(formato pdf) da Edição nº 4274 de 22.01.2015
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22 de Janeiro de 2015 22 Janeiro 2015 SEMANÁRIO REGIONALISTA DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ Diretor: ALBERTO GERALDES BATISTA Ano LXXXVII – N.º 4274 Autorizado pelos C.T.T. a circular em invólucro de plástico fechado. Autorização N.º D.E. DE00192009SNC/GSCCS PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS 2350-999 TORRES NOVAS TAXA PAGA Preço 0,50 • c/ IVA Nas Filipinas, perante uma multidão de 6 milhões de pessoas Nota Semanal Órfãos de pai mas não de mãe Papa Francisco apela à luta contra a pobreza e à defesa da família António Vitalino, Bispo de Beja Apesar da consolação da fé, não podemos deixar de nos comover e chorar ao ver crianças a sofrer por causa do abandono e da insensibilidade de muitos adultos, que abusam delas, as escravizam e até usam como armadilhas para a guerra e como bombas suicidas. O Papa Francisco, no encontro com os jovens nas Filipinas, ficou comovido com a pergunta de uma criança sobre o sofrimento das crianças e disse que a nossa melhor resposta é chorar com quem sofre. Alguns pedagogos falam de uma sociedade sem pai, mas para muitos não há pai nem mãe. São órfãos dos dois progenitores. Como superar este abandono? O Papa presidiu, no dia 18, em Manila, à Missa conclusiva da sua viagem às Filipinas, e desafiou os católicos a lutar contra a pobreza e defender a família. “Pelo pecado, o homem destruiu a unidade e a beleza da nossa família humana, criando estruturas sociais que perpetuam a pobreza, a ignorância e a corrupção”, denunciou Francisco, durante a maior celebração do actual pontificado, junto ao estádio ‘Quirino Grandstand’, na área do Parque Rizal. A Autoridade Metropolitana para o Desenvolvimento de Manila avançou oficialmente com o número de seis milhões de participantes, o que representa um recorde na história dos pontificados. Página 5 No dia 18 de janeiro, sempre no domingo a seguir ao Batismo do Senhor, a Igreja celebra o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado. Em Portugal a Obra Católica das Migrações em conjunto com a Caritas Portuguesa, a Agência Ecclesia e este ano também com o Departamento Nacional da Juventude realizou umas jornadas sociopastorais sobre a mobilidade. À globalização do fenómeno migratório será desejável corresponder com a globalização da caridade e da solidariedade, ajudando os países menos desenvolvidos a fixar os seus cidadãos, oferecendo-lhes condições de vida e de trabalho digno, para sustentar e educar as suas famílias, de modo a evitar a necessidade de emigrar. Igreja propõe «paternidade responsável», sublinha o Papa Página 8 Oitavário pela Unidade dos Cristãos Entre os dias 18 e 25 de Janeiro de cada ano, vive-se na Igreja a Semana da Oração pela Unidade dos Cristãos. Esta surgiu pela primeira vez em 1908, por iniciativa de Thomas Watson, convertido do anglicanismo ao catolicismo, que lançou a proposta de oração a vários grupos de cristãos, pedindo-lhes que entre os dias 18 de Janeiro (dia da Festa da Cátedra de S. Pedro) e o dia 25 do mesmo mês (dia da Conversão de S. Paulo) rezassem pela unidade entre todos, pois essa é a vontade do próprio Jesus Cristo, “que todos sejam um”. A divisão enfraquece a Igreja-Corpo de Cristo e constitui um escândalo para o cristianismo. Páginas 4 e 5 O Papa Francisco disse, no dia 19, que a Igreja Católica propõe uma “paternidade responsável”, com recurso aos “meios lícitos”, os métodos naturais de planeamento familiar. “Alguns pensam que - desculpem a expressão - para ser bons católicos é preciso ser como os coelhos, não é? Não. Paternidade responsável: isso é claro e por isso há na Igreja grupos de casais, peritos nesta matéria”, declarou, no voo entre Manila e Roma, em conferência de imprensa. Francisco mostrou-se preocupado com a quebra demográfica e sublinhou o trabalho feito pela Igreja Católica para travar o que denominou como “neomalthusianismo”, que “procurava um controlo da humanidade por parte das grandes potências”. Neste sentido, referiu que para as pessoas mais pobres “um filho é um tesouro” e que “Deus sabe como ajudá-las”. “Paternidade responsável, mas olhando também para a generosidade do pai e da mãe que vê em cada filho um tesouro”, prosseguiu. Durante a viagem às Filipinas, o Papa evocou a "coragem" do Beato Paulo VI, autor da encíclica 'Humanae Vitae' (1968), sobre a regulação da natalidade, que rejeitava a contraceção artificial, "para defender a abertura à vida na família" e contrariar a "ameaça da destruição da família pela privação dos filhos". No voo de regresso a Roma, Francisco sublinhou que a posição de Paulo VI rejeitava este “neomalthusianismo universal”, de con- trolo da população, que levou à crise demográfica em vários países ocidentais. “Paulo VI não era um antiquado, alguém fechado. Não, foi um profeta que nos disse: tenham cuidado com o neomalthusianismo que está a chegar”, precisou. O Papa recordou que, na Igreja Católica, a “abertura à vida” é condição para o Matrimónio, pelo que se um dos cônjuges se tiver casado com a intenção de não ter filhos, o sacramento é nulo. “Isto não significa que os cristãos devem fazer filhos em série”, insistiu. A conferência de imprensa, de quase uma hora, retomou ainda a questão da “colonização ideológica” sobre a família nos países mais pobres, denunciada em Manila. Francisco deu como exemplo um caso que viveu em 1995, quando um ministro propôs como moeda de troca para as obras de melhoramentos nas escolas a introdução de um livro que ensinava a ideologia de género. “Esta é a colonização ideológica: chegam junto de uma população com uma ideia que não tem nada a ver com o povo”, advertiu, e “colonizam o povo com uma ideia que muda ou quer mudar uma mentalidade”. Segundo o Papa, isto é algo semelhante ao que fizeram “as ditaduras do último século”. “Os povos não devem perder a sua liberdade. Cada povo tem a sua cultura, a sua história”, sublinhou.