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ISSN:1517-8595 ISSN:1517-8595 Volume 7, Número 2, julho - dezembro, Volume 5, Número 1, janeiro - julho, 2005 2003. Universidade Federal de Campina Grande Centro Centro de Tecnologia de Ciências e Recursos e Tecnologia Naturais Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais Brazilian Journal Agro-industrial Products UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE Reitor: Thompson Fernandes Mariz Vice-Reitor: José Edilson de Amorim ISSN 1517-8595 Campina Grande, PB v.7, n.2, p.101-204, 2005 PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA Pró-Reitor: Michel François Fossy EDITOR Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS Diretor: João Batista Queiroz de Carvalho EDITOR ASSISTENTE Maria Elita Martins Duarte CORPO EDITORIAL Alexandre José de Melo Queiroz - DEAg/UFCG/Paraíba Carlos Alberto Gasparetto - FEA/UNICAMP/São Paulo Evandro de Castro Melo - DEA/UFV/Minas Gerais Francisco de Assis Santos e Silva - DEAg/UFCG/Paraíba José Helvécio Martins - DEA/UFV/Minas Gerais Jose Manuel Pita Villamil - DB/UPM/Espanha Josivanda Palmeira G. de Gouveia - DEAg/UFCG/Paraíba Leda Rita D'antonino Faroni - DEA/UFV/Minas Gerais Francisco de Assis Cardoso Almeida - DEAg/UFCG/Paraíba INFORMAÇÕES GERAIS A Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais é publicada semestralmente, podendo editar números especiais caso exista essa necessidade. A Revista tem por objetivo divulgar trabalhos técnicos científicos, técnicos, notas prévias e textos didáticos, originais e inéditos, escritos em português, espanhol e inglês, nas áreas do conhecimento em: Propriedades Físicas dos Materiais Biológicos; Armazenamento e Secagem de Produtos Agrícolas; Automação e Controle de Processos Agroindustriais; Processamento de Produtos Agropecuários; Embalagens; Qualidade e Higienização de Alimentos; Refrigeração e Congelamento de Produtos Agrícolas e Processados, além do Desenvolvimento de Novos Equipamentos e de Produtos Alimentícios. Os artigos publicados na Revista estão indexados no AGRIS AGROBASE e no CAB ABSTRACT. INFORMACIONES GENERALES Lincoln de Camargo Neves Filho - FEA/UNICAMP/São Paulo Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva - EMBRAPA/Paraíba Rogério dos Santos Serôdio - CEPLAC/Bahia Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo Sandra Maria Couto - DEA/UFV/Minas Gerais Satoshi Tobinaga - FEA/UNICAMP/São Paulo Silvio Luis Honório - FEAGRI/UNICAMP/São Paulo Tetuo Hara - CENTREINAR/Minas Gerais Vicente de Paula Queiroga - EMBRAPA/Paraíba Vivaldo Silveira Junior - FEA/UNICAMP/São Paulo REVISÃO DE TEXTOS Português: Marli de Lima Assis José Salgado de Assis Inglês: Ápio Cláudio de Lima Assis REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Renato Fonseca Aragão Os assuntos, dados e conceitos emitidos por esta Revista, são da exclusiva responsabilidade dos respectivos autores. A eventual citação de produtos marcas comerciais não significa recomendação de utilização por parte da Revista. REVISTA BRASILEIRA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS PUBLICAÇÃO SEMESTRAL Av Aprígio Veloso, 882 - Caixa Postal 10.087 La Revista Brasileña de Productos Agroindustriales tiene una edición semestral, pudiendo editar números especiales caso exista esta necesidad. La Revista tiene por objetivo hacer una divulgación de los trabajos científicos, técnicos, notas previas y textos didácticos, originales e inéditos, escritos en portugués, español o ingles, en las áreas de conocimiento en: Propiedades Físicas de los Materiales Biológicos; Almacenamiento y Secado de Productos Agrícolas; Automación y Control de los Procesos Agroindustriales; Procesamiento de los Productos Agro-pecuarios; Embalajes; Calidad y Higienización de los Alimentos; Refrigeración y Congelamiento de los Productos Agrícolas y Procesados, así como también el Desarrollo de nuevos Equipos y de nuevos Productos Alimentares. Los artículos publicados en la Revista están indexados en AGRIS AGROBASE y en el CAB ABSTRACT. GENERAL INFORMATION The Brazilian Journal of Agro-industrial Products will have a has a semestral edition, but it can have special numbers if this is necessary. The purpose of the Journal is to spread Scientific and technical works, previous notes and didactic, original and unpublished works, written in Portuguese, Spanish and English about Physical Proprieties of Biological Materials; Storage and Drying of Agricultural Products; Automation and Control of Agro-industrial Processes; Processing of Vegetal and Animal Products; Packing; Quality and Healthily of Foods; Refrigeration and Freezing of Agricultural Products already processed besides the Development of New Equipment FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais/ Brazilian Journal Agro-Insustrial Products v.7, n.2, (2005). Campina Grande: Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Ciências e Tecnologia, 2005. Campina Grande, Volume 7, Número 2, Julho-Dezembro, 2005. Semestral ISSN 1517-8595 ISSN 1517-8595 Tiragem 500 exemplares. CAPA: algodão. algodão colorido, plantio, flor, maçã, Site da RBPA http://www.deag.ufcg.edu.br/rbpa. 1. Engenharia Agroindustrial-Períodicos. 2. Agroindústria. 3. Produtos Agroindustriais. 4. Engenharia de Alimentos. 5. Engenharia Agrícola. CDD 631.116 ISSN 1517-8595 Volume 7, Número 2, Julho-Dezembro, 2005 SUMÁRIO/ CONTENTS Artigos Científicos Página EFEITO DA DANIFICAÇÃO MECÂNICA NA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MILHO PIPOCA DURANTE O ARMAZENAMENTO (Effect of the mechanical damage in the physiological quality of corn-popcorn seeds during the storage) André Luís Duarte Goneli, Paulo César Corrêa, Denise Cunha Fernandes dos Santos Dias, Glauco Vieira Miranda ............ 101 COMPONENTES DE PRODUÇÃO E RENDIMENTOS DE BATATA-DOCE, EM FUNÇÃO DE DOSES DE ESTERCO DE BOVINO (Production and yield components of sweet potato in fuction of cattle manure doses) João Felinto dos Santos, Luciano de Medeiros Pereira Brito, José Ivan Tavares Granjeiro, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Maria Ednalva C. de Oliveira ....................................................................................................................................... 113 HIDROGENAÇÃO DE ÓLEO DE SOJA EM UM REATOR DE RECIRCULAÇÃO EM BATELADA (Hydrogenation of soybean oil in a recirculation reactor in batch) Sueli Marie Ohata, Carlos Alberto Gasparetto …........................................................................................................................ 121 ARMAZENAMENTO DE FEIJÃO MACASSAR TRATADO COM MAMONA: ESTUDO DA PREVENÇÃO DO Callosobruchus maculatus E DAS ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS DO GRÃO (The storage of cowpea bean under treatments with castor bean: A study of the Callosobruchus maculatus prevention and nutritional components alterations of the grain) Íris Pereira de Almeida, Maria Elita Martins Duarte, Mario Eduardo Rangel Moreira Cavalcanti Mata, Rosa Maria Mendes Freire, Manuel Adalberto Guedes ................................................................................................................................... 133 COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS ESTÁTICO E DINÂMICO NA DETERMINAÇÃO DO EQUILÍBRIO HIGROSCÓPICO DAS ESPÍGAS DE MILHO (Comparison between the static and dynamic methods in the hygroscopic equilibrium determination of the ear corn) Paulo Cesar Corrêa, André Luís Duarte Goneli, Osvaldo Resende, Ana Paula Martinazzo, Fernando Mendes Botelho........... 141 AVALIAÇÃO DO RENDIMENTO DO FRUTO, COR DA CASCA E POLPA DE MANGA TIPO ESPADA SOB ATMOSFERA CONTROLADA (Evaluation of the income of the fruit, color of the peel and flesh type espada mango under controlled atmosphere) Liz Jully Hiluey, Josivanda Palmeira Gomes, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Michele Santos Silva, Hofsky Vieira Alexandre....................................................................................................................................................................................... 151 INCERTEZA NA DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ÁGUA DE EQUILÍBRIO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS (Uncertainty in the determination of equilibrium moisture content of agricultural products) Wilton P. Silva, Cleiton D. P. S. e Silva, Antonio Gilson Barbosa Lima ...................................................................................... 159 OBTENÇÃO DE GRAVIOLA EM PO PELO PROCESSO DE LIOFILIZAÇÃO (Soursop powder obtained for the freeze-drying process ) Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte, George Carlos S Alsemo, Edson Rodrigues, Manuel Adalberto Guedes, Anna Sylvia R de R.M. Cavalcanti, Camila Carol Abuquerque Oliveira ..................................................... 165 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA – O DESEMPENHO DA FIBRA DO ALGODÃO COLORIDO NO PROCESSO DE FIAÇÃO A ROTOR DE UMA INDÚSTRIA TÊXTIL (Technological innovation – The performance of the cotton colored fiber in the wiring process using rotor of a textile industry) Givanildo Freire, Sibele Thaise Viana Guimarães Duarte, Lívia Wanderley Pimental .............................................................. 173 ESTUDO DA REOLOGIA DE POLISSACARÍDEOS UTILIZADOS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS (Study of the rheology of polysaccharides used in the food industry) Juliana Tófano de Campos Leite Toneli, Fernanda Elisabeth Xidieh Murr, Kil Jin Park ........................................................... 181 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.101-111, 2005 ISSN 1517-8595 101 EFEITO DA DANIFICAÇÃO MECÂNICA NA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MILHO-PIPOCA DURANTE O ARMAZENAMENTO André Luís Duarte Goneli1, Paulo César Corrêa2, Denise Cunha Fernandes dos Santos Dias3, Glauco Vieira Miranda4 RESUMO Neste trabalho avaliou-se o efeito da danificação mecânica durante o armazenamento sobre a qualidade fisiológica das sementes de milho-pipoca. As sementes da variedade UFVM-2 foram colhidas e debulhadas manualmente e secas à sombra até o teor de umidade de 13 % b.u., para evitar qualquer tipo de danificação. As sementes foram submetidas a diferentes tempos de impacto, de zero a três minutos, através do aparelho Stein Breakage Tester (modelo CK2-M). Em seguida, foram armazenadas em sacos de polipropileno de baixa densidade por um período de seis meses em condição ambiente não controlada, tendo sua qualidade analisada no início do experimento e a cada mês subseqüente. A qualidade fisiológica foi avaliada pelos testes de germinação, primeira contagem do teste de germinação, envelhecimento acelerado e frio modificado. A partir dos resultados encontrados, observou-se que o aumento na duração do impacto e do período de armazenamento promoveu redução na germinação e no vigor. Desta forma, evidencia-se o efeito imediato e latente da danificação mecânica sobre a qualidade fisiológica das sementes de milho-pipoca. Palavras-chave: Sementes de milho pipoca, impactos mecânicos, germinação, vigor EFFECT OF DAMAGE MECHANICAL IN THE PHYSIOLOGICAL QUALITY OF CORN-POPCORN SEEDS DURING THE STORAGE ABSTRACT In this work the effect of damage mechanical on the physiological quality of the popcorn seed during the storage was evaluated. UFVM-2 popcorn variety was harvested and shelled by hand in order to avoid any mechanical damage and let them dried in the laboratory environment up to 13% (w.b.) moisture content. The seed kernels were submitted to different impact period by the use of “Stein Breakage Tester, CK2-M model”. After that the kernels were put in low-density polypropylene plastic bags and stored in the laboratory environment. The seed quality was measured from time zero and subsequent months. The physiological quality was evaluated through the Germination Test, First Counting of the Germination Test, Accelerated Aging Test, and Modified Cold Test. From the results obtained it was observed that as the impact and storage period increased occurred reduction on the Germination and Vigor of the seeds. So it becomes evident the effect of the immediate and latent of the popcorn seed physiological quality loss due to the mechanical damage Keywords: Popcorn seed, Mechanical Impact, Germination, Vigor Protocolo 703 de 15/01/2004 1 Engo Agronomo, M.S., Bolsista CNPq, Doutorando DEA/UFV, Viçosa, MG, [email protected] 2 Prof. Adjunto, DEA/UFV, Viçosa, MG . [email protected] 3 Prof. Adjunto, DFT/ UFV, Viçosa, MG. [email protected] 4 Prof. Adjunto, DFT/ UFV, Viçosa, MG. glauco@ufv,Br 102 Efeito da danificação mecânica na qualidade fisiológica de sementes de milho-pipoca ...... Goneli et al. INTRODUÇÃO O uso de sementes de elevada qualidade é um dos pré-requisitos fundamentais para se conseguir maior produtividade na lavoura. Com a crescente demanda de sementes de alta qualidade para o estabelecimento de uma agricultura mais produtiva e sustentável, cresce também a necessidade de monitorar cada fase do seu processo produtivo. No caso específico do milho-pipoca, os danos mecânicos a que as sementes são submetidas durante as diferentes fases do processo produtivo são os principais fatores causadores de perda da qualidade fisiológica e tecnológica do produto (Pacheco et al., 1996). De acordo com Carvalho e Nakagawa (2000), os danos mecânicos, juntamente com a mistura varietal, são alguns dos mais sérios problemas na produção de sementes. O dano mecânico é conseqüência, na sua maior parte, da mecanização das atividades agrícolas, constituindo-se em problema praticamente inevitável devido ao fato de as principais fontes desse tipo de injúria se encontrarem em todas as etapas do processo produtivo. Segundo Araújo et al. (2002), o dano mecânico se refere à injúria causada por agentes físicos no manuseio das sementes, na forma de quebraduras, trincas, cortes e abrasões, podendo ter como conseqüência a redução da sua qualidade fisiológica logo após a injúria (efeito imediato) e/ou após determinado período de armazenamento (efeito latente). Nas regiões tropicais, o armazenamento é uma das maiores limitações à manutenção da qualidade fisiológica das sementes. Vários são os fatores que influenciam a conservação da viabilidade e vigor das sementes durante o armazenamento: qualidade inicial da semente, vigor da planta-mãe, condições climáticas durante a maturação, danos mecânicos, condições de secagem, adequado teor de umidade, umidade relativa do ar, temperatura de armazenamento, ação de fungos e insetos, tipos de embalagens e duração do armazenamento (Carvalho e Nakagawa, 2000). O tempo de armazenagem dos produtos agrícolas danificados por impactos é um fator importante, considerando que os danos por eles sofridos irão se agravar com o decorrer do tempo, afetando o potencial de armazenagem do produto (Moraes, 1980; Coutinho, 1984; Andrade et al., 1998; Araújo et al., 2002). A qualidade fisiológica de uma semente é determinada por seu genótipo e está associada às condições ambientais em que foi produzida e armazenada, bem como às tecnologias de produção, colheita, secagem, beneficiamento e comercialização (Marincek, 2000). Além da influência exercida pelas características genéticas, herdadas de seus progenitores, destaca-se também a germinação e vigor das sementes, sendo estes dois últimos fatores afetados pelas condições durante a sua produção e conservação. Os testes de vigor são mais sensíveis para avaliar a qualidade fisiológica das sementes, quando comparados com teste de germinação (Association of Official Seed Analysts, 1983). Marcos Filho (1999b) relatou que os testes de vigor possibilitam avaliar ou detectar diferenças significativas na qualidade fisiológica entre dois lotes de sementes que apresentam poder germinativo semelhante. Contudo, esse autor mencionou que este fato não deve implicar na substituição do teste de germinação pelos de vigor, mas sim utilizá-los como informação complementar daquelas obtidas pelo citado teste. Os testes de vigor têm sido instrumentos de uso cada vez mais rotineiro pela indústria de sementes para determinação da sua qualidade fisiológica. As empresas produtoras e as instituições oficiais têm incluído esses testes em programas internos de controle de qualidade ou para a garantia da qualidade das sementes destinadas à comercialização. Apesar de o milho-pipoca ser um alimento bastante apreciado no Brasil, são poucos os trabalhos que analisam o efeito de danos mecânicos sobre a qualidade fisiológica das sementes. Nesse sentido, o presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o efeito da interação entre o nível de danificação mecânica provocada por impacto controlado e o tempo de armazenamento sobre a qualidade fisiológica das sementes de milho-pipoca. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Propriedades Físicas e Avaliação de Qualidade de Produtos Agrícolas do Centro Nacional de Treinamento em Armazenagem CENTREINAR, e no Laboratório de Análise de Sementes, do Departamento de Fitotecnia, ambos da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Foram utilizadas sementes de milhopipoca, cultivar UFVM2, produzidas na Estação Experimental de Coimbra, MG, pertencente ao Departamento de Fitotecnia da UFV, no ano agrícola de 2003. A fim de evitar a influência de outros tipos de danos mecânicos nos resultados, as sementes Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.101-111, 2005 Efeito da danificação mecânica na qualidade fisiológica de sementes de milho-pipoca ...... Goneli et al. foram colhidas e debulhadas a mão e secadas à sombra até o teor de umidade de aproximadamente 13% b.u. As determinações de teor de umidade das sementes, em todas as etapas do experimento, foram realizadas empregando-se o método da estufa, a 105 ± 3 ºC por um período de 24 horas, conforme as recomendações das Regras para Análises de Sementes - RAS (Brasil, 1992). Depois de secas, as sementes foram submetidas a impactos mecânicos controlados, utilizando como fonte impactadora o Tabela 1. 103 equipamento Stein Breakage Tester, modelo CK2-M. Esse aparelho é dotado de um cilindro de aço que gira a 1.800 rpm e que, por meio de uma hélice central, lança as sementes contra as paredes do cilindro, promovendo o impacto. Dividiram-se os tratamentos em função da duração do impacto a que as sementes foram submetidas, conforme indicado na Tabela 1. Os tempos utilizados na danificação das sementes de milho-pipoca foram obtidos por meio de ensaios preliminares. Tempo de duração do impacto a que as sementes foram submetidas no equipamento Stein Breakage Tester Tratamento Tempo de danificação (min) 1 0,0 (Testemunha) 2 0,5 3 1,0 4 1,5 5 2,0 6 2,5 7 3,0 Depois de impactadas, 600 g de sementes foram embaladas em sacos de polipropileno de baixa densidade, devidamente lacradas com seladora elétrica e identificadas. As sementes foram, então, armazenadas por um período de seis meses em condições não controladas de ambiente, sendo analisadas, quanto a sua qualidade fisiológica, no início do experimento e a cada mês subseqüente. A qualidade fisiológica das sementes foi avaliada por meio dos testes de germinação, primeira contagem do teste de germinação, envelhecimento acelerado e teste de frio. No teste de germinação, foram utilizadas quatro repetições de 50 sementes por tratamento. O substrato usado foi o papel germitest umedecido com água destilada, utilizando-se volume equivalente a 2,5 vezes o peso do papel. Os rolos foram colocados em germinador com temperatura regulada para 25 ºC. As avaliações foram realizadas no 4º e no 7º dia após a montagem do teste, segundo os critérios estabelecidos pelas Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992). Os resultados foram expressos em porcentagem de plântulas normais. O teste de primeira contagem do teste de germinação consistiu da porcentagem de plântulas normais, registrada por ocasião da primeira contagem do teste de germinação no 4º dia a partir do seu início (BRASIL, 1992). O teste de envelhecimento acelerado foi realizado conforme a metodologia descrita por Marcos Filho (1999a), com quatro repetições de 50 sementes por tratamento, distribuídas sobre tela acoplada em caixas de plástico do tipo gerbox, contendo ao fundo 40 mL de água destilada, não ficando as sementes em contato com a água. Em seguida, as caixas foram tampadas de modo a obter umidade relativa com valor próximo a 100% em seu interior. As caixas foram mantidas em câmara do tipo BOD durante 96 horas, com temperatura de 42ºC, aproximadamente. Depois desse período, foi montado o teste de germinação, sendo a avaliação da porcentagem de plântulas normais realizada no 4º dia depois da semeadura. O teste de frio modificado foi realizado segundo a metodologia descrita por Barros et al. (1999), com quatro repetições de 50 sementes por tratamento, distribuídas em rolos de papel umedecido com água destilada (2,5 vezes o peso do papel). Depois da montagem, Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.101-111, 2005 Efeito da danificação mecânica na qualidade fisiológica de sementes de milho-pipoca ...... Goneli et al. Temperatura (°C) os rolos foram colocados em sacos de plástico fechados com atilhos de borracha e mantidos em uma câmara do tipo BOD com temperatura controlada de 10ºC, durante sete dias. Depois desse período, os rolos foram retirados dos sacos de plástico e transferidos para um germinador com temperatura controlada de 25ºC, sendo a avaliação da porcentagem de plântulas normais registrada no 4º dia. O delineamento experimental utilizado em cada ensaio foi o inteiramente casualizado, no esquema de parcelas subdivididas 7 x 7, com sete níveis de duração do impacto nas parcelas e sete épocas distintas de armazenamento nas subparcelas. Os dados foram submetidos à análise de regressão, a fim de se estabelecerem equações que representem as interações entre as variáveis analisadas. O modelo geral foi escolhido com base na significância da equação, pelo teste F, e dos coeficientes de regressão (’s), utilizando-se o teste “t”, a fim de se estabelecer o efeito da danificação mecânica induzida sobre a qualidade fisiológica das sementes de milho-pipoca durante o armazenamento. A fim de atender às pressuposições da análise de variância, ou seja, a distribuição normal dos dados observados, os resultados foram transformados em arco seno (X%/100)0,5, em que X% representa a porcentagem de plântulas normais obtida pelos testes mencionados. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Figura 1 são apresentados os valores médios diários de temperatura e umidade relativa do ar do ambiente de armazenagem das sementes de milho-pipoca. A temperatura média durante o período de armazenamento foi de 22,2 °C e a umidade relativa do ar média de 87,9%. 50 100 45 90 40 80 35 70 30 60 25 50 20 40 15 30 10 5 Temperatura Média 20 Umidade Relativa Média 10 0 Umidade Relativa (%) 104 0 1 31 61 91 121 151 181 Período de Armazenagem (dias) Figura 1. Médias diárias de temperatura e umidade relativa do ar, durante o armazenamento das sementes de milho-pipoca em ambiente não controlado Na Tabela 2 são apresentados os valores do teor de umidade (% b.u.) das sementes de milho-pipoca submetidas a diferentes tempos de impacto e armazenadas durante o período de seis meses. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.101-111, 2005 Efeito da danificação mecânica na qualidade fisiológica de sementes de milho-pipoca ...... Goneli et al. Tabela 2. 105 Valores médios do teor de umidade (% b.u.) em função do tempo de armazenamento e da duração do impacto Duração do impacto (min) 0 30 60 90 120 150 180 0,0 13,1 13,2 13,1 12,9 13,0 12,4 12,7 0,5 13,1 13,1 13,0 12,8 12,8 12,5 12,8 1,0 13,1 13,0 13,0 12,8 12,7 12,5 12,8 1,5 13,1 13,0 13,0 12,7 12,7 12,4 12,7 2,0 13,1 12,9 12,8 12,5 12,7 12,4 12,6 2,5 13,1 12,9 12,8 12,6 12,6 12,5 12,5 3,0 13,1 13,0 12,8 12,7 12,8 12,5 12,6 Tempo de Armazenamento (dia) Os resultados apresentados no Quadro 2 indicam, de modo geral, que as sementes apresentaram uma pequena diminuição nos valores do teor de umidade ao longo do período de armazenamento. Essas oscilações observadas são próprias da natureza biológica do material. De acordo com os valores encontrados nos testes de qualidade fisiológica das sementes de milho-pipoca, procurou-se uma equação que pudesse ser modelada aos resultados de todos os testes realizados. O modelo que melhor se ajustou aos valores observados pelos testes de germinação (TG), primeira contagem do teste de germinação (PC), envelhecimento acelerado (EA) e teste de frio modificado (TF), representando mais adequadamente a interação entre a duração do impacto e o tempo de armazenamento a que as sementes de milho-pipoca foram submetidas, foi: Z = exp β1 + β 2 .TA + β3.TI0,5 + β 4 .TA.TI Equação (1) em que: Z = TA = TI = 1, 2, 3 e 4 = variável analisada (TG, PC, EA ou TF); tempo de armazenamento (dias); duração do impacto (min); e parâmetros do modelo. Na Tabela 3, encontra-se o resumo da análise de variância dos resultados obtidos por meio dos testes: de germinação (TG), primeira contagem do teste de germinação (PC), envelhecimento acelerado (EA) e frio modificado (TF) das sementes de milho-pipoca submetidas à danificação mecânica e armazenadas durante seis meses. Observa-se, nesse quadro, que existem diferenças significativas entre todos os fatores analisados: duração do impacto, tempo de armazenamento e interação entre esses dois fatores. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.101-111, 2005 Efeito da danificação mecânica na qualidade fisiológica de sementes de milho-pipoca ...... Goneli et al. 106 Tabela 3. Resumo da análise de variância dos valores obtidos no teste de germinação (G), primeira contagem do teste de germinação (PC), envelhecimento acelerado (EA) e teste de frio modificado (TF) das sementes de milho-pipoca submetidas a diferentes durações de impacto e a diferentes tempos de armazenamento Quadrados médios Fonte de variação G.L. G‡ PC ‡ EA ‡ TF ‡ Tempo de armazenamento (TA) 6 3,60++ 3,08++ 2,01++ 3,41++ Resíduo (a) 21 0,005 0,006 0,002 0,003 Duração do impacto (TI) 6 1,18++ 0,95++ 1,08++ 0,59++ TA x TI 36 0,03++ 0,03++ 0,06++ 0,02++ Resíduo (b) 126 0,006 0,005 0,003 0,003 Total 195 - - - - C.V. 1 (%) - 13,20 15,93 13,82 12,09 C.V. 2 (%) - 15,60 15,68 15,28 12,37 ‡ ++ 0,5 Dados transformados em arco seno (x%/100) . Significativo a 1% de significância, pelo teste F. Na Tabela 4, encontram-se as estimativas dos parâmetros ( ’s) e os coeficientes de determinação (R2) do modelo ajustado (equação 1) aos dados transformados em arco seno (X%/100)0,5 para germinação (TG), primeira contagem do teste de germinação (PC), envelhecimento acelerado (EA) e frio modificado (TF) das sementes de milho-pipoca em função da duração do impacto (minutos) e do tempo de armazenamento (dias). Os ajustes mostraram-se adequados em estimar a porcentagem de plântulas normais dos testes mencionados, apresentando significância satisfatória dos parâmetros e alto valor dos coeficientes de determinação (R2). Nas Figuras 2, 3, 4 e 5, de acordo com a equação (1), são apresentados os dados observados e as superfícies de resposta, contendo os valores transformados em arco seno (X%/100)0,5, respectivamente, nos testes de germinação (TG), primeira contagem do teste de germinação (PC), envelhecimento acelerado (EA) e frio modificado (TF) das sementes de milho-pipoca em função da duração do impacto e do tempo de armazenamento. Observa-se, nessas figuras, que, tanto no teste de germinação quanto nos testes indicativos de vigor, à medida que aumentaram a duração do impacto e o período de armazenamento, houve decréscimo na porcentagem de plântulas normais, obtidas por meio desses testes. Evidenciam-se, dessa forma, os efeitos imediato e latente da danificação mecânica na redução da qualidade fisiológica das sementes de milho-pipoca. Esses resultados assemelham-se aos encontrados por Araújo et al. (2002), que, estudando o efeito da debulha e do teor de umidade sobre a qualidade fisiológica de sementes de milho-doce durante o armazenamento, concluíram que a debulha provoca danos às sementes, os quais diminuem sua qualidade fisiológica durante o armazenamento. Andrade et al. (1998), trabalhando com sementes de feijão, concluíram que o nível de danos nas sementes aumenta com o aumento da velocidade de impacto a que elas foram submetidas, reduzindo a germinação e o vigor. Esses autores constataram que o período de armazenamento também contribui para a queda da qualidade fisiológica das sementes. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.101-111, 2005 Efeito da danificação mecânica na qualidade fisiológica de sementes de milho-pipoca ...... Goneli et al. Tabela 4. 107 Estimativa dos parâmetros β1, β 2, β3 e β4 das equações estimadas, em função da duração do impacto e do tempo de armazenamento, dos valores do teste de germinação (TG), primeira contagem do teste de germinação (PC), envelhecimento acelerado (EA) e teste de frio modificado (TF), com os respectivos coeficientes de determinação (R2) Teste 1 2 3 4 R2 TG 0,3149 -0,0053** -0,2482** -0,0035** 85,97++ PC 0,2220 -0,0053** -0,2323** -0,0036** 85,86++ EA 0,1960 -0,0066** -0,4931** -0,0039* 78,72++ TF 0,2712 -0,0071** -0,2904** -0,0015*** 80,01++ ++ Significativo a 1% de probabilidade, pelo teste F. pelo teste t. ** Significativo a 1% de probabilidade, * Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste t. pelo teste t. *** Significativo a 10% de probabilidade, 00) Arco Seno (% Plântulas Normais/1 0,5 Valores estimados Valores observados 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 Dura 1,0 ção Figura 2. 1,5 2,0 do I 2,5 mpa 3,0 cto ( min) 180 150 po Tem d 120 90 60 30 0 o ent m a n ) (dia ze rma A e Valores observados e estimados do teste de germinação das sementes de milhopipoca em função da duração do impacto e do tempo de armazenamento. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.101-111, 2005 108 Efeito da danificação mecânica na qualidade fisiológica de sementes de milho-pipoca ...... Goneli et al. 0,5 1,2 0) 1,4 Arco Seno (% Plântulas Normais/10 Valores estimados Valores observados 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 Dura 1,0 ção 60 2,0 d o Im 2,5 pact o (m in) 3,0 0 o (d ent 120 m a 150 zen rma 180 A e d po Tem 90 1,5 30 ia) Valores observados e estimados da primeira contagem do teste de germinação das sementes de milho-pipoca em função da duração do impacto e do tempo de armazenamento. Figura 3. 0,5 1,2 0) 1,4 Arco Seno (% Plântulas Normais/10 Valores estimados Valores observados 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 Dura 1,0 ção Figura 4. 1,5 2,0 d o Im 2,5 pact o (m in) 3,0 180 150 po Tem 120 de A 90 60 30 0 o ent nam ) (dia ze rma Valores observados e estimados do teste de envelhecimento acelerado das sementes de milho-pipoca em função da duração do impacto e do tempo de armazenamento. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.101-111, 2005 Efeito da danificação mecânica na qualidade fisiológica de sementes de milho-pipoca ...... Goneli et al. 109 Valores estimados Valores observados 0) Arco Seno (% Plântulas Normais/10 0,5 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0,0 0,5 1,0 Dura 1,5 ção do Im 2,0 2,5 pact o (m in) Figura 5. 90 60 120 3,0 180 po Tem ze rma 150 30 0 o en t nam (dia ) de A Valores observados e estimados do teste de frio das sementes de milho-pipoca em função da duração do impacto e do tempo de armazenamento. Observa-se na Figura 2 que, mesmo nas sementes que não foram submetidas ao impacto mecânico, depois de 120 dias de armazenamento houve drástica redução da germinação, obtendo-se valores abaixo do esperado. Nos demais tratamentos, com diferentes durações do impacto, depois desse período de 120 dias, praticamente todas as sementes já se encontravam mortas. A queda do poder germinativo, com a elevação da quantidade de danos a que as sementes foram submetidas, também foi observada por Andrade et al. (1999), trabalhando com sementes de feijão, por Martins Netto et al. (1999), com sementes de sorgo, por Araújo et al. (2002), com sementes de milho-doce e por Carneiro et al. (2003) avaliando a debulha de sementes de milhopipoca. Porém, não se esperava que a viabilidade das sementes não danificadas se reduzisse tão rapidamente, com apenas 120 dias de armazenamento. Essa redução, possivelmente, deveu-se ao fato de as sementes terem sido armazenadas em embalagens com alta impermeabilidade e com um teor de umidade de 13% (b.u.), dando origem a uma atmosfera modificada com alto teor de CO2 e baixo teor de O2, pelo processo respiratório. Como conseqüência do aumento da temperatura, em virtude da liberação de energia na forma de calor, é provável o desenvolvimento de fungos, que contribuíram para a queda da germinação das sementes. Esses resultados assemelham-se aos encontrados por Previero et al. (1998), que, trabalhando com sementes de Brachiaria brizantha armazenadas em embalagens de polietileno com umidade inicial de 13 a 14%, observaram a rápida perda de germinação das sementes durante o armazenamento. De acordo com Carvalho e Nakagawa (2000), sementes com teores de umidade inadequados para armazenamento em embalagens impermeáveis têm seu potencial de armazenagem reduzido pela toxidez do CO2, além de acelerarem a atividade de microrganismos, fato esse que pode contribuir no processo de deterioração dessas sementes. Nas Figuras 3, 4 e 5, assim como foi observado para a germinação, nota-se também, nessas figuras, que em todos os testes indicativos de vigor houve efeito imediato e latente da danificação mecânica sobre a qualidade fisiológica das sementes de milhopipoca. Esses resultados concordam com os encontrados por Araújo et al. (2002), para sementes de milho-doce. Carneiro et al. (2003) estudando o efeito da debulha e da classificação sobre a qualidade fisiológica de sementes de milho-pipoca durante o armazenamento, encontraram que a debulha mecânica teve efeito prejudicial na Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.101-111, 2005 110 Efeito da danificação mecânica na qualidade fisiológica de sementes de milho-pipoca ...... Goneli et al. germinação e no vigor das sementes antes do armazenamento e quando armazenadas em condições não-controladas, independentemente da classificação das sementes. CONCLUSÃO Com relação à variedade estudada e às condições sob as quais o presente trabalho foi realizado, concluiu-se que a queda da qualidade fisiológica das sementes de milho-pipoca é função do nível de danificação provocada por impactos mecânicos. Conclui-se, também, que o processo de deterioração das sementes é potencializado pelo armazenamento, independente do nível de danificação sofrido. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Andrade, E.T.; Corrêa, P.C.; Alvarenga, E.M.; Martins, J.H. Efeitos de danos mecânicos sobre a qualidade fisiológica de sementes de feijão durante o armazenamento. Revista Brasileira de Armazenamento, Viçosa, v. 23, n. 2, p. 41-51, 1998. Andrade, E.T.; Corrêa, P.C.; Martins, J.H.; Alvarenga, E.M. Avaliação de dano mecânico em sementes de feijão por meio de condutividade elétrica. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 3, n. 1, p. 54-60, 1999. Araújo, E.F.; Miranda, G.V.; Galvão, J.C.C.; Araújo, R.F. Qualidade fisiológica de sementes de milho-doce submetidas à debulha, com diferentes graus de umidade. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, Sete Lagoas, v. 1, n. 2, p. 101-110, 2002. Association of Official Seed Analysts. Seed vigor testing handbook. East Lasing: AOSA, 1983. 88 p. (Contribution, 32). Barros, A.S.R.; Dias, M.C.L.L.; Cícero, S.M.; Krzyzanowski, F.C. Teste de frio. 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Teste de envelhecimento acelerado. In: KRZYZANOWSKI, F.C.; VIEIRA, R.D.; FRANÇA NETO, J.B. (Eds.). Vigor de sementes: Conceitos e testes. Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes, Comitê de Vigor de Sementes. Londrina, PR: ABRATES, 1999a. cap. 3. Marcos Filho, J. Testes de vigor: importância e utilização. In: Krzyzanowski, F.C.; Vieira, R.D.; França Neto, J.B. (Eds.). Vigor de sementes: Conceitos e testes. Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes, Comitê de Vigor de Sementes. Londrina, PR: ABRATES, 1999b. cap. 1. Marincek, A. Qualidade de sementes de milho produzidas sob diferentes sistemas de manejo no campo e em pós-colheita. Lavras, MG: UFLA, 2000. 105f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade Federal de Lavras, Lavras. Martins Netto, D.; Borba, C.S.; Oliveira, A.C.; Azevedo, J.T.; Andrade, R.V. Efeito de diferentes graus de danos mecânicos na qualidade fisiológica de sementes de sorgo. 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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.101-111, 2005 112 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.112, 2005 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.113-119, 2005 ISSN 1517-8595 113 COMPONENTES DE PRODUÇÃO E RENDIMENTOS DE BATATA-DOCE, EM FUNÇÃO DE DOSES DE ESTERCO DE BOVINO1. João Felinto dos Santos2, Luciano de Medeiros Pereira Brito2, José Ivan Tavares Granjeiro2, Francisco de Assis Cardoso Almeida5, Maria Ednalva C. de Oliveira2. RESUMO O Estado da Paraíba é o maior produtor do Nordeste e o quarto produtor brasileiro de batatadoce, onde esta cultura tem grande importância alimentar, econômica e social, promovendo a geração de emprego e renda, bem como contribuindo para a fixação do homem na zona rural. O objetivo deste experimento foi avaliar o efeito da adubação orgânica nos componentes de produção e produtividade de batata-doce. O experimento foi conduzido de maio a setembro de 2005, na Estação Experimental de Lagoa Seca, Estado da Paraíba, Brasil. O delineamento experimental foi de blocos casualizados com seis tratamentos (0; 10; 20; 30; 40 e 50 t.ha-1 de esterco bovino) em quatro repetições. As variáveis estudadas foram número total e comercial de raízes; produção de rama; e, produção total e comercial de raízes. A produção total e comercial de raízes de batata-doce foi de 19,01 e 17,38 t.ha-1, obtidas com 18,15 e 17, 99 t.ha-1 de esterco bovino. A produção máxima de ramas estimada, pelo modelo, foi 11,77 t.ha-1 obtida, respectivamente, com 16,25 t.ha-1 de esterco de gado. A dose de esterco bovino responsável pelo máximo retorno econômico para a produção de raízes comerciais foi 16,54 t.ha-1, inferior em 5% àquela que proporcionou a produção máxima, representando 100% da máxima eficiência técnica, constituindo um indicativo da viabilidade econômica do emprego de esterco bovino no cultivo da batata-doce. Palavras-chave: Ipomoea batatas, adubação orgânica, produção de raízes. PRODUCTION AND YIELD COMPONENTS OF SWEET POTATO IN FUCTION OF CATTLE MANURE DOSES ABSTRACT Paraíba State is the biggest producer of sweet potato in northeast and the fourth Brazilian producer. This culture has a big alimentary, economic and social importance, promoting the creation of joy and rent, as well as contributing for the man's permanence in the rural zone. The purpose of the experiment was to evaluate the influence of organic fertilization on components of production and productivity of sweet potato. The experiment was carried out in the Experimental Station of Lagoa Seca, Paraíba State, Brazil, from May to September/2005. The experimental design was of randomized blocks with six treatments (0; 10; 20; 30; 40 and 50 t.ha-1 of cattle manure), in four replications. The evaluated variables were total and commercial roots number, foliage production and total and commercial production of roots. The total and commercial production of sweet potato roots were 19.01 and 17.38 t.ha-1 obtained with 18.15 and 17.99 t.ha-1 of cattle manure. The maximum esteemed production of foliages, by the model, was 11,77 t.ha-1 obtained, respectively, with 16,25 t.ha-1 of cattle manure. The cattle manure level responsible for the maximum economic return to the production of commercial roots was 16.54 t.ha-1, which was 5% lower than the one that provided the maximum production. It represents 100% of the maximum technique efficiency, constituting an indicative of the economic viability of the cattle manure application in the sweet potato cultivation. Keywords: Ipomoea batatas, organic fertilization, root production ___________________ Protocolo 713 de 15/02/2004 1. Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S/A - EMEPA-PB 2, Pesquisadores da EMEPA–PB, Estação Experimental de Lagoa Seca-PB 3. Professor Adjunto da UAEAg/UFCG. [email protected] 114 Componentes de produção e rendimentos de batata-doce, em função de doses de esterco.... Santos et al. INTRODUÇÃO No estado da Paraíba, com uma área de 6.641 hectares, produção de 59.971 ton./ ano e rendimento médio 9.030 kg.ha-1, a batata-doce ocupa 33% da área plantada com esta cultura no Nordeste (IBGE, 2004), tendo grande importância alimentar, econômica e social, por ser uma fonte de alimento energético e auxiliar na geração de emprego e renda, contribuindo para a fixação do homem no campo. Esta cultura é mais cultivada por pequenos produtores, com maior concentração nas áreas de plantio nas microrregiões do brejo e do litoral Paraibano, sendo esse estado considerado o maior produtor nordestino e o quarto produtor brasileiro (Soares et al., 2002). A batata-doce, em função do seu sistema radicular muito ramificado apresenta alta capacidade de exploração e esgotamentos do solo, o que a torna eficiente na absorção e exportação de nutrientes. Entretanto, esta característica leva a um rápido diminuição da reserva de nutrientes do solo, refletindo na queda de produção dos cultivos sucessivos na mesma área, exigindo maior demanda por nutrientes. Nesta situação, quando o solo apresenta fertilidade inadequada para a cultura, faz-se necessário o uso da adubação em maior quantidade (Pimentel, 1985; Silva et al., 2002). A batata-doce responde à aplicação de nutrientes, quando aplicado, corretamente, (Filgueira, 2000). Nesse contexto, Mendonça & Peixoto (1991) obtiveram respostas significativas para a produtividade, produção por planta e peso médio de raízes comerciais de batata-doce, em função do emprego de fertilizantes O trabalho foi conduzido na Estação Experimental de Lagoa orgânicos e minerais; enquanto Oliveira et al. (1980) observaram, em solo aluvial de leito de rios que o consórcio de feijão-caupi com batata-doce pode ser inviabilizado, caso não sejam utilizadas de 20 a 40 t ha-1 de esterco bovino; Santos et al. (2006) alcançaram aumentos na produtividade total e comercial de raízes de batata-doce com a aplicação de 18,15 e 17,99 t.ha-1 de esterco bovino, respectivamente; Artur (2005) obteve produtividade de 20 e 17,01 t.ha-1, em função das doses de esterco bovino na presença do biofertilizante, aplicado na folha e no solo, respectivamente. A planta de batata-doce sob cultivo com deficiência nutricional pode causar abscisão das folhas (Chaves & Pereira, 1985); induzir a produção de tubérculos pequenos, com baixa aceitação no mercado (Monteiro et al., 1997); provocar atraso no crescimento; reduzir a acumulação de amido e de glicose nos tubérculos e alterar características importantes no armazenamento, como textura e firmeza dos tubérculos (Chaves & Pereira, 1985). Apesar do reconhecimento unânime do valor da cultura na estratégia de segurança alimentar da região, as produções auferidas pelos produtores são baixas, estando associadas a diversos fatores do sistema produtivo, entre os quais: solos de baixa fertilidade, manejo inadequado dos solos e, principalmente, ausência ou deficiência de adubação no cultivo, motivada pelos altos custos desse insumo e a descapitalização progressiva dos agricultores. Por isso, tem uma das mais baixas produtividades do Brasil, 9,030 t.ha-1 (IBGE, 2004). Esse fato é reflexo da ausência de tecnologia, informações e conhecimentos adequados, principalmente, com relação à fertilização orgânica e mineral, o que tem provocado perda de receita desestimulando os produtores e contribuído para o decréscimo da área plantada. O presente trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar o efeito da aplicação de doses de esterco sobre os componentes e a produção de raízes de batata-doce. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado na Estação Experimental de Lagoa Seca, PB, pertencente à Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária EMEPA-PB, o período do plantio à colheita foi entre maio e setembro de 2005. Foi utilizado o delineamento experimental de blocos casualizados, com seis tratamentos, representados pelas doses de 0, 10, 20, 30, 40 e 50 t ha-1 de esterco bovino, e quatro repetições. A área experimental foi preparada por meio de aração, gradagem e construção de leirões de aproximadamente 30 cm de altura. A parcela Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.113-119, 2005 Componentes de produção e rendimentos de batata-doce, em função de doses de esterco.... Santos et al. foi composta por quatro leirões de 3,6 m de comprimento, espaçados de 0,80 m entre leirões e de 0,30 m entre plantas, onde foram colhidas as duas fileiras centrais (24 plantas). As análises químicas da camada de 0-20 cm do solo resultaram em: pH (H2O) = 6,5; P=18,2 mg. dm-3; K = 29,8 mg. dm-3; Al+3 = 0,00 cmolcdm-3; Ca+2 = 2,75 cmolcdm-3; Mg+2 = 1,25 cmolcdm-3 e matéria orgânica = 13,35 g.kg-1; conforme Embrapa (1997). A adubação constou apenas da aplicação das doses de esterco bovino definidas no delineamento, as quais foram incorporadas nos leirões quinze dias antes do plantio. No plantio, foram utilizadas ramas da cultivar Rainha Branca, batata de boa aceitação comercial na região, retiradas de plantio jovem, em área próxima ao experimento. As ramas foram cortadas com um dia de antecedência ao plantio, para facilitar o manejo, e seccionadas em pedaços de, aproximadamente, 40 cm de comprimento, que contêm em média oito entrenós. As ramas foram enterradas pela base, com auxílio de um pequeno gancho, na profundidade de 10 a 12 cm. Durante a condução do experimento foram realizadas capinas manual, com auxílio de enxada, para manter a cultura livre de competição com plantas daninhas; e amontoas, para proteger as raízes contra a incidência de luz e manter a formação dos leirões. Não houve necessidade de controle de pragas e doenças. A colheita foi realizada aos 120 dias após o plantio, quantificando-se o número total e comercial de raízes, peso médio de raízes, as produções de rama, total e comercial de raízes. O numero total de raízes foi efetivado pela contagem de todas as raízes colhidas na parcela útil, enquanto o de raízes comerciais pela quantidade de raízes com peso superior a 80 g. O peso médio de raízes comerciais foi determinado pelo quociente entre produção de raízes comerciais e número de raízes comerciais da parcela A produção total correspondeu ao peso de todas as raízes colhidas na parcela útil; enquanto a comercial, ao peso de raízes frescas, de formatos uniformes e lisas e com peso igual ou superior a 80 g, conforme descrito em Embrapa (1995). Os dados foram submetidos à análise de variância e de regressão. Modelos polinomiais foram testados para prever os efeitos de doses 115 de esterco bovino sobre as características avaliadas. O critério para escolha do modelo mais adequado foi a significância pelo teste F a 5% de probabilidade e o maior valor do coeficiente de determinação (R2). A partir do ajuste das equações, calculou-se a dose de esterco bovino que proporcionou a produção máxima econômica de raízes comerciais. Para minimizar os efeitos da variação cambial, empregou-se uma relação de troca ao invés de moeda corrente, igualando-se a derivada segunda às relações entre preço do produto e do insumo (Raij, 1991; Natale et al., 1996), vigentes em Lagoa Seca, PB, em 2005. Buscou-se assim, dados mais estáveis, pela relação de dy/dx = a1 + 2a2x. A dose mais econômica (x') foi calculada pela equação: (1) Neste estudo, os valores utilizados para as variáveis raízes comerciais e esterco bovino, foram, respectivamente, R$ 0,50/kg e R$ 0,05/kg. Dessa maneira, a 'moeda' utilizada nos cálculos da dose econômica de esterco bovino foi a própria raiz. Assim, a relação de equivalência entre o quilograma do insumo e o quilograma de raízes foi igual a 0,1, porém, essa relação de preços pode variar a cada ano, conforme a demanda e a oferta. RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve efeito significativo (p < 0,01) dos tratamentos sobre as produções total e comercial, peso médio de raízes por planta de batata-doce e não houve diferenças estatística sobre o peso total de rama e número total e comercial de raízes por cova, em função das doses de biofertilizante (Tabela 1). Os tratamentos com as doses de 10, 15, 20 e 25 t ha-1 promoveram maior produtividade total e comercial do que a testemunha e a dose de 5 t ha-1 e não diferiram entre si. As melhores resposta do peso médio de raiz foram obtidas com a aplicação de 10 e 15 t ha-1, os quais foram superiores a testemunha e a dose de 5 t ha-1 e não se diferenciaram dos demais (Tabela 1). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.113-119, 2005 116 Componentes de produção e rendimentos de batata-doce, em função de doses de esterco.... Santos et al. Tabela 1 Médias de produtividade total e comercial de raízes de batata-doce e número total e comercial de raízes por cova (duas plantas), em função de doses de esterco bovino. Lagoa Seca-PB. 2005. Tratamento Produtividade Produtividade total de rama total de t.ha-1 raízes t.ha-1 Produtividade Peso médio Nº total Nº raízes de raízes de raiz Raízes comercial comercial g por por (>80 g) cova cova t.ha-1 0 5,58 10,42 b 7,54 b 120,41 c 1,98 a 1,02 a 5 9,12 10,46 b 8,42 b 133,66bc 2,10 a 1,38 a 10 10,92 18,29 a 16,6 0a 217,32 a 2,16 a 1,48 a 15 11,12 20,71 a 18,54 a 225,89 a 2,33 a 1,51 a 20 12,00 17,63 a 16,04 a 192,80 ab 2,37 a 1,53 a 25 9,83 17,63 a 15,79 a 188,15 ab 2,30 a 1,57 a Média 9,76 15,86 13,82 179,70 2,21 1,41 DMS 5,00 3,5223 4,786 63,2940 0,8237 0,7571 CV (%) 22,28 9,66 12,83 15,31 16,22 23,24 F (p<0,05) 4,41* 32,23** 27,32 ** 9,96** 0,74ns 1,53ns Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas na coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 5% e 1% de probabilidade. últimas resultaram incrementos de 8,59 t.ha-1 (82,44%) e 9,84 t.ha-1 (130,50%) total e comercial de raízes, respectivamente, em relação às produções obtidas na ausência de adubação com esterco bovino. Destaca-se também que a produção máxima de raízes comerciais superou em 9,98 t.ha-1 a produtividade média do estado da Paraíba, calculada em 9,03 t.ha-1 (IBGE, 2004) e em 7,38 t.ha-1 a média nacional, descrita por Soares et al. (2002) em 10,0 t.ha-1. Modelos polinomiais foram testados para prever os efeitos de doses de esterco bovino sobre a produtividade rama, total e comercial de raízes e do peso médio de raiz. Constatou-se que as curvas de respostas dessas variáveis foram de natureza quadrática (Figuras 1 e 2) As produções máximas de rama, total e comercial de raízes estimadas, pelos modelos, foram 11,77, 19,01 e 17,38 t.ha-1, obtidas, respectivamente, com 16,25, 18,15 e 17,99, t.ha-1 de esterco bovino (Figuras 1 e 2). As duas y = -0,0313x 2 + 1,1256x + 8,9629 R2 = 0,7864 20 15 10 5 y = -0,0345x 2 + 1,2412x + 6,2246 R2 = 0,8395 (t/ha) Produtividade (t/ha) 25 0 0 5 10 15 20 25 30 -1 Esterco bovino (t ha ) P. total P. comerc. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.113-119, 2005 117 Componentes de produção e rendimentos de batata-doce, em função de doses de esterco.... Santos et al. Figura 1. Produtividade total e comercial de raízes esterco de gado. Lagoa Seca,PB, 2005. O peso médio máximo de raiz estimado, pelo modelo, foi 214 g, obtido com 16,27 t ha-1 de esterco bovino (Figura 2). Considerando que o solo da área experimental apresentava teor baixo de matéria orgânica de 1,33 g dm-3, os resultados positivos obtidos em função do emprego do esterco bovino, possivelmente, estão relacionados ao papel preponderante da matéria orgânica no fornecimento de de batata-doce (t.ha-1), em função de doses de nutrientes; na elevação da umidade do solo; na melhoria de sua estrutura; e no aumento da capacidade de troca catiônica, por meio da formação de complexos húmus-argila (Marchesini et al. 1988; Yamada; Kamata, 1989), proporcionando melhor aproveitamento dos nutrientes originalmente presentes. 12 10 8 y = -0,023x 6 2 + 0,7475x + 5,6939 R2 = 0,9694 4 (t/ha) Produtividade de rama (t/ha) 14 2 0 0 5 10 15 20 25 30 Esterco bovino (t ha-1) Figura 2. Produtividade de ramas de batata-doce (t.ha-1), em função de doses de esterco de gado. Lagoa Seca-PB, 2005. 200 150 y = -0,3975x2 + 12,936x + 109,1 R2 = 0,8083 100 50 (g) Peso médio de raiz (g) 250 0 0 5 10 15 20 25 30 -1 Esterco bovino (t ha ) Figura 3. Peso médio de raiz de batata-doce (t ha-1), em função de doses de esterco de gado. Lagoa Seca-PB, 2005 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.113-119, 2005 118 Componentes de produção e rendimentos de batata-doce, em função de doses de esterco.... Santos et al. Portanto, juntamente, com os nutrientes, inicialmente, presentes no solo, as doses de esterco bovino, responsáveis pelas máximas produções, supriram de forma equilibrada, as necessidades nutricionais da batata-doce, isso porque a aplicação adequada de esterco de boa qualidade pode suprir as necessidades das plantas em alguns macronutrientes, como o P e o K disponíveis, devido à elevação de seus teores (Machado et al., 1983; Raij, 1991). Nesse sentido, Soares et al. (2002), Santos et al. (2006) e Artur (2005) relataram que a adubação com fontes orgânicas no cultivo da batata-doce, especialmente, os estercos de animais, traduz-se no aumento de produção de raízes. A estabilização e queda no rendimento acima das doses de esterco bovino, responsáveis pelas máximas produções de raízes e peso médio de raiz, podem ser oriundas do excesso de nutrientes fornecidos à cultura, proporcionando crescimento excessivo das ramas, em detrimento da formação de raízes tuberosas, como relatado por Chaves & Pereira, (1985), dados confirmados pelos resultados deste trabalho, onde a partir de 20 t.ha-1 de esterco bovino obteve-se a maior produção de ramas e, consequentemente, houve a diminuição na produção total e comercial de raízes. Essas doses podem, também, ter sido responsáveis pelo aumento dos teores de nitrogênio e água no tecido vegetal acima do ótimo da cultura e provocado aumento nos teores de sais solúveis do solo, acarretando elevação da condutividade elétrica, desbalanço nutricional, com impacto negativo na produtividade das raízes tuberosas (Silva et al., 2000). A curva de resposta da produção comercial de raízes em função da aplicação do esterco bovino foi, como, anteriormente, destacado, de natureza quadrática (Figura 1). Utilizando-se os valores obtidos a partir da equação de regressão e com base na recomendação de Raij (1991), Natale et al. (1996) e Tavares Sobrinho (2001), calculou-se a dose mais econômica de esterco bovino pela equação 1, obtendo-se o valor de 16,54. De acordo com Natale et al. (1996), a dose mais econômica, que define a quantidade de fertilizantes, ou de um nutriente específico, a se aplicar para a obtenção de receita máxima por área, corresponde ao ponto em que a quantidade aplicada proporciona a máxima distância entre a linha de custo do insumo e a curva de resposta. Por outro lado, a máxima eficiência técnica (obtida ao se igualar a primeira derivada a zero) representa a dose de fertilizante em que a resposta da produção atinge o máximo. No caso deste trabalho, a dose econômica foi 16,54 t ha-1 de esterco bovino. A receita prevista devido à utilização do esterco pode ser calculada pelo aumento de produção proporcionado pela dose econômica, custo do fertilizante e pela receita obtida,. Igualando-se a derivada primeira a zero, podese calcular o aumento de produção proporcionado pelo esterco bovino; portanto, o insumo proporcionou aumento de 9,84 t ha1. Deduzindo-se o custo de aquisição de 16,54 t ha-1 de esterco bovino, equivalente a 1,65 t de raízes, obteve-se uma receita prevista de 8,19 t ha-1 de raízes comerciais. A dose econômica foi 5% inferior à dose estimada para obtenção da produção máxima de raízes comerciais, representando 95% da máxima eficiência técnica (M.E.T), demonstrando a viabilidade econômica da produção de batata-doce, considerando os índices empregados neste trabalho. CONCLUSÕES A produção máxima total e máxima comercial de raízes estimada, pelos modelos, foi de 19,01 e 17,38 t.ha-1, respectivamente, obtidas, com 18,15 e 17,99, t.ha-1 de esterco bovino. A produção máxima de ramas estimada, pelo modelo, foi 11,77 t.ha-1 obtida, respectivamente, com 16,25 t.ha-1 de esterco de gado. A dose de esterco bovino responsável pelo máximo retorno econômico para a produção de raízes comerciais foi 16,54 t ha-1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Barbosa, A. H. D. Rendimento de batata-doce com adubação orgânica. 2005. 79 p. 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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.113-119, 2005 120 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.120, 2005 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.121-132, 2005 ISSN 1517-8595 121 HIDROGENAÇÃO DE ÓLEO DE SOJA EM UM REATOR DE RECIRCULAÇÃO EM BATELADA Sueli Marie Ohata1, Carlos Alberto Gasparetto2 RESUMO Os objetivos deste trabalho foram a modelagem e a simulação do processo de hidrogenação de óleo de soja utilizando o níquel como catalisador. Na modelagem supôs-se um sistema isobárico e isotérmico, e considerou-se a equação de balanço de massa. O sistema considerado é um reator de recirculação com ejetor tipo Venturi operando em batelada e em regime transiente. A partir das equações obtidas, propôs-se uma metodologia para solucionar o sistema de equações diferenciais que descreveu o sistema. A simulação realizou-se através do desenvolvimento de um algoritmo, onde foram considerados os fenômenos de transferência de massa e a cinética da reação de hidrogenação de óleo de soja. O modelo proposto para a descrever o processo foi o reator em batelada e a solução das equações resolvida analiticamente através da linguagem de programação Fortran 77. A partir dos dados experimentais de Cabrera Valverde (1996) foram obtidas informações como o tempo de indução para cada condição operacional e as seletividades baseadas no índice de iodo e na cinética de reação em série e primeira ordem. Para cada modelo foram obtidos os perfis de concentração mássica para cada um dos componentes, as seletividades linolênica e linoléica. Para a determinação das constantes cinéticas da hidrogenação utilizou-se o modelo de Chen et al. (1981). Os resultados obtidos foram comparados com os dados de Cabrera Valverde (1996). Palavras-chave: Hidrogenação, óleo de soja, reator de recirculação HYDROGENATION OF SOYBEAN OIL IN A LOOP REACTOR IN BATCH ABSTRACT The objectives of this work were the modeling and the simulation of the process of hydrogenation of soybean oil using the nickel as catalytic. In the modeling an isobaric and isothermal system was assumed, and was considered the equation of mass balance. The considered system is a loop reactor with ejector type Venturi operating in batch and transient state. From the obtained equations, a methodology was considered to solve the system of differential equations that described the system. The simulation was carried out through the development of an algorithm, where the mass transfer phenomenons and the kinetic of the reaction of hydrogenation of soybean oil were considered. The considered model to describe the process was the reactor in batch and the solution of the equations solved analytically through the programming language Fortran 77. From the experimental data of Cabrera Valverde (1996) information was obtained as the induction time for each operational condition and the selectivities based on the iodine value and kinetic of reaction in series and the first order. For each model the profiles of mass concentration for each one of the components, the selectivities were obtained linolenic and linoleic. For the determination of the kinetic constants of the hydrogenation the Chen model was used et al. (1981). The obtained results were compared with the data of Cabrera Valverde (1996). Keywords: hydrogenation, soybean oil, loop reactor Protocolo 21 de 15/04/2004 1 Eng. de Alimentos, Doutoranda em Engenharia de Alimentos, FEA/DEA/UNICAMP, Cx. Postal 6121, CEP: 13083-970, Campinas-SP [email protected] (correspondência a ser enviada) 2 Prof. Dr. do Departamento de Engenharia de Alimentos, FEA/UNICAMP, [email protected] 122 Hidrogenação de óleo de soja em um reator de recirculação em batelada. INTRODUÇÃO Okata & Gasparetto MATERIAL E MÉTODOS Os reatores de recirculação são utilizados industrialmente na produção de compostos orgânicos intermediários em muitos setores da indústria química incluindo aromas, agroquímicos, farmacêuticos, solventes e fragrâncias (Greenwood, 1986), mas a aplicação em escala industrial para a hidrogenação de óleos vegetais no mundo ainda é muito escassa. O reator de recirculação mais conhecido mundialmente tem sido produzido e comercializado pela empresa suíça BUSS AG e é conhecido como Buss Loop reactor. Segundo Hastert (1981), existem plantas comerciais operando na Europa e América do Sul, mas muito pouco tem sido publicado a respeito das características do óleo hidrogenado obtido através desse tipo de reator. Essa questão ainda permanece até os dias atuais, poucas informações são encontradas na literatura. No Japão, a empresa Snow Brand Milk Products Co. também desenvolveu um reator de recirculação para a hidrogenação de óleo de soja. Segundo a companhia, a taxa de hidrogenação pode ser 2,5 vezes maior que o obtido pelo reator tipo dead-end e os custos da operação são reduzidos em cerca de 50% (Hairston, 1997). Os reatores convencionais utilizados para o processo de hidrogenação possuem agitação mecânica, sistema de injeção de hidrogênio na base e necessitam de condições mais severas de operação, como a temperatura e a pressão. As principais vantagens de um reator de recirculação em relação a um sistema convencional são a alta velocidade de reação em função da elevada dissolução de hidrogênio no óleo, baixo consumo de hidrogênio, dispensa da agitação mecânica e emprego de moderadas temperaturas de processo. O sistema baseia-se na mistura interna de hidrogênio através do fluxo de óleo, em alta velocidade através de um ejetor tipo Venturi (Cabrera Valverde, 1996; Arévalo Pinedo, 1995; Malone, 1980). Representam uma tecnologia alternativa muito atraente para o processo de hidrogenação, mas com tecnologia ainda não totalmente desenvolvida para a hidrogenação de óleos vegetais. Desta forma, justifica-se o interesse pelo estudo deste tipo de reator, como uma alternativa ao processo convencional de hidrogenação. Material Foram descritas aqui as principais informações do trabalho de Arévalo Pinedo (1995) e Cabrera Valverde (1997), necessárias para a execução do presente projeto. O reator utilizado consistiu de um tanque cilíndrico de aço inoxidável 304, com as extremidades semiesféricas e um ejetor tipo venturi localizado no headspace do tanque do reator. Dados: Capacidade de trabalho: 5 a 6 kg de óleo (máx.) Volume total do tanque: 0,012 m3 Diâmetro interno do tanque: 0,1323 m Altura total do tanque: 0,65 m Altura da extremidade semi-esférica do tanque: 0,075 m Volume total do ejetor: 1,3085x10-5 m3 Comprimento fixo do ejetor: 0,1096 m Para o bombeamento contínuo da mistura semi-fluida de óleo e catalisador através da tubulação do sistema, utilizou-se uma bomba de recirculação tipo diafragma com acionamento pneumático, ajustada para operar a 110-120 pulsos/min. Como trocador de calor, utilizou-se um banho termostático, composto de uma serpentina de geometria retangular, cujas dimensões do tubo foram: diâmetro interno e externo 12 x 14 mm; 6 espiras de 100 x 120 mm; com comprimento total de 2880 mm e operando mergulhado em banho agitado de óleo de silicone. O comprimento da tubulação do reciclo para a suspensão catalítica foi de 1,7m e os diâmetros interno e externo, 10 mm e 13 mm, respectivamente. O catalisador utilizado foi o óxido de níquel, PRICAT 9910-6, fabricado pela Unichema International, finamente disperso em suporte de silicato, protegido com triacilglicerol hidrogenado, na forma de pastilhas, contendo cerca de 22 % de níquel por peso de catalisador. Cabe mencionar que o catalisador foi o mesmo utilizado no trabalho de Antoniassi (1991). O hidrogênio e o nitrogênio utilizados apresentaram grau de pureza 99,5%. A Tabela 1 apresenta a composição da matéria-prima utilizada no processo de hidrogenação. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.121-132, 2005 Hidrogenação de óleo de soja em um reator de recirculação em batelada. Okata & Gasparetto 123 Tabela 1- Caracterização do óleo de soja comercial. Análise Matéria-prima Ácidos graxos livres 0,03 % Sabões ausente Fósforo 3,5 ppm Umidade e matéria volátil 0,025% Índice de iodo 128,71 Índice de refração a 600C 1,4606 Composição em ácidos graxos (%) C 16:0 10,95 C 18:0 3,34 C 18:1 25,40 C 18:2 53,67 C 18:3 5,93 C 20:0 0,71 Fonte: Cabrera Valverde (1996). Balanço Geral de Massa Métodos dN i (2) Ri V dt onde Ni = número de moles da espécie de i no sistema num determinado instante de tempo i; Fio, Fi = taxa molar da espécie i da entrada e saída do sistema, respectivamente; Ri = taxa de geração por reação química da espécie i; V = volume do reator; O sistema considerado é um reator Loop com ejetor tipo Venturi operando em batelada e em regime transiente. Na modelagem matemática supôs-se um sistema isobárico e isotérmico, considerando-se somente as equações de balanço de massa no tanque do reator e no ejetor. De acordo com Smith (1981), são duas as razões principais por que não se considera o balanço de momentum nos estudos e projetos de reatores químicos: a primeira é o fato de que as mudanças de pressão dentro de um reator são quase sempre desprezíveis frentes as mudanças de composição e de temperatura; a segunda é que a geometria dos diversos reatores é muito complicada, impossibilitando a utilização do princípio de conservação da quantidade de movimento na predição detalhada de perfis de velocidade. O ejetor funciona como um injetormisturador, pois o jato de óleo aspira o hidrogênio do “head-space” solubilizando-o no óleo, devido à aceleração sofrida pelo óleo dentro do venturi. Desta forma o ejetor foi considerado como uma simples unidade de mistura com volume de reação desprezível conforme dados do item 2.1. e de acordo com as considerações de Salmi et al. (1999), Stefoglo et al. (1999), Lehtonen et al. (1999) e Cramers et al. (1993). Uma alimentação contínua de suspensão de óleo e catalisador é introduzida no sistema, considerando que esta não afete o comportamento hidrodinâmico do reator. Para um reator em batelada, assume-se que a temperatura e a composição são espacialmente uniformes, ou seja, não variam com a posição ao longo do comprimento do reator. Entretanto, a composição varia com o tempo e, considera-se que não há fluxo de massa entrando ou saindo (Fio=Fi), os reagentes são introduzidos no sistema. Desta forma, a equação (1) do balanço molar geral para uma espécie química j, pode ser simplificada para a equação (2) (Trambouze et al., 1988; Fogler, 1992). dN i Fi 0 Fi Ri V dt (1) Para um volume constante, então a equação (2) pode ser expressa pela equação (3). 1 dN i d N i / V dCi Ri V dt dt dt onde (3) Ci = concentração da espécie i; Modelo Cinético para determinação das constantes cinéticas Para a determinação das constantes cinéticas, escolheu-se o modelo de Chen et al. (1981), único encontrado na literatura que considera todas as variáveis importantes do processo de hidrogenação. Chen et al. (1981) propuseram modelos semi-empíricos relacionando as constantes cinéticas das taxas de reação e as seletividades da hidrogenação de óleo de soja com a pressão, temperatura, agitação e teor de níquel. As constantes das taxas de conversão foram modeladas baseando-se na Lei de Arhenius e desenvolvendo o modelo em séries de Potência Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.121-132, 2005 Hidrogenação de óleo de soja em um reator de recirculação em batelada. 124 As faixas de condições estudadas pelos autores foram temperatura (400-523 K), pressão (6-47 psig), concentração de níquel (300-2100 ppm) e potência/unidade de volume (0,00020,068 HP/ ft3). k1 = 506 e–5312/T P0,74 C0,31 Po 0,40 (4) k2 = 177 e–5828/T P0,77 C0,51 Po 0,36 (5) k3 = 0,29 e –3709/T 1,02 P 0,19 C Po 0,40 (6) A partir destes modelos e dos dados apresentados por Arévalo Pinedo (1995) e Cabrera Valverde (1996), foram determinados Okata & Gasparetto os perfis de concentração dos ácidos graxos considerando o tempo de indução. Modelo da Cinética da Reação Considerou-se o esquema de reação consecutiva de hidrogenação de óleos vegetais proposto por Bailey (1949), para predizer a taxa de formação dos ácidos linolênico, linoléico, oléico e esteárico em glicerídeos. O mecanismo da reação não considera os isômeros posicionais ou geométricos formados durante a hidrogenação e pode ser descrito pelo seguinte esquema: k1 k2 k3 Linolênico (Ln) Linoléico (L) oléico (O) esteárico (S) C18:3 C18:2 C18:1 C18:0 As equações cinéticas adequadas para o mecanismo acima, para uma reação em batelada, irreversível e de 1a. ordem são: dC Ln k1C Ln dt dC L k 2 C L k1C Ln dt dCO k 3CO k 2 C L dt (7) dCs k 3O dt (11) (8) As condições iniciais são quando t = 0: CLn = CLno, CL = CLo, CO = COo, CS = CSo. (9) E as soluções das equações diferenciais lineares de primeira ordem (8) a (11) são: (10) C Ln C Ln 0 e -k1 t (12) k1 -k2t k1 -k1t e C Ln e C L C L0 C Ln 0 0 k k k k 1 2 2 1 (13) k k1 k 2 e C O Co0 C L0 2 C Ln 0 k k k k k k 2 3 2 3 1 3 k2 k3 - k2 k1 C L C Ln 0 0 k1 k 2 e -k 2t -k3t k 2 k1 e C Ln 0 k 3 k1 k 2 k1 (14) -k1t C S C Ln0 C L0 C S0 CO0 C Ln C L CO (15) são as concentrações onde: C Ln 0 , C L 0 , CO 0 e C S0 dC/dt representa a taxa de formação; iniciais (t = 0) de linolênico, linoléico, oléico e esteárico [kg / 100 kg de óleo]; CLn, CL, CO, CS são as concentrações de linolênico, linoléico, oléico, esteárico em um tempo t [kg / 100 kg de óleo]; k1, k2 e k3 são as constantes cinéticas das taxas de hidrogenação dos ácidos graxos linolênico, linoléico e oléico, respectivamente [s –1]; Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.121-132, 2005 Hidrogenação de óleo de soja em um reator de recirculação em batelada. Este modelo simplificado possibilita quantificar a taxa de seletividade através das seguintes relações: SLn = k1 / k2 (16) SL = k2 / k3 (17) Onde SLn refere-se a seletividade do ácido linolênico e SL seletividade do ácido linoléico. Cálculo da Potência O cálculo da potência dissipada pelo ejetor foi efetuado através da equação (18) de acordo com Cramers et al. (1993) e Dutta & Raghavan (1987). Pj 8 L U j 3 d j 2 (18) onde: Okata & Gasparetto 125 Demais parâmetros do modelo de Chen A temperatura, pressão e concentração de catalisador de acordo com as condições operacionais estudadas por Cabrera Valverde (1996) e pertinente com as faixas estudadas por Chen et al. (1986). As condições foram estudadas a 0,12 Pa; 433 K e 0,1 %; 433 K e 0,25% de concentração de catalisador níquel. Perfil de Concentração dos Ácidos Graxos considerando o Tempo de Indução - Modelo de Chen Para a obtenção do perfil de concentração de ácidos graxos incluindo o tempo de indução, foram feitas as mesmas considerações anteriores incluindo os resultados apresentados na Tabela 2 e, uma modificação no modelo da cinética da reação para considerar o tempo de indução. Determinação do tempo de Indução Pj = Potência do jato na saída do bico do ejetor [W]; L = densidade do líquido [kg/m3]; Uj = velocidade do jato na saída do bico do ejetor [m/s]; dj = diâmetro do jato no bico do ejetor [m]; As considerações para o cálculo da velocidade do jato na saída do bico do ejetor foram a vazão de óleo e a área do bico do ejetor; e para a densidade do óleo, de acordo com as temperaturas estudadas por Cabrera Valverde (1996). A partir do resultado obtido pela equação (18), calculou-se a potência por unidade de volume, considerando o volume de óleo utilizado no trabalho de Cabrera Valverde (1996). Foi obtido através do gráfico tempo de reação versus logaritmo natural do índice de iodo. O ponto obtido através da extrapolação da linha de tendência linear dos pontos da reação até coincidir com o valor do índice de iodo inicial representa o tempo de indução (Hashimoto et al., 1971). A condição de melhor ajuste do tempo de indução foi avaliada excluindo-se inicialmente o primeiro ponto do índice de iodo, depois, o primeiro e o segundo ponto e assim sucessivamente, até encontrar o melhor ajuste da reta. A Figura 1 apresenta as curvas correspondentes aos diferentes testes de hidrogenação do óleo de soja obtidos por Cabrera Valverde (1996) e que foram utilizados para determinar o tempo de indução. Índice de Iodo 140 130 120 180 0C 0,5% Cat 110 160 0C 1% Cat 100 160 0C 0,25% Cat 90 160 0C 0,1%Cat 80 130 0C 0,5% Cat 70 160 0C 0,5% Cat 60 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 Tempo (min) Figura 1 - Velocidade da Reação de Hidrogenação Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.121-132, 2005 Hidrogenação de óleo de soja em um reator de recirculação em batelada. 126 Cálculo das Seletividades Constantes Cinéticas e As seletividades foram calculadas segundo o método da AOCS Tz 1b-79 (1998), onde o valor de índice de iodo utilizado como referência para determinar a composição em ácidos graxos deve ser de 110 e de 80, aproximadamente. As seletividades no presente trabalho foram calculadas com base no índice Okata & Gasparetto de iodo de 110, pois as conversões dos ácidos graxos obtidos por Cabrera Valverde (1996) foram muito rápidas, impossibilitando a utilização de um índice menor. As constantes cinéticas foram calculadas de acordo com as equações 19, 20 e 21. A ferramenta Solver da planilha eletrônica Excel 2000 foi utilizada para a determinação de k2 e k3, com uma precisão de 0,000001 e tolerância de 5%. C Ln C Ln 0 e -k1 t (19) k1 C L C L0 C Ln 0 k1 k 2 k C O Co 0 C L0 2 k 2 - k3 k2 k3 - k2 -k2t k1 -k1t e C Ln e 0 k 2 k1 k1 k 2 C Ln e 0 k 2 - k 3 k1 - k 3 k1 C L C Ln 0 0 k1 k 2 e -k 2 t -k3t (20) k 2 k1 e C Ln 0 k 3 k1 k 2 k1 RESULTADOS E DISCUSSÃO Tempo de Indução A Tabela 2 apresenta os resultados obtidos do tempo de indução para as diferentes condições operacionais. A partir dos resultados apresentados na Tabela 2 observa-se que o tempo de indução diminuiu com o aumento da concentração do catalisador, na condição de 433 K e, também com o aumento de temperatura, na condição de (21) -k1t 0,5% de catalisador. Observações estas, coerentes com os dados apresentados por Albright & Wisniak (1962), Wisniak & Albright (1961) e Hashimoto et al. (1971). O maior tempo de indução encontrado (6000s) foi para a condição de menor temperatura (403 K). As Figuras 2 e 3 mostram como foram obtidos os tempos de indução para todas as condições operacionais estudadas a partir dos dados experimentais apresentados por Cabrera Valverde (1996). Tabela 2 – Determinação do Tempo de Indução para as diferentes condições operacionais Catalisador Ni % 0,50 0,10 0,25 0,50 1,00 0,5 Temperatura K 403 433 433 433 433 453 Equação R2 II=167,37*exp(-4,0*10-5 t) II=150,87*exp(-6,0*10-5 t) II=140,61*exp(-9,0*10-5 t) II=135,17*exp(-9,0*10-5 t) II=135,11*exp(-1,0*10-4 t) II=132,12*exp(-1,0*10-4 t) 0,9734 0,9927 0,9952 0,9969 0,9991 0,9972 A partir dos resultados apresentados na Tabela 2 observa-se que o tempo de indução diminuiu com o aumento da concentração do catalisador, na condição de 433 K e, também com o aumento de temperatura, na condição de 0,5% de catalisador. Observações estas, coerentes com os dados apresentados por Albright & Wisniak (1962), Wisniak & Tempo de Indução (s) 6000,00 2520,00 1000,20 600,00 461,40 199,80 Albright (1961) e Hashimoto et al. (1971). O maior tempo de indução encontrado (6000s) foi para a condição de menor temperatura (403 K). As Figuras 2 e 3 mostram como foram obtidos os tempos de indução para todas as condições operacionais estudadas a partir dos dados experimentais apresentados por Cabrera Valverde (1996). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.121-132, 2005 Ln Índice de Iodo Hidrogenação de óleo de soja em um reator de recirculação em batelada. Okata & Gasparetto 127 5,00 4,75 4,50 453 K 0,5 % Cat 4,25 403 K 0,5 % Cat Linear (I. Iodo Inicial) 4,00 0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 Tempo (s) Ln Índice de Iodo Figura 2 – Tempo de Indução (403 e 453 K) 5 4,75 4,5 433 K 0,1% Cat 433 K 0,25% Cat 433 K 0,5% Cat 4,25 433 K 1% Cat Linear (I. Iodo inicial) 4 0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 Tempo (s) Figura 3 – Tempo de Indução (433 K) Alguns dos valores dos tempos de indução apresentados por Bencke (2004) diferem dos encontrados no seguinte trabalho. Estas diferenças podem ser devido aos dados obtidos graficamente do trabalho apresentado por Cabrera Valverde (1996) e que foram reproduzidos na Figura 2 e, também devido ao próprio método de obtenção do tempo de indução. Cabe salientar que não houve outra forma de obter os dados de Cabrera Valverde (1996), há não ser a partir dos gráficos apresentados em seu trabalho. Talvez, os tempos de indução apresentados na Tabela 2 poderiam ser menores, pois o catalisador utilizado por Cabrera Valverde (1996) foi o mesmo citado e utilizado no trabalho de Antoniassi (1991), ou seja, o catalisador esteve armazenado por um período de 5 a 6 anos. Segundo Albright (1987), durante o armazenamento, parte do oxigênio do ar se difunde na superfície catalítica, apesar de protegida com resíduos do óleo já endurecido.Assim, os óxidos de níquel na superfície são convertidos para hidretos de níquel, bloqueando os sítios ativos do catalisador. Desta forma, o catalisador necessitaria de um tempo para ser reativado durante uma nova reação. Segundo Coenen (1976), Hui (1996), Allen (1978) e Grau et al. (1988) os valores obtidos para a seletividade linoléica e linolênica encontram-se entre a faixa de valores esperada para catalisadores de níquel para todas as condições estudadas.Com o aumento da temperatura, observa-se um aumento da seletividade linoléica da reação, para a concentração de 0,5% Ni nas temperaturas de 403 K, 433 K e 453 K. À medida que se aumentou a concentração do catalisador, a seletividade linoléica da reação foi maior, para a Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.121-132, 2005 Hidrogenação de óleo de soja em um reator de recirculação em batelada. 128 temperatura de 433 K, nas concentrações de Okata & Gasparetto 0,1%;0,25%; 0,5% e 1% de catalisador níquel. Tabela 3 - Constantes cinéticas e seletividades calculadas com os dados de Cabrera Valverde (1996) T(K) 403 Catalisador (%) 0,50 K1 (s-1) 8,78E-05 K2 (s-1) 3,69E-05 K3 (s-1) 1,64E-06 SLn 2,38 SL 22,59 433 433 433 433 453 0,10 0,25 0,50 1,00 0,50 1,41E-04 3,03E-04 3,51E-04 4,51E-04 4,56E-04 6,63E-05 1,37E-04 1,66E-04 2,10E-04 2,22E-04 4,44E-06 5,67E-06 4,22E-06 4,48E-06 4,11E-06 2,13 2,21 2,12 2,15 2,05 14,92 24,13 39,21 46,96 54,06 A Tabela 4 mostra os resultados apresentados por Cabrera Valverde (1996) para a seletividade linoléica e linolênica e os resultados aqui obtidos conforme o item 2.2.7. e seus respectivos erros relativos. As diferenças entre os resultados obtidos podem ser atribuídos ao método de obtenção dos ácidos graxos e de seus respectivos tempos de reação, para o índice de iodo de 110, a partir dos gráficos apresentados por Cabrera Valverde (1996). Apesar disso, observa-se que os resultados apresentados na Tabela 4 não apresentam erros relativos muito elevados. Perfil de Concentração de Ácidos Graxos Observa-se nas Figuras 4, 6, 8 e 10 que as curvas experimentais referentes aos ácidos graxos linoléico e oléico, obtidos a partir do trabalho de Cabrera Valverde (1996), apresentam uma grande diferença em relação às curvas obtidas através do modelo de Chen et al. (1986). Mas, quando considerado o tempo de indução, essa diferença diminui, ocorrendo uma significativa melhora dos resultados, como pode ser observado nas Figuras 5, 7, 9 e 11. Tabela 4 – Comparação entre as Seletividades T (0C) 403 Catalisador (%) 0,50 SLn1 2,38 Ácidos Graxos (%) 433 0,10 2,13 433 0,25 2,21 433 0,50 2,12 433 1,00 2,15 453 0,50 2,05 1 resultados obtidos conforme o item 2.2.7 SLn2 2,00 2 ER (%) -19,00 SL1 22,59 SL2 23,73 ER(%) 4,80 2,00 -6,50 14,92 19,81 24,69 1,90 -16,32 24,13 27,04 10,76 2,00 -6,00 39,21 39,18 -0,08 1,90 -13,16 46,96 44,20 -6,24 2,00 -2,50 54,06 54,17 0,20 resultados apresentados por Cabrera Valverde (1996) 80 60 40 20 0 0 5000 10000 15000 T empo (s) L - Chen L - Valverde O - Chen O - Valverde Figura 4 - Perfil de Concentração de Ácidos Graxos (L e O) s/ tempo de indução (433 K 0,1% Cat. 0,12 Pa) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.121-132, 2005 Ácidos Graxos (%) Hidrogenação de óleo de soja em um reator de recirculação em batelada. Okata & Gasparetto 129 80 60 40 20 0 0 5000 10000 15000 T empo (s) L - Chen L - Valverde L - T Indução O - Chen O - Valverde O - T Indução Figura 5 - Perfil de Concentração de Ácidos Graxos (L e O) c/ tempo de indução (433 K 0,1 % Cat. 0,12 Pa) Ácidos Graxos (%) 12 10 8 6 4 2 0 0 5000 10000 15000 T empo (s) Ln - Chen Ln - Valverde S - Chen S - Valverde Ácidos Graxos (%) Figura 6 - Perfil de Concentração de Ácidos Graxos(Ln e S) s/ tempo de indução (433 K 0,1% Cat. 0,12 Pa) 12 10 8 6 4 2 0 0 5000 10000 15000 T empo (s) Ln - Chen Ln - Valverde Ln - T Indução S - Chen S - Valverde S - T Indução Figura 7 - Perfil de Concentração de Ácidos Graxos (Ln e S) c/ tempo de indução (433 K 0,1 % Cat. 0,12 Pa) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.121-132, 2005 Hidrogenação de óleo de soja em um reator de recirculação em batelada. Okata & Gasparetto 14 Ácidos Graxos (%) 130 12 10 8 6 4 2 0 0 5000 10000 15000 T empo (s) Ln - Chen Ln - Valverde S - Chen S - Valverde Ácidos Graxos (%) Figura 8 - Perfil de Concentração de Ácidos Graxos (Ln e S) s/ tempo de indução (433 K 0,25 % Cat. 0,12 Pa) 12 10 8 6 4 2 0 0 5000 10000 15000 T empo (s) Ln - Chen Ln - Valverde Ln - T Indução S - Chen S - Valverde S - T Indução Ácidos graxos (%) Figura 9 - Perfil de Concentração de Ácidos Graxos (Ln e S) c/ tempo de indução (433 K 0,25 % Cat. 0,12 Pa) 80 60 40 20 0 0 5000 10000 15000 T empo (s) L - Chen L - Valverde O - Chen O - Valverde Figura 10 - Perfil de Concentração de Ácidos Graxos (L e O) s/ tempo de indução (433 K 0,25 % Cat. 0,12 Pa) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.121-132, 2005 Hidrogenação de óleo de soja em um reator de recirculação em batelada. Okata & Gasparetto 131 Figura 11 - Perfil de Concentração de Ácidos Graxos (L e O) c/ tempo de indução (433 K 0,25 % Cat. 0,12 Pa) the American Oil Chemists’ Society, v.55, n.11, p.792-795, 1978. CONCLUSÕES Os tempos de indução encontrados foram coerentes com os dados apresentados na literatura, diminuindo com o aumento da concentração do catalisador e também com o aumento de temperatura. Os resultados encontrados para os tempos de indução poderiam ter sido menores, pois o catalisador aqui considerado foi o mesmo citado e utilizado no trabalho de Antoniassi (1991), ou seja, o catalisador esteve armazenado por um período de 5 a 6 anos. O modelo de Chen et al. (1981) foi considerado adequado para descrever o comportamento da hidrogenação de óleo de soja através do reator de recirculação, quando considerado o tempo de indução e comparando com os dados obtidos a partir do trabalho de Cabrera Valverde (1996). AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao CNPQ pelo apoio financeiro concedido. Antoniassi, R. Hidrogenação Seletiva de Óleo de Soja: Desempenho de Catalisadores de Níquel e Influência das Condições de Processo. Campinas, 1991. 142p. Dissertação de Mestrado em Tecnologia de Alimentos. FEA, UNICAMP. AOCS – Official Methods and Recommended Practices of the American Oil Chemists` Society, Champaign, 5a. ed., 1998. Arévalo Pinedo, A. Projeto e Desempenho de um Reator de Recirculação para Hidrogenação. Campinas, 1995. 82p. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Alimentos. FEA, UNICAMP. Bencke, S. G. Modelagem e Simulação do Processo de Hidrogenação de Óleo de Soja em um Reator de Recirculação. Campinas, 2004. 227p. Tese de Doutorado em Engenharia de Alimentos. FEA, UNICAMP. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Albright, L. F.; Wisniak, J. Selectivity and Isomerization During Partial Hydrogenation of Cottonseed Oil and Methyl Oleate: Effect of Operating Variables. Journal of the American Oil Chemists’ Society, v.39, p.14-19, 1962. Allen, R. R. 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Walpers) sob 8 diferentes tratamentos: T1- grãos de feijão com 5% de sementes de mamona triturada integral; T2- feijão com 10% de sementes de mamona triturada integral; T3- feijão com 5% de sementes de mamona triturada, parcialmente desengordurada; T4- feijão com 10% de sementes de mamona triturada, parcialmente desengordurada; T5- feijão com 5% de casca de mamona triturada; T6- feijão com 10% de casca de mamona triturada; T7– feijão sem tratamento e T8– feijão tratado com Gastoxin (fosfeto de alumínio). A cada 30 dias foram analisados o efeito sobre o controle do caruncho (Callosobruchus maculatus) e o efeito sobre os componentes nutricionais do grão. Pelos resultados, observa-se que os tratamentos T1 e T2 foram eficientes no combate ao Callosobruchus maculatus e que os tratamentos com mamona parcialmente desengordurada não exerceram efeito no combate ao caruncho. Observa-se, ainda, que grãos tratados com mamona integral apresentaram o menor teor de água no final do armazenamento e que o teor de extrato etéreo variou de 1,003% a 2,101%, sendo o maior teor observado no tratamento T2. Não ocorreram alterações no teor de cinzas nem nos teores de proteínas do feijão. Palavras-chave: insecticida, Ricinus communis, infestação THE STORAGE OF COWPEA BEAN UNDER TREATMENTS WITH CASTOR BEAN: A STUDY OF THE Callosobruchus maculatus PREVENTION AND NUTRITIONAL COMPONENTS ALTERATIONS ABSTRACT Cowpea bean (Vigna unguiculata (L.) Walpers) was submitted to 8 different treatments with castor bean (Ricinus communis L.) and their storage was studied, during six months. The treatments were been: T1- bean grains with 5% of powdered integral castor bean; T2- bean grains with 10% of powdered integral castor bean; T 3- bean grains with 5% of powdered castor bean and partially degreased; T4- bean grains with 10% of powdered castor bean and partially degreased; T5- bean grains with 5% of powdered peels castor bean; T6- bean grains with10% of powdered peels castor bean; T7-bean without treatment and T8- bean with conventional treatment (gas toxin). At every 30 days were analyzed the influence on the control of the Callosobruchus maculatus and the influence on the nutritional components. It was observed that the treatments T1 and T2 were efficient in the combat to the Callosobruchus maculatus; the powdered castor bean, partially defatted, were not efficient in the combat to the Callosobruchus maculatus; he samples treated with integral castor bean presented the smallest content of water at the end of the storage; the text of ethereal extract oscillated from 1,003% to 2,101% and the largest text was observed for the treatment T2. They didn't happen alterations in the contents of ashes nor in the contents of proteins of the bean. Keywords: insecticide, Ricinus communis, infestation _____________________________________________ Protocolo 10 de 21/02/2004 1 Bióloga, M.Sc. em Engenharia Agrícola, UFCG 2 Profa. Dra. da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola da UFCG, CEP 58109-970 , Campina Grande, PB, e-mail: [email protected] 3 Prof. Dr. da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola da UFCG, e-mail: [email protected] 4 Química Industrial, M Sc.em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Embrapa Algodão, e-mail: [email protected] 5 Engenheiro Elétrico, Unidade Acadêmica de Engenharia Elétrica, email: [email protected] 134 Armazenamento de feijão macassar tratado com mamona: estudo da prevenção do Callosobruchus maculatus ..... Almeida et al. INTRODUÇÃO No Brasil, o feijão macassar (Vigna unguiculata (L.) Walpers.), é considerado uma cultura importante, por se tratar da principal fonte de proteína vegetal, principalmente para as camadas mais pobres da sociedade, tanto que envolve uma grande área de produção, na sua maioria cultivada por pequenos agricultores. É uma planta anual herbácea, trepadora ou não, pertence à família Fabaceae, subfamília Papilionoidea, gênero Vígna; é originária do continente americano, com denominação variada de acordo com a região, como: feijão-de-corda, feijão pardo, feijão de vara, feijão de vaca, caupi, feijão baiano e feijão-fradinho. Apesar da sua extensa área de produção, grande quantidade de grãos não é utilizada devido, principalmente, ao ataque por pragas. Para seu controle durante o armazenamento, os agricultores utilizam produtos químicos, que põem em risco a saúde do homem e agridem o meio ambiente, além de se apresentarem fitotóxicos para as plantas cultivadas. A utilização de plantas com atividade inseticida no controle de pragas no armazenamento deve-se principalmente, ao surgimento da resistência dos insetos a inseticidas organossintéticos, à contaminação causada por estes, à presença de resíduos químicos tóxicos nos alimentos e à intoxicação dos operários aplicadores de inseticida (Hernandez e Vendramim, 1997). De acordo com Vendramim (2000), a utilização de plantas inseticidas como método alternativo de controle de pragas, não é uma técnica recente; seu uso era comum, sobretudo em países tropicais, antes do advento dos inseticidas sintéticos. O ressurgimento das pesquisas com essas plantas ocorreu em razão da necessidade de novos compostos biorracionais que controlem as pragas sem provocar problemas ao homem nem ao ambiente. O emprego de plantas inseticidas tem adquirido importância, em especial no segmento dos alimentos orgânicos, cujos cultivo e consumo vêm crescendo rapidamente em todo o mundo, nos últimos anos. Ele afirma, ainda, que as pesquisas com plantas inseticidas são realizadas, basicamente, com o objetivo de se descobrirem moléculas com atividade contra insetos, que permitam a síntese de novos produtos inseticidas e a obtenção de inseticidas naturais para uso direto no controle de insetos pragas. No armazenamento de grãos muito se tem feito no sentido de redução das perdas e conservação adequada dos produtos agrícolas, pois quaisquer modificações na qualidade ou disponibilidade dos alimentos são imediatamente acusadas pelo homem, com grandes repercussões socioeconômicas; esses grãos são susceptíveis a infestação de pragas e doenças e o controle químico é o tipo de tratamento mais utilizado deixando, às vezes, resíduos tóxicos no organismo humano (Silva, 1995). Grande é a necessidade de formulações que façam o controle de pragas, principalmente em grãos, com o menor prejuízo possível para a saúde humana. Um novo horizonte que se abre neste sentido é a utilização de extratos naturais ou, mesmo, o pó de algumas partes das plantas, cuja eficácia tenha sido observada, embora não cientificamente; outra possibilidade é o uso do pó de mamona. Tendo em vista a carência de novas formulações para o combate de pragas de grãos armazenados, que não tragam malefícios ao homem e se conhecendo algumas das propriedades atribuídas à mamona, que possam vir a trazer eficácia no combate às pragas durante o armazenamento, desenvolveu-se esta pesquisa em que se armazenou feijão macassar, durante 180 dias, juntamente com mamona triturada em diferentes quantidades e diferentes formulações, com o intuito de se chegar à dosagem mínima eficiente, no armazenamento de feijão macassar, com a finalidade de se verificar o efeito no controle do inseto Callosobruchus maculatus e sobre os componentes nutricionais. MATERIAL E MÉTODOS Os ensaios foram conduzidos no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas (LAPPA) da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG – Campus I, e no Laboratório de Química da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, ambos em Campina Grande. Sementes de feijão (Vígna unguiculata, (L.) Walpers) provenientes do município de Jucurutu, RN, e sementes de mamona, oriundas da Embrapa Algodão, foram usadas neste experimento de armazenamento realizado no período de fevereiro a agosto de 2002, sendo 80 kg de grãos de feijão Vígna unguiculata, de Jucurutu, RN, e cerca de 8 kg de sementes de mamona da Embrapa Algodão. Adotaram-se 8 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.133-140, 2005 Armazenamento de feijão macassar tratado com mamona: estudo da prevenção do Callosobruchus maculatus ..... Almeida et al. tratamentos (condições de armazenamento), da seguinte forma: Tratamento 1 (T1)-grãos de feijão + 5% de sementes de mamona triturada; Tratamento 2 (T2)-grãos + 10% de sementes trituradas; Tratamento 3 (T3)-grãos + 5% de sementes trituradas, parcialmente desengorduradas; Tratamento 4 (T4)-grãos + 10% de sementes trituradas, parcialmente desengorduradas; Tratamento 5 (T5)- grãos + 5% de casca de mamona triturada. Tratamento 6 (T6) - grãos + 10% de casca triturada. Tratamento 7 (T7)- grãos sem tratamento. Tratamento T8 - grãos tratados com Gastoxin, da forma convencional. Para cada condição de armazenamento e tratamento, foram utilizadas garrafas, tipo PET, com capacidade para 2 kg, pintadas com tinta preta, spray. Na sua forma integral, as sementes com teor de água em torno de 9% b.u., foram trituradas em moinho doméstico e acondicionadas em sacos plásticos, lacrados e guardados em refrigerador a temperatura média de 8°C Para a obtenção da mamona parcialmente desengordurada, pesaram-se cerca de 600 g da semente triturada e acrescentaramse 700ml de solvente n-hexano, deixando-se decantar, durante 24 horas, em capela. A cada dia, a micela (óleo+hexano) era observada e retirada para um outro erlenmeyer. Este mesmo procedimento foi repetido, até a mistura tornarse clara, sem óleo na superfície. Após o clareamento, a micela foi separada da amostra, e esta foi colocada em bandejas de alumínio forradas com papel manteiga e levadas para secar em casa de vegetação. As sementes com teor de água de 5,4% b.u. foram descascadas manualmente, com o auxílio de um alicate, e as cascas trituradas em moinho doméstico. Mensalmente, retiravam-se amostras de 10 g dos grãos armazenados de cada tratamento, para realização de todas as análises, em três repetições. A análise de infestação era realizada de imediato, a partir de quatro subamostras de 100 sementes por tratamento, nas quais se observavam, individualmente, as sementes atacadas e a presença de ovos, de insetos adultos ou de orifícios que indicassem a saída de insetos. O resultado foi obtido a partir da 135 média de sementes infestadas nas 4 subamostras. Determinou-se o teor de água pelo método padrão de estufa a 105 ± 3ºC, durante 24 horas e as amostras foram pesadas em balança digital com precisão de 0,001g. O extrato etéreo foi obtido pela metodologia de Randall (1974), utilizando-se 2g da semente triturada e o hexano, como solvente de extração,. Realizou-se o teor de cinzas pelo método n° 14006, descrito em AOAC (1975). O teor de proteínas foi determinado pelo método semimicro Kjeldahl, com adaptação para N, por espectrometria-VIS, segundo o método descrito em Le Poidevin e Robinson (1964). Para obtenção da proteína bruta multiplicou-se o resultado obtido pelo fator de transformação 6,25. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos com relação à infestação por Callosobruchus maculatus, nos diferentes tratamentos de feijão macassar, durante os 180 dias de armazenamento, encontram-se na Tabela 1. Verifica-se que os tratamentos em que se usou o pó de mamona integral nas duas concentrações testes (5 % e 10 %) foram eficientes no combate às pragas. O tratamento em que se utilizou pó de mamona parcialmente desengordurada mostrou-se eficiente apenas na concentração de 5 %; quando aumentou, tratamento T4, observou-se presença de pragas e grãos perfurados, logo aos 90 dias de armazenamento, provavelmente, porque neste material existia mais casca que óleo. Pelos resultados obtidos, a casca parece funcionar como material contaminante, que favorece a proliferação de pragas. O mesmo ocorreu com relação aos tratamentos T5 e T6. Pelo observado nos tratamentos T1 e T2, o controle da praga parece ter correlação com a presença do óleo da mamona. Com relação ao teor de água, fez-se uma análise de variância dos fatores tratamento (F1) e tempo (F2), detectando-se diferenças significativas em nível de 1% de probabilidade entre os tratamentos, os períodos de tempo e na interação entre esses fatores. Na Tabela 2, vê-se a comparação entre as médias de teor de água (% b.u) para os diferentes tratamentos, ao longo do período de armazenamento. Verifica-se ainda, aumento significativo no teor de água para os Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.133-140, 2005 136 Armazenamento de feijão macassar tratado com mamona: estudo da prevenção do Callosobruchus maculatus ..... Almeida et al. tratamentos T5, T6, T7 e T8, os quais não foram tratados com óleo de mamona, o que confirma o fato anteriormente mencionado, de que o óleo contido na mamona possa ter exercido influência na migração da água, de fora para dentro dos grãos de feijão, atuando como agente deletério à absorção de água. Por esses resultados obtidos nos tratamentos durante os 6 meses de armazenamento, verifica-se que o feijão macassar armazenado, inicialmente com 10,8% de teor de água (b.u.), apresentou algumas alterações durante o armazenamento, as quais foram diferentes entre os tratamentos. De modo geral, ocorreu aumento no teor de água no final do armazenamento, 12,76%, 12,23%, 12,49%, 13,30%, 13,85%, 13,57%, 13,92% e 14,29% (b.u.) para os tratamentos T1, T2, T3, T4, T5, T6, T7 e T8, respectivamente. A maior alteração do teor de água foi constatada para o produto tratado e armazenado na forma convencional, seguido do produto armazenado sem tratamento. Para os demais tratamentos, observou-se que as amostras do produto, armazenadas com 5% e 10% de casca de mamona triturada, apresentaram teores de água bem próximos aos do produto armazenado sem tratamento e daquele com Gastoxin, o que leva a crer que o teor de óleo de mamona contido nos demais tratamentos, possa ter levado a uma mudança na permeabilidade do produto, devido à formação de uma película de óleo na superfície, fato considerado vantajoso, por manter baixa a umidade do produto. Na Tabela 3, estão listados os valores dos teores de água do feijão macassar para a interação Tratamento x Período de Tempo e os resultados do teste de Tukey a 1% de probabilidade. Constatam-se, nesta tabela, aumentos significativos no teor de água com o período de armazenamento, os quais foram mais acentuados nos tratamentos T5, T6, T7 e T8, sem gordura, ou seja, nas amostras tratadas com casca de mamona triturada, com Gastoxin e sem tratamento. Verifica-se que, de modo geral, as alterações no teor de água das amostras desses tratamentos ocorreram logo aos 30 dias de armazenamento, enquanto nas demais essas alterações foram verificadas somente a partir dos 120 dias e assim permaneceram até o final do período. Os valores obtidos para o extrato etéreo encontrado variaram de 1,003% a 2,101% e estão de acordo com os obtidos por Soares et al. (1995) que, pesquisando quatro cultivares de Phaseolus vulgaris L, obtiveram percentuais de extrato etéreo na ordem de: 1,85% a 2,12% (cultivar Rico); 1,45% (cultivar Rosinha) e 1,25% (cultivares Carioca e Piratã). Pela análise de variância, obtiveram-se resultados significativos dos fatores tratamento e tempo, e da interação entre esses dois fatores, sobre o extrato etéreo. Na Tabela 4, tem-se a comparação entre as médias do extrato etéreo nos diversos tratamentos e para o fator período tempo. Observa-se que o maior teor de extrato etéreo foi obtido com o tratamento T2, que recebeu a maior dosagem de óleo de mamona. Observa-se, ainda, que o teor de extrato etéreo obtido diminui com a redução do teor de óleo de mamona usado em cada tratamento, o que aponta a ocorrência de absorção do óleo de mamona pelo grão. Com relação ao período de armazenamento, verifica-se aumento da absorção de óleo pelo grão, para aqueles armazenados com mamona integral triturada, provavelmente devido ao maior tempo de contato entre eles. Na Tabela 5, constam os valores de extrato etéreo em feijão macassar para a interação Tratamento x Tempo e as comparações entre médias realizadas pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade. Percebe-se, nos tratamentos T1, T2, T3 e T4, crescimento significativo do teor de extrato etéreo com o aumento do tempo de armazenamento, enquanto nos tratamentos em que a presença de óleo de mamona é mínima (T5 e T8) ou inexiste (T7 e T8); esses teores se mantiveram inalterados estatisticamente até o final do armazenamento. O teor de extrato etéreo nos primeiros 4 tratamentos são os maiores teores durante todo o período de armazenamento. Pela análise de variância do teor de cinzas para os fatores isolados e para a interação entre eles, percebe-se que os diferentes tratamentos ao longo dos 180 dias não tiveram efeito significativo sobre o teor de cinzas medido nos grãos de feijão macassar; mas o fator tempo teve efeito significativo sobre este parâmetro, segundo a Tabela 6. A interação Tratamento x Tempo também não afetou significativamente o teor de cinzas; pela Tabela 6, pode-se observar também, diminuição no teor de cinzas com o aumento do período de armazenamento. Da análise de variância do teor de proteínas em relação aos fatores tratamento e tempo e para a interação entre esses dois fatores com a proteína, obtiveram-se respostas Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.133-140, 2005 Armazenamento de feijão macassar tratado com mamona: estudo da prevenção do Callosobruchus maculatus ..... Almeida et al. significativas para o fator isolado período de tempo e para a interação Tratamento x Período. O teor de proteína médio encontrado nesta pesquisa foi de 26,93% estando próximo, portanto, dos valores obtidos por Moura et al. (1981), que encontraram valores protéicos de 20,41% a 26,18% em diversas cultivares de feijão macassar seco. Apresentam-se na Tabela 7, os resultados da comparação entre as médias de 137 proteína para os fatores tratamento e período de tempo; percebe-se que não há diferença significativa entre os tratamentos. Com relação ao período de armazenamento, observa-se que houve diferença significativa, porém não existe diferença quanto ao teor de proteína determinado nos grãos de feijão no início e no final do armazenamento. Ocorreu interação significativa entre os tratamentos e os períodos de tempo apenas aos 90 dias (Tabela 8). Tabela 1. Resultados da análise de infestação por pragas, em feijão macassar sob diferentes tratamentos, durante 180 dias de armazenamento. Campina Grande, PB. 2003 Tratamento 0 PERÍODO DE ARMAZENAMENTO (Dias) 30 60 90 120 150 180 T1 N N N N N N N T2 N N N N N N N T3 N N N OPF OPF OPF OPF T4 N N N OPF OPF OPF OPF T5 N N N P OPF OPF OPF T6 N N OPF OPF OPF OPF OPF T7 N N OPF OPF OPF OPF OPF T8 N N O OPF OPF OPF OPF (N) grãos não infestados; (O) presença de ovos; (P) presença de pragas; (F) grãos perfurados T1 – Feijão com 5% de mamona triturada integral; T2 – Feijão com 10% de mamona triturada integral; T3 – Feijão com 5% de mamona triturada integral parcialmente desengordurada com nhexano; T4 – Feijão com 10% de mamona triturada integral parcialmente desengordurada com nhexano; T5 – Feijão com 5% de casca de mamona triturada; T6 – feijão com 10% de casca de mamona triturada; T7 – feijão sem tratamento e T8 – Feijão tratado com Gastoxin TABELA 2. Comparação entre as médias de teor de água (% b.u) para os diferentes tratamentos ao longo do período de armazenamento Teor de Período de Teor de água (% Tratamento dado ao feijão água (% b.u) Tempo (dias) b.u) T1 ( 5% mam. trit. integral) 11,832 b 0 10,777 e T2 (10% mam. trit. integral) 11,468 b 30 12,297 cd T3( 5% mam. Tri. parcialmente deseng.) 11,819 b 60 12,230 cd T4 (10% mam. trit. parcialmente deseng.) 11,758 b 90 12,508 bc T5 (5% de casca mam. trit. seca ao sol) 12,654 a 120 12,001 d T6 (10% de casca mam. trit. seca ao sol) 12,788 a 150 12,688 b T7 (sem tratamento) 12,847 a 180 13,304 a T8 (com Gastoxin ) 12,897 a DMS1 = 0,419 DMS2 = 0,382 Obs: As médias seguidas pela mesma letra em cada coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, a 1% de probabilidade Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.133-140, 2005 138 Armazenamento de feijão macassar tratado com mamona: estudo da prevenção do Callosobruchus maculatus ..... Almeida et al. Tabela 3. Valores do teor de água do feijão macassar para interação entre Tratamento e Período de Tempo e resultados do teste de Tukey, a 1% de probabilidade Tratam. 0 30 Período de Tempo (dias) 60 90 120 150 180 10,77 aC 10,85 bcC 12,74 aA 11,33 dBC 12,13 aAB 12,23 bcAB 12,77 bcdA T1 10,77 aBC 10,18 cC 11,60 bAB 12,10 cdA 11,60 abAB 11,78 cAB 12,23 dA T2 10,77 aC 11,66 bABC 11,36 bBC 11,93 cdAB 10,88 abAB 12,63 abcA 12,49 cdA T3 10,77 aC 11,82 bBC 11,61 bBC 11,35 cdC 10,96 bC 12,47abcAB 13,30 abcdA T4 10,77 aD 13,68 aA 13,32 aAB 12,45 bcBC 12,02 abC 12,47abcBC 13,85 abA T5 10,77 aC 13,25 aAB 12,36 abB 13,51 abA 12,67 aAB 13,35 aAB 13,57 abcA T6 10,77 aC 13,42 aAB 12,42 abB 13,69 aA 12,42 aB 13,27 abAB 13,92 aA T7 10,77 aD 13,49 aAB 12,41 abBC 13,69 aA 12,32 aC 13,28abABC 14,29 aA T8 DMScoluna = 1,111 DMSlinha = 1,076 MG = 12,258 CV% = 3,566 Obs: As médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey, a 1% de probabilidade Tabela 4. Comparação entre as médias de extrato etéreo (%) nos diversos tratamentos e para o fator período tempo Tratamento dado ao feijão Extrato Período de Extrato etéreo (%) etéreo (%) tempo (dias) T1 ( 5% mam. trit. integral) 1,761 b 0 1,127 de T2 (10% mam. trit. integral) 2,101 a 30 1,281 cd T3 ( 5% mam. trit. parcialmente deseng.) 1,443 c 60 1,400 bc T4 (10% mam. trit. parcialmente deseng.) 1,425 c 90 1,110 e T5 (5% de casca mam. trit. seca ao sol) 1,003 d 120 1,536 ab T6 (10% de casca mam. trit. seca ao sol) 1,038 d 150 1,475 ab T7 (sem tratamento) 1,101 d 180 1,620 a T8 (com Gastoxin ) 1,041 d DMS1 = 0,1867 DMS2 = 0,1999 Obs: As médias seguidas pela mesma letra em cada coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, a 1% de probabilidade TABELA 5. Valores de extrato etéreo em feijão macassar para interação Tratamento x Período de Tempo e resultados do teste de Tukey, a 1% de probabilidade Período de Tempo (dias) 0 30 60 90 120 150 180 Tratam. 1,267 aC 1,660 abB 1,970 abAB 1,493abBC 1,883 bAB 1,86 abAB 2,327 bcA T1 1,267 aD 1,807 aC 2,260 aBC 1,833 aC 2,516 aAB 2,267 aBC 2,897 aA T2 1,267 aB 1,151 cdB 1,367cdB 1,093 bcB 1,563 bcdB 1,387 bcB 2,417 abA T3 1,267 aBC 1,067 cdC 1,550 bcAB 1,170 bcBC 1,700 bcA 1,503 bcABC 1,863 cA T4 1,267 aA 0,797 dA 1,053 dA 0,740 cA 1,153 deA 1,197 cA 0,953 dA T5 1,267 aA 1,084cdC 1,033 dA 0,850 cA 1,020 eA 1,307 cA 0,843 dA T6 1,267 aAB 1,467abcA 0,940 dB 0,960 cB 1,213 cdeAB 1,197 cAB 0,800 dB T7 1,267 aAB 1,217bcdAB 1,027 dAB 0,740 cB 1,240 cdeA 1,077 cAB 0,860 dAB T8 DMScoluna = 0,4940 DMSlinha = 0,4804 MG = 1,36405 CV% = 14,36934 Obs: As médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, a 1% de probabilidade Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.133-140, 2005 Armazenamento de feijão macassar tratado com mamona: estudo da prevenção do Callosobruchus maculatus ..... Almeida et al. 139 Tabela 6. Comparação entre as médias do teor de cinzas (%) para os fatores tratamento e período de tempo Teor de cinzas Período de Teor de cinzas (%) Tratamento dado ao feijão (%) tempo (dias) T1 (5% mam. trit. integral) 3,7571 a 0 4,1533 a T2 (10% mam. trit. integral) 3,9033 a 30 3,9846 ab T3 (5% mam. trit. parcialmente deseng.) 3,8091 a 60 3,6583 c T4(10%mam. trit. parcialmentes deseng.) 3,7324 a 90 4,0275 ab T5 (5% de casca mam. trit. seca ao sol) 3,7876 a 120 3,5742 c T6 (10% de casca mam. trit. seca ao sol) 3,9476 a 150 3,8292 bc T7 (sem tratamento) 3,9310 a 180 3,6717 c T8 (com Gastoxin ) 3,8733 a DMS1 = 0,3287 DMS2 = 0,3817 Obs: As médias seguidas pela mesma letra em cada coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, a 1% de probabilidade Tabela 7. Comparação entre as médias do teor de proteínas (%) para os fatores tratamento e período de tempo Teor de Período de Teor de proteína Tratamento dado ao feijão proteína (%) Tempo (dias) (%) 0 27,170 b T1 ( 5% mam. trit. integral) 26,776 a 30 25,745 cd T2 (10% mam. trit. integral) 26,670 a 60 26,537 bc T3 ( 5% mam. trit. parcialmente deseng.) 27,422 a 90 30,038 a T4 (10% mam. trit. parcialmente deseng.) 27,219 a 120 27,194 b T5 (5% de casca mam. trit. seca ao sol) 26,824 a 150 25,434 d T6 (10% de casca mam. trit. seca ao sol) 26,800 a 180 26, 387 bcd T7 (sem tratamento) 26,659 a T8 (com Gastoxin ) 27,064 a DMS1 = 1,19193 DMS2 = 1,08320 Obs: As médias seguidas pela mesma letra em cada coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, a 1% de probabilidade Tabela 8. Valores do teor de proteína de feijão macassar para interação Tratamento x Período de Tempo, segundo teste de Tukey, a 1% de probabilidade Período de Tempo (dias) 0 30 60 90 120 150 27,17 aB 25,36 aB 25,81 aB 30,87 aA 27,01 aB 25,58 aB T1 27,17 aAB 24,77 aB 25,60 aB 29,43 aA 27,62 aAB 25,27 aB T2 27,17 aB 26,60 aB 27,41 aAB 30,40 aA 27,87 aAB 25,58 aB T3 27,17 aB 25,75 aB 26,95 aB 31,18 aA 27,10 aB 25,92 aB T4 27,17 aAB 25,23 aB 26,33 aB 29,53 aA 27,37 aAB 25,34 aB T5 27,17 aAB 25,51 aB 26,63 aAB 29,43 aA 27,02 aAB 25,34 aB T6 27,17 aAB 26,79 aAB 26,35 aAB 29,24 aA 26,18 aAB 25,16 aB T7 27,17 aAB 25,93 aB 27,18 aAB 30,21 aA 27,37 aAB 25,27 aB T8 DMScolunas = 3,1535 DMSlinhas = 3,0638 MG = 26,92936 CV% = 4,6068 Tratam. 180 25,62 aB 26,82 aAB 26,91 aB 26,45 aB 26,78 aAB 26,48 aAB 25,71 aB 26,30 aB Obs: As médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas nas colunas e maiúscula nas linhas, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, a 1% de probabilidade Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.133-140, 2005 Armazenamento de feijão macassar tratado com mamona: estudo da prevenção do Callosobruchus maculatus ..... Almeida et al. 140 CONCLUSÕES 1. Os tratamentos T1 (grãos de feijão + 5% de sementes de mamona triturada) e T2 (grãos + 10% de sementes trituradas) foram eficientes no combate ao Callosobruchus maculatus, durante os 180 dias de armazenamento. 2. A casca da mamona exerceu influência negativa, contribuindo ainda mais para contaminação da massa de grãos. 3. Os grãos tratados com mamona na forma integral ou parcialmente desengordurada foram os que apresentaram o menor teor de água no final do período de armazenamento. 4. O feijão tratado com 10% de mamona integral apresentou maior teor de extrato etéreo (2,101%). 5. O extrato etéreo diminui com a redução do teor de óleo de mamona usado em cada tratamento e cresce ao longo do período de armazenamento. 6. A utilização da mamona não implicou em alterações no teor de cinzas nem no teor de proteínas do feijão macassar. Le Poidevin, N.; Robinson, L.A. 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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.133-140, 2005 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.141-149, 2005 ISSN 1517-8595 141 COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS ESTÁTICO E DINÂMICO NA DETERMINAÇÃO DO EQUILÍBRIO HIGROSCÓPICO DAS ESPÍGAS DE MILHO Paulo Cesar Corrêa1, André Luís Duarte Goneli 2, Osvaldo Resende3, Ana Paula Martinazzo4, Fernando Mendes Botelho5 RESUMO Objetivou-se ajustar diferentes modelos matemáticos aos dados experimentais do equilíbrio higroscópico das espigas de milho, obtidos pelos métodos estático e dinâmico e verificar a possibilidade de utilização de um único modelo para ambos os métodos. No método estático foram utilizados dessecadores contendo as amostras e soluções salinas saturadas que foram colocados em câmaras B.O.D. mantidas em diferentes temperaturas (10 a 50°C). Quanto ao método dinâmico, foram utilizados os resultados obtidos por Palacin (2003), sendo as condições de temperatura (45 a 55°C) e umidade relativa (0,21 a 0,51) do ar fornecidas por uma unidade condicionadora de atmosfera com fluxo mantido a 10 m3.min-1.m-2. Foram ajustados aos dados experimentais os modelos matemáticos freqüentemente utilizados para representação da higroscopicidade dos produtos agrícolas. Conclui-se que a higroscopicidade das espigas de milho, obtida pelos métodos estático e dinâmico, pode ser representada satisfatoriamente, em ambos os casos, pelos modelos de Oswin, Henderson Modificado, Harkins, Smith, Copace e Halsey modificado. Segundo a técnica de identidade de modelos verifica-se que não é possível ajustar uma única equação aos dados experimentais para os dois métodos analisados, indicando que eles não produzem os mesmos resultados de teor de umidade de equilíbrio, nas condições sobre as quais foram desenvolvidos os experimentos. Palavras chave: Higroscopicidade, espiga de milho, identidade de modelos. COMPARISON AMONG THE METHODS STATIC AND DYNAMIC IN THE EQUILIBRIUM HYGROSCOPIC DETERMINATION OF THE EAR CORN ABSTRACT It was the objective of this work to adjust different mathematical models to the experimental data for determining the ear corn equilibrium moisture content obtained by static and dynamic methods and to see the feasibility of adopting an unique model for both methods. In the static method it was used the samples in the desiccators with saturated salt solutions and placed in a B.O.D. chambers and kept at different temperatures in the range of 10 to 50°C. For the dynamic method it was used the results obtained by Palacin (2003), where the air temperatures were in the range of 45 to 55°C and the relative humidities in the range of 21 to 51% supplied by an atmosphere conditioner equipment with air flow at 10 m3.min-1.m-2. The most frequent mathematical models were adjusted to the experimental data in order to represent the hygroscopicity of the agricultural product. It was concluded that the ear corn hygroscopicity either obtained by static or dynamic method can be represented satisfactorily by any of the following methods: Oswin, modified Henderson, Harkins, Smith, Copace and modified Halsey. According to model identity technique it was observed that it is not possible to adjust just one equation for those experimental data for the two applied methods indicating that they do not come out to same equilibrium moisture content in this specific experimental conditions. Keywords: ear corn, hygroscopicity, equilibrium moisture content. Protocolo 08 de 13 de abril de 2004 1 Prof. Adjunto, Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Viçosa, UFV, Viçosa, MG, telefone: 31 3891 2270, e-mail: [email protected] 2 Doutorando em Engenharia Agrícola, Bolsista CNPq, Universidade Federal de Viçosa, UFV, MG, e-mail: [email protected] 3 Doutorando em Engenharia Agrícola, Bolsista CAPES, Universidade Federal de Viçosa, UFV, MG, e-mail: [email protected] 4 Doutorando em Engenharia Agrícola, Bolsista CNPq, Universidade Federal de Viçosa, UFV, MG, e-mail: [email protected] 5 Estudante de Engenharia Agrícola, Bolsista CNPq, Universidade Federal de Viçosa, UFV, MG, e-mail: [email protected] 142 Comparação entre os métodos estático e dinâmico na determinação do equilíbrio higroscópico ....... Corrêa et al. INTRODUÇÃO O milho destaca-se na agricultura brasileira como um importante cereal, cujo cultivo abrange enormes áreas distribuídas em todo território nacional. Atualmente, ainda existe uma parcela de produtores que colhe e armazena o milho mantendo a palha sobre os grãos, visando à proteção contra o ataque de agentes depreciativos. Esta forma de processamento do milho é bastante utilizada em pequenas propriedades, onde o produto é consumido gradativamente ao longo do período de safra e entressafra. Entretanto, durante o seu armazenamento podem ocorrer mudanças físicas, químicas e microbiológicas independentes da forma em que foram armazenados, grãos ou espigas, e que, dependendo da interação com o ambiente, podem ocasionar perdas quantitativas e qualitativas. Assim, faz-se necessário o conhecimento das relações existentes entre o produto, a temperatura e a umidade relativa do ar ambiente objetivando iniciativas e estudos com a finalidade de amenizar estas possíveis alterações. Todos os produtos agrícolas têm a capacidade de ceder ou absorver água, convergindo, constantemente, a uma relação de equilíbrio entre o seu teor de água e as condições do ar ambiente. O teor de água de equilíbrio é alcançado quando a pressão parcial de vapor de água no produto iguala-se a do ar que o envolve. A relação entre o teor de água de um determinado produto e a umidade relativa de equilíbrio para uma temperatura específica pode ser expressa por equações matemáticas, que são denominadas isotermas ou curvas de equilíbrio higroscópico. Para estabelecer o teor de água máximo do produto para inibir o crescimento microbiano e, possivelmente, a produção de micotoxinas durante a armazenagem, é essencial o conhecimento das isotermas de equilíbrio higroscópico do produto. Todos os produtos agrícolas têm a capacidade de ceder ou absorver água do ambiente, convergindo, constantemente, a uma relação de equilíbrio entre o seu teor de água e as condições do ar ambiente. O teor de água de equilíbrio é alcançado quando a pressão parcial de vapor de água no produto iguala-se a do ar que o envolve. A relação entre o teor de água de um determinado produto e a umidade relativa de equilíbrio, ou atividade de água, para uma temperatura específica, pode ser expressa por equações matemáticas, que são denominadas isotermas ou curvas de equilíbrio higroscópico. Para Hall (1980) as curvas de equilíbrio higroscópico são importantes para definir limites de desidratação do produto, estimar as mudanças de umidade sob determinada condição de temperatura e umidade relativa do ambiente, e, para definir os teores de água adequados ao início de atividade de microrganismos que podem provocar a deterioração do produto. O gráfico das isotermas de sorção pode ser empregado também para definir as épocas mais adequadas para o armazenamento de milho em espigas nas diversas regiões do país, levando-se em consideração dados de temperatura e umidade relativa. As curvas de umidade de equilíbrio podem ser obtidas experimentalmente por meio dos métodos dinâmico e estático. No método dinâmico, o grão é submetido a fluxos de ar sob condições controladas de temperatura e umidade relativa até que seja atingido o equilíbrio. No método estático, o equilíbrio higroscópico entre o produto e o ambiente sob condições controladas, é atingido sem movimentação do ar (Wang e Brennan, 1991; Jayas e Mazza, 1993; Chen, 2000). O comportamento higroscópico de diversos produtos agrícolas tem sido estudado por vários pesquisadores, que descrevem modelos diferenciados para expressar o teor de água de equilíbrio em função da temperatura e umidade relativa do ar. Entretanto, para o estabelecimento de isotermas que representam essa relação de equilíbrio são utilizados modelos matemáticos empíricos, uma vez que nenhum modelo teórico desenvolvido tem sido capaz de predizer com precisão o teor de água de equilíbrio para uma ampla faixa de temperatura e umidade relativa do ar. Boente et al. (1996) determinaram a umidade de equilíbrio de grãos de milho de seis variedades argentinas e observaram que os modelos de Halsey e Oswin descreveram satisfatoriamente o fenômeno de higroscopicidade do produto. Corrêa et al. (1998) ajustaram diversos modelos matemáticos aos dados experimentais de equilíbrio higroscópico das sementes de milho pipoca e observaram que os modelos de Chung-Pfost e Henderson Modificado mostraram-se adequados para representação do fenômeno. Atualmente, na literatura, existem mais de 200 equações propostas para representar o fenômeno de equilíbrio higroscópico dos Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.141-149, 2005 Comparação entre os métodos estático e dinâmico na determinação do equilíbrio higroscópico ....... Corrêa et al. produtos agrícolas. Estes modelos diferem na sua base teórica ou empírica e na quantidade de parâmetros envolvidos (Mulet et al., 2002). Diante do exposto, o objetivo no presente trabalho foi ajustar diferentes modelos matemáticos aos dados experimentais do equilíbrio higroscópico das espigas de milho, obtidos pelos métodos estático e dinâmico, bem como verificar a possibilidade de utilização de um único modelo para ambos os métodos. MATERIAIS E MÉTODOS O presente trabalho foi parcialmente realizado no Laboratório de Propriedades Físicas e Qualidade de Produtos Agrícolas 143 pertencente ao Centro Nacional de Treinamento em Armazenagem (CENTREINAR), localizado na Universidade Federal de Viçosa. Para obtenção do equilíbrio higroscópico pelo método estático foram utilizadas espigas inteiras e selecionadas da cultivar BR 205, desenvolvida pela EMBRAPA, que é um híbrido duplo adaptado a regiões tropicais, de alta produtividade, com tolerância à toxidez de alumínio e ao estresse hídrico. As espigas de milho com teor de água de aproximadamente 28 %b.s. foram colocadas no interior de dessecadores contendo soluções salinas saturadas específicas para cada umidade relativa desejada (0,11 a 0,84), de acordo o Tabela 1. Tabela 1. Umidades relativas (decimal) estabelecidas no interior dos dessecadores para a determinação do equilíbrio higroscópico das espigas de milho pelo método estático Composto Químico LiCl CaCl2 Ca(NO3)2 NH4Cl NaCl KBr MgCl2 KNO2 MgCl2 x 6H2O Na2Cr2O7 10 0,13 0,40 0,59 0,81 - 20 0,35 0,55 0,76 0,84 - Os dessecadores com as amostras foram introduzidos em câmaras B.O.D. e mantidas em diferentes temperaturas (10 a 50°C). Cada amostra foi composta por 200 g de produto que, durante o processo de dessorção foram pesadas periodicamente, sendo o equilíbrio higroscópio alcançado quando a variação da sua massa, entre três pesagens consecutivas, fosse igual ou inferior a 0,01 g. Os teores de água do produto foram determinados pelo método gravimétrico em estufa a 105 ± 1°C, até massa constante, em três repetições. Temperatura (°C) 30 0,11 0,76 0,32 0,47 - 40 0,12 0,75 0,32 0,50 50 0,11 0,75 0,31 - O equilíbrio higroscópico das espigas de milho, determinado pelo método dinâmico, foi obtido por Palacin (2003), utilizando os cultivares AG 1051 e AG 112 sob diversas condições de temperatura (45 a 55°C) e umidade relativa (0,21 a 0,51) do ar. Aos dados experimentais da umidade de equilíbrio, obtidos por ambos os métodos, foram ajustados os modelos matemáticos contidos na Tabela 2, tradicionalmente utilizados para predizer a higroscopicidade dos produtos agrícolas: Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.141-149, 2005 Comparação entre os métodos estático e dinâmico na determinação do equilíbrio higroscópico ....... Corrêa et al. 144 Tabela 2 – Modelos matemáticos utilizados para predizer a higroscopicidade de espigas de milho Designação do modelo Sigma-Copace Modelo U*e = exp a - (b × T) + c × exp(UR) (1) Sabbah U*e = a × UR b Tc Oswin 1 U*e = a + b T 1- UR UR c (3) Harkins U*e = exp a - (b × T) c - ln(UR (4) 1 U*e = ln (1- UR) (-a × Tabs ) b (5) Henderson-Modificado 1 U*e = ln (1- UR) -a × (T + b) c (6) Halsey-Modificado 1 U*e = exp a - b × T -ln UR c (7) U*e = exp a - (b × T) + (c × UR) (8) Ue = ln a b - 1 b × ln(-(T + c) × ln(UR)) (9) U*e = a - b×t - c × ln 1- UR (10) Henderson Copace Chung-Pfost Modificado Smith em que, Ue* UR T Tabs a, b, c : : : : : (2) teor de água de equilíbrio, % b.s. umidade relativa do ar, decimal; temperatura, °C; temperatura absoluta, K; coeficientes que dependem do produto. Os modelos foram selecionados considerando a significância dos parâmetros pelo teste t, adotando nível de 5% de probabilidade, a magnitude do coeficiente de determinação (R2), a magnitude do erro médio relativo (P) e do erro médio estimado (SE) e a verificação do comportamento da distribuição dos resíduos. Considerou-se o valor do erro médio relativo inferior a 10% como um dos critérios para seleção dos modelos, de acordo com Mohapatra e Rao (2005). O erro médio relativo e o erro médio estimado, para cada um dos modelos, foram calculados conforme as seguintes expressões: n 2 ˆ Y-Y SE = i =1 GLR ˆ 100 n Y - Y P= n i =1 Y em que n : Y : Ŷ : GLR : (11) (12) número de observações experimentais; valor observado experimentalmente; valor calculado pelo modelo; graus de liberdade do modelo. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.141-149, 2005 Comparação entre os métodos estático e dinâmico na determinação do equilíbrio higroscópico ....... Corrêa et al. Após a seleção do melhor modelo para a representação da umidade de equilíbrio das espigas de milho, para os métodos estático e dinâmico, promoveu-se o teste da hipótese de igualdade dos modelos utilizando a técnica de identidade de modelos descrita por Regazzi (2003), que permite analisar a equivalência entre os métodos utilizados. 145 RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas Tabelas 3 e 4, estão apresentados os parâmetros dos modelos de equilíbrio higroscópico para as espigas de milho, obtidos pelo método estático e dinâmico, organizados em ordem decrescente de ajuste, para diferentes condições de temperatura e umidade relativa do ar. Tabela 3 - Parâmetros dos modelos de equilíbrio higroscópico das espigas de milho, para os resultados obtidos pelo método estático e classificados em ordem decrescente dos ajustes, com os respectivos coeficientes de determinação (R2), erros médios estimado (SE) e relativo (P), e a tendência de distribuição dos resíduos Coeficientes* Tendência Modelos R2 (%) SE P (%) dos resíduos a b c Chung-Pfost 426,018 0,1632 40,1211 97,21 0,9394 6,16 Aleatória Modificado 2 Oswin 15,5021 -0,0812 3,1082 97,01 0,9721 7,76 Aleatória Harkins 3,1036 0,0064 0,6882 96,43 1,0626 7,57 Aleatória Henderson Modificado 3,27x105 48,1017 2,1560 96,23 1,0927 7,17 Aleatória Smith 9,2375 0,0943 8,9714 96,71 1,0201 8,38 Aleatória Copace 1,9979 0,0066 1,5139 96,16 1,1028 9,19 Aleatória Halsey modificado 5,8174 0,0140 2,2812 95,93 1,1350 9,96 Aleatória 5 2,0513 - 93,73 1,3960 9,09 Tendenciosa Sabbah 36,2911 0,6681 0,1445 92,96 1,4929 8,97 Tendenciosa Sigma Copace 1,2766 0,0066 0,8730 95,3 1,2199 10,83 Tendenciosa Henderson 1,07x10- * Todos os coeficientes estimados foram significativos a 5% de probabilidade pelo teste t De acordo com as Tabelas 3 e 4, verificase que os modelos matemáticos tradicionalmente utilizados para descrever a higroscopicidade dos produtos agrícolas apresentaram significância dos parâmetros ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t. De um modo geral, os modelos apresentaram ajustes satisfatórios aos dados experimentais obtidos por ambos os métodos de determinação, com elevados valores do coeficiente de determinação (R2) e reduzidos valores dos erros médios estimados e relativos, indicando, de acordo com Mohapatra e Rao (2005) dentre vários outros, serem adequados para a descrição do fenômeno. Entretanto, na Tabela 3, observa-se que os modelos de Henderson, Sabbah e Sigma Copace, apesar de apresentarem ajustes satisfatórios, a distribuição de resíduos é tendenciosa, indicando serem inadequados para representação do fenômeno físico avaliado. Na Tabela 4, verifica-se que apenas o modelo de Henderson apresenta distribuição tendenciosa dos resíduos. Segundo os instrumentos estatísticos avaliados observa-se que o modelo de Oswin é o que melhor se ajusta aos dados experimentais obtidos pelo método dinâmico como também pelo estático, coincidindo com os resultados de Boente et al. (1996) que recomendam este modelo para descrição da higroscopicidade em grãos de milho de seis variedades argentinas. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.141-149, 2005 146 Comparação entre os métodos estático e dinâmico na determinação do equilíbrio higroscópico ....... Corrêa et al. Tabela 3 - Parâmetros dos modelos de equilíbrio higroscópico das as espigas de milho, para os resultados obtidos pelo método dinâmico (Palacin, 2003) e classificados em ordem decrescente dos ajustes, com os respectivos coeficientes de determinação (R2), erros médios estimado (SE) e relativo (P), e a tendência de distribuição dos resíduos Modelos A Coeficientes* b c R2 (%) SE P (%) Tendência dos resíduos Oswin 26,4229 -0,3264 1,7122 95 0,5777 5,91 Aleatória Henderson Modificado 1,21x10-3 25,3929 1,3724 94,42 0,6106 5,67 Aleatória Sabbah 7748,654 6 0,9187 1,5411 94,48 0,6070 5,79 Aleatória Harkins 3,6299 0,0315 0,0837 94,55 0,6035 5,95 Aleatória Copace 2,5986 0,0315 2,5749 94,52 0,6046 5,95 Aleatória Halsey modificado 3,8300 0,0340 1,0799 94,45 0,6085 6,02 Aleatória Sigma Copace 0,9908 0,0315 1,7587 93,96 0,6353 6,34 Aleatória Smith 12,6481 0,2133 11,6956 91,37 0,7591 7,77 Aleatória Chung-Pfost Modificado 99,0024 0,1502 17,7871 91,08 0,7720 7,98 Aleatória Henderson 8,98x10-5 1,3743 - 80,18 1,1506 9,68 Tendenciosa * Todos os coeficientes estimados foram significativos a 5% de probabilidade pelo teste t Diante da representação satisfatória deste modelo aplicado ao equilíbrio higroscópico das espigas de milho obtido pelos diferentes métodos, procedeu-se ao teste de identidade de modelos objetivando-se viabilizar o uso de um único modelo para representação do equilíbrio higroscópico, independente da metodologia utilizada. Assim, os parâmetros do modelo de Oswin, para os métodos estático (a1, b1 e c1) e dinâmico (a2, b2 e c2) foram comparados entre si para verificar a sua igualdade. As seguintes hipóteses foram formuladas: Ho: a1 = a2 e b1 = b2 e c1 = c2 versus Ha: existe pelo menos uma desigualdade entre os parâmetros. Segundo Regazzi (2003), para obtenção das formas do modelo completo das equações com restrição foram consideradas as variáveis dummy (D): sendo Di = 1 se a observação yij pertence ao grupo i; e Di = 0 em caso contrário; Para o modelo de Oswin obtêm-se as seguintes expressões: : espaço paramétrico sem restrição ou modelo completo: Yij = D1 × a1 +b1 × T 1-UR UR 1 c1 + D 2 × a 2 +b 2 × T 1-UR UR 1 c2 (13) w: espaço paramétrico restrito por: a1 = a2 e b1 = b2 e c1 = c2 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.141-149, 2005 Comparação entre os métodos estático e dinâmico na determinação do equilíbrio higroscópico ....... Corrêa et al. 1 1 Yij = D1 × a +b× T 1-UR UR c + D 2 × a +b× T 1-UR UR c Na Tabela 5, estão as estimativas dos parâmetros do modelo completo () e do modelo com restrição (w) e as respectivas 147 (14) somas de quadrados residuais para o modelo de Oswin. Tabela 5 - Parâmetros do modelo completo () e do modelo com restrição (w) e as respectivas somas de quadrados residuais para o modelo de Oswin Estimativas Parâmetros SQR* parâmetros a1 b1 c1 a2 b2 c2 a b c * 26,42 3 0,326 1,712 15,50 2 0,081 3,108 - - - 24,45 4 w - - - - - - 15,82 5 0,105 2,985 63,69 5 Soma dos quadrados residuais. A regra de decisão baseou-se no teste de qui-quadrado (2) de acordo com a seguinte expressão: SQR Ω SQR w 2calculado = -n ln (15) O valor tabelado de (2) é função do nível de significância e do número de graus de liberdade: = p - pw (16) em que, : graus de liberdade do modelo; p : número de parâmetros do modelo sem restrição; pw : número de parâmetros do modelo restrito. Na Tabela 6, encontram-se os resultados do teste da hipótese analisado pelo teste de quiquadrado. Observa-se na Tabela 6 que o valor de 2calculado foi superior ao valor de 2tabelado. Assim, rejeita-se a hipótese formulada (Ho), ou seja, os modelos analisados para determinação do equilíbrio higroscópico das espigas de milho, pelos métodos estático e dinâmico, diferem estatisticamente entre si. Desta forma, deve-se ressaltar que o método utilizado para determinação da higroscopicidade do produto, estático ou dinâmico, influencia nos resultados observados. Um possível efeito para esse resultado reside no fato das variedades empregadas na obtenção do equilíbrio higroscópico para os dois métodos serem diferentes. Na Figura 1, para a melhor visualização dos resultados encontrados, estão apresentados os valores experimentais do teor de água de equilíbrio das espigas de milho, bem como suas isotermas, estimadas pelo modelo de Oswin, para a temperatura comum aos dois métodos (50°C). Verifica-se na Figura 1, que para teores de umidade de equilíbrio mais elevados, o método estático fornece valores inferiores, enquanto para baixos teores, o método dinâmico apresenta valores inferiores. Dunstan et al. (1973) também observaram diferenças entre os dois métodos, segundo os pesquisadores os teores de água de equilíbrio obtidos pelo método dinâmico tendem a ser maior que aqueles obtidos pelo método estático. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.141-149, 2005 148 Comparação entre os métodos estático e dinâmico na determinação do equilíbrio higroscópico ....... Corrêa et al. Tabela 5 - Teste das hipóteses (Ho) utilizando o teste de qui-quadrado Modelo GL () Oswin 6-3=3 2(0,05;3) 7,82 2calculado 66,05* Teor de água de equilíbrio (% b.s.) 60 50 40 Estimados método estático Estimados método dinâmico Experimentais método estático Experimentais método dinâmico 30 20 10 0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 Umidade Relativa (decimal) Figura 1 - Valores experimentais do teor de água de equilíbrio das espigas de milho com suas isotermas estimadas pelo modelo de Oswin para a temperatura de 50°C e obtidas pelos métodos estático e dinâmico. CONCLUSÃO Com base nos resultados obtidos, conclui-se que a higroscopicidade das espigas de milho, obtida pelos métodos estático e dinâmico, pode ser representada satisfatóriamente, em ambos os casos, pelos modelos de Oswin, Henderson Modificado, Harkins, Smith, Copace e Halsey modificado. Segundo a técnica de identidade de modelos verifica-se que não é possível ajustar uma única equação aos dados experimentais para os dois métodos analisados, indicando que eles não produzem os mesmos resultados de teor de água de equilíbrio, nas condições sobre as quais foram desenvolvidos os experimentos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Boente, G.; González, H. H. L.; Martínez, E.; Pollio, M. L.; Resnik, S. L. Sorption isotherms of corn – study of mathematical models. Journal of Food Engineering, London, v.29, p.115-128, 1996. Chen, C. Factors which effects equilibrium relative humidity of agricultural products. Transaction of the ASAE, St. Joseph, v.43, n.3, p.673-683, 2000. Corrêa, P.C.; Christ, D.; Martins, J.H.; Mantovani, B.H.M. Curvas de dessorção e calor latente de vaporização para as sementes de milho pipoca (Zea mays). Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.2, n.1, p.75-79, 1998. Dunstan, E. R.; Chung, D. S.; Hodges, T. O. 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S. e Silva2, Antonio Gilson Barbosa Lima3 RESUMO Equações empíricas para a determinação de teor de umidade de equilíbrio são normalmente obtidas a partir de dados experimentais, por ajuste de curvas. Uma vez determinados os parâmetros de uma função para certo produto, o valor dessa função para valores específicos da temperatura e da umidade relativa do ar é obtido pela substituição destes valores na equação ajustada, o que constitui uma medição indireta. Este tipo de medição pode ser efetuado a partir de inúmeros trabalhos de pesquisa sobre secagem e armazenamento de produtos agrícolas, mas em geral não há subsídios para que a incerteza inerente à medida seja determinada. Este artigo propõe uma forma para a determinação desta incerteza. Para tal, foi criado um código computacional destinado a cálculos da propagação de erros de funções ajustadas, com aproximação de primeira ordem, a partir dos valores obtidos para os parâmetros de ajuste e de suas covariâncias. O código foi utilizado na determinação de incertezas do teor de umidade de equilíbrio de alguns produtos, o que possibilitou expressar as medidas de acordo com as normas estabelecidas pelo INMETRO. Palavras-Chave: medidas indiretas, propagação de erros, matriz das covariâncias UNCERTAINTY IN DETERMINATION OF EQUILIBRIUM MOISTURE CONTENT OF AGRICULTURAL PRODUCTS ABSTRACT Empiric equations for determination of equilibrium moisture content are usually obtained through curve fitting, using experimental data. Once the parameters of equation are calculated for a certain product, the determination of the moisture content for specific values of temperature and relative humidity of the air is made through the substitution of these values in the fitted equation, and this constitutes an indirect measurement. This type of measurement can be performed using the results presented in the large number of papers about drying and storage of agricultural products, but in general there are not subsidies so that the correspondent uncertainty can be determined. This paper proposes a method to the determination of this uncertainty and, for this, a computer code destined to calculations of error propagation of fitted functions was created, with first order approach, starting from the values obtained for the parameters and the correspondent covariance. The code was used in the determination of uncertainties of the equilibrium moisture content of some products, and this facilitated to express the measurements according to the INMETRO norms. Keywords: indirect measurements, error propagation, covariance matrix 160 Incerteza na determinação de teor umidade de equilíbrio de produtos agrícolas Silva et al. INTRODUÇÃO Água é um constituinte presente em alta concentração em alimentos frescos. Ela influencia consideravelmente a palatabilidade, a digestibilidade e a estrutura física do material alimentar. Praticamente todos os processos de deterioração que ocorrem em alimentos são influenciados de uma ou outra forma pela concentração e mobilidade de água no seu interior. A intensidade e a taxa de vários processos deteriorativos de produtos agrícolas são diferentes em diferentes para cada teor de água (Wolf et al., 1985). O grau de interação da água com os componentes do alimento é determinado pelo teor de água e atividade de água (Fortes & Okos, 1980). O teor de água de um material biológico é de grande importância tanto para a sua armazenagem quanto para o seu próprio manejo. Como muitos produtos agrícolas, são armazenados por longos períodos de tempo, logo após a colheita, é necessário proceder à secagem de tais produtos com vistas à sua conservação durante o período de armazenamento. Para promover as condições adequadas de umidade para um produto, é necessário o conhecimento do seu teor de água de equilíbrio com relação ao seu ambiente de armazenamento (Young & Nelson, 1967). Nos últimos anos tem havido uma expressiva contribuição de pesquisadores no sentido de determinar expressões empíricas, via ajuste de curvas a dados experimentais, visando a descrever o teor de água de equilíbrio de vários tipos de produtos agrícolas (Araújo et al.,2001), (Corrêa et al., 2001), (Mesquita et al., 2001), (Silva et al., 2002), (Oliveira et al., 2004) e (Menkov & Durakova, 2005). Nestes trabalhos, os pesquisadores obtêm dados experimentais para um determinado produto, medindo o seu teor de água de equilíbrio M para dadas temperaturas T e determinadas umidades relativas do ar ф. Então, expressões bem conhecidas e disponíveis na literatura, tais como a equação de Chung-Pfost, Henderson, Copace, Halsey, Oswin, Sabbah e SigmaCopace, dentre outras, são ajustadas aos dados experimentais (T, ф, M). Desta forma, são determinados parâmetros A, B e C que ajustam cada equação a tais dados. Normalmente, a escolha de um modelo para descrever o teor de água de equilíbrio para um dado produto é feita através da análise de testes estatísticos aplicados a cada ajuste realizado. Uma vez definido o melhor modelo, pode-se calcular o teor de água de equilíbrio, M, para uma dada temperatura e umidade relativa do ar pela simples substituição dos valores de T e ф na equação determinada. Entretanto, uma importante informação é omitida neste tipo de procedimento: não é possível avaliar a precisão do teor de água de equilíbrio calculado, posto que a sua incerteza não é conhecida. Este artigo tem como objetivo apresentar as ferramentas necessárias para a determinação da incerteza a ser associada ao valor do teor de água de equilíbrio, obtido através da função ajustada, e a colocar tais ferramentas à disposição de técnicos e pesquisadores interessados no assunto. MATERIAL E MÉTODOS O resultado completo de uma medição direta ou indireta deve incluir a sua incerteza (INMETRO, 1995). Dessa forma, o valor de um mensurando M deve ser expresso do seguinte modo: M Mσ (NC) (1) M em que M é o valor médio de M, é a incerteza de M , (NC) é o nível σ M de confiança do valor verdadeiro da medida estar contido no intervalo definido. Nos casos em que um mensurando M é medido de forma indireta, isto é, através dos valores de outras medidas z1, z2, ..., zn, em que n é o número delas, é necessário determinar a incerteza que cada z i z σ causa em M, i zi o que é feito através do estudo de propagação de erros. Conforme (Vuolo, 1992) e (Silva & Silva, 1998), para um mensurando expresso por uma função na forma M f(z1, z2 ,...,zn ) (2) a incerteza σ' de M devido às incertezas de z1, M z2, ..., zn pode ser calculada, com aproximação de primeira ordem, pela expressão f f cov(z j , z k ) j1k 1z j z k n n σ' M (3) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, v.7, n.2, p.159-164, 2005 Incerteza na determinação de teor umidade de equilíbrio de produtos agrícolas Silva et al. em que cov(zj,zk) é a covariância entre zj e zk. determinar o fator f (Student) a ser multiplicado pela incerteza, de tal forma que o intervalo a ser estabelecido tenha um nível de confiança pré-determinado: Ao ser realizada a regressão não-linear de uma função a dados experimentais, através do método dos mínimos quadrados, uma matriz é calculada, em cada iteração, contendo os elementos das covariâncias entre os parâmetros de ajuste. A última matriz calculada (referente à convergência) recebe o nome de matriz das covariâncias, e os valores de seus elementos dependem da flutuação dos pontos experimentais em torno da função ajustada. Se o software utilizado para a realização da regressão não-linear disponibilizar tal matriz, então os seus elementos podem ser substituídos na Equação (3). Assim, pode-se determinar a incerteza σ' do mensurando M dado pela σ f .σ' M (4) M Dessa forma, com o uso das Equações de (2) a (4) o mensurando M, obtido por ajuste de curvas, pode ser expresso na forma indicada pela Equação (1). Como a implementação do algoritmo proposto seria uma tarefa trabalhosa, se for realizada individualmente por pesquisadores interessados, este algoritmo foi implementado no LAB Fit Curve Fitting Software (Silva et al., 2004) e (Silva e Silva, 2005). O LAB Fit é um pacote destinado ao tratamento de dados experimentais e foi usado para evidenciar o ganho de informações, com o uso do algoritmo, na determinação do teor de água de equilíbrio de produtos agrícolas. Para tal, os dados obtidos e analisados por (Mesquita et al., 2001) serão utilizados. Tais dados são referentes à dessorção de sementes de jacarandá-da-bahia, de angico-vermelho e de óleo-copaíba, os quais estão disponíveis nas Tabelas 1, 2 e 3. M Equação (2) que, neste caso, é uma função ajustada, sendo z1, z2, ..., zn os parâmetros de ajuste determinados. Um algoritmo semelhante ao descrito foi utilizado por Melo et al. (2003) em curvas de calibração, ajustadas pelo método dos mínimos quadrados, no estudo do desempenho de aeronaves de alta performance. Conforme Bussab e Morettin (1995), uma vez determinado σ' , supondo que os pontos M experimentais tenha uma distribuição normal de erros em torno da função ajustada, pode-se Tabela 1. Teor de água de equilíbrio M (%, base seca) para sementes de jacarandá Temperatura ф (%) T(o) 34,5 59,0 75,0 82,5 94,5 5 8,71 11,98 32,5 25 7,39 Fonte: (Mesquita et al., 2001) 34,25 53,96 64,55 53,0 75,5 88,5 97,5 9,59 14,22 16,35 24,73 54,25 7,34 16,21 32,5 25 6,68 Fonte: (Mesquita et al., 2001) 98,5 18,91 ф (%) 64,0 Tabela 2. Teor de água de equilíbrio M (%, base seca) para sementes de angico Temperatura ф (%) T(o) 34,5 59,0 75,0 82,5 94,5 5 161 98,5 47,86 88,86 107,51 53,0 21,54 ф (%) 64,0 75,5 88,5 97,5 14,72 18,27 18,81 35,19 84,67 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, v.7, n.2, p.159-164, 2005 Incerteza na determinação de teor umidade de equilíbrio de produtos agrícolas Silva et al. 162 Tabela 3. Teor de água de equilíbrio M (%, base seca) para sementes de copaíba Temperatura ф (%) T(o) 34,5 59,0 75,0 82,5 94,5 5 9,64 11,38 32,5 25 7,84 Fonte: (Mesquita et al., 2001) 24,30 34,12 50,47 53,0 19,45 ф (%) 64,0 75,5 88,5 97,5 8,91 11,09 16,80 23,69 30,58 Com relação às Tabelas 1, 2 e 3, (Mesquita et al., 2001), após várias análises com a utilização do programa computacional Statistica 5.0, em que as regressões não-lineares foram feitas através do método quasi-Newton, concluíram que: 1. para as sementes de jacarandá-da-bahia e de angico-vermelho, o melhor modelo na descrição dos dados foi Sigma-Copace, dado por M e (A - BT Ce ) (5) 2. para as sementes de óleo-copaíba, a melhor equação na descrição dos dados foi a de Henderson modificada por Thompson M ln(1 ) A(T B) 98,5 (1/C) (6) Naturalmente, uma vez conhecidos os parâmetros A, B e C, as Equações (5) e (6) possibilitam determinar o teor de água de equilíbrio dos produtos estudados, mas não as suas incertezas. Para possibilitar tal determinação, os dados e os modelos mencionados foram utilizados para que os ajustes fossem refeitos através do software LAB Fit. Isto possibilitou o conhecimento das matrizes das covariâncias dos parâmetros de ajuste, o que viabilizou a determinação dos erros propagados e, conseqüentemente, o cálculo dos teores de água de equilíbrio na forma indicada pela Equação (1). Em todos os ajustes a serem realizados será imposta uma tolerância de convergência igual a 1.0x10-6. O método utilizado para as regressões nãolineares é o dos mínimos quadrados descrito, por exemplo, em (Silva & Silva, 1998), implementado através do algoritmo de Levenberg-Marquardt (Press et al., 1996). Com o propósito de apresentar uma aplicação numérica foram calculados, para os três produtos, o teor de água de equilíbrio para a temperatura de 15 oC a 70% de umidade relativa do ar. RESULTADOS E DISCUSSÃO Utilizando o software LAB Fit para realizar os ajustes da Equação (5) aos dados das Tabelas 1 e 2 e da Equação (6) aos dados da Tabela 3, obtêm-se os resultados apresentados a seguir. Para as sementes de jacarandá-da-bahia, (Mesquita et al., 2001) concluíram que o teor de umidade de equilíbrio é melhor descrito pelo modelo Sigma-Copace (Equação 5). Usando o LAB Fit para ajustar tal modelo aos dados da Tabela 1, obtém-se: A = -0,905078 B = 0,011132 C = 1,920947 1,66175 x10 1 Cov 2,93108 x10 4 6,37889 x10 2 (7) 2,93108 x10 4 1,31662 x10 5 5,67576 x10 5 6,37889 x10 2 5,67576 x10 5 2,49064 x10 2 em que os valores foram escritos com excesso de algarismos devido ao propósito de se realizar cálculos de propagação de erros, conforme (Silva & Silva, 1998). Com relação à matriz das covariâncias, vale ressaltar que o elemento (1,1) é o quadrado da incerteza do valor médio do parâmetro A, simbolizado por σ2 A ou cov(A,A); o elemento (2,2) corresponde a σ 2 e B 2 (3,3) a σ . Já o elemento (1,2) corresponde à C covariância entre A e B, sendo denotado por cov(A,B) ou σ AB . O elemento (1,3) corresponde à covariância entre A e C, enquanto que (2,3) é a covariância entre B e C. Com estas informações, utilizando a opção de Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, Especial, v.7, n.2, p.159-164, 2005 Incerteza na determinação de teor umidade de equilíbrio de produtos agrícolas Silva et al. propagação de erros disponível no LAB Fit e fornecendo os dados requeridos pelo software, obtêm-se os resultados: M 16,3832 σ ' 1,45286 (8a) (8b) 163 só da precisão da medida indireta efetuada como também, de forma implícita, da adequação do modelo matemático aos dados experimentais. A segunda parte desta conclusão é fundamentada no fato de que o valor da incerteza é uma decorrência das flutuações dos dados experimentais em torno função ajustada; M Ao realizar a regressão o LAB Fit disponibiliza, baseado no número de graus de liberdade do ajuste, o fator f pelo qual σ ' M deve ser multiplicado para que o intervalo a ser definido tenha um nível de confiança previamente estabelecido. No caso de se estabelecer 95,4% de confiança, por exemplo, obtém-se: f 2,31 (9) Então, com os resultados obtidos em (8a), (8b), (9) e levando em conta a Equação (4), o teor de água de equilíbrio das sementes de jacarandá-da-bahia para T = 15 oC e ф = 70% pode ser escrito na forma da Equação (1): M = (16,4 ± 3,4)% (10) com 95,4% de confiança. Utilizando o mesmo modelo e o mesmo raciocínio anteriores para os dados relativos às sementes de angico-vermelho obtém-se, para T = 15 oC e ф = 70%: M = (19,7 ± 5,4)% (11) com 95,4% de confiança. Já para as sementes de óleo-copaíba, fazendo o ajuste do modelo de Henderson (Equação 6) aos dados da Tabela 3, ao final pode ser escrito: M = (15,3 ± 1,7)% (12) com 95,4% de confiança. CONCLUSÕES A partir da discussão apresentada e da análise dos resultados obtidos é possível concluir que: 1. a inclusão do cálculo da incerteza na determinação do teor de umidade de equilíbrio de um produto possibilita o conhecimento não 2. além de apresentar os parâmetros de ajuste, trabalhos envolvendo o descobrimento de um modelo empírico para a determinação do teor de umidade de equilíbrio de um produto deveriam apresentar, também, a matriz das covariâncias entre os parâmetros de tal modelo. Isto possibilitaria que leitores interessados no tema pudessem determinar o teor de umidade de equilíbrio na forma dada pela Equação (1), conforme a recomendação de órgãos normativos sobre medidas; 3. os resultados obtidos para os produtos analisados indicam que as precisões determinadas para jacarandá-da-bahia e angicovermelho não são razoáveis. Isto sugere que se deveria buscar por outros modelos, mais adequados a tais dados. Naturalmente, esta conclusão pressupõe que os erros sistemáticos dos dados experimentais sejam desprezíveis e que os equipamentos utilizados nas medidas diretas tenham precisões adequadas. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem aos órgãos de apoio FAPESP, CNPq, FINEP e ANP pelo auxílio financeiro ao projeto do qual originou este artigo, bem como aos autores referenciados que, com suas pesquisas, contribuíram para o seu melhoramento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS Araújo, E. F.; Corrêa, P. C.; Silva, R. F. 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Cavalcanti Mata1, Maria Elita Martins Duarte 2, George Carlos S Alsemo3, Edson Rodrigues 4, Manuel Adalberto Guedes5, Anna Sylvia R de R.M. Cavalcanti6, Camila Carol Albuquerque Oliveira 6 RESUMO Este trabalho teve como objetivo obter a graviola em pó, submetendo a polpa de graviola a um processo de liofilização e em seguida a uma maceração em rolos cilíndricos de graduação variável. Para o processo de liofilização, a polpa de graviola foi congelada a uma temperatura de -50°C, tendo-se estabelecido nesta temperatura, sua cinética de congelamento. Para esta finalidade foi utilizada uma unidade criogênica composta de um sistema de controle de temperatura que varia de -50 a -90 oC. Depois do produto congelado o material foi levado a um liofilizador Terroni Modelo LB 1500 onde a polpa congelada foi submetida a um vácuo parcial de 50 microns de Hg. O material em forma de pó e em forma de polpa foi submetido a analises química para determinação de ácido ascórbico, açúcares totais e redutores, acidez total titulável, determinação dos sólidos solúveis totais e pH. As análises foram feitas seguindo-se as metodologias propostas pela AOAC e por Benassi e Antunes para ácido ascórbico. A graviola em pó produzida foi, também, submetida a uma análise sensorial quanto aos aspectos de cor, sabor, aroma e aparência. Para comprovação de manutenção do sabor, o produto em pó foi reconstituído com água sendo elaborado um suco de graviola com os mesmos quantitativos de elaboração de um suco de graviola proveniente de uma fruta “in natura”. Desta forma neste trabalho pode-se concluir que graviola em pó obtida pelo processo de liofilização conserva em grande parte as suas características organolepticas, no entanto os valores nutricionais foram alterados em virtude do produto ter sofrido uma concentração. Palavras-chave: Annona muricata L, baixas-temperaturas, fruta em pó POWDER OF SOURSOP OBTAINED FOR THE FREEZE-DRYING PROCESS ABSTRACT This work had as objective to obtain the powdered soursop, submitting the soursop pulp to a freeze-drying process and soon after to a tritured in cylindrical rolls of variable graduation. For the freeze-drying process, the soursop pulp was frozen to a temperature of -50°C, is tended established to that temperature, its freezing kinetics. For this purpose it was used a cryogenic unit composed of a system of temperature control that varies from -50 to -90oC. After the frozen product the material was taken to freeze-drying equipment Model LB 1500-Terroni, where the frozen pulp was submitted to a partial vacuum of 50 microns of Hg. The material in powder form and in pulp form it was submitted it you analyze chemistry for determination of ascorbic acid, total sugars and reducers, acidity total titulável, determination of the total soluble solids and pH. The analyses were made being followed the methodologies proposals by AOAC and for Benassi and Antunes for ascorbic acid. The produced powdered soursop was, also, submitted to a sensorial analysis with relationship to the color aspects, flavor, aroma and appearance. For confirmation of maintenance of the flavor, the powdered product was Protocolo 732 de 12 de março de 2005 1 Eng. Agrícola, Prof. Doutor do Dep. Eng. Agricola, CTRN/UFCG, Campina Grande, PB 58109-970, Tel +55(0)83 3310-1551, [email protected] 2 Eng. Agrícola, Prof. Doutor do Dep. Eng. Agricola, CTRN/UFCG, Campina Grande, PB 58109-970, Tel +55(0)83 3310-1552, [email protected] 3 Estudante do Curso de Engenharia Agrícola, Bolsista de Iniciação Científica, CNPq 4 Estudante do Curso de Engenharia Química, Bolsista de Iniciação Científica, CNPq 5 Físico, Unidade Acadêmica de Engenharia Elétrica, email: [email protected] 6 Design Industrial, Unidade Acadêmica de Desenho Industrial – UFCG Email: [email protected] 166 Obtenção de graviola em pó pelo processo de liofilização Cavalcanti Mata et al. reconstituted with water being elaborated a soursop juice with the same ones quantitative of elaboration of a juice of coming soursop of a fruit " in natura ". this way in this work can be concluded that powdered soursop obtained by the freeze-drying process largely conserves its characteristic organolepticas, however the nutritional values was altered by virtue of the product to have suffered a concentration due to elimination of the water. Keyword: Annona muricata L, low-temperatures, powdered fruit INTRODUÇÃO A região Nordeste destaca-se por apresentar uma grande diversidade de espécies frutíferas de grande valor comercial, dentre estas se pode citar a graviola, Figura 1, cuja espécie oferece frutos abundantes e nutritivos, e se encontra atualmente no cenário mundial como uma frutífera medicinal. De acordo com Barbosa et al. (2003), esta fruta tem grande potencial de comercialização no mercado interno e grande perspectiva para a exportação. Líquido Pressão Vapor Sólido 627 kPa Ponto triplo Sublimação 0 oC Temperatura Figura 2. Diagrama de fases da água Figura 1. A fruta graviola na gôndola de um supermercado Atualmente tem-se empregado novas tecnologias que permitem processar a fruta na forma de pó, fazendo com que o fruto, que antes era consumido só em sua época de safra, hoje possa ser consumido em qualquer período do ano. O processo utilizado foi o da liofilização que faz com que a água contida no produto, passe do estado sólido (produto congelado) para o estado gasoso sem passar pelo estado líquido, ocorrendo desta forma, o processo de sublimação, Figura 2 (Ibarz e Barbosa-Cánovas, 1999). Esta técnica consiste em inicialmente congelar o produto muito rapidamente para fazer com que as suas características de sabor, aroma e constituintes químicos, sejam preservadas. Na etapa subseqüente o material congelado é submetido a um vácuo parcial ocasionando a secagem do produto para aproximadamente 2% base úmida. O material sólido e desidratado é submetido a uma moagem ate atingir tamanhos de partículas desejáveis a industrialização. Este produto em pó pode ser utilizado para fazer o suco e também pode ser utilizado na indústria alimentícia para fazer doces, pães e biscoitos, entre outros produtos (Cavalcanti Mata et al., 2003). Portanto, o presente trabalho tem como objetivo geral secar polpa de graviola por liofilização e triturá-la para obtenção da graviola em pó. Os objetivos específicos deste trabalho foram: - Determinar os constituintes químicos (da graviola “in natura” e em forma de pó - Estabelecer a cinética de congelamento de uma placa plana de polpa de graviola à temperatura de -50 °C. - Realizar análise sensorial do suco de graviola comparando os sucos feitos com polpa da fruta in natura e com polpa reconstituída da fruta em pó. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.165-172, 2005 Obtenção de graviola em pó pelo processo de liofilização MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi realizado no Laboratório de Processamentos e Armazenamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande – PB. O produto utilizado foi a graviola a qual passou por um processo de seleção manual e visual, com o objetivo de eliminar frutas estragadas e com estádio de maturação diferente do desejado. Os critérios utilizados foram: Estádio de maturação (não muito maduras); tamanho; cor da casca; ausência de injúrias provocadas por choques térmicos ou insetos e textura da fruta. O material selecionado foi higienizado mediante lavagem dos frutos em água potável corrente. O material livre de sujidade foi despolpado em uma máquina Laboremos. A polpa obtida foi refinada em tela de malha de 1 mm de diâmetro. A liofilização foi realizada com o produto congelado à temperatura de -50°C. Para obter o congelamento da polpa de graviola, à temperatura supracitada, foi utilizada uma câmara criogênica com controle de temperatura de -50 a -90 °C (Figura 3). Cavalcanti Mata et al. 167 uma placa, de espessura 2L, para Fo = t/L2, a solução analítica pode ser expressa pela seguinte equação: RT n Exp n2 F0 (1) n 1 em que, RT 0 An (2) 2 sen n n sen n cos n Fo= / L2 t (3) (4) em que, RT = Razão de temperatura, adimensional. T = Temperatura em cada momento, °C T = Temperatura do meio de congelamento, °C To = Temperatura inicial do produto, °C Fo = Número de Fourier, adimensional An = Constante que depende do produto n = Raiz transcendental L = Espessura da amostra/2 t = Tempo, segundo = Difusividade térmica efetiva, mm2.s -1 Liofilização A liofilização da polpa de graviola foi realizada em um equipamento Terroni modelo LB 1500 (Figura 4), a uma temperatura de 28 o C e um vácuo parcial de 100 µm Hg. Figura 3. Câmara criogênica Cinética de congelamento Para determinação da cinética de congelamento, utilizou-se a propria bandeja do liofilizador na qual foi colocada a polpa de graviola.até formar uma lâmina de 15 mm. Para acompanhamento da variação de temperatura foi colocado um termopar no interior do produto localizado no centro geométrico da bandeja ou seja, na espessura de 7,5 mm. De acordo com Mohsenin (1980) para se calcular a transferência de calor em regime transiente, de uma forma que se assemelhe a Figura 4. Liofilizador modelo LB 1500 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.165-172, 2005 Obtenção de graviola em pó pelo processo de liofilização 168 Analises Químicas O produto liofilizado foi submetido a analises química para determinação de ácido ascórbico, Açúcares totais e redutores, Acidez total titulável, Determinação dos sólidos solúveis totais e pH. Essas análises foram feitas seguindo-se as metodologias propostas pela AOAC (1997) e Benassi & Antunes (1998) para vitamina C. Analise Sensorial O suco de graviola preparado com a graviola em pó produzida, foi submetida a análise sensorial quanto aos aspectos cor, sabor, aroma e aparência (Morais, 1993). Cavalcanti Mata et al. Os teste foram realizados com dois tipos de sucos: o primeiro suco foi feito com polpa de graviola “in natura” e o segundo com polpa de graviola proveniente da reidratação da graviola em pó. Estes sucos foram submetidos à observação sensorial de uma equipe de 15 provadores, treinados. As amostras ofertadas para análise foram devidamente codificadas e oferecidas em copos plásticos descartáveis com capacidade para 40 ml. A avaliação foi realizada por meio de uma ficha, Figura 5, contendo as escalas hedônicas para avaliar os atributos de cor, sabor, aroma e aparência. ANÁLISE SENSORIAL DO SUCO DE GRAVIOLA PROVADOR: ________________________ DATA:_____/_____/______ Você está recebendo 2 amostras de suco de graviola. Avalie cada um dos itens cuidadosamente quanto ao sabor, cor, aparência e aroma, para cada uma das amostras. Utilize as escalas abaixo para demonstrar o quanto você gostou ou desgostou. COR 1 2 3 4 Creme + claro Creme claro Creme Creme levemente escuro Creme escuro AMOSTRA ATRIBUTO 312 COR SABOR 1- Sem sabor da fruta 2- Leve sabor da fruta 3- Gosto da fruta 4- Gosto intenso da fruta 5- Gosto concentrado da fruta AROMA 1- Sem aroma da fruta 2- Leve aroma da fruta 3- Aroma da fruta 4- Aroma intenso da fruta 5- Aroma concentrado da fruta APARÊNCIA 1- Desgostei muito 2- Desgostei ligeiramente 3- Indiferente 4- Gostei ligeiramente 5- Gostei muito 123 AMOSTRA ATRIBUTO 312 123 SABOR AMOSTRA ATRIBUTO 312 123 AROMA AMOSTRA ATRIBUTO 312 123 APARÊNCIA Comentários:_______________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Figura 5- Ficha de avaliação para análise sensorial do suco de graviola para os atributos cor, sabor, aroma e aparência Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.165-172, 2005 Obtenção de graviola em pó pelo processo de liofilização RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 encontram-se os valores da graviola “in natura” e da graviola em pó em que se observam alterações significativas nos sólidos solúveis totais (SST), na Relação SST/ Acidez Total e na Vitamina C. Esta constatação já era prevista uma vez que o produto foi concentrado devido a eliminação parcial da água. Observa-se, também, nessa tabela, que a acidez total foi diminuída, embora não significativamente, e o pH praticamente não se alterou. Constatação semelhante foi encontrada por Medeiros (2004) quando realizou a secagem por atomização em um spray-drier para a obtenção do umbu em pó. Os valores médios encontrados de Sólidos Solúveis Totais – SST, para o produto “in natura”, são inferiores aos valores médios encontrados por Sacramento (2003) que foi de Cavalcanti Mata et al. 169 12,18 g/100g para a cultivar Morada e de 13,85 g/100g para a cultivar Lisa. No entanto, esse valor está dentro dos valores mínimos encontrados para a cultivar Morada e a cultivar Comum que foram de 10,0 e 9,76 g/100g, respectivamente. Realizando-se uma análise comparativa das características químicas da graviola, encontradas por Sacramento (2003), com a desta pesquisa, verifica-se que os valores de Açúcares Solúveis Totais - AST (g/100g) e de Vitamina C, encontram-se abaixo dos valores obtidos por Sacramento (2003). Sacramento (2003) obteve valores de Açúcares Solúveis Totais – AST entre 13,32 a 14,55 g/100g e de Vitamina C entre 35,6 e 38,51 mg/100g. No entanto, neste trabalho, os valores encontrados foram de 8,2 g/100g para os Açúcares Solúveis Totais e de 25,3 mg/100g para a Vitamina C. Tabela 1 – Graviola em pó liofilizada: Análise química Constituintes Sólidos Solúveis Totais - SST (ºBrix ) Acidez total titulável – AT (g/100g) Açúcares Solúveis Totais - AST (g/100g) Relação Sólidos soluveis totais e Acidez total SST/AT Vitamina C, (mg/100g) pH. Teor de água (g/100g) Na Figura 6 encontra-se a curva de congelamento da polpa de graviola a –50 0C para uma espessura da camada de 15 mm. A polpa de graviola por ter 89% de água tem suas características fortemente influenciadas por este constituinte químico, assim, na Figura 6 se constata, uma correspondência da curva de congelamento da polpa de graviola com a curva de congelamento da água com relação às três fases existentes; resfriamento, congelamento e pós-congelamento. Nessa figura observa-se que a Fase I, que corresponde ao período de resfriamento é realizada em aproximadamente 7 minutos indo de uma temperatura de 25 oC até 0 oC; a Fase II, que corresponde a cristalização da água contida na polpa de graviola, é realizada em 19 minutos (entre os 7 e os 26 minutos) e vai de uma temperatura de aproximadamente 0 oC a –7 oC; a Fase III, que corresponde a diminuição de temperatura depois do produto congelado é realizada em 54 minutos. Nesta última fase torna-se necessário observar que a curva de congelamento não toca Graviola Graviola em pó 10,7 b 1,2 a 8,2 8,9 b 25,3 b 4,5 a 89 a 39,4 a 0,85 a 46,3 a 32,6 a 4,7 a 2,1 b CV(%) 10,63 8,37 9,68 4,82 1,83 2,74 o eixo X, ou seja, não atinge o valor 0 (Zero) que corresponde a – 50 oC, portanto há que se considerar que essa Fase é mais longa e seu termino é estimado, de acordo com a equação em aproximadamente 135 minutos. O tempo de 54 minutos, relatado acima, corresponde a uma razão de temperatura de 0,05 que equivale a realizar o congelamento da polpa de graviola até uma temperatura de – 46 oC. Na Tabela 2, encontram-se os valores da difusividade térmica efetiva da cinética de congelamento para a Fase I , Fase II e Fase III. A difusividade efetiva da Fase II, não é contabilizada no cálculo da difusividade efetiva média, pois teoricamente a energia desta fase seria utilizada para congelar a água existente na polpa, no entanto o que ocorre é uma mistura das frações de água congelada e não congelada, bem como a diminuição do ponto de congelamento durante o processo. Observa-se também nessa tabela que a difusividade térmica na primeira fase foi de 1,0862 x 10-4 mm2.min-1 e na terceira fase de 1,8568 x 10-4 mm2.min-1. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.165-172, 2005 Obtenção de graviola em pó pelo processo de liofilização 170 Cavalcanti Mata et al. Tabela 2 - Valores da difusividade efetiva e difusividade efetiva média da polpa de graviola nas três fases de congelamento à temperatura de –50 °C Congelamento da polpa de graviola a –50 °C L/2 Difusividade Difusividade An n Fases (cm) I 7,5 1,000 térmica efetiva mm2.min-1 0,010 1,0862 x 10-4 II 7,5 0,842 2,287 9,6412x 10-8 III 7,5 1,000 0,010 1,8568 x 10-4 térmica efetiva média mm2.mim-1 1,6493 x 10-4 Curva de congelamento da polpa de graviola o -50 C RT - Razão de Temperatura 1,0 0,8 Valores calculados Valores experimentais I- RT= J exp((-0,03862*t)) 0,6 R = 96,2% II- RT= J exp((-0,00784*t)) 2 2 R = 95,3% III- RT= J exp((-0,06602*t)) Para 0,4 4 J n n 1 2 R = 97,5% L/2 = 7,5 mm 0,2 II I III 0,0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Tempo (minutos) Figura 6- Cinética de congelamento da polpa de graviola a temperatura de – 50 oC Na Figura 7, referente à análise sensorial percebe-se que os valores atribuídos pelos provadores estão próximos aos valores do produto “in natura” o que confirma que a liofilização é um processo que mantém as características organo-lépticas do produto “in natura”. Verifica-se que o sabor praticamente não se altera, pois as médias atribuídas ao produto “in natura” e ao produto liofilizado são praticamente iguais, contudo as médias atribuídas ao produto liofilizado são um pouco diferentes para a cor, a aparência e o aroma. Este acontecimento pode ser explicado pelo fato de que quando um produto é processado parte dos aromas é volatilizado e por ação enzimática o produto é levemente escurecido dando uma aparência um pouco diferente da natural, no entanto essas diferenças não são suficientemente intensas de modo a apresentar uma diferença significativa, pois as notas encontram-se Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.165-172, 2005 Obtenção de graviola em pó pelo processo de liofilização acima ou igual a 4,0 o que equivale a dizer que o aroma do produto encontra-se entre o Aroma intenso da fruta e o Aroma concentrado da fruta; para a cor o produto Cavalcanti Mata et al. 171 liofilizado está entre Creme levemente escuro e Creme escuro e para a Aparência o produto liofilizado está entre o atributo Gostei ligeiramente e Gostei muito Perfil sensorial do suco graviola Cor 5 4 3 Natural 2 liofilizado 1 0 Sabor Aparência Aroma Figuras 7. Perfil sensorial da graviola reconstituída (graviola em pó com água e sacarose). CONCLUSÕES AGRADECIMENTOS Diante dos resultados é possível concluir que o processo de liofilização preserva em grande parte as características originais do produto “in natura”: Para o sabor as médias são iguais para o produto “in natura” e para o produto liofilizado recomposto, sendo que o produto sabor. A cor e a aparência da graviola em pó liofilizada encontram-se, respectivamente próximo do atributo Creme levemente escuro e Gostei ligeiramente. O aroma da graviola em pó liofilizada teve uma avaliação superior ao termo Os autores expressam seus agradecimentos ao CNPq e a FINEP pelo auxílio financeiro Aroma intenso da fruta No congelamento da polpa de graviola a – 50 oC, a difusividade térmica efetiva na fase de resfriamento foi de 1,0862 x 10-4 mm2.min-1 e na fase de pós-congelamento de 1,8568 x 10-4 mm2.min-1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AOAC. Association of Official Analytical Chemists. Official methods of analysis of AOAC international. 16. ed. Maryland: AOAC, 1997. 1141p. Barbosa , Z. Soares, I.; Araújo, L.C. Crescimento e absorção de nutrientes por mudas de graviola Revista Brasileira de Fruticultura. Jaboticabal, v.25, n.3, dez., 2003. Acesso em: http://www.scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0100-2942003000 300039&1 Disponível em: 31/01/2005 Benassi. M. T.; Antunes, A. J. A. Comparison of meta phosphoric and oxalic acids as extractant solutions for the determination of vitamin C in selected vegetables. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.165-172, 2005 172 Obtenção de graviola em pó pelo processo de liofilização Arquivos de Biologia e Tecnologia, Curitiba, v.31, n.4, p.507-513, 1998. Cavalcanti Mata, M.E.R.M; Duarte, M.E.M. Figueiredo, R.M.F. Obtenção de frutos em pó Universidade Federal de Campina Grande, 2003. Projeto CNPq. 15p. Ibarz, A.; Barbosa-Cánovas, G.V. Operaciones unitárias de la ingenieria de alimentos. Lancaster: Technomic Publishing. 1999. 882p.). Medeiros, S. S. A. Obtenção de pó de umbu (Spondias tuberosa Arruda Câmara) para umbuzada: Processamento e caracterização do pó. Campinas Grande: UFCG/DEAg, 2004. 106p. (Dissertação de Mestrado). Cavalcanti Mata et al. Mohsenin, N. N. Thermal properties of foods and agricultural materials. New York, NY. Gordon and Breach Pub. Inc., 1980. 407p. Morais, M.A.C. Métodos para avaliação sensorial dos alimentos. Campinas, Unicamp, 93 p. 1993 Sacramento, C. K. do, Faria, J. C.; Cruz, F. L. da; Barretto, W. de S.; Gaspar, J. W.; Leite, J. B. V. Caracterização física e química de frutos de três tipos de gravioleira (Annona muricata L.). Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.25, n.2, p.329331, ago., 2003. ISSN 0100-2945. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.165-172, 2005 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.173-180, 2005 ISSN 1517-8595 173 ARTIGO TÉCNICO INOVAÇÃO TECNOLÓGICA – O DESEMPENHO DA FIBRA DO ALGODÃO COLORIDO NO PROCESSO DE FIAÇÃO A ROTOR DE UMA INDÚSTRIA TÊXTIL Givanildo Freire1, Sibele Thaise Viana Guimarães Duarte2; Lívia Wanderley Pimental 3 RESUMO O presente trabalho tem por objetivo realizar uma abordagem sobre inovações tecnológicas e fazer um estudo comparativo entre as características físicas da fibra do algodão colorido e as fibras do algodão branco. Para isto foi realizada uma avaliação de desempenho no processo de fiação a rotor do algodão colorido, face aos promissores investimentos advindos da demanda por produtos ecologicamente corretos, e a decorrente inovação tecnológica requerida à industrialização deste produto. Este estudo foi realizado numa grande indústria têxtil, instalada em Campina Grande-PB, tomando-se como base o processo de fiação utilizado por esta indústria. Para a fundamentação dos estudos e avaliação dos parâmetros encontrados, utilizou-se como referencial analítico às teorias trabalhadas e a realidade encontrada na empresa estudada. Palavras-chave: Inovação tecnológica, indústria têxtil, algodão colorido. TECHNOLOGICAL INNOVATIONS – THE PERFORMANCE OF THE COTTON COLORED FIBER IN THE WIRING PROCESS USING ROTOR IN A TEXTILE INDUSTRY ABSTRACT This work has the objective of approaching about technological innovations and to do a comparative study between the physicals characteristics of the colored cotton fiber and the white cotton fibers; to accomplish a evaluation of acting at the thread process in colored cotton rotor, because there are promising investments coming from the demand for correct ecological products, and there is a current technological innovation required to the industrialization of this product. This study was done at a big textile industry in Campina Grande-PB. The thread process used by this industry was taken as a base. The worked theories and the reality found in the studied company were used as analytical referential for the foundation of the studies and evaluation of the found parameters. It was concluded that the utilization of the colored cotton, as a new technology used in the textile company, is viable, there is a good performance of the raw material and of the thread, but it’s necessary that the raw material has a low percentile of waste, a medium fiber length and a satisfactory resistance to it becomes real. Keywords: Technological innovations, textile industry, colored cotton. INTRODUÇÃO A inovação tecnológica tem-se tornado fator decisivo para sobrevivência e crescimento de todas as formas de indústrias. As inovações ocorridas no setor têxtil, em sua maioria, são advindas diretamente de seguimentos industriais como a indústria de bens de capital e a indústria química (Pavitt citado por Pio et al., 2000). _______________________ Protocolo 15 de 09/10/2004 1 Professor Dr. da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) [email protected] 2 Administradora de Empresa – Mestrado em Engenharia de Produção da UFPB [email protected] 3 Bióloga- Estudante do Mestrado em Engenharia Agrícola da UFCG 174 Inovação tecnológica – o desempenho da fibra do algodão colorido no processo de fiação a rotor..... Freire et al. Segundo Coutinho et al. (1993), as inovações do setor produtivo têxtil nas últimas décadas foram intensas, possibilitadas pelo progresso técnico incorporado aos bens de capital e pelo desenvolvimento de novas fibras. O aumento da velocidade de operações só foi possível pela maior utilização das fibras químicas e pela melhoria das fibras naturais. As inovações ocorridas no processo produtivo atingiram todos os segmentos do setor têxtil e compreenderam tanto a melhoria incremental de equipamentos já existentes quanto à introdução de inovações radicais. O desenvolvimento e os avanços tecnológicos da indústria têxtil, incorporam segmentos de outros complexos industriais como o agro-industrial (produção de fibras naturais e artificiais), químico (síntese e produção de máquinas e equipamentos). O setor têxtil é considerado de tecnologia tradicional, tendo em vista sua natureza tecnológica, (Pavitt citado por pio et al., 2000). Isto pode ser interpretado como uma área onde o desenvolvimento tecnológico é incremental, ocorrendo pouca ou nenhuma inovação radical, em relação às mudanças de processo de produção ou produto. Os principais avanços tecnológicos estão concentrados no desenvolvimento de novas fibras e máquinas mais velozes. Como as empresas do setor têxtil são receptoras de tecnologia, não possuindo grandes investimentos de Pesquisa e Desenvolvimento, elas são classificadas por Pavitt citado por Pio et al. (2000) como “dominadas por fornecedores”. Nestas empresas o principal foco estratégico é o uso da tecnologia para reforçar outras vantagens competitivas. Para Coutinho et al (1993), as inovações técnicas que são incorporadas aos bens de capital e o desenvolvimento de novas fibras, fizeram com que os processos têxteis fossem otimizados intensamente. As fibras de algodão representam, nos dias atuais 80% das fibras utilizadas nas fiações brasileiras. Sessenta e cinco por cento dos fios utilizados nas tecelagens brasileiras são compostos de fibras de algodão. Do consumo total de fibras têxteis no Brasil, 70% é de algodão. Por ser plantada a “céu aberto” o algodão depende de fatores ecológicos e da interferência de agentes físicos e fisiológicos para que se desenvolva nas melhores condições, o que na verdade traz incertezas aos produtores quanto à confiabilidade da sua qualidade. Por essa razão, o estudo científico das características físicas se faz necessário para que se busque a melhor condição de sua utilização no processamento industrial têxtil. Desenvolvimento Inovação Tecnológica Segundo Freeman (1997), no mundo da microeletrônica e da engenharia genética é desnecessário se trabalhar a importância da ciência e tecnologia para economia. Porém, ainda não se pode escapar de seu impacto em nossas vidas diárias. Pode-se sim, considerá-las positiva ou negativa, contudo, não se pode ignorá-las. Para Freeman (1997), inovação não é somente importante por aumentar a riqueza de sensação de nações de prosperidade aumentada, mas também a sensação mais fundamental de permitir as pessoas a fazer coisas antes das quais nunca foram feitas. Não pode significar mais do mesmo bem somente, mas um padrão de bens e serviços que não existiam previamente. Contudo, inovação não é só crítica para esses que desejam acelerar ou sustentar a taxa de crescimento econômico nos próprios e outros países deles, mas também para esses que são intimidados por preocupação estreita com a quantidade de bem e desejam mudar a direção de avanço econômico, ou se concentrar em melhorar a qualidade de vida. Os economistas de sensação mais gerais sempre reconhecem a importância central de inovação tecnológica para o progresso econômico. O modelo de Marx da economia capitalista designa um papel central à inovação técnica em bem importantes - "a burguesia não pode existir sem constantemente revolucionar os meios de produção". Ainda embora, a maioria economistas faça um aceno diferente relação à mudança tecnológica, recentemente foram levantados 3 fatores explicar este paradoxo: dos em até para ignorância da ciência natural e tecnologia por parte de economistas; a preocupação deles com o ciclo de comércio e emprego; Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.173-180, 2005 Inovação tecnológica – o desempenho da fibra do algodão colorido no processo de fiação a rotor..... Freire et al. e a falta de estatísticas utilizáveis. O descuido mais recente de invenção e inovação não só estava presente como eles também eram vítimas das suas próprias suposições e compromissos a sistemas aceitados de pensamento. Estes tenderam a tratar o fluxo de conhecimento novo, de invenções e inovações como fora da armação de modelos econômicos, ou mais estritamente, umas "variáveis exógenas". Gestão da tecnologia Conforme Narayanan (2001), o panorama geral da dinâmica da mudança tecnológica possui três fatores principais para a gestão da tecnologia: Inovação, imitação e adoção; o papel da tecnologia e fatores de mercado; e a centralidade da aprendizagem. A inovação e a imitação referem-se às organizações que vendem produtos ou serviços. Para imitar, a organização tenta resolver um problema sem investir demasiadamente em seus próprios recursos, ao contrário da difusão, onde se refere aos consumidores que compram produtos e serviços. A mudança tecnológica bem sucedida envolve não somente descobrir novas soluções ou adotar inovações aparentemente eficazes, mas também encontrar um fim para a solução descoberta no mercado. Desta forma, para ser bem sucedida, uma organização tem que controlar dois processos relacionados: 1. Encontrar soluções eficazes para um problema; 2. Ganhar aceitação mercado. da solução no A mudança tecnológica envolve dois processos relacionados: um ao longo da dimensão técnica e o outro ao longo da dimensão de mercado. Os processos pelos quais as organizações chegaram em soluções praticáveis de oportunidades técnicas e os processos pelos quais o mercado aceita a difusão das soluções como desejos dos clientes. Desta forma, a difusão e a inovação se influenciam mutuamente. Inovação X Invenção A palavra inovação vem do latim innovare, que significa "renovar, fazer novo ou alterar-se". 175 Parafraseando Narayanan (2001), a invenção é uma combinação nova dos conhecimentos pré-existentes, visto que a inovação é um conceito mais sutil. Se uma empresa produz um bem ou um serviço ou usa um sistema ou um procedimento que seja novo a ela, isso será uma inovação. Invenção em contrapartida, é à parte do processo da inovação. A inovação se refere tanto a saída como ao processo de chegar a uma solução tecnologicamente praticável a um problema provocado por uma oportunidade tecnológica ou por uma necessidade do cliente. Ou seja, o termo inovação pode ser referido de duas maneiras: processo e saída. Invenção se refere ao processo onde os indivíduos ou as organizações chegam a uma solução técnica, enquanto a inovação se refere à saída, quando se tratar de um produto ou serviço. Como saídas, todas as tecnológicas têm três componentes: inovações Hardware; Software; Um componente da informação avaliadora consistindo na informação que é útil para as decisões relacionadas à adoção da inovação. Quatro pontos importantes precisam ser identificados sobre os componentes de uma inovação: 1. Os componentes formam um sistema; 2. Os componentes de hardware e de software são intrínsecos à inovação tecnológica; 3. Embora quase todas as inovações contenham componentes de hardware e de software, podem diferenciar nos termos de qual componente é dominante; 4. O componente de informação avaliadora. As organizações inovam em resposta às demandas ambientais ou para oportunamente moldar o ambiente. Dois fatores ambientais estimulam freqüentemente a inovação: Fatores de mercado; Fatores de input. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.173-180, 2005 176 Inovação tecnológica – o desempenho da fibra do algodão colorido no processo de fiação a rotor..... Freire et al. Além disso, uma organização pode também se engajar na inovação autônoma quando tenta moldar o ambiente de acordo com sua vontade. Assim, uma organização pode reconhecer uma possibilidade tecnológica, embora a necessidade do mercado ainda não reconheça. Processo da inovação Segundo Narayanan (2001), pode-se distinguir dois tipos diferentes de processo da inovação: - Inovações puxadas pelo mercado e - Empurradas pela tecnologia Puxadas pelo mercado são aqueles aonde os avanços da tecnologia são orientados primeiramente por uma necessidade específica do mercado, e secundariamente pelo desempenho técnico aumentado. Empurradas pela tecnologia são aquelas aonde o avanço da tecnologia é orientado primariamente pelo desempenho técnico aumentado, e secundariamente pelas necessidades específicas de mercado. Pode-se então, fazer três generalizações sobre as inovações puxadas pelo mercado e empurradas pela tecnologia: 1. Inovações puxadas pelo mercado tendem a ocorrer quando os clientes são tecnologicamente sofisticados e são também excelentes fontes de idéias para a inovação; 2. Inovações puxadas pelo mercado tendem a ocorrer mais freqüentemente no caso de tecnologias mais velhas, visto que inovações empurradas pela tecnologia tendem a ocorrer em tecnologias novas e emergentes; 3. Inovações puxadas pelo mercado mais freqüentemente são inovações incrementais porque o mercado estabelecido que informa as necessidades baseia suas percepções de oportunidades em tecnologias conhecidas (NARAYANAN, 2001). Tipos de saídas da inovação Para classificar uma empregamos duas dimensões: inovação 1. O grau em que as tecnologias específicas de uma inovação partem de outras mais antigas, ou o que se denomina de componente de conhecimento; 2. O grau em que as configurações entre as tecnologias de uma inovação partem de outras mais antigas, ou o que se denomina de componente de configuração. Esta classificação conduz a quatro tipos principais de inovação: incrementais, modulares, arquiteturais e radicais. Processo da inovação Segundo Narayanan (2001), os processos pelos quais as inovações emergem são diferentes e variam de acordo com os vários tipos de inovações. O sucesso tende a girar sobre as habilidades dos gerentes em escolher boas alternativas em vez de outras em uma grande faixa de opções. O impacto econômico de uma inovação Os benefícios econômicos da tecnologia fluem não meramente das inovações radicais e modulares, mas também das melhorias incrementais que ocorrem ao longo do desenvolvimento de uma inovação. Certamente, uma estimativa sugere que as inovações incrementais contribuem com quase quatro quintos das melhorias na produtividade em nossa economia (Narayanan, 2001). O papel do gestor no processo da inovação O papel do gestor muda dependendo do tipo de inovação que está sendo considerada. Organizações industriais incentivam as inovações incrementais que rendem ganhos de mercado imediatos ou ganhos de produtividade. As inovações modulares vêm dos laboratórios centrais de pesquisa nas universidades, nas agências de governo, etc. Inovação Tecnológica no Setor Têxtil O desenvolvimento e avanço tecnológico da indústria têxtil abrangem outros segmentos como o agro-industrial, químico e metal. O setor têxtil é de tecnologia tradicional, onde o desenvolvimento tecnológico é incremental, com pouquíssima inovação radical, em relação a processos de produção ou produto. Os avanços concentram-se mais no desenvolvimento de novas fibras e máquinas velozes. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.173-180, 2005 Inovação tecnológica – o desempenho da fibra do algodão colorido no processo de fiação a rotor..... Freire et al. As tecnologias utilizadas nos setores de fiação são incorporadas em máquinas e equipamentos. Observa-se a dependência entre o setor têxtil e desenvolvimentos dos bens de capital quando se faz a verificação do desenvolvimento tecnológico de indústrias ao longo do tempo. As inovações buscaram melhoria na produtividade e qualidade, sem mudanças consideráveis no processo. Observase também que o desenvolvimento tecnológico deve-se a modificações químicas nas fibras existentes, criando fibras novas, que podem substituir o algodão. A utilização da tecnologia para aumento da produtividade das máquinas pode ser observada em alguns indicadores de produção do setor fiação. Houve aumento na velocidade das cardas, o que gerou aumento na produção de filatório. A criação do sistema Open-End, eliminando etapas no processo de produção, foi uma das grandes inovações. O setor esta sendo mais intensivo em capital que em mão de obra. O aumento da concorrência no setor, fez com que as empresas buscassem formas para aumentar sua competitividade, como por exemplo , adoção de sistemas e máquinas automatizadas. A automação no setor têxtil busca a racionalização dos processos através da economia de insumos (vapor d’água, água industrial, energia elétrica e etc), a padronização dos processos – devido à diminuição dos erros operacionais causados por sistemas de controle manuais, aumento da possibilidade de se diversificar a produção, diminuição do prazo de entrega, melhora da qualidade do produto e preço justo. A automação do setor está baseada em microprocessadores locais e computadores gerenciais centrais. Dependendo do tipo de microprocessador e nível de automação, os processos podem ser completamente controlados e gerenciados. No caso particular da empresa estudada, verifica-se um grande grau de automação, possuindo toda uma infra-estrutura condizente com a realidade. As matérias-primas são de boa qualidade, assim como as utilidades (vapor d’água e água industrial) passam por todo um processo de osmose garantindo a qualidade; todas as tubulações estão em ótimo estado e o pessoal para operar ou gerenciar os sistemas têxteis automatizados são bem treinados sendo qualificados para isso. A BRS 200 como Inovação Tecnológica As pesquisas com os algodões de fibra 177 colorida vêm sendo realizadas pioneiramente no Brasil desde 1984, pelo CNPA – Centro Nacional de Pesquisa de Algodão de Campina Grande na Paraíba, através do melhoramento genético convencional, por meio do método de seleção genealógica das plantas. No ano de 1997 foram avaliadas 87 progênies, 14 novas linhagens e 13 linhagens avançadas de algodão colorido em duas regiões da Paraíba (Seridó e Cariri). As linhagens estudadas apresentam produtividade que superam a cultivar comercial de algodão arbóreo (Freire, 1998:06). As variáveis climatológicas proporcionam a formação e a obtenção de fibra de excelente qualidade, de valores excepcionais iguais aos dos melhores algodões do mundo, como no Peru, Egito e Sudão (Banco Do Nordeste do Brasil, 1962; Beltrão, 1995; Santana, 1997). É nesta região, especialmente na região fisiográfica do Seridó, que envolve parte dos Estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte, onde praticamente não se usam agrotóxicos e a pressão por insetos-praga é pequena, que se pode cultivar o algodoeiro arbóreo em sistemas agroecológicos de cultivo totalmente orgânico (Beltrão, 1995; Freire, 1995). Apesar das pesquisas terem sido iniciadas na década de oitenta, só em dezembro de 2000, ocorreu o lançamento oficial de a primeira cultivar de algodão de fibra colorida, a cultivar BRS 200 Marrom, lançada pela EMBRAPA/CNPA, despontando como uma nova opção de matéria-prima para a manufatura têxtil. A fibra do algodão colorido natural dispensa o uso de corantes artificiais no acabamento do fio e da malha, constituindo-se em um produto destinado a consumidores de consciência ecológica, aproveitando desta maneira, nichos de mercado que valorizam os produtos naturais e sem química. Características da fibra Segundo Beltrão (2002), a BRS 200 Marrom, trata-se de uma variedade que atende ás necessidades do produtor, do beneficiador, das indústrias têxteis e de confecções e satisfaz o consumidor. Entre outras vantagens, esta variedade reduz o consumo de água das grandes indústrias e o impacto ambiental gerado pelo tingimento artificial, operação que representa 30% dos custos finais de fabricação dos tecidos. A fibra Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.173-180, 2005 Inovação tecnológica – o desempenho da fibra do algodão colorido no processo de fiação a rotor..... Freire et al. 178 colorida apresenta características físicas ideais para as fiações modernas do tipo open-end, obtendo-se malha de toque agradável. Entre as variedades coloridas existe atualmente no mundo (concentradas em países como Peru, EUA e Israel), o BRS 200 Marrons tem características únicas e vantajosas, como o ciclo de quatro anos e melhor qualidade da fibra. devidamente ajustada e calibrada, obtendo-se 250kg de pluma tipo comercial 4, considerado algodão de ótima qualidade, cuja fibra, analisada nos equipamentos HVI e Afis, mostrou-se de comprimento comercial uniforme, fina e de boa resistência. O processo industrial para a obtenção do fio foi realizado pela empresa Wentex, pertencente ao grupo Coteminas - CG. Os equipamentos (máquinas) utilizados no processo produtivo foram: Testes com fiação a rotor demonstraram que a fibra resiste até 120 mil r.p.m. Conforme Beltrão (2002), ainda falta ordenar a cadeia produtiva e verticalizar a cultura para alcançar garantia de produção e diferencial de preço. Além disso, é preciso transferir tecnologia, qualificando o cotonicultor nordestino. Linha de Abertura e Cardas de alta produção (100 kg/h); Passadores de fita de alta velocidade (800m/m) de tecnologia alemã e fabricação italiana; Filatórios Open-end de alta velocidade (150.000 rpm) de fabricação alemã. Importância industrial da fibra A seguir são apresentados quadros comparativos das características das fibras de algodão de cor branca e marrom, plantados na região Centro-oeste e Nordeste respectivamente. Conforme Santana et al (2000), algodão de fibra colorida (marrom) foi produzido no ano de 1998. Após a colheita, o algodão em rama foi beneficiado em máquina de rolo Tabela 1 - Comparativo de Características das Fibras de Algodão no Afis Origem A F Goiás I Mato S Grosso Paraíba COR L(N) SFC (w) UQL (W) Dust/g Trash/g %VFM Neps L5% Fine Mex IFC Mt. Branco 22,3 5,0 31,5 504 107 2,31 237 35,5 158 5,8 0,92 Branco 25,0 4,3 30,9 677 219 6,01 311 41,3 154 4,8 0,95 Marrom 22,1 5,6 31,7 418 60 1,71 176 36,2 155 6,1 0,91 Fonte: SATANA et al 2000 onde: L(n) = Comprimento das fibras em mm Dust/g = partículas de poeira por gramas de fibras Neps = Emaranhados de fibras SFC (w) = Conteúdo de fibras curtas/ peso Trash/g = Partículas de cascas por grama de fibra L5% = Comprimento de 5% de fibras longas UQL (w) = Comprimento de 25% das fibras longas VFM = Tudo que não é fibra presente na amostra de algodão (casca, pó) IFC% = Conteúdo de fibras imaturas Mt. = Maturidade das fibras Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.173-180, 2005 Inovação tecnológica – o desempenho da fibra do algodão colorido no processo de fiação a rotor..... Freire et al. 179 Tabela 2 - Comparativo de Características das Fibras de Algodão no HVI H V I 9 0 0 A Origem COR SL % Unif Resist. Mic. C.S.P Comerc. Rd 2,5% +b % Inp. % Fib. Tipo Goiás Branco 28,78 83,1 27,8 3,8 2200 32/34 73,70 8,1 3,50 96,50 6/0 Mato Grosso Branco 28,96 83,3 26,3 3,9 2129 32/34 72,10 8,6 5,70 94,30 6/0 Paraíba Marrom 28,00 81,0 27,5 3,5 2127 30/32 49,40 17,8 1,50 98,50 4/5 Fonte: SANTANA et al 2000 Onde: SL2,5% = Comprimento em mm Comerc. = Algodão comercializado Unif. = Uniformidade Rd = Grau de Reflexão Resist. = Resistência g/tex +b = Grau de amarelamento Mic. = Micronaire % Imp. = Impurezas CSP = Índice de Fiabilidade % Fib. = Fibras Conforme estudo realizado nos aparelhos de análises físicas da fibra (Afis e HVI), mostrados na Tabela 1 e 2, pode-se concluir que as características de qualidade do algodão de fibra colorida estão no mesmo nível de qualidade do algodão branco (normal) plantado na região Centro-Oeste do Brasil Tabela 3 - Avaliação de Desempenho na Fiação – Fio 23/1 100% Marrom -Comparação de Rotação do Rotor Produtividade RPM Kg/ Máq/ Dia % Efic. Máq Rupturas/ 1.000Rh Cortes/ 1.000Rh % Efic. Carro Alg. Normal Alg. Color Alg. Normal Alg. Color Alg. Normal Alg. Color Alg. Normal Alg. Color Alg. Normal Alg. Color 90.000 970 1.041 93,12 98,00 132 109 66 51 94,23 98,00 93.000 1.010 1.105 91,23 96,30 155 127 71 49 93,12 96,30 96.000 1.112 1.201 90,56 95,12 228 177 78 46 93,00 96,11 99.000 1.169 1.278 89,00 95,01 318 227 98 66 91,28 95,32 102.000 1.200 1.298 88,45 94,00 320 259 124 98 90,00 93,56 105.000 1.258 1.345 88,12 93,86 439 315 165 114 88,12 93,24 Média 1.119,83 1.211,33 90,08 95,38 265 202 100 71 91,63 95,42 Fonte: Santana et al 2000 Algumas considerações: O objetivo de utilizar diferentes rotações por minuto (RPM), foi o de comparar o comportamento do fio no tocante a produtividade de ruptura por eficiência, como também o comportamento de tenacidade e alongamento com rotações mais altas. No tocante a ruptura, faz-se necessário dizer que esta se diferencia do corte uma vez que a ruptura é uma quebra natural causada por impurezas ou defeitos mecânicos e o corte é um defeito cortado pelo purgador eletrônico. As eficiências especificadas na tabela acima são dados fornecidos pela própria máquina. Comentários Finais A utilização do algodão colorido como inovação tecnológica utilizada na indústria têxtil, é viável, tendo-se um bom desempenho Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.173-180, 2005 180 Inovação tecnológica – o desempenho da fibra do algodão colorido no processo de fiação a rotor..... Freire et al. da matéria-prima e do fio, todavia, para que isso se concretize faz-se necessário que a matériaprima tenha um baixo percentual de desperdício, um comprimento de fibra médio e uma resistência satisfatória. As imperfeições do fio têm que estar dentro dos limites preestabelecidos para não comprometer a aparência do tecido, conforme aponta Carneiro (2001), estando sua resistência e alongamento dentro de padrões exigidos para o bom andamento no processo de tecelagem, ou seja, o processo posterior ao de fiação. Como pode ser observado, as fibras do algodão colorido reúnem valores as suas características físicas que são considerados ideais pela indústria têxtil, tanto para confecções de fios, quanto para ser processada em qualquer tipo de tecnologia de fiação, principalmente aquelas a rotor open-end. Segundo Carneiro (2001), pode-se também manufaturar com algodão colorido qualquer artigo têxtil, desde artesanato até confecções de malhas e tecidos planos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Andrade, José Edilson de Oliveira. Tecnologia de fiação e tecelagem do algodão colorido. Palestra realizada no auditório da Fiep em Dezembro de 2002. Andrade, José Edilson de Oliveira. Influências das Características Físicas no Processo de Fiação. Palestra realizada na Indústria Coteminas em Julho de 2001. Banco do Nordeste do Brasil (Fortaleza/CE). O que é o algodão melhorado. Fortaleza: BNB /ETENE, 1962. 44 p. Beltrão, N. E. de M. Anuário Brasileiro do Algodão. Gazeta – Grupo comunicações. 2002. pp 62- 64. Beltrão, N. E. de M.; Vieira, R. de M. ; Braga Sobrinho, R. Possibilidades do cultivo de algodão orgânico no Brasil. Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 1995. 36 p. (EMBRAPA – CNPA. Documentos, 42). Carneiro, Edmilson. Viabilidade industrial do fio e da malha do algodão de fibra colorida natural na indústria têxtil moderna. Monografia do Curso de Especialização em Engenharia da Produção. Campina Grande. Dezembro de 2001. Coutinho, L.G., Ferraz, J.C., Cassiolato, J.E., Silva, A.L.G., Capistrano, M.C., Possas, M.L., et al.. Estudo da competitividade da Indústria Brasileira. Campinas, 1993. Freeman, Cris; Soete, Luc. The economics of industrial innovation. 3. Ed. 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Os consumidores desejam consumir alimentos que tragam benefícios à sua saúde, porém, não querem abrir mão das qualidades sensoriais encontradas em alimentos ricos em gorduras. Esses fatores estão causando um grande aumento no consumo de polissacarídeos, pois são ingredientes capazes de aumentar a viscosidade das soluções ou induzir à formação de sistemas com características similares às apresentadas pelos géis, controlando a estrutura e a textura de alimentos. Em busca de aprimorar a qualidade dos produtos alimentícios e reduzir os custos de produção, inúmeras pesquisas têm sido realizadas sobre os polissacarídeos que podem ser utilizados na produção de alimentos, relacionando suas propriedades físicas e químicas com o seu comportamento, quando utilizado em formulações sob diferentes condições. Dentre as propriedades dos polissacarídeos, o comportamento reológico é de fundamental importância no projeto, na avaliação e na modelagem de processos. Além disso, as propriedades reológicas também são indicadores da qualidade do produto. Esse trabalho tem por objetivo ressaltar a importância do conhecimento das propriedades reológicas dos polissacarídeos, face à grande variedade de produtos passíveis de aplicação na indústria de alimentos e à riqueza das pesquisas desenvolvidas na área. Palavras-chave: viscosidade, curvas de escoamento, gomas, amido, inulina. ESTUDO DA REOLOGIA DE POLISSACARÍDEOS UTILIZADOS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS ABSTRACT The population’s current life style is causing an increasing demand for foods that are, simultaneously, practical, flavorful and healthful. The consumers desire to eat foods that bring benefits to its health; however, they don’t want to open hand of the sensorial attributes found in foods that are rich in fat. These factors are causing a great increase in the consumption of polysaccharides; therefore they are ingredients able to increase the viscosity of the solutions or to induce the formation of systems with gel like characteristics, controlling the structure and the texture of foodstuffs. With the objective of to improve the quality of food products and to reduce the production costs, innumerable research has been carried through on the polysaccharides that can be used in the food production, relating its physical and chemical properties with its behavior, when used in formulations under different conditions. Amongst the properties of the polysaccharides, the rheological behavior is of main importance in project, evaluation and modeling of processes. Moreover, the rheological properties are indicators of product quality. This work has the objective of to stand out the importance of the knowledge of polysaccharides rheological properties, face to the great variety of products that can be applied in the food industry and to the richness of the research developed in the area. Keywords: viscosity, flow curves, gums, starch, inulin. _____________________ Protocolo 31 de 28/07/2004 1 Departamento de Engenharia de Alimentos. Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, P.O. Box 6121, 13083-970, Campinas, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 2 Departamento de Engenharia de Alimentos. Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, P.O. Box 6121, 13083-970, Campinas, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 3 Faculdade de Engenharia Agrícola, Universidade Estadual de Campinas, P.O. Box 6011, 13084-971, Campinas, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 182 Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos INTRODUÇÃO À REOLOGIA Eugene C. Bingham foi o primeiro a utilizar a palavra reologia ao definir que “tudo escoa” (Steffe, 1996). Hoje, a Reologia pode ser vista como a ciência da deformação e do escoamento da matéria, ou seja, é o estudo da maneira segundo a qual os materiais respondem à aplicação de uma determinada tensão ou deformação. Todos os materiais possuem propriedades reológicas, de modo que a reologia é uma ciência que pode ser aplicada em diversas áreas de estudo. O estudo das propriedades reológicas dos alimentos, segundo Rao (1977, 1986), é essencial para várias aplicações que incluem desde os projetos e avaliação de processos até o controle de qualidade, a correlação com a avaliação sensorial e a compreensão da estrutura de materiais. Steffe (1996) sugere que a reologia é a ciência dos materiais em alimentos. De acordo com o autor, podem-se destacar diversas áreas na indústria de alimentos nas quais o conhecimento dos dados reológicos é essencial: a) Cálculos em engenharia de processos, envolvendo grande variedade de equipamentos, tais como bombas, tubulações, extrusores, misturadores, trocadores de calor, dentre outros. b) Determinação da funcionalidade de ingredientes no desenvolvimento de produtos. c) Controle intermediário ou final da qualidade de produtos. d) Testes de tempo de prateleira. e) Avaliação da textura de alimentos e correlação com testes sensoriais. f) Análise de equações reológicas de estado ou de equações constitutivas. A Reologia Clássica começa com a consideração de dois materiais ideais: o sólido elástico e o líquido viscoso. O sólido elástico é um material com forma definida que, quando deformado por uma força externa dentro de certos limites, irá retornar à sua forma e dimensões originais após a remoção dessa força. O líquido viscoso não tem forma definida e irá escoar irreversivelmente com a aplicação de uma força externa (Stanley, et al., 1996). Na reologia de sólidos, a propriedade de maior interesse é a elasticidade ao passo que, em líquidos, a viscosidade é a propriedade mais importante. A viscosidade de um material pode ser definida como a propriedade física dos Toneli et al. fluidos que caracteriza a sua resistência ao escoamento (park & leite, 2001). Reologia dos sólidos Quando uma força é aplicada a um material sólido e a curva resultante de tensão versus deformação é uma linha reta, passando pela origem, diz-se que o sólido é ideal ou hookeano. Materiais hookeanos não escoam e são linearmente elásticos. A tensão permanece constante até que a deformação seja removida e, uma vez que isso ocorra, o material retorna à sua forma original. A Lei de Hooke pode ser utilizada para descrever o comportamento de muitos sólidos quando submetidos a pequenas deformações, tipicamente inferiores a 1%. Grandes deformações normalmente produzem a ruptura do material ou um comportamento nãolinear. O comportamento de um sólido hookeano pode ser investigado através de ensaios de compressão uniaxial de uma amostra cilíndrica. Se o material é comprimido de uma forma tal que ele experimente uma mudança no comprimento inicial (ho) e no diâmetro (do), a tensão () e a deformação (c) normais podem ser calculadas segundo a Equação (1) (Steefe, 1996). F F ; 2 A d o 4 (1) C h ho onde: F = força de compressão uniaxial [N]; A = área de contato inicial [m2]; h = variação na altura da amostra [m] Essas informações podem ser utilizadas para a determinação do módulo de Young (E), de acordo com a Equação (2), ou, analogamente, do módulo cisalhante (G), quando a tensão aplicada for de cisalhamento. E c (2) De acordo com Steefe (1996), quando grandes deformações são aplicadas, a deformação de Hencky (H) deve ser utilizada Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.181-204, 2005 Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos para calcular a deformação e o termo referente à área, necessário para o cálculo da tensão, deverá ser ajustado para as variações no raio, provocadas pela compressão, como mostra a Equação (3). F (3) R0 R 2 Onde R0 é o raio inicial do material, R é a variação na medida do raio, provocada pela aplicação da tensão. Reologia dos fluidos O estudo da deformação em fluidos pode ser realizado submentendo-os a uma deformação contínua, a uma taxa constante. Essa condição pode ser idealizada com a utilização de duas placas paralelas com o fluido colocado no espaço entre elas (gap), como mostra a Figura 1. O prato inferior é fixo (u = 0) e o superior se move a uma velocidade constante (u), gerando um perfil de velocidades ao longo do fluido que, por sua vez, é igual à taxa de deformação ( ). Área Força u u=0 x2 x1 Fonte: Adaptado de Steefe (1996) Figura 1 – Perfil de velocidade entre placas paralelas O escoamento de cisalhamento simples também pode ser chamado de escoamento viscométrico. Ele inclui o escoamento axial em uma tubulação, o escoamento rotacional entre cilindros concêntricos, o escoamento rotacional entre cone e placa e o escoamanto rotacional entre placas paralelas. De uma maneira geral, é possível classificar o comportamento reológico dos materiais através de dois extremos idealizados: sólidos perfeitos (hookeanos) e fluidos perfeitos (newtonianos). Enquanto os sólidos ideais se deformam elasticamente e a energia de deformação é completamente recuperada quando cessa o estado de tensão, fluidos ideais Toneli et al. 183 escoam, ou seja, se deformam de forma irreversível e a energia de deformação é dissipada na forma de calor. Dessa maneira, em fluidos, a energia de deformação não é recuperada após o alívio da tensão (Pasquel, 1999). Quando sólidos ideais são deformados, a tensão gerada pela resistência à deformação é diretamente proporcional à magnitude da deformação, mas é independente da taxa em que ela é aplicada. No outro extremo, a resistência de um fluido newtoniano para o movimento imposto é diretamente proporcional à taxa de movimento, mas é independente da magnitude da deformação (isto é, o fluxo continua indefinidamente enquanto a tensão é mantida) (Pasquel, 1999). Quando fluidos newtonianos são deformados, a tensão de cisalhamento gerada é diretamente proporcional à taxa de deformação. A resistência que o fluido oferece ao escoamento é caracterizada como a sua viscosidade newtoniana (), como mostra a Equação (4). Os fluidos newtonianos, por definição, possuem uma relação estritamente linear entre tensão de cisalhamento e taxa de deformação, com a linha passando pela origem (Steefe, 1996). (4) onde: = Tensão de cisalhamento (Pa); = Viscosidade Newtoniana (Pa.s) e = Taxa de deformação (s-1). Não existem, naturalmente, fluidos perfeitos, ou ideais (sem viscosidade), mas somente fluidos cujo comportamento se aproxima do newtoniano, como é o caso de líquidos puros, soluções verdadeiras diluídas e poucos sistemas coloidais. Todos os fluidos cujo comportamento não pode ser descrito pela Equação (5) podem ser chamados de nãonewtonianos. O coeficiente de viscosidade ( para esses fluidos não newtonianaosé chamado de viscosidade aparente (. Define-se a viscosidade aparente () como a viscosidade dependente da taxa de deformação (s-1), de acordo com a Equação (4), onde (Pa) é a tensão de cisalhamento. (5) A Figura 2 apresenta uma classificação geral do comportamento reológico de fluidos: Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.181-204, 2005 184 Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos Toneli et al. Fluidos Newtonianos não-newtonianos Inelásticos Independentes do tempo Pseudoplástico Viscoelásticos Dependentes do tempo Tixotrópico Reopéctico Dilatante Plásticos de Bingham Herschel-Bulkley Outros Figura 2 – Classificação do comportamento reológico de fluidos Fluidos não-newtonianos viscoelásticos podem ser descritos como aqueles que apresentam, simultaneamente, propriedades de fluidos (viscosas) e de sólidos (elásticas), sendo que as propriedades viscosas podem ser nãonewtonianas e dependentes do tempo. As propriedades elásticas, por sua vez, manifestam-se através da presença de tensões perpendiculares à direção de cisalhamento com magnitude diferente daquelas apresentadas pelas tensões paralelas à direção de cisalhamento (Torrest, 1982). Segundo Steffe (1996), manifestações dessa natureza podem ser muito fortes e criar problemas durante o processamento de alimentos. Porém, em muitos alimentos fluidos o comportamento elástico é pequeno ou pode ser desprezado, fazendo com que a função viscosidade torne-se a principal área de interesse. Fluidos não-newtonianos inelásticos são todos aqueles que, de alguma maneira, não se comportam de acordo com a relação descrita pela Equação (4) quando são submetidos a uma deformação. Eles podem ainda ser classificados como dependentes ou independentes do tempo. Fluidos com comportamento reológico independente do tempo, sob condições de temperatura e composição constantes, apresentam viscosidade aparente dependente somente da taxa de deformação ou da tensão de cisalhamento. Para o caso de fluidos com comportamento dependente do tempo, a viscosidade aparente também depende da duração dessa taxa de deformação (Rao, 1977 e Rao, 1986). Fluidos não-newtonianos com comportamento reológico independente do tempo Uma das possíveis características de fluidos não-newtonianos é a existência de uma tensão residual (o) que, segundo Steffe (1996) é uma tensão finita necessária para que o fluido comece a escoar. Quando submetido a tensões inferiores a o, o material comporta-se como um sólido, ou seja, armazena energia sob pequenas deformações e não se nivela sob a ação da gravidade, de maneira a formar uma superfície lisa. De acordo com Steffe (1996), a tensão residual é um conceito prático e muito importante na determinação das condições de processo e na análise de qualidade de produtos como manteiga e iogurte, porém, trata-se de um conceito idealizado. Vários estudos têm sido desenvolvidos acerca do conceito de tensão residual, sendo que alguns questionam a sua existência, ao passo que outros desenvolvem métodos precisos para determiná-la corretamente. Barnes & Walters (1985) desafiaram a existência da tensão residual ao afirmarem que tudo escoa, dado tempo suficiente ou utilizando-se equipamentos com alta sensibilidade. Segundo Barnes (1999), com o passar do tempo e com o aumento da sensibilidade dos equipamentos, tornou-se claro que, apesar de haver uma pequena faixa de tensão através da qual as propriedades mecânicas dos materiais sofrem alterações dramáticas (uma tensão residual aparente), esses materiais sempre apresentaram Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.181-204, 2005 Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos uma deformação lenta, porém contínua, quando tensionados sob valores inferiores a o, mostrando uma resposta elástica linear à tensão aplicada. Existem dois tipos de tensão residual: estática e dinâmica. A tensão residual estática é aquela medida em uma amostra que ainda não sofreu qualquer tipo de deformação, ou seja, que se encontra completamente não-perturbada e estruturada. A tensão residual dinâmica é medida em uma amostra completamente desestruturada e geralmente é determinada por extrapolação de uma curva de escoamento de Toneli et al. 185 equilíbrio. Em geral, a tensão residual estática é significativamente maior do que a dinâmica, a menos que o material recupere a sua estrutura dentro de um curto período de tempo, o que é incomum em alimentos (Steffe, 1996). Fluidos não-newtonianos podem ainda ser classificados de acordo com a maneira com que a viscosidade aparente varia com a taxa de deformação, ou seja, se ela aumenta ou diminui com o aumento da taxa de deformação. A Figura 3 ilustra os diferentes tipos de comportamento reológico para fluidos nãonewtonianos independentes do tempo. Figura 3 – Reogramas típicos de vários tipos de fluidos com comportamento reológico independente do tempo Plásticos de Bingham: caracterizam-se por apresentarem uma tensão inicial ou residual, a partir da qual o fluido apresenta uma relação linear entre tensão de cisalhamento e taxa de deformação. Fluidos pseudoplásticos: caracterizam-se pela diminuição na viscosidade aparente com o aumento da taxa de deformação. Geralmente, começam a escoar sob a ação de tensões de cisalhamento infinitesimais, não havendo a presença de uma tensão residual. No entanto, alguns fluidos podem apresentar uma tensão inicial, a partir da qual o comportamento reológico passa a ser semelhante ao dos pseudoplásticos. Fluidos Dilatantes: caracterizam-se por apresentar um aumento na viscosidade aparente com o aumento da taxa de deformação. Analogamente ao mencionado para os pseudoplásticos, em alguns casos é possível observar a presença de uma tensão residual, a partir da qual o fluido começa a escoar, apresentando comportamento análogo ao dos fluidos dilatantes. Os pseudoplásticos representam a maior parte dos fluidos que apresenta comportamento não-newtoniano. De acordo com Vidal-Bezerra (2000), esse comportamento pode ser explicado pela modificação da estrutura de cadeias longas de moléculas com o aumento do gradiente de velocidade. Essas cadeias tendem a se alinhar paralelamente às linhas de corrente, diminuindo a resistência ao escoamento. Os produtos que se comportam como fluidos pseudoplásticos tendem a apresentar um comportamento newtoniano quando submetidos a grandes gradientes de velocidade, provocado pelo total Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.181-204, 2005 186 Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos alinhamento molecular. Por outro lado, sob baixas taxas de deformação, a distribuição completamente casual das partículas também induz a esse tipo de comportamento. Os fluidos pseudoplásticos, durante o escoamento, podem apresentar três regiões distintas: região de baixas taxas de deformação, região de taxas de deformação médias e região de altas taxas de deformação, como mostra a Figura 4. Na região newtoniana de baixas taxas de deformação, a viscosidade aparente (o), chamada de viscosidade limitante à taxa de deformação zero, não varia com a taxa de deformação aplicada. Na região de taxas de deformação médias, a viscosidade aparente () diminui com o aumento da taxa de deformação (comportamento pseudoplástico) e, na região de altas taxas de deformação, a viscosidade aparente () volta a ficar constante e é chamada de viscosidade limitante a taxas de deformação infinitas. Segundo Steffe (1996), a região de taxas de deformação médias é a mais importante para a consideração de da performance de equipamentos para processamento de alimentos, sendo que a região newtoniana de baixas taxas de deformação pode ser importante em problemas que envolvam baixas deformações, como é o caso de sedimentação de partículas em fluidos. Toneli et al. de um fluido é a observação da chamada curva de histerese. Para que seja possível verificar se o fluido apresenta ou não viscosidade aparente dependente do tempo, deve ser realizado um estudo reológico onde a substância em análise deve ser submetida a um aumento na variação de tensão (ida) e, quando essa atingir um valor máximo, ser reduzida até retornar ao valor inicial (volta). Se a substância não apresenta comportamento reológico dependente do tempo, as curvas de tensão versus taxa de deformação obtidas (ida e volta) devem ser coincidentes. Entretanto, se a viscosidade aparente muda com o tempo, as curvas de ida e volta não seguem o mesmo caminho, formando uma histerese. As curvas típicas de tensão versus taxa de deformação dos fluidos que apresentam comportamento reológico dependente do tempo podem ser observadas na Figura 5. Figura 5 – Reogramas típicos de vários tipos de fluidos com comportamento reológico dependente do tempo Figura 4 – Reograma idealizado para um fluido pseudoplástico (Adaptado de Steffe, 1996) Fluidos não-newtonianos com comportamento reológico dependente do tempo A dependência do tempo em fluidos nãonewtonianos é observada com certa freqüência. Como se poderia esperar, o tempo, variável adicional, condiciona a análise. Um indício do comportamento reológico dependente do tempo Fluidos Tixotrópicos: caracterizam-se por apresentar um decréscimo na viscosidade aparente com o tempo de aplicação da tensão. No entanto, após o repouso, tendem a retornar à condição inicial de viscosidade. O comportamento tixotrópico é encontrado em produtos como tinta, catchup, pastas de frutas, etc. Fluidos Reopéticos: caracterizam-se por apresentar um acréscimo na viscosidade aparente com o aumento da taxa de deformação. Assim como os fluidos tixotrópicos, após o repouso, o fluido tende a retornar ao seu comportamento reológico inicial. Podem-se citar como exemplos de fluidos reopécticos as suspensões de amido e de Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.181-204, 2005 Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos bentonita, além de alguns tipos de sóis. No entanto, esse tipo de comportamento não é muito comum em alimentos. Modelos reológicos A descrição do comportamento reológico dos materiais é feita através de modelos que relacionam como a tensão de cisalhamento varia com a taxa de deformação. Dentre os modelos matemáticos existentes, alguns dos mais aplicados para sistemas de alimentos são: Ostwald-De-Waelle (Lei da Potência), Plástico de Bingham, Herschel-Bulkley e Casson. Modelo de Potência): Ostwald-de Waele (Lei da A Equação (6) representa a chamada Lei da Potência, onde K é o coeficiente de consistência e n é o índice de comportamento. Para n = 1, essa equação se reduz à lei da viscosidade de Newton com K = . Assim, o desvio de “n” da unidade indica o grau de desvio do comportamento newtoniano, sendo que, se n < 1 o comportamento é pseudoplástico e, se n > 1, dilatante. K n (6) Modelo de Herschel-Bulkley : Esse modelo é uma forma modificada do modelo proposto por Ostwald-De-Waelle, conforme ilustra a Equação (7). Como é possível observar, esse modelo difere da Lei da Potência apenas pela existência da uma tensão residual (o), ou seja, uma vez que a tensão aplicada ao fluido ultrapasse o valor da tensão residual, o material passa a se comportar de acordo com o modelo da Lei da Potência. 0 K n Toneli et al. 187 Modelo de Bingham A Equação (8) representa o comportamento apresentado pelos fluidos classificados como Plásticos de Bingham, onde pl é a viscosidade plástica. Assim como os materiais que seguem o Modelo de HerschelBulkley, os Plásticos de Bingham caracterizamse por apresentarem uma tensão residual, abaixo da qual comportam-se como sólidos. Para tensões superiores à tensão residual, no entanto, os fluidos apresentam um comportamento newtoniano. Isso equivale a apresentarem um comportamento de HerschelBulkley com K = pl. pl 0 0 se se 0 0 (8) Modelo de Casson: Casson (1959) elaborou esse modelo para uma suspensão de partículas interagindo num meio newtoniano, obtendo expressão matemática correspondente à Equação (9). 1/ 2 0 K 1/ 2 (9) Esse modelo tem sido adotado como método oficial para interpretar o comportamento do chocolate pelo “International Office of Cocoa and Chocolate” (Rao & Rizvi, 1986). Há diversos fatores que influenciam no momento da escolha do modelo reológico que será utilizado para descrever o comportamento de escoamento de um fluido em particular. Muitos modelos, além dos já descritos, são utilizados para representar o comportamento de fluidos não-newtonianos, sendo que alguns deles podem ser visualizados no Quadro 1. (7) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.181-204, 2005 Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos 188 Toneli et al. Quadro 1 – Modelos reológicos para descrever o comportamento de fluidos não-newtonianos independentes do tempo (Adaptado de Steefe, 1996) Modelo Casson Modificado Equação K1 Ellis K1 K 2 ( ) n1 Herschel-Bulkley generalizado n 0n K1 n Vocadlo ( 0 n K1 ) n (13) Série de potências K1 K 2 ( ) 3 K 3 ( ) 5 ... (14) Carreau Cross Van Wazer Powell-Eyring ReinerPhilippoff Equação Número n1 0,5 1 0,5 0 1 (10) (11) (12) 2 1 1 1 0 1 K1 2 0 n 1 K1 0 1 K1 K 2 n ( n 1) 1 1 sinh 1 K 3 K2 K1 0 2 1 K1 2 (15) (16) (17) (18) (19) K1, K2, K3 e n1, n2 são constantes arbitrárias e expoentes, respectivamente, determinados a partir dos dados experimentais Os modelos matemáticos podem também relacionar as propriedades reológicas de um fluido com grandezas práticas como concentração, temperatura, índice de maturação, etc. Esse conhecimento é indispensável no controle de qualidade, no controle intermediário em linhas de produção, no projeto e dimensionamento dos processos. Nesses casos, as equações que relacionam a viscosidade do material a essas grandezas podem assumir muitas formas e não há um único modelo que seja aplicável a todas as situações. Para fluidos não-newtonianos, os modelos existentes são todos empíricos e representam o ajuste mais conveniente do reograma correspondente ao produto analisado (Branco, 1995; Steffe, 1996). A influência da temperatura sobre a viscosidade de fluidos newtonianos pode ser expressa segundo a equação de Arrhenius, envolvendo a temperatura absoluta (T), a constante universal dos gases (R) e a energia de ativação para a viscosidade (Ea), como mostra a Equação (20). Ea RT f T A exp (20) Os valores de Ea e da constante A são determinados a partir dos dados experimentais. Valores elevados de energia de ativação indicam uma mudança mais rápida da viscosidade com a temperatura. Os efeitos da temperatura e da concentração sobre a viscosidade aparente, sob uma taxa de deformação constante, podem ser combinados através de uma relação simples, como mostra a Equação (21) (Vitali & Rao, 1984; Castaldo et al., 1990 citados por Steffe, 1996). Ea B C RT f T , C K T ,C exp ( 21) As três constantes (KT,C, Ea, B) devem ser determinadas a partir de dados experimentais. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.181-204, 2005 Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos Steffe (1996) apresenta uma série de outros modelos que podem predizer o comportamento da viscosidade de um fluido com a temperatura, com a concentração ou com a umidade. POLISSACARÍDEOS UTILIZADOS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Polissacarídeos são biopolímeros muito versáteis que podem ser encontrados na natureza sob as mais diversas formas, exercendo diferentes funções. Muitas vezes, podem ser extraídos das raízes, dos tubérculos, dos caules e das sementes de produtos vegetais, nos quais atuam como reserva de energia – como é o caso do amido, da inulina e dos galactomananos. Outras vezes, podem ser encontrados na estrutura celular de tecidos vegetais, onde contribuem para a integridade estrutural e para a força mecânica, formando redes hidratadas tridimensionais – como é o caso das pectinas, em plantas terrestres, e das carragenanas, agar e alginato, em plantas marinhas (Lapasin & Pricl, 1999). Segundo Lapasin & Pricl (1999), os polímeros de carboidratos possuem grande aplicabilidade na indústria de alimentos. Algumas vezes, estão presentes por razões tecnológicas, como auxiliares no processo, para estabilizar emulsões e suspensões ou para fornecer a estrutura física necessária para o empacotamento e distribuição. No entanto, seu uso mais freqüente está associado à sua capacidade de espessar e gelificar soluções, sendo aplicados para melhorar e padronizar a qualidade dos alimentos processados. De acordo com Stephen & Churms (1995), os polissacarídeos estão sendo empregados em quantidades crescentes na tecnologia de alimentos como espessantes, estabilizantes, emulsificantes e agentes gelificantes, dentre outras funções. O uso de polissacarídeos como espessantes está associado à capacidade que eles possuem de aumentar a viscosidade de um líquido, resultando em características organolépticas e texturas desejáveis em alimentos, como corpo e mouthfeel. Os polissacarídeos também são freqüentemente utilizados para eliminar efeitos indesejáveis de liberação de água em alguns alimentos processados e como encorpantes na formulação de produtos de baixas calorias. Devido à sua estrutura química, os polissacarídeos, quando em solução, Toneli et al. 189 apresentam a capacidade de formar géis. Esse processo envolve diferentes mecanismos de associação entre cadeias, os quais dependem das características individuais do polímero aplicado. Dessa forma, os géis resultantes de diferentes polímeros irão apresentar formas estruturais e texturas diferentes, podendo ser aplicados em uma grande variedade de alimentos (Lapasin & Pricl, 1999). Dentre os polissacarídeos mais utilizados na indústria de alimentos estão os amidos, seus derivados e os polissacarídeos não-amiláceos. Existe ainda o grupo dos hidrocolóides que, juntamente com uma pequena proporção de amidos e de outros produtos que não são carboidratos, como a lignina e a proteína nãodigerível, constituem o grupo das chamadas fibras dietéticas (Stephen & Churms, 1995). A escolha do polissacarídeo mais apropriado depende das suas propriedades físicas e químicas, assim como das características desejáveis no alimento e das condições de processamento, como temperatura e concentração. Principais polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos e suas aplicações Amidos e seus derivados O amido é um dos produtos de origem vegetal mais abundantes na natureza, que ocorre naturalmente sob a forma de grãos minúsculos (partículas de 2 a 100m) em raízes, sementes e caules de numerosos tipos de plantas, como milho, trigo, arroz, cevada e batatas, nos quais atua como um carboidrato de reserva. Trata-se de um polissacarídeo complexo de grande importância para a nutrição animal e humana (Lapasin & Pricl, 1999; Zobel & Stephen, 1995). Existem vários tipos de amido que diferem entre si pela fonte de que foram extraídos e/ou pela forma de obtenção. As diferenças entre os diversos tipos de amido podem ser encontradas na morfologia granular, no peso molecular, na composição (grau de ramificação das macromoléculas de polissacarídeos) e nas propriedades físicoquímicos. Segundo Lapasin & Pricl (1999) os amidos consistem em duas classes de polímeros de carboidratos: uma linear, chamada de amilose, e outra ramificada, chamada de amilopectina. Na natureza, o amido é semicristalino, com vários níveis de cristalinidade. A cristalinidade está Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.181-204, 2005 190 Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos exclusivamente ligada à amilopectina, ao passo que as regiões amorfas são associadas à amilose (Zobel, 1988a; 1988b). Seja qual for a fonte, o amido nativo ou em suas formas modificadas é um ingrediente praticamente obrigatório em alimentos e produtos relacionados. Trata-se de um polímero solúvel que pode fornecer dispersões viscosas, soluções ou géis, dependendo das condições de concentração e temperatura (Lapasin & Pricl, 1999). O amido nativo, apesar de ser isolado de forma relativamente fácil através de moagem úmida, não é ideal para a formulação de alimentos estáveis, nutritivos, saborosos e, portanto, vendáveis (Zobel & Stephen, 1995). O uso do amido nativo em alimentos é limitado devido às suas propriedades físicas e químicas. Os grânulos são insolúveis em água fria, requerendo um processo de cozimento para que a dispersão seja alcançada. Muito freqüentemente, a viscosidade do amido nativo cozido é muito elevada para que ele seja utilizado em certas aplicações. Além disso, a maior parte dos amidos nativos também têm uma tendência a perder sua viscosidade e poder espessante durante o cozimento, particularmente na presença de alimentos ácidos (Wurzburg, 1995; Lapasin & Pricl, 1999). Os amidos modificados foram desenvolvidos para corrigir um ou mais problemas existentes no amido nativo, os quais limitam a sua utilização na indústria de alimentos. Lapasin & Pricl (1999) destacam os éteres, ésteres e produtos despolimerizados como alguns derivativos do amido industrialmente importantes. Com essas modificações, as pastas resultantes são estáveis, translúcidas e possuem uma menor tendência à retrodegradação. Além disso, eles podem ser facilmente processados para que se obtenha condições desejáveis de textura, pH e resistência à temperatura, o que permite o seu uso como espessantes e agentes retentores de água em produtos à base de água e leite. Os amidos hidrolisados estão disponíveis em uma grande variedade de composições, desde produtos com alto peso molecular, que são sensivelmente menos saborosos, até a dextrose cristalina, um monossacarídeo com cerca de 60% da doçura da sacarose (Blanchard & Katz, 1995). As maltodextrinas e os maltooligossacarídeos são produtos da hidrólise do amido obtidos através da catálise ácida ou de Toneli et al. uma ação enzimática específica. De acordo com Loret et al. (2004), as maltodextrinas são produtos da hidólise do amido que possuem valores de dextrose equivalente (DE) menores que 20. A DE é definida como o número total de açúcares redutores relativamente a uma linha base de glicose igual a 100, expressa em base seca. Produtos da hidrólise com DE maior que 20 são freqüentemente referenciados como xaropes de glicose, os quais, como o próprio nome diz, são produtos fornecidos sob a forma de soluções aqüosas. De certa forma, é a solubildade do produto resultante da hidrólise do amido que diferencia as duas classes de material, ou seja, para valores de DE muito maiores que 20, o produto é constituído por oligômeros curtos que são livremente solúveis em água, ao passo que, abaixo de 20, há uma proporção suficiente de cadeias de poliméricas longas para inibir a solubilidade e promover a gelatinização (Ritcher et al., 1976 citados por Loret et. al., 2004). As maltodextrinas são, portanto, uma mistura de materiais de alto e baixo peso molecular. A maltodextrina possui uma capacidade de reproduzir a sensação provocada pela gordura devido à rede tridimensional que é formada durante o seu processo de gelificação, de modo que ela é um dos substitutos da gordura mais utilizados nos últimos 25 anos (Loret et al., 2004). Blanchard & Katz (1995) destacam que a aplicação da maltodextrina como substituto de gordura é a mais versátil, pois permite que muitas das suas propriedades funcionais sejam utilizadas simultaneamente: capacidade de encorpar, de previnir a cristalização, de promover a dispersibilidade, de controlar o congelamento e de promover a ligação de aromas, pigmentos e gorduras. Os autores também destacam outras aplicações possíveis, como ingrediente na encapsulação de aromas e corantes, na panificação, na confeitaria, em produtos lácteos, sobremesas e outros. Celulose e seus derivados Segundo Coffey, Bell, Henderson (1995), a celulose é uma das substâncias orgânicas naturais mais abundantes na natureza. Trata-se de um polímero linear de alto peso molecular que constitui o maior tijolo da estrutura da parede celular de plantas superiores (Lapasin & Pricl, 1999; Coffey, Bell, Henderson, 1995). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.181-204, 2005 Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos A celulose e seus derivados físicos e químicos têm vasta aplicação no preparo de alimentos formulados, principalmente devido à estrutura química do derivado da celulose. Para as celuloses quimicamente modificadas, essa característica geralmente está associada à natureza cristalina ou amorfa do produto. Dentre as funções de derivados da celulose quimicamente modificada em alimentos, podem-se destacar: regulação das propriedades reológicas, emulsificação, estabilização de espumas, modificação da formação e do crescimento de cristais de gelo e capacidade de ligação à água (Lapasin & Pricl, 1999; Coffey, Bell, Henderson, 1995). Pectinas Voragen et. al. (1995) definem as substâncias pécticas como um grupo de polissacarídeos intimamente associados que está presente nas paredes celulares primárias e nas regiões intercelulares de muitos vegetais. A textura de frutas e vegetais durante o crescimento, amadurecimento e armazenagem é fortemente influenciada pela quantidade e pela natureza da pectina presente. Mudanças importantes - desejáveis e indesejáveis - nas propriedades de frutas e outros vegetais durante a armazenagem e o processamento estão associadas ao componente péctico. As pectinas têm a capacidade de formar géis, sob certas circunstâncias, o que faz dela um importante aditivo em geléias, marmeladas e na indústria confeiteira, de maneira geral. Muitos fatores afetam as condições de formação de gel, assim como a força do mesmo. No entanto, o papel principal é exercido pelas moléculas de pectina, de modo que seu comprimento de cadeia e a natureza química das zonas de conexão têm forte influência. Sob condições iguais, a força do gel aumenta com o aumento do peso molecular da pectina utilizada e qualquer tratamento que despolimerize as cadeias de pectina refletirá em géis mais fracos. As pectinas têm pouco uso como espessantes devido à sua baixa capacidade em formar soluções viscosas, quando comparadas com outros biopolímeros. Galactomananos Toneli et al. 191 parte desses polissacarídeos apresenta similaridades estruturais básicas e são muito similares, em estrutura, aos componentes hemicelulósicos ou pécticos (Reid & Edwards, 1995; Lapasin & Pricl, 1999). Segundo Lapasin & Pricl (1999), desde a antigüidade esses polímeros, frequentemente chamados de gomas, são extraídos ou isolados de sementes de vegetais, como é o caso da carob ou locusta, guar, tara e tamarindo. Como podem ser extraídos de diversas fontes vegetais, os galactomananos podem diferir em seu peso molecular, na distribuição do peso molecular e na razão entre frações de galactose e manose (G/M). Stephen & Churms (1995) destacam os galactomananos como ingredientes extremamente importantes na indústria de alimentos, uma vez que resultam em soluções com alta viscosidade, atuam como emulsificantes e interagem efetivamente com outros polissacarídeos para formar géis. As gomas extraídas de sementes têm a capacidade de modificar o comportamento da água em sistemas de alimentos de uma maneira altamente eficiente, de reduzir e minimizar a fricção em alimentos (auxiliando no processamento e na palatabilidade dos produtos) e de auxiliar no controle do tamanho dos cristais em soluções saturadas de açúcar. Dentre os galactomananos utilizados na indústria de alimentos, as gomas locusta e guar são polissacarídeos que apresentam estruturas químicas similares, com uma cadeia principal linear de -1,4-D-manose substituído em graus variáveis na posição 6 com um resíduo simples de -1,6-D-galactose (Casas & Garcia-Ochoa, 1999; Fernandes, Gonçalves, Doublier, 1994; Garcia-Ochoa & Casas, 1992). A goma locusta (LBG), extraída do endosperma da semente da árvore carob (Ceratonia siliqua L.), possui uma razão manose/galactose (M/G) de cerca de 4:1. A goma guar (GG), extraída do endosperma das sementes da leguminosa Cyamopsis tetragonolobus, possui uma razão M/G de aproximadamente 1,7:1 (Fernandes, Gonçalves, Doublier, 1994). De acordo com Casas & Garcia-Ochoa (1999), dependendo da temperatura de dissolução, as moléculas de goma locusta podem apresentar zonas de radicais livres, sem ligações com a galactose, que são referidas como regiões lisas. Em muitas sementes, as paredes celulares dos tecidos são espessas e possuem grandes depósitos de polissacarídeos, os quais são mobilizados durante a germinação. A maior Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.181-204, 2005 192 Polissacarídeos (Rhodophyceae) Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos de algas vermelhas As algas vermelhas são fonte de muitos polissacarídeos industriais, como as gomas carragenana e agar, que são todos polímeros de galactose e seus derivativos e apresentam uma estrutura básica comum. Esses polímeros de carboidratos são essencialmente cadeias lineares nas quais as galactoses estão ligadas alternadamente através de ligações -1,3 e 1,4. As carragenanas são da família de polissacarídeos sulfatados lineares que podem ser extraídos como componentes da matriz de algas marinhas vermelhas. A sua estrutura química é baseada na repetição de uma unidade de dissacarídeo do tipo AB, de modo que elas podem ser escritas, de maneira geral, como (AB)n, onde A é derivado de unidades de ligações 1,3 de -D-galactose e B , geralmente, mas não invariavelmente, está presente através de ligações 1,4 de 3,6-anidro--D-galactose (Lapasin & Pricl, 1999). As carragenanas são bem caracterizadas em termos de sua estrutura química e podem ser classificadas em , , , , , e carragenanas. Dentre os vários tipos existentes, somente três são comercialmente importantes: , e ,-carragenanas. Elas são polímeros versáteis como aditivos em alimentos, sendo capazes de se ligar à água, promovendo a formação de géis e atuando como agente espessantes e estabilizantes. Vantagens adicionais estão na sua capacidade de melhorar a palatabilidade e a aparência. De acordo com Piculell (1995), o uso das carragenanas na indústria alimentícia inclui uma grande quantidade de sobremesas lácteas (sorvetes, achocolatados, flans, géis de leite) e conservas de carne, incluindo pet foods. Além disso, a sua habilidade de permanecer em solução permite seu uso em molhos para salada. O termo coletivo agar refere-se a uma complexa mistura de componentes polissacarídeos que podem ser extraídos de certas espécies de algas-marinhas. De acordo com Lapasin & Pricl (1999), a agar é composta de duas frações principais: agarose, um polissacarídeo neutro, e agaropectina, um polissacarídeo sulfatado. A porcentagem de agarose, que é a fração comercialmente importante, geralmente varia de 50 a 90%. A funcionalidade do agar em produtos alimentícios depende quase exclusivamente da Toneli et al. sua habilidade em ligar-se à água e formar géis termosensíveis. As propriedades gelificantes são funções da fração de agarose. Os elevados pontos de fusão dos géis de agar os tornam apropriados para uso em massas de panificação, onde a agar é superior à carragenana . A sua principal utilização é para o congelamento de massas doces e bolos, para evitar problemas na manutenção da integridade do produto congelado durante o empacotamento e a distribuição (Stanley, 1995). Alginatos Alginatos são polissacarídeos estruturais que ocorrem naturalmente nas algas marinhas marrons (Phaeophyceae) que crescem nas águas rasas das zonas temperadas e em bactérias do solo. Existem muitas espécies de algas marrons, mas apenas algumas são suficientemente abundantes e convenientemente localizadas para a produção de materiais de valor comercial, os alginatos (Moe et al., 1995; Lapasin & Pricl, 1999). Assim como ocorre com as carragenanas, alginatos é um termo coletivo para ácido algínico, seus sais e derivados. Ácido algínico é co-polissacarídeo de alto peso molecular composto de duas unidades monoméricas de ácido -D-manurônico e -Lgulurônico, em várias proporções, dependendo da espécie de alga (Lapasin & Pricl, 1999). De acordo com Moe et al. (1995), os alginatos não têm valor nutricional e são utilizados como aditivos para melhorar, modificar e estabilizar a textura de certos alimentos. Propriedades importantes incluem a melhora da viscosidade, habilidade de formação de gel e estabilização de misturas aqüosas, dispersões e emulsões. Algumas dessas propriedades são provenientes das propriedades físicas inerentes dos alginatos, mas elas também podem ser resultado da interação com outros componentes do alimento, tais como proteínas, gorduras ou fibras. Polissacarídeos microbianos Nos últimos anos, muitos polissacarídeos de interesse científico e comercial passaram a ser obtidos através de fermentações microbianas. Microorganismos como fungos e bactérias produzem três tipos diferentes de polímeros de carboidratos (Morris, 1995): Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.181-204, 2005 Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos - - Polissacarídeos extracelulares ou exocelulares: podem ser encontrados na forma de uma cápsula discreta que envolve a célula microbiana e que é parte da própria parede celular (polissacarídeos capsulares) ou como uma massa amorfa secretada no meio em torno do microorganismo. Polissacarídeos estruturais. Polissacarídeos intracelulares de armazenagem. Os polissacarídeos de origem microbiana apresentam a vantagem de possuírem propriedades físicas e químicas reprodutíveis, além de apresentarem uma fonte regular. Lapasin & Pricl (1999) atribuem o sucesso desses polissacarídeos ao fato de eles poderem ser produzidos sob condições controladas a partir de espécies selecionadas, de modo que problemas de variações de estrutura e propriedades possam ser evitados. Além disso, os polissacarídeos microbianos apresentam uma série de regularidades estruturais que raramente são encontradas em polímeros de carboidratos provenientes de outras fontes. Tal regularidade na sua estrutura primária implica em as cadeias poderem assumir conformações ordinárias (hélices simples ou múltiplas) tanto no estado sólido como em solução e isso, por sua vez, tem uma forte influência sobre as suas propriedades físico-químicas. Finalmente, a versatilidade exibida pelos microorganismos na síntese de polissacarídeos iônicos e neutros com uma grande variedade de composições e propriedades não encontra uma contrapartida no mundo vegetal e nem tampouco pode ser imitada, nem mesmo pelos mais renomados cientistas. Dentre os polissacarídeos microbianos, as gomas xantana e gelana destacam-se para a aplicação em alimentos. De acordo com Morris (1995), a goma xantana foi estabelecida como um aditivo em alimentos e suas propriedades funcionais deram início a novas aplicações. Trata-se de um polímero aniônico resultante da secreção exocelular da bactéria Xanthomonas campestris. Sua cadeia principal é baseada em uma ligação linear de resíduos de com uma cadeia lateral de trissacarídeo anexada a resíduos alternativos de D-glicosil (lapasin & pricl, 1999; lagoueyte & paquin, 1998; casas, santos, Garcia-Ochoa, 2000). Quando em solução aqüosa, a xantana mostra uma transição conformacional entre cadeias ordenadas e desordenadas, dependendo Toneli et al. 193 da temperatura, da força iônica e do pH. Ela passa de uma cadeia desordenda, sob elevadas temperaturas e baixa força iônica, para uma forma ordenada, sob temperaturas e concentrações de sais fisiologicamente relevantes (Lagoueyte & Paquin, 1998; Casas & Garcia-Ochoa, 1999; Casas, Santos, GarciaOchoa, 2000). Sua natureza ramificada confere a ela características reológicas diferentes, melhores do que as resultantes de outras gomas naturais, como goma locusta ou goma guar. As soluções de xantana apresentam propriedades de espessante e estabilizante, com um comportamento pseudoplástico muito estável em uma larga faixa de pH, pK (concentração iônica) e temperatura (Casas & Garcia-Ochoa, 1999; Casas, Santos, Garcia-Ochoa, 2000; Lagoueyte & Paquin, 1998; Kang&Petit, 1993 Citados por Casas, Santos, Garcia-Ochoa, 2000). De acordo com Morris (1995), a principal aplicação industrial para a goma xantana devese ao fato que quando a goma é dispersa em água quente ou fria, as dipersões aqüosas resultantes são tixotrópicas. A estrutura semelhante à de um gel fraco que se forma resulta em uma alta viscosidade sob baixas taxas de deformação sob baixas concentrações do polímero, que pode ser utilizado como um espessante em soluções aqüosas e permite estabilização de espumas, emulsões e suspensões particuladas. Finalmente, o comportamento pseudoplástico reversível permite a manipulação e o controle de processos tais como espalhamento, bombeamento e atomização. A goma xantana apresenta uma grande variedade de aplicações em alimentos. A tixotropia das dispersões de xantana levaram ao desenvolvimento de uma série de misturas secas de formulações de molhos, temperos e sobremesas, as quais podem ser aquecidas ou refrigeradas sem que haja perda das características texturais desejáveis. Além disso, a goma xantana melhora o processamento, a armazenagem e a elasticidade de massas (Morris, 1995). A goma gelana é um polissacarídeo extracelular secretado pelo microorganismo Pseudomonas elodea. O seu potencial de aplicação em alimentos, segundo MORRIS (1995) inclui produtos de confeitaria, geléias, alimentos industrializados, géis à base de água, recheios e pudins, sorvetes, iogurtes, milkshakes, dentre outros. De uma maneira geral, sua utilização está associada à Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.181-204, 2005 194 Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos substituição de hidrocolóides geralmente aplicados em baixas concentrações de polímeros. Gomas e mucilagens: As gomas de origem vegetal, naturais e sem modificação, são reconhecidas na indústria de alimentos como aditivos de valor incalculável, com propriedades físicas bem definidas. Dentre essas gomas, a mais conhecida é a goma arábica ou goma acácia, que é o exudado de árvores africanas acácia (predominantemente A. senegal), crescidas em diferentes áreas geográficas principais: Sudão, países do oeste africano de linguagem francesa e Nigéria. Devido à sua abundância e grande variedade de aplicação industrial, muitos estudos têm sido desenvolvidos com foco no cultivo, marketing, química e estudo das propriedades físicas dessa substância. Para uso em alimentos, as melhores classes da goma, selecionadas manualmente, são convertidas em pó através de secagem em spray dryer após terem sido dissolvidas em água quente e clarificadas, preferencialmente por centrifugação (Stephen & Churms, 1995b). Lapasin & Pricl (1999) destacam que uma das aplicações mais interessantes da goma arábica é a preparação de aromas encapsulados em pó, por secagem em spray dryer. Muitos produtos em pó, comercializados em pacotes, tais como bolos, sobremesas, misturas para sopas e pudins, contêm aromas encapsulados. Durante o processo de secagem por atomização, a goma arábica atua como agente microencapsulante, protegendo os compostos voláteis das temperaturas elevadas e retendo mesmo os aromas mais delicados. Quando a mistura é dissolvida para o preparo final do produto, os aromas são liberados. baixo teor calórico e de atuar no organismo humano de maneira similar às fibras dietéticas, contribuindo para a saúde do sistema gastrointestinal e para o incremento das bifidobactérias. Dessa forma, a inulina pode ser utilizada tanto como um substituto de macronutrientes quanto como um suplemento, adicionado aos alimentos principalmente por suas propriedades nutricionais. Quando combinada com água, a inulina produz a mesma textura e o mesmo mouthfeel que a gordura em alimentos à base de água, tais como produtos lácteos, massas assadas, recheios, sobremesas congeladas e molhos (Niness, 1999; SchallerPovolny & Smith, 1999). Apesar de haver uma variedade de pesquisas sobre as propriedades nutricionais da inulina, suas propriedades físico-químicas ainda são pouco conhecidas e pouco se sabe sobre os efeitos da interação da inulina com outros biopolímeros. Misturas de polissacarídeos A mistura de polissacarídeos na formulação de alimentos pode resultar em interações sinérgicas desejáveis, levando a propriedades reológicas melhoradas e a melhorias na qualidade dos produtos. Além disso, a combinação de polissacarídeos também pode ser benéfica por proporcionar reduções nos custos de manufatura (Williams & Phillips, 1995). De Acordo Com Williams & Phillips (1995), três tipos de interação podem ocorrer em soluções contendo dois ou mais polímeros, dependendo da natureza dos mesmos: a) b) Inulina: A inulina é um polissacarídeo de reserva que pode ser encontrado em mais de 30.000 produtos vegetais, dentre os quais as raízes de chicória e a alcachofra de Jerusalém se destacam para a sua produção industrial (SILVA, 1996). Quimicamente, a inulina é composta por uma cadeia de moléculas de frutose unidas por ligações (21), contendo uma molécula de glicose terminal. Sua utilização na indústria de alimentos está relacionada à sua atuação como substituto de gordura, com a vantagem de apresentar Toneli et al. c) Incompatibilidade: resulta na formação de duas camadas líquidas de polímeros, com cada uma delas enriquecida em um ou outro polímero. Compatibilidade: resulta em miscibilidade completa e na formação de uma única fase homogênea. Associação de polímeros: resulta na coprecipitação dos polímeros na forma de um coacervado sólido ou, em alguns casos, na formação de um gel. Como um exemplo de mistura de polímeros, pode-se citar a composição entre goma xantana e galactomananos. A goma guar, por exemplo, não gelifica na presença de goma xantana, mas pode produzir um aumento substancial na viscosidade de soluções. A Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.181-204, 2005 Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos principal importância dessa mistura não está nas fracas propriedades de gel de xantana, as quais são de menor importância, mas sim na redução dos custos, já que a goma guar é muito mais barata do que a xantana (Lapasin & Pricl, 1999). Tecante & Doublier (1999) relatam que misturas de amidos e outras moléculas de polissacarídeos têm sido aplicadas por muitos anos na indústria de alimentos. As gomas arábica, guar, xantana, locusta e carragenana são algumas das macromoléculas comumente combinadas com amido de trigo ou de milho. Um dos aspectos importantes das misturas de amido-hidrocolóides é que eles mostram uma variedade de propriedades reológicas e texturais que são úteis na definição de diferentes aplicações em alimentos. Reologia de soluções de polissacarídeos utilizadas na indústria de alimentos Aspectos gerais polissacarídeos sobre a reologia de A grande maioria das aplicações de polissacarídeos na indústria alimentícia está associada à capacidade que eles possuem de alterar drasticamente as suas propriedades físicas quando em solução, resultando em soluções de alta viscosidade ou criando redes intermoleculares coesivas. Nesses casos, o conhecimento do comportamento reológico das soluções de polissacarídeos é de fundamental importância no projeto, na avaliação e na modelagem de processos. Além disso, as propriedades reológicas também são um indicador da qualidade do produto e desempenham um papel fundamental na análise das condições de escoamento em processos de alimentos como pasteurização, evaporação e secagem (Marcotte, Taherian Hoshahili, Ramaswamy, 2001; Morris, 1995; Lapasin & Pricl, 1999). Lapasin & Pricl (1999), em seu estudo sobre reologia de polissacarídeos industriais, ressaltam que o comportamento reológico dos materiais, especialmente de sistemas de polissacarídeos, pode ser afetado por uma série de fatores, principalmente aqueles relacionados às características moleculares e supramoleculares. A nível molecular, a cadeia polimérica principal e suas características relacionadas, tais como comprimento em solução, forma e eventual presença de grupos ionizáveis, representam o papel principal na Toneli et al. 195 determinação das propriedades macroscópicas do sistema, incluindo a reologia. Muitos desses parâmetros moleculares estão correlacionados, outros devem ser combinados com fatores externos como, por exemplo, as características do meio solvente. Essas características irão, posteriormente, exercer influência sobre a conformação adotada pela macromolécula no sistema, assim como sobre a possibilidade de formação de estruturas supramoleculares. Em outras palavras, mudanças na força iônica, na temperatura ou em outros parâmetros do solvente podem induzir a uma transição conformacional, modificando a resistência hidrodinâmica da macromolécula ao escoamento. Além disso, se a concentração do polímero for suficientemente alta, as variações descritas acima podem promover mudanças estruturais a um nível supramolecular e, conseqüentemente, modificar o comportamento reológico. Os polissacarídeos em soluções diluídas encontram-se na forma de espirais desordenadas e aleatórias, cuja forma flutua continuamente através do movimento browniano. As propriedades apresentadas por essas soluções estão associadas ao grau de ocupação do espaço pelo polímero. Sob baixas concentrações, a solução é formada por ilhas de espirais que estão bem separadas umas das outras e completamente livres para se movimentarem de forma independente. Com o aumento da concentração, entretanto, as espirais começam a se tocar pode haver a formação de moléculas adicionais pela sobreposição ou pela acomodação de uma espiral na outra. Com a formação dessas sobreposições, as cadeias individuais poderão se movimentar somente pelo processo de contorção através da rede emaranhada de cadeias vizinhas. O início do processo de sobreposição das espirais é determinado por dois fatores: o número de cadeias presentes (proporcional à concentração) e o volume que cada uma ocupa (associado ao peso molecular) (Morris, 1995; Lapasin & Pricl, 1999). Um parâmetro conveniente para a caracterização do volume das espirais é a viscosidade intrínseca ou o número limite de viscosidade, [], que mede o aumento fracional na viscosidade por unidade de concentração de cadeias isoladas (Morris, 1995; Lapasin & Pricl, 1999). Para qualquer polissacarídeo específico, a viscosidade intrínseca aumenta com o peso molecular (M) de acordo com a Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.181-204, 2005 Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos 196 relação de Mark-Houwink, como mostra a Equação (22), onde os parâmetros K e a variam de um sistema para o outro e devem ser determinados experimentalmente. KM a ( 22) A viscosidade intrínseca é determinada experimentalmente através da medição da viscosidade das soluções sob concentrações muito baixas (c). Denotando as viscosidades da solução e do solvente como e (s), respectivamente, [] é definida formalmente pelas relações apresentadas nas Equações 23, 24 e 25 (MORRIS, 1995): Viscosidade Relativa: rel s ( 23) Viscosidade Específica: sp s rel 1 s (24) Viscosidade Intrínseca: ps C lim C 0 (25) A transição de uma solução diluída de espirais com movimentos livres e independentes para uma rede emaranhada é acompanhada por uma mudança muito marcada na dependência da viscosidade da solução com a concentração. Sob concentrações inferiores ao início da sobreposição das espirais, a viscosidade específica é aproximadamente proporcional a c1,3. Sob concentrações mais elevadas, onde as cadeias estão emaranhadas, as viscosidades aumentam mais rapidamente com o aumento da concentração, variando aproximadamente com c3,3 (Morris, 1995). A concentração em que a sobreposição das espirais começa a ocorrer é referida como concentração crítica (c*). O volume das espirais pode variar largamente de uma amostra para outra, havendo uma variação correspondente no valor de c*. Em soluções diluídas, abaixo do início da sobreposição (c < c*), as viscosidades mostram apenas uma pequena dependência com a taxa de deformação, devido ao fato de as Toneli et al. espirais individuais estarem sendo esticadas pelo escoamento e oferecendo menor resistência ao movimento. No entanto, quando c > c*, em geral, as soluções começam a apresentar características pseudoplásticas. Muitos estudos revelam que a dependência da viscosidade específica com a concentração mostra duas regiões de comportamento de lei da potência, sendo uma de cada lado da concentração crítica (Loret et. al., 2004; Speers & Tung, 1986; Rao & Kenny, 1975). Os valores da potência para as duas regiões para diferentes biopolímeros lineares (goma guar, goma locusta, alginato) têm sido apresentados na faixa de 1,1 a 1,4 na região diluída e de 3,5 a 5,1, na região concentrada. Para a maltodextrina, os autores encontraram um valor de 1,4, na região diluída, e 4,7, para altas concentrações (Loret et. al., 2004). Os valores das concentrações críticas variam muito entre os biopolímeros. Para carragenana (0,1M NaCl, pH9), Croguennoc et.al. (2000) observaram um valor de 0,45% (g/l). Morris et. al. (1981) observaram os valores de 0,22% (g/l) para goma guar, 1% (g/l) para o alginato (0,2M NaCl) e 8% (g/l) para a dextrana. Loret et al. (2004) observaram um valor de 17% para soluções aquosas de maltodextrina. Morris (1995) estabelece que, para que a solução de polissacarídeos comece a escoar, os emaranhados intermoleculares devem ser separados. Quando as soluções são cisalhadas por baixas taxas de deformação, há tempo suficiente para que novos emaranhados se formem entre diferentes pares de cadeias. Dessa maneira, a densidade de interligação global da rede permanece constante e a viscosidade da solução também permanece constante em um valor máximo fixo – a viscosidade de cisalhamento zero (o). Sob taxas de deformação mais elevadas, entretanto, onde a taxa de re-agrupamento cai através da taxa de separação dos emaranhados existentes, a extensão de agrupamento-desagrupamento diminui progressivamente com o aumento da taxa de deformação e a viscosidade cai, tipicamente por duas ou três ordens de magnitude através da faixa de taxa de deformação de importância prática. Apesar de diferentes soluções de polissacarídeos apresentarem diferentes valores de viscosidade máxima à taxa de deformação zero, e diferentes valores de taxa de deformação para a qual a solução começa a escoar, todas Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.181-204, 2005 Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos elas apresentam uma forma geral de comportamento pseudoplástico (Morris, 1995). Além da concentração, a viscosidade de soluções de polissacarídeos também é significativamente afetada por variáveis como taxa de deformação, temperatura, tensão e tempo de cisalhamento. A temperatura tem uma importante influência sobre o comportamento de escoamento de soluções de hidrocolóides. Uma vez que diferentes temperaturas são encontradas durante o processamento de hidrocolóides, suas propriedades reológicas devem ser estudadas em função da temperatura. O efeito da temperatura sobre a viscosidade aparente, sob uma taxa de deformação específica, geralmente é descrito pelo modelo de Arrhenius (Equação 19) Rao & Kenny, 1975; Speers & Tung, 1986, Marcotte, Taherian Hoshahili, Ramaswamy, 2001). As soluções de gomas geralmente são fluidos não-newtonianos com comportamento pseudoplástico. Diversos modelos têm sido aplicados para descrever o comportamento reológico de soluções de hidrocolóides, por exemplo, modelos lineares (newtoniano ou Bingham), lei da potência (Ostwald-de-Waele), lei da potência com tensão residual (HerschelBulkley) e o modelo de Casson. Dentre esses, o da Lei da Potência é talvez o mais utilizado para fluidos não-newtonianos e é extensivamente utilizado para descrever as propriedades de escoamento de líquidos, tanto em análises teóricas quanto em aplicações práticas da engenharia (Kayacier & Dogan, 2006; Barnes, Hutton, Walters, 1989). As soluções de hidrocolóides também podem apresentar propriedades reológicas dependentes do tempo, principalmente a tixotropia. Gray & Bonnecaze (1998) ressaltam que a viscosidade de suspensões densas é fortemente influenciada pelo arranjo das partículas em grandes frações volumétricas. A maior parte dessas suspensões só escoa quando a sua estrutura, que consiste de uma rede que previne o escoamento, tiver sido degradada por uma tensão elevada o suficiente – a tensão residual (Zhu et. al., 2001). De acordo com Bonnecaze & Brady (1992), em uma curva de tensão versus taxa de deformação de um material que apresenta tensão residual, a tensão aumenta, incialmente, de uma maneira quase linear (tensão proporcional à deformação), Toneli et al. 197 confirmando a natureza elástica do material abaixo da tensão residual. A inclinação da curva começa a decrescer no limite de reversibilidade do material (tensão residual limite elástica), na qual o comportamento plástico ou não-linear é observado, até atingir um máximo (tensão residual estática), após a qual a resposta do material passa a ser como a de um líquido. O platô de tensão para altas deformações é referido como tensão residual dinâmica, que é equivalente à tensão à taxa de deformação zero extrapolada nas curvas de tensão versus taxa de deformação, assim como a tensão residual, que aparece como um parâmetro do material em modelos constitutivos. Estudos sobre o comportamento reológico de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos Para que seja possível definir qual o melhor polissacarídeo a ser empregado na produção de um determinado alimento, deve-se estabelecer, em primeiro lugar, quais são os atributos físicos e sensoriais desejáveis. Em segundo lugar, devem ser conhecidas as condições de processamento e de armazenagem desse produto. Considerando-se esses aspectos, é preciso conhecer as propriedades dos polissacarídeos existentes e como eles se comportam quando submetidos às condições de processamento e armazenagem do produto, considerando ainda a interação com os ingredientes da formulação. Dessa forma, para que as indústrias tenham condições de melhorar qualidade de seus produtos e reduzir os custos de produção, inúmeras pesquisas têm sido desenvolvidas com a finalidade de avaliar o comportamento de diferentes polissacarídeos, individualmente e em misturas, quando submetidos a diferentes condições de processo. Dentre os aspectos estudados, o comportamento reológico de soluções de polissacarídeos é um dos mais importantes, pois está fortemente associado à estrutura molecular dos ingredientes e o seu conhecimento é fundamental para o dimensionamento das condições de processo e avaliação da qualidade do produto final. Loret et al. (2004) realizaram um estudo do efeito da concentração e da temperatura sobre a gelatinização de soluções de maltodextrina através de medidas de viscosidade. Os autores observaram que, à temperatura de 60ºC, as soluções apresentaram um comportamento newtoniano dentro da faixa Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.181-204, 2005 198 Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos de concentrações estudada (1 a 40%). Através da determinação do comportamento da viscosidade específica em função da concentração, os autores conseguiram visualizar a concentração crítica das soluções, que foi estimada em 17%. A maior parte dos polímeros apresenta um comportamento pseudoplástico em soluções que se encontrem acima da concentração crítica, devido à desagregação e orientação das cadeias sob tensões elevadas. No entanto, no caso das soluções de maltodextrina preparadas acima de c*, o comportamento newtoniano ainda foi observado. Os autores relacionaram esse fato à estrutura ramificada da amilopectina e à polidispersidade no peso molecular da amostra. Marcotte, Taherian Hoshahili, Ramaswamy (2001) realizaram um estudo das propriedades reológicas de diversos hidrocolóides (carragenana, pectina, gelatina, amido e xantana) sob diferentes concentrações (1 a 6%, dependendo do tipo de hidrocolóide) e de temperatura (20, 40, 60 e 80ºC). Os autores confirmaram a existência de uma dependência das características reológicas com a concentração e temperatura, que variou de um hidrocolóide para o outro. De acordo com observações dos autores, elevadas concentrações de gomas resultam em um aumento nas viscosidades newtoniana e aparente, ao passo que elevadas temperaturas provocam redução nas mesmas. A gelatina, que é uma proteína, apresenta um comportamento claramente newtoniano enquanto que os demais apresentam comportamento não-newtoniano de fluidos pseudoplásticos. As curvas de escoamento do amido e da pectina podem ser representadas pelo modelo da Lei da Potência, em todas as temperaturas e concentrações. Para todos os hidrocolóides, a pseudoplasticidade aumentou com o aumento da concentração, caracterizada por um decréscimo no índice de comportamento. Contrariamente, os hidrocolóides apresentaram uma redução na pseudoplasticidade com o aumento da temperatura. O índice de consistência, por sua vez, aumentou com o aumento da concentração e com a redução da temperatura, indicando um aumento na viscosidade aparente. Comparativamente, a goma xantana foi a mais pseudoplástica e a menos dependente da temperatura, ao passo que a pectina teve o comportamento mais próximo do newtoniano. A carragenana foi a mais afetada pela temperatura e exibiu uma elevada tensão residual sob baixas temperaturas. Toneli et al. Marcotte, Taherian Hoshahili, Ramaswamy (2001) observaram ainda a existência de uma tensão residual nas soluções de goma xantana, em todas as condições experimentais, e nas de goma carragenana, para as concentrações de 2 e 3% à temperatura de 20ºC. Por essa razão, o comportamento reológico dessas soluções foi representado pelo modelo de Herschel-Bulkley. O aumento da concentração das soluções e a redução da temperatura de medida provocaram o aumento da tensão residual. Rao & Kenny (1975) E Marcotte, Taherian Hoshahili, Ramaswamy (2001) ressaltam que a tensão residual é uma propriedade desejável em gomas por auxiliar na manutenção de diversos ingredientes, utilizados na formulação de alimentos, em seus devidos lugares. Christianson & Bageley (1984) avaliaram as tensões residuais em dispersões de grãos de amido intumescidos e deformáveis e observaram que o valor determinado experimentalmente para a tensão residual depende do método de avaliação e das condições experimentais. Soluções de goma com valores elevados de n, ou seja, com comportamento altamente pseudoplásticos, tendem a apresentar uma sensação de viscosidade na boca. Desse modo, quando características de elevada viscosidade e um bom mouthfeel são desejáveis em uma formulação, a escolha deve ser de um sistema de gomas que possua um comportamento altamente pseudoplástico. Rao & Kenny (1975) e Speers & Tung (1986) reportaram que, para um dado tipo de goma, o valor do índice de comportamento e suas alterações com a concentração são altamente dependente do tamanho molecular. Garcia-Ochoa & Casas (1992) estudaram a viscosidade de soluções de goma locusta em função da taxa de deformação, da concentração da solução, da temperatura de solubilização e da temperatura de medida. De acordo com os autores, as soluções apresentaram comportamento pseudoplástico e um decréscimo na viscosidade com o aumento da temperatura de medida. A temperatura de solubilização teve forte influência sobre a viscosidade aparente das soluções, havendo um aumento na viscosidade aparente com o aumento da temperatura de dissolução. Os autores atribuíram esse comportamento à diferença no peso molecular e na extensão e/ou regularidade de ramificação das moléculas que se dissolvem às diferentes temperaturas, Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.181-204, 2005 Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos provocando uma variação na razão galactose/manose da solução. O aumento da temperatura de solubilização provoca a dissolução de moléculas de peso molecular mais elevado e uma menor razão entre galactose e manose, o que provoca um aumento na viscosidade da solução. No entanto, os autores observaram que quando a temperatura de dissolução atingiu 80ºC, houve uma inversão no comportamento da viscosidade, que foi atribuída à degradação térmica das moléculas em solução ou a um enfraquecimento ou quebra das ligações intermoleculares. Dunstan et al. (1995) compararam as propriedades reológicas da goma guar e goma arábica com as de polissacarídeos elaborados a partir da fermentação de culturas celulares de plantas. Todos o polissacarídeos apresentaram comportamento reológico não-newtoniano altamente pseudoplástico, porém, os polissacarídeos fermentados apresentaram maior dependência com as condições de temperatura e pH. De acordo com os autores, as soluções de goma guar não apresentaram dependência da viscosidade com a temperatura. Isso indica que o polímero é formado por estruturas rígidas ou que a concentração eletrolítica é elevada o suficiente para que os efeitos da temperatura e do pH sejam ocultados. Nesse estudo, os autores observaram uma inversão no comportamento da viscosidade aparente com a temperatura, em função da taxa de deformação, nas soluções de goma arábica e de polissacarídeos fermentados, como mostra a Figura 6. Os dados apresentados correspondem a uma solução de goma arábica 20% (peso/volume) sob várias temperaturas. Analisando-se a Figura 6, nota-se que há uma intersecção de um estado de alta viscosidade para um estado de viscosidade relativamente baixa sob altas taxas de deformação. A goma arábica é considerada como um hidrocolóide compacto e ramificado. No entanto, como mostra o comportamento de intersecção, as moléculas ainda devem estar aptas a sofrer alterações conformacionais no campo de cisalhamento. As curvas se cruzam a uma taxa de deformação de aproximadamente 5s-1. Devese observar que o comportamento pseudoplástico é observado para sistemas coloidais de esferas rígidas com alta fração volumétrica. Esse comportamento foi atribuído a reorganizações estruturais das suspensões. Toneli et al. 199 Figura 6 – Comportamento da viscosidade em função da taxa de deformação para solução de goma arábica 20% (peso/volume) sob diferentes temperaturas (Adaptado de Dunstan et al., 1995) Leite (2001) estudou a reologia de precipitado de inulina obtido a partir do abaixamento de temperatura do extrato concentrado de raízes de chicória e observou que a temperatura de resfriamento do extrato teve influência sobre a viscosidade das amostras. As amostras que foram congeladas resultaram em soluções com maior concentração de inulina e, portanto, apresentaram maiores viscosidades. O precipitado de inulina apresentou comportamento reológico não-newtoniano de fluido pseudoplástico, representado segundo o modelo de Lei da Potência. Zimeri & Kokini (2003) observaram que géis puros de inulina em água com concentrações inferiores a 20% apresentaram comportamento newtoniano. Paoletti et al. (2001) observaram comportamento semelhante para géis preparados à concentração de 25%. No entanto, para concentrações de 30 e 40%, Zimeri & Kokini (2003) observaram que os géis apresentaram tensões residuais estática e dinâmica. A tensão residual estática foi identificada como um máximo na curva, provocada pela estrutura cristalina não perturbada da inulina. Os autores concluíram que géis concentrados de inulina seguiram um comportamento reológico de Herschel-Bulkley. Muitos estudos têm sido desenvolvidos sobre a interação entre diferentes polissacarídeos, avaliando o sinergismo das misturas, o aumento provocado na viscosidade das soluções e a habilidade de formação de géis. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.181-204, 2005 200 Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos Casas & Garcia-Ochoa (1999) estudaram a viscosidade da mistura de gomas xantana e locusta e observaram que, quando as soluções são misturadas, observa-se um aumento dramático na viscosidade, muito maior do que a viscosidade combinada das soluções individuais dos polissacarídeos. Os autores avaliaram a influência da concentração total de polissacarídeos, da razão entre gomas xantana e locusta e da temperatura de dissolução sobre o comportamento reológico da mistura. O aumento na viscosidade da solução foi atribuído à interação entre as moléculas das gomas xantana e locusta, que ocorre entre as cadeias laterais das moléculas de goma xantana e a cadeia principal da goma locusta. A estrutura das moléculas das gomas xantana e locusta em solução tem grande influência sobre a viscosidade final da solução. A conformação da molécula da goma xantana muda com o aumento da temperatura, passando de uma estrutura ordenada para uma desordenada. A composição da goma locusta, por sua vez, muda com a temperatura de dissolução, havendo uma redução na razão galactose/manose com o aumento da temperatura, de modo que regiões mais lisas (sem os radicais de galactose) estão predominantemente dissolvidas. Essas condições favorecem a interação entre as gomas, provocando o aumento na viscosidade. O estudo do comportamento reológico de misturas de gomas (xantana, guar e alginato) com salep foi realizado por Kayacier & Dogan (2006), com a finalidade de se avaliar a sinergia entre os componentes. O salep é um ingrediente alimentício, obtido através da moagem de tubérculos secos de orquídea selvagem, extensivamente utilizado na Turquia para a produção de sorvetes e de uma bebida quente. Em sua composição básica, o salep contém glucomanose e amido, de forma que, além de conferir ao produto o aroma e o sabor desejados, também atua como espessante e estabilizante. Todas as soluções avaliadas apresentaram um comportamento reológico não-newtoniano pseudoplástico que foi descrito pelo modelo de Lei da Potência. Os autores observaram um aumento na viscosidade aparente das soluções com o aumento da concentração das gomas e de salep. A goma guar, particularmente sob altas concentrações, foi a que apresentou um melhor efeito sinérgico com o salep, caracterizado por um aumento na viscosidade. Dessa forma, os autores concluíram que o uso combinado de salep e goma guar pode auxiliar na obtenção da Toneli et al. consistência desejada em formulações de alimentos, utilizando-se uma menor quantidade de espessantes. Fernandes, Gonçalves, Doublier (1994) estudaram o comportamento reológico de misturas de -carragenana e galactomananas (gomas locusta e guar) com níveis muito baixos de -carragenana, na presença de KCl, e observaram que as misturas apresentaram propriedades características de géis quando os níveis de KCl foram suficientes para induzir a estabilização das moléculas de -carragenana na forma helicoidal. As curvas de escoamento observadas para os galactomananos foram típicas de soluções macromoleculares, com comportamento pseudoplástico e uma viscosidade limitante o sob baixas taxas de deformação (platô newtoniano). A adição de carragenana não alterou muito o comportamento da solução, no entanto, para concentrações de KCl superiores a 0,025% houve um aumento significativo na viscosidade para baixas taxas de deformação. Esse aumento na viscosidade foi atribuído ao início da formação de uma estrutura no sistema. Tecante & Doublier (1999) estudaram o comportamento reológico de misturas do amido de milho ceroso (CWCS) e goma carragenana, com adição de cloreto de potássio, e observaram que a presença da goma e de KCl nas soluções de amido tiveram um efeito notável sobre a viscosidade e sobre o seu comportamento reológico. As soluções apresentaram comportamento não newtoniano pseudoplástico. Os autores observaram um aumento na viscosidade quando o KCl não foi adicionado para todas as concentrações de amido avaliadas (0, 2, 3 e 4%), sendo que, quanto maior a concentração de amido, maior foi o aumento observado. Zimeri & Kokini (2003) estudaram as propriedades reológicas de sistemas combinados de inulina e amido de milho ceroso como um modelo de interação entre carboidratos em alimentos. Os autores observaram uma forte dependência da viscosidade com o comportamento de fases e da microestrutura dos sistemas. Todas as amostras apresentaram um comportamento pseudoplástico, sendo que as misturas com elevadas concentrações de inulina (30 a 40%) mostraram uma tensão residual, caracterizada pelo ajuste dos dados experimentais pelo modelo de Herschel-Bulkley. As curvas de escoamento também tiveram um bom ajuste Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.7, n.2, p.181-204, 2005 Estudo da reologia de polissacarídeos utilizados na indústria de alimentos pelo modelo de Carreau, que foi utilizado para estimar a viscosidade o. Em sistemas combinados de inulina e amido de milho ceroso (WMS), a concentração de inulina teve forte influência sobre as propriedades reológicas da mistura. Zimeri & Kokini (2003) observaram a existência de uma concentração crítica de inulina, abaixo da qual o sistema se comporta como um sistema contínuo de WMS com a inulina sendo a fase dispersa. Para valores acima de c*, no entanto, o sistema passa a se comportar como um sistema contínuo de inulina, com o WMS como fase dispersa. Paoletti et. al. (2001) estudaram o comportamento reológico de misturas de inulina com gomas locusta, carragenana, guar e com alginato, preparadas com 25% de inulina e 1% das gomas e analisadas à temperatura de 20ºC. A mistura de inulina com goma locusta foi a que apresentou o maior sinergismo entre os componentes, caracterizado por uma alteração no comportamento reológico de newtoniano para pseudoplástico e por um aumento na tensão residual de 0,41 para 3,27Pa, com a adição de inulina ao gel de goma locusta 1%. Por outro lado, a mistura de inulina com goma carragenana não alterou o comportamento reológico do gel de carragenana 1%. A influência da adição de amidos hidrolisados e modificados, em diferentes concentrações, sobre o comportamento reológico de soluções de inulina foi estudado por Nogueira (2001) e Leite (2001). Os autores observaram que a adição dos amidos provocou um aumento na viscosidade aparente das soluções, porém, não alterou o comportamento reológico das soluções, que foi de fluido nãonewtoniano pseudoplástico, representado pelo modelo de Lei da Potência. Nogueira (2001) observou que a adição dos amidos provocou uma redução no índice de consistência da solução de inulina, provocando uma redução na pseudoplasticidade. CONCLUSÕES Os polissacarídeos são ingredientes essenciais para a formulação de alimentos, capazes de exercer uma grande variedade de funções para melhorar a qualidade dos produtos finais. No entanto, as suas propriedades físicas e químicas têm forte influência sobre o seu comportamento quando aplicados em formulações e submetidos às condições de processo. Toneli et al. 201 Dessa forma, o conhecimento do comportamento reológico dos polissacarídeos é essencial para a formulação de alimentos, para o projeto e avaliação das condições de processo e para a determinação da qualidade do produto final. Considerando-se a grande diversidade de polissacarídeos que podem ser aplicados como ingredientes em alimentos, torna-se de extrema importância o desenvolvimento de pesquisas que avaliem o comportamento reológico desses polímeros quando submetidos a diferentes condições de processos e aplicados em formulações variadas. O conhecimento dessas propriedades é essencial para o desenvolvimento de novos produtos alimentícios, no estudo o processo e dimensionamento de equipamentos, com melhor qualidade e menor custo, de acordo com as atuais necessidades do mercado consumidor. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Barnes, H. A. The yield stress – a review or ‘ ’ – everything flows? Journal of Non-Newtonian Fluid Mechanics. v.81, n. 1-2. p. 133-178, 1999 Barnes, H. 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Os artigos devem conter: Titulo, Autor(es), Resumo, Palavras-chave, Título em inglês, Abstract, Key words, Introdução, Descrição do Assunto, Conclusões e Referências Bibliográficas. Texto: A composição dos textos deverão ser feitas no Editor de texto - Word para Windows versão 6.0 ou superior, utilizando fonte Times New Roman, tamanho 11, exceto para as notas de rodapé e título, que deverão apresentar tamanho 8 e 12, respectivamente. O formato do texto deverá ter a seguinte disposição - tamanho carta, orientação de retrato disposto em duas colunas, margens superior e inferior, direita e esquerda de 2,5 cm, numeradas, espaço simples e no máximo de 20 laudas. Todos os itens deverão estar em letra maiúscula, negrito, itálico e centralizados, exceto as Palavras-chave e Keywords e Subítens que deverão ser alinhados a esquerda em letras minúsculas e com a primeira letra em maiúscula. Os nomes dos autores deverão estar dois espaços simples abaixo do título, escritos por extenso e em negrito, separados por vírgula. Os nomes dos autores serão numerados com algarismos arábicos que terão a cada número uma chamada de rodapé onde se fará constar a sua função, titulação, instituição, endereço postal e eletrônico (email), telefone e fax. O texto deverá ser alinhado nos dois lados e com a tabulação de 1cm para o inicio de cada parágrafo. Figuras Tabelas e Fotos - Deverão ser inseridas logo abaixo do parágrafo onde foram citadas pela primeira vez. Nas legendas, as palavras Figura, Tabela e Foto devem estar em negrito e ter a letra inicial maiúscula e seu enunciado deverá ser alinhado à esquerda abaixo da primeira letra após a palavra Figura. As grandezas devem ser expressas no Sistema internacional. Exemplos de citações bibliográficas quando a citação possuir apenas um autor: ...Almeida (1997), ou ...(Almeida, 1997); quando a citação possuir dois autores: .... Almeida & Gouveia (1997), ou ....(Almeida & Gouveia, 1997); quando a citação possuir mais de dois autores: ....Almeida et al. (1997).... ou (Almeida et al., 1997). A referência deverá conter os nomes de todos os autores. Los textos deberán ser encaminados al editor de la Revista en disquete y 2 vías impresas, o por e-mail [email protected]. Artículos Científicos: deberán tener la siguiente secuencia: Titulo, Autor(es), Resumen, Palabras-claves, Titulo en ingles, Abstract, Keywords, Introducción, Materiales y Métodos, Resultados y Discusión, Conclusiones, Agradecimientos (facultativo) y Referencias Bibliográficas. Artículos Técnicos: Deben ser escritos en lenguaje técnica de fácil comprensión, en asuntos de interés de la comunidad que demuestren una contribución significativa en el asunto. Los artículos deben contener: Titulo, Autor(es), Resumen, Palabras-claves, Titulo en inglés, Abstract, Keywords, Introducción, Materiales y Métodos, Resultados y Discusión, Conclusiones, Agradecimientos (facultativo) y Referencias Bibliográficas. Texto: La composición del texto deberá ser echa en el Editor de texto - Word para Windows versión 6.0 o superior, utilizando la fuente Time New Roman, tamaño 11, excepto para la notas de rodapié y titulo, que deberán tener tamaño 8 y 12 respectivamente. El formato del texto deberá tener la siguiente disposición – Tamaño carta, orientación de retrato en dos columnas, márgenes suprior y inferior, derecha y izquierda de 2,5 cm, enumeradas, espacio simples y en el máximo de 20 laudas. Todos los ítems deberán estar en letra mayúscula, negrito, itálico y centralizadas, excepto las Palabras-claves, Keywords y subítems que deberán ser alineadas por la izquierda en letras minúsculas y con la primera letra en mayúsculo. Los nombres de los autores deben estar dos espacios simples abajo del Título, escrito por extenso y en negrito, separados por vírgula. Los nombres de los autores serán enumerados con algaritmo árabe que tendrán a cada numero una llamada de rodapié donde se hará constar la función, titulación, institución, dirección postal y electrónica (e-mail), teléfono y fax. El texto deberá ser alineado por los dos lados y con la tabulación de 1 cm para el inicio de cada parágrafo. Figuras, Tablas y Fotos – deberán ser colocadas luego abajo del parágrafo donde fuera citada pela primera vez. En las legendas, las palabras Figuras, Tabla y Foto deben estar en negrito y tener la letra inicial mayúscula y en su enunciado deberá ser alineada por la izquierda con la primera letra después de la palabra Figura. Las unidades deben ser expresas en el sistema internacional Ejemplos de citaciones bibliográficas cuando la citación tiene un solo autor: ...Almeida (1997), o ...(Almeida, 1997); cuando la citación tiene dos autores: .... Almeida & Gouveia (1997), o ....(Almeida & Gouveia, 1997); cuando la citación tiene mas de dos autores: ....Almeida et al. (1997).... o (Almeida et al., 1997). Las referencias deberán contener los nombres de todos los autores. The texts should be sending to the Editor of the Journal in diskette and 2 printed sheets, or by e-mail [email protected]. Scientific articles: they should have the following sequence: Title, Author (s’), Abstract, Keywords, Title, Abstract and Key words in Portuguese, Introduction, Materials and Methods, Results and Discussion, Conclusions, Acknowledgements (optional) and Bibliographic References. Technical articles: They should be written in technical language of easy understanding, on subjects of the community's interest that demonstrate a significant contribution on the subject. The goods should contain: I title, Author (s’), Abstract, Keyword, Title in Portuguese, Abstract, Key words, Introduction, Description of the Subject, Conclusions and Bibliographic References. Text: The composition of the texts should be made in the text Editor - Word for Windows version 6.0 or superior, using source Times New Roman, size 11, except for the baseboard notes and title, that should present size 8 and 12, respectively. The format of the text should have the following disposition - size letter, orientation of arranged picture in two columns, margins superior and inferior, right and left of 2,5 cm, numbered, simple space and up to a maximum of 20 pages. All main items should be in capital letter, bold type, italic and centralized, except for Keywords and sub-items that should be aligned to the left in lower letter and with the first letter in capital letter. The authors' name should be two simple spaces below the title, written for complete name and in boldface, separated by comma. The authors' names will be numbered with Arabic ciphers that they will have to each number a baseboard call where it will make to consist its function, title, institution, postal and electronic address (email), telephone and fax. The text should be aligned in the two sides and with the tabulation of 1cm to the beginning each paragraph. Figures, Tables and Photos - they should be inserted soon below the paragraph where they were mentioned for the first time. In the legend, the words illustration, Controls and Photo should be in boldface and have the initial letter capital one and its statement should be aligned to the left below the first letter after the word it represents. The units should be expressed in the international system. Examples of bibliographical citations when the citation just possesses an author: ....Almeida (1997), or ....(Almeida, 1997); when the citation possesses two authors: .... Almeida & Gouveia (1997), or ....(Almeida & Gouveia, 1997); when the citation possesses more than two authors: ....Almeida et al. (1997).... or (Almeida et al., 1997). The reference should contain all the authors' names. Exemplos de referências bibliográficas: Ejemplos de referencias bibliográficas: Example of the bibliographic references: As referências bibliográficas deverão estar Las referencias bibliográficas deben ir en orden The list of bibliographic references must be in dispostas, em ordem alfabética, pelo sobrenome alfabética considerando el apellido del primer alphabetic order according to surname of first do primeiro autor. autor. author. a) Livro Martins, J.H.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M. Introdução a teoria e simulação matemática de secagem de grãos. 1.ed. Campina Grande : Núcleo de Tecnologia em Armazenagem, 1984. 101p. b)Capítulo de Livros Almeida, F. de A.C.; Matos, V.P.; Castro, J. de; Dutra, A.S. Avaliação da quantidade e conservação de sementes a nível de produtor. In: Almeida, F. de A.C.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M. (ed.). Armazenamento de grãos e sementes nas propriedades rurais. Campina Grande: UFPB/SBEA, 1997. cap. 3, p.133-188. c) Revistas Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Braga, M.E.D.; Figueiredo, R.M.F.; Queiroz, A.J. de M. Perda da qualidade fisiológica de sementes de arroz (Oryza sativa L.) armazenadas sob condições controladas. Revista Brasileira de Armazenamento. Univ. Federal de Viçosa, Viçosa-MG. v.24, n.1, p.10-25, 1999. d) Dissertações e teses Queiroz, A.J. de M. Estudo do comportamento reológico dos sucos de abacaxi e manga. Campinas: UNICAMP/FEA, 1998. 170p. (Tese de Doutorado). e) Trabalhos apresentados em Congressos (Anais, Resumos, Proceedings, Disquetes, CD Roms) Figueirêdo, R.M.F. de; Martucci, E.T. Influência da viscosidade das suspensões na morfologia do particulado de suco de acerola microencapsulado. In: Congresso Brasileiro de Sistemas Particulados, 25, 1998, São Carlos, Anais... São Carlos: UFSC, 1998. v.2, p.729-733. ou (CD Rom). No caso de disquetes ou CD Rom, o título da publicação continuará sendo Anais, Resumos ou Proceedings, mas o número de páginas será substituído pelas palavras Disquete ou CD Rom. f) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuseum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.ht m1#sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. a) Libro Cox, P.M. Ultracongelación de alimentos. 1.ed. Zaragoza : Editorial Acribia, 1987. 459p. b)Capítulo de Libro Moreno, F. Alteraciones fisicoquímicas en alimentos durante su congelamiento y subsecuente almacenaje. In: Parada, A.; Valeri, J. (ed.). Biología de los alimentos a baja temperatura. Armazenamento de grãos e sementes nas propriedades rurais. Caracas: UCV, 1997. cap. 2, p.218-237. c) Revistas Diniz, P.S.C.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Braga, M.E.D. Determinación del contenido de humedad máxima para crioconservación de semillas recalcitrantes de maíz. Ingeniería Rural y Mecanización Agraria en el ámbito Latinoamericano. La Plata, Argentina, v.1, p.373-377, 1998. d) Disertaciones y Tesis Zanetta, J. Transferência de calor em congelación de alimentos. Valparaíso : Universidad Católica de Valparaíso, 1984. 95p. (Tesis de Maestría). e) Trabajos presentados en Congresos (Anales, Resúmenes, Proceedings, Disquetes, CD Roms) Cavalcanti Mata, M.E.R.M; Braga, M.E.D.; Figueirêdo. R.M.F; Queiroz, A.J.M. Influencia de los daños mecánicos superficiales en la germinación de semillas de maíz en función de su grado de humedad y de la velocidad de rotación de la desgranadora mecánica. In: I Congreso Ibero-Americano de Ingenieria de Alimentos, Anales... Valencia, España, Tomo II, Capítulo III, p. 385-397, dez. 1996 o (CD Rom). a) Book Brooker, D.B.; Bakker-Arkema, F.W.; Hall, C.W. Drying and storage of grains and oilseeds. New York, The AVI Van Nostrand Reinhold, 1992, 450p. b) Chapter in a book Schaetzel, D.E. Bulk storage of flour In: Christensen C.M. (2aed.). Storage of cereal grains and their products. St. Paul, Minnesota : American Association of Cereal Chemist, 1974. cap. 9, p.361-382. c) Journals Biswal, R.N., Bozokgmehk, K. Mass transfer in mixed solute osmotic dehydration of apple rings. Trans. of ASAE, v.35, n.1, p.257-265, 1992. d) Dissertation and Thesis Fortes, M. A non-equilibrium thermodynamics approach to transport phenomena in capillary-porous media with special reference to drying of grains and foods. Purdue University, 1978, 226 p. (Thesis Ph.D.). e) Papers presented in congress (Annals, Abstracts, Proceedings, Diskettes, CD Roms)) Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Menegalli, F.C. Bean seeds drying simulation. In: InterAmerican drying Conference, 1, 1997, Itu Proceedings… Campinas-SP, Brazil : UNICAMP, July, 1997. v. B, p.508-515. or (CD Rom). In case of diskettes or CD Rom, the title of the publication still will be Annals, Abstract or Proceedings, but the page number should be substituted by words Diskettes or CD Rom. h) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuEn caso de disquetes o CD Rom, el título de la seum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.htm1# publicación continuará siendo Anales, sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. Resúmenes o Proceedings, mas el número de las páginas serán substituido por la palabra Disquete o CD Rom. g) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuseum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.ht m1#sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. ENDEREÇO ADDRESS DIRECCIÔN Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais Caixa Postal 10.078 CEP. 58109-970 - Campina Grande, PB, BRASIL Fone: (083)2101-1288 Telefax: (083)2101-1185 E-mail: [email protected] ou [email protected] Home Page: http//www.lappa.deag.ufpb.rbpa LABORATÓRIO DE CRIOGENIA O Laboratório de Criogenia da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande, desenvolve trabalhos de ponta a ultrabaixas temperaturas de modo a atender o desenvolvimento tecnológico do País. As pesquisas com criogenia concentram-se em: Crioconservação de sementes Sementes de espécies florestais Sementes de interesse econômico das regiões do País Sementes de plantas medicinais Sementes de espécies ameaçadas de extinção Congelamento a ultrabaixas temperaturas de alimentos Congelamento de carnes (bovinos, caprinos, suínos) Congelamento de moluscos e crustáceos Congelamento de pescados Esterilização de materiais biológicos Limites de termo-resistência de fungos e bactérias Sistemas de agregação de partículas de sujidade Coordenação da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas Av. Aprígio Veloso, 882 - Caixa Postal 10.087 - Fones: (83) 2101-1288; 2101-1551 - Fax: (83) 2101-1185 E-mail: [email protected] TRANSPORTE EFEITO DA DANIFICAÇÃO DE CALOR EMECÂNICA MASSA EMNA SÓLIDOS QUALIDADE HETEROGÊNEOS: FISIOLÓGICAUM DEESTUDO SEMENTES TEÓRICO DE MILHO VIA ANÁLISE PIPOCA CONCENTRADA (Heat and mass transfer solids: A theoretical study by lumped analysis) DURANTE O ARMAZENAMENTO (Effectinofheterogeneous the mechanical damage in the physiological quality of corn-popcorn seeds Genivalthe dastorage) Silva Almeida, Fabrício José Nóbrega Cavalcante, Antonio Gilson Barbosa de Lima during André Luís Duarte Goneli, Paulo César Corrêa, Denise Cunha Fernandes dos Santos Dias, Glauco Vieira Miranda ATIVIDADE DE ÁGUA, CRESCIMENTO MICROBIOLOGICO E PERDA DE MATÉRIA SECA DOS GRÃOS DE CAFÉ REAÇÃO DE GENÓTIPOS DE ALGODOEIRO A Meloidogyne incognita RAÇA (Water 3 ASSOCIADO Fusarium oxysporum (Coffea arabica L.) EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO activity, À microbiological increase f. sp.dry Vasinfectum genotypes reaction Meloidogyne incognita (race conditions) 3) associated with Fusarium oxysporum f.sp. and matter loss(Cotton of the coffee grains (Coffeatoarabica L.) in different storage vasinfectum.) Paulo César Afonso Júnior, Paulo César Corrêa, Fabrício Schwanz da Silva, Deise Menezes Ribeiro Míriam Goldfarb, Nelson Dias Suassuna, Keilla do Nascimento Agra, Lívia Wanderley Pimental, Sibele Thaise Viana Guimarães Duarte AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE FARINHAS DE MANDIOCA DURANTE O ARMAZENAMENTO (Physicochemical evaluation of the cassava flour during the storage) HIDROGENAÇÃO DENeto, ÓLEO DE SOJA EMFeitosa UM REATOR DE RECIRCULAÇÃO BATELADA Cândido José Ferreira Rossana Maria de Figueirêdo, Alexandre José EM de Melo Queiroz (Hydrogenation of soybean oil in a recirculation reactor in batch) Sueli Marie Ohata, Carlos Alberto Gasparetto EFEITO DO BENEFICIAMENTO NAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DOS GRÃOS DE ARROZ DE DISTINTAS VARIEDADES (Effect of the beneficiation in the mechanical and physical properties of the rice grains of ARMAZENAMENTO DE FEIJÃO MACASSAR TRATADO COM MAMONA: ESTUDO DA PREVENÇÃO DO different varieties) Callosobruchus E DASCésar ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS DO GRÃO storage of cowpea bean under Fabrício Schwanzmaculatus da Silva, Paulo Corrêa, André Luís Duarte Goneli, Rodrigo(The Martins Ribeiro, Paulo César Afonso treatments with castor bean: A study of the callosobruchus maculatus prevention and nutritional components alterations of Júnior the grain) Íris Pereira de Almeida, Maria Elita Martins Duarte, Mario Eduardo Rangel Moreira Cavalcanti Mata, Rosa Maria Mendes Freire, Manuel Adalberto GuedesE ESTUDO DA UMIDADE DE EQUILÍBRIO EM VAGENS DE ALGAROBA (Chemical COMPONENTES QUÍMICOS components and study of the equilibrium moisture content in mesquite beans) Francisco de Assis Cardoso Almeida, José Euflávio da Silva, Maria Elessandra R. Araújo, Josivanda Palmeira Gomes de COMPARAÇÃO OS MÉTODOS ESTÁTICO E DINÂMICO NA DETERMINAÇÃO DO EQUILÍBRIO Gouveia, Silvana A.ENTRE de Almeida HIGROSCÓPICO DAS ESPÍGAS DE MILHO (Comparison between the static and dynamic methods in the hygroscopic equilibrium determination of the ear corn) Paulo Cesar Corrêa, André Luís Duarte Goneli, Resende, Ana Paula Martinazzo, Fernando Mendes Botelho(Prosopis OBTENÇÃO DO MELHOR PROCESSO DE Osvaldo EXTRAÇÃO E FERMENTAÇÃO DO CALDO DE ALGAROBA juliflora (Sw.) DC) PARA OBTENÇÃO DE AGUARDENTE (The best process determination of extraction and fermentation of the mesquite (Prosopis juliflora (SW.) DC) broth to obtain liquor) AVALIAÇÃO DO Cavalcanti FRUTO, COR CASCA E POLPA Clóvis GouveiaDO Silva,RENDIMENTO Mario Eduardo R.M. Mata, DA Maria Elita Duarte Braga,DE VitalMANGA de Sousa TIPO QueirozESPADA SOB ATMOSFERA CONTROLADA (Evaluation of the income of the fruit, color of the peel and flesh type espada mango under controlled atmosphere) Liz Jully Hiluey, Josivanda Palmeira Gomes, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Michele Silva, Hofsky Vieira ESTUDO DA SOLUBILIDADE DAS PROTEÍNAS PRESENTES NO SORO DE LEITE E NASantos CLARA DE OVO (Analysis Alexandre of whey and egg white proteins solubility) Daniela Helena Pelegrine, Carlos Alberto Gasparetto INCERTEZA NA DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ÁGUA DE EQUILÍBRIO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS (Uncertainty in the determination of equilibrium content agriculturalDE products) ANÁLISES DO CONSUMO ENERGÉTICO E moisture SENSORIAL EMofSECAGEM MANJERICÃO SOB DIFERENTES Wilton P. Silva, Cleiton P. S. e Silva, Antonio Gilson Barbosa Lima analysis of basil drying under several kinds of air TRATAMENTOS DE D. AR (Energetic consumption and sensorial treatment) Anamaria Caldo Tonzar, Vivaldo Silveira Júnior. OBTENÇÃO DE GRAVIOLA EM PO PELO PROCESSO DE LIOFILIZAÇÃO (Soursop powder obtained for the freezedrying process ) Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte, George Carlos S Alsemo, Edson Rodrigues, Manuel PRODUÇÃO DE PASSAS DE ACEROLA EM SECADOR DE BANDEJA (Production of acerola raisins in tray dryer) Adalberto Guedes, Anna Sylvia R de R.M. Cavalcanti, Camila Carol Abuquerque Oliveira Marcos F. de Jesus, Viviane L. Scaranto, Vahideh R. R. Jalali, Gabriel Franciso da Silva INOVAÇÃO TECNOLÓGICA O DESEMPENHO DA FIBRA DO ALGODÃO COLORIDO NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DA POLPA DE UMBU EM PÓ (Evaluation of the stability of the umbu pulp FIAÇÃO A ROTOR DE UMA INDÚSTRIA TÊXTIL (Technological innovation The performance of the cotton colored powder) fiber in the wiring process using rotor of a textile industry) Pablícia Oliveira Galdino, Alexandre José de M. Queiroz, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Ranilda Neves G. da Silva Givanildo Freire, Sibele Thaise Viana Guimarães Duarte, Lívia Wanderley Pimental ESTUDO DAS ALTERAÇÕES DO HIDROXIMETILFURFURAL E DA ATIVIDADE DIASTÁSICA EM MÉIS DE ESTUDO DA REOLOGIA DE POLISSACARÍDEOS UTILIZADOS NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS (Study of the ABELHA EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO (Study of the hidroximetilfurfural alterations and rheology of polysaccharides used in the food industry) the diastase activity in honey of bee in different condition of storage) Juliana Tófano de Campos Leite Toneli, Fernanda Elisabeth Xidieh Murr, Kil Jin Park Zilmar Fernandes Nóbrega Melo, Maria Elita Martins Duarte, Mario Eduardo Rangel Moreira Cavalcanti Mata