O livro que mais me marcou

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O livro que mais me marcou
O livro que mais me marcou
Um livro pode marcar a vida de quem o lê de forma positiva ou negativa, mas,
independentemente de qual das formas predominar, a possível marca que deixa tem
tendência a ficar e muitas vezes a mudar a nossa forma de ser ou pensar.
Para pessoas que gostam de ler, categoria na qual eu me encaixo, não importa o
tipo específico de livro, importa apenas que a história ou tema seja envolvente e
interessante, não importa o tamanho que possa ter.
O primeiro livro que lemos por vontade e escolha própria é “o tal”, aquele de que
já não nos esquecemos, independentemente de quantos livros lemos depois. Sabemos
sempre a história que contava e quando nos perguntarem qual foi o livro mais
marcante na nossa vida, é aquele, o primeiro que vem ao nosso pensamento.
Comigo aconteceu exactamente o mesmo… Quando me perguntaram qual foi o
livro que mais me marcou até agora, foi o primeiro de todos, o primeiro da lista,
aquele que imediatamente veio ao meu pensamento: “Tempo Roubado” de Sunny
Jacobs.
“ Tempo Roubado é uma história verídica, contada na primeira pessoa.
Em 1976, uma mãe de vinte e oito anos, Sunny Jacobs, e o seu parceiro, Jesse
Tafero, são indevidamente condenados à morte, nos E.U.A., pelo assassinato de dois
polícias.
Na altura em que foi presa, Sunny deixara os seus filhos, Eric e Tina,
respectivamente com nove anos e com dez meses. Tina ainda necessitava de ser
amamentada.
Antes de ser condenada, Sunny vivia com Jesse e os seus dois filhos. Eric não era
filho biológico de Jesse mas era como se fosse. Tinham uma vida recatada e não eram
uma família abastada mas tinham o suficiente para sobreviver.
Sunny saíra de casa dos pais depois do nascimento de Eric. Foi então que conheceu
Jesse e começaram a viver juntos. Pouco tempo depois descobre que Jesse já havia
estado preso por roubo e que estava agora em liberdade condicional. Mas com o
constante aparecimento da polícia no seu local de trabalho devido a um assunto sobre
um ex colega prisional, este foi despedido e, não podendo estar em liberdade
condicional sem emprego, e com medo de voltar para a prisão, Jesse sugeriu que
fugissem.
Para se sustentarem, Jesse comprava armas em mau estado, reparava-as e depois
vendia-as.
Nessa altura, Sunny já dependia e necessitava muito de Jesse, não a nível
financeiro mas a nível emocional, e Tina, a sua filha mais nova também já havia
nascido.
Algum tempo depois Jesse viaja sozinho para tentar realizar um negócio, que corre
mal, acabando então por ficar hospedado em casa de uma mulher. Perante esta
situação e com o conhecimento que Sunny tinha da relação entre Jesse e as mulheres,
decidiu ir ter com ele. Era de madrugada quando Sunny decidiu viajar uma longa
distância numa velha carrinha e com os seus dois filhos – uma atitude que considero
imprudente e irresponsável da sua parte, uma vez que só estava a pensar em si e não
nos seus filhos nem na situação em que se encontrava.
Quando Sunny lá chegou, Jesse deixou de ser bem-vindo, devido à chegada da sua
mulher e filhos. Tiveram então de se hospedar em casa de um amigo de Jesse, amigo
este que Sunny, e mesmo Eric, consideravam estranho e em quem não confiavam.
Ficaram lá durante a noite e de manhã quando o tal amigo, cujo nome era Rhodes, os
ia levar ao seu destino, aconteceu algo que mudou as suas vidas.
Quando iam a meio da viagem apareceram dois polícias que os mandaram parar.
Foi no decorrer dos acontecimentos que Rhodes disparou contra os polícias, matandoos. Nessa altura apenas se encontravam no carro Sunny e as crianças. Depois, entre
toda a acção que se seguiu, estes foram apanhados pela polícia, que sem os deixar
explicar e sem perceber que Sunny, Jesse e os seus filhos se tratavam de vítimas,
prendeu-os.
Nessa detenção, nada foi feito de acordo com as leis, sendo até Eric interrogado
sem a presença de um advogado ou de um responsável adulto, tendo apenas 9 anos.
Depois disto, Sunny e Jesse foram acusados do assassinato dos dois polícias, sendo,
assim, condenados à morte.
O verdadeiro culpado, Rhodes, conseguiu diminuir a sentença, testemunhando contra
Sunny e Jesse.
O sistema permitiu que testemunhos falsos e um teste de polígrafo inconclusivo os
condenassem, quando o teste de polígrafo feito a Rhodes tinha dado positivo.
Negligenciaram ainda provas escondidas e a confissão do verdadeiro assassino (pois
este mais tarde confessou o crime).
Sunny passou cinco anos nos corredores da morte numa solitária, tendo passado
os restantes anos a cumprir pena numa prisão estadual, derivado aos inúmeros
recursos que fez e dos quais ganhou um. A sua única tábua de salvação era as cartas
apaixonadas entre ela e Jesse, que lhe dava amor, força e esperança de que um dia a
verdade viria ao de cima.
Sunny manteve a coragem e lutou para provar a sua inocência e para melhorar os
seus direitos como reclusa e o ambiente em que vivia. Até que, em 1992, foi
finalmente libertada, dezassete anos depois de a sua desgraça ter começado. Mas para
Jesse foi dois anos tarde de mais, pois morreu numa horrível e brutal execução que
indignou todo o mundo.
Sónia Rocha, nº18, 11º G