Ana_Soares_Ficha_de_Leitura

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Ana_Soares_Ficha_de_Leitura
Mundiverso: Literatura do mundo
Ficha de catalogação e análise de obras literárias
Siddhartha
Um poema Indiano
Livro analisado por :
Ana Maria Roseiro Soares
3ºAno de Animação Socioeducativa
Título
Siddhartha (versão original)
Siddhartha – Um poema indiano (versão portuguesa)
Autor
Referência bibliográfica completa
Cota na ESEC
Ano de publicação do original
Editora (Portugal)
País
Cultura de referência
Hermann Hesse
HESSE, Hermann (1950), Siddhartha. Um poema indiano.
Porto: Colecção mil folhas.
821.1/.8/68
1922
Colecção mil folhas (Público).
Alemanha
Indiana
Educação Intercultural / cultures@esec
2
Breve nota biográfica e obra do autor
H
ermann Hesse (1877 – 1962) nasceu em Calw, na Alemanha, no seio de uma família muito
religiosa.
Na adolescência, recusando a religião, rompeu com a família e emigrou para a Suíça em 1912,
trabalhando como livreiro e operário. (Razão pela qual acumulou uma tão sólida cultura autodidacta e
pela qual resolveu dedicar-se à literatura)
.

Começa a publicar a partir de 1899 mas o sucesso chega em 1904 com o romance Peter
Camenzing. Casa a muda-se para o lago de Constança.

Graças a uma viagem à Índia, em 1911, trava conhecimento com a espiritualidade oriental.

O eclodir da guerra lança-o numa grave crise fazendo-o recorrer aos cuidados de um discípulo
de Jung e cuja Psicanálise deixou igualmente vestígios na sua obra.

Em 1920 muda-se para a Suíça e, dois anos depois, publica Siddhartha.

Nos anos obscuros do nazismo escreve O jogo das contas de vidro.

Em 1946, recebe o prémio Goethe e, passados alguns meses o Nobel.

Durante os últimos vinte anos da sua vida, Hesse escreveu muitos contos, poemas e ensaios
irónicos sobre sua alienação.

A 9 de Agosto de 1962 faleceu e foi sepultado no cemitério de San Abbondio em Montagnola.
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Sinopse do livro
3
Este “poema indiano” (a definição é do próprio Hesse) é a história de uma procura.
O
elemento mais importante não é o ponto de chegada, mas o percurso realizado para o alcançar. Siddharta, filho de
rapaz insatisfeito com os mestres religiosos a quem a sua
educação é confiada. Abandona a casa paterna e lança-se ao caminho em busca do sentido da
vida. Através de várias passagens e experiências, numa Índia deliberadamente despida de conotações exóticas e
pitorescas, realiza uma viagem em busca do “todo” que simultaneamente compreende e
supera a individualidade. No decorrer da sua peregrinação, Siddharta encontra várias personagens e
um sacerdote brâmane, é um
saboreia múltiplos aspectos da vida (do ascetismo à paixão, do jogo ao comércio), até ao momento em que
consegue chegar à reveladora iluminação final. O romance, rico em metáforas e imagens, é fundamentalmente a
história de um crescimento interior
e de uma união com o absoluto, que só é possível percorrendo
uma via árdua, repleta de provações e obstáculos.
Siddhartha é a obra mais conhecida de Hesse, na qual é possível encontrar problemas
e dúvidas
existenciais não só do próprio autor como também do homem moderno. O romance
continua a fascinar o público jovem, que nele encontra temas próximos dos seus interesses, como a procura de um
equilíbrio e a recusa de uma sociedade cada vez mais ameaçada pela tecnologia e pelo consumismo.
Sites
http://www.myswitzerland.com/pt/museu-hermann-hesse.html (Museu Hermann Hesse);
http://ferrez.blogspot.com/2009/03/hermann-hesse.html (Biografia do autor);
http://www.citador.pt/textos/a/herman-hesse~ (Citações e textos do autor);
http://static.publico.pt/docs/cmf/autores/hermannHesse/licaoDeLuz.htm (Acerca do livro com base na
versão que li (jornal PÚBLICO - colecção mil folhas)).
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Galerias de imagens
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Impacto e história do livro

Autor distinguido, no mesmo ano, com o prémio Goethe e o Prémio Nobel (1946);

Livro considerado “um clássico”, no sentido em que é uma referência literária, pertencente à
lista de livros que devem constar, quase de forma obrigatória, na nossa leitura;

“Siddhartha”, juntamente com “O jogo das contas de vidro”, pertence às obras mais
conhecidas do autor;

Os livros e ideias de Hermann Hesse tiveram grande impacto sobre a geração beat e a
contracultura dos anos 60, inspirando diversas pessoas, como o próprio escritor Paulo Coelho;

A história de Siddahrtha teve impacto e serviu de inspiração para Allan Percy que escreveu o
livro A Cura Espiritual de Siddhartha - A Sabedoria de Hermann Hesse ;
(Neste há uma compilação do que o autor considera serem os melhores aforismos de Hesse
associando-os a situações com que nos deparamos no nosso dia a dia, originando aquilo a que
chama A Cura Espiritual de Siddhartha: um manual original que conduz os leitores de regresso
às origens de um ser humano em harmonia com os outros e consigo mesmo);

Siddhartha enquanto referência espiritual para todas as gerações;

Hermann Hesse, Orientalista, escritor iniciático, poeta, romancista, pintor, considerado por
milhões de pessoas como um mestre, cuja extensa obra transmite conselhos de enorme
valor para uma vida simples, sábia e essencial.
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Críticas
“ The first book that said me something. ”
" Siddhartha foi e continua a ser livro de cabeceira de muita gente.
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Para alguns, uma espécie de bíblia de bolso do Budismo na Índia …
Para outros, simplesmente a história de Siddhartha, filho de brâmane, que se
tornou Buda, e do seu amigo Govinda, personificação do espírito crítico e do
racionalismo ocidentais. ”
“ Siddhartha é ambas as coisas: uma fonte de sabedoria e um romance bem contado. ”
“Este livro não é um livro habitual nas minhas leituras, mas não desgostei! É
um Nobel e portanto não é propriamente um leitura fácil e muito menos
superficial. Mas ao longo do livro somos obrigados a pensar, a reflectir e a olhar
para os nossos caminhos e a pensar se foram os mais acertados!”
“Gosto de Hermann Hesse, verdadeiramente.
Especialmente de um livro de nome Siddhartha que está, definitivamente,
entre os meus livros de sempre ... um livro de e para a vida...”
“Ao chegar a casa, nessa mesma noite, tive o cuidado de tirar da
prateleira, essa que eu considero ser uma das mais bem conseguidas obras
do escritor alemão. Foi um dos livros que mais prazer me deu a ler
durante aquele período em que estive imigrado, e como já lá iam quase vinte
anos não resisti à tentação de uma segunda dose.
O livro é pequeno, tem 153 páginas, lê-se num trago e tenho a certeza de
que quando o acabarem de ler irão ter o vosso momento de reflexão...e
será muito agradável.”
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Filmes e guiões adaptados da obra

Siddhartha. Um filme de Conrad Rooks (1972)
Director:
Conrad Rooks
Esritores:
Conrad Rooks, Natasha Ullman (escritora associada), etc.
Protagonistas:
__Shashi Kapoor, Simi Garewal and Romesh Sharma
Venice International Film Festival
Film Presented
1972

Projecto Sidarta - Espetaculo livremente inspirado nos livros de Hermann Hesse “Sidarta” e
Johan Huizinga “Homo Ludens”, dirigido por Cristiane Paoli Quito (premiada directora de Teatro
e Danca) com actores renomados dentro do circuito artistico de Sao Paulo.
(Da brincadeira nascem a linguagem, a arte e a cultura. Johan
Huizinga desenvolve em seu livro a ideia da cultura como fruto de
nossa propensao para brincar. A forma mais pura da brincadeira e o
Teatro e a Danca. Hermann Hesse aponta a trajetoria de um homem
que aparentemente tem tudo mas na o e feliz e escolhe novos
caminhos para encontrar a si mesmo).
( http://ciasimples.blogspot.com/p/projeto-sidarta.html )

Produção teatral (teatro interactivo com dança e música) baseada no romance de Hermann
Hesse;
( http://siddhartha.akasha.ca/ )

Encontrei também um vídeo de jovens espanhóis que adaptaram e representaram a obra;
( http://www.youtube.com/watch?v=_zuLC6HiINk )
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Recensão crítica (Análise literária, cultural e Intercultural)
Começando por uma análise literária sou da opinião que este não é um livro que todos
possamos ler e compreender com facilidade nem que agrade (de forma literária) a
gregos e troianos porque é um livro denso, com muitos termos específicos da cultura
indiana e cujo conhecimento, dos mesmos, deve ser prévio ou resultado de pesquisa na
altura da leitura para a compreensão de uma cultura tão diferente.
Pegando nesta desigualdade de formas de viver, este e outros livros de cariz
intercultural têm a característica de suscitar curiosidade ao longo da leitura do livro,
curiosidade de ler para contrapor perspectivas favoráveis ou desfavoráveis que nos
fazem aprender e em alguns casos a melhorar determinados aspectos individuais.
Seguindo a linha de ideias, é pertinente, neste ponto, fazer uma análise cultural da
obra. O livro baseia-se na cultura indiana cuja religião é o budismo e cujos níveis
hierárquicos são muito associados à família. Nesta cultura, posso confirmar com a leitura
do livro, qualquer pessoa que queira ascender na vida sendo proveniente de um sangue
“fraco” não o consegue fazer a menos que vá contra a própria cultura. Pelo contrário, se
for proveniente de sangue “bom”, dificilmente essa pessoa faz algo diferente do que é
ambicionado pela família, como fez Siddhartha.
A ideia de para esta cultura o dinheiro não ser sinónimo de posição social faz da Índia
uma sociedade em que as regras são anacrónicas comparativamente com Portugal pela
lei do sangue ser mais forte que a razão.
Por último e fazendo uma análise social e económica podemos comprovar que os
membros da sociedade Indiana são mais disciplinados de origem, são regrados, sabem
fazer uso da disciplina em seu benefício facto que não se verifica em Portugal. Por outro
lado há mostras de rigidez exagerada entre classes sociais, na ascensão social uma vez
que não há permissão para que esta aconteça quando a pessoas vem de famílias de
sangues “fracos”. A mudança de estrato social nestes casos só se verifica contrariando a
cultura, como fez Sidahartha que desafiou tudo e todos, a própria família, e os seus
próprios valores.
Classificação (*, **, ***, ****, *****)
*****
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Comentários do leitor sobre a obra
Antes de mais devo dizer que a leitura de literatura intercultural nos faz crescer enquanto
pessoas originárias de uma cultura e enquanto seres do mundo. Após a leitura deste livro
fantástico devo dizer que fiz uma viagem através de uma cultura diferente, dos meus sentidos,
dos meus pensamentos, das ideias pré-concebidas, da minha forma de estar, das minhas
crenças e descrenças, enfim, de tudo o que me move de alguma forma.
Não vou dizer que este é um livro que todos deveríamos ler porque sei que há pessoas que
não compreendendo o que este transmite não o valorizam com a devida intensidade.
Este livro deixa-nos a pensar, a reflectir sobre tudo o que somos, fomos, queremos ser ou
meramente sobre a continuidade do nosso ser. Faz-nos recair sobre as escolhas que fazemos
através do que nos é ensinado e muitas vezes imposto “de raiz”, sobre a busca constante no
nosso próprio "EU", do que conquistamos realmente, do que é importante e de tudo o que
conseguimos abdicar e que realmente nos dá a felicidade.
Siddhartha é um daqueles livros que nos faz parar, que requer uma leitura num lugar
silencioso para a criação do ambiente envolvente.
Numa sociedade em que andamos numa azáfama constante que não nos permite parar,
pensar profundamente, reflectir, “ouvir o silêncio” e aproveitá-lo, recomendo a leitura deste livro
pois a essência está no pormenor, está na importância dos pequenos momentos mas intensos e
ao ler este livro podemos fazer isso, aproveitar o momento e tirar o que de mais proveitoso nos
diz Hermann Hesse.
Observações
Faltando um campo para “Outras mostras de influência deste livro” faço uso das observações para
referir, a título de curiosidade, a existência de um restaurante em Portugal com o nome “Siddhartha”.
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“Podemos partilhar conhecimentos, mas não sabedoria.
Podemos encontrá-la, podemos vivê-la, podemos ganhar importância
”
com ela, fazer maravilhas com ela, mas não podemos (…) ensiná-la
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