Análise eletromiográfica do músculo orbicu
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Análise eletromiográfica do músculo orbicu
UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA INSTITUTO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO Maria Roberta Dias Veneziani Cantarelli ”Análise eletromiográfica do músculo orbicular da boca em crianças portadoras da síndrome da respiração bucal, pré e pós-tratamento em Equoterapia” São José dos Campos 2006 Maria Roberta Dias Veneziani Cantarelli ”Análise eletromiográfica do músculo orbicular da boca em crianças portadoras da síndrome da respiração bucal, pré e pós-tratamento em Equoterapia” Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Ciências Biológicas, Universidade do Vale do Paraíba, apresentado à banca examinadora, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas. Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Alexis Lazo Osorio Co-Orientador: Prof. Dr. Wellington Ribeiro São José dos Campos 2006 Dedico este trabalho à Giovanna e à Manuella, por existirem e serem minhas filhas, ao meu marido pelo apoio constante, aos meus pais que sempre quiseram o meu melhor, em todas as decisões, aos meus pacientes com os quais tanto aprendo. Agradecimentos Agradeço ao Prof. Dr. Rodrigo Alexis Lazo Osorio, orientador deste trabalho e incentivador nos momentos de busca do conhecimento científico, com exigências e apoio constante. Sensível a cada momento de minha vida particular, soube aguardar as gestações e os nascimentos de minhas duas filhas, sem deixar de acreditar em meu compromisso com o Mestrado. A cada passo conquistado, a vitória é nossa. Ao Prof. Dr. Wellington Ribeiro, pela atenção e disponibilidade quando solicitado a nos ajudar, neste caminho árduo , porém de constante aprendizado na área científica. Ao Prof. Dr. Carlos Roberto Douglas, que se dispôs desde o primeiro momento em colaborar com seu conhecimento científico, para engrandecer e ampliar a importância deste trabalho em Equoterapia, ainda que sendo um assunto pioneiro na área de Fonoaudiologia. Aos professores do Laboratório de Respostas Cardiovasculares ao Exercício Físico, que atenciosos, me cederam momentos de discussão para a melhoria do meu conhecimento científico. Agradeço especialmente ao Prof. Fabiano Barros, que acreditou em mim e em meu trabalho e, gentilmente me convidou para conhecer a UNIVAP, e juntos iniciamos o Setor de Equoterapia, em 2001. Aos professores do Curso de Ortodontia- Faculdade de Odontologia- UNIVAP, que permitiram o desenvolvimento do trabalho fonoaudiológico, na clínica de Ortodontia. Ao Prof. Dr. Luiz K. Okazaki e ao Prof. Ewerson B. Shinozaki, antigo colega de escola, e atualmente um profissional com o qual tenho o prazer de trabalhar. Aos meus colegas, mestrandos do Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas, com os quais tive o previlégio de conviver e aprender com cada um deles, algo relacionado ao conhecimento científico. E principalmente à Andréa Dellú Franco, que esteve sempre ao meu lado, não medindo esforços para me ajudar nesta caminhada. Aos professores do Laboratório de Biodinâmica/UNIVAP, que cooperaram para a realização desta pesquisa. Aos professores Daniel, Wagner e especialmente à Thaís, que sempre esteve disponível a me estender seu olhar e ajuda incansável em minhas dúvidas e questões relacionadas à Eletromiografia. Com ela aprendi a ter mais paciência e tolerância em minhas próprias dificuldades, e que o conhecimento na prática, quando elaborado de forma didática, nem sempre é tão complicado quanto inicialmente imaginamos. À D. Ivone e Valéria, secretárias do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da UNIVAP pelo apoio e eficiência, quando solicitadas. À Secretaria do IP& D e Biblioteca Setorial, às Bibliotecárias Rosângela e Rúbia, que sempre estiveram prontas a me auxiliar no que fosse necessário. À ANDE-Brasil (Associação Nacional de Equoterapia), especialmente ao Cel. Cirillo, por defender as diretrizes de funcionamento da Equoterapia no Brasil e incentivar constantemente o nosso empenho e dedicação para uma melhor qualidade de atendimento, em busca do conhecimento científico. Ao Sérgio Cunha e família, que sempre acreditou em meu trabalho em Equoterapia, abrindo- me assim as portas da Fazenda São Bento. À minha equipe, do CFEPM- Centro de Fonoaudiologia e Equoterapia- Projeto Movimento, que acreditou, acompanhou as minhas decisões e esteve pronta a auxiliar no que fosse preciso ao bom desenvolvimento dos atendimentos aos praticantes de Equoterapia. Especialmente à Dra. Silvia, que me acompanha em todos os passos da Equoterapia, oferecendo um olhar clínico ímpar e a busca de melhorias em nossa proposta de atendimento diferenciada. À ela que esteve sempre pronta a me ouvir, analisar e buscar soluções em minha vida pessoal e profissional. À Dra. Renata, da Focus- Laboratório de Documentação Odontológica, pela atenção, compreensão e, a qual se colocou à disposição junto à sua equipe, para que pudéssemos executar o protocolo de radiologia odontológica, mesmo frente ao desafio de aplicação de uma proposta nova. Ao Salvador, que me ajudou com paciência, em tudo o que precisei, e principalmente solucionando as questões envolvidas no conhecimento técnico de informática. Às minhas filhas, Giovanna e Manuella, com as quais tanto aprendi em minhas gravidez... Ambas percorreram comigo todos os passos e percalços durante este período do mestrado. Me fizeram ter força, fé e persistência nos momentos em que pareciam ser os mais difíceis. Ainda intra-útero elas se mostraram fortes, e hoje fizeram ter em minha vida uma postura muito mais atenta sobre do que é realmente importante para descobrirmos a essência da felicidade. Ao meu marido Fábio, que acompanhou todos momentos de minha vida, respeitando a decisão, o tempo e as horas de ausência e dedicação voltada aos compromissos do Mestrado. Ao Sr. José Roberto Cantarelli (in Memorian). Ser humano que tive o presente de tê- lo enquanto sogro, companheiro, meu braço direito nas tomadas de decisões profissionais. Com ele aprendi a valorizar a observação, a analisar as situações e a ter prudência nas decisões em minha vida. Vibrante e cúmplice em meus projetos, idéias e vitórias. Um olhar mais atento, uma palavra adequada à cada situação, um aperto de mão que sempre interpretei como “estou aqui junto de você para o que precisar”. Embora percebesse minhas dificuldades, com sabedoria e paciência não hesitava em repetir quantas vezes fossem necessárias para que eu de fato entendesse um pouco, do muito que ele podia me ensinar. Meus profundos e sinceros agradecimentos, que só são entendidos num plano espiritual maior. Finalmente, agradeço às famílias de cada paciente e/ou praticante de Equoterapia, que estiveram ao meu lado nesta longa jornada. A todos que de alguma forma colaboraram para a realização deste trabalho, me incent ivando e acreditando em meu potencial. “Lenda da Criação do Cavalo Árabe” Percorria Alah o mundo logo após a criação, quando, ao passar pelo deserto, ouviu o pranto do beduíno. Ao perguntar-lhe porque assim chorava, respondeu-lhe o árabe: - Vide as riquezas que todos os outros povos ganharam e para mim, só restou areia e sofrimento. Percebendo Alah que não havia sido equânime na distribuição das benesses da Terra, disse-lhe: - Pois não chores mais, vou compensar-te dando-te um presente que não dei a povo algum. E tomando com a mão direita o Vento Sul que passava, falou: - Plasma-te ó Vento Sul! Vou fazer de ti uma nova criatura. Serás o meu presente e o símbolo do meu amor ao meu povo. Para que sejas único e que nunca te confundam com bestas, terás: O olhar da águia, a coragem do leão e a velocidade da pantera. Do elefante dou-te a memória, do tigre a força, da gazela a elegância. Teus cascos terão a dureza do sílex e teu pêlo a maciez da plumagem da pomba. Irás saltar mais do que um gamo, e terás do lobo o faro. Serão teus à noite, os olhos do leopardo e te orientarás como o falcão, que sempre volta à sua origem. Serás incansável como o camelo, e terás do cão a fidelidade ao seu dono. E finalmente, Hissam (O cavalo), como um presente meu ao te fazer Cavalo e fazer-te Árabe, dou-te para todo e sempre, para que sejas único, a beleza da rainha e a majestade do rei. ”Análise eletromiográfica do músculo orbicular da boca em crianças portadoras da síndrome da respiração bucal, pré e pós-tratamento em Equoterapia” Resumo O presente trabalho tem como objetivos, proporcionar a aplicação de uma abo rdagem terapêutica diferenciada, avaliar e analisar os resultados obtidos no exame de Eletromiografia do músculo orbicular da boca (feixes superior e inferior), e em outros exames complementares como: Cefalometria e Avaliação postural global (Goniometria), de crianças de 8 à 13 anos de idade, portadores da síndrome da respiração bucal, pré e pós-tratamento em Equoterapia. Sendo assim, foi elaborado um protocolo de avaliação clínica fonoaudiológica (vide Anexos), com aplicação juntamente com estes exames, para obter-se parâmetros clínicos comparativos, que possibilite mensurar quais são os reais ganhos ou não de padrão e modo respiratório e de postura corporal global por meio da aplicação do tratamento em Equoterapia, a estes pacientes portadores da síndrome da respiração bucal. A Equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas da saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras de deficiência e/ou necessidades especiais. Espera-se verificar uma melhora ou não de postura corporal global, de postura de lábios e de posicionamento de língua, possibilitando a adequação da respiração nasal, por intermédio de alongamentos realizados nos atendimentos em Equoterapia; utilizando-se o movimento tridimensional do cavalo ao passo. E para obter resultados fidedignos, espera-se que este trabalho venha elucidar dúvidas e levantar questionamentos a todas as pessoas que trabalham e acreditam na prática da Equoterapia, e as quais também possam usufruir desta busca de conhecimento científico nesta área tão pouco estudada. Palavras-chave: Eletromiografia, Respirador Bucal e Equoterapia. “Electromyographic Analysis of Orbicular Muscle of the Mouth in MouthBreathing Children, Pre- and Post-Treatment in Equotherapy” Abstract The present work has as its objectives the application of a differentiated therapeutic approach, the evaluation and analysis of the results obtained in the Electromyograhic exam of the orbicular muscles of the mouth and in other complementary exams, such as: Cephalometry and Global Postural Evaluation (Goniometry), in children between the ages of 8 and 13 years, mouth-breathers, pre- and post-treatment in Equotherapy. Therefore, a protocol for clinical, phonoaudiological evaluation was elaborated (see Attachments) to be applied together with these exams in order to obtain comparative clinical parameters that permit us to measure the real gains or not-standard and respiratory mode and global corporal posture by the application of the treatment in Equotherapy to these mouth-breathing patients. Equotherapy is a therapeutic and educational method that utilizes the horse within an interdisciplinary approach in the areas of health, education and equitation, seeking the biopsychosocial development of persons presenting deficiencies and/or special needs. We expect to verify an improvement or not of global corporal posture, lip and tongue posture, permitting the adequation of nasal respiration, through stretching performed during the Equotherapy sessions, utilizing the tridimentional movement of the horse at pace. And to obtain trustworthy results, we are striving for this work to elucidate doubts and to raise questions from all of the persons who work with and believe in the practice of Equotherapy and who can also benefit from this search for scientific knowledge in this area, so little studied. Keywords: Electromyography, Mouth Breather and Equotherapy SUMÁRIO 1. Introdução .................................................................................................................. 1.1. Sistema estomatognático .................................................................................... 1.1.1 Classificação ............................................................................................... 1.1.2 Funções ....................................................................................................... 1.1.2.1 Mastigação ............................................................................................. 1.1.2.2 Sucção .................................................................................................... 1.1.2.3 Fonoarticulação ..................................................................................... 1.1.2.4 Deglutição .............................................................................................. 1.1.2.5 Respiração ............................................................................................. 1.2. Respiração bucal ................................................................................................ 1.3. Músculo orbicular da boca ................................................................................ 1.4. Mau hábito oral .................................................................................................. 1.5. Eletromiografia .................................................................................................. 1.5.1 Potenciais de ação da unidade motora ................................................... 1.5.2 Eletrodos .................................................................................................... 1.5.3 Ruídos e artefatos ...................................................................................... 1.5.4 Filtragem do sinal eletromiográfico ........................................................ 1.6. Cefalometria ....................................................................................................... 1.6.1 Telerradiografia lateral .......................................................................... 1.6.2 Telerradiografia frontal .......................................................................... 1.6.3 Natureza e propriedade dos raio X ........................................................ 1.7. Equoterapia ........................................................................................................ 1.7.1 O cavalo ...................................................................................................... 1.7.2 Histórico .................................................................................................... 1.7.3 Movimento tridimensional do cavalo ...................................................... 1.7.4 As andaduras do cavalo ............................................................................ 1.7.4.1. A Biomecânica do movimento ao passo ..................................... 1.7.5 Áreas de aplicação ..................................................................................... 1.7.6 Programas básicos ..................................................................................... 1.7.7 Atuação Interdisciplinar ........................................................................... 1.8. O Alongamento ................................................................................................. 01 01 03 04 04 05 05 06 06 07 09 10 11 15 16 19 20 20 21 22 22 23 23 24 26 28 29 31 31 32 33 2. Justificativa ................................................................................................................ 34 3. Objetivos. ................................................................................................................... 35 4. Metodologia................................................................................................................ 36 4.1 Condições ambientais.......................................................................................... 36 4.2. Pacientes .............................................................................................................. 36 4.2.1 Critérios de inclusão ................................................................................ 36 4.2.2 Critérios de exclusão ................................................................................ 37 4.2.3 Triagem/ Avaliação em Fonoaudiologia ................................................. 37 4.2.4 Avaliação Postural .................................................................................... 37 4.3 Cefalometria ...................................................................................................... 39 4.3.1. Descrição dos procedimentos.................................................................. 39 4.3.2 Pré e pós-tratamento ............................................................................... 4.4 Eletromiografia ................................................................................................ 4.4.1 Descrição dos procedimentos ................................................................. 4.4.2 Materiais utilizados e procedimentos para coleta dos sinais eletromiográficos ........................................................................................................... 4.4.3 Pré e pós-tratamento em Equoterapia .................................................. 4.5. Tratamento:Equoterapia ................................................................................. 4.5.1 Orientação em Fonoaudiologia ............................................................... 4.5.2 Orientações na Equoterapia (montaria do cavalo) ............................... 4.5.3 Programa de atendimento ....................................................................... 4.5.4 Análise estatística ..................................................................................... 5. Resultados .. ............................................................................................................... 6. Discussão .................................................................................................................... 7. Conclusão ................................................................................................................... Referências ..................................................................................................................... Anexos ............................................................................................................................ 41 41 41 43 46 47 48 48 53 53 54 68 76 78 85 1 1. INTRODUÇÃO A ligação entre aspectos morfológicos e função respiratória tem sido comentada na literatura desde muito cedo; e, portanto há mais de 130 anos George Catlin, já havia observado em seu livro: “Shut your mouth and save your life”, que a respiração bucal provocava mudanças importantes na postura de várias estruturas do complexo craniofacial, rompendo o equilíbrio funcional existente entre estas e podendo levar a alterações morfológicas marcantes caracterizadas por desarmonias no crescimento e desenvolvimento facial (FERES, 1992). A alta incidência de obstrução nasal crônica entre os pacientes que apresentam disfunções do mecanismo oral e a postura de boca aberta devido ao impedimento ou restrição da respiração nasal, representa um dos fatores etio lógicos principais das disfunções do mecanismo oral (HARRINGTON; BREINHOLT, 1963; KORNBLUST; KORNBLUST, 1980), sendo que alguns autores referiram que as alterações musculares são freqüentes principalmente entre pacientes com respiração bucal e problemas dentofaciais. 1.1 Sistema Estomatognático O sistema estomatognático identifica um conjunto de estruturas bucais que desenvolvem funções comuns, tendo como característica constante a participação da mandíb ula (gnática, do grego, gnatus, que significa mandíbula). Como todo sistema, tem características que lhe são próprias, mas depende do funcionamento ou está intimamente ligado à função de outros sistemas como o nervoso, o circulatório, e todos em geral, porque não constitui uma unidade separada do resto do organismo. Diferentes tecidos e órgãos fazem parte deste sistema, como músculos, 2 ossos, dentes, articulações, glândulas, mucosas e o aporte vascular correspondente (DOUGLAS, 1994). Marchesan (1997), define sistema esto matognático como sendo composto por ossos, dentes, articulação temporomandibular, músculos, sistema vascular e nervoso e espaços vazios. Sobre os ossos estão as partes moles e, portanto ao examinar as partes duras, pode-se prever como ocorrem as funções. Qualquer alteração, principalmente sobre os dentes, tenderá a levar a um desarranjo de todo o sistema. Dentre os principais ossos que compõem a face destacam-se a maxila e a mandíbula. Sobre estas bases estão implantados os dentes. O ser humano nasce, cresce, desenvolve-se e envelhece. Ocorrerão modificações constantes durante toda a vida, se estas estruturas estão dentro de um padrão normal de desenvolvimento. Segundo Morales (1999), as funções dos diversos elementos do complexo orofacial são de extrema importância, no conhecimento dos processos fisiológicos normais. Função é cada atividade e cada mudança. A função é o termo genérico que relaciona cada parte do complexo orofacial e os transforma num sistema dinâmico através de atividades coordenadas. Um distúrbio em uma parte do complexo orofacial manifesta-se não apenas no local, mas perturba o equilíbrio de todo o sistema orgânico. O crânio pode ser considerado como um elemento fixo que se apóia sobre a coluna e é por ela movimentado. Nesse elemento fixo encontram-se outros elementos que são móveis, tais como a mandíbula e o osso hióide que alteram, constantemente, sua posição e se adaptam às posturas e movimentos do crânio. A mandíbula e o hióide, por sua vez, estão diretamente conectados, por meio de vários feixes de músculos, com a escápula e a clavícula e, indiretamente, com a cintura pélvica, cujos movimentos e posturas também os influenciam. São os músculos grandes que desempenham o papel mais importante; no entanto os músculos pequenos funcio nam como 3 pequenas alavancas. A ação conjunta de todos os elementos aciona uma ação em cadeia que termina numa atividade adequada (MORALES, 1999). A coordenação do complexo orofacial é a condição prévia necessária para uma articulação correta da fala, assim como para os movimentos harmônicos durante as funções de sucção, mastigação e deglutição. Através do treinamento pré-articulatório das várias estruturas, desenvolve-se a coordenação necessária para a articulação; a força e a velocidade das contrações musc ulares são utilizadas de modo cada vez mais diferenciado (MORALES, 1999). Sendo assim, dentre os músculos da face, da mandíbula (mastigatórios) e de movimentação (flexão) da cabeça, respectivamente, nos deteremos aos que são alvos deste estudo: músculos orbiculares dos lábios (superior e inferior). 1.1.1 Classificação Segundo Douglas (1994), os componentes do sistema estomatognático classificam-se em dois grandes grupos: estruturas estáticas ou passivas e estruturas dinâmicas ou ativas. As estruturas estáticas ou passivas constituem-se de arcos osteodentários, maxilar superior e mandíbula, relacionados entre si pela articulação dupla bilateral móvel, a articulação temporomandibular. Participam também deste sistema outros ossos cranianos e os hióides. E as estruturas dinâmicas ou ativas são representadas pela unidade neuromuscular que mobiliza as partes estáticas, contudo susceptíveis de serem mobilizadas como a mandíbula e os hióides. São classificadas em: músculos mastigatórios, agem sobre a mandíbula; músculos supra e infrahióideos, atuam sobre os hióides; músculos cervicais, mantém a posição cervical e cefálica, 4 adequadas para as funções estomatognáticas; músculos faciais, colaboram nas atividades estomatognáticas e, músculos linguais, parte fundamental de quaisquer das funções bucais. 1.1.2 Funções Após pesquisas realizadas sobre o sistema estomatognático, comprovou-se que sua participação é mais ampla do que na mastigação somente, uma vez que os movimentos da mandíbula são gerados pela sua dupla articulação temporomandibular, conforme características e limitações da cinética mandibular. Além disso, a atividade tônica e fásica dos músculos mastigatórios e os contatos entre as peças dentárias conferem à mandíbula propriedades que devem ser consideradas em conjunto em cada função estomatognática. São consideradas funções estomatognáticas: mastigação, sucção, fonoarticulação, deglutição e respiração (DOUGLAS, 1994). 1.1.2.1 Mastigação A mastigação é a função mais importante do sistema estomatognático, sendo a fase inicial do processo digestivo, o qual se inicia na boca. É considerada o conjunto de fenômenos estomatognáticos que visa a degradação mecânica dos alimentos (trituração e moagem) em partículas pequenas. Estas ligam-se entre si pela ação misturadora da saliva, obtendo o bolo alimentar, apto a ser deglutido. Durante a mastigação, contraem-se coordenadamente vários grupos musculares como: os mastigatórios, os da língua e os faciais, especialmente os músculos bucinador e o orbicular dos lábios. As contrações musculares levam à aposição rítmica dos 5 dentes, por meio da superfície oclusal funcional, gerando-se uma pressão intercuspideana que se aplica sobre os alimentos, quebrando-os em pedaços menores (DOUGLAS, 1994). 1.1.2.2 Sucção No recém-nascido, o contato dos lábios com o mamilo materno provoca movimentos de sucção que podem também ser iniciados pelo contato dos lábios com a chupeta ou um dedo. É um reflexo de alimentação, inato, porquanto visa à ingestão do leite materno, único alimento do recém-nascido (DOUGLAS, 1994). Morales (1999) refere que a sucção está estreitamente relacionada com o processo de integração multisensorial que é definido como a capacidade do sistema nervoso central de obter, selecionar e memorizar informações do próprio corpo ou do mundo exterior para, então, poder dispor delas e adequá- las a cada necessidade. 1.1.2.3 Fonoarticulação Para a articulação dos sons são utilizados os mesmos órgãos usados para as funções vitais como a respiração e a digestão. A articulação consiste na produção de sons da fala, através da interrupção ou bloqueio da corrente aérea expiratória, ocasionada pelos movimentos dos lábios, língua e palato mole. A fala, contudo, apresenta um aspecto mais complexo, pois além de necessitar dos órgãos fonoarticulatórios, é o produto de uma programação do sistema nervoso central, ou seja, das áreas que comandam estas articulações dos sons, juntamente com uma audição adequada (PROENÇA, 1994). 6 1.1.2.4 Deglutição Deglutição é a atividade pela qual o alimento é levado da boca para o estômago. O processo de deglutição pode ser definido em três fases: oral, faríngica e esofágica. A fase oral é considerada um processo voluntário, que o bolo alimentar (produzido pela mastigação prévia) é conduzido com o dorso da língua para a faringe. Na fase faríngica, o bolo alimentar é conduzido da faringe para o esôfago através da parte oral e laríngea da faringe. Esta fase é puramente reflexa. A fase esofágica é caracterizada quando o bolo alimentar é conduzido desde a abertura superior do esôfago até a conexão com o estômago. Uma onda peristáltica reflexa conduz o bolo através do esôfago (MORALES, 1999). 1.1.2.5 Respiração No período neonatal, devido ao pouco crescimento mandibular, a língua apóia-se sobre a gengiva, ficando em contato com o lábio inferior, podendo interpor-se entre os lábios numa posição anteriorizada e rebaixada, ocasionando um espaço aéreo- faríngeo que permite a respiração nasal que ocorre em todo recém- nascido. O processo gradativo de sucção do leite materno propiciará o crescimento ósseo- mandibular adequado para a espera da erupção de dentes, favorecendo assim o posicionamento da língua e o vedamento labial até o final do primeiro ano de idade. Portanto, a respiração nasal se manterá conforme o desenvolvimento crânio - facial, garantindo padrão e modo respiratório adequados, caso não ocorram intercorrências ósseomusculares no período de crescimento do indivíduo (PROENÇA, 1994). 7 1.2 . Respiração Bucal Segundo Angle (1907), a respiração bucal é um fator etiológico importante de deformações durante o período de crescimento facial. Essas deformações poderiam se manifestar como assimetria no desenvolvimento muscular e da arcada dentária, bem como alterações das funções linguais e labiais. Johnson (1943), em seus estudos, refere que a respiração bucal é causada pelo aumento do tecido adenoideano ou alguma outra alteração que provoque a obstrução nasal, tendo como conseqüência a face adenoideana. Pode estar acompanhada de alguns tipos de mal-oclusões, sendo as mais comuns: o estreitamento do arco maxilar e possivelmente do arco mandibular, a protrusão dos incisivos superiores, a falta de desenvolvimento vertical das áreas pré-molares e molares e, a relação distal da mandíbula para a maxila; apresentando com isso, o lábio superior diminuído e o lábio inferior espessado e evertido, observando-se falta de tônus na musculatura facial. Verificou-se ainda que, a maioria dos pacientes usou o lábio inferior quase que integralmente no fechamento dos lábios, resultando em um super desenvolvimento do músculo mentoniano. Em estudo sobre a relação entre as disfunções do mecanismo oral e do desenvolvimento da dentição e da fala, Harrington e Breinholt (1963), citaram que há um interesse mútuo entre as áreas da ortodontia e logopedia no que se refere à inter-relação dos padrões de movimentos musculares, desenvolvimento dos arcos dentários e fonoarticulação. Referem-se ainda que, a alta incidência de obstrução nasal crônica em indivíduos que apresentam disfunções do mecanismo oral e a postura de boca aberta devido à obstrução nasal, representam um dos fatores etiológicos principais das disfunções do mecanismo oral. 8 Hanson (1978), em um estudo sobre respiração bucal, salientou que nesses pacientes tanto a deglutição como a dentição são afetadas, e que muitas vezes levam a distúrbios articulatórios. Refere que geralmente nos indivíduos respiradores bucais, os músculos antigravitacionais da língua, maxila e mandíbula não se desenvolvem adequadamente, deste modo a tonicidade de repouso não corresponde à tarefa necessária de manter a eleva ção normal e permitir o fechamento dos lábios sem esforço durante essas funções. As forças exercidas durante a fala são muito leves na ação, e rapidamente realizadas, nos casos em que ocorrem alterações, como na respiração bucal, poderá haver um abuso nas forças. Os sinais e/ou sintomas mais comuns são denominados como síndrome da respiração bucal, e são citados na literatura enquanto: estrutura facial alterada, mal oclusões, perda da tonicidade labial, lábio superior curto e hipotônico, lábio inferior volumoso e evertido, alteração da tonicidade e mobilidade da língua, alterações posturais, dificuldade para deglutir, redução do apetite, baixo rendimento escolar, fonação incorreta, estreitamento das narinas, palato ogival, desenvolvimento torácico deficiente, entre outros (FASTILITCH, 1967; GROSS et al., 1989; MOREIRA, 1989; CANONGIA et al., 1990; ARAGÃO, 1991). Segundo alguns autores Proffit (1978) e Shellhart et al. (1996), as pressões exercidas durante o repouso pelos lábios, língua e bochechas desempenham um papel importante na posição final dos dentes. No paciente respirador bucal estas três estruturas encontram-se adaptadas à estrutura facial alterada. Mais especificamente, em relação aos lábios, quando um paciente respira predominantemente pela boca, seu padrão postural será o de lábios separados. A alteração mais importante provocada pela respiração bucal é a mudança na posição lingual e na postura mandibular. Para poder respirar pela boca, a criança necessita mantê- la constantemente aberta, tendo como conseqüência um abaixamento da língua e da mandíbula, e à 9 hipofunção da musculatura facial e mastigatória; principalmente do músculo orbicular da boca (CASTRO; ZEREDO, 1996). Sabe-se que dentre as adaptações morfológicas decorrentes da respiração predominantemente bucal, as alterações relativas à musculatura são bastante evidentes. Em pacientes portadores da síndrome da respiração bucal, muitas vezes, a disfunção muscular tem sido responsabilizada pelas alterações morfofuncionais que estes apresentam em decorrência da adaptabilidade mútua entre forma e função. A postura labial característica desses indivíduos define um padrão de hipofuncionalidade em ambos os lábios, sendo que geralmente o que verificamos é um lábio superior encurtado e um lábio inferior evertido. Constituídos de tecidos moles, os lábios são elementos dinâmicos da face e estão envolvidos em atividades como fechamento, arredondamento, compressão e protrusão, entre outros, e são as mudanças de posição assumidas por estas partes móveis e da musculatura facial, especificamente, da região peribucal, que podemos elucidar as atividades de mastigação, deglutição e da fala (TOMÉ et al., 1998). 1.3 Músculo orbicular da boca Feres (1992), refere que o músculo orbicular dos lábios apresenta duas porções, uma marginal e outra labial. A primeira provoca, durante a contração, a projeção dos lábios para frente, contribuindo ao mesmo tempo para o selamento labial. É um músculo ímpar, responsável pelo arcabouço labial, considerado como um dos músculos que se relacionam com a rima bucal. O músculo orbicular da boca possui feixes que se ordenam elipticamente em volta da boca. Compõe-se de vários feixes que seguem em diversas direções. Divide-se em uma parte 10 labial e uma parte marginal. As fibras superiores e inferiores se entrecruzam na região do ângulo da boca; algumas fibras se introduzem por entre as fibras do músculo bucinador (MORALES, 1999). A função do músculo orbicular é permitir que os lábios entrem em contato com uma leve contração, e, no caso de contração mais forte, os lábios se projetem para frente em forma de tromba (MORALES, 1999). Burstone (1967) realizou uma ampla revisão sobre postura labial e sua importância no planejamento terapêutico e cita duas posições posturais de lábios: relaxados, na qual os lábios encontram-se separados e suspensos livremente sem contração; e fechados, na qual os lábios tocam-se levemente com a mínima contração na tentativa de realizar o vedamento labial. O autor refere que a postura labial deve ser considerada como um elemento importante na determinação de posições estáveis dos dentes. 1.4 Mau Hábito Oral Hábito é um costume ou uma prática adquirida pela repetição freqüente de um mesmo ato, que à princípio exista de forma consciente e logo se transforma em inconsciente (KORKHAUS, 1944; MOYER,1976; HOTZ,1977; GRABER, 1980). Existem hábitos desfavoráveis ou maus hábitos orais, entre os quais temos: sucção de dedo, chupeta e outros; respiração bucal; interposição da língua em repouso, ao engolir e ao falar; e interposição labial. Os maus hábitos bucais são capazes de alterar o desenvolvimento normal do sistema estomatognático, realizando sobre uma ação deformadora pelo desequilíbrio das forças musculares internas e externas. O desequilíbrio muscular ocorre quando uma das forças que está 11 em equilíbrio, é incapaz de exercer sua ação, permitindo que a outra força, mantendo sua intensidade normal, e a capacidade de causar a deformidade óssea. Por vezes, se agrega uma força anormal e alheia ao sistema que é capaz de efetuar uma ação deformadora sobre as arcadas dentárias, como exemplo, a sucção do dedo (digital) ( MISRACHI ; CADIZ, 1985). A deformação causada pelos maus hábitos dependerão de fatores, como (MISRACHI; CADIZ, 1985) : a idade em que se iniciam , o tempo e a freqüência com que estes se realizam. . Isto é muito importante, e ainda precocemente, está em plena formação e é facilmente moldável por qualquer força que atue sobre ele. Portanto quanto menor idade, maior o tempo e a freqüência em que se instalem os maus hábitos bucais, maiores os danos ( MISRACHI ; CADIZ, 1985). Existem hábitos favoráveis ou funcionais que ajudam a um desenvolvimento harmônico do sistema estomatognático. São eles: respiração nasal; mastigação correta; falar e pronunciar as palavras corretamente; e deglutir os alimentos de forma adequada (MISRACHI; CADIZ, 1985). 1.5 Eletromiografia (EMG) Desde a 2ª Guerra Mundial a utilização da EMG, de fato é considerada como o estudo do comportamento motor humano, o elemento aglutinador das diferentes áreas. A EMG cinesiológica representa um método de primeira utilidade na investigação de: estudos da função muscular normal em diferentes posturas e movimentos; estudos da atividade muscular nos gestos desportivos, nos gestos profissionais e na reabilitação; estudos de coordenação muscular; estudos de controle motor e de aprendizagem; estudos sobre a relação entre o trabalho mecânico produzido pelo músculo e o EMG; avaliação de métodos de treino; estudos sobre a fadiga; 12 estudos ergonômicos sobre a influência de material e equipamentos na atividade muscular (CORREIA et al., 1998). A EMG é um método utilizado para detectar, medir e registrar os potenciais de ação de fibras musculares produzidos durante uma contração muscular. O estudo da função muscular através deste método permite fazer interpretações em condições normais e patológicas (LOEB; GANS, 1986). Pela eletromiografia há a possibilidade de saber quando e como um músculo é ativado e ainda determinar como se estabelece a coordenação de diferentes músculos envolvidos no movimento (MARCHIORI; VITTI, 1996). Além disto, a eletromiografia na pesquisa clínica de várias especialidades, tem se constituído em um importante instrumento para a investigação das bases fisiopatológicas das alterações que acometem essa musculatura. Atualmente, esta representa um meio não só de avaliação como também de acompanhamento do tratamento. É um método de estudo da atividade neuromuscular que se baseia na representação gráfica da atividade elétrica do músculo. A célula muscular no estado de repouso caracteriza-se por uma diferente distribuição iônica no interior e exterior da membrana celular, que é conseqüência das características da membrana e dos processos de transporte ativo e difusão que aí ocorrem. Esta distribuição iônica resulta numa diferença de potencial entre o exterior e o interior da membrana, designado por potencial de repouso. O processo de excitação da célula muscular iniciado ao nível do motoneurônio alfa e que culmina com a ativação das proteínas contráteis, passa pela alteração desse potencial de repouso, induzido pelo mediador químico libertado na placa motora (CORREIA et al., 1998). Essa alteração consiste num conjunto de fenômenos eletroquímicos – potencial de ação – que vão transferindo consecutivamente nos dois sentidos da membrana. A entrada de uma fibra muscular em ação é, portanto, sempre antecedida de uma corrente eletroquímica que percorre sua 13 membrana. Na propagação da despolarização ao longo do sarcolema, gera-se uma diferença de potencial entre as zonas ativas e inativas que produz, devido às propriedades condutoras dos meios biológicos, uma corrente que se difunde à distância e que pode ser detectada através de eletrodos (CORREIA et al., 1998). Além disso, os sinais registrados através da eletromiografia também podem fornecer importantes informações sobre a estrutura e o funcionamento das unidades motoras (MORAES, 2000). Dentre suas inúmeras áreas de aplicação estão à clínica médica, para o diagnóstico de doenças neuromusculares; a reabilitação, para a reeducação da ação muscular (biofeedback eletromiográfico); a anatomia, com o intuito de revelar a ação muscular em determinados movimentos; a biomecânica, sendo utilizada como indicador de estresse, de parâmetro de controle do sistema nervoso e reconhecimento de padrões de movimento (AMADIO et al., 1996). Em avaliações eletromiográficas e cefalométricas, foi realizada a análise do complexo peribucal, em crianças selecionadas ao acaso e verificou-se que muitas destas mantinham a posição de repouso com os lábios separados e nesta posição, não foi registrada atividade elétrica muscular. Quando os lábios entravam em contato, a atividade muscular era notada. Verificou-se também que o músculo orbicular superior e o orbicular inferior funcionam como entidades separadas e independentes (NIEBERG, 1960). Moller (1966) analisou a atividade dos músculos mastigatórios e orbicular da boca em repouso, deglutição, mastigação e oclusão forçada, e encontrou maior atividade dos músculos avaliados nos movimentos de mastigação e deglutição. A atividade no movimento de deglutição foi baixa no músculo orbicular da boca, aumentando segundo o grau de insuficiência labial. Refere uma correlação positiva entre incisivos inferiores retroinclinados e atividade dos lábios superior e inferior. 14 Isley e Basmajian (1973) realizaram avaliação eletromiográfica dos músculos orbicular superior e inferior da boca, em músicos, durante a execução do movimento de sopro. Os resultados desta pesquisa mostraram que a atividade do músculo inferior da boca aumentava proporcionalmente ao esforço realizado. Gustafsson e Ahlgren (1975) analisaram o nível de atividade dos músculos orbiculares da boca e mentoniano, através da avaliação eletromiográfica e cefalométrica, em pacientes com diferentes morfologias labiais, correlacionando esta atividade com a anatomia dentofacial. Os músculos foram examinados em posição de repouso, no vedamento labial, na deglutição e na mastigação. A avaliação foi realizada em 10 crianças com lábios competentes, definido como sem qualquer tensão na região do mento, e 10 crianças com lábios incompetentes, definido como apresentando nítido enrugamento na pele do mento ao selar os lábios. Os autores concluíram que a atividade foi bem maior nos indivíduos com lábios incompetentes, com acentuada relações vertical da maxila e mandíbula, altura anterior da face e protrusão dos incisivos. Vitti et al. (1975), avaliaram por meio da eletromiografia, os músculos orbiculares da boca, bucinador e genioglosso e analisaram a influência desses músculos sobre o arco dentário. Constataram que, durante a posição de repouso, os músculos avaliados não apresentaram atividade, sugerindo que as pressões exercidas pela língua e musculatura perioral sobre os dentes durante a maioria das funções bucais normais não são substancialmente maiores que as pressões exercidas no repouso. Essenfelder eVitti (1977), avaliaram os músculos orbiculares da boca superior e inferior, porção medial e lateral de 19 adolescentes, de 14 e 15 anos, com oclusão clinicamente normal através da eletromiografia. O objetivo desse estudo foi observar o comportamento desses músculos durante a posição de repouso e em diversos movimentos para possibilitar comparações com más oclusões. Verificou-se que os indivíduos com oclusão normal não apresentaram 15 atividade elétrica significativa nos músculos avaliados durante a deglutição e no repouso. Concluíram que existe uma independência muscular entre as regiões laterais e mediais dos músculos orbiculares da boca, superior e inferior, durante o seu funcionamento, apesar de fazerem parte do mesmo músculo. 1.5.1 Potenciais de ação da unidade motora O tecido muscular conduz potenciais elétricos de maneira similar ao modo como os axônios transmitem potenciais de ação. O nome dado a este sinal elétrico especial gerado na fibra muscular como um resultado do recrutamento de unidades motoras é o potencial de ação de unidades motoras (WINTER, 1991). A unidade motora é a unidade funcional do músculo esquelético e inclui um único neurônio motor e todas as fibras musculares inervadas por ele. Esta unidade é a menor parte do músculo que pode se contrair independentemente. Quando estimulada, todas as fibras musculares na unidade motora respondem como uma única (LORENZ; CAMPELLO, 2003). O número de fibras que formam uma unidade motora é fortemente relacionado ao grau de controle requerido pelo músculo. Nos músculos pequenos que executam movimentos muito finos, como os músculos extra-oculares, cada unidade motora pode conter menos de uma dúzia de fibras musculares; em músculos grandes que executam movimentos mais grossos, como os gastrocnêmios, a unidade motora pode conter de 1.000 a 2.000 fibras musculares (LORENZ; CAMPELLO, 2003). Para um dado músculo, pode existir um número variável de unidades motoras, cada uma controlada por um neurônio motor através das junções sinápticas neuromusculares, que são 16 chamadas de placas motoras terminais (WINTER, 1991). Um potencial de ação conduzido por um neurônio motor chega à placa terminal, dispara uma seqüência de eventos eletroquímicos e ativa cada uma das unidades motoras dentro do músculo e, quando são ativadas unidades motoras suficientes, ocorre uma despolarização da membrana muscular, que resulta numa voltagem perceptível. A voltagem pode ser detectada por eletrodos de eletromiografia colocados na área e a voltagem medida representa a soma algébrica de todos os potenciais de unidades motoras (JOHANSON, 1998). Já o ponto motor corresponde ao ponto na superfície da pele que reveste o músculo e o ativa com a menor intensidade de uma corrente. Eletrodos de estimulação elétrica neuromuscular são freqüentemente colocados sobre esses pontos de maneira que se obtenha uma estimulação muscular máxima com uma corrente mínima (ROBINSON; SNYDER-MACKLER, 2001). 1.5.2 Eletrodos Os eletrodos são classificados, basicamente, de duas formas: superfície e invasivo (agulha ou fio) (SUTHERLAND, 2001). O eletrodo do tipo agulha é pouco utilizado em seres humanos justamente por ser um método invasivo e, além disso, a pessoa que deverá aplicar o teste precisa ser bem treinada e extremamente qualificada (SUTHERLAND, 2001). Os eletrodos do tipo fio foram introduzidos em estudos em 1961 por Basmajian e Stecko. Além de ser pouco utilizado, este tipo de eletrodo pode migrar após sua inserção. Isto é particularmente notado nas primeiras pequenas contrações musculares (SODERBERG; COOK, 1984). 17 A eletromiografia de superfície permite ao paciente ser avaliado dinamicamente de forma indolor e não invasiva, o que auxilia na “naturalidade” do movimento. No entanto, esse tipo de eletrodo de captação normalmente é utilizado apenas para verificar a presença ou não de atividade muscular, pois como o eletrodo de captação não está diretamente em contato com o músculo, há dificuldade para detectar ou isolar o potencial de ação de um único músculo pelas interferências causadas durante a contração dos músculos adjacentes (crosstalk). O eletromiógrafo pode medir atualmente, através de eletrodos de superfície, até 128 sinais eletromiográficos gerados pelos músculos durante os movimentos (MORAES, 2000). São utilizadas atualmente duas formas diferentes de recolher os sinais eletromiográficos: Eletromiografia de superfície e Eletromiografia de profundidade. Neste presente estudo utilizaremos a Eletromiografia de superfície, devido ao fácil manuseamento e controle motor para o experimentador, o maior conforto para o executante, a possibilidade de uma análise global do comportamento dos músculos, e as correlações verificadas entre a Eletromiografia de superfície e o trabalho mecânico produzido pelo músculo, justificam porque a Eletromiografia de superfície é normalmente escolhida pelos investigadores para os estudos cinesiológicos, não obstante as limitações que também apresenta (BOUISSET; GOUBEL, 1973; BOUISSET; MATON, 1973; BOUISSET et al., 1976). Os eletrodos de superfície são conectados à pele e detectam a saída elétrica do tecido na área sob ele. Os eletrodos de cloreto de prata ou de prata são menos sensíveis às mudanças de temperatura ou suor, produzindo um sinal mais confiável (HAMILL; KNUTZEN , 1999). O sistema de registro típico para EMG consiste em um conjunto de eletrodos bipolares, colocados em cima ou a uma curta distância, do ponto motor, o local da entrada a terminação nervosa do músculo. Um eletrodo adicional é também colocado sobre uma protuberância óssea para servir como ponto de referência. À medida que o potencial de ação na fibra muscular 18 percorre o músculo em direção aos dois eletrodos, o sinal de voltagem registrado passa por zero e então se move no sentido negativo à medida que o sinal se distancia dos eletrodos. Conseqüentemente, o sinal da EMG representa uma onda sinosoidal, flutuando entre o negativo e o positivo. Quanto maior a distância entre o potencial de ação e os eletrodos menor é o sinal (HAMILL; KNUTZEN, 1999). Além desta modalidade de EMG de superfície existe também a EMG por telemetria, que consiste em eletrodos de superfície sem cabos, permitindo ao indivíduo maior liberdade de movimento dentro do alcance do transmissor (JOHANSON, 1998). Existem alguns fatores que afetam os sinais eletromiográficos como a área e a forma da superfície de detecção do eletrodo (alterando a amplitude do sinal), a distância entre as superfícies de detecção do eletrodo (alterando a freqüência do sinal), a localização do eletrodo em relação aos pontos motores, zona de inervação, lateralidade e a orientação do eletrodo em relação às fibras (KLEISSEN et al., 1998). Para que o sinal eletromiográfico que é conectado ao terminal de entrada do amplificador não sofra uma atenuação é preciso que a impedância de entrada (resistência) de um amplificador biológico seja suficientemente alta. Cada interface eletrodo-pele tem uma impedância finita que depende de vários fatores: espessura da camada da pele, limpeza da pele antes da fixação dos eletrodos, área da superfície do eletrodo e temperatura do gel e do eletrodo utilizados (WINTER, 1991). 19 1.5.3 Ruídos e Artefatos Ao se medir os sinais eletromiográficos com eletrodos de superfície, há um conjunto de interferências de diversas fontes que podem se misturar ao sinal mioelétrico. Cada uma destas interferências tem características próprias que precisam ser reconhecidas para que sejam eliminadas, seja na fase de medição ou na fase de processamento. O sinal eletromiográfico (de superfície), como uma soma de ondas de várias freqüências, tem a sua informação útil localizada numa banda de freqüências determinadas, reduzida pelo efeito de “filtros dos tecidos” que se interpõem entre as fibras ativas e a superfície de detecção. A banda passante de um filtro corresponde aos valores de freqüência situados entre o filtro de corte de baixas freqüências (passa-alta) e o filtro de corte de frequências altas (passa-baixa) (JOHNSON; PEASE, 1997; CRAM; KASMAN; HOLTZ, 1998). É de grande importância que o sinal adquirido não tenha sofrido distorções e que esteja livre de ruídos e artefatos, ou seja, ele deve ser um sinal amplificado linearmente acima da variação do amplificador e sistema de registro (WINTER, 1991). Ruídos produzidos pelo homem usualmente vêm de linhas de força, de equipamentos ou são gerados dentro dos componentes do amplificador. Artefatos geralmente se referem a falsos sinais gerados dentro dos componentes do amplificador. Artefatos geralmente se referem a falsos sinais gerados pelos próprios eletrodos ou pelo sistema de cabos. Algo não familiar ao registro eletromiográfico será referido como saltos de linha de base de freqüência baixa, chamados artefatos de movimento, que resultam de toque no eletrodo ou movimento dos cabos (WINTER, 1991). 20 1.5.4 Filtragem do sinal eletromiográfico Um importante aspecto a ser considerado durante a aquisição de sinais de EMG superficiais corresponde à fidelidade do sinal após realizar-se o processamento, principalmente em relação à atenuação das amplitudes dos componentes de altas freqüências do sinal (MORAES, 2000). Os potenciais de ação das unidades motoras normais apresentam normalmente três ou mais fases, e a aquisição eletromiográfica contém uma série desses potenciais, que numa contração forte, podem estar sobrepostos, resultando num traçado característico conhecido como traçado de interferência (AMADIO et al., 1996). Esse sinal original é, usualmente, submetido a um processamento, para que possa haver uma melhor visualização para comparação com outros sinais biológicos. O sinal pode ser retificado através do processamento matemático que faz a raiz quadrada da média elevada ao quadrado, conhecida como abreviada em inglês RMS (root mean square). Este sinal retificado pode passar por um filtro passa-baixa, para uma apresentação do envoltório da curva. Pode-se então, fazer o processamento do sinal de acordo com o objetivo específico do trabalho (AMADIO et al., 1996). 1.6 Cefalometria Cefalometria é um método que, empregando radiografias orientadas, obtém mensurações lineares e angulares dos diversos elementos anatômicos do crânio e da face, propiciando 21 importantes informações para elaboração das análises cefalométricas. Por meio da análise cefalométrica, metodologia de interpretação dos valores obtidos nos cefalogramas é possível: avaliar o crescimento e desenvolvimento dos ossos maxilares e faciais; possibilitar aos ortodontistas meios eficientes para diagnosticar as anomalias e alterações em várias regiões do crânio; observar as alterações que estão se processando tanto em nível de crescimento como pela ação mecânica empregada, em telerradiografias tiradas do mesmo paciente nas várias fases do tratamento; analisar e avaliar os resultados obtidos para verificação se as metas propostas foram atingidas e; documentar de forma legal a evo lução de cada paciente (BARROS, 1997). A cefalometria tem por objetivo a medida de grandezas lineares e angulares da cabeça, e a cefalometria radiográfica obtém essas medidas em radiografias do crânio, de frente (frontal) e de perfil (lateral) (FERREIRA, 1992). 1.6.1 Telerradiografia lateral A projeção lateral nos fornece a radiografia mais usada nas avaliações das relações dos dentes com o esqueleto ósseo. Além de possibilitar o estudo cefalométrico, fornece informações sobre dentes inclusos, ausência congênita de dentes, cistos e dentes supranumerários. Podem ser avaliadas amígdalas, adenóides, com a respectiva influência na obstrução das vias aéreas superiores. Podem ser identificadas afecções menos freqüentes como: lábio e palato fissurados, macroglossia, fraturas e prognatismo do maxilar inferior. Para permitir o estudo cefalométrico, as telerradiografias devem apresentar: nitidez das estruturas anatômicas, ser obtida com os dentes em oclusão cêntrica, as olivas no cefalostato devem der coincidentes e deve apresentar nitidez do perfil tegumentar (FERREIRA, 1992). 22 1.6.2 Telerradiografia frontal A telerradiografia frontal é obtida no sentido ântero-posterior, registra a face e fornece dados que permitem determinar os desvios no plano horizontal, tais como assimetrias faciais, mordidas cruzadas posteriores, atresias maxilares e desvios da linha mediana (FERREIRA, 1992). 1.6.3 Natureza e propriedade dos raios X Os raios X são vibrações atômicas que originam-se quando um elétron livre, animado de grande velocidade, choca-se, dentro de um átomo pesado, com outro elétron satélite, passando de uma das órbitas profundas do átomo à outra, produzindo um desequilíbrio energético dentro deste átomo que se manifesta exteriormente pela emissão de uma radiação X. Os raios X que formam parte do espectro eletromagnético, são invisíveis e têm limites entre 5 A e 0,01 A . Podem atravessar os corpos. Atacam os sais de prata (fundamento da radiografia). Excitam a fluorescência de determinadas substâncias (base da radioscopia). Sua absorção pelos meios biológicos se traduz por modificações celulares, irritabilidade, modificação ou destruição, segundo a dose, o que permite seu emprego em terapêutica ou radioterapia (FERREIRA, 1992). 1.7 Equoterapia 1.7.1 O Cavalo 23 O cavalo pertence à ordem dos perissodáticos da família dos Equídeos, da subfamília Equina na qual se encerra o único representante atual do gênero EQUUS, que é a espécie Cabalus, ou seja, o cavalo propriamente dito, tal como o é atualmente (ANDE-BRASIL, 2000). Os destinos do cavalo e do homem são inseparáveis. É conhecido e admirado o valor do cavalo na vida do homem e quanto tem sido útil no progresso da humanidade associado à nossa evolução. O cavalo foi utilizado como meio de conquista, de imigração, de transporte, de trabalho, de veneração e de crença, na mitologia, na fabricação de soro e vacina, no lazer e no esporte. Hoje, lhe é dado um grand e destaque como agente terapêutico, pedagógico e de inserção social (ANDE-BRASIL, 2000). Animal dócil, de porte e força, que se deixa montar e manusear. Se transforma em um amigo e o praticante de Equoterapia cria com ele um relacionamento afetivo importante. O praticante (por suas necessidades de alegrar-se, amar e estabelecer limites) e o cavalo estabelecem uma relação harmoniosa e conseguem atuarem juntos. O código de comunicação utilizado nesta relação é o de afetividade, estabelecida pela desinibição e confiança recíprocas (ANDE-BRASIL, 2000). 1.7.2 Histórico Equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras de deficiência e/ou com necessidades especiais. A palavra Equoterapia foi criada pela ANDE-BRASIL (Associação Nacional de Equoterapia, situada em Brasília -DF, sendo esta uma sociedade civil, de caráter filantrópico, 24 terapêutico, educativo, cultural, desportivo e assistencial, sem fins lucrativos), fundada em 10 de Maio de 1989 (ANDE-BRASIL, 2000). O uso do exercício eqüestre, com a finalidade de reeducação psicomotora dos portadores de deficiência, não é uma descoberta recente, como faria pensar o interesse surgido há algum tempo por esta prática. Hipócrates de Loo (458-370 a.C.), no seu livro “Das Dietas”, aconselhava a equitação para regenerar a saúde e preservar o corpo humano de muitas doenças, mas, sobretudo para o tratamento da insônia. Além disso, afirmava que a equitação praticada ao ar livre promovia que os músculos melhorassem o seu tônus (ANDE-BRASIL, 2000). Com o passar do tempo, outros autores também recomendaram o uso do cavalo no processo de reabilitação humana, são eles: GALENO (130-199 d.C.), MERKURIALIS (1569), THOMAS SYDENHAM (1624-1689), CHARLES S. CASTEL (1734), SAMUEL QUELMALZ (1687-1758) fez a primeira referência ao movimento tridimensional do cavalo, JOHN PRINGLE (1707-1782), GIUSEPPE BENVENUTI (1772), JOSEPH C. TISSOT (1782), GOETHE (17401832) reconheceu o valor salutar da equitação pelo benefício na distensão da coluna vertebral, favorecida pelas oscilações às quais o cavaleiro é submetido, adaptando-se ao movimento do cavalo, como também pelo estímulo delicado, porém constante feito à corrente sanguínea, Gustavo Zander (1890), De Lubersac e Lalleri (1965), Killilea (1963) (apud ANDE-BRASIL, 2002). Após a primeira Guerra Mundial, o cavalo entrou definitivamente na área da reabilitação, sendo empregado como instrumento terapêutico nos soldados sequelados do pós- guerra. Os países escandinavos foram os primeiros a utilizá- lo com tal finalidade, obtendo resultados muito satisfatórios, estimulando o nascimento de outros centros terapêuticos na Alemanha, França e Inglaterra. Em 1965, a Universidade de Salpetrièri incluiu a Equoterapia como matéria didática. 25 Em 1972, na Universidade de Paris-Val de Marne, foi defendida a primeira tese de Equoterapia pela Dra. Collete Picart Trintelin (ANDE-BRASIL, 2002). Atualmente, a Equoterapia é praticada em mais de 30 (trinta) países, entre eles destacamse as associações: na Inglaterra, a R.D.A.(Riding for Disable Association) desde 1968; na França, a A.N.D.R.E.(Association Nationale de Reeducation par L’Equitation) desde 1970; N.A.R.H.A. ( North American Riding for the Handicapped Association), fundada em 1969, sendo o mais importante centro de referência para a equitação de deficientes dos EUA e Canadá. Na Itália, a A.N.I.R.E.(Associação Nacional Italiana de Reeducaçao Equestre), foi fundada em 1977 ((MEDEIROS; DIAS, 2002). Em 09/04/1997, ocorreu o reconhecimento da Equoterapia pelo Conselho Federal de Medicina- Parecer n 06/97- como método terapêutico de reabilitação motora. Em 1999, foi realizado o Primeiro Congresso Brasileiro de Equoterapia, e em 2002 foi realizado o segundo, em Jaguariúna-SP (ANDE-BRASIL, 2002). 1.7.3 Movimento Tridimensional do Cavalo A Equoterapia tem como objetivo auxiliar na aquisição e desenvolvimento das funções psicomotoras, por intermédio da utilização do cavalo como instrumento terapêutico, exigindo do cavaleiro planejamento e criação de estratégias, desenvolvendo e/ou potencializa ndo as habilidades motoras e as atitudes conceituais diversas. É de suma importância salientar que somente pelo alinhamento gravitário homem/cavalo, observando-se que estes são imóveis um em relação ao outro, porém móveis em relação ao solo, se consegue acionar o sistema nervoso, alcançando os objetivos neuromotores, tais como: 26 melhora do equilíbrio, ajuste tônico, alinhamento corporal, consciência corporal, coordenação motora e força muscular (MEDEIROS; DIAS, 2002). Na Equoterapia, ao invés do indivíduo ser chamado de paciente, o mesmo recebe o nome de praticante. Este é o termo utilizado para designar a pessoa portadora de deficiência e/ou com necessidades especiais quando em atividades equoterápicas. Na Equoterapia, o sujeito participa de seu processo de reabilitação, na medida em que interage com o cavalo (ANDE-BRASIL, 2000). A primeira manifestação quando um ser humano está a cavalo é o ajuste tônico (Figura 1). Na verdade o cavalo nunca está totalmente estático, pois ele realiza a troca de apoio das patas, o deslocamento da cabeça ao olhar para os lados, as flexões da coluna, o abaixar e o alongar do pescoço, etc., impõem ao cavaleiro um ajuste no seu comportamento muscular, a fim de responder aos desequilíbrios provocados por estes movimentos (LALLERY, 1988). Existem várias pesquisas sobre os movimentos do dorso do cavalo e suas conseqüências para o cavaleiro, entre os pesquisadores encontram-se Dr. Hubert Lallery (França) e a equipe de Bale, na Suíça. As informações proprioceptivas que provêm das regiõ es articulares, musculares, periarticulares e tendinosas provocam, na posição sentada sobre o cavalo, novas informações, bastante diferentes das habituais que são fornecidas à pessoa na posição em pé, sobre os pés. Essas informações, determinadas pelo passo do cavalo, permitem a criação de esquemas motores novos. Trata-se nesse caso, de uma técnica particularmente interesssante de reeducação neuromuscular (LALLERY, 1988). O ajuste tônico, movimento automático de adaptação, torna -se rítmico, com o deslocame nto do cavalo ao passo. O passo do cavalo sendo regular determina um ritmo que se torna para o cavaleiro um embalo; podendo variar numa freqüência entre 40 e 78 batidas por minuto (passo muito alongado e muito curto), tendo por isto utilização terapêutica, conforme 27 necessidade patológica do praticante. Esta adaptação ao ritmo é uma das peças mestras da Equoterapia, promovendo uma mobilização ósteo-articular, contração e descontração dos músculos agonistas e antagonistas (ANDE-BRASIL, 2002). Cada passo completo do cavalo apresenta padrões semelhantes aos do caminhar humano, impõe deslocamento da cintura pélvica da ordem de 5 cm nos planos vertical, horizontal e sagital; e uma rotação de 8 graus para um lado e para o outro. Cada passo produz de 1 (um) a 1,25 (um e vinte e cinco) movimentos por segundo. Em 30 minutos de atendimento em Equoterapia, o praticante executa de 1800 (um mil e oitocentos) à 2250 (dois mil duzentos e cinquenta) ajustes tônicos (ANDE-BRASIL, 2002). Figura 1 – Movimento tridimensional do cavalo- ajustes tônicos posturais. 1.7.4 As andaduras do cavalo O cavalo possui três andaduras naturais: passo, trote e galope. O trote e o galope são andaduras saltadas, portanto, entre um lance e outro, seja no trote (um tempo de suspensão) ou 28 no galope (dois tempos de suspensão), o cavalo não toca com seus membros no solo. Em conseqüência, seu esforço é maior, e seus movimentos mais rápidos e bruscos, exigindo do cavaleiro mais força para poder acompanhar os movimentos do animal (MEDEIROS; DIAS, 2002). Contudo, na Equoterapia utilizamos com maior frequência o cavalo ao passo, pois esta é uma andadura que possui movimento tridimensional e transmite ao cavaleiro, como resultante, uma série de movimentos seqüenciados e simultâneos. Estes se traduzem no eixo vertical, em movimento para cima e para baixo; no plano frontal, em movimento para a direita e a esquerda; e no plano sagital, em movimento para frente e pra trás. Este movimento é completado com pequena torção da bacia do cavaleiro, que é provocada pelas inflexões laterais do dorso do animal (MEDEIROS; DIAS, 2002). 1.7.4.1 A Biomecânica do movimento ao passo O cavalo, ao iniciar o movimento de distensão de sua pata posterior esquerda para debaixo de se u corpo, movimento de impulsão, gera uma perda de equilíbrio de seu centro gravitário, deslocando o seu corpo para frente e para direita, havendo nesse instante um movimento de flexão da coluna vertebral, gerado pelo movimento do membro posterior (MEDEIROS; DIAS, 2002). Em seguida, ocorre o avanço da pata anterior direita de forma a escorar a massa que se desloca. Ao tocar o solo com a pata anterior direita, ele freia o movimento para frente, provocando a busca do equilíbrio, gerando uma extensão em sua coluna vertebral. Durante o movimento de flexão (da coluna vertebral do cavalo), o cavaleiro é impulsionado para cima e, 29 quando ocorre à extensão, retorna à posição inicial, direcionada para baixo, sendo estimulado duas vezes infra-superiormente num único passo (MEDEIROS; DIAS, 2002). No plano frontal, o movimento é produzido pelas ondulações horizontais da coluna vertebral do cavalo, que se estendem desde a sua nuca até a extremidade da sua cauda, de maneira simétrica. Quanto maior for a flexibilidade da coluna, maior será a amplitude de seus movimentos. Durante o deslocamento, o cavalo movimenta seus membros de forma alternada. Quando um membro avança, o outro atrasa. Na seqüência do movimento seus quatro membros variam de posição, passando sucessivamente pelas diversas bases de apoio (MEDEIROS; DIAS, 2002). No plano sagital, o cavalo produz o movimento para frente e para trás, composto por perdas e retomada de desequilíbrio. Ao iniciar o movimento de distensão da pata posterior direita, ocorre perda de equilíbrio, deslocando o corpo do cavalo para frente e para esquerda. Para retomar o equilíbrio, o cavalo alonga seu pescoço, abaixa a cabeça e avança a pata anterior esquerda para escorar a massa que se desloca. Ao tocar o solo com a pata anterior esquerda, o cavalo freia o movimento para frente, levanta a cabeça retomando o equilíbrio, facilitando o avançar da pata posterior direita. Em um passo completo, o cavaleiro é deslocado ânteroposteriormente duas vezes (MEDEIROS; DIAS, 2002). Os deslocamentos de cintura pélvica produzem vibrações nas regiões ósteo-articulares que são transmitidas ao cérebro, via medula, com a freqüência de 180 oscilações por minuto, o que é apontado como sendo o mais adequado à saúde (MEDEIROS; DIAS, 2002). Ao volume de informações proprioceptivas importantes é necessário acrescentar a massa de informações exteroceptivas cutâneas que são de origens diversas. Os glúteos, em contato com a sela ou sobre o dorso do cavalo, passam um grande número de informações, bem como a face 30 interna das coxas e das panturrilhas, quando estão em contato com os flancos do cavalo; além da contribuição que as mãos em contato com as rédeas também somam (MEDEIROS; DIAS, 2002). A partir do momento em que o cavaleiro está montado em um cavalo, ele muda seu plano de visão, a noção de esquema corporal e espacial. Desta maneira, ele passa a ver o mundo por um foco superior ao do pedestre, e bem mais diferente do que um portador de necessidades especiais que utiliza cadeira de rodas para locomover-se. Seu olhar vai além, e ele domina o cavalo. Informações auditivas e olfativas também são dadas simultaneamente, através das batidas dos cascos no solo, dos relinchos, das vozes dos terapeutas que estão à volta do cavalo, dos sons vindos da natureza, do cheiro do próprio cavalo e da disposição e condições do lugar, onde são realizados os atendimentos em Equoterapia (MEDEIROS; DIAS,2002). 1.7.5 Áreas de Aplicação As áreas de aplicação da Equoterapia são: reabilitação, para pessoas portadoras de deficiência física e/ou mental; educação/reeducação, para pessoas com necessidades educativas especiais e outros; e social, para pessoas com distúrbios evolutivos ou comportamentais (ANDEBRASIL, 2000). Nesta pesquisa, será realizado o tratamento em Equoterapia voltado à área de aplicação da educação/reeducação. 1.7.6 Programas Básicos Os programas básicos da Equoterapia são (ANDE-BRASIL, 2000): Hipoterapia, Educação/Reeducação e Pré-esportivo. 31 A Hipoterapia é um programa essencialmente da área da reabilitação, voltado para as pessoas portadoras de deficiência física e/ou mental. Neste caso, o praticante não tem condições de se manter sozinho a cavalo; necessitando portanto de um auxiliar- guia para conduzir o cavalo, de dois auxiliares laterais para dar segurança, e dependendo do caso clínico necessita de um terapeuta montado no cavalo, junto a ele. A ênfase das ações é dos profissionais da área da saúde, para a execução dos exercícios planejados em equipe interdisciplinar. O cavalo é usado principalmente como instrumento cinesioterapêutico. A Educação/Reeducação é o programa que pode ser aplicado tanto na área reabilitativa ou educativa. O praticante tem condições de exercer alguma atuação sobre o cavalo e conduzí- lo, dependendo em menor grau do auxiliar- guia e dos auxiliares- laterais. A ação dos instrutores de equitação tem mais intensidade, embora os exercícios devam ser planejados por toda a equipe, segundo os objetivos a serem alcançados. O cavalo continua propiciando benefícios pelo seu desenvolvimento tridimensional e multidirecional, assim como o praticante passa a interagir com mais intensidade. O cavalo atua como instrumento pedagógico. E o Pré-Esportivo é o programa que também pode ser aplicado nas áreas de reabilitação ou de educação. O praticante tem boas condições para atuar e conduzir o cavalo, podendo participar de exercícios específicos de iniciação à prática da equitação. O instrutor de equitação tem papel fundamental no desenvolvimento dos atendimentos, contudo cada caso é discutido em equipe interdisciplinar, para planejamento em comum. O praticante tem maior influência sobre o cavalo, e este é utilizado como instrumento de inserção social. 1.7.7 Atuação Interdisciplinar 32 Se levarmos em consideração que o cérebro funciona de modo harmônico e integrado, e que as funções corticais superioras, apesar de independentes, atuam de forma cooperativa e integrada, poderemos concluir que a abordagem interdisciplinar em Equoterapia apresenta vantagens se comparadas a outras abordagens. A atuação interdisciplinar está afinada com os modernos conceitos de plasticidade cerebral e na infância este fato se evidencia, devido ao forte papel do meio social na indução de novas redes neurais de associação influenciando o desenvolvimento estrutural e organização cerebral (mielinização, arborização dendrítica e das termiações axonais) (DURAN, 2002). Plasticidade neuronal é a capacidade de áreas do cérebro ou grupos de neurônios não acometidos por lesões, responderem morfologicamente e funcionalmente no sentido de suprir deficiências funcionais decorrentes da lesão (WALTER et al., 2002). É por meio do cavalo que encontra-se a porta de acesso à mente emocional, que é responsável por grande parte do aprendizado. O repertório emocional, desenvolvido durante milhões de anos, é grande e cada emoção é responsável por uma ação específica. O estudo das emoções desencadeadas durante uma sessão de Equoterapia, ou de equitação, permite portanto, desencadear ações sensoriais ou motoras específicas direcionando a plasticidade neuronal (WALTER et al., 2002). 1.8 O Alongamento Junto aos exercícios cardiovasculares (que aceleram o batimento cardíaco) e o treinamento de resistência (musculação), o alongamento é essencial para um programa de exercícios completo. Quando negligenciado, ou as pe ssoas consideram fácil demais, e portanto desnecessário, ou difícil demais, acreditando ser algo que beneficie apenas quem já é bastante flexível. 33 Vale ressaltar que a prática regular e controlada do alongamento, melhora e mantém a flexibilidade, corrige a má postura, reduz o risco de lesões, alivia a dor e até combate os efeitos do envelhecimento. Além disso, relaxa, reduz o estresse e contribui para o aumento da autoestima. É benéfico a todos, independentemente de idade ou preparo físico (MARTIN, 2006). 34 2. JUSTIFICATIVA Variações de ajustes tônicos causados a quem monta a cavalo, ao passo, estimulam respostas para mudança do ponto de equilíbrio, direção e velocidade, facilitando a estabilização da dinâmica postural do indivíduo (HEIPERTZ, 1977; FREEMAN, 1984; STRAUSS, 1985; RIEDE, 1988). Sendo assim, torna-se importante a iniciativa de se investigar cientificamente quais são os efeitos biopsicossociais para pacientes portadores da síndrome da respiração bucal, que embora não tenham comprometimentos neurológicos, apresentam sintomas desfavoráveis à postura corporal, ao posicionamento de cabeça e, inclusive tendências a dificuldades de aprendizagem. Além destes fatores, pode-se colaborar cientificamente com os estudos posteriores na área da reabilitação, principalmente no que se refere ao tratamento em Equoterapia, que vem dando indícios clínicos positivos em relação ao desenvolvimento biopsicossocial, dos pacientes que dela se beneficiam. 35 3. OBJETIVOS Os objetivos do presente projeto consistem em avaliar a atividade elétrica do músculo orbicular da boca (feixes superior e inferior), pela aplicação do exame de Eletromiografia em pacientes portadores da síndrome da respiração bucal e grupo controle, nas funções de repouso, deglutição, sopro, sucção e contração máxima, pré e pós-tratamento em Equoterapia; e verificar a postura corporal global pela análise das relações crânio -cervical e crânio - mandibular, em pacientes portadores da síndrome da respiração bucal, por meio do traçado cefalométrico de ROCABADO, pré e pós-tratamento em Equoterapia. 36 4. METODOLOGIA 4.1 Condições Ambientais Os experimentos realizaram-se no Laboratório de Biodinâmica do Prédio de Fisioterapia, da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP), no Laboratório de Radiologia e Documentação Ortodôntica FOCUS e no CFEPM- Centro de Fonoaudiologia e Equoterapia- Projeto Movimento Ltda; todos estas instituições localizadas na cidade de São José dos Campos/ São Paulo. 4.2 Pacientes 4.2.1 Critérios de Inclusão Foram avaliadas 30 crianças, de ambos os sexos, com idades entre 8 e 13 anos, distribuídas em 2 (dois) grupos, segundo o modo respiratório: • Grupo controle (1): constituído por 15 crianças; • Grupo de portadores da síndrome da respiração bucal (2): constituído por 15 crianças, com queixas do tipo: cansaço para respirar, ao falar ou desenvolver alguma atividade física, com hábitos desfavoráveis ou maus hábitos bucais, entre os quais pode-se citar como exemplos: a sucção de dedo, chupeta; interposição da língua em repouso, ao engolir e ao falar; e interposição labial. 37 Todos os participantes de ambos os grupos submeteram-se à Avaliação Clínica Fonoaudiológica, Exame de Eletromiografia e Análise Cefalométrica, a fim de se obter dados comparativos entre os grupos. 4.2.2 Critérios de Exclusão Foram excluídas crianças, fora da faixa etária referida, de ambos os sexos, que apresentassem outros sinais e/ou sintomas, que não fossem os mencionados nos critérios de inclusão. 4.2.3 Triagem / Avaliação em Fonoaudiologia Realizou-se uma triagem de pacientes da Clínica de Ortodontia/UNIVAP, com o intuito de selecionar os dois grupos de pacientes descritos acima. Após a triagem, estes pacientes realizaram Avaliação Fonoaudiológica (segue em anexo B), composta pelos seguintes itens: Anamnese, Avaliação da Comunicação Oral (fala e quadro fonêmico), Ava liação Anatomofuncional dos Órgãos fonoarticulatórios. Nesta fase da pesquisa, as famílias dos pacientes receberam os termos de consentimentos, e foram prontamente orientados quanto à participação de cada criança nesta pesquisa. 4.2.4 Avaliação Postural Realizou-se Avaliação em Fisioterapia (segue em anexo C), individual para os pacientes inclusos na pesquisa, após a realização da Eletromiografia, no mesmo dia. 38 Nesta avaliação foram analisados os seguintes ítens: • Goniometria da postura de cabeça: a criança permaneceu sentada com o tronco ereto e bem apoiado, com a cabeça em posição anatômica. O alinhamento goniométrico se dá com o eixo do goniômetro na direção do processo espinhoso da 7ª vértebra cervical, o braço fixo sobre o ombro, paralelo à 7ª vértebra cervical, o braço móvel anteriormente ao meato auditivo, sendo adotado como valor normal a amplitude de 52 graus, segundo Wallace e Klineberg (1994). • Goniometria da relação malar esternal: a criança teve que permanecer em pé, enquanto o terapeuta realiza va a medição do ângulo entre a borda superior do osso esterno e a borda inferior do osso malar, utilizando o goniômetro, segundo a metodologia de Rocabado (1979). • Avaliação postural com auxílio do simetrógrafo: realizou-se em ambiente fechado e em condições favoráveis de temperatura e, sem aquecimento corporal (Figura 2). Para analisar a estrutura corporal da criança no plano sagital (direito e esquerdo) e frontal (anterior e posterior), utilizou-se a posição em pé, à frente do simetrógrafo, pés paralelos, alinhamento dos calcanhares e dos dedos dos pés apoiados por igual, joelhos naturalmente posicionados (de acordo com a possibilidade da criança), peso do corpo distribuído nas pernas, braços ao longo do corpo, olhar dirigido à frente. O avaliador permaneceu sentado em uma cadeira e de frente ao aparelho, a uma distância de um metro e meio aproximadamente, para que pudesse observar a criança numa posição mais confortável. 39 A B C D Figura 2 – Avaliação Postural por meio do cimetrógrafo. A. Visão Posterior. B. Visão anterior. C. Visão Lateral direita. D. Visão Lateral esquerda. 4.3. Cefalometria 4.3.1 Descrição dos procedimentos O equipamento utilizado na realização das telerradiografias da face, nos pacientes selecionados, é da marca ORTHORALIX 9200 (Figura 3). Figura 3 – Equipamento ORTHORALIX 9200, utilizado para análise cefalométrica. 40 O colimador do monobloco tem 4 (quatro) posições, as quais correspondem às seguintes modalidades: Panorâmica, Transcan, Cefalometria látero- lateral e Cefalometria ântero-posterior. Sendo estes dois tipos distintos de Cefalometria citados, os de fato utilizados em nosso presente estudo. Este equipamento encontra-se em um ambiente apropriado do Laboratório (FOCUS), devido à radiação utilizada, e cada exame é realizado por um responsável técnico, respeitando assim às normas legais para a utilização do mesmo. Para os pacientes selecionados, o tempo de exposição para radiografia látero- lateral é de 74 kV 0.8 s, e para radiografia ântero-posterior é de 80 kV-8 mA- 1,25 s. Utilizou-se a análise cefalométrica segundo o traçado de Rocabado (1984) (Figura 4), nas telerradiografias lateral e frontal de cada paciente. Analisou-se os valores obtidos nos seguintes fatores, nas fases pré e pós- tratamento em Equoterapia: 1. CRVT: corresponde ao ângulo formado pela distância da espinha nasal posterior com a base do crânio, e o ápice do processo odontóide com a vértebra C2. 2. COC1: Espaço Funcional C1: corresponde à distância da base do crânio com a vértebra Atlas. 3. C1C2: Espaço Funcional C2: corresponde à distância do ponto inferior da vértebra Atlas ao ponto superior da vértebra Axis. 4. Hióide: corresponde à distância do ponto H (ponto mais posterior do hióide) com ponto D (centro do Mento) e o ponto mais inferior da vértebra C3. 5. C27V: Curva Cervical: corresponde à curva do ponto mais posterior da C2 com a C7. 41 CRVT COC1 COC2 H C27V Figura 4 – Traçado cefalométrico de ROCABADO, 1984. 4.3.2 Pré e Pós-tratamento As telerradiografias lateral e frontal, de cada paciente de ambos os grupos, realizaram-se após os exames de Eletromiografia. 4.4. Eletromiografia 4.4.1 Descrição dos Procedimentos A avaliação da atividade muscular realizou-se por meio de registros eletromiográficos do músculo orbicular da boca (feixes superior e inferior), durante repouso e atividades que envolvam efetiva participação labial, utilizando para esse estudo os testes de 1 a 5, segundo Silva (2000). 42 Teste 1 (T1) – Repouso – na realização deste teste a criança permanece u durante 3 segundos com musculatura da boca relaxada, em situação espontânea de repouso, podendo a boca estar aberta ou fechada. Teste 2 (T2) – Vedamento labial – na realização deste teste, após solicitação do examinador, a criança permaneceu com lábios ligeiramente fechados e os dentes em oclusão durante 3 segundos. Teste 3 (T3) - Deglutição – na realização deste teste, a criança após a ordem, teve de deglutir 10 ml de água previamente sugada com canudo de espessura fina mantendo a água na boca. Teste 4 (T4) – Sopro- na realização deste a criança, após a ordem, realizou o sopro em um canudo de espessura fina, durante 3 segundos. Teste 5 (T5) – Contração máxima – na realização deste teste, a criança permaneceu com os lábios fortemente pressionados, um contra o outro, durante 3 segundos. Antes da realização dos registros eletromiográficos dos testes T1 a T5, as crianças foram previamente treinadas para assegurar a constância dos resultados. Na seleção dos procedimentos de avaliação acima citados, utilizou-se os seguintes pressupostos: - Ava liação em repouso: analisou-se a atividade muscular de base. - Avaliação com vedamento labial: analisou-se a atividade muscular com o mínimo de esforço labial. - Avaliação durante a deglutição e sopro: analisou-se a participação labial de fechamento e protrusão, respectivamente. - Avaliação durante a contração máxima: analisou-se a atividade muscular com o máximo de esforço labial. 43 4.4.2 Materiais utilizados e procedimentos para coleta dos sinais eletromiográficos Utilizou-se nesta etapa: • 1 computador contendo o programa AqDados EMGSystem do Brasil; • 1 eletromiógrafo da empresa EMGSystem do Brasil (Figura 5): Figura 5 – Eletromiógrafo da EMGSystem do Brasil. • 2 eletrodos ativos bipolares, da mesma empresa (Figura 6): Figura 6 – 2 eletrodos ativos bipolares, da EMGSystem do Brasil. • 1 eletrodo de referência (terra) (Figura 7) : 44 Figura 7 – 1 eletrodo de referência (terra). • eletrodos descartáveis de fixação à pele, com adesivo de espuma (de polietileno com adesivo acrílico em base de borracha), borda flexível, ilhós de fixação em prata pura, suporte (botão) em cobre/zinco banhado com níquel, modelo adulto/infantil, tamanho 32x45mm, fabricante MEDITRACE, procedência nacional (Figura 8): Figura 8 – Eletrodos descartáveis de fixação à pele, da marca MEDITRACE. • álcool; • algodão; • fita adesiva (esparadrapo); As crianças foram avaliadas estando sentadas na cadeira confortavelmente e mantendo a cabeça posicionada com o plano horizontal de Frankfurt, paralelo ao solo. 45 A atividade muscular foi captada por eletrodos bipolares de superfície (adaptados) (Figura 9), da marca EMG System, devidamente fixados 2 mm acima da margem livre do lábio superior e 2 mm da margem livre do lábio inferior, após limpeza prévia da pele do local com álcool etílico a 96 GL. Foi tomada como referência, para a posição dos eletrodos, a linha mediana da face da criança na região dos lábios (Figura 10). Figura 9 – Eletrodos bipolares de superfície (adaptados), da marca EMGSystem. Figura 10 – Posicionamento dos eletrodos na face do paciente, para coleta de dados em Eletromiografia. 46 Para evitar interferências eletromagnéticas, durante a realização do exame, e para a proteção da criança, fixou-se em seu antebraço um fio terra ligado a uma placa metálica untada com gel condutor. A freqüência de amostragem utilizada foi de 1000Hz. Os resultados dos exames eletromiográficos fo ram expressos em microvolts (µs), e o cálculo utilizado para análise dos resultados foi o de RMS (raiz quadrada da média). 4.4.3 Pré e Pós-tratamento em Equoterapia Após Avaliação Fonoaud iológica, cada paciente de ambos os grupos descritos, realizaram o exame de Eletromiografia, no Laboratório de Biodinâmica do Prédio de Fisioterapia/ UNIVAPFaculdades de Ciências da Saúde, previamente ao tratamento de Equoterapia. O exame de Eletromiografia foi novamente realizado ao final do tratamento, com cada pacie nte de ambos os grupos, seguindo os mesmos procedimentos de avaliação. 4.5 Tratamento: Equoterapia Os atendimentos realizaram-se no CFEPM- Centro de Fonoaudiologia e Equoterapia Projeto Movimento (situado na Fazenda São Bento, Km. 04 – Rodovia dos Tamoios- São José dos Campos-SP). Foram 16 (dezesseis) atendimentos, com duração de 30 minutos, para cada criança, cumpridos no período de 2 (dois) meses de tratamento em Equoterapia. Utilizou-se 1 (uma) égua de raça não-determinada, cuja idade é de aproximadamente 10 anos, já condicionada ao trabalho em Equoterapia; 1 (uma) rampa adaptada à montaria do cavalo 47 (com o apoio de corrimão e escada); e uma pista de grama em espaço arborizado. Durante os atendimentos os materiais relacionados ao cavalo, foram: manta, cabresto, freio, cilhão com alça (situada à linha mediana de quem monta a cavalo) e estribos bilaterais (equipamentos adaptados para a prática da Equoterapia). Ao longo dos 2 meses de tratamento, as crianças e seus familiares foram acompanhados e orientados pela Equipe Interdisciplinar do CFEPM- Centro de Equoterapia – Projeto Movimento composta pelos seguintes profissionais: Fonoaudióloga e Instrutor de Equitação. Foram utilizados recursos audiovisuais como máquina fotográfica digital, e filmadora, para registros da evolução terapêutica dos grupos controle e experimental, principalmente no que se refere aos tipos de exercícios físicos, montados a cavalo, e os possíveis ajustes posturais de cada criança. 4.5.1 Orientações em Fonoaudiologia Neste período de tratamento, os pacie ntes e seus familiares receberam as seguintes orientações em Fonoaudiologia, para darem seguimento em casa: • Manutenção da língua na papila; • Utilização do soro fisiológico, para lavagem nasal (3x/dia- 20ml/vez); • Vedamento labial; • Postura ereta; • Deglutição de saliva constantemente; • Aquisição do hábito de manter os lábios umedecidos, diariamente (uso da manteiga de cacau); 48 • Orientação para a extinção dos maus hábitos orais (projeção de língua, apertamento de lábios, onicofagia, levar objetos à boca. 4.5.2 Orientações na Equoterapia (montaria do cavalo) Durante cada sessão de atendimento em Equoterapia, os pacientes tiveram as seguintes orientações para o desenvolvimento de alongamentos (MARTIN, 2006): • Postura ereta (confortável à ação do movimento tridimensional do cavalo); • Quadril posicionado junto à abdução de membros inferiores (descarga de peso nesta região); • Calcanhares posicionados para baixo, com apoio bilateral dos pés nos estribos (altura regulada) (Figura 11): Figura 11 – Posicionamento dos pés nos estribos, com apoio bilateral. • Relaxamento das regiões: cabeça, cinturas escapular e pélvica; • Manutenção dos pontos de aderência do corpo do cavaleiro ao cavalo: joelhos, região interna das coxas e panturrilhas, e nádegas; 49 • Ajustamento do ponto de equilíbrio do cavaleiro em relação ao cavalo (ponto de referência: cernelha do cavalo); • Adequação do modo respiratório: nasal (exercícios de inspiração e expiração em tempos alternados); • Alongamentos de coluna vertebral, membros superiores e inferiores (Figuras 12 A e B; 13 A e B; 14 A e B; 15 A e B; 16 A e B, e 17 A e B): A B Figura 12 A e B – Alongamento de coluna vertebral, com apoio de bastão apoiado na região posterior de tronco. A B Figura 13 A e B – Posicionamentos da paciente, sobre o cavalo, para exercícios de relaxamento corporal (frontal e dorsal). 50 A B Figura 14 A- Alongamento da região cervical com descarga de peso em cintura pélvica, simultaneamente . Figura 14 B- Rotação de tronco e dissociação de cinturas escapular e pélvica. A B Figura 15A – Flexão de cotovelos e descarga de peso na região da cintura pélvica. Figura 15 B – Alongamento de membros superiores e da região do tronco. 51 A B Figura 16A – Flexão de membros inferiores, bilateral alternada. Figura 16B- Paciente posicionada em lateral esquerda do dorso do cavalo, na busca de equilíbrio e apoio bilateral de mãos. A B Figura 17A – Flexão de cabeça e alongamento da musculatura posterior da região cervical. Figura 17B- Posicionamento da paciente em direção à região posterior do cavalo, com referência de equilíbrio diferenciada. É importante salientar que as orientações fonoaudiológicas, descritas no item anterior, também foram exigidas durante os atendimentos em Equoterapia, despertando o tempo de atenção e realização das posturas. 52 4.5.3 Programa de Atendimento O programa de atendimento em Equoterapia foi o de Educação-reeduc ação, no qual as crianças montaram a cavalo sozinhas, contando com o apoio lateral do terapeuta e o Instrutor de Equitação conduzindo o cavalo, ao passo, durante os 30 minutos de cada atendimento. 4.5.4 Análise Estatística Neste trabalho utilizou-se os testes não paramétricos de WILCOXON, MANN -WHITNEY e IGUALDADE DE DUAS PROPORÇÕES . Na complementação das analises descritivas, uso-se da técnica de INTERVALO DE C ONFIANÇA para média. Definiu-se um nível de significância de p-valor < 0,05. Portanto todos os intervalos de confiança foram construídos com 95% de confiança estatística. 53 5. RESULTADOS Tabela 1-Valores médios obtidos a partir da análise eletromiográfica (RMS)- pré e póstratamento em Equoterapia, para o grupo de crianças portadoras da síndrome da respiração bucal. EMG Repouso OI Vedamento OI Deglutição Oi Sopro OI Contração OI Repouso OS Vedamento OS Deglutição OS Sopro OS Contração OS Média Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós 0,006685 0,015257 0,008460 0,016643 0,021410 0,043218 0,022808 0,027198 0,051590 0,100074 0,006105 0,006744 0,005868 0,006206 0,027515 0,037730 0,011260 0,013916 0,051232 0,046014 Desvio Padrão 0,002816 0,007138 0,005459 0,010452 0,008475 0,036856 0,022274 0,015792 0,034316 0,081981 0,001811 0,003221 0,001411 0,001723 0,013421 0,029206 0,007305 0,006182 0,026348 0,028473 p-valor 0,008* 0,005* 0,074# 0,285 0,285 1,000 0,386 0,241 0,139 0,465 (OI) músculo orbicular inferior da boca; (OS) músculo orbicular superior da boca. * Valores estatisticamente significantes, dos momentos pós em relação aos momentos prétratamento. # Valor que refere tendência a ser estatisticamente significante, do momento pós em relação ao momento pré-tratamento. Na Tabela 1, pode ser observado que a atividade elétrica do músculo orbicular inferior da boca em repouso e vedamento no momento pós-tratamento são estatisticamente maiores (p=0,008 e 0,005, respectivamente) que os do momento pré-tratamento. Na atividade elétrica do músculo orbicular inferior da boca no movimento de deglutição (Tabela 1), observa-se que houve um valor de média estatisticamente maior no momento pós- 54 tratamento , do que no momento pré-tratamento (p = 0,074), portanto este valor tende a ser significativo. Em relação à atividade elétrica do movimento de sopro do músculo orbicular inferior da boca (Tabela 1), observa -se que houve um valor de média maior no momento pós-tratamento, do que no momento pré-tratamento, contudo não foiestatisticamente significativo (p = 0,285). Na atividade elétrica do movimento de contração do músculo orbicular inferior da boca (Tabela 1), observa-se que houve um valor de média maior no momento pós-tratamento, do que no momento pré-tratamento, contudo também não foi estatisticamente significativo (p = 0,285). Para a atividade elétrica do movimento de repouso do músculo orbicular superior da boca (Tabela 1), observa-se que não houve um valor de média maior no momento pós-tratamento, do que no momento pré-tratamento, portanto não foi estatisticamente significativo (p= 1,000). Em relação à atividade elétrica do movimento de vedamento do músculo orbicular superior da boca (Tabela 1), observa-se que houve um valor de média maior no momento póstratamento , do que no momento pré-tratamento, contudo também não foi estatisticamente significativo (p = 0,386). Na atividade elétrica do movimento de deglutição do músculo orbicular superior da boca (Tabela 1), observa-se que houve um valor de média maior no momento pós-tratamento, do que no momento pré-tratamento, contudo não foi estatisticamente significativo (p = 0,241). Considerada a atividade elétrica do músculo orbicular superior da boca, no movimento de sopro, observa-se que houve um valor de média maior no momento pós-tratamento, do que no momento pré-tratamento, contudo não foi estatisticamente significativo (p= 0,139). Em relação à atividade elétrica do movimento de contração do músculo orbicular superior da boca (Tabela 1), observa-se que não houve um valor de média maior no momento pós- 55 tratamento , do que no momento pré-tratamento, portanto não foi estatisticamente significativo (p = 0,465). Os resultados expressos na Tabela 1 podem ser melhor visualizados na Figura 18: 0,20 RMS do músculo orbicular da boca nos momentos Pré e Pós para portadores da Símdrome da Respiração Bucal 0,18 RMS (µs) 0,16 0,14 0,12 0,10 0,08 0,06 0,04 0,02 Pre Contração OS Sopro OS Deglutição OS Vedamento OS Repouso OS Contração OI Sopro OI Deglutição Oi Vedamento OI Repouso OI 0,00 Pos Figura 18 – RMS do músculo orbicular da boca (feixes superior: OS; e inferior: OI) nos momentos pré e póstratamento em Equoterapia, para portadores da síndrome da respiração bucal, nos testes de repouso, vedamento, deglutição, sopro e contração. 56 Tabela 2- Valores médios obtidos a partir da análise eletromiográfica (RMS) pré-tratamento em Equoterapia, para os Grupos controle e de portadores da síndrome de respiração bucal. Desvio p-valor Padrão Bucal 0,006685 0,002816 Repouso OI 0,205 Controle 0,008321 0,003803 Bucal 0,008460 0,005459 Vedamento OI 0,770 Controle 0,008881 0,004441 Bucal 0,021410 0,008475 Deglutição Oi 0,205 Controle 0,028122 0,014641 Bucal 0,022808 0,022274 Sopro OI 0,558 Controle 0,015483 0,009506 Bucal 0,051590 0,034316 Contração OI 0,881 Controle 0,064013 0,057188 Bucal 0,006105 0,001811 Repouso OS 0,427 Controle 0,005123 0,000717 Bucal 0,005868 0,001411 Vedamento OS 0,143 Controle 0,004861 0,000890 Bucal 0,027515 0,013421 Deglutição OS 0,845 Controle 0,027556 0,012184 Bucal 0,011260 0,007305 Sopro OS 0,380 Controle 0,008312 0,002033 Bucal 0,051232 0,026348 Contração OS 0,221 Controle 0,035858 0,024184 (OI) músculo orbicular inferior da boca; (OS) músculo orbicular superior da boca. EMG Média Na atividade elétrica do músculo orbicular inferior da boca em repouso, vedamento, deglutição e contração (Tabela 2), observa-se que os valores obtidos no grupo controle são estatisticamente maiores (p = 0,205; 0,770; 0,205 e 0,881, respectivamente) que os do grupo de portadores da síndrome da respiração bucal. Na atividade elétrica do músculo orbicular inferior da boca, no movimento de sopro (Tabela 2), observa-se que os valores obtidos no grupo de portadores da síndrome da respiração bucal são estatisticamente maiores (p = 0,558) que os do grupo controle. 57 Na atividade elétrica do músculo orbicular inferior da boca em repouso, vedamento, sopro e contração (Tabela 2), observa-se que os valores obtidos no grupo de portadores da síndrome da respiração bucal são estatisticamente maiores (p = 0,427; 0,143; 0,380 e 0,221, respectivamente) que os do grupo controle. Na atividade elétrica do músculo orbicular inferior da boca, na deglutição (Tabela 2), observa-se que os valores obtidos no grupo controle, não são estatisticamente maiores (p = 0,845). Os resultados expressos na Tabela 2 podem ser melhor visualizados na Figura 19: 0,14 RMS do músculo orbicular da boca para os grupos Controle e portadores da Símdrome da Respiração Bucal 0,12 RMS (µs) 0,10 0,08 0,06 0,04 0,02 Bucal Contração OS Sopro OS Deglutição OS Vedamento OS Repouso OS Contração OI Sopro OI Deglutição Oi Vedamento OI Repouso OI 0,00 Controle Nasal Figura 19 – RMS do músculo orbicular da boca (feixes superior: OS; e inferior: OI) para os grupos controle e portadores da síndrome da respiração bucal, nos testes de repouso, vedamento, deglutição, sopro e contração. 58 Tabela 3- Valores médios obtidos a partir da análise cefalométrica (telerradiografia lateral)- pré e pós-tratamento para o grupo de portadores da síndrome de respiração bucal. Telerradiografia CRVT C0C1 C1C2 HIÓIDE C27V Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Média 99,55 98,70 11,10 12,29 9,95 9,53 4,93 6,40 86,55 86,39 Desvio Padrão 8,71 5,79 2,02 1,86 2,31 1,42 4,11 5,36 10,78 8,17 p-valor 0,422 0,221 0,311 0,279 0,382 Na Tabela 3, em relação à CRVT, COC1 e Hióide, observa-se que houve um valor de média maior no momento pós-tratamento que no momento pré-tratamento (p = 0,422, 0,221 e 0,279, respectivamente), contudo não são consideradas estatisticamente significantes. 59 Os resultados expressos na Tabela 3 podem ser melhor visualizados na Figura 20: Análise Cefalométrica (mm) Análise Cefalométrica (Teleradiografia Lateral) nos momentos Pré e Pós-tratamento para portadores da Símdrome da Respiração Bucal 120 100 80 60 40 20 0 CRVT C0C1 C1C2 Pre HIÓIDE C27V Pos Figura 20 – Análise Cefalométrica (Telerradiografia lateral), segundo traçado de ROCABADO, realizada nos momentos pré e pós-tratamento em Equoterapia, para portadores da síndrome da respiração bucal. Tabela 4- Valores médios obtidos a partir da análise cefalométrica (telerradiografia lateral) entre os grupos controle e de portadores da síndrome de respiração bucal. Telerradiografia CRVT C0C1 C1C2 HIÓIDE C27V Bucal Controle Bucal Controle Bucal Controle Bucal Controle Bucal Controle Média 99,55 97,56 11,10 9,46 9,95 7,20 4,93 3,52 86,55 79,27 Desvio Padrão 8,71 8,26 2,02 3,76 2,31 1,66 4,11 3,87 10,78 7,13 p-valor 0,588 0,054# 0,002* 0,157 0,018* * Valores estatisticamente significantes, dos grupos bucal em relação ao controle. # Valor que refere tendência a ser estatisticamente significante, do grupo bucal em relação ao controle. 60 Em relação à CRVT, COC1, COC2, Hióide e C27V (Tabela 4), observa-se que houve um valor de média maior para o grupo de portadores da síndrome de respiração bucal do que para o grupo controle, (p= 0,588; 0,054; 0,002; 0,157 e 0,018, respectivamente). Nos exames em telerradiografia (Tabela 4), existe diferença estatisticamente significativa entre os grupos para as avaliações C1C2 e C27V, onde em ambas o grupo de portadores da síndrome de respiração bucal possuem valores maiores do que o grupo controle. E para COC1, os p-valores por estarem próximos do limite de aceitação, são considerados a ter uma tendência significativa. Os resultados expressos na Tabela 4 podem ser melhor visualizados na Figura 21: Análise Cefalométrica (mm) Análise Cefalométrica (Teleradiografia Lateral) para os grupos Controle e portadores da Símdrome da Respiração Bucal 120 100 80 60 40 20 0 CRVT C0C1 C1C2 Bucal HIÓIDE C27V Controle Nasal Figura 21 – Análise Cefalométrica (Telerradiografia lateral), segundo traçado de ROCABADO, realizada para os grupos controle e portadores da síndrome da respiração bucal. 61 Tabela 5- Valores médios obtidos a partir da Avaliação Postural - pré e pós-tratamento em Equoterapia, para Goniometria Postural Vista Posterior Média Mediana Desvio Padrão Pré 55,20 55 2,83 Pós 54,27 54 4,96 Quartil 1 53,5 52,5 Quartil 3 Tamanho 56,5 15 54,5 11 Em relação à Avaliação Postural (Tabela 5), vista posterior, observa-se que houve um valor de média maior no momento pré-tratamento que no momento pós-tratamento, contudo não foi considerada estatisticamente significante ( p= 0,562). Tabela 6- Valores médios obtidos a partir da Goniometria entre os grupos controle e de portadores da síndrome de respiração bucal. Postural Média Mediana Desvio Padrão Quartil 1 Quartil 3 Tamanho IC p-valor Goniometria Bucal Controle 55,20 55,00 2,83 53,50 56,50 15 1,43 54,50 54,00 5,55 50,50 58,50 8 3,85 0,650 62 Observa-se na Tabela 6, que embora o grupo de portadores da síndrome de respiração bucal, tenha um valor maior do que o grupo controle, a diferença entre os grupos não foi considerada significante (p= 0,650). Tabela 7 – Valores médios obtidos a partir da Idade dos pac ientes pertencentes aos grupos controle e de portadores da síndrome de respiração bucal. Idade Bucal Média Desvio Padrão p-valor Grupo Controle 11,37 1,56 10,09 1,57 0,065# # Valor que refere tendência a ser estatisticamente significante, do grupo bucal em relação ao grupo controle. Ao analisar a idade entre o grupo de portadores da síndrome de respiração bucal e o grupo controle (Tabela 7), observa-se que a média de idade do primeiro grupo é maior que a do grupo controle, porém não houve diferença estatisticamente significante entre eles (p= 0,065). Tabela 8 - Valores médios obtidos a partir do Gênero dos pacientes pertencentes aos grupos controle e de portadores da síndrome de respiração bucal. Gênero Feminino Masculino Bucal Qtde % 8 7 53,3% 46,7% Controle Qtde % 7 5 58,3% 41,7% p-valor 0,795 Em relação ao gênero entre os grupos de portadores da síndrome da respiração bucal e grupo controle (Tabela 8), observa-se que o grupo controle feminino apresenta um percentual maior que o grupo feminino e o grupo masculino portadores da síndrome da respiração bucal, apresentam 63 um percentual maior que o grupo controle masculino, portanto não é considerado estatisticamente significante (p= 0,795). Tabela 9- Valores médios obtidos a partir do Diagnóstico dos pacientes pertencentes aos grupos controle e de portadores da síndrome de respiração bucal. Diagnóstico Alterações Miofuncionais Distúrbio Articulatório Deglutição Atípica NDN (nada digno de nota) Bucal Controle p-valor Qtde % Qtde % 14 93,3% 11 91,7% 0,869 14 93,3% 6 50,0% 0,011* 13 86,7% 6 50,0% 0,038* 0 0,0% 1 8,3% 0,255 * Valores estatisticamente significantes, dos grupos bucais em relação aos grupos controle, em Distúrbio Articulatório e Deglutição Atípica. Para o Diagnóstico obtido entre os grupos controle e de portadores da síndrome de respiração bucal (Tabela 9), observa-se que neste último apresenta Distúrbio Articulatório e Deglutição atípica um percentual maior do que o grupo controle , portanto existe diferença estatisticamente significante entre os grupos (p= 0,011 e 0,038, respectivamente). Em relação ao Diagnóstico obtido entre os dois grupos (Tabela 9), observa-se que o grupo de portadores da síndrome de respiração bucal que apresentam Alterações Miofuncionais teve um perce ntual maior do que o grupo controle , no entanto não existe diferença estatisticamente significante (p= 0,869). Visto o Diagnóstico obtido entre ambos os grupos (Tabela 9), observa-se que o grupo controle que apresenta NDN (nada digno de nota) teve um percentual maior que o grupo de portadores da síndrome de respiração bucal, (p= 0,255). no entanto não existe diferença estatisticamente significante 64 Tabela 10- Valores médios obtidos a partir dos Encaminhamentos realizados aos pacientes pertencentes aos grupos controle e de portadores da síndrome de respiração bucal. Encaminhamentos Audiometria Tratamento Fonoaudiológico Médico Otorrinolaringologista Ortodontia Bucal Controle p-valor Qtde % Qtde % 1 6,7% 0 0,0% 0,362 15 100,0% 11 91,7% 0,255 15 100,0% 9 75,0% 0,040* 15 100% 1 8,3% 0,255 * Valores estatisticamente significantes, do grupo Bucal em relação ao grupo Controle, em encaminhamentos ao Médico Otorrinolaringologista. Considerado os encaminhamentos realizados para o exame de Audiometria e Tratamento Fonoaudiológico (Tabela 10), observa-se que houve um percentual maior no gr upo de portadores da síndrome da respiração bucal que no grupo controle, no entanto não existe diferença estatisticamente significante (p= 0,362 e 0,255, respectivamente). Aos encaminhamentos realizados para a Ortodontia (Tabela 10), observa-se que houve um percentual maior no grupo de portadores da síndrome da respiração bucal do que no grupo controle, no entanto não existe diferença estatisticamente significante (p= 0,255). Já para os encaminhamentos realizados para o Médico Otorrinolaringologista (Tabela 10), observa-se que houve um percentual maior no grupo de portadores da síndrome da respiração bucal que no grupo controle . Portanto, existe diferença estatisticamente significante entre os grupos (p= 0,040). 65 Tabela 11- Valores médios obtidos a partir da avaliação da angulação do osso hióide. HIÓIDE Aumentou Diminuiu Perdido Qtde 8 5 3 % 50,0% 31,3% 18,8% Verifica-se na Tabela 11 que, para 50,0% dos indivíduos houve um aumento nos valores de pré-tratamento para pós-tratamento. Porém, segundo o quadro de p-valores, este p- valor não pode ser considerado estatisticamente diferente do percentual de resultados que diminuíram (31,3%). 66 6. DISCUSSÃO A importância deste estudo é salientar que o respirador bucal apresenta um conjunto de sinais e sintomas que levam às alterações do sistema estomatognático. Visto que a alteração mais importante provocada pela respiração bucal é a mudança na postura lingual e mandibular, a criança necessita mantê- la constantemente aberta, com co nseqüente abaixamento de língua e mandíbula, para que ocorra a hipofunção da musculatura facial e mastigatória, principalmente do músculo orbiculare da boca (CASTRO; ZEREDO, 1996). Na Fonoaudiologia, por meio de avaliação clínica, o paciente pode apresentar uma série de dificuldades para a realização das funções de respiração, sucção, mastigação, deglutição e de fonoarticulação, as quais são denominadas enquanto diagnóstico clínico de: Alterações Miofuncionais, Deglutição atípica e Distúrbio Articulatório . Observou-se que os pacientes portadores da síndrome da respiração bucal obtiveram em relação ao músculo orbicular inferior da boca, atividade elétrica maior na posição de repouso, pós- tratamento em Equoterapia do que comparado à atividade elétrica deste mesmo músculo, no pré- tratamento. É importante mencionar o estudo de Schevano (1997), vem de encontro aos resultados obtidos nesta pesquisa, o qual estudando a influência da terapia miofuncional nos músculos periorais por me io da avaliação clín ica e de Eletromiografia em crianças Respiradoras Bucais, verificou-se que no repouso, pós-tratamento, houve um aumento da atividade dos músculos avaliados, embora sem apresentar diferença estatisticamente significante . Em nossos resultados, verifica-se que houve uma atividade elétrica maior no movimento de repouso do músculo orbicular superior da boca em portadores da síndrome da respiração bucal do 67 que para o grupo controle. Tomé (1998), estudou a atividade do músculo orbicular da boca, (feixes superior e inferior), por meio da avaliação eletromiográfica, em crianças do grupo controle e portadoras da síndrome da respiração bucal, durante o repouso sem contato labial e, pôde constatar maior atividade em ambos os feixes do músculo, avaliados em cria nças portadoras da síndrome da respiração bucal em relação aos mesmos músculos em crianças do grupo controle, embora sem diferença estatisticamente significante. Na literatura pesquisada sobre avaliação eletromiográfica, constata-se que há controvérsias quanto à presença ou não de atividade elétrica durante a posição de repouso. Vitti et al. (1975) e Tosello (1995) afirmam em seus estudos não terem encontrado atividade eletromiográfica em um músculo relaxado, ou seja, durante o repouso. Esses autores confirmam as citações de Q uirch (1965), segundo o qual normalmente a atividade muscular em posição postural, isto é, em repouso deve ser mínima, pois a atividade elétrica mínima constatada na Eletromiografia é produzida em situações em que o músculo recruta poucas unidades motoras. O autor referido, exemplifica com registros de atividades de Eletromiografia de alguns movimentos mandibulares: em indivíduos com oclusão funcional normal verificou-se que a atividade de repouso é mínima e em indivíduos com alterações na oclusão, a atividade apresenta-se aumentada. Do mesmo modo, Schievano (1997), pôde avaliar pela Eletromiografia o músculo orbicular da boca (feixes superior e inferior), durante o repouso em crianças portadoras da síndrome da respiração bucal, e verificou-se atividade elétrica mínima. Da mesma forma Hanson e Barret (1988), coincidem com a justificativa acima, ao afirmarem que em pacientes portadores da síndrome da respiração bucal, os músculos antigravitacionais da língua, maxila e mandíbula não se desenvolvem adequadamente, de modo que a tonicidade de repouso não corresponde o necessário para executar a atividade de elevação normal e permitir o fechamento dos lábios. 68 No presente estudo verificou-se nos resultados obtidos que houve, da mesma forma, um aumento na diferença das médias, em relação ao movimento de vedamento labial e de deglutição, tanto para o feixe superior como para o feixe inferior do músculo orbicular da boca, póstratamento em Equoterapia. Por meio destes dados, verifica-se a conseqüência do tratamento desenvolvido em Equoterapia, que preconizou-se pela busca da mudança postural global para a adequação das posturas e funções do sistema estomatognático. Morales (1999), refere que a função é denominada como cada atividade e cada mudança, ou seja, é o termo genérico que relaciona cada parte do complexo orofacial e os transforma num sistema dinâmico por meio de atividades coordenadas. Portanto, a postura de vedamento labial é assumida pelo conjunto de unidades motoras capazes de assumir a manutenção desta, em função de uma tonicidade labial adequada à respiração. O mesmo autor ainda refere que na deglutição infantil ou imatura, a mandíbula não é estabilizada pelos músculos levantadores da mandíbula, mas sim principalmente, pelos músculos bucinadores e orbicular da boca. Pensando que nas crianças portadoras da síndrome da respiração bucal, o mecanismo de equilíbrio entre as partes óssea e muscular não estão integradas harmonicamente, capazes de executar a função de deglutição adequadamente, sem pressionamento anterior de língua nos dentes. Sugere-se que póstratamento estas mesmas crianças tenham se beneficiado com o resultado de exercícios miofuncionais concomitante ao ajuste postural global proporcionado pelo movimento tridimensional do cavalo, ao passo. Portanto houve mudança na função de deglutição, pelo correto vedamento labial e do deslocamento das partes moles para a linha média da cavidade bucal, pelo aumento da pressão intra-oral. Em contração máxima, a atividade elétrica dos músculos avaliados aumentou no póstratamento em Equoterapia, no qual foram realizados exercícios de terapia miofuncional junto à ação do movimento tridimensional do cavalo, sugerindo assim que este tratamento tenha 69 favorecido a adequação das funções orais, da postura e da to nicidade dos lábios, e consequente vedamento labial para o grupo de crianças portadoras da síndrome da respiração bucal. Em contrapartida, Silva (2000), refere que as crianças do grupo controle apresentaram maior ativid ade muscular quando comparadas com as crianças portadoras da síndrome da respiração bucal, demonstrando desta forma que nas crianças do grupo controle a musculatura do músculo orbicular da boca estavam adequadamente relaxada, desenvolvendo maior atividade elétrica na contração. Observou-se atividade elétrica maior no movimento de contração tendência à hipoatividade, podendo ter gerado menor atividade elétrica do músculo orbicular da boca (feixe superior) em portadores da síndrome da respiração bucal do que para o grupo controle. Esta resposta elétrica pode ser resultado de um empenho maior das unidades motoras envolvidas neste movimento para os portadores da síndrome da respiração bucal, visto que em avaliação clínica este grupo tende a apresentar um encur tamento da região dos lábios superiores, embora tenham exercido a solicitação do movimento de contração máxima com maior pressionamento dos lábios e oclusão dentária. Verificou-se nesta pesquisa atividade elétrica ma ior no movimento de repouso do músculo orbicular da boca (feixe superior) em portadores da síndrome da respiração bucal do que para o grupo controle. Tome (1998), estudou a atividade do músculo orbicular da boca (feixes superior e inferior), por meio da avaliação eletromiográfica, em crianças (grupos controle e de portadores da síndrome da respiração bucal), durante o repouso sem contato labial e, pôde constatar maior atividade em ambos os feixes do músculo avaliado, em crianças portadoras da síndrome da respiração bucal em relação aos mesmos feixes em crianças do grupo controle, embora sem diferença estatisticamente significante. Para o comportamento muscular do músculo orbicular da boca (feixes superior e inferior), no movimento de deglutição entre os grupos controle e de portadores da síndrome da respiração 70 bucal na avaliação de Eletromiografia, observa-se valores de média equivalentes para o músculo orbicular da boca (feixe superior), e um aumento destes valores para o grupo controle em feixe superior deste músculo; contudo sem res ultados estatisticamente significantes. Estes resultados sugerem que, as crianças do grupo controle são capazes de realizar o movimento de vedamento labial, preparatório para a deglutição com maior pressão intra-oral que o grupo das crianças portadoras da síndrome da respiração bucal, acionando assim as unidades motoras do músculo orbicular da boca (feixe inferior). Portanto estes resultados são esperados e estão de acordo com os estudos de Carvalho (1996). Os resultados demonstram que os valores de média obtidos foram maiores para o músculo orbicular da boca (feixe inferior), durante o sopro, para o grupo controle. Estes resultados concordam, com os resultados encontrados por Tomé (1998), que em estudo semelhante, verificou que as médias de atividade elétrica do músculo orbicular da boca (feixe inferior) foi maior nos dois grupos estudados, em relação ao músculo orbicular da boca (feixe superior). Nos resultados obtidos na Cefalometria, segundo o traçado de Rocabado (1994), sugerem que em CRVT, COC1 e C1C2 não tiveram diferenças estatis ticamente significantes, para o frupo de portadores da síndrome da respiração bucal nos momentos pré e pós-tratamento em Equoterapia. De acordo com Rocabado (1984), os valores considerados dentro de um parâmetro de normalidade para os indivíduos são: COC1 (4 à 9 mm), C1C2 (6,5 mm), Hióide (3 à 7 mm) e C27V. O posicionamento do sistema hióideo tem a função de inserção para os músculos supra e infra- hióideos, ligamentos e face, provenientes da mandíbula, crânio e coluna cervical. Portanto em COC1 e C1C2, verifica-se um aumento do espaço e conseqüente protrusão de cabeça, para ambos ao momentos pré e pós-tratamento. Para o Hióide verifica-se valores dentro da faixa de 71 normalidade esperada, contribuindo para uma adequação do tônus e posicionamento da língua na papila. Sendo assim, foi analisada a importância das relações biomecânicas das regiões craniais, cervicais e hióideas no posicionamento da coluna vertebral, contribuindo ou não para uma angulação de cabeça apropriada ao desenvo lvimento das funções vitais, como respiração, mastigação e deglutição. Observa-se que na relação C27V, Hióide, C1C2, COC1 e CRVT houve um aumento dos valores de média para o grupo de portadores da síndrome da respiração bucal, comparado aos valores do grup o controle ; embora não sejam estatisticamente significantes. Isto significa que não houve diferença na relação crânio-cervical/coluna vertebral, a ponto de ocorrerem modificações na estrutura ósseo-muscular correlacionada à postura global dos indivíduos. Segundo Rocabado (1994), as relações entre as regiões crânio -cervicais e hióideas podem ser modificadas por aparelhos ortopédicos ou ortodônticos removíveis, e por técnicas ortopédicas manuais aplicadas na coluna cervical por fisioterapeutas. Mesmo assim, neste estudo, constata-se que a aplicação da seqüência de alongamentos e exercícios crânio-cervicais, concomitante ao movimento tridimensional do cavalo, proporcional um ajuste tônico postural global nos indivíduos, resultou em relaxamento, porém sem a intenção na busca de resultados com mudança na estrutura óssea dos indivíduos. Existem várias pesquisas sobre os movimentos do dorso do cavalo e suas conseqüências para o cavaleiro, entre os pesquisadores encontram-se Dr. Hubert Lallery (França) e a equipe de Bale, na Suíça. As informações proprioceptivas que provêm das regiões articulares, musculares, periarticulares e tendinosas provocam, na posição sentada sobre o cavalo, novas informações, bastante diferentes das habituais que são fornecidas à pessoa na pos ição em pé, sobre os pés. Essas informações, determinadas pelo passo do cavalo, permitem a criação de esquemas motores novos. Trata-se 72 nesse caso, de uma técnica particularmente interessante de reeducação neuro-muscular (LALLERY, 1988). O ajuste tônico, mo vimento automático de adaptação, torna -se rítmico, com o deslocamento do cavalo ao passo. O passo do cavalo sendo regular determina um ritmo que se torna para o cavaleiro um embalo; podendo variar numa freqüência entre 40 e 78 batidas por minuto (passo muito alongado e muito curto), tendo por isto utilização terapêutica, conforme necessidade patológica do praticante. Esta adaptação ao ritmo é uma das peças mestras da Equoterapia, promovendo uma mobilização ósteo-articular, contração e descontração dos músculos agonistas e antagonistas (ANDE-BRASIL, 2002). Cada passo completo do cavalo apresenta padrões semelhantes aos do caminhar humano, impõe deslocamento da cintura pélvica da ordem de 5 cm nos planos vertical, horizontal e sagital; e uma rotação de 8 graus para um lado e para o outro. Cada passo produz de 1 (um) a 1,25 (um e vinte e cinco) movimentos por segundo. Em 30 minutos de atendimento em Equoterapia, o praticante executa de 1800 (um mil e oitocentos) à 2250 (dois mil duzentos e cinquenta) ajustes tônicos (ANDE-BRASIL, 2002). No momento pós-tratamento, observa-se que houve uma diminuição percentual em relação ao momento pré-tratamento em Equoterapia para o grupo de portadores da síndrome da respiração bucal, sem diferença estatisticamente significante. Tomando como parâmetro de normalidade, o indivíduo deve ter um valor na Goniometria equivalente a 52 graus, em nossa amostra de ambos os grupos, no entanto observa-se um aumento de angulação da cabeça em relação à coluna cervical para ambos os grupos, contribuindo para a protrusão de cabeça e conseqüente alterações das estruturas ósseo- musculares crânio -cervicais, segundo Rocabado (1994). 73 Em ambos os grupos, os valores para Goniometria estão acima do parâmetro normal, sugerindo assim um desequilíbrio das estruturas ósseo- musculares, e conseqüente inadequação das funções neurovegetativas (respiração, sucção, mastigação, deglutição). Sendo assim, observou-se neste estudo que, a evolução clínica das crianças que participaram da amostra deste estudo, obtiveram resultados gradativos quanto à postura do músculo orbicular da boca, tendo como conseqüência a manutenção da língua da papila em repouso, nas funções de sucção, deglutição e articulação dos fonemas linguodentais (/t/, /d/, /n/, /l/) e línguo-alveolares (/l/, / ? ), colaborando para a não projeção da mesma nos dentes incisivos superiores centrais e para o bom prognóstico clínico de um tratamento ortodôntico continuado. Além disto, o posionamento do osso hióide é fundamental para que ocorra o alinhamento crânio-cervical em relação à coluna vertebral, e observamos maior propriocepção destas regiões para que houvesse maior consciência corporal e constante possibilidade de ajustes posturais globais com o movimento do cavalo ao passo, junto aos alongamentos realizados. Lembrando que uma avaliação fonoaudiológica objetiva e abrangente, como a que foi aplicada neste estudo, para os pacientes respiradores bucais, possibilita detectar o diagnóstico clínico, agir de maneira objetiva, buscando a profilaxia e realização dos encaminhamentos necessários aos profissionais da área da saúde, em busca do prognóstico clínico, dentro de um olhar interdisciplinar. 74 7. CONCLUSÃO A partir desta pesquisa, foi possível concluir que existe diferença entre os momentos pré e pós-Equoterapia para os seguintes movimentos: repouso e vedamento em músculo orbicular da boca (feixe inferior), e que embora existam diferenças entre os dois grupos: controle e de portadores da síndrome da respiração bucal nas avaliações de Eletromiografia, estas diferenças não podem ser consideradas estatisticamente significativas. Isto nos reforça o fato do tratamento em Equoterapia ter proporcionado estas adequações de postura dos lábios e posição de língua na papila, para que fossem automatizadas. Desta forma, os pacientes portadores da síndrome da respiração bucal obtiveram a efetivação da respiração nasal, a adequação da postura global em função do ângulo da cabeça. Em todas as avaliações de Telerradiografia, as diferenças entre pré e pós-tratamento em Equoterapia não foram consideradas estatisticamente significantes, e assim não houveram alterações nas relações crânio- mandibular e crânio -cervical. Para o exame de Telerradiografia, existe diferença estatisticamente significativa entre os grupos para as avaliações C1C2 e C27V, onde em ambas os portadores da síndrome da respiração bucal possuem valores maiores do que os do grupo controle. E para COC1, os p-valores por estarem próximos do limite de aceitação, são considerados a ter uma tendência significativa. Durante o período de tratamento proposto nesta pesquisa, verificou-se que não houve modificação na estrutura óssea dos pacientes, embora tenhamos obtido modificações musculares e de adequação do tônus postural global, observado em resultados clínicos. Justifica-se assim o desenvolvimento das funções psicomotoras, proporcionadas pelos ajustes tônicos e conseqüente modificação de tônus postural. 75 Sendo assim torna-se possível, por meio dos exames de Eletromiografia do músculo orbicular da boca (feixes superior e inferior) e da análise cefalométrica (Telerradiografia lateral, segundo o traçado de ROCABADO), mensurar o quanto e como as estruturas do sistema estomatognático poderiam se comportar diante da proposta de tratamento em Equoterapia, perante uma visão interdisciplinar, para o grupo de portadores da síndrome da respiração bucal. 76 Referências AMADIO, A .C. et al. Fundamentos biomecânicos para análise do movimento. São Paulo: Laboratório de Biomecânica/ EEFUSP, 1996. 162p. 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Otawa: John Wiley e Sons Incorporate, 1991. 237p. 80 Anexo A Termo de Consentimento UNIVAP – Universidade do Vale do Paraíba ... “Análise eletromiográfica do músculo orbicular da boca em crianças portadoras da síndrome da respiração bucal, pré e pós-tratamento em Equoterapia”. Responsáveis: Maria Roberta Dias Veneziani Cantarelli Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Aléxis Lazo Osorio Co-orientador: Prof. Dr. Wellington Ribeiro Eu_________________________________________________________________, portador do RG n°_________________ residente a Rua: ___________________________ _______________________________N°_______ Bairro: _________________________ Cidade: _____________-____. Declaro enquanto pai e/ou responsável legal de meu (minha) filho (a) ______________________________, ___ anos de idade, e concordo voluntariamente em participar nas pesquisas conduzidas pela Fonoaudióloga Maria Roberta Dias Veneziani Cantarelli (CRFa. 9746-SP). Justificativa: Variações de ajustes tônicos causados à quem monta a cavalo, ao passo, estimulam respostas para mudança do ponto de equilíbrio, direção e velocidade ; facilitando a estabilização da dinâmica postural do indivíduo . Sendo assim, torna-se importante a iniciativa de se investigar cientificamente quais são os efeitos biopsicossociais para pacientes respiradores bucais, que embora não tenham comprometimentos neurológicos, apresentam sintomas desfavoráveis à postura corporal, ao posicionamento de cabeça e , inclusive tendê ncias a dificuldades de aprendizagem. Portanto, podemos propiciar a estes pacientes o tratamento em Equoterapia, que possui como elemento motivador o cavalo, e se diferencia de outros tratamentos convencionais, visto que o ambiente terapêutico propicia o contato com a natureza, em espaço arborizado, e os estímulos naturais (tato, olfato, audição, visão e paladar) desencadeiam sensações e percepções sensoriais. Observamos então, a integração entre o paciente, o cavalo, o meio ambiente, a equipe interdisciplinar e a família; contribuindo certamente para uma melhor qualidade de vida destes pacientes respiradores bucais. Além destes fatores, poderemos colaborar cientificamente com os estudos posteriores na área da reabilitação, principalmente no que se refere ao tratamento em Equoterapia, que vem nos dando 81 indícios clínicos positivos em relação ao desenvolvimento biopsicossocial, dos pacientes que dela se beneficiam. Objetivos do Estudo: Os objetivos do presente estudo, consistem em: 1)Avaliar os aspecto s clínicos de pacientes respiradores bucais, os quais apresentem maus hábitos bucais, através de protocolo de avaliação clínica, exame de eletromiografia e análise cefalométrica, antes e após tratamento em Equoterapia; 2)Obter parâmetros clínicos comparativos, os quais nos possibilitem verificar a eficácia ou não do tratamento em Equoterapia, para estes pacientes em questão; 3) Viabilizar e contribuir com a execução de pesquisa científica na área da reabilitação humana, valorizando o tratamento de Equoterapia. Explicação dos Procedimentos: Cada voluntário se submeterá aos seguintes procedimentos para a participação deste estudo: 1. Avaliação Fonoaudiológica (procedimento clínico): (conforme dia e horário pré-agendados com Pesquisador); 2. Avaliação Postural (procedimento clínico): (conforme dia e horário pré-agendados com Pesquisador), aplicada por Fisioterapeuta; 3. Exame de telerradiografia lateral e frontal da face (Laboratório Focus- SJCampos-SP), aplicados por técnicas em radiologia odontológica, pré e pós período de tratamento em Equoterapia; 4. Exame de EMG (eletromiografia) dos músculos orbiculares da boca (Laboratório de Biodinâmica/FCS – UNIVAP Urbanova- SJCampos-SP), aplicado por Pesquisador e um profissional do Laboratório de Biodinâmica, pré e pós período de tratamento em Equoterapia; 5. Tratamento em Equoterapia (total de 16 atendimentos – CFEPM-Centro de Fonoaudiologia e Equoterapia- Projeto Movimento –SJCampos-SP), aplicados por Pesquisador e um Instrutor de Equitação. Possíveis Benefícios : O benefício maior será a possibilidade da participação deste estudo, cujos procedimentos prezam a busca de diagnóstico, investigação clínica e tratamento diferenciado para a qualidade de vida dos voluntários. Espera-se que cada voluntário possa melhorar sua capacidade respiratória, bem como sua performance na área biopsicossocial. O voluntário não será remunerado de forma alguma em espécie ou outra forma de pagamento para a execução do experimento. O voluntário tem a liberdade de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado. O voluntário tem a garantia do sigilo que assegure a sua privacidade, quanto aos dados confidenciais envolvidos na pesquisa. O voluntário será ressarcido das despesas decorrentes da participação na pesquisa (custo de exames e de tratamento). 82 O voluntário tem a garantia de ser indenizado diante de eventuais danos decorrentes da pesquisa. Desconforto e Risco: O experimento não trará nenhum risco para a saúde, em nenhum dos procedimentos citados acima, do voluntário cuja identidade não será revelada. É importante ressaltar que durante o período de tratamento em Equoterapia, cada voluntário permanecerá montado em um cavalo, em cada atendimento, cuja duração é de 30 minutos. Por ser uma atividade física junto a um animal, este possui comportamento dócil e previsível, além do voluntário ser acompanhado pelo Pesquisador e Instrutor de Equitação. Métodos Alternativos: Neste presente estudo não são aplicáveis métodos alternativos. Forma de Acompanhamento e Assistência: Durante a execução de todos os procedimentos da pesquisa, citados acima, os pais e/ou responsáveis, bem como os voluntários, serão orientados previamente e acompanhados em todo o desenvolvimento, segundo a visão fonoaudiológica do Pesquisador. Portanto, o voluntário e seus familiares terão a garantia de esclarecimento, antes e durante o curso da pesquisa, no que se refere à metodologia(não haverá a possibilidade de inclusão em grupo controle ou placebo). O pesquisador realizará encaminhamentos aos profissionais da área da saúde que se fizerem necessários ao prognóstico de cada voluntário. Seguro de Saúde ou de Vida: Não existe nenhum tipo de seguro de saúde ou de vida que possa vir a beneficiar o voluntário em função da sua participação nesse estudo. Liberdade de participação: A participação neste estudo é voluntária. É direito do voluntário de interromper sua participação a qualquer momento sem que isto incorra em qualquer prejuízo ou penalidade. Também entendo que o pesquisador tem o direito de tirar o voluntário do estudo a qualquer momento. Sigilo de identidade: As informações obtidas nos experimentos desse estudo serão mantidas em sigilo e não poderão ser consultadas por pessoas leigas sem a autorização oficial do voluntário. Essas informações só poderão ser utilizadas para fins científicos, desde que fique resguardada a privacidade do voluntário. O Prof. Dr. Rodrigo Ale xis Lazo Osorio e o Prof. Dr. Wellington Ribeiro explicaram todos os riscos envolvidos, a necessidade da pesquisa e se prontificaram a responder todas as questões 83 sobre os experimentos. Eu aceito participar neste estudo de livre e espontânea vontade. Entendo que é meu direito manter uma cópia deste cons entimento. Para questões associadas com este estudo, por favor, contate: Fone: (0xx12) 3947.1087 – FCS/UNIVAP- Prof. Dr. Rodrigo Aléxis Lazo Osorio . [email protected] _______________________ Assinatura do pai e/ou responsável pelo voluntário ________________________________ Nome por extenso ______________________________________ Maria Roberta Dias Veneziani Cantarelli ________________________________________________________ Prof. Dr. Rodrigo Aléxis Lazo Osorio – Orientador ________________________________________________________ Prof. Dr. Wellington Ribeiro – Co-orientador 84 ANEXO B IP&D -Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas Fga. Maria Roberta Dias Veneziani Cantarelli. CRFa. 9746-SP ANAMNESE E AVALIAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA I. Dados Pessoais: Data: Nome do Paciente: Data de Nascimento: Nome dos Pais: Endereço: Bairro: Cidade: Escolaridade: Aluno (s) que o (a ) atende (m): Uso de Aparelho Ortodôntico: Encaminhado por: Queixa Principal: Hipótese Diagnóstica: Idade: Telefone: CEP: Nome da Instituição: 85 II. Anamnese: Antecedentes Familiares: Saúde Geral: Uso de medicamentos: Cirurgia(s) que se submeteu : Onde: Quando: Mèdico e/ou Equipe Médica Responsável: Acompanhamento de outros profissionais: Tratamento Dentário e Ortodôntico: Maus Hábitos Orais: Alimentação: Observações e Dados Relevantes: Fala : Fala Espontânea: 86 Inteligibilidade ( )Total ( )Parcial ( )Ininteligível Velocidade: Produção Fonêmica: Quadro Fonêmico: /p/ /b/ /t/ /d/ /k/ /g/ /f/ /v/ /s/ /z/ / / / / /m/ /l/ /n/ / / / / /X/ /r/ {R} {S} cc(r)v cc(l)v y W 87 Avaliação Anatomofuncional dos O.F.A. (Órgãos Fonoarticulatórios) Palato Mole : Aspecto: Fístula: ( ) Presente ( ) Ausente ( ) Localização ( ) Tamanho Extensão: Mobilidade : ( )Véu Palatino ( ) Paredes Laterais ( ) Parede Posterior Reflexo de Gag: Amígdalas : Função do E.V.F. : Escape de Ar Nasal (E.N.M.A.): Aeração Nasal: Sopro Fraco: Sequências silábicas: /p/ /t/ /k/ /f/ /s/ / / /b/ /d/ /g/ /v/ /z/ / / 88 Frases: Papai fez a pipa. O tatu saiu cedo. Kiki gosta de chá. A zebra chegou hoje. Mamãe come mamão. Palato Duro: Aspecto: Fístula: ( ) Presente ( ) Ausente Face: Lábios: Aspecto: Postura: Freios Sup. E Inf.: Músculo Mentalis: Língua: Aspecto: Postura: Freio: Bochechas: Mandíbula: mm. Masséteres: mm. Temporais: A.T.M.: Posição Oclusal: ( ) Localização ( ) Tamanho 89 Estado Geral dos Dentes: Funções Neurovegetativas: Respiração: Tipo: Modo: Aeração: Mastigação: Deglutição: Líquido: Lábios juntos: Lábios separados: Sólido: Lábios juntos: Lábios separados: Encaminhamento(s): _____________________________________________ Maria Roberta Dias Veneziani Cantarelli. Fonoaudióloga CRFa.9746-SP 90 ANEXO C AVALIAÇÃO POSTURAL Vista Anterior Cabeça: ( ) incl. D ( ) incl. E ( ) rot. D ( ) rot. E ( ) alinhada Ombros: ( ) D elevado ( ) E elevado ( ) simétricos Ângulo de Tales: ( ) D menor ( ) E menor ( ) sem alterações Crista Ilíaca: ( ) D elevado ( ) E elevado ( ) simétricos Joelhos: ( ) valgo ( ) varo ( ) alinhados Pés: ( ) inversão ( ) eversão ( ) plano ( ) cavo ( ) sem alterações Vista Lateral Direita Cabeça: ( ) anteriorizada ( ) posteriorizada ( ) alinhada Ombros: ( ) protuso ( ) retraído ( ) alinhados Quadril: ( ) anteversão ( ) retroversão ( ) antepulsão ( ) retropulsão ( ) alinhados Abdômen: ( ) protuso ( ) sem alterações Joelhos: ( ) hiperextensão ( ) semiflexão ( ) alinhados Vista Lateral Esquerda Cabeça: ( ) anteriorizada ( ) posteriorizada ( ) alinhada Ombros: ( ) protuso ( ) retraído ( ) alinhados Quadril: ( ) anteversão ( ) retroversão ( ) antepulsão ( ) retropulsão ( ) alinhados 91 Abdômen: ( ) protuso ( ) sem alterações Joelhos: ( ) hiperextensão ( ) semiflexão ( ) alinhados Vista Posterior Cabeça: ( ) incl. D ( ) incl. E ( ) rot. D ( ) rot.E ( ) alinhado Ombros: ( ) D elevado ( ) E elevado ( ) simétricos Escápula : ( ) aladas ( ) aduzidas ( ) abduzidas ( ) sem alterações Ângulo de Tales: ( ) D menor ( ) E menor ( ) sem alterações Crista Ilíaca: ( ) D elevado ( ) E elevado ( ) simétricos Joelhos: ( ) valgo ( ) varo ( ) alinhados Tendão de Aquiles: ( ) valgo ( ) varo ( ) sem alterações Gibosidade: Torácica ( ) D ( ) E ( ) sem alterações Lombar ( ) D ( ) E ( ) sem alterações Obs:---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 92 ANEXO D Tabelas dos Resultados Tabela 1- Valores médios obtidos a partir da análise eletromiográfica- pré e pós-tratamento em Equoterapia, para o grupo de crianças portadoras da síndrome da respiração bucal. EMG Repouso OI Vedamento OI Deglutição Oi Sopro OI Contração OI Repouso OS Vedamento OS Deglutição OS Sopro OS Contração OS Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Média Mediana 0,006685 0,015257 0,008460 0,016643 0,021410 0,043218 0,022808 0,027198 0,051590 0,100074 0,006105 0,006744 0,005868 0,006206 0,027515 0,037730 0,011260 0,013916 0,051232 0,046014 0,005581 0,012194 0,006529 0,014371 0,020908 0,030628 0,016871 0,023884 0,062984 0,092762 0,005003 0,005347 0,005950 0,005599 0,027559 0,025795 0,009074 0,013125 0,042682 0,048708 Desvio Padrão 0,002816 0,007138 0,005459 0,010452 0,008475 0,036856 0,022274 0,015792 0,034316 0,081981 0,001811 0,003221 0,001411 0,001723 0,013421 0,029206 0,007305 0,006182 0,026348 0,028473 Quartil 1 Quartil 3 Tamanho IC 0,004672 0,011401 0,004799 0,008486 0,016002 0,019940 0,011037 0,018021 0,038005 0,035432 0,004586 0,004358 0,004830 0,004809 0,017545 0,021715 0,007422 0,011575 0,036374 0,022660 0,007715 0,015031 0,009634 0,019860 0,023051 0,052174 0,022794 0,027954 0,070872 0,151386 0,007376 0,007652 0,006209 0,007427 0,030430 0,050685 0,011347 0,016362 0,057540 0,067551 10 9 10 10 10 10 10 10 3 10 9 9 10 10 10 10 10 10 4 10 0,001745 0,004663 0,003384 0,006478 0,005253 0,022843 0,013805 0,009788 0,038832 0,050812 0,001183 0,002104 0,000874 0,001068 0,008318 0,018101 0,004527 0,003832 0,025821 0,017647 p-valor 0,008* 0,005* 0,074# (OI) músculo orbicular inferior da boca; (OS) músculo orbicular superior da boca. * Valores estatisticamente significantes. # Valor que refere tendência a ser estatisticamente significante. 0,285 0,285 1,000 0,386 0,241 0,139 0,465 93 Tabela 2- Valores médios obtidos a partir da análise eletromiográfica pré-tratamento em Equoterapia, para os Grupos controle e de portadores da síndrome de respiração bucal. EMG Repouso OI Vedamento OI Deglutição Oi Sopro OI Contração OI Repouso OS Vedamento OS Deglutição OS Sopro OS Contração OS Bucal Controle Bucal Controle Bucal Controle Bucal Controle Bucal Controle Bucal Controle Bucal Controle Bucal Controle Bucal Controle Bucal Controle Média Mediana 0,006685 0,008321 0,008460 0,008881 0,021410 0,028122 0,022808 0,015483 0,051590 0,064013 0,006105 0,005123 0,005868 0,004861 0,027515 0,027556 0,011260 0,008312 0,051232 0,035858 0,005581 0,006928 0,006529 0,009221 0,020908 0,024126 0,016871 0,012028 0,062984 0,045816 0,005003 0,004984 0,005950 0,004652 0,027559 0,033789 0,009074 0,008315 0,042682 0,034281 Desvio Padrão 0,002816 0,003803 0,005459 0,004441 0,008475 0,014641 0,022274 0,009506 0,034316 0,057188 0,001811 0,000717 0,001411 0,000890 0,013421 0,012184 0,007305 0,002033 0,026348 0,024184 Quartil 1 Quartil 3 Tamanho IC 0,004672 0,005698 0,004799 0,005052 0,016002 0,019240 0,011037 0,009220 0,038005 0,040945 0,004586 0,004734 0,004830 0,004432 0,017545 0,018345 0,007422 0,006979 0,036374 0,023438 0,007715 0,009901 0,009634 0,011240 0,023051 0,037444 0,022794 0,017850 0,070872 0,050614 0,007376 0,005446 0,006209 0,004684 0,030430 0,036789 0,011347 0,009538 0,057540 0,037824 10 7 10 7 10 7 10 7 3 5 9 7 10 7 10 7 10 7 4 5 0,001745 0,002817 0,003384 0,003290 0,005253 0,010846 0,013805 0,007042 0,038832 0,050127 0,001183 0,000531 0,000874 0,000659 0,008318 0,009026 0,004527 0,001506 0,025821 0,021198 p-valor 0,205 0,770 0,205 0,558 0,881 0,427 0,143 0,845 0,380 0,221 (OI) músculo orbicular inferior da boca; (OS) músculo orbicular superior da boca. Tabela 3- - Valores médios obtidos a partir da análise cefalométrica (telerradiografia lateral)- pré e pós-tratamento para o grupo de portadores da síndrome de respiração bucal. Teleradiografia CRVT C0C1 C1C2 HIÓIDE C27V Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Média Mediana 99,55 98,70 11,10 12,29 9,95 9,53 4,93 6,40 86,55 86,39 97,60 97,32 11,26 11,68 10,07 9,77 5,90 5,90 84,57 84,68 Desvio Padrão 8,71 5,79 2,02 1,86 2,31 1,42 4,11 5,36 10,78 8,17 Quartil 1 94,83 95,01 9,89 11,17 9,06 9,09 3,71 5,29 82,66 80,92 Quartil 3 102,90 101,05 12,75 12,98 11,67 10,32 6,48 9,67 94,20 91,93 Tamanho IC 15 13 15 13 15 13 15 13 15 13 4,41 3,15 1,02 1,01 1,17 0,77 2,08 2,91 5,46 4,44 p-valor 0,422 0,221 0,311 0,279 0,382 94 Tabela 4- Valores médios obtidos a partir da análise cefalométrica (telerradiografia lateral) entre os grupos controle e de portadores da síndrome de respiração bucal. Teleradiografia CRVT C0C1 C1C2 HIÓIDE C27V 97,60 100,43 11,26 7,57 10,07 6,11 5,90 0,86 84,57 Desvio Padrão 8,71 8,26 2,02 3,76 2,31 1,66 4,11 3,87 10,78 Quartil 1 94,83 98,63 9,89 7,57 9,06 5,75 3,71 0,49 82,66 Quartil 3 102,90 100,98 12,75 10,63 11,67 8,74 6,48 5,97 94,20 76,44 7,13 74,44 81,97 Média Mediana Bucal Controle Bucal Controle Bucal Controle Bucal Controle Bucal 99,55 97,56 11,10 9,46 9,95 7,20 4,93 3,52 86,55 Controle 79,27 Tamanho IC 15 12 15 13 15 13 15 13 15 4,41 4,67 1,02 2,04 1,17 0,90 2,08 2,10 5,46 13 3,87 p-valor 0,588 0,054# 0,002* 0,157 0,018* * Valores estatisticamente significantes, dos grupos bucal em relação ao controle. # Valor que refere tendência a ser estatisticamente significante, do grupo bucal em relação ao controle. Tabela 5- Valores médios obtidos a partir da Avaliação Postural - pré e pós-tratamento em Equoterapia, para Goniometria. Postural Média Mediana Desvio Padrão Quartil 1 Quartil 3 Tamanho IC p-valor Vista Posterior Pré Pós 55,20 54,27 55 54 2,83 4,96 53,5 52,5 56,5 54,5 15 11 1,43 2,93 0,562 95 Tabela 6- Valores médios obtidos a partir da Goniometria entre os grupos controle e de portadores da síndrome de respiração bucal. Postural Média Mediana Desvio Padrão Quartil 1 Quartil 3 Tamanho IC p-valor Goniometria Bucal 55,20 Nasal 54,50 55,00 54,00 2,83 5,55 53,50 50,50 56,50 58,50 15 8 1,43 3,85 0,650 Tabela 7 – Valores médios obtidos a partir da Idade dos pac ientes pertencentes aos grupos controle e de portadores da síndrome de respiração bucal. Idade Grupos Bucal Controle Média Mediana Desvio Padrão Quartil 1 Quartil 3 Tamanho IC p-valor 11,37 10,09 10,92 10,00 1,56 1,57 10,25 9,25 12,92 10,92 15 13 0,79 0,85 0,065# # Valor que refere tendência a ser estatisticamente significante, do grupo bucal em relação ao grupo controle. 96 Tabela 8 - Valores médios obtidos a partir do Sexo dos pacientes pertencentes aos grupos controle e de portadores da síndrome de respiração bucal. Sexo Bucal Controle Qtde % Qtde % 8 7 53,3% 46,7% Feminino Masculino 7 5 p-valor 58,3% 41,7% 0,795 Tabela 9- Valores médios obtidos a partir do Diagnóstico dos pacientes pertencentes aos grupos controle e de portadores da síndrome de respiração bucal. Diagnósticos Alterações Miofuncionais Distúrbio Articulatório Deglutição Atípica NDN (nada digno de nota) Bucal Controle Qtde % p-valor Qtde % 14 93,3% 11 91,7% 0,869 14 93,3% 6 50,0% 0,011* 13 86,7% 6 50,0% 0,038* 0 0,0% 1 8,3% 0,255 * Valores estatisticamente significantes, dos grupos bucais em relação aos grupos controle, em Distúrbio Articulatório e Deglutição Atípica. 97 Tabela 10- Valores médios obtidos a partir dos Encaminhamentos realizados aos pacientes pertencentes aos grupos controle e de portadores da síndrome de respiração bucal. Encaminhamentos Audiometria Tratamento Fonoaudiológico Médico Otorrinolaringologista Ortodontia Qtde Bucal % Controle Qtde % p-valor 1 6,7% 0 0,0% 0,362 15 100,0% 11 91,7% 0,255 15 100,0% 9 75,0% 0,040* 15 100% 1 8,3% 0,255 * Valores estatisticamente significantes, do grupo Bucal em relação ao grupo Controle, em encaminhamentos ao Médico Otorrinolaringologista. Tabela 11- Valores médios obtidos a partir da avaliação da angulação do osso hióide. HIÓIDE Qtde % Aumentou Diminuiu Perdido 8 5 3 50,0% 31,3% 18,8% 98