Índice de Cidades Verdes da América Latina

Transcrição

Índice de Cidades Verdes da América Latina
Índice de Cidades Verdes da América Latina
Avaliando o desempenho ambiental das principais cidades da América Latina
Projeto de pesquisa realizado pela Economist Intelligence Unit, patrocinado pela Siemens
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Índice
Índice
Monterrey, México
Guadalajara, México
Cidade do México
Puebla, México
Medellín, Colômbia
Bogotá, Colômbia
Quito, Equador
Lima, Peru
Brasília, Brasil
Belo Horizonte, Brasil
004 Painel de consultores
especialistas
006 Introdução
018 Gerenciando a cidade como
um “organismo vivo”
Entrevista com Nicholas You,
especialista em meio ambiente
urbano
008 Resultados
010 Principais descobertas gerais
014 Principais descobertas por
categoria
014 Energia e CO2
014 Uso do solo e prédios
015 Transporte
015 Resíduos
015 Água
016 Saneamento básico
016 Qualidade do ar
017 Governança ambiental
2
020 Projetos exemplares
020 Energia e CO2
São Paulo: Colhendo metano
para produção de energia da
cidade
021 Uso do solo e prédios
Buenos Aires: Dando exemplo
com os prédios públicos
Quito: Tudo é motivo para
plantar uma árvore
022 Transporte
Trânsito Rápido de Ônibus: de
Curitiba a Bogotá
Buenos Aires: aproximando tudo
024 Resíduos
Puebla: transformando resíduos
em dinheiro
Belo Horizonte: Uma solução
benéfica para os catadores
de lixo
025 Água
Porto Alegre: Abastecimento de
água da maneira certa
026 Qualidade do ar
Três abordagens para as
emissões: Quito, Belo Horizonte
e Porto Alegre
Cidade do México: a política
se paga
028 Metodologia
032
036
040
044
048
052
056
060
064
068
072
076
080
084
088
092
096
Retrato das cidades
Belo Horizonte
Bogotá
Brasília
Buenos Aires
Cidade do México
Curitiba
Guadalajara
Lima
Medellín
Monterrey
Montevidéu
Porto Alegre
Puebla
Quito
Rio de Janeiro
Santiago
São Paulo
Rio de Janeiro, Brasil
São Paulo, Brasil
Curitiba, Brasil
Porto Alegre, Brasil
Santiago, Chile
Montevidéu, Uruguai
Buenos Aires, Argentina
3
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Painel de consultores especialistas
A Economist Intelligence Unit (EIU) foi assessorada por um painel de especialistas globais em
Painel de consultores especialistas
sustentabilidade ambiental urbana no desenvolvimento da metodologia para o Índice de Cidades Verdes,
incluindo o Índice de Cidades Verdes da América Latina e os próximos índices em outras regiões.
A EIU gostaria de agradecer ao painel pelo tempo dedicado ao trabalho e valiosas contribuições.
Brunella Boselli
Gordon McGranahan
Mary Jane C. Ortega
Hiroaki Suzuki
Pablo Vaggione
Sebastian Veit
David Wilk
Nicholas You
Estatística da Divisão Regional de
Política do Desenvolvimento
Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico
(OCDE)
Líder do Grupo de Assentamentos
Humanos
Instituto Internacional de
Desenvolvimento Ambiental
Secretária-geral
CITYNET
Especialista-chefe urbano e líder
da Equipe Eco2
Departamento Corporativo de
Finanças, Economia e Urbanização
Banco Mundial
Fundador, Design Convergence
Urbanism
Economista sênior para o Clima
Banco de Desenvolvimento da
África
Especialista-chefe em Mudanças
Climáticas, Energia Sustentável e
Unidade de Mudanças Climáticas
Banco Interamericano de
Desenvolvimento
Presidente do Comitê de
Coordenação da Campanha Urbana
Mundial da ONU-Habitat
Brunella Boselli trabalha na Divisão
Regional de Política do Desenvolvimento da OCDE. Ela é responsável
pelas estatísticas regionais e uma das
autoras da importante publicação da
OCDE, “Um olhar sobre as Regiões“.
Recentemente, desenvolveu a Base de
Dados Metropolitanos da OCDE, que
contém informações socioeconômicas
de 82 áreas metropolitanas e atualmente trabalha em uma nova definição
territorial da OCDE para as regiões
metropolitanas.
Gordon McGranahan dirige atualmente
o Grupo de Assentamentos Humanos
do Instituto Internacional de Desenvolvimento Ambiental. Economista,
passou a década de 1990 no Instituto
Ambiental de Estocolmo, sendo
responsável pelo Programa de Meio
Ambiente Urbano. Trabalha em uma
variedade de questões ambientais,
com ênfase no combate à pobreza e
problemas ambientais domésticos e em
seus arredores.
Outro foco de seu trabalho é a maneira
como a escala crítica de problemas
ambientais urbanos muda quando a
cidade se torna mais rica. Suas
principais publicações incluem:
“Os Cidadãos em Risco: do saneamento
básico urbano às cidades sustentáveis"
e “A maré que sobe: avaliando os riscos
das mudanças climáticas e
assentamentos humanos em zonas
costeiras de baixa altitude”. Ele foi o
principal autor do capítulo sobre
sistemas urbanos na Avaliação do
Ecossistema do Milênio.
Mary Jane C. Ortega é ex-prefeita da
cidade de San Fernando, nas Filipinas,
e ocupou o cargo de 1998 a 2007.
Atualmente é a secretária-geral da
CITYNET, uma rede de 119 cidadeschave e organizações não governamentais (ONGs) que trabalham para
melhorar as condições de vida dos
assentamentos humanos na região da
Ásia e do Pacífico. Ela foi eleita por mais
de uma vez presidente regional da
Associação de Gestão de Resíduos
Sólidos das Filipinas. Foi membro do
comitê executivo do Conselho
Consultivo de Autoridades Locais para
as Nações Unidas (UNACLA) de 2000 a
2007. Ela recebeu o Pergaminho da
ONU-Habitat como Prêmio de Honra
em 2000.
Hiroaki Suzuki tem mais de 20 anos de
experiência operacional no setor de
infraestrutura e no setor público do
Banco Mundial. Tendo trabalhado na
Ásia Oriental e na Região do Pacífico,
como líder do setor urbano na Ásia
Oriental e coordenador do setor urbano
na China durante os últimos cinco
anos, ele juntou-se ao Departamento
Corporativo de Finanças, Economia e
Urbanização do Banco Mundial em
2009, como especialista-chefe urbano
e líder da Equipe Eco2. É o principal
autor de “Cidades Eco2: Cidades
Ecológicas como Cidades Econômicas”
(www.worldbank.org/eco2).
Pablo Vaggione é urbanista profissional
com mais de 15 anos de experiência.
Sua abordagem multissetorial e
multidisciplinar propicia às cidades e
aos atores do desenvolvimento urbano
planos integrados, estratégicos e
práticos para responder aos desafios da
urbanização sustentável. Ele tem
profunda experiência internacional,
tendo trabalhado na Ásia, Europa,
América Latina e América do Norte, na
preparação de estratégias municipais,
planos para restauração de áreas
urbanas históricas e projetos de
desenvolvimento sustentável para
novos distritos. Forneceu consultoria
científica em questões urbanas a
inúmeras organizações, inclusive ao
Instituto Lincoln de Política do Solo,
Prefeituras pela Sustentabilidade e
Instituto de Tecnologia de Tóquio, bem
como a diversos governos locais e
grupos de investidores. Em 2007, seu
trabalho em Madri rendeu-lhe o Prêmio
de Liderança Mundial. Entre 2007 e
2010, ele atuou como secretário-geral
da Sociedade Internacional de
Planejadores Urbanos e Regionais
(ISOCARP), uma organização profissional de planejadores de 70 países.
Sebastian Veit é economista sênior
para o Clima no Banco de Desenvolvimento da África, na Tunísia. Na
organização, ele focou no crescimento
de estratégias verdes na África e em
questões de energia renovável. Em
2007, foi consultor da Convenção das
Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas e, de 2004 a 2007, foi
consultor do Banco Mundial em
Washington DC, onde se especializou
em energia e água.
David Wilk ingressou no Banco
Interamericano de Desenvolvimento no
início de 2001 como especialista sênior
em meio ambiente urbano. Sua
experiência profissional na América
Latina e no Caribe durante a década de
1990 incluiu uma variedade de
atividades de gestão e consultoria com
o Banco Mundial, organizações
internacionais e empresas de
consultoria. Seu trabalho com essas
organizações foi nas áreas de uso do
solo e planejamento ambiental, gestão
de bacias hidrográficas, transporte
urbano sustentável e avaliação
ambiental dos projetos de desenvolvimento e infraestrutura.
Nicholas You é presidente, entre muitas
outras entidades, da Comissão de
Cidades e Mudanças Climáticas do
Conselho do Futuro do Mundo e do
Grupo de Garantia da Iniciativa de
Infraestrutura Urbana do Conselho
Mundial de Negócios para o
Desenvolvimento Sustentável. Após
executar o Programa de Melhores
Práticas e Liderança Local da ONUHabitat por mais de uma década, foi
nomeado assessor especial para
política e planejamento estratégico da
agência. De 2007 a 2009, ele liderou o
desenvolvimento e a implantação de
um plano de gestão estratégica e
institucional da ONU-Habitat. Em
janeiro de 2009, foi convidado a
comandar uma campanha global sobre
“Melhores Cidades, Vida Melhor“. Após
sua aposentadoria da ONU, em julho de
2010, cerca de 50 parceiros que
representam instituições públicas,
privadas e da sociedade civil em todo o
mundo o elegeram como presidente do
Comitê de Coordenação da Campanha
Urbana Mundial da ONU-Habitat.
4
5
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Introdução
Introdução
O desafio da rápida urbanização
O que o Índice avalia: verificando as percepções comuns
s desafios ambientais rurais da América Latina, tais como o desmatamento da Amazônia, recebem frequentemente muita atenção da
mídia, de ambientalistas e de outros observadores ao redor do mundo. Embora essas questões
certamente sejam vitais, preocupações ambientais urbanas como congestionamento do tráfego, políticas do uso do solo, descarte de resíduos
e qualidade do ar são mais imediatas para a maioria dos residentes da América Latina, simplesmente porque 81% da população já vive nas cidades. De acordo com a Divisão Populacional das
Nações Unidas, a América Latina é a região mais
urbanizada no mundo em desenvolvimento. Já é
mais urbanizada, inclusive, do que diversos países já desenvolvidos. E o percentual da população que vive em cidades latino-americanas deverá crescer ainda mais. Até 2030, deverá chegar a
86%, acompanhando a Europa Ocidental.
‘ O rápido aumento da população das cidades
tem suas implicações econômicas, políticas e
sociais, e as considerações ambientais são uma
O
6
grande parte desse quebra-cabeça integrado.
Como exemplo, a expansão urbana põe imensa
pressão na infraestrutura existente, com implicações para os prédios, o transporte público, as
malhas viárias, a qualidade e o acesso à água, a
coleta de resíduos e o saneamento básico. O
caminho de menor resistência ao desenvolvimento, entretanto, é geralmente ao longo das
rodovias existentes, o que incentiva os residentes a usarem carros particulares, e contribui para
a deterioração da qualidade do ar. A governança
ambiental também tem sido afetada, conforme
as cidades em crescimento atravessam várias
jurisdições municipais.
‘ O Índice de Cidades Verdes da América Latina, um estudo da Economist Intelligence Unit
(EIU), patrocinado pela Siemens, busca medir e
avaliar o desempenho ambiental das 17 maiores
cidades latino-americanas considerando diversos critérios. Este relatório apresenta as principais descobertas e os destaques do Índice e destina-se a propiciar aos stakeholders uma ferra-
menta diferenciada para ajudar as cidades latino-americanas a aprenderem umas com as
outras, a fim de melhor tratarem dos desafios
ambientais comuns que enfrentam.
‘ O relatório está dividido em cinco partes. Primeiro, ele examina as principais descobertas
como um todo, inclusive uma análise profunda
de Curitiba, a líder regional. Segundo, ele examina as principais descobertas de cada uma das
oito categorias do Índice – energia e CO2, uso do
solo e prédios, transporte, resíduos, água, saneamento básico, qualidade do ar e governança
ambiental. Terceiro, o relatório apresenta uma
variedade das principais ideias sobre as melhores práticas de toda a região. Quarto, ele fornece uma descrição detalhada da metodologia utilizada para criar o Índice. Por último, apresenta
um perfil em profundidade para cada cidade e
destaca seus principais pontos e iniciativas ambientais. Esses perfis constituem a maior parte
do relatório, pois o objetivo do estudo é compartilhar experiências.
As 17 cidades selecionadas para o Índice de Cidades Verdes da América Latina
incluem a maioria das principais áreas urbanas latino-americanas. Foram escolhi-
tráfego e vasto crescimento urbano desordenado, está classificada como acima da
média de maneira global. No entanto, Buenos Aires e Montevidéu, duas cidades
das tanto as capitais desses países como determinadas capitais líderes em negó-
agradáveis e lindas, têm desempenho geral abaixo da média. Nem o Índice nem
cios devido a seu porte e importância. As cidades foram selecionadas de maneira
essas percepções comuns estão errados – eles se baseiam em informações dife-
independente, não levando em conta pedidos dos governos municipais para in-
rentes. A percepção das cidades é baseada em observações subjetivas sobre a qua-
cluí-las, a fim de valorizar a credibilidade e comparabilidade do Índice. Outro fator
lidade de vida, incluindo fatores como beleza arquitetônica e existência de institui-
decisivo da seleção foi a disponibilidade de dados.
ções de lazer ou culturais. A percepção ambiental dos residentes – o que não é
A metodologia, descrita em detalhe em uma seção separada deste relatório,
nenhuma surpresa – tende a focar em questões altamente problemáticas e visí-
foi desenvolvida pela EIU em cooperação com a Siemens. Ela conta com a especia-
veis, tais como congestionamento do tráfego, resíduos não coletados, ar ou rios
lização das duas organizações, o apoio de um grupo de especialistas externos e a
poluídos. O Índice, por outro lado, mede o desempenho ambiental em oito cate-
experiência do ano anterior durante a produção do Índice de Cidades Verdes da
gorias – energia e CO2, uso do solo e prédios, transporte, resíduos, água, sanea-
Europa. Um dos principais pontos fortes do Índice de Cidades Verdes da América
mento básico, qualidade do ar e governança ambiental – e dá um peso igual a
Latina é a amplitude das informações utilizadas. Há 31 indicadores individuais
cada uma delas. O Índice também avalia políticas, que são um reflexo do compro-
para cada cidade, os quais, em geral, são baseados em diversos pontos de dados.
misso das cidades para reduzir seu futuro impacto ambiental. Em geral, o público
O valor também advém de como o Índice está apresentado. Cada cidade é avalia-
leva muitos anos para reconhecer os efeitos das novas políticas. Como exemplo,
da em oito categorias e colocada em uma faixa de desempenho para indicar seus
temos o desempenho da Cidade do México no Índice. A cidade é mais conhecida
resultados relativos. O processo é transparente, consistente, reproduzível e revela
por seus pontos fracos, como a baixa qualidade do ar, do que por aspectos positi-
as fontes das melhores práticas.
Em uma primeira análise, alguns dos resultados do Índice podem surpreender.
São Paulo, por exemplo, cidade com reputação de congestionamento crônico no
vos como suas políticas de transporte, e menos ainda por suas políticas avançadas
em prédios ecológicos. Assim, alguns poderiam esperar que ela tivesse um mau
desempenho geral. O Índice, no entanto, leva a uma perspectiva diferente.
7
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Resultados
Resultados
qui estão os resultados completos para as 17 cidades no Índice de
Cidades Verdes da América Latina, inclusive o resultado geral e a classificação nas oito categorias individuais. As cidades foram divididas em cinco
faixas de desempenho, de bem abaixo da média a bem acima da média.
A
Resultado Geral
Bem
abaixo da
média
Abaixo da
média
Média
Acima da
média
Bem
acima da
média
Guadalajara
Buenos Aires
Medellín
Belo Horizonte
Curitiba
Lima
Montevidéu
Cidade
Bogotá
do México
Brasília
Monterrey
Rio de Janeiro
Porto Alegre
São Paulo
Puebla
Quito
Santiago
Resultado por Categoria
Energia e CO2
Transporte
Bem
abaixo da
média
Abaixo da
média
Média
Santiago
Guadalajara
Medellín
Água
Acima da
média
Bem
acima da
média
Bem
abaixo da
média
Abaixo da
média
Média
Belo Horizonte
Bogotá
São Paulo
Brasília
Guadalajara
Brasília
Curitiba
Monterrey
Acima da
média
Bem
acima da
média
Bem
abaixo da
média
Belo Horizonte
Bogotá
Santiago
Buenos Aires
Curitiba
Abaixo da
média
Média
Acima da
média
Buenos Aires
Lima
Medellín
Belo Horizonte
Guadalajara
Montevidéu
Cidade
Bogotá
Bem
acima da
média
Bem
abaixo da
média
Abaixo da
média
Média
Acima da
média
Bem
acima da
média
Bogotá
Guadalajara
Belo Horizonte
Curitiba
Buenos Aires
Porto Alegre
Brasília
Montevidéu
Buenos Aires
Cidade
Porto Alegre
Lima
Cidade
do México
Brasília
Lima
Puebla
Medellín
Porto Alegre
Lima
do México
Puebla
Medellín
do México
Porto Alegre
Curitiba
Cidade
Rio de Janeiro
Quito
Puebla
Monterrey
Rio de Janeiro
Montevidéu
Quito
Puebla
Monterrey
do México
Santiago
Rio de Janeiro
São Paulo
Quito
Santiago
Monterrey
São Paulo
São Paulo
Montevidéu
Quito
Uso do solo e prédios
Bem
abaixo da
média
Abaixo da
média
Lima
Montevidéu
Rio de Janeiro
Resíduos
Média
Acima da
média
Medellín
Brasília
Belo Horizonte
Quito
Buenos Aires
Bogotá
Bem
acima da
média
Saneamento básico
Bem
abaixo da
média
Abaixo da
média
Média
Brasília
Belo Horizonte
Buenos Aires
Acima da
média
Bem
acima da
média
Guadalajara
Bogotá
Curitiba
Cidade
Monterrey
Bem
abaixo da
média
Governança ambiental
Acima da
média
Bem
acima da
média
Bem
abaixo da
média
Belo Horizonte
Brasília
Medellín
Guadalajara
Porto Alegre
Curitiba
Abaixo da
média
Média
Bogotá
Buenos Aires
Abaixo da
média
Média
Belo Horizonte Buenos Aires
Lima
Medellín
Acima da
média
Bogotá
Cidade
do México
Rio de Janeiro
Curitiba
Cidade
Lima
do México
Porto Alegre
Guadalajara
Puebla
Monterrey
Monterrey
Puebla
Curitiba
do México
Medellín
Rio de Janeiro
Puebla
Lima
Rio de Janeiro
Santiago
Porto Alegre
Quito
Montevidéu
Monterrey
Rio de Janeiro
Montevidéu
Porto Alegre
São Paulo
Puebla
Quito
Cidade
Santiago
do México
São Paulo
Montevidéu
São Paulo
Bem
acima da
média
Brasília
Guadalajara
Santiago
8
Qualidade do ar
Santiago
São Paulo
Quito
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Índice de Cidades Verdes da América Latina | Principais descobertas gerais
Principais descobertas gerais
Curitiba: uma categoria à parte
Curitiba, uma pioneira em sustentabilidade de
longa data na região, é a líder inconteste do Índice. O berço do sistema de “trânsito rápido de
ônibus” (BRT – Bus Rapid Transit, em inglês) e a
primeira cidade com ruas exclusivas para pedestres, Curitiba é a única do Índice a se classificar
bem acima da média global. Ela alcança essa distinção exclusiva em duas categorias individuais,
qualidade do ar e resíduos, e está acima da
média em cinco outras. A supervisão ambiental
da cidade também é consistentemente forte e,
além disso, com apenas algumas poucas exceções, está entre as melhores políticas em cada
categoria. Desde 2009, por exemplo, a autoridade ambiental da cidade tem realizado um estudo
contínuo sobre a taxa de absorção de CO2 nos
espaços verdes de Curitiba, bem como avaliado
as emissões totais de CO2 na cidade. Está trabalhando para realocar os que vivem em assentamentos informais para habitação de baixo custo
– onde saneamento básico, coleta de resíduos e
água são mais fáceis de serem fornecidos. A
empresa estadual de recursos hídricos que funciona em Curitiba também ampliou os serviços
de conexão de água e esgoto para todas as
10
1.790 residências no assentamento informal
“Vila Zumbi dos Palmares”, localizado às margens de uma das principais fontes de água da
cidade. O motivo-chave para o extraordinário
desempenho de Curitiba é seu longo histórico
em adotar uma abordagem holística em relação
ao meio ambiente, o que, como demonstra o
Índice e os especialistas confirmam, é pouco
usual no restante da região. Já no início da década de 1960, enfrentando rápido crescimento
demográfico, as autoridades municipais implantaram propostas para reduzir o crescimento
urbano desordenado, criar áreas para pedestres
e fornecer transporte rápido e eficaz, de baixo
custo. O BRT da cidade, desde então, tornou-se
um modelo para diversas cidades latino-americanas. Na década de 1980, o plano urbano
envolvia iniciativas integradas que tratavam de
questões como a criação de áreas verdes, reciclagem e manejo de resíduos e saneamento
básico. Este planejamento integrado permite
um bom desempenho em uma área ambiental
para criar benefícios em outras: parte do motivo
de Curitiba estar situada bem acima da média
em qualidade do ar é o transporte público bemsucedido; e seu desempenho em cada categoria
está conectado à abordagem holística. A estra-
tégia da cidade recebeu elogios dos estudiosos,
inclusive de Nicholas You, especialista em meio
ambiente urbano (veja entrevista mais adiante
neste relatório). Além disso, a preocupação com
as questões ambientais tornou-se parte da identidade dos cidadãos como em cidades como
Copenhague e Estocolmo, que lideraram o Índice de Cidades Verdes da Europa. Os políticos em
Curitiba não podem simplesmente reagir às crises ambientais imediatas; o público espera que
eles olhem para o futuro.
Cidades brasileiras: liderando o
caminho em matéria de políticas
Cinco das seis cidades que terminaram acima da
média ou bem acima da média geral no Índice
são do Brasil: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba,
Rio de Janeiro e São Paulo. Embora as cidades
tenham uma parcela muito alta de energia de
hidrelétricas, o que lhes dá a vantagem do
desempenho em energia e CO2, em geral elas
não têm outros pontos fortes em particular. O
desempenho individual varia bastante dentro
das categorias. O melhor exemplo disso está na
categoria de resíduos, em que Curitiba está bem
acima da média e Brasília, bastante abaixo.
No entanto, há um ponto primordial comum
entre as cidades brasileiras, inclusive Porto Alegre: políticas ambientais sólidas. Essa questão
está muito clara quando os indicadores quantitativos são retirados da análise. Cinco das seis
cidades brasileiras têm melhor desempenho
quando somente os indicadores da política são
avaliados. São Paulo, por exemplo, tem um dos
planos de ação para mudanças climáticas mais
sólidos no Índice. Belo Horizonte apresenta bom
desempenho com suas políticas de prédios ecológicos e qualidades da água e do ar, enquanto o
Rio de Janeiro se destaca por suas políticas de
energia limpa. A exceção é Brasília, que cai de
acima da média para média geral quando
somente os indicadores de política são levados
em consideração, principalmente porque ela se
classifica muito bem em determinados indicadores quantitativos, tais como a quantidade de
águas residuais tratadas, os espaços verdes por
pessoa e as concentrações médias diárias de
poluição do ar. Mesmo assim, Brasília demonstra boa performance para os regulamentos
sobre o crescimento urbano desordenado e a
proteção dos espaços verdes.
Esta solidez comum não é surpresa para os
especialistas. A preocupação do Brasil com a
política ambiental vem de longa data. O Artigo
23 da Constituição Federal de 1988, por exemplo, concedeu aos municípios poderes para, em
conjunto com os governos nacional e estadual,
“proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas", e “promover
(...) a melhoria das condições habitacionais e de
saneamento básico”. Três anos mais tarde, em
1991, o Rio de Janeiro foi o anfitrião da Primeira
Cúpula da Terra e o País criou seu Ministério
Nacional do Meio Ambiente. Desde então, as
questões ambientais têm recebido prioridade
política crescente nas cidades brasileiras. Isso
não significa soluções instantâneas, visíveis
para desafios de longo prazo: muitas das questões ambientais podem levar décadas para
serem atendidas. Não obstante, é uma indicação de um desempenho mais forte e atual, bem
como uma indicação de possíveis melhorias
futuras na situação no solo.
Desempenho ambiental e renda:
o elo perdido na América Latina
Uma descoberta surpreendente surgiu ao examinar os resultados globais: não há um relacionamento claro entre o desempenho ambiental
geral e a renda de cada cidade no Índice, definido como a média do PIB per capita (veja o gráfico a seguir). Por exemplo, a renda média para
Curitiba, que foi classificada como bem acima da
média no Índice geral, está dentro dos 15% das
cifras de renda para três outras cidades com
desempenhos largamente distintos: Rio de
Janeiro (acima da média), Porto Alegre (média)
e Guadalajara (bem abaixo da média). Ao contrário do que foi levantado em estudos similares
da EIU em outras regiões, inclusive no Índice de
Cidades Verdes da Europa e na pesquisa inicial
que está sendo realizada na Ásia, não houve
ligação entre desempenho ambiental e o PIB por
pessoa. Esses estudos envolvem cidades com
uma faixa de renda mais ampla do que o Índice
da América Latina, porém isso não explica a
ausência de um elo entre o PIB e os resultados
ambientais: em outros estudos, a correlação
está clara mesmo que só para essas cidades que
se situam na faixa menor de renda da América
Latina.
Os latino-americanos não suspenderam totalmente as leis da economia, como frisa o professor Roberto Sánchez-Rodríguez, da Universidade da Califórnia e especialista em questões
ambientais urbanas. “As cidades mais ricas têm
11
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Principais descobertas gerais
mais recursos. Com renda crescente, há a tendência da população tornar-se mais consciente
sobre as questões ambientais e considerá-las
importantes”, diz ele. Ter mais renda pode significar o efeito oposto em alguns casos também.
Quando cidadãos mais ricos compram mais car-
ros, por exemplo, o desempenho ambiental da
cidade tende a diminuir. Nas cidades mais
pobres, sem infraestrutura básica, não há dúvida também que o dinheiro poderia resolver
alguns problemas ambientais. O Índice, no entanto, indica um relacionamento pouco claro
entre riqueza e desempenho ambiental. Isso
sugere que algum outro aspecto esteja impedindo as cidades mais ricas de usarem somente
dinheiro para melhorarem seus resultados ambientais.
Um problema de cada vez: em
busca de uma abordagem holística
Desempenho ambiental e renda: o elo que falta na América Latina
Renda média da cidade (PIB por pessoa em US$) por faixa de desempenho geral
18,000
16,000
14,000
12,000
10,000
8,000
6,000
4,000
2,000
0
Bem
acima da
média
12
Acima da
média
Média
Abaixo da
Média
Bem
Abaixo da
Média
Geral
Grande parte da resposta da falta de clareza na
questão da renda da América Latina está em
como as cidades responderam ao crescimento
demográfico rápido e ao resultante crescimento
urbano desordenado. A área metropolitana da
Cidade do México, por exemplo, passou de cerca
de 11 milhões para 18 milhões de pessoas entre
1975 e 2000. De maneira semelhante, entre
1970 e 1990, a população da área metropolitana de São Paulo expandiu quase 90%, de 8,1
milhões para 15,4 milhões. As cidades de porte
médio estão enfrentando crescimento menor
em números absolutos, mas ainda assim aparecem aumentos percentuais significativos. Medellín cresceu cerca de 16%, passando a 3,5
milhões, no mesmo período. É claro que o crescimento desordenado ocorreu em seguida. Por
exemplo, a ONU-Habitat relata que Guadalajara
cresceu mais de 65% em área entre 1990 e 2006
– uma taxa média anual de 3,2% ou aproximadamente 1,5 vez mais rápido do que sua população crescia durante o mesmo período. Em
decorrência disso, as autoridades estão tentando adequar-se. Mesmo as cidades mais ricas tendem a fixar-se nos problemas mais imediatos
somente quando há uma demanda política forte
por uma solução, em vez de se envolverem em
ações abrangentes ou planejamento antecipado. “Até que haja algum tipo de crise – pode ser
uma crise política devido aos protestos ou porque uma agência não tem como fornecer um
determinado serviço ou fica sem dinheiro – as
questões ambientais não estão posicionadas no
topo da lista de prioridades e muito pouco é
feito”, diz o professor Alan Gilbert da University
College de Londres, especialista em urbanização
e meio ambiente latino-americanos. Essa abordagem de solução de problemas significa que
determinadas áreas em especial são ignoradas.
Na prática, diz ele, essa abordagem demonstra
que quando se trata de questões como saneamento básico, por exemplo, um sistema de
esgotos terá prioridade ao tratamento de águas
residuais.
Essa abordagem ad hoc se torna clara em
outra descoberta surpreendente no Índice – a
grande variedade do desempenho por categoria
das cidades. Doze das 17 cidades tinham pelo
menos uma pontuação acima da média e uma
abaixo da média na classificação por categorias.
As outras variaram entre média e bem acima ou
bem abaixo. Duas cidades, Santiago e Cidade do
México, até aparecem pelo menos uma vez em
cada faixa. O professor Gilbert também observou essa tendência. “A dificuldade reside em que
todas elas estão com resultados distintos nos
diferentes critérios”, disse ele.
O crescimento urbano desordenado também
impôs limites às opções das políticas. Conforme
detalhado no gráfico e no perfil das cidades, o
número de veículos tem efeito negativo não só
no transporte, mas também na qualidade do ar
e nas emissões de gases estufa. As dimensões
de determinadas cidades latino-americanas fizeram com que algumas autoridades ficassem
muito relutantes em atacar o uso de veículos. De
fato, a maneira como as cidades são organizadas tem promovido interesses econômicos e atitudes culturais altamente favoráveis ao automóvel. Quando o prefeito de Bogotá implantou o
sistema BRT há alguns anos, ele enfrentou uma
greve de motoristas de táxi e, após introduzir
outros regulamentos restringindo automóveis,
quase sofreu um impeachment. Outra consequência do crescimento urbano desordenado é
que muitas das cidades maiores cresceram de tal
forma que atravessam diversas jurisdições
municipais, com governos locais diferentes,
algumas vezes nas mãos de partidos políticos
opostos. O professor Sánchez-Rodríguez explica
que é difícil juntar esses stakeholders ou mesmo
fazer com que concordem em uma visão comum para a cidade. Assim sendo, não é só complicado ir além da solução dos problemas locais
imediatos, mas é mais difícil ainda acessar recursos econômicos da cidade toda.
Olhando para o futuro, os desafios ambientais das áreas urbanas latino-americanas crescerão. Os especialistas preveem que as cidades,
especialmente as de porte médio, aumentarão
em termos de população e área. Esse novo espaço urbano já está avançando em solo ambientalmente marginal. A infraestrutura ficará sob
pressão cada vez maior das populações crescentes e dos efeitos meteorológicos das mudanças
climáticas, inclusive enchentes, secas e tempestades. Além disso, o crescimento das cidades
fora da estrutura formal de planejamento também continuará. Tratar desses desafios exigirá
uma visão ampla, de longo prazo, e é intenção
deste relatório apresentar exemplos de estratégias e boas práticas que ajudarão as cidades
rumo à sustentabilidade do meio ambiente.
13
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Principais descobertas por categoria
Principais descobertas por categoria
Energia e CO2
A categoria de energia e CO2 só leva em conta
emissões do consumo de eletricidade, devido à
falta de dados confiáveis sobre o consumo geral
energético por cidade. Consequentemente, as
cidades latino-americanas do Índice tendem a
estar bem classificadas em relação às emissões
de CO2, pois muitas delas dependem muito da
energia hidrelétrica. Essa vantagem, no entanto, parece reduzir seu foco a respeito das políticas de redução de emissões.
‘ Nove das 17 cidades obtêm mais de 80% de
sua energia elétrica de fontes renováveis. São
Paulo, por exemplo, depende inteiramente da
energia hidrelétrica e não apresenta emissões
de gases estufa da produção de eletricidade,
contribuindo para seu desempenho bem acima
da média nesta categoria;
‘ Inversamente, quatro das cidades não têm
nenhum plano de ação para mudanças climáticas. Os planos de cinco outras cobrem as emissões de gases de efeito estufa de somente uma
atividade específica, tal como transporte, sem
tratar de outras áreas como energia, prédios ou
resíduos;
14
‘ Somente sete dos 17 departamentos do meio
ambiente têm as questões de energia em sua
área de atuação ambiental, e apenas dez têm
mudanças climáticas. Algumas vezes a sobreposição de jurisdição é a razão. No México, por
exemplo, os governos estaduais orientam a maior
parte da política ambiental nos municípios;
‘ Em geral, as cidades com os percentuais mais
elevados de energia renovável tendem a ter as
mais fracas políticas de mudança climática. Das
nove cidades com mais de 80% de energia renovável, somente três se classificam acima da
média nesta categoria do Índice. O desempenho
de São Paulo, por outro lado, é resultante da
combinação de energia renovável com sólidas
políticas de energia limpa e forte plano de ação a
respeito de mudanças climáticas.
Uso do solo e prédios
O Índice sugere que as cidades latino-americanas tentam preservar com mais afinco os espaços urbanos verdes existentes do que criar
novos. No entanto, elas têm uma atuação pior
na criação de prédios que respeitem o meio
ambiente. O crescimento populacional abran-
gente pode influenciar em ambos os casos. O
crescimento urbano desordenado, especialmente de assentamentos informais, torna a proteção dos espaços verdes um imperativo político. Porém, a necessidade de abrigar tantas
pessoas torna as normas de construção problemáticas.
‘ Políticas sobre espaços verdes estão amplamente disseminadas. Todas as 17 cidades têm
pelo menos algum tipo de proteção dos espaços
verdes e de áreas ambientalmente sensíveis.
Todas, exceto uma, tentam de alguma forma
parar o crescimento urbano desordenado;
‘ A continuação do crescimento dessas cidades, incluindo a frequente ocupação por assentamentos informais em áreas ambientalmente
sensíveis, entretanto, sugere que essas políticas,
embora necessárias, nem sempre são eficazes;
‘ Somente nove cidades têm padrões completos ou parciais para prédios ecológicos. Apenas
cinco têm regulamentos completos em vigor
para motivar as residências e negócios a diminuir a utilização de energia. Somente quatro
delas promovem a conscientização total dos
cidadãos sobre as formas de melhorar a eficiência energética predial;
‘ Os planos de ação para mudanças climáticas
tratam das questões de energia e emissões em
prédios em apenas cinco cidades.
Transporte
Muitas cidades latino-americanas estabeleceram com sucesso sistemas abrangentes de transporte público. No entanto, elas tiveram bom
desempenho no desafio de sensibilizar as pessoas a não usarem seus carros. Mas esses esforços são necessários para cuidar da cultura profundamente enraizada do transporte individual.
‘ As considerações envolvendo custos moldaram as redes de transporte público da região.
Devemos frisar que Curitiba foi o berço do sistema de “trânsito rápido de ônibus” (BRT), e a
maioria das cidades atualmente os têm ou os
está construindo. Além disso, as cidades com
densidade populacional mais elevada, onde os
sistemas são mais fáceis de estabelecer e com
maior relação custo/benefício, tendem a ter
redes mais longas. Mesmo assim, somente oito
cidades no Índice têm políticas abrangentes de
transporte de massa ou precificação bem integrada;
‘ As políticas para redução do número de carros nas ruas são raras. Apenas duas cidades têm
esquemas de estacionamento e utilização de
transporte público. Atualmente, nenhuma delas
tem pistas para carros com mais de um passageiro. Somente Santiago, que se classificou bem
acima da média nesta categoria, tem cobrança
por congestionamento;
‘ Redes abrangentes de transporte público são
apenas parte da solução para reduzir a dependência dos carros. O Índice indica que o número
de veículos por pessoa na cidade sobe como a
renda per capita, independentemente da qualidade ou das dimensões do sistema de transporte público.
Resíduos
As cidades no Índice se classificam bem no que é
essencial para o descarte de resíduos. De acordo
com os dados oficiais, 14 cidades coletam e descartam mais de 95% dos resíduos e, para oito
cidades, o percentual é 100%. A média geral,
considerando todas as 17 cidades, é de 96%. A
aparente universalidade da coleta de resíduos
sugere que, em muitos casos, os resíduos gera-
dos pelos residentes de assentamentos informais não são contabilizados nesses números.
Não obstante, as cidades se saem bem na coleta
dos resíduos de distritos reconhecidos.
‘ Os resíduos gerados por pessoa, uma média
de 465 kg por ano, são notadamente inferiores
ao número do Índice de Cidades Verdes da Europa do ano anterior, que está em 511 kg ao ano;
‘ Uma vez ultrapassada a previsão da coleta
básica de resíduos, surge um divisor. A maioria
das cidades tem somente estratégias parciais
para resíduos industriais ou perigosos ou monitoramento de descarte ilegal de resíduos;
‘ O retrato das cidades mostra amplas variações quando se trata de reciclagem. Algumas
cidades, inclusive a líder da categoria, Curitiba,
têm sistemas abrangentes e eficazes de reciclagem. Em alguns outros casos, embora existam
programas, eles são básicos e mínimos.
Água
As cidades geralmente levam a qualidade da
água muito a sério. Elas dão menos atenção à
manutenção da infraestrutura dos recursos hídricos, pois é possível passar por cima de alguns
15
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Principais descobertas por categoria
problemas desde que os residentes recebam
água limpa.
‘ 98% dos residentes das cidades do Índice
têm acesso à água potável, o que pode não
incluir residentes de assentamentos informais
em alguns casos, mas em geral as empresas de
água têm sido atuantes ampliando os serviços
para essas áreas;
‘ A adoção de políticas e normas de monitoração da qualidade da água é amplamente disseminada;
‘ A região também se classifica bem em eficiência. As cidades do Índice consomem em
média 264 litros por pessoa por dia, o que é
baixo em comparação com a média europeia de
288 litros por pessoa por dia. Em algumas cidades, esse consumo baixo ocorre devido às restrições de fornecimento. Em outras, anos de
incentivo à conservação estão dando frutos.
Esses esforços são comuns e todas as cidades
estão, de alguma forma, envolvidas neles. Mas
além do estímulo e dos hidrômetros, que estão
presentes em 13 das 17 cidades, são raras as
medidas mais concretas de eficiência;
‘ Por outro lado, o número de vazamentos é
elevado, a uma média de 35%. Surpreendentemente, as taxas de vazamento nas cidades não
16
se correlacionam com o PIB per capita e, portanto, presumivelmente, com os orçamentos para
infraestrutura. É possível que os elevados números sejam um reflexo da utilização não regulada
da água pelos residentes de assentamentos
informais. Além disso, com poucas exceções
observáveis, a maioria das cidades do Índice não
enfrenta altos níveis de escassez de água, assim
sendo os vazamentos podem não ser percebidos
como uma questão emergencial.
Saneamento básico
A região vê uma nítida divisão entre o fornecimento de serviços de saneamento básico e o
que as autoridades fazem com as águas residuais uma vez coletadas. Enquanto a falta de
acesso ao saneamento básico é uma questão
social e política, bem como ambiental, as águas
residuais bombeadas para os rios e o oceano
têm menos impacto político do que os bairros
sem os serviços.
‘ Em média, 94% dos residentes das cidades
no Índice têm acesso a saneamento básico, e
para 13 cidades os percentuais são de mais de
90%. Embora a grande proporção possa deixar
de fora alguns assentamentos informais, ela
reflete os esforços concentrados para ligar a
maioria dos domicílios, geralmente incluindo
aqueles em áreas reconhecidas e não reconhecidas;
‘ O tratamento das águas residuais, por outro
lado, é muito sofrível. Em média, somente 52%
das águas residuais são tratadas e oito das 17
cidades tratam menos da metade de sua água.
Duas nada tratam;
‘ Somente cinco cidades avaliaram o saneamento básico como parte da análise paramétrica ambiental nos últimos cinco anos. Isso significa que é a área ambiental no Índice que recebe
menos exames oficiais;
‘ Parte do problema é que o tratamento das
águas residuais pode ser caro. Medellín é a única
cidade que se classificou bem acima da média
em saneamento básico e investiu pesadamente
nos últimos 15 anos.
Qualidade do ar
As cidades latino-americanas reconhecem seus
problemas bastante óbvios de qualidade do ar e
têm políticas ativas para tratá-los. Não obstante,
a cultura do automóvel continua sendo uma dificuldade constante.
‘ A região se sai relativamente bem nos níveis
de dióxido de enxofre – cuja principal fonte
geralmente é a queima de combustível fóssil
para estações de energia, principalmente carvão. A média diária nas cidades do Índice é de 11
microgramas por metro cúbico, aproximadamente metade da diretriz máxima da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 20 microgramas. O dióxido de nitrogênio, no entanto,
geralmente associado ao combustível queimando em motores de combustão interna, principalmente em carros, é uma questão muito séria. O
nível médio no Índice, em 38 microgramas por
m³, chega de maneira preocupante perto do
máximo da OMS, de 40 microgramas por m³.
Este é um percentual que oito cidades igualam
ou ultrapassam. As partículas suspensas – com
várias fontes, incluindo poeira de estrada e processos industriais – contam uma história semelhante. As concentrações médias diárias, em 48
microgramas por m³. estão pouco abaixo do
nível da OMS, de 50 microgramas. Sete cidades
ultrapassam este valor. Somente cinco das 17
cidades atendem a todas as três diretrizes da
OMS;
‘ As cidades do Índice levam a sério a questão
por meio de políticas. Todas monitoram a quali-
dade do ar. Os códigos e a promoção da qualidade do ar de alguma forma também são universais;
‘ Muitas cidades do Índice enfrentam desafios
topográficos ou climáticos que tornam mais difícil melhorar a qualidade do ar;
‘ Como demonstram os perfis das cidades, no
entanto, o grande problema para muitas delas é
o tráfego de veículos. Aquelas com sólidas políticas em relação a testes de emissão em carros e
caminhões ou promoção de transporte público
tendem a se sair melhor. Curitiba está classificada bem acima da média e seu sistema de BRT é
citado com frequência como a razão da melhor
qualidade de seu ar.
Governança ambiental
As cidades do Índice têm estruturas formais de
governança ambiental em vigor, mas para algumas, essas políticas podem ser demasiadamente compelidas por outros departamentos ou
jurisdições sobrepostas para serem verdadeiramente eficazes.
‘ Todas as cidades têm departamentos do
meio ambiente e envolvem stakeholders, pelo
menos até certo ponto, na tomada de decisões
nos projetos com importantes impactos ambientais. A maioria também propicia o acesso às
informações por meio de um ponto central;
‘ Somente 11 dos 17 desses departamentos
do meio ambiente têm total capacidade para
implantar suas próprias políticas. Apenas nove
monitoram e publicam os resultados a respeito
do desempenho ambiental a cada três anos.
Quatro deles não concluíram as análises paramétricas ambientais;
‘ Também existem limites sobre o que determinados departamentos podem fazer. Apenas
sete monitoram o consumo de energia em suas
cidades e somente dez têm mudanças climáticas
como foco de atenção;
‘ O retrato das cidades sugere que parte do
problema é o estado fracionado de muitas cidades, com o poder dividido entre diferentes níveis
do governo, diferentes municípios ou ambos.
17
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Gerenciando a cidade como um “organismo vivo”
Gerenciando a cidade como um “organismo vivo”
Entrevista com Nicholas You,
especialista em meio ambiente urbano
O caminho para as cidades mais verdes, diz Nicholas You, requer repensar como gerenciá-las.
O planejamento holístico, frequentemente, sofre de uma abordagem setor a setor entre jurisdições
o desempenho ambiental de uma cidade?
Os assentamentos informais são, por definição,
insustentáveis. Eles representam um alto grau
de exclusão social e econômica. Um dos
pensadores latino-americanos mais avançados
de sua época, Milton Santos, disse que a
pobreza é a pior forma de poluição. Os
assentamentos informais são uma prova viva de
que não estamos planejando bem as cidades.
Quais são os objetivos da ONU-Habitat em
relação à melhoria das estatísticas sobre
assentamentos informais?
A ONU-Habitat está tentando mostrar que os
métodos utilizados não fornecem um retrato
preciso do que está acontecendo quando se
trata de assentamentos informais. Levará anos
para mudar a maneira como os institutos de
estatística trabalham e como são colhidos os
dados do censo. A questão estatística reside em
como refinar gradualmente as técnicas para que
esses problemas não deixem de ser considerados. Quando os dados são desagregados, por
exemplo, no nível das residências ou bairros, o
que a ONU-Habitat tem feito há algum tempo:
começamos a ver outro retrato da realidade.
Uma síndrome comum, por exemplo, é que,
com frequência, confundimos proximidade com
acesso. As pessoas que vivem em assentamentos informais podem literalmente estar vivendo
ao lado dos serviços de abastecimento de água,
esgotos e coleta de resíduos, ou de escolas e
hospitais, e ainda assim não ter acesso a esses
serviços.
Com frequência, as cidades mencionam
níveis elevados de acesso a serviços
básicos, tais como água potável, coleta de
resíduos e saneamento básico, quando a
situação no local pode ser muito diferente
devido à presença dos assentamentos
informais. Quais são as implicações de
tentar conseguir um retrato preciso por
meio dos dados?
Se você olhar os indicadores, tais como
consumo de água per capita ou geração de
Podemos identificar abordagens comuns
na maneira pela qual as cidades estão
tratando o desafio dos assentamentos
informais?
Acredito que estamos começando a ver um
padrão que favorece a modernização dos
assentamentos informais ao contrário de sua
remoção ou demolição. As favelas são comunidades com suas próprias redes sociais, culturais e econômicas. Grande parte do motivo
pelo qual as pessoas não deixam os assenta-
que competem entre si, e os elaboradores das políticas não veem a cidade como uma entidade única.
O Sr. You é presidente do Comitê de Coordenação da Campanha Urbana Mundial da ONU-Habitat, uma
plataforma para organizações privadas e públicas compartilharem políticas e ferramentas urbanas
sustentáveis. Ele também lidera várias outras iniciativas de desenvolvimento sustentável e trabalhou
no painel de especialistas que aconselhou a Economist Intelligence Unit (EIU) em relação à metodologia
para o Índice de Cidades Verdes da América Latina. Ele falou à EIU sobre os resultados do Índice, a
dificuldade de medir o impacto ambiental dos assentamentos informais e a necessidade de administrar
as cidades como “organismos vivos”.
Os resultados do Índice parecem
demonstrar que a maioria das cidades
latino-americanas trata as questões
ambientais caso a caso. A exceção que se
nota é Curitiba, que foi a única das 17
cidades a se situar bem acima da média em
geral no Índice. O que impede as outras
cidades de tratar de maneira abrangente
os desafios ambientais?
Há vários obstáculos, inclusive políticas de curto
prazo versus as de longo prazo, descentralização e falta de delegação de poderes às
autoridades locais, além da sobreposição de
jurisdições. Mas existe uma questão fundamental: quem é responsável por fazer o quê? Este é
um problema difundido na maior parte do
mundo. Todos são responsáveis por uma fatia
do problema, como água, energia e transporte,
porém ninguém controla o quadro geral. Os
prestadores de serviço trabalham em um
isolamento esplêndido, que é prejudicial à
18
abordagem holística necessária para tornar as
cidades mais sustentáveis. Você mencionou
Curitiba. Muitos sustentam que Curitiba é um
exemplo de cidade que está fazendo há décadas
o que todas as cidades deveriam fazer: ou seja,
planejamento urbano de longo prazo, de cima
para baixo.
Os assentamentos informais claramente
afetam a pegada ambiental da cidade.
Ainda assim, por sua natureza, os
assentamentos informais não são bem
cobertos pelas estatísticas. Por esse
motivo, a Economist Intelligence Unit não
pôde incluir dados sobre os assentamentos
informais no Índice de Cidades Verdes da
América Latina de uma forma que fosse
metodologicamente confiável. Como isso
pode afetar o retrato ambiental das
cidades na América Latina, e exatamente
como os assentamentos informais afetam
resíduos per capita, e deixar de fora os
assentamentos informais, você está deixando
de lado parte do retrato da cidade. As empresas
de recursos hídricos e de esgotos têm áreas de
responsabilidade distintas. Em geral, as áreas de
responsabilidade de ambas não incluem os
assentamentos informais. Elas dizem corretamente “100% de cobertura”, enquanto a cidade
como um todo poderá cair para 70% com acesso. Como o Índice de Cidades Verdes é comparativo dentro de uma região, ou seja, comparando cidades latino-americanas entre elas, a
distorção não será tão séria. Se compararmos
entre regiões, teremos de ser um pouco mais
cuidadosos.
mentos informais é que, em termos de
localização, eles são ideais, com acesso aos
empregos ou serviços que, de outra forma, eles
teriam de pagar consideravelmente mais por
eles. A maioria das favelas começou sua
existência localizada às margens da cidade.
Ao longo do tempo, com crescimento rápido,
a favela de fato se encontra localizada no meio
da cidade. A remoção ou realocação é também
pedir às pessoas que se mudem de um bairro
onde passaram boa parte de sua vida, se não
sua vida inteira.
Quais as modernizações que as cidades
estão realizando?
As modernizações ocorrem em diversas frentes
– ligando o assentamento à malha da infraestrutura, fornecendo coleta de resíduos, água
e saneamento básico. Também há a questão da
propriedade. Na maior parte do tempo, um
assentamento informal continua na informalidade porque não está claro quem é o proprietário ou quem tem o direito ao pedaço de
terra. Os fornecedores de serviços e a empresa
de água ou esgoto, por exemplo, estão muito
relutantes em entrar com infraestrutura se não
estiver muito claro a quem pertence o imóvel.
Quais os incentivos que as cidades têm
para modernizar em vez de remover os
assentamentos?
As cidades que estão tentando desempenhar
um papel proativo atualmente estão cientes
que a globalização está afetando todos, em
toda parte. Elas podem tornar- se vítimas da
globalização ou obter alguns benefícios. As
cidades proativas estão cientes que não podem
ter altos percentuais de sua população socialmente excluída e esperar ser uma cidade global.
Discutimos Curitiba como um bom
exemplo do planejamento urbano de
longo prazo, de cima para baixo. Como o
planejamento pode ser melhorado nas
outras cidades?
Durante muitos anos chefiei a iniciativa de
melhores práticas na ONU-Habitat e literalmente encontramos centenas de exemplos de
inovações, novos modelos e novas tecnologias.
A grande pergunta que tinha de me fazer todo o
tempo era “Por que essas melhores práticas não
estão tornando-se a norma?” A única resposta
que me surgiu foi que as lições das melhores
práticas não estão sendo implementadas na
elaboração de políticas ao mais alto nível. Elas
permanecem como iniciativas isoladas que
podem inspirar poucas outras cidades, mas elas
não têm necessariamente um impacto na
política pública e, portanto, não são reproduzidas em escala. Precisamos nos conscientizar de
que há muita inovação lá fora. Como poderemos documentar de maneira sistemática essas
histórias e registrar as lições aprendidas, além
de apresentar um mecanismo de comentários
e informações diretamente dentro da política?
A Campanha Urbana Mundial está trabalhando
em uma iniciativa para fazer com que as cidades
contem suas histórias com uma nova perspectiva de “práticas vivas”. O que você está fazendo
hoje para procurar resolver os desafios de
amanhã? Quais as inovações que estão sendo
testadas? Que, que novas ferramentas estão
sendo desenvolvidas?
Em geral, quais são os passos mais
importantes que as cidades na América
Latina e no restante do mundo têm de
tomar para se tornarem ambientalmente
sustentáveis?
Temos de levar o planejamento a sério. Eu não
estou dizendo planejamento “setorial”, em que
cada setor – água, energia, saneamento básico
– planeja independentemente. Precisamos
olhar para as cidades ou para a região metropolitana como um todo. As jurisdições que
competem entre si são um dos maiores inimigos
da urbanização sustentável. Você tem áreas
metropolitanas que atravessam várias jurisdições, em diversas comissões de planejamento
e fornecedores independentes de serviços. Você
pode estar ocupado tentando tornar sua cidade
mais verde, porém metade da população que
depende da sua cidade vive em outros municípios e tem uma estrutura governamental
diferente. Esses governos estão empenhados
em construir o próximo shopping center, o novo
campo de golfe e o próximo exburb (áreas de
baixa densidade de ocupação nos arredores das
grandes cidades, onde se utiliza o automóvel
como principal meio de locomoção). A cidade
é um organismo vivo que precisa ser gerido
como uma entidade única, e como qualquer
organismo vivo, precisa ser desenvolvida de
maneira holística.
19
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Projetos Exemplares
Projetos Exemplares
Energia e CO2
Uso do solo e prédios
Ideias de outras cidades
São Paulo: Colhendo metano para
produção de energia da cidade
Muitas cidades estão gerando eletricidade do
metano que se desprende dos aterros sanitários,
mas os esforços de São Paulo nessa área chamam a atenção entre as cidades latino-americanas. Recentemente a cidade fechou dois de seus
maiores aterros sanitários: Bandeirantes em
2007, e São João em 2009.
Em vez de deixar o metano do material em
decomposição somar-se às emissões de gás
estufa, a cidade contratou uma empresa privada
para capturar o gás nos antigos aterros sanitários e queimá-lo para gerar eletricidade. Os dois
locais têm capacidade conjunta para 46 megawatts, o que os torna uma das maiores iniciativas de coleta de metano do mundo. Os dois projetos deverão reduzir as emissões de carbono
em cerca de 11 milhões de toneladas até 2012.
Os benefícios não param com a redução das
emissões. A iniciativa qualifica como um “mecanismo para o desenvolvimento limpo” de acordo
com o Protocolo de Kyoto, um programa que
oferece créditos de carbono para projetos de
redução de emissões. Os créditos são equivalentes a uma tonelada de CO2, que pode ser comercializada, vendida ou usada para atender às
metas de redução de emissões de carbono em
outros países. São Paulo divide seus créditos de
carbono do projeto com uma empresa parceira,
e a cidade está vendendo a sua parte para levantar dinheiro para outros projetos. Ela participou
de um leilão inédito no mercado, realizado em
uma bolsa regulamentada em 2008 e fez US$ 36
milhões somente naquele ano. A cidade está
usando a maior parte do dinheiro para melhorar
os bairros ao redor dos aterros sanitários. Em
2009, por exemplo, ela abriu duas áreas de
lazer, totalizando 9.200 m², que incluem playgrounds, pistas de caminhada e espaço comunitário.
Belo Horizonte é a líder em energia solar no
Brasil, com cerca de 12 vezes o volume de coletores solares por pessoa em comparação com o
País como um todo, de acordo com as autoridades municipais. Seu novo estádio de futebol, que
está sendo construído para a Copa do Mundo de
2014, terá painéis que gerarão energia suficiente
para suas próprias operações. Nos dias em que
não houver jogos, a energia será vendida para a
empresa de eletricidade local.
O maior projeto de hidrelétrica da Colômbia está
sendo construído perto de Medellín. A empresa
de serviços públicos pertencente à cidade, Empresas Públicas de Medellín, lidera a construção
do projeto Hidro Ituango de 2,4 gigawatts. Terá
oito geradores e deverá entrar em funcionamento em 2018. O consórcio que o constrói já começou uma série de consultas com os líderes da
comunidade a respeito das questões ambientais
e sociais relacionadas ao projeto, o que é exigido
pelo contrato.
Curitiba estuda as taxas de absorção de carbono
de seus espaços verdes, como parte da minuta
de um plano para limitar as emissões da cidade
de modo geral.
20
Buenos Aires: Dando exemplo com
os prédios públicos
Em 2008, Buenos Aires lançou um programa
para reduzir de maneira significativa o consumo
de energia de 100 edifícios públicos. O “Programa de Eficiência Energética em Prédios Públicos”
tem como alvo reduzir o consumo em 20% em
relação aos níveis de 2007, até o final de 2012, e
deverá eliminar 5.000 toneladas de emissões de
carbono. As autoridades começaram de maneira modesta, porém com a intenção de expandir
com rapidez. No início de 2010, elas tinham
auditado exaustivamente cinco prédios – dois
escritórios, dois hospitais e uma escola – e
desenvolvido planos de redução do consumo de
energia adaptados individualmente para cada
um deles. A primeira auditoria, por exemplo,
examinou o uso da energia no escritório utilizado pela Agência de Proteção Ambiental da
Argentina, que está apoiando o programa. A
auditoria descobriu um potencial para o consumo geral de energia em 30%, inclusive reduzindo a energia consumida pelos computadores
em 55%. As auditorias serão utilizadas como
exemplos das melhores práticas, para ampliar o
programa para inclusão de mais 31 prédios
durante 2010. No final de 2009, o governo da
cidade impulsionou o programa com a nomeação de um gerente de energia para monitorar o
consumo em cada prédio do governo.
As autoridades começaram com os prédios
públicos porque, em geral, eles são grandes e
podem alcançar economias significativas rapidamente. Eles também estabeleceram um
exemplo para o setor privado. O departamento
ambiental da cidade está começando a trabalhar na legislação que imporá medidas de eficiência energética aos prédios do setor privado.
Outro objetivo do programa é criar guias de eficiência energética para residências, negócios e
indústrias.
ao limitar a perda da água da chuva. Em
decorrência disso, Quito criou seu “Projeto de
Florestação e Reflorestamento” e, já em 2008, o
programa havia levado ao plantio de cerca de
seis milhões de árvores, a maioria de espécies
nativas. Os inigualáveis pontos fortes do projeto
são os métodos diferenciados que utiliza. As
autoridades responsáveis pelo programa não
impuseram um plano único totalmente abrangente. Em vez disso, cooperaram com os vários
departamentos e instituições em toda Quito,
além de seus esforços diretos. Uma iniciativa
específica gerida pela cidade inclui cobrir as
grandes avenidas de Quito com árvores. A mais
recente iniciativa de alta visibilidade da cidade é
empregar trabalhadores municipais e voluntários para replantar 300.000 árvores perdidas
durante os incêndios do verão de 2009. Em
2006, a cidade criou um concurso de plantio de
árvores com grupos vizinhos em 145 distritos. O
concurso “Meu Bairro está Vestido de Árvores”
levou ao plantio e à manutenção de 140.000
árvores.
Embora cerca de um quarto das árvores tenham morrido devido à falta de manutenção e à
pancadas de carros, o programa tem progredido
constantemente. Em 2008 o equivalente a
5.000 hectares havia sido reflorestado, embora
alguns deles tivessem sido plantados em áreas
rurais nos arredores. O programa demonstra
que incentivar uma grande faixa de instituições
e pessoas físicas a simplesmente plantar as árvores e deixar a natureza agir pode trazer benefícios ambientais e estéticos.
Ideias de outras cidades
O Rio de Janeiro está criando novas pistas para
bicicletas e espaços verdes, inclusive desenvolvendo um corredor verde coberto por 11.000
árvores como parte de um projeto maior de
US$ 202 milhões para revitalizar seu porto no
centro histórico da cidade. O projeto “Porto Maravilhoso” também reformará os prédios históricos
em mau estado e melhorará o acesso ao transporte e os serviços de saneamento básico.
Para aumentar seus espaços verdes, Santiago
planeja ter incorporadores privados transforman-
Quito: Tudo é motivo para
plantar uma árvore
do 3.900 hectares da área da cidade em parques
Um relatório para o governo municipal de Quito
concluiu que a cidade tinha 9.000 hectares de
cobertura de árvores urbanas, mas recomendou
dobrar essa quantidade a fim de colher diversos
benefícios ambientais. Os estudos sugerem que
a cobertura das árvores absorve a poluição do
ar, reduz o consumo de energia ao proporcionar
sombra e pode melhorar a conservação da água
diais.
públicos e espaços verdes em troca de acessarem
outros 5.700 hectares para incorporações preSão Paulo aprovou uma lei em 2009 exigindo
que todos os novos prédios municipais atendam
aos padrões de eficiência energética e que os
prédios existentes fossem reformados e providos de tecnologia para atenuar seu impacto
ambiental.
21
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Projetos Exemplares
Transporte
Trânsito Rápido de Ônibus: de
Curitiba a Bogotá
A rede de ônibus de Curitiba é uma das mais
influentes do mundo. Datando de meados da
década de 1960, a peça principal da rede são as
seis linhas do serviço de “Trânsito Rápido de Ônibus” (BRT), compreendendo ônibus longos e articulados que percorrem 72 km de vias dedicadas
que se prolongam no padrão raiado a partir
do centro da cidade. O BRT é a espinha dorsal do
sistema de tráfego de Curitiba, que inclui milhares de quilômetros de rotas e transporta 1,8
milhões de passageiros por dia. O BRT funciona
de maneira muito parecida com o sistema do
metrô.
Os passageiros pagam para entrar em uma
das mais de 350 estações especialmente projeta-
22
Ideias de outras cidades
das para reduzir os tempos de entrada e saída. A
cidade também integrou seu planejamento
urbano com o sistema para que o desenvolvimento ocorra ao longo dos corredores do BRT, o
que significa que a rede é facilmente acessível
para um grande percentual dos residentes.
Curitiba cresceu juntamente com sua rede de
BRT, mas o BRT de Bogotá – "TransMilenio" mostrou o quanto o sistema pode ser bem adaptado
para uma cidade existente. A cidade inaugurou o
TransMilenio em 2000. Atualmente, com 84 km,
o sistema ainda está crescendo. Nove linhas
usam faixas dedicadas no meio de algumas das
mais largas avenidas da cidade. Em 2009, o
TransMilenio transportou, em média, 1,6 milhão
de passageiros por dia e reduziu o tempo das viagens em um terço. Como parte do programa, a
cidade substituiu a rede anterior de ônibus mais
poluidores e menores, o que permitiu que vendesse créditos de carbono de acordo com o Protocolo de Kyoto. Isso trouxe um ganho para a
cidade estimado entre US$ 110 e US$ 300
milhões, de acordo com o jornal New York Times.
O sistema não é perfeito – ele sofre frequentes
excessos de passageiros – mas pelo menos é
acessível para os residentes em uma cidade com
renda relativamente baixa. Redes semelhantes
foram implantadas em sete outras cidades no
Índice e estão sendo planejadas para diversas
outras cidades em toda a América Latina.
Buenos Aires: Aproximando tudo
O “Plano de Mobilidade Sustentável” de Buenos
Aires é tratar o transporte da cidade por meio de
um esforço integrado envolvendo iniciativas em
dez áreas. Muitas delas compreendem melhorias
significativas na infraestrutura.
Introduzindo as linhas BRT nas principais
rotas, reduziram-se os tempos de viagem entre
10% e 25%, e em alguns casos em até dois terços.
Ao mesmo tempo, a adoção de ônibus articulados e veículos híbridos em algumas rotas irá
reduzir o consumo de carbono.
A cidade também espera conseguir que pelo
menos 5% dos passageiros da cidade, aproximadamente 300.000 pessoas, passem a usar bicicletas, cerca de seis vezes o nível atual. No entanto, as preocupações com a segurança são o
maior desafio a esse esforço. Em uma pesquisa,
aproximadamente 60% dos residentes disseram
que usariam as ciclovias, mas metade deles
acrescentou que a principal prioridade seria a
segurança quando a utilizassem.
Em decorrência disso, a cidade está tentando
tornar andar de bicicleta mais seguro. Até o final
de 2010, 100 km de novas ciclovias seriam abertas no centro da cidade. Buenos Aires também
está criando mais espaços para estacionamento
de bicicletas, e planeja lançar um sistema de aluguel de bicicletas públicas este ano. O município
está oferecendo a seus 120.000 empregados
empréstimos subsidiados para a compra de bicicletas, na esperança que isso estabeleça um
exemplo para as empresas privadas.
O programa também aumentou o número de
áreas para pedestres e expandiu as calçadas para
tornar a caminhada mais fácil. Para aqueles que
permanecem em seus veículos, a cidade instalou
mais semáforos modernos que reagem às situações de mudança no tráfego e até podem alterar
a direção das faixas, se necessário.
Santiago está expandindo seu sistema de
metrô. Já está bem adiantada para a conclusão
de um prolongamento de 14 km em uma das
linhas e planeja uma sexta linha que cobrirá
15 km e 12 novas estações. A nova linha foi projetada para melhorar a integração do metrô com
a malha sobre trilhos e os ônibus.
Aos finais de semana, Quito reserva a entrada
no centro da cidade para pedestres e bicicletas.
Com o Metrocable, Medellín utiliza bondes e
ônibus elétricos para integrar diversas áreas mais
pobres da cidade e assentamentos informais às
principais redes públicas de transporte.
A Cidade do México tem um sistema compulsório de transporte para crianças que vão à escola, reduzindo o número de viagens dos pais em
carros particulares.
23
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Projetos Exemplares
Resíduos
Puebla: Transformando resíduos
em dinheiro
“Carteira Verde” é uma iniciativa privada para
promover a reciclagem em Puebla. Os membros
ingressam na organização e recebem um cartão
de débito. Eles recebem um “peco”, um crédito
eletrônico para cada quilograma de resíduos
que trazem para os depósitos localizados por
toda a cidade, em escolas, universidades e lojas
de conveniência. Os membros também ganham
mais créditos pelos resíduos eletrônicos, dependendo do item. Os comerciantes que patrocinam a organização aceitam os créditos em suas
lojas. Os bens e serviços disponíveis variam de
roupas para crianças a livros, artigos para construção, entradas para o cinema e cargas para
uso de celulares. Diversos comerciantes também dão descontos simplesmente pela pessoa
ter um cartão de membro.
O projeto começou no início de 2010 e até
agosto do mesmo ano havia coletado 22 toneladas de resíduos sólidos e eletrônicos. Isso pode
parecer pouco em comparação às 819.000 toneladas estimadas que a cidade produz anualmente, porém é um começo impressionante para
uma iniciativa privada. A organização parece
estabelecida para crescer, com planos de começar a coletar resíduo orgânico no futuro e iniciar
em breve projetos semelhantes nas regiões circunvizinhas. A organização já pensa na possibilidade de abrir franquias em todo o México.
Belo Horizonte: Uma solução
benéfica para os catadores de lixo
Catadores de lixo, pessoas que vasculham os
resíduos à procura de itens recicláveis, são
comuns em muitas cidades latino-americanas, e
com frequência enfrentam uma marginalização
social e saúde precária. Após anos de hostilidade
pública contra os catadores de lixo, Belo Horizonte assumiu uma abordagem diferente, melhorando a qualidade de vida deles e a coleta de
resíduos na cidade ao mesmo tempo.
Em 1993, a cidade assinou um contrato formal para integrar a entidade local de catadores
de lixo, Associação dos Catadores do Papel Papelão e Material Reaproveitável (Asmare), ao siste-
24
Ideias de outras cidades
Ideias de outras cidades
ma de coleta de resíduos. A cidade deu à associação acesso a pontos específicos de reciclagem, um centro de separação e caminhões para
transportar o material para as fábricas de reciclagem. A associação divide os lucros do material
trazido para as fábricas de reciclagem entre os
membros. Desde então, a organização aumentou e os catadores de lixo agora operam serviços
de coleta para empresas e residências. A associação ajuda a processar cerca de 450 toneladas de
resíduos a cada mês, contribuindo para trazer
para a cidade economias substanciais, mesmo
depois de pagar um subsídio e taxas de gerenciamento para a associação.
A organização não só causa um importante
impacto ambiental, mas também fornece benefícios econômicos e sociais significativos para os
catadores de lixo. A associação tem atualmente
380 membros e suas atividades empregam
cerca de 1.500 pessoas, quase todas anteriormente vivendo ao relento. Organizações não
governamentais foram chamadas para dar cursos de alfabetização a seus membros e ensino
técnico para seus filhos. A entidade fornece
ajuda com seguros de vida e de saúde, faz acordos com farmácias locais para baratear o preço
dos remédios e organiza creches para as crianças com menos de seis anos.
Buenos Aires pretende instalar hidrômetros para
Para assegurar o descarte adequado dos resíduos
todos os clientes como parte do plano para reduzir
em assentamentos informais, Curitiba tem um
o consumo em 40% até 2012.
programa de “Compra de Resíduos”. Os residen-
A Sabesp, empresa de água do Estado de
tes recebem cestas básicas em troca de trazer
São Paulo, tem um programa abrangente para
de 8kg a 10kg de resíduos para os pontos cen-
monitorar os vazamentos e as conexões ilegais.
trais de coleta, e suas associações na vizinhança
recebem dinheiro por serviços comunitários.
A iniciativa coleta cerca de 6.800 toneladas de
Ela acaba de aumentar o número de inspetores,
Água
o que levou a detecção de 12.000 conexões ilegais
entre janeiro e julho de 2010, representando
resíduos por ano.
70% do total de conexões ilegais detectadas no ano
A iniciativa “Ecoponto” de São Paulo tenta fazer
anterior. O volume de água perdida por meio des-
com que os residentes parem de jogar grandes
sas conexões era de quase 2,5 bilhões de litros.
quantidades de resíduos nas vias públicas. A cidade estabeleceu pontos centrais de coleta grátis
Porto Alegre: Abastecimento de
água da maneira certa
para resíduos grandes demais para as latas de
lixo residenciais, tais como móveis velhos,
pedaços de árvores, restos de construção. Nos
primeiros seis meses de 2010, a cidade diz que
coletou 57.400 m³ de resíduos que, de outra
forma, teriam sido deixados nas ruas.
Santiago trabalha com quatro obras filantrópicas para incentivar a participação da comunidade
na reciclagem. Os residentes depositam os materiais em um dos 39 pontos centrais de coleta.
As obras filantrópicas ganham dinheiro pela coleta e transferência dos materiais para as fábricas
de reciclagem.
O programa “Água Certa” de Porto Alegre ajuda
as pessoas em assentamentos informais a terem
acesso à água de forma legal, reduz os vazamentos no sistema e incentiva a conservação. Sem
direito à residência, muitos moradores desses
assentamentos informais não podem conectar
de maneira legal suas casas ao sistema hídrico.
As conexões ilegais daí resultantes, além da
perda de receita para a cidade, tendem a levar a
vazamentos e à contaminação do abastecimento legal de água. O Departamento Municipal de
Água e Esgotos (DMAE) da cidade começou o
programa em 2005 em cooperação com os gru-
pos comunitários em assentamentos informais.
A cidade propicia aos moradores a possibilidade
de conectarem suas casas de maneira legal ao
sistema de água mediante uma “taxa social” de
US$ 5 por mês para até 10.000 litros de água, o
que economiza até 40% sobre a cobrança normal. Além disso, a conta da água é, com frequência, a única prova dos moradores, que
ajuda a integrá-los na economia da cidade. O
programa também educa os residentes quanto à
importância da água limpa e o seu uso responsável. Nos primeiros três anos de funcionamento,
o programa ajudou 15.000 famílias e a taxa de
contas de água não pagas nos assentamentos
informais caiu de 64% para 27%, levando a uma
redução geral em toda a cidade de 14% para 9%.
A empresa também tem tecnologia que a ajuda a
monitorar toda a água no sistema, localizando rapidamente os principais vazamentos e prevendo os
níveis de consumo de água com base nas temperaturas externas. Além disso, a Sabesp faz campanhas
públicas de conscientização para ajudar as pessoas
a identificarem os vazamentos e desperdício de
água em suas residências.
Monterrey reduziu os vazamentos em seu sistema
de água de estimados 32% em 1998 para 21% em
2008, por meio de um abrangente programa que
inclui a verificação e substituição de válvulas,
atualização dos canos, instalação de medidores de
pressão e hidrômetros nos domicílios, detecção de
vazamentos e eliminação de conexões ilegais.
25
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Projetos Exemplares
Ideias de outras cidades
Qualidade do ar
Curitiba exige auditorias de emissões nas fábricas a cada quatro anos. As instalações que não
Três abordagens para as emissões:
Quito, Belo Horizonte e Porto
Alegre
Os gases expelidos pelos veículos são um desafio significativo à qualidade do ar em muitas
cidades latino-americanas. O problema é tratado de diferentes maneiras, desde a exigência de
testes anuais até a realização de verificações aleatórias nas estradas. Em 2003, Quito foi uma
das primeiras cidades na região a implantar uma
rígida política para monitoramento dos veículos.
Os automóveis particulares têm de passar por
um teste anual de emissão de gases. Os ônibus e
os táxis estão sujeitos a testes a cada dois anos.
Se os veículos não passarem nos testes, os proprietários têm de pagar os consertos necessários
ou podem perder a permissão para o veículo trafegar. Dirigir sem a permissão pode gerar multas
pesadas. O município estima que os níveis de
monóxido de carbono caíram de 25% a 30%
desde que o programa foi implantado.
Belo Horizonte e Porto Alegre lançaram ins-
26
peções nas ruas e estradas para veículos a diesel
que em geral produzem muita poluição. O programa de Belo Horizonte, denominado “Operações de Oxigênio”, inclui verificações aleatórias em cerca de 120.000 veículos a diesel na
cidade. As autoridades multam os proprietários
dos veículos que não passam nos testes e têm o
poder de retirar o veículo das ruas. Por outro
lado, Porto Alegre anuncia publicamente onde
seus pontos de verificação estão localizados.
Mesmo com essa transparência, 42% dos veículos inspecionados no primeiro semestre de 2007
estavam violando os padrões de poluição e
sofreram multas de aproximadamente US$ 70.
Cidade do México:
a política se paga
Parece estranho destacar os esforços de qualidade do ar na Cidade do México, que tem uma
atuação bem abaixo da média nesta categoria,
porém o desempenho no Índice somente conta
parte da história. Há muito mais a aprender dos
esforços memoráveis e contínuos da Cidade do
México.
Em 1992, as Nações Unidas consideraram
que a Cidade do México tinha o ar mais poluído
do planeta. Tudo sobre a cidade, naquela época
e agora, parece impedir melhorias. Ela tem uma
população em constante aumento e um número
crescente de automóveis. A elevada altitude da
cidade torna os combustíveis menos eficientes,
e as montanhas que a circundam criam inversões atmosféricas frequentes, que prendem
a poluição sobre a cidade. A resposta da cidade
desde 1992 tem sido focada de maneira abrangente, com uma série de estratégias para limpar
o ar, baseada nas melhores práticas globais e
desenvolvidas a partir de esforços anteriores.
Todas as políticas envolveram várias iniciativas
em uma ampla gama de áreas de atuação, reconhecendo que a poluição ambiental é um
desafio social, além de tecnológico.
O contrato original durou de 1990 a 1995 e
combinou 42 iniciativas individuais. O último
programa, o PROAIRE III, durou de 2002 até os
dias de hoje e tem 89 medidas, que incluem a
redução de emissões industriais e de automóveis, contenção da expansão urbana desordenada, integração de políticas, programas educacionais e comunicação de riscos ao público.
Enquanto o México apresenta um desempenho relativamente ruim em comparação com
outras cidades da região para os níveis dos três
poluentes atmosféricos medidos pelo Índice –
dióxido de nitrogênio, dióxido de enxofre e partículas suspensas – houve expressivas reduções
desses e de outros poluentes no ar desde a década de 1990 e início da de 2000. Em 2002, o
chumbo no ar não era mais um problema e o
nível médio do dióxido de enxofre era um sexto
em relação ao início da década de 1990.
O PROAIRE III focou especialmente no ozônio
e nas partículas suspensas no ar. Os níveis médios de ozônio, por exemplo, caíram em cerca de
20% e os níveis médios diários máximos para
28% no período entre 2002 e 2010. Para as
menores partículas contaminantes, PM 2,5 a
queda correspondente foi de 13% e 23% desde
que os registros começaram em 2004. Nem
tudo funcionou, no entanto. Após uma queda
inicial, partículas maiores, PM 10 estão de volta
aos níveis de 2002. Por outro lado, o monóxido
de carbono e o óxido de nitrogênio caíram bastante e, mesmo para os poluentes em que as
medidas se mantiveram estáveis, os números
máximos tenderam a mostrar melhora.
Embora a cidade tenha feito progressos definitivos, ela reconhece que ainda tem um longo
caminho a percorrer. Nesse sentido a cidade
lançou o PROAIRE IV para 2011 a 2020. Como
parte dos preparativos, a cidade tem um site na
Internet convidando especialistas e o público a
sugerirem estratégias para melhorar a qualidade do ar. Não existe uma solução rápida, mas os
esforços de muitas décadas na Cidade do México têm demonstrado que as abordagens abrangentes e a abertura para as melhores ideias
podem fazer uma enorme diferença.
atenderem aos padrões são multadas e o Estado
pode fechar qualquer uma que não passe na auditoria duas vezes.
Santiago tem uma política de longa data de utilizar árvores ao longo das ruas e em parques para
especificamente reduzir os níveis das partículas
suspensas no ar. Um estudo de 2008, na revista
Journal of Environmental Management, chegou
à conclusão que essa estratégia custa em torno
de US$ 8.000 por cada tonelada de redução em
partículas suspensas no ar, o que é mais barato
do que diversos tipos de conversão para combustíveis fósseis mais limpos.
Em 2008, a estação de monitoramento da qualidade do ar foi estabelecida para medir a poluição
na vizinhança da refinaria La Teja em Montevidéu. É parte de um projeto denominado
ARPEL/CIDA, que é apoiado pela organização
regional das indústrias de gás e petróleo e pela
Agência para o Desenvolvimento do Canadá.
O objetivo é avaliar as emissões da refinaria e a
qualidade do ar em seus arredores.
27
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Metodologia
Metodologia
Índice de Cidades Verdes da América Latina
mede o desempenho ambiental atual, bem
como seu compromisso na redução de seu
impacto ambiental futuro, das 17 maiores cidades latino-americanas. A seleção buscou incluir
as principais áreas metropolitanas da América
Latina, porém algumas cidades tiveram de ser
omitidas porque seus dados específicos não
existiam de forma significativa. Esse foi o caso
da Cidade da Guatemala, Salvador (Brasil) e
Santo Domingo (República Dominicana).
A metodologia, desenvolvida pela EIU em
cooperação com a Siemens, é baseada no trabalho do Índice de Cidades Verdes da Europa e
segue a sua estrutura. No entanto, para ser aplicável na América Latina, a estrutura teve de ser
adaptada para acomodar variações na qualidade
e disponibilidade dos dados e desafios ambientais específicos da região. Um painel independente de especialistas internacionais na área de
sustentabilidade urbana também forneceu
importantes subsídios e informações na elaboração do Índice de Cidades Verdes da América
Latina. Além disso, devido às preocupações que
os dados não fossem suficientemente confiáveis
ou comparáveis para justificar uma classificação
O
28
detalhada, os resultados do Índice de Cidades
Verdes da América Latina são apresentados por
grupos de avaliação das cidades em relação à
avaliação média.
O Índice avalia as cidades em oito categorias
– energia e CO2, uso do solo e prédios, transporte, resíduos, água, saneamento básico, qualidade do ar e governança ambiental – e 31 indicadores individuais. Destes, 16 são quantitativos e
medem o desempenho atual da cidade – por
exemplo, o consumo de eletricidade da cidade
ou a produção de resíduos. Os 15 indicadores
qualitativos remanescentes avaliam aspirações
ou ambições – por exemplo, o compromisso da
cidade de reduzir o impacto ambiental do consumo de energia, ou normas verdes para projetos
de prédios públicos.
Coleta de dados: Uma equipe da EIU coletou
dados entre abril e junho de 2010. Sempre que
possível, os dados foram retirados de fontes oficiais disponíveis para o público, tais como institutos nacionais e regionais de estatística, autoridades municipais, empresas locais de serviços
públicos, departamentos municipais e regionais
do meio ambiente e ministérios do meio am-
biente. Os dados são, em geral, para os anos de
2008 e 2009, mas quando esses não estavam
disponíveis, foram utilizados dados de anos
anteriores.
Qualidade dos dados: Em comparação com a
Europa, a disponibilidade e comparabilidade dos
dados entre cidades foram muito mais limitados
na América Latina. Em alguns casos, a EIU usou
dados de diferentes níveis administrativos da
cidade, por exemplo, em vez da área metropolitana mais ampla. Como todos os indicadores são
avaliados pela área correspondente, população
ou PIB, o uso dos dados da cidade ou metropolitanos não diminui de forma significativa a comparabilidade. De fato, o que constitui uma área
da cidade ou metropolitana pode ser bastante
diferente de uma cidade para outra. Quito, por
exemplo, tem uma área administrativa que
inclui grandes áreas de terras não urbanizadas,
enquanto Buenos Aires é completamente urbanizada e no centro de uma área metropolitana
maior. Quando houve uma lacuna nos dados, a
EIU aplicou técnicas teóricas possantes para calcular as estimativas. No entanto, essas técnicas
não levaram em conta os efeitos que os assenta-
mentos informais têm nos indicadores, tais
como “acesso à água potável” ou “acesso ao
saneamento básico”. Os assentamentos informais podem variar tanto de tamanho quanto de
definição, porém os dados em geral são inexistentes para sua infraestrutura, acesso a serviços
públicos municipais e população. Assim sendo,
a EIU assumiu que o Índice de Cidades Verdes da
América Latina representa somente as áreas formais de cada cidade. A EIU usou coeficientes
internacionais de CO2 fornecidos pelo Painel
Intergovernamental da ONU para Mudanças Climáticas para estimar as emissões de CO2 produzidas pelo mix de eletricidade de cada cidade.
Somente em casos muito excepcionais, notadamente Lima e Montevidéu, a estimativa para
CO2 e consumo de eletricidade da EIU foi baseada em análise de regressão referenciando os
dados de cidades “colegas” quando as informações específicas daquela cidade não estavam
disponíveis.
A EIU fez todos os esforços para obter os
dados mais recentes, inclusive verificando pontos de dados quantitativos com os departamentos ambientais. Os fornecedores dos dados
foram contatados quando apareceram incerte-
zas a respeito de pontos de dados individuais.
Não obstante, é possível que a EIU tenha deixado passar uma fonte pública confiável ou números mais recentes.
Indicadores: A fim de comparar os pontos de
dados entre cidades, e para calcular as avaliações agregadas para cada cidade, os dados recolhidos de várias fontes tiveram de ser comparados. Com essa finalidade, os indicadores quantitativos foram “normalizados” em uma escala
de zero a dez, com a melhor cidade valendo dez
pontos e a pior, zero. A maioria dos indicadores
usa o cálculo mínimo – máximo, em que a
melhor cidade recebe dez pontos e a pior, zero.
Em alguns casos, benchmarks razoáveis foram
inseridos para evitar que os números muito atípicos interferissem na distribuição das avaliações. Nesses casos, as cidades foram avaliadas
em relação a um benchmark superior, inferior
ou ambos. Por exemplo, um benchmark mais
baixo de 800 kg por pessoa foi utilizado para
classificar os “resíduos gerados por pessoa”.
As cidades usam definições distintas para
determinados indicadores, notadamente definições de espaço verde, acesso à água potável,
resíduos gerados pelo município, extensão das
redes de transporte e áreas administrativas. Em
tais casos, a EIU tentou padronizar ao máximo a
definição utilizada. No entanto, é possível que
ainda existam algumas diferenças.
Os indicadores qualitativos foram avaliados
pelos analistas da EIU com especialização na
cidade pertinente, com base em critérios objetivos que consideram as metas, as estratégias e as
ações concretas das cidades. Os indicadores
qualitativos também foram classificados em
uma escala de zero a dez, com dez pontos designados a cidades que atendem aos critérios na
lista de verificação. Para o indicador “monitoramento de gás de efeito estufa” (GHG), por exemplo, as cidades foram avaliadas conforme monitoravam as emissões de GHG com regularidade
e publicavam suas descobertas a cada um a três
anos.
Os indicadores qualitativos que buscam
medir a existência de políticas em determinadas
áreas – por exemplo, a contenção do crescimento urbano desordenado – também foram multiplicados pela “Taxa de Eficácia na Implantação
da Política”, uma medida de eficiência na implantação das políticas ambientais. Essas taxas
29
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Metodologia
Lista de categorias, indicadores e seu peso no Índice de Cidades Verdes da América Latina
Categoría
Indicador
Peso
Descrição
Técnica de Normalização*
Energia e
CO2
Emissões de CO2 do consumo Quantitativo
de eletricidade per capita
25%
Emissões totais anuais de CO2 em kg per capita do consumo de eletricidade.
Mín-máx, marco de referência superior de 10 kg per
capita inserido para evitar outliers (pontuações atípicas)
Consumo de eletricidade
por unidade de PIB
Quantitativo
25%
Total anual do consumo de eletricidade em MJ por unidade de PIB (em milhares de US$).
Mín-máx, marco de referência mais baixo
de 1.250 MJ por unidade de PIB inserida
para evitar outliers
Política de energia limpa
Qualitativo
25%
Medida dos esforços da cidade para reduzir as emissões de carbono associadas
ao consumo de energia.
Classificados por analistas da
EIU em uma escala de 0 a dez
Plano de ação para
mudanças climáticas
Qualitativo
25%
Medida da estratégia da cidade para combater as mudanças climáticas.
Classificados por analistas da
EIU em uma escala de 0 a dez
Espaços verdes per capita
Quantitativo
25%
Soma de todos os parques públicos, áreas de recreação, locais verdes, cursos de água e
outras áreas protegidas acessíveis ao público, em m2 por habitante.
Zero-máx, marco de referência superior de
100 m2 por pessoa inserida para evitar outliers
Densidade populacional
Quantitativo
25%
Densidade populacional, em pessoas por km2.
Zero-máx, marco de referência superior de 7.000
pessoas por km2 inserido para evitar outliers
Política de prédios
ecológicos
Qualitativo
25%
Medida dos esforços da cidade para minimizar o impacto ambiental dos edifícios.
Classificados por analistas da EIU
em uma escala de 0 a dez
Política de uso do solo
Qualitativo
25%
Medida dos esforços da cidade para minimizar o impacto ambiental e ecológico
do desenvolvimento urbano.
Classificados por analistas da EIU em uma
escala de 0 a dez
Quantitativo
25%
Composto de dois subindicadores: 1. Comprimento total de todas as rotas de transporte
de massa por trem, bonde, metrô, ônibus e outros dentro dos limites da cidade medidos
em termos de área da cidade (em km/km2); e 2. Comprimento total de todas as formas de
transporte público superior, ou seja, BRT, trólebus, bonde, transporte leve sob trilhos
e metrô, medidos em termos de área da cidade (em km/km2).
1. Zero-máx, marco de referência superior
de 7km/km2 inserido para evitar outliers;
Uso do
solo e
prédios
Transporte Comprimento da rede de
transporte de massa
Resíduos
Água
foram produzidas pelos analistas da EIU com
profundo conhecimento da cidade pertinente
em uma escala de um a cinco, com cinco sendo
a mais eficaz.
Índice de construção: O Índice é composto
por avaliações agregadas de todos os indicadores subjacentes. Esses são inicialmente agregados por categoria, criando uma avaliação para
cada. Por sua vez, essas são agregadas em uma
classificação geral. Para criar as classificações
dentro de cada categoria, todos os indicadores
subjacentes receberam o mesmo peso durante a
agregação. As pontuações foram então readequadas em uma escala de zero a 100. Para montar as classificações do Índice geral, a EIU designou pesos iguais para cada classificação da
categoria para que nenhuma delas tivesse mais
importância do que qualquer outra. O Índice é
essencialmente a soma de todas as classificações das categorias voltadas para a base 100. O
peso igual de cada categoria reflete o feedback
do especialista do painel.
Por fim, as cidades foram colocadas em uma
das cinco faixas, tanto dentro das categorias
como no resultado geral, refletindo as pontua-
ções pertinentes. Essas faixas foram construídas
ao redor de uma classificação média e o desvio
padrão – termo estatístico que descreve até que
ponto cerca de dois terços dos valores difere da
média. As faixas foram definidas como:
‘ Bem acima da média: Classificações mais de
1,5 vez o desvio padrão acima da média;
‘ Acima da média: Classificações entre 0,5 e
1,5 vez o desvio padrão acima da média;
‘ Média: Classificações entre 0,5 vez o desvio
padrão abaixo e 0,5 vez o desvio padrão acima
da média;
‘ Abaixo da média: Classificações entre 0,5 e
1,5 vez o desvio padrão abaixo da média;
‘ Bem abaixo da média: Classificações mais de
1,5 vez o desvio padrão abaixo da média;
Grupos: Para realizar uma análise mais profunda das tendências da localidade, as 17 cidades
foram reunidas em uma série de grupos, calculados de acordo com a população, a área, a renda,
a densidade e a temperatura, e incluíram:
‘ População: “pequena população”, com população abaixo de cinco milhões de habitantes;
“população média”, com população entre cinco
e dez milhões de habitantes; e “alta população”,
com população excedendo dez milhões de habitantes;
‘ Área: “área pequena”, com uma área administrativa menor do que 2.000 km²; “área
média” com área administrativa entre 2.000 km²
e 7.000 km²; e “área grande”, com área administrativa superior a 7.000 km²;
‘ Renda: “Baixa renda”, com PIB per capita de
menos de US$ 8.000; “renda média” com PIB per
capita entre US$ 8.000 a US$ 16.000; e “renda
alta”, com PIB per capita de mais de US$ 16.000;
‘ Densidade: “baixa densidade”, com população de menos de 1.000 pessoas por km²; “densidade média”, com população entre 1.000 pessoas por km² e 5.000 pessoas por km²; e “alta
densidade”, com população de mais de 5.000
pessoas por km²;
‘ Temperatura: “baixa temperatura”, com temperatura média abaixo de 17 oC; “temperatura
média”, entre 17 oC e 20 oC; e “alta temperatura”, com temperatura média acima de 20 oC.
do ar
Gover-
Quantitativo
25%
Total do estoque de carros e motocicletas, com metade do peso alocado a motocicletas,
medido em termos de veículos por pessoa.
Min-máx.
Política de transporte
urbano de massa
Qualitativo
25%
Medida dos esforços da cidade para criar sistema de transporte de massa viável
como alternativa aos veículos particulares.
Classificados por analistas da
EIU em uma escala de 0 a dez
Política de redução
de congestionamentos
Qualitativo
25%
Medida dos esforços da cidade para reduzir os congestionamentos, abrangência
da infraestrutura de gestão do tráfego, promoção de transportes não veiculares.
Classificados por analistas da
EIU em uma escala de 0 a dez
Parcela dos resíduos
coletados e adequadamente
descartados
Quantitativo
25%
Parcela de resíduos coletados pela cidade e adequadamente descartados em aterros
sanitários, locais de incineração ou em instalações de reciclagem regulamentadas.
Expressado em termos de volume total de resíduos gerados pela cidade.
Min-máx.
Resíduos gerados per capita
Quantitativo
25%
Volume total anual de resíduos gerados pela cidade, inclusive resíduos não coletados
oficialmente e descartados em kg per capita.
Min-máx, marco de referência superior de
800 kg por pessoa inserido para evitar outliers
Coleta de resíduos e
política de descarte
Qualitativo
25%
Medida dos esforços da cidade para melhorar ou sustentar seu sistema de coleta
de resíduos e descarte para minimizar o impacto ambiental dos resíduos.
Classificados por analistas da
EIU em uma escala de 0 a dez
Política de reciclagem
e reutilização de resíduos
Qualitativo
25%
Medida dos esforços da cidade para reduzir, reciclar e reutilizar resíduos.
Classificados por analistas da
EIU em uma escala de 0 a dez
Consumo de água per capita
Quantitativo
20%
Total da água consumida pela cidade diariamente, expressada em litros por pessoa.
Min-máx, marco de referência inferior de 500 litros
por pessoa por dia inserido para evitar outliers
Vazamentos no sistema
de água
Quantitativo
20%
Parcela da água perdida na transmissão entre o fornecedor e o usuário final,
excluindo-se a água obtida por meios ilícitos ou vazamentos no local,
expressos em termos de água total fornecida.
Min-máx, marco de referência inferior
de 50% inserido para evitar outliers
População com acesso
à água potável
Quantitativo
20%
Parcela da população incluindo aqueles em assentamentos informais, com acesso a fontes
de água canalizada no local ou fontes comunitárias protegidas na proximidade de onde vivem.
Min-máx, marco de referência inferior de
80% inserido para evitar outliers
Política da qualidade
da água
Qualitativo
20%
Medida da política da cidade em relação à melhoria da qualidade da
água utilizada pela cidade.
Classificados por analistas da
EIU em uma escala de 0 a dez
Política de sustentabilidade
da água
Qualitativo
20%
Medida dos esforços da cidade para gerir os recursos hídricos de maneira eficiente.
Classificados por analistas da
EIU em uma escala de 0 a dez
Quantitativo
33%
Parcela da população, inclusive aqueles em assentamentos informais, com conexões
diretas ao sistema de esgotos ou acesso a recursos melhorados no local, tais como fossas
sépticas e latrinas melhoradas que não são acessíveis ao público. Esse número exclui os
sanitários abertos ao público ou sistema de esgotos e outras instalações compartilhadas.
Min-máx, marco de referência inferior de
50% inserido para evitar outliers
Parcela de águas residuais
tratadas
Quantitativo
33%
Parcela de águas residuais produzidas pela cidade que é coletada e tratada até pelo
menos o nível básico/primário.
Zero-máx.
Política de
saneamento básico
Qualitativo
33%
Medida dos esforços da cidade para reduzir a poluição associada ao saneamento
básico inadequado.
Classificados por analistas da EIU
em uma escala de 0 a dez
Níveis de concentração
de dióxido de nitrogênio
Quantitativo
25%
Média anual diária de emissões de NO2.
Min-máx, marco de referência superior
de 20ug/m3 para evitar outliers
Níveis de concentração
de dióxido de enxofre
Quantitativo
25%
Média anual diária de emissões de SO2.
Min-máx, marco de referência superior
de 20ug/m3 para evitar outliers
Níveis de concentração de
partículas suspensas
Quantitativo
25%
Média anual diária de emissões de SO2.
Min-máx, marco de referência superior
de 20ug/m3 para evitar outliers
Política de ar limpo
Qualitativo
25%
Medida dos esforços da cidade para reduzir a poluição do ar.
Classificados por analistas da
EIU em uma escala de 0 a dez
Gestão ambiental
Qualitativo
33%
Medida da abrangência da gestão ambiental realizada pela cidade.
Classificados por analistas da
EIU em uma escala de 0 a dez
Monitoramento ambiental
Qualitativo
33%
Medida dos esforços da cidade para monitorar seu desempenho ambiental.
Classificados por analistas da
EIU em uma escala de 0 a dez
Participação do público
Qualitativo
33%
Medida dos esforços da cidade para envolver o público no monitoramento de seu desempenho Classificados por analistas da
ambiental. Os critérios incluem: cidadania e envolvimento de stakeholders, acesso a informações. EIU em uma escala de 0 a dez
nança
ambiental
2. Min-máx.
Estoque de carros e
motocicletas
Saneamen- População com acesso
a saneamento básico
to básico
melhorado
Qualidade
Tipo
* As cidades ganham o total de pontos se alcançarem ou excederem os benchmarks superiores, e zero ponto se alcançarem ou excederem os benchmarks mais baixos.
30
31
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Belo Horizonte_Brasil
e, no momento, tem incentivos para estimular a
economia de energia nos níveis empresarial e
residencial. O desempenho de Belo Horizonte
nessa categoria é prejudicado pelo seu índice
relativamente baixo de espaços verdes. Apesar
da presença de muitos parques de pequeno
porte na cidade, Belo Horizonte ainda possui
somente 18 m² de espaço verde por habitante,
uma das taxas mais baixas no Índice.
Belo Horizonte_Brasil
Indicadores Gerais
População total (milhões)
2,4
Área administrativa (km2)
330,9
PIB por pessoa (preços correntes) (US$)
6.267,4
Densidade populacional (pessoas/km2)
7.326,0
Temperatura (média das 24 horas, anual) (oC)
Iniciativas verdes: Em 2005, a cidade criou
uma fundação de parques municipais para revitalizar e proteger os seus espaços verdes. A instituição administra e mantém os 69 parques da
cidade e possui programas educacionais para
estimular os cidadãos a usarem o parque e a criarem uma noção de propriedade pública dos
espaços verdes da cidade. Em 2008, a instituição criou a iniciativa chamada “Uma Vida, Uma
Árvore”, por meio da qual foi plantada uma árvore em nome de cada criança nascida do cidade
naquele ano.
23,0
Baseado na cidade de Belo Horizonte
elo Horizonte é a capital do Estado de Minas
Gerais, rico em minerais. Localizada no interior da região Sudeste do Brasil, Belo Horizonte
está no coração da Região do País onde predominam a mineração e a siderurgia. A economia
da cidade, que durante muito tempo foi dominada pela mineração, agricultura e indústria automobilística, atualmente é impulsionada principalmente pelo ramo de serviços, embora a
manufatura ainda tenha uma presença significativa. O PIB per capita é de US$ 6.300. Essa cifra
coloca a cidade na extremidade mais baixa do
Índice de Cidades Verdes da América Latina, no
que se refere à renda média, e também na faixa
mais baixa entre as seis cidades brasileiras contempladas neste relatório. Embora a área metropolitana, com 6,3 milhões de pessoas, seja a terceira mais populosa do País, a cidade propriamente dita abriga apenas 2,4 milhões, sendo a
13a maior do Índice. Os dados incluídos no Índice, referentes a Belo Horizonte, contemplam o
nível da cidade.
No entanto, a média de renda relativamente
baixa de Belo Horizonte não parece ter prejudicado o seu desempenho ambiental. A cidade
apresenta um bom resultado nesta categoria do
Índice de Cidades Verdes da América Latina,
ficando acima da média geral. A cidade apresenta um desempenho especialmente bom no que
se refere ao uso do solo e prédios. Nesse item,
sua classificação é superior à média, graças à sua
alta densidade populacional e às suas políticas
bem desenvolvidas referentes aos prédios ecológicos. A cidade também ocupa uma posição
acima da média no que se refere à qualidade da
água e do ar. O seu bom desempenho nessas
categorias, em grande parte, é atribuído às suas
políticas a respeito da qualidade da água e do ar
limpo. Belo Horizonte apresenta classificações
dentro da média no que se refere à energia e
CO2, ao transporte e ao saneamento básico.
B
Transporte: Belo Horizonte ocupa uma posi-
Apesar do seu impressionante desempenho, no
geral, a cidade poderia melhorar o seu resultado
nas categorias de resíduos e governança
ambiental, nas quais ela está abaixo da média.
Belo Horizonte é a única cidade na faixa inferior
de renda no Índice (com um PIB per capita inferior a US$ 8.000) a obter um resultado geral
superior à média.
Energia e CO2: Belo Horizonte está na média no que se refere à energia e ao CO2. Com
94% de sua eletricidade oriunda de usinas hidrelétricas, a cidade emite uma quantidade estima-
da de 32 kg de CO2 por pessoa em função da eletricidade, uma das taxas mais baixas do Índice e
a mais baixa em geral quando comparada a cidades com rendas similares. Em um esforço para
reduzir o consumo de energia e implantar a política de mudanças climáticas, a cidade criou um
Comitê de Mudanças Climáticas e Eficiência Ecológica (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir, no tópico “Governança ambiental“). Embora o comitê
esteja desempenhando um papel ativo na
implantação das políticas e a cidade tenha realizado, recentemente, uma análise dos dados
básicos referentes aos gases causadores do efeito estufa, ela não tem parâmetros claros para o
estabelecimento de objetivos para a redução da
emissão de CO2 e, até o momento, não é signatária de nenhum acordo internacional que implique metas obrigatórias de redução da emissão
de gases causadores do efeito estufa. O índice
da cidade nessa categoria é ainda mais prejudicado por uma taxa de consumo de eletricidade
comparativamente alta em relação aos seus
resultados econômicos. Belo Horizonte consome 850 megajoules de eletricidade para cada
US$ 1.000 do PIB – acima do índice médio de
761 megajoules.
Iniciativas verdes: O novo estádio de futebol
de Belo Horizonte, que está sendo construído
para a Copa do Mundo de 2014, terá painéis
solares para gerar energia suficiente para as
suas operações. Nos dias em que não houver atividades esportivas no estádio, a energia será
vendida à concessionária local.
Uso do solo e prédios: Belo Horizonte
ocupa uma posição acima da média no que se
refere ao uso do solo e prédios. Por se tratar de
uma cidade com uma pequena área administrativa, Belo Horizonte tem uma das densidades
populacionais mais elevadas do Índice. Os resultados da cidade são auxiliados pelas suas políticas a respeito do uso do solo e prédios ecológicos. Belo Horizonte possui legislação rigorosa
para controlar a expansão urbana, e em 2005 a
cidade criou uma fundação de parques municipais para revitalizar os espaços verdes (veja “Iniciativas transporte Verdes“ a seguir). Na área de
prédios ecológicos, Belo Horizonte determina
que os edifícios de grande porte, com área superior a 6.000 m², estejam em conformidade com
normas de eficiência energética. A cidade faz
campanhas para a conscientização da população
ção dentro da média na categoria de transporte.
O metrô da cidade possui apenas uma linha com
28 km. Portanto a rede de transporte público
superior (definida no Índice como sendo um
meio de transporte que movimenta um grande
número de passageiros com rapidez em pistas
exclusivas, como o metrô, pistas de alta velocidade para ônibus ou bondes), em apenas 0,08
km por km² do território da cidade, fica abaixo
da média do Índice, de 0,13 km. Por outro lado,
a cobertura das linhas de ônibus é ampla. Na sua
totalidade, a cidade possui uma rede de transporte coletivo ligeiramente acima da média,
com uma estimativa de 5,5 km por km² do território da cidade. Trata-se da segunda rede de
transporte coletivo mais extensa quando medida em comparação com as cidades de baixa
Desempenho
renda do Índice. Como muitas cidades latinoamericanas, Belo Horizonte teve um crescimento exponencial na quantidade de carros particulares. A cidade possui, em média, 0,39 carros
por habitante, taxa superior à média do Índice,
de 0,30, e frequentemente tem problemas devido ao tráfego congestionado. De muitas maneiras, a cidade tem sido proativa no que se refere a
este desafio. Ela possui um sistema de gerenciamento de tráfego bem desenvolvido, por exemplo, que inclui sistemas de informação para o
sequenciamento de sinais de trânsito, e horários
exclusivos para a circulação de veículos de carga. Embora a cidade não possua, ainda, nenhuma iniciativa para a redução de congestionamentos como o rodízio de São Paulo, seus
administradores afirmam que há planos para a
implantação de um sistema similar. Outras iniciativas planejadas, visando à redução de congestionamentos, incluem as faixas exclusivas
para a carona solidária, zonas com limitação de
quantidade de veículos, sistemas para o estacionamento de veículos particulares e utilização de
transporte coletivo, e um pedágio ou taxa de
congestionamento.
Iniciativas verdes: A cidade vem desenvolvendo um “plano de mobilidade urbana” desde
2005. Embora os detalhes de tal plano ainda
não tenham sido divulgados na sua totalidade,
um aspecto do plano será, segundo se informa,
o foco na construção de maior número de ciclovias. A cidade também tem planos de acrescentar duas linhas ao seu sistema de metrô, o que
elevará a sua extensão total a 50 km. A construção da segunda linha prossegue em ritmo lento
e até o momento não foi anunciado nenhum
prazo para a construção da terceira linha.
Resíduos: Belo Horizonte se encontra abaixo
da média no que tange à questão dos resíduos.
Belo Horizonte
Bem abaixo
da média
Outras cidades
Abaixo da
média
Média
Acima da
média
Bem acima
da média
Energia e CO2
Uso do solo e prédios
Transporte
Resíduos
Água
Saneamento básico
Qualidade do ar
Governança ambiental
Resultado geral
A ordem dos pontos nas faixas de performance não tem significado para os resultados das cidades.
32
33
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Belo Horizonte_Brasil
Qualidade do ar: Belo Horizonte está
A empresa municipal de coleta de lixo recolhe e
dá o destino final adequado a 95% dos resíduos
da cidade em um aterro sanitário administrado
pela prefeitura. Além disso, a cidade opera uma
frota de caminhões de coleta de lixo, de pequeno porte, nas comunidades informais onde a circulação de veículos é difícil. Há um programa de
reciclagem bem desenvolvido, com recipientes
espalhados por toda a cidade, e coleta regular
em 34 bairros. A cidade também apresenta bons
índices no que diz respeito às suas políticas de
coleta e destinação final de resíduos. Isso inclui
rigorosas normas referentes ao aterro sanitário
municipal e à maneira pela qual a destinação
final dos resíduos perigosos é monitorada. Apesar das políticas progressistas, Belo Horizonte
produz 921 kg de resíduos por pessoa por ano,
quase o dobro da média de 465 kg nas 17 cidades pesquisadas. Trata-se da maior quantidade
do Índice, o que penaliza seriamente o seu
desempenho nessa categoria.
Iniciativas verdes: Belo Horizonte é uma cidade pioneira no sentido de obter a cooperação
dos catadores de resíduos para auxiliar no cumprimento das metas de reciclagem da cidade,
em geral. A Pastoral da Terra, uma organização
religiosa, foi a primeira entidade a organizar os
sem-teto da cidade, formando uma cooperativa
de catadores de lixo. Desde o início da década de
1990, a entidade vem regulamentando as cooperativas dos catadores de papel. Estas últimas
têm sido de grande valia para os grandes programas de reciclagem da cidade. Os catadores de
lixo têm acesso aos resíduos colhidos pelo município antes dos mesmos serem despejados no
aterro sanitário.
Em seguida, esse material é processado em
um dos três centros de reciclagem da cidade e as
cooperativas dividem os lucros entre os membros. Aproximadamente 450 toneladas de materiais recicláveis são recolhidas por mês, de acordo com a Associação dos Catadores do Papel
Papelão e Material Reaproveitável (Asmare).
Além disso, em 2009, Belo Horizonte abriu uma
unidade de transferência de resíduos para dimi-
nuir os tempos de viagem dos caminhões compactadores que compõem a frota de coleta de
resíduos da cidade. Esses caminhões descarregam o material na unidade de transferência, que
está equipada com um sistema de exaustão para
evitar que os resíduos fiquem expostos ao ar
externo. Em seguida, caminhões de grande
volume completam a jornada mais extensa até
o aterro sanitário. Segundo os representantes da
administração da cidade, a unidade otimiza
os custos e o tempo de transferência dos resíduos.
Água: Belo Horizonte se encontra acima da
média em termos de água. A cidade possui recursos hídricos em abundância, oriundos, em
grande parte, de dois rios da região. A concessionária de água do Estado, a Companhia de
Saneamento de Minas Gerais (Copasa), fornece
água potável a quase 100% dos moradores de
Belo Horizonte. A cidade consome em média
170 litros de água por pessoa por dia, bem abaixo da média do Índice, que é de 264 litros.
Perde-se aproximadamente um terço da água
devido a vazamentos na rede, o que está em
conformidade com a média de 35% encontrada
nas 17 cidades. Belo Horizonte tem um desempenho particularmente bom no que tange às
suas políticas de qualidade de água, que incluem normas para a monitoração e melhoria
da qualidade da água de superfície, e a observância das normas por parte das indústrias
locais. A Copasa também se mantém vigilante,
realizando testes para a detecção dos principais
poluentes nas fontes de água. No que se refere
às políticas de sustentabilidade dos recursos
hídricos, a cidade tem, em execução, uma política de conservação e já implantou várias medidas visando à eficiência, como medidores de
água e coleta de águas pluviais, e a proibição
do uso de mangueiras e tubos semelhantes. No
entanto, Belo Horizonte somente recebeu
notas parciais por promover publicamente o
consumo eficiente de água. A maior parte dessas campanhas é feita pelo Estado, e não pela
cidade.
Iniciativas verdes: Belo Horizonte tem um
ambicioso plano, com um orçamento de US$ 78
milhões, para reduzir a poluição nas fontes de
água da cidade. Financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, uma instituição
que proporciona empréstimos e outras formas
de assistência financeira em toda a América Latina e também no Caribe, o projeto aperfeiçoará a
infraestrutura de drenagem, e tem como objetivo limitar o despejo de esgotos não tratados nos
rios e bacias hidrográficas. Um dos objetivos é
obter qualidade de água potável nos principais
cursos d’água da cidade antes da Copa do
Mundo de 2014.
Saneamento Básico: Belo Horizonte está
dentro da média no quesito saneamento básico.
Seu desempenho é mediano, apesar do cuidadoso monitoramento pela Copasa, que submete a
maior parte das águas residuais da cidade a dois
estágios de tratamento. Em 2008, a cidade adotou o seu Plano Municipal de Saneamento Básico, que apresenta as políticas e as ações até
2011. Um dos principais objetivos definidos no
plano de saneamento básico é a “universalização”, ou seja, a expansão dos serviços de saneamento básico a 100% dos habitantes da cidade.
O plano determina melhorias nas conexões com
o sistema de saneamento básico nas comunidades informais da cidade. Estima-se que, em
2007, 95% dos moradores da cidade tinham
acesso ao saneamento básico, taxa ligeiramente
acima da média de 94% observada nas 17 cidades. O desempenho da cidade em termos de
saneamento básico é penalizado por uma taxa
de tratamento de águas residuais de 62%. Embora a cidade esteja acima da média de 52%, ela
ainda requer melhorias significativas nessa área.
acima da média no tocante à qualidade do ar.
Isso acontece devido aos níveis de emissão
melhores do que a média, referentes aos três
poluentes medidos no Índice. No caso do dióxido de nitrogênio, originário, em grande parte,
dos escapamentos dos veículos, a cidade registra 34 microgramas por m³. Este não é o seu
melhor resultado, mas mesmo assim está abaixo
da média das 17 cidades, que é 38 microgramas.
As concentrações médias diárias de partículas
suspensas e dióxido de enxofre são muito melhores, e estão bem abaixo das concentrações
médias encontradas no Índice. Os níveis de
emissão da cidade sugerem que as rigorosas
políticas de qualidade do ar estão apresentando
um resultado favorável. Por exemplo, o Comitê
de Mudanças Climáticas e Eficiência Ecológica
da cidade identificou a poluição do ar como uma
das áreas primárias nas quais pode haver melhoria. A Fundação Estadual do Meio Ambiente
(FEAM) de Minas Gerais opera nove estações de
monitoramento na área metropolitana e divulga, diariamente, um relatório a respeito dos
níveis de poluição.
Iniciativas verdes: Belo Horizonte possui um
programa de inspeção de veículos nas vias públicas, “Operações de Oxigênio”, mediante o qual
funcionários realizam inspeções ao acaso em
alguns dos 120.000 veículos a diesel na cidade
(número aproximado). Os proprietários de veículos que não estiverem em conformidade com
os regulamentos referentes à poluição são multados e, em alguns casos, os veículos podem ser
retirados de circulação.
Governança ambiental: Belo Horizonte
está abaixo da média no que se refere à governança ambiental. A cidade tem um conceito alto
por ter uma Secretaria do Meio Ambiente com
amplas responsabilidades e pela capacidade de
implantar a sua própria legislação ambiental. No
entanto, as prerrogativas da Secretaria são limitadas, pois ela deve trabalhar em estreita colaboração com outras entidades responsáveis
pelo saneamento básico, transporte e habitação, por exemplo. Mas a pontuação de Belo
Horizonte é prejudicada pela sua abordagem no
que tange ao monitoramento. Por exemplo, a
cidade não monitora regularmente, em sua plenitude, o seu desempenho ambiental, nem
publica os resultados. Além disso, ela fez uma
análise de dados básicos na área ambiental, mas
não incluiu algumas áreas importantes de política, como saneamento básico, recursos hídricos
e transportes. Belo Horizonte envolve a população em decisões a respeito de projetos com im-
pacto ambiental. Isso inclui a presença de cidadãos no “orçamento participativo”. O programa,
adaptado a partir de um similar, de Porto Alegre,
é um processo no qual os habitantes da cidade e
representantes eleitos se reúnem anualmente
para tomar decisões, mediante voto, a respeito
de uma ampla gama de prioridades municipais
envolvendo gastos, o que inclui áreas ambientais como o transporte e o saneamento básico.
No entanto, Belo Horizonte somente recebe
conceitos parciais quando se trata de proporcionar, ao público, o acesso às informações a respeito das questões ambientais.
Iniciativas verdes: O Comitê de Mudanças
Climáticas e Eficiência Ecológica de Belo Horizonte é um corpo consultivo que tem a responsabilidade de desenvolver iniciativas e trabalhar
em conjunto com entidades do setor privado
para reduzir as emissões de gases causadores
do efeito estufa, entre outros aspectos da política de mudanças climáticas. Outra responsabilidade essencial é o compartilhamento e a coordenação de conhecimentos, para harmonizar
as políticas entre as várias entidades governamentais. Uma grande variedade de partes interessadas integra o comitê, incluindo representantes de universidades, organizações não
governamentais e indústrias locais.
Indicadores Quantitativos: Belo Horizonte
Média Belo Horizonte
Energia e CO2
31.2 1, e
Emissões de CO2 do consumo de eletricidade
por pessoa (kg/pessoa)
202.2
Consumo de eletricidade por PIB em US$
(megajoules por US$ 1.000 de PIB)
760.7
850.3 1
Ano*
Fonte
2007
Estimativa da EIU; Companhia Energética de Minas Gerais;
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;
Grupo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
2007
Companhia Energética de Minas Gerais; Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística; EIU
Uso do solo
e prédios
Densidade populacional (pessoas/km2)
4,503.0
7,326.0 1
2007
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Espaços verdes por pessoa (m2/pessoa)
254.6
18.3 1
2007
Secretaria Municipal do Meio Ambiente;
Transporte
Comprimento da rede de transporte de massa (km/km2)
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Resíduos
Água
5.0
5.5 2, e
2009
Estimativa da EIU; Companhia Brasileira de Trens Urbanos;
Prefeitura de Belo Horizonte
Redes superiores de transporte público (km/km2)
0.13
0.08 1
2010
BHTrans
Estoque de carros e motocicletas (veículos/pessoa)
0.30
0.39 1
2010
Denatran
Parcela dos resíduos coletados e adequadamente descartados (%)
96.2
95.0 1
2009
Prefeitura de Belo Horizonte / Superintendência de Limpeza Urbana
Resíduos gerados por pessoa (kg/pessoa/ano)
465.0
920.7 1
2009
Prefeitura de Belo Horizonte / Superintendência de Limpeza Urbana
Consumo de água por pessoa (litros por pessoa por dia)
264.3
169.9 1
2008
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento;
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Vazamentos no sistema de abastecimento de água (%)
34.6
34.0 1
2008
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
Parcela da população com acesso à água potável (%)
97.5
99.5 1
2008
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento;
População com acesso a saneamento básico (%)
93.7
95.4 3, e
2007
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Iniciativas verdes: Em 2006, Belo Horizonte
obteve um financiamento da ordem de US$ 80
milhões do programa de “Saneamento Básico Para
Todos” do governo federal. A cidade está investindo em 150 projetos, 91 dos quais estão localizados em comunidades informais, para proporcionar o acesso universal ao saneamento básico.
Saneamento
básico
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento;
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Parcela das águas residuais tratadas (%)
51.5
61.8 1
2007
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento;
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Qualidade
do ar
Níveis diários de dióxido de nitrogênio (ug/m3)
37.8
33.7 1
2008
Fundação Estadual do Meio Ambiente
Níveis diários de dióxido de enxofre (ug/m3)
11.4
4.4 1
2008
Fundação Estadual do Meio Ambiente
Níveis diários de partículas em suspensão (ug/m3)
48.0
27.8 1
2008
Fundação Estadual do Meio Ambiente
* Para dados de diferentes anos, será considerado apenas o ano do indicador principal. e) Estimativa da EIU, 1) Baseado na cidade de Belo Horizonte, 2) Baseado na cidade de Belo Horizonte. Número baseado nas estimativas oficiais de extensão das rotas de ônibus.
3) Baseado na cidade de Belo Horizonte. Dados baseados na proporção da população com acesso a serviços de esgoto.
34
35
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Bogotá_Colômbia
abaixo da média do Índice, que é 202 kg por pessoa. Esse valor se deve em parte a uma presença
industrial relativamente pequena dentro dos
limites da cidade e também à grande parcela de
recursos renováveis no mix de eletricidade. Mais
de 80% da eletricidade de Bogotá é gerada por
usinas hidrelétricas. De acordo com os especialistas locais, aproximadamente 70% das indústrias que operam na cidade passaram a utilizar
gás natural como combustível, substituindo o
carvão e o diesel. Alguns estudos indicam que o
clima temperado de Bogotá, entre 13 ºC e 18 ºC,
reduz a necessidade de ar-condicionado. Além
disso, mais de 80% da produção de energia elétrica para a cidade provém de usinas hidrelétricas, como ocorre no restante do País. Bogotá
também apresenta boas notas em relação ao
consumo de energia elétrica, usando uma quantidade estimada de 397 megajoules para cada
US$ 1.000 do PIB, uma taxa muito inferior à
média do Índice, de 761 megajoules. Esta é também a melhor taxa no Índice, entre as cidades
com renda na faixa intermediária. No entanto,
Bogotá não apresenta bons resultados no que se
refere às suas políticas de energia e CO2 especialmente no que diz respeito à energia limpa.
Nesse aspecto, a cidade fica próxima aos últimos
lugares do Índice. Bogotá é notória por ter uma
estratégia de energia menos abrangente do que
outras cidades e por não procurar, especificamente, fontes ou métodos de produção de energia mais limpa e mais renovável.
Bogotá_Colômbia
Indicadores Gerais
População total (milhões)
7,3
Área administrativa (km2)
1.776,0
PIB por pessoa (preços correntes) (US$)
8.411,2
Densidade populacional (pessoas/km2)
4.087,7
Temperatura (média das 24 horas, anual) (oC)
13,0
Baseado na cidade de Bogotá, Distrito Capital
ogotá é a capital da Colômbia e é também a
cidade mais populosa do País, com 7,3
milhões de pessoas. Localizada em um planalto
elevado nos Andes, é a oitava cidade em densidade populacional no Índice de Cidades Verdes
da América Latina, contando com 4.100 pessoas
por km2. A cidade é o centro financeiro da
Colômbia, e a área metropolitana possui alguns
B
dos maiores produtores de alimentos e flores do
País. Bogotá tem um PIB médio de US$ 8.400
por pessoa, o décimo mais elevado do Índice. A
área metropolitana, com uma população de 8,5
milhões, inclui cinco municípios, mas todos os
números do Índice foram calculados tendo
como base o Distrito Capital.
Bogotá está acima da média no Índice, de
modo geral. O desempenho da cidade é reforçado por classificações acima da média em seis das
oito categorias: energia e CO2, uso do solo e prédios, transportes, resíduos, água e governança
ambiental. O seu desempenho na categoria
energia e CO2 apresenta como principais características, um consumo de eletricidade e emissões
de carbono relativamente baixos, provenientes
do processo de produção de eletricidade. Em
relação ao uso do solo e prédios, Bogotá tem
relativa abundância de espaços verdes e algumas das melhores políticas de uso do solo entre
as 17 cidades. Bogotá está abaixo da média no
que se refere ao saneamento básico, principal-
mente em função de suas políticas relativamente fracas nessa área, e também abaixo da média
no que se refere à qualidade do ar. Este último
item resulta dos altos níveis de dióxido de enxofre. A cidade apresenta um bom desempenho
em algumas categorias, quando comparada
com cidades de população e renda similares.
Entre as nove cidades com populações médias
(entre cinco e dez milhões de habitantes), Bogotá tem a maior quantidade de espaços verdes
por pessoa e a maior parcela da população com
acesso à água potável. E entre as sete cidades
com renda na faixa média do Índice (com um PIB
por pessoa entre US$ 8.000 e US$ 16.000), ela
apresenta a melhor taxa de consumo de eletricidade por unidade de PIB e o mais baixo número
de veículos por pessoa.
Energia e CO2: Bogotá está acima da média
no que se refere à energia e CO2. Estima-se que a
cidade emita 40 kg de CO2 por pessoa devido ao
consumo de eletricidade, o que a coloca bem
Iniciativas verdes: Na última década, a cidade
vem, gradualmente, substituindo os ônibus que
consomem combustível com alto teor de carbono por veículos que consomem gás natural,
especialmente com a introdução do TransMilenio, sistema de trânsito rápido de ônibus (BRT)
(veja “Iniciativas Verdes“ a seguir, no tópico
“Transporte“). O número total de veículos que
funcionam com gás natural na Colômbia havia
se elevado de aproximadamente 9.000 em 2002
para 300.000 até dezembro de 2009. O projeto
de biogás chamado Doña Juana capta e trata o
metano do aterro sanitário municipal. Os responsáveis pelo projeto esperam prevenir 5,8
milhões de toneladas de emissões de CO2 entre
2009 e 2016. O maquinário do projeto funcionará com o biocombustível produzido pelo processo e o restante será distribuído às indústrias
locais.
Índice e a primeira entre as cidades com população média. A cidade também se beneficia por ter
uma política relativamente forte em termos de
proteção dos espaços verdes e contenção da
expansão urbana, bem como normas “verdes”
comparativamente boas aplicáveis aos prédios
públicos.
Iniciativas verdes: A política de “espaços
públicos” reconhece que a cidade necessita de
mais espaço verde, especialmente nas regiões
de baixa renda, e estabelece uma política geral
para aumentar o investimento nessa área. Mais
especificamente, a estrutura de planejamento
urbano de Bogotá determina que os responsáveis pelos projetos atribuam espaços verdes em
novos projetos. Por exemplo, no plano referente
à região norte da cidade, 132.000 novas unidades residenciais serão acompanhadas de 76 hectares de parques.
Transporte: Bogotá está acima da média no
que se refere ao transporte. A cidade é beneficiada por uma rede de transporte coletivo relativamente extensa. A rede consiste de 6,9 km por
km2, sendo a quinta mais extensa no Índice e
Desempenho
Bogotá
Bem abaixo
da média
superior à media do Índice, que é 5 km por km².
A rede não possui metrô, mas na última década
as autoridades municipais fizeram grandes
investimentos no sistema TransMilenio BRT e em
ciclovias (“Iniciativas Verdes“ a seguir). Bogotá
também apresenta uma taxa relativamente
baixa de carros por pessoa (0,15 veículo por pessoa), que é a mais baixa entre as cidades com
renda na faixa intermediária. Bogotá é conhecida por sua política abrangente de transporte
coletivo e extensas faixas exclusivas de ônibus
para o BRT. A precificação do transporte coletivo
é parcialmente integrada e a cidade tomou algumas medidas para reduzir as emissões oriundas
do transporte coletivo.
Iniciativas verdes: A iniciativa de transporte
que é a marca registrada de Bogotá, o sistema
TransMilenio, começou a funcionar em 2000.
Mais de 1.000 ônibus transportam aproximadamente 1,6 milhão de passageiros por dia usando
faixas exclusivas em todas as regiões da cidade.
Os passageiros embarcam em plataformas elevadas usando cartões inteligentes, sem contato.
Trata-se de uma adaptação de um sistema implantado em Curitiba, e redes similares de ôni-
Outras cidades
Abaixo da
média
Média
Acima da
média
Bem acima
da média
Energia e CO2
Uso do solo e prédios
Transporte
Resíduos
Uso do solo e prédios: Bogotá está acima
da média em termos de uso do solo e prédios.
Trata-se de um bom resultado, em função da
abundância de espaços verdes e políticas relativamente rigorosas de uso do solo. Com uma
taxa de 107 m² por pessoa, a quantidade de
espaços verdes de Bogotá é a sexta maior do
Água
Saneamento básico
Qualidade do ar
Governança ambiental
Resultado geral
A ordem dos pontos nas faixas de performance não tem significado para os resultados das cidades.
36
37
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Bogotá_Colômbia
bus vêm se propagando em toda a América Latina. Além disso, a rede de 300 km de ciclovias de
Bogotá é uma das mais extensas no mundo. Aos
sábados e domingos, a cidade proíbe o acesso
de carros a mais de 70 km de ruas como parte do
seu programa de ciclovias. Essa iniciativa atrai
milhares de ciclistas, corredores e pedestres ao
centro da cidade. A ideia, que foi implantada
pela primeira vez em 1976, vem sendo copiada
em todo o mundo, inclusive em Nova York e
Londres.
Resíduos: Bogotá está acima da média no
que se refere à categoria de resíduos. A cidade
gera o segundo menor volume de resíduos do
Índice. O volume é estimado em 290 kg por pessoa, bem inferior à média do Índice, que é de
465 kg. A cidade, além disso, consegue recolher
e dar o destino final a quase 100% do que produz. Em contrapartida, o desempenho da cidade
é penalizado em função de suas políticas, que
são relativamente fracas, incluindo uma estratégia parcialmente integrada e a monitoração
insuficiente dos resíduos ilegais. Há também
falhas no cumprimento das normas de destino
final dos resíduos. Embora Bogotá tenha um serviço de reciclagem, o mesmo frequentemente é
informal e não há pontos de coleta central de
fácil acesso.
Água: Bogotá se encontra acima da média no
que se refere à água. A cidade apresenta a
menor taxa de consumo de água por pessoa, do
Índice. A taxa da cidade é de 114 litros por pessoa por dia, comparada a uma média de 264
litros. Os números oficiais sugerem que quase
100% da população tenha acesso à água potável. Isso coloca a cidade na liderança do Índice,
entre as cidades com renda na faixa intermediária. No entanto, Bogotá não conta com uma política abrangente de conservação da água. Ela é
também uma das poucas cidades no Índice que
somente recebeu notas parciais pela promoção
da conservação da água junto à população, pois
as campanhas de conscientização a respeito da
utilização racional da água são realizadas pelo
governo federal, e não pela administração municipal. Como a maioria das cidades no Índice,
Bogotá estabelece normas para os níveis dos
principais poluentes na água potável, monitora
regularmente a qualidade da água e zela pelo
cumprimento das normas referentes à poluição
da água por parte das indústrias locais.
Iniciativas verdes: Em julho de 2010, o prefeito propôs uma iniciativa visando à conservação
da água, por meio de uma estratégia em duas
frentes, consistindo em campanhas de conscientização da população e emissão de contas
mais precisas. A proposta fazia parte de uma
estratégia de cinco pontos contemplando a política de recursos hídricos, bem como o saneamento básico, a recuperação dos pântanos e as
melhorias na drenagem.
Saneamento Básico: Bogotá tem uma
classificação abaixo da média no que se refere
ao saneamento básico. Embora a cidade tenha a
segunda taxa mais alta de acesso aos serviços de
saneamento básico no Índice, com números oficiais de quase 100%, ela tem uma pontuação
relativamente baixa no que se refere aos níveis
de águas residuais tratadas. Estima-se que
somente 29% das suas águas residuais sejam
tratadas, em comparação com uma média, do
Índice, de 52%. Além disso, Bogotá não tem
uma boa classificação no que se refere às políticas de saneamento básico, principalmente devido à falta de monitoramento e de normas para o
tratamento de águas residuais.
Iniciativas verdes: O plano diretor de recursos
hídricos e esgotos da cidade prevê a recuperação
e a ampliação da rede de galerias. A ampliação
seria de aproximadamente 200 km e a rede de
esgotos seria melhorada e ampliada até 2015. O
plano diretor também prevê a descontaminação
do rio Bogotá, uma das principais fontes de água
da região. Como parte do plano, o governo federal está ajudando a financiar uma nova unidade
de tratamento de esgoto para atender às necessidades da região da bacia do rio.
Qualidade do ar: Bogotá está abaixo da
média no que se refere à qualidade do ar, o que,
em grande parte, se deve aos níveis relativamente altos de dióxido de enxofre e partículas em
suspensão. Com 22 microgramas por m³, Bogotá
registra o segundo mais alto nível médio diário
de dióxido de enxofre do Índice. Essa medição de
dióxido de enxofre foi feita a partir de 2008, o
mesmo ano em que a cidade impôs restrições a
respeito do enxofre no diesel (veja “Iniciativas
Verdes“ a seguir). Portanto, o desempenho da
cidade deverá melhorar nos próximos anos. E no
que diz respeito aos níveis médios diários de partículas em suspensão, Bogotá apresenta 58
microgramas por m³, acima da média, que é de
48 microgramas. Bogotá apresenta resultados
relativamente bons no que se refere aos níveis
médios diários de dióxido de nitrogênio, registrando 33 microgramas por m³, em comparação
com a média do Índice, de 38 microgramas. No
que se refere às políticas de ar limpo, Bogotá tem
resultados razoavelmente bons, com boas notas
para as suas normas de qualidade do ar, normas
de monitoração e campanhas de conscientização da população. A cidade tem 13 estações de
qualidade do ar, que monitoram constantemente a concentração dos principais agentes poluidores e publicam as informações do site da
Secretaria do Meio Ambiente.
Iniciativas verdes: Uma lei nacional de 2008
determina que os distribuidores de combustível
reduzam o teor de enxofre no diesel de 1.200
partes por milhão para menos de 500 partes por
milhão, com o intuito de chegar a 50 partes por
milhão em 2013. Todos os ônibus do sistema
TransMilenio atualmente usam diesel com teor
de enxofre de 50 partes por milhão. A Secretaria
Municipal do Meio Ambiente está trabalhando
em parceria com o TransMilenio e com universidades locais, em conformidade com um plano
de dez anos para a descontaminação do ar, que
determina as políticas para elevar a qualidade do
ar nesse período. O trabalho se encontra na fase
inicial. Os parceiros já organizaram uma série de
seminários com a participação do público, para
captar ideias.
Governança ambiental: Bogotá se encontra acima da média no que se refere à governança ambiental. A cidade tem feito um ótimo
trabalho em termos de gerenciamento e monitoração ambiental. Isso resulta da implantação,
no decorrer de uma década, de algumas iniciativas ambientais importantes, incluindo as ciclovias mencionadas anteriormente. Além disso, a
Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Bogotá está entre as entidades que possuem as
atribuições mais abrangentes entre as 17 cidades, e é responsável pela monitoração da maioria das áreas ambientais mais importantes contempladas pelo Índice.
A cidade padece de uma relativa ausência de
participação do público no desenvolvimento de
políticas ambientais, definidas no Índice como
planos de consultar a população no que se refere a projetos com um impacto ambiental relativamente alto. No entanto, a cidade parece estar
disposta a implantar melhorias nessa questão,
por meio de uma iniciativa que se destina justa-
mente a aumentar a participação do público
(“Iniciativas Verdes“ a seguir).
Iniciativas verdes: Para melhorar a participação pública e a conscientização no que se refere
às questões ambientais, o governo local desenvolveu um centro de envolvimento cívico e de
contato com a população, incluindo um programa infantil conhecido como “Sala de Aula Ambiental” com reuniões que ocorrem em parques
públicos. O centro cívico também apresenta
uma série de indicadores mediante os quais os
cidadãos podem acompanhar o planejamento e
a implantação de projetos ambientais locais.
Indicadores Quantitativos: Bogotá
Ano* Fonte
Média Bogotá
Energia e CO2
202.2
40.4
Consumo de eletricidade por PIB em US$
(megajoules por US$ 1.000 de PIB)
760.7
396.8 1,e
Uso do solo
e prédios
Densidade populacional (pessoas/km2)
Transporte
Comprimento da rede de transporte de massa (km/km2)
4,503.0 4,087.7 1
Espaços verdes por pessoa (m2/pessoa)
Redes superiores de transporte público
254.6
(km/km2)
Estoque de carros e motocicletas (veículos/pessoa)
Resíduos
Água
Saneamento
básico
Qualidade
do ar
1, e
Emissões de CO2 do consumo de eletricidade
por pessoa (kg/pessoa)
5.0
107.3 1
6.9 2, e
2007 Estimativa da EIU, Departamento Administrativo Nacional de Estatísticas,
Agência Internacional de Energia,
Grupo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
2007 Estimativa da EIU, Departamento Administrativo Nacional de Estatísticas
2008 Departamento Administrativo Nacional de Estatísticas, Prefeitura de Bogotá
2008 Secretaria de Planejamento;
Departamento Administrativo Nacional de Estatísticas
2007 Estimativa da EIU; Secretaria de Planejamento
0.13
0.05 1
2010 TransMilenio S.A.
0.30
0.15 1
2007 Secretaria de Planejamento Territorial, “Destino Capital”;
“Mobilidade Sustentável”, Nov 2009
2009 Secretaria de Planejamento; Secretaria de Habitação
96.2
99.7 3, e
Resíduos gerados por pessoa (kg/pessoa/ano)
465.0
289.8 4, e
2009 Secretaria de Habitação; Departamento Administrativo Nacional de Estatísticas
Consumo de água por pessoa (litros por pessoa por dia)
264.3
114.3 1
2009 Aqueduto Água e Saneamento de Bogotá;
Departamento Administrativo Nacional de Estatísticas;
Parcela dos resíduos coletados e adequadamente descartados (%)
Vazamentos no sistema de abastecimento de água (%)
34.6
36.6 5, e
2009 Aqueduto Água e Saneamento de Bogotá
Parcela da população com acesso à água potável (%)
97.5
99.4 1
2007 Secretaria de Planejamento
População com acesso a saneamento básico (%)
93.7
99.8 6, e
2007 Secretaria de Planejamento
Parcela das águas residuais tratadas (%)
51.5
28.6 3, e
2009 Aqueduto Água e Saneamento de Bogotá
Níveis diários de dióxido de nitrogênio (ug/m3)
37.8
32.9 1
2008 Secretaria Estadual do Meio Ambiente
Níveis diários de dióxido de enxofre (ug/m3)
11.4
21.7 1
2008 Secretaria Estadual do Meio Ambiente
Níveis diários de partículas em suspensão (ug/m3)
48.0
58.0 1
2008 Secretaria Estadual do Meio Ambiente
* Para dados de diferentes anos, será considerado apenas o ano do indicador principal. e) Estimativa da EIU, 1) Baseada na cidade de Bogotá, Distrito Capital, 2) Baseado na cidade de Bogotá, Distrito Capital. Número baseado nas estimativas oficiais de extensão
e número de rotas de ônibus. 3) Baseado na cidade de Bogotá, Distrito Capital. 4) Baseado na cidade de Bogotá, Distrito Capital. Dados baseados no volume total de resíduo coletado. 5) Baseado na cidade de Bogotá, Distrito Capital. Dados baseados no
volume total de água não cobrada, 6) Baseado na cidade de Bogotá, Distrito Capital. Dados baseados na proporção da população com acesso à rede de esgoto.
38
39
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Brasília_Brasil
Brasília_Brasil
rasília, com 2,5 milhões de habitantes, é a
capital do Brasil. A cidade, construída com
uma finalidade específica, foi fundada em 1960,
tendo substituído o Rio de Janeiro como sede do
governo federal. Atualmente é famosa pela sua
arquitetura modernista e pelas largas avenidas e
é considerada um dos grandes experimentos em
planejamento urbano do século XX. A cidade foi
projetada ao longo de duas artérias principais
com zonas distintas para fins residenciais,
comerciais e administrativos. Brasília possui o
segundo mais alto PIB per capita do Índice, US$
21.100 – bem acima da média das 17 cidades,
que é US$ 11.100. A administração pública
domina a economia de Brasília, mas a cidade
também possui um extenso setor de serviços e
nela fica sediada uma das maiores empresas de
B
Indicadores Gerais
População total (milhões)
Área administrativa (km2)
2,5
5.802,0
PIB por pessoa (preços correntes) (US$)
21.082,1
Densidade populacional (pessoas/km2)
436,5
Temperatura (média das 24 horas, anual) (oC)
Baseado na cidade de Brasília, Distrito Federal
40
21,0
telecomunicações do Brasil e vários bancos de
grande porte. A maioria dos 5.800 km² da área
administrativa de Brasília, no Distrito Federal, é
área de preservação. A área metropolitana, mais
ampla, possui uma população de 3,7 milhões de
pessoas e limites territoriais muito mais amplos,
mas todos os dados usados no Índice provêm do
Distrito Federal.
Brasília fica acima da média no Índice, de
modo geral. Ela tem o melhor desempenho nas
categorias de água, saneamento básico, qualidade do ar e governança ambiental, nas quais
ela se coloca acima da média. O desempenho de
Brasília é melhorado nessas categorias em função de uma taxa muito baixa de vazamentos no
sistema de abastecimento de água, uma alta
porcentagem de águas residuais tratadas, concentrações abaixo da média de dois dos três
agentes de poluição do ar medidos no Índice e
um vigoroso histórico de gerenciamento ambiental. A cidade recebe notas médias no que se
refere à energia e CO2 e ao uso do solo e prédios.
Apesar de seu bom desempenho em termos
gerais, Brasília requer melhorias significativas
relativas aos resíduos e ao transporte, tendo
recebido notas bem abaixo da média nessas
duas categorias. Brasília gera uma das taxas
mais elevadas de resíduos per capita, e como
cidade projetada para carros, o seu sistema de
transporte coletivo deixa a desejar. Quando
comparada com as duas outras cidades com alta
renda no Índice (com PIB per capita acima de
US$ 16.000), ela apresenta as mais baixas taxas
de emissão de CO2 para o consumo de eletricidade.
Energia e CO2: Brasília tem uma classificação média quanto à energia e CO2. Com toda a
sua eletricidade sendo gerada a partir de fontes
renováveis – 98%, sendo oriunda de usinas
hidrelétricas – a cidade possui uma das mais baixas taxas de emissões de CO2 devido à eletricidade, estimada em 8 kg por pessoa. Essa taxa só é
pior do que a de São Paulo e é considerada abaixo da média do Índice, que é de 202 kg per capita. As emissões de CO2 devido à eletricidade em
Brasília são particularmente significativas quando comparadas às taxas das outras cidades com
renda elevada no Índice. A média de emissões,
devido à eletricidade para as cidades de renda
elevada, pula para 285 kg por pessoa. A cidade
também tem uma das mais baixas taxas de consumo de energia, comparada com o seu desempenho econômico. Brasília consome 301 mega-
joules de eletricidade por US$ 1.000 de PIB,
menos da metade da média das 17 cidades, que
é 761 megajoules. No entanto, o desempenho
da cidade no tocante às emissões e consumo de
energia é, em parte, anulado devido aos seus
fracos resultados no que se refere à política
energética do governo. Embora a cidade tenha
criado recentemente um conselho de mudanças
climáticas, ela não adotou nenhuma meta clara
de redução de emissões de CO2, nem é signatária de nenhum acordo internacional que trata da
redução de gases causadores do efeito estufa.
Além disso, Brasília é uma de apenas quatro
cidades no Índice que não realizaram uma análise de dados básicos de emissão de gases causadores do efeito estufa.
normas de eficiência energética em novos imóveis.
Uso do solo e prédios: Brasília tem uma
classificação média no que se refere ao uso do
solo e aos prédios. Embora a cidade seja famosa
pelo planejamento urbano, a sua classificação
mediana nessa categoria se deve, em grande
parte, à sua baixa densidade populacional. Com
436 pessoas por km², em comparação com a
média do Índice, que é de 4.500 pessoas por
km², a densidade populacional de Brasília é a
mais baixa no Índice. Isso é distorcido pela vasta
área administrativa da cidade, da qual boa parte
é desabitada. No entanto, Brasília foi projetada
com parques grandes e numerosos, e, portanto, estima-se que a cidade possua 985 m² de
espaço verde por pessoa – a segunda taxa mais
elevada Índice (Quito apresenta a taxa mais elevada). Os 67 parques protegidos e as áreas de
conservação de Brasília estão sujeitos a uma lei
ambiental, e um plano de gerenciamento de
terra determina limites para a expansão urbana.
Brasília poderia melhorar a sua classificação
nessa categoria, fortalecendo suas políticas
relativas às construções ecológicas. A cidade
não oferece incentivos para motivar as empresas ou as famílias a diminuírem o uso de energia
nem tem um plano para a implantação de normas verdes em prédios públicos ou quaisquer
nas proximidades do depósito de lixo a céu aberto da cidade. Assim que o depósito for fechado,
a cidade construirá residências permanentes
ligadas à sua rede de saneamento básico e com
o fornecimento de água potável para quase
35.000 pessoas que residem na área, e construirá escolas e outros itens de infraestrutura do
bairro.
Iniciativas verdes: Em 2009, a Companhia
Imobiliária de Brasília (Terracap) começou a trabalhar no bairro há muito tempo planejado,
conhecido como "Bairro Verde”, na parte noroeste da cidade. A nova comunidade residencial
inclui 220 prédios eficientes em termos de energia, que serão construídos com painéis solares instalados e abrigarão aproximadamente
40.000 pessoas. Esse bairro deverá ficar pronto
em 2025. Além disso, Brasília, com o apoio do
Banco Mundial, também tem planos para iniciar
um programa de urbanização, a um custo de
US$ 34 milhões, em uma comunidade informal
Desempenho
Brasília
Bem abaixo
da média
Transporte: Brasília tem uma colocação
bem abaixo da média no que se refere ao transporte. A cidade foi planejada na década de
1950, quando a indústria automobilística brasileira estava tomando impulso. Como resultado
disso, a cidade foi projetada para automóveis,
com poucos caminhos para pedestres. Atualmente a frota de automóveis e motocicletas da
cidade totaliza 0,37 veículo por pessoa, em comparação com uma média de 0,3 para as 17 cidades. Brasília tem um metrô com 45 km, que possui duas linhas e transporta, todos os dias,
aproximadamente 150.000 passageiros. A sua
rede de transporte superior (definida no Índice
como sendo transporte que movimenta grandes
quantidades de pessoas com rapidez, em pistas
exclusivas, como metrô, ônibus rápidos ou rede
de bondes), apresenta um total de 0,09 km por
km² de território urbano, um pouco abaixo da
média do Índice, que é 0,1 km. Isso exclui a vasta
extensão territorial desabitada no Distrito Federal. No entanto, os ônibus são o principal meio
de transporte coletivo, e frequentemente apresentam superlotação. Ficou demonstrado que
Brasília possui a rede de transporte coletivo mais
curta do Índice de Cidades Verdes da América
Latina em relação ao seu tamanho, ou seja, apenas 0,5 km por m² de território urbano em comparação com uma média de 5,0 km para as 17
cidades. A cidade também tem um mau desempenho no que se refere à política de transportes
coletivos urbanos. O plano de transporte coletivo da cidade, “Brasília Integrada”, prevê investimentos na expansão dos serviços de ônibus e
metrô, construção de terminais de passageiros e
a criação de mais pistas exclusivas para ônibus,
mas ainda não está implantado na sua totalidade. Brasília apresenta um desempenho melhor
no quesito política para reduzir o congestionamento. Embora a cidade não possua iniciativas
para a redução de trânsito como pistas exclusi-
Outras cidades
Abaixo da
média
Média
Acima da
média
Bem acima
da média
Energia e CO2
Uso do solo e prédios
Transporte
Resíduos
Água
Saneamento básico
Qualidade do ar
Governança ambiental
Resultado geral
A ordem dos pontos nas faixas de performance não tem significado para os resultados das cidades.
41
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Brasília_Brasil
monitoração na cidade. Em 2009, o Ibram estabeleceu uma parceria com a Universidade de
Brasília para ampliar sua capacidade de atuação.
Essas entidades, em conjunto, estão monitorando cuidadosamente a qualidade do ar nas áreas
altamente poluídas, no entorno do principal terminal de ônibus da cidade, ao longo das principais ruas e nas proximidades de uma grande
fábrica de cimento. As entidades também coproduzem o relatório anual de qualidade do ar
da cidade.
vas para a carona solidária ou sistemas pelos
quais os usuários estacionam os seus veículos e
utilizam o transporte coletivo, os representantes
da cidade já começaram a promover o uso da
bicicleta como meio de transporte, o que eleva a
sua pontuação.
Iniciativas verdes: Em 2009, Brasília começou
a construir o primeiro sistema moderno de trens
elétricos no País. Estima-se que a obra seja concluída antes da Copa do Mundo de 2014. A linha
de bonde terá 23 km de extensão e ligará o aeroporto de Brasília às regiões sul, central, e norte
da cidade, com 25 estações. Espera-se que o
projeto, que terá um custo de US$ 870 milhões,
reduza em 30% o tráfego de veículos na W3,
uma das principais avenidas de Brasília. Está
sendo cogitada a construção de outras linhas de
bondes.
Resíduos: Brasília está colocada bem abaixo
da média no que se refere aos resíduos. Em
grande parte, o fraco desempenho da cidade se
deve à taxa muito elevada de produção: Brasília
gera 875 kg de resíduos por pessoa por ano.
Trata-se de uma taxa consideravelmente mais
alta do que a média do Índice, que é 465 kg. A
taxa é alta mesmo quando comparada com as
taxas de outras cidades de renda elevada no
Índice, que produzem uma média de 657 kg de
resíduos por pessoa por ano. Brasília coleta e dá
o destino final a 95% dos seus resíduos. Esta
taxa está ligeiramente abaixo da média de 96%
das 17 cidades do Índice. Trata-se de uma das
poucas cidades de grande porte no Brasil que
ainda possui um depósito de lixo a céu aberto,
cujo fechamento está previsto há muito tempo
(veja “Iniciativas Verdes“ a seguir). Há 12 unidades de gerenciamento na cidade e um sistema
local para reciclagem de resíduos, que entrou
em funcionamento em 2007.
Iniciativas verdes: Em 2009, Brasília deu início
a um processo de licitação para a construção de
um novo aterro sanitário. A unidade, de última
geração, que será construída a um custo de US$
175 milhões, será o primeiro e único aterro sanitário da cidade. A empresa que vencer a licitação
terá um prazo de um ano para construí-lo. Quando o novo aterro sanitário estiver funcionando
com capacidade total, a cidade fechará o atual
depósito de lixo a céu aberto. O processo de licitação foi interrompido, por motivos de ordem
técnica, mas os representantes da cidade afirmaram que ele será reaberto em 2011.
Água: Brasília ocupa uma posição acima da
média em relação à água. O seu vigoroso
desempenho nessa categoria se deve, em grande parte, a uma taxa comparativamente baixa
de vazamentos de água. Brasília perde 27% do
seu abastecimento de água devido a vazamentos, taxa inferior à média de 35% das 17 cidades.
Somente Monterrey e Puebla apresentam taxas
mais baixas. A infraestrutura de água de Brasília
é relativamente nova, e, portanto, mais eficiente do que a infraestrutura de muitas outras cidades do Índice. Quase 100% da população tem
acesso à água potável, de acordo com as fontes
oficiais.
Em média, Brasília consome 176 litros de
água por pessoa por dia, em comparação com
uma média, no Índice, de 264 litros. A capital
possui uma agência reguladora de água, energia
e saneamento básico, a qual, em conjunto com
a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (CAESB), monitora regularmente o
sistema quanto à presença de poluentes. Além
disso, Brasília está tomando medidas para preservar a qualidade dos seus vastos recursos
hídricos subterrâneos, das fontes naturais e do
lago artificial Paranoá (veja “Iniciativas Verdes“ a
seguir, no tópico “Saneamento básico“).
Iniciativas verdes: Com o intuito de reduzir o
consumo de água, em 2009 a cidade adotou
uma medida que oferece aos consumidores um
desconto de 20% na conta de água se eles consumirem menos em um determinado mês comparado ao mesmo mês no ano anterior. Além
disso, nos últimos dois anos, os prédios novos
vêm sendo equipados com hidrômetros, que
também serão instalados nos prédios mais antigos em um prazo de cinco anos.
“Brasília Sustentável” também tem um componente significativo de urbanização e se destina a
melhorar o nível de vida dos habitantes que
vivem nas proximidades das fontes naturais da
cidade.
Saneamento Básico: Brasília encontra-se
acima da média na questão do saneamento
básico. Como se trata de uma cidade relativamente jovem beneficia-se, nesta categoria, da
sua infraestrutura de saneamento básico comparativamente nova. A cidade trata 100% das
águas residuais colhidas, índice consideravelmente superior à média, que é 52%. No entanto,
estima-se que 92% dos habitantes de Brasília
tenham acesso aos serviços de saneamento
básico, taxa ligeiramente inferior à média das 17
cidades, que é 94%. Os registros da cidade nessa
área tendem a melhorar devido a projetos que se
encontram em andamento (veja “Iniciativas
Verdes“ a seguir). A pontuação da cidade se
torna ainda melhor devido a um bom histórico
em termos de política de saneamento básico. A
cidade monitora, a intervalos regulares, as instalações de saneamento básico residenciais e
comunitárias, por exemplo, e como a maior
parte das cidades do Índice, Brasília promove a
conscientização da manutenção preventiva dos
sistemas de esgotos, principalmente por meio
de campanhas junto à população.
Iniciativas verdes: Em 2007, a cidade deu início ao projeto “Brasília Sustentável” a um custo
de US$ 150 milhões, em parceria com o Banco
Mundial, para preservar a qualidade dos recursos hídricos e expandir os serviços ambientais
de saneamento básico. Em conformidade com
esse programa, Brasília está implantando uma
combinação de atividades para reduzir a poluição e evitar o despejo de águas residuais não tratadas nas suas fontes de recursos hídricos. As
iniciativas se destinam, basicamente, a expandir
a infraestrutura de saneamento básico, de
modo a atender os bairros que atualmente não
estão obtendo os serviços adequados, e melhorar as redes de drenagem e tubulação. O projeto
Qualidade do ar: Brasília está acima da
média em se tratando da qualidade do ar, assim
como Belo Horizonte, Quito e Medellín. O bom
desempenho da cidade nessa categoria se deve,
em grande parte, à ausência de indústrias poluidoras. Brasília registra uma média anual de concentrações diárias de dióxido de nitrogênio de
apenas 13 microgramas por m³, que é a menor
do Índice, e está bem abaixo da média das 17
cidades, que é de 38 microgramas. A cidade tem
ainda a mais baixa concentração de partículas
suspensas, somente 11 microgramas por m³,
em comparação com a média de 48 microgramas do Índice. No entanto, as concentrações
diárias de dióxido de enxofre, de 13 microgramas por m³ são ligeiramente superiores à média
de 11 microgramas. Embora o desempenho da
cidade nessa categoria já seja significativo, a
menor dependência de carros particulares para
transporte melhoraria essa pontuação ainda
mais. Brasília monitora a qualidade do ar (veja
“Iniciativas Verdes“ a seguir), e também promove o ar limpo, informando os cidadãos a respeito
dos níveis de poluentes e dos perigos da poluição doméstica.
Iniciativas verdes: O Instituto Brasília Ambiental (Ibram), estatal, mantém sete unidades de
Governança ambiental: Brasília se encontra acima da média no que se refere à governança ambiental. Trata-se de um de seus
melhores desempenhos no Índice. A política e
os programas ambientais da cidade não
parecem ter sido afetados pelas dificuldades
políticas do início de 2010. A Secretaria de
Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente
do Distrito Federal (Seduma) funciona como
ponto focal em termos de informações públicas
a respeito do desempenho ambiental. O
órgão também realiza, a intervalos regulares,
análises do seu desempenho ambiental, e
os resultados são colocados à disposição do
público. A Secretaria de Meio Ambiente também organiza audiências públicas com organizações não governamentais e outras partes interessadas, especialmente na fase de planejamento de programas como o “Brasília Sustentável”.
Indicadores Quantitativos: Brasília
Média Brasília
Energia e CO2
Uso do solo
e prédios
Transporte
Resíduos
Água
7.8 1, e
Ano* Fonte
Emissões de CO2 do consumo de eletricidade
por pessoa (kg/pessoa)
202.2
Consumo de eletricidade por PIB em US$
(megajoules por US$ 1.000 de PIB)
760.7
301.2 1
2007 Companhia Energética de Brasília; Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística; EIU.
Densidade populacional (pessoas/km2)
4,503.0
436.5 1
2009 Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal.
Espaços verdes por pessoa (m2/pessoa)
254.6
985.1 1, e
2009 Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal.
0.5 2, e
2009 Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal.
Comprimento da rede de transporte de massa (km/km2)
5.0
2009 Estimativa da EIU; Companhia Energética de Brasília; Secretaria de
Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal.
Redes superiores de transporte público (km/km2)
0.13
0.09 3
2010 DFTRAN, DFMETRO.
Estoque de carros e motocicletas (veículos/pessoa)
0.30
0.37 1
2010 Denatran.
Parcela dos resíduos coletados e adequadamente descartados (%)
96.2
95.1 4
2009 Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal.
Resíduos gerados por pessoa (kg/pessoa/ano)
465.0
874.6 4
2009 Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal.
Consumo de água por pessoa (litros por pessoa por dia)
264.3
175.9 1
2008 Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal; Secretaria de
Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal.
Vazamentos no sistema de abastecimento de água (%)
34.6
27.0 1
2008 Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal.
Parcela da população com acesso à água potável (%)
97.5
99.8 1
2008 Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento; Secretaria de
Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal.
Saneamento
básico
População com acesso a saneamento básico (%)
93.7
91.8 5, e
2008 Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento.
Parcela das águas residuais tratadas (%)
51.5
Qualidade
do ar
Níveis diários de dióxido de nitrogênio (ug/m3)
37.8
13.4 6, e
2008 Secretaria do Meio Ambiente
Níveis diários de dióxido de enxofre (ug/m3)
11.4
13.4 7, e
2008 Secretaria do Meio Ambiente
Níveis diários de partículas em suspensão (ug/m3)
48.0
10.9 8, e
2008 Secretaria do Meio Ambiente
100.0 1
2008 Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal.
* Para dados de diferentes anos, será considerado apenas o ano do indicador principal. e) Estimativa da EIU. 1) Baseado em Brasília, Distrito Federal. 2) Baseado na área urbana de Brasília. Nem todos os dados sobre linhas de ônibus estão incluídos devido à indisponibilidade informações. 3) Baseado na área urbana de Brasília. 4) Baseado em Brasília, Distrito Federal. Baseado no total da coleta de resíduos. 5) Baseado em Brasília, Distrito Federal. Proporção da população com acesso à rede de esgotos. 6) Baseado em Brasília, Distrito
Federal. Média diária anual estimada de NO2. 7) Baseado em Brasília, Distrito Federal. Média diária anual estimada de SO2. 8) Baseado em Brasília, Distrito Federal. Média diária anual estimada de PM10.
42
43
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Buenos Aires_Argentina
Buenos Aires_Argentina
uenos Aires é a capital da Argentina. Embora
a área metropolitana abrigue cerca de 12,5
milhões de pessoas, a Cidade Autônoma de Buenos Aires é consideravelmente menor, tendo 3,1
milhões de habitantes. Somente este distrito
menor, propriamente dito, está incluído no Índice de Cidades Verdes da América Latina, o que
faz de Buenos Aires a décima maior cidade do
Índice. A cidade apresenta o maior PIB per capita
do Índice, estimado em US$ 24.200. Em conjunto com a sua área metropolitana, mais extensa,
Buenos Aires é considerada a espinha dorsal da
economia do País, sendo responsável por quase
um quarto do PIB da Argentina. Suas atividades
comerciais têm como ponto forte os serviços
B
Indicadores Gerais
População total (milhões)
3,1
Área administrativa (km2)
203,2
PIB por pessoa (preços correntes) (US$) e
24.222,9
Densidade populacional (pessoas/km2)
15.013,4
Temperatura (média das 24 horas, anual) (oC)
Baseado na cidade de Buenos Aires. e) Estimativa da EIU
44
17,8
financeiros, os imóveis, os serviços empresariais
e a manufatura. Além disso, a cidade possui um
dos portos mais movimentados da América do
Sul. O porto está localizado no Rio da Prata, que
banha Buenos Aires e liga a Argentina ao Uruguai. Portanto, a cidade é um ponto central em
termos de logística e transportes.
Apesar da sua relativa riqueza, Buenos Aires
está abaixo da média no Índice, de modo geral.
Os melhores resultados da cidade ocorrem nas
áreas de energia e CO2, uso do solo e prédios,
transporte e governança ambiental. Em cada
uma dessas categorias, a cidade apresenta classificação média. Seu desempenho na categoria
de energia e CO2 deve-se a uma taxa relativamente baixa de consumo de eletricidade por
unidade de PIB e rigorosas políticas com o intuito de manter sob controle os efeitos das mudanças climáticas. Na área de transporte, Buenos
Aires tem uma das redes de transporte coletivo
mais extensas e políticas bem desenvolvidas
com o intuito de reduzir os congestionamentos.
No entanto, o desempenho da cidade, de modo
geral, é penalizado por uma nota bem inferior à
média na categoria de água. Embora todos os
habitantes de Buenos Aires tenham acesso à
água potável, a cidade tem uma elevada taxa de
consumo de água e de vazamentos no sistema.
A pontuação da cidade é ainda prejudicada por
notas abaixo da média no que se refere a resíduos, ao saneamento básico e à qualidade do ar.
No entanto, quando comparada com outras
cidades de renda elevada no Índice (PIB por pessoa superior a US$ 16.000), Buenos Aires tem a
maior parcela da sua população com acesso à
água potável e serviços de saneamento básico.
Além disso, a cidade adotou um dos planos de
ação mais ambiciosos referentes às mudanças
climáticas no Índice, e o seu desempenho em
muitas categorias provavelmente melhorará
como resultado desse plano.
Energia e CO2: Buenos Aires está na média
em relação à energia e CO2, em grande parte
devido ao elevado nível de emissões de CO2 em
função da utilização da eletricidade. Anualmente a cidade produz 527 kg de CO2 por pessoa,
devido ao uso de eletricidade, quase o triplo da
média das 17 cidades, que é 202 kg por pessoa,
e o nível mais elevado do Índice. Esse alto nível
de emissões de CO2 ocorre devido ao fato de que
uma baixa parcela de recursos renováveis é
usada para a sua produção. Somente um quarto
da eletricidade consumida em Buenos Aires é
proveniente de usinas hidrelétricas, ao passo
que a maior parte da eletricidade é produzida a
partir do gás natural. Por outro lado, a cidade
consome 535 megajoules de eletricidade para
cada US$ 1.000 de PIB, comparado com a média
do Índice, que é de 761 megajoules. Porém esta
é a mais elevada taxa de consumo de eletricidade quando comparada com as outras duas cidades de renda elevada no Índice. Buenos Aires
apresenta um desempenho melhor quando se
trata das políticas com o intuito de reduzir as
emissões de CO2. A cidade adotou um plano de
ação abrangente no que se refere às mudanças
climáticas (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir). No
entanto, Buenos Aires poderia melhorar o seu
desempenho nessa categoria, implantando uma
estratégia de energia limpa com o intuito de
reduzir o impacto ambiental do consumo de
energia e aumentar o investimento em eficiência energética.
Embora várias cidades do Índice já tenham
começado a converter subprodutos de resíduos
em energia, melhorando a sua pontuação de
energia e CO2 ao fazê-lo, Buenos Aires apresenta
resultados piores quando se trata desse indicador porque, até agora, a cidade apenas concluiu
estudos de viabilidade a respeito de biodigestão
e recuperação de biogás. A cidade também tem
uma situação pior do que a de outras cidades do
Índice em termos de investimento em energia
limpa e recursos renováveis.
Iniciativas verdes: Em 2009, a cidade adotou
um plano abrangente em relação às mudanças
climáticas. De acordo com esse plano, há uma
meta para reduzir as emissões de CO2 em 30%
até 2030, a partir dos níveis de 2008, obtendo
uma redução de cinco milhões de toneladas de
CO2 por ano. Medidas específicas no plano
incluem a substituição de lâmpadas comuns nos
postes de rua por LEDs, eficientes quanto ao uso
de energia. Também houve a introdução de aparelhos eletrodomésticos mais eficientes e o lançamento de uma campanha de conscientização
da população para promover a conservação de
energia. Em 2010, a cidade de Buenos Aires
colocou o seu primeiro ônibus híbrido elétrico
em circulação, o primeiro estágio do seu projeto
“Ecobus”. O projeto tem como objetivo substituir
toda a frota da cidade por veículos híbridos que
produzam pouca poluição, o que, segundo as
autoridades, reduzirá as emissões de CO2 em
230.000 toneladas por ano.
ções. A cidade tem uma boa pontuação no que
se refere à densidade populacional, com a mais
alta densidade entre as cidades do Índice,
ou seja, 15.000 habitantes por km², em comparação com a média, das 17 cidades, de 4.500
habitantes por km². No entanto, esta alta densidade tem um custo: os espaços verdes. Com
apenas 6 m² de espaços verdes por pessoa na
área da cidade, Buenos Aires apresenta um dos
números mais baixos do Índice. Embora a cidade
não promova, de maneira ativa, a conscientização entre os seus habitantes, a respeito dos
meios para melhorar a eficiência energética em
suas residências, a sua pontuação é melhorada
pelas medidas proativas da administração municipal no sentido de implantar programas eficientes em energia e que não prejudiquem o meio
ambiente, nos prédios municipais. A cidade se
comprometeu a diminuir o consumo de energia
nos prédios públicos em 20% a partir dos níveis
de 2007 até o final de 2012 (veja “Iniciativas
Verdes“ a seguir).
edifícios públicos em 10% em 2010 e 20% a partir dos níveis de 2007 até o final de 2012. Em
conformidade com essa iniciativa, a cidade, primeiramente, realizou avaliações de energia nos
prédios municipais, levando os seguintes itens
em consideração: ar-condicionado, aquecimento, iluminação, utilização de computadores e
outros equipamentos elétricos. Planos individuais de eficiência energética foram criados
posteriormente para cada prédio, a fim de maximizar as oportunidades de economizar energia,
e serão usados como as melhores práticas para
adoção em outros prédios públicos. A cidade
também está desenvolvendo um plano para
revitalizar espaços verdes, criando uma rede de
corredores com ciclovias que conectam espaços
verdes existentes. Isto incluirá parques, praças e
a Reserva Ecológica Costanera Sur, na região
leste de Buenos Aires, que continua sendo um
foco importante da conservação ambiental. Por
enquanto, não foi anunciado um prazo e nem
objetivos definitivos para o programa.
Iniciativas verdes: O “Programa de Eficiência
Energética em Prédios Públicos” da cidade tem
como objetivo reduzir o consumo de energia em
Transporte: Buenos Aires apresenta uma
Desempenho
pontuação média no que se refere ao transporte. O sistema de transporte coletivo da cidade é
Buenos Aires
Bem abaixo
da média
Outras cidades
Abaixo da
média
Média
Acima da
média
Bem acima
da média
Energia e CO2
Uso do solo e prédios
Transporte
Resíduos
Água
Saneamento básico
Qualidade do ar
Governança ambiental
Uso do solo e prédios: Buenos Aires está
na média na categoria de uso do solo e edifica-
Resultado geral
A ordem dos pontos nas faixas de performance não tem significado para os resultados das cidades.
45
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Buenos Aires_Argentina
Iniciativas verdes: Buenos Aires implantou,
recentemente, uma nova rede de monitoração
de ar que se destina a ajudar a tratar da qualidade do ar da cidade, que é cronicamente ruim. A
rede possui 45 unidades de monitoração que
analisam vários poluentes comuns em locais
estratégicos.
Buenos Aires também estabeleceu uma meta
para a redução de emissão de gases causadores
do efeito estufa a partir de fontes móveis e estacionárias em 10% até 2010, em parte mediante
a verificação do cumprimento de normas de
emissão nos veículos.
Governança ambiental: Buenos Aires
bem desenvolvido e a densidade da rede, que é
de 7 km por km² do território da cidade, é superior à média das 17 cidades, que é de 5 km por
km². O metrô eleva a pontuação de Buenos Aires
na área de redes de transporte coletivo superior
(definido no Índice como transporte que movimenta grandes números de passageiros rapidamente em pistas exclusivas, como o metrô e sistemas rápidos de ônibus ou bondes). A rede é
uma das mais extensas do Índice, com 0,26 km
por m² do território da cidade. Porém, muitos
habitantes ainda preferem utilizar seus carros
particulares. Buenos Aires possui a maior frota
de carros e motocicletas no Índice, com uma
estimativa de 0,66 veículo por pessoa – mais
que o dobro da média de 0,3 das 17 cidades. A
cidade está trabalhando no sentido de reduzir as
emissões do transporte coletivo e adotou ônibus
de baixa emissão para o transporte público. A
cidade também promove o transporte verde,
como o uso de bicicletas.
Iniciativas verdes: Como parte do seu “Plano
de Mobilidade Sustentável”, a cidade acrescentou “rotas preferenciais” a oito avenidas principais utilizadas nos horários de pico para que o
trânsito flua melhor. As medidas incluem a atribuição de pistas separadas ao longo dessas
rotas para transporte público e particular. Essa
iniciativa diminuiu em até dois terços o tempo
de viagem e também foram reduzidas as emissões de veículos parados. O plano de mobilidade sustentável também prevê um programa de
aluguel de bicicletas, semelhante aos que existem em muitas cidades europeias. Os usuários
poderão alugar bicicletas em locais pré-estabelecidos, por curtos períodos, devolvendo-as em
qualquer outro local pré-estabelecido na cidade. A administração municipal ainda não anunciou uma data para o lançamento dessa iniciativa.
Resíduos: Buenos Aires está abaixo da média
no que se refere aos resíduos. A cidade recolhe e
dá o destino final adequado a 100% dos seus
resíduos, em comparação com a média das 17
cidades, que é de 96%. No entanto, Buenos Aires
gera 606 kg de resíduos por pessoa por ano. Essa
é a terceira maior taxa de geração de resíduos do
Índice – somente Brasília e Belo Horizonte produzem mais resíduos. Em média, as cidades do
índice produzem 465 kg por habitante por ano.
A geração de grande quantidade de resíduos se
deve, principalmente, à cultura de consumo
bem desenvolvida da cidade e ao alto padrão de
vida que muitos habitantes usufruem. A cidade
tem um bom desempenho em termos de política de resíduos porque impõe normas ambientais
a respeito de aterros sanitários, exige e monitora
a destinação final de resíduos perigosos e possui
uma estratégia integrada com o intuito de reduzir os resíduos e promover a reutilização ou a
reciclagem.
Iniciativas verdes: O Ministério do Meio Ambiente e Espaço Público divulgou a versão preliminar da Proposta de Higiene Urbana para a
cidade em julho de 2010. O plano prevê uma
revisão geral do sistema de coleta de resíduos da
cidade e inclui o princípio básico de “resíduo
zero”, que deve ser realizado mediante a expansão da reciclagem e melhoria dos serviços de
coleta e destino final.
Água: Buenos Aires tem uma pontuação bem
abaixo da média no que se refere à água. Tratase da sua pior nota no Índice. Embora 100% da
população de Buenos Aires tenha acesso à água
potável, o que coloca a cidade em primeiro lugar
junto a Porto Alegre, Curitiba e Quito, a cidade
ainda tem muito que melhorar nessa categoria.
Os residentes de Buenos Aires têm a maior taxa
de consumo de água do Índice, 669 litros de
água por pessoa por dia, mais que o dobro da
média das 17 cidades, que é de 264 litros por
dia. A elevada taxa de consumo se deve, em
parte, à falta de progresso da cidade na área de
políticas de sustentabilidade para a água. A cidade não possui uma norma para a redução do
desperdício relacionado à água ou para o consu-
mo mais eficiente. Estima-se que Buenos Aires
perca 41% de sua água devido a vazamentos,
em comparação com uma média de 35% no
Índice. E embora a cidade monitore a qualidade
da água da superfície, Buenos Aires é a única do
Índice que não tem uma política destinada a
melhorar a qualidade dessa água.
histórico deficiente em termos de tratamento de
esgoto, e a maior parte dos esforços, no momento, está concentrada somente na monitoração. Iniciativas adicionais relacionadas ao plano
incluem a instalação de nova drenagem e coletores secundários em 17 bacias hidrográficas
em toda a cidade até 2012.
Iniciativas verdes: Buenos Aires adotou um
plano diretor que se aplica a toda a cidade, para
lidar com todos os aspectos do gerenciamento
de recursos hídricos. Um componente essencial
do plano é a instalação de hidrômetros em toda
a parte. Embora muitas outras cidades da região
já tenham tomado essa medida e tenham reduzido a utilização de água, Buenos Aires espera
recuperar o atraso, estabelecendo uma meta
para reduzir o consumo de água em 40% a partir
dos níveis atuais, até 2012.
Qualidade do ar: Buenos Aires está abaixo
da média no que se refere à qualidade do ar.
Suas ruas densas e congestionadas são a principal fonte da maior parte da poluição do ar.
Embora a cidade tenha inaugurado uma nova
rede de monitoração do ar (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir) ela ainda não monitora o dióxido
de enxofre ou as partículas suspensas, o que
penaliza a sua pontuação na área de monitoração da qualidade do ar. A cidade tem uma concentração diária média de dióxido de nitrogênio
de 27 microgramas por m³, uma das mais baixas
concentrações de dióxido de nitrogênio do Índice, bem abaixo da média das 17 cidades, que é
38 microgramas. No entanto, devido à falta de
monitoração, os dados a respeito das concentrações diárias de dióxido de enxofre e partículas
suspensas estão desatualizados. Buenos Aires
também apresenta um desempenho inferior ao
da maioria das cidades do Índice, pela falta de
uma norma abrangente sobre a qualidade do ar,
mas tem uma pontuação alta por informar os
cidadãos a respeito do perigo dos poluentes
domésticos.
Indicadores Quantitativos: Buenos Aires
Média Buenos Aires
Saneamento Básico: Buenos Aires está
abaixo da média no que se refere ao saneamento básico. A alta densidade populacional de Buenos Aires e a sua riqueza histórica apontam que
a cidade tem uma estrutura de saneamento
básico e, de modo geral, robusta (aproximadamente 99% dos habitantes têm acesso ao saneamento básico), ou seja, a cidade está acima da
média do Índice, que é de 94%. Entretanto, a
cidade é uma das duas estudadas que não tratam as suas águas residuais, em que grande
quantidade dessas águas flui diretamente para o
já poluído Rio da Prata. Além disso, ela está entre
as poucas cidades do Índice que não têm campanhas públicas de conscientização para promover
o uso eficiente dos sistemas de saneamento
básico.
Iniciativas verdes: Como parte do plano diretor de recursos hídricos da cidade, o governo
está trabalhando no sentido de atualizar a infraestrutura ultrapassada do sistema de esgotos de
Radio Antiguo, que tem sua origem no século
XIX e é responsável por 8% da totalidade da
rede. A falta de investimento resultou em um
está na média em termos de governança ambiental. A pontuação da cidade é melhorada
pela grande abrangência das atividades da
sua Agência de Proteção Ambiental e pela sua
monitoração regular do desempenho ambiental.
A cidade também tem meios jurídicos de
implantar a sua própria legislação ambiental,
mas a sua pontuação é penalizada devido ao
alcance limitado do envolvimento dos cidadãos
e das organizações não governamentais quando
se trata de criar planos ambientais preliminares.
Além disso, a mais recente análise ambiental da
cidade omitiu os seguintes itens: saneamento
básico, resíduos, uso do solo, transporte e estabelecimento de comunidades.
Energia e CO2
Uso do solo
e prédios
202.2
527.3 1, e 2008 Estimativa da EIU; Agência de Proteção Ambiental, Cidade de
Buenos Aires; Grupo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
Consumo de eletricidade por PIB em US$
(megajoules por US$ 1.000 de PIB)
760.7
535.3 2
4,503.0
15,013.4 2
254.6
6.1 2
2008 Governo da Cidade de Buenos Aires
5.0
7.0 2
2008 Estimativa da EIU; Atlas Ambiental da Cidade 2009;
Subgerência de Transporte Urbano
Redes superiores de transporte público (km/km2)
0.13
0.26 2
Estoque de carros e motocicletas (veículos/pessoa)
0.30
0.66 3, e 2008 Departamento Nacional de Registro de Propriedade de Veículos;
Governo da Cidade de Buenos Aires
Parcela dos resíduos coletados e adequadamente descartados (%)
96.2
100.0 2
2008 Governo da Cidade de Buenos Aires, Ministério do Meio Ambiente e Espaço Público
Resíduos gerados por pessoa (kg/pessoa/ano)
465.0
606.1 2
2008 Governo da Cidade de Buenos Aires,
Instituto Nacional de Estatísticas e Censos da República
669.2 2
2008 Governo da Cidade de Buenos Aires
Densidade populacional (pessoas/km2)
Espaços verdes por pessoa (m2/pessoa)
Transporte
Resíduos
Água
Ano* Fonte
Emissões de CO2 do consumo de eletricidade
por pessoa (kg/pessoa)
Comprimento da rede de transporte de massa
(km/km2)
2008 Agência de Proteção Ambiental, Cidade de Buenos Aires;
Governo da Cidade de Buenos Aires
2009 Instituto Nacional de Estatísticas e Censos da República;
Governo da Cidade de Buenos Aires
2010 Subterrâneos de B.A.
Consumo de água por pessoa (litros por pessoa por dia)
264.3
Vazamentos no sistema de abastecimento de água (%)
34.6
Parcela da população com acesso à água potável (%)
97.5
Saneamento
básico
População com acesso a saneamento básico (%)
93.7
Parcela das águas residuais tratadas (%)
51.5
0.0 2
2008 Agência de Proteção Ambiental, Cidade de Buenos Aires
Qualidade
do ar
Níveis diários de dióxido de nitrogênio (ug/m3)
37.8
27.0 2
2009 Agência de Proteção Ambiental, Cidade de Buenos Aires
Níveis diários de dióxido de enxofre (ug/m3)
11.4
16.0 5, e 1997 Atlas de Buenos Aires
Níveis diários de partículas em suspensão (ug/m3)
48.0
41.0 2, e 2008 Associação de Entidades Regulatórias de Água Potável e
Saneamento das Américas
100.0 2
2001 Governo da Cidade de Buenos Aires
99.3 4, e 2008 Anuário Estatístico 2009, Ministério da Fazenda GCABA
107.0 2
1999 Banco Mundial
* Para dados de diferentes anos, será considerado apenas o ano do indicador principal. e) Estimativa da EIU, 1) Baseado na Cidade Autônoma de Buenos Aires. Dados baseados na composição de fontes energéticas utilizadas na geração de energia na Argentina.
2) Baseado na Cidade Autônoma de Buenos Aires. 3) Baseado na Cidade Autônoma de Buenos Aires. O ano para motocicletas é 2003. 4) Baseado na Cidade Autônoma de Buenos Aires. Proporção da população com acesso à rede de esgotos. 5) Baseado na Cidade
Autônoma de Buenos Aires. Média mínima e máxima de emissões diárias.
46
47
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Cidade do México
ca e a posição do México como líder nos esforços
internacionais de mitigação e estabelecer orientações para as políticas de mudanças climáticas.
Cidade do México
Uso do solo e prédios: A Cidade do México está acima da média na categoria uso do solo
e prédios, com a melhor colocação para uma
cidade de alta renda. Seu bom desempenho é
atribuído principalmente às políticas ambiciosas
de construção ecológica, que incluem um plano
para certificação de prédios ambientalmente
sustentáveis. Com este programa, a cidade oferece incentivos para estimular empreendedores
a integrar medidas de redução de emissões em
projetos de construção. A Cidade do México
recebe uma pontuação média quanto às políticas de uso da terra. O rápido crescimento populacional da cidade e sua crescente urbanização
têm tornado difícil conter a expansão urbana e
preservar áreas ambientalmente sensíveis,
embora as autoridades disponham de um conjunto de políticas para enfrentar ambos os problemas. A cidade tem 28 m2 de espaços verdes
por pessoa e o Distrito Federal, com cerca de
6.000 pessoas por km², tem a quinta maior densidade populacional do Índice.
Indicadores Gerais
População total (milhões)
8,8
Área administrativa (km2)
1.485,0
PIB por pessoa (preços correntes) (US$) e
Densidade populacional (pessoas/km2)
20.358,9
5.954,2
Temperatura (média das 24 horas, anual) (oC)
17,0
Baseado na Cidade do México, Distrito Federal. e) Estimativa da EIU.
om 20 milhões de habitantes, a área metropolitana da Cidade do México abriga um
quinto da população do País. Três décadas de
crescimento explosivo da população, de 1960
ao final de 1980, transformaram a Cidade do
México na terceira maior aglomeração urbana
do mundo. A cidade propriamente dita constitui
cerca de um quinto do total da área urbana e é
delimitada pelo Distrito Federal, que tem cerca
de 8,8 milhões de habitantes. A região metropolitana da Cidade do México se espalha para os
Estados vizinhos: México e Hidalgo. Os dados do
Índice de Cidades Verdes da América Latina para
a Cidade do México foram coletados a partir do
Distrito Federal, que é menor, e torna a cidade a
segunda mais populosa do Índice, atrás apenas
de São Paulo. A região metropolitana, mais
ampla, é a capital política, cultural e financeira
do País e, de longe, o mais importante centro
mexicano de atividade econômica, produzindo
um terço do PIB total do México. Os perigosos
níveis de poluição do ar da década de 1990 levaram as autoridades a transferir uma parcela significativa da indústria pesada para fora dos limites metropolitanos. A cidade continua sendo um
importante polo industrial, mas, ao longo das
últimas duas décadas, os serviços têm predominado cada vez mais em sua atividade econômica. A Cidade do México tem o terceiro maior PIB
per capita do Índice, de US$ 20.400, depois apenas de Buenos Aires e Brasília. Entretanto, como
muitas cidades do Índice, a desigualdade de
renda continua sendo muito elevada.
A Cidade do México organizou também a Reunião da Cúpula Mundial de Prefeitos Sobre
Mudanças Climáticas, em novembro de 2010,
para promover a importância estratégica dos
municípios nos esforços de mitigação das mudanças climáticas globais. A cúpula ocorreu na estrutura da 16ª Conferência da Organização das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (Conferência das Partes – COP 16), em Cancún, no
C
México, entre 29 de novembro e 10 de dezembro
de 2010. Apesar dos importantes desafios decorrentes de sua grande população, a Cidade do
México encontra-se na média geral do Índice de
Cidades Verdes da América Latina. Seu desempenho é mais forte na área de governança ambiental, em que está bem acima da média, graças a
um robusto monitoramento ambiental, à competência de seu departamento ambiental e a um
elevado nível da participação pública. A cidade
está acima da média nas categorias de energia e
CO2, uso do solo e prédios e transporte. A capital
do México classifica-se na média nas categorias
de resíduos e água. No entanto, o desempenho
geral da cidade é prejudicado por um mau resultado na categoria de saneamento, em que está
abaixo da média, e na categoria de qualidade do
ar, em que se encontra bem abaixo da média. Seu
desempenho quanto à qualidade do ar é resultado de uma concentração maior do que a média
dos três poluentes do ar medidos no Índice.
Energia e CO2: A Cidade do México está
acima da média para energia e CO2, com a
melhor colocação nesta categoria entre as três
cidades com renda mais alta do Índice. O desempenho da cidade nesta categoria é reforçado
pelo baixo nível de consumo de eletricidade em
comparação à sua produção econômica. A cidade consome apenas 279 megajoules de energia
elétrica por US$ 1.000 de PIB, bem abaixo da
média de 761 megajoules das 17 cidades estudadas. A pontuação da Cidade do México
melhora devido às suas políticas de energia
limpa e um plano de ação para mudanças climáticas (ver “Iniciativas Verdes“ a seguir). De acordo com este plano de ação, cerca de 90% das
suas emissões de CO2 resultam da produção,
transformação, transporte e uso de energia. A
cidade faz esforços para consumir energia de
forma mais eficiente e procedeu a uma revisão
ambiental abrangente de suas emissões. Por
outro lado, as emissões de CO2 são bastante ele-
vadas. Mais de 80% da eletricidade da cidade
vem do petróleo, carvão e gás natural. A Cidade
do México produz cerca de 15% de sua eletricidade de fontes renováveis de energia, porém,
devido à falta de dados locais, esse percentual é
estimado com base em dados nacionais. A cidade emite uma quantidade estimada de 318 kg
de CO2 por pessoa, provenientes do consumo de
eletricidade, bem acima da média de 202 kg, do
Índice.
Iniciativas verdes: Desde a implementação do
“Plano Verde“ em 2007 (veja“Iniciativas Verdes“
a seguir, no tópico “Governança”), a Cidade do
México possui cerca de 13.600 hectares conservados de áreas ambientalmente sensíveis. A
cidade prepara-se também para implantar uma
força de vigilância ambiental, que terá competência técnica para proteger áreas de conservação e limitar o impacto dos assentamentos
informais. O Plano Verde inclui ainda um programa de reflorestamento que visa ao plantio
de 2.500 plantas por ano. Além disso, o plano
nacional “Luz Sustentável“ pretende substituir,
Desempenho
até 2012, mais de 45 milhões de lâmpadas incandescentes, em 11 milhões de lares mexicanos, por lâmpadas que poupam energia. A iniciativa economizará cerca de 2,8 milhões de
toneladas de emissões de gases do efeito estufa
por ano.
Transporte: A Cidade do México está acima
da média na categoria de transporte. A rede de
transportes públicos da cidade possui um sistema de metrô, trilhos pesados e leves, trólebus e
um extenso sistema de ônibus. A cidade tem a
mais longa rede de transporte público superior
do Índice (definida como o transporte que movimenta um grande número de passageiros rapidamente em faixas exclusivas, como metrô, via
rápida para ônibus e bondes), de 0,33 km por
km2, em comparação com a média de 0,1 km por
km2 das 17 cidades estudadas. A rede global de
transportes públicos totaliza 5,6 km por km2 da
área da cidade, acima da média de 5 km das
17 cidades do Índice, com cerca de 4,4 milhões
de usuários por dia. No entanto, os carros continuam a ser uma das principais formas de transporte na Cidade do México, que tem a maior
frota de automóveis e motocicletas do Índice, de
0,4 veículo por pessoa, em comparação à média
de 0,3. Em termos de políticas de transporte,
embora a Cidade do México tenha uma política
geral de transporte urbano de massa e esteja
fazendo investimentos em transportes verdes, a
cidade necessita de um sistema integrado de
preços para o transporte público. Já foram implementos “dias sem carro“, um sistema park and
ride (estacionamento e transporte público integrado) e um sistema de semáforos inteligentes
para reduzir o congestionamento e melhorar o
fluxo de tráfego, mas carece de taxas de congestionamento e pistas para carros andando com
mais de um passageiro (carpooling).
Cidade do México
Bem abaixo
da média
Outras cidades
Abaixo da
média
Média
Acima da
média
Bem acima
da média
Energia e CO2
Uso do solo e prédios
Iniciativas verdes: Em 2008, a cidade aprovou
o seu plano de ação para mudanças climáticas,
com o objetivo de reduzir as emissões de CO2 em
12% até 2012 (equivalente a sete milhões de
toneladas) e lançar as bases para novas reduções em longo prazo. O plano é abrangente em
suas ambições e tem como objetivo alterar hábitos de consumo, atrair investimentos e financiamentos para projetos de diminuição dos gases
de efeito estufa, promover a inovação tecnológi-
Transporte
Resíduos
Água
Saneamento básico
Qualidade do ar
Governança ambiental
Resultado geral
A ordem dos pontos nas faixas de performance não tem significado para os resultados das cidades.
48
49
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Cidade do México
Iniciativas verdes: A cidade tem sido proativa
reformulando seu sistema de transportes e tem
uma ampla gama de iniciativas em andamento.
Em 2005, foi inaugurado o primeiro sistema de
trânsito rápido de ônibus (BRT), com um corredor exclusivo de ônibus na Avenida Insurgentes,
a principal ligação norte-sul da cidade. Em 2007,
entrou em funcionamento a segunda linha de
BRT, no corredor leste-oeste, e uma terceira
linha está em construção. Com o plano de transportes públicos integrados da Cidade do México
para o período 2007-2012 e o plano de ação
para mudanças climáticas, a cidade implementou várias outras iniciativas para expandir a rede
de transportes públicos e promover alternativas
aos carros. Atualmente está sendo construída a
12ª linha de metrô. No início de 2010, a Cidade
do México introduziu um regime público de aluguel de bicicletas, conhecido como “Ecobici“,
que fornece cerca de 1.200 bicicletas em 86
estações. Além disso, a cidade possui um sistema de transporte escolar obrigatório para crianças, o que reduz o número de viagens por parte
dos pais em carros particulares.
Resíduos: A Cidade do México encontra-se
na média na categoria de resíduos. De acordo
com fontes oficiais, o governo municipal coleta
e dispõe adequadamente todos os seus resíduos. No entanto, a sua pontuação nesta categoria é prejudicada pela quantidade de lixo que
a cidade produz: 489 kg por pessoa por ano, que
está acima da média de 465 kg do Índice. De
acordo com a Agenda Ambiental de 2007 a
2012, 60% dos resíduos da Cidade do México
são lixo inorgânico, pouco menos da metade,
proveniente do setor residencial. Todos os resíduos são dispostos no aterro Bordo Poniente,
que, em pouco tempo, atingirá sua capacidade
máxima, apresentando um desafio para a cidade nos próximos anos. O desempenho da cidade
na categoria de resíduos sofre o peso das políticas de coleta e eliminação. O cumprimento das
normas de resíduos industriais é insuficiente,
pois apenas cerca da metade das indústrias
segue as normas existentes. O monitoramento
inconstante da disposição ilegal de lixo, inclusive em locais públicos, também é uma questão
crítica. Apesar dos milhares de catadores de lixo
que prestam um serviço importante na seleção
dos resíduos, essas atividades não são regulamentadas de forma abrangente.
Iniciativas verdes: A cidade introduziu incentivos financeiros às empresas que utilizam materiais biodegradáveis em suas embalagens. Em
meados de 2010, a cidade aprovou a proibição
do uso de sacolas plásticas fornecidas pelas
lojas. A medida entrará em vigor em 2011,
quando as empresas de serviços e varejo deve-
de governança ambiental, uma das duas únicas
cidades que se encontram nesta posição na categoria. Níveis preocupantes de poluição do ar no
início de 1990 levaram as questões ambientais
para o topo da agenda pública e, ao longo das
últimas duas décadas, a cidade tem feito progressos significativos para melhorar seu desempenho. Sua posição é sustentada pela abordagem proativa da Secretaria do Meio Ambiente
para a gestão ambiental. O programa de monitoramento da cidade é o melhor do Índice, juntamente com a cidade do Rio de Janeiro. A Cidade
do México tem a capacidade de aplicar sua própria legislação ambiental. A participação popular
em projetos ambientais também é elevada.
rão ter opções biodegradáveis em substituição
às sacolas plásticas. As lojas que não cumprirem
a norma sofrerão multas pesadas.
Água: A Cidade do México está na média na
categoria de água. A cidade consome um número estimado de 178 litros de água por pessoa por
dia, bem abaixo da média de 264 litros das 17
cidades estudadas. No entanto, há um alto índice de perdas de água, com 37% contra a média
de 35%. A empresa de distribuição de água do
Distrito Federal estabeleceu normas para os
principais poluentes da água potável e também
impõe padrões de poluição para a água utilizada
nas indústrias. No entanto, a Cidade do México
tem algumas das políticas menos ambiciosas de
sustentabilidade da água do Índice. Cerca de
63% do abastecimento de água vem de fontes
locais, incluindo o Vale do México e os aquíferos
de Lerma. As fontes externas das bacias de Balsas e Cutzamala, fornecem os 37% restantes.
Mas o abastecimento de água está sob uma tremenda pressão na Cidade do México, devido à
superexploração e contaminação das fontes
locais. Embora a cidade tenha uma política de
uso eficiente da água e promova a conservação,
carece de muitas medidas para uso dos recursos
hídricos de forma mais eficaz, como medidores
de água ou coleta de águas pluviais.
Iniciativas verdes: Para reduzir o consumo de
água, a cidade aumentou as tarifas, embora o
fornecimento seja fortemente subsidiado, algo
entre 65% e 95%, dependendo do bairro. A cidade também tem um programa para substituir
10.000 km de tubulações de água por ano, em
um esforço para reduzir os vazamentos do sistema. O governo do Distrito Federal deu um exemplo para a cidade, anunciando uma meta de
redução do consumo de água em 20%.
Saneamento Básico: A Cidade do México
está abaixo da média na categoria de saneamento. De acordo com fontes oficiais, estima-se que
99% dos moradores tenham acesso a sanea-
mento, mas a cidade só trata 13% de seu esgoto.
Este valor é consideravelmente inferior à média
de 52% de esgoto tratado nas 17 cidades estudadas, embora a cidade esteja tomando medidas para melhorar seu desempenho no tratamento de águas residuais (veja “Iniciativas
Verdes“ a seguir). Devido à falta crônica de investimento, a infraestrutura de saneamento
está desatualizada e danificada. Embora as normas de tratamento de águas residuais sejam
boas e haja monitoramento, o plano da cidade
para promover serviços de saneamento básico
ambientalmente sustentável continua inconstante.
Iniciativas verdes: O programa de ar limpo da
cidade, “PROAIRE“, tem 89 medidas para melhorar a qualidade do ar, incluindo controle bienal
de veículos, limites rigorosos para as emissões e
regulamentação para remover os veículos mais
poluentes das estradas. Entre 2007 e 2009, mais
de 35.000 táxis – de uma frota total de mais de
110.000 – foram substituídos por outros menos
poluentes e 20.000 foram retirados de circulação. A Cidade do México está substituindo também a frota de micro-ônibus da cidade por veículos menos poluentes e mais eficientes. Desde
2009, foram retirados das ruas da cidade 839
ônibus mais velhos e substituídos por outros
movidos a diesel de combustão limpa e teor de
enxofre ultrabaixo. A prefeitura diz que esta
medida reduzirá as emissões de CO2 em 80.000
toneladas por ano. Além disso, a cidade instituiu
auditorias voluntárias para as indústrias poluidoras, o que reduziu as emissões de poluição do
ar em cerca de 3.000 toneladas por ano.
Governança ambiental: A Cidade do
México está bem acima da média na categoria
Iniciativas verdes: Em meados de 2007, as
autoridades da cidade lançaram um “Plano
Verde“, interdepartamental, para 15 anos, que
deve durar até 2021. O plano de US$ 1 bilhão,
apoiado pelo Banco Mundial e as Nações Unidas, contém 26 estratégias e 113 pontos de
ação específicos para melhorar a sustentabilidade da cidade. Na última verificação do progresso
do plano, em meados de 2009, três quartos dos
pontos de ação haviam sido iniciados e 7% estavam concluídos.
Indicadores Quantitativos: Cidade do México
Iniciativas verdes: Em 2009, o governo terminou de construir duas novas estações de tratamento de águas residuais em San Pedro Atocpan
e no Lago Texcoco, e uma terceira usina está em
construção. A cidade implantou o monitoramento “in loco” para assegurar que as empresas
cumpram as normas existentes.
Qualidade do ar: A Cidade do México posiciona-se bem abaixo da média na categoria de
qualidade do ar, apesar de ter feito melhorias
significativas nos últimos anos. A cidade já não
está no topo da lista das cidades mais poluídas
do mundo, como no início dos anos 1990. Este é
o resultado de duas décadas de novas medidas
para combater a poluição do ar, como o investimento em equipamentos de monitoramento de
alta tecnologia, formação de peritos e o trabalho
em um plano consensual de longo prazo com
todos os níveis de governo e moradores da cidade. No entanto, a pontuação da cidade cai devido a níveis ainda mais elevados do que a média
dos três poluentes avaliados no Índice – dióxido
de enxofre, dióxido de nitrogênio e partículas
em suspensão. A geografia da Cidade do México
também é um obstáculo, uma vez que a cidade é
cercada por um anel de altos picos e vulcões,
que bloqueiam os ventos que poderiam dispersar os poluentes naturalmente.
Média
Cid. México
Ano*
Fonte
Emissões de CO2 do consumo de eletricidade
por pessoa (kg/pessoa)
202.2
318.3 1,e
2008
Estimativa da EIU; Instituto Nacional de Estatística e Geografia;
Agência Internacional de Energia; Conselho Nacional da População;
Grupo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
Consumo de eletricidade por PIB em US$
(megajoules por US$ 1.000 de PIB)
760.7
279.1 2
2008
Instituto Nacional de Estatística e Geografia; EIU.
Densidade populacional (pessoas/km2)
4,503.0
5,954.2 2
2009
Conselho Nacional da População
(m2/pessoa)
254.6
28.4 2
2009
Secretaria do Meio Ambiente do México D.F.
5.0
5.6 2
2009
Departamento de Transporte, México D.F.; Conselho Nacional da População
Redes superiores de transporte público (km/km2)
0.13
0.33 2
2010
Transparência D.F., Serviços de Transportes Elétricos S.A., NMetro D.F.
Estoque de carros e motocicletas (veículos/pessoa)
0.30
0.40 2
2008
INEGI.
Parcela dos resíduos coletados e adequadamente descartados (%)
96.2
100.0 2
2010
Programa de Gestão Integral dos Resíduos Sólidos para o Distrito Federal 2010.
Resíduos gerados por pessoa (kg/pessoa/ano)
465.0
489.0 2
2010
Programa de Gestão Integral dos Resíduos Sólidos para o Distrito Federal 2010.
Consumo de água por pessoa (litros por pessoa por dia)
264.3
178.0 2, e
2010
Sistema de Águas da Cidade do México (Dados elaborados pela direção
técnica).
Vazamentos no sistema de abastecimento de água (%)
34.6
37.0 2
2010
Sistema de Águas da Cidade do México (Dados elaborados pela direção
técnica).
Parcela da população com acesso à água potável (%)
97.5
98.0 2
2010
Sistema de Águas da Cidade do México (Dados elaborados pela direção
técnica).
Saneamento
básico
População com acesso a saneamento básico (%)
93.7
98.9 3, e
2007
Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Naturais.
Parcela das águas residuais tratadas (%)
51.5
12.9 2
2008
Comissão Nacional da Água.
Qualidade
do ar
Níveis diários de dióxido de nitrogênio (ug/m3)
37.8
60.0 2
2009
Secretaria do Meio Ambiente (Dados elaborados pela direção geral da Gestão
da Qualidade do Ar).
Níveis diários de dióxido de enxofre (ug/m3)
11.4
13.0 2
2009
Secretaria do Meio Ambiente (Dados elaborados pela direção geral da Gestão
da Qualidade do Ar).
Níveis diários de partículas em suspensão (ug/m3)
48.0
51.0 2
2009
Secretaria do Meio Ambiente (Dados elaborados pela direção geral da Gestão
da Qualidade do Ar).
Energia e CO2
Uso do solo
e prédios
Transporte
Resíduos
Água
Espaços verdes por pessoa
Comprimento da rede de transporte de massa (km/km2)
* Para dados de diferentes anos, será considerado apenas o ano do indicador principal. e) Estimativa da EIU. 1) Baseado na Cidade do México D.F., com base na composição energética nacional. 2) Baseado na Cidade do México D.F. 3) Baseado na Cidade do México D.F.
Proporção da população com acesso à rede de esgoto.
50
51
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Curitiba_Brasil
publicado os resultados. No entanto, isso tem
grandes probabilidades de mudar (“Iniciativas
Verdes” a seguir).
Curitiba_Brasil
uritiba é a capital do Estado do Paraná,
situada na produtiva Região Sul do Brasil.
Embora 3,5 milhões de pessoas vivam na área
metropolitana, somente 1,9 milhão está dentro
dos limites da cidade de Curitiba. Trata-se, portanto, da segunda menor cidade no Índice de
Cidades Verdes da América Latina. Todos os
dados incluídos no Índice são baseados na cidade propriamente dita. Sua economia, a quarta
maior do Brasil, depende, em grande parte, do
comércio e serviços, mas a indústria constitui
aproximadamente um terço de seu PIB. A cidade
é, por exemplo, a segunda maior fabricante de
automóveis do País e a sede de muitas empresas
nacionais e internacionais muito conhecidas.
Curitiba apresenta o oitavo PIB mais elevado por
C
Indicadores Gerais
População total (milhões)
1,9
Área administrativa (km2)
430,9
PIB por pessoa (preços correntes) (US$)
10.796,6
Densidade populacional (pessoas/km2)
4.296,2
Temperatura (média das 24 horas, anual) (oC)
Baseado na cidade de Curitiba
17,0
pessoa no Índice, US$ 10.800. Além disso, a
cidade é, de modo geral, considerada a mais
bem planejada entre as grandes cidades brasileiras e obteve reconhecimento internacional devido aos seus esforços na área do desenvolvimento sustentável.
Curitiba continua a justificar a sua reputação
em função do planejamento urbano sustentável, com um desempenho excepcional no Índice. Trata-se da única cidade que obteve uma
pontuação geral bem superior à média. Isso a
torna a cidade mais verde do Índice. Curitiba tem
um desempenho especialmente bom na área de
resíduos e qualidade do ar e é a única cidade a
obter resultados bem acima da média nessas
categorias. A sua pontuação é reforçada pelas
políticas progressistas tanto na área de gerenciamento de resíduos quanto do ar limpo. Na maioria das demais categorias, Curitiba fica entre as
cidades com o melhor desempenho, com uma
pontuação acima da média. A sua pior nota está
na área de uso do solo e prédios na qual ela fica
na média. O impressionante desempenho de
Curitiba se deve, em grande parte, às suas políticas bem desenvolvidas. A cidade está entre as
que apresentam o melhor desempenho em fun-
Iniciativas verdes: Desde 2009, a agência de
proteção ambiental da cidade vem conduzindo
um estudo contínuo da taxa de absorção de CO2
nos espaços verdes de Curitiba. Ela vem também
avaliando o total das emissões de CO2 na cidade.
Os administradores de Curitiba afirmam que os
resultados os ajudarão a formular os planos para
neutralizar as emissões. A cidade também está
substituindo todas as luzes incandescentes por
lâmpadas fluorescentes, que são mais eficientes
em termos de energia. Recentemente, anunciou
planos de substituir todo o óleo diesel usado no
ção de suas políticas em quase todas as categorias, com poucas e notáveis exceções. Curitiba
continua na extremidade superior do Índice
quando comparada com cidades de rendas e
populações similares.
transporte público por biocombustíveis, menos
prejudiciais ao meio ambiente e que apresentam baixas emissões. No entanto, o prazo para
isso não foi definido claramente.
Uso do solo e prédios: Curitiba está denEnergia e CO2: Curitiba fica na média em
energia e CO2. Embora a cidade emita muito
menos CO2 em função da eletricidade do que a
média do Índice. As emissões são estimadas em
70 kg de CO2 por pessoa em comparação com a
média das 17 cidades, que é de 292 kg. A cidade
consome 743 megajoules de eletricidade por
US$ 1.000 de PIB, ligeiramente abaixo da média
de 761 megajoules. Curitiba tem um bom histórico na tentativa de reduzir a perda de energia na
transmissão e consumir energia de maneira
mais eficiente, e faz pelo menos um esforço parcial, para converter os subprodutos dos resíduos
em energia. E embora a cidade tenha uma boa
pontuação referente à sua estratégia energética
e investimentos em energia renovável – a cidade
produz 84% de sua eletricidade em usinas hidrelétricas – suas notas são penalizadas devido ao
fato de ela não ter monitorado as emissões de
gases causadores do efeito estufa e não ter
tro da média em termos de uso do solo e prédios. Trata-se da sua mais baixa pontuação do
Índice. Como se trata de uma cidade com
pequena população e uma das menores áreas
administrativas do Índice, Curitiba tem uma
densidade populacional de 4.300 pessoas por
km², o que fica no meio da escala para o Índice e
um pouco abaixo da média das 17 cidades, que
é de 4.500 habitantes. A cidade poderia melhorar o seu desempenho nessa categoria, aumentando os seus espaços verdes. Com 52 m² por
pessoa, fica bem no meio da escala no Índice.
No entanto, apresenta as melhores pontuações
por proteger os espaços verdes que possui e pelo
seu plano abrangente de contenção da expansão urbana. A cidade apresenta um desempenho mediano no que se refere às políticas de
construção de prédios ecológicos, pois não adotou normas ecologicamente eficientes aplicáveis a edificações, nem oferece incentivos para
que as empresas e as residências diminuam os
seus gastos de energia.
Iniciativas verdes: Curitiba está participando
do programa “Minha Casa, Minha Vida” do
governo federal, para proporcionar unidades
habitacionais de baixo custo para as pessoas que
vivem em comunidades informais. A administração municipal diz que pretende transferir para
residências permanentes cerca de 18.000 famílias que vivem em comunidades informais ao
longo das margens dos rios de Curitiba, até o fim
de 2012. Este projeto tem como objetivo elevar
os padrões de vida e proteger as áreas ecológicas mais vulneráveis da cidade. Em 2007, Curitiba iniciou um programa para incentivar os pro-
prietários de terras a estabelecer parques públicos nos seus terrenos particulares. Os proprietários que estabelecem parques estão isentos de
impostos territoriais urbanos nos níveis local e
federal. A cidade afirma que o programa está
ajudando a preservar as áreas verdes e a limitar a
expansão urbana.
Desempenho
Curitiba
Bem abaixo
da média
Transporte: Curitiba está acima da média no
que se refere ao transporte. No decorrer das últimas três décadas, baseou o seu sistema de
transporte coletivo em “eixos” que são corredores exclusivos onde somente os ônibus circulam,
também conhecidos como trânsito rápido de
ônibus (BRT). A cidade possui seis eixos que
transportam 710.000 passageiros regulares
todos os dias. O sistema de trânsito é integrado.
Os passageiros podem pagar uma passagem e
se transferir de uma linha de ônibus para outra.
O investimento de Curitiba em ônibus ajudou a
cidade a obter a segunda mais extensa rede de
transporte coletivo do Índice, estimada em 8,5
km por m², bem acima da média das 17 cidades,
de 5 km por m². Ao mesmo tempo, a cidade tem
uma boa pontuação referente à sua política de
transporte coletivo. Curitiba está tomando
medidas para reduzir as emissões provenientes
do transporte coletivo urbano, mediante a substituição de ônibus a diesel por ônibus que utilizam biocombustíveis (veja “Iniciativas Verdes“ a
seguir). Apesar do seu bem desenvolvido sistema de transporte coletivo, Curitiba tem uma
baixa pontuação em função da sua frota de carros e motocicletas. A cidade possui 0,5 veículo
por pessoa, a segunda mais elevada taxa no Índice e bem acima da média de 0,3 carro por pessoa. No entanto, a cidade está agindo de forma
proativa ao enfrentar os seus problemas de trânsito, obtendo a mais alta pontuação pelas suas
políticas de diminuição de congestionamentos.
Curitiba usa uma combinação de sequenciamento de sinais de trânsito, sistemas de informação de trânsito, horários exclusivos para
entregas e pontos de acesso em toda a cidade
para reduzir os congestionamentos.
Iniciativas verdes: Em 2007, Curitiba começou a reabilitar a Linha Verde, um trecho de
rodovia federal que liga a zona leste à zona oeste
Outras cidades
Abaixo da
média
Média
Acima da
média
Bem acima
da média
Energia e CO2
Uso do solo e prédios
Transporte
Resíduos
Água
Saneamento básico
Qualidade do ar
Governança ambiental
Resultado geral
A ordem dos pontos nas faixas de performance não tem significado para os resultados das cidades.
52
53
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Curitiba_Brasil
da cidade. A Linha Verde agora possui quatro
pistas exclusivas de ônibus e três pistas para veículos particulares em cada direção. O objetivo é
diminuir o tempo que as pessoas levam para
percorrer os seus trajetos diários, unir partes
opostas da cidade e os bairros entre elas, e
incentivar a população a usar os transportes
coletivos, diminuindo o tempo de percurso das
viagens de ônibus. Além disso, seis dos 12 ônibus que circulam pela linha operam consumindo um biocombustível derivado da soja. Os
administradores municipais estão observando
cuidadosamente a performance desses veículos
e, mais cedo ou mais tarde, desejam que todos
os ônibus da cidade utilizem biocombustíveis. A
cidade também está estabelecendo uma parceria público-privada para construir o primeiro
metrô da cidade. O projeto, que custará US$ 1,2
bilhões, está previsto para iniciar suas operações
em 2014, embora o cumprimento dessa meta
seja pouco provável, levando-se em consideração o fato de que a construção ainda não teve
início. A Secretaria de Transportes diz que aproximadamente 500.000 passageiros regulares
viajarão entre as 22 estações de metrô previstas,
todos os dias.
Resíduos: Curitiba é a única cidade no Índice
que atingiu uma classificação bem acima da
média na categoria de resíduos. Em 1988, ela se
tornou a primeira das seis cidades brasileiras do
Índice a fechar o seu antigo depósito de lixo a
céu aberto e direcionar todo resíduo a um aterro
sanitário administrado. Agora, Curitiba é uma
das oito cidades no Índice que coletam e dão o
destino final adequado a 100% dos seus resíduos municipais. A sua pontuação foi também
reforçada por políticas progressistas a respeito
de coleta e destino final, bem como reciclagem
e reutilização de resíduos. A cidade determina o
cumprimento de rigorosas normas ambientais,
no que se refere ao seu único aterro sanitário.
Também tem um programa para a coleta seletiva e o tratamento de resíduos perigosos, como o
entulho proveniente de construção e demolição. Possui, ainda, o programa de reciclagem
mais avançado do Brasil (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir). Por outro lado, a cidade gera 473
kg de resíduos por pessoa por ano. Trata-se de
uma quantidade ligeiramente superior à média
das 17 cidades, que é de 465 kg. A redução da
quantidade de resíduos gerados melhoraria
ainda mais o seu desempenho, que já é muito
bom nessa categoria.
Iniciativas verdes: Em 1989, Curitiba lançou o
seu famoso programa de reciclagem. Os habitantes separam os materiais recicláveis, incluindo vidro, papel e velhos aparelhos eletrônicos,
que a cidade recolhe das casas três vezes por
semana. Para assegurar o destino final apropriado dos resíduos gerados em 41 comunidades
informais, que possuem ruas densas e tortuosas, de difícil acesso para as empresas de coleta
de lixo, a cidade introduziu a sua iniciativa “Compra do Lixo”. A cidade estabeleceu pontos centrais de coleta nos quais os habitantes recebem
cestas básicas em troca de cada 8 kg a 10 kg de
resíduos que entregarem. Além disso, a cidade
paga às sociedades dos amigos dos bairros 10%
do valor de cada cesta básica por trabalhos ou
serviços comunitários. As autoridades de Curitiba estimam que 6.800 toneladas de lixo sejam
recolhidas por meio dessa iniciativa a cada ano.
Água: Curitiba está acima da média na categoria de água. O consumo de água da cidade é um
dos mais baixos do Índice, somente perdendo
para Bogotá. A cidade consome 150 litros de
água por pessoa por dia. Essa taxa está bem abaixo da média das 17 cidades, que é 264 litros. O
baixo nível de consumo de água se deve, em
grande parte, a muitos anos de campanhas bemsucedidas de conscientização para estimular a
conservação de água. Além disso, Curitiba está
na liderança, no Índice, no que se refere ao vigor
da sua política de sustentabilidade de recursos
hídricos, que faz parte de um plano municipal. A
pontuação máxima atribuída à política se deve à
presença de várias medidas visando à eficiência,
incluindo hidrômetros, canos separados para
água não potável, proibição de uso de mangueiras e tubos similares e coleta de águas pluviais. A
cidade teve a sua pontuação penalizada por ter
monitorado apenas parcialmente a qualidade da
água de superfície e por ter imposto, somente
em parte, limites quanto aos níveis de poluentes
na água potável de superfície. No entanto, esse
resultado fica distorcido pelo fato de que a agência de proteção ambiental do Estado monitora a
qualidade da água, em vez de a cidade propriamente dita fazê-lo. Mas isso deve mudar, pois a
cidade possui planos de monitorar a qualidade
da água em 70 pontos em toda a área do município no futuro.
Iniciativas verdes: A concessionária de água
do Estado estendeu os serviços de água – bem
como ligação de esgoto – a todas as 1.790 residências da “Vila Zumbi dos Palmares”, um assentamento informal. O programa assegura a distribuição de água potável e também promove a
qualidade da água de Curitiba como um todo,
principalmente porque o assentamento informal está localizado ao longo das margens do Rio
Palmital, uma das principais fontes de água da
cidade.
Saneamento Básico: Curitiba se encontra
acima da média no que se refere ao saneamento
básico. A cidade trata 98% das suas águas residuais. Trata-se do terceiro melhor desempenho
no Índice, somente perdendo para Brasília e
Monterrey, e muito superior à média das 17
cidades, de 52%. A pontuação de Curitiba é também alavancada devido às rigorosas normas de
tratamento de águas residuais e à monitoração
em intervalos regulares. A cidade promove,
ainda, a conscientização da população a respeito do uso eficiente dos sistemas de saneamento
básico. No entanto, poderia trabalhar para
melhorar o acesso ao saneamento básico.
Somente 93% dos habitantes têm acesso a esses
serviços. Trata-se de uma das taxas mais baixas
do Índice, ligeiramente inferior à média, que
é 94%.
nitora regularmente os poluentes do ar, por
exemplo, e participa de um programa em âmbito estadual, para informar os cidadãos a respeito
dos perigos dos poluentes domésticos. Ela também tem uma norma abrangente de qualidade
do ar, o que a ajuda a ter níveis melhores do que
a média, no que se refere aos poluentes do ar. A
cidade registra uma concentração média diária
de dióxido de nitrogênio de 23 microgramas por
m³, em comparação com a média do Índice, que
é 38 microgramas. Embora essa taxa ainda esteja bem abaixo da média, as emissões de dióxido
de nitrogênio da cidade podem, provavelmente,
ser atribuídas ao fato de que a cidade continua a
depender de veículos automotores – eles são
uma das principais fontes desse poluente. A
cidade também tem bons resultados no que se
refere ao dióxido de enxofre e às emissões de
partículas em suspensão. Ambos estão bem
abaixo dos níveis médios.
Iniciativas verdes: Em 2002, o governo estadual sancionou uma lei que estabelece normas
rigorosas de emissões para as indústrias e determina que sejam conduzidas auditorias de
emissões nas fábricas a cada quatro anos. As
autoridades impõem multas às unidades de
manufatura que não estiverem em conformidade com as normas. Se as fábricas não forem
aprovadas na auditoria em duas ocasiões, o
Estado pode determinar o seu fechamento.
Governança ambiental: Curitiba está
acima da média no que se refere à governança
ambiental. Ela tem um desempenho particularmente bom no que se refere ao gerenciamento
ambiental, devido ao fato de ter uma Secretaria
específica dedicada ao meio ambiente, que
monitora o impacto ambiental da cidade e traça
planos estratégicos a respeito da política
ambiental. Em 2010, a cidade alocou aproximadamente US$ 106 milhões à Secretaria do Meio
Ambiente, ou aproximadamente 5% de seu
orçamento total. Além disso, Curitiba envolve
ativamente a população e as organizações não
governamentais na formulação da política
ambiental. Como resultado, ela consegue as
melhores notas do Índice, no que se refere à participação do público, junto com Santiago. Embora Curitiba tenha conduzido, recentemente,
uma análise de dados ambientais básicos, que
incluiu água, saneamento, resíduos, transportes, comunidades e mudanças climáticas, a análise omitiu a qualidade do ar, o uso do solo e a
energia. Outras cidades no Índice incluíram
todos esses componentes em suas análises.
Iniciativas verdes: Em 1989, Curitiba acrescentou a educação ambiental à grade curricular
de suas escolas públicas. A rede escolar adotou
um método interdisciplinar para ensinar conservação, reciclagem e uma grande variedade de
questões ambientais. A cidade ministra cursos
de treinamento a respeito da educação ambiental para professores e incentiva as escolas a promoverem excursões a parques e florestas.
Indicadores Quantitativos: Curitiba
Ano*
Fonte
2007
Estimativa da EIU; Agência Curitiba; Prefeitura da Cidade de Curitiba; Agência
Internacional de Energia; Grupo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
743.5 2
2007
Agência Curitiba; Prefeitura da Cidade de Curitiba; EIU.
4,503.0 4,296.2 2
2009
Agência Curitiba; Prefeitura da Cidade de Curitiba.
51.5 2
2009
Agência Curitiba; Prefeitura da Cidade de Curitiba.
2009
Prefeitura da Cidade de Curitiba.
Média Curitiba
Energia e CO2
Uso do solo
e prédios
Transporte
Emissões de CO2 do consumo de eletricidade
por pessoa (kg/pessoa)
202.2
Consumo de eletricidade por PIB em US$
(megajoules por US$ 1.000 de PIB)
760.7
Densidade populacional (pessoas/km2)
Espaços verdes por pessoa
(m2/pessoa)
Comprimento da rede de transporte de massa (km/km2)
254.6
5.0
70.4 1, e
8.5 2, e
Redes superiores de transporte público (km/km2)
0.13
0.19 2
2010
URBS Curitiba.
Estoque de carros e motocicletas (veículos/pessoa)
0.30
0.50 2
2010
Denatran.
Parcela dos resíduos coletados e adequadamente descartados (%)
96.2
100.0 2
2007
Agência Curitiba; Prefeitura da Cidade de Curitiba.
Resíduos gerados por pessoa (kg/pessoa/ano)
465.0
473.2 2
2009
Agência Curitiba; Prefeitura da Cidade de Curitiba.
Consumo de água por pessoa (litros por pessoa por dia)
264.3
150.0 2
2010
SANEPAR – Companhia de Saneamento do Paraná.
Vazamentos no sistema de abastecimento de água (%)
34.6
39.2 2
2009
Agência Curitiba; Prefeitura da Cidade de Curitiba.
Parcela da população com acesso à água potável (%)
97.5
100.0 2
2009
Agência Curitiba; Prefeitura da Cidade de Curitiba.
Saneamento
básico
População com acesso a saneamento básico (%)
93.7
92.5 3
2010
SANEPAR – Companhia de Saneamento do Paraná.
Parcela das águas residuais tratadas (%)
51.5
98.3 2
2010
SANEPAR – Companhia de Saneamento do Paraná.
Qualidade
do ar
Níveis diários de dióxido de nitrogênio (ug/m3)
37.8
22.5 2
2007
Secretaria do Estado do Meio Ambiente – Relatório de Qualidade
do Ar Curitiba e RMC.
Qualidade do ar: Curitiba está bem acima
Níveis diários de dióxido de enxofre (ug/m3)
11.4
6.6 2
2007
Secretaria do Estado do Meio Ambiente – Relatório de Qualidade
do Ar Curitiba e RMC.
da média no que se refere à qualidade do ar.
Assim como Santiago, a cidade tem a mais avançada política de ar limpo do Índice. A cidade mo-
Níveis diários de partículas em suspensão (ug/m3)
48.0
25.9 2
2007
Secretaria do Estado do Meio Ambiente. – Relatório de Qualidade
do Ar Curitiba e RMC.
Iniciativas verdes: A principal iniciativa para
melhorar o sistema de saneamento básico de
Curitiba é um programa de US$ 585 milhões, de
âmbito estadual, chamado “De Rio Para Rio”.
Esse plano abrangente envolve melhorias no
saneamento básico, bem como na drenagem e
na qualidade das bacias hidrográficas do Estado.
O programa continuará em andamento até
2018.
Resíduos
Água
* Para dados de diferentes anos, será considerado apenas o ano do indicador principal. e) Estimativa da EIU. 1) Baseado na cidade de Curitiba. Estimado a partir das fontes de energia utilizadas na produção de eletricidade no Brasil. 2) Baseado na cidade de Curitiba.
3) Baseado na cidade de Curitiba. Baseado na proporção da população com acesso à rede de esgoto.
54
55
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Guadalajara_México
Até agora, Guadalajara não tem monitorado os
níveis de gases do efeito estufa com regularidade, nem adotou um plano de ação próprio para
as mudanças climáticas, embora esteja coberta
pelo futuro plano do Estado de Jalisco (“Iniciativas Verdes” abaixo). Guadalajara também tem
uma taxa relativamente baixa de consumo de
eletricidade em comparação com sua produção
econômica, a estimados 632 megajoules por
US$ 1.000 do PIB, abaixo da média do Índice que
é 761 megajoules.
Guadalajara_México
Iniciativas verdes: O Estado de Jalisco está
desenvolvendo um “Programa Estadual de Ação
sobre Mudanças Climáticas”, modelado sobre
outros planos estaduais criados em outros locais
no México. Embora ainda não esteja concluído,
alguns dos detalhes do plano foram divulgados.
Ele exigirá um levantamento das emissões dos
gases estufa no Estado e promoverá reduções
de gases estufa por meio de várias medidas
específicas para prédios, aterros sanitários,
transporte e proteção florestal. Muitas dessas
medidas devem melhorar o desempenho ambiental de Guadalajara. Além disso, a abertura
em 2009 para o primeiro “trânsito rápido de ônibus” (BRT) poderá reduzir as emissões de CO2 da
cidade em 30.000 toneladas ao ano, de acordo
com as autoridades municipais (veja “Iniciativas
Verdes“ a seguir, no tópico "Transporte").
todos os projetos de incorporação sejam submetidos a estudo de impacto ambiental. A classificação de Guadalajara é prejudicada por suas
políticas relacionadas a prédios ecológicos. A
cidade não estabelece normas para a eficiência
ecológica dos novos prédios pelos incorporadores privados e não implanta normas verdes para
os projetos de prédios públicos. Entretanto, seu
desempenho nessa área deverá melhorar graças
ao futuro plano de ação a respeito das mudanças climáticas, que deverá tratar de algumas
dessas questões.
Iniciativas verdes: O Programa Estadual de
Ação sobre Mudanças Climáticas (veja “Iniciativas Verdes“, no tópico “Energia e CO2“) delineará
um “projeto de política estadual para prédios
sustentáveis” que promoverá o uso de LEDs para
iluminação pública, além de painéis solares e
eletrodomésticos eficientes em termos energéticos dentro das residências. Além disso, há um
plano nacional de “Iluminação Sustentável” para
substituir mais de 45 milhões de lâmpadas
incandescentes em 11 milhões de domicílios
mexicanos por lâmpadas que economizam
energia, até 2012. A iniciativa economizará
cerca de 2,8 milhões de toneladas de gases de
efeito estufa por ano. A cidade também está
revendo as políticas prediais verdes existentes
no México, visando a implantar seus próprios
regulamentos com base nas melhores práticas.
Uso do solo e prédios: Guadalajara está
uadalajara, capital do Estado mexicano de
Jalisco, é a segunda cidade mais populosa
do País após a Cidade do México. A área metropolitana, com população de 4,4 milhões, inclui a
municipalidade de Cidade de Guadalajara e sete
outras. Os dados incluídos no Índice de Cidades
Verdes da América Latina são baseados em uma
combinação de números municipais, metropolitanos e estaduais, de acordo com a disponibilidade. A economia local cresceu rapidamente
nos últimos anos, impulsionada pelo crescimento das exportações que se seguiu ao Tratado
Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA) de
1994, com os Estados Unidos e o Canadá. Guadalajara se tornou especialmente um centro do
setor eletrônico, com diversos grandes partici-
G
Indicadores generales
População total (milhões)
4,4
Área administrativa (km2)
2.734,0
PIB por pessoa (preços correntes) (US$) e
9.408,8
Densidade populacional (pessoas/km2)
1.596,6
Temperatura (média das 24 horas, anual) (oC)
20,0
Baseado na área metropolitana de Guadalajara. e) Estimativa da EIU
56
pantes internacionais sediando suas operações
na cidade. O setor manufatureiro, inclusive de
sapatos e têxteis, também contribui de maneira
significativa para a produção econômica da
cidade. Guadalajara apresenta um PIB por pessoa estimado em US$ 9.400, o que a coloca na
faixa média do Índice em termos de renda.
Porém o crescimento econômico trouxe
desafios ambientais e Guadalajara está classificada bem abaixo da média geral no Índice de
Cidades Verdes da América Latina. As avaliações
mais altas da cidade estão nas categorias de uso
do solo e prédios resíduos e qualidade do ar, em
que se situa na média. Guadalajara está abaixo
da média nos itens energia e CO2, transporte e
saneamento básico. Ela ainda pode melhorar
nas áreas de água e governança ambiental,
estando bem abaixo da média, devido a uma
taxa muito elevada de consumo de água e pontos fracos na monitoração ambiental. As classificações de Guadalajara em diversas categorias
são prejudicadas por suas políticas que, em muitos casos, são menos robustas do que as de
outras cidades do Índice. No entanto, a cidade
está muito melhor classificada por seus códigos
relativos à energia limpa, coleta de resíduos e
qualidade do ar.
Energia e CO2: Guadalajara está classificada abaixo da média em energia e CO2. Seu
desempenho é influenciado pelas emissões relativamente elevadas de CO2 do consumo de eletricidade e políticas relativamente fracas para
tratar das mudanças climáticas. A cidade, com
seu significativo setor manufatureiro, emite estimados 333 kg de CO2 per capita no consumo de
eletricidade, bem acima da média do Índice, de
202 kg. Esta elevada taxa de emissão de CO2 é
em parte o resultado da baixa parcela de renováveis na produção de eletricidade. Cerca de 15%
da eletricidade de Guadalajara vem de fontes
renováveis (principalmente de hidrelétricas).
Apesar da falta de dados locais, esse percentual
é estimado com base nos números nacionais.
na média em uso do solo e prédios. A área
metropolitana tem o quarto volume mais elevado de espaços verdes entre as 17 cidades do
Índice, com 423 m² por pessoa. No entanto,
Guadalajara tem classificação mais baixa por
suas políticas para manter os espaços verdes em
relação a outras cidades no Índice, embora
tenha melhor atuação na proteção das áreas
ambientalmente sensíveis. A cidade requer que
Desempenho
Transporte: Guadalajara situa-se abaixo da
média em transporte. A rede de transporte de
massa da área metropolitana, que consiste em
um metrô com duas linhas, uma linha de ônibus
elétrico e uma grande frota de ônibus, é mais
curta do que a média das 17 cidades, com 2,3
km por km², em comparação com a média de 5
km. Enquanto o sistema sofreu no passado com
os baixos investimentos e falta de planejamento
Guadalajara
Bem abaixo
da média
Outras cidades
Abaixo da
média
Média
Acima da
média
Bem acima
da média
Energia e CO2
Uso do solo e prédios
Transporte
Resíduos
Água
Saneamento básico
Qualidade do ar
Governança ambiental
Resultado geral
A ordem dos pontos nas faixas de performance não tem significado para os resultados das cidades.
57
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Guadalajara_México
níveis de poluentes. Guadalajara se beneficia de
ter políticas relativamente robustas para o ar
limpo. Ela tem um código de qualidade do ar e
monitora regularmente os poluentes em diferentes locais ao redor da cidade e está participando do programa PROAIRE do País inteiro para
melhorar a capacidade de monitoração. Além
disso, ela recebe boas notas em medidas para
informar os cidadãos sobre os perigos da poluição do ar.
Governança ambiental: Guadalajara se
coordenado, Guadalajara recentemente tomou
medidas visíveis para melhorar de maneira significativa o sistema de transportes. Em 2009, a
cidade inaugurou sua primeira linha BRT (veja
“Iniciativas Verdes“ a seguir), seguindo o modelo de diversas outras cidades do Índice. Sua rede
de transporte público superior (definida no Índice como transporte que movimenta grande
número de passageiros rapidamente em faixas
dedicadas, tais como um metrô, trânsito rápido
de ônibus ou bondes) é a segunda mais longa no
Índice, com 0,26 km por km², acima da média
das 17 cidades de 0,1 km por km². Por outro
lado, falta à cidade um sistema integrado de precificação para o transporte público, embora as
autoridades digam que o introduzirão no futuro,
juntamente com sistemas de estacionar e usar o
transporte público. Mas algumas políticas do
governo local inadvertidamente serviram para
aumentar o tráfego de automóveis em vez de
reduzi-lo. Os cortes nos impostos para os proprietários de automóveis contribuíram para uma
queda de 23% no uso do transporte público na
última década, enquanto a oferta de transporte
público aumentou 14%, de acordo com as estatísticas do Estado. Atualmente, a municipalidade de Guadalajara tem 0,37 veículo para cada
habitante, pouco mais do que a média do Índice
de 0,3.
Iniciativas verdes: A cidade inaugurou um sistema BRT de US$ 48 milhões em março de 2009,
com rotas em um total de 16 km. Outros 56 km
seriam acrescentados durante 2010. Supervisionado pelo governo do Estado, mas operado por
uma empresa privada, o sistema das faixas
exclusivas para os ônibus de alta velocidade é
semelhante a muitas outras que estão sendo
abertas na América Latina. A cidade também
planeja acrescentar uma terceira linha a seu sistema de metrô. Além disso, em 2008, Guadalajara começou um programa de empréstimo gratuito de bicicletas, “Pedalando em Guadalajara”.
Há agora 200 estações para bicicletas ao redor
da cidade com capacidade para até 74.000
usuários por dia. Guadalajara também lançou o
programa de compartilhamento voluntário e
carona nos carros para os funcionários do setor
público em 2008, denominado “Compartilhe o
seu carro”. A cidade também está planejando
implantar cobrança de congestionamento e
“dias sem carro”, para reduzir o número de veículos privados nas vias da cidade.
Resíduos: Guadalajara está na média na
categoria de resíduos. A cidade se classifica bem
na coleta e no adequado descarte de 100% de
seus resíduos, com base nas cifras oficiais para o
Estado. A área metropolitana de Guadalajara
gera pouco mais do que a média de resíduos, de
473 kg por pessoa por ano versus 465 kg. A cidade faz cumprir normas ambientais sobre aterros
sanitários e locais de incineração e tem regras
para incentivar os moradores a descartar os resíduos de maneira adequada. No entanto, os
resultados para suas políticas de reciclagem são
controversos. Por um lado, Guadalajara tem um
programa de coleta e recicla todos os cinco
materiais incluídos no Índice – resíduos orgânicos, resíduos elétricos, vidro, plásticos e papel.
Por outro lado, falta-lhe uma estratégia integrada destinada a reduzir, reciclar e reutilizar tais
resíduos.
Iniciativas verdes: As autoridades locais planejam aumentar a quantidade de resíduos orgânicos e não orgânicos separados de 40% para 50%.
No entanto, não foram divulgados cronograma
ou detalhes de como irão alcançar essa meta. A
cidade também está dando mais ênfase na conversão dos resíduos municipais em energia,
embora os principais detalhes quanto aos investimentos necessários – e o estabelecimento das
metas específicas – permaneçam obscuros.
Água: Guadalajara está classificada bem abaixo da média na categoria de água. O consumo
médio diário da cidade está estimado em 651
litros por pessoa por dia, sendo o segundo mais
alto no Índice e bem acima da média das 17
cidades, de 264 litros. Essa estimativa é baseada
na municipalidade de Guadalajara ao invés da
área metropolitana, devido à falta de dados.
Guadalajara também está abaixo da média pela
proporção relativamente baixa de sua população com acesso à água potável, em 89% em
comparação à média de 98%. A cidade perde
37% de sua água por meio de vazamentos no
sistema, pouco mais do que os 35% da média do
Índice. Entretanto, a cidade se classifica melhor
por suas políticas de sustentabilidade, graças a
um código destinado a reduzir o consumo de
água e programas para promover a conscientização pública sobre consumo eficiente da água.
A cidade também usa hidrômetro tarifado para
melhorar a eficiência. Possui também um código que verifica a qualidade da água da superfície, podendo melhorar seu desempenho fazendo cumprir normas mais severas contra a poluição pela indústria local.
Iniciativas verdes: Para responder aos relatórios de vazamento de água, bem como às perguntas dos clientes em geral, o Sistema Intermunicipal de Água e Esgoto (SIAPA), que gerencia o
fornecimento de água, tem um serviço online
aos clientes e 11 escritórios espalhados em toda
a área metropolitana. O departamento também
promove práticas sustentáveis para uso da água
doméstica, tais como manutenção de banheiros
e informação aos cidadãos sobre como conservar a água ao fazer as atividades diárias como
lavar pratos, tomar banho de chuveiro, lavar o
carro e cozinhar.
cifras do Estado devido à falta de dados locais. A
cidade também poderia aumentar sua classificação fortalecendo as políticas de saneamento
básico. Guadalajara não tem um código de promoção de sistemas sustentáveis de saneamento
básico em termos de meio ambiente. Além
disso, ela não monitora regularmente os locais
das instalações de tratamento, tais como fossas
sépticas. Por outro lado, a cidade tem os padrões
mínimos para tratamento das águas residuais e
monitora com regularidade o seu tratamento.
Iniciativas verdes: Os planos estão em andamento para a construção de duas novas estações de tratamento de água, El Ahogado e Agua
Prieta, que deverão aumentar substancialmente
seus índices. A estação El Ahogado, de US$ 80
milhões, já está em construção e ainda necessita
pouco mais de US$ 90 milhões para ser concluída, mas ainda aguarda aprovação do congresso
estadual.
Qualidade do ar: Guadalajara está classificada na média em qualidade do ar. As emissões
da cidade estão próximas às médias dos poluentes do ar medidos pelo Índice – dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio e partículas em suspensão. Como muitas cidades na América Latina, Guadalajara tem um abundante número de
carros, que são os principais responsáveis pelos
Indicadores Quantitativos: Guadalajara
Ano*
Fonte
Emissões de CO2 do consumo de eletricidade
por pessoa (kg/pessoa)
202.2
332.9 1, e
2008
Estimativa da EIU; Instituto Nacional de Estatística e Geografia;
Agência Internacional de Energia; Conselho Nacional de População;
Grupo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
Consumo de eletricidade por PIB em US$
(megajoules por mil US$ 1.000 de PIB)
760.7
631.6 2, e
2008
Estimativa da EIU; Instituto Nacional de Estatística e Geografia;
Conselho Nacional de População; EIU.
Média
Energia e CO2
Uso do solo
e prédios
Transporte
Resíduos
Guadalajara
Densidade populacional (pessoas/km2)
4,503.0
1,596.6 3
2009
Conselho Nacional de População
(m2/pessoa)
254.6
423.3 3
2005
Instituto Nacional de Estatística e Geografia.
5.0
2.3 3
2009
Secretaria do Meio Ambiente para o Desenvolvimento Sustentável;
Sistema de Trem Elétrico Urbano; Conselho Nacional de População.
Macrobus.
Espaços verdes por pessoa
Comprimento da rede de transporte de massa (km/km2)
Redes superiores de transporte público (km/km2)
0.13
0.26 4
2010
Estoque de carros e motocicletas (veículos/pessoa)
0.30
0.37 4
2010
INEGI.
Parcela dos resíduos coletados e adequadamente descartados (%)
96.2
100.0 1, e
2008
Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Naturais.
Resíduos gerados por pessoa (kg/pessoa/ano)
465.0
472.7 5
2008
Instituto Nacional de Estatística e Geografia; Conselho Nacional
de População.
Consumo de água por pessoa (litros por pessoa por dia)
264.3
651.2 6, e
2008
Instituto Nacional de Estatística e Geografia; Conselho Nacional
de População.
Saneamento Básico: Guadalajara classifica-se como abaixo da medida na categoria de
saneamento básico. De acordo com os números
oficiais, um grande percentual da população na
área metropolitana tem acesso a saneamento
básico, em estimados 95%, pouco acima da
média das 17 cidades, de 94%. No entanto,
somente 25% das águas residuais de Guadalajara são tratadas ante uma média muito mais alta
do Índice, de 52%. Esta estimativa é baseada em
situa bem abaixo da média em governança
ambiental. Embora ela tenha um departamento
dedicado ao meio ambiente que supervisiona e
implanta políticas, ele não tem competência
para tratar de questões relacionadas a saneamento básico, assentamentos humanos, energia ou mudanças climáticas. A cidade não monitora com regularidade todo o seu desempenho
ambiental e não publica informações sobre o
seu progresso.
Para responder às indagações do público,
Guadalajara tem um ponto central de contato
para informações sobre tópicos e projetos
ambientais. Porém, somente envolve os cidadãos, as organizações não governamentais e os
outros stakeholders nas decisões a respeito dos
projetos de maior impacto ambiental, de maneira parcial.
Água
Saneamento
básico
Qualidade
do ar
Vazamentos no sistema de abastecimento de água (%)
34.6
37.0 4
2008
Conselho Nacional da Água.
Parcela da população com acesso à água potável (%)
97.5
89.1 7
2005
Conselho Estatal da População.
População com acesso a saneamento básico (%)
93.7
94.5 8, e
2005
Conselho Estatal da População.
Parcela das águas residuais tratadas (%)
51.5
24.7 1, e
2008
Conselho Nacional da Água.
Níveis diários de dióxido de nitrogênio (ug/m3)
37.8
41.4 3
2008
Governo de Jalisco.
Níveis diários de dióxido de enxofre (ug/m3)
11.4
11.4 3
2008
Governo de Jalisco.
Níveis diários de partículas em suspensão (ug/m3)
48.0
41.5 3
2008
Governo de Jalisco.
* Para dados de diferentes anos, será considerado apenas o ano do indicador principal. e) Estimativa da EIU. 1) Baseado no Estado de Jalisco. 2) Baseado no Estado de Jalisco. Estimativa de PIB baseada nos números. 3) Baseado na Área Metropolitana de Guadalajara.
4) Baseado no Município de Guadalajara. 5) Baseado na Área Metropolitana de Guadalajara. Com base no total de resíduos coletado. 6) Baseado no Município de Guadalajara. 7) Baseado na Área Metropolitana de Guadalajara. Domicílios com acesso à água potável.
8) Baseado na Área Metropolitana de Guadalajara. Proporção da população com acesso à rede de esgotos.
58
59
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Lima_Peru
Mas a cidade em si carece de um plano abrangente para redução do impacto ambiental causado pelo consumo de energia.
Lima_Peru
Indicadores Gerais
População total (milhões)
8,4
Área administrativa (km2)
2.817,0
PIB por pessoa (preços correntes) (US$) e
4.873,0
Densidade populacional (pessoas/km2)
2.982,2
Temperatura (média das 24 horas, anual) (oC)
20,0
Baseado na área metropolitana de Lima. e) Estimativa da EIU
apital do Peru, Lima é o lar de 8,4 milhões
de pessoas na área metropolitana, cerca de
um terço da população do País. É a terceira cidade mais populosa do Índice de Cidades Verdes
da América Latina. Os dados para Lima são
baseados principalmente nos números para a
área metropolitana e estaduais. É a segunda
cidade mais pobre do Índice em termos de PIB
per capita, US$ 4.900, que é menos da metade
da média do Índice. Lima é o centro político e
econômico do Peru, responsável por mais da
metade do PIB do País. Alguns dos maiores contribuintes da economia local são manufaturas,
construção e pesca. Uma considerável porção
dos negócios de Lima são as micro e pequenas
empresas, muitas funcionando no setor infor-
C
mal, o que prejudica os esforços das autoridades para fazer cumprir as normas ambientais.
Lima é rodeada por um deserto e tem níveis
extremamente baixos de precipitação pluviométrica, colocando enormes pressões nos
recursos hídricos existentes. Sua área metropolitana abrange a cidade de Lima, que é dividida
em 43 distritos governamentais locais separados, e Callao, uma região separada adjacente à
cidade, dividida em seis distritos.
Lima está classificada bem abaixo da média
geral no Índice das Cidades Verdes da América
Latina. Seus melhores desempenhos foram nas
áreas de energia e CO2, e transporte, situandose na média em ambos. Sua classificação comparativamente melhor nessas categorias é devido ao nível relativamente baixo de consumo de
energia por unidade do PIB, bem como as fortes
políticas de redução de congestionamento no
trânsito. A cidade encontra-se abaixo da média
na maioria das outras categorias, porém sua
pior classificação foi na categoria de uso do solo
e prédios, devido a uma quantidade muito
pequena de espaços verdes e fracas políticas
relativas à eficiência energética nos prédios. No
entanto, quando comparada às seis outras cidades do Índice com baixa renda (renda inferior a
Iniciativas verdes: Até o final de 2010, a cidade espera substituir mais de 6.000 lâmpadas
incandescentes de tráfego por novas lâmpadas
LED, consideradas 90% mais eficientes. Além
disso, nos últimos anos, os principais geradores
de eletricidade começaram a usar gás natural
suprido pelos grandes campos localizados em
Camisea, ao sul do Peru. O governo nacional
está promovendo o consumo de gás natural nos
setores de transporte e industrial, propiciando
incentivos financeiros para a conversão dos veículos de petróleo para gás natural. Até abril de
2010, mais de 85.600 veículos tinham sido convertidos no País, dos irrisórios 150 de 2005.
Além disso, toda a frota de ônibus que faz parte
do Corredor de Ônibus Metropolitano de Lima
(veja “Iniciativas Verdes“ a seguir, no tópico
“Transporte“) opera em 100% de gás natural,
resultando em uma redução de 185.000 toneladas de emissões de CO2 anualmente.
US$ 8.000 per capita do PIB), Lima tem, ao
mesmo tempo, o mais baixo consumo de água
por pessoa e a mais baixa média de níveis de
concentração diária de dióxido de nitrogênio.
Energia e CO2: Lima classifica-se na média
para energia e CO2. A cidade consome estimados 678 megajoules de eletricidade por US$
1.000 do PIB, em comparação com a média das
17 cidades, de 761 megajoules. Essa estimativa
está baseada em dados do Estado. Com 59% da
eletricidade oriunda de hidrelétricas, a cidade
emite estimados 217 kg de CO2 por pessoa do
consumo de energia, acima da média do Índice
de 202 kg. A cidade pode melhorar seu desempenho nessa área nos próximos anos graças à
legislação nacional que visa à melhoria na eficiência energética e maiores investimentos em
recursos renováveis. Lima é membro do “C40”,
um grupo de grandes cidades comprometidas
em procurar resolver as mudanças climáticas,
promovido pela Fundação Clinton. Entretanto,
tendo em vista que as iniciativas para reduzir as
emissões de CO2 estão sob a proteção do Ministério Nacional para o Meio Ambiente, criado em
2008, os esforços da municipalidade estão concentrados em projetos de eficiência energética.
Uso do solo e prédios: Lima está classificada bem abaixo da média no uso do solo e prédios. Como muitas cidades na América Latina,
passou por um crescimento populacional no
século XX, impulsionado pelas ondas maciças
de migração rural e atualmente a cidade
enfrenta graves problemas de escassez de habitações. No entanto, dada as grandes dimensões
de sua área administrativa, a cidade tem uma
densidade demográfica abaixo da média, de
cerca de 3.000 pessoas por km², em comparação com a média do Índice de 4.500 pessoas. A
área metropolitana de Lima tem apenas 2 m² de
espaços verdes por pessoa, o mais baixo no
Índice, embora a cidade proteja seus espaços
verdes e áreas ambientalmente sensíveis. Lima
não se desempenha tão bem na área das políticas prediais ecológicas. A cidade não tem incentivos, regulamentos e normas, bem como campanhas de conscientização para promover mais
eficiência energética nos prédios.
Iniciativas verdes: Em 2007, os 49 distritos da
área metropolitana de Lima assinaram o “Pacto
Verde de Lima e Callao”, visando a aumentar a
parcela de espaços verdes ao redor da cidade. O
programa produziu alguns resultados: o município deu prioridade à construção de grandes
áreas de recreação, tais como o Parque das
Águas e vários outros nos bairros mais pobres
da cidade. As autoridades também têm remodelado as praças públicas e outras áreas verdes
ao longo das principais avenidas no centro da
cidade. De acordo com o Instituto GEA - Ética e
Meio Ambiente, uma organização não governa-
mental, os espaços verdes aumentaram cerca
de 58% desde 2004.
Transporte: Lima está classificada na média
para transporte. O sistema de transporte em
massa consiste em um metrô que funciona com
uma linha e que atualmente está sendo prolongada (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir), e uma
grande frota de ônibus. Em 2009, a rede que
serve a região metropolitana media aproximadamente 5,2 km por km², pouco mais comprida
do que a média de 5 km do Índice. Entretanto, o
comprimento total da rede mascara o estado
em geral caótico do sistema de transportes da
cidade e os sérios problemas de congestionamento causados pelo excesso de ônibus e táxis.
A cidade, em colaboração com o Ministério
Nacional de Transportes, tentou reorganizar as
rotas dos ônibus e retirar os veículos poluidores,
porém com pouco sucesso. Falta a Lima um sistema integrado de precificação para o transporte de massa e ela tem sido vagarosa na melhoria
da rede em geral (embora isso deva mudar, conforme forem adotadas as medidas do plano
Desempenho
Lima
Bem abaixo
da média
diretor da cidade). A cidade tem melhor classificação no sistema de gestão do tráfego, que
inclui sequenciamento dos semáforos, horários
dedicados para entrega de cargas e construção
de pontos de acesso ao redor da cidade.
Iniciativas verdes: Em meados de 2010, a
cidade inaugurou seu primeiro sistema de “transito rápido de ônibus” (BRT) ao longo do chamado Corredor Metropolitano. O corredor de 26 km
funciona de norte a sul com 38 paradas. Quatro
empresas privadas operam 75 ônibus de alta
capacidade, todos funcionando com gás natural
e transportam quase um milhão de habitantes
por dia. Esse corredor BRT é o primeiro estágio
do plano diretor de longo prazo para remodelar
a rede de transportes da cidade. O plano diretor,
publicado em 2005, prevê a construção de oito
corredores BRT adicionais e o prolongamento da
linha existente de metrô da cidade. Os trabalhos
estão atualmente em andamento no metrô, a
um custo de US$ 300 milhões, e deverão estar
concluídos até julho de 2011, quando a cidade
contará com mais 11,7 km em sua linha atual
Outras cidades
Abaixo da
média
Média
Acima da
média
Bem acima
da média
Energia e CO2
Uso do solo e prédios
Transporte
Resíduos
Água
Saneamento básico
Qualidade do ar
Governança ambiental
Resultado geral
A ordem dos pontos nas faixas de performance não tem significado para os resultados das cidades.
60
61
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Lima_Peru
que tem 9,2 km de extensão. A construção de
uma segunda linha, com 22 km, que funcionará
de leste a oeste, estava prevista para começar
antes do final de 2010.
Resíduos: Lima está classificada abaixo da
média na categoria de resíduos. Embora seja
enquadrada como relativamente sofrível nesta
categoria, Lima, como muitas outras cidades
com baixa renda per capita no Índice, gera uma
das mais baixas quantidades de resíduos. A
cidade produz 314 kg de resíduos por pessoa ao
ano, bem abaixo da média do Índice de 465 kg.
No entanto, coleta e descarta de maneira adequada apenas 78% dos seus resíduos, a mais
baixa taxa no Índice e bem abaixo da média das
17 cidades, de 96%. Os resíduos da cidade são
processados em seis aterros sanitários nos arredores da área metropolitana. Mas uma grande
parte deles ainda termina em lixeiras a céu
aberto, é incinerada ou jogada no Rio Rimac ou
no Oceano Pacífico. Cada um dos 49 distritos
administrativos nas áreas metropolitanas de
Lima e Callao coleta e descarta seus próprios
resíduos, resultando em uma estratégia fragmentada. Lima cumpre os esforços nacionais de
incentivar os residentes a reutilizar e reciclar e é
uma das muitas cidades no Índice que legalizou
e regulamentou cuidadosamente os catadores
de lixo.
Iniciativas verdes: Os catadores de lixo, que
realizam grande parte da reciclagem na cidade,
estão sendo organizados em sindicatos. Atualmente há mais de 200 organizações que coletam resíduos sólidos e mais de 400 que o separam e vendem para serem reutilizados. Iniciativas públicas e privadas resultaram na instalação de pontos centrais de coleta de vidro, papel
e plástico para reciclagem, o que foi assumido
em graus variáveis pelo público, dependendo
do distrito. Além disso, o aterro sanitário de
Huaycoloro, onde é processada quase metade
dos resíduos de Lima, está implantando um projeto para transformar resíduos em energia.
Água: Lima se classifica abaixo da média para
recursos hídricos. O consumo de água da cidade, em 151 litros por pessoa por dia, é o terceiro
mais baixo do Índice e bem abaixo da média das
17 cidades, de 264 litros. Entretanto, isso é
devido principalmente à falta de suprimento de
água e não ao uso eficiente dela. A precipitação
pluviométrica em Lima é, em média, de apenas
9 milímetros por ano. Portanto, a água é extremamente escassa e a maior parte da água potável da cidade vem do Rio Rimac. Apenas 87%
dos residentes da cidade têm acesso à água
potável, bem abaixo da média das 17 cidades,
de 98%. Além disso, a cidade perde 38% de seu
fornecimento de água em vazamentos no sistema, em comparação com a média do Índice de
35%. Apesar do desempenho sofrível, como um
todo, nesta categoria a cidade se desempenha
melhor na área de políticas de sustentabilidade
da água. Ela tem uma política destinada a reduzir o problema da água e consumi-la com mais
eficiência. Também promove ativamente a
conscientização do público a respeito do consumo eficiente. Os serviços de água e saneamento básico são fornecidos pelo Serviço de Água
Potável e Esgoto de Lima (Sedapal), uma
empresa de gestão dos sistemas hídricos operada pelo Estado sem conexões institucionais
com a municipalidade de Lima. A produção de
água potável ocorre em três estações de tratamento e o departamento nacional de saúde
ambiental está encarregado de monitorar a
qualidade da água. Embora a monitoração da
qualidade da água ocorra e existam padrões
relacionados aos níveis de poluentes, o cumprimento desses padrões, especialmente por parte
dos poluidores industriais, tende a ser baixo.
Isso prejudica a classificação da cidade na área
de política da qualidade da água.
Iniciativas verdes: Desde 2006, o Ministério
Nacional da Habitação, Construção e Saneamento Básico tem colaborado com o Sedapal na
iniciativa para expandir o fornecimento de água
potável para mais um milhão de pessoas em
Lima. O programa nacional de US$ 715 milhões, conhecido como “Água para Todos”, está
operando 344 projetos, inclusive a construção
de instalações para o tratamento da água. Em
um esforço para melhorar a gestão da água, o
governo nacional aprovou uma nova lei regulando o setor, em 2010. A lei também criou uma
Agência Nacional da Água (ANA) para atuar
como órgão supervisor.
Iniciativas verdes: Em 2001, a cidade criou o
“Comitê de Gestão da Iniciativa de Ar Limpo para
Lima e Callao”, abrangendo representantes de
diversos ministérios pertinentes e do setor privado. O comitê preparou um programa para o ar
limpo entre 2005 e 2010 que identificou cinco
áreas de ação para reduzir a poluição atmosférica na área metropolitana, inclusive para procurar resolver a questão dos combustíveis poluentes e para gerir o tráfego. No entanto, de acordo
com algumas estimativas, somente 15% das
medidas foram concluídas até agora.
Governança ambiental: Lima está clas-
Iniciativas verdes: Desde 2006, o governo
nacional tem procurado reverter as décadas de
pouco investimento na infraestrutura de saneamento básico e o declarou uma de suas maiores
prioridades. Em 2009, o governo licitou a construção de uma grande estação para tratamento
de águas residuais, conhecida como Taboada.
No fim de 2010, licitou uma segunda concessão
para construir e operar outra megaestação
conhecida como La Chira, a um custo de US$
145 milhões. A cidade espera que essas duas
estações tenham capacidade para tratar toda a
água servida de Lima.
Qualidade do ar: Lima está classificada
abaixo da média em qualidade do ar. Seu desempenho nesta categoria é devido aos níveis
Indicadores Quantitativos: Lima
Uso do solo
e prédios
Transporte
Resíduos
Água
Lima
Ano*
Fonte
Emissões de CO2 do consumo de eletricidade
por pessoa (kg/pessoa)
202.2
217.1 1, e
2007
Estimativa da EIU; Instituto Nacional de Estatística e Informática; Agência Internacional de Energia; Grupo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
Consumo de eletricidade por PIB em US$
(megajoules por US$ 1.000 de PIB)
760.7
678.3 2, e
2007
Estimativa da EIU; Instituto Nacional de Estatística e Informática; Agência
Internacional de Energia.
Densidade populacional (pessoas/km2)
4,503.0
2,982.2 3, e
2006
Instituto Nacional de Estatística e Informática; Município Metropolitano
de Lima.
Espaços verdes por pessoa (m2/pessoa)
254.6
2.0 3
2009
Pensando Lima.
5.2 3, e
2009
Estimativa da EIU; Trem Urbano de Lima; Município Metropolitano de Lima
Média
Energia e CO2
Saneamento Básico: Lima está classificada abaixo da média na categoria de saneamento básico. O desempenho da cidade é
atribuído à parcela insignificante de águas residuais tratadas. Lima trata apenas 9% de suas
águas residuais e a maior parte não tratada é
despejada no Oceano Pacífico. Além disso,
somente 86% da população tem acesso a serviços de saneamento básico, em comparação
com a média do Índice, de 94%. Áreas sem sistemas de esgoto utilizam fossas sépticas. O Sedapal é responsável pelo saneamento básico e
monitora os poucos locais de tratamento da
água. Além disso, a cidade não tem um plano
abrangente para fornecer serviços de saneamento básico ambientalmente sustentável,
embora esteja fazendo mais investimentos para
melhorar sua infraestrutura de saneamento
básico (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir).
acima da média em dióxido de enxofre e partículas suspensas, principalmente dos transportes. Conforme as autoridades municipais, a
maioria dos carros na cidade funciona com o
combustível diesel altamente poluente. A concentração diária de partículas suspensas, em 94
microgramas por m³, é quase o dobro da média
do Índice, de 48 microgramas. As concentrações de dióxido de enxofre também são elevadas, em 18 microgramas por m³, em comparação com a média das 17 cidades, de 11 microgramas. Somente os níveis de dióxido de nitrogênio estão abaixo da média. A cidade tem políticas fracas de ar limpo, que são um reflexo da
fragmentação das responsabilidades entre
diversos ministérios nacionais, municípios e
outras instituições.
sificada abaixo da média em governança
ambiental. Esta classificação se deve em grande
parte ao resultado da alocação fragmentada
dos recursos e responsabilidades pela gestão
ambiental entre várias instituições e níveis de
governo. Em 2006, a municipalidade de Lima
criou um departamento ambiental dedicado,
porém ele não tem autoridade para implantar
sua própria legislação ambiental. Nos últimos
cinco anos, a cidade realizou uma revisão dos
parâmetros de seu setor de resíduos, omitindo
água, saneamento básico e qualidade do ar,
entre outros. A maioria das iniciativas vem do
recém-criado Ministério Nacional para o Meio
Ambiente, onde a especialização técnica está
concentrada. Por outro lado, como a maioria
das cidades no Índice, Lima envolve cidadãos,
organizações não governamentais e outros grupos interessados nas decisões e projetos de
impacto ambiental.
Comprimento da rede de transporte de massa (km/km2)
5.0
Redes superiores de transporte público (km/km2)
0.13
0.01 4
2010
Metropolitano, Autoridade Autônoma de Trem Electrico Metropolitano.
Estoque de carros e motocicletas (veículos/pessoa)
0.30
0.14 4
2009
Ministério de Transportes e Comunicações.
Parcela dos resíduos coletados e adequadamente descartados (%)
96.2
78.1 3
2009
Município Metropolitano de Lima.
Resíduos gerados por pessoa (kg/pessoa/ano)
465.0
314.2 3
2009
Município Metropolitano de Lima.
Consumo de água por pessoa (litros por pessoa por dia)
264.3
151.5 3
2009
Serviço de Água Potável e Esgoto de Lima; Instituto Nacional de Estatística e
Informática.
Vazamentos no sistema de abastecimento de água (%)
34.6
37.5 3
2008
Superintendência Nacional de Serviços de Saneamento Básico
Parcela da população com acesso à água potável (%)
97.5
87.3 5
2007
Instituto Nacional de Estatística e Informática.
Saneamento
básico
População com acesso a saneamento básico (%)
93.7
85.8 6
2007
Instituto Nacional de Estatística e Informática.
Parcela das águas residuais tratadas (%)
51.5
8.5 3
2008
Serviço de Água Potável e Esgoto de Lima.
Qualidade
do ar
Níveis diários de dióxido de nitrogênio (ug/m3)
37.8
24.5 3
2009
Programa Nacional de Vigilância Sanitária da Qualidade do Ar.
Níveis diários de dióxido de enxofre (ug/m3)
11.4
18.1 3
2009
Programa Nacional de Vigilância Sanitária da Qualidade do Ar.
Níveis diários de partículas em suspensão (ug/m3)
48.0
93.5 3
2009
Programa Nacional de Vigilância Sanitária da Qualidade do Ar.
* Para dados de diferentes anos, será considerado apenas o ano do indicador principal. e) Estimativa da EIU. 1) Baseado no Departamento de Lima. Com base nas estimativas de consumo de energia do Departamento de Lima e composição das fontes de energia usadas
na geração de eletricidade no Peru. 2) Baseado no Departamento de Lima. Com base na análise de regressão. PIB é para o Departamento de Lima e o ano de 2006. 3) Baseado na área metropolitana. 4) Baseado na cidade de Lima. 5) Baseado no Departamento de Lima.
6) Baseado no Departamento de Lima. Proporção da população com acesso à fossa séptica.
62
63
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Medellín_Colômbia
limpo“ do Protocolo de Kyoto, que oferece créditos de carbono para os países desenvolvidos que
apoiam projetos de redução de emissões nos
países em desenvolvimento. Cada um desses
créditos é equivalente a uma tonelada de CO2 e
pode ser negociado, vendido ou usado para
cumprir as metas de redução de emissões de
carbono em outros países. A EPM e a agência do
governo estadual para o desenvolvimento local
estão trabalhando em conjunto em uma barragem e usina hidrelétrica no rio Cauca, cujo início
das obras está previsto para 2013 e, em 2018,
quando entrar em funcionamento, será a maior
do País, com capacidade de produção de 2,4
gigawatts.
Além disso, a EVAS, uma empresa colombiana de eliminação de resíduos, e a Green Gas
International, uma empresa de energia limpa,
trabalham em parceria em um projeto de captação de metano no aterro El Guacal, que recebe
resíduos de muitos municípios da área metropolitana de Medellín. O projeto, que terá uma
capacidade de 20 megawatts, também faz parte
do mecanismo de desenvolvimento limpo do
Protocolo de Kyoto e deverá ter as operações iniciadas em 2011, com duração de 21 anos, reduzindo emissões de carbono em cerca de 3,5
milhões de toneladas.
Medellín_Colômbia
Indicadores Gerais
População total (milhões)
3,5
Área administrativa (km2)
1.165,0
PIB por pessoa (preços correntes) (US$) e
5.547,8
Densidade populacional (pessoas/km2)
3.001,5
Temperatura (média das 24 horas, anual) (oC)
22,0
Baseado na área metropolitana de Medellín
Uso do solo e prédios: Medellín encon-
em três indicadores individuais – tem a menor
frota de carros e motos, gera a menor quantidade de resíduos por pessoa e tem os mais baixos
níveis de dióxido de enxofre. Comparada a cidades na faixa de renda mais baixa (abaixo de US$
8.000 de PIB por pessoa), Medellín tem a maior
rede de transporte coletivo, a melhor taxa de tratamento de esgoto e o maior percentual de pessoas com acesso a saneamento.
Energia e CO2: Medellín está abaixo da
edellín é a segunda maior cidade da Colômbia, depois de Bogotá, e um importante polo econômico e político do País. Capital do
departamento de Antioquia, Medellín é responsável por 11% do PIB da Colômbia. A cidade tem
a maior exportação de roupas, flores e produtos
químicos do País. A região metropolitana de
Medellín tem uma população de 3,5 milhões e a
terceira menor renda média, com um PIB de US$
5.500 por pessoa, quase a metade da média de
US$ 11.100 do Índice. Com poucas exceções
indicadas, a maioria dos dados do Índice para
Medellín baseia-se na área metropolitana, bem
menor do que o município de Medellín.
M
Medellín encontra-se na média geral do Índice. Seu melhor desempenho está na categoria
de saneamento, na qual é a única cidade com
avaliação bem acima da média, com base nas
altas taxas de acesso a saneamento, tratamento
de águas residuais e políticas de saneamento
consistentemente fortes. Medellín também se
posiciona acima da média na categoria de qualidade do ar, impulsionada pelos níveis relativamente baixos de poluição e políticas robustas de
ar limpo. A cidade está na média nas categorias
de transporte, água e governança ambiental e
fica abaixo da média em energia e CO2, uso do
solo e prédios e resíduos. Medellín lidera o Índice
média na categoria de energia e CO2. Seu
desempenho se deve principalmente à grande
quantidade de eletricidade consumida pelo
município em relação à sua produção econômica. Medellín usa 982 megajoules por US$ 1.000
do PIB, bem acima da média do Índice, de 761
megajoules. Em relação às políticas relativas à
energia e CO2, Medellín poderia melhorar seu
desempenho por meio de investimentos em
energias renováveis, monitoramento regular
das emissões de gases do efeito estufa e a assinatura de convênios internacionais para redução das emissões desses gases. Embora a posição da cidade seja prejudicada por não ter
projetos de resíduos para gerar energia, está
previsto um plano para 2011 (veja “Iniciativas
Verdes“ a seguir), que impulsionará o seu
desempenho nesta área. Medellín tem emissões
de CO2 provenientes do consumo de eletricidade relativamente baixas, com cerca de 74 kg por
pessoa, contra uma média de 202 kg do Índice.
A participação acima da média das energias
renováveis na matriz energética ajuda a manter
este valor baixo: mais de 80% da eletricidade
consumida na cidade vem de usinas hidrelétricas. A região de Medellín tem se beneficiado de
um programa do Protocolo de Kyoto, que possibilita que os países desenvolvidos recebam créditos de carbono para ajudar os países em
desenvolvimento a reduzir as suas emissões
(veja “Iniciativas Verdes“ a seguir).
tra-se abaixo da média no uso do solo e prédios.
Apesar de sua boa colocação quanto a políticas
de proteção e manutenção dos espaços verdes
existentes e de áreas ambientalmente sensíveis,
a cidade perde pontuação devido à relativa falta
de espaços verdes, 5m² por pessoa. A cidade
também é prejudicada por suas políticas de prédios ecológicos, que não são tão ambiciosas
quanto em outras cidades. Por exemplo, Medellín não promove a conscientização dos cidadãos
Desempenho
Medellín
Bem abaixo
da média
sobre as formas de melhorar a eficiência energética em prédios.
Iniciativas verdes: O Projeto Urbano Integral
(PUI) é o núcleo do plano de desenvolvimento
urbano da cidade, cobrindo principalmente o
uso da terra, mas estendendo-se ao transporte
também. Tudo começou no início desta década,
na zona leste-centro da cidade, uma área de
baixa renda, com muitos assentamentos informais, onde foram construídas habitações, de
acordo com os códigos de construção. Além
disso, espaços públicos foram limpos e o transporte integrado otimizado, ligando a área inclusive ao sistema de bondes elétricos, ao MetroCable – sistema de cabo aéreo com conexão com o
metrô (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir, no tópico “Transporte“). O projeto PUI vem sendo expandido com planos para melhorar os bairros do
noroeste e o centro da cidade.
Transporte: Medellín está na média na categoria de transporte. A rede de transporte de
massa da cidade estende-se por 5,6 km por km²,
por toda a área metropolitana. Em comparação
com a média de 5 km, é a mais longa rede de
transporte do Índice, entre as cidades de baixa
renda. A rede de transportes inclui uma grande
frota de ônibus, metrô e bonde elétrico. Enquanto carece de um sistema integrado de preços,
motivo pelo qual Medellín perde pontuação
para políticas de transporte de massa, a cidade
está tomando medidas para estimular a população a usar formas mais ecológicas de transporte.
A cidade destaca-se por possuir a menor frota de
automóveis e motocicletas do Índice: 0,07 veículo por pessoa. Este valor tem como base o
município de Medellín e está bem abaixo da
média de 0,3 veículo por pessoa. Apesar de sua
frota reduzida, o trânsito pode ser caótico. As
Outras cidades
Abaixo da
média
Média
Acima da
média
Bem acima
da média
Energia e CO2
Uso do solo e prédios
Transporte
Iniciativas verdes: Em 2004, a empresa de
energia de Medellín, de propriedade da EPM e
da Cia. de Desenvolvimento de Energia Elétrica,
do Japão, construiu uma hidrelétrica no rio Herradura, que abastece aproximadamente 32 megawatts para a área metropolitana da cidade.
Estima-se que as emissões de CO2 diminuíram
em cerca de 69.000 toneladas por ano. O projeto se insere no “mecanismo de desenvolvimento
Resíduos
Água
Saneamento básico
Qualidade do ar
Governança ambiental
Resultado geral
A ordem dos pontos nas faixas de performance não tem significado para os resultados das cidades.
64
65
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Medellín_Colômbia
autoridades municipais estão implementando
medidas de redução de congestionamentos,
como os “dias sem carro“ e a fixação de horários
diferenciados para o transporte e entrega de
mercadorias. Contudo, a cidade ainda carece da
cobrança de uma taxa pelo congestionamento e
de pistas para carros andando com mais de um
passageiro (carpooling).
Iniciativas verdes: O sistema de bondes da
cidade, MetroCable, foi inaugurado em 2004
como uma maneira de interligar a periferia
menos desenvolvida de Medellín ao sistema
mais amplo do metrô. Além disso, as obras do
Metroplus, um sistema de trânsito rápido de ônibus (BRT), já estão em andamento. O BRT será
composto de 800 novos auto-ônibus movidos a
gás natural e com faixas exclusivas. O sistema é
modelado pela empresa TransMilenio de Bogotá
e o conceito está se espalhando rapidamente na
América Latina, sob diferentes formas. A expectativa é de que o BRT reduza o tráfego e melhore
a qualidade do ar, uma vez que, além dos novos
ônibus usarem um combustível mais limpo,
muitos dos modelos mais antigos e poluidores
serão retirados de serviço, como parte do programa. Além disso, há o programa “Placa Y Pico“
(placa e horário de pico), que limita a circulação
de veículos na cidade durante os períodos de
pico, por dois dias da semana, em sistema de
rodízio, com base nos números das placas.
Resíduos: Medellín está abaixo da média na
categoria de resíduos. A cidade gera a menor
quantidade de resíduos do Índice, de 252 kg por
pessoa por ano, contra a média de 465 kg. No
entanto, a porcentagem de 87%, de resíduos
coletados e adequadamente dispostos está
aquém da média de 96% do Índice. Além disso,
as normas de disposição de resíduos e monitoramento da cidade estão entre as mais fracas do
Índice. Quando se trata de reciclagem, a cidade
é também uma das menos rigorosas entre as
estudadas. Recicla vidros, plásticos e papel, por
exemplo, mas não os resíduos não orgânicos ou
o lixo elétrico/eletrônico, embora haja coleta e
pontos centrais para descarte.
Água: Medellín posiciona-se na média na
categoria de água. A cidade tem o quarto menor
nível de consumo de água do Índice, com 152
litros por pessoa por dia, em comparação com a
média de 264 litros. A cidade perde pontuação
pela taxa de perda de água de 37%, maior que a
média de 35% do Índice. Medellín apresenta
também uma das menores taxas de acesso à
água potável, de 97%, ligeiramente abaixo da
média de 98%. Este valor tem como base o
município. Medellín tem bom desempenho
quanto às políticas de qualidade, que incluem a
implantação de um código, o controle regular
da qualidade das águas de superfície e o reforço
das normas contra a poluição da água para a
indústria local. Entretanto, a cidade poderia
melhorar suas políticas de uso eficiente da água,
uma vez que carece de iniciativas descritas no
Índice, tais como medidores de água e tarifas, e
instalações para coleta de águas pluviais.
Iniciativas verdes: O Programa de Saneamento dos Rios em Medellín, que engloba a gestão
da água, bem como melhorias no saneamento,
é reconhecido pelo Banco Interamericano de
Desenvolvimento como modelo de boas práticas de política de água urbana. A primeira fase
do programa atualizou as redes de aquedutos e
estimulou os donos de propriedades ao longo
do Rio Medellín a adotarem práticas de preservação da terra e conservação da água. O governo
local supervisiona também um plano de gestão
dos recursos hídricos para a bacia do Rio AburráMedellín, que inclui a limpeza de pequenos
afluentes e canais, melhoria da qualidade da
água e da capacidade de produção hidrelétrica.
Saneamento Básico: Medellín está bem
acima da média em saneamento e é a única
cidade neste nível na categoria. De acordo com
os dados oficiais, cerca de 100% das pessoas
têm acesso a serviços de saneamento na região
metropolitana. A cidade trata 95% de suas águas
residuais, que é consideravelmente mais que a
média de 52% do Índice. Além disso, nestes dois
indicadores, Medellín lidera as sete cidades do
grupo de baixa renda. Os resultados sugerem
que o plano global da cidade para resolver problemas de água e saneamento esteja mostrando
resultados (veja “Iniciativas Verdes“ nos tópicos
“Água“ e “Saneamento básico”). Não surpreende, portanto, o fato de que a cidade apresente
também um bom desempenho nas políticas de
saneamento, principalmente devido aos altos
padrões de tratamento de águas residuais,
monitoramento constante e a promoção da
conscientização em torno do uso eficiente dos
sistemas de saneamento.
tem um desempenho relativamente bom em
monitoramento ambiental e participação pública, mas a pontuação geral para governança global é prejudicada por políticas de gestão
ambiental mais fracas. Por exemplo, a cidade
tem uma organização ambiental que acompanha e divulga informações sobre o desempenho
ambiental, mas não tem habilidade para implementar sua própria legislação de meio ambiente. A cidade realizou uma revisão de base
ambiental nos últimos cinco anos, mas não
Governança ambiental: Medellín está
na média em governança ambiental. A cidade
Ano*
Fonte
2008
Estimativa da EIU; Governo de Antioquia, Anuários Estatísticos de Antioquia, Empresas
Públicas de Medellín (EPM), Empresa Antioquiana de Energia (EADE); Departamento.
Administrativo Nacional de Estatística; Agência Internacional de Energia; Grupo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
982.1 1
2007
Governo de Antioquia, Anuários Estatísticos de Antioquia, Empresas Públicas de
Medellín (EPM), Empresa Antioquiana de Energia (EADE); EIU.
4,503.0
3,001.5 1
2009
Departamento Administrativo Nacional de Estatística; Área Metropolitana
do Vale de Aburrá.
254.6
5.0 1
2007
Departamento Administrativo Nacional de Estatística; Área Metropolitana
do Vale de Aburrá.
5.0
5.6 1
2009
Metrô de Medellín; Área Metropolitana do Vale de Aburrá; Subdireção de
Mobilidade e Transporte.
Redes superiores de transporte público (km/km2)
0.13
0.08 2
2010
Metrô de Medellín.
Estoque de carros e motocicletas (veículos/pessoa)
0.30
0.07 2
2010
Secretaria de Transportes e Trânsito de Medellín.
Parcela dos resíduos coletados e adequadamente
descartados (%)
96.2
86.8 1
2008
Governo de Antioquia, Anuários Estatísticos de Antioquia; Várias empresas
de Medellín.
465.0
252.3 1
2008
Governo de Antioquia, Anuários Estatísticos de Antioquia; Várias empresas
de Medellín; Departamento Administrativo Nacional de Estatística.
Consumo de água por pessoa (litros por pessoa por dia) 264.3
152.4 1
2008
Governo de Antioquia, Anuários Estatísticos de Antioquia; Empresas Públicas de Medellín
(EPM); Departamento Administrativo Nacional de Estatística.
Média
Uso do solo
e prédios
Qualidade do ar: Medellín está acima da
média em qualidade do ar. É a primeira do Índice
entre as cidades de baixa renda, em grande parte
graças às suas políticas de ar limpo relativamente robustas, bem como à menor média de emissões diárias de dióxido de enxofre. Com apenas
1 micrograma por m³, em comparação à média
de 11 microgramas, a emissão reflete a elevada
quota de energia hidrelétrica limpa utilizada na
cidade. Nas duas outras mensurações de
poluentes atmosféricos utilizadas no Índice –
dióxido de nitrogênio e partículas em suspensão
– os níveis diários em Medellín estão um pouco
acima das médias do Índice. A cidade possui uma
série de políticas de ar limpo, incluindo um código de qualidade do ar, um controle constante e
campanhas de conscientização pública.
Iniciativas verdes: Reconhecendo que falta
infraestrutura para fazer valer algumas de suas
normas ambientais, o governo local começou a
trabalhar com grupos de cidadãos para identificar
os poluidores industriais e forçar as empresas responsáveis a cumprirem a legislação em vigor. As
autoridades criaram um sistema no qual os cidadãos podem denunciar as instalações que estejam despejando efluentes industriais não tratados na rede de esgotos. Esta iniciativa é parte
importante do plano de desenvolvimento sustentável da cidade e o governo local espera que ela
possibilite melhores respostas e planejamento.
Indicadores Quantitativos: Medellín
Energia e CO2
Iniciativas verdes: Em adição ao Programa de
Saneamento dos Rios da cidade, em andamento
desde 1993, uma nova estação de tratamento
de águas residuais será inaugurada no final de
2012, como parte do plano. Além disso, a cidade
tem como meta atingir 100% de tratamento das
águas residuais que são coletadas.
levou em conta algumas áreas específicas, como
transporte, uso do solo, assentamentos humanos ou as alterações climáticas. As autoridades
da cidade oferecem aos cidadãos um ponto de
contato central para o desempenho ambiental.
Além disso, envolvem cidadãos e stakeholders
nas decisões sobre projetos que provoquem um
impacto ambiental maior.
Transporte
Resíduos
Emissões de CO2 do consumo de eletricidade
por pessoa (kg/pessoa)
202.2
Consumo de eletricidade por PIB em US$
(megajoules por US$ 1.000 de PIB)
760.7
Densidade populacional (pessoas/km2)
Espaços verdes por pessoa (m2/pessoa)
Comprimento da rede de transporte de massa (km/km2)
Resíduos gerados por pessoa (kg/pessoa/ano)
Água
Saneamento
básico
Qualidade
do ar
Medellín
74.4 1, e
Vazamentos no sistema de abastecimento de água (%)
34.6
37.0 1
2008
Programa da Década da Água das Nações Unidas sobre Desenvolvimento de Capacidades.
Parcela da população com acesso à água potável (%)
97.5
97.0 3
2008
Município de Medellín.
População com acesso a saneamento básico (%)
93.7
99.7 4, e
2009
Área Metropolitana do Vale de Aburrá; Aferição da Qualidade de Vida;
Departamento Administrativo Nacional de Estatística.
Parcela das águas residuais tratadas (%)
51.5
94.8 1
2008
Governo de Antioquia, Anuários Estatísticos de Antioquia.
Níveis diários de dióxido de nitrogênio (ug/m3)
37.8
40.0 1
2009
Área Metropolitana do Vale de Aburrá.
Níveis diários de dióxido de enxofre (ug/m3)
11.4
1.0 1
2009
Área Metropolitana do Vale de Aburrá.
Níveis diários de partículas em suspensão (ug/m3)
48.0
56.8 1
2009
Área Metropolitana do Vale de Aburrá.
* Para dados de diferentes anos, será considerado apenas o ano do indicador principal. e) Estimativa da EIU. 1) Baseado na área metropolitana de Medellín. 2) Baseado no município de Medellín. 3) Baseado no município de Medellín. Domicílios com acesso à água
potável. 4) Baseado na área metropolitana de Medellín. Proporção da população com acesso à rede de esgoto.
66
67
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Monterrey_México
sos como fonte de energia renovável por meio
da incineração do metano em aterros sanitários.
O projeto supre totalmente a energia necessária
ao sistema do metrô da cidade, que possui duas
linhas e também 45% da iluminação pública. O
objetivo é fornecer 100% da eletricidade de iluminação pública até 2012. As autoridades locais
dizem que o projeto reduziu emissões de CO2 em
1,2 milhão de toneladas desde o início das operações.
Monterrey_México
Uso do solo e prédios: Monterrey está na
de espaços verdes por pessoa e tem a menor
taxa de perdas de água de todo o Índice. De fato,
a cidade ganhou um prêmio internacional em
2010 por seus esforços de uma década em reduzir as perdas. Monterrey está na média nas categorias de energia e CO2, uso do solo e prédios e
abaixo da média em transportes, qualidade do
ar e governança ambiental. Entretanto, o desempenho geral ambiental da cidade deve melhorar nos próximos cinco anos, por meio de um
ambicioso plano de ação para mudanças climáticas em todo o Estado, já em pleno vigor. O
plano inclui diferentes iniciativas para reduzir as
emissões de CO2, a partir de várias fontes na
cidade.
Energia e CO2: Monterrey posiciona-se na
Indicadores Gerais
M
População total (milhões)
4,0
Área administrativa (km2)
PIB por pessoa (preços correntes) (US$)
Densidade populacional (pessoas/km2)
3.177,0
e
15.220,6
1.254,5
Temperatura (média das 24 horas, anual) (oC)
Baseado na Área Metropolitana de Monterrey
onterrey, com quatro milhões de habitantes em sua área metropolitana, é a capital
do Estado mexicano de Nuevo León e a terceira
cidade mais populosa do País, depois de Guadalajara e da Cidade do México. Os dados para
Monterrey no Índice de Cidades Verdes da América Latina referem-se principalmente à região
metropolitana ou a todo o Estado e não aos limites da cidade de Monterrey, que tem uma população de 1,1 milhão de habitantes. A economia
de Monterrey tem prosperado nos últimos anos,
impulsionada em parte pelo Tratado NorteAmericano de Livre Comércio (NAFTA), assinado
em 1994, entre México, Canadá e os EUA. Uma
série de grandes empresas multinacionais de
22,0
renome baseia-se em Monterrey e algumas
grandes empresas com uma forte presença latino-americana também escolheram a cidade
como local para as suas operações. No entanto,
a economia ainda é dominada pela produção de
carbono pesado: aço, vidro, cimento e autopeças estão entre as suas maiores indústrias. Os
fortes resultados da economia colocam Monterrey com um PIB de US$ 15.200 por pessoa, o
quarto maior do Índice.
Monterrey está na média geral do Índice.
Seus melhores resultados nas categorias de
água, resíduos e saneamento tiveram desempenhos acima da média. A cidade apresenta resultados particularmente fortes para a quantidade
média na categoria de energia e CO2. A cidade
tem emissão estimada de 723 kg de CO2 provenientes do consumo de eletricidade, consideravelmente superior à média de 202 kg do Índice.
Monterrey consome 848 megajoules de energia
elétrica por US$ 1.000 de PIB, ultrapassando a
média de 761 megajoules do Índice. Um dos
fatores que contribuem para o valor relativamente elevado de emissões de CO2 e o consumo
de eletricidade é o clima da região que, nos
extremos, pode atingir a temperatura máxima
de 44° C no verão e a mínima de –12° C no inverno. Isso aumenta consideravelmente o uso de
aparelhos de ar-condicionado e aquecedores.
Uma base industrial ampla e relativamente ineficiente de energia em Monterrey também pode
ser um fator a impulsionar os níveis de CO2 provenientes do consumo de eletricidade. E como
outras cidades mexicanas no Índice, Monterrey
só produz 15% de sua eletricidade a partir de
fontes renováveis de energia, em comparação à
média de 64% do Índice. As autoridades ambientais parecem reconhecer a necessidade de
ação para que Monterrey melhore sua posição
em energia e mudanças climáticas. A cidade
teve uma revisão ambiental recente das emissões de gases do efeito estufa, monitorando-as
regularmente e publicando os resultados. Monterrey é uma das quatro cidades no Índice que
converte subprodutos do lixo local em energia e
é atendida por um plano de ação abrangente
quanto a alterações climáticas (veja “Iniciativas
Verdes“ a seguir).
Iniciativas verdes: O plano de ação para
mudanças climáticas do governo do Estado que
abrange Monterrey propõe que a cidade reduza
as emissões de CO2 significativamente durante o
quinquênio 2010-2015. O relatório foi desenvolvido pelo Instituto Monterrey de Tecnologia e
Ensino Superior, em cooperação com os governos federal e estadual. O plano propõe várias
medidas para reduzir as emissões de CO2 em
prédios, transporte e eliminação de resíduos,
entre outras categorias (veja “Iniciativas Verdes“
a seguir). Em 2003, o governo estadual assinou
um contrato joint-venture de US$ 17 milhões
com a empresa privada Bioeléctrica de Monterrey, para abrir uma concessionária de geração
de energia, a Bioenergía de Nuevo León (Benlesa). A empresa usa resíduos sólidos não perigo-
Desempenho
média na categoria de uso do solo e prédios. A
cidade tem a terceira maior quantidade de espaços verdes do Índice, 750 m2 por pessoa, conforme dados de 2005, já que não há atualização
mais recente. O desempenho de Monterrey para
espaços verdes é parcialmente fortalecido devido à população relativamente baixa, mas a cidade também tem fortes políticas de uso da terra.
A posição de Monterrey é particularmente boa
quanto à proteção dos espaços verdes e contenção da expansão urbana. Em termos de políticas
para prédios ecológicos, as autoridades locais
prejudicam a colocação da cidade por não estabelecer normas verdes para projetos de construção pública.
Iniciativas verdes: O plano de ação estadual
para mudanças climáticas inclui um programa
residencial de US$ 2,5 milhões para substituir a
iluminação energeticamente ineficiente por
LEDs (diodos emissores de luz) e aparelhos elétricos mais eficientes. O plano inclui US$ 3,5
milhões para instalar aquecedores solares e condicionadores de ar com eficiência energética.
Além disso, o orçamento estadual prevê US$ 2,3
milhões para construir “parques ecoindustriais“,
com design de eficiência energética e limite de
emissões. Há também o plano nacional “Luz Sus-
Monterrey
Bem abaixo
da média
Outras cidades
Abaixo da
média
Média
Acima da
média
Bem acima
da média
Energia e CO2
Uso do solo e prédios
Transporte
Resíduos
Água
Saneamento básico
Qualidade do ar
Governança ambiental
Resultado geral
A ordem dos pontos nas faixas de performance não tem significado para os resultados das cidades.
68
69
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Monterrey_México
tentável“ que pretende substituir até 2012 mais
de 45 milhões de lâmpadas incandescentes por
lâmpadas econômicas em 11 milhões de residências mexicanas. A iniciativa deixará de emitir
2,8 milhões de toneladas de gases do efeito
estufa por ano.
Transporte: Monterrey está abaixo da média
na categoria de transportes, devido principalmente à rede de transporte coletivo da cidade
considerada pequena em relação à sua área.
Embora o sistema seja predominantemente
atendido por uma extensa rede de ônibus, conta
também com duas linhas de metrô. Os limites
administrativos da área metropolitana relativamente amplos significam uma extensão no Índice de cerca de 0,8 km por km², em comparação
com a média de 5 km por km2 do Índice. Monterrey recebe marcas elevadas quando se trata de
política urbana de transporte de massa, apesar
da complexidade da gestão de transportes em
todos os municípios da região metropolitana.
Monterrey se destaca por ter um sistema de tarifação integrada de transportes públicos e por
tomar medidas para reduzir as emissões do
transporte coletivo urbano. No entanto, a cidade tem pontuação baixa para as políticas de
redução dos congestionamentos. A cidade não
conseguiu até agora introduzir medidas como
“dia sem carro“, pistas para carona solidária e sistemas de estacionamento.
Iniciativas verdes: O plano de ação estadual
para mudanças climáticas exige a construção de
um sistema de trânsito rápido de ônibus (BRT)
com 27 km de extensão, cujas obras já foram iniciadas. O plano também prevê uma nova linha
de bondes, que deverá aumentar a capacidade
atual da rede de trânsito em mais de dois terços,
para 600.000 passageiros por dia.
Resíduos: Monterrey está acima da média na
categoria de resíduos. A pontuação da cidade é
boa na gestão da coleta e disposição, conforme
a estimativa baseada em taxas de coleta de todo
70
o Estado. Ao mesmo tempo, Monterrey também
produz uma quantidade relativamente baixa de
resíduos, 317 kg por pessoa por ano, em relação
à média de 465 kg do Índice. Em relação às políticas de eliminação, Monterrey também está
bem posicionada por reforçar e monitorar normas para resíduos industriais perigosos. A cidade tem alguns serviços de reciclagem, como
pontos de coleta central e capacidade para reciclar restos orgânicos, vidros, plásticos e papel.
Monterrey tem também uma política integrada
que visa à redução, reutilização e reciclagem de
resíduos.
Iniciativas verdes: A cidade de Monterrey
implantou um programa de reciclagem em 500
bairros para a coleta de resíduos orgânicos e não
orgânicos em diferentes dias da semana.
Água: Monterrey está acima da média na categoria de água. Seu bom desempenho é apoiado
pelo sistema mais eficiente de todo o Índice,
com perdas por vazamentos em seu fluxo comparativamente baixas, de 21%, uma posição
consideravelmente melhor em relação à média
de 35% do Índice. Em 2010, o Banco Interamericano de Desenvolvimento contemplou Monterrey com o “Prêmio Latino-Americano de Água“
pelos esforços da cidade na redução de vazamentos, durante a última década (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir). O consumo de água em
Monterrey, estimado em 228 litros por pessoa
por dia, também é menor que a média de 264
litros do Índice. Estima-se que 95% da população de Monterrey tenha acesso à água potável,
de acordo com dados que têm como base todo o
Estado, posicionando-se ligeiramente abaixo da
média de 98% das 17 cidades estudadas. A cidade tem boa pontuação quanto à mensuração
dos principais poluentes nas superfícies de água
e na água potável. Há também medidores de
água e tarifas, mas há falta de outras medidas de
eficiência abrangidas pelo Índice, como instalações de coleta de águas pluviais, tubulações
separadas para água não potável, proibição do
uso de mangueira e reciclagem da água residual
e outras atividades nas residências.
Iniciativas verdes: Monterrey reduziu os vazamentos no seu sistema de água de um total estimado de 32% em 1998 para 21% em 2008 por
meio de um programa abrangente de gestão de
água reconhecido internacionalmente. Este
esforço, que se encontra em andamento, envolveu a verificação e substituição de válvulas,
tubos para modernização, instalação de medidores de pressão e medidores domésticos para
detectar vazamentos e eliminar ligações clandestinas.
Em 2010, o Serviço de Drenagem e Água de
Monterrey completou o “Monterrey V“. Este
plano de US$ 237 milhões aperfeiçoou os sistemas de água e saneamento, incluindo a construção de 73 km de novos aquedutos e seis estações de bombeamento ao longo da região
metropolitana. A cidade está pronta para melhorar ainda mais o seu sistema de água, já que o
plano de ação estadual para mudanças climáticas tem um orçamento de US$ 2 milhões para
otimizar a infraestrutura e modernizar as estações de tratamento de águas residuais em todo
o Estado.
a seguir). A cidade tem resultados relativamente
fortes nas políticas de saneamento, bem como,
em particular, no acompanhamento regular dos
serviços de saneamento estabelecendo normas
mínimas para tratamento de águas residuais,
além de promover publicamente o uso eficiente
de sistemas de saneamento.
Iniciativas verdes: O programa “Monterrey V”,
de US$ 237 milhões, tem um componente importante para saneamento em todo o Estado
(veja “Iniciativas Verdes“ no tópico “Água“), que
inclui novas linhas de redes de esgoto e coletores de águas residuais. Além disso, ampliou o a
capacidade de tratamento de águas residuais de
9.000 litros para 13.500 litros por segundo.
da média na categoria de qualidade do ar. Esse
resultado reflete a presença maior do que a
média de dióxido de enxofre e partículas em suspensão, devido em parte às instalações de
indústrias pesadas da cidade. Os níveis de partículas em suspensão, em 77 microgramas por
m³, estão entre os mais altos do Índice, bem
acima da média de 48 microgramas. As autoridades reconhecem a necessidade de uma ação
para alcançar resultados positivos na cidade nas
políticas de ar limpo. A qualidade do ar na cidade
é monitorada regularmente, incluindo cada um
dos poluentes relatados no Índice, e os resultados, com informações sobre os perigos dos
poluentes, são divulgados aos cidadãos.
Governança ambiental: Monterrey está
abaixo da média na categoria de governança
ambiental. A cidade possui um departamento
ambiental que supervisiona a política, mas
seus poderes são partilhados com o governo do
Estado, o qual tem uma forte influência e
assumiu a liderança sobre assuntos de mudanças climáticas, por exemplo. Monterrey é uma
das cinco cidades do Índice com baixa pontuação por não acompanhar e publicar regularmente informações sobre seu desempenho
ambiental geral. Por outro lado, nos últimos
cinco anos a cidade realizou uma revisão
ambiental abrangendo água, resíduos, qualidade do ar, transportes, energia e mudanças
climáticas.
Indicadores Quantitativos: Monterrey
Energia e CO2
Uso do solo
e prédios
Saneamento Básico: Monterrey está acima da média na categoria de saneamento.
Segundo dados oficiais baseados em todo o
Estado, 95% de sua população tem acesso ao
saneamento básico. Mas a cidade é uma das
duas únicas constantes do Índice – Brasília é a
outra – que consegue tratar 100% dos esgotos,
bem acima da média de 52%. Esses números
impressionantes resultam de um investimento
significativo na capacidade de saneamento da
região metropolitana nos últimos 15 anos.
Desde 1995, o governo estadual já construiu
quatro estações de tratamento de águas residuais para servir a área metropolitana de Monterrey e acaba de terminar o projeto “Monterrey
V“, que tem um elemento importante quanto ao
tratamento de esgotos (veja "Iniciativas Verdes"
Qualidade do ar: Monterrey está abaixo
Transporte
Ano*
Fonte
2008
Estimativa da EIU; Instituto Nacional de Estatística e Geografia;
Agência Internacional de Energia; Conselho Nacional da População; Grupo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
847.5 2
2008
Instituto Nacional de Estatística e Geografia; Governo de
Nuevo León; EIU.
4,503.0
1,254.5 2
2009
Marco Geoestatístico Municipal, INEGI 2007, Conselho Nacional
da População.
254.6
749.8 2
2005
Instituto Nacional de Estatística e Geografia; Conselho Nacional
da População.
2009
Governo de Nuevo León; Departamento de Transporte,
México D.F.; Conselho Nacional da População.
TransMetro e MetroBús, STC Metrorrey, Despacho de TransMetro
e Metrobús.
Média
Monterrey
Emissões de CO2 do consumo de eletricidade
por pessoa (kg/pessoa)
202.2
722.7
Consumo de eletricidade por PIB em US$
(megajoules por US$ 1.000 de PIB)
760.7
Densidade populacional (pessoas/km2)
Espaços verdes por pessoa (m2/pessoa)
Comprimento da rede de transporte de massa (km/km2)
5.0
1, e
0.8 3, e
Redes superiores de transporte público (km/km2)
0.13
0.02 4
2010
Estoque de carros e motocicletas (veículos/pessoa)
0.30
0.36 4
2008
INEGI.
Parcela dos resíduos coletados e adequadamente descartados (%)
96.2
100.0 5
2008
Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Naturais.
Resíduos gerados por pessoa (kg/pessoa/ano)
465.0
316.9 6
2008
Instituto Nacional de Estatística e Geografia.
Consumo de água por pessoa (litros por pessoa por dia)
264.3
228.5 7, e
2008
Instituto Nacional de Estatística e Geografia.
Vazamentos no sistema de abastecimento de água (%)
34.6
21.0 2
2008
Comissão Nacional da Água.
Parcela da população com acesso à água potável (%)
97.5
95.2 5, e
2007
Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Naturais.
Saneamento
básico
População com acesso a saneamento básico (%)
93.7
95.2 8, e
2007
Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Naturais.
Parcela das águas residuais tratadas (%)
51.5
100.0 5
2008
Comissão Nacional da Água.
Qualidade
do ar
Níveis diários de dióxido de nitrogênio (ug/m3)
37.8
33.1 2
2009
Governo de Nuevo León.
Níveis diários de dióxido de enxofre (ug/m3)
11.4
14.0 2
2009
Governo de Nuevo León.
Níveis diários de partículas em suspensão (ug/m3)
48.0
76.6 2
2009
Governo de Nuevo León.
Resíduos
Água
* Para dados de diferentes anos, será considerado apenas o ano do indicador principal. e) Estimativa da EIU. 1) Baseado na área metropolitana de Monterrey com base na composição energética usada no México. 2) Baseado na área metropolitana de Monterrey.
3) Baseado na área metropolitana de Monterrey . Os dados sobre rotas de ônibus para esse indicador não incluem todas as rotas, somente a extensão coberta por pelo menos uma rota de ônibus. A extensão das rotas de ônibus não estavam disponíveis. 4) Baseado no
Município de Monterrey. 5) Baseado em Nuevo León. 6) Baseado na área metropolitana de Monterrey com base na coleta anual de resíduos no município. 7) Baseado na área metropolitana de Monterrey com base na extração diária de água. 8) Baseado em Nuevo
León. Proporção da população com acesso à rede de esgoto.
71
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Montevidéu_Uruguai
Montevidéu_Uruguai
cinco outras categorias – energia e CO2, resíduos, água, saneamento e qualidade do ar – em
grande parte devido a políticas relativamente
menos ambiciosas do que em outras cidades do
Índice. No entanto, Montevidéu tem uma pontuação particularmente boa por gerar uma das
menores quantidades de resíduos entre as 17
cidades estudadas, e tem uma das melhores
políticas de qualidade da água do Índice.
Energia e CO2: Montevidéu está abaixo da
média em energia e CO2. A cidade está bem
posicionada em emissões de CO2 provenientes
do consumo de eletricidade, um valor estimado
em 80 kg por pessoa em toda a área metropolitana, significativamente inferior à média do Índice
de 202 kg. Quase 90% da eletricidade de Montevidéu é de fontes renováveis, principalmente
energia hidrelétrica. O consumo de eletricidade
em comparação com a produção econômica é
muito mais alto do que a média, estimado em
1.100 megajoules por US$ 1.000 do PIB em
comparação à média de 760 megajoules das 17
cidades estudadas. O consumo de energia é
relativamente alto e se deve em parte aos generosos subsídios públicos para a energia elétrica,
especialmente para empresas de médio e grande portes, embora a Usina e Transmissões Elétricas (UTE), empresa nacional de energia, tenha
começado no ano passado a aplicar diferenciações tarifárias para incentivar uma maior eficiência energética entre os clientes (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir). Montevidéu tem políticas de energia limpa e de mudanças climáticas
da cidade, mas estas poderiam ser reforçadas.
Por exemplo, o plano de ação da cidade para
mudanças climáticas abrange apenas energia e
não outras áreas como água, saneamento, resíduos, transporte ou edifícios. Por outro lado,
Montevidéu assinou convênios internacionais
para reduzir os gases do efeito estufa.
Indicadores Gerais
M
População total (milhões) 1
2,0
Área administrativa (km2) 2
525,5
PIB por pessoa (preços correntes) (US$) 1
6.417,3
Densidade populacional (pessoas/km2) 2
2.546,7
Temperatura (média 24 horas, anual) (oC) 3
ontevidéu é a capital do Uruguai e o centro
econômico e financeiro do País. Com uma
população de dois milhões de pessoas na área
metropolitana, é a maior cidade do Uruguai,
mas ainda assim uma das menos populosas
entre as 17 cidades do Índice de Cidades Verdes
da América Latina. Os dados apresentados no
Índice são baseados em uma combinação entre
a área metropolitana e a cidade de Montevidéu,
que tem uma população de 1,3 milhão de habitantes. Montevidéu está localizada no estuário
do Rio da Prata e tem o principal porto do País,
que escoa o volume nacional de exportações de
carne, laticínios e grãos.
A cidade tem um centro antigo próximo ao
porto, onde se situa a principal universidade do
País e as repartições governamentais, e uma
16,0
1) Baseado na Área Metropolitana de Montevidéu. 2) Departamento de
Montevidéu. 3) Cidade de Montevidéu
área nova em direção ao litoral, que abriga a
logística crescente da cidade e dos setores de
alta tecnologia. Economicamente, a região metropolitana gera um PIB de US$ 6.400 por pessoa, o quinto mais baixo do Índice e bem aquém
da média de US$ 11.100.
Montevidéu classifica-se abaixo da média
global do Índice. Seu melhor resultado é na categoria de governança ambiental, onde ocupa
posição acima da média, graças, sobretudo, aos
seus esforços no monitoramento ambiental e na
divulgação pública dos resultados. Na categoria
de transporte, a cidade tem um desempenho
médio, mas seu resultado é reforçado por uma
forte política de transportes públicos, um sistema tarifário integrado e a promoção do transporte verde. A cidade está abaixo da média em
Iniciativas verdes: A concessionária de energia nacional, UTE, aplica tarifas diferentes para
clientes residenciais, incluindo duas tarifas: uma
para as horas de pico de consumo e outra para
as horas de consumo normal. Há também uma
“tarifa de utilização mínima“ que abrange atualmente 150.000 residências que assumiram o
compromisso de usar menos de 170 quilowatts
por mês em troca de uma conta mais baixa. Uma
variante deste sistema é planejada para ser aplicada a usuários comerciais, mas não existem
planos concretos até o momento. Além disso, o
governo do Uruguai está promovendo o uso de
energia eólica e tem supervisionado alguns projetos-piloto, um dos quais fornece iluminação
para as ruas de Montevidéu. Outro projeto iniciado pelo governo nacional é uma estação de
2 megawatts de energia eólica com capacidade
para abastecer 20% da eletricidade necessária
para a iluminação pública da cidade, cujo início
das operações estava previsto para o final de
2010. A própria cidade está em fase de planejamento do desenvolvimento de seu parque eólico nos limites da cidade, mas as autoridades
ainda não anunciaram sua capacidade energética nem os custos da melhoria.
Uso do solo e prédios: Montevidéu está
bem abaixo da média na categoria de uso do
solo e prédios, principalmente devido a políticas
relativamente fracas quanto a prédios ecológicos e uso da terra. Por exemplo, a cidade tem
códigos parciais abrangendo ecopadrões para
novas construções, mas ainda não possui incentivos em vigor para as empresas e as residências
reduzirem seu uso de energia. O desempenho
da cidade nesta categoria também é prejudicado por apresentar uma das menores densidades
de população do Índice – 2.500 habitantes por
km² em comparação com a média de 4.500
habitantes por km² – e menos espaços verdes
que a maioria das cidades do Índice, 9 m² por
pessoa. A maioria dos espaços verdes de Monte-
Desempenho
vidéu é formada por parques fundados no século XIX e no início do século XX, e a atitude da
cidade para espaços verdes tradicionalmente é a
de proteger as áreas existentes, mas não de criar
novas. Esta abordagem está estabelecida no
plano do uso da terra, em vigor desde 1998,
segundo o qual a atividade de construção deve
proteger e melhorar os espaços verdes existentes. Um sistema novo e mais abrangente de proteção encontra-se na fase de planejamento
(veja “Iniciativas Verdes“ a seguir) e também
envolverá medidas que devem aumentar a
quantidade de espaços verdes no futuro.
Iniciativas verdes: Montevidéu está desenvolvendo atualmente um plano mais extensivo de
sustentabilidade urbana para a década 20102020 que abrangerá as zonas úmidas, as praias
e o ambiente rural, juntamente com espaços
verdes. No que diz respeito especificamente aos
espaços verdes, o plano visa à recuperação das
áreas existentes no núcleo urbano da cidade,
que têm sofrido com a falta de manutenção e a
expansão de espaços verdes em bairros periféricos. A cidade também tem um programa educa-
Montevidéu
Bem abaixo
da média
Outras cidades
Abaixo da
média
Média
Acima da
média
Bem acima
da média
Energia e CO2
Uso do solo e prédios
Transporte
Resíduos
Água
Saneamento básico
Qualidade do ar
Governança ambiental
Resultado geral
A ordem dos pontos nas faixas de performance não tem significado para os resultados das cidades.
72
73
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Montevidéu_Uruguai
Governança ambiental: Montevidéu
tivo chamado “Montevidéu Verde“, para promoção pública da importância da conservação dos
espaços verdes. Os primeiros eventos tiveram
lugar em 2009 e incluem visitas guiadas à maioria dos parques da cidade e outras áreas ecologicamente sensíveis, como as zonas úmidas. Na
primeira parte do programa, por exemplo, os
botânicos levaram grupos de crianças para plantar mudas nos parques.
Transporte: Montevidéu está na média na
categoria de transporte. A rede de transporte de
massa da cidade tem 1,9 km por km2 em toda a
área metropolitana, em comparação à média de
5 km por km² do Índice. Montevidéu não possui
metrô. O transporte de massa na cidade consiste
principalmente de frotas de ônibus mais velhos.
As vias centrais tendem a ficar congestionadas,
mas o tráfego flui mais livremente do que na
maioria das capitais latino-americanas. A cidade
também tem uma das menores frotas de automóveis e motocicletas do Índice, de 0,16 veículo
por pessoa, contra a média de 0,3 das 17 cidades estudadas. Montevidéu tem uma política
abrangente de transporte urbano de massa,
incluindo um sistema de tarifa integrada e faixas
exclusivas para ônibus.
Iniciativas verdes: O “Plano de Mobilidade
2010-2020“ de Montevidéu tem por objetivo
reduzir o uso dos automóveis por meio de medidas como a promoção do transporte público e a
ampliação do número de áreas exclusivas para
pedestres no centro urbano. Uma parte importante do plano é estender o transporte público
do centro urbano até as zonas periféricas, com
corredores exclusivos de ônibus.
A construção do primeiro destes corredores
de ônibus foi iniciada em 2009 e deverá ser concluída no primeiro semestre de 2011. Também
em 2009, deu-se início à construção de uma
ciclovia que se estende paralelamente a uma
das principais ruas da cidade. A ciclovia corre ao
longo do Camino Carrasco e há planos para a
construção de uma segunda ciclovia, em General Flores, como uma das primeiras iniciativas do
Plano de Mobilidade para uma década.
Resíduos: Montevidéu está abaixo da média
na categoria de resíduos. Apresenta boa pontuação quanto à quantidade de resíduos gerada,
uma das menores do Índice, 303 kg por pessoa
por ano em toda a área metropolitana, muito
menor do que a média de 465 kg. Entretanto, a
cidade é prejudicada na coleta e eliminação de
cerca de 85% dos seus resíduos, em comparação
com a média de 96% observada nas 17 cidades
estudadas. Em geral, as políticas para a eliminação de resíduos e reciclagem em Montevidéu
podem ser melhoradas. Por exemplo, a cidade
possui normas ambientais para aterros e locais
de incineração, bem como para a eliminação de
resíduos industriais perigosos, mas estas normas são apenas parcialmente controladas e aplicadas. Em contrapartida, Montevidéu é proativa
quanto ao descarte de resíduos especiais, por
meio da criação de um sistema de coleta local
que aceitará equipamentos eletrônicos e outros
itens domésticos de grande porte.
Iniciativas verdes: Os governos nacional e
municipal têm um acordo para a construção do
primeiro aterro de Montevidéu para resíduos
industriais perigosos, cuja conclusão estava projetada para o final de 2010. Além disso, a cidade
lançou um programa nacional para crianças e
adolescentes para evitar que o lixo seja jogado
em locais públicos. A iniciativa inclui difusão por
meio de anúncio nas emissoras locais de TV. O
programa originou-se de uma campanha sobre a
disposição de lixo, levada ao ar em 2008 e 2009.
Água: A pontuação da cidade é boa para as
políticas de qualidade da água, que incluem
normas relativamente robustas para águas de
superfície e monitoramento da qualidade e
padrões de água potável. A porcentagem da
população com acesso à água potável é igual à
média, cerca de 98%. No entanto, muitas cidades já atingiram o acesso universal à água potável. A classificação da cidade é prejudicada por
uma taxa muito elevada no consumo de água, a
terceira maior do Índice, de 375 litros por pessoa por dia em toda a região metropolitana, em
comparação à média de 264 litros por pessoa
por dia das 17 cidades estudadas. Devido à localização de Montevidéu sobre o estuário do Rio
da Prata, o abastecimento de água é abundante
e assim, a cidade vem adotando muito lentamente as políticas de sustentabilidade da água.
Montevidéu é uma das duas cidades do Índice
que não têm um código destinado ao consumo
de água de forma mais eficiente. A cidade não
instituiu registros controladores de água, tubulações separadas para água não potável, reciclagem de águas de uso doméstico, proibição do
uso de mangueiras nem a coleta das águas pluviais. No entanto, há campanhas públicas de
sensibilização para incentivar o uso racional da
água.
Iniciativas verdes: No início de 2010, o departamento de Obras Sanitárias do Estado (OSE),
agên-cia nacional de suprimento de água potável para a cidade, terminou um projeto de três
anos para a construção do sexto duto para a
cidade de Montevidéu e arredores, conectado à
maior instalação de tratamento de água potável
do País. Prevê-se que o novo aqueduto atenda às
necessidades de abastecimento de água da cidade até 2035.
Saneamento Básico: Montevidéu está
abaixo da média na categoria de saneamento.
Apenas cerca de 50% das águas residuais são
tratadas na cidade, em comparação com a
média de 52% do Índice. O percentual de moradores com acesso ao saneamento está também
abaixo da média, cerca de 83% comparados aos
94%. A pontuação da cidade é boa quanto à política de instalações de monitoramento local de
saneamento nas residências e áreas comuns.
Apesar de Montevidéu ainda ter muito trabalho
a fazer, as normas sanitárias foram fortalecidas
nos últimos anos e a cidade tem metas ambiciosas. O governo tem um plano abrangente para
melhorar o saneamento (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir) e declarou publicamente a sua
meta de transformar-se na “cidade latino-americana com o melhor sistema de saneamento“.
Iniciativas verdes: Montevidéu tem um plano
de US$ 260 milhões para fornecer saneamento
adequado para toda a cidade até 2020 e melhorar o tratamento de águas residuais. As
fases de avaliação já foram concluídas e as
obras iniciadas. O plano prevê a construção de
uma nova rede de esgoto, que tratará de cerca
de 44% da água residual e ajudará a limpar a
baía de Montevidéu. O plano também prevê a
ampliação da coleta de esgoto e da capacidade
de transporte.
Qualidade do ar: Montevidéu está abaixo
da média na categoria de qualidade do ar, resultado principalmente devido ao aumento das
concentrações médias de dióxido de nitrogênio
e dióxido de enxofre. A negligência às normas
relativas aos padrões de emissões de automóveis é a principal razão, além da poluição na área
do porto local. O fato de que Montevidéu localiza-se sobre o estuário do Rio da Prata ajuda a dispersar a poluição, mas esse efeito é frequentemente anulado pelo clima úmido da região, que
tende a piorar a poluição na cidade. As políticas
de ar limpo da cidade são relativamente robustas e nos últimos anos as autoridades vêm
tomando medidas para resolver o problema,
especialmente nas grandes cidades. Montevidéu, por exemplo, tem um código de qualidade
do ar, monitora regularmente a qualidade do ar
em diferentes locais da cidade (veja “Iniciativas
Verdes“ a seguir), e informa os moradores sobre
os riscos da poluição atmosférica.
Iniciativas verdes: Em 2005, Montevidéu estabeleceu uma extensa rede de monitoramento da
qualidade do ar, composta por oito estações em
diferentes áreas da cidade para controlar uma
ampla gama de poluentes. Em 2008, foi criada
uma estação de monitoramento da qualidade do
ar para mensurar a poluição nas imediações da
refinaria de La Teja, localizada na baía da cidade.
O objetivo é avaliar as emissões da refinaria para
melhorar a eficiência da qualidade do ar no local
e seu entorno. Essa iniciativa faz parte de um
projeto chamado ARPEL/CIDA, apoiado pela
empresa de gás e indústrias de petróleo locais e
uma agência canadense de desenvolvimento.
está acima da média na categoria de governança ambiental, seu melhor desempenho no Índice. A cidade tem um departamento de fiscalização ambiental com a capacidade de implantar a
sua própria legislação ambiental. Todavia, as
atribuições do departamento são um pouco
limitadas em comparação às cidades de melhor
pontuação no Índice. As políticas referentes a
resíduos, transportes, energia e mudanças climáticas, por exemplo, não são diretamente controladas pela autoridade ambiental municipal.
Montevidéu destaca-se no monitoramento do
seu desempenho ambiental, publicação dos resultados e em dispor de um ponto central de
contato para que os moradores obtenham informações sobre projetos ambientais.
Iniciativas verdes: Montevidéu é a única cidade do Uruguai a aderir aos princípios da Agenda
21, um plano das Nações Unidas com orientações para a inclusão de considerações ambientais na elaboração das políticas de governo. Com
este objetivo, a cidade criou o “Grupo Ambiental
Montevidéu“, uma associação de organizações
não governamentais, empresas e organizações
públicas que supervisiona e controla o comprometimento da cidade com metas ambientais. O
grupo tem também workshops sobre temas
ambientais, como qualidade do ar e gestão de
resíduos.
Indicadores Quantitativos: Montevidéu
Média
Energia e CO2
Uso do solo
e prédios
Montevidéu
Ano*
202.2
79.6 1, e 2007
Estimativa da EIU; Instituto Nacional de Estatística; Agência Internacional
de Energia; Grupo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
Consumo de eletricidade por PIB em US$
(megajoules por US$ 1.000 de PIB)
760.7
1,146.6 2, e 2007
Estimativa da EIU; Instituto Nacional de Estatística; Agência Internacional
de Energia; Escritório de Planejamento e Orçamento.
4,503.0
2,546.7 3
2009
Instituto Nacional de Estatísticas
254.6
9.2 4
2007
Serviço Municipal de Geomática de Montevidéu; Instituto Nacional
de Estatística.
5.0
1.9 4
2009
Unidade Executiva de Planejamento de Mobilidade Urbana;
Instituto Nacional de Estatística.
Redes superiores de transporte público (km/km2)
0.13
0.07 5
2010
Administradores de Ferrovias do Estado.
Estoque de carros e motocicletas (veículos/pessoa)
0.30
0.16 5
2006
Estatísticas de Transporte Anuário 2007, Direção Nacional de Transporte.
Parcela dos resíduos coletados e adequadamente descartados (%)
96.2
85.0 4, e 2008
Densidade populacional (pessoas/km2)
Espaços verdes por pessoa (m2/pessoa)
Transporte
Resíduos
Água
Saneamento
básico
Qualidade
do ar
Fonte
Emissões de CO2 do consumo de eletricidade
por pessoa (kg/pessoa)
Comprimento da rede de transporte de massa (km/km2)
O País.
Resíduos gerados por pessoa (kg/pessoa/ano)
465.0
303.0 4
2010
Departamento de Desenvolvimento Ambiental.
Consumo de água por pessoa (litros por pessoa por dia)
264.3
374.9 4
2008
Obras Sanitárias do Estado; Instituto Nacional de Estatísticas.
Vazamentos no sistema de abastecimento de água (%)
34.6
36.1 4, e 2008
Obras Sanitárias do Estado;
Parcela da população com acesso à água potável (%)
97.5
98.0 6, e 2008
Obras Sanitárias do Estado;
População com acesso a saneamento básico (%)
93.7
83.4 7, e 2009
Serviço de Estudos e Projetos; Instituto Nacional de Estatística.
Parcela das águas residuais tratadas (%)
51.5
50.0 5, e 2009
Serviço de Estudos e Projetos;
Níveis diários de dióxido de nitrogênio (ug/m3)
37.8
52.0 5
2009
Grupo Ambiental de Montevidéu.
Níveis diários de dióxido de enxofre (ug/m3)
11.4
28.0 5
2009
Grupo Ambiental de Montevidéu.
Níveis diários de partículas em suspensão (ug/m3)
48.0
39.0 5
2009
Grupo Ambiental de Montevidéu.
* Para dados de diferentes anos, será considerado apenas o ano do indicador principal. e) Estimativa da EIU, 1) Baseado na área metropolitana de Montevidéu, com base nas estimativas de consumo de energia e fontes de energia utilizadas na geração de energia
no Uruguai. 2) Baseado na área metropolitana de Montevidéu. Estimativa baseada na análise robusta da relação entre PIB, população e consumo de energia em outras cidades da América Latina com dados disponíveis. 3) Baseado no Departamento de Montevidéu.
4) Baseada na área metropolitana de Montevidéu. 5) Baseado na cidade de Montevidéu. 6) Baseado no acesso à água para Uruguai devido à falta de dados. 7) Baseado na cidade de Montevidéu. Proporção da população com acesso à rede de esgoto.
74
75
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Porto Alegre_Brasil
Porto Alegre_Brasil
nança ambiental. Está abaixo da média nessas
três categorias.
Energia e CO2: Porto Alegre está abaixo da
média em energia e CO2. Seu fraco desempenho
nesta categoria é atribuído ao alto consumo de
eletricidade, à falta de um plano de ação para
mudanças climáticas e seu progresso irregular
em políticas de energia limpa. A região metropolitana consome 974 megajoules de eletricidade
por US$ 1.000 do PIB, que é uma das mais altas
taxas do Índice, bem acima da média de 761
megajoules das 17 cidades estudadas. Porto Alegre não monitora a emissão de gases do efeito
estufa e enquanto investiga fontes de energias
limpas e renováveis, a cidade obtém marcas parciais por seus investimentos em programas de
resíduos de energia.
Por outro lado, com quase 90% de sua eletricidade já produzida a partir de fontes renováveis, principalmente energia hidrelétrica, a região metropolitana de Porto Alegre tem um
histórico muito forte em termos de emissões de
CO2 da eletricidade, emitindo cerca de 86 kg de
Uso do solo e prédios: Porto Alegre
encontra-se na média na categoria de uso do
solo e prédios. A densidade populacional de
2.900 pessoas por km2 nos limites da cidade
está abaixo da média de 4.500 habitantes das
17 cidades estudadas. Simultaneamente, sua
região metropolitana detém um dos menores
espaços verdes do Índice, com apenas 6 m² por
pessoa. A despeito da pouca quantidade de
áreas verdes, a cidade está esforçando-se para
plantar árvores ao longo de suas avenidas e parques, além de preservar a vegetação nativa.
Porto Alegre possui também orientações estritas
para concessão de licenças ambientais, visando
à projeção de áreas de conservação e reforçando
seu desempenho nas políticas para o uso da
terra. Da mesma forma, a cidade se sai bem na
área de política de prédios ecológicos. Porto Alegre possui um conjunto de normas bem desenvolvido para garantir a ecoeficiência dos novos
prédios e promove ativamente a conscientização sobre normas para orientar os cidadãos a
melhorar a energia eficiente em edifícios. Por
outro lado, é uma das várias cidades do Índice
que não incentivam os empresários e a comunidade a reduzirem o consumo de energia.
Iniciativas verdes: Porto Alegre não dispõe de
uma estratégia geral que vise a melhorar a eficiência energética nos prédios municipais, mas
a Secretaria do Meio Ambiente toma medidas
nesse sentido, usando a energia solar para aquecimento da água em um dos seus escritórios, a
título experimental, para aquecer 600 litros de
água por dia. Como parte de seu projeto social
de habitação, a cidade está construindo 210
casas com painéis de energia solar como uma
alternativa aos chuveiros elétricos, que são
comuns em grande parte do Brasil.
Transporte: Porto Alegre encontra-se abaixo
da média na categoria de transporte. A cidade
tem uma frota de carros e motos maior do que a
média, ou seja, 0,38 veículo por pessoa, em
comparação com a média de 0,3 nas 17 cidades
estudadas. A rede de transporte de massa também é menor do que a média, cerca de 3,6 km
por km², em comparação com a média de 5 km
do Índice. Ainda assim, a cidade apresenta bom
desempenho nas políticas de transporte urbano
de massa graças ao seu sistema tarifário integrado e às faixas exclusivas para ônibus. A cidade
possui também um sistema de gestão de tráfego
com 40 câmeras conectadas a uma sala de controle central, de onde os semáforos são controlados de acordo com o fluxo de veículos.
Iniciativas verdes: Porto Alegre está investindo US$ 380 milhões para expansão do metrô,
com mais 10 km e quatro estações no sentido à
zona norte da cidade. Apesar da longa discussão, os planos para uma segunda linha do metrô
ainda não se realizaram. No entanto a cidade
apresentou um projeto de US$ 17 milhões para
Indicadores Gerais
População total (milhões)
1,4
Área administrativa (km2)
497,0
PIB por pessoa (preços correntes) (US$) e
Densidade populacional (pessoas/km2)
Temperatura (média 24 horas, anual)
(oC)
Baseado na cidade de Porto Alegre. e) Estimativa EIU
orto Alegre é a capital do Rio Grande do Sul,
o Estado mais meridional do Brasil. Por
muito tempo um atrativo para imigrantes
estrangeiros, a região metropolitana tem hoje
uma população de 4,7 milhões de pessoas. No
entanto, com algumas notáveis exceções, os
dados incluídos no Índice de Cidades Verdes da
América Latina baseiam-se em números da cidade de Porto Alegre, que tem 1,4 milhão de habitantes. Situada na confluência de cinco rios, a
cidade tem um grande porto que serve toda a
Região Sul do Brasil e contribui significativamente para a economia local. Em particular, os produtos agrícolas de todo o Estado passam por
Porto Alegre antes de serem exportados para
todo o mundo. O setor de serviços também
desempenha um papel importante na economia
P
12.081,9
2.895,0
20,0
da cidade, assim como algumas indústrias pesadas, incluindo siderúrgicas e metalúrgicas.
Porto Alegre classifica-se na média global no
Índice de Cidades Verdes da América Latina. Seu
melhor desempenho se dá na categoria de resíduos, em que se encontra acima da média, graças a um programa de reciclagem bem desenvolvido e políticas fortes em relação à coleta e
eliminação de resíduos. A cidade está na média
na categoria de uso do solo e prédios, água,
saneamento e qualidade do ar. Apesar de sua
posição média em água e saneamento, a cidade
é uma das poucas no Índice que, de acordo com
dados oficiais, fornece água potável e saneamento básico a toda a sua população. Por outro
lado, a cidade tem espaço significativo para a
melhoria da energia e CO2, transporte e gover-
CO2 por habitante por ano, consideravelmente
inferior à média de 202 kg do Índice. Além disso,
o desempenho de Porto Alegre na categoria de
energia e CO2 provavelmente irá melhorar após
a criação de um órgão do governo encarregado
de orientar a política na área de energias renováveis (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir).
Desempenho
Porto Alegre
Bem abaixo
da média
Outras cidades
Abaixo da
média
Média
Acima da
média
Bem acima
da média
Energia e CO2
Uso do solo e prédios
Transporte
Iniciativas verdes: Em setembro de 2009, o
departamento ambiental da cidade lançou uma
nova agência, o Centro de Recursos de Energias
Renováveis, em Porto Alegre. O centro distribui
informações sobre tecnologias de energia renovável, incluindo detalhes sobre os custos de instalação e nomes de fornecedores. É responsável
também por desenvolver o potencial das políticas de energia renovável.
Resíduos
Água
Saneamento básico
Qualidade do ar
Governança ambiental
Resultado geral
A ordem dos pontos nas faixas de performance não tem significado para os resultados das cidades.
76
77
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Porto Alegre_Brasil
a construção de uma conexão de 1 km do aeroporto internacional ao metrô. Este projeto chamado Aeromóvel, um trem movido a ar, está
sendo financiado pelo Governo Federal como
parte da preparação para a Copa do Mundo de
2014. Sua inauguração está prevista para o final
de 2011. Além disso, a cidade está construindo
mais 40 km de ciclovias para incentivar os moradores a utilizarem formas mais ecológicas de
transporte.
Resíduos: Porto Alegre encontra-se acima da
média na categoria de resíduos, seu melhor
desempenho no Índice, devido principalmente ao
sistema de coleta, às políticas de eliminação e
reciclagem bem desenvolvidas e a um programa
de reutilização. O material reciclável é coletado
duas vezes por semana e as autoridades locais
fazem campanhas de informação pública sobre
reciclagem e redução de resíduos. Porto Alegre
coleta e descarta também 99% dos resíduos produzidos nos limites da cidade. A cidade gera 345
kg de resíduos por pessoa por ano, em comparação com a média de 465 kg do Índice. Em 1997, a
cidade foi uma das primeiras do País a abrir um
aterro controlado, que foi fechado em 2002
quando atingiu sua capacidade limite e foi substituído pelo aterro Recreio, de gestão privada,
situado a 113 km da cidade. Desde 2006, a cidade
tem um esquema de coleta seletiva para material
hospitalar e outras formas de resíduos especiais.
de Água e Esgotos (DMAE) da cidade perde 29%
da água devido a vazamentos, valor que, embora alto, é ainda uma das menores perdas de água
do Índice, cuja média é de 35%. De acordo com
dados oficiais, a cidade fornece água potável
para todos os moradores. Porto Alegre se localiza na margem leste do Lago Guaíba, na confluência de cinco rios, o que resulta em água
abundante. A cidade tem também bom desempenho em políticas de sustentabilidade da água,
graças às campanhas de conscientização pública contra o desperdício. Seu posicionamento
nesta categoria, entretanto, é prejudicado pelo
consumo de água relativamente alto. Porto Alegre consome 313 litros por pessoa por dia,
muito mais do que a média de 264 litros das 17
cidades estudadas.
Iniciativas verdes: Em 2005, a empresa de
água da cidade lançou o programa “Água Certa“
para reduzir o número de ligações clandestinas à
rede de água e expandir o acesso à água potável
em assentamentos informais. O município trabalha com associações de moradores para identificar e coibir ligações clandestinas e oferece
prazos de carência e parcelamento para os
moradores que não podem pagar suas contas de
água em sua totalidade. A cidade diz que a taxa
de inadimplência hoje caiu para menos de 10%,
em comparação aos 14% de alguns anos atrás.
Saneamento Básico: Porto Alegre classiIniciativas verdes: Em agosto de 2010, Porto
Alegre anunciou um projeto-piloto para a colocação de 1.000 containeres de lixo doméstico
na cidade, num esforço para reduzir a quantidade de resíduos jogados nas ruas, melhorar a
logística de transporte e reduzir o tempo de
coleta. Em 2011, as autoridades planejam introduzir o programa no centro da cidade, difundido
por uma campanha promocional.
Água: Porto Alegre posiciona-se na média na
categoria de água. O Departamento Municipal
fica-se na média na categoria de saneamento.
De acordo com dados oficiais, todos os moradores de Porto Alegre têm acesso a serviços de
saneamento, valor bem acima da média de 94%
das 17 cidades estudadas. Em contraste, a cidade trata apenas 20% dessa água servida, bem
abaixo da média de 52% do Índice. No entanto,
Porto Alegre vê a necessidade de melhoria e tem
políticas abrangentes de saneamento, incluindo
uma meta ambiciosa para aumentar significativamente a porcentagem de águas residuais tratadas (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir).
Iniciativas verdes: Em 2000, a cidade apresentou um plano abrangente de saneamento.
O projeto “Pisa“, de US$ 250 milhões, tem
como meta aumentar o tratamento de esgotos
para 77% até 2012, embora a cidade pareça
ainda muito longe de atingir essa meta. Quatorze projetos estão em andamento, incluindo
novas instalações para tratamento de águas
residuais, novos tubos e coletores de efluentes
e reforma das estações de bombeamento existentes.
Qualidade do ar: Porto Alegre está na
média em qualidade do ar. Como muitas cidades
no Índice, o tráfego é a principal fonte de poluição do ar. A cidade tem uma das menores concentrações de dióxido de enxofre do Índice, com
níveis médios diários de cerca de 2 microgramas
por m3, comparados com a média de 11 microgramas do Índice. A concentração diária de partículas suspensas em Porto Alegre é de 34 microgramas por m3, bem abaixo da média de 48
microgramas. No entanto, a cidade tem pior
desempenho quanto às emissões de dióxido de
nitrogênio, sendo a principal causa os automóveis: tem concentrações médias diárias totais
estimadas em 54 microgramas por m³, comparado à média de 38 microgramas do Índice.
Enquanto a cidade possui duas estações de
monitoramento instaladas próximas aos principais cruzamentos, que mensuram apenas partículas e emissões de dióxido de carbono, a agência estatal de proteção ambiental opera três
estações de monitoramento de Porto Alegre,
que verificam uma variedade de poluentes atmosféricos.
Iniciativas verdes: Enquanto muitas cidades
aplicam testes anuais de emissões nos automóveis, a cidade de Porto Alegre, por sua vez, realiza verificações aleatórias em caminhões e ônibus, com o seu programa “Operação Ar Limpo“.
As autoridades da cidade montaram postos de
controle ao longo das principais vias de fluxo
para aplicar testes de emissões. Os veículos que
não atendem às especificações são apreendidos
e os proprietários podem ser multados.
na elaboração de legislação e orientação de políticas. A cidade também faz esforços para envolver o público, garantindo o acesso à informação
ambiental.
Governança ambiental: Porto Alegre
está abaixo da média na categoria de governança ambiental. A cidade não realizou uma revisão
ambiental nos últimos cinco anos e as questões
ambientais estão divididas entre vários departamentos do governo local, o que pode prejudicar
a ação global e levar à ineficiência na execução
das políticas ambientais. No entanto, Porto Alegre foi a primeira cidade brasileira a criar uma
Secretaria de Meio Ambiente, em 1976. O departamento de meio ambiente permanece ativo
Iniciativas verdes: Em 1989, Porto Alegre se
tornou a primeira cidade no Brasil a adotar um
processo de “orçamento participativo“, que
desde então se tornou um modelo para cidades
de todo o País. Anualmente, a cidade realiza
uma série de reuniões com agentes de bairros,
regionais e municipais, quando moradores e
representantes eleitos votam sobre uma vasta
gama de prioridades de gastos, inclusive para as
áreas ambientais, tais como transporte e sanea-
mento. Quanto ao saneamento, por exemplo,
funcionários municipais relatam que o processo
resultou diretamente na expansão dos serviços.
Em 2009, o ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade, uma associação internacional de que
Porto Alegre é membro, considerou a cidade
como uma das cinco “cidades-modelo“ para participar de uma iniciativa de energia renovável.
Com o apoio da organização, as “cidades-modelo” desenvolvem uma estratégia energética sustentável. Porto Alegre criou o Centro de Recursos de Energias Renováveis (veja o tópico
“Energia e CO2“), como parte do programa, e
está estudando outros projetos em potencial.
Indicadores Quantitativos: Porto Alegre
Média Porto Alegre
Energia e CO2
Emissões de CO2 do consumo de eletricidade
por pessoa (kg/pessoa)
202.2
85.6 1, e
Consumo de eletricidade por PIB em US$
(megajoules por US$ 1.000 de PIB)
760.7
973.7 2, e
Ano*
Fonte
2008
Estimativa da EIU; Balanço Energético do RS/CEEE; Agência Internacional de Energia; Governo do Estado do Rio Grande do Sul;
Grupo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
2008
Uso do solo
e prédios
Transporte
Resíduos
Água
2008
Balanço Energético do RS/CEEE, Sulgás; Fundação de Economia
e Estatística; EIU.
Densidade populacional (pessoas/km2)
4,503.0
2,895.0 3
2009
Fundação de Economia e Estatística; Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística;
Espaços verdes por pessoa (m2/pessoa)
254.6
6.0 4
2008
Secretaria Municipal do Meio Ambiente; Fundação de Economia
e Estatística.
3.6 4, e
Comprimento da rede de transporte de massa (km/km2)
5.0
2010
Secretaria de Saneamento Básico de Porto Alegre; METROPLAN.
Redes superiores de transporte público (km/km2)
0.13
0.02 3
2010
EPTC Porto Alegre; Trensurb.
Estoque de carros e motocicletas (veículos/pessoa)
0.30
0.38 3
2008
Denatran.
Parcela dos resíduos coletados e adequadamente descartados (%)
96.2
98.6 3, e
2008
Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU).
Resíduos gerados por pessoa (kg/pessoa/ano)
465.0
344.6 3
2008
Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU); Fundação
de Economia e Estatística.
Consumo de água por pessoa (litros por pessoa por dia)
264.3
313.0 3
2008
Departamento Municipal de Água e Esgotos; Fundação de
Economia e Estatística.
2009
Departamento Municipal de Água e Esgotos.
Vazamentos no sistema de abastecimento de água (%)
34.6
28.6 3
Parcela da população com acesso à água potável (%)
97.5
100.0 3
Saneamento
básico
População com acesso a saneamento básico (%)
93.7
100.0 3, e
2000
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Parcela das águas residuais tratadas (%)
51.5
20.0 3
2009
DMAE.
Qualidade
do ar
Níveis diários de dióxido de nitrogênio (ug/m3)
37.8
53.8 3, e
2009
PROAR.
Níveis diários de dióxido de enxofre (ug/m3)
11.4
1.9 3, e
2008
PROAR.
Níveis diários de partículas em suspensão (ug/m3)
48.0
2009
ECCPHA.
34.3 3
Departamento Municipal de Água e Esgotos.
* Para dados de diferentes anos, será considerado apenas o ano do indicador principal. e) Estimativa da EIU. 1) Baseado na região metropolitana de Porto Alegre. Baseado na composição de fontes de energia utilizadas para geração de eletricidade no Brasil.
2) Baseado na região metropolitana de Porto Alegre. Dados do PIB de 2007. 3) Baseado na cidade de Porto Alegre. 4) Baseado na região metropolitana de Porto Alegre.
78
79
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Puebla_México
cientização da comunidade sobre as formas de
os moradores ajudarem na melhoraria da eficiência energética em suas casas e empresas. O
desempenho da cidade nesta categoria é prejudicado por sua baixa densidade populacional.
Com apenas 1.900 habitantes por km², Puebla
cai consideravelmente abaixo da média de
4.500 pessoas do Índice.
Puebla_México
Indicadores Gerais
População total (milhões) 1
2,6
Área administrativa (km2) 1
2.223,0
PIB por pessoa (preços correntes) (US$) 2, e
6.535,2
Densidade populacional (pessoas/km2) 1
1.185,6
Temperatura (média 24 horas, anual) (oC) 3
Iniciativas verdes: Puebla tem duas principais
iniciativas para a proteção, preservação e restauração dos espaços verdes: o “Programa de Reflorestamento Urbano“ e o “Programa Cidade Verde“. Desde 2009, a cidade já investiu mais de
US$ 7,3 milhões nestas iniciativas criando cerca
de 20 hectares de espaços verdes e plantando de
mais de 37.700 árvores. Puebla também reuniu
esforços com várias das maiores empresas mexicanas para substituir mais de um milhão de lâmpadas incandescentes por lâmpadas eficientes
de energia LED em residências por toda a cidade.
Além disso, há um plano nacional chamado “Luz
Sustentável“ que pretende substituir, até 2012,
mais de 45 milhões de lâmpadas incandescentes
por lâmpadas que poupam energia em 11 milhões de lares mexicanos. A iniciativa deve diminuir em 2,8 milhões de toneladas por ano a
emissão de gases do efeito estufa.
16,0
e) Estimativa EIU. 1) Baseado na área metropolitana de Puebla-Tlaxcala.
2) Estado de Puebla. 3) Município de Puebla
ocalizada no centro-sul do México, Puebla é
a capital do Estado que tem o mesmo nome.
Com 2,6 milhões de habitantes, é a quarta área
metropolitana mais populosa do País e a 11ª
cidade do Índice de Cidades Verdes da América
Latina. Os dados de Puebla no Índice são uma
mistura de números da área metropolitana, do
município de Puebla e de estimativas baseadas
em estatísticas do Estado. A cidade tem forte
presença industrial especialmente em metalurgia, autopeças e logística. Apesar disso, Puebla
tem a sexta menor renda do Índice, com o PIB
estimado em US$ 6.500 per capita. Como em
outras cidades mexicanas, a poluição atmosférica é um grande desafio em Puebla. O problema
é agravado pela sua localização geográfica, fica
situada em um vale cercado por montanhas e
pelo cinto vulcânico Transmexicano.
Apesar de sua baixa renda, Puebla encontrase na média geral no Índice. A colocação da cidade é impulsionada por um desempenho particularmente forte na categoria de resíduos, em que
se encontra acima da média graças a uma alta
taxa de resíduos recolhidos e adequadamente
dispostos, além da baixa quantidade de geração
de resíduos. A cidade está na média na maioria
das categorias, exceto para energia e CO2 e
transporte, em que se posiciona abaixo da
média. A colocação de Puebla nestas áreas é um
reflexo de políticas fracas, tanto em energia
limpa quanto em transporte coletivo urbano.
Em comparação com outras seis cidades de
baixa renda (com PIB per capita abaixo de US$
8.000), Puebla tem a menor taxa de consumo de
L
Transporte: Puebla está abaixo da média na
eletricidade por unidade de PIB e, juntamente
com Quito, a maior taxa de resíduos recolhidos e
devidamente descartados.
Energia e CO2: Puebla está abaixo da média
em energia e CO2. A cidade produz cerca de 15%
de sua eletricidade a partir de fontes de energia
renováveis, embora devido à falta de dados
locais, esta porcentagem é estimada com base
em números nacionais. A baixa contribuição de
energia renovável na eletricidade utilizada resulta na alta taxa de emissões de CO2 decorrente do
consumo de eletricidade. Este valor é estimado
em 242 kg por pessoa por ano, em comparação
com a média de 202 kg nas 17 cidades estudadas. Entretanto, Puebla está bem colocada
quanto ao consumo de eletricidade por unidade
de PIB, estimado em 661 megajoules de eletricidade por US$ 1.000, abaixo da média do Índice
de 761 megajoules e apresenta o menor consumo entre as cidades estudadas com renda similar. O desempenho de Puebla nesta categoria é
dificultado pela sua política de energia limpa
deficiente e os esforços insuficientes na adoção
de um plano de ação quanto às mudanças climáticas. Seu fraco desempenho em ambas as áreas
é resultado da política que vem sendo conduzida mais em níveis estadual e nacional do que em
nível municipal. No entanto, a cidade tem algumas iniciativas locais para reduzir o impacto
ambiental do consumo de energia, incluindo
um plano para instalação de painéis solares em
parques e ampliação da iluminação nas ruas da
cidade (“Iniciativas Verdes“ abaixo).
Iniciativas verdes: Em novembro de 2010, o
Estado de Puebla deve publicar a sua “Estratégia
de Mitigação para Adaptação às Mudanças Climáticas”. Essa estratégia vai delinear ações para
reduzir as emissões de carbono e promover o
desenvolvimento urbano sustentável. Em nível
municipal, os funcionários identificaram a iluminação como uma das áreas-chave para melhorar
a eficiência energética e reduzir o consumo de
eletricidade. Em 2008, Puebla lançou um programa de US$ 6,2 milhões para aperfeiçoar a ilu-
minação pública nas ruas da cidade. Puebla instalou também sua primeira fonte de energia
solar para iluminação dos principais parques da
cidade. Além disso, a cidade possui infraestrutura instalada em seu aterro principal para incinerar o metano, mas as fases finais do projeto
ainda estão sendo desenvolvidas antes de entrar
em operação.
categoria de transportes. A cidade não conta
com um sistema de metrô e é a única cidade no
Índice que carece de qualquer forma de transporte superior (definido no Índice como o transporte que movimenta um grande número de
passageiros rapidamente em faixas exclusivas,
como o metrô, trólebus, etc). Em sua totalidade,
a rede de transporte de massa de Puebla tem
cerca de 5,1 km por km² e atravessa toda a área
metropolitana. Este valor é ligeiramente supe-
Desempenho
Puebla
Bem abaixo
da média
Uso do solo e prédios: Puebla encontrase na média quanto ao uso do solo e prédios. A
cidade possui 303 m2 de áreas verdes por pessoa, o quinto lugar do Índice. Nos últimos anos,
Puebla tem feito um esforço concentrado para
melhorar seus parques e proteger os espaços
verdes (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir), o que
aumenta seu desempenho na área de políticas
de uso da terra. A cidade tem um código destinado a conter a expansão urbana e protege áreas
de desenvolvimento ambientalmente sensível.
Puebla obtém pontuação máxima por ter
padrões verdes para prédios públicos. No entanto, a cidade não promove ativamente a cons-
rior à média de 5 km das 17 cidades estudadas.
O sistema de transporte é dominado por uma
extensa rede de ônibus, mas os táxis também
desempenham um papel importante e contribuem para o congestionamento do tráfego. A
frota de carros e motocicletas de Puebla é de
0,24 veículo por pessoa, dado com base no
município, valor pouco abaixo da média de 0,3
veículo por pessoa do Índice, mas é o segundo
mais alto em comparação às cidades com renda
semelhante. Puebla recebe apenas marcas parciais para a sua política urbana de transporte de
massa, porque é controlada pelo Estado e não
pelo governo local. A cidade também carece de
um sistema tarifário integrado para a sua rede
de transporte de massa. Por outro lado, tem
tomado medidas para reduzir as emissões
poluentes do transporte de massa. Puebla também é uma das poucas cidades no Índice que
não possui um sistema de gestão de tráfego
local. A cidade não tem uma rede sincronizada
de semáforos ou um sistema de informação de
trânsito, nem há horários estipulados para
entrega das mercadorias. Além disso, a cidade
também carece de iniciativas de redução de congestionamentos, como pistas específicas para
carona solidária, “dias sem carro“, sistemas de
estacionamento e rodízio de veículos.
Iniciativas verdes: As autoridades estão projetando o sistema de trânsito rápido de ônibus
(BRT) – para Puebla, embora os prazos e as
metas ainda não tenham sido divulgados ao
público. O BRT de Puebla deverá seguir os moldes do sistema adotado em toda a América Latina, no qual os ônibus operam sem restrições nos
corredores exclusivos por toda a cidade.
Resíduos: Puebla está acima da média na
categoria de resíduos, seu melhor desempenho
Outras cidades
Abaixo da
média
Média
Acima da
média
Bem acima
da média
Energia e CO2
Uso do solo e prédios
Transporte
Resíduos
Água
Saneamento básico
Qualidade do ar
Governança ambiental
Resultado geral
A ordem dos pontos nas faixas de performance não tem significado para os resultados das cidades.
80
81
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Puebla_México
no Índice. O bom posicionamento da cidade é
devido, em grande parte, à política abrangente
em relação à coleta e disposição de resíduos.
A cidade impõe rigorosas normas ambientais
em sua gestão do aterro Chiltepec e organiza,
recolhe, separa e elimina muitas formas de
resíduos especiais, incluindo resíduos domésticos, perigosos, hospitalares infecciosos, químicos e farmacêuticos. Além disso, Puebla tem
uma política integrada para incentivar os moradores a reduzir, reutilizar e reciclar os resíduos.
A cidade gera uma quantidade relativamente
pequena de resíduos, cerca de 310 kg por pessoa por ano em comparação com a média de
465 kg do Índice. Praticamente 100% do lixo
produzido na cidade é coletado e adequadamente disposto, embora devido à falta de
dados locais, esta estimativa seja baseada em
números do Estado.
Iniciativas verdes: Em um esforço para aumentar as taxas de reciclagem em Puebla, uma
iniciativa privada conhecida como “carteira
verde“ foi introduzida neste ano. O programa
promove a participação dos moradores na reciclagem de resíduos e sua reutilização por meio
de incentivos e recompensas. Os moradores
ganham um ponto em seu cartão para cada
quilo de resíduos sólidos, incluindo plástico,
metal, vidro, embalagens e dispositivos eletrônicos, dispostos em locais específicos. Os pontos
podem ser trocados por descontos e benefícios
em uma variedade de lojas e instituições por
toda a cidade. Mais de 3.000 cartões foram distribuídos e mais de 22 toneladas de lixo foram
recolhidas até agora em 2010.
Água: Puebla está na média na categoria de
água. Segundo dados oficiais, 99% dos moradores do município de Puebla têm acesso à água
potável. Mas o fornecimento de água da cidade
vem de alguns dos aquíferos mais superexplorados do País e, segundo a previsão de especialistas, até 2016, a região deve sofrer com grave
falta de água. Os moradores do município consomem uma média de 203 litros por pessoa por
dia, em comparação com a média do Índice de
264 litros. No entanto, este nível relativamente
baixo de consumo de água mais provavelmente
é uma consequência do suprimento limitado do
que graças a políticas orientadas para o uso
racional da água. Por outro lado, o Sistema Operacional dos Serviços de Água Potável e Esgoto
do Município de Puebla (SOAPAP) promove a
conscientização pública em torno do consumo
racional da água. A cidade também tem um bom
desempenho na área de políticas de qualidade
da água, graças ao controle rigoroso do abastecimento e à aplicação de normas de qualidade
de água. Além disso, Puebla registra uma taxa
relativamente baixa de vazamentos do sistema,
de cerca de 25%, sendo a segunda cidade com
menor perda de água, bem abaixo da média de
35% das 17 cidades estudadas no Índice.
Iniciativas verdes: Em um esforço para reduzir
os vazamentos do sistema e melhorar o fornecimento, a SOAPAP já investiu, desde 2009, mais
de US$ 30 milhões em obras de infraestrutura,
incluindo a reparação de tanques e bombas, a
construção de um novo tanque de armazenamento de 5.500 m3 e a perfuração de dez novos
poços de água.
Saneamento Básico: Puebla está na média na categoria de saneamento. Seu desempenho é prejudicado por uma porcentagem abaixo
da média de moradores com acesso aos serviços
de saneamento. Apenas cerca de 80% da população de Puebla tem acesso ao saneamento, a
menor porcentagem do Índice e consideravelmente abaixo da média de 94% das 17 cidades
estudadas. A SOAPAP trata apenas 43% das
águas residuais da cidade, valor abaixo da média
de 52% do Índice. No entanto, a pontuação do
saneamento da cidade é impulsionada por suas
amplas políticas, que sugerem que a cidade está
empenhada em resolver o problema. Nos últimos anos, a SOAPAP investiu fortemente na
expansão do tratamento de águas residuais e
saneamento. A cidade tem normas rigorosas
para o tratamento de águas residuais e monitora
regularmente suas instalações. Realiza também
programas para aumentar a conscientização
sobre o uso seguro e eficiente dos sistemas de
saneamento.
Iniciativas verdes: A SOAPAP tem vários programas em andamento para ampliar o acesso
aos serviços de saneamento, especialmente em
bairros de baixa renda, e aumentar o tratamento
de águas residuais. Por exemplo, investiu US$
400.000 para instalar 12 km de tubulação para
conectar várias comunidades de baixa renda,
antes sem acesso a serviços de saneamento.
culos, a agência estatal também solicita o reforço do programa por meio de campanhas de
conscientização sobre a exigência e melhor fiscalização dos veículos que não cumpram com as
normas da inspeção.
Governança ambiental: Puebla está na
média na categoria de governança ambiental.
Enquanto a Secretaria do Meio Ambiente e
Recursos Naturais do Estado conduz ativamente a política ambiental, o município de Puebla
tem sua própria Agência de Proteção Ambiental
e Desenvolvimento Sustentável (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir). A agência promove a par-
ticipação dos cidadãos e outros stakeholders,
aumentando ainda mais sua pontuação. Por
outro lado, enquanto muitas das cidades do
Índice realizaram análises ambientais abrangendo as áreas de água, saneamento, resíduos,
qualidade do ar, transporte, uso do solo, assentamentos, energia e mudanças climáticas, Puebla não foi capaz de realizar análises similares,
prejudicando sua colocação geral nesta categoria.
Iniciativas verdes: A Agência Ambiental de
Proteção e Desenvolvimento Sustentável de
Puebla foi criada como uma agência descentrali-
zada que está ativamente engajada na questão e
envolve cidadãos, organizações não governamentais e o setor privado. Possui um departamento de formação e informação que promove
a conscientização pública para questões ambientais por meio de pesquisas, campanhas na
mídia e programas de extensão escolar. Organizações não governamentais locais, tais como a
Puebla Metropolitana e a Puebla Verde, também
trabalham para ampliar a conscientização popular por meio de atos públicos e campanhas de
informação. Além disso, essas organizações
estão pressionando a Prefeitura para a execução
de políticas ambientais sustentáveis.
Qualidade do ar: Puebla encontra-se na
média na categoria de qualidade do ar. O transporte é responsável por mais de 80% dos poluentes do ar da cidade e o problema é agravado
pela sua localização. Puebla situa-se em um vale
rodeado por montanhas e vulcões, fator que
limita a dispersão. O município registra uma
concentração média diária de dióxido de enxofre de 15 microgramas por m³ em comparação à
média de 11 microgramas das 17 cidades estudadas. Os níveis de dióxido de nitrogênio, de 40
microgramas por m³, estão apenas ligeiramente
acima da média do Índice de 38 microgramas,
mas as concentrações de partículas, de 31 microgramas por m³, estão abaixo da média de 48
microgramas do Índice. Puebla tem quatro estações de monitoramento operadas pelo Sistema
de Vigilância Ambiental Estadual. Os níveis de
poluição do ar são difundidos via rádio, televisão, jornais e no website da organização.
Indicadores Quantitativos: Puebla
Fonte
202.2
242.0 1, e
2008
Estimativa da EIU; Instituto Nacional de Estatística e Geografia;
Agência Internacional de Energia; Conselho Nacional de População; Grupo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
Consumo de eletricidade por PIB em US$
(megajoules por US$ 1.000 de PIB)
760.7
661.0 2, e
2008
Instituto Nacional de Estatística e Geografia; EIU.
Puebla
Uso do solo
e prédios
Densidade populacional (pessoas/km2)
4,503.0
2009
Conselho Nacional de População;
Espaços verdes por pessoa (m2/pessoa)
254.6
303.3 4, e
2009
Instituto Nacional de Estatística e Geografia; Conselho Nacional
de População.
Transporte
Comprimento da rede de transporte de massa (km/km2)
5.0
5.1 5, e
2008
Secretaria de Comunicação e Transporte; Conselho Nacional
de População.
Resíduos
Água
Iniciativas verdes: Em um esforço para reduzir
a poluição atmosférica, a Secretaria do Meio
Ambiente e Recursos Naturais do Estado planejou uma série de iniciativas para a qualidade do
ar na região metropolitana de Puebla, incluindo,
entre outras, equipamentos automatizados de
controle de emissões industriais em fábricas,
redução de vazamentos de gás nas residências e
adoção de equipamento de recuperação de
vapor em postos de gasolina. Enquanto, desde
1993, o Estado exige testes de emissões nos veí-
Ano*
Emissões de CO2 do consumo de eletricidade
por pessoa (kg/pessoa)
Média
Energia e CO2
Saneamento
básico
Qualidade
do ar
1,185.6 3
Redes superiores de transporte público (km/km2)
0.13
0.00 6
2010
N/D.
Estoque de carros e motocicletas (veículos/pessoa)
0.30
0.24 7
2008
INEGI.
Parcela dos resíduos coletados e adequadamente descartados (%)
96.2
100.0 2, e
2008
Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Naturais.
Resíduos gerados por pessoa (kg/pessoa/ano)
465.0
310.2 2, e
2008
Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Naturais; Conselho
Nacional de População.
Consumo de água por pessoa (litros por pessoa por dia)
264.3
203.0 7
2009
Inf. Básica 2009 Org. Operadores/UDAPI/SOAPAP.
Vazamentos no sistema de abastecimento de água (%)
34.6
25.1 7
2009
Inf. Básica 2009 Org. Operadores/UDAPI/SOAPAP.
Parcela da população com acesso à água potável (%)
97.5
98.5 7
2009
Inf. Básica 2009 Org. Operadores/UDAPI/SOAPAP.
População com acesso a saneamento básico (%)
93.7
79.6 8, e
2007
Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Naturais; Conselho
Nacional de População.
Parcela das águas residuais tratadas (%)
51.5
42.7 2
2008
Comissão Nacional da Água.
Níveis diários de dióxido de nitrogênio (ug/m3)
37.8
39.5 7
2009
Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Naturais do Estado
de Puebla.
Níveis diários de dióxido de enxofre (ug/m3)
11.4
14.9 7
2009
Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Naturais do Estado
de Puebla.
Níveis diários de partículas em suspensão (ug/m3)
48.0
30.6 7
2009
Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Naturais do Estado
de Puebla.
* Para dados de diferentes anos, será considerado apenas o ano do indicador principal. e) Estimativa da EIU. 1) Baseado no Estado de Puebla, baseado na composição de fontes de energia utilizadas para geração de eletricidade no México. 2) Baseado no Estado de
Puebla 3) Baseado na área metropolitana de Puebla-Tlaxcala. 4) Baseado em dados de espaços verdes em 2005 em Puebla-Tlaxcala. 5) Baseado na região metropolitana de Puebla. 6) Tal sistema não opera em Puebla. 7) Baseada no Município de Puebla.
População total com acesso à rede de esgotos.
82
83
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Quito_Equador
Quito_Equador
comparação à média de 4.500 habitantes do
Índice. Quito tem também baixa pontuação
quanto às políticas de construções ecológicas,
que carecem de um código ambiental para os
prédios novos ou quaisquer incentivos substanciais e campanhas de sensibilização para motivar empresas e famílias a reduzirem o consumo
energético dos prédios. Com exceção de pequenos projetos para poupar energia em vigor
desde 2008, como o uso de lâmpadas LED nos
escritórios da cidade, não existem normas para
a manutenção de áreas verdes dos prédios
públicos.
Indicadores Gerais
População total (milhões)
2,1
Área administrativa (km2)
4.204,0
PIB por pessoa (preços correntes) (US$) e
2.976,5
Densidade populacional (pessoas/km2)
Temperatura (média 24 horas, anual) (oC)
504,9
14,0
Baseado no Distrito Metropolitano de Quito, e) estimativa EIU
uito é a capital do Equador e é a segunda
cidade mais populosa do País. Com 2,1
milhões de habitantes na área metropolitana, é
uma das menores cidades do Índice de Cidades
Verdes da América Latina. Situa-se num vale alto
no centro-norte do Equador ladeado por vulcões
ativos. Além de ser o centro administrativo do
País, Quito é também o local das sedes de grande parte das maiores empresas do País. Sua economia é dominada pelos serviços, incluindo o
atacado e varejo, serviços financeiros e turismo.
A fabricação, particularmente de autopeças,
também está presente. Quito é responsável por
cerca de um quinto do PIB total do Equador. O
PIB per capita da cidade é de US$ 3.000, o valor
mais baixo no Índice. Os dados referentes a
Quito no Índice baseiam-se na área metropolitana, com exceção da rede de transportes, que se
baseia apenas na área urbana.
Quito classifica-se na média geral do Índice.
Seus melhores resultados são nas categorias de
transporte, resíduos e qualidade do ar, em que
ocupa posição acima da média. Na qualidade do
ar, particularmente, a cidade é marcada por possuir baixas concentrações dos três poluentes
medidos no presente relatório e por uma política
de ar limpo bem desenvolvida. A cidade está na
Q
média quanto à energia e CO2, água e governança ambiental. Quito tem espaço para melhorias
no uso do solo e prédios e saneamento, em que
se posiciona abaixo da média. É, por exemplo,
uma das duas únicas cidades no Índice, juntamente com Buenos Aires, sem instalações de
tratamento de águas residuais. No entanto,
Quito tem a maior área de espaços verdes do
Índice. Há também um crescente interesse da
cidade em criar políticas ambientais municipais,
mas é preciso vencer desafios financeiros e
administrativos.
Energia e CO2: Quito classifica-se na média
quanto à energia e CO2. A cidade tem a maior
taxa de consumo de eletricidade no Índice, de
1.400 megajoules por US$ 1.000 do PIB, bem
acima da média de 761 megajoules das 17 da
cidades estudadas. Está na média quanto às
emissões de CO2 decorrentes da eletricidade.
Quito emite cerca de 151 kg de CO2 por pessoa
do consumo de eletricidade por ano, índice abaixo da média de 202 kg. Segundo fontes oficiais
da cidade, o transporte rodoviário representa
mais da metade das emissões totais de CO2.
Como muitas cidades na América Latina, na última década, Quito tem apresentado um aumen-
to rápido no uso de automóveis particulares. Enquanto 52% da eletricidade de Quito é gerada
por usinas hidrelétricas, muitas outras cidades
do Índice têm uma parcela ainda maior de energias renováveis na produção de eletricidade.
Mas, em 2007, Quito instituiu um projeto de
pequena escala para o uso de resíduos como
fonte de energia, produzindo eletricidade a partir de gases de metano coletados no aterro Zambiza, que supre 3.000 domicílios com energia
elétrica. A cidade não parece estar fazendo
outros investimentos de grande escala em energia limpa, o que dificulta a sua pontuação na
área dessas políticas. No entanto, Quito se aproxima do topo do Índice com o seu plano de ação
sobre mudanças climáticas. A cidade monitora
suas emissões de CO2 e recentemente aprovou
uma estratégia destinada a reduzi-las (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir). Deve-se ressaltar que
Quito assinou convênios internacionais com
metas de redução de emissões.
Iniciativas verdes: Em 2009, a cidade aprovou
a sua Estratégia Local de Mudança do Clima para
limitar as emissões de carbono e reduzir o
impacto ambiental do consumo de energia. A
estratégia inclui melhorar o monitoramento da
emissão de gás do efeito estufa, reforçar a supervisão sobre questões de energia e CO2 com
campanhas de informação pública e promoção
de políticas concretas de redução das emissões
de CO2. As políticas de redução do desmatamento incluem o bloqueio urbano e a redução dos
gases de efeito estufa nos aterros.
Iniciativas verdes: Quito tem um plano ambicioso para proteger e reflorestar seus espaços
verdes. O “Projeto de Florestamento e Reflorestamento“ teve início em 2001 e, em 2008, o programa alcançou o plantio de cerca de seis
milhões de árvores, principalmente espécies
nativas. A mais recente iniciativa de alta visibilidade da cidade é a contratação de trabalhadores
e voluntários para replantar 300.000 árvores
perdidas nos incêndios florestais ocorridos
durante o verão de 2009. Em 2006, a cidade
promoveu uma competição de plantio de árvo-
res entre os bairros de 145 distritos. A competição cha-mada “O meu bairro é revestido de árvores“ levou à plantação e manutenção de
140.000 árvores.
Transporte: Quito encontra-se acima da média na categoria de transporte. A cidade começou a concentrar-se nas políticas de transporte
de massa apenas no final da década de 1990.
O primeiro projeto foi um sistema de ônibus
movidos a energia elétrica e a diesel, rodando
em vias exclusivas, servindo as zonas mais povoadas. Atualmente, existem três faixas de ônibus que atravessam a cidade de norte a sul e
transportam mais de 450.000 pessoas por dia. A
rede de transporte de massa na área urbana de
Quito tem um total de cerca de 5,5 km por km2,
pouco acima da média de 5 km por km² do Índice. Existem planos para expandir a rede, mas o
progresso tem sido lento devido à complicada
geografia – os bairros periféricos em geral localizam-se em nos vales adjacentes – e a restrições
financeiras. A cidade beneficia-se no Índice por
ter a segunda menor frota de carros e motocicletas, de 0,12 por pessoa em comparação à média
de 0,3 por pessoa do Índice.
Uso do solo e prédios: Quito está abaixo
da média no uso do solo e Edificações. A cidade
é marcada pela abundância de espaços verdes,
que incluem parques urbanos, áreas florestais e
25 reservas naturais localizadas dentro da área
administrativa do município. Com quase 1.500
m² de espaços verdes por pessoa, Quito é a primeira de todas as cidades constantes do Índice.
Sua grande quantidade de espaço verde é, em
parte, devido aos limites administrativos da
cidade, já que quase 80% do território sob a
jurisdição do Conselho Municipal de Quito é
considerado área não urbana. Mas ao longo das
últimas duas décadas, a cidade tem sido proativa na criação de parques em áreas subdesenvolvidas no centro urbano. O desempenho de
Quito na categoria geral, no entanto, foi diminuído por uma baixa densidade populacional,
com pouco mais de 500 habitantes por km² em
Desempenho
Quito
Bem abaixo
da média
Outras cidades
Abaixo da
média
Média
Acima da
média
Bem acima
da média
Energia e CO2
Uso do solo e prédios
Transporte
Resíduos
Água
Saneamento básico
Qualidade do ar
Governança ambiental
Resultado geral
A ordem dos pontos nas faixas de performance não tem significado para os resultados das cidades.
84
85
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Quito_Equador
Iniciativas verdes: Quito tem uma política
abrangente para redução de congestionamentos a fim de limitar os efeitos do aumento do
uso de automóveis. Além de restringir o estacionamento em algumas áreas do núcleo urbano e
a construção de ciclovias exclusivas, a administração da cidade impede a circulação de automóveis no centro da cidade nos finais de semana. Além disso, em 2010 Quito se tornou a
primeira cidade no Equador a restringir o número de veículos que entram na cidade durante o
horário de pico nos dias úteis. O esquema é
baseado em números de matrícula, que é semelhante a uma medida em vigor na cidade de São
Paulo. Com isso, a prefeitura reduziu o tráfego
em horários de pico em até 30% em determinadas áreas da cidade.
Resíduos: Quito encontra-se acima da média na categoria de resíduos. A Empresa Pública
Metropolitana de Aseo (EMASEO) coleta e dispõe de maneira adequada praticamente 100%
dos resíduos produzidos na cidade. Essa pontuação é ainda reforçada pela quantidade relativamente pequena de resíduos que produz. A
cidade produz 300 kg por pessoa por ano, uma
das taxas mais baixas no Índice e consideravelmente abaixo da média de 465 kg das 17 cidades estudadas. Na última década, Quito tem
desempenhado um papel ativo na gestão de
resíduos com a otimização da coleta e o fechamento de lixões a céu aberto. O novo aterro
sanitário da cidade, localizado a 45 km do centro urbano, recebe resíduos perigosos, médicos
e infecciosos, além do lixo doméstico. Adicionalmente, a cidade impõe rigorosas normas
ambientais no aterro. Até agora, Quito carece
de programas abrangentes de reciclagem e de
reutilização de resíduos, embora sua posição
provavelmente melhore nos próximos anos
(veja “Iniciativas Verdes“ a seguir).
de coleta central entre 2010 e 2012 para papel
e garrafas de plástico e vidro. Em associação
com a iniciativa privada, a cidade também espera criar 1.000 novos pontos de coleta de
resíduos domésticos perigosos, incluindo baterias.
Água: Quito encontra-se na média na categoria de água. É uma das quatro cidades no Índice
que fornece água potável a todos os seus moradores, segundo os dados oficiais. A cidade recebe a maior parte de sua água fresca de córregos
e geleiras das montanhas nas proximidades,
bem como de alguns aquíferos subterrâneos.
Embora o racionamento de água seja incomum,
Quito pode sofrer falta de água devido à baixa
precipitação durante a estação de seca, nos
meses de junho a outubro, o que pressiona as
reservas de água da cidade. O consumo de água
de 197 litros por dia por pessoa é inferior à
média de 264 litros das 17 cidades estudadas, e
os 33% de vazamentos também estão abaixo da
média dos 35%. A cidade tem um bom desempenho na área de políticas de sustentabilidade
da água graças a campanhas de sensibilização
que estimulam sua conservação. Por outro
lado, Quito é a única cidade no Índice que carece de normas contra a poluição da água na
indústria local.
Iniciativas verdes: Uma nova estação de tratamento de água no valor de US$ 4 milhões
para a área noroeste da cidade deverá ser concluída em junho de 2011 e fornecerá água
potável para cerca de 480.000 habitantes. A
estação aliviará também a pressão do fornecimento de água para o novo aeroporto internacional a ser instalado nas proximidades da cidade, cuja inauguração está prevista para o final
de 2011.
Saneamento Básico: Quito está abaixo
Iniciativas verdes: Embora a cidade tenha
mostrado lentidão na prestação de serviços de
reciclagem, há planos para instalar 48 pontos
da média na categoria de saneamento. Ainda
assim, a cidade fornece serviços de saneamento
a cerca de 97% de seus moradores, segundo
dados oficiais, o que está acima da média de
94% do Índice. A cidade perde pontos, no
entanto, porque carece de instalações de tratamento de águas residuais. Esforços estão sendo
feitos para melhorar o monitoramento e a criação de uma estratégia de tratamento de esgotos, mas até o momento os esgotos residenciais
e industriais da cidade são despejados sem tratamento nos dois rios principais da cidade,
Machángara e San Pedro.
Iniciativas verdes: Durante a estação das chuvas, o sistema de esgotos da cidade frequentemente entra em colapso, provocando grandes
inundações. Para resolver este problema, a cidade anunciou um plano de construção de duas
instalações de coleta da água excedente de chuvas, evitando assim as enchentes. Essas obras
devem ser concluídas até meados de 2011.
por dia, com equipamentos automáticos nas
estações remotas no perímetro da região metropolitana, reforça ainda mais sua pontuação.
Iniciativas verdes: Em 2003, Quito se tornou
a primeira cidade no Equador e na Comunidade
Andinas de Nações, formada pelo Equador,
Peru, Colômbia e Venezuela, a exigir que os
automóveis sejam submetidos a testes de emissões sempre que seu registro é renovado. Os
testes acontecem todos os anos para os veícu-
Governança ambiental: Quito classifica-se na média na categoria de governança
Indicadores Quantitativos: Quito
Média
Energia e CO2
Qualidade do ar: Quito está acima da média na categoria de qualidade do ar. A posição
da cidade nesta categoria deve-se, em grande
parte, à baixa média diária de concentração dos
três poluentes medidos no Índice. Por exemplo,
a cidade registra uma concentração de dióxido
de nitrogênio de 26 microgramas por m³, em
comparação à média de 38 microgramas por m³
das 17 cidades estudadas. E os níveis de dióxido
de enxofre também são baixos, de 9 microgramas por m³ comparados à média de 11 microgramas por m³ do Índice. Isso reflete a pequena
base industrial da cidade e as políticas rígidas
sobre as emissões dos veículos. Além disso, a
concentração diária de partículas também se
encontra abaixo da média em Quito, sendo de
30 microgramas por m³ em comparação à
média de 48 microgramas por m³ nas 17 cidades estudadas, um resultado que se deve em
parte ao clima temperado da cidade, que reduz
substancialmente a necessidade de dispositivos
de aquecimento. A cidade também faz um bom
trabalho de informação aos cidadãos sobre os
perigos da poluição atmosférica. E seu eficiente
serviço de controle da qualidade do ar 24 horas
los particulares e de dois em dois anos para os
veículos de uso público, como os ônibus e os
táxis. Se o automóvel não atende ao estabelecido, seu proprietário pagará uma taxa extra para
a vistoria quando do licenciamento do veículo.
A cidade estima que os níveis de monóxido de
carbono caíram entre 25% e 30% desde o início
do programa.
ambiental. A Secretaria do Meio Ambiente de
Quito coordena políticas ambientais e dispõe
de um ponto de contato central para que os
moradores obtenham informações sobre projetos ambientais. Em 2004, o Ministério do
Meio Ambiente do Equador possibilitou à cidade capacitação em planejamento ambiental e
autoridade legal para a elaboração da legislação ambiental. Quito tem também demonstrado esforços para melhorar a transparência nas
políticas públicas e promover uma maior participação dos cidadãos e das partes interessadas
na tomada de decisões. É exigida a participação popular nos grandes projetos que provoquem impacto ambiental, em particular nos
domínios da água, ar, transporte e resíduos.
Em 2010, por exemplo, o município desenvolveu uma estratégia abrangente de transporte e
redução de congestionamentos em colaboração com diferentes stakeholders, como representantes dos transportes, associações do
setor privado e os moradores. No entanto, o
desempenho da cidade no Índice é enfraquecido pelo lento progresso nas políticas consistentes e oportunas de inspeção e monitoramento
ambiental.
Uso do solo
e prédios
Transporte
Resíduos
Água
Saneamento
básico
Qualidade
do ar
Quito
Ano*
Emissões de CO2 do consumo de eletricidade
por pessoa (kg/pessoa)
202.2
151.2 1, e 2009
Consumo de eletricidade por PIB em US$
(megajoules por US$ 1.000 de PIB)
760.7
1,426.8 1, e 2009
Fonte
Estimativa da EIU; Empresa Elétrica de Quito; Agência Internacional de Energia;
Instituto Nacional de Estatística e Censos; Grupo Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas.
Estimativa da EIU; Empresa Elétrica de Quito;
Densidade populacional (pessoas/km2)
4,503.0
504.9 2
2009
Instituto Nacional de Estatística e Censos; Programa de Educação para a Cidade
de Pichincha.
Espaços verdes por pessoa (m2/pessoa)
254.6
1,494.7 2
2009
Mapa do Uso do Solo e Cobertura de Vegetação do Distrito Metropolitano de Quito;
Instituto Nacional de Estatística e Censos.
Comprimento da rede de transporte de massa (km/km2)
5.0
5.4 3, e 2009
Redes superiores de transporte público (km/km2)
0.13
0.15 3, e 2010
Empresa Metropolitana de Transporte e Obras Públicas.
Estoque de carros e motocicletas (veículos/pessoa)
0.30
0.12 4
Corporação Municipal para Melhoramento do Ar de Quito; Inventário de Emissões 2007
e Informe da Qualidade do Ar 2.
2009
Empresa Metropolitana de Transporte e Obras Públicas; Programa de Educação
para a Cidade de Pichincha.
Parcela dos resíduos coletados e adequadamente descartados (%) 96.2
100.0 2, e 2009
Empresa Pública Metropolitana de Aseo; Secretaria do Meio Ambiente/SIAD.
Resíduos gerados por pessoa (kg/pessoa/ano)
465.0
300.3 2
2009
Empresa Pública Metropolitana de Aseo; Instituto Nacional de Estatística e Censos.
Consumo de água por pessoa (litros por pessoa por dia)
264.3
197.2 2
2009
Empresa Metropolitana de Saneamento e Água Potável; Instituto Nacional de
Estatística e Censos.
Vazamentos no sistema de abastecimento de água (%)
34.6
32.7 2
2009
Empresa Metropolitana de Saneamento e Água Potável.
Parcela da população com acesso à água potável (%)
97.5
100.0 2
2009
Empresa Metropolitana de Saneamento e Água Potável; Instituto Nacional de
Estatística e Censos.
População com acesso a saneamento básico (%)
93.7
96.7 5, e 2009
Empresa Metropolitana de Saneamento e Água Potável; Instituto Nacional de
Estatística e Censos
.
Parcela das águas residuais tratadas (%)
51.5
0.0 6
2010
Município do Distrito Metropolitano de Quito.
Níveis diários de dióxido de nitrogênio (ug/m3)
37.8
25.9 2
2008
Corporação Municipal para Melhoramento do Ar de Quito.
Níveis diários de dióxido de enxofre (ug/m3)
11.4
8.7 2
2008
Corporação Municipal para Melhoramento do Ar de Quito.
Níveis diários de partículas em suspensão (ug/m3)
48.0
30.3 2
2008
Corporação Municipal para Melhoramento do Ar de Quito.
* Para dados de diferentes anos, será considerado apenas o ano do indicador principal. e) Estimativa da EIU. 1) Baseado no distrito metropolitano de Quito, baseado na composição de fontes de energia utilizadas para geração de eletricidade no Equador. 2) Baseado
no distrito metropolitano de Quito. 3) Baseado na área urbana de Quito. 4) Baseado em Quito. 5) Baseado no distrito metropolitano de Quito. População total com acesso à rede de esgotos. 6) Baseado no distrito metropolitano de Quito. Confirmação do município
do distrito metropolitano de Quito de que atualmente não existe nenhuma estação de tratamento de resíduo em Quito. 7) Baseado no distrito metropolitano de Quito. Números de PIB para 2004 e taxas de crescimento do PIB.
86
87
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Rio de Janeiro_Brasil
tou seu programa de mudança global do clima,
“Rio Sustentável”. O plano prevê até 2012 uma
redução de 8%, a partir dos níveis de 2005, das
emissões de CO2 e outros gases do efeito estufa
na cidade e a redução de 16% até 2016 e de 20%
até 2020. Como parte do programa, a cidade
realizou uma revisão completa das emissões de
CO2 em colaboração com a Universidade Federal
do Rio de Janeiro. O plano prevê uma série de
maneiras da cidade cumprir suas metas de redução, que incluem a mitigação das emissões dos
transportes e dos resíduos, a instalação de energia eficiente com luzes LED nos prédios municipais e na iluminação pública, além de iniciativas
de sensibilização pública, entre outros programas.
Rio de Janeiro_Brasil
Uso do solo e prédios: O Rio encontra-se
acima da média no uso do solo e prédios. A cidade tem essa posição graças ao uso muito ambicioso do solo e políticas de prédios ecológicos,
que estão entre as melhores do Índice. Além
disso, encontram-se na cidade do Rio de Janeiro
duas das maiores florestas urbanas do mundo, o
Parque Natural da Pedra Branca e a Floresta da
Tijuca. Desta forma, a cidade esbanja 58 m² de
espaço verde por pessoa. Embora os últimos
dados disponíveis para o Rio remetem ao ano de
2001 enquanto os dados para outras cidades
são mais atuais, a cidade está relativamente
bem posicionada para os padrões do Índice. O
Rio se esforça para manter seus espaços verdes e
possui um rigoroso conjunto de leis destinadas a
proteger essas áreas em desenvolvimento.
om 12.300.000 habitantes, o Rio de Janeiro
é a segunda área metropolitana mais populosa do Brasil. Pouco mais da metade de seus
habitantes vive dentro dos limites da cidade do
Rio, cerca de 6,4 milhões, tornando-a a sexta
cidade mais populosa do Índice de Cidades Verdes da América Latina. Todos os valores constantes do Índice são baseados na própria cidade do
Rio de Janeiro. Juntamente com a região metropolitana, a cidade do Rio de Janeiro gera pouco
mais de 5% do PIB do Brasil, sendo a segunda
maior economia do País, atrás apenas da cidade
C
Indicadores Gerais
População total (milhões)
Área administrativa (km2)
PIB por pessoa (preços correntes) (US$) e
Densidade populacional (pessoas/km2)
Temperatura (média 24 horas, anual) (oC)
Baseado na cidade do Rio de Janeiro. e) Estimativa EIU
88
6,2
1.182,0
11.580,8
5.234,1
25,0
de São Paulo. As atividades comerciais da cidade
são dominadas pelo turismo e serviços. A indústria de petróleo do Brasil está sediada no Rio,
com a maior companhia petrolífera do País e
uma das mais importantes redes de televisão.
Recentemente a cidade recebeu um grande afluxo de investimentos para fazer frente a uma
série de eventos de alto perfil, incluindo a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável em 2012, a Copa do Mundo
de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. O Rio
está, portanto, em uma posição única no Índice
para melhorar consideravelmente o seu desenvolvimento urbano e seu desempenho ambiental ao longo dos próximos anos. Os investimentos estão sendo feitos principalmente em
infraestrutura da cidade para acomodar o pesado fluxo de entrada dos visitantes esperados.
A cidade do Rio aparece acima da média geral
no Índice de Cidades Verdes da América Latina.
O melhor posicionamento da cidade está na
área de governança ambiental em que, juntamente com a Cidade do México, classifica-se
bem acima da média. Seu impressionante desempenho nesta categoria se dá graças a um
histórico sólido de monitoramento ambiental e
gestão ambiental. O Rio também apresenta bom
desempenho no uso de energia e CO2 e na categoria de uso do solo e prédios, situando-se
acima da média. A cidade possui uma forte política de energia limpa e segue normas ambientais para a construção de novos prédios. A cidade do Rio de Janeiro encontra-se na média
quanto a transporte, resíduos, saneamento e
qualidade do ar. Sua pontuação total é limitada,
no entanto, por uma colocação abaixo da média
na categoria de água, que se deve em parte ao
fato de apresentar a maior taxa de desperdício
no sistema de água do Índice. O desempenho do
Rio é favorável quando mensurado comparativamente às sete cidades com renda média semelhante (com um PIB per capita entre US$ 8.000 e
US$ 16.000). É uma das três cidades com renda
média acima da média geral e tem a segunda
menor frota de automóveis e motocicletas entre
o grupo similar.
Energia e CO2: A cidade do Rio de Janeiro
posiciona-se acima da média em energia e CO2.
O desempenho da cidade nesta categoria devese amplamente às suas políticas de energia
limpa e seus objetivos claros para a redução das
emissões de CO2 descritas no plano de ação da
cidade sobre as alterações climáticas (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir). Em 1988, o Rio se tornou a primeira cidade da América Latina a publicar um inventário das emissões de CO2. A cidade
emite cerca de 73 kg de CO2 por pessoa do uso
de eletricidade, abaixo da média de 202 kg nas
17 cidades estudadas. Este nível relativamente
baixo de emissões de CO2 é o resultado da participação muito elevada de energia renovável para
a produção de eletricidade da cidade, uma vez
que 88% da eletricidade do Rio é fruto de fontes
renováveis, principalmente a energia hidrelétrica. A cidade consome 678 megajoules de energia elétrica por US$ 1.000 de PIB, o que está
abaixo da média do Índice de 761 megajoules.
Iniciativas verdes: Em 2009, a cidade apresen-
Iniciativas verdes: Preparando-se para os
Jogos Olímpicos de 2016, o Rio está fazendo a
reabilitação das áreas residenciais e comerciais
em torno de seu porto. O projeto de US$ 200
milhões inclui a reforma de prédios históricos, a
Desempenho
melhoria do acesso aos serviços de transporte, o
saneamento e a criação de ciclovias e espaços
verdes, incluindo um corredor verde ladeado
por 11.000 árvores. Cerca de 30.000 pessoas
atualmente vivem na zona portuária degradada
e a cidade estima que mais de 100.000 habitantes viverão no entorno quando o projeto estiver
concluído em 2016. Além disso, o plano de ação
para mudanças climáticas da cidade do Rio de
Janeiro exige o reflorestamento de áreas protegidas. Para isso, a cidade está investindo US$ 15
milhões para a plantação de 1.500 hectares de
árvores até 2012.
Transporte: A cidade do Rio de Janeiro está
na média na categoria de transporte. Seu sistema de transporte público é composto por ônibus
e metrô e é o maior no Índice, medindo cerca de
8,7 km por km2 do território da cidade, consideravelmente superior à média de 5,0 km por km2
das 17 cidades estudadas. Sua rede de transporte superior (definida no Índice de transporte
como uma das que movimentam um grande
número de passageiros rapidamente em faixas
exclusivas, como o metrô, via de transito rápido
e trólebus), mede 0,12 km por km² da área da
cidade, é apenas ligeiramente maior que a
média de 0,1 km do Índice. O metrô do Rio tem
duas linhas, estendendo-se um total de 47 km, o
que deixa grande parte da cidade servida por
ônibus. A terceira linha do metrô da cidade está
em construção com conclusão prevista para
2016 (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir). O
plano de ação para mudanças climáticas do Rio
de Janeiro delineia metas para expansão dos
serviços de transporte de massa e projetos adicionais estão sendo executados pela Secretaria
de Transportes do Estado. Segundo fontes oficiais, a cidade tem 0,26 veículo por habitante,
o que é pouco menos que a média do índice de
Rio de Janeiro
Bem abaixo
da média
Outras cidades
Abaixo da
média
Média
Acima da
média
Bem acima
da média
Energia e CO2
Uso do solo e prédios
Transporte
Resíduos
Água
Saneamento básico
Qualidade do ar
Governança ambiental
Resultado geral
A ordem dos pontos nas faixas de performance não tem significado para os resultados das cidades.
89
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Rio de Janeiro_Brasil
sam limites de emissões não são permitidos na
malha viária estadual. Além disso, a cidade está
testando 15 ônibus a diesel, chamados B20, que
operam com uma mistura de 20% de biodiesel.
A cidade pretende ter em operação 8.500 ônibus B20 em 2016. As autoridades dizem que a
frota completa de ônibus B20 reduzirá em
148.000 toneladas as emissões de CO2 e partículas em 3.300 toneladas por ano.
0,3 veículo. Este é o menor índice entre as cidades brasileiras. Entretanto, o Rio continua a
sofrer de problemas endêmicos de trânsito e a
cidade tem implantado lentamente políticas de
redução dos congestionamentos. Os administradores da cidade dizem que estão criando zonas
com circulação limitada de veículos, mas outras
medidas, tais como “dia sem carro“ ou rodízio de
veículos, ainda não foram implantadas.
Iniciativas verdes: Os departamentos de
transporte da cidade e do Estado estão implementando uma série de projetos ambiciosos
para melhorar o transporte público antes da
Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. O Estado
está investindo US$ 678 milhões para duplicar a
capacidade das duas linhas de metrô existentes
para 1,1 milhão de passageiros por dia. Além da
aquisição de novos trens, estão sendo construídas duas estações de metrô, além da extensão
das linhas existentes. Em 2010, a cidade havia
programado o início das obras da terceira linha
do metrô, um projeto de US$ 2,9 bilhões (“Linha
4“), para servir a região oeste da cidade do Rio de
Janeiro. De acordo com a Secretaria de Transportes do Estado, a linha terá capacidade para
230.000 passageiros por dia. Além disso, em
2016 a cidade terá seus quatro principais corredores de ônibus remodelados para o sistema de
trânsito rápido de ônibus (BRT), existente em
Curitiba. O Rio também planeja ampliar as ciclovias de 140 km em 2009, para 340 km em 2012.
Resíduos: A cidade do Rio encontra-se na
média na categoria de resíduos. A cidade gera
525 kg de resíduos por pessoa por ano, valor
acima da média de 465 kg por pessoa por ano
registrada nas 17 cidades estudadas, embora
haja coleta e descarte para quase o total gerado.
Os resíduos da cidade são depositados no aterro
sanitário Gramacho, que será substituído em
2011 (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir). A cidade ganha pontuação média quanto às suas políticas de coleta e eliminação dos resíduos, assim
como em reciclagem e reutilização. Ao passo
que o Rio reforça as normas ambientais em seus
aterros sanitários, tem pior desempenho na
capacidade de eliminar resíduos domésticos
perigosos, químicos e farmacêuticos separadamente dos demais resíduos urbanos. Sua atuação nesta área provavelmente melhorará
quando a cidade adotar uma iniciativa governamental de otimização da coleta e eliminação
de resíduos, além da otimização dos padrões de
aterros em todo o Estado do Rio de Janeiro. O
programa abrangerá todos os municípios e disponibilizará US$ 88 milhões por ano a fim de
erradicar todas as lixeiras a céu aberto do Estado
e garantir que os resíduos sejam adequadamente dispostos para a coleta, dando ênfase também na reciclagem e compostagem.
Iniciativas verdes: O aterro sanitário Gramacho, na cidade do Rio, será desativado em 2011
e substituído por um novo aterro, atualmente
em construção em Seropédica. Os US$ 47 milhões da instalação reduzirão as emissões de
CO2 em 1,4 milhão de toneladas por ano por
meio da coleta de gases de metano e terá a capacidade da geração de biogás.
Água: A cidade do Rio de Janeiro posiciona-se
abaixo da média na categoria de água, principalmente devido a vazamentos e uma taxa de consumo acima da média. A cidade perde 58% de
sua água em vazamentos, o maior percentual no
Índice e bem acima da média já elevada, de 35%
encontrada nas 17 cidades estudadas. A Companhia Estadual de Águas e Esgotos, a Nova Cedae,
estima que se perca 15% do abastecimento total
de água da cidade por meio de ligações clandestinas, tanto nas favelas como nos grandes blocos de apartamentos populares, e investe pesadamente para expandir os serviços de água a
fim de resolver este problema (veja “Iniciativas
Verdes“ a seguir). O Rio consome 301 litros de
água por pessoa por dia em comparação com a
média do Índice de 264 litros. A cidade não promove a conscientização pública sobre o consumo eficiente da água e a estimulação do uso
racional por meio das tarifas de água. O Rio só
está melhor posicionado no quesito políticas de
eficiência de água porque não há tubulações
separadas para água não potável e não há reciclagem da “água cinzenta”. Segundo dados oficiais, quase todos os moradores da cidade do Rio
têm acesso à água potável e quase 80% do total
é fornecido pela Usina do Guandu, a maior usina
de tratamento de águas do mundo, um sistema
que produz 43.000 litros de água potável por
segundo.
Iniciativas verdes: A Nova Cedae está investindo US$ 58 milhões por ano para dar fim às ligações clandestinas de abastecimento de água da
cidade. A empresa também já fornece água
potável a 111 favelas da cidade para reduzir a
necessidade de ligação de água ilegal. Além
disso, as escolas no Rio têm o tema da conservação da água como parte do currículo.
to de águas residuais, além da expansão dos serviços de saneamento a 139.000 famílias. O programa é destinado a abordar todos os aspectos
do desempenho ambiental da baía e também
trabalhar para melhorar o controle de inundações e o fornecimento de água potável e coleta
de lixo para os moradores que vivem perto da
baía, mas 90% do orçamento está alocado no
saneamento.
Qualidade do ar: A cidade do Rio de Janeiro encontra-se na média na categoria de qualidade do ar. O trânsito da cidade e o congestionamento são a principal fonte de poluição, seguidos pela poluição derivada de resíduos sólidos
urbanos. A topografia acidentada do Rio impede
a dispersão dos poluentes e as altas temperatu-
ras agravam o problema. A cidade do Rio tem a
maior incidência de dióxido de hidrogênio do
Índice, com valor médio diário de 58 microgramas por m³ em comparação à média de 38
microgramas por m³ das 17 cidades estudadas.
No entanto, graças ao extenso programa do uso
de etanol no Brasil, os níveis de dióxido de enxofre são inferiores a 4 microgramas por m³, bem
abaixo da média de 11 microgramas por m³ do
Índice. Os níveis de partículas em suspensão
também são baixos, com 24 microgramas por
m³, contra uma média de 48 microgramas por
m³ do Índice.
Iniciativas verdes: O Estado do Rio de Janeiro
exige testes anuais de emissões para todos os
carros licenciados, e os veículos que ultrapas-
Indicadores Quantitativos: Rio de Janeiro
Média Rio de Janeiro
Saneamento Básico: A cidade do Rio está
na média na categoria de saneamento. Estimase que 83% dos moradores do Rio tenham acesso ao saneamento, que é uma das taxas mais
baixas no Índice, bem abaixo da média de 94%.
Em contraste, o Rio trata cerca de 85% dos esgotos coletados, consideravelmente acima da
média de 52% do Índice. Novas instalações de
tratamento atualmente em construção melhorarão o desempenho da cidade, que está abaixo
da média quanto às políticas de saneamento,
principalmente porque falta um plano para promover serviços de saneamento básico sustentável quanto ao meio ambiente. Entretanto, a
cidade está mais bem posicionada em termos de
normas de tratamento de águas residuais.
Iniciativas verdes: A maior iniciativa da cidade
do Rio de Janeiro para melhorar o saneamento –
Programa de Despoluição da Baía de Guanabara
–, vem sendo implantada desde 1994. Ao custo
de US$ 793 milhões, o programa abrange a
construção de 1.248 km de coletores de efluentes, 28 km de drenos, oito estações de tratamen-
Governança ambiental: A cidade do Rio
está bem acima da média quanto à governança
ambiental, que é sua melhor colocação no Índice, graças principalmente à eficiente rede de
instituições municipais e estaduais dedicadas ao
monitoramento, gestão ambiental e execução.
A cidade tem um forte histórico de monitoramento do ar, água, resíduos, saneamento, transporte, uso do solo, assentamentos, energia e
espaços verdes, incluindo as florestas urbanas.
O Rio também envolve moradores e organizações não governamentais em projetos ambientais. As entidades interessadas, por exemplo,
desempenharão um papel significativo na elaboração dos planos de desenvolvimento de
infraestrutura para os Jogos Olímpicos de 2016.
O Rio tem um órgão ambiental que supervisiona
e executa todos os aspectos da política ambiental. A entidade trabalha em estreita colaboração
com outros departamentos da cidade, incluindo
habitação, transportes, ciência e tecnologia e
planejamento urbano.
Energia e CO2
Uso do solo
e prédios
Transporte
Resíduos
Água
Ano*
73.0 1, e 2009
Fonte
Emissões de CO2 do consumo de eletricidade
por pessoa (kg/pessoa)
202.2
Consumo de eletricidade por PIB em US$
(megajoules por US$ 1.000 de PIB)
760.7
677.8 1
2007
Light; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; EIU.
Densidade populacional (pessoas/km2)
4,503.0
5,234.1 1
2009
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;
Espaços verdes por pessoa (m2/pessoa)
254.6
58.0 1
2001
Secretaria Municipal do Meio Ambiente;
5.0
8.6 1
2009
Secretaria de Transportes; MetroRio; Confederação Nacional do Transporte;
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Comprimento da rede de transporte de massa (km/km2)
Estimativa da EIU; Agência Internacional de Energia; Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística; Grupo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
Redes superiores de transporte público (km/km2)
0.13
0.12 1
2010
Secretaria dos Transportes Metropolitanos.
Estoque de carros e motocicletas (veículos/pessoa)
0.30
0.26 1
2010
Denatran.
Parcela dos resíduos coletados e adequadamente descartados (%)
96.2
98.6 1, e 2008
Secretaria Municipal do Meio Ambiente; Companhia Municipal de
Limpeza Urbana.
Resíduos gerados por pessoa (kg/pessoa/ano)
465.0
525.2 1
2008
Secretaria Municipal do Meio Ambiente; Companhia Municipal de
Limpeza Urbana.
Consumo de água por pessoa (litros por pessoa por dia)
264.3
301.3 1
2008
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento; Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística.
Vazamentos no sistema de abastecimento de água (%)
34.6
57.7 1
2008
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento.
Parcela da população com acesso à água potável (%)
97.5
98.4 1
2007
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Saneamento
básico
População com acesso a saneamento básico (%)
93.7
83.4 2, e 2007
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Parcela das águas residuais tratadas (%)
51.5
85.3 1, e 2008
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento.
Qualidade
do ar
Níveis diários de dióxido de nitrogênio (ug/m3)
37.8
57.7 1
2009
Instituto Estadual do Ambiente.
Níveis diários de dióxido de enxofre (ug/m3)
11.4
3.5 1
2009
Instituto Estadual do Ambiente.
Níveis diários de partículas em suspensão (ug/m3)
48.0
24.0 1
2009
Instituto Estadual do Ambiente.
* Para dados de diferentes anos, será considerado apenas o ano do indicador principal. e) Estimativa da EIU. 1) Baseado na cidade do Rio de Janeiro. 2) Baseado na cidade do Rio de Janeiro. População total com acesso à rede de esgoto.
90
91
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Santiago_Chile
a média de 761 megajoules. Santiago apresenta também emissões de CO2 provenientes do
consumo de eletricidade de cerca de 463 kg por
pessoa por ano, em comparação à média de
202 kg nas cidades analisadas. Deve-se notar,
entretanto, que os dados referentes a Santiago
são de 2005. Muitas das políticas de Santiago
para energia e mudanças climáticas são apenas
parciais. Por exemplo, a cidade carece de uma
estratégia global para reduzir o impacto
ambiental do consumo de energia e seu plano
de ação para mudanças climáticas abrange a
água, prédios e energia, mas não resíduos,
saneamento ou transporte. Santiago assinou
convênios internacionais para reduzir os gases
de efeito estufa e está fazendo esforços para
reduzir o desperdício na transmissão de energia
e tornar seu consumo mais eficiente. No entanto, ao invés de pioneirismo em suas políticas de
energia, a cidade segue as normas estabelecidas pela Comissão Nacional do Meio Ambiente
(Conama), que recentemente foi substituída
pelo novo Ministério do Meio Ambiente, criado
em outubro de 2010.
Santiago_Chile
Indicadores Gerais
População total (milhões)
6,8
Área administrativa (km2)
15.403,2
PIB por pessoa (preços correntes) (US$) e
7.721,1
Densidade populacional (pessoas/km2) 1
10.920,7
Temperatura (média 24 horas, anual) (oC)
Baseado na área metropolitana de Santiago.
1) Baseado na Grande Santiago. e) Estimativa da EIU.
antiago é a capital administrativa e financeira do Chile e a cidade mais populosa do País,
com 6,8 milhões de habitantes na área metropolitana. Com poucas exceções indicadas, todos os
dados incluídos no Índice de Cidades Verdes da
América Latina baseiam-se na região metropolitana da cidade. A região é um centro financeiro
em expansão gerando cerca de dois quintos da
produção econômica do Chile. Santiago serve
como um centro latino-americano para muitas
empresas multinacionais, bem como a base
para a maioria dos conglomerados industriais
chilenos. É também a sede de alguns dos mais
modernos centros de varejo da região. A administração da cidade em toda a área metropolitana é dividida em 52 “comunas“, cada uma com
seu próprio prefeito. Um "intendente", nomeado
diretamente pelo presidente do Chile, lidera o
governo regional metropolitano, que é responsável pela harmonização das múltiplas políticas
locais e nacionais sobre o meio ambiente e
outras questões municipais.
Santiago encontra-se na média geral do Índice. Seu melhor resultado está na categoria de
transporte, em que é a única cidade que se en-
S
14,0
contra bem acima da média. A posição de Santiago nos transportes é reforçada por uma reforma substancial e o afluxo de investimento na
rede de transportes, além de políticas bem
desenvolvidas nesta área. A cidade também se
coloca acima da média quanto às categorias da
água, resíduos e saneamento, em grande parte
graças às suas políticas de melhora dos serviços
e redução do impacto ambiental. Santiago está
na média quanto ao uso do solo e prédios e qualidade do ar, mas posiciona-se abaixo da média
em governança ambiental. A cidade possui
espaço para melhorias na categoria de energia e
de CO2, em que se coloca bem abaixo da média,
devido ao elevado nível de consumo de eletricidade e as emissões de CO2 provenientes da eletricidade.
Energia e CO2: Santiago encontra-se bem
abaixo da média quanto à energia e CO2. A cidade tem a segunda maior taxa de consumo de
eletricidade entre as 17 cidades do Índice. Sua
produção econômica, na classificação das 17
cidades, é de 1.200 megajoules por US$ 1.000
de PIB, o que é consideravelmente maior do que
Iniciativas verdes: A companhia estatal do
metrô de Santiago possui várias iniciativas para
diminuir as emissões de CO2 e reduzir o consumo de eletricidade em cerca de 35 gigawatts por
ano, o que equivale à eletricidade consumida
por cerca de 19.400 famílias. A empresa está
introduzindo um sistema de trens com controle
automático que melhora a eficiência energética
e está adotando uma iluminação mais eficiente
nas estações metroviárias. Estas e outras iniciativas devem reduzir as emissões de gases do
efeito estufa em cerca de 17.000 toneladas por
ano. Em 2009, a Comissão Nacional de Energia
do Chile anunciou um programa para subsidiar a
aquisição de motores elétricos de alta eficiência
pelo setor industrial. Esta Comissão está introduzindo 6.000 novos motores até 2010, que
diminuirão as emissões de CO2 em cerca de
2.600 toneladas por ano. Além disso, o município de Vitacura, uma das áreas administrativas
independentes da região metropolitana de Santiago, declarou que em 2010 seria o primeiro
município de carbono neutro na América Latina,
por meio da compra de créditos de carbono
para compensar 1.500 toneladas das emissões
de CO2.
4.500 pessoas por km². Santiago possui 26 m²
de espaço verde por pessoa, levando em conta a
área metropolitana, uma das menores quantidades de espaços verdes do Índice. A cidade tem
algumas das políticas mais robustas do Índice
para limitar a expansão urbana e proteger áreas
ecologicamente sensíveis. Santiago vem adotando lentamente normas de eficiência enérgica nos prédios públicos e ainda não aprovou um
código que estabeleça normas de ecoeficiência
nos novos edifícios privados. No entanto, após o
devastador terremoto que atingiu o centro-sul
do Chile em fevereiro de 2010, e destruiu ou
danificou muitos edifícios em Santiago, o governo está apoiando a utilização de energia energética solar nos edifícios novos e pode introduzir
incentivos fiscais aos proprietários de casas que
usarem painéis para energia solar, o que deve
ajudar a aumentar a sua pontuação nesta categoria.
Iniciativas verdes: O “Plano de Regulamentação Metropolitana de Santiago”, que delineia a
estratégia global da cidade para enfrentar o
crescimento populacional até 2030, inclui iniciativas destinadas a aumentar os espaços verdes.
O plano apela à iniciativa privada para transformar 3.900 hectares da área da cidade em parques públicos e espaços verdes, em troca de
acesso a outros 5.700 hectares para o desenvolvimento da metrópole. Inclui também iniciativas
para revitalizar três parques da cidade e plantar
mais árvores ao longo das vias mais importantes, com o apoio do Departamento Florestal
Nacional.
Transporte: Santiago está bem acima da
média na categoria de transporte, o melhor
desempenho do Índice e é a única das 17 cidades estudadas a atingir esta posição. O sistema
de transportes públicos da cidade é sustentado
Desempenho
Santiago
Bem abaixo
da média
pelo trânsito rápido de ônibus (BRT) e apoiado
por uma grande frota de coletivos. A rede de ônibus de Santiago estende-se por cerca de 5,1 km
por km², quase alinhada ao valor médio do Índice de 5 km. Mas a sua rede superior de transportes públicos (definida no Índice como a que
movimenta um grande número de passageiros
rapidamente em faixas exclusivas, tais como
metrô, coletivos rápidos e trólebus) estende-se
por cerca de 0,22 km por km², o que lhe confere
o quarto lugar no Índice. Deve-se notar que os
dados de transporte estão baseados na Grande
Santiago. Em 2007, a cidade organizou e padronizou rotas para todas as empresas de ônibus.
Além disso, as autoridades reduziram o número
de ônibus de 7.000 para 4.500 e estão gradualmente substituindo os veículos mais antigos por
modelos de baixa emissão. Desde a sua inauguração em 1975, o metrô vem tendo uma expansão contínua e transporta mais de 2,3 milhões
de passageiros por dia em cinco linhas que
cobrem cerca de 90 km. Além da revisão do sistema de transporte de massa, a cidade adotou
também várias medidas de gestão do tráfego,
visando à redução do congestionamento. Entre
elas estão os semáforos sincronizados, um sistema informatizado do tráfego, o “dia sem carro“ e
o pedágio em algumas vias. A Grande Santiago
possui uma das menores frotas de automóveis e
motocicletas do Índice, apenas 0,14 veículo por
pessoa, em comparação à média de 0,3 das
17 cidades analisadas.
Iniciativas verdes: Em 2010, a cidade começou a construir sua sexta linha de metrô, que
terá 12 estações ao longo de um percurso de 15
km e cuja inauguração está prevista para 2014.
Além disso, Providência, uma comuna da região
metropolitana, iniciou em 2009 um regime de
aluguel de bicicletas complementado por investimentos substanciais em ciclovias. Os usuários
Outras cidades
Abaixo da
média
Média
Acima da
média
Bem acima
da média
Energia e CO2
Uso do solo e prédios
Transporte
Uso do solo e prédios: Santiago classifi-
Resíduos
ca-se na média no uso do solo e prédios. A cidade possui a segunda maior densidade populacional do Índice, de 10.900 habitantes por km²,
valor baseado nos limites da área metropolitana,
conhecida como “Grande Santiago“. Este valor
está bem acima da média encontrada nas 17
cidades analisadas, que têm uma média de
Água
Saneamento básico
Qualidade do ar
Governança ambiental
Resultado geral
A ordem dos pontos nas faixas de performance não tem significado para os resultados das cidades.
92
93
Índice de Cidades Verdes da América Latina | Santiago_Chile
podem alugar uma bicicleta por até um dia,
pegando-a e devolvendo-a em áreas pré-determinadas.
Resíduos: Santiago está acima da média na
categoria de resíduos, tem um forte desempenho impulsionado por políticas robustas de eliminação de resíduos sólidos. Cada uma das 52
comunas da cidade é responsável pela gestão de
coleta e eliminação de resíduos individualmente
e suas abordagens variam. Algumas das localidades uniram-se e criaram a sua própria empresa com controle conjunto, enquanto outras contratam separadamente uma empresa privada, a
KDM. O sistema é relativamente eficiente, já que
em conjunto as comunas coletam e dispõem
resíduos da cidade. Santiago cumpre rigorosamente as orientações nacionais em seus aterros
sanitários – os lixões a céu aberto são ilegais no
Chile – bem como a eliminação dos resíduos
perigosos. Entretanto, a cidade gera uma quantidade relativamente grande de resíduos, de 563
kg por pessoa por ano, em comparação aos 465
kg que é a média no Índice.
Iniciativas verdes: Santiago fez uma parceria
com quatro instituições de caridade para incentivar a participação da comunidade na reciclagem. Há 39 pontos de coleta central para os
habitantes, na forma de depósito voluntário do
lixo do material reciclável, incluindo papel, plásticos, baterias e vidros. As instituições envolvidas ficam com a receita da coleta e envio do
material para as empresas de reciclagem. A
comunidade faz também a coleta seletiva em 80
prédios residenciais na cidade, os moradores
separam voluntariamente o lixo orgânico
doméstico e os materiais recicláveis em recipientes especiais. Várias outras comunidades ao
redor da área metropolitana têm programas
similares.
Água: Santiago está acima da média na categoria de água. Segundo fontes oficiais, cerca de
99% da população de Santiago tem acesso à
água potável. A cidade apresenta também um
percentual de cerca de 30%, menor do que a
média em vazamentos, o que ainda é alto, mas
comparativamente favorável já que a média no
Índice é de 35%. Em 1998, o Chile privatizou os
serviços de água do País e a empresa espanhola
Águas Andinas fornece a água em Santiago. A
empresa monitora regularmente a qualidade da
água potável em um programa apoiado pela
Agência Nacional Ambiental. Há desafios associados a uma das fontes de água da cidade, o rio
Mapocho, cujas águas são contaminadas por
esgoto e resíduos da mineração de cobre a montante (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir, no tópico Saneamento), mas a cidade tem uma política
pública robusta para controlar a poluição industrial.
Iniciativas verdes: Após a privatização dos serviços de água em 1998 e um subsequente
aumento nos preços da água, o governo federal
instituiu um subsídio direto para as famílias de
baixa renda, a fim de garantir o acesso. As administrações das comunas do País pagam entre
25% e 85% das contas de água para um quinto
da população mais pobre, valores estes que
depois são reembolsados pelo governo nacional. Em 2004, o governo federal também apresentou um programa para pagar os primeiros 15
m³ de água utilizada pelas famílias que vivem
em extrema pobreza. Além disso, para garantir a
sustentabilidade do rio Mapocho, no seu trecho
em Santiago, Águas Andinas está desenvolvendo um importante projeto de descontaminação
(veja “Iniciativas Verdes“ a seguir, no tópico
Saneamento).
Saneamento Básico: Santiago está acima
da média na categoria de saneamento. De acordo com fontes do governo, estima-se que 97%
dos moradores de Santiago têm acesso aos serviços de saneamento, porcentagem que é maior
que a média de 94% do Índice. De acordo com os
dados de 2003, a cidade trata cerca de 73% das
águas residuais, o que é muito superior à média
de 52% das 17 cidades do Índice. E é provável
que este desempenho no tratamento de águas
residuais tenha melhorado desde 2003, graças a
uma iniciativa nacional de tratamento de todos
os seus efluentes até 2012, um objetivo que
parece bem encaminhado para ser alcançado
(veja “Iniciativas Verdes“ a seguir). Uma robusta
regulamentação também tem possibilitado a
otimização do tratamento de águas residuais. O
órgão nacional de supervisão de saneamento
tem poderes para impor multas pesadas sobre
as companhias privadas que prestam serviços de
saneamento quando as normas não são cumpridas.
A cidade, portanto, recebe a nota máxima particularmente quanto ao seu código de qualidade
do ar e os esforços em seu monitoramento.
A qualidade do ar melhorou na cidade com essas
medidas de controle de emissões. Mas Santiago
situa-se num vale, limitado a leste pela Cordilheira dos Andes, o que significa que o ar é aprisionado na cidade durante a maior parte do ano
e, por esta razão, a poluição continua relativamente elevada. As concentrações médias diárias
de partículas, por exemplo, estão entre as mais
altas do Índice, com 66 microgramas por m³,
comparadas com a média das 17 cidades de 48
microgramas.
Iniciativas verdes: Como parte de um plano
mais amplo para melhorar o saneamento na
região, a empresa privada Águas Andinas planeja terminar até 2012 uma estação de tratamento
de esgotos no valor de US$ 350 milhões que permitirá à cidade tratar todos os seus efluentes.
Em 2007, a Comissão Regional do Meio Ambiente da Região Metropolitana (Corema) encomendou outro projeto, também gerido pela. Águas
Andinas, para interromper o fluxo de esgoto ao
rio Mapocho, uma importante fonte de abastecimento de água para a cidade. Conforme esse
projeto, a empresa desabilitou 21 tubulações
que anteriormente lançavam águas residuais
não tratadas no rio Mapocho.
Iniciativas verdes: O Ministério da Saúde do
Chile tem um escritório regional que monitora a
poluição do ar na região metropolitana. Quando
a poluição atinge níveis críticos, as autoridades
limitam o número de veículos que entram na
cidade de acordo com números da placa de
licenciamento dos mesmos. Além disso, Santiago tem uma antiga política de muitas árvores
nas ruas e nos parques especificamente a fim de
reduzir os níveis de partículas em suspensão no
ar. Um estudo de 2008 no Journal of Environmental Management concluiu que esta estratégia custa em torno de US$ 8.000 por tonelada
de redução das partículas em suspensão no ar, o
que é mais barato do que vários outros tipos de
conversão de combustíveis fósseis em energias
mais limpas, embora isso possa mudar no futuro
se os preços de conversão diminuírem.
Governança ambiental: Santiago está
Qualidade do ar: Santiago encontra-se na
média na categoria de qualidade do ar. Combater a poluição do ar é uma prioridade nacional e
Santiago possui as políticas mais robustas para
ar limpo do Índice, juntamente com Curitiba.
Devido ao fato de que a cidade vivencia frequentemente níveis críticos de poluição do ar, Santiago introduziu um plano de emergência de proteção ambiental que obriga as indústrias a
desligarem os motores poluentes nos dias em
que a poluição do ar é considerada muito alta.
Restrições semelhantes são impostas aos veículos (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir). Além
disso, é vedado o uso de chaminés nos lares.
abaixo da média na categoria de governança
ambiental. A cidade tem um forte histórico de
participação do cidadão graças a iniciativas
acompanhadas em nível nacional (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir). O Ministério do Meio Am-
biente, recém-criado, agora serve como um
ponto de contato central para informações
sobre o desempenho ambiental e os projetos. A
posição de Santiago nesta categoria é prejudicada pela sua capacidade limitada de implementar
uma legislação ambiental própria. Com 52
comunas, a administração da cidade pode ser
complicada, por isso os administradores muitas
vezes passam por cima do governo federal em
questões de política ambiental.
Iniciativas verdes: O Ministério do Meio
Ambiente tem um processo formal para estimular a participação popular em todos os projetos
com impacto ambiental. Associações de moradores, organizações não governamentais e
outros interessados são convidados regularmente a expressarem suas opiniões e assim influenciarem as políticas públicas.
Indicadores Quantitativos: Santiago
Média Santiago
Energia e CO2
Uso do solo
e prédios
Transporte
Resíduos
Emissões de CO2 do consumo de eletricidade
por pessoa (kg/pessoa)
202.2
Consumo de eletricidade por PIB em US$
(megajoules por US$ 1.000 de PIB)
760.7
Densidade populacional (pessoas/km2)
Espaços verdes por pessoa (m2/pessoa)
Comprimento da rede de transporte de massa (km/km2)
1,247.0 1
4,503.0 10,920.7 2
254.6
5.0
Ano* Fonte
463.3 1, e 2005 Estimativa da EIU; Agência Internacional de Energia; Grupo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
26.1 2
2005 Instituto Nacional de Estatísticas; Banco Central de Chile; EIU.
2009 Instituto Nacional de Estatísticas; Comitê de Investimento Estrangeiro.
2009 Comissão Nacional do Meio Ambiente; Instituto Nacional de Estatísticas.
5.1 3, e 2009 Metrô de Santiago; Ministério dos Transportes; Grupo CB.
Redes superiores de transporte público (km/km2)
0.13
0.22 3, e 2010 Jefe de Estaciones de Trenes Metropolitanos S.A.; Metrô de Santiago.
Estoque de carros e motocicletas (veículos/pessoa)
0.30
0.14 2
Parcela dos resíduos coletados e adequadamente descartados (%)
96.2
98.9 1, e 2008 Comissão Nacional do Meio Ambiente.
2010 Instituto Nacional de Estatísticas.
Resíduos gerados por pessoa (kg/pessoa/ano)
465.0
563.1 1
2008 Comissão Nacional do Meio Ambiente; Instituto Nacional de Estatísticas.
Consumo de água por pessoa (litros por pessoa por dia)
264.3
243.0 1
2009 Superintendência de Serviços Sanitários; Instituto Nacional de Estatísticas.
Vazamentos no sistema de abastecimento de água (%)
34.6
30.3 1, e 2008 Superintendência de Serviços Sanitários.
Parcela da população com acesso à água potável (%)
97.5
98.6 1
Saneamento
básico
População com acesso a saneamento básico (%)
93.7
97.1 4, e 2008 Superintendência de Serviços Sanitários; Instituto Nacional de Estatísticas.
Parcela das águas residuais tratadas (%)
51.5
73.2 1, e 2003 Superintendência de Serviços Sanitários.
Qualidade
do ar
Níveis diários de dióxido de nitrogênio (ug/m3)
37.8
41.0 1
2009 Comissão Nacional do Meio Ambiente.
Níveis diários de dióxido de enxofre (ug/m3)
11.4
10.0 1
2007 Comissão Nacional do Meio Ambiente.
Níveis diários de partículas em suspensão (ug/m3)
48.0
66.0 1
2009 Comissão Nacional do Meio Ambiente.
Água
2008 Superintendência de Serviços Sanitários; Instituto Nacional de Estatísticas.
* Para dados de diferentes anos, será considerado apenas o ano do indicador principal. e) Estimativa da EIU. 1) Baseado na área metropolitana de Santiago. 2) Baseado na Grande Santiago. 3) Baseado na Grande Santiago. 4) Baseado na área metropolitana de Santiago
População total com acesso à rede de esgoto.
94
95
Índice de Cidades Verdes da América Latina | São Paulo_Brasil
São Paulo está acima da média no Índice de
Cidades Verdes da América Latina. Seu melhor
desempenho está na categoria de energia e de
CO2, na qual a cidade encontra-se bem acima da
média. Esta colocação impressionante é o resultado de emissões de CO2 muito baixas, provenientes do consumo de eletricidade e um dos
mais robustos planos de ação de mudanças climáticas do Índice. São Paulo coloca-se acima da
média em todas as outras categorias, com exceção da qualidade do ar e governança ambiental.
A cidade está na média em ambas as categorias,
devido à falta de uma política abrangente de
despoluição do ar e um baixo nível de participação pública em projetos ambientais. Entretanto,
a metrópole está tomando medidas proativas
para melhorar seu desempenho ambiental,
recebendo assim pontuações mais altas para
as políticas governamentais em diversas categorias.
São Paulo_Brasil
Energia e CO2: São Paulo está bem acima da
média em energia e CO2. Com toda a sua eletricidade gerada por usinas hidrelétricas, a cidade é
a única no Índice a ter uma estimativa zero de
emissões de CO2, decorrente do uso da eletricidade. Este valor é consideravelmente melhor do
que a taxa média anual de emissões de 202 kg
por pessoa nas 17 cidades indexadas. São Paulo
conta também com as políticas mais abrangentes de energia limpa e mudanças climáticas do
Índice (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir). Em
2005, a cidade realizou um inventário completo
das emissões de CO2, que mostrou o transporte
como a maior fonte de emissões, seguido pela
eliminação de resíduos. A região metropolitana
de São Paulo consome 553 megajoules de energia elétrica por US$ 1.000 do PIB, bem abaixo da
média do Índice de 761 megajoules.
Indicadores Gerais
População total (milhões)
Área administrativa
(km2)
11,0
1.509,0
PIB por pessoa (preços correntes) (US$)
15.090,2
Densidade populacional (pessoas/km2)
7.314,5
Temperatura (média 24 horas, anual) (oC)
Baseado na cidade de São Paulo
ma megacidade com 20.700.000 habitantes, São Paulo é a área metropolitana mais
populosa do Brasil. Com 11 milhões de pessoas
vivendo dentro dos limites da cidade, representa
também a maior população das cidades do Índice de Cidades Verdes da América Latina. Todos
os dados constantes do Índice baseiam-se em
números da cidade, com exceção dos dados
sobre o consumo de eletricidade e as emissões
de CO2 provenientes deste consumo que têm
como base a área metropolitana. Ao longo do
século passado, São Paulo cresceu como um
dinâmico centro industrial, mas nas últimas
décadas sua economia se transformou e é agora
U
19,6
dominada pelo setor de serviços. Hoje é a capital
econômica e financeira do Brasil e um importante polo de empresas multinacionais que operam
na América Latina, apesar de várias grandes
indústrias situarem-se na periferia da cidade,
como exemplo, as fabricantes de automóveis.
São Paulo gera cerca de 12% do PIB do País e
representa o quinto maior PIB por pessoa no
Índice, de US$ 15.100. Há muito tempo a cidade
atrai migrantes brasileiros e imigrantes estrangeiros e durante o século passado sofreu uma
explosão em massa da população, o que a levou
à urbanização rápida e caótica. Apesar dos enormes desafios decorrentes da imensa população,
Iniciativas verdes: Em 2009, a Prefeitura de
São Paulo aprovou uma política de mudança climática ambiciosa e abrangente, por meio da
qual a cidade se compromete a reduzir em 30%
até 2012 os níveis registrados no ano de 2005,
em emissões de CO2 e de outros gases do efeito
estufa. A cidade criou também um comitê de
mudanças climáticas para monitorar o avanço
da medida. A Prefeitura declarou que estão
sendo alcançados progressos impressionantes
para atingir este objetivo e as emissões já foram
reduzidas em 20%. Esta rápida redução é resultado da implantação de duas usinas de conversão de resíduos em energia. A cidade encerrou
as operações de dois de seus principais aterros
sanitários, o Bandeirantes e o São João, em
2007 e 2009 respectivamente, e implantou usinas termelétricas em ambas as instalações. Por
meio da captação e combustão do metano, os
aterros fornecem um total de 350.000 mega-
watts por hora por ano e até 2012 as emissões
de CO2 serão reduzidas em 11 milhões de toneladas.
de uso da terra, apenas enviando esforços parciais para contenção da expansão urbana e proteção de áreas sensíveis do meio ambiente.
Uso do solo e prédios: São Paulo encontra-se acima da média no uso do solo e prédios.
A cidade tem a quarta maior densidade no Índice, com 7.300 habitantes por km², consideravelmente superior à média das 17 cidades, que é de
4.500 habitantes. A cidade possui também políticas consistentes de edifícios ecológicos, graças
a uma lei local que exige que todos os novos prédios incluam painéis de energia solar para aquecimento de água e atendam às novas normas de
eficiência energética que entraram em vigor em
2009 (veja “Iniciativas Verdes“ a seguir). A metrópole tem 55 m² de espaços verdes por pessoa, um resultado medíocre entre as 17 cidades
analisadas no Índice. Com exceção de alguns
parques, a densa área interna da cidade de São
Paulo é relativamente vazia de espaços verdes,
mas este resultado provavelmente melhora com
a inclusão da área metropolitana. A cidade tem
espaço significativo para otimização da política
Iniciativas verdes: Em 2009, São Paulo aprovou a Agenda 2012, que estabelece um conjunto de 223 metas a serem alcançadas em curto e
médio prazos para a cidade. Embora a agenda
abranja uma vasta gama de áreas, desde a transparência política até a inclusão social, entre
outras, a iniciativa estabelece uma série de
metas para o uso do solo e prédios. Estas metas
incluem a construção de 50 parques em bairros
e outros três ao longo do rio Tietê, além da plantação de 800.000 árvores. A Agenda 2012 inclui
também uma iniciativa da Secretaria da Habitação de São Paulo que visa a instalar obras de
infraestrutura e melhoramento das moradias
em 81 assentamentos informais, sujeitos a inundações. Estas medidas deverão beneficiar
75.000 famílias. A cidade está em um processo
de melhoria das habitações, instalação de infraestrutura básica e criação de programas de reciclagem de resíduos em Heliópolis e Paraisópolis,
Desempenho
São Paulo
Bem abaixo
da média
Outras cidades
Abaixo da
média
Média
Acima da
média
Bem acima
da média
Energia e CO2
Uso do solo e prédios
Transporte
Resíduos
Água
Saneamento básico
Qualidade do ar
Governança ambiental
Resultado geral
A ordem dos pontos nas faixas de performance não tem significado para os resultados das cidades.
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Índice de Cidades Verdes da América Latina | São Paulo_Brasil
duas das maiores favelas paulistanas, bem como
em outras áreas. O resultado é que essas favelas
transformaram-se em bairros de baixa renda.
Quanto aos prédios, uma lei de 2009 exige que
todos os novos prédios municipais atendam aos
padrões de eficiência energética e os já existentes sejam tecnologicamente equipados, com a
finalidade de melhorar a eficiência energética e
reduzir o impacto ambiental.
Transporte: São Paulo está acima da média
na categoria de transporte, uma colocação
impressionante para uma cidade conhecida por
seus problemas endêmicos de tráfego. E, de
fato, a cidade tem uma das maiores frotas de
carros e motocicletas do Índice, 0,44 por pessoa, em comparação com a média de 0,3 das 17
cidades estudadas. No entanto, por meio de
políticas abrangentes de redução dos congestionamentos, São Paulo vem tentando limitar
os efeitos da cultura do uso de automóveis profundamente enraizada na cidade. Dentre estas
regras, estão a limitação do número de carros
que entram no centro expandido da cidade e a
limitação das zonas de circulação de veículos
(veja “Iniciativas Verdes“ a seguir). A despeito
do progresso, a cidade ainda carece de outras
medidas de redução de congestionamentos,
como pistas de rodízio para os usuários de
carro, taxas de congestionamento e sistemas de
estacionamento e transporte, o que elevaria
seu patamar nesta categoria. Para aliviar ainda
mais o congestionamento crônico e incentivar a
utilização do transporte público, a cidade e o
Estado estão trabalhando juntos num projeto
de US$ 18 bilhões para a ampliação das linhas
do metrô, a instalação de novos terminais de
ônibus e a otimização do controle de tráfego e
sinalização, até 2020. O Metrô de São Paulo é
moderno e relativamente eficiente, mas sua
extensão é limitada a cerca de 69 km e quatro
linhas principais. A cidade está construindo
uma quinta linha, mas o progresso tem sido
lento. No entanto, a rede de transportes da
cidade (definida no Índice como os meios de
transporte que movimentam um grande número de passageiros rapidamente em faixas exclusivas, como o metrô, as faixas de trânsito rápido
exclusivas para ônibus ou as redes de trólebus)
é a quinta maior rede de transportes no Índice,
medindo 0,21 km por km² da área urbana, que
representa o dobro da média de 0,1 km medida
nas 17 cidades. O ônibus urbano continua a ser
o meio mais comum de transporte público e a
cidade possui uma extensa rede de ônibus que,
ao contrário do metrô, abrange todas as áreas
paulistanas. Em sua totalidade, o sistema de
transporte público de massa dentro dos limites
da cidade mede 7,5 km por km², bem acima da
média de 5 km do Índice.
Iniciativas verdes: É proibida a entrada de
20% dos automóveis da cidade em uma grande
parte da região central de São Paulo durante o
horário de pico de cada dia útil. Essas restrições
são estabelecidas de acordo com os dígitos
finais das placas dos veículos, que ficam proibidos de circular na zona de restrição em dias
determinados. Os infratores estão sujeitos a
multas pesadas e os reincidentes podem perder
suas carteiras de habilitação. Como outra medida para reduzir o congestionamento, a cidade
vem aumentando desde 2007 a restrição aos
veículos pesados em determinadas vias de grande fluxo, durante o horário de pico.
Resíduos: São Paulo está acima da média na
categoria de resíduos. Segundo dados oficiais, a
cidade coleta e armazena adequadamente todos os resíduos produzidos nos limites da cidade. Duas empresas privadas fazem a coleta do
lixo residencial e doméstico, assim como a de
materiais recicláveis. Os resíduos são eliminados
em dois aterros controlados. A cidade tem um
forte histórico na coleta de lixo e políticas de eliminação de resíduos, graças à aplicação rigorosa
das normas ambientais em seus aterros sanitários e uma cuidadosa monitoração da eliminação de resíduos perigosos pela indústria. Apesar
desse programa bem gerenciado, São Paulo produz 550 kg de resíduos por habitante por ano,
marca que está acima da média de 465 kg.
Iniciativas verdes: O objetivo da iniciativa
"Ecoponto" de São Paulo é reduzir o depósito ilegal de lixo e refugo de grandes volumes nas ruas
da cidade. Há pontos de coleta para os moradores jogarem os itens que não cabem em caixas
de lixo residenciais, de até 1 m³ de volume, tais
como móveis, galhos de árvores e entulhos
diversos. A cidade tem 38 centros de coleta e
terá instalado mais dez até o final de 2010. Nos
primeiros seis meses de 2010, segundo informações da Prefeitura, foram recolhidos 57.400 m³
de resíduos que, de outra forma, teriam sido deixados nas ruas. Até 2012, a cidade planeja que
96 estações estejam em operação, o que possibilitará o acesso à maioria da população.
Água: São Paulo está acima da média na categoria de água. A cidade tem um desempenho
especialmente bom nas políticas de qualidade,
graças a um monitoramento atento da companhia estadual de água, a Sabesp (Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo).
Segundo dados oficiais, a cidade consome uma
média de 220 litros por pessoa por dia, ligeiramente abaixo da média de 264 litros das 17 cidades do Índice. Mas a cidade parece empenhada
em diminuir o consumo ainda mais, tendo instalado medidores de água na maioria dos prédios
residenciais. Segundo dados oficiais, quase toda
a população que vive nos limites da cidade tem
acesso à água potável, São Paulo perde 31% de
sua água em vazamentos do sistema, porcentagem que, embora elevada, está abaixo da média
de 35% entre as 17 cidades estudadas.
Iniciativas verdes: A Sabesp, a companhia
estadual de água, tem como prioridade a eliminação de vazamentos e ligações clandestinas à
rede. Por esta razão, aumentou o número de fiscais e adotou uma nova tecnologia que ajuda a
monitorar toda a água do sistema, descobrindo
rapidamente grandes vazamentos e fazendo
uma previsão dos níveis de consumo em função
das temperaturas externas. Além disso, encontra-se em andamento na Sabesp uma iniciativa
chamada “PURA“, para promover a conservação
em São Paulo, por meio de campanhas de informação ao público e tecnologia para poupar o
consumo de água. Utilizando as melhores experiências desenvolvidas em colaboração com a
Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo, a Sabesp trabalha com instituições,
como escolas, hospitais e prisões, para estimular a conservação, reparação de vazamentos e
instalação de equipamentos de conservação de
água. Segundo a Sabesp, houve uma redução
de 72% nas próprias sedes administrativas da
companhia e de 38% nas escolas municipais.
Saneamento Básico: São Paulo encontra-se acima da média na categoria de saneamento. Noventa e nove por cento dos moradores de São Paulo têm acesso ao saneamento,
uma estimativa baseada em dados oficiais, o
que é melhor do que a média de 94% das
17 cidades. A cidade não tem o mesmo desempenho quanto ao tratamento de esgotos, mas
ainda assim é melhor do que a média, com 75%
versus 52%. Isso significa uma grande quantidade de esgoto ainda é despejado no principal
recurso hídrico da cidade, o Rio Tietê. A Sabesp
acompanha com atenção os níveis de toxinas
das instalações de tratamento das águas residuais, mas São Paulo é uma das poucas cidades
no Índice que não consegue controlar “in loco“
o tratamento de esgotos, como as fossas sépticas, nas residências e áreas comuns.
Iniciativas verdes: A cidade está na terceira e
última fase do programa de longa duração pra a
expansão e melhoramento do saneamento básico, no valor de US$ 1 bilhão. Com a construção
de 580 km de novos coletores de efluentes e
outras melhorias de infraestrutura, a cidade
espera tratar as águas residuais provenientes de
um adicional de três milhões de pessoas na
região metropolitana, em 2015, quando o projeto terminar. Isto representa uma melhoria de
41% da capacidade.
Qualidade do ar: São Paulo encontra-se
na média na categoria de qualidade do ar. A
emissão diária de dióxido de enxofre e partículas em suspensão está bem abaixo da média das
17 cidades. A média diária de emissão de dióxido de nitrogênio na cidade é de 47 microgra-
mas por m³, portanto, pior em comparação com
os 38 microgramas de média do Índice. Este
fato pode ser atribuído principalmente à prevalência de automóveis, a principal fonte de poluição de São Paulo. A cidade tem espaço significativo para melhorar as suas políticas de
despoluição do ar em relação a outras cidades
do Índice. Em São Paulo, por exemplo, as políticas de qualidade do ar estão associadas a iniciativas mais amplas para reduzir o congestionamento, o que é um passo importante haja vista
o impacto que os carros produzem na qualidade
do ar da cidade. No entanto, os sistemas de alto
desempenho nesta categoria têm políticas que
objetivam especificamente todas as formas de
poluição do ar.
Governança ambiental: São Paulo está
na média em governança ambiental. Apesar de
a cidade possuir uma Secretaria do Meio Ambiente, o nível de implementação de políticas é
limitado e o de participação popular permanece
relativamente pobre. Além disso, as responsabilidades com o transporte, a água e o saneamento são divididas entre a cidade e o Estado,
provocando certa fragmentação política. No entanto, o orçamento da Secretaria do Meio Ambiente triplicou entre os anos de 2004 e 2009,
chegando a cerca de US$ 220 milhões, o que
demonstra um interesse renovado da cidade em
projetos ambientais.
Indicadores Quantitativos: Sao Paulo
Média Sao Paulo
Energia e CO2
Emissões de CO2 do consumo de eletricidade por pessoa (kg/pessoa) 202.2
Transporte
Resíduos
Água
Ano*
Fonte
2009
Estimativa da ERJ; AES.
760.7
552.7 2
2007
AES; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; EIU.
Densidade populacional (pessoas/km2)
4,503.0
7,314.5 3
2009
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística.
Espaços verdes por pessoa (m2/pessoa)
254.6
54.7 3
2009
Secretaria do Meio Ambiente; Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística.
SPTrans.
Consumo de eletricidade por PIB em US$
(megajoules por US$ 1.000 de PIB)
Uso do solo
e prédios
0.0 1, e
5.0
7.5 3
2009
Redes superiores de transporte público (km/km2)
Comprimento da rede de transporte de massa (km/km2)
0.13
0.21 3
2010
SPTrans, Secretaria dos Transportes Metropolitanos.
Estoque de carros e motocicletas (veículos/pessoa)
0.30
0.44 3
2010
Denatran.
Parcela dos resíduos coletados e adequadamente descartados (%)
96.2
100.0 3
2009
Prefeitura de São Paulo.
Resíduos gerados por pessoa (kg/pessoa/ano)
465.0
550.0 3
2009
Prefeitura de São Paulo – “Informações Gerais Portal da Prefeitura de
São Paulo”.
Consumo de água por pessoa (litros por pessoa por dia)
264.3
220.5 3
2007
SABESP; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Vazamentos no sistema de abastecimento de água (%)
34.6
30.8 3
2007
SABESP.
Parcela da população com acesso à água potável (%)
97.5
99.2 3
2007
SABESP: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Saneamento
básico
População com acesso a saneamento básico (%)
93.7
99.1 4, e
2009
SABESP: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Parcela das águas residuais tratadas (%)
51.5
75.0 3
2007
SABESP.
Qualidade
do ar
Níveis diários de dióxido de nitrogênio (ug/m3)
37.8
47.0 3
2009
Companhia Ambiental do Estado de São Paulo.
Níveis diários de dióxido de enxofre (ug/m3)
11.4
4.0 3
2009
Companhia Ambiental do Estado de São Paulo.
Níveis diários de partículas em suspensão (ug/m3)
48.0
33.0 3
2009
Companhia Ambiental do Estado de São Paulo.
* Para dados de diferentes anos, será considerado o ano do indicador principal. e) Estimativa da EIU. 1) Baseado na Região Metropolitana de São Paulo. Toda a eletricidade de São Paulo é proveniente de hidrelétricas, portanto não há emissões de CO2. 2) Baseada na
Região Metropolitana de São Paulo. 3) Baseado na cidade de São Paulo. 4) Baseado na cidade de São Paulo. População total com acesso a esgotos sanitários.
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Expediente:
Publicado pela Siemens AG
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Pelo Publisher: Stefan Denig
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Redação: Jason Sumner, Vanessa Barchfield, Economist Intelligence Unit, Londres.
Pesquisa: Jan Friederich, Harald Langer, Economist Intelligence Unit, Frankfurt, Londres.
Layout das fotos: Judith Egelhof, Stephanie Rahn, Doreen Thomas,
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Layout: Rigobert Ratschke, Seufferle Mediendesign GmbH, Stuttgart
Imagens: Jochen Haller, Seufferle Mediendesign GmbH, Stuttgart
Fotografia: Simón Brauer (Quito), Roberto Calvino (Montevidéu), Paulo Fridman
(Brasília), Nicola Frioli (Cidade do México, Monterrey), Carlos García Granthon (Lima),
Sergio Lubezky (Ciudad de México), Nancy Mora (Bogotá, Medellín), Tomeu Ozonas
(Buenos Aires), José Luis Stephens (Santiago), Luis Veiga (Belo Horizonte, Porto Alegre),
André Vieira (Rio de Janeiro, Sao Paulo), Tuca Vieira (Curitiba), Jürgen Winzeck (São Paulo),
Adam Wiseman (Guadalajara, Puebla)
Crédito pelas fotos: Apesar de todos os esforços realizados para encontrar os proprietários
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