recuperação de crédito: dívidas e negociação

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recuperação de crédito: dívidas e negociação
RECUPERAÇÃO DE CRÉDITO:
DÍVIDAS E NEGOCIAÇÃO
Março 2016
RECUPERAÇÃO DE CRÉDITO: DÍVIDAS E NEGOCIAÇÃO
Entre os que
Na média,
sabem quanto
os devedores têm
devem, a média do
ou tinham contas
valor total é de
em
atraso
com
2,1
Tempo
R$ 3.422,29
empresas
médio para o
58,9% não
pagamento das
sabem quanto
contas é de
devem hoje
16,4 meses
Dentre os que estão a par
desta informação, 22,3%
devem ou deviam para
três ou mais empresas
36,0% não sabem
para quantas
empresas devem
Considerando apenas os entrevistados
que desconhecem o total de parcelas
feitas no ato da compra:
Crediário
60,8%
51,7%
Cartão de Lojas Varejistas de
roupas, calçados e acessórios
45,9%
Cartão de Crédito
Contas em atraso responsáveis por levar à inclusão
do nome em cadastros de proteção ao crédito:
Justificativas para deixar de pagar as contas:
29,2%
14,6%
11,2%
Perda do
emprego
Diminuição
da renda
Empréstimo
do nome para o
consumo de terceiros
Cartão de Crédito
43,4%
Empréstimos
23,5%
Cartão de lojas varejistas de roupas, calçados e acessórios
19,3%
Maior dificuldade
em quitar as dívidas:
Negociar com as
empresas, já que
as propostas não
estavam dentro
das possibilidades
de pagamento
36,3%
O valor da dívida
ser muito superior
aos ganhos
19,4%
O principal
motivo para aceitar a
proposta de negociação
foi o valor acessível da
prestação, independente
do valor final da dívida
considerando os
juros
Cortes para economizar
e quitar as dívidas:
Como quitou ou pretende
quitar as dívidas:
41,2%
Roupas e calçados 38,6%
Atividades de lazer
57%
dos entrevistados tem
como estratégia preferida
o acordo com o credor
Dívida que pagaram ou pretendem pagar primeiro:
Alimentação
fora de casa
27,5%
Pagamentos das parcelas negociadas:
37,2%
22,9%
67,4%
32,6%
Optam pela conta
com a taxa de
juros mais alta
Cartão de crédito, crediário
ou cartão de loja, com o intuito de
poder usar este crédito novamente
Pagaram ou estão
pagando as parcelas
assumidas em dia
Estão devendo
algumas parcelas
O telefone é o principal
meio utilizado para a
negociação das dívidas
Os meios de acesso
virtuais apresentam
pouca utilização: 15,0%
mencionam a negociação de
um empréstimo via e-mail
Sites especializados em
negociação de dívidas tiveram
percentuais muito baixos, para
quase todas as modalidades de
contas em atraso investigadas
2
INTRODUÇÃO
Muitos brasileiros não sabem
ao certo quanto devem, para
quem devem ou quantas
prestações deixaram de pagar,
principalmente no caso do
cartão de crédito
Desinformação e descontrole agravam endividamento
do brasileiro
A pesquisa ‘’Recuperação de Crédito: dívidas e negociação”, conduzida pelo SPC Brasil e Confederação
Nacional de Dirigentes Lojistas, tem o objetivo de mapear as dívidas dos consumidores que estão com o
nome inserido em cadastros de proteção ao crédito ou que estiveram inadimplentes nos 12 meses anteriores
à pesquisa, a fim de entender como eles se comportam frente ao processo de negociação e recuperação de
crédito. Os resultados configuram um cenário preocupante, já que a pesquisa mostra que muitos brasileiros
não sabem ao certo quanto devem, para quem devem ou quantas prestações deixaram de pagar,
principalmente no caso do cartão de crédito.
Na verdade, mesmo no momento de comprar é comum que alguns consumidores ignorem a quantidade
de parcelas que estão assumindo, o que implica em descontrole sobre as finanças pessoais, dificultando
bastante o processo de pagamento da dívida e recuperação do crédito no mercado.
Além de mapear a origem e o estado atual das dívidas em atraso, a pesquisa investiga as razões que
impossibilitaram o pagamento, as estratégias de negociação mais utilizadas para entrar em acordo com
os credores, as atitudes adotadas para honrar seus compromissos, o tempo médio necessário para sair do
endividamento e as consequências vivenciadas por quem tem o nome incluído em cadastros de proteção
ao crédito.
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MAPEAMENTO DA DÍVIDA
59% não sabem quanto devem hoje. Dívida média do brasileiro
inadimplente ou ex-inadimplente é de R$ 3.422,29
Uma parte relevante da amostra demonstrou não estar bem informada sobre suas dívidas, já que quase quatro
em cada dez respondentes (36,0%) não sabem, ao certo, para quantas empresas devem, independente de
o nome ter sido inserido em cadastros de devedores. Dentre os que têm conhecimento desta informação,
22,3% devem ou deviam para três ou mais empresas.
Na média, os entrevistados têm ou tinham contas em atraso com 2,1 empresas, sendo que esse número é
maior entre as mulheres (2,3) e os pertencentes à Classe C/D/E (2,2). Além disso, seis em cada dez (58,9%)
não sabem quanto devem hoje, sobretudo as mulheres (62,3%), pessoas de 35 a 54 anos (61,0%), de 55 anos
ou mais (70,7%) e pertencentes à Classe C/D/E (60,7%). Considerando apenas os que souberam especificar
o valor devido, a média é de R$ 3.422,29.
Cartão de crédito,
é o responsável
por 43,4% das
menções de contas
que deixaram os
entrevistados com o
nome sujo
Os brasileiros inadimplentes e ex-inadimplentes ainda precisam aprender
a lidar de forma financeiramente saudável com o Cartão de crédito, pois
ele é o responsável por 43,4% das menções de contas que deixaram os
entrevistados com o nome sujo (aumentando para 49,2% na Classe A/B).
Em seguida, e com distância considerável, aparecem os Empréstimos
(23,5%), o Cartão de lojas varejistas de roupas, calçados e acessórios
(19, 3%, aumentando para 24,3% entre as mulheres, 25,3% entre os mais
jovens e 20,8% na Classe C/D/E), o Telefone fixo ou celular (13,5%), o
Crediário de Lojas (12,0%, aumentando para 15,1% entre as mulheres) e
o Cheque especial (12,0%).
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Em média, sete em cada dez entrevistados não sabem quantas
parcelas do cartão de crédito deixaram de pagar
Fazer dívidas de maneira impensada quase sempre traz
problemas, mas o risco vai além disso. Muitos consumidores
perdem o controle da situação por que simplesmente não
sabem quais são as condições estabelecidas no momento
de adquirir um produto ou serviço. Considerando apenas
os entrevistados que não sabem o total de parcelas
feitas no ato da compra que os deixou inadimplentes,
os percentuais mais expressivos são relativos ao Cartão
de Crédito (60,8%), Crediário (51,7%) e Cartão de Lojas
Varejistas de roupas, calçados e acessórios (45,9%).
Entre os que não sabem
o total de parcelas feitas
no ato da compra que os
deixou inadimplentes:
Crediário
60,8%
51,7%
Cartão de Lojas Varejistas de
roupas, calçados e acessórios
45,9%
Cartão de Crédito
Do mesmo modo, sugerindo descontrole ou falta de organização das finanças pessoais, observa-se que
73,2% dos consumidores ouvidos não sabem quantas parcelas do cartão de crédito estão em aberto, e algo
semelhante ocorre com as dívidas oriundas de Empréstimos (69,8%), Crediário (65,3%) e Cartão de lojas
varejistas de roupas, calçados e acessórios (64,9%).
O educador financeiro do SPC Brasil e do Portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli, vê este cenário como
preocupante, pois é mais difícil lidar com um problema financeiro quando desconhecemos a real condição de
nossas finanças: “Sair do endividamento exige disciplina e planejamento. E como é possível planejar, quando
a pessoa não sabe ao certo nem quanto deve, nem para quem? O primeiro passo, portanto, é mapear a
dívida, em detalhes, pois só assim o consumidor terá condições de traçar metas, estabelecer prioridades e
obter resultados. Quem controla adequadamente o orçamento mensal conhece melhor os próprios limites,
evitando o consumo desenfreado e as compras por impulso, que tanto podem desequilibrar as finanças
pessoais”.
O estudo mostra ainda que o número médio de parcelas feitas no momento da aquisição depende,
principalmente, do valor do bem adquirido e do serviço contratado. No caso do Financiamento de carro/moto,
por exemplo, são 47,6 parcelas contratadas, em média, sendo que destas, 9,6 não foram pagas. Também é
significativa a média de parcelas não pagas para Empréstimos (9,6).
NÚMERO MÉDIO DE PARCELAS FEITAS NO MOMENTO DA COMPRA X PARCELAS NÃO PAGAS
Número médio
de parcelas feitas
no momento da
compra
% de entrevistados
que não sabem o
número total de
parcelas feitas
no momento
da compra
Número médio
de parcelas
não pagas
% de entrevistados
que não sabem
quantas parcelas
deixou de pagar
Financiamento de acrro/moto (1)
47,6
10,3%
9,6%
33,8%
Empréstimos (2)
26,0
45,1%
9,6%
69,8%
Crediário (3)
8,5
51,7%
2,7%
65,3%
Cartão de lojas varejistas de
eletrodomésticos, eletroeletrônicos (4)
8,0
41,3%
1,7%
60,4%
Cartão de lojas varejistas de roupas,
calçados e acessórios (5)
6,7
45,9%
2,5%
64,9%
Cartão de crédito (6)
6,5
60,8%
2,1%
73,2%
RU
(para cada item)
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Considerando os motivos que impossibilitaram o
pagamento das contas em atraso, observa-se que a perda
do emprego (29,2%) é principal fator envolvido, sobretudo
entre as mulheres (34,3%), os mais jovens (38,7%) e na
Classe C/D/E (32,4%). Em seguida são mencionados a
diminuição da renda (14,6%), o empréstimo do nome
para o consumo de terceiros (11,2%) e as compras feitas
sem controle, resultado em gastos maiores do que o
permitido (9,9%, aumentando para 14,2% na Classe A/B).
O ideal é que o consumidor se planeje para
imprevistos desse tipo, direcionando todos
os meses alguma quantia, por menor que
seja, para uma reserva financeira
Entre os motivos que impossibilitaram
o pagamento das contas em atraso,
observa-se que a perda do emprego
(29,2%) é principal fator envolvido:
Entre as mulheres
34,3%
Entre os mais jovens
38,7%
Entre a classe C/D/E
32,4%
Tendo em vista os efeitos nocivos da crise econômica sobre os atuais níveis de emprego no Brasil, a
economista chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, faz um alerta: “A pesquisa evidencia o fato de que quando
alguém perde o emprego fica financeiramente vulnerável e, muitas vezes, sem condições de lidar com dívidas
adquiridas. Por isso, o ideal é que o consumidor se planeje para imprevistos desse tipo, direcionando todos os
meses alguma quantia, por menor que seja, para uma reserva financeira. Além disso, é importante que esse
consumidor reflita bastante antes de optar pelo parcelamento, especialmente os de longo prazo, pois não há
sinais de que a economia venha a aquecer nos próximos meses”.
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Acordo é estratégia preferida pelos consumidores
para quitar débitos
Praticamente seis em cada dez entrevistados (57,1%) mencionam o acordo com o credor como meio
escolhido para honrar os compromissos em atraso, mas também são citados os Cortes no orçamento (16,2%)
e a Geração de renda extra, por meio de “bicos” (10,1%). Considerando quem possui duas ou mais contas em
atraso, quando são questionados sobre a dívida que pagaram ou pretendem pagar primeiro, percebe-se que
a estratégia adotada é apenas parcialmente racional: a maior parte (37,2%) garante optar, acertadamente,
pela conta com a taxa de juros mais alta.
Por outro lado, a segunda opção mais citada é a conta do cartão de crédito, crediário ou cartão de loja, com
o intuito de poder usar este crédito novamente (22,9%, aumentando para 25,3% na Classe C/D/E). Esses
consumidores, portanto, parecem mais dispostos a preservar a capacidade de consumo, ao invés de primeiro
regularizarem as finanças. Também são mencionadas a conta de valor final mais alto (14,0%) e a Contas de
serviços como internet, luz, água, telefone para não ter o serviço cortado (9,9%).
O educador financeiro do SPC Brasil e do Portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli, explica que quem está endividado
deve, primeiramente, cortar ao máximo os novos gastos e concentrar esforços para a negociação das contas
em atraso: “É preciso pagar primeiro as dívidas com juros mais altos e, se necessário, até mesmo fazer a
portabilidade da dívida para outro banco ou modalidade que tenha taxas menores. Agora, o mais importante
é ter em mente que neste momento não se deve assumir novas pendências, o momento é de conter gastos”.
No momento de
economizar para quitar
as dívidas em atraso, as
atividades de lazer (41,2%)
são as primeiras a sofrer
cortes, principalmente na
Classe A/B (51,6%).
Em seguida aparecem
as roupas e calçados
(38,6%)
No momento de economizar para quitar as dívidas em atraso,
as atividades de lazer (41,2%) são as primeiras a sofrer cortes,
principalmente na Classe A/B (51,6%). Em seguida aparecem
as roupas e calçados (38,6%, aumentando para 43,4% entre as
mulheres), alimentação fora de casa (27,5%, aumentando para
33,8% na Classe A/B) e salão de beleza, manicure, massagens,
cosméticos e maquiagem (25,0%, aumentando para 38,5% entre
as mulheres). Também vale observar que um em cada cinco
entrevistados (20,1%) admite não ter feito ou estar fazendo
qualquer tipo de economia durante o processo de recuperação de
crédito, com percentuais expressivos para os homens (23,6%) e os
pertencentes à Classe C/D/E (21,6%, contra 15,3% na Classe A/B).
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Consumidor leva quase um ano e meio para sair do
endividamento. 65% pretendem quitar a divida por
acreditarem ser o correto a fazer
Comprovando que o endividamento é um processo que demanda longo tempo para ser solucionado, o
período médio encontrado na pesquisa para o pagamento das contas em atraso é de praticamente um ano
e meio (16,4 meses). Ao mesmo tempo, a maior dificuldade enfrentada pelos consumidores para quitar as
dívidas é negociar com as empresas, pois as propostas não estavam dentro das possibilidades de pagamento
(36,3%). Um em cada cinco respondentes (19,4%) garante que o maior obstáculo foi o valor da dívida ser
muito superior aos ganhos, enquanto 15,4% enfrentaram problemas na hora de negociar com as empresas
um bom desconto no valor total da dívida.
Mesmo enfrentando uma série de dificuldades, percebe-se que a maior parte dos entrevistados demonstra
um senso ético em relação ao pagamento dos compromissos em atraso: 65,0% garantem que pretendem
pagar a dívida por que é o correto a fazer. Da mesma forma, o incômodo em relação à situação financeira
e à restrição ao crédito funciona como fator de estímulo aos consumidores, já que 52,5% não se sentem
confortáveis com o nome sujo, principalmente entre as mulheres (57,1%). E finalmente, há ainda os que
entendem que quanto mais demorarem, maior ficará o valor da dívida (18,6%).
Em contrapartida, considerando apenas aqueles que não pretendem honrar os compromissos em atraso,
41,6% acreditam que a cobrança seja injusta ou excessiva e por isso nem tentarão pagar e/ou negociar,
enquanto 31,0% garantem não possuir condições financeiras e 14,5% alegam estar desempregados.
Dentre as consequências vivenciadas pelos entrevistados em virtude de o nome ter sido incluído em cadastros
de proteção ao crédito, a mais comum é a ter de fazer compras apenas à vista (45,5%), principalmente entre
os homens (50,8%). Além disso, parte dos consumidores tem dificuldade para fazer novo cartão de crédito/
loja/abrir crediário (23,7%) e abrir conta em banco, fazer empréstimo, usar cheque especial, ter talão de
cheque etc. (17,6%, aumentando para 22,7% entre os mais jovens).
Metade dos consumidores ouvidos (51,5%) reconhece a importância de sempre ter o nome limpo, e não
apenas em certos momentos da vida, sobretudo entre os pertencentes à Classe A/B (57,0%). Depois, percebemse percentuais semelhantes para respostas variadas, sendo que as ocasiões consideradas importantes para se
ter o nome limpo mais mencionadas são as seguintes: quando vão procurar emprego (15,4%), financiar uma
casa (13,4%), abrir conta em banco (12,7%), fazer empréstimo (10,6%) e financiar um carro (10,5%).
65,0%
Garantem que pretendem
pagar a dívida por que é o
correto a fazer
Não se sentem confortáveis
52,5% com o nome sujo
Reconhecem a importância
51,5% de sempre ter o nome limpo
8
O PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO DA DÍVIDA
Sete em cada dez entrevistados tentam negociar com os
credores quando descobrem a restrição
Descobrir que o nome foi incluído em um cadastro de proteção ao crédito é quase sempre um momento de
frustração para o consumidor, pois ele sabe que haverá uma série de obstáculos a enfrentar, principalmente
no que diz respeito ao consumo de produtos e serviços. A saída, portanto, é negociar, embora nem todos
tomem a iniciativa de procurar os credores e haja até mesmo aqueles que ignorem o problema.
Avaliando apenas consumidores que pagaram as contas em atraso ou pretendem pagá-las, já tendo
participado de ao menos uma negociação, os resultados indicam que muitas pessoas são prontamente
impactadas, tão logo percebem que seu nome está sujo: 30,9% da amostra garantem que mudaram hábitos
e passaram a economizar para conseguir quitar a dívida assim que descobriram a restrição, sobretudo as
mulheres (35,1%), enquanto 29,2% dizem ter procurado o credor. Ao mesmo tempo, um em cada cinco
respondentes (23,5%) admite ter “deixado pra lá”, ou seja, nada fizeram a respeito quando descobriram o
fato. 11,3% procuraram o SPC/Serasa/SCPC, Boa Vista para limpar meu nome.
69,7% dos consumidores que pagaram ou pretendem pagar
as contas em atraso garantem ter tentado negociar com
os credores; a maior parte tomou a iniciativa e procurou
a empresa (43,1%), sendo que 26,6% foram procurados –
sobretudo os homens (31,3%). Dentre os que não tentaram
a negociação, a justificativa mais comum é a falta de tempo
(11,9%), seguida da falta de informação de como fazer e a
quem procurar (8,2%). Embora mais da metade da amostra
(51,9%) não saiba ao certo quantas vezes tentou negociar,
entre os que souberam a média encontrada na pesquisa é
de 2,5 contatos com o credor.
69,7% dos consumidores que
pagaram ou pretendem pagar
as contas em atraso garantem
ter tentado negociar com
os credores:
43,1% Procuraram a empresa
26,6% Foram procurados
9
Considerando a preparação dos consumidores antes de negociar as condições necessárias à quitação, a
estratégia mais comum é pesquisar o valor inicial da dívida e os juros cobrados (41,4%, aumentando para
47,3% entre os homens). Há ainda aqueles que preferem revisar as despesas do orçamento e fazer as contas
antes para saber as condições reais de pagamento (19,7%, aumentando para 29,3% na Classe A/B), bem
como os que pesquisam apenas o valor inicial (10,9%) ou o valor atual da dívida (10,0%).
Nesse sentido, a economista chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, atenta para como um uma preparação
bem feita é essencial nesse momento: “O consumidor que vai para a negociação sem saber quanto pode
pagar já chega perdendo, pois não poderá avaliar bem as propostas que forem apresentadas. Ao contrário,
quando estuda as próprias finanças e sabe ao certo quanto de seu orçamento será dedicado ao pagamento
da dívida, ele se sente mais seguro para negociar, fazer contrapropostas e argumentar com o credor”.
Com relação ao meio utilizado para a negociação, o estudo indica que o telefone é o mais comum entre
os consumidores que assumem a iniciativa e entram em contato com as empresas credoras – chegando
a 86,2% para a TV por assinatura e 71,2% para o Cartão de crédito. Em contrapartida, os meios de aceso
virtuais apresentam pouca utilização: 15,0% para o empréstimo, no caso do e-mail, e 7,8% para a TV por
assinatura, no caso do site da empresa credora. Vale acrescentar ainda a baixíssima incidência de uso dos
sites especializados em negociação, o mesmo ocorrendo com os eventos especiais para limpar o nome:
nestes dois casos, os percentuais ficam próximo de zero para a maioria das contas em atraso investigadas.
O telefone é o meio
utilizado para a
negociação de dívidas
mais comum entre
os consumidores que
assumem a iniciativa e
entram em contato com
as empresas credoras.
Constata-se a baixíssima
incidência de uso dos
sites especializados em
negociação
10
Oito em cada dez consumidores fazem contraproposta aos
credores. 33% admitem dever algumas parcelas da negociação
Durante a negociação, 78,8% dos entrevistados fizeram algum tipo de contraproposta, sendo a mais comum
a sugestão de valores menores, diferentes daqueles oferecidos pelos credores (46,7%). Também é comum
os consumidores abdicarem de fazer uma contraproposta (21,2%), seja pelo fato de já considerarem que as
condições oferecidas foram vantajosas (32,4%), seja por não acreditarem que o credor aceitaria (23,9%).
O estudo sugere ainda que o pagamento do valor integral acordado, já no ato da negociação, pode trazer
benefícios para o consumidor. Dentre aqueles que receberam a proposta de algum desconto adicional para
realizar o pagamento à vista, a média encontrada para esse desconto foi de 24,0%. De acordo com José
Vignoli, não há dúvida de que vale à pena ficar livre da dívida de uma só vez, se o consumidor tiver condições
para tanto: “Ao negociar a dívida, todo esforço é válido para tentar pagar tudo à vista, pois, em geral, os
descontos oferecidos são vantajosos e superam largamente o rendimento da poupança ou de qualquer
aplicação”.
A esse respeito, observa-se que a maior parte dos entrevistados (56,4%) prefere mesmo o pagamento à vista,
enquanto 21,7% optam pelo parcelamento via carnê ou crediário e 10,5% escolhem as parcelas no cartão de
crédito. Percebe-se que praticamente sete em cada dez consumidores pagaram (49,7%) ou estão pagando
(17,7%) as parcelas assumidas em dia. Por outro lado, 32,6% admitem estar devendo algumas parcelas.
O fator mais importante para que o consumidor venha a aceitar a proposta de quitação está relacionado aos
valores que cabem no bolso, e não com o montante final: 33,9% argumentam que a prestação ficou em um
valor que podem pagar e não se preocuparam muito com o valor total dos juros da dívida. Em seguida são
mencionados o desconto para o pagamento à vista (25,4%) e a redução significativa no valor total da dívida
para o pagamento parcelado (19,3%).
Dentre aqueles que
receberam a proposta de
algum desconto adicional
para realizar o pagamento
à vista da dívida, a média
encontrada para esse
desconto foi de 24,0%
Uma vez feito o acordo sobre as dívidas em atraso, é hora de
pensar em estratégias para reunir os recursos financeiros
necessários ao pagamento. Parte significativa da amostra (36,3%)
afirma que pretende economizar/cortar gastos, enquanto 13,2%
admitem recorrer a empréstimos com familiares e amigos
e 10,1% mencionam a poupança. E por fim, 78,3% dos exinadimplentes garantem ter pesquisado e descobriram que, de
fato, o nome ficou limpo – ainda que, para uma pequena parte
(13,6%), o processo tenha demorado mais que o combinado.
11
Sites e aplicativos especializadas em negociação ainda são
desconhecidos pela maioria
Considerando os sites e aplicativos especializados em negociações virtuais de dívidas, os resultados indicam
que 51,0% dos entrevistados desconhecem tais mecanismos – principalmente os acima de 55 anos (63,4%).
Dentre os que afirmam conhecer esses sites especializados, a maioria garante que o primeiro contato se
deu pela Internet (71,6%). Ainda considerando apenas as pessoas que conhecem estes sites, as principais
vantagens percebidas são os descontos sobre a dívida (34,2%) e as opções para renegociação (26,8%).
Já o maior obstáculo para a utilização dos meios virtuais de renegociação das contas em atraso é a falta de
confiança: 24,5% argumentam que não sabem se o nome será limpo, de fato, após este tipo de negociação.
Além disso, 18,2% alegam que não sabiam como usar/tiveram dificuldades com o site e 11,7% preferem o
contato pessoal, pois acreditam que seja mais fácil conseguir descontos melhores dessa forma.
Principais vantagens percebidas:
51,0%
dos entrevistados
desconhecem sites e
aplicativos especializados em
negociações virtuais de dívidas
Descontos sobre a dívida
34,2%
Opções para renegociação
26,8%
Maior obstáculo para a utilização:
Não sabem se o nome será limpo,
de fato, após este tipo de negociação
24,5%
Não sabiam como usar/
tiveram dificuldades com o site
18,2%
Preferem o contato pessoal, pois
acreditam que seja mais fácil conseguir
descontos melhores
11,7%
12
CONCLUSÕES
»» 36,0% não sabem, ao certo, para quantas empresas devem, independente de o nome ter sido inserido
em cadastros de proteção ao crédito. Dentre os que estão a par desta informação, 22,3% devem ou
deviam para três ou mais empresas.
»» Na média, os entrevistados têm ou tinham contas em atraso com 2,1 empresas.
»» Seis em cada dez (58,9%) não sabem quanto devem hoje. Considerando apenas os que souberam
especificar o valor devido, a média é de R$ 3.422,29.
»» Considerando apenas os entrevistados que desconhecem o total de parcelas feitas no ato da compra, os
percentuais mais expressivos são relativos ao Cartão de Crédito (60,8%), Crediário (51,7%) e Cartão de
Lojas Varejistas de roupas, calçados e acessórios (45,9%).
»» 43,4% dos entrevistados mencionam o cartão de crédito como a conta em atraso responsável por levar
à inclusão do nome em cadastros de proteção ao crédito. Também são citados os Empréstimos (23,5%),
Cartão de lojas varejistas de roupas, calçados e acessórios (19,3%).
»» 73,2% dos consumidores ouvidos não sabem quantas parcelas do cartão de crédito estão em aberto,
com percentuais também expressivos para Empréstimos (69,8%), Crediário (65,3%) e Cartão de lojas
varejistas de roupas, calçados e acessórios (64,9%).
»» O número médio de parcelas feitas no momento da aquisição chega a 47,6, para o Financiamento de
carro/moto. Destas, 9,6 não foram pagas. Também é significativa a média de parcelas não pagas para
Empréstimos (9,6).
»» A perda do emprego (29,2%) é a principal justificativa para deixar de pagar as contas, sobretudo entre os
mais jovens (38,7%), mulheres (34,3%) e na Classe C/D/E (32,4%). Também são mencionados a diminuição
da renda (14,6%) e o empréstimo do nome para o consumo de terceiros (11,2%).
»» Praticamente seis em cada dez entrevistados (57,1%) mencionam o acordo com o credor como meio
escolhido para honrar os compromissos em atraso.
»» Quando são questionados sobre a dívida que pagaram ou pretendem pagar primeiro, a maior parte
(37,2%) garante optar pela conta com a taxa de juros mais alta. A segunda opção mais citada é a conta
do cartão de crédito, crediário ou cartão de loja, com o intuito de poder usar este crédito novamente
(22,9%).
13
»» No momento de economizar para quitar as dívidas em atraso, as atividades de lazer (41,2%) são as
primeiras a sofrer cortes. Em seguida aparecem as roupas e calçados (38,6%), alimentação fora de casa
(27,5%) e salão de beleza, manicure, massagens, cosméticos e maquiagem (25,0%, aumentando para
38,5% entre as mulheres). Um em cada cinco entrevistados (20,1%) admite não fazer ou não estar fazendo
qualquer tipo de economia durante o processo de recuperação de crédito.
»» O tempo médio para o pagamento das contas em atraso é de praticamente um ano e meio (16,4 meses).
»» A maior dificuldade enfrentada pelos consumidores é negociar com as empresas, pois as propostas
não estavam dentro das possibilidades de pagamento (36,3%). 19,4% garante que o maior obstáculo
foi o valor da dívida ser muito superior aos ganhos, enquanto 15,4% enfrentaram problemas na hora de
negociar com as empresas um bom desconto no valor total da dívida.
»» 65,0% pretendem pagar a dívida por que é o correto a fazer. De maneira semelhante, 52,5% não se
sentem confortáveis com o nome sujo, e há ainda os que entendem que quanto mais demorarem, maior
ficará o valor da dívida (18,6%).
»» Dentre as consequências vivenciadas pelos entrevistados em virtude de o nome ter sido incluído em
cadastros de proteção ao crédito, a mais comum é a ter de fazer compras apenas à vista (45,5%). Parte
dos consumidores tem dificuldade para fazer novo cartão de crédito/loja/abrir crediário (23,7%) e abrir
conta em banco, fazer empréstimo, usar cheque especial, ter talão de cheque etc. (17,6%).
»» Metade dos consumidores ouvidos (51,5%) reconhece a importância de sempre ter o nome limpo, e não
apenas em momentos específicos da vida.
»» 69,6% dos consumidores que pagaram ou pretendem pagar as contas em atraso garantem ter tentado
negociar com os credores; a maior parte tomou a iniciativa e procurou a empresa (43,1%), sendo que
26,6% formam procurados.
»» Dentre os que não tentaram a negociação, a justificativa mais comum é a falta de tempo (11,9%),
seguida da falta de informação sobre o que deve ser feito (8,2%).
»» Considerando a preparação dos consumidores para o momento de negociar as
condições necessárias à quitação, a estratégia mais comum é pesquisar o
valor inicial da dívida e os juros cobrados (41,4%).
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»» Com relação ao meio utilizado para a negociação, o estudo indica que o telefone é o mais comum entre
os consumidores que assumem a iniciativa e entram em contato com as empresas credoras – chegando a
86,2% no caso da TV por assinatura e 71,2% no caso do Cartão de crédito.
»» Os meios de acesso virtuais apresentam pouca utilização: 15,0% mencionam a negociação de um
empréstimo via e-mail; e apenas 7,8% negociaram a conta em atraso da TV por assinatura utilizando
o site da empresa credora. Já os sites especializados em negociação de dívidas e os eventos especiais
para limpar o nome tiveram percentuais muito baixos, próximos de zero ou nulos para quase todas as
modalidades de contas em atraso investigadas.
»» Durante a negociação, 78,8% dos entrevistados fizeram algum tipo de contraproposta, principalmente a
sugestão de valores menores, diferentes daqueles oferecidos pelos credores (46,7%).
»» A maior parte dos entrevistados (56,4%) prefere o pagamento à vista, enquanto 21,7% optam pelo
parcelamento via carnê ou crediário e 10,5% escolhem as parcelas no cartão de crédito.
»» Praticamente sete em cada dez consumidores (67,4%) pagaram ou estão pagando as parcelas assumidas
em dia. Por outro lado, 32,6% admitem estar devendo algumas parcelas.
»» O fator mais importante para que o consumidor venha a aceitar a proposta de quitação tem a ver com
valores que cabem no bolso, e não com o montante final: 33,9% argumentam que a prestação ficou em
um valor que podem pagar e não se preocuparam muito com o valor total dos juros da dívida.
»» A maior parte da amostra (36,3%) afirma que pretende economizar/cortar gastos a fim de cumprir o
acordo, enquanto 13,2% admitem recorrer a empréstimos com familiares e amigos e 10,1% mencionam
a poupança.
»» Considerando os sites e aplicativos especializados em negociações virtuais, os resultados indicam que
51,0% dos entrevistados desconhecem tais mecanismos. Dentre os que conhecem estes sites, as principais
vantagens percebidas são os descontos sobre a dívida (34,2%) e as opções para renegociação (26,8%).
»» O maior obstáculo para a utilização dos meios virtuais de renegociação das contas em atraso é a falta de
confiança: 24,5% argumentam não sabem se o nome será limpo, de fato, após este tipo de negociação.
Além disso, 18,2% alegam que não sabiam como usar/tiveram dificuldades e 11,7% preferem o contato
pessoal, pois acredita que seja mais fácil conseguir descontos melhores.
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METODOLOGIA
Público-alvo: residentes em todas as regiões brasileiras, com idade igual ou superior a 18 anos, ambos
os sexos e todas as classes sociais, atuais inadimplentes ou ex-inadimplentes há no máximo 12 meses.
Método de coleta: pesquisa realizada via web e pós-ponderada por sexo, idade, valor da dívida e estados.
Tamanho amostral da Pesquisa: 1.088 casos, gerando margem de erro no geral de 3,0 p.p para uma
confiança a 95%.
Data de coleta dos dados: primeira quinzena de fevereiro de 2016.
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