avaliação dos métodos de antissepsia cirúrgica das mãos(1)

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avaliação dos métodos de antissepsia cirúrgica das mãos(1)
AVALIAÇÃO DOS MÉTODOS DE ANTISSEPSIA CIRÚRGICA DAS
MÃOS(1)
Gabriela Lugoch(2), Fernanda Magrini(3), Crisley Dichete(3), Diego Vilibaldo
Beckmann(4)
(1)
Trabalho executado com recursos da PROBIC/FAPERGS.
Acadêmica do curso de medicina veterinária e bolsista de iniciação científica PROBIC/FAPERGS; Universidade
Federal do Pampa; [email protected].
(3)
Acadêmica do curso de medicina veterinária da Universidade Federal do Pampa.
(4)
Professor Adjunto-A do curso de medicina veterinária; Universidade Federal do Pampa.
(2)
RESUMO: A antissepsia é realizada com a finalidade de diminuir a microbiota residente e eliminar a microbiota
transitória das mãos. Existem diferentes métodos de antissepsia, com ou sem o uso de escova cirúrgica. O objetivo
desta pesquisa foi avaliar os principais métodos de antissepsia das mãos. Alunos foram distribuídos em cinco grupos,
sendo dois deles associando a escovação cirúrgica (polivinilpirrolidona iodo e gluconato clorexidine), e três deles sem o
uso de escova (polivinilpirrolidona iodo, gluconato clorexidine e triseptin). As amostras foram coletadas em quatro
tempos, sendo realizadas coletas prévia e posteriormente à antissepsia das mãos, uma e duas horas após a
antissepsia. Foi realizada a contagem de unidades formadoras de colônia das amostras. Nos cinco grupos, tanto no
método de antissepsia com utilização de escova, quanto no método sem escova, os resultados obtidos foram eficazes,
apresentando baixa ou nenhuma contagem de colônias. Com este estudo, verificou-se que não há diferença entre os
métodos de antissepsia das mãos com ou sem uso de escovas, uma vez que ambos mostraram eficácia logo após a
antissepsia das mãos.
Palavras-Chave: assepsia, cirurgia, antissepsia.
INTRODUÇÃO
A assepsia é um conjunto de métodos e práticas que previnem a contaminação em uma cirurgia,
envolvendo a preparação adequada da sala, do paciente, dos instrumentais, materiais e conduta dos
profissionais da área. A antissepsia é uma das etapas da assepsia, com objetivo de diminuir a microbiota
residente e eliminar a transitória das mãos (FOSSUM, 2007; MONTEIRO et al., 2000).
A antissepsia das mãos reduz pela metade os riscos de infecções no trans-operatório (FELIX;
MIYADAHIRA, 2009), pois o uso de luvas cirúrgicas, não impede a transferência de microrganismos das
mãos da equipe cirúrgica para o paciente (OBERG; SCHWARTZ; ZANDER GRANDE, 2007). Existem
diferentes métodos de antissepsia, com ou sem o uso de escova cirúrgica. A técnica de antissepsia com o
uso de escovação utiliza manobras mecânicas e químicas, pelo uso da escova esterilizada associado com
uma solução antisséptica, que tem como parâmetro a cronometragem ou contagem de escovadelas
(FOSSUM, 2007). Na técnica de lavagem cirúrgica sem o uso de escova, é realizada apenas a antissepsia
química das mãos, pela aplicação do antisséptico seguida da fricção das mãos e antebraços, sem a
utilização de artefatos (SILVA et al., 2011).
No Brasil, o método mais utilizado é o da escovação cirúrgica associado a antissépticos tradicionais
(polivinilpirrolidona iodo – PVPI – e gluconato clorexidine – CHG), apesar desta técnica causar micro lesões
e irritação da pele (GONÇALVES; GRAZIANO; KAWAGOE, 2012). A partir disso, o objetivo desta pesquisa
foi avaliar os principais métodos de antissepsia das mãos.
METODOLOGIA
Foi padronizado o uso do procedimento cirúrgico de OSH em cadelas, durante a realização das aulas
práticas da disciplina técnica cirúrgica veterinária. Juntamente foi realizada a comparação de antissépticos,
associando duas pesquisas. Após o treinamento prévio dos métodos de antissepsia cirúrgica, 50 alunos
foram distribuídos conforme: Grupo I e III – antissepsia com o uso de escova associado ao CHG e ao PVPI,
respectivamente; Grupo II, IV e V – antissepsia sem o uso de escova associado ao CHG, PVPI e produto à
base de álcool (Triseptin), respectivamente.
As amostras foram coletadas com uso de swab embebido em solução salina, deslizado da extensão
do indicador ao polegar da mão dominante, nos tempos: tempo 1 – antes da realização da antissepsia das
mãos; tempo 2 – logo após a realização da antissepsia das mãos; tempo 3 – realizada uma hora após a
antissepsia das mãos; tempo 4 – realizada duas hora após a antissepsia das mãos.
O material foi encaminhado para o Laboratório de Microbiologia Veterinária para verificação do
crescimento de diferentes microrganismos. As amostras foram incubadas com duplicatas, em ágares
Sabouraud, MacConkey, Sangue e Manitol, e foi realizada contagem das unidades formadoras de colônia.
Para análise dos dados, foram utilizadas as médias das amostras com sua respectiva duplicata.
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os métodos de antissepsia se mostraram eficazes na diminuição, ou até remoção da microbiota
presente nas mãos dos voluntários. Nos quatro primeiros grupos, tanto no método de antissepsia com
utilização de escova, quanto no método de lavagem das mãos, os resultados obtidos foram eficazes,
apresentando baixa ou nenhuma contagem de colônias. No último grupo, realizado com a preparação
alcoólica e sem uso de escova, foi constatado eficácia na antissepsia das mãos. Entretanto, cinco amostras
coletadas no mesmo dia, apresentaram elevada formação de colônias. Acredita-se ter ocorrido
contaminação dos meios ou contaminação no momento da coleta, sendo necessária a repetição destes. As
demais amostras deste grupo apresentaram pouco ou nenhum crescimento de colônias bacterianas.
O método de antissepsia das mãos sem uso de artefatos é tão eficaz quanto o com escovação
(CUNHA et al., 2011), além de que a fricção das mãos com os antissépticos diminui o risco de lesões
cutâneas provocados pela escovação e o tempo de contato entre o antisséptico e a área a ser dergemada
(HOBSON et al., 1998; GRAZIANO; SILVA; BIANCHI, 2000).
CONCLUSÕES
Com este estudo, verificou-se que não há diferença entre os métodos de antissepsia das mãos com
ou sem uso de escovas, uma vez que ambos mostraram eficácia logo após a antissepsia das mãos. A
importância deste estudo está na comprovação da eficácia dos métodos utilizados, propiciando maior
segurança e menor risco de infecções cirúrgicas na área da saúde e medicina veterinária.
REFERÊNCIAS
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FELIX, C. C. P.; MIYADAHIRA, A. M. K. Avaliação da técnica de lavagem das mãos executada por alunos do curso de
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procedimento e de luvas cirúrgicas antes de sua utilização. Revista de Odontologia da UNESP. 2007; 36(2): 127-130.
Disponível em: < http://www.revodontolunesp.com.br/files/v36n2/v36n2a05.pdf>. Acesso em junho de 2015.
SILVA, D. R.; LIMA, P. C.; NUNES, M. R. C. M.; et al. Comparação de Dois Métodos de Antissepsia pré-operatória de
Mãos em Cirurgia Bucal. Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe, v.11, n.2, p. 45-54, abr./jun. 2011.
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