AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE ADSORÇÃO DA ARGILA
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AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE ADSORÇÃO DA ARGILA
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE ADSORÇÃO DA ARGILA ORGANOFILICA Aline Cadigena L. Patrício¹*, Mariaugusta F. Mota¹, Meiry G. F. Rodrigues¹ ¹UFCG/CCT/UAEQ/LABNOV Av. Aprígio Veloso, 882, Bodocongó, CEP 58.109-970, Campina Grande – PB, Brasil. Email: [email protected] Resumo As argilas organofílicas são obtidas a partir do processo de troca catiônica utilizando sais quaternários de amônio. Durante o desenvolvimento deste estudo a argila foi tratada com o sal quaternário de amônio denominado: Cloreto de alquil dimetil benzil amônio (Dodigen). Os materiais obtidos foram caracterizados por difração de Raios x (DRX), além disso, as argilas organofílicas obtidas foram submetidas ao teste de Inchamento de Foster e Capacidade de Adsorção. Os resultados indicam que foi obtido material organofílico através do tratamento da argila natural com o sal quaternários de amônio. E através do teste de Inchamento de Foster e Capacidade de Adsorção as amostras tratadas com o sal quaternário de amônio apresentaram maior afinidade em solventes orgânicos em relação a argila na sua forma natural Palavras Chaves: Argila, sal quaternário de amônio, Capacidade de Adsorção INTRODUÇÃO Argilas são constituídas por partículas cristalinas de um número restrito de minerais conhecidos como argilominerais, podendo conter ainda matéria orgânica, sais solúveis, partículas de quartzo, outros minerais residuais e amorfos (1). As argilas na sua forma natural possuem cátions trocáveis que fazem das mesmas hidrofílicas, no entanto, esses cátions podem ser substituídos por compostos orgânicos mudando suas características para hidrofóbicas ou organofílicas (2). Essas argilas desfrutam de um grande número de aplicações nas diversas áreas tecnológicas, sendo amplamente usadas na adsorção e retenção de resíduos de vários contaminantes orgânicos e inorgânicos (3). Considerando o exposto, o presente trabalho teve como objetivo sintetizar uma argila partindose da argila chocolate “A” na sua forma natural e avaliar o potencial da argila como adsorvente através do processo de Capacidade de Adsorção e Inchamento de Foster em determinados solventes orgânicos. MATERIAIS E MÉTODOS A argila Chocolate “A” foi fornecida pela empresa Bentonisa, Brasil. O sal quaternário de amônio (Dodigen), foi fornecido pela empresa Clariant. Método Direto - Inicialmente a argila foi passada em peneira malha 200 mesh, em seguida preparou-se uma dispersão aquosa. Essa dispersão foi preparada com agitação mecânica constante por 30 minutos. Para transformar a argila policatiônica na forma sódica foi necessário um tratamento com solução de carbonato de sódio, e aqueceu até 95oC. Após o tratamento o sal quaternário de amônio foi acrescentado. Depois da agitação a dispersão foi filtrada. Em seguida, o material obtido foi seco em estufa a 60ºC ± 5ºC por 24 horas e foi caracterizado (6). Difração de Raios X (DRX) – As amostras da argila foram peneiradas em malha ABNT nº 200 (abertura de 0,005mm em seguida foi acondicionada em suporte de alumínio. Os dados foram coletados utilizando um difratômetro Shimadzu XRD-6000 com radiação CuKα, tensão de 40 KV, corrente de 30 mA, tamanho do passo de 0,020 em 2θ e tempo por passo de 1,000s,com ângulo 2θ percorrido de 2° a 50º. Inchamento de Foster - O ensaio consistiu em adicionar, lentamente e sem agitação, 1,0g de argila Brasgel organofílica em 50mL do solvente. Em seguida, o sistema foi deixado em repouso por 24 horas. Passado o tempo de repouso, mediu-se o volume ocupado pela argila. Logo após, agitou-se o conteúdo da proveta, durante 5 minutos. Após 24 horas de repouso, foi realizado a 2° leitura. Os solventes orgânicos testados foram: gasolina, querosene e óleo diesel. Capacidade de Adsorção - O teste foi baseado no método “Standard Methods of Testing Sorbent Performance of Adsorbents” nas normas ASTM F716–82 e ASTM F726–99. Este constou do seguinte procedimento: em um recipiente Pyrex colocou-se o solvente a ser testado até uma altura de 2cm. Em uma cesta (de tela de Aço Inoxidável com malha ABNT 200, abertura de 0,075 mm) colocou-se 1,00g do material a ser testado. Esse conjunto é pesado e colocado em contato com o solvente, onde permanece por 15 minutos. Após esse tempo, realizou-se uma nova pesagem. A quantidade de solvente adsorvida foi calculada a partir da equação (1): P P2 * 100 Ad 1 P 2 (1) Onde: P1: peso do material após adsorção; P2: peso do material adsorvente seco; Ad: eficiência da adsorção para o fluído e o adsorvente testado, em porcentagem. RESULTADOS E DISCUSSÃO Difração de Raios-X Os difratogramas das argilas Chocolate “A” natural e organofílica estão apresentados na Fig. 1. FIGURA 1: Difratogramas das amostras das argilas: (1) Chocolate “A” natural; (2) Chocolate”A” Dodigen, respectivamente. De acordo com a Figura 1 é possível verificar que a argila Chocolate “A” natural, apresenta o grupo da esmectita com distância basal (d001) de 1,563 nm. Com relação á amostra de argila Chocolate “A” tratada com o sal quaternário de amônio Dodigen houve modificações na distância basal, o que caracteriza a presença das moléculas dos cátions quaternários de amônio, além disso, apresenta pico característico com distância basal (d001) igual a 2,446nm (4). Inchamento de Foster O teste de inchamento de Foster é utilizado para verificar a afinidade do sal quaternário com as moléculas orgânicas dos solventes (5). Segundo Ramos Vianna et al 2002 sugere-se as seguintes faixas ( Tabela1) para o teste de inchamento de Foster. Tabela 1 - Considerações adotadas pelo LMPSol para o Inchamento de Foster. Inchamento Não-inchamento Baixo Médio Alto Faixa inferior a 2mL/g 3 a 5mL/g 6 a 8mL/g acima de 8mL/g Fonte: RAMOS VIANNA et al.,2002. Os resultados referentes ao teste de Inchamento de Foster para a argila Chocolate “A” organofílica estão apresentados na Tabela 2. Tabela 2 – Resultados do Inchamento de Foster. Argila Organofílica Chocolate “A” (Dodigen) Solventes Sem agitação Com agitação Gasolina 7 13 Diesel 4 9 Querosene 2 5 De acordo com os resultados apresentados na Tabela 2, em relação à Tabela 1, observa-se que a amostra Chocolate “A” apresentou baixo inchamento no solvente Diesel no sistema sem agitação. Também pode ser verificado o seguinte comportamento quando o sistema apresentou agitação: alto inchamento em gasolina e Diesel e baixo inchamento em Querosene. Capacidade de adsorção 6 5,043 5 4,198 4 2,578 3 2 1,002 1,087 1,203 1 0 Natural Gasolina Dodigen Diesel Querosene FIGURA 2 - Capacidade de adsorção da argila Chocolate “A”: natural e organofílica A partir dos resultados de capacidade de adsorção da argila Chocolate “A” sem tratamento e organofilizada, é possível indicar que a amostra organofilica têm melhor potencial para adsorção em todos os solventes orgânicos quando comparado com os resultados da argila sem tratamento.Também foi possível observar que a argila Chocolate “A” natural obteve maior desempenho no solvente Querosene (1,203). A argila organofilizada ofereceu melhor efeito para o solvente gasolina quando comparado ao diesel e querosene, evidenciando a influência dos sais orgânicos. CONCLUSÃO A partir dos resultados obtidos neste trabalho, conclui-se que frente ao processo de organofilização, obteve-se materiais com características organofílicas, comprovadas a partir da técnica de Difração de Raio X. Os materiais organofílicos obtidos apresentaram alto inchamento em Diesel e gasoline no sistema com agitação, variando entre 9 e 13mL/g. O teste de Capacidade de Adsorção comprovou a melhor eficiência da argila Chocolate “A” organofílica em relação à argila na sua forma sem tratamento, independente do solvente testado. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a CAPES e ao CNPq pela concessão de bolsas e a Petrobras pelo auxílio financeiro. REFERÊNCIAS (1) SOUZA, P. de. S. Ciência e tecnologia das argilas. 2ª ed., São Paulo: Ed. Edgard Blücher Ltda., 1989. (2) DÍAZ, F. R. V.; Preparation of organophilic clays from a Brazilian smectite Clay. Clay. Key Eng. Mater., v. 189, p. 203-207, 2001. (3) PAIVA, L. B.; MORALES, A. R.; DÍAZ, F. R. V.; Argilas organofílicas: características, metodologias de preparação, compostos de intercalação e técnicas de caracterização. Cerâmica, v. 54, p. 213-226, 2008. (4) EREN E., Removal of copper ions by modified Unye clay, Turkey. J. Haz. Mat., V.159, 235–244, 2008. (5)DÍAZ, F. R. V. Preparação, a nível de laboratório, de algumas argilas esmectíticas organofílicas. Tese de Doutorado. Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São PauloSP, 256f, 1994. (6) PEREIRA, K. R. O. ; RODRIGUES, M. G. F.; DIAZ, F. R. V. Síntese e caracterização de argilas organofílicas: comparação no uso de dois métodos. Revista Eletrônica de Materiais e Processos, V.2, p. 1-8, 2007. (7) VIANNA, M. M. G. R.; JOSÉ, C. L. V.; PINTO, C. A.; BÜCHLER, P. M.; VALENZUELA-DÍAZ, F. R. Preparação de duas argilas organofílicas visando seu uso como sorventes de hidrocarbonetos. Anais do 46º Congresso Brasileiro de Cerâmica (CD-Rom), São Paulo-SP, 1860 – 1871, 2002.
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