TERAPIAS ASSISTIDAS POR ANIMAIS: CINOTERAPIA E

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TERAPIAS ASSISTIDAS POR ANIMAIS: CINOTERAPIA E
TERAPIAS ASSISTIDAS POR ANIMAIS: CINOTERAPIA E EQUOTERAPIA
NASCIMENTO, Carine 1
PERANZONI, Vaneza Cauduro2
ALVES, Paulo Sergio Felipe 3
1 INTRODUÇÃO
No presente artigo, propomos analisar a eficácia das terapias assistidas por animais,
Equoterapia e Cinoterapia, como método educacional e terapêutico, que utiliza o cavalo e o
cão, respectivamente, a partir de uma abordagem interdisciplinar entre as áreas da saúde e
educação, buscando o desenvolvimento global de pessoas com necessidades especiais
atendidas pelo Centro de Equoterapia da Escola de Aperfeiçoamento de Sargentos das
Armas/UNICRUZ, no município de Cruz Alta- RS.
As terapias assistidas por animais são indicadas para o tratamento de comportamentos
indesejados, como medos, fobias, traumas (abuso sexual), saúde física, emocional,
aprendizado intelectual e motor. O cavalo e o cão oferecem relevante apoio emocional, com
um comportamento dócil e adestrado, proporcionando aos praticantes, momentos de
tranquilidade, alegria segurança. Além disso, a presença do animal poderá diminuir a pressão
sanguínea e o estresse, cativando o praticante e estimulando o psicológico e emocional.
A Cinoterapia e Equoterapia são métodos terapêuticos e educacionais que utilizam o
cão e o cavalo, respectivamente, a partir de uma abordagem interdisciplinar entre as áreas da
saúde e educação. Os praticantes são atendidos pelo Centro de Equoterapia da Escola de
Aperfeiçoamento de Sargentos das Armas em parceria com a Universidade de Cruz Alta-
1
Carine Nascimento da Silva, acadêmica do Curso de Fisioterapia e Bolsista PIBEX- UNICRUZ.
[email protected] (055) 91271542
2
Vaneza Cauduro Peranzoni doutora em Educação – UNICRUZ – Professora do Curso de Mestrado
em Praticas Socioculturais de Desenvolvimento social - Grupo de Pesquisa em Estudos Humanos e
Pedagógicos. [email protected] (055)99619434
3
Paulo Sergio Felipe Alves, Mestre e coronel de cavalaria, Comandante da EASA
UNICRUZ, no município de Cruz Alta- RS, onde desenvolvem atividades referentes à sua
patologia.
2 OBJETIVOS
Oferecer as terapias assistidas por animais à comunidade, identificando pacientes/ praticantes
que se adaptem a este tipo de tratamento, buscando conhecer os benefícios individuais de cada
praticante, consolidando o Centro de Equoterapia da EASA/UNICRUZ como um diferencial
na formação acadêmica.
3 METODOLOGIA
A pesquisa caracteriza-se com um estudo exploratório e descritivo (GIL, 2002). É
desenvolvida na Escola de Aperfeiçoamento de Sargentos das Armas- EASA em parceria a
Universidade de Cruz Alta- UNICRUZ. Aplicando estudos de adaptação indireta e
diretamente ao praticante, com o reconhecimento do animal, estimulando o desejo através de
gravuras e brinquedos, reconhecimento do local onde será realizada a terapia e a aproximação
ao animal. Após eles são motivados a desenvolver atividades junto ao animal com orientação
do terapeuta, utilizando técnicas pedagógicas e terapêuticas. Os praticantes realizam uma vez
por semana sessões com duração de trinta minutos. Na Cinoterapia a sessão é realizada
através do contado do praticante com o cão, manipulando o animal, realizando circuitos
pedagógicos. Enquanto que na Equoterapia, a sessão é realizada através da aproximação do
praticante com o cavalo, é então, avaliada a melhor montaria, podendo adaptar o praticante
aos diferentes tipos de andaduras seja ao passo, ao trote e galope, dependendo das limitações
de cada praticante. O praticante realiza atividades de acordo com as necessidades
apresentadas juntamente com o terapeuta. Participam de dez atendimentos ao total e recebem,
então, alta.
A população compreende os alunos encaminhados por escolas, após, serão
selecionados de acordo com a ordem de inscrição e disponibilidade de horário, onde são
atendidos durante 10 sessões, de acordo com avaliação da equipe e após passarão a lista de
espera.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas terapias assistidas por animais, que realizamos no centro EASA/UNICRUZ é
observado, em geral, à reabilitação física e mental de nossos praticantes utilizando o cavalo e
o cão como instrumento de trabalho em uma abordagem interdisciplinar.
Segundo o conceito de desenvolvimento neurológico, a reabilitação depende de
reflexos posturais normais. O cavalo proporciona estes reflexos posturais através do
desenvolvimento motor, estabilidade do tronco e equilíbrio postural, principalmente em
praticantes com paralisia cerebral, pois segundo Park (2014), a criança com paralisia cerebral
desenvolve habilidades sensório-motoras e perceptivo-motoras, inclusive a melhora a função
motora grossa através da hipoterapia.
Conclusões semelhantes foram observadas por Benda, McGibbon, e Grant, que
constataram a melhora da simetria da atividade muscular em crianças com paralisia cerebral
espástica após equoterapia.
Peranzoni, Goi, Krabbe, Vidal (2014) citam a importância da utilização de exercícios
proprioceptivos a fim de estimular a ativação de grupos musculares que são funcionais
durante a atividade com o cavalo para uma maior estabilidade do Core. Estimulando os
músculos do Core, através da equoterapia, obtêm uma diminuição da incidência de dores
lombares, uma melhora do equilibro e estabilização corporal durante a prática de exercícios
físicos e melhora da qualidade de vida em geral do praticante.
Praticantes com déficit de atenção com hiperatividade através das terapias assistidas
por animais desenvolvem os seus Componentes Cognitivos, que são caracterizados pela
capacidade do ser humano de manter e dirigir a atenção, usar a memória, a capacidade de
abstração, na resolução de problemas, nas habilidades de organização, sequenciação e
seriação.
Segundo Costa (2003) a ação cinética e dinâmica causada que o cavalo proporciona e
a relativa contra-reação feita pela criança se evidenciam com a necessidade de movimentos
antecipatórios de orientação e de adaptação que envolve no sistema nervoso no nível
neuromotor, no neuropsicológico e no nível das funções corticais superiores.
Enquanto que, na cinoterapia o cão é um ótimo co-terapeuta, pois não dá atenção à
idade ou à habilidade física das pessoas, sendo que aceita as pessoas como são, sem qualquer
preconceito. Com esta terapia, os praticantes sentem-se mais otimistas a realizar o tratamento,
pois têm a noção de estarem no comando, já que quem dá a ordem aos animais são eles,
havendo um aumento da segurança. Os benefícios evidentes, através da cinoterapia, são o fato
de os praticantes se tornarem mais comunicativos.
Pesquisas realizadas sugerem que as crianças que convivem com cães são mais
afetivas, inteligentes, menos agressivas, tendem a possuir um melhor relacionamento social,
entre outros benefícios decorrentes da interação entre a criança e o cão.
Silva (2014) cita que o cão proporciona a melhora da autoestima em crianças
deficientes e nas pessoas da 3ª idade, devido ao contato físico, despertando o senso de
responsabilidade. Em relação aos idosos, pelo fato de cuidarem do animal, passam a se sentir
úteis. A autora apresenta uma intervenção social importante quando cita a introdução de
animais em asilos, como uma boa forma de recreação e sociabilização. Conclui que, o cão
oferece um bom apoio emocional trazendo ao ser humano momentos de alegria. Os praticantes
sentem-se mais dispostos a conversar com os animais, contando suas angustias e aflições, pois
estes os retornam um olhar não julgador.
Marty Becker escreveu “O poder curativo dos bichos” (2003), onde cita que o
convívio, das crianças com os cães, proporciona uma comunicação recíproca que
proporcionam um melhor desenvolvimento do respeito, companheirismo, e ainda estimulam a
liberação de substâncias que podem beneficiar o organismo, como endorfina e adrenalina.
O aprendizado através dos animais pode contribuir para a formação das crianças,
inclusive no âmbito escolar, para que sejam mais preocupadas com preservação à vida de
todos os seres vivos e o meio ambiente. O pleno contato com a natureza favorece a
sociabilidade, integrando o praticante, o cavalo, cão e a equipe envolvida, constituindo-se de
um trabalho dinâmico, que inclui desde o vínculo afetivo com o animal, pois no momento da
montaria e manipulação do animal estimula-se e desafia-se, levando ao aumento da
autoconfiança, do autocontrole e da autoestima
5 CONCLUSÕES
A terapia com animal tem possibilitado diversas conquistas implicadas no
desenvolvimento integral dos praticantes, as quais têm sido mediadas por uma equipe
multidisciplinar. Esse tipo de terapia produziu efeitos positivos no meio em que vive,
estimulando os aspectos físicos, afetivos e sociais dos praticantes.
A equoterapia e a cinoterapia apresenta-se hoje como uma possibilidade viável,
próxima das comunidades e comprovadamente promotora de melhorias necessárias ao
desenvolvimento saudável e equilibrado, considerando as potencialidades de cada indivíduo.
Concluímos que, quando o ser humano e os animais estão juntos, são encontrados
benefícios significativos, facilitando a relação terapêutica, buscando a codificação de
diferentes experiências com os animais, de modo a aprender novas tarefas para auxiliar, onde
as possibilidades se mostram infinitas, num projeto que está em permanente construção.
REFERÊNCIAS
DIAS, E. , MEDEIROS, M. (2008). Equoterapia: noções elementares e aspectos neurocientíficos.
Rio de Janeiro: Revinter.
MOTTI, G. (2007). A prática da equoterapia como tratamento para pessoas com ansiedade.
Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Mestrado em Psicologia. Campo Grande- Brasil.
Disponível em: <www.tede.ucdb.br>. Acesso em 19/ago./2012.
OLIVEIRA, G. (2007). Cinoterapia: Benefícios da interação entre crianças e cães.
PARK, E. (2014). Effects of Hippotherapy on Gross Motor Function and Functional
Performance of Children with Cerebral Palsy. Department of Rehabilitation Medicine,
Severance Hospital, Research Institute of Rehabilitation Medicine, Yonsei University College
of Medicine, Seoul, Korea. Disponível em <www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25323914>.
Acesso em 24/julho/2015.
PERANZONI, V., GOI, S., KRABBE, E., VIDAL, L. (2014). Equoterapia, flexibilidade e
equilíbrio: treinamento de estabilidade do core. Universidade de Cruz Alta (Unicruz). Cruz
Alta – RS, Brasil.
SILVA, M. (2014). O uso da cinoterapia no âmbito educacional. Universidade do Estado do
Rio de Janeiro. São Gonçalo – Brasil.
UZUN, A. (2005). Equoterapia: aplicação em distúrbios do equilíbrio. São Paulo - Brasil.

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