pode-se deduzir por que está sendo agredido? • Aparecem elementos discriminatórios no ato de intimidação que a fotografia retrata? Quais? • Quem está envolvido na situação? • Como agem as testemunhas? • Como se poderia intervir para deter a situação de assédio? FUNDAMENTAL II E MÉDIO 25 ATIVIDADE ATORES EM CENA Que alunos e alunas possam: Objetivos • Identificar situações que podem causar problemas para a convivência escolar. • Questionar as maneiras de agir do próprio grupo. • Buscar novas formas de reagir ou agir perante situações de bullying. Desenvolvimento A técnica do role-playing, também chamada de dramatização ou simulação, consiste em que duas ou mais pessoas representem uma situação ou caso concreto da vida real. Todos os participantes atuam segundo o papel atribuído a eles para tornar a representação mais real e autêntica. Para desenvolver a técnica, os participantes podem ser convidados ou escolhidos, sempre respeitando o desejo dos estudantes de querer participar da dramatização ou não. A cada estudante será atribuído um papel que somente ele ou ela conhecerá, mas os demais colegas não. Enquanto o docente distribui os papéis, os estudantes que participarão da cena poderão começar a compor seus personagens. Os estudantes que não participarem da representação serão espectadores. É importante esclarecer que não poderão intervir até o fim da simulação. DOCENTES 26 SITUAÇÃO 1 Os estudantes saem da sala de aula para ir ao refeitório da escola. PERSONAGENS Júlia: é uma jovem tímida e boa estudante. Aproveita o horário do intervalo para fazer a tarefa, já que, quando chega em casa, tem outras atividades e não tem tempo de fazê-la. Paula: é muito amiga do Mateus e namorada do Rafael. Tem muitos amigos. Júlia não é sua amiga, mas não tem problemas com ela. Se conhecem desde pequenas, porque moram no mesmo quarteirão e brincavam quando crianças. Rafael e Mateus: incomodam e intimidam Júlia sempre que têm oportunidade. Põem apelidos, pegam suas coisas ou a importunam. São reconhecidos e respeitados por seus colegas. Rafael é o namorado de Paula. SITUAÇÃO 2 Os estudantes estão na sala de aula. O professor pede que formem grupos de trabalho para realização de um projeto acadêmico. PERSONAGENS Luís: é novo na escola e ainda não fez amigos no grupo. Sua família é imigrante. FUNDAMENTAL II E MÉDIO 27 Eduardo: tem atitudes discriminatórias em relação a estudantes imigrantes e demonstra abertamente seu desprezo por Luís. Daniel: é amigo de Eduardo. Quando está sozinho, não zomba de Luís nem o maltrata. Porém, quando está com Eduardo, se junta às agressões e inclusive as inicia. Helena: é imigrante como Luís. Apesar de ter tido dificuldades para fazer parte do grupo, agora já tem muitas amigas. Os únicos que ainda a incomodam são Eduardo e Daniel. Andrea: é boa aluna e geralmente não tem conflitos com outros estudantes. Faz parte do grupo de amigos de Eduardo e Daniel. Tiago: é amigo de Eduardo, Daniel e Andrea. Não costuma perturbar os outros estudantes e não participa quando seus amigos o fazem. Professor Os(as) intérpretes iniciarão e desenvolverão a cena com a maior naturalidade possível. Viverão seus personagens com espontaneidade, mas sem perder de vista a objetividade, indispensável para reproduzir a situação tal como foi definida. O docente fará a interrupção quando considerar que conseguiu informação e material ilustrativo suficientes para proceder à discussão do problema, que é o objetivo da representação. Por isso, não é necessário chegar a um “fim” como nas obras teatrais. Bastará que a encenação seja significativa para facilitar a compreensão da situação proposta. DOCENTES 28 Em seguida, será realizada a discussão da representação, dirigida pelo docente. Primeiramente, todo o grupo exporá suas impressões, fará perguntas aos intérpretes, discutirá o desenvolvimento, proporá outras formas de reproduzir a cena, sugerirá diferentes reações, etc. Depois, será permitido aos intérpretes dar suas impressões, explicar seu desempenho, descrever seu estado de espírito durante a ação e dizer o que sentiram ao interpretar o papel. Assim, o problema básico será analisado a partir de uma “realidade” concreta, na qual todos e todas participam, seja como atores e atrizes ou espectadores. Em certos casos, convém repetir a cena de acordo com as críticas, sugestões ou novos enfoques propostos. Por exemplo, se Paula não interveio na situação de assédio e isso é questionado pelos colegas, a cena poderá ser repetida, com a condição de que Paula agora reaja e defenda Júlia. Também podem optar por usar novos atores para representar os personagens. Finalmente, se tiram as conclusões sobre o problema em discussão e se tomam notas sobre os acordos alcançados. A etapa da discussão é a mais importante do role-playing. A encenação pode ser a mais atrativa, ao motivar o grupo, fornecer dados específicos, situações “palpáveis” significativas, para introduzi-los emocionalmente no centro do problema em debate. Mas deve-se disponibilizar o tempo que for necessário para a etapa da discussão, que deve ter, no mínimo, meia hora. Algumas perguntas para analisar as situações dramatizadas: • Quem intervém na situação? Que papel cada um desempenha? • Que tipos de atos de assédio foram dramatizados? • Como se sentiu quem foi agredido? FUNDAMENTAL II E MÉDIO 29 •Q ue sentimentos podem ter vivido os agressores? O que poderia ter motivado seus comportamentos? • Como se sentiram as testemunhas? •C omo é possível ajudar todos na situação dramatizada? •V ocê acha que algum dos participantes poderia ter agido de forma diferente? ATIVIDADE HORA DO JORNAL Que os alunos e alunas possam: Objetivos • Caracterizar o bullying. • Adotar posições em relação às práticas de assédio escolar. • Analisar as perspectivas dos participantes nessa situação. Desenvolvimento Esta atividade retoma a modalidade de role-playing representada na proposta ATORES EM CENA. O docente apresentará recortes de jornais com notícias relacionadas ao bullying ou solicitará previamente que os alunos mesmos façam sua pesquisa. Em pequenos grupos, os alunos e alunas lerão as notícias e tirarão algumas conclusões sobre a forma de atuar dos protagonistas, a intervenção dos adultos, as consequências para os(as) envolvidos(as), etc. Os jovens se dividirão em dois grupos. Um representará a equipe de jornalistas; o outro, os entrevistados. O objetivo é representar um programa de TV usando a técnica da dramatização. É importante que o docente considere que, muitas vezes, os meios de comunicação tratam o tema de ma- DOCENTES 30 neira sensacionalista, relatando apenas os casos mais extremos e chocantes. Portanto, esta atividade servirá para analisar como a mídia trata o assunto, de maneira crítica, junto com os alunos e alunas. OS JORNALISTAS O grupo de jornalistas deverá se dividir nos seguintes papéis: • Um ou dois estudantes serão os apresentadores que abordarão o tema no programa. Os outros estudantes serão os entrevistados. Algumas possíveis perguntas para os entrevistados: você já viveu alguma situação ou conhece algum caso em que uma pessoa se sentiu intimidada ou agredida por outra ou por um grupo? O que faz você pensar que se trata de bullying? Quais consequências você acha que essa situação traz para quem agride, para a vítima e para aqueles que assistem? • O outro grupo de jornalistas deverá registrar por escrito as respostas dos entrevistados. OS ENTREVISTADOS O grupo de entrevistados terá que atribuir diferentes papéis aos diversos integrantes da equipe de trabalho – alguns desempenharão o papel de vítimas ou testemunhas de bullying, outros podem representar os agressores. É importante notar que os entrevistados poderão compartilhar não apenas experiências pessoais, mas também aquelas vividas por outras pessoas que conhecem, com os amigos e amigas, colegas de escola, familiares, etc. Também podem inventar situações ou contar algum caso publicado pela mídia. FUNDAMENTAL II E MÉDIO 31 CONCLUSÃO estar previsto no código, para que a escola conte com regras e limites no momento de detê-lo. Para concluir a atividade, os jornalistas lerão suas anotações e conclusões. Em seguida, será pedido ao grupo que escreva um artigo de opinião para o mural, jornal ou blog da escola, para enviar a um jornal ou para publicar nas redes sociais. Abrir o diálogo é uma ferramenta fundamental dos adultos e adultas para acompanhar e guiar as crianças e adolescentes nas relações baseadas no respeito pelo outro e na valorização das diferenças. Escutar nossos alunos e alunas e acompanhá-los na busca de soluções está em nossas mãos e nos permitirá deter o bullying. RESUMO O bullying é um problema que afeta milhões de estudantes em todo o mundo e prejudica todos os envolvidos: os que são perseguidos ou intimidados, os que intimidam e aqueles que presenciam as situações de assédio e que muitas vezes não sabem o que fazer. O bullying é inaceitável. Todos e todas somos responsáveis. É possível agir diante do problema fazendo uma parceria entre escola e família para cuidar, proteger e criar ferramentas para prevenir e deter o assédio entre pares. Os problemas entre pares devem fazer parte do trabalho de convivência em sala de aula, uma vez que é um conteúdo transversal a toda disciplina formal. Assim, haverá várias oportunidades de transformar situações negativas em positivas, incentivar a convivência escolar harmônica e criar um ambiente favorável para aprender e ensinar. Estabelecer uma comissão ou comitê de convivência participativo, composto por todos os membros da escola, estudantes e suas famílias, ajuda a implementar ações consensuais, atuar de maneira coerente no interior da instituição e envolver a comunidade no problema. A comissão será encarregada de redigir o código de convivência da escola. O bullying deve DOCENTES 32 COMPROMISSO CHEGA DE BULLYING para adultos Para assinar este compromisso online, acesse chegadebullying.com.br A campanha CHEGA DE BULLYING propõe que você assine este compromisso de prevenção ao bullying. Leve-o à sua escola para que outros docentes também assinem e colaborem para o fim do bullying no ambiente escolar. Convencer toda a comunidade escolar a assumir o compromisso significa ser “Escola 100% Comprometida” e merecedora de um reconhecimento por parte do Cartoon Network e dos demais parceiros desta campanha. O bullying não é “brincadeira de criança”. Ele pode ter consequências prejudiciais para elas, suas famílias e a comunidade. Como adulto, sei que posso ajudar de várias formas. Aqui está o meu compromisso: Não ficarei calado. Reconheço que, como adulto, sou responsável e devo assumir uma posição em relação ao problema, mesmo antes de ele atingir meus familiares e amigos. Vou mostrar a todos que FUNDAMENTAL II E MÉDIO 33 ajo de maneira responsável diante de uma situação de bullying, evitando combater a violência com mais violência. NOTAS: Serei um defensor. Vou defender as crianças que precisem de ajuda, tanto as minhas quanto outras que necessitem do meu apoio. Incentivarei a prevenção ao bullying por meio da capacitação de toda a equipe da escola, para que todos conheçam formas efetivas de proteger nossas crianças. Serei um exemplo. Tendo um comportamento exemplar, ajudarei as crianças a lidar com os conflitos. Sei que posso fazer isso pacificamente, tanto dentro da minha família quanto na escola e na minha comunidade. Serei um aliado. Vou me comprometer com as ações implementadas na minha escola. Trabalharei com pais e mães, educadores e outras pessoas que se esforçam para acabar com o bullying, especialmente se souber que meu filho está envolvido. O bullying faz com que as crianças queiram ser invisíveis. E nós podemos mostrar a elas, por meio de nossas ações, que as vemos, as escutamos e, o mais importante de tudo, que elas podem contar conosco para melhorar suas vidas. Assumir este compromisso é o primeiro passo para formar uma comunidade que pensa: chega de bullying. Não vou ficar calado. ASSINATURA: NOME: DATA: DOCENTES 34 FUNDAMENTAL II E MÉDIO 35 NOTAS: DOCENTES 36 NOTAS: FUNDAMENTAL II E MÉDIO 37 NOTAS: referÊncias • Health Resources and Services Administration. “El alcance y el impacto de los actos de molestar e intimidar”. U.S. Department of Health & Human Services em www. StopBullying.gov. • Health Resources and Services Administration. “Los actos de molestia e intimidación (bullying) en niños pequeños”. U.S. Department of Health & Human Services em www. StopBullying.gov. • Health Resources and Services Administration. “Niños que molestan o intimidan”. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov. • Health Resources and Services Administration. “Qué sabemos sobre los actos de molestar o intimidar (bullying)”. 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DOCENTES 38 FUNDAMENTAL II E MÉDIO 39 chegadebullying.com.br DOCENTES 40 Coordenação de conteúdo: Plan Internacional e Cartoon Network APOSTILA 5 Para pais, mÃes e responsÁveis INFORMAÇÕES E ATIVIDADES INTRODUÇÃO Estas páginas são dedicadas aos pais, mães e responsáveis, porque os adultos que acompanham as crianças e adolescentes no dia a dia são quem melhor os conhecem e buscam seu bem-estar desde pequenos. O bullying é agredir ou humilhar outra pessoa de maneira repetida ao longo do tempo. Insultar, espalhar rumores, ferir física ou emocionalmente e ignorar alguém também são formas de bullying entre estudantes. Pais, mães e responsáveis estão preparados para dar amor, cuidados, orientação e educação, mas, muitas vezes, enfrentam situações para as quais podem não estar preparados. O bullying é uma delas. O bullying pode ocorrer pelo celular, pessoalmente, por escrito, na escola, no bairro, em algum meio de transporte ou em outros espaços onde as crianças e adolescentes se encontrem com frequência, como as redes sociais. Seja onde for, o bullying não deve ser permitido, é inaceitável. É comum o bullying permanecer “invisível” para pais e mães, mesmo os mais atentos e sensíveis, porque ele acontece no ambiente escolar e, por medo ou vergonha, as crianças relutam em falar do assunto. Prevalece uma espécie de lei do silêncio que não é fácil romper. Todos os meninos e meninas têm direito de viver sem serem vítimas da violência. Como parte vital da comunidade escolar, pais e mães também têm o direito – ou melhor, o dever – de se envolver e colaborar com alunos, alunas e docentes na prevenção ao bullying. Para acabar com o bullying, é necessário se informar e não ficar calado. Se os meninos e meninas conversarem com seus pais, mães, educadores e outros adultos de confiança, é possível deter o problema. Mas são necessários um plano de ação, debates construtivos, um pouco de coragem e muitos conselhos práticos para fazer frente a essa questão. Se pais e mães se manifestarem, será possível tornar as escolas lugares onde as crianças e adolescentes aprendam e desfrutem de um ambiente seguro. Isso colaborará para que o respeito mútuo seja uma regra em toda a comunidade. As informações contidas nesta apostila serão apenas o ponto de partida para saber o que é o bullying. Sem dúvida, conhecer o problema é o primeiro passo para detê-lo. 2 O QUE É O BULLYING ? PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS O bullying é um problema que afeta milhões de meninos e meninas sem importar de onde são, nem de onde vêm. É um problema grave, principalmente nas escolas, que precisa ser resolvido o quanto antes. Os que praticam bullying perseguem os meninos e meninas mais vulneráveis. Escolhem aqueles(as) que são diferentes, porque não usam a roupa da moda, porque fazem parte de uma minoria social ou racial, porque estão em desenvolvimento e parecem desajeitados, porque estão acima do peso ou possuem algum traço característico (como orelhas ou nariz grandes), porque apresentam uma deficiência ou até mesmo porque são mais estudiosos ou muito tímidos. Os meninos e meninas que praticam bullying não necessitam muito para se inspirar, se têm a intenção de ferir, humilhar ou excluir alguém de seu círculo de amigos ou amigas. O bullying não afeta somente os que sofrem os ataques, mas também causa dano às testemunhas próximas, especialmente se eles e elas não sabem o que fazer a respeito. Na maioria dos casos, o assediado ou a assediada permanece calado(a) diante do abuso a que está sendo submetido(a). Essa situação intimidadora produz angústia, dor e medo. PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS 3 O bullying se sustenta ao longo do tempo, ocorre com frequência e sempre existe a intenção de magoar ou humilhar. O bullying não é uma piada ou uma brincadeira de criança, é inaceitável. A LINGUAGEM QUE USAMOS Nesta apostila, aplicamos a palavra “vítima” para descrever um(a) estudante que está sendo intimidado(a). Porém, não a usamos como uma condição em si, mas como um comportamento temporal. Essa palavra é de uso comum nas conversas cotidianas, nos meios de comunicação e, inclusive, para a lei. No entanto, ela não nos convence, já que frequentemente dá a ideia de passividade ou debilidade. Não é assim que vemos os meninos e meninas que são intimidados. Pelo contrário, são jovens ativos que defendem seus direitos e os dos demais, e que têm toda possibilidade de mudança. Da mesma maneira, usamos o termo “agressora(a)” para nos referir a um comportamento e não a uma condição permanente. Sabemos que, às vezes, nossa linguagem e nossa forma de dizer as coisas discriminam, tornando as meninas, adolescentes e mulheres “invisíveis”. Portanto, em muitos casos, usamos “meninos e meninas” em vez de apenas “crianças”, e “mães e pais” no lugar de “pais”. No entanto, preferimos não recorrer a formulações como “assediado(a)” ou “professor(a)” de forma frequente, porque, apesar de serem mais inclusivas, tornam a leitura mais difícil, especialmente para as crianças. PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS 4 TODA AGRESSÃO É BULLYING ? É importante distinguir as situações de abuso que podemos enquadrar no bullying de outras manifestações agressivas esporádicas, que não são propriamente bullying, como as habituais “zoações”, as brincadeiras brutas, grosserias ou brigas que, muitas vezes, ocorrem entre colegas no âmbito escolar. Deve-se observar que é frequente nas relações entre pares o surgimento de divergências que geram conflitos e maustratos entre eles e elas, sem que devam ser considerados situações de abuso e intimidação propriamente ditas. As brigas, os problemas entre colegas ou entre amigos, o uso de “palavrões” ou vocabulário inapropriado são frequentes em todas as populações de crianças e adolescentes. Porém, se esses cenários não são resolvidos adequadamente, podem gerar problemas na convivência escolar ou naturalizar a agressão como forma de resolver conflitos. Outra distinção importante é a que ocorre em situações de conflito intragrupal, em que um ou mais estudantes se desafiam ou se enfrentam em lutas/brigas, a fim de resolver seus conflitos ou para estabelecer o poder de uma pessoa sobre as demais ou de um grupo sobre outro. O que distingue essas situações do assédio é a igualdade de condições, físicas ou psicológicas, entre os grupos em questão. No assédio escolar, ou bullying, há uma desigualdade entre o(s) assediador(es) e o assediado, que nem sempre encontra a maneira de se defender do abuso. Para facilitar a distinção das situações de assédio daquelas que não são, listamos algumas das características que devem estar presentes para que uma situação seja definida como bullying: PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS 5 Intencionalidade na agressão, seja física, verbal ou virtual. Desequilíbrio de poder entre o assediado ou a assediada e o assediador ou a assediadora (em que o último é mais forte que o primeiro, seja essa diferença real ou subjetiva, percebida por um(a) deles(as) ou por ambos). A desigualdade de poder pode ser de ordem física, psicológica ou social, gerando um desequilíbrio de força nas relações interpessoais. Repetição da agressão ao longo de um tempo e de forma constante contra a mesma vítima e sem motivo algum. O QUE É O CYBERBULLYING ? O cyberbullying se produz quando a agressão e a intimidação a um(a) colega ocorrem por meio do uso da tecnologia e da Web (computadores, celulares e outros dispositivos eletrônicos). gente. Dessa maneira, a vítima fica exposta a receber agressões o tempo todo, mesmo estando em sua própria casa. Além disso, as agressões permanecem na Internet durante muito tempo, podendo afetar a criança ou adolescente em longo prazo. TODOS E TODAS SÃO AFETADOS O assédio escolar envolve uma série de consequências negativas, não somente para quem é assediado(a), mas também para o(a) assediador(a) e para as testemunhas do fato. A seguir, descrevemos algumas das consequências para os envolvidos na situação: QUEM SOFRE O ASSÉDIO É a criança ou adolescente vítima de perseguição ou intimidação. Pode apresentar sinais de: Baixa autoestima ou autoimagen negativa. Queda no rendimento acadêmico. Como se produz? Pode ser com mensagens de texto cruéis, divulgação de falsos boatos ou mentiras por e-mail ou nas redes sociais, publicação de vídeos constrangedores para o assediado e criação de perfis falsos nas redes sociais ou sites destinados a zombar de alguém. Sensações de raiva e medo. O cyberbullying se expande viralmente pela Web e pode humilhar de uma maneira muito difícil de ser detida. Por isso, é muito invasivo e danoso. As mensagens e as imagens podem ser enviadas pelo(a) agressor(a) a qualquer momento do dia e de qualquer lugar, inclusive anonimamente, e podem ser compartilhadas com muita Desconfiança nas relações sociais. Fobia e absenteísmo escolar. Pesadelos e insônia. Depressão e ansiedade. Desconfiança dos adultos por sua intervenção inadequada. Sentimento de culpa por ser agredido(a). Problemas de saúde. Recorrer à violência como forma de se defender. 6 PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS 7 QUEM TESTEMUNHA Aprendizagem distorcida de como obter seus objetivos. São aqueles que fazem parte do grupo em que se desenvolve o assédio. Não participam diretamente, mas observam e, muitas vezes, agem passivamente diante do bullying, porque não sabem como intervir. Outras vezes, também se juntam às agressões. Embora não sejam vítimas diretas, também sofrem e podem temer ser os próximos assediados(as) se expressarem seu desacordo ou compadecimento pela vítima, ou se não se aliarem aos “poderosos” ou às “poderosas” do grupo. Atitudes precursoras de conduta delituosa. Transferência da agressão a outros contextos. creditar que a agressão e a violência são o caminho para A a resolução dos problemas. umilhar o outro para expressar as dificuldades sociais H ou familiares. As testemunhas podem sofrer consequências como: A prendizagem deficiente sobre como se comportar em situações injustas. E xposição, observação e reforço de modelos inadequados de atuação. alta de sensibilidade em relação ao sofrimento dos F outros, já que se produz uma desensibilização pela frequência dos abusos. Desconfiança dos adultos por sua intervenção inadequada. Medo de se tornar vítimas. QUEM ASSEDIA É quem deliberadamente faz uso da força ou do poder para maltratar outra pessoa. Isso pode levar a: Envolvimento em brigas. É DIFERENTE ENTRE MENINOS E MENINAS? Embora o bullying afete tanto as meninas quanto os meninos, é importante considerar que as formas em que se manifesta entre eles são diferentes. Estudos indicam que as meninas e adolescentes mulheres são mais propensas a se agredir verbalmente, enquanto os meninos são mais inclinados aos ataques físicos, talvez pela “cultura do machismo” que ainda persiste na América Latina. Além disso, as meninas tendem a ser perseguidas pela divulgação de boatos ou se convertem em alvo de comentários ou agressões sexuais. Todas essas formas de violência são prejudiciais e podem fazer parte do bullying. Queda no rendimento escolar. PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS 8 PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS 9 PODE SER QUE MEU FILHO OU FILHA SEJA VÍTIMA DE BULLYING ? Muitas vezes, pais, mães ou responsáveis pelas vítimas são os últimos a descobrir que seu filho ou filha está sofrendo bullying por parte de seus colegas. Vergonha e medo são os principais motivos do silêncio da criança ou do adolescente assediado ou assediada. É possível também que se mantenham calados por não saber como agir nem a quem recorrer para pedir ajuda. Pais e mães devem estar atentos aos seguintes indícios de que seu filho ou filha pode estar sendo vítima de assédio escolar: Mudanças de comportamento. Mudanças de humor. Tristeza, choro ou irritabilidade. Pesadelos, alterações no sono e/ou apetite. Dores corporais, de cabeça, de estômago ou vômitos. P erda ou deterioração frequente de seus pertences escolares ou pessoais, como óculos, cadernos, mochilas, etc. S urgimento de machucados, contusões ou arranhões. Quando questionado(a) sobre o que houve, responde que caiu. Falta de vontade de sair ou de se relacionar com os colegas. Recusa em participar de excursões ou passeios da escola. Falta de vontade de ir à escola – pode protestar ou dizer que está doente. uerer ser acompanhado na saída ou na entrada Q da escola. 10 PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS O QUE DEVO FAZER SE MEU FILHO OU FILHA SOFRE BULLYING? Parabenize seu filho ou filha pela coragem de falar com você sobre o que está acontecendo. Diga que ele ou ela não está sozinho(a) e que muitas crianças e adolescentes sofrem agressões de seus colegas em algum momento, mas que juntos vocês poderão solucionar o problema. Escute com atenção os relatos de seu filho ou filha sobre o incidente de perseguição ou intimidação. Peça que descreva quem esteve envolvido, como, quando e onde aconteceram os episódios. Descubra o máximo que puder sobre as táticas de perseguição e intimidação que estão usando contra ele ou ela. Pergunte se pode nomear outros colegas ou adultos que possivelmente testemunharam o fato. Estabeleça um vínculo de empatia com o seu filho ou filha. Diga que intimidar é errado, que não é sua culpa e que você se alegra por ele ou ela ter tido a coragem de contar o que aconteceu. Pergunte ao seu filho ou filha o que acha que você pode fazer para ajudá-lo(a). Garanta que você pensará sobre o que deve ser feito e que ele ou ela ficará sabendo como planeja agir. Não culpe seu filho ou filha por ser perseguido(a). Não suponha que ele ou ela provocaram os maus-tratos. Não diga: “O que você fez para irritar o seu colega?”. Enxergue isso como uma oportunidade para refletir sobre a própria cultura familiar. Pergunte-se: “Meu filho ou filha aprendeu a recorrer à violência ou ficar calado diante das agressões dos outros?”. Se acredita que seu filho ou filha deve mudar algumas atitudes, talvez você mesmo devesse rever certos comportamentos e valores. Seja um bom exemplo. PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS 11 Se discordar do modo como seu filho ou filha lidou com a situação de perseguição ou intimidação, não o(a) repreenda. Não incentive qualquer reação ou represália física (“devolva na mesma moeda”). Bater em um(a) colega não acaba com o problema e pode fazer com que seu filho ou filha seja responsabilizado(a) conforme as regras de convivência escolar. Responder com violência só agrava a situação. Controle suas emoções. Os instintos protetores de um pai ou mãe provocam emoções fortes. Mesmo que seja difícil, é aconselhável tomar distância e analisar cuidadosamente os próximos passos a seguir. Comunique-se com a escola. Informe as autoridades escolares e os docentes sobre a situação e exija que o bullying seja trabalhado de forma integral no estabelecimento. SERÁ QUE O MEU FILHO OU FILHA É QUEM ASSEDIA? O mais indicado para evitar que um filho ou filha se torne um(a) assediador(a) é educá-lo(a) a sempre respeitar o outro, especialmente quando ele ou ela é diferente em algum aspecto. Aceitar a diversidade das pessoas quanto às suas opiniões, sua classe social, raça ou religião, lugar de origem, seus vínculos, sua família, aparência física ou forma de se vestir sempre serão uma garantia de que seu filho ou filha agirá de maneira correta com os demais. No entanto, pode acontecer de um filho ou filha ser agressivo ou intolerante com os outros. É difícil para um pai ou uma mãe perceber isso e muito menos se dar conta de que o faz de maneira frequente e intencional. Mas, se assim for, esse pai ou mãe tem a obrigação de encarar o problema e não “olhar para o outro lado” ou culpar os outros. A 12 PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS intervenção oportuna protegerá a criança ou adolescente de consequências negativas que provavelmente ele ou ela não são capazes de prever. Acima de tudo, considere que, se seu filho ou filha está envolvido(a) em atos de perseguição ou intimidação, seguramente precisa ser ajudado(a) e escutado(a). Essas condutas, embora questionáveis e não justificadas por qualquer problema que possa ter, podem estar manifestando algum conflito pessoal e ser um chamado de atenção. A instância do diálogo sempre deverá ser a via pela qual se pode tentar compreender um filho ou filha que se comporta agressivamente com os colegas. É importante considerar as seguintes sugestões, se comprovar que seu filho ou filha assedia ou discrimina um(a) colega: Deixe claro que você considera os atos de perseguição ou intimidação sérios e que não vai tolerar tais comportamentos. Crie regras claras e coerentes para sua família, que guiem o comportamento de seus filhos e filhas. Elogie e apoie seus filhos(as) quando seguem as regras e utilize medidas disciplinares não físicas nem hostis para as violações dessas regras. Passe mais tempo com seu filho(a) e supervisione cuidadosamente suas atividades. Conheça os amigos e amigas de seus filhos, permita que eles e elas os convidem para vir à sua casa e preste atenção em como passam o tempo livre. Promova os talentos de seu filho ou filha, estimulando a participação em atividades sociais (clubes, aulas de música, esportes em equipe, etc.) Compartilhe suas preocupações com o docente, coordenador e/ou diretor da escola. Trabalhe com eles para transmitir mensagens claras sobre a importância de parar a perseguição ou intimidação. Se você e/ou seu filho(a) necessitam de ajuda adicional, fale com um orientador escolar e/ou profissional de saúde mental. Importante: escute seu filho ou sua filha! PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS 13 VAMOS CONVERSAR SOBRE BULLYING EM CASA Pais e mães muitas vezes não sabem como abordar temas difíceis com seus filhos e filhas. Desejam conversar e ao mesmo tempo escutá-los, mas não sabem como ou quando iniciar esse tipo de diálogo ou rapidamente o transformam em interrogatório ou sermão. Por sua vez, filhos e filhas desejam que seus pais e mães falem com eles sobre questões delicadas. No entanto, só se aproximam buscando respostas se sentem que estão abertos às suas perguntas e necessidades. Depende de você criar um clima de confiança para que seus filhos e filhas se sintam completamente confortáveis para fazer perguntas ou comentários sobre situações que vivem ou coisas que os preocupam. Outras sugestões a considerar se seu filho ou filha conta que é habitualmente assediado por seus colegas: Tenha certeza de que, se ele ou ela veio conversar, é porque a situação o(a) afeta muito, especialmente se é vítima de agressões verbais. Às vezes, os adultos não as consideram tão importantes e, no entanto, são as que mais dano podem causar. Nunca diga a seu filho ou filha que ignore a agressão ou intimidação. O que ele ou ela poderia realmente “ouvir” é que você vai ignorá-lo(a). Se a criança ou adolescente fosse capaz de simplesmente ignorar, não haveria dito nada a respeito. Muitas vezes, ignorar as ofensas ou intimidações permite que se tornem mais graves. Inicie a conversa disposto a escutar, evite juízos de valor e deixe que seu filho ou filha fale, mesmo se ele ou ela for o(a) agressor(a). Se decidiu falar com você, é porque sua situação o(a) preocupa e está buscando compreensão e ajuda. 14 PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS Reserve tempo para conversar com seu filho ou filha. Não converse logo antes de sair para a escola ou trabalho, a caminho de outros lugares ou enquanto realiza outra tarefa. Quantas vezes não escutamos nossos filhos ou filhas enquanto dobramos a roupa, nos preparamos para a reunião do dia seguinte ou empurramos o carrinho do supermercado? É compreensível que às vezes não se possa evitar, mas é importante encontrar o momento de dar a eles atenção exclusiva. Escute atentamente seus filhos e filhas, isso fortalece sua autoestima, porque se dão conta do quanto são importantes para você. Isso pode abrir portas para valiosas conversas sobre vários assuntos difíceis. Além do mais, escutar com atenção ajuda pais e mães a se informarem sobre o que seus filhos e filhas realmente querem saber e também a conhecer o quanto compreendem sobre determinado assunto. Muitas vezes, pode levar tempo antes que os filhos e filhas tomem coragem para compartilhar suas histórias. Como adultos e adultas, nos vemos tentados a completar as palavras e frases de nossos filhos para chegar mais rapidamente ao ponto. Evite fazer isso. Ao escutar nossos filhos e filhas pacientemente, permitimos que eles pensem de acordo com seu próprio ritmo e fazemos com que sintam que investir nosso tempo escutando o que têm para contar vale a pena. COMO COMEÇAR UMA CONVERSA? Falar do problema do bullying é importante, independentemente de seu filho ou filha estar envolvido(a) ou não. É uma forma de prevenir situações negativas; de abrir espaços de diálogo para que ele ou ela saiba que, se confrontado(a) com uma situação desse tipo, pode falar com você; e também de gerar confiança para que ele ou ela conte se algo está acontecendo, mas não pôde falar até agora. PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS 15 Embora qualquer pai e mãe deseje que seus filhos e filhas se sintam suficientemente confortáveis para vir até eles com suas dúvidas e preocupações, a verdade é que nem sempre é assim. Muitas vezes, é necessário que os pais iniciem a conversa. Algumas sugestões: Aproveite alguma notícia que tenha saído nos jornais, na televisão ou nas redes sociais para comentá-la em família. Fale e opine sobre o tema. Dessa maneira, seu filho ou filha saberá que você é sensível ao problema e encontrará a oportunidade de falar, se quiser. Não pressione seu filho ou filha para que fale ou conte sua experiência pessoal, comente a notícia com naturalidade, introduza o tema, mas não insista. Se ele ou ela decidir falar, escute o que tem a dizer com calma. Para dar opiniões e conselhos haverá tempo, primeiro é preciso ouvir. A hora do jantar é um bom momento para que cada membro da família conte como foi seu dia. Você também pode contar um problema que teve e perguntar aos seus filhos e filhas se tiveram algum conflito na escola. Se percebe alguma mudança de comportamento ou um sinal físico (lesão, contusão, etc.) em seu filho ou filha, faça um comentário e pergunte o que aconteceu de maneira tranquila, sem expressar de imediato suas suspeitas sobre a causa. Se o menino ou menina é pequeno(a), além do diálogo, você pode seguir as sugestões abaixo, principalmente se perceber que ele ou ela está tendo dificuldades de relacionamento com os colegas: Convide seus colegas para brincar em casa. Trate de incluir diversas crianças, não só aquelas que já têm vínculos com ele ou ela. Estimule a participação em atividades em grupo (atividades recreativas, esportivas ou sociais). 16 PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS Quando comemorar um aniversário, tente convidar toda a turma da sala, sem discriminar ninguém. Todos são colegas, embora nem todos sejam amigos e amigas. Fale sobre a diferença entre colegas e “melhores amigos e amigas”, sempre ressaltando a importância de ser educado e se dar bem com todo o grupo. Em casa, não estimule atitudes de competitividade entre as crianças. É necessário que as orientações sobre não discriminação e respeito pelas diferenças sejam valores compartilhados pela família para que a criança os assuma também como valores próprios. O QUE FAZER SOBRE O CYBERBULLYING ? O cyberbullying é o assédio virtual. Em vez de ocorrer cara a cara, acontece por meio do uso da tecnologia e da Web (computadores, celulares e outros dispositivos eletrônicos). O cyberbullying é muito diferente, porque as mensagens e as imagens podem ser enviadas a qualquer momento do dia, de qualquer lugar, inclusive anonimamente, e compartilhadas com muitas pessoas ao mesmo tempo. Pais e mães podem ajudar filhos ou filhas a usar as tecnologias de maneira responsável, respeitando os demais e evitando alguns riscos. Nesse sentido, é importante que pais e mães conheçam as novas tecnologias de informação e comunicação que as crianças e adolescentes usam. E ainda que eles dominem melhor seu uso, pais e mães devem cumprir o papel de guia para que seus filhos e filhas utilizem as tecnologias baseados em valores positivos, respeitando os direitos dos demais, sem discriminar ninguém e cuidando de sua privacidade. PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS 17 Algumas dicas para explicar às crianças e aos adolescentes os riscos aos quais podem ser expostos ao usar tecnologias: Converse com seu filho ou filha sobre as atividades que ele ou ela realiza na Internet. Conheça os sites e as redes sociais que utiliza e os programas e jogos que costuma usar. Defina regras claras sobre o uso da tecnologia. Estabeleça horários, tempos de utilização e modos de se comportar. Se possível, coloque o computador/laptop em uma área comum, não no quarto dele ou dela. Se ele ou ela é pequeno(a), entrem juntos nos sites em que navega. Esclareça que deve proteger sua privacidade, que não pode dar dados pessoais ou bater papo com desconhecidos. Peça para ser informado se receber uma solicitação de amizade de algum programa de chat e diga que você deve autorizar ou não o pedido. Se seu filho ou filha é adolescente, também é importante que tenha claras as regras para proteger sua privacidade e que conheça os riscos de se comunicar com desconhecidos. Estabeleçam juntos os critérios para decidir quais fotos publicar e quais expõem tanto ele ou ela quanto seus amigos. Abra sempre o diálogo para que seu filho ou sua filha possa contar se acontecer algo incômodo ou arriscado na Internet. Se seu filho ou filha usa a Internet em lugares públicos, é importante que você conheça o lugar e que dê instruções claras sobre os sites que pode visitar e os cuidados que deve ter ao fechar sua sessão em um computador que não lhe pertence. Explique ao seu filho ou filha que os menores de 13 anos não podem se registrar nas redes sociais e que os riscos existem também para os maiores, se não souberem como se proteger. Compartilhe com eles as políticas e ferramentas das redes sociais sobre privacidade e segurança dos usuários e assegure o seu cumprimento. 18 PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS Ensine seu filho ou filha como agir e aconselhe denunciar se ocorrer algum incidente ou assédio online persistente (não responder a provocações, guardar as provas, abandonar a conexão, pedir ajuda). EM CONTATO COM A ESCOLA Diante de situações difíceis, pais, mães e escola geralmente iniciam uma troca de acusações. Comentários como esses são habituais por parte de pais e mães: “Na escola não fazem nada”, “Onde estava o professor quando isso acontecia?”, “Não é a primeira vez que acontece”, entre outras queixas semelhantes. Por outro lado, dos integrantes da escola geralmente se ouve: “A família é problemática”, “Os pais e mães trabalham o dia todo”, “Não temos com quem falar”, “Os pais e as mães desta escola não colaboram”, “Os pais e mães são extremamente permissivos”, e assim por diante. É importante ter claro que escola e família devem constituir uma aliança para educar e acompanhar as crianças e adolescentes. Todos trabalham para o desenvolvimento integral desse menino, menina ou adolescente, e jogar a culpa um no outro não ajudará a solucionar o problema. Se detectar que seu filho ou filha está sendo vítima de assédio escolar, é fundamental recorrer à escola. Para informar e ser informado sobre o que está acontecendo, para conhecer as estratégias utilizadas para resolver o problema, para acordar maneiras de acompanhar a criança ou adolescente e para formar uma rede de apoio para seu filho ou filha. PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS 19 Comunique-se com o docente ou direção da escola para abordarem o problema juntos. Vá à escola se receber um convite da direção ou dos docentes para conversar. Muitas vezes, pais e mães resistem em relatar os incidentes de agressão ou intimidação aos docentes, mas esses incidentes não cessarão sem a ajuda dos adultos. Controle suas emoções. Dê informações concretas sobre a experiência de seu filho ou filha agredido(a) ou intimidado(a): relate quem, o que, quando, onde e como. Enfatize que deseja trabalhar com a equipe da escola para encontrar uma solução e deter a perseguição ou intimidação pelo bem de seu filho ou filha e para o bem do resto dos estudantes. Não entre em contato com o pai ou mãe do estudante que agrediu ou intimidou seu filho ou filha. Essa é geralmente a primeira reação de um pai ou mãe, mas pode piorar as coisas. Os docentes ou diretores deveriam se comunicar com os pais e mães dos agressores. Não descuide do assunto uma vez que o tenha relatado à escola. Siga os acontecimentos de perto e observe as mudanças de humor do seu filho ou filha. Espere que as agressões ou intimidações cessem. Fale regularmente com seu filho ou filha e equipe da escola para ver se as perseguições cessaram ou não. Incentive soluções baseadas na reparação do dano e não na vingança. Não exija punições para os estudantes que perseguem seu filho ou filha. As políticas de tolerância zero não trabalham a raiz do problema. Deve-se trabalhar de perto com todos os estudantes envolvidos para mudar comportamentos e lidar com as origens da questão. 20 PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS Pais, mães e toda a equipe da escola têm a responsabilidade de se unir para fazer das escolas lugares livres de violência e de bullying. Um caso de bullying não se resolve somente com a abordagem de um conflito em particular ou com punições e castigos. É importante que os pais reconheçam como é complexo para docentes e gestores zelar pela conduta e pelos valores de toda a comunidade escolar. Da mesma forma, é fundamental que a escola aborde o bullying de modo integral e preventivamente, com a participação das famílias no programa de convivência escolar, mantendo-as informadas sobre o trabalho realizado para que acompanhem a iniciativa também em suas casas. CONCLUSÃO Como vimos nestas páginas, os pais e mães podem fazer muito para ajudar a prevenir e a deter o bullying. Parar o bullying depende de adultos que se envolvam, que estejam abertos ao diálogo, que aprendam estratégias efetivas, que estabeleçam regras claras e que estejam muito atentos. As crianças e adolescentes precisam saber que os adultos responsáveis estão presentes para guiá-los e protegê-los. Eles e elas necessitam que esses adultos possam reconhecer rapidamente o bullying e intervir com segurança e coerência. Pais, mães, crianças e adolescentes têm direito a escolas seguras, nas quais exista respeito mútuo. Os adultos devem assumir a responsabilidade de proteger nossos meninos e meninas. PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS 21 Para recordar: O bullying é um problema que afeta milhões de estudantes em todo o mundo e prejudica todos os envolvidos: quem é perseguido ou intimidado, quem intimida e quem presencia as situações de assédio e muitas vezes não sabe o que fazer. É possível atuar frente a este problema formando uma aliança entre escola e família, com o objetivo de cuidar, proteger e desenvolver ferramentas para prevenir e deter o assédio entre pares. O diálogo é a ferramenta fundamental para que os adultos acompanhem e orientem as crianças e adolescentes a terem relações baseadas no respeito pelo outro e na valorização das diferenças. COMPROMISSO CHEGA DE BULLYING PARA ADULTOS Para assinar este compromisso online, acesse chegadebullying.com.br Propomos a você assinar o seguinte compromisso para dizer CHEGA DE BULLYING! Compartilhe-o com outros pais e mães para difundir a temática e incentivar que ela seja trabalhada em suas escolas. Convencer toda a comunidade escolar a assumir o compromisso significa ser uma “Escola 100% Comprometida”, merecedora de reconhecimento por parte do Cartoon Network e dos demais parceiros desta campanha. O bullying não é “brincadeira de criança”. Ele pode ter consequências prejudiciais para elas, suas famílias e a comunidade. Como adulto, sei que posso ajudar de várias formas. Este é o meu compromisso: Não ficarei calado. Reconheço que, como adulto, sou responsável e devo assumir uma posição em relação ao problema, mesmo antes de ele atingir meus familiares e amigos. Vou mostrar a todos que ajo de maneira responsável diante de uma situação de bullying, evitando combater a violência com mais violência. Serei um defensor. Vou defender as crianças que precisam de ajuda, tanto as minhas quanto outras que necessitem do meu apoio. Incentivarei a prevenção do bullying por meio da capacitação de toda a equipe da escola, para que todos conheçam formas efetivas de proteger nossas crianças. Serei um exemplo. Tendo um comportamento exemplar, ajudarei as crianças a lidar com os conflitos. Sei que posso fazer isso pacificamente, tanto dentro da minha família quanto na escola e na minha comunidade. Serei um aliado. Vou me comprometer com as ações implementadas na minha escola. Trabalharei com pais e mães, educadores e outras pessoas que se esforçam para acabar com o bullying, especialmente se souber que meu filho está envolvido. O bullying faz com que as crianças queiram ser invisíveis. E nós podemos mostrar a elas, por meio de nossas ações, que as vemos, as escutamos e, o mais importante de tudo, que elas podem contar conosco para melhorar suas vidas. Assumir este compromisso é o primeiro passo para formar uma comunidade que pensa: chega de bullying. Não vou ficar calado. ASSINATURA: NOME: DATA: 22 PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS 23 NOTAS: 24 PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS NOTAS: PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS 25 NOTAS: referÊncias • Health Resources and Services Administration. “El alcance • Health Resources and Services Administration. “El alcance y el impacto de los actos de molestar e intimidar”. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov. • Health Resources and Services Administration. “Niños que molestan o intimidan”. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov. • Health Resources and Services Administration. “Los actos de moléstia e intimidación (bullying) en niños pequeños”. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying. gov. • Health Resources and Services Administration. “Qué hacer si su hijo(a) está siendo molestado(a) o intimidado(a)”. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov. • Health Resources and Services Administration. “Qué sabemos sobre los actos de molestar o intimidar (bullying)”. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov. • Abente Pfannl, Daisy, Lesme Romero, Diana S., Lovera Rivas, Vanessa, Rodríguez Leith, Margarita, Zerené Reyes, Yasmina. Manual didáctico para la prevención e intervención del acoso escolar. Assunção, Secretaria da Infância e Planejamento do Ministério de Educação do Paraguai, 2010. • Educación, Redes y Rehiletes, Associação Civil. Somos una comunidad educativa: hagamos equipo. Una proposta de intervención integral educativa contra el bullying. Cidade do México, UNICEF, 2011. • Associação Chicos.net. Manual de enfoque teórico dentro do “Programa uso seguro y responsable de las tecnologías”. Buenos Aires, fevereiro de 2011. Acesse: http://www.programatecnologiasi.org/index.php?option=com_content&view=article&id=27&It emid=225. • Associação Chicos.net. “Programa Tecnología Sí”, Acesse: www. programatecnologiasi.org • Cartoon Network. “Chega de bullying, não fique calado”. Acesse: http://www.chegadebullying.com.br • Plan Internacional. “Aprender sem medo”. Acesse http://plan.org.br 26 PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS PAIS, MÃES E RESPONSÁVEIS 27 chegadebullying.com.br Coordenação de conteúdo: Plan Internacional e Cartoon Network APOSTILA 6 Para diretores, diretoras e demais gestores e gestoras de instituiÇÕes educativas INFORMAÇÕES E ATIVIDADES 1 DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS O QUE É O CHEGA DE BULLYING ? A campanha CHEGA DE BULLYING quer colaborar com as escolas para a identificação, prevenção e contenção do bullying, também chamado de assédio escolar, perseguição ou intimidação entre pares. O bullying é uma forma de violência que requer um trabalho árduo e integral. A convivência na escola é um tema que envolve toda a comunidade educativa: gestores, docentes, estudantes, familiares, pessoal não docente e de administração. Uma gestão que se compromete a promover o fortalecimento de uma cultura democrática e a igualdade de direitos é indispensável para prevenir e deter situações violentas como o bullying. Para alunos e alunas, a escola representa o espaço onde passam a maior parte do tempo. Sua função central é educar, enriquecer e proteger seus estudantes, em um contexto de respeito e exercício dos direitos de todos e todas.1 No entanto, apesar dos esforços dos profissionais de educação para promover uma cultura de respeito e um ambiente de aprendizagem contínua, “também se pode observar uma tendência crescente de assédio entre pares – agravado pelo uso da Internet – além de agressões dos estudantes (principalmente meninos) e, em alguns casos, de pais contra professores e autoridades educacionais”.2 É um problema que existe praticamente em todas as escolas, tanto públicas quanto particulares, em todas as classes sociais e em todos os países. Não deve ser associado à pobreza. Inclusive, segundo um estudo recente, “as condutas mais sofisticadas de assédio e maus-tratos, bem como de exclusão, têm maior incidência em escolas particulares”.3 A violência, muitas vezes verbal e sem danos físicos, mas não por isso menos grave, antes aceita como algo normal ou inevitável entre crianças e adolescentes, DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS 2 ganha agora outra leitura graças aos avanços em temas de direitos humanos e especialmente direitos da criança e do adolescente. Além disso, casos conhecidos, cuja gravidade foi exposta pela mídia, contribuíram para pôr o foco sobre esse fenômeno em alguns contextos, para que se começasse a considerá-lo inadmissível e evitável se feito um trabalho de prevenção. Há uma grande necessidade de informar e ser informado sobre o tema. Estudantes, docentes, mães e pais que se veem diante do problema precisam de ferramentas para saber detectar ou deter essas situações e agir de acordo com a seriedade dos casos. Por isso, esta apostila chega às escolas para ajudá-las a deter o bullying, a partir de um enfoque centrado na Convenção sobre os Direitos da Criança*. É necessário proteger meninos e meninas vítimas de bullying e ajudar aqueles e aquelas que o praticam, para que deixem de fazê-lo. Todas as crianças têm direito de viver sem serem vítimas de violência e de frequentar a escola para aprender em um ambiente no qual sejam respeitadas e valorizadas. Os recursos desta apostila foram idealizados para informar, dar ferramentas e propor atividades para abordar o bullying. Foram elaborados especialmente para cada integrante da comunidade educativa segundo o nível de ensino – fundamental I, II ou médio. Acima de tudo, este material procura abrir um espaço de reflexão e debate sobre a convivência escolar dentro de cada instituição. Temos enorme respeito e admiração pela dedicação e árduo trabalho dos educadores, educadoras, gestores e gestoras escolares que enfrentam esse problema diariamente, enquanto preparam as novas gerações para construir um mundo melhor. Tradução livre do original em espanhol de “Violencia escolar en América Latina y el Caribe: Superficie y fondo”. Publicado por PLAN International e UNICEF, novembro de 2011, pág.7. Idem, pág. 7. 3 Idem, pág. 49. * A Convenção sobre os Direitos da Criança reconhece todas as crianças como indivíduos com direitos, ao mesmo tempo em que converte os adultos em indivíduos com responsabilidades. Foi adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 20 de novembro de 1989 e todos os governos da América Latina aderiram a ela. 1 2 INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS 3 POR QUE PROMOVER UMA BOA CONVIVÊNCIA NA ESCOLA? As escolas se esforçam para criar ambientes que propiciem as melhores condições para os estudantes aprenderem. Contudo, o ambiente escolar também é cenário de uma importante diversidade de conflitos e de situações de violência entre os próprios estudantes que podem causar problemas graves de convivência. A experiência mostra que trabalhar a favor do diálogo, da inclusão, da resolução de conflitos, da deslegitimização da agressão em qualquer uma de suas formas, da elaboração de regras de convivência com a participação dos alunos e alunas e a aproximação com as famílias diminui significativamente a violência na escola e os conflitos entre pares. Assim, considera-se que os enfoques preventivos na escola, isto é, enxergar os conflitos como parte do trabalho de forma integral e a convivência como conteúdo transversal, são uma via privilegiada para transformar essas situações de forma positiva, assegurando a convivência escolar harmônica e um ambiente saudável para aprender e ensinar. Uma escola que leva em consideração e compreende sua comunidade assume o trabalho cotidiano de lidar com os problemas, o que implica vê-los, escutá-los, reconhecê-los e, sobretudo, dar-lhes espaço, abrir-lhes as portas. Negar os conflitos e problemas, ocultá-los ou ignorá-los não detém a violência; ao contrário, leva a sua potencialização, naturalização e legitimação. Lidar com a violência e com os problemas que surgem dela implica assumir um desafio. Há de ser capaz de propor ferramentas que permitam considerar as situações sob várias perspectivas, como a época/tempo, as condições sociais e emocionais dos meninos e meninas, os vínculos familiares e os envolvimentos na instituição escolar, seja entre pares ou adultos. DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS 4 O QUE É O BULLYING ? É agredir ou humilhar outra pessoa repetidamente. Insultar, espalhar boatos, ferir física ou emocionalmente e ignorar alguém também são formas de bullying entre pares. O bullying pode ocorrer pelo celular, pessoalmente, por escrito, na escola, no bairro, em algum meio de transporte ou em outros espaços onde os estudantes se encontrem com frequência, como as redes sociais. Seja onde for, o bullying não deve ser permitido, é inaceitável. O bullying é um problema que afeta milhões de crianças e adolescentes sem importar de onde são, nem de onde vêm. É um problema grave, principalmente nas escolas, e precisa ser resolvido o quanto antes. Os que praticam bullying perseguem os meninos ou meninas mais vulneráveis. Escolhem aqueles que são diferentes, porque não usam roupas da moda ou porque fazem parte de uma minoria social ou racial. Os agressores atacam colegas que estão em desenvolvimento e parecem desajeitados, quem está acima do peso e até os mais estudiosos ou muito tímidos. Não precisam muito para se inspirar se têm a intenção de ferir, humilhar ou deixar de lado alguém do seu círculo de amigos ou amigas. Isso não somente humilha aqueles que são atacados, mas também afeta os que testemunham, especialmente se eles e elas não sabem o que fazer a respeito. Na maioria dos casos, o(a) assediado(a) permanece em silêncio diante do abuso a que está sendo submetido(a). Essa situação intimidadora produz angústia, dor e medo. O bullying se sustenta ao longo do tempo, ocorre com frequência e sempre existe a intenção de magoar ou humilhar quem o sofre. É uma violência gratuita que traz grandes prejuízos e afeta toda a comunidade escolar. INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS 5 A LINGUAGEM QUE USAMOS Nesta apostila, aplicamos a palavra “vítima” para descrever um(a) estudante que está sendo intimidado(a). Porém, não a usamos como uma condição em si, mas como um comportamento temporal. Essa palavra é de uso comum nas conversas cotidianas, nos meios de comunicação e, inclusive, para a lei. No entanto, ela não nos convence, já que frequentemente dá a ideia de passividade ou debilidade. Não é assim que vemos os meninos e meninas que são intimidados. Pelo contrário, são jovens ativos que defendem seus direitos e os dos demais, e que têm toda possibilidade de mudança. Da mesma maneira, usamos o termo “agressor(a)” para nos referir a um comportamento e não a uma condição permanente. Sabemos que, às vezes, nossa linguagem e nossa forma de dizer as coisas discriminam, tornando as meninas, adolescentes e mulheres “invisíveis”. Portanto, em muitos casos, usamos “meninos e meninas” em vez de apenas “crianças”, e “mães e pais” no lugar de “pais”. No entanto, preferimos não recorrer a formulações como “assediado(a)” ou “professor(a)” de forma frequente, porque, apesar de serem mais inclusivas, tornam a leitura mais difícil, especialmente para as crianças. TODA AGRESSÃO É BULLYING ? É importante distinguir as situações de abuso que podemos enquadrar no bullying de outras manifestações agressivas esporádicas, que não são propriamente bullying, como as habituais “zoações”, as brincadeiras brutas, grosserias ou brigas que, muitas vezes, ocorrem entre colegas no âmbito escolar. Deve-se observar que é frequente nas relações entre pares o surgimento de divergências que geram conflitos DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS 6 e maus-tratos entre eles e elas, sem que devam ser considerados situações de abuso/intimidação propriamente ditas. As brigas, os problemas entre colegas ou entre amigos, o uso de palavrões ou vocabulário inapropriado são frequentes em todas as populações de meninos e meninas. Outra distinção importante é a que ocorre em situações de conflito intragrupal, em que um ou mais estudantes se desafiam ou se enfrentam em lutas/brigas, a fim de resolver seus conflitos ou para estabelecer o poder de uma pessoa sobre as demais ou de um grupo sobre outro. O que distingue essas situações do bullying é a igualdade de condições, físicas ou psicológicas, entre os grupos em disputa. No assédio escolar, ou bullying, há uma desigualdade entre o(s) assediador(es) e o assediado, que não encontra uma maneira de se defender e se submete ao poder da outra parte. A intervenção docente e o trabalho contínuo na instituição, baseados em uma cultura de não violência, não discriminação e no reconhecimento dos direitos de todos e todas, permitirá uma melhor resolução de cada um dos problemas de convivência habituais entre estudantes. Para facilitar a distinção das situações de assédio daquelas que não são, oferecemos uma lista de algumas das características que devem estar presentes para que uma situação seja definida como bullying: Intencionalidade na agressão, seja física, verbal ou virtual. Desequilíbrio de poder entre o assediado ou a assediada e o assediador ou a assediadora (em que o último é mais forte que o primeiro, seja essa diferença real ou subjetiva, percebida por um(a) deles(as) ou por ambos). A desigualdade de poder pode ser de ordem física, psicológica ou social, gerando um desequilíbrio de força nas relações interpessoais. Repetição da agressão ao longo de um tempo e de forma constante contra a mesma vítima e sem motivo algum. INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS 7 DESDE QUE IDADE SE PRODUZ O BULLYING E COMO SE MANIFESTA NAS DIFERENTES ETAPAS? “Não há resposta precisa que estabeleça o momento em que uma criança ou adolescente usa plenamente sua capacidade de medir as consequências de seus próprios atos”4. “Meninos e meninas de pouca idade geralmente expressam o que pensam sem qualquer filtro. Assim, a extrema sinceridade infantil pode ser cruel, por falta de consciência dos próprios atos e do respeito pelos demais. Na infância, a agressão entre pares não é novidade e, inclusive, é uma etapa normal do processo de socialização. Contudo, o caminho que leva à consciência sobre o respeito pelo outro implica a intervenção adulta para impor limites adequados e precisos” 5. A responsabilidade dos adultos está “em guiar, orientar e desenvolver capacidades dentro do processo de evolução progressiva deles [de meninos e meninas], que transitam da inconsciência à consciência moral; particularmente, a maior responsabilidade reside no binômio família-escola” 6. “A discriminação não é uma invenção de meninos nem de meninas. Eles e elas são influenciados pelo mundo dos adultos” 7. Dialogar e explicar as consequências causadas por agressões físicas ou verbais aos outros são as formas iniciais de evitar a conduta violenta. “Entender o aprendizado sobre a convivência como um processo progressivo implica reconhecer que a tolerância e o respeito se acrescentam com a idade” 8, que também melhora a capacidade de compreender e acatar as regras de convivência. “A fase da adolescência põe em jogo aprendizagens (adequadas e inadequadas, DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS 8 diretas e indiretas) recebidas até esse momento” 9. Nesse período, as palavras que costumam ser usadas para insultar estão vinculadas a características físicas, a questões referentes à sexualidade, à nacionalidade ou à origem social de uma pessoa. Todas essas agressões estão relacionadas à discriminação. “O maltrato entre meninos e meninas que mais preocupa atualmente não é o das discussões ou brigas ocasionais, que podem ser identificadas e sancionadas com relativa facilidade. A preocupação mais grave se refere ao abuso emocional repetido e sistemático de uma pessoa ou grupo de pessoas contra outra e que, consciente ou inconscientemente, visa sua destruição psicológica” 10. 4 Tradução livre do original em espanhol de “Violencia escolar en América Latina y el Caribe: Superficie y fondo”. Pág. 41., 5 Idem, pág. 42., 6 Idem, pág. 41., 7 Idem, pág. 84., 8 Idem, pág. 42., 9 Idem, pág. 41., 10 Idem, pág. 43. O QUE ACONTECE COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES QUE PRATICAM BULLYING ? O bullying escolar causa uma série de consequências negativas não só para quem sofre a intimidação, mas também para quem intimida e para aqueles que testemunham a situação. Há três partes envolvidas: o assediado ou assediada é o(a) mais prejudicado(a) no processo. As testemunhas e o(a) agressor(a) são fundamentais para a compreensão do problema. As crianças e adolescentes de ambos os sexos podem ter comportamentos agressivos por várias razões. Às vezes, perseguem ou intimidam alguém porque precisam de uma vítima para se sentirem mais importantes, populares ou no controle do grupo. Podem escolher alguém que INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS 9 pareça mais fraco emocional ou fisicamente, que tenha um aspecto diferente ou aja de maneira diferente. Embora em certos casos os que se comportam de maneira agressiva são maiores ou mais fortes que suas vítimas, nem sempre é assim. Às vezes, os responsáveis por atormentar os outros o fazem porque eles mesmos foram tratados dessa maneira ou vivem em um ambiente onde se discrimina. Possivelmente pensem que seu comportamento é normal porque provêm de famílias ou de outros ambientes nos quais geralmente as pessoas mostram raiva, gritam, se insultam ou se desvalorizam. Em suma, ambientes onde as emoções não se expressam de maneira construtiva ou se reprimem. Em todo caso, não se pode esquecer que, seja qual for a razão, não se justifica o assédio de um estudante contra outro. Trata-se de compreender para saber como atuar. Crianças e adolescentes que perseguem ou intimidam seus pares de forma periódica podem tender a: Ser impulsivos, exaltados, dominantes. Falta de carinho e participação dos pais. Condutas parentais extremamente permissivas, como falta de limites para o comportamento das crianças. Falta de supervisão ou desentendimento entre os pais. Disciplina rígida ou abuso físico. Modelos de comportamento que incluam maus-tratos e intimidação. Comentários ou atitudes discriminatórias e intolerantes com relação ao próximo. O QUE ACONTECE COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES VÍTIMAS DE BULLYING ? Frustrar-se facilmente. Carecer de empatia. Ter dificuldades para seguir regras. Ver a violência de forma positiva. Ser discriminadores. Ser intolerantes às opiniões diferentes das suas. O cultar fraquezas e conflitos atrás de uma fachada agressiva e poderosa. Embora pais e mães, qualquer que seja seu nível cultural ou condição econômica e social, amem seus filhos e filhas e os apoiem, crianças que manifestam condutas agressivas têm maiores probabilidades, ainda que não necessariamente, de viver em lares onde haja: DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS 10 Muitas vezes, as crianças e adolescentes vítimas de bullying podem não dispor de recursos ou habilidades pessoais para reagir e se defender de maneira adequada. Podem ser sensíveis, frágeis, pouco sociáveis e não reagir por vergonha, medo do agressor, conformismo ou baixa autoestima. Dessa maneira, são muito prejudicados pelas ameaças e agressões. Outras vezes, as vítimas não apresentam tais características de personalidade, mas se tornam alvo de chacotas por serem diferentes: por pertencerem a determinada raça ou grupo socioeconômico, terem alguma deficiência, características físicas não valorizadas ou rejeitadas socialmente, como a obesidade, uso de óculos ou aparelhos ortodônticos. O bullying também pode ser causado pelas diferenças de gênero ou ainda por habilidades acadêmicas superiores à média da sala de aula. INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS 11 Os atos de perseguir ou intimidar são extremamente traumáticos para as vítimas, especialmente porque a agressão provém do grupo de pares. A desigualdade de poder entre o(a) agredido(a) e o(s) agressor(es) é tão acentuada que quem sofre o assédio não pode e nem sabe como se defender. Dessa forma, o abuso se torna um sofrimento habitual e a criança ou adolescente não encontra saída para a situação, sentindo-se sozinho e desamparado. É comum que os assediados apresentem sinais de: Baixa autoestima ou autoimagem negativa. Sensações de medo ou fobia. Pesadelos e insônia. Depressão e ansiedade. Desconfiança das relações sociais. Desconfiança dos adultos por sua intervenção inadequada. Isolamento social. Desinteresse permanente. Baixo rendimento ou absenteísmo escolar. O BULLYING ENTRE MENINOS E ENTRE MENINAS É DIFERENTE? O bullying pode ser produzido tanto por meninos quanto por meninas, porém suas manifestações geralmente são diferentes. As pesquisas indicam que as meninas são mais propensas à agressão verbal, enquanto os meninos são mais inclinados à agressão física. As adolescentes, em maior proporção, costumam ser maltratadas pela divulgação de boatos, que as tornam alvos de DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS 12 comentários ou assédio sexual. Todas são formas de violência que podem se converter em bullying. Todos os profissionais da escola devem promover a igualdade de gênero. É muito importante formar os docentes e os outros membros da instituição para enfrentar a discriminação e a violência baseada no gênero. O QUE É O CYBERBULLYING? O cyberbullying acontece quando a agressão e a intimidação a um(a) colega ocorrem por meio do uso da tecnologia e da Web (computadores, celulares e outros dispositivos eletrônicos). Como se produz? Pode ser com mensagens de texto cruéis, divulgação de falsos boatos ou mentiras por e-mail ou nas redes sociais, publicação de vídeos constrangedores para o assediado e criação de perfis falsos nas redes sociais ou sites destinados a zombar de alguém. O cyberbullying se expande viralmente pela Web e pode humilhar de uma maneira muito difícil de ser detida. Por isso, é muito invasivo e danoso. As mensagens e as imagens podem ser enviadas pelo agressor(a) a qualquer momento do dia e de qualquer lugar (inclusive de forma anônima), e podem ser compartilhadas com muita gente. Dessa maneira, a vítima está exposta a receber agressões o tempo todo, mesmo estando em sua própria casa. Além disso, as agressões permanecem na Internet durante muito tempo, podendo afetar a criança ou o adolescente em longo prazo. Embora o cyberbullying seja mais frequente entre os adolescentes, porque fazem uso das novas tecnologias de forma mais autônoma e assídua, é importante trabalhar o tema desde tenra idade, já que são registrados cada INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS 13 vez mais problemas desse tipo entre crianças do ensino fundamental I. Na escola e em casa, é importante que os adultos eduquem as crianças para usar os celulares, Internet e redes sociais de forma segura e apropriada. COMO EVITAR O BULLYING NA ESCOLA? As habilidades para conseguir uma boa convivência não podem ser inculcadas aos meninos e às meninas por imposição, devem ser transmitidas como um modo de vida, uma forma de se comportar, de “estar com o outro”. Trabalhar com esse enfoque desde as primeiras séries ajuda as crianças a aprenderem desde pequenas a reagir à intolerância e à provocação, a controlarem a raiva, a serem geradoras de propostas e buscarem soluções pacíficas. Em resumo, a serem capazes de reconhecer as consequências negativas e destrutivas da violência e do abuso, tanto para elas quanto para os demais. “Fica claro que as atitudes discriminatórias de crianças e adolescentes provêm de imitações e aprendizagens do mundo adulto no qual se desenvolvem, que pode estar provido de abusos de poder e situações de desigualdade” 11. Por isso, é necessário rever os valores e modelos apresentados pelos adultos da escola e orientar como devem encarar sua tarefa de educar. Sem dúvida, os adultos devem representar modelos de respeito pelo outro, bom trato e estimular o diálogo e o consenso em vez de demonstrar atitudes arbitrárias, punitivas, violentas ou que provoquem violência. Os últimos vinte anos estabeleceram novos paradigmas em relação aos direitos humanos, em particular para meninos e meninas a partir da Convenção sobre os Tradução livre do original em espanhol de “Violencia escolar en América Latina y el Caribe: Superficie y fondo”. Pág. 48. 11 DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS 14 Direitos da Criança, que os reconhece como indivíduos de direitos, ou seja, como pessoas com direitos, com capacidade para exercê-los e de exigir seu cumprimento. A partir dessa perspectiva, algumas normas e regulamentos existentes nas instituições educativas se tornaram obsoletas. Os problemas e conflitos que vivemos atualmente já não podem ser resolvidos sob regimes disciplinares severos baseados em castigos. É necessário construir diretrizes de convivência que permitam garantir o cumprimento dos direitos reconhecidos constitucionalmente para todos e todas, como o da proteção contra qualquer tipo de violência. As regras de convivência participativa devem ser a expressão dessa vontade. Para isso, devem partir da reflexão profunda sobre as causas dos conflitos dentro das instituições educativas, assim como da revisão dos princípios e noções de autoridade e do manejo do poder da escola. Se esse é o caminho, existem algumas diretrizes que um programa integral de prevenção ao bullying na escola não deveria ignorar. A seguir, enumeramos algumas das características mais importantes que devem ser incorporadas para atender todos os aspectos do problema e apoiar uma abordagem focada em melhorar a convivência, favorecer a aprendizagem e garantir a proteção que crianças e adolescentes precisam: Criar um programa abrangente, integral e duradouro para toda a escola, cujos pilares sejam a inclusão, a não discriminação e o reconhecimento dos direitos de cada criança e adolescente. Abrir espaços de diálogo permanente nas escolas, intra e intergeracionais, para criar condições adequadas à participação de todos os membros da comunidade escolar na elaboração de acordos, no reconhecimento e respeito às diferenças, e na resolução de conflitos. INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS 15 Fazer um diagnóstico da convivência na escola, com os membros da comunidade escolar, com base nos seguintes parâmetros: disciplina, normas existentes, autoridade, sansões, problemas mais comuns, etc. Realizar pesquisas anônimas com os estudantes para avaliar a natureza e a extensão de comportamentos intimidatórios entre pares. Promover um ambiente que desestimule atos de perseguição ou intimidação e reprovar tais comportamentos do ponto de vista de uma escala de valores desejável. Capacitar a equipe para reconhecer e responder adequadamente quando detectar conflitos entre pares, atitudes discriminatórias, intolerância e comportamentos de bullying propriamente dito. “Criar um ambiente amigável e seguro, escolhendo professores e professoras qualificados, incluindo docentes mulheres, assegurando sua remuneração justa e dignificando suas condições de trabalho, investindo em capacitação sobre os direitos da criança e desenvolvendo regulamentações nas escolas, mecanismos e códigos de conduta...”.12 “Prestar atenção especial às questões de gênero e assegurar que todas as lições e materiais didáticos promovam a igualdade de gênero”.13 “Treinar docentes e demais profissionais da equipe para enfrentar a discriminação e a violência baseada em gênero”.14 Realizar um trabalho individual tanto com alunos e alunas que são perseguidos ou intimidados quanto com os que perseguem e intimidam seus pares. Envolver pais e mães, do(a) agressor(a) e do(a) agredido(a), quando persistirem os atos de bullying ou o incidente for particularmente grave. DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS 16 Dependendo da seriedade, recomenda-se procurar orientação profissional extraescolar. Intervir diretamente na sala de aula em que se produz o bullying, tornando todos os colegas parte da situação que o grupo sofre. Se necessário, buscar apoio especializado de psicólogos. Criar um comitê ou comissão de convivência com representantes dos estudantes, docentes, pais, mães e autoridades da escola. Esse comitê, que pode se reunir quinzenalmente, avaliará as campanhas de prevenção, proporá ações, realizará novos acordos a respeito da convivência na escola e criará regras de convivência acordadas entre todos. Revisar o que diz o regimento da escola sobre atos de perseguição ou intimidação junto com o comitê de convivência. Inserir as regras de convivência nos projetos pedagógicos como um componente fundamental em todas as áreas. Designar um mês do ano (outubro, por exemplo) o mês de prevenção ao bullying. Durante todo o mês, a escola inteira pode trabalhar o tema em uma campanha para promover atividades com a comunidade. Poderão fazer murais, mobilizar para a assinatura do compromisso de prevenção ao bullying, colocar cartazes, projetar filmes para discussão, organizar mesas redondas com especialistas, etc. A meta pode ser se tornar uma “Escola 100% Comprometida” com CHEGA DE BULLYING*. As crianças e adolescentes sentem-se comprometidos quando diretamente envolvidos em um tema. “Assegurar que meninos e meninas de grupos vulneráveis estejam matriculados e permaneçam na escola, dando atenção especial para que sejam atendidas suas necessidades de aprendizagem (...).” 15 Garantir também que sejam atendidas as necessidades emocionais dessas crianças. INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS 17 “Cultivar valores de inclusão e de tolerância dirigidos aos meninos e meninas de todos os estratos sociais e capacidades”. 16 Valorizar a diversidade, reconhecendo publicamente os vários talentos e qualidades positivas que cada estudante traz para a comunidade escolar. Não promover somente um modelo de “sucesso” e de “bom aluno”. 12 Tradução livre do original em inglês de “Tackling Violence in Schools: A Global Perspective. Bridging the Gap between Standards and Practice”. Office of the Special Representative of the Secretary General on Violence against Children. Pág 40., 13 Idem, pág. 40., 14 Idem, pág. 41., 15 Idem, pág. 41., 16 Idem, pág 41., * O Cartoon Network e seus parceiros nesta campanha reconhecerão como “Escolas 100% Comprometidas” aquelas que conseguirem assinaturas de toda a comunidade escolar para o compromisso de prevenção ao bullying. QUE TRABALHO PREVENTIVO PODEMOS FAZER EM SALA DE AULA COM OS ESTUDANTES? Ressaltamos novamente que os docentes devem trabalhar com alunos e alunas na construção de valores de convivência e ambientes escolares cooperativos, em que os conflitos possam ser tratados e resolvidos de forma positiva. Afinal, não se trata somente de pôr a violência no centro do debate, mas também de aprender novas formas de convivência para o exercício de uma cidadania responsável, em um ambiente escolar democrático, inclusivo e equitativo. Se o bullying é detectado nas primeiras fases, docentes, pais e mães podem intervir a tempo de pôr fim rapidamente aos episódios de violência. Por outro lado, se descobrem um assédio de longa duração, desarticular o problema levará mais tempo. 18 DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS A seguir, algumas propostas a considerar: Realizar assembleias. As trocas ou assembleias em sala de aula, programadas de forma regular, em que se reflete sobre o que aconteceu na semana, os conflitos grupais e as relações, podem ajudar a reduzir atos de perseguição ou intimidação. Esses encontros participativos favorecem um clima positivo para a aprendizagem e as relações sociais. Também facilitam a identificação e intervenção do docente em situações de conflito. A intervenção em sala de aula é efetiva, porque alcança todos os meninos e meninas, vários dos quais muitas vezes são testemunhas de atos de agressão ou intimidação. Tratar o grupo como um todo cria a sensação de comunidade, na qual todos se fazem responsáveis por suas condutas, gerando laços solidários e atitudes de empatia. Escutar as crianças e adolescentes. Reconhecer seu potencial de contribuição para fazer das escolas ambientes livres de violência. Propor dinâmicas de trabalho grupais. O trabalho em grupos colaborativos põe em jogo uma dinâmica diferente, na qual podem ser reveladas habilidades, talentos e potencialidades dos integrantes. A meta é atingida somente se a totalidade do grupo participa, de maneira que é importante ceder protagonismo, escutar as opiniões e contribuições do outro e solucionar tensões de forma criativa. Por meio da cooperação, alunos e alunas exercitam interdependência positiva e alcançam um crescimento pessoal e social. A intervenção docente na organização de subgrupos e o trabalho com cada um é fundamental, para favorecer a cooperação e mediar os conflitos próprios do trabalho com outros e outras. Organizar atividades para debater temas como a discriminação, inclusão, tolerância, valores que favorecem a convivência, respeito pelo próximo, agressão, estereótipos de gênero, etc. INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS 19 Estabelecer novas regras para a formação de grupos de trabalho, de maneira a favorecer a inclusão e evitar que sempre os mesmos meninos e as mesmas meninas fiquem marginalizados. Pode-se variar os grupos semanalmente ou de acordo com os diferentes projetos e utilizar múltiplos critérios de agrupamento, por meio de jogos que permitam montar equipes de modo aleatório. Trabalhar com obras literárias e filmes. As histórias são um convite permanente à fantasia, ao jogo, à brincadeira, à imaginação. No entanto, sua função cultural e seu valor pedagógico não se esgotam aí. As histórias nos falam do amor ou do desamor, da amizade e da solidão, da solidariedade e do egoísmo, do respeito pelo outro e da discriminação. Assim, os filmes e as obras literárias constituem insumos privilegiados para falar e refletir sobre diferentes temas sociais. Incluir o jogo tanto nas atividades de aprendizagem quanto na abordagem da temática do bullying especificamente. Os jogos são uma ferramenta de grande utilidade para o trabalho interno (autoconhecimento, atenção, cuidado, comunicação direta, superação de resistência) e para facilitar o contato com o outro. Os jogos também visam desenvolver competências, como o trabalho em equipe e as relações sociais. COMO AGIR DIANTE DO BULLYING? Cada escola deve decidir como agir quando se detecta uma situação de bullying. Com certeza, deverá intervir e o primeiro passo é proteger a vítima. Os docentes devem saber que há uma grande diferença entre deter o bullying quando está nas primeiras fases e enfrentá-lo quando já está instalado há um tempo. DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS 20 Se detectado um ato de perseguição ou intimidação, é importante que a equipe da instituição esteja preparada para: Deter imediatamente a agressão. Deverão se colocar entre quem persegue ou intimida e quem está sendo intimidado(a). De preferência, procurar bloquear o contato visual entre eles ou elas. Não afastar nenhum menino ou menina – especialmente as testemunhas. Não perguntar de imediato o que aconteceu nem discutir o motivo da agressão ou averiguar os fatos. Escutar o relato de outros alunos e alunas, do(a) próprio(a) agredido(a) e de pais e mães, sem minimizar a situação, e tentando obter a maior quantidade de informação possível. Proteger a criança ou adolescente vítima de bullying e assegurar sua família de que a instituição tomará medidas em relação ao ocorrido. Fazer um relatório do fato e informar toda a equipe escolar. Conversar sobre as consequências negativas de perseguir ou intimidar e sobre as regras de convivência da escola. Usar um tom natural para se referir aos comportamentos que viram ou ouviram. Deixar claro aos alunos e alunas que perseguir ou intimidar é inaceitável e vai contra as regras da escola. Apoiar a criança ou adolescente perseguido(a) ou intimidado(a) para que se sinta seguro(a) e a salvo de represálias. Esses estudantes precisam de mensagens de apoio claras dos adultos. Apesar de querer que crianças e adolescentes sejam fortes e determinados e lidem com quem os intimida, os adultos devem entender que muitas vítimas de bullying não estão prontas para isso. Os adultos desempenham papel fundamental para ajudar estudantes que são maltratados e para criar um ambiente saudável e seguro INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS 21 na escola e na comunidade. Crianças e adolescentes que se sentem respaldados e acompanhados não ficarão calados e pedirão ajuda se houver outro episódio de bullying. Incluir as testemunhas na conversa e dar orientações sobre como poderiam intervir corretamente ou obter ajuda da próxima vez. É importante não pedir às testemunhas que expliquem publicamente o que observaram. Discutir o problema em sala de aula com todos os estudantes para encontrar uma solução que os envolva e os comprometa, sem expor os principais envolvidos. Acompanhar não só o(a) assediado(a), mas também aquele(a) ou aqueles(as) que agridem. Todos os envolvidos devem sentir que o docente está cuidando da situação para garantir que o bullying não volte a acontecer. A direção deve considerar também as seguintes ações: Quando apropriado, a escola deverá impor consequências para os que perseguem ou intimidam, segundo as regras de convivência escolar. Não se exigirá do(s) agressor(es) ou da(s) agressora(s) que se desculpem ou façam as pazes com as vítimas no calor do momento. Todos deverão ter tempo para “acalmar os ânimos”. Todas as consequências deverão ser lógicas, justas e relacionadas à ofensa. DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS 22 Dependendo da gravidade do problema, a escola deverá informar os pais e mães das crianças envolvidas. Organizar reuniões com a equipe docente para estabelecer estratégias de trabalho e atuar de maneira coerente diante dos fatos. Os acordos e estratégias devem ser anexados ao relatório do caso. Algumas dessas estratégias poderão ser informadas às famílias da vítima e do agressor. Quando pertinente, a escola também pode informar a todos os pais do grupo, tomando o cuidado de não expor os envolvidos. Se necessário, a instituição poderá sugerir avaliação ou tratamento psicológico. As sanções devem estar baseadas na compreensão, compaixão e aprendizagem e não em medidas punitivas, como suspensão ou expulsão, que poderão ser utilizadas estritamente em casos extremos. As sanções punitivas tendem a não resolver realmente o problema, já que não geram aprendizagem nas crianças e adolescentes que praticam bullying nem no resto do grupo. Além disso, medidas punitivas incentivam os estudantes a ficar em silêncio diante de um futuro problema. Se o bullying for detectado nas primeiras fases, docentes, pais e mães podem intervir a tempo e com mais possibilidades de acabar rapidamente com os episódios. Quando o assédio ocorre há mais tempo, solucioná-lo pode demorar mais. INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS 23 Intervir apenas quando há um conflito ou um processo de bullying é um grave erro. A prevenção deve fazer parte do programa escolar. As estratégias de prevenção devem ser destinadas a promover habilidades emocionais e comunicativas para que alunos e alunas aprendam a evitar conflitos e a afrontá-los de maneira não violenta. AS REUNIÕES DE PAIS E MÃES POR CAUSA DO BULLYING SÃO NECESSÁRIAS? Não raramente, a escola acusa algumas famílias de não darem noções adequadas de socialização às crianças, baseadas em princípios e valores que assegurem sua capacidade de conviver respeitando os demais. Por sua parte, as famílias se queixam que os docentes e demais autoridades escolares não têm competência para atender de maneira adequada às necessidades e os problemas dos estudantes. Essas premissas não somente não resolvem o problema como também impossibilitam a busca de soluções. Escolas e famílias devem formar uma aliança em prol das crianças e adolescentes para acompanhá-los e apoiá-los no seu desenvolvimento. Por isso, as reuniões de pais e mães devem procurar envolver as famílias no problema, comprometê-las na prevenção e chegar a acordos entre escola e família. O planejamento de cada reunião dependerá do seu objetivo: informar sobre o tema, sensibilizar e refletir, DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS 24 comunicar normas ou estratégias que a instituição implementará, comprometer os pais na busca conjunta de soluções para um problema específico. Poderá haver a projeção de filmes para discussão, a análise de assuntos da atualidade, a participação de um especialista (psicólogo, pedagogo, etc.), jogos cooperativos para que os pais e mães se conheçam e se familiarizem com a instituição, ou atividades vinculadas a trabalhar o tema da comunicação (escola-família, as famílias entre si, crianças-adultos). CAPACITAÇÃO DE DOCENTES: PRIORIDADE! A reflexão, o debate e os acordos firmados em encontros entre os docentes da instituição são a pedra fundamental para resolver o problema do bullying na escola. Os(as) docentes convivem diariamente com seus alunos e alunas e conhecem a situação que vive cada grupo. Assim, eles se tornam os adultos de confiança e as referências mais próximas para as crianças, adolescentes e suas famílias. Uma equipe sólida, que toma decisões coerentes e aborda o problema de maneira solidária e responsável, garantirá um ambiente livre de violência para as crianças e adolescentes no qual ensinar e aprender será prazeroso, estimulante e seguro. É importante que os encontros com docentes sirvam para elaborar novas estratégias de abordagem do bullying e para expor dúvidas, medos e emoções que surgem quando se enfrenta esse problema. INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS 25 PERSONAGENS ATIVIDADE 1: DRAMATIZAR PARA COMPREENDER A técnica do role-playing, também chamada de dramatização ou simulação, consiste em que duas ou mais pessoas representem uma situação ou caso concreto da vida real. Para isso, os participantes atuam segundo o papel atribuído a eles para tornar a representação mais real e autêntica. Para desenvolver a técnica, os participantes podem ser convidados ou escolhidos pelo coordenador da reunião, sempre respeitando o desejo dos docentes de participar ou não. A cada docente será atribuído um papel que somente ele ou ela conhecerá, mas os demais colegas não. Enquanto o coordenador distribui os papéis, os docentes que participarão da cena poderão começar a compor seus personagens. As situações propostas a seguir são exemplos e podem ser modificadas conforme o que cada instituição considere relevante para o trabalho com seus docentes. Acreditamos que essas cenas possam contribuir enormemente para a reflexão, elaboração de estratégias comuns a todos e para o confronto dos temores inerentes à função de ser docente. SITUAÇÃO 1 Entrevista com o pai e a mãe de um aluno, que poderá ser do ensino fundamental I, II ou médio, dependendo do grupo de docentes que estiver participando do exercício. A entrevista foi solicitada pela família e o docente desconhece o motivo. DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS 26 Docente: desconhece o motivo da entrevista e a situação que a família quer discutir. O docente se surpreenderá, mas depois reavaliará algumas atitudes do aluno. Pai e mãe: vão à escola relatar que seu filho foi maltratado várias vezes por um colega. O pai está muito zangado com a instituição e está convencido de que nada foi feito para evitar a agressão. Exige que castiguem o aluno agressor. A mãe está angustiada, quer saber o que fazer para dar apoio ao filho. SITUAÇÃO 2 Entrevista com os pais de um aluno de 14 anos. A entrevista foi solicitada pela direção da escola. A direção quer informar aos pais que seu filho participa ativamente de uma situação de intimidação contra um colega de classe. PERSONAGENS Docente: durante a entrevista, tentará fazer os pais compreenderem que a intenção do encontro é ajudar o filho deles. Considerará que o menino agride porque está enfrentando um problema e que é necessário lidar com isso na escola e em casa. Também comunicará aos pais que a escola vai impor consequências, já que essa conduta não é admitida. Tentará chegar a acordos e compromissos com os pais para ajudar o estudante a mudar seu comportamento. Pai e mãe: superprotegem o filho, justificam e defendem todas as suas atitudes. Não admitem que ele seja capaz dos atos dos quais o acusam. Estão convencidos de que o docente “está implicando com ele”. INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS 27 SITUAÇÃO 3 Uma menina de 12 anos procura sua professora para contar que está sendo maltratada constantemente por um grupo de colegas. Falam mal dela, a deixam de lado, espalham falsos rumores na Internet. Já não sabe o que fazer, quer deixar de ir à escola e sente que não tem nenhuma amiga. PERSONAGENS Docente: está trabalhando na sala dos professores, muito ocupada – é o fim do semestre e deve corrigir avaliações, entregar as notas dos alunos e apresentar o planejamento para o resto do ano. Mas percebe que a aluna está realmente aborrecida e que o que vem dizer é importante. Aluna: é muito tímida, mas depois de suportar várias agressões dos colegas decide buscar ajuda da professora. Zombam dela por sua aparência física e seu modo diferente de ser e falar, porque ela vem de uma pequena cidade do interior. Também divulgam boatos maliciosos sobre ela na Internet. Tentou conversar com a professora outras vezes, mas não teve coragem. A professora está sozinha na sala dos professores e acredita que seja um bom momento para falar com ela. Os(as) intérpretes iniciarão e desenvolverão a cena com a maior naturalidade possível. Viverão seus personagens com espontaneidade, mas sem perder de vista a objetividade, indispensável para reproduzir a situação tal como foi definida. O coordenador fará a interrupção quando considerar que conseguiu informação e material ilustrativo suficientes para proceder à discussão do problema, que é o objetivo da representação. Por isso, não é necessário DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS 28 chegar a um “fim” como nas obras teatrais. Bastará que a encenação seja significativa para facilitar a compreensão da situação proposta. Logo depois da dramatização se partirá para a fase dos comentários e da discussão, mediada pelo coordenador. Primeiramente, todo o grupo exporá suas impressões, fará perguntas aos intérpretes, discutirá o desenvolvimento, proporá outras formas de reproduzir a cena, sugerirá diferentes reações, etc. Depois, se permitirá aos intérpretes dar suas impressões, explicar seu desempenho, descrever seu estado de espírito durante a ação e dizer o que sentiram ao interpretar seu papel. Assim, o problema básico será analisado a partir de uma “realidade” concreta, na qual todos e todas participam. Em certos casos, convém repetir a cena de acordo com as críticas, sugestões ou novos enfoques propostos. Finalmente, se tiram as conclusões sobre o problema em discussão e se tomam notas sobre os acordos alcançados. Algumas sugestões para orientar a discussão sobre as cenas: • Descrever a situação dramatizada. • Qual é o problema abordado? •Q ual é a posição de cada um dos participantes sobre o problema? •D escrever os sentimentos que surgiram durante a dramatização. •A valiar como agiu o docente ou a equipe gestora. Quais foram suas intervenções? •O que poderia contribuir para essas intervenções? Sugerem algo diferente? Acreditam que alguma dessas intervenções não contribuiu para a resolução do bullying ou poderia agravá-lo? Que ações a escola poderia implementar em relação ao problema exposto? INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS 29 ATIVIDADE 2: EVOCAR A PRÓPRIA EXPERIÊNCIA O coordenador pedirá aos docentes que evoquem sua infância, voltem à época em que eram alunos(as) do ensino fundamental e visualizem uma situação de bullying na qual estiveram envolvidos, seja como testemunhas, vítimas ou agressores, e que a escrevam em um papel. Ao terminar, os que desejam poderão compartilhar com o resto do grupo. Em seguida, os docentes se reunirão em pequenos grupos e compartilharão os sentimentos que recordam da situação. Para finalizar, elaborarão juntos uma lista dos sentimentos discutidos entre todos. Serão enfocados os sentimentos que se repetem para pensar e propor formas de abordar o bullying sabendo que essas são as emoções que as crianças vivenciam. ATIVIDADE 3: ENCONTRO COM ESPECIALISTAS É sempre enriquecedor para toda a equipe estar em contato com fontes especializadas vindas de fora da escola e que ofereçam um contexto mais amplo do que a própria instituição. Chegar a esses espaços de reflexão e formação favorecerá o comprometimento da equipe e, sem dúvida, a começar da direção, se estará dando um lugar de destaque aos temas que giram em torno do bullying. DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS 30 RESUMO • O bullying é um problema que afeta milhões de crianças e adolescentes em todo mundo e prejudica todos os envolvidos: os que são perseguidos e intimidados, os que intimidam e aqueles que presenciam as situações de assédio. • É possível prevenir e agir diante desse problema fazendo uma parceria entre a escola e a família para cuidar, proteger e criar ferramentas para educar e evitar o assédio entre pares. • Os problemas entre pares devem fazer parte do trabalho de convivência em sala de aula, uma vez que é um conteúdo transversal a toda disciplina formal. Assim, haverá várias oportunidades de transformar situações negativas em positivas, incentivar a convivência escolar harmônica e criar um ambiente favorável para aprender e ensinar. • Para abordar o tema na instituição é fundamental capacitar a equipe docente, porque o bullying envolve muitas temáticas: violência, discriminação, questões relacionadas ao gênero, direitos de crianças e adolescentes, etc. Docentes e instituições devem agir como modelos mostrando empatia, respeito e não violência. • Estabelecer uma comissão/comitê de convivência na escola, composto por diretores, administradores, docentes, alunos, pais e mães, ajuda a implementar ações acordadas previamente, a atuar com coerência dentro da instituição e a envolver a comunidade na resolução do problema. • Abrir o diálogo é a ferramenta fundamental dos adultos e adultas para acompanhar e guiar as crianças e adolescentes nas relações baseadas no respeito ao outro INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS 31 e na valorização das diferenças. Escutar nossos alunos e nossas alunas e acompanhá-los na busca de soluções está em nossas mãos e nos permitirá deter o bullying. • É fundamental que as consequências sejam justas e estejam direcionadas a compreender e ajudar quem sofre o bullying e quem o pratica. Os agressores devem ser questionados sobre suas atitudes e deve-se oferecer apoio para mudá-las. Medidas punitivas, como suspensão ou expulsão, tendem a ser contraproducentes, porque fazem com que as crianças fiquem em silêncio e impedem trabalhar as causas psicossociais que motivam o comportamento dos que perseguem e dos que são perseguidos. MATERIAL ADICIONAL SOBRE REGRAS DE CONVIVÊNCIA COMO SE CONSTROEM REGRAS DE CONVIVÊNCIA PARTICIPATIVA? Normalmente, quando pensamos no comportamento das pessoas dentro dos espaços educativos, nos referimos à disciplina. No entanto, quando se fala de disciplina, sempre nos referimos ao comportamento que, na visão dos adultos, crianças e adolescentes devem ter dentro das instituições. Ao falar de regras de convivência, sugerimos desenvolver uma proposta que facilite a convivência, coerente com a realidade atual e que também permita o desenvolvimento integral das pessoas, a autonomia, o exercício de direitos e da cidadania de todos que fazem parte de uma instituição: dirigentes, docentes, alunos e alunas, pessoal administrativo, pais e mães. DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS 32 As regras de convivência são construídas pelo conjunto da comunidade escolar de maneira participativa. Devem incluir, em igual grau de importância, todos os membros da comunidade escolar: alunos, docentes, diretores, pais, equipe administrativa, etc. As regras de convivência devem partir de acordos que sirvam de base para a boa convivência, o respeito por ideias divergentes e o desenvolvimento do princípio da responsabilidade compartilhada como inerentes à conquista dos objetivos propostos. Os princípios contidos nelas devem ser delimitados e respeitados por todos e devem incidir na cultura escolar e no exercício de direitos de todos, contribuindo assim para o fortalecimento dos valores democráticos: solidariedade, equidade, respeito, bons tratos, inclusão, etc. As regras buscam que o indivíduo seja autônomo e capaz de autorregular sua conduta, isto é, que possa reconhecer e respeitar os limites e acordos de convivência. Uma vez criadas, as regras de convivência substituem os regulamentos existentes na instituição. Seu espírito é funcionar como um contrato entre as partes e não como uma lista de proibições e punições. Devem ser flexíveis e renováveis para permanecerem atualizadas e propiciarem aprendizagem permanente; e acordadas para garantir a participação de todos os membros da comunidade escolar e assegurar o compromisso e respeito de cada um em sua aplicação. O QUE SE PRETENDE ALCANÇAR COM REGRAS DE CONVIVÊNCIA? Em especial que as instituições educativas: • Sejam espaços de garantia e exercício de direitos de todos os seus membros. • Centrem seus interesses nos alunos e alunas. • Tenham a capacidade de orientar alunos e alunas no INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS 33 exercício efetivo e cotidiano dos direitos e dos valores de convivência democrática; melhorar seus níveis de autoestima e empatia; promover o diálogo, a participação, resolução de conflitos e bons tratos como parte de uma nova cultura institucional. • Reconheçam crianças e adolescentes como coprotagonistas de um projeto institucional comum e atores fundamentais nos processos de aprendizagem. • Estejam mais conectadas com as necessidades e as mudanças atuais e que permitam às crianças e adolescentes desenvolver uma atitude crítica frente às situações que devem enfrentar. • Fortaleçam os vínculos com as famílias. • Abordem os casos de bullying como situações inerentes à convivência e para as quais se determinarão mecanismos de solução que as tornem oportunidades de aprendizagem. Assim, o bullying não será aceito como algo natural nas relações sociais. Valores a ser considerados para a criação das regras de convivência: • A defesa da paz e a erradicação da violência como formas de se relacionar. • O respeito e a aceitação da diversidade religiosa, cultural, política e sexual dos demais. • A solidariedade, a inclusão e o repúdio por qualquer forma de exclusão ou discriminação. • A responsabilidade cidadã e o respeito pelos direitos próprios e dos demais. • A responsabilidade individual como membro de um todo coletivo. DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS 34 COMPROMISSO CHEGA DE BULLYING PARA ADULTOS Para assinar este compromisso online, acesse chegadebullying.com.br A campanha CHEGA DE BULLYING propõe que você assine este compromisso de prevenção ao bullying. Leve-o à sua escola para que docentes e outros gestores também assinem e colaborem para o fim do bullying no ambiente escolar. Convencer toda a comunidade escolar a assumir o compromisso significa ser “Escola 100% Comprometida” e merecedora de um reconhecimento por parte do Cartoon Network e dos demais parceiros desta campanha. O bullying não é “brincadeira de criança”. Ele pode ter consequências prejudiciais para elas, suas famílias e a comunidade. Como adulto, sei que posso ajudar de várias formas. Aqui está o meu compromisso: • Não ficarei calado. Reconheço que, como adulto, sou responsável e devo assumir uma posição em relação ao problema, mesmo antes de ele atingir meus familiares e amigos. Vou mostrar a todos que ajo de maneira responsável diante de uma situação de bullying, evitando combater a violência com mais violência. • Serei um defensor. Vou defender as crianças que precisem de ajuda, tanto as minhas quanto outras que necessitem do meu apoio. Incentivarei a prevenção ao bullying por meio da capacitação de toda a equipe da escola, para que todos conheçam formas efetivas de proteger nossas crianças. • Serei um exemplo. Tendo um comportamento exemplar, ajudarei as crianças a lidar com os conflitos. Sei que posso INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS 35 fazer isso pacificamente, tanto dentro da minha família quanto na escola e na minha comunidade. NOTAS: • Serei um aliado. Vou me comprometer com as ações implementadas na minha escola. Trabalharei com pais e mães, educadores e outras pessoas que se esforçam para acabar com o bullying, especialmente se souber que meu filho está envolvido. O bullying faz com que as crianças queiram ser invisíveis. E nós podemos mostrar a elas, por meio de nossas ações, que as vemos, as escutamos e, o mais importante de tudo, que elas podem contar conosco para melhorar suas vidas. Assumir este compromisso é o primeiro passo para formar uma comunidade que pensa: chega de bullying. Não vou ficar calado. ASSINATURA: NOME: DATA: NOTAS: DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS 36 INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS 37 referÊncias referÊncias • Health Resources and Services Administration. “El alcance y el impacto de los actos de molestar e intimidar”. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov. • Ministério de Educação da Nação. La convivencia en la escuela. Recursos y orientaciones para el trabajo en el aula. Buenos Aires, Argentina, 2010. Acesse: http://www.me.gov.ar/construccion/ pdf_coord/recursos-convivencia.pdf. • Health Resources and Services Administration. “Niños que molestan o intimidan”. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov. • Health Resources and Services Administration. “Los actos de molestia e intimidación (bullying) en niños pequeños”. U.S. Department of Health & Human Services em www.StopBullying.gov. • Health Resources and Services Administration. “Qué sabemos sobre los actos de molestar o intimidar (bullying)”. 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Panamá, UNICEF, 2011. • Rodríguez, Nora. Stop Bullying. Las mejores estrategias para prevenir y frenar el acoso escolar. Editorial RBA, Barcelona, 2006. DIRETORES, DIRETORAS, GESTORES E GESTORAS 38 INSTITUIÇÕES EDUCATIVAS 39 chegadebullying.com.br Coordenação de conteúdo: Plan Internacional e Cartoon Network APOSTILA 7 apostila para a prevenção do cyberbullying dirigida aos adolescentes Inclui pautas para as mães, pais e educadores INTRODUÇÃO Talvez você não saiba, mas, nos últimos anos, o uso das tecnologias de informação e de comunicação (TIC), especialmente os smartphones e a Internet, vem gerando novas formas de vínculos entre as pessoas. As relações estabelecidas pela Internet fazem parte da sua vida cotidiana e também da de milhões de adolescentes ao redor do mundo. Sem dúvida, isso traz grandes vantagens e oportunidades, mas, ao mesmo tempo, é necessário estar preparado para evitar situações desagradáveis que, ainda que no ambiente virtual, podem ser tão prejudiciais quanto as que acontecem offline. É importante que você saiba que todos os adolescentes têm direito a se beneficiar da tecnologia em um ambiente virtual seguro, livre de assédio, zombarias, brigas e qualquer tipo de humilhação. Segundo a Convenção sobre os Direitos da Criança, os adolescentes têm direito, por exemplo, à liberdade de expressão e esse direito inclui a liberdade de procurar, receber e difundir informações e ideias de todo tipo, sem limitação, seja oralmente, por escrito ou impressas, de forma artística ou por qualquer outro meio (Artigo 13). Como você pode ver, todos temos direito de usar a Internet, o celular e todo tipo de tecnologia que nos permita nos informar e nos expressar livremente. Mas, ao mesmo tempo, também temos obrigações com os outros. A premissa principal é que nos relacionemos com respeito, evitando agressões ou qualquer tipo de discriminação. Isso contribuirá para que os ambientes virtuais nos quais você interage sejam mais seguros para você e para todos. Nesta apostila, você vai encontrar algumas propostas para promover a boa convivência com os demais na Internet e aprender como agir diante de uma situação de cyberbullying. Você também vai dispor de atividades e ferramentas que serão úteis para pensar e agir em relação ao tema, junto com os adultos, seus irmãos, irmãs, amigos e amigas. 2 APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying Agressões utilizando as TIC: já aconteceu com você? Possivelmente você conhece alguém que tenha sido alvo de agressões, discriminação ou zombarias por meio de mensagens de texto no celular, comentários nas redes sociais, vídeos maliciosos ou de outras formas que se valham do uso da tecnologia. Você consegue se pôr no lugar dessa pessoa? Como se sente? Como pode se defender? Provavelmente também possa se perguntar por que razões essas pessoas são agredidas e como fazer alguma coisa para evitar uma situação que venha a afetar alguém que você conhece. O cyberbullying é uma forma de assédio ou perseguição que acontece entre pares (ou seja, entre pessoas da mesma idade), usando a Internet, o celular ou qualquer outra tecnologia que sirva para se comunicar. Por isso, falamos cyber + bullying. Lamentavelmente, esse é um dos problemas mais graves (e mais frequentes!) que podem acontecer com você ou com algum(a) colega, amigo ou amiga. Falamos de cyberbullying quando quem assedia tem a intenção de agredir sempre uma mesma pessoa e o faz constantemente ao longo do tempo. O cyberbullying implica um desequilíbrio de poder entre quem assedia e quem é assediado: esse último se sente em desvantagem e não encontra possibilidades de se defender. Por isso, nestas páginas, convidamos você e também os adultos (especialmente seus pais e professores) a trabalhar na prevenção e agir imediatamente para frear o cyberbullying, se alguém que você conhece está em uma situação como a que mencionamos ou se você é parte de um grupo em que isso acontece. INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES 3 Para levar em consideração: “Não aos rótulos” Você deve levar em consideração que o assediado ou quem assedia com certeza não permanecerá nesse papel para sempre. O mais provável é que ambos possam mudar. De fato, a pessoa que é assediada pode ser importunada em um determinado grupo e não ter problemas em outro. O mesmo acontece com quem assedia. Essa pessoa pode agir de forma diferente em outro grupo, modificando suas atitudes com os demais. Apesar de o cyberbullying se caracterizar pela repetição através do tempo, “rotular” as pessoas ou identificálas como “agredido” e “agressor” estigmatiza os envolvidos. Como ocorre o cyberbullying ? Como já dissemos, o cyberbullying pode acontecer por meio de mensagens de texto cruéis, pela divulgação de falsos rumores ou mentiras, por e-mail ou pelas redes sociais, com a publicação de vídeos vergonhosos, a criação de perfis falsos nas redes sociais ou sites em que se zomba de alguém. A característica principal do cyberbullying é que a agressão dirigida a uma pessoa se propaga pela web a uma grande velocidade, difícil de deter, e, ao mesmo tempo, é visualizada por muitas pessoas. A reprodução rápida de comentários, mensagens ou imagens pode ser um pesadelo, se é utilizada para agredir ou humilhar alguém. Por esse motivo, o cyberbullying geralmente é muito invasivo e prejudicial: as mensagens ou outros conteúdos com caráter agressivo podem ser enviados a qualquer momento do dia, em qualquer lugar, e compartilhados com muitíssima gente, inclusive de forma anônima. Dessa maneira, a pessoa está sujeita a ser assediada a toda hora, mesmo estando em sua própria casa. 4 APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying Além disso, esses conteúdos permanecem no ciberespaço afetando os assediados por um bom tempo, já que o que é publicado na Internet dificilmente pode ser apagado ou eliminado de forma completa. Isso porque qualquer pessoa pode baixar uma imagem ou um vídeo no computador e publicá-los outra vez. Assim, diferente do que acontece em casos de bullying, as características da tecnologia fazem com que, mesmo quando a agressão é feita somente uma vez, a ofensa se prolongue e se reproduza através do tempo. algumas consequências do cyberbullying O cyberbullying é um problema muito grave e traz consequências negativas para todos os envolvidos, não somente para quem é agredido. Aquele que agride pode pensar que é poderoso ou superior, e achar que a violência é uma boa maneira de resolver problemas ou conseguir o que se quer. Por outro lado, os que são testemunhas de uma situação de cyberbullying podem se sentir sozinhos ou culpados, especialmente se não sabem o que fazer a respeito. Muitas vezes, podem sentir medo e passar a ser os agredidos, ou serem “deixados de lado” se não participarem. Em relação ao assediado, as consequências podem ser múltiplas. Por ser algo que se repete através do tempo, o cyberbullying pode produzir sentimentos duradouros de vergonha, depressão e baixa autoestima. Quem é agredido pode querer evitar o encontro com os demais, faltando à escola ou deixando de frequentar os espaços comuns. Pode diminuir seu rendimento escolar e se sentir mal fisicamente, desanimado e sem forças. Isso, ao mesmo tempo, aumenta o sentimento de solidão, de angústia e de impotência diante do que lhe acontece. Em alguns casos, o assédio pode afetar a saúde de quem é agredido e essa pessoa vai precisar de atenção médica ou psicológica. INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES 5 Quando uma agressão se torna cyberbullying ? Humilhar alguém criando um falso perfil e utilizando-o para gerar problemas com outros ou em um grupo, de forma repetida e constante. Apesar de todas as formas de agressão serem desagradáveis e humilhantes para quem as sofre, nem todas podem ser consideradas cyberbullying. Talvez você já tenha visto ou participado de brincadeiras ou zoações que são feitas uma vez e que podem ser comuns entre colegas ou amigos e amigas. Situações esporádicas como, por exemplo, não ser convidado para um evento uma vez ou não ter sido escolhido para fazer parte de um grupo ou equipe não representam bullying nem cyberbullying. Enviar mensagens ameaçadoras por e-mail ou SMS, ou perseguir alguém nas redes sociais em que essa pessoa habitualmente se relaciona por várias semanas ou meses. NÃO é cyberbullying: Quando alguém não é convidado para fazer parte de um grupo de amigos nas redes sociais, esporadicamente. Fazer uma série de fotomontagens que prejudiquem ou envergonhem alguém e divulgá-la no seu grupo de amigos, para que todos zombem. Filmar uma agressão a um(a) colega ou amigo(a) e compartilhar o vídeo na Internet, para que ele possa ser visto por todo mundo, com o objetivo de aumentar a humilhação e a agressão. Humilhar alguém repetidas vezes utilizando uma foto ou vídeo íntimo em que essa pessoa apareça (pode ser que o vídeo ou foto tenham sido compartilhados entre amigos ou namorados em um primeiro momento, mas, depois de uma briga, por exemplo, um dos envolvidos os utilizam como ameaça ou de forma desrespeitosa, com o objetivo de envergonhar o outro ou até por vaidade). Isso costuma ser chamado de sexting. Quando alguém não é aceito como contato ou amigo. Uma briga ocasional por chat entre duas ou mais pessoas. Publicar uma foto em que alguém está com a cara engraçada. Criticar o comentário de alguém nas redes sociais. SIM, é cyberbullying: Criar um grupo destinado a falar mal de alguém, convidar pessoas a se unir e divulgar o grupo para que fique ativo por várias semanas ou meses na Internet. Inventar falsos rumores que ridicularizem uma pessoa da escola e fazê-los circular por mensagens de texto ou nas redes sociais por um período de tempo considerável. Publicar fotos de alguém com o objetivo de denegrir sua imagem, sua família, sua origem étnica, orientação sexual ou religião. Fazer essas fotos circularem entre todos os contatos. Repetir a ação várias vezes com o propósito de isolar ou “deixar de fora” alguém em um determinado grupo. 6 APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying Não esqueça: todos temos direitos É importante que você esteja consciente de que ninguém tem o direito de agredi-lo: você também deve ser respeitado quando usa a Internet. Você tem direito a se expressar livremente, a não ser discriminado, a ter sua integridade moral preservada e a ser protegido contra qualquer forma de violência. Se alguém agredi-lo zombando do seu jeito de ser, da sua aparência, da sua religião, origem étnica ou família, condição econômica, social ou intelectual; ou se alguém ameaçálo, mesmo se isso ocorrer via Internet, seu direito a não ser discriminado não está sendo respeitado. Quando isso acontecer, você tem direito a buscar proteção dos adultos responsáveis que o rodeiam, para que seja protegido contra INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES 7 qualquer tipo de violência. Da mesma maneira, você deve respeitar os direitos dos demais quando publicar coisas na Internet ou interagir com alguém. o que fazer diante de uma situação de cyberbullying ? Para quem sofre o cyberbullying: √ Limpe sua lista de contatos nas redes sociais. Apesar de ser superlegal ter muitos amigos, quando você enfrenta uma situação de cyberbullying, a melhor coisa a fazer é conservar somente as pessoas em quem pode confiar. • Não fique calado. Isso é muito importante! Levante a voz e faça-se ouvir sobre o que está acontecendo com você. Esse é o primeiro passo para deter o assédio. √ Configure suas opções de privacidade nas redes sociais ou similares e torne-as as mais restritas possíveis. • Peça ajuda. Aos seus pais, professores ou qualquer adulto em quem confie. √ Caso circulem rumores sobre você online, tente rastrear a informação que foi publicada por outros ou por você mesmo e procure eliminá-la, porque ela pode ser usada para prejudicá-lo(a). • Não responda às provocações com novas agressões. Não ajuda em nada e funciona como um estímulo e uma vantagem para quem o agride. • Evite as páginas ou redes sociais em que está sendo agredido até que a situação se resolva. Se forem redes sociais ou comunidades online não vai ser difícil. Se o assédio estiver sendo feito pelo celular, talvez você deva pensar na possibilidade de mudar o número. • Denuncie as páginas que se dedicam a incomodar ou assediar: as redes sociais, como Facebook, Twitter, YouTube, etc., contam com um mecanismo de denúncia de abusos e de páginas e publicações impróprias. Use esses mecanismos de denúncia e peça a outros que denunciem também. Assim, os administradores das redes sociais atenderão às denúncias e poderão bloquear páginas ou publicações. • Feche as portas da sua vida online às pessoas que não são de plena confiança. Para isso: 8 √ Evite intrusos. Peça a um adulto que faça uma revisão minuciosa no seu computador, para garantir que não haja softwares maliciosos (troianos, spyware, etc.). Há ferramentas gratuitas online para isso. Depois, mude as senhas de acesso aos serviços que utiliza. As senhas devem ser complexas e combinar números, letras maiúsculas e minúsculas. APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying √ Peça aos seus contatos que não publiquem informações ou fotos suas sem seu consentimento. √ Proteja seus dados pessoais. A gente é quem decide o uso que quer fazer deles, incluindo as fotos em que aparece. • Guarde as provas do assédio o tempo que for possível, seja qual for a forma em que a agressão se manifeste. Tente também saber e se certificar da identidade dos autores. Para isso, você pode imprimir as provas ou fazer capturas de tela e salvá-las no computador. Compartilhe-as com seus pais ou com um adulto de confiança. Ter as provas pode ajudar a frear a agressão ou revelar o agressor. • Peça a um adulto que diga ao agressor que o que ele está fazendo é doloroso a você e que pare de fazer isso. O pedido deve ser feito sem agressividade ou ameaças e sem expor ninguém em público. Caso queira, você mesmo(a) pode fazer isso, depois de ter falado com seus pais ou com um adulto de confiança. INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES 9 Para o grupo de pares: Se você é testemunha de uma situação de cyberbullying, pode… • Antes de qualquer coisa, não compartilhar o conteúdo que considera agressivo. • Denunciar o conteúdo agressivo (seja um grupo, uma foto ou um vídeo) mediante as opções oferecidas pelas redes sociais e pelas plataformas de vídeos. • Se ninguém tomou uma atitude, você pode ser útil fazendo um comentário que mostre que não está de acordo com o que foi publicado sobre alguém. • Aproxime-se do(a) colega ou amigo(a) que está sendo assediado(a) e diga que ele ou ela não está sozinho. • Comente a situação com um adulto, para que ele possa intervir. • Não apoie! Sua atitude pode fazer a diferença e ajudar alguém que está em uma situação dolorosa. Aqueles que apoiam o assédio deixam de ser espectadores e passam a ser agressores. Para mães, pais e educadores que detectam uma situação de cyberbullying: • Dialogue com o agressor sobre as possíveis causas do cyberbullying: “Por que você está agindo assim?” • Tente descobrir quais conflitos ele ou ela possam ter e como canalizá-los de outro modo. • Tente refletir sobre como se sentiria se a situação fosse inversa. 10 APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying • Promova o conceito de igualdade e responsabilidade diante dos demais, para que todos compreendam que zombar de alguém por suas características (aparência física, etnia, classe social, etc.) é uma forma de discriminação. Todos têm direito a ser respeitados e tratados de maneira igual, sem importar nossas diferenças, quaisquer que sejam elas. • Insista na atitude de “não faça na Internet o que não faria cara a cara”. • Peça aos agressores que tirem da web tudo que tenham usado para ofender alguém, imediatamente. • Insista para que os agressores peçam desculpas publicamente pelo dano causado a um(a) colega ou amigo(a). • Tome medidas legais se a situação de assédio não for interrompida. Tendo-se esgotado todas as instâncias na escola e no diálogo com os envolvidos e familiares, há leis e instituições governamentais que protegem as vítimas de agressão. Nesse caso, é necessário que os adultos responsáveis, especialmente os pais e a direção da escola (se o cyberbullying estiver acontecendo entre colegas), sejam assessorados para iniciar os procedimentos de proteção de direitos com os quais contam em sua jurisdição, tanto em termos de normas escolares quanto de legislações vigentes. o anonimato Como você já deve saber, na Internet é frequente o uso de nicknames ou de perfis que possam conter dados falsos (como a idade, por exemplo). O anonimato pode dar a sensação de liberdade, mas, em alguns casos, se torna algo negativo: quando alguém é anônimo, às vezes, pode fazer ou dizer coisas que não diria pessoalmente. Em alguns casos, o “escudo” que o anonimato dá favorece atitudes agressivas, insistentes ou de caráter ameaçador. INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES 11 Em uma situação de cyberbullying, o anonimato torna-se especialmente perigoso, já que os que assediam não enfrentam pessoalmente a pessoa que agridem e fica muito mais difícil identificá-los. Por isso, lembre-se: se você não diria isso na cara da pessoa, não o faça pela Internet! Como prevenir o cyberbullying ? Usar as tecnologias da informação e da comunicação de forma responsável é uma maneira de prevenir o cyberbullying. Tratar os demais com respeito, ter cuidado com o que publica, configurando adequadamente sua privacidade e seus perfis, conhecer os riscos que podem existir nas atividades que você realiza online: tudo isso é muito importante na hora de conviver com outros no ciberespaço de forma segura e saudável. Apresentamos aqui alguns conselhos básicos que nos permitem tornar os ambientes virtuais mais seguros: Nas redes sociais: • Leve em consideração que qualquer pessoa (em qualquer lugar do mundo!) pode ver o que você escreve, pode ver suas fotos, pode salvá-las, modificá-las e utilizá-las para o que desejar, se você não proteger suas informações. Por isso, é importante configurar adequadamente sua privacidade e pensar duas vezes antes de postar algo na Internet ou enviar algum e-mail ou SMS com algo que mais tarde você possa se arrepender. • Quando você cria um perfil online, não deve publicar mais dados pessoais que os estritamente necessários para habilitar sua conta. Deixe de fora qualquer informação que possa sugerir onde você mora ou quais lugares frequenta. Em alguns sites, os espaços de informações indispensáveis para criar um perfil estão marcados com um asterisco (*). 12 APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying • Tenha em mente que o “amigo de um amigo” não é necessariamente um amigo para você. • Não abra as mensagens de pessoas desconhecidas. Isso o ajudará a se proteger de vírus e de softwares prejudiciais ao seu computador. • Se você sofrer alguma situação de intimidação, informe aos administradores do próprio site e conte para um adulto de confiança. • Não responda a agressões com outra agressão. Sobre os vídeos e fotos: • Não envie nem publique fotos que possam envergonhar ou comprometer outras pessoas. Se não tiver certeza, pergunte primeiro e certifique-se de que elas não vão se sentir incomodadas com o que você quer publicar. Uma pergunta pode poupar problemas para você e seus amigos. • Se lhe enviarem uma imagem de uma agressão a outra pessoa, salve a imagem no seu computador e mostre-a em seguida aos seus pais ou a um adulto no qual você confia. • Nunca se empolgue com a publicação de uma foto ou vídeo que humilhe um colega, amigo ou amiga. Sua aprovação favorece o assédio dirigido a essa pessoa. Sem intenção, você pode se tornar cúmplice. Sobre o bate-papo e as mensagens de texto: • Não se encontre pessoalmente com alguém que você tenha conhecido em um bate-papo na Internet. É muito perigoso! Você não sabe exatamente quem é essa pessoa. • Não dê seus dados pessoais nem da sua família ou amigos quando estiver batendo papo com pessoas que você não conhece. INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES 13 • Não compartilhe segredos ou fotos íntimas em um batepapo. Você não tem como saber o que as pessoas podem fazer com eles. Aqui, mostramos dois exemplos: • Não use webcams com desconhecidos nem com pessoas em quem não tenha confiança suficiente. Para escolher a privacidade, clique em “Configuração”. Você terá duas opções: • Não continue o bate-papo se a conversa o incomodar ou gerar desconfiança. • Forma pública. Todos poderão ver tudo o que escreve e publica no Twitter. É a opção que aparece ao criar a conta. • Não permita que o ameacem com informações ou imagens que você enviou a alguém. A situação piora se você se deixa levar pelo medo. • Forma privada. Suas mensagens somente poderão ser vistas por seus “seguidores”, amigos ou pessoas que você permitir. Para que suas mensagens sejam privadas, você deve ir às configurações e marcar a opção “Privacidade”. Depois, clique em “Salvar”. Dessa forma, suas mensagens estarão protegidas e somente serão vistas por seus seguidores. • Converse com um adulto de confiança diante de qualquer situação que gere dúvidas ou medo. o que é e como se usa a configuração de privacidade? Para começar, é necessário assinalar que redes sociais como Facebook e Twitter são para maiores de 13 anos. Por isso, é indispensável que você diminua os riscos configurando adequadamente sua privacidade. Chamamos de configuração de privacidade em uma rede social as opções e preferências que podem ser ativadas para escolher as pessoas que podem ter acesso aos conteúdos que você publica. Por meio dessas opções, você pode decidir o que será visto ou não, e por quais pessoas nos diferentes serviços de Internet que utiliza. Trata-se de uma ferramenta muito útil que lhe permitirá evitar situações de risco e assim se sentir mais seguro ao usar as tecnologias. 14 APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying Twitter: Facebook: Ao acessar a rede social, você encontrará à direita na tela um ícone com um cadeado que lhe permitirá acessar as configurações de privacidade do Facebook. Você poderá configurar três itens principais: “Quem pode ver minhas coisas?”, “Quem pode entrar em contato comigo?” e “Quem pode me procurar?”. Nesses casos, recomendamos restringir as opções a “amigos” ou “amigos de amigos”. Por outro lado, na seção “Bloqueio”, você pode montar uma lista de contatos com acesso restrito às informações do seu perfil e inclusive bloquear usuários para que eles não entrem em contato com você. Essa última opção é recomendável se você receber notificações desagradáveis ou de pessoas desconhecidas. Por último, em “Linha do tempo e configurações de marcações”, você pode administrar as seguintes opções: “Quem pode adicionar conteúdo à minha linha do tempo?”, “Quem pode ver publicações na minha linha do tempo?”, “Como eu faço para gerenciar marcações que as pessoas adicionam e sugestões de marcações?”. INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES 15 Já compartilhou? Essas preferências são importantes, porque permitem não somente restringir quem pode marcá-lo1 como também quem poderá ver as fotos ou os status nos quais você foi marcado antes que sejam publicados na sua linha do tempo. atividades que ajudam a pensar e agir para prevenir o cyberbullying Seu nome e sobrenome Sim, pode ser que eu os tenha compartilhado com pessoas desconhecidas. Nesse caso, é melhor usar apelidos. Endereço de e-mail Compartilhar seu e-mail pode ser arriscado se você abrir spams ou responder mensagens desconhecidas. Endereço da sua casa Sim, é arriscado. Esse dado é melhor compartilhar pessoalmente, quando quiser convidar alguém de confiança para ir à sua casa. Não deve ser público. Seu número de telefone celular Sim. Você não deve divulgar seu número de celular, já que pode receber ligações indesejadas. Os jogos que você gosta Não é arriscado. O lugar aonde você vai ou onde estava Sim, é arriscado. Se vai marcar no mapa o lugar onde está, deve ter certeza de ter configurado corretamente sua privacidade. Seus gostos musicais Não é arriscado. atividade 1: o que sim, o que não? Além de ser importante que você seja cauteloso com o que diz e faz quando está online, expor seus dados pessoais na web também pode ser arriscado, já que qualquer pessoa poderá ter acesso a eles. Por isso, é importante distinguir quais dados podem ser divulgados na Internet, quais não podem e quais você deve revelar somente a pessoas que conhece pessoalmente. Marque com um “x” quais dados você já publicou online. Depois, pense em como compartilhar esse dado pode ser arriscado e leve isso em consideração na próxima vez. 1 As “marcações” são normalmente utilizadas no Facebook para indicar quem são as pessoas que aparecem nas fotos, vídeos ou outros conteúdos. Quando alguém é marcado, a publicação aparece no seu perfil ou “linha do tempo” e todos os seus contatos podem vê-la. “Desmarcar” alguém significa eliminar a marcação por meio da qual é assinalada sua presença ou vínculo com o conteúdo. É importante levar em consideração que os usuários poderão revisar os posts em que são marcados, se essa prefêrencia for selecionada na”configuração de privacidade”. 16 APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying Pode ser arriscado? INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES 17 Publicação responsável de conteúdos: pense antes de publicar! Alguma vez você já se arrependeu do que publicou nas redes sociais? Já compartilhou algum sentimento ou pensamento que era melhor manter privado? Muitas vezes, publicamos online pensamentos ou experiências que não compartilharíamos ao nos encontrar com os outros “cara a cara”. Quando estamos atrás da tela, às vezes, nos animamos a compartilhar nossos segredos mais íntimos. No entanto, é preciso ter cuidado, porque o que você publica online pode ser visto por outras pessoas, ou baixado, e pode ficar para sempre em algum lugar da Internet. Por isso, antes de publicar, pense se está disposto a compartilhar o que quer dizer, não somente com seus melhores amigos, mas também com todo mundo. O que é publicado hoje pode ter consequências amanhã para você e os demais. O que você pode fazer? Publique somente imagens que qualquer pessoa possa ver. Pense inclusive nas pessoas que você não conhece. Leve em consideração que qualquer pessoa pode baixar fotos que você compartilhou na Internet e fazê-las circular entre seus contatos. Não publique fotos ou vídeos de outras pessoas que possam incomodá-las. Se isso acontecer, aceite o direito do outro de lhe pedir para excluí-los. Dicas para educadores: • A exibição de filmes ou vídeos que abordam o cyberbullying é uma boa maneira de abrir o debate e instalar o tema na escola. Como professor, você pode realizar esta atividade em workshops em que todos participem e dialoguem sobre suas experiências. As perguntas recebidas poderão servir como guia para uma reflexão conjunta. Dicas para pais e mães: • Os vídeos ou curtas-metragens podem ser uma boa maneira de começar um diálogo com os adolescentes sobre os temas que os preocupam. cidadania digital responsável A cidadania digital responsável é um conceito que nos permite refletir sobre as pautas de convivência e de comportamento nas redes sociais e sobre o uso das TIC em geral. O objetivo é tornar os ambientes virtuais mais seguros e evitar situações de conflito entre os usuários. A cidadania digital é o conjunto de normas de comportamento que devemos ter quando estamos online. Um exemplo: você acha que uma pessoa tem o direito de postar um vídeo de alguém que se sente ridicularizado, mesmo quando esse alguém lhe pediu que não o publicasse? Isto é cidadania: o respeito pelo seu semelhante é a primeira coisa a se levar em consideração… Vale também para quando você se encontra cara a cara com alguém, sem usar a tecnologia! Antes de publicar, pergunte-se: eu divulgaria este conteúdo na rua? Se a resposta for não, então… não o publique online! 18 APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES 19 Quais direitos e obrigações você acredita que temos quando estamos online? Complete este quadro marcando o que acontece com você: Direitos Obrigações Direito de nos expressar livremente. Excluir uma publicação se algum envolvido nos pedir, porque isso o afeta. Direito a reportar fotos, vídeos ou conteúdos que se refiram a nós e nos façam sentir incomodados. Um cidadão digital responsável... • Convive de maneira amigável com as pessoas com quem se comunica. • Respeita as ideias, opiniões e crenças dos demais, mesmo que elas não coincidam com as suas. • Está preparado para se responsabilizar pelas consequências das suas próprias decisões e publicações online. • Zela pelo respeito a todos os usuários, incluindo a si mesmo. 20 APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying atividade 2: Ponha-se no lugar do outro Nesta proposta, há quatro situações em que o cyberbullying ocorre ou está prestes a ocorrer. Pedimos que você reflita sobre qual é a melhor ação possível. Depois, converse com outras pessoas que tenham feito a mesma atividade, compare suas respostas e tentem tirar algumas conclusões juntos. Dicas para educadores: • A atividade que apresentamos a seguir pode ser realizada na escola, em pequenos grupos. Pode ser adotada a modalidade de role playing para cada um dos casos. Depois, peça aos grupos que escolham uma ação dentre as que são apresentadas. Após isso pode ser feito um debate sobre as opções escolhidas para se tirar algumas conclusões. Melina e Samanta Melina, uma adolescente de 13 anos, cria um grupo em uma conhecida rede social e convida seus contatos para participar dele. O grupo se chama “Dez razões para odiar Samanta Perez” e já possui 68 membros. Suponha que você recebeu um convite para entrar no grupo… O que você faz? a. Entro no grupo, mas não comento nada, é só para não ficar de fora. b. Não entro no grupo. c. Denuncio o grupo na rede social. d. Outro: ____________________________________________________ INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES 21 O que você pode fazer? • Não entrar no grupo é fundamental. Mas, o mais importante, é impedir que o assédio continue. Para começar, você pode pedir às suas amigas que saiam do grupo. Também pode escolher a opção “c” e denunciar o grupo na rede social. • Se você estivesse no lugar da Samanta, a primeira coisa que deveria fazer é pedir ajuda a um adulto. Não deixe que o assédio a intimide. Denuncie o grupo, fale com seus pais e professores. • Por outro lado, se você é amigo ou amiga da Melina, pode se aproximar dela e questionar sua atitude: por que está agredindo a Samanta? O que ela sentiria se a situação fosse inversa? Dicas para mães, pais e educadores: • É importante estar a par do comportamento dos adolescentes nas redes sociais e falar com eles sobre o que acontece nelas: quais atividades eles realizam? Quantos e que tipo de contatos têm? De quais grupos fazem parte? • Conversar com eles sobre suas atividades online contribui para que tomem consciência dos seus limites. • Se você nota uma mudança no comportamento do(a) seu/sua filho(a) ou aluno(a), pergunte se ele/ela foi vítima de cyberbullying ou se não sabe como reagir diante de uma situação de assédio dentro do seu grupo de amigos. Se esse for o caso, é importante se sentar com ele/ela na frente do computador ou usar o celular para repassarem juntos o ocorrido e pensar nas possíveis atitudes a tomar. 22 APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying Joaquim e Júlia Quando Joaquim e Júlia namoravam, Júlia enviou para ele uma foto de roupa íntima via SMS. Alguns meses depois, a relação terminou e Joaquim divulgou a foto nos bate-papos de mensagens instantâneas. Coloque-se no lugar da Júlia, o que você faria? a. Procuraria uma foto comprometedora do Joaquim e enviaria para todos os meus contatos. b. Denunciaria a foto nas redes sociais. c. Falaria diretamente com o Joaquim para que ele excluísse a foto. d. Outro: ____________________________________________________ O que você pode fazer? • Neste caso, falar com quem fez algo que lhe desagradou pode ser útil. Porém, depois que a foto foi publicada na Internet, qualquer pessoa pode baixá-la, salvá-la e depois publicá-la outra vez. Por isso, é importante denunciar a foto como conteúdo inadequado na rede social. Para isso, você deve clicar embaixo da foto em “Opções” e selecionar “Denunciar”. • Depois de ter informado a rede social, é importante que você converse com um adulto de confiança. Seus pais ou algum docente poderão ajudá-lo(a) a atravessar esse mau momento. Dicas para educadores: • Quando esse tipo de situação acontecer, é importante detê-la o mais rápido possível. • Por isso, é indispensável estabelecer uma penalidade que seja considerada justa pelos agressores e por todos aqueles que tenham divulgado fotos que prejudiquem a imagem de alguém, seja por SMS ou qualquer meio virtual. INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES 23 • Depois disso, é recomendável conversar sobre os cuidados com a intimidade, a confiança nos relacionamentos amorosos e a publicação responsável de conteúdos. • Se você filmar esse vídeo, deve levar em consideração que, mesmo que não o publique na Internet, qualquer pessoa poderá fazê-lo. • Também é importante estabelecer diálogos que funcionem como ferramentas de prevenção e de atenção aos diferentes casos, se houver, bem como pensar em políticas de prevenção e penalização com a participação de diretores, educadores, pais e os próprios estudantes. • É conveniente pedir ajuda e alertar um adulto sobre a situação, já que ela afeta a integridade de alguém. • Por último, deve ser levado em consideração que, embora o assédio não tenha ocorrido nas dependências da escola, as TIC eliminaram a fronteira “dentro-fora”, de modo que o que acontece nos meios virtuais afeta a convivência escolar em todos os sentidos. Pedro e Alan Pedro é um aluno recém-chegado ao colégio e ainda não tem muitos amigos. Alan, por outro lado, é líder do grupo. Há pouco tempo, ele viu um vídeo que achou muito engraçado, que mostra a agressão de um jovem a outro, por pura diversão. Suponha que Alan lhe sugira filmar uma agressão a Pedro, para depois compartilhá-la numa página de vídeos. O que você faria? a. Não faria o vídeo. b. Não faria o vídeo e alertaria algum adulto sobre os planos do Alan. c. Faria o vídeo (só porque é engraçado), mas não o publicaria na Internet. d. Outro: ___________________________________________________ O que você pode fazer? • Se você participa da agressão, está dando seu consentimento a uma situação de assédio a um colega, amigo ou amiga, mesmo que só esteja filmando. 24 APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying • Falar com Alan pode ser uma boa maneira de ajudá-lo a refletir sobre as consequências das suas ações. Se preferir, você pode pedir ajuda a outro amigo e conversarem juntos sobre isso. Dicas para educadores: • Essa forma de agressão pode se tornar muito comum entre os adolescentes e pode ser reproduzida muito rápido, já que inclusive pessoas que não conhecem os envolvidos podem ter acesso ao vídeo. • É importante reverter e reparar as consequências do assédio público e pedir ao autor que peça desculpas e reflita sobre suas ações. • Para isso, pode ser positivo pedir aos envolvidos a produção de um novo vídeo, por exemplo, em que eles expliquem aos seus pares como prevenir o cyberbullying. Micaela Micaela soube que uma jovem criou um perfil falso da sua ex-melhor amiga para que ela ficasse mal perante todos os seus contatos. Depois, recebeu uma solicitação de amizade de alguém que conhece, mas não tem certeza de quem é na verdade. Coloque-se no lugar da Micaela, o que você faria? a. Comprovo se temos amigos em comum para ter certeza de quem se trata. b. Escrevo uma mensagem privada para me certificar da identidade da pessoa. c. Aceito a solicitação de qualquer maneira… Assim chego aos 500 amigos! INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES 25 O que você pode fazer? Para mães, pais e educadores: • Verificar a autenticidade dos perfis é muito importante. Os amigos em comum podem ser um bom indício. Mas, se alguém pretende se fazer passar por outro, o mais provável é que envie várias solicitações e seja aceito por alguns contatos da pessoa a quem pretende incomodar. Por isso, o melhor é verificar a identidade pessoalmente, perguntando à pessoa envolvida se aquele realmente é seu perfil. Segundo dados da ComScore, os adolescentes representam a maior porcentagem de usuários de Internet na América Latina (32,5%). De acordo com uma enquete realizada pela RedNATIC2: Dicas para mães, pais e educadores: • 49% das garotas e garotos adolescentes consultados acreditam que, quando alguém agride ou fala mal de outra pessoa na Internet, devem ignorá-lo ou não devem se envolver. Embora os adolescentes entendam muito sobre as redes sociais, é bom reforçar algumas medidas de segurança: • 52% dos jovens disseram já ter se sentido discriminados nas redes sociais em algum momento. • Encerrar suas sessões adequadamente quando usarem computadores compartilhados. • 84% das pessoas consultadas manifestaram saber algo, pouco ou nada sobre seus direitos e responsabilidades para o uso seguro e responsável da Internet e outras tecnologias. • Não compartilhar suas senhas com amigos nem colegas (essas “provas de confiança” não são necessárias!) • Não aceitar solicitações de amizade de pessoas que não conhecem. Em caso de dúvida, o melhor é incentivá-los a perguntar pessoalmente. Seu próprio relato Você já viveu alguma situação similar às que relatamos ou sabe de um caso de alguém próximo a você? Como agiu nessa ocasião? Como agiria agora? ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ ___________________________________________________________ Levando em consideração esses dados, temos aqui nove conselhos que sintetizam tudo o que foi expressado para favorecer o uso responsável das TIC entre os adolescentes: 1) Usar o computador, celular, Internet, redes sociais e outros dispositivos tecnológicos pode ser uma boa maneira de compreender melhor o mundo virtual dos adolescentes. No entanto, você deve levar em consideração que sua capacidade de orientá-los não está vinculada somente, nem especialmente, ao seu conhecimento das tecnologias, e, sim, à experiência e assessoria que pode oferecer quando se trata de resolver conflitos entre pares. 2) Conversar com os adolescentes sobre a configuração da privacidade nas redes sociais. A configuração de privacidade é uma opção que permite a eles estabelecer quem pode ter acesso ao conteúdo que publicam, quem poderá ver suas fotos ou enviar solicitações de amizade. (Ver acima) 2 Consulta regional a adolescentes. Inédita, RedNatic . Nota disponível no http://www. rednatic.org/project/el-84-de-los-adolescentes-de-la-region-sabe-poco-sobre-sus-direitosy-responsabilidades-para-el-uso-seguro-y-responsável-de-internet-y-outras-tecnologias/ (02-06-14) 26 APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES 27 3) Dialogar com eles sobre os limites entre o privado, o público e o íntimo. Enfatizar a necessidade de pensar antes de publicar. Lembrar que, depois que um arquivo foi publicado na Internet, não temos mais controle sobre quem o vê e quem o recebe. 4) No caso dos pais, é necessário permitir que os adolescentes usem o Facebook ou outras redes sociais sem impor como condição que eles os aceitem como amigos. Respeitar a privacidade e a liberdade de expressão dos filhos é importante para estabelecer com eles uma relação de confiança, sem por isso deixar de se envolver e dialogar sobre as atividades que realizam online. 5) Na medida do possível, evitar que os adolescentes usem a Internet até altas horas da noite, já que isso pode alterar o ritmo da vida cotidiana. Fazer em família ou na instituição um acordo sobre quando, onde e como usar o celular, o tablet ou o computador. 6) Se os jovens vão a lanhouses, visitar o lugar e perguntar se existe algum tipo de sistema de proteção a conteúdos não recomendados para menores. Se não houver, procurar uma lanhouse que atenda a esse requisito. No caso do colégio, é importante que os computadores contem com um sistema de proteção. Eles podem ser baixados como softwares gratuitos. 7) Lembrar que devem encerrar sua sessão de forma correta nas diferentes ferramentas que usam (redes sociais, bate-papos, e-mail, etc.), especialmente quando utilizarem um computador que não seja seu. Assim, por exemplo, se abrirem sua caixa de entrada de e-mails, não é suficiente fechar o navegador para se desconectar do serviço. É importante que encerrem sua sessão, para que a conta não fique disponível ao próximo usuário que abrir o navegador. 8) Lembrar que não devem compartilhar suas senhas com amigos, amigas, namorados, namoradas, noivos, noivas, como prova de amizade ou de confiança. Além do mais, essas senhas devem ser seguras, combinando palavras e números. 28 APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying 9) Compartilhar com os adolescentes notícias que tenham sido publicadas em jornais ou na televisão sobre situações de cyberbullying pode contribuir para que ganhem um sentimento de responsabilidade. Os adolescentes devem saber que são responsáveis pelas consequências de seus atos, inclusive na Internet. Do mesmo modo, é bom que saibam que têm direito de defender sua privacidade e o dever de respeitar a dos outros usuários. Papel do adulto diante do cyberbullying Os adultos próximos às crianças e adolescentes têm um papel fundamental na identificação, prevenção e detenção de uma situação de assédio entre pares. Não se trata de “coisa de criança” nem de episódios isolados sem consequências. As consequências, aliás, não afetam somente as pessoas envolvidas diretamente. Por isso, uma intervenção adequada que abranja todo o grupo ajudará a desarmar a situação criada. A escola deve se envolver para frear situações de assédio geradas entre colegas usando tecnologias. As fronteiras “dentro-fora” da escola deixaram de existir com o uso das novas tecnologias e não podemos ignorar o que acontece a um aluno nesses meios. A escola deverá promover o diálogo, avaliar sanções e maneiras de reverter e reparar o dano causado a um(a) aluno(a). A equipe de diretores deve se apoiar no pessoal especializado em convivência escolar, dinâmica de grupos ou psicologia. De acordo com a gravidade do caso, pode ser necessário, também, contar com a participação dos pais dos envolvidos em reuniões separadas. É muito importante para todos os adultos compreenderem que os papéis são mutantes, segundo a dinâmica de cada grupo. INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES 29 Não estigmatizar os jovens em papéis negativos os ajudará a ocupar outro lugar no grupo. Quase todos os países da região contam com bases legais em matéria de violência escolar, às quais as escolas devem estar subordinadas. Diante desses casos, é importante que a escola procure suas instâncias superiores (supervisores, administração de distrito, etc.), para se informar sobre os passos a seguir, segundo as normas vigentes que protegem os direitos das crianças. Por um uso amigável das tecnologias: chega de cyberbullying ! O que podemos fazer? • Compartilhe no seu perfil um link com informações sobre cyberbullying: o que é e como reagir. • Pesquise e publique um vídeo com o qual as pessoas possam refletir sobre o tema. • Você pode criar um blog para falar sobre o tema. Pode pedir aos demais que comentem e compartilhem suas experiências pessoais. • Assuma o compromisso contra o bullying da campanha “Chega de bullying, não fique calado”. Você pode assinar o pacto acessando http://www.chegadebullying. com.br/ Você pode deter o assédio: por um ambiente virtual amigável e livre de cyberbullying. Embora tenhamos dado ênfase até aqui aos riscos que surgem com o uso das novas tecnologias da informação e da comunicação, é certo que elas também podem nos ajudar a deter o assédio online. Como você já sabe, os diferentes dispositivos tecnológicos que existem hoje nos oferecem muitas possibilidades para criar mensagens e compartilhá-las com outros de maneira muito rápida e efetiva. Por isso, sugerimos que você se envolva: participe da campanha “Chega de bullying, não fique calado” e dê sua contribuição. É hora de agir! 30 APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES 31 bibliografia bibliografia • Convenção Internacional dos Direitos da Criança (1989), Organização das Nações Unidas. • RedNATIC. Rede de Organizações da América Latina pelo direito das crianças e adolescentes ao uso seguro e responsável das TIC (2014) “Consulta adolescente de tipo exploratória em nove países da região. Sobre o uso das novas tecnologias e o direito a uma cidadania digital ativa”. Disponível em: http://www.rednatic.org/ project/el-84-de-los-adolescentes-de-la-region-sabe-poco-sobresus-direitos-y-responsabilidades-para-el-uso-seguro-y-responsável-de-internet-y-outras-tecnologias/ • ComScore (2013) Futuro digital. América Latina 2013, O estado atual da indústria digital e as tendências que estão moldando o futuro. Informação disponível em: http://www.slideshare.net/pipe1201/futuro-digital-latinoamerica2013informe-24766620?qid=e80d37c38982-47a7-b9f0-1dbd1623eedd&v=default&b=&from_search=2 • ECPAT Internacional (2005) A violência contra as crianças no Ciberespaço. Contribuição ao Estudo Mundial das Nações Unidas sobre a Violência contra as Crianças. Bangkok. Disponível em: http://resources.ecpat.net/EI/Publications/ICT/Cyberspace_SPA. pdf • Instituto Nacional contra a discriminação, a xenofobia e o racismo (INADI), Plataforma por uma Internet livre de discriminação, “Como denunciar?”. Disponível em: http://internet.inadi.gob.ar/ como-denunciar/ • Luengo Latorre, José Antônio (2011) Cyberbullying. Guia de recursos para centros educativos. Materiais para equipes de diretores e ação tutorial, Ed. Defensor do Menor na Comunidade de Madrid. • Zysman, Maria, O que é bullying e que não é?, disponível em: http://libresdebullying.wordpress.com/2013/06/17/que-es-bullying-y-que-no/ • Programa Nacional Com Você na Web, iniciativa da Direção Nacional de Proteção de Dados Pessoais, do Ministério de Justiça e Direitos Humanos da Nação (Argentina) www.convosenlaweb.gob. ar (Disponível em 29-04-2014). • http://www.chegadebullying.com.br/ (Disponível em 29-042014) • http://www.altoalbullying.com/ (Disponível em 29-04-2014) • www.programatecnologiasi.org (Disponível em 29-04-2014) • Rodríguez, Nora (2006) Stop Bullying. As melhores estratégias para prevenir e frear o assédio escolar. Ed. RBA • http://libresdebullying.wordpress.com (Disponível em 29-042014) • Associação Chicos.net (2009) Para um entendimento da interação dos adolescentes com os dispositivos da Web 2.0. O caso do Facebook, estudo realizado no marco do projeto de investigação do Instituto de Investigação para a Justiça (IIJ), com o apoio do IDRC e CIDA Canadá. • www.cuidadoconlawebcam.com (Disponível em 29-04-2014) • National Crime Prevention Council: http://www.ncpc.org/topics/ bullying (Disponível em 29-04-2014) • Associação Chicos.net (2011) Adolescentes e Adultos no Facebook. Modalidades de interação nas redes sociais. Disponível em: www.tecnologiasi.org.ar •Associação Chicos.net, Save the Children Suécia (2010) Programa Uso Seguro e Responsável das Tecnologias. Manual de Enfoque Teórico. 32 APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES 33 créditos NOTAS: Comitê de coordenação: Cartoon Network América Latina - Larissa Pissarra; Rain Barrel Communications - Robert Cohen, Paul Hoeffel Visão Mundial - Amanda Rives, Gabriela Olguín Martínez Desenvolvimento de conteúdo: Associação Chicos.net Redação: Cintia Balé Coordenação editorial e revisão: Andrea Urbas 34 APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying INCLUI PAUTAS PARA PAIS E EDUCADORES 35 chegadebullying.com.br 36 APOSTILA PARA ADOLESCENTES - PREVENÇÃO DO cyberbullying Coordenação de conteúdo: Visão Mundial e Cartoon Network