Dividendos – Uma Alternativa Inteligente para a

Transcrição

Dividendos – Uma Alternativa Inteligente para a
A2
Gazeta de Bebedouro
Sábado,domingoesegunda-feira,9,10e11deoutubrode2010
EDITORIAL
Brasil: o país das eleições
Um continente. Um acervo de culturas. Um mar de propostas. Nenhuma realidade. Cada povo tem o governo que merece.
Bebedouro, como 91 outros
municípios paulistas, destinou o
maior número de votos em deputado federal para o artista
supostamente analfabeto. Os
outros, para terem melhor votação tiveram de vir, valeremse do fato de ser ou tornarem
conhecidos, prometer e se
comprometer.
Para aquele, porém, valeu
a justificativa do ‘voto de protesto’. E ainda queremos
acreditar que um erro não
justifica o outro, mas foi exatamente o que fez o eleitorado. Se os políticos da atualidade não agradam, votemos
em quem nunca teve – ou
pelo menos nunca demons-
trou – um fragmento sequer
de consciência política.
O que devem pensar a
essa alturas os candidatos
envolvidos com comunidades? Os que idealizavam projetos e programas factuais e
factíveis. Estes sim devem,
num gesto de protesto autêntico, interiorizar e verbalizar
a máxima de que cada povo
tem o governo que merece.
Estes podem se permitir, agora, o direito de abandonar a
causa de quem na concretude
da oportunidade opta por generalizar, simplesmente.
Não pensem os líderes
daqui que esse protesto se
deve somente ao panorama
político nacional. Aquele que
de tão distante parece abstrato. De tão inatingível, parece nunca ultrapassar os limites do imaginário. Aqui, as
decepções políticas marcam
mais fundo como tiro à queima roupa. Aqui, a falta de
organização capaz de produzir a ordenação, de segmen-
tos que sejam, já instituiu
desconfiança e incerteza.
Infelizmente, todos esses
sentidos e sentimentos ainda não são suficientes para
tornarem-se maiores que o
ego de quem acha que pode
tudo mas não consegue desviar o olhar para além do
próprio umbigo.
ARTIGOS
Dividendos, uma alternativa inteligente à renda fixa
“Com os avanços da medicina, a expectativa de vida está cada vez maior”.
Flavio Clemente
As pessoas que querem planejar financeiramente o seu futuro se deparam atualmente com
alguns problemas de difícil solução.
Em primeiro lugar, devemos
saber calcular quanto tempo viveremos depois que pararmos de
trabalhar. Com os avanços da
medicina, a expectativa de vida
está cada vez maior. Lembro-me
bem do meu pai fazendo cálculos
para a sua aposentadoria quando
ele tinha a expectativa de precisar de renda para viver até os 75,
no máximo 80 anos. Semana pas-
sada ele completou 90! Esses 10
anos a mais de vida não foram
previstos quando ele projetou sua
aposentadoria.
E hoje, como saberemos calcular quanto viveremos a mais no
futuro?
O segundo problema que temos ao juntar uma soma de dinheiro, que será a nossa aposentadoria, é o de projetar os juros
futuros, que afinal serão a nossa
renda. Hoje no Brasil, um país
especialmente privilegiado em termos de taxa de juros alta, a Taxa
Selic (que remunera as aplicações) está em 10,75% ao ano. Ou
E as pesquisas?
seja, se queremos uma renda anual de R$ 10.000,00 será necessário um montante de aproximadamente R$ 100.000,00. Mas se os
juros futuros caírem para 5% será
preciso termos R$ 200.000,00, ou
seja, o dobro.
Temos ainda que ser capazes de projetar a inflação futura e o encarecimento natural da sofisticação do consumo. Para se ter uma idéia disso, há dez anos, não pagávamos para falar num telefone
celular, por internet e nem por
TV a cabo.
O ideal seria podermos apli-
car a nossa poupança dos anos
de trabalho, de forma a constituir
um patrimônio que fosse sendo
atualizado ao longo do tempo. E
que esta atualização fosse capaz
de compensar os efeitos da inflação e do encarecimento natural
da sofisticação do consumo.Além
disso, que também tivesse a capacidade de gerar uma renda com
a qual conseguíssemos manter o
nosso padrão de vida.
Exatamente para cumprir este
objetivo existem os fundos de
ações com foco em dividendos,
especialmente aqueles que periodicamente creditam para os seus
cotistas, os dividendos auferidos,
isentos de imposto de renda, por
não levá-los à valorização das cotas. Essa característica gera uma
enorme economia tributária ao
longo do tempo.
Vale lembrar que os dividendos são a parcela do lucro que as
empresas distribuem aos seus
cotistas e que estão diretamente
ligados aos seus desempenhos financeiros. Cabe lembrar também,
que os dividendos serão distribuídos independentemente das variações de humor do mercado de
ações.
O grande desafio é conseguir-
mos nos equacionar para precisarmos apenas da renda gerada
pelos dividendos sem precisar
vender cotas do nosso patrimônio
em momento algum.
Para ajudar nos cálculos há
fundos que tem histórico de renda de dividendos entre 7 e 8%, o
que corresponde a um rendimento bruto de juros de 9 a 10% ao
ano, o que de fato comprova que
o dividendo é uma excelente alternativa à renda fixa.
(Colaboração de Flavio Clemente,
administrador, sócio da Venture
I n v e s t i m e n t o s ,
www.ventureinvest.com.br, e mail:
flavio@ventureinvest. com.br)
“Bom, não é de hoje que os institutos estão com a credibilidade arranhada.”
Antônio Carlos Álvares da Silva
O assunto da semana foi o
erro das pesquisas de opinião sobre as eleições de 3 de outubro.
Todas erraram. Mas, sempre
com uma particularidade: em relação às eleições presidenciais,
o erro foi unânime. Em relação
às eleições para governador e
senadores, o erro quase não
existiu, salvo para senador, em
São Paulo. Nesta, o erro foi monumental: Aloysio Nunes era cotado como terceiro colocado. Ficou em primeiro, com quatro milhões de votos a mais que a se-
Aniversários
SÁBADO (9/10)
Sonia Maria de Mello
Maria da Graça Sante
Sandra Aparecida Tona
Olívia Ramiro
Antonio José da Silva
Lúcia Helena Piedade
Odete Tilelli
Eduardo Roberto Fayzano
Maria de Lourdes G Trinca
Nereide Gonçalves dos Santos
Zenaide Alves Custódio
Camila Pignoni Estato
Alceu Ravagnani Júnior
Luiz Reginaldo Silva
Graziela Malheiro Sardinha.
DOMINGO (10/10)
Antonio Cardoso de Oliveira
Giancarlo Queixa Gamboni
Maria Terezinha Ilório
Jairo Marcondes de Souza
José Roberto Cardoso
Silmara Pereira Lima
Arnaldo Pinzam
Cássia Aparecida Pereira
Leonardo Campos Ugliara
Ana Carolina Ravagnani
Camila Esteves
Paulo Fernandes Gomes
Larissa Limão Comucci
Cisangela Simões
Renata Toller Conde
Lucas Tomazoti Berard
Devanir Figueira
Aparecido Tadeu Pavani
SEGUNDA-FEIRA (11/10)
Nair Rodrigues
Antonio R Dias Cassiano
Lidia Leme da Silva
Nilce Valadão
José Carlos Moreira
Luciana Andreia C de Mello
Ruchelli Lise Gallo
Raphael Rodrigues de Moraes
Leonora Pereira Elias
Renan Rodrigues de Moraes
Analu dos Santos
William Paganelli
Ederson Domingos de Souza
Fábio Luiz Trinza
Sandra Helena de F Vieira
Josicleire Ap Teixeira
Soraia Ap Lataro
Glorinha Sanches
Ana Elisa Rodas Santos
Fernando de Souza Torrieri
Leonora Pereira
gunda colocada, Marta Suplicy.
Outra particularidade: nas eleições presidenciais, o erro foi unânime, mas ele variava nos diversos institutos de pesquisa. Nas do
Vox Populi e Sensus, o erro sempre foi mais gritante e parecia obedecer a um critério pré-estabelecido: o do cavalo do mocinho, que
sempre sai atrás e chega na frente. Nesses institutos, nas pesquisas de maio e junho, Serra aparecia na frente, mesmo nos lugares
mais improváveis (Norte e Nordeste). À medida que as pesquisas se sucediam a situação foi se
invertendo regularmente. Até que,
no mês de setembro, Dilma já aparecia ganhando em primeiro turno,
com
porcentagem
acachapante. Estava com 56%
dos votos, contra 21% a 24% de
Serra.
Nas pesquisas do Ibope e da
Datafolha as diferenças eram
menores. Mas, todas indicavam
vitória no primeiro turno. Só
aventaram possibilidade de segundo turno às vésperas da elei-
ção, mas só na margem de erro,
pois sempre Dilma tinha 50%,
no mínimo. Dessa maneira, o
erro nunca foi corrigido, de fato.
Na segunda-feira, em seguida às eleições, o programa
‘Roda Viva’, da TV Cultura, entrevistou a representante do
Ibope, pedindo justificativa para
esse erro. Nesse tipo de entrevista costuma imperar a diplomacia e as perguntas nunca
põem o dedo na ferida. Nesse
programa, porém, não foi bem
assim. Frases e perguntas foram bem objetivas.
Por exemplo: foi perguntado
se não era caso de os institutos
pedirem desculpas pelo enorme
erro cometido? Foi perguntado,
também, se os institutos Vox
Populis e Sensus eram honestos,
ou se poderiam estar vendendo
resultados aos interessados?
Estava claro que ninguém
esperava resposta afirmativa.
Todavia , só o fato de a pergunta ser feita já demonstra que a
credibilidade desses institutos es-
Garota petista
tava sendo posta em dúvida.
Outra questão que pos a entrevistada em dificuldade foi o
fato de todos os institutos conferirem ao presidente Lula 80%
de governo ótimo e bom, 16%
de regular e apenas 4% de ruim
e péssimo. Foi colocada a questão: se sua popularidade atinge
esse nível e ele repetia, diariamente, que quem votasse em
Dilma estaria votando nele,
como explicar que 54% dos brasileiros preferiram votar em outros candidatos? A entrevistada
foi obrigada a viajar. Dividiu o
eleitorado em quatro grandes
grupos, explicou a mentalidade
dominante de cada grupo, mas,
ao fim, a resposta não foi
satisfatória.
Bom, não é de hoje que os
institutos de pesquisas estão com
a credibilidade arranhada embora poucos neguem que eles
influam no resultado da eleição.
Alguns detalhes dessas pesquisas publicadas, porém, são
indecifráveis. Pelo menos, nas
pesquisas que eu li, até 15 dias
antes da eleição, não foi publicado o porcentual dos indecisos;
apenas dos brancos e nulos.
Esse porcentual só foi publicado na véspera da votação. Os
indecisos chegavam a 9% dos
eleitores. Você acredite que 3
dias antes de votar, mais de 12
milhões de eleitores ainda não
haviam se decidido?
Outro dado importante, sempre sonegado, se referiu ao nível de abstenção. Nesta eleição,
não votaram 24 milhões de eleitores, quase 18% ao total. Tem
uma enorme influência. Porém,
não vi nenhuma notícia a respeito.
Dia 31 de outubro, data do
segundo turno, é véspera do
feriado de finados. Época de
muita gente viajar. De sextafeira à terça-feira vai ser uma
revoada ainda maior. E ‘la
nave va...’
(Colaboração de Antonio
Carlos A. da Silva, advogado de
Bebedouro)
Durante a vida toda, ela jamais conseguiu engatar um relacionamento com um cara cheio da grana
Denise Ribeiro
Ela tem um quê de radical, de
rebelde sem causa, que a impede
de se entusiasmar por homens ricos. Desde a mais tenra idade soube dessa sua imperfeição de caráter. Sim, imperfeição, porque ela
se martiriza com o fato de pré-julgar qualquer Mauricinho
desavisado que se aproxime dela.
Justo ela, defensora da liberdade
de expressão como fermento
enriquecedor de discussões, ainda
que para isso tenha de ouvir um
monte de patacoadas.
Mais forte que sua vontade,
o sentimento antifortunas não
tem um pingo de racionalidade.
É tão sem sentido e ingênuo que
chega a ser cômico. Ela lembra
a tarde ensolarada em que foi seguida por um carro conversível
por três quarteirões. Na época
estudante de Comunicações da
USP, era ainda mais anárquica.
O moço pedia que parasse para
conversarem – e ela sequer olhava pra ele. Até que, cansada do
assédio inútil, fuzilou: “Eu não
namoro com rico!”.
Era pura verdade, para ela
funciona como um pilar moral,
um divisor de águas. É um princípio ético que guia suas escolhas. Nunca invejou as amigas
casadas com ricaços, sempre se
interessou por poetas, músicos,
professores. Desenvolveu a teoria de que jamais conseguiu lidar com homens cheios da grana, porque eles simplesmente não
professam da mesma ideologia
que ela. Melhor nem começar
nada, porque política e religião
são questão de fé. Cada um defende seu lado, com unhas e dentes, se apoia nessa montanha de
argumentos disponíveis para
“comprovar” o que se queira e
assim o mundo segue, sem gran-
des sobressaltos.
Por isso hoje, quando o rapaz
charmoso, inteligente e ótimo
papo convidou-a para almoçar,
jurou de pé junto que passaria
longe de qualquer conversa com
potencial atômico. O lema era:
evitar confrontos. Não queria
nem saber em quem ele iria votar no segundo turno.
Sentia-se deslumbrante dentro do vestido preto decotado e
fingiu naturalidade ao vê-lo descer de uma caminhonete vermelha imensa, dessas que ela tem
vontade de desintegrar no trânsito. Ele olhava para ela com
olhos gulosos e teve o desplante
de perguntar se não seria mais
“criativo” almoçarem num motel. Novamente ela sorriu amarelo e alegou estar morta de fome.
Passaram o almoço inteiro esgrimindo frases inteligentes, de dupla conotação e estudada origi-
nalidade.
No final, quando se despediram, ela não pôde deixar de notar sua camisa Brooksfield,
complemento perfeito para alguém que passa o feriado em
Florianópolis velejando com os
amigos. Na volta para casa, o
sentimento de vazio que a invade é interrompido por uma buzina de caminhão. Pensou que
estivesse na faixa errada, lenta
demais, divagando num sonho
fora de hora. Não era nada disso. Era apenas um caminhoneiro lindo de morrer sorrindo para
ela. O mulato charmoso, parecido com o Seu Jorge, tirou-a
do torpor e devolveu-lhe a graça da vida. Ela sorriu de volta,
pisou fundo no acelerador e voltou, feliz, pro trabalho.
(Denise Ribeiro, colaboradora
[email protected])