Deslocação de abomaso novos conceitos

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Deslocação de abomaso novos conceitos
Congresso de Ciências Veterinárias [Proceedings of the Veterinary Sciences Congress, 2002], SPCV, Oeiras, 10-12 Out., pp. 39-62
Buiatria
Deslocação de abomaso novos conceitos
[Abomasal displacement, new concepts]
Cannas da Silva, J.1; Serrão, S.2 e Oliveira, R.3
1
Canas da Silva Ldª, Serviços Veterinários Quinta do Meio Poço Vilgateira 2000 -815 Portugal
<[email protected]>; 2 Mestre pela Faculdade de Ciências de Lisboa,
<[email protected]>; 3 Departamento de Matemática do Instituto Superior Técnico de Lisboa,
<[email protected]>
Resumo: O autor descreve as diversas causas que podem provocar as deslocações de abomaso. Os
dados de 899 deslocações de abomaso, que ocorreram em 5 anos foram divididas em 2 zonas
climatéricas de forma a poder analisar e procurar possíveis relações com alterações climáticas. A
pluviosidade e sua proporção é analisada e correlacionada com as deslocações de abomaso.São
apresentados alguns dados estatísticos preliminares e sua análise.
Summary: The author describes the different causes for abomasum displacement. The weather
conditions are analysed in 2 meteorological places, and the preliminary results are presented. The
pluviosity is correlated with abomasal displacements that occurs during 5 years. The influence of
weather conditions at DA occurrence is placed together with nutritional, calving time, and
management influence etc...
1. Introdução
A deslocação de Abomaso à esquerda à direita com dilatação ou com torsão, é uma
patologia cada vez mais freqüente, não só devido ao incremento da produção dos animais, bem
como do aumento em dimensão das explorações de vacas leiteiras. O seu diagnostico tornou-se uma
rotina diária na clínica de Bovinos de leite.
Esta patologia é responsável por perdas de produção e de rendimento das explorações. Não
só pela perda direta, como em grande parte pelo gasto em medicamentos como pela maior
freqüência da intervenção veterinária com os seus custos inerentes. A literatura disponível explica
bem a sua relação com o parto, período de seca e erros alimentares e de maneio, porém não existem
dados que a relacionem com alterações climáticas.
Em Portugal, os indicadores apontam para um acréscimo do número de deslocações de
abomaso, o que pode ser explicado não só pela maior eficácia do diagnóstico pelo médico
veterinário bem como uma cada vez maior sensibilidade do produtor para esta afecção, o que
implica melhores técnicas de diagnóstico.
Com este trabalho pretende-se estudar o possível efeito das alterações climatéricas
particularmente quando são bruscas e de que forma poderão influenciar a ocorrência de deslocações
de abomaso, num período determinado de tempo, independentemente das outras causas bem
descritas e investigadas em diversa literatura.
A influência, das alterações climatericas e sua influência indireta sobre algumas patologias
tem sido, estudada, principalmente pela Sociedade Mundial de Biometeriologia. A responsabilidade
das alterações climáticas como causa de diversas afecções no Homem, como doenças respiratórias,
cardíacas, e do próprio sistema neuro-vegetativo etc, tem sido alvo de discussão e estudo pela
referida Sociedade.
Congresso de Ciências Veterinárias [Proceedings of the Veterinary Sciences Congress, 2002], SPCV, Oeiras, 10-12 Out., pp. 39-62
Para procurar estudar a possível relação entre as alterações climatericas e a ocorrência de
deslocações de abomaso propesemo-nos analisar 899 deslocações de abomaso que ocorreram num
período de 5 anos.
Todas as explorações abrangidas pelo estudo alimentam com TMR (Total Mix Ration) e
possuem estábulos livres com cubículos.Para além deste fato as explorações apresentam uma
distribuição bastante regular de partos (existem algumas diferenças , não existindo contudo uma
época de partos bem definida, pois estes distribuem-se por todo o ano com poucas oscilações do seu
número).
São analisadas estatisticamente as deslocações de abomaso por ano, mês e dia e é estudada a
sua possível relação com alterações climatéricas tais como temperatura, humidade, pressão
atmosférica e pluviosidade etc. As< explorações de Bovinos Leiteiros agrangidas pelo estudo,
alimentam de forma uniforme durante todo o ano. A Alimentação é idêntica em todas as
explorações Festes efetivos apresentam produções em 305 dias que variam entre os 8000 e os 9500
litros de leite. Foram escolhidas duas estações meteorológicas, (Lisboa e Monte-Real) tendo-se
agrupado as explorações conforme a sua proximidade.
2.Resultados:
Acreditamos que existe uma relação evidente das alterações climatéricas com a ocorrência
de deslocação de abomaso o que poderá ser causada por uma diminuição da ingestão de matéria
seca e atonia gastro-intestinal provavelmente por ação indirecta sobre o sistema neuro-vegetativo.
3.Conclusões preliminares:
A deslocação de abomaso, tem sido relacionada com o parto (transição), período de seca,
alimentação e maneio, mas a importâncias das variações climáticas não tem sido encarada como um
fator ou conjunto de fatores determinantes mesmo que de forma indireta da ocorrência de
deslocações de abomaso em explorações com alimentação idêntica durante todo o ano e com
maneio semelhante. Será que as deslocações de abomaso são influenciadas pelas alterações
climáticas, tais como pluviosidade média, relativa e proporcional, pressão atmosférica, ventos etc...
a exemplo do que acontece em diversas afecções no Homem e que puderão estar relacionadas com
os efeitos sobre o sistema nervoso ? Acreditamos que há uma relação se não direta pelo menos
indirecta que influência a ocorrência desta patologia, considerada como das mais importantes na
exploração de vacas leiteiras.
4.Introdução
O abomaso da vaca adulta é uma estrutura tubular, que se estende desde o orifício omasoabomaso até ao piloro. A dilatação cranial chama-se fundus, e está situado ligeiramente para a
direita da linha média ventral. O corpo do abomaso estende-se obliquamente para o lado direito do
abdomen e fixa-se dorsalmente no ântrio pilórico.A parede do Omento maior liga-se à grande
curvatura do abomaso. A face parietal do abomaso não é coberta por omento, porém a face visceral
é recoberta por fortes ligações perto do antrum do piloro. Existe deposição de gordura com
frequência, que é chamada de “orelha de porco“ no omento maior adjacente ao piloro.
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Figura1 – Compartimentos gástricos dos ruminantes e a sua relação com o abomaso.
Posicionamento Normal e indicação para que lado se pode deslocar o abomaso.
4.1Sinais Clínicos
Os primeiros sinais de uma DA são geralmente subtis. Há anorexia parcial ou total, com
declínio progressivo ou abrupto da produção leiteira, devido à disfunção digestiva.
Esta geralmente está associada à diminuição da capacidade de ingestão que ocorre no pósparto contudo temos constatado que a DA pode surgir em diversos estádios da produção do animal.
A cetose acompanha geralmente esta sindrome, o que é explicado pela diminuição até à suspensão
da ingestão de alimentos.
Os animais não conseguem ingerir os nutrientes necessários para acompanhar a produção
leiteira e entram em deficit energético negativo desenvolvendo cetose.
As fezes podem variar de mais firmes que o normal a diarreicas (no nosso estudo a maioria
das vacas com DA apresentavam fezes diarreicas ou pastosas de diversas cores desde o castanho
claro a verdes escuras, sendo muito típico o odor ligeiramente ácido).
Muitas vezes o rúmen não apresenta contrações, os sinais vitais podem ser normais exceto
nos casos em que existem outras patologias, como metrites ou mastites associadas com toxémia. A
desidratação ocorre tardiamente.
Na deslocação de abomaso à esquerda a auscultação da parede abdominal esquerda durante
vários minutos revela sons de tilintar e de gorgolejo. A auscultação e percursão simultanea da
parede costal distal esquerda produz uma ressonância timpânica metálica (=ping). Percutindo a
porção ventral do rúmen pode-se induzir o ruído de “ballotment”, também ele tipíco dos DA,
devido à presença de liquido no interior do orgão. A localização deste som metálico varia consoante
a posição do abomaso e da quantidade de gás presente neste. Ocasionalmente, um DAE pode causar
uma distensão visível da fossa paralombar esquerda. A palpação desta zona revela uma estrutura em
forma de balão que volta à posição inicial quando a mão é removida. Nas deslocações de abomaso
para a direita a sintomatologia é geralmente bastante mais aguda, com alteração grave do estado
geral, fezes liquidas ou ausentes. Não deixa de ser freqüente o flanco direito estar dilatado, não
sendo de excluir a sua palpação através do exame retal. Estes animais encontram-se muito
deprimidos, com graves alterações do equilíbrio ácido básico, hipotermia e disfunção cardíaca.
5-Patologia Clínica
Uma alcalose metabólica moderada com hipocalémia e hipoclorémia, podem ocorrer,
provavelmente devido à atonia abomasal, produção continua de ácido clorídrico e obstrução parcial
da saída do conteúdo abomasal, o que resulta em seqüestro do cloro no abomaso e refluxo deste
para o rúmen.
A hipocalémia resulta, provavelmente, da diminuição de ingestão de alimentos e da contínua
secreção renal deste eletrólito. Esta situação é muito freqüente nas dilatações / deslocações/ torção à
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direita e se não há correção da posição do órgão com rapidez, o animal entra rapidamente em
descompensação e morre geralmente. O prognóstico nestes casos é sempre reservado e depende da
celeridade da intervenção.
A glicemia pode estar aumentada, diminuída ou normal. Se esta se encontrar aumentada
pode-se encontrar glicosúria (que ocorre com alguma freqüência no deslocamento à direita).
A acidúria paradoxal quando existe é de prognóstico grave.
A cetose secundária é comum e pode ser complicada pela ocorrência simultânea de figado
gordo. A acetonúria está presente com relativa freqüência, revelando a presença de uma acetonémia
e uma concentração sérica elevada de AGV (ácidos gordos voláteis)não esterificados.
6-Diagnóstico
O diagnóstico baseia-se:
- Na história pregressa, pelo fato de haver diminuição da produção leiteira associada a uma
diminuição da condição corporal e do apetite e sua associação / relação, geralmente com um
parto recente ; (porém, pela experiência própria não são raras as deslocações, dilatações /
torções em estádios mais avançados de gestação – até mesmo em animais no período de
seca).
- Na percussão e auscultação é audível o som metálico característico na porção média do 9º ao
13º EIC (Espaço Intercostal) esquerdo ou direito ;
- Parâmetros laboratoriais - nos valores do Cl-, Ca2+, K+ e na acidúria paradoxal (não
examináveis geralmente).
Diagnósticos Diferenciais da desloção à esquerda (DAE)
- Pneumoperitoneu;
- Indigestão gasosa (timpanismo Ruminal);
- Síndrome do rúmen vazio.
- Bursite Omental
- Peritonite
Diagnóstico diferencial na deslocação, dilatação / torção à direita (DAD)
- Dilatação com ou sem torsão do ceco
- Torção do mesentério
- Obstrução intestinal
- Bursite omental
- Peritonite
- Ileus Paraliticus
7-Tratamento
O objectivo do tratamento dos DA é recolocar o abomaso na sua posição fisiológica, de
modo a que a função digestiva normal se possa restabelecer. Quanto mais cedo isso se verificar,
mais rapidamente a vaca retomará a produção de leite e o balanço energético normal. Podem ser
aplicados diversos tipos de tratamentos, consoante o valor econômico do animal em causa.
7.1. Tratamento Médico
Têm sido experimentados numerosos tratamentos conservativos. Estes têm como finalidade
aumentar e repor a motilidade gastro-intestinal e o tónus abomasal. Se o tratamento for bem
sucedido, o gás é expelido e o abomaso vazio retomará espontaneamente a sua posição normal.
Podem ser utilizadas soluções de cálcio, neostigmina e catárticos salinos. Com estes fármacos, o
abomaso poderá voltar à sua posição normal, mas há uma incidência muita elevada de recidivas.
Este procedimento é geralmente aplicado, em vacas de pouco valor produtivo e econômico. No
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entanto se houver torção do órgão (na deslocação à direita) podem surgir complicações muito
graves após esta medicação.
A aplicação destes preparados, tem-se revelado porém de muita utilidade no pos –
operatório.
7.2. Rolamentos (só aplicável na deslocação à esquerda)
A recolocação não cirúrgica do DAE, com ou sem tratamento médico concomitante é outra
abordagem conservativa. Isto tem sido executado, forçando a vaca a subir por um terreno íngreme
ou transportando-a num camião por estradas em maus estado. Depois do transporte, frequentemente
as vacas têm muito pouco gás no abomaso e o “ping” pode não ser detectável. Porém quanto a nós o
“ping” irá regressar mais tarde ou mais cedo o que quer dizer que o abomaso voltou a deslocar-se.
A DAE pode ser resolvida rolando a vaca. Para tanto coloca-se o animal em decúbito lateral
direito, rolando-se até que este adquira o decúbito dorsal e posteriormente rola-se para cima e para
baixo.
Finalmente a vaca é rodada até que fique em o decúbito lateral esquerdo e de levantar-se
levantar a partir desta posição. Estas manobras devem ser praticadas após a aplicação de um
neurolético anestésico, geralmente a Xylazina.
Normalmente o rolamento é uma técnica com sucesso, pelo menos imediato, exceto quando
as aderências impedem a correção. A DAE pode contudo, complicar-se progredindo para um volvo
abomasal ou volvo intestinal severo. É recomendada a monitorização da vaca durante estas
manobras. O rolamento tem a vantagem de ser rápido e de fácil execução, mas apresenta, em
contrapartida taxas de recidiva altas (na ordem dos 80%) sendo necessários ajudantes e
tranquilização/sedação do animal.
8.Correção cirúrgica
O objetivo da correção cirúrgica da deslocação do abomaso é tornar a coloca-lo na sua
posição normal, ao mesmo tempo, que deve evitar novas deslocações do órgão.
Qualquer que seja o método utilizado, este deve ser executado de forma a causar o menor
stress ao animal e deve impedir recidivas.
Existem diversos métodos descritos na literatura. O método utilizado pode ser qualquer um,
desde que respeite os pressupostos acima enunciados.
A quebra da produção leiteira, que acompanha a deslocação de abomaso e o risco que
representa para a vida do animal, faz com que o médico veterinário tenha que estar em condições,
não só de diagnosticar esta afecção, bem como de atuar cirurgicamente de forma a corrigir a
alteração de posição do órgão.
Geralmente como já referimos, o diagnóstico no campo assenta quase exclusivamente no
exame clinico, (auscultação, percussão e exame retal).
O exame clinico é o método mais freqüente, porém é possível o uso de outros exames tais
como, ecografia,, parâmetros sanguíneos, (packed cell volume), excesso ou deficiência de base
(pH), iões cálcio, Cloro, sódio etc... e em caso de dúvida a laparotomia exploradora torna-se
essencial.
9. Causas
9.1. Causas diretas da deslocação de abomaso:
A deslocação do abomaso dá-se geralmente, quando há interferência sobre a motilidade do
órgão, que resulta na acumulação de gás. Esta acumulação de gás produz bolhas de ar, criando-se
como que uma situação de gás em movimento. Como conseqüência o abomaso pode deslocar-se
para cima ao longo da parede abdominal esquerda, o que resulta em deslocação de abomaso à
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esquerda (DAE), ou por outro lado enche-se de gás e liquido e pode deslocar-se para a direita
apresentando ou não torsão à esquerda ou à direita (DAD).
Pela nossa experiência a deslocação à esquerda do abomaso é muito mais freqüente, que a
deslocação para a direita. A deslocação do abomaso interfere com a digestão normal e passagem
dos alimentos através do aparelho digestivo.
Um animal com deslocação de abomaso apresenta sintomas clínicos adicionais que podem e
devem ser reconhecidos pelo produtor, tais como : Ausência/ diminuição do volume das fezes, que
podem ser pastosas (pela nossa experiência o aspecto das fezes pode ser muito diverso, porém o seu
cheiro é geralmente bastante peculiar, (que só por si permite avançar para o diagnóstico clinico com
rapidez), diminuição da motilidade ruminal, desidratação (mais grave quando da deslocação é para
a direita e se esta estiver associada a torção).
Geralmente os animais apresentam cetose, diminuição da ruminação e da produção leiteira.
É comum a sua associação / relação por exemplo ; com endometrites puerperais, metrites, mastites,
retenção placentária, hipocalcémia, quer dizer à uma relação muito estreita com as doenças
despoletadas pelo parto (anamnese).
A deslocação de abomaso para a esquerda ou para a direita não complicada, não representa
geralmente um risco imediato de vida para o animal, excepção feita quando existe torsão do órgão,
contudo a correção da posição do órgão resulta sempre melhor, quanto mais precocemente for
efetuada. Uma deslocação de abomaso com torsão extra, resulta em risco grave de vida para o
animal de caráter mais ou menos imediato. A torsão do abomaso quando completa provoca uma
supressão da irrigação do órgão, como os riscos de necrose, produção de toxinas e geralmente o
animal apresenta grave alteração do estado geral.
A deslocação de abomaso dá-se quase que exclusivamente em animais adultos, com mais de
uma lactação / parto, no entanto é também possível em animais jovens (fica muitas vezes por
diagnosticar) A sua relação com o momento do parto / produção tem sido bem discutida (). Como
referimos a acumulação de gás no órgão facilita a sua deslocação.
Fatores que possam influenciar a motilidade do órgão;
• Concentrações muito elevadas em ácidos gordos voláteis e fermentação microbiana do
alimento ingerido.
• Dietas muito ricas em concentrados e ou deficientes em fibra
• Alterações bruscas da alimentação
• Úlceras do abomaso
• Modificações da posição das vísceras no final da gestação, e no início do puerpério
• Distúrbios pos-parto como retenção placentária, metrite, mastite, cetose, hipocalcémia tendo
sido descrita também uma provável predisposição genética.(20)
Na deslocação à direita com torsão a análise do sangue permite confirmar a existência de
uma alcalose metabólica com hipoclorémia. As proteínas totais tal como o hematócrito estão
aumentados. Posteriormente e mantendo-se esta situação desenvolve-se uma acidose metabólica
grave.
É necessário distinguir claramente a deslocação de abomaso, com o timpanismo ruminal,
abcessos abdominais, pneumoperitoneu, dilatação/torsão do ceco, diarreia ou íleo do intestino
delgado e distensão do colon proximal e peritonite.
10. Tratamento
Antes de tratar qualquer deslocação de abomaso é necessário analisar os passos a seguir :
Reposição do órgão na sua correta localização e sua fixação, reposição o mais rápido possível do
status eletrolítico e equilíbrio ácido- básico.
Há porém um aspecto muito importante a considerar, que nunca deve ser esquecido, a
análise económica, isto é a análise de custos-benefício da intervenção cirúrgica. (valor do animal,
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estado geral deste, idade, produção leiteira a esperar). Estes aspectos podem condicionar a
intervenção cirúrgica, bem como a técnica a utilizar.
11. Pós-Operatório
No pós-operatório pode ser necessário, a utilização de fármacos que estimulem a motilidade
do órgão, o que se torna imprescindível na deslocação à direita, particularmente com torsão.
Pessoalmente consideramos que a utilização de borogluconato de cálcio é geralmente, muito
benéfica.
Parasimpaticomiméticos (neostigmina, fisioestigmina, carbamilcolina) bem como inibidores
das prostaglandinas têm sido usados com resultados controversos. Os espasmolíticos têm sido
descritos como úteis, quando há espasmo do piloro.
12. Material e métodos
Neste trabalho são consideradas 899 deslocações de abomaso, (quadro 1), abrangendo os
anos de 1997, 1998, 1999, 2000 e 2001. As explorações são todas de Bovinos leiteiros.Distribuemse, por diversas zonas da nossa área de assistência, tendo sido divididas por 2 zonas de forma a
podermos tratar os dados de 2 estações climatéricas (Lisboa e Leiria).
Estas estações estão situadas dentro a área de intervenção clínica e distanciam-se cerca de
100 Km. Uma outra estação meteorológica foi excluída por apresentar dados meteorológicos
considerados insuficientes, particularmente a pressão atmosférica.
São considerados os anos civis entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro.
Os diagnósticos foram todos baseados em exame clinico tendo-se procedido à reposição do
órgão na sua posição anatômica correta por método cirúrgico. O exame clinico incluiu auscultação,
percussão e auscultação e exame retal sem esquecer a anamnese.
Como se pode observar pelo quadro 1 é nítido um aumento do número de deslocações de
abomaso, nos últimos anos. Isto deve-se como referimos, não só a uma maior sensibilidade da parte
dos produtores, como também ao incremento da produção individual e das explorações. Também
deve ser considerado que é principalmente desde o inicio dos anos 90 que se assistiu a um aumento
muito significativo da média da produção leiteira em Portugal.
13. Casuística
Este estudo abrange 45 explorações (houve uma certa flutuação dos clientes).
Apesar de prestarmos serviços de consultadoria (herd helth management) nas áreas de
maneio, reprodução e gestão em cerca de 15 000 bovinos leiteiros, distribuídos pelas zonas da Beira
Litoral, Ribatejo e Oeste, Estremadura, Vale do Tejo e Alentejo, não intervimos em todas as
explorações na nossa actividade clínica, pelo que não foram incluídos neste estudo essas
explorações.
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N ú m e ro d e d e slo c a ç õ e s p o r a n o
Nº deslocações
300
250
L e ir i a
200
150
Total
100
L is b o
50
0
1997
1998
1999
2000
2001
Ano
Grá
fico 1. TOTAL-899, 97-103, 98-168, 99-173, 2000-203, 2001, 252
N ú m e r o d e d e sl o c a ç õ e s p o r a n o
Nº deslocações
200
175
150
L e ir ia
125
Lisbo
a
100
75
50
25
0
1997
1998
1999
2000
2001
A no
Gráfico 2.
Assim e relativamente aos anos de 2001 e de 2002 abrange, cerca de 6000 a 6500 bovinos
leiteiros adultos. gráfico 2 (maior número na zona de Lisboa, o que tem a ver com o maior número
de animais nesta área climatérica).
13.1. Tipificação das explorações:
Trata-se de explorações possuindo entre 100 e 1000 bovinos em produção (o que dá uma
média de 250 animais por exploração).
A média das produções leiteiras por exploração em 305 dias varia entre os 8000 e os 9500
litros de leite. (anexo contraste leiteiro de 2001da ANABLES e ATABLES).
Porém nem sempre podemos associar a maior produção a um maior número de deslocações
de abomaso. Quer dizer, que estábulos com produções muito elevadas podem sofrer menos de
deslocação de abomaso, do que explorações com produções inferiores o que comprova que um
maneio adequado e uma boa alimentação são cada vez mais importantes sendo causas
determinantes de ocorrência de patologias variadas, quando são inadequados.
13.1.1. Tipo de estabulação
Os estábulos são do tipo, livre com cubículos, com camas de diferentes materiais como por
exemplo; serradura, tapetes de borracha, areia e palha.
13.1.2. Método de Alimentação
Todas as explorações alimentam com TMR (total mix ration). O alimento base principal é a
silagem de milho. Os fenos, quer de luzerna quer de azevém são utilizados geralmente.Os
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concentrados são à base de farinha de milho, soja 44%, polpa de beterraba e de citrinos e corn
glúten feed.
A variação, quer do alimento base quer das matérias primas são muito pequenas e
irrelevantes. O objetivo destas explorações é manter a alimentação o mais uniforme possível
durante todo o ano.As quantidades de milho- silagem oscilam entre os 20 e os 25 kg / vaca / dia. As
quantidades de feno nunca são inferiores a 2 Kg/vaca /dia.A alimentação é a adequada ao nível da
produção.
A alimentação das vacas secas é diferente, sendo geralmente à base de feno de azevém,
palha de trigo ou de aveia e concentrado específico para vacas secas. Os animais mudam de parque
cerca de 15 dias a 3 semanas antes da data prevista do parto de forma que a transição de
alimentação de seca para alimentação de produção seja lenta, permitindo uma a adaptação lenta do
rúmen à alimentação de produção.
13.1.3. Distribuição de partos
Os partos distribuem-se ao longo de todo o ano com algumas oscilações, quer dizer não há
um época de partos muito definida, como é possível encontrar em alguns Países do Norte da Europa
e em raças de Carne no nosso País.
Os partos não se concentram portanto em épocas bem determinadas do ano, em virtude de o
pagamento do leite não ser sazonal e não haver recurso ao pastoreio directo por sistemas de
produção intensivos.
Assim podemos considerar que as variáveis de exploração para exploração não são muito
nítidas.Pretendemos com o presente estudo procurar possíveis relações entre as alterações
climatéricas bruscas e o aumento em determinados momentos / períodos do número de deslocações
de abomaso. (geralmente estas concentram-se em determinados períodos, quer dizer num dia ou em
dias seguidos elas sucedem-se sem razão aparente havendo concentração em dias bem
determinados.
13.1.4. Representatividade
Neste estudo constatamos que mais de 90 % das deslocações de abomaso são para a
esquerda o que é confirmado pela literatura (Pehrson and Shaver, 1992), que referem que a
deslocação de abomaso à direita varia entre 1, 4% e 5, 8%.Estes autores referem valores de 5% com
variações entre 0 e 21, 7%.
Jordan and Fourdraine (1993) reportam uma taxa de incidência de deslocações à direita de 3,
3%, com variações entre 0 e 14 %.(análise de 61 explorações leiteiras com produções médias por
lactação de 12 000 litros).
Cerca de 90% das deslocações de abomaso são diagnosticadas no primeiro mês post-partum,
variando entre 5 dias e 30 dias. (O que foi confirmado por nós ao longo dos anos de estudo). A
maior proporção de diagnósticos de deslocação de abomaso dá-se cerca dos 15 dias post-parto.
(Porém são referidas deslocações no período de seca, bem como no fim da lactação o que tem foi
confirmado por nós).
O período de transição entre seca e parto é caracterizado por diminuição da ingestão do
alimento no período imediatamente antes do parto e a seguir a este.A diminuição da quantidade de
alimento particularmente fibra longa (diminuição do conteúdo do rúmen) e o parto (mais espaço
intra- abdominal) favorecem a deslocação do abomaso.
A diminuição da DMI (dry matter intake) é de cerca de 35% na última semana antes do
parto o que provoca um aumento dos trigliceridos hepáticos imediatamente após o parto (Bertics et
al., 1992).
Doenças que ocorrem no peri-parto / parto e post- parto representam fatores de risco
acrescidos para a ocorrência de deslocação de abomaso.
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Vacas com condição corporal excessiva (Body condition score – BCS) no momento do parto
representam elementos acrescidos de risco de ocorrência de deslocação de abomaso.Isto pode estar
relacionado diretamente com um aumento de cetose e fígado gordo, grande depressão da ingestão
imediatamente antes do parto. Vacas com excesso de BCS no parto têm riscos acrescidos de cetose.
Num estudo, conduzido por Garnsworth and Topps, 1982, diversos grupos de vacas foram
alimentadas de forma a apresentarem um a), BCS elevado (ajustado a uma escala de 1 a 5) no
momento do parto b), de 2 até 3 (baixo), c), 3 até 4 (médio) e d), 4 até 5 (elevado) tendo constatado
que nas primeiras 16 semanas post-parto, as vacas com uma BCS (condição corporal) elevado (>4)
consumiram menor quantidade de matéria seca (DM) e só atingiram um maior consumo de matéria
seca mais tarde (DMI). Teacher et al., 1986, usaram dois grupos de vacas e obtiveram resultados
semelhantes.
Num estudo que envolveu 510 vacas Holstein, Massey et al., 1993, demonstraram que as
vacas com hipocalcémia no momento do parto (cálcio sérico total < 7, 9 miligramas / 100 mililitros
e cálcio sérico ionizado < 4, 0 miligrmas/100 mililitros) devem ser considerados como animais de
maior risco de desenvolverem deslocação de abomaso. Este aumento do risco de ocorrência de
deslocação de abomaso em vacas hipocalcémicas ao momento do parto, pode estar relacionado com
uma diminuição da motilidade do rúmen e do abomaso(Goff and Horst, 1997). Geishauser (35), esta
hipótese. (Rohrbach, Grymer)
13.1.5. Fatores predisponentes
O tamanho da fibra tem influência direta e Dawson et al., 1992 sugerem que animais
alimentados com fibra curta têm maior propensão para apresentarem deslocação de abomaso, do
que animais alimentados com fibra longa.Existe para estes autores uma nítida relação entre o
tamanho das partículas alimentares no período ante e post-parto e a deslocação de abomaso.
Menor preenchimento do rúmen, menor mastigação (salivação), implica menor alcalinização
do conteúdo ruminal, diminuição da motilidade e aumento de ácidos gordos voláteis no rúmen, com
o conseqüente aumento da ocorrência de deslocação de abomaso.
13.1.5.1. Erros de Maneio e deslocação de Abomaso
Utilizando o TMR é freqüente a ocorrerem alguns erros que se descrevem:
- Pouca quantidade no reboque misturador o que implica partículas muito pequenas
- Lote maior do que a capacidade do Unifeed o que significa mistura deficiente
- Excesso de feno o que pode provocar dificuldades na mistura dos componentes mais nobres
(concentrado, minerais, vitaminas etc..).
- Seqüência incorreta da colocação de nutrientes no Unifeed, o que pode implicar quer mistura
deficiente quer partículas muito pequenas (menores que a largura da placa – importante para o
feno/palha e em alguns casos para a silagem de milho – e que acelera o trânsito alimentar por
fibra estrutural insuficiente.
- Pouco tempo de mistura, (deficiente distribuição dos componentes alimentares)
- Excesso de tempo de mistura (partículas muito finas)
-
Para além destes erros quando se utiliza o TMR são ainda comuns :
Não haver sempre alimento disponível na mangedoura
Distribuição irregular
Mangedoura insuficiente para o número de animais do estábulo/grupo
Martin W.1972, (Left abomasal displacement and epidemiological study) verificou uma maior
ocorrência de casos de deslocação de abomaso no inicio da Primavera e inicio do Verão. (Se
consultarmos os quadros 1, 2 e 3 podemos chegar a conclusão semelhante,)
Congresso de Ciências Veterinárias [Proceedings of the Veterinary Sciences Congress, 2002], SPCV, Oeiras, 10-12 Out., pp. 39-62
14. Métodos cirúrgicos e não cirúrgicos utilizados para reposição do abomaso deslocado
O objetivo da intervenção veterinária, na deslocação de abomaso é essencialmente a
reposição do órgão na sua posição anatômica fisiológica, ao mesmo tempo que deve evitar a
ocorrência de recidivas. Para isto a técnica utilizada deve ser fiável, segura e rápida. Existem
diversas técnicas descritas na literatura.
Nas situações, que consideradas economicamente não rentáveis operar os animais,
limitamo-nos a rolar o animal e com o auxílio da auscultação verifica-se se o órgão retoma a sua
posição fisiológica. Esta prática é utilizada exclusivamente em animais de baixo valor zootécnico e
que serão refugados quase que imediatamente.
Na RDA e se existe um “abomasal volvulus” este é palpável na porção direita do abdómen.
Geralmente na deslocação à direita o fígado está deslocado medianamente.
Se o conteúdo do abomaso for somente gás a descompressão é suficiente para permitir a sua
boa reposição. Porém se o conteúdo for líquido, o que é muito vulgar, a situação pode ser muito
mais grave, estando o estado geral do animal muito alterado. Nestes casos é necessário retirar o
líquido, determinar se há volvo, resolver e fixar o órgão.
16. Complicações
Complicações relacionadas com a deslocação de abomaso:
Úlceras do abomaso, (pode haver perfuração do abomaso e peritonite); O s animais
apresentam geralmente febre, taquicardia, e dor abdominal por vezes localizada.Se a úlcera não
estiver perfurada esta deve ser identificada e deve-se actuar cirurgicamente. Há melena, perda de
apetite.
Repondo o abomaso na sua posição estas úlceras desaparecem geralmente, deixando de
haver sangue nas fezes, porém pela nossa experiência a intervenção deve ser efetuada numa fase
muito inicial da afecção pois subsiste sempre o risco de rutura das úlceras e peritonite complicada o
que limita seriamente a intervenção. A dieta tem que ser a indicada para estes casos.
17. Distribuição das deslocações de abomaso ao longo dos anos em estudo:
Nº deslocações
Número de deslocações por Mês - Total
55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
1998
1999
2000
2001
1997
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Agt
Set
Out
Nov Dez
Ano
Gráfico 3
No gráfico 3 nota-se que há picos principais de deslocações, particularmente nos meses de
Janeiro, Abril, Maio ou Junho , Agosto e Setembro ou Outubro, Novembro e Dezembro
dependendo dos anos em estudo.
Congresso de Ciências Veterinárias [Proceedings of the Veterinary Sciences Congress, 2002], SPCV, Oeiras, 10-12 Out., pp. 39-62
A distribuição de partos sendo uniforme durante todo o ano não pode explicar esta situação,
porém as alterações climatéricas desempenham um papel muito importante na ocorrência da
deslocação de abomaso principalmente nas mudanças de estação.
Estes picos de deslocações estarão mais ou menos relacionadas com alterações ou grande
instabilidade atmosférica, interferindo indiretamente na ingestão de Matéria Seca, atonia dos órgãos
por influências sobre o sistema neuro-vegetativo.
Número de deslocações por Mês - Leiria
Nº deslocações
12
1998
1999
2000
2001
1997
10
8
6
4
2
0
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Agt
Set
Out
Nov Dez
Ano
Gráfico 4
A distribuição das deslocações faz-se muito regularmente, apesar de serem em grande
número durante os meses de Janeiro, Fevereiro e Março e Abril, voltando a ter um pico em Outubro
e em Dezembro. Há variações de ano para ano mas sem grande significado
Por exemplo observando o gráfico 4 a distribuição das deslocações de abomaso apresentam
picos em 1997, 1998, 1999, 2001 e 2001 nos meses de Janeiro / Fevereiro, Abril/ Março,
Junho/Julho, Setembro / Outubro, Dezembro. Quer dizer que na zona em estudo de Leiria a
distribuição das deslocações de abomaso não é uniforme. Existem algumas alterações incidindo em
meses bem determinados, que podem estar relacionadas com as alterações climatéricas. Meses mais
chuvosos têm tendência para a ocorrência de maior número de deslocações.
Já no gráfico 5 e relativamente à deslocações incluídas na estação de Lisboa, os meses são
quase os mesmos : Janeiro / Fevereiro, Março/Abril, Junho/ Julho, Setembro/Outubro e
Dezembro.Analisando os dois gráficos determina-se que as deslocações têm tendência para ter
picos mensais. Se o número de partos não sofrer grandes oscilações como é o caso nas explorações
em estudo, serão outras as causas que fazem com que isto aconteça.
Número de deslocações por Mês - Lisboa
Nº deslocações
40
1998
1999
2000
2001
1997
35
30
25
20
15
10
5
0
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ano
Gráfico 5
Agt
Set
Out
Nov Dez
Congresso de Ciências Veterinárias [Proceedings of the Veterinary Sciences Congress, 2002], SPCV, Oeiras, 10-12 Out., pp. 39-62
A análise das alterações climatéricas permitirá acreditamos, provar haver uma relação muito
próxima entre deslocação de abomaso, alterações bruscas da pressão atmosférica, bem como dos
valores pluviométricos de cada ano e dentro destes em cada mês. Assim ficará demonstrado que a
deslocação de abomaso pode ser indirectamente influenciada por alterações climáticas
particularmente pluviosidade, pressão atmosférica etc..
17.1. Distribuição temporal
Distribuição das deslocações de abomaso por mês (dias do Mês) e sua relação com
alterações climáticas.(pressão atmosférica, temperaturas máxima e mínima, horas de sol,
pluviosidade, ventos direção e velocidade).
Nº deslocações
Número de deslocações por Mês - Total
55
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
1998
1999
2000
2001
1997
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Agt
Set
Out
Nov Dez
Ano
Nº deslocações
Gráfico 6
No Gráfico 6 apresentam-se as deslocações de abomaso por Mês e Ano, relativamente aos
anos em estudo. Como se pode constatar existem variações de ano para ano, tendo aumentado o seu
número nos últimos anos.
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Leiria
Total
Lisboa
Inverno
Primavera
Verão
Outono
Estação do Ano
Gráfico 7
Neste gráfico apresentam-se as deslocações de Abomaso no ano de 2001, divididas por
estações do ano. Como se pode verificar o Inverno é de longe a Estação com maior número de
deslocações.O Verão é a estação com menor número de deslocações. A Primavera surge acima do
Outono o que pode estar relacionado com a maior variação climática nessa estação. No Outono há
de novo um maior número de deslocações.
Congresso de Ciências Veterinárias [Proceedings of the Veterinary Sciences Congress, 2002], SPCV, Oeiras, 10-12 Out., pp. 39-62
Proporção de deslocações por estação do ano
Proporção de
deslocações
0,5
0,4
Leiria
0,3
Total
0,2
Lisboa
0,1
0
Inverno
Primavera
Verão
Outono
Estação do Ano
Gráfico 8
Como podemos constatar pelo gráfico número 8 as deslocações de abomaso em 2001 são,
proporcionais ás estações do ano.Leiria apresenta uma ligeiríssima variação relativamente a Lisboa,
porém no total a proporção é muito semelhante.
Precipitação
Precipitação por estação do ano
550
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
Leiria
Lisboa
Inverno
Primavera
Verão
Outono
Estação do Ano
Gráfico 9
A precipitação é muito semelhante no ano de 2001, em Leiria e Lisboa, porém há maior
índice pluviométrico em Leiria no Inverno e Primavera do que na zona de Lisboa.
Congresso de Ciências Veterinárias [Proceedings of the Veterinary Sciences Congress, 2002], SPCV, Oeiras, 10-12 Out., pp. 39-62
Deslocações vs Precipitação por estação do ano - Lisboa
0,5
Proporção de
Precipitação Lisboa
Proporção
0,4
0,3
Proporção de
deslocações Lisboa
0,2
0,1
0
Inverno
Primavera
Verão
Outono
Estação do Ano
Gráfico 10
Pelo gráfico 10 constata-se que na zona de Lisboa, exceto na Primavera a proporção de
Precipitação é acompanhada pela proporção de deslocações, isto relativamente ao ano de 2001
Deslocações vs Precipitação por estação do ano - Leiria
0,5
Proporção de
Precipitação Leiria
Proporção
0,4
0,3
Proporção de
deslocações Leiria
0,2
0,1
0
Inverno
Primavera
Verão
Outono
Estação do Ano
Gráfico 11
No gráfico 11 observa-se um aumento de deslocações relativamente à proporção de
precipitação particularmente na Primavera. Os valores ou a sua proporção poderão vir a esclarecer
se a instabilidade do tempo terá influência no aumento do número de deslocações.
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Leiria
52
49
46
43
40
37
34
31
28
25
22
19
16
13
10
7
Lisboa
4
1
Nº deslocações
Número de deslocações por semana de 2001
Semana
Gráfico 12
Existem concentrações de deslocações de abomaso em determinadas semanas, quer na zona
abrangida pela estação de Lisboa, quer pela estação de Monte-Real / Leiria
Congresso de Ciências Veterinárias [Proceedings of the Veterinary Sciences Congress, 2002], SPCV, Oeiras, 10-12 Out., pp. 39-62
0,16
0,14
0,12
0,1
0,08
0,06
0,04
0,02
0
L e iria
53
49
45
41
37
33
29
25
21
17
13
9
5
Lis b o
a
1
deslocações
Proporção de
P r o p o r ç ã o d e d e slo c a ç õ e s p o r se m a n a d e 2 0 0 1
Sem ana
Gráfico13
Proporcionalmente, há maior numero de deslocações na estação de Leiria o que é explicado
pelo menor número de animais e de explorações. Os indices pluviométricos são maiores em Leiria
que em Lisboa o que pode influenciar estes números.
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
53
49
45
41
37
33
29
25
21
17
13
9
5
Lisbo
a
1
Nº deslocações
Número de deslocações por semana de 2001
Semana
Gráfico14
Lisboa apresenta no ano de 2001 maior número de deslocações nas primeiras semanas do
ano (1 a 4) = maior pluviosidade, semanas 21 a 24 e semanas 44 e 45
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Semana
Gráfico15
53
49
45
41
37
33
29
25
21
17
13
9
Leiria
5
1
Nº deslocações
Número de deslocações por semana de 2001
Congresso de Ciências Veterinárias [Proceedings of the Veterinary Sciences Congress, 2002], SPCV, Oeiras, 10-12 Out., pp. 39-62
Leiria apresenta maior número de deslocações nas primeiras semanas do ano, semanas 22 a
26. Está em relação com a pluviosidade nessas semanas
Proporção de deslocações por semana de 2001
0,16
Proporção de
deslocações
0,14
0,12
Lisbo
a
0,1
0,08
0,06
0,04
0,02
53
49
45
41
37
33
29
25
21
17
13
9
5
1
0
Semana
Gráfico 16
Em Lisboa a proporção das deslocações acompanha o número de deslocações por Semana
(primeiras 4 semanas do ano e semanas 22 a 24 e novamente semana 43/44)
0,16
0,14
0,12
0,1
0,08
0,06
0,04
0,02
0
53
49
45
41
37
33
29
25
21
17
13
9
Leiria
5
1
Proporção de
deslocações
Proporção de deslocações por semana de 2001
Semana
Gráfico 17
Em Leiria são também as primeiras semanas do ano e até meio do ano que
proporcionalmente apresentam maior número de deslocações.
Congresso de Ciências Veterinárias [Proceedings of the Veterinary Sciences Congress, 2002], SPCV, Oeiras, 10-12 Out., pp. 39-62
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Leiria
53
49
45
41
37
33
29
25
21
17
13
9
5
Lisbo
a
1
Nº deslocações
Número de deslocações por semana de 2001
Semana
Gráfico 18
Nas semanas 1, 8 a 22, 28, 41 a 53 há proporção muito idêntica entre Leiria e Lisboa
0,16
0,14
0,12
0,1
0,08
0,06
0,04
0,02
0
Leiria
53
49
45
41
37
33
29
25
21
17
13
9
Lisbo
a
5
1
Proporção de
deslocações
Proporção de deslocações por semana de 2001
Semana
Gráfico 19
Semanas 1, 8 a 25, 28 a 53 a proporção é idêntica
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Leiria
Total
53
49
45
41
37
33
29
25
21
17
13
9
Lisbo
5
1
Nº deslocações
Número de deslocações por semana de 2001
Semana
Gráfico 20
Número de deslocações por semana em Leiria, Lisboa e Total. Note-se que é só na semana 2
a 8 que não há semelhança entre as duas zonas climáticas
Congresso de Ciências Veterinárias [Proceedings of the Veterinary Sciences Congress, 2002], SPCV, Oeiras, 10-12 Out., pp. 39-62
0,16
0,14
0,12
0,1
0,08
0,06
0,04
0,02
0
Leiria
Total
53
49
45
41
37
33
29
25
21
17
13
9
Lisbo
5
1
Proporção de
deslocações
Proporção de deslocações por semana de 2001
Semana
Gráfico 21
A proporção como acontece com o número de deslocações só não coincidem entre a semana
2e5
18. Discussão:
A maioria dos fatores bioclimatéricos tais como, temperatura, radiação, velocidade do vento,
pressão atmosférica e pluviosidade podem afetar a quantidade de leite produzido, como a sua
qualidade. Um factor biometeorológico pode influenciar a produção leiteira por alteração do
balanço térmico do animal, balanço hídrico e energético e actividade comportamental. Estas
funções estão relacionadas entre si e envolvem o sistema neuroendócrino (Johnson, H.B 1965).
Estes fatores biometeriológicos produzem efeitos negativos nos animais, alterando de forma mais
ou menos negativo da sua produção de leite, pois há alterações da ingestão de alimentos e de água.
Nos países tropicais está bem relatada a influência da temperatura (stress pelo calor),
particularmente elevada e teores de humidade muito altos sobre a produção de leite, (Johnson et al.,
1963).
O vento ou a ventilação do estábulo podem influenciar negativamente a produção de leite,
pois podem interferir sobre a regulação térmica do animal com as perdas gasosas que aumentam
com o incremento dos movimentos respiratórios (aumento das trocas gasosas entre o animal e o
meio ambiente).A velocidade do vento pode ter efeitos negativos sobre a produção de leite (Brody
et al., 1954). Para Renato A. C. Carvalho (Instituto português de meteorologia, Lisboa 1999 –
simpósio “ O Tempo, o Clima e a Saúde, fórum Lisboa 23-24 de março 1999), há uma relação
muito estreita entre algumas doenças humanas e as condições meteorológicas – tuberculose, asma,
bronquite, doenças reumáticas, glaucoma, trombose coronária, enfarte do miocárdio, gripe,
poliomielite, úlceras gástricas, pépticas, duodenais, dermatoses, cólicas hepáticas e renais etc... O
médico português Joaquim Guilherme Gomes Coelho, mais conhecido como o famoso escritor
Português (Júlio Dinis), defendeu tese de doutoramento em 1861 na Universidade do Porto: “Da
importância dos estudos meteorológicos para a Medicina e especialmente das suas aplicações ao
ramo cirúrgico”. Em 1956 realiza-se a primeira conferência Internacional de Biometeorologia com
o apoio da UNESCO. Em 1975 é criado em Genebra por iniciativa da organização meteorológica
mundial (MMO), da OMS e da Sociedade Internacional de Meteorologia (IMS), um grupo de
trabalho sobre biometeorologia humana. Com efeito é reconhecido que as variações térmicas
acentuadas são determinantes no agravamento de numerosas afecções. Descidas acentuadas da
temperatura do ar provocam agravamento de algumas doenças, destacando-se as do foro
respiratório. Pelo contrário as subidas acentuadas da temperatura do ar podem provocar situações
críticas na saúde pública (aumento dos casos de desidratação, enfartes de miocárdio, associados a
descidas significativas da pressão atmosférica).
Congresso de Ciências Veterinárias [Proceedings of the Veterinary Sciences Congress, 2002], SPCV, Oeiras, 10-12 Out., pp. 39-62
19. Conclusões
As alterações climáticas particularmente quando são bruscas interferem negativamente no
estado hígido dos animais e do homem, como tem sido demonstrado. A sua influência sobre o
sistema neuro-vegetativo (com efeitos sobre o tónus dos órgãos digestivos), diminuição da ingestão,
tem sido estudada particularmente pela sua conseqüência quer na diminuição da produção leiteira,
quer da fertilidade. Pelo presente trabalho e após análise estatística dos diversos parâmetros
estudados, conclui-se que o clima tem influência sobre o número de deslocações de abomaso, sua
ocorrência num determinado período de tempo e deve ser incluído nas causas predisponentes para a
ocorrência da deslocação de abomaso. O que fazer para evitar a deslocação do órgão nestas
circunstâncias? Será que o uso de substâncias tais como a Neostigmina e Fisioestigmina em animais
que possam ser incluídos nos grupos de risco (entre os 5 e os 30 dias pos parto) poderá vir a evitar
só por si esta situação? Provavelmente porque não será facilmente exeqüível este procedimento, a
manutenção a uma alimentação equilibrada, com fibra suficiente e um bom maneio serão as únicas
armas que teremos para diminuir o número de deslocações de abomaso.O bem estar animal,
métodos de controlo da temperatura e ventilação adequadas dos estábulos tornar-se-ão cada vez
mais importantes.
13. Bibliografia
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Diseases of Cattle - Digestive Module

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