Determinação de Cálcio em Água de Coco como vertente
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Determinação de Cálcio em Água de Coco como vertente
Determinação de Cálcio em Água de Coco como vertente no combate a osteoporose. *Denise Porfirio Emerenciano (PQ)2; Ângela Maria Fagundes da Cruz (PQ)2; Geovane Chacon de Carvalho (IC)1; Luciane Teixeira de Lira (PQ)2; Maria de Fátima Vitória de Moura (PQ)3 1 Iniciação científica; 2Pós-Graduação; 3Pesquisadora Departamento de Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte IV Congresso Norte-Nordeste de Química Natal / RN, 11 a 14 de Abril de 2011 *[email protected] INTRUDUÇÃO Uma cultura típica de clima tropical, o coqueiro vem sendo cultivado em cerca de 90 países. No Brasil, o cultivo do coco se desenvolve principalmente ao longo do litoral, sendo encontrado em áreas desde o Estado do Pará até o Espírito Santo. As estatísticas atuais demonstram que o Brasil possui mais de 266 mil hectares implantados com a cultura, praticamente em quase todas as Unidades Federativas [1]. O que mais caracteriza a cultura do coqueiro é sua produção continua. A colheita dos frutos do coqueiro é realizada baseada na destinação do produto. A Classificação Botânica do coqueiro segue a seguinte descrição [2]: Divisão------------------------------------ Espermatófito Classe------------------------------------- Angiosperma Subclasse-------------------------------- Monocotiledônea Ordem------------------------------------- Principes (= Arecales) Família------------------------------------ Palmae (= Arecaceae) Tribo--------------------------------------- Cocoidae Gênero------------------------------------ Cocos Espécie----------------------------------- Cocos nucifera As variedades na qual foram feitas as análises possui os seguintes nomes vulgares: coco da baía, coco anão, coco vermelho, coco amarelo. A importância do agronegócio do coco é evidente para a economia brasileira, especialmente para o Nordeste, onde se concentram mais de 90,0% da produção nacional. No Rio Grande do Norte, o coqueiro está presente em 147 municípios, ocupando uma área de 21.776 ha, dos quais 95% se concentram em apenas 27 municípios [3]. A variedade nana Griff, conhecida como coqueiro anão foi introduzido no Brasil pelos pesquisadores Arthur Neiva e Miguel Calmon. É predominantemente de autopolinização, onde as fases de formação das flores masculinas e femininas são coincidentes. Tem estipe estreito com circunferência média de 56 centímetros e atinge altura média de 10,7 metros. As folhas são curtas com comprimento em torno de 4 metros. Florescem cedo, três a quatros anos após o plantio. Os frutos são, geralmente, pequenos e são requeridos de 9.000 a 12.000 frutos para produzir uma tonelada de copra. As plantas se desenvolvem bem em solos profundos, férteis e cultivadas em regiões com precipitação bem distribuída [2]. Para os coqueiros Anões e Híbridos, que são destinados à produção de água, esta colheita é realizada entre 6 a 7 meses da abertura da inflorescência. Nessa idade, os frutos apresentam maior peso, maior volume de água e grau brix em torno de 6,0; conferindo melhor sabor da água. A água de coco é o líquido do endosperma encontrado dentro da cavidade do coco, que começa a se formar em torno de 2 meses após a abertura natural da inflorescência. O consumo de água de coco vem aumentando substancialmente em todo o Brasil atingindo cerca de 70 milhões de litros por ano. Esse produto, inicialmente comercializado “in natura”, já se encontra disponível no mercado em copos plásticos, embalagens “tetrapack” (longa-vida) ou em garrafas, congelados [3]. Segundo ARAGÃO, a água de coco corresponde a 25% do peso do fruto, e sua composição básica é de 95,5% de água, 4% de carboidratos, 0,1% de gordura, 0,02% de cálcio, 0,01% de fósforo, 0,5% de ferro, além de aminoácidos, vitamina C, vitaminas do complexo B além de outros sais [4,5]. A partir desses dados julgou-se interessante analisar a água de coco coletadas no município de Arês / RN e assim analisar se os teores de sódio e potássio são propícios para uma boa alimentação. O CÁLCIO E A OSTEOPOROSE Osteoporose é uma doenca caracterizada por redução da densidade mineral óssea (DMO) e maior susceptibilidade a fraturas ósseas acometendo cerca de 25 millhoes de americanos com idade acima de 45 anos, especialmente mulheres após a menopausa [6,7]. O problema é mundial [7,8] e se associa com grande risco de fraturas que representam um grave problema de saude pública [8,9]. Ca é um nutriente essencial e um dos principais componentes do esqueleto. A quantidade de Ca óssea aumenta 30 a 40 vezes durante a maturação do esqueleto. O crescimento e desenvolvimento ótimo do esqueleto requer uma ingestão adequada de nutrientes, entre os quais Ca tem sido considerado como o mais importante determinante da DMO. Embora a contribuição dos fatores ambientais sobre a massa óssea seja de apenas cerca de 20%, estudos epidemiológicos sugerem que variações na ingestão de Ca++ durante a infância podem concorrer com uma diferença de 5 a 10% no pico da massa óssea do adulto. Esta diferença determina um risco de fratura óssea do quadril 50% maior em indivíduos com idade mais avançada 18,19. Estudos avaliando o padrão dietético de crianças e adolescentes através dos anos tem constatado que a ingestão de Ca diminui na adolescência em comparação com a infância, acarretando uma ingestão sub-ótima de Ca durante um período tão crucial para o crescimento [7]. A "Institute of Medicine of the National Academies" preconiza os valores diários para a ingestão de cálcio Figura 01. Figura 01: Valores diários para a ingestão de Cálcio [10]. MATERIAIS E MÉTODOS Para análise dos minerais em amostras naturais procedeu-se da seguinte maneira foram escolhidos três pontos (P1, P2, P3) do município de Arez/RN. COORDENADAS GEOGRÁFICAS DOS PONTOS DE COLETA: Ponto 01 Elevação 221 ft S 06° 11’36,00” W 035° 11’22,8” Ponto 02 Elevação 194 ft S 06° 11’40,00” W 035° 11’02,6” Ponto 03 Elevação 200 ft S 06° 11’52,6” W 035° 11’02,8” Em cada ponto de coleta, foram selecionados, ao acaso, três coqueiros e destes foram coletados três cocos, fazendo com que cada coqueiro tivesse uma análise triplicata. Estas amostras foram destinadas a determinação dos minerais. Nesses três pontos distintos, possuíam diferentes variedades, sendo elas: coqueiro anão verde (AV), anão vermelho (AVV), anão amarelo (AAV) e gigante (GV), para posterior determinação dos minerais e comparação destes entre as variedades mencionadas. Todas as amostras foram acondicionadas em garrafas plásticas de polietileno. Adicionou-se uma certa quantidade de água de coco num balão de 100 mL acrescido de 5 mL de ácido nítrico (PA) e completou o balão com a amostra após este procedimento elas foram filtradas em papel filtro qualitativo e acondicionadas em recipientes plásticos de 100 mL para posterior analise dos minerais desejados utilizando a técnica Espectroscopia de Emissão Óptica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-OES) da marca Thermo Analítica modelo iCAP 6300. A etapa de filtração das amostras foi realizada para retirar partículas de polpa e de fibra do coco, que poderiam entupir o nebulizador. As análises em ICP-OES são fundamentadas no método de excitação e relaxamento atômico. A amostra em solução é introduzida no plasma na forma de aerossol tendo como gás de arraste o argônio. A energia térmica excita as espécies atômicas e iônicas formadas no plasma. Por ser instável neste estado, o átomo tende a retornar ao estado fundamental emitindo energia na forma de luz. Como cada espécie química apresenta níveis de energia diferentes, as emissões variam na mesma razão o que torna possível a determinação analítica elementar. RESUTADOS E DISCUSSÕES A Tabela 01 apresenta valores de limites de detecção (LD) e limites de quantificação para algumas espécies químicas reportadas no manual do ICPOES da marca Thermo Analítica modelo iCAP 6300. Estes valores serão utilizados como parâmetro a fim de estabelecer os níveis de concentração de determinados metais e metalóides estudados no presente trabalho. Tabela 01: Limite de Detecção (LD) e Limite de Quantificação (LQ) Parâmetro LD LQ Cálcio 0,2200 0,7500 A Tabela 02 mostra os valores médios obtidos das amostras das águas de coco analisadas. Para a geração destes dados, uma curva de trabalho foi construída, empregando uma solução padrão de Cálcio. Após a obtenção da curva analítica, as amostras foram injetadas no equipamento e as leituras dos sinais interpolados nas respectivas equações lineares para cada espécie. Os resultados encontrados são expressos em mg L-1 e o tratamento estatístico do desvio-padrão (DP). Tabela 02: Média e Desvio Padrão (DP) para o Cálcio nos Pontos de Coleta 01, 02 e 03. ++ DP DP DP Ca P1 P2 P3 149,2 7,7 188,8 0,8 202,4 6,8 AV 170,4 7,6 180,3 5,2 180,8 0,8 GV 134,9 4,0 119,8 1,6 159,7 4,9 AAV 193,8 4,4 175,3 9,3 166,7 5,7 AVV A tabela 2 mostra que para todas as variedades de coco analisadas nos pontos de coleta: 01, 02 e 03, o teor de cálcio que apresentou a maior concentração foi a do Ponto 03 (P3), com cerca de 202,4 mg L-1; e a com a menor concentração foi a do Ponto 02 (P2), com cerca de 119,8 mg L-1. Abaixo tem-se a Figura 02 com os teores de Cálcio nos diferentes pontos de coleta. Figura 02: Teores de cálcio nos três pontos de coleta no município de Arês / RN CONCLUSÃO Conclui-se que a água de coco é uma fonte rica em cálcio, com valor médio (dos três pontos de coleta e variedades do coco) de 170,3 mgL-1, e que se incluso na dieta humana, regularmente, pode auxiliar no combate a osteoporose, sem ocasionar grandes danos ao organismo, pois como cálcio é absorvido pelo intestino, uma alimentação muito líquida pode acelerar a passagem do cálcio pelo intestino diminuindo sua absorção. O corpo absorve apenas cerca de 500 mg de cálcio por vez, portanto a ingestão de cálcio deve ser distribuída ao longo do dia. Assim, como a água de coco possui bastante água em sua composição - 95,5%, ela previne que o cálcio consumido inadequadamente se precipite no sistema linfático. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a CAPES/UFRN pelo apoio e suporte financeiro, aoTecnológico (CVT) de Crateús pelo suporte para a realização do trabalho e ao NEPGN – Núcleo de Petróleo e Gás Natural pelas análises de ICP-OES. REFERÊNCIAS [1] Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). [2] SIQUEIRA, L.A., ARAGÃO, W.M., TUPINAMBÁ, E.A. A Introdução do coqueiro no Brasil, importância histórica e agronômica, 24p, 2002. (Embrapa Tabuleiros Costeiros. Documentos, 47). Disponível em <http//www.cpatc.embrapa.br>. [3] Holanda, J. S. et al; Cultivo do coqueiro no Rio Grande do Norte. Natal, RN: EMPARN, 2008. [4] ARAGÃO, W. M. Coco pós–colheita. Frutas do Brasil. Aracajú: EMBRAPA/CPATC, 2002. 75p. [5] ARAGÃO, W. M.; A importância do coqueiro-anão verde <http://www21.sede.embrapa.br/noticias/artigos/2000/artigo.2004-1207.2461636373/ mostra_artigo>.(acessado em 22 de julho de 2010 às 15h). [6] Consensus Development Conference. Diagnosis, prophylaxis and treatment of osteoporosis. AM J Med, 1993; 94: 646-649. [7] Ingestão de cálcio na prevenção de Osteoporose: Mito ou Realidade?. Disponível em: < http://www.sosvida.com.br/upload/Art_03.pdf>. Acesso em 25 de Fevereiro de 2011. [8] Riggs, BL; Melton, LJ 3rd. The worldwide problem of osteoporosis: insights afforded by epidemiology. Bone, 1995 17(5 Suppl):505S-511S. [9] Melton, LJ 3rd; Khosla, S; Atkinson, EJ; O'Fallon, WM; Riggs, BL. Relationship of bone turnover to bone density and fractures. Journal of Bone and Mineral Research, 1997; 12:1083-91. [10] Valores diários para a ingestão de Cálcio. Dicponível em: <http://www.iom.edu/Reports/2010/Dietary-Reference-Intakes-for-Calcium-andVitamin-D/DRI-Values.aspx>. Acesso em 24 de Fevereiro de 2011.