Um Estudo de Caso - Usina

Transcrição

Um Estudo de Caso - Usina
FUNDAÇÃO DE ENSINO “EURÍPIDES SOARES DA ROCHA”
CENTRO UNIVERSITÁRIO EURÍPIDES DE MARÍLIA - UNIVEM
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
DAIANE LUZIA BARBOSA
ELISANDRA APARECIDA JAQUETA
MILENE DE MATTOS FERNANDES
A AGROINDÚSTRIA SUCROALCOOLEIRA E A LOGÍSTICA
DE TRANSPORTE DO ÁLCOOL ANIDRO/HIDRATADO: UM
ESTUDO DE CASO – USINA NOVA AMÉRICA.
MARÍLIA
2007
DAIANE LUZIA BARBOSA
ELISANDRA APARECIDA JAQUETA
MILENE DE MATTOS FERNANDES
A AGROINDÚSTRIA SUCROALCOOLEIRA E A LOGÍSTICA
DE TRANSPORTE DO ÁLCOOL ANIDRO/HIDRATADO: UM
ESTUDO DE CASO – USINA NOVA AMÉRICA.
Trabalho de Curso apresentada ao Programa
de Trabalho de Curso do Centro Universitário
Eurípides de Marília, mantido pela Fundação
de Ensino Eurípides Soares da Rocha, para
obtenção do Título de Bacharel em
Administração de Empresas.
Orientador:
Prof. Dr. Márcio Antonio Teixeira
MARÍLIA
2007
Aos Colegas:
Nós, que durante todos estes anos, dividimos sorrisos e lágrimas, esperanças e
desilusões, sonhos, amores e tanto mais... Chegamos ao final da caminhada e percebemos
agora quanto esses anos foram curtos. Nós, que dividimos caronas, xerox, medo nas provas,
nota e até festas fora das aulas. Nós que dividimos tanto tempo de nossas vidas, vamos nos
separar. Que a distância não seja ausência da nossa amizade e que o tempo não apague
lembranças. Não nos despeçamos, apenas nos afastemos para darmos ao destino o prazer de
nos reencontrarmos.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos, primeiramente, a Deus que nos iluminou com sua luz, o caminho
que escolhemos seguir. E apesar de muitas barreiras nos fez crer que a sua força é mais forte
que qualquer empecilho que pudesse nos fazer desistir.
Aos nossos pais, que nos deram a vida e nos ensinaram a vive-la com dignidade, iluminaram
nossos caminhos obscuros com afeto e dedicação, para que trilhássemos sem medo e cheias
de esperança. A vocês não bastaria um muitíssimo obrigado, pois não temos palavras para
agradecer tudo o que fizeram para nós, em especial, nesses quatro anos. Não encontramos
uma forma verbal de exprimir uma emoção ímpar, um sentimento que palavras dificilmente
traduziriam.
Agradecemos em especial ao nosso orientador, Márcio Antonio Teixeira, que fez como uma
ponte e nos ajudou a atravessar as dificuldades encontradas em nosso percurso, dando-nos
muita força para facilitar a nossa travessia e nos encorajando para criarmos nossas próprias
pontes no futuro.
Nosso muito obrigado!
“Mesmo que as pessoas mudem e suas vidas se
reorganizem, os amigos devem ser amigos para sempre, mesmo que não tenham nada em
comum, somente compartilhar as mesmas recordações”.
Vinícius de Moraes
Barbosa, Daiane Luzia; Jaqueta, Elisandra Aparecida e Fernandes, Milene Mattos. A agro indústria sucroalcooleira e a logística de transporte do álcool anidro/hidratado: um
estudo de caso – Usina Nova América. 2007. 49 f. Monografia (Bacharel em Administração
de Empresas). - Centro Universitário Eurípides de Marília, Fundação de Ensino Eurípides
Soares da Rocha, Marília, 2007.
RESUMO
A expressiva expansão da área de plantio de cana-de-açúcar no território brasileiro, aponta
para oportunidades de negócios, pois a exportação de derivados da cana-de-açúcar como o
álcool e o açúcar, vem aumentando consideravelmente. Com a crescente demanda, um fator
importante a ser analisado é a situação do transporte do álcool produzido da usina até o
consumidor final, existindo cinco tipos básicos de transporte: rodoviário, ferroviário,
dutoviário, aéreo e marítimo. No caso do álcool, o transporte é realizado, em sua grande
maioria, pelo modal rodoviário. Para obter as informações necessárias à elaboração do
trabalho, foi utilizada a bibliografia de vários autores que abordaram desde a chegada da canade-açúcar no Brasil e sua constante expansão, e para uma visão mais próxima da realidade
vivida pelas Usinas. Foi realizado um estudo de caso na Usina Nova América, com entrevista
feita com o gerente de logística da Usina. Dessa forma, o trabalho apresenta um panorama de
todo o crescimento da produção de álcool no país, abordando principalmente o transporte e as
conseqüências desse aumento significativo da produção.
Palavras-Chaves: Cana-de-açúcar. Transporte. Usinas. Distribuição.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA I - Infra-Estrutura da Distribuição da Petrobras ..........................................35
FIGURA II - Exemplo Esquemático do Processo de Distribuição .............................43
LISTA DE TABELAS
Tabela I – Expansão do Café e Queda da Cana-de-Açúcar.........................................19
Tabela II – Área Cultivada com a Cana-de-Açúcar em São Paulo .............................20
Tabela III - Características Operacionais Relativas por Modal de Transporte............30
Tabela IV - Composição dos Álcoois: Anidro e Hidratado ........................................38
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico I – Radiografia da produção brasileira ...........................................................17
Gráfico II - Áreas Cultivadas pelas principais culturas...............................................21
Gráfico III - Utilização dos modais de transporte no Brasil ........................................... 30
LISTA DE SIGLAS
AEAC (Álcool Etílico Anidro Combustível)
AEHC (Álcool Etílico Hidratado Combustível)
ANP (Agência Nacional do Petróleo)
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social)
CIF (Cost Insurance and Freight)
CNP (Conselho Nacional do Petróleo)
CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento)
FOB (Free on Board)
I.A.A (Instituto do Açúcar e do Álcool)
MIDIC (Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior)
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................12
CAPÍTULO 1 - ANÁLISE DA ATIVIDADE CANAVIEIRA ..................................15
1.1 A atividade canavieira no Brasil............................................................................15
1.2 A atividade canavieira em São Paulo ....................................................................18
1.3 A atividade canavieira no Vale do Paranapanema ................................................21
CAPÍTULO 2 – O ÁLCOOL - PRODUTOS E PRODUÇÕES..................................24
2.1 O Proálcool ............................................................................................................24
2.2 O Etanol.................................................................................................................25
2.3 Os Álcoois: Anidro e Hidratado ............................................................................26
CAPÍTULO 3 – LOGÍSTICA DE TRANSPORTE ....................................................28
3.1 Tipos de Modais ....................................................................................................28
3.2 A logística do Etanol na Estrutura da Petrobras ....................................................31
3.2.1 A Petrobras .........................................................................................................32
CAPÍTULO 4 – A USINA NOVA AMÉRICA ..........................................................36
4.1 Produtos e Serviços da Usina Nova América........................................................37
4.2 A Produção da Cana de Açúcar e as Relações com a Infra-Estrutura do País .....38
4.2.1 A Exportação do Etanol na Visão do Gerente de Logística ...............................39
4.2.2 O Processo de Logística Utilizado pela Usina Nova América ...........................40
4.2.3 Cadeia de Abastecimento ...................................................................................41
4.2.4 Exemplo Esquemático do Processo de Distribuição ..........................................43
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................44
REFERÊNCIAS ..........................................................................................................46
ANEXOS .....................................................................................................................49
12
INTRODUÇÃO
ESCOLHA DO TEMA
Com o visível aumento na expansão da área de plantio da cana-de-açúcar, percebe-se
que haverá um novo “boom” na agricultura do país, onde os proprietários de terras tendem a
deixar de lado atividades desenvolvidas até então, e se dedicam a este momento de
oportunidade de negócio, pois a exportação de derivados da cana, como o álcool e o açúcar
vem aumentando consideravelmente. Segundo dados obtidos através do Ministério da
Agricultura, a produção de cana no país em 1990 era de 262.674 mil toneladas chegando a
416.256 mil toneladas em 2004. Esses dados mostram que em um período de 14 anos a
produção de cana do país teve um aumento de 58,47%. A maior concentração desta produção
está no Estado de São Paulo, pois a produção passou de 137.835 em 1.990 para 239.528 mil
toneladas em 2004, sendo um crescimento de 73,78%.
O estado de São Paulo também se destaca por ter o maior número de usinas do país,
sendo que das 367 unidades cadastradas no Ministério da Agricultura, 171 unidades estão
localizadas neste estado, gerando um percentual de 46,59% do total de usinas.
O papel do sudoeste paulista nesse processo em especial o Vale do Rio
Paranapanema, na sua margem paulista, onde se localiza a Usina Nova América, a qual
constituirá a base territorial sobre a qual está assentado o “case” de nossa investigação.
Um fator relevante é a flexibilidade do uso desta matéria-prima, pois a indústria pode
utilizar desde o melaço até o bagaço. Do melaço pode-se fabricar desde álcool, que será o
nosso tema central, até variados tipos de bebidas como a cachaça o rum e a vodka; o bagaço
pode ser utilizado como alimentação animal e plásticos biodegradáveis e energia.
13
A escolha do tema surgiu após uma longa reflexão, e algumas dúvidas as quais
motivaram a explorar este tema; dentre as quais foi detectado:
•
Com o aumento da produção do álcool, como será feito o transporte deste produto até
o consumidor final?
•
Será que o Brasil está preparado e possui infra-estrutura suficiente para promover este
transporte?
•
Será que apenas o transporte rodoviário, que é o meio, predominantemente, utilizado
hoje no país, suportará toda esta produção?
•
Em larga escala qual o impacto ambiental que cultura da cana-de-açúcar irá provocar?
O objetivo do trabalho não será encontrar solução para estes problemas, mas sim
conhecer e entender toda a logística envolvida no processo de transporte, e assim esclarecer
dúvidas.
JUSTIFICATIVA
O estudo se justifica face a importância que ganha está modalidade de combustível
(renovável) vis à vis os combustíveis fósseis.
Ainda, a questão do transporte objetivando rapidez, eficiência e economia.
REVISÕES BIBLIOGRÁFICAS
A metodologia a ser utilizada contemplará uma revisão bibliográfica dos principais
autores que atentaram para as questões, quer do ponto de vista histórico – geográfico, quer do
ponto de vista da questão da logística de transporte da produção.
14
Assim foi verificados autores como Prado Junior (1998) o qual estudou a chegada da
cana-de-açúcar no Brasil e sua expansão no estado de São Paulo; Furtado (1968) se dedicou a
estudar a formação econômica do Brasil; Bray (1980) estudou a chegada da cana-de-açúcar no
Vale do Paranapanema, com uma visão geográfica.
Verificou-se outros autores voltado a área da logística do transporte como Keed e
Mendonça (2003), que estudaram os 5 modais utilizados no transporte dos mais variados tipos
de produtos.
A logística utilizada por usinas locais será objeto de investigação visando compara-la
com a logística de transporte utilizada pela Petrobrás.
METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica em livros, revistas, jornais e
em entrevistas realizada na Usina Nova América e com pessoas envolvidas no processo
produtivo e no transporte do álcool, para assim conhecer a realidade da logística de
distribuição encontrada atualmente nas usinas locais.
15
1. ANÁLISE DA ATIVIDADE CANAVIEIRA
1.1 A atividade canavieira no Brasil
O descobrimento da América permitiu uma grande expansão nas áreas de cultivo de
cana-de-açúcar. A cana chegou ao Brasil na época da escravidão em meados de 1500, vinda
da Europa. Assim, em 1550 já existiam numerosos engenhos espalhados pelo litoral
brasileiro. Uma das razões da cana ter tido grande expansão no Brasil, foi devido aos
incentivos dados pela Metrópole, como isenção do imposto de exportação, e a expansão do
mercado consumidor mundial fazendo com que o Brasil se tornasse, em meados do século
XVII, o maior produtor mundial de açúcar derivado da cana (PRADO JR, 1998).
A cultura da cana teve suas raízes plantadas inicialmente na Bahia e Pernambuco,
onde se implantou e floresceu o primeiro centro açucareiro do Brasil. Com o tempo surgiram
plantações em outras regiões como nos Campos dos Goitacases no Rio de Janeiro, São Paulo
e Campinas, onde se encontrava terra-roxa, própria para o plantio da cana.
A princípio sua demanda era pequena, pois ela era utilizada na produção de rapadura,
que complementava a alimentação dos escravos devido a sua riqueza em energia, fazendo
com que eles tivessem mais disposição para o trabalho, que era pesado e exigia uma grande
força física. Outra parte era utilizada em alambiques na produção de aguardente.
A exportação da cana-de-açúcar era pequena, pois a economia da época estava
voltada ao café e ao ouro, não sendo lucrativo aos senhores investirem no cultivo da cana
durante este período.
Em 1532, Martin Afonso de Souza fundou o primeiro engenho de açúcar no Brasil,
em São Vicente, litoral de São Paulo e em seguida vários outros engenhos surgiram, porém
não conseguiram se manter devido à forte concorrência do nordeste, que tinha uma extensa
16
área adequada ao plantio e uma localização mais próxima da Corte. A partir do momento em
que o ouro teve um declínio na economia brasileira, o Estado de São Paulo se voltou ao
cultivo da cana e à produção do açúcar na quantidade adequada para suprir a necessidade do
mercado existente na época (PRADO JR, 1998).
Devido às mudanças de hábitos alimentares ocorridas na Europa, substituindo o uso
do mel como adoçante, o preço do açúcar aumentou consideravelmente, isso fez com que os
proprietários de terras passassem a se interessar cada vez mais pelo cultivo da cana, já que o
ouro estava deixando de trazer riquezas para o país.
Havendo o interesse na produção da cana por sua rentabilidade, os proprietários
plantavam numa determinada parte de suas terras, a outra parte era cedida aos lavradores, aos
quais se obrigavam a moer a produção no engenho do proprietário, e o lavrador recebia
metade do açúcar produzido e ainda pagavam pelo aluguel da terra, essas eram chamadas
fazendas obrigadas. Existiam também os lavradores livres que plantavam e colhiam toda a
cana e tinham a lucratividade da moagem integral.
Os engenhos não possuíam aparelhos adequados para a produção, pois eles
necessitavam de grandes instalações e, era preciso além da casa grande a qual era habitada
pelo senhor, a senzala onde ficavam os escravos, oficinas para manutenção e consertos dos
aparelhos utilizados na produção, estrebarias entre outros.
Além da cultura da cana havia a cultura alimentar, a qual servia de sustento tanto
para a casa grande quanto para a senzala, e também as pastagens que eram utilizadas para
alimentação dos animais como cavalos, bois, porcos e etc.
Todo o trabalho, desde o plantio até o produto pronto, era feito integralmente por
mão-de-obra escrava. Os trabalhos remunerados eram em pequeno número e em funções de
direção como mestres, feitores e caixeiros.
17
Era produzida também a aguardente, a qual empregava um grande número de
escravos nas engenhocas e tinha como matéria-prima o melado que era extraído da produção
do açúcar.
Ainda segundo Prado Jr. (1998), com o tempo a mão-de-obra escrava acabou1 e os
Senhores de escravos tiveram de encontrar meios para utilizar outro tipo de mão-de-obra. Os
engenhos foram se modernizando e buscando novas tecnologias a fim de melhorar e aumentar
a produção. Foram sendo construídas grandes usinas para atender a demanda e partir daí
foram surgindo novas formas de utilização da cana, sendo o álcool um dos produtos que
trazem uma grande rentabilidade, por ser utilizado como combustível. Uma dessas grandes
usinas que produz álcool é a Nova América, localizada no interior do estado de São Paulo,
que será objeto de estudo no último capítulo.
No gráfico a seguir, pode-se observar a produção sucroalcooleira no estado de São
Paulo comparada à nacional, notando-se a magnitude do setor no estado.
Radiografia da produção brasileira de cana e derivados
Gráfico I: Relação entre a produção do Brasil e do Estado de São Paulo / Período 2000/2001
Fonte: UNICA (2007).
1
O trabalho escravo foi extinto em 13/05/1888, com a Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel, onde todos os
escravos tiveram direito a carta de alforria que, em posse desta, podiam se considerar cidadãos livres.
(WIKIPÉDIA, 2007).
18
Segundo o Unica (2007), o estado brasileiro que mais produz e que tem volume
excedente para exportação é São Paulo. No entanto, existe o problema enfrentado com a
logística, que ainda é deficiente, pois compete com outras cargas líquidas como, óleos
vegetais e outros tipos de combustíveis.
1.2 A atividade canavieira em São Paulo
Segundo Prado Jr. (1998), a indústria açucareira foi introduzida no estado de São
Paulo em 1532 por Martin Afonso de Souza, em São Vicente, litoral paulista. Porém, logo ela
estagnou e decaiu devido às dificuldades enfrentadas no momento, como as condições
naturais da baixada santista e também pelo fato do açúcar vicentino não poder concorrer com
o litoral nordestino, que tinha a seu favor maior proximidade do mercado Europeu além de
extensas áreas propícias para o plantio da cana.
A agricultura do estado de São Paulo, principalmente a da cana-de-açúcar, entrou em
colapso, pois em meados do século XVII, até quase o final do século XVIII, os paulistas se
dedicaram à mineração e ao aprisionamento de índios, fazendo com que as poucas
explorações canavieiras não representassem nenhuma expressão na vida econômica da
capitania. Somente quando a exploração do ouro e o aprisionamento de índios não
apresentavam mais interesse econômico suficiente, é que os paulistas resolveram retornar a
agricultura e passaram a se dedicar à lavoura canavieira (BRAY, 1980).
Nos fins dos séculos XVIII e primeira metade do século XIX, as áreas
produtoras da cana-de-açúcar eram: o litoral (desde Paranaguá, com núcleos
disseminados até Ubatuba), e as áreas de “serra acima” que compreendia a
área ao longo do caminho para o Rio de Janeiro (Vale do Paraíba) e o
Quadrilátero do açúcar (formado por Sorocaba, Piracicaba, Mogi Guaçú e
Jundiaí), sendo esta última a principal área açucareira de São Paulo
(SCHORER PETRONE, 1968 APUD BRAY, 1980 p. 92).
19
De acordo com Bray (1980), este foi o melhor momento para os engenhos de açúcar
de São Paulo, pois houve uma grande reação dos preços do açúcar e isto trouxe um aumento
do número de engenhos instalados nesta região. Em 1.808, existiam 458 engenhos de açúcar e
601 alambiques para a fabricação de aguardente. E em 1836, o açúcar paulista atingiu o seu
apogeu, chegando a 490 engenhos de açúcar e 452 alambiques de aguardente.
Mas este período de alta não se manteve por muito tempo, pois logo os cafezais se
expandiram para os grandes centros produtores de açúcar, o que se deu em meados do século
XIX. O plantio do café foi crescendo consideravelmente, substituindo o plantio da cana de
açúcar.
Na tabela I podemos visualizar a expansão do café e a queda do plantio da cana-deaçúcar, ficando evidente a liderança do café sobre a agricultura canavieira no período.
Tabela I – Expansão do Café e queda da Cana de Açúcar.
Anos
Açúcar (arrobas)
Café (arrobas)
1836-1837
433.268/ 7 libras
87.559/2 libras
1842-1843
194.509
51.633
1846-1847
597.551
236.737
184.049
773.892
1854-1855
Fonte: BRAY (1980, p. 93).
Devido à contínua queda do preço do açúcar, os engenhos da época entraram em
crise, deram lugar ao plantio do café que, devido ao preço em alta, incentivava os agricultores
a aumentar o plantio cada vez mais, que visavam ter produção excedente para poder exportar,
deixando cada vez mais a cana-de-açúcar em decadência.
Um outro fator que contribuiu com a baixa produtividade da cana foi a crescente
utilização do açúcar de beterraba, que era visto como um açúcar de melhor qualidade se
comparado com o açúcar extraído da cana.
20
Este período de decadência não durou muito, pois em 1863/64 o café passou por
sucessivas crises, e a cada momento de crise, o cultivo do café diminuía, aumentando o
cultivo da cana e fazendo surgir novos canaviais (BRAY, 1980).
Tabela II-Área Cultivada com a Cana-de-Açúcar em São Paulo
Safras
Área
% da área em
relação a outras
culturas
1894-1895
561.970
1,60%
1900-1901
1.183.391
2,20%
1904-1905
1.538.072
4,10%
1910-1911
1.639.788
3,00%
Fonte: CARLI (1943) APUD BRAY (1980, p. 99).
Embora nunca tenha ocorrido uma disputa entre a duas culturas, toda vez que a
lavoura cafeeira era atingida pelas crises, a lavoura açucareira aumentava sua produção.
O aumento das áreas canavieiras aumentava continuamente, mas em 1914 a
participação da cana-de-açúcar ainda era pequena frente a outras áreas de cultivo do Estado de
São Paulo.
No gráfico II, são apresentadas as porcentagens das áreas cultivadas pelas principais
culturas do Estado de São Paulo no ano de 1914/15.
21
Áreas Cultivadas pelas principais
Culturas
12%
Café
5% 3%
26%
Milho
54%
Feijão
Arroz
Cana-de-Açúcar
Gráfico II – Áreas Cultivadas pelas principais culturas.
Fonte: CARLI (1943) APUD BRAY (1980, p101).
1.3 A atividade canavieira no vale do Paranapanema
A cultura da cana-de-açúcar no vale do Paranapanema existe desde a ocupação
Mineira, vinculados a pequenos alambiques e engenhocas espalhados pela área. As
engenhocas produziam um açúcar de cor escura (tipo mascavo) e era suficiente para o
consumo local. Com a criação do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), esse tipo de açúcar
foi proibido, dando prioridade ao açúcar cristal, que era mais fino e de qualidade superior,
fabricado pelas usinas de açúcar (BRAY, 1980).
Apesar da fiscalização do IAA, algumas engenhocas continuavam a produzir o
açúcar mais escuro para a população da zona rural. Com o término da II Guerra Mundial, a
fiscalização ampliou-se sobre as engenhocas e muitas acabaram fechando e outras se tornaram
fornecedoras das novas usinas que foram se instalando na área (BRAY, 1980).
Neste período, os alambiques abasteciam as pequenas fábricas engarrafadoras de
bebidas das cidades da região. No entanto, à medida que novos engarrafadores começaram a
22
dominar o mercado de aguardente, as pequenas engarrafadoras locais foram desaparecendo e,
com elas, os pequenos alambiques.
Com o aumento do consumo do açúcar e do álcool na região centro-sul, o IAA foi
motivado a tomar medidas de incentivos através da abertura de quotas para a fundação de
novas usinas de açúcar.
Em 1942, após a portaria nº. 17 em 3 de novembro, foi autorizada a instalação de
novas usinas em vários estados da federação e, entre eles, o Paraná, que fundou duas usinas de
açúcar e álcool no vale do Paranapanema: a Central Paraná, no município de Porecatu, e a
Bandeirantes, no município de Bandeirantes. (BRAY, 1980).
Na concorrência por essas usinas, em que se apresentaram 12 candidatos, o vencedor
foi o Sr. Ricardo Lunardelli, natural de Rio Claro-SP, com uma quota de 30.000 sacos. Em
1941, iniciou-se a derrubada da mata para a introdução do plantio do café, na fazenda Canaã.
Durante o ano de 1942, seguiram-se as aberturas de outras fazendas, quando recebeu
autorização para a construção da usina de açúcar.
A proposta vitoriosa da concorrência do Sr. Lunardelli foi um plano de povoamento
e colonização através da usina de açúcar, estabelecendo a criação de núcleos habitacionais e
pequenas propriedades em torno da usina. Devido às dificuldades de transportes, em
decorrência da II Guerra Mundial, a construção da usina central foi concluída somente em
1945. (BRAY, 1980).
Durante o mesmo período foi fundada a usina Bandeirantes, pelo Sr. Luiz Meneguel
e três irmãos, o grupo Ometto e Dedini, sendo todos originários de Piracicaba.
Em meados da década de 40, continuavam os incentivos do IAA para o aumento da
produção da cana-de-açucar.
Em 1946, o Sr. Renato Rezende Barbosa deu início a instalação da terceira usina de
açúcar no vale do Paranapanema no município de Assis. Em 1943, adquiriu em sociedade
23
com o Sr. Ferdinando Matarazzo uma propriedade em Tarumã no Vale do Paranapanema,
com 2.050 alqueires. Essa propriedade possuía na época 360.000 pés de café, pastagens para
criação e engorda de gado e um engenho de aguardente. Em decorrência de uma forte geada
em 1946, metade do cafezal foi prejudicado, e em conseqüência dos cafezais velhos e da
baixa produção, foram arrancados. Devido aos incentivos do IAA, o Sr. Renato conseguiu
cotas para transformar o engenho de aguardente em usina de açúcar, cuja primeira produção
de açúcar se deu em 1947 (NOVA AMÉRICA, 2007).
Também em 1947, foi fundada a quarta usina de açúcar do Vale do Paranapanema no
município de Jacarezinho, através do grupo empresarial paulista Mesquita Filho S/A.
A usina Maracaí foi a quinta usina a ser instalada na área e a última na década de 40.
Em 1957, a usina foi vendida para o Sr. Renato Resende Barbosa, proprietário da Usina Nova
América, que adquiriu a agro-indústria com os irmãos e os cunhados (NOVA AMÉRICA,
2007).
24
2. O ÁLCOOL - PRODUTOS E PRODUÇÕES
2.1 Proálcool
O Pró-Álcool ou Programa Nacional do Álcool foi um programa de
substituição em larga escala dos combustíveis veiculares derivados de
petróleo por álcool, financiado pelo governo do Brasil a partir de 1975
devido à crise do petróleo em 1973 e mais agravante depois da crise de 1979
(WIKIPEDIA, 2007).
O Proálcool foi criado em 1975 com o objetivo de estimular a produção do álcool,
fazendo com que o país se tornasse menos dependente de mercados externos. Uma vez que o
país não tinha como se auto-sustentar em relação ao petróleo e ficava dependente de políticas
e economias externas, e com isso refletia no preço a cada crise do petróeo no mundo, pois
com as crises em que a gasolina ficava escassa o país tinha que pagar o preço estipulado pelo
mercado externo.
Para conter essas crises o governo resolveu incentivar a produção de um combustível
renovável, e que podesse ser fabricado de matérias-primas obtidas no país e que causasse
memos impacto no meio ambiente. Tais matérias primas poderiam ser a mandioca, a cana- deaçúcar, beterraba e milho.
O Brasil desenvolveu tecnologias para a produção do álcool através da cana-deaçúcar, pois lhe proporciona uma alta rentabilidade aos agricultores por hectares plantados,
devido ao baixo custo, ganhando vantagem competitiva em relação as outras matérias-primas.
O governo buscava formas de colaborar para que o Brasil tivesse êxito na produção
do álcool, e com isso buscou alguns incentivos para essa produção, tais como: maior prazo de
financiamento, taxas mais baratas.
25
Durante o período de 1986 a 1995 o governo conseguiu manter os subsídios devido à
falta de recurso público, e com isso o Programa Nacional do Álcool entrou em fase de
estagnação, coincidindo com a baixa do preço petróleo, o que tornou o difícil para os
produtores aumentar a produção e atender a demanda, uma vez que os carros produzidos a
álcool chegavam a 95,8% das vendas dos veículos do país (BIODIESELBR, 2007).
Atualmente o Brasil encontra-se em expansão da cultura canavieira, na qual pretende
aumentar a oferta de combustíveis renováveis, mas dessa vez a nova escala de produção não é
comandada pelo governo, como no inicio do programa nacional do álcool, há trinta anos atrás.
2.2 O etanol
O etanol, mais comum dos álcoois e com características orgânicas, é obtido por meio
da fermentação de substâncias açucaradas, como a sacarose existente no caldo da cana, e
também mediante os processos sintéticos. O etanol é um líquido incolor, volátil, inflamável,
solúvel em água, com cheiro e sabor característico (UNICA, 2007).
Como combustível ecologicamente correto, o álcool não afeta a camada de
ozônio e é obtido de fonte renovável. Como é obtido a partir da cana-deaçúcar, ajuda na redução do gás carbônico da atmosfera, através da
fotossíntese nos canaviais. Outras vantagens ambientais, ainda relacionadas
à fase de plantio/cultivo da cana-de-açúcar, são o aumento da umidade do ar
e a retenção das águas da chuva. Seguindo recomendações específicas, pode
ser misturado ao diesel e à gasolina, como também pode ser utilizado sem
aditivos, sem que com isso o motor sofra danos (PETROBRAS, 2007).
O etanol apresenta múltiplas utilizações como, por exemplo: produção de bebidas
alcoólicas, aplicação na indústria química e farmacêutica, combustível veicular e a produção
de energia elétrica.
26
Enquanto combustível automotivo, o álcool tem a vantagem de ser um recurso
renovável e menos poluidor, tendo assim um grande diferencial frente ao petróleo, sendo que
seu desenvolvimento utilizou de uma tecnologia totalmente nacional.
Alguns problemas decorrentes do álcool precisam ser solucionados de forma que o
torne realmente uma alternativa sócio e ambientalmente sustentável. Esses problemas, tais
como a monocultura da cana-de-açúcar, a condição social e trabalhista da mão-de-obra
empregada, o primitivo processo de colheita que obriga a queimada da cana em muitos locais
ainda, entre outros (UNICA, 2007).
A queimada é feita para facilitar e baratear o corte manual, fazendo com que a
produtividade do trabalho do cortador aumente mais que o dobro por dia. Os custos do
carregamento e transporte têm uma redução e aumenta a eficiência das moendas que não
precisam interromper seu funcionamento para limpeza da palha. Apesar de todas essas
vantagens, essa prática empregada em aproximadamente 3,5 milhões de hectares tem muitas
conseqüências ruins para o meio ambiente.
A queimada afeta o meio ambiente, pois durante o processo ocorre a liberação de gás
carbônico, ozônio, gases de nitrogênio e de enxofre, além da liberação da fuligem da palha,
que possui substâncias cancerígenas, e a perda de nutrientes para as plantas. Um outro
problema é o lançamento de efluentes nos rios, que comprometem a sobrevivência de diversos
seres aquáticos e até mesmo os terrestres (UNICA, 2007).
2.3 Os álcoois: anidro e hidratado
O álcool etílico anidro combustível (AEAC) é um tipo de álcool que tem em sua
composição uma porcentagem mínima de água, sendo composto por mínimo 99,3 % de álcool
puro e o restante de água. O álcool anidro é o que tem que ser adicionado por lei federal à
27
gasolina para aumentar a octanagem, conforme as especificações da Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) (PETROBRAS, 2007).
Segundo dados da Petrobras (2007), o álcool combustível é um produto renovável
e limpo que contribui para a redução do efeito estufa e diminui substancialmente a poluição
do ar, minimizando os seus impactos na saúde pública.
O álcool etílico hidratado combustível (AEHC), utilizado nos carros a álcool,
possui água em teor de, em média, 7%2. Este produto não é utilizado na gasolina. Conforme
determinação da ANP, o álcool anidro, que é o adicionado à gasolina, recebe corante laranja,
enquanto o álcool hidratado deve apresentar-se límpido e incolor.
2
A portaria ANP 45/01 fixa o teor alcoólico na faixa de 92,6º % a 93,8°%. ANP (2007)
28
3. LOGÍSTICA DE TRANSPORTE
Segundo Keed e Mendonça (2003, p. 27), “o transporte de carga significa a atividade
de circulação de mercadorias, de um ponto a outro de um território, podendo ser nacional ou
internacional”.
O sistema de transporte foi se adaptando conforme as necessidades humanas foram
evoluindo. No início, o transporte era realizado pela tração humana, pelo simples ato de
transportar um objeto de um lugar a outro, utilizando a própria força. Mas ao decorrer do
tempo, o sistema foi se aperfeiçoando e utilizando objetos que facilitassem o transporte, como
cestas e carroças (KEED e MENDONÇA, 2003).
Após esse período, o transporte passou a ser realizado com a utilização de tração
animal. Enquanto esse tipo de transporte ocorria, o homem buscava possibilidades de
utilização do transporte marítimo.
Durante muitos anos esses processos rústicos de transporte terrestre e aquaviários
prevaleceram. No entanto, com a Revolução Industrial, criou-se o trem e o barco a vapor, que
foram os propulsores dos transportes existentes nos dias atuais.
3.1 Tipos de modais
Segundo Keed e Mendonça (2003), existem cinco tipos de modais básicos:
ferroviário, rodoviário, marítimo, dutoviário e aéreo.
•
Ferroviário: é um sistema de transporte lento, transportador de matériasprimas ou manufaturados de baixo valor. O fato de ser adequado para
transportes entre longas distâncias de grandes quantidades, a um menor custo
de seguro e frete, pode ser traduzido como uma vantagem do modal, que
29
gera, assim, um menor valor final. Como desvantagens, podem-se citar a
menor flexibilidade no trajeto, a menor agilidade e a inexistência de tantas
vias de acesso em relação ao rodoviário.
•
Rodoviário: este tipo de modal é o mais utilizado, sendo caracterizado pela
simplicidade de funcionamento. A vantagem deste transporte é que ele liga
localidades e países limítrofes com muita facilidade. As desvantagens são os
fretes mais caros em alguns casos, menor capacidade de carga se comparado
a outros modais e a menor competitividade para longas distâncias, roubo de
carga e pedágios.
•
Marítimo: é um dos modais mais utilizados no comércio internacional. As
vantagens são a maior capacidade de carga, a possibilidade para carregar
qualquer tipo de carga e um custo de transporte menor. As desvantagens são:
necessidade de transbordo nos portos, distâncias dos centros de produção e
maiores exigências das embalagens.
•
Dutoviário: é aquele que utiliza a força da gravidade ou pressão mecânica,
através de dutos para o transporte de granéis. É uma alternativa de transporte
não poluente, não sujeita a congestionamento e relativamente barata. Com
desvantagem tem o alto custo para implantação.
•
Aéreo: é um transporte que oferece escalas para todo o mundo, de forma
direta ou via transbordo. É mais utilizado para pequenos volumes, devido sua
capacidade de carga ser relativamente pequena. Uma das vantagens deste
modal em relação aos demais é o fato de ser mais rápido e seguro,
apresentando menores custos com seguro, estocagem e embalagem. Como
desvantagens, apresenta menor capacidade de carga e valor do frete mais
elevado em relação a outros modais.
30
Na tabela III é possível verificar os tipos de modais e suas características
operacionais por modal de transporte, em que foram atribuídos valores de 1 a 5, de forma
crescente. Isto é, quanto menor a numeração, maior a velocidade, disponibilidade,
confiabilidade, capacidade e freqüência do modal. Ao final, é apresentado o resultado, em que
a menor pontuação se traduz em melhores características operacionais.
Tabela III – Características operacionais relativas por modal de transporte.
Características
Operacionais
Ferroviário Rodoviário Aquaviário Dutoviário Aéreo
3
Velocidade
2
Disponibilidade
3
Confiabilidade
2
Capacidade
4
Freqüência
14
Resultado
Fonte: Centro de Logística (2007).
2
1
2
3
2
10
4
4
4
1
5
18
5
5
1
5
1
17
1
3
5
4
3
16
No gráfico III é possível verificar a porcentagem da utilização dos tipos de modais,
podendo ter uma clara visão que o modal mais utilizado é o rodoviário seguido do ferroviário.
Utilização do Modais de Transporte no
Brasil
17%
3%1%
Rodoviário
Ferroviário
Hidroviário
21%
58%
Dutoviário
Aeroviário
Gráfico III – Utilização dos modais de transporte no Brasil.
Fonte: POZO (2004).
31
3.2 A Logística do etanol na estrutura da Petrobras
Em meio ao combate ao aquecimento global e a alta do preço do petróleo, a demanda
por combustíveis renováveis teve um aumento significativo. Um dos países que poderão se
beneficiar com esse novo comércio é o Brasil.
Com este aumento, é necessário ao Brasil buscar formas de solucionar problemas
ligados à logística de transporte do etanol, para que essas falhas não comprometam a
distribuição no mercado nacional nem afetem uma possível elevação da quantidade a ser
exportada do etanol.
O transporte do produto das maiores regiões produtoras do país, como São Paulo,
norte do Paraná e Triangulo Mineiro, é feito pelo modal rodoviário. Os caminhões levam o
produto até o porto, de onde é despachado para o local determinado.
Com o aumento da produção, este modal não é o mais adequado, levando em
consideração o tempo gasto com o transporte e o atual estado de conservação das rodovias
brasileiras. Persistindo tais problemas e, não havendo melhorias, a expansão do etanol no país
pode ser afetada.
A logística é um fator chave na competitividade dos produtos nacionais, e não apenas
do álcool. Uma das maiores empresas de combustíveis derivados do petróleo e que também é
responsável pelo processo de logística de transporte do etanol (já que não o produz) é a
Petrobras, a qual será objeto de análise no próximo item.
32
3.2.1 A Petrobras
Em outubro de 1953, a constituição da Petrobras foi autorizada com o objetivo de
executar as atividades do setor petroleiro no Brasil. A Petrobras iniciou suas atividades com o
acervo recebido do antigo Conselho Nacional do Petróleo (CNP) (PETROBRAS, 2007).
As operações de exploração e produção de petróleo constitui um monopólio
conduzido pela Petrobras de 1954 a 1997. Durante esse período, a empresa tornou-se líder em
comercialização
de
derivados
de
petróleo
no
país
(BANCO
NACIONAL
DE
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL - BNDES, 2007).
Atualmente, a Petrobrás conta com 51 bases de distribuição própria, 9 bases de
distribuição em Pool3, 11 armazenagens em bases de terceiros, 8 centros coletores de álcool,
terminal ferroviário de Paulínia e mais de 7.200 postos de serviços. (PETROBRAS, 2007).
A Petrobras conta com uma empresa subsidiária responsável por todas as atividades
relacionadas ao transporte e armazenamento, a Transpetro, cuja missão está transcrita a
seguir:
A Transpetro tem como missão atuar de forma rentável na indústria de
petróleo e gás, nos mercados nacional e internacional, como fornecedora de
serviços de transporte e armazenamento, respeitando o meio ambiente,
considerando os interesses dos seus acionistas e contribuindo para o
desenvolvimento do País (TRANSPETRO, 2007).
A Transpetro é a maior e principal empresa de logística e transporte do Brasil,
atendendo às atividades de transporte e armazenagem de petróleo e derivados, álcool e gás
natural. Possui atualmente uma frota de 53 navios, 10 mil quilômetros de malha dutoviária e
43 terminais terrestre e aquaviários. (TRANSPETRO, 2007).
3
Combinação de pequenos pedidos para formar a carga de um caminhão ou vagão (CANAL DO
TRANSPORTE, 2007).
33
A Transpetro foi criada em 12 de junho de 1998 tendo como objetivo crescer e ajudar
a impulsionar o desenvolvimento do país, em sintonia com a estratégia de negócios do sistema
Petrobras. A empresa é responsável por uma rede de estradas de dutos, formada por mais de
dez mil quilômetros, que interligam todas as regiões do país. Através desses dutos são
transportados produtos, como petróleo e derivados, álcool e gás natural, que abastecem
diversos pontos do país. As estradas de dutos se aliam aos terminais, bases de armazenamento
e uma frota de navios-petroleiros (TRANSPETRO, 2007).
O transporte do álcool é realizado em 70% dos casos de forma que o produto saia da
destilaria através de coleta rodoviária, chegando à base de distribuição e novamente é feito o
transporte rodoviário, para que o produto chegue até os revendedores finais. O transporte é
realizado de forma que o produto acabe não se tornando mais caro ao chegar a seu
consumidor final. Verificando todo o processo, fica claro que o modal rodoviário é o mais
utilizado. Os outros 30% restantes são feitos através de transferência multimodal (ferrovia e
oleoduto) e transferência fluvial. No entanto, a transferência por multimodal é realizada
somente da destilaria até os centros de distribuição, enquanto que os outros percursos são
realizados por via rodoviária (BNDES, 2007).
O principal problema enfrentado pelas empresas que fazem uso do transporte
rodoviário são as péssimas condições das rodovias, o que provoca o desgaste dos veículos que
fazem o transporte, gerando um custo que seria desnecessário caso as rodovias estivessem em
ótimas condições de circulação. Na verdade, as empresas buscam transportes que
proporcionem ao seu consumidor final um produto de boa qualidade por um preço acessível,
sendo utilizados, por esse motivo, mais de um tipo de transporte.
Para o transporte rodoviário, existem algumas normas a serem cumpridas,
estipuladas por lei, como por exemplo, as balanças colocadas em determinados pontos da
estrada de rodagem (UNICA, 2007).
34
Os centros de distribuição facilitam esse transporte, permitem que o produto chegue
num espaço menor de tempo até o seu cliente, proporcionando assim satisfação a ele, pois
existe a preocupação em cumprir prazos com a entrega e não deixar o cliente esperando,
levando credibilidade e confiança.
O Brasil é um dos maiores produtores de álcool do mundo. Segundo projeções
divulgadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2007), as usinas deverão
colocar no mercado 20,01 bilhões de litros de álcool durante a safra de 2007/2008,
proporcionando um aumento de 14,5% com relação à safra anterior, mostrando sua
competitividade. O Brasil foi o único a conseguir desenvolver a produção do álcool de forma
que ele se tornasse competitivo com a gasolina a preços de mercado.
Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o mercado do álcool em
2003 era de 420.000 m³/mês de álcool anidro e 240.000 m³/mês de álcool hidratado. A
Petrobras, em sua função de distribuidora, no mesmo período possuía uma participação desse
mercado nacional de 22,6% do total do álcool anidro e 18,8% do álcool hidratado. Esses
dados refletem a importância e a grandeza da Petrobras no segmento de combustíveis
renováveis (BNDES, 2007).
O Brasil, por meio da Transpetro, é líder mundial na utilização de transportes
alternativos de combustíveis, através de meios mais limpos e eficientes, como os oleodutos.
35
Na figura a seguir é possível analisar a infra-estrutura de distribuição da Petrobras.
Figura 1 – Infra-Estrutura da Distribuição da Petrobras.
Fonte: BNDES (2007).
36
4. A USINA NOVA AMÉRICA
A família dos acionistas da usina Nova América teve sua origem na cidade de Tebas
de Leopoldina, em Minas Gerais. No final do século XIX a família deixou a cidade, onde
eram produtores de café, e foram em busca de melhores condições para realização do plantio.
Foi na região oeste do Estado de São Paulo que eles encontraram solo fértil, terras baratas e
novas tecnologias para o plantio de café e algodão (NOVA AMÉRICA, 2007).
Estabeleceram-se na região de Ribeirão Preto, mais especificamente em Cravinhos,
onde adquiriram a Fazenda estrela d’Oeste no município de São Simão. Nesta propriedade, de
450 alqueires, eram cultivados 250 mil pés de café.
Com o falecimento do Sr. Eugênio Barbosa de Rezende, proprietário, sua esposa D.
Olga Ottoni de Rezende deu continuidade assumindo a administração das fazendas. Com o
crescimento dos negócios e com o intuito de manter a expansão da empresa, foi criada a
Companhia Agrícola Rezende para fazer a administração das terras da família (NOVA
AMÉRICA, 2007).
Em 1944, Renato de Rezende Barbosa, filho de D. Olga, adquiriu a Fazenda Nova
América, na cidade de Assis, onde foi implantada a primeira usina de açúcar e álcool do Vale
do Paranapanema. A região se destacava pelo solo fértil, topografia com suave ondulação e
terras mais baratas. Desde então, a Usina expandiu sua atuação com a aquisição de outras
usinas e empresas no setor agroindustrial (NOVA AMÈRICA, 2007).
Atualmente, a empresa é uma das dez maiores produtoras nacionais de açúcar e
álcool e um dos cem maiores grupos empresariais privados do Brasil.
37
4.1 Produtos e serviços da usina Nova América
Os produtos da Usina Nova América são divididos em três segmentos: produtos para
o consumidor, produtos para a indústria e serviços.
Os produtos destinados ao consumidor são comercializados sob as marcas União,
Dolce, Neve e Duçula, além de laranja in natura. Os produtos para indústria são compostos
por: açúcares, álcool, levedura, suco concentrado e subprodutos da laranja. Os serviços
oferecidos pelo grupo Nova América são: terminal portuário e trading4 (NOVA AMERÍCA,
2007).
Será realizado um estudo mais aprofundado para compreensão do transporte do
produto álcool por ser o foco do presente trabalho e o objeto do estudo de caso na Usina Nova
América.
A produção da Usina Nova América é de 150 milhões de litros de álcool etílico
anidro e 70 milhões de álcool hidratado, comercializados a granel anualmente. Com produção
nas unidades de Tarumã e Maracaí, a Usina Nova América tem capacidade para produção de
mais de 270 milhões de litros de álcool/ano, que é um combustível ecologicamente correto,
pois não afeta a camada de ozônio e é obtido de fonte renovável. Podendo ter uma clara visão
que a Usina ainda pode expandir a sua produção, devido ter capacidade ociosa. Como é
produzido a partir da cana de açúcar, auxilia na renovação do gás carbônico da atmosfera por
meio da fotossíntese nos canaviais (NOVA AMÈRICA, 2007).
Na Tabela IV pode-se visualizar a composição dos álcoois anidro e hidratado da
Usina Nova América.
4
Empresa Comercial Exportadora – Fonte: Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior MIDIC (2007).
38
Tabela IV - Composição dos Álcoois: Anidro e Hidratado.
Produto Embalagem
Hidratado
Álcool
a
granel
Anidro
Cor
Aspecto
Teor
alcoólico
Límpido
92,6 a
e isento
93,8
de
impurezas
Límpido
Incolor e
e isento
Mín. 99,3
levemente
de
amarelado
impurezas
Incolor e
levemente
amarelado
Massa
específica a
20°C
Acidez Total (em
ácido acético)
807,6 a
811,0
Máx. 30
Máx. 500
Granel
3 anos
Máx. 791,5
Máx. 30
Máx. 500
Granel
3 anos
Condutividade
Tipo de
elétrica
embalagem
Prazo
de
validade
Fonte: (NOVA AMÈRICA, 2007).
4.2. A produção da cana de açúcar e as relações com a infra-estrutura do
país.
Em entrevista realizada com o Sr. André Hoch5, gerente de logística da Usina Nova
América, no dia 25/08/2007, o mesmo relatou que com o aumento da produção da cana de
açúcar e o surgimento de novas usinas, o Brasil terá infra-estrutura para suportar este aumento
pelo menos por um período de dois anos, pois todos os produtores estão se mobilizando e
buscando formas de se adaptarem a este crescimento. As transportadoras, por exemplo, estão
adquirindo caminhões com capacidade cada vez maior, (denominados bi-trens), com
capacidade para transportar 36.000 litros de álcool, os quais já estão dando lugar ao “bitrenzão”, com capacidade de transportar até 48.000 litros. Algumas transportadoras que eram
preparadas apenas para o transporte de grãos já estão se adaptando para efetuarem também o
transporte de álcool, adquirindo caminhões específicos para esta natureza de transporte. Esta
mobilização de produtores, transportadores e usineiros, mostram que todos estão focando no
aumento da produção da cana de açúcar e aproveitando este momento de expansão da
agricultura canavieira.
5
Hoch, André, Gerente de Logística da Usina Nova América. Formado em Administração de Empresas no ano
de 2003.
39
Segundo o Sr. André, algumas adaptações e providencias ainda deverão serem
tomadas para que ao longo deste período o país consiga manter esta produção, pois com o
aumento do álcool a ser transportado e a capacidade
de litros por caminhão estar
aumentando, é bastante evidente que as rodovias possam sofrer danos relevantes. Ou seja, o
asfalto das rodovias poderá apresentar problemas devido ao peso destes caminhões
aumentarem consideravelmente, embora o Sr. André acredite que, no período de dois anos,
este transporte seja feito sem grandes problemas e estes danos começam a ficar evidentes após
tal período.
4.2.1 A exportação do etanol na visão do gerente de logística
Segundo o Sr. André, a maior dificuldade do transporte está na exportação, pois o
álcool destinado a este fim precisa ser um álcool puro, ou seja, um álcool que não contenha
nenhum tipo de mistura, o chamado álcool anidro. Para que esta mistura não ocorra, o
caminhão que transporta o álcool não pode carregar outro tipo de material, como por
exemplo, a gasolina. Isto porque o resíduo deste outro produto se mistura no álcool, fazendo
com que haja perda na qualidade, a qual é exigida para um álcool ser exportado. Isto faz com
que o transporte seja mais limitado e caro, pois o caminhão que leva o álcool até o porto não
pode ser utilizado para voltar com outro produto. O caminhão vai cheio até o porto e volta
vazio para a usina, tornando o custo do transporte maior.
Um outro fator relevante é o fato dos portos do país não apresentarem infra-estrutura
adequada para este volume de exportação. A Usina Nova América possui um espaço no porto
de Santos, o que permite uma maior agilidade no processo, porém o maior problema
enfrentado pela usina é o tamanho dos navios que são utilizados para a exportação do álcool,
que não possuem capacidade suficiente, pois esses navios não foram produzidos para esta
40
finalidade. Eram navios que faziam o transporte de produtos químicos e foram adaptados para
transportarem o álcool. Assim as capacidades destes navios chegam a 20.000 litros, enquanto
já existem caminhões com capacidade para 48.000 litros, ou seja, um navio consegue
transportar apenas 41,67% da capacidade de um caminhão (o bi-trenzão). No ponto de vista
do Sr. André, a exportação não terá um grande aumento, ele acredita que grande parte deste
aumento na produção deverá ser consumido aqui mesmo no Brasil.
4.2.2 O processo de logística utilizado pela Usina Nova América
Na Usina Nova América, 95% do transporte é realizado pelo modal rodoviário, pois
segundo o Sr. André este tipo de transporte é o mais adequado devido à facilidade de acesso
às rodovias e às transportadoras estarem buscando cada vez mais caminhões específicos para
o transporte do álcool.
O outro tipo de transporte utilizado é o ferroviário, mas este é bem pequeno, pois o
acesso às ferrovias é bastante limitado, devido à falta de estrutura deste transporte e às poucas
empresas ferroviárias disponíveis no Vale do Paranapanema. Um outro fator que dificulta este
transporte é o fato de existir uma grande perda neste processo, pois o álcool é levado por
caminhão até o vagão e durante o processo de transferência de um para outro (do caminhão
para o vagão), ocorre perda de alguns litros de álcool. Quando o vagão chega ao destino,
novamente ocorre perda de mais alguns litros. Esses fatores tornam o transporte ferroviário
pouco acessível e, para que possa ser utilizado adequadamente e em grande escala, seria
preciso uma modernização nas ferrovias do país.
Ainda na opinião do Sr. André, o transporte mais adequado seria através de dutos.
No entanto, seria necessário um grande investimento e uma grande mobilização para a
construção destes dutos, e isso só seria possível a longo prazo.
41
4.2.3 Cadeia de abastecimento.
Segundo o Sr. André, 99% do transporte é feito sob responsabilidade do cliente, ou
seja, o cliente, ao efetuar a compra, é responsável em ir buscar o álcool no centro de
distribuição. Ele ressalta, também, que hoje a usina entrega o produto acabado no local
desejado apenas para um cliente. A decisão se o cliente irá retirar o produto no centro de
distribuição da usina ou irá recebê-lo em seu estabelecimento é feita sempre no momento da
compra. Esses tipos de processos são chamados de Cost insurance and freight6 (CIF) e Free
on Board7 (FOB).
A distribuição do produto acabado é feito através de uma cadeia de abastecimento
que deve respeitar algumas normas, uma vez que o álcool não pode ser entregue diretamente
da usina para o consumidor final, sendo necessário passar por alguns intermediários.
Quando o processo produtivo chega ao fim, inicia-se o processo da Cadeia de
Abastecimento, ou melhor, a logística de transporte utilizada pela usina, que no caso acontece
por meio de 4 etapas:
•
Primeira etapa – Transporte feito da usina até o centro de distribuição: o
produto acabado sai da usina para os centros de distribuição, que estão
localizados em pontos estratégicos, de forma a facilitar o transporte do álcool;
•
Segunda etapa – Transporte do Centro de distribuição até os distribuidores: o
álcool sai dos centros de distribuição com destino aos distribuidores, que são
os clientes diretos da usina (Petrobras, Shell, Texaco, Ipiranga, entre outros.);
6
CIF – condição de venda em que o frete é pago até o porto de destino KEEDI e MENDONÇA (2000).
FOB - Condição de venda em que a mercadoria é entregue pelo vendedor a bordo do navio no porto de
embarque KEEDI e MENDONÇA (2000).
7
42
•
Terceira etapa – Transporte dos distribuidores até os postos de combustíveis:
está etapa é feita pelos distribuidores, que são encarregados de colocarem este
produto nos postos de combustíveis;
•
Quarta etapa – Distribuição dos postos de combustíveis ao consumidor final:
os postos de combustíveis são responsáveis em colocar o álcool à disposição
do consumidor final.
O esquema de fluxo de distribuição da Usina Nova América está demonstrado a
seguir.
43
4.2.4 Exemplo esquemático do processo de distribuição.
USINA NOVA
AMÉRICA
CENTRO
DE
DISTRIBUIÇÃO
DISTRIBUIDOR 1
CENTRO
DE
DISTRIBUIÇÃO
DISTRIBUIDOR 2
CENTRO
DE
DISTRIBUIÇÃO
DISTRIBUIDOR 3
POSTO DE
POSTO DE
POSTO DE
COMBUSTÍVEL 1
COMBUSTÍVEL 2
COMBUSTÍVEL 3
CONSUMIDOR
FINAL
Figura II - Exemplo esquemático do processo de distribuição
Fonte: elaborado pelas autoras-2.007
44
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final de um longo período de pesquisas e leituras, foi possível sanar as questões
levantadas no início do trabalho. Percebe-se que o transporte do álcool no Brasil, é feito em
sua grande maioria pelo modal rodoviário, e mesmo com o aumento da produção das últimas
safras de cana-de-açúcar, o país ainda não tem infra-estrutura suficiente para mudar o tipo de
transporte para um modal que talvez fosse o mais adequado devido ao volume de produto,
como por exemplo, o dutoviário, segundo o Sr. André Hoch.
Com o término das investigações bibliográficas e entrevistas realizadas, também foi
possível perceber que mesmo com o aumento da produção, a exportação não terá um grande
aumento, e toda a oferta do produto será consumida aqui mesmo no Brasil.
Ao se comparar a logística de transporte do álcool da Petrobras, que é a maior
distribuidora do país, com o método utilizado pela Usina Nova América, a qual constitui o
“Case”, e foi escolhida para tal, por estar localizada no vale do Paranapanema, que é um dos
maiores centros produtores de cana de açúcar do país, devido os tipos de solos que são
bastante propícios para o cultivo da cana e o baixo custo quer da terra como do arrendamento.
Identificou-se que elas não se diferem muito, pois ambas utilizam centros de distribuição em
pontos estratégicos, facilitando assim que o produto chegue aos clientes de forma mais
eficiente.
Com a conclusão do trabalho, identifica-se que mais de 90% do transporte do álcool
é feito através de caminhão, pois as transportadoras estão cada vez mais se modernizando e
buscando se adaptar a este grande volume de produção, os caminhões estão cada vez maiores
e com capacidade de transportar até 48.000 litros, através dos caminhões denominados de “bitrenzão”. Mas este tipo transporte não suportará todo este volume de produção por muito
tempo, pois as rodovias não agüentarão o peso destes caminhões e já começam a apresentar
45
problemas de desgaste das rodovias, e provavelmente suportará o transporte no máximo por
dois anos, sem que haja investimentos para melhoria na malha rodoviária.
Durante o processo de constituição do “case”, descobriu-se que este não é o tipo de
transporte ideal, pois o gerente de logística da Usina Nova América acredita que o modal mais
eficiente seria através de dutos, mas infelizmente isto ainda não está muito próximo de ser
colocado em prática, pois será necessário um grande investimento e uma grande mobilização
para a construção destes dutos, o que só seria possível em longo prazo.
46
REFERÊNCIAS
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03/07/2007.
Brasil: AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA
www.anvisa.org.br. – acesso em 16/07/2007.
SANITÁRIA
disponível
em:
Brasil: AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS
disponível em: http://www.anp.gov.br/petro/alcool.asp#etilico. - acesso em 12/10/2007.
Brasil: AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS
disponível em: http://www.anp.gov.br/petro/alcool.asp#anidro. - acesso em 12/10/2007.
Brasil: BIODIESELBR disponível em: http://www.biodieselbr.com/proalcool/pro-alcool.htm.
- acesso em 17/09/2007.
BRAY, Silvio Carlos. A Cultura da Cana - de – Açúcar no Vale do Paranapanema. São Paulo:
1980.
Brasil:
CANAL
DO
TRANSPORTE
disponível
http://www.canaldotransporte.com.br/letrad.asp. - acesso em 17/10/2007.
em:
Brasil: CENTRO DE LOGISTICA disponível em: http://www.centrodelogistica.com.br. –
acesso em 03/07/2007.
Brasil: CUNHA, Fernando. A Logística atual de transporte das distribuidoras e a infraestrutura para a exportação do álcool. Petrobras Distribuidora, 2003. Disponível em:
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05/05/2007.
Brasil: FERRAZ, João Carlos de Figueiredo. A Experiência brasileira com a exportação do
álcool.
Rio
de
Janeiro:
BNDES,
2003.
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49
ANEXO
I - Roteiro da Entrevista
•
Quais produtos são fabricados a partir da cana?
•
Qual o volume de produção?
•
De onde vem a matéria prima (cana)? E quem são os fornecedores?
•
De que forma ela chega até a usina, como é feito processo de corte e transporte da
cana?
•
O produto é embalado, de que forma, qual material é o mais utilizado e apropriado?
•
Como o produto chega até o cliente?
•
Existem riscos em relação à armazenagem do produto?
•
O transporte é realizado de que forma?
•
Qual processo de transporte é mais utilizado?
•
Qual é o Plano da logística de transporte?
•
Como é tratada a questão da distância? Localização?
•
Quais são os meios e tipos de transportes?

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