A História da Arte. - Colégio Energia Barreiros

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A História da Arte. - Colégio Energia Barreiros
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Artes
Land Art
7°A - Volume 03
Professor: Alexandro Lima
Artes
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Professor: Alexandro Lima
Land Art
História da arte
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“O progresso é impossível
sem mudanças. Aqueles que
não conseguem mudar as suas
mentes não conseguem mudar nada.”
(George Bernard Shaw).
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Figura 17 – Spyral jet (1971), Robert Smithson.
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Figura 18 – The lightning field (1977), Walter de Maria.
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A Land Art, ou Arte da Terra, refere-se às criações artísticas que utilizam como
suporte, tema ou meio de expressão o espaço exterior, modificando a forma
tradicional dos relacionamentos com esses lugares.
Os artistas da Land Art realizam intervenções* em desertos (figura 18), lagos (figura
17), parques e alguns até em espaços urbanos. Mas por que esses artistas usam esses
espaços que não são os tradicionais consagrados pela arte, tais como museus e
galerias?
No momento em que esses artistas começaram a produção desse tipo de obra, existia
nos Estados Unidos uma verdadeira efervescência no mercado de arte. Galerias e
museus nunca venderam tantas obras como naquela época.
Todas as iniciativas de artistas rebeldes, que tentavam escapar do circuito conhecido
como mercado das artes, foram frustradas. Tudo o que alguns artistas tocavam
passava quase que simultaneamente a valer muito dinheiro.
*Intervenções: Interferências feitas num espago com objetivos estético-artísticos.
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Os artistas da Land Art, além de buscar escapar desse tipo de círculo vicioso do
mercado das artes, também defendiam um retorno à natureza, através de obras que
propunham a contemplação da atividade do homem sobre o Planeta. Projetavam
intervenções exclusivas para cada local selecionado, com a intenção de ultrapassar as
limitações do espaço tradicional das galerias e dos museus. As obras desses artistas
não podiam ser abrigadas dentro desses espaços e, dessa forma, recusavam o sentido
comercial e mercadológico que a produção artística estava assumindo.
Quase todas as manifestações de Land Art efêmeras*, muitas vezes destruídas pela
ação do tempo e de agentes naturais, o que problematiza o aspecto supostamente
perene* das obras de arte. Assim, só sabemos da existência de algumas dessas obras
através de registros feitos em fotografias e vídeos.
*Efêmeras: Que duram pouco.
*Perene: Que dura muitos anos.
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Mas nem todas as obras de
Land Art são do tipo
monumental. Exemplo disso é o
trabalho de Andy Goldsworthy
Folhas de bambu rodeando uma
rocha com raio do Sol (figura
19). Essa obra apresenta um
pouco da placidez oriental. A
obra é sutil e discreta e deixaria
de ser notada por um
observador apressado ou
desavisado.
Qual seria a mensagem
presente em um dos legados
importantes que os artistas da
Land Art nos deixaram?
Figura 19 – Folhas de bambu rodeando uma rocha com raio de sol (1991),
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Uma das experiências mais conhecidas desse tipo de arte é a Espyral jet (figura 17),
realizada por Robert Smithson no Grande Lago Salgado, nos Estados Unidos. Para ser
construída, a obra precisou de terra e de pedras, que foram depositadas sobre a
água, com uma extensão superior a 400 metros.
Mas o que aconteceu com essa intervenção de Smithson?
Foi destruída pela própria natureza.
Sua realização, assim como a de diversas outras obras desse gênero, causou muita
polêmica entre ambientalistas. As grandes intervenções feitas nas paisagens
provocam alterações que biólogos e ecologistas julgam prejudiciais ao meio
ambiente.
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Outro exemplo radical e espetacular de Land Art é The lightning Field, "O Campo dos
raios", de Walter de Maria (figura 18). A obra consiste em 400 para-raios de aço
inoxidável fincados ao solo num imenso platô ao sul do Novo México.
A região onde a obra foi realizada é uma área de grande incidência de raios, e o
objetivo do artista foi provocar essa sensação de desenhos feitos pela própria
natureza no céu. Os para-raios foram instalados com o objetivo de atrair o maior
numero de raios possível, criando o efeito que vemos na imagem.
Esses trabalhos de Robert Smithson e Walter de Maria transformaram a natureza e
foram, da mesma forma, transformados por ela, já que se modificaram pela ação de
eventos naturais.
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Figura 20 – Caminhando na linha (1972), Richard Long.
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Figura 21 – Pont Neuf (1985), Christo e Jeane-Claude.
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Figura Extra – Pont Neuf (1985), Christo e Jeane-Claude.
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Figura 22 – Cortina no vale (1970-72), Christo e Jeane-Claude.
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Christo Javacheff nasceu na Bulgária em 1935. É um artista que intervém em diversos lugares,
embrulha ou altera objetos, edificações e ambientes externos, ressignificando o modo de vêlos e de interagir nesses espaços. Christo é conhecido como o artista que embrulha edifícios e
modifica paisagens, utilizando na maior parte de seus trabalhos um tecido monocromático,
escolhido minuciosamente para melhor se adaptar ao ambiente que pretende modificar. Com
o término e a desmontagem dos trabalhos, esses materiais costumam ser reciclados em
novos trabalhos. Na realização de diversas obras, trabalha em parceria com sua esposa,
Jeanne-Claude, também artista.
A elaboração de suas obras exige um rigoroso processo de estudos que pode durar anos.
Nesses estudos, considera os aspectos técnicos (como a execução da obra), os econômicos
(como o financiamento da obra, pois em geral é financiada por ele mesmo) e os legais, uma vez
que verificar a burocracia para realizar tais obras é a fase mais demorada do processo.
Christo e Jeanne-Claude empacotaram monumentos famosos, como a Pont neuf em Paris
(figura 21), e construíram intervenções na natureza, como em Cortina no vale (figura 22).
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Figura 23 – Reichstag (1995), Christo e Jeane-Claude.
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Em 1995 Christo e Jeanne-Claude embrulharam o Parlamento Alemão, conhecido como
Reichstag, depois de 24 anos de elaboração e tramitação do projeto da obra (figura 23). Foi a
primeira manifestação artística debatida e votada por um parlamento.
Um artista brasileiro que tem realizado obras que se relacionam com a Land Art é Vicente José
Muniz, ou Vik Muniz, como é conhecido. O fotógrafo, desenhista, pintor e gravador paulista
mora desde 1983 nos Estados Unidos, onde desenvolveu sua carreira e conquistou renome
internacional.
Tradicionalmente suas obras contêm desenhos feitos sobre o negativo de fotografias. Na
realização desses desenhos, ele utiliza materiais inusitados, tais como molho de tomate,
chocolate, entre outros produtos. Porém, ele também desenvolve outras experiências
artísticas, que chamou de earth work, ou "trabalhos na terra“. Mas o que de fato Vik
considera como produto acabado de seu trabalho são os registros fotográficos que consegue
realizar dessas obras.
Na exposição Pinturas da terra (figura 24), fotografias aéreas de minas de ferro nos Estados do
Pará e de Minas Gerais foram apresentadas. As imagens registram desenhos feitos por Vik
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Imagens simples, tais como um jogo americano
com prato e talheres, postos para uma refeição,
ganham dimensões gigantescas e brincam com
nossa percepção. Essa obra não poderia ser
percebida por uma pessoa que estivesse
passeando por aquele local, mas conseguimos
ter uma visão global da obra de dentro de um
helicóptero, como na figura 24.
Figura 24 – Pintura na terra (2005), Vik Muniz.
Vik Muniz busca na fotografia a representação da realidade, ligando-a ao desenho e a pintura
de forma não convencional. Essas obras podem provocar no observador um estranhamento e
um questionamento quanto à veracidade do fato de a fotografia reproduzir fielmente a
realidade.
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Fique sabendo
Entrevista de Vik Muniz a Marcelo Rezende
A exposição de seus trabalhos em São Paulo acontece no mesmo momento em que finalmente a mostra
"Tropicália" chega ao Brasil, no MAM-Rio. Parece sempre haver uma espécie de “ansiedade da
continuidade” em relação à Tropicália e as gerações posteriores, como se fosse um movimento capaz de
conter também o futuro. De que modo você se posiciona em relação a essa “descoberta” da produção
cultural brasileira por meio da Tropicália? O que pode haver de fato e que estratégia de mercado ha em
relação ao Tropicalismo e à arte contemporânea brasileira, no momento mesmo em que uma artista como
Dominique Gonzalez - Foerster trabalha também com a ideia de "tropicalidade”, e ideias como 'nacional " e
“popular” são postas em xeque?
[Vik Muniz] - Nos últimos anos, o redescobrimento da produção cultural brasileira da década de sessenta
vem alimentando uma infinidade de projetos internacionais sobre o tema. Enquanto este fragmento
importante da nossa cultura se torna finalmente parte do discurso da arte internacional, é necessário
ressaltar a superficialidade e leviandade com que o assunto do tropicalismo vem se demonstrando como a
porta de entrada sem trinco para a cultura brasileira. A crítica americana e europeia, hoje em dia, é incapaz
de escrever um só artigo sobre qualquer artista contemporâneo nacional, sem mencionar sem a menor
razão o nome da Ligia Clark ou do Helio Oiticica. A Ligia e o Helio se transformaram na Carmem Miranda e
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Fique sabendo
Entrevista de Vik Muniz a Marcelo Rezende
no Pelé das artes plásticas no circuito internacional. [...] A frustração do intelectual nacional com a
arrogante ignorância do estrangeiro para com sua cultura se traduz na maneira ansiosa e superficial com
que esses pacotes culturais se organizam. [...]
No meu trabalho, tanto o material como o tema são coisas facilmente reconhecíveis ou banais, assim o foco
fica voltada a relação entre estas duas coisas. O processo artístico consiste na maneira criativa com que o
tema se integra ao material e vice-versa, De um lado o espectador negocia com a obra com toda a
bagagem de conhecimento prático que ele traz da sua experiência interagindo com materiais e do outro, de
toda sua memória visual, e isso inclui a história da arte.
Marcelo Rezende é escritor e curador. Autor do romance Arno Schmidt, (Planeta, 2005) e do ensaio Ciência
do sonho - A imaginação sem fim do diretor Michel Gondry (Alameda, 2005). Co-curador da exposição
Comunismo da Forma (Galeria Vermelho, Sao Paulo, 2007) e da mostra À la Chinoise (Microwave
International New Media Arts Festival, Hong Kong 2007).
(Disponível em: <http://www.canalcontemporaneo.art_br/arteemcirculacao/archives/ 001393.html>
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Síntese
A Land Art se caracteriza por manifestações artísticas de grandes dimensões que
acontecem em espaços exteriores, tais como cânions, lagos, desertos ou mesmo
espaços urbanos, Essas intervenções podem ser as mais radicais, quando o artista
interfere no ambiente natural e sua obra é transformada pelo ambiente, como a
Spyral jet de Robert Smithson (figura 17), ou mais moderadas e com preocupações
ecológicas, como as intervenções realizadas por Christo e Jeanne-Claude, e Andy
Goldsworthy (figura 15), em que o próprio material da natureza é reaproveitado. E
importante lembrar também que a Land Art busca romper com o espaço sacralizado
da arte, do museu e das galerias de arte. Alguns artistas também questionam o
aspecto comercial da arte.
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Atividades
04) Interferindo no pátio da escola
Os artistas da chamada Land Art faziam interferências em ambientes externos aos das galerias e
dos museus. Dessa forma, foram afetados pelas forças da natureza. O que possuímos hoje
desses trabalhos são os seus registros, através de fotografias e vídeos.
A proposta para essa atividade é executar uma ação em grupo.
Ela prevê que cada grupo de no máximo cinco pessoas escolha um espaço do pátio da escola
para realizar a sua interferência. Cada elemento do grupo ficara responsável por conseguir um
determinado volume de areia, de folhas secas, de terra ou de carvão.
Com esse material deverá ser criado um desenho no chão. O desenho devera ser feito com
linhas simples, possibilitando que as pessoas caminhem por ele. Para facilitar a colocação do
material no chão e a realização do desenho, ele pode ser previamente esboçado com giz
escolar. O grupo, então, se encarregara de espalhar o material sobre a linha tragada com giz.
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Atividades
04) Interferindo no pátio da escola
É importante fazer o registro desse acontecimento, através de fotografia. Também deverão ser
fotografados os momentos de interação das pessoas com a obra, observando-a, caminhando
sobre ela ou por dentro dela.
Lembre-se: provavelmente esse trabalho não poderá ficar muito tempo no pátio da escola,
portanto a equipe devera se responsabilizar por recolher tudo e deixar o pátio limpo.
As fotografias deverão ser expostas na escola em formato de painel, com um texto elaborado
pelo grupo, acerca do estranhamento que a intervenção causou na comunidade escolar.
Deverão ser relatadas as reações que as pessoas tiveram ao se deparar com as obras. O intuito
desse texto será, além de possibilitar ao grupo uma forma de sistematização das reflexões
feitas, auxiliar os observadores das fotografias a compreender melhor a intenção do trabalho.
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Atividades
05) Pacote de mobília
O artista Christo também intervém no espaço externo. Ele embrulha edifícios e outras construções com
imensos tecidos. Observe a figura 21, que mostra a Pont neuf em Paris, e a figura 23, que mostra o
Parlamento alemão, o Reichstag. Em ambos os casos Christo embrulhou as construções sem mudar as
formas, ou seja, mantendo a silhueta dos edifícios.
Nessa atividade o desafio será embrulhar um móvel, ou algum outro objeto, sem que este perca a sua
utilidade. Por exemplo, se o objeto escolhido for uma lixeira, ela devera ser embrulhada de forma que
continue a ser utilizada, e não como um pacote que contém algo e que não conseguimos definir o que é.
Escolha móveis que tenham uma forma interessante.
Para isso, forme uma equipe de cinco pessoas sob a orientação do (a) professor (a), escolha um móvel da
escola e providencie alguns metros de TNT ou outro tecido que você tenha disponível para embrulhar o
móvel. Você precisara também de um rolo de barbante para fazer as amarrações que permitam manter a
forma e a utilidade dos objetos.
Veja que na obra Reichstag (figura 23) podemos ainda imaginar como é o edifício do parlamento, com suas
torres e volumes que garantem a forma. Isso deve ser mantido no móvel que você escolher.
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Atividades
06) Reconstruindo a imagem
No texto vimos uma obra do artista Vik Muniz em que ele faz uma grande interferência em um
descampado. Para a realização do trabalho, mobilizou pessoas e máquinas, e obteve como resultado um
trabalho de grandes dimensões registrado por fotos aéreas. O artista utiliza também materiais não
convencionais para criar imagens sobre superfícies que, posteriormente, fotografa.
Os materiais que utiliza para compor as imagens geralmente são perecíveis, como chocolate líquido,
catchup, poeira, entre outros.
Nesse processo o resultado são fotografias.
Nessa atividade usaremos um processo semelhante ao de Vik Muniz para elaborar imagens que serão
fotografadas.
Você precisará de uma imagem que pode ser um recorte de revista ou de jornal, uma fotografia ou alguma
imagem de que você goste muito. Também será necessária uma folha de acetato do tamanho da imagem
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Atividades
06) Reconstruindo a imagem
Para escolher o material com o qual você construirá o desenho no acetato, reflita sobre quais materiais
criariam uma relação de surpresa para quem os observasse. Por exemplo, na figura 25 vemos a obra A rosa
branca, feita com um tipo de fibra natural. Note que o desenho, em realidade, é feito preservando áreas da
imagem, deixando-as em branco.
Depois de escolhido o material coloque o acetato sobre a imagem. Seguindo essa imagem, você colocara
os materiais sobre o acetato e aos poucos retirara material de onde você acredita que a imagem deva ser
branca e colocara material onde a imagem deva ser escura. Use para auxiliá-lo nessa tarefa a tampinha de
uma caneta ou algo com ponta fina que não risque ou rasgue a superfície.
Quando tiver acabado, retire cuidadosamente a imagem que estava sob o acetato e tire diversas
fotografias. Ao final da sessão de fotos, escolha a que Ficou melhor e revele-a, ou faça a impressão num
tamanho aproximado de A4.
Não se preocupe com o fato de que seu desenho, cuidadosamente feito, será destruído muito
rapidamente. Você deve dar importância, em seu trabalho, a todo o processo e principalmente a fotografia
que será impressa.
REFERÊNCIAS
COLÉGIO ENERGIA. Atitudes elementares. 7° ano – volume 03. Florianópolis:
gráfica ed. Energia., 2015.
GOMBRICH, Ernest H. A História da Arte. LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora
S.A. Rio de Janeiro, 2008.
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Obrigado!!!
Alessandro Lima
[email protected]
http://bonecosdasvirtudes.pancakeapps.com
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